87informa
projetos e ideias que movimentam o cotidiano de indivíduos, comunidades e nações
ENERGIA
# 157 ano XXXIX NOVEMBRO/DEZEMBRO 2011
Clairton Gadonski, integrante da Braskem no Polo Petroquímico de Triunfo (RS), com uma luminária LED, solução adotada pela empresa
II informa
128_OI157_11-11_RJ.indd 2 11/12/11 3:29 AM
1informa
128_OI157_11-11_RJ.indd 1 11/12/11 3:29 AM
Edição online Acervo online Novidades Videorreportagem Blog
>Ampliação da Linha 4 do Metrô de São Paulo traz novas opções de locomoção na área central da capital paulista
>No Rio de Janeiro, parceria entre a Odebrecht e a Marinha do Brasil prepara jovens para a prática de esportes olímpicos
>Braskem tem o melhor desempenho ambiental de sua história
>Odebrecht Realizações Imobiliárias é uma das empresas com maior número de edifícios verdes do país
>Projeto Hidrelétrico Dos Mares fornece 118MW de energia limpa aos panamenhos
>Siga Odebrecht Informa pelo twitter e saiba das novidades imediatamente @odbinforma
>Comente os textos do blog e participe enviando sugestões para a redação
>Leia no blog de Odebrecht Informa os posts escritos pelos repórteres e pelos editores da revista. Textos de Cláudio Lovato Filho, Fabiana Cabral, José Enrique Barreiro, Karolina Gutiez, Renata Meyer, Rodrigo Vilar, Thereza Martins, Zaccaria Júnior e colaboradores
>Programa Luz para Todos leva melhores condições de vida à população da zona rural de Minas Gerais
>Hidrelétrica torna autossuficiente em eletricidade o sistema de saneamento básico de Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo
>Augusto Roque Dias Fernandes, Diretor-Superintendente da Odebrecht Energia, é o terceiro entrevistado do Projeto Saberes
No camiNho certoComplexo do Alemão, no Rio de Janeiro,
vive transformação social em que a paz e o desenvolvimento começam a andar juntos
>Acesse as edições anteriores de Odebrecht Informa desde a nº 1 e faça o download do PDF completo da revista
>Relatórios Anuais da Odebrecht desde 2002
>Publicações especiais (Edição Especial sobre Ações Sociais, 60 anos da Organização Odebrecht, 40 anos da Fundação Odebrecht e 10 anos da Odeprev
>Você pode acessar o conteúdo completo desta edição em HTML ou em PDF
www.odebrechtonline.com.brLeia Odebrecht Informa no seu iPad e no seu smartphone.
Reportagens, artigos, vídeos, fotos, animações e infográficos. As realizações da Organização Odebrecht em seu tablet e em seu smartphone.
informa 3informa
capaIlustração de Rico Lins
&pessOasnOtícias
#157eneRGia
Braskem investe na diversificação da sua matriz e na eficiência energética
Braskem adota a iluminação a LeD – mais econômica, mais eficiente, mais ecológica
Nova sede da petrobras em Vitória utiliza recursos energéticos inovadores
com a implantação de uma pch, Foz torna-se autossuficiente em cachoeiro de itapemirim
complexo formado por três fábricas em Suape dá força ao setor têxtil nacional
henrique Valladares fala da atuação da odebrecht como investidora no setor de energia
teles pires: as novidades na mobilização de pessoas para uma obra no Brasil profundo
em parques no Sul e no Nordeste, odebrecht estreia no segmento de geração de energia eólica
os esforços de angola para levar energia elétrica a uma parcela maior de sua população
Da mina ao porto, o longo e essencial caminho do carvão produzido em moçambique
Luz para todos: as histórias comoventes de quem acende uma lâmpada pela primeira vez
Um exemplo de projeto simples, criativo e eficaz vindo de La candelaria, na argentina
em La plata, a estratégica ampliação da capacidade de produção de uma refinaria da YpF
José Luiz alquéres e as perspectivas do setor de energia no Brasil e no mundo
foto
: Ca
rlo
s Jú
nio
rFoto de capa: ricardo chaves
6
12
14
16
20
24
28
32
38
44
48
52
55
58
copa 2014
haBitação
traNSporteS
GeNte
perFiL
cULtUra
DeSeNVoLVimeNto SUSteNtáVeL
hiStÓria
SaBereS
626770737476788182
4 informa
EDITORIAL
A energia dos sonhos e
das realizações
Lopes Sebastião e Dilma Marçal. Ele vive na província de Uíge,
em Angola; ela, no interior de Minas Gerais. Ambos, recen-
temente, passaram a contar com energia elétrica em suas
casas. As comunidades onde moram foram beneficiadas por
iniciativas governamentais que têm a participação da Odebrecht.
Gustavo Checcucci e Fernando Chein. O primeiro trabalha na
Braskem e lidera a equipe responsável pela gestão da energia utiliza-
da pela empresa. Fernando atua na Odebrecht Energia e está entre os
protagonistas da estreia da empresa no segmento de energia eólica.
Além deles, nas páginas desta edição de Odebrecht Informa estão
José Piquitai, de Moçambique, Julio Romano, da Argentina, Pablo An-
dreão e José Dalvi, do Espírito Santo, e muitas outras pessoas que, de
uma forma ou de outra, tiveram suas vidas transformadas pelo traba-
lho da Odebrecht no setor de energia. Eles são beneficiários ou res-
ponsáveis diretos pela concretização dos benefícios, e suas histórias
de trabalho e de vida comprovam como o espírito de servir e a espe-
rança são elementos que se complementam, se integram e se tornam
vitais um para o outro.
Com sua trajetória no setor iniciada na década de 1950, como cons-
trutora de barragens no Nordeste brasileiro, a Odebrecht, hoje, além
de prestadora de serviços de engenharia e construção, também é pro-
dutora e investidora. Por meio de suas equipes espalhadas pelo mun-
do, a Organização Odebrecht faz valer o acúmulo e o compartilhamen-
to de experiência e conhecimento, para levar às comunidades o que de
melhor pode oferecer. Da colocação de uma tomada, um interruptor e
uma lâmpada até a implantação de um parque eólico ou a construção
de um complexo industrial, porque o que importa, mais que tudo, é a
diferença que isso faz na vida das pessoas – estejam onde estiverem,
sejam quantas forem, com seus sonhos e sua realidade cotidiana, ilu-
minados pela crença de que a vida existe para ser desfrutada com
alegria, persistência e paixão.
“Com sua trajetória no setor de energia iniciada na década de 1950, como construtora de barragens no Nordeste brasileiro, a Odebrecht, hoje, além de prestadora de serviços de engenharia e construção, também é produtora e investidora. Por meio de suas equipes espalhadas pelo mundo, faz valer o acúmulo e o compartilhamento de experiência e conhecimento para levar às comunidades o que de melhor pode oferecer.”
6
aproveItamento,máximo mínimo
desperdícIo
aproveItamento,
texto Thereza marTins fotos Dario De freiTas
Usuária de cerca de 2% de toda a energia consumida no Brasil, a Braskem investe na diversificação das fontes e na sua capacidade de autoprodução
máximo
desperdícIo
Ace
rvo
od
ebr
ech
t
Unidade da Braskem no Polo de Camaçari: busca de eficiência energética nos processos produtivos
8 informa
ara movimentar os equipamentos de
suas fábricas em Alagoas, Bahia, Rio de
Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul,
a Braskem utiliza cerca de 2% de toda a
energia consumida no Brasil. Na com-
paração com o consumo do parque industrial do país,
esse percentual chega a quase 5%. E mais: quando se
analisa a indústria química, na qual a Braskem está in-
serida, a demanda da companhia ultrapassa os 50% do
total, evidenciando a relevância da empresa no cenário
energético nacional.
“A indústria química e a petroquímica são grandes
usuárias de insumos energéticos, juntamente com a
mineração, a siderurgia e os produtores de vidro”,
explica o engenheiro eletricista Gustavo Checcuc-
ci, Responsável pela Gestão de Energia Elétrica na
Braskem.
Com características heterogêneas de tecnologias e
processos, as 28 unidades industriais da empresa no
Brasil utilizam fontes de energia diversificadas. Gás
natural, óleo combustível, carvão mineral, energia elé-
trica e combustíveis residuais (óleo e gás gerados no
processo industrial das fábricas) compõem a matriz
energética da Braskem.
Para gerir esse mix de insumos há uma diretoria
específica: a Diretoria de Energia, com três gerências,
uma dedicada à regulação e comercialização de ener-
gia elétrica; outra, focada em combustíveis e eficiência
energética; e uma terceira, que gere o programa volta-
do à autoprodução de energia.
Desempenho monitoradoA gestão do uso de energia elétrica na Braskem é
integrada a partir do 25º andar do edifício onde está a
sede da empresa, em São Paulo. Ali funciona a Mesa
de Operações de Energia, um ambiente interligado às
plantas industriais via rede, no qual trabalham três en-
genheiros liderados por Gustavo Checcucci. Atentos
às telas de televisores e computadores, eles acompa-
nham em tempo real o consumo e as necessidades de
suprimento de cada uma das fábricas da companhia,
para melhor atendê-las.
A equipe é responsável, também, pela compra do
insumo no mercado livre, uma opção ao chamado
“mercado cativo” (Ambiente de Contratação Regula-
da), ao qual a grande maioria dos consumidores está
habituada. Nessa modalidade, a energia utilizada é
medida mês a mês pelo fornecedor, e o usuário recebe
a fatura no fim de cada período.
Como ocorre em qualquer outro tipo de transa-
ção comercial, os preços no mercado livre oscilam
de acordo com a oferta e a demanda. Em épocas de
p
Foto
: MAt
hiA
s K
rA
Mer
Gustavo Checcucci, à frente, com integrantes de sua equipe (Mauro Koiti Kumahara, Lucas Garcia Nishioka, Fabio Yanaguita e Kelly Sayuri Yamaki): responsáveis pela gestão da energia que a Braskem utiliza. Abaixo, movimentação de carvão em Triunfo: matriz diversificada
9informa
chuva, por exemplo, quando os reservatórios de água
estão cheios, os preços caem, e sobem na estiagem.
Da mesma forma, o custo é mais elevado em horá-
rios de ponta de demanda – por exemplo, das 18h
às 21h.
“Para adquirir energia elétrica a preços mais com-
petitivos é preciso conhecer a necessidade futura da
operação nas fábricas e planejar o seu suprimento
com antecedência”, afirma Gustavo. Ele acrescenta:
“Nesse sentido, o mercado livre nos favorece com a
possibilidade de escolha. Em 2010, as negociações
da Mesa de Operações de Energia geraram uma eco-
nomia de R$ 23,5 milhões para a Braskem”.
O custo anual do insumo para a empresa é de
aproximadamente R$ 750 milhões. A participação
da energia elétrica comprada na matriz energéti-
ca da Braskem é de 10% e, no segundo semestre
de 2011, representou 3,2% do custo do produto
vendido.
A busca por melhores preços, prazos, contratos,
condições de pagamento e parceiros é um exercício
diário. Mas ainda há outros campos a serem explo-
rados. O da regulamentação de mercado é um deles.
Com esse objetivo, a Braskem participa da Associa-
ção Brasileira de Grandes Consumidores Industriais
de Energia (Abrace) e acompanha discussões sobre
temas como possibilidades de redução tarifária, um
dos fatores que oneram o custo do insumo.
apoio ao clienteSe as negociações no mercado livre trazem be-
nefícios para a Braskem, elas também podem agre-
gar valor aos negócios de clientes. Com essa lógica
e apoiada em premissas do programa Visio, as áreas
de Polímeros (Comercial) e de Energia estão levando
sua experiência à Borealis Brasil, companhia da qual a
Braskem detém 20% de participação por meio de uma
joint venture.
“Assim como a TEO (Tecnologia Empresarial Ode-
brecht), o programa Visio, específico para a Braskem,
tem por princípio construir e manter relações de par-
ceria com o cliente”, afirma Octávio Pimenta, Líder
Comercial no segmento de compostos, que participou
das negociações com a Borealis. “Na parceria para a
aquisição de energia elétrica, estamos colocando em
prática o espírito de servir e de inovar para ajudar o
cliente a vencer desafios.”
Há tempos, a Borealis via na migração para o mer-
cado livre uma alternativa competitiva. “Não tínhamos
certeza se a mudança seria viável, por exigir um tra-
balho adicional de gestão e planejamento para o qual
não tínhamos uma equipe especializada”, informa Lau-
demir Sarzeta da Silva, engenheiro químico, Diretor de
Operações da empresa. “Agora podemos contar com
a parceria da Braskem e teremos prazo para avaliar a
experiência”, acrescenta.
Contando com uma comercializadora parceira, a
Braskem comprou energia elétrica para a Borealis.
O acordo é válido por um ano, tempo para a empresa
decidir se segue em frente com a parceria ou se volta
ao “mercado cativo”. O insumo destina-se à unidade da
Borealis em Itatiba (SP), com capacidade produtiva de 24
mil t anuais de compostos de polipropileno, matéria-pri-
ma para a indústria automotiva e para a de linha branca
(eletrodomésticos). A Borealis mantém outra fábrica no
Brasil, integrada ao Polo Petroquímico de Triunfo (RS),
que já se beneficia de uma energia competitiva.
Em Itatiba, o consumo de energia da Borealis é da
ordem de 2.320 kW por mês. De acordo com as normas
regulatórias desse mercado, empresas com demanda
de 500 kW a até 3.000 kW podem participar do mercado
livre, desde que o suprimento provenha de fontes reno-
váveis de energia, como pequenas usinas hidrelétricas,
usinas de cogeração de energia elétrica a partir de bio-
massa e usinas eólicas. “Para nós, esse é um incen-
tivo a mais. Além de obter energia mais competitiva,
estamos optando pelo caminho da sustentabilidade”,
afirma Laudemir.
Hoje, a Borealis gasta até R$ 6 milhões por ano com
o insumo e espera fazer uma economia de aproxima-
damente R$ 400 mil a partir da migração para o mer-
cado livre.
eficiência energéticaA energia térmica gerada por gás natural, carvão
mineral, óleo combustível e combustíveis residuais re-
presenta 90% da matriz energética da Braskem. Os in-
sumos energéticos são queimados em fornos e caldei-
ras da área de Utilidades das fábricas e transformados
em vapor, para movimentar os processos produtivos da
petroquímica.
A contratação de insumos, a gestão desses ener-
géticos e a observância de normas regulatórias estão
entre as atribuições da equipe liderada pelo engenheiro
Marcelo Wasem, responsável pela área de combustí-
veis e eficiência energética da Diretoria de Energia.
10 informa
Ludemir Sarzeta da Silva, da Borealis: parceria garante aquisição de energia
“A empresa vem investindo em projetos para au-
mentar sua capacidade de autoprodução energética
e melhorar a eficiência dos insumos que consome”,
informa Marcelo. Por eficiência, entenda-se aproveita-
mento máximo e desperdício mínimo, qualidade, cus-
tos, competitividade e redução de impactos ambientais
negativos, entre outros atributos.
“Estamos trabalhando para desenvolver uma visão
sistêmica de eficiência energética, ou seja, mapear
as unidades produtivas, entender como funciona cada
equipamento e cada rotina, aproveitar o máximo de seu
potencial, identificar gargalos, oferecer soluções, esta-
belecer indicadores de monitoramento e compará-los
aos de mercado”, diz Marcelo.
Para apoiar essas atividades será contratada uma
consultoria até o final de 2011, visando o alcance de
resultados em 2012. Marcelo Wasem explica que hoje,
os ganhos obtidos em eficiência energética são decor-
rentes de projetos pontuais das equipes de Manuten-
ção e Produtividade. “Queremos ter uma visão de todas
as iniciativas desenvolvidas na Braskem relacionadas
à eficiência energética, a fim de buscarmos a melhor
maneira de apoiar as equipes que estão à frente dos
projetos”, afirma.
Em breve, todo projeto – seja de inovação, seja
de produtividade ou qualidade – apresentado por inte-
grantes deverá contemplar, também, informações so-
bre possível impacto em eficiência energética.
opção sustentávelPor uma questão de logística, a Unidade de Insumos
Básicos da Braskem (Unib), instalada no Polo de Triunfo,
é a única que utiliza carvão mineral como fonte de ener-
gia. “Mais de 90% das reservas de carvão do Brasil estão
localizadas na região Sul, a maior parte delas, no Rio
Grande do Sul”, informa Marcelo Wasem. “E a Braskem
utiliza uma parte significativa desse insumo, em função
de seu custo competitivo”, enfatiza.
O carvão brasileiro, porém, gera grande quantidade
de cinzas (35% do volume total). As cinzas leves (secas)
são vendidas para a indústria cimenteira. Mas para as
pesadas (úmidas), retiradas das caldeiras após o pro-
cesso de queima, não há ainda uma destinação susten-
tável que substitua as bacias de decantação.
Uma opção viável poderá surgir como resultado do
projeto piloto, já em curso, para o aproveitamento des-
ses resíduos na fabricação de blocos de tijolos. O proje-
to é de autoria do empresário Mauro Pezzi Parode, que
utilizou uma tecnologia desenvolvida há quase 30 anos
pela Fundação de Ciência e Tecnologia (Cientec) do Rio
Grande do Sul.
Com o apoio da Prefeitura de Triunfo, que cedeu um
galpão na zona industrial da cidade, e da Braskem, que
o orientou em questões legais, ambientais e de segu-
rança do trabalho, Mauro Parode já está produzindo em
escala piloto. “Equipei a fábrica com recursos próprios,
contratei e treinei pessoas para o trabalho e, hoje,
nossa capacidade de produção é de até 4 mil unida-
des diárias”, afirma. A produção ainda não está à plena
carga, porque Mauro busca um parceiro interessado
em utilizar os blocos de tijolos na construção de casas
populares. As cinzas, matéria-prima do processo, são
fornecidas gratuitamente pela Braskem.
Os estudos da Cientec mostram que as cinzas pe-
sadas podem ser utilizadas, também, na fabricação de
dormentes para projetos ferroviários e como base para
a pavimentação de estradas.
11informa
12 informainforma12
este caso, é mais apropriado dizer que,
quando a ideia veio, a lâmpada se apa-
gou. E, em seu lugar, acendeu-se a ilu-
minação a LED (Light Emitting Diode
ou Diodo Emissor de Luz). Tecnologica-
mente avançada, ela possibilita redução no consumo
de energia e mais durabilidade em relação às outras
soluções, além de não conter mercúrio. Motivos mais
que suficientes para que a Braskem decidisse investir
em uma das suas unidades do Rio Grande do Sul, o que
a levou à condição de empresa pioneira no uso desse
tipo de iluminação em escala industrial.
Uma ação deflagrada em 2009 para melhorar as
condições de iluminação da Unidade de Petroquímicos
Básicos, no Polo de Triunfo (RS), foi o primeiro passo.
Quinze mil lâmpadas tubulares fluorescentes serão
substituídas por LED até o final de 2012, significando
a conclusão da primeira fase do projeto. O investimen-
to totalizará R$ 1,8 milhão. O payback (retorno do in-
vestimento) projetado é de 12 meses. O projeto deverá
ser multiplicado para outras unidades da Braskem em
breve.
O grupo formado para sugerir melhorias aproveitou
o momento de mudança para buscar uma solução sus-
tentável. “As lâmpadas de descarga, que eram as mais
utilizadas, têm mercúrio em sua composição e geram
mais resíduos por usarem reatores e terem baixa vida
útil”, afirma Clairton Gadonski, integrante da área de
Manutenção Elétrica e responsável pela formação do
grupo.
A primeira etapa do trabalho da equipe multidiscipli-
nar, composta de representantes das áreas de Elétrica,
Instrumentação e Suprimentos e da empresa parceira
em elétrica da Braskem, foi fazer uma pesquisa sobre
as soluções disponíveis. Entre as avaliadas, estavam as
lâmpadas LED, fluorescentes T5 e vapor de sódio. As
principais características testadas foram temperatura,
fluxo luminoso, eficiência, grandezas elétricas, aceita-
ção dos usuários, custo-benefício e impacto no meio
ambiente.
De cinco a 70 vezes mais durávelA LED levou vantagem em praticamente todos os
pontos. “Sua duração é de cinco a 70 vezes maior, de-
N
A LUZ DE UMA
Braskem decide instalar iluminação a LED em todas as suas dependências
ideiatexto Luciana mógLia fotos ricarDo chaves
12
13informa
José Eduardo: aprendizados precisam se converter em
pendendo da tecnologia comparada, gera economia de
energia de 20% a 80% e apresenta menor impacto no
meio ambiente”, afirma Flávio Dieterich, pesquisador
da tecnologia e integrante do grupo. No entanto, havia
um entrave: o preço era muito alto.
O grupo não desistiu. “À medida que o tempo foi
passando, os valores foram reduzidos e a qualidade
melhorou, de forma que a tecnologia tornou-se com-
petitiva perante as outras opções”, afirma Thiago Oli-
veira, representante da área de Suprimentos. Ele lidera
a negociação com fornecedores das lâmpadas e lumi-
nárias. “Os fornecedores perceberam que a Braskem
poderia ser um parceiro de grande porte e uma vitrine
para o uso dessa alternativa”, diz. A Philips, uma das
principais fabricantes mundiais, foi a fornecedora es-
colhida pela Braskem para a primeira negociação de
grande porte em iluminação a LED para lâmpadas
tubulares.
A troca de lâmpadas começou em janeiro de 2011.
O projeto da Braskem para a substituição de lâmpadas
por LED ocorre em quatro frentes. Uma delas é a troca
de lâmpadas da área administrativa, casas de controle
e subestações da Unib. Duas mil lâmpadas fluores-
centes tubulares já foram substituídas por LED. Apre-
sentaram, nos pilotos realizados, fluxo luminoso 35%
maior e redução de 40% no consumo de energia.
A substituição de luminárias LED em postes de ar-
ruamentos está em fase piloto. Já foram instaladas 20
luminárias LED, que passaram a iluminar a área ope-
racional e as ruas das unidades. A próxima etapa será
substituir todas as 500 luminárias de lâmpada a vapor
de mercúrio usadas para esse fim.
As áreas operacionais que receberão a iluminação
incluem as caldeiras, nas quais está sendo feita a ade-
quação para LED. Nos fornos, será aplicada luminária
específica, utilizando-se a tecnologia LED. Por fim, a
substituição nos galpões e oficinas: o investimento rea-
lizado até agora na Unib foi de R$ 800 mil, com payback
projetado para um ano, considerando-se todos os be-
nefícios da troca do sistema.
Em paralelo ao projeto de substituição, a Braskem
já definiu que a planta de butadieno, com entrada em
operação prevista para 2013, no Rio Grande do Sul,
será toda iluminada com LED.
13informa
A LUZ DE UMA
ideiaClairton Gadonski, integrante da Braskem em Triunfo: LED gera menos resíduos
14
Espírito Santo é o segundo maior pro-
dutor de petróleo do Brasil e deverá
alcançar, até o fim do ano, uma pro-
dução de 400 mil barris por dia. As
primeiras atividades petrolíferas em
terras capixabas foram realizadas pela Petrobras
em 1957. De lá para cá, diversos campos foram
descobertos e, em 2001, a empresa estabeleceu
sua sede administrativa em Vitória. Com o cresci-
mento da produção, sobretudo na década de 2000,
a Petrobras decidiu construir uma nova sede. O
Consórcio OCCH, formado
por Odebrecht Infraes-
trutura, Ca-
margo Corrêa e Hochtief, foi o escolhido para tirar
do papel o projeto, um modelo de sustentabilidade
e eficiência energética.
O local escolhido foi o alto do morro do bair-
ro conhecido como Barro Vermelho, com entrada
principal pela Avenida Nossa Senhora da Penha.
Em uma área construída de 95 mil m2, o complexo
compreende duas torres de escritórios ligadas por
um edifício central, Centro de Realidade Virtual,
Centro de Processamento de Dados, restaurante
e prédio de utilidades. Cerca de 600 profissionais
trabalham no local, que deverá ser ocupado por
2 mil pessoas.
O complexo foi projetado para utilizar as rique-
zas naturais da região, como a energia do sol e a
circulação dos ventos, e para receber siste-
a crIatIvIdade bateu no
Modelo de sustentabilidade, a nova sede da Petrobras em Vitória utiliza recursos de alta ciência energética
tetoo
texto fabiana cabraL fotos Lívia aquino
A nova sede da Petrobras em Vitória e, na página ao lado, parte das tubulações usadas para manter a água gelada cir-culando entre os andares: sistema moderno de climatização
15informa
mas voltados para a ecoeficiência do local. “A sede
é um showroom de processos sustentáveis e de
alta tecnologia, entre eles o uso de energia solar e
de vidros de baixa absorção de calor, o tratamento
de 100% do esgoto e reúso da água para irrigação
do jardim e utilização nos vasos sanitários, além
do sistema de ar condicionado econômico”, explica
Sidney dos Passos Ramos, Diretor de Contrato na
Odebrecht.
Pensando na eficiência energética do empreen-
dimento, a Petrobras e o Consórcio OCCH optaram
por um moderno sistema de climatização que uti-
liza a água para resfriar os ambientes. O sistema
de ar condicionado Teto Radiante foi instalado nos
escritórios e no edifício central. “É o primeiro em-
preendimento no Espírito Santo com esse tipo de
tecnologia”, destaca Sidney.
Segundo Antônio Morais Telesforo, Gerente de
Instalações Eletromecânicas e Utilidades no con-
sórcio, a água é mais eficiente que o ar na troca de
calor e utiliza menor quantidade de energia para
resfriar o local. “O Teto Radiante reduz em cerca
de 30% o consumo de energia elétrica e de água,
não gera vento e barulho, homogeneiza a tempe-
ratura e controla a umidade, o que proporciona
mais conforto aos usuários”, esclarece.
O sistema é um circuito fechado, composto de
5 km de tubulações isoladas termicamente, que
mantêm 200 mil litros de água gelada circulando
entre os andares e o chiller, responsável pelo res-
friamento do líquido. É nessa máquina, localizada
no prédio de utilidades, que o processo começa.
A Central de Água Gelada da nova sede conta
com quatro chillers, de três tipos: elétrico, onde o
calor é lançado para fora (semelhante ao proces-
so de refrigeração da geladeira); de absorção, que
utiliza reações químicas para absorver o calor; e
de ar, para emergências, com 12 ventiladores. “A
água sai a 5ºC e retorna com 15ºC”, comenta Edi-
mauro Conde Arouca, Coordenador de Projetos da
Eleven Systems, parceira do consórcio.
Depois de resfriada, a água é bombeada, por
meio das tubulações, até as serpentinas acopla-
das nas placas metálicas do teto radiante. “As ser-
pentinas irradiam o frio para a superfície da pla-
ca, que o lança no ambiente”, explica Edimauro. O
líquido retorna ao schiller, mais quente, para ser
resfriado novamente.
Para controlar a umidade e o índice de CO2 no
ar, o Teto Radiante também utiliza um sistema de
ar resfriado. “Como não há troca de ar com o am-
biente externo, por meio de um equipamento cha-
mado fan-coil, o ar frio e ‘sujo’ sai e o ar novo e
limpo entra”, conta Antônio Morais. “Os ambientes
foram divididos em zonas de conforto para man-
ter a homogeneidade da temperatura e, com isso,
economizar energia. O usuário não percebe que o
local tem ar condicionado”, completa.
16
Construção de uma pequena central hidrelétrica fortalece a condição do
município capixaba como modelo na superação de desafios de abastecimento
de água e esgotamento sanitário
uma referêncIa chamada
cachoeirotexto irene vucovix fotos bruna romaro
A PCH da Foz no Rio Itapemirim: marco para a empresa e para a cidade
17informa 17
cachoeiroas janelas de seu escritório, Pablo An-
dreão, Diretor da Foz – Unidade de Ca-
choeiro de Itapemirim (ES), tem vista
privilegiada do Rio Itapemirim e de boa
parte de uma obra pioneira. Construí-
da na Ilha da Luz, uma pequena central hidrelétri-
ca (PCH) começou a operar no início de novembro,
tornando a concessionária municipal dos serviços
de abastecimento de água e esgotamento sanitário
autossuficiente em energia.
A PCH é um marco para a Foz e para Cachoeiro
de Itapemirim, a “Princesa do Sul” dos capixabas.
Para a empresa, porque reforça seu papel de polo
de excelência na prestação de um serviço essen-
cial, com o uso cada vez mais eficiente da energia.
Para o município, porque resgata a história da Ilha
da Luz, que ganhou esse nome em 1903, quando
começou a operar a usina de força motriz que tor-
nou Cachoeiro de Itapemirim a primeira cidade do
Espírito Santo e a terceira do Brasil a ter um siste-
ma de iluminação pública baseado em eletricidade.
Passados 108 anos, os R$ 30 milhões investidos
pela Foz na construção da PCH incluíram a recu-
peração de parte da estrutura criada na época da
usina motriz, o que também valoriza uma história
cujo resgate orgulha toda a comunidade. Além dis-
so, a Ilha da Luz volta a justificar seu nome, com
um empreendimento que gera 500 vezes mais ener-
gia que a antiga usina do início do século passado.
A potência da PCH é de 3,8 MW, um acréscimo de
36% sobre os 2,8 MW previstos no projeto inicial, e o
suficiente para abastecer de energia uma cidade de
40 mil habitantes.
“A energia elétrica é o maior custo de uma con-
cessionária de saneamento básico”, explica Pablo
Andreão. “A operação comercial da PCH faz da
empresa de soluções ambientais da Odebrecht um
exemplo de eficiência energética, com sustentabi-
lidade. Isso terá reflexos muito positivos na comu-
nidade local, na parceria com os fornecedores, na
geração de valor para os acionistas e no negócio de
saneamento em todo o Brasil.”
Andreão assumiu em junho a direção da Foz em
Cachoeiro de Itapemirim. Há 10 anos na empresa,
participou de todo o processo de implantação da
PCH, iniciado em 2003 com os primeiros estudos
de viabilidade. Mais tarde, em 2005, acompanhou o
D
18 informa
processo de licenciamento e, a partir de junho de
2010, a obra da usina – realizada dentro da cidade,
o que exigiu muito diálogo com a comunidade e um
intenso trabalho de educação socioambiental.
A grande beneficiada com a operação comer-
cial da usina será a população da área urbana, que
concentra mais de 90% dos 190 mil habitantes de
Cachoeiro de Itapemirim. A Foz abastece com água
potável 99,5% dos imóveis dessa região, que tam-
bém tem 92,5% atendidos por sistema de esgota-
mento sanitário. Andreão afirma: “A PCH dará mais
segurança ao conjunto da operação da concessio-
nária, cujos serviços demandam funcionamento
contínuo de instalações e equipamentos posiciona-
dos não apenas ao longo da área urbana da sede de
Cachoeiro, mas também na dos outros nove distri-
tos que compõem o município”.
A economia de Cachoeiro também será benefi-
ciada intensamente com a operação da PCH, pois
ela permitirá que a Foz deixe de consumir do sis-
tema público local o total de energia utilizado pela
concessionária, que é uma das 10 maiores compra-
doras de eletricidade no município. Assim, como
esse insumo é fundamental para as indústrias, a
infraestrutura local fica ainda mais atraente para a
chegada de novos e expressivos empreendimentos
geradores de mais emprego e renda.
“A PCH vai fortalecer a posição de referência que
Cachoeiro de Itapemirim conquistou com seu siste-
ma de saneamento básico, que tornou nossa cidade
uma das primeiras no Brasil a solucionar as ques-
tões de abastecimento de água e esgotamento sa-
nitário, por meio de uma parceria entre a iniciativa
privada e o poder público”, salienta Pablo Andreão.
padrão internacional“A Foz detém a concessão do serviço de água e
esgoto até 2035 e tem a obrigação de operar, man-
ter, modernizar e ampliar a rede de saneamento
básico de Cachoeiro de Itapemirim. A meta é de-
senvolver, de maneira contínua, o que já era bom,
potencializar os valores e a filosofia da Organização
Odebrecht”, diz Mário Amaro da Silveira, ex-Diretor
Operacional da Foz em Cachoeiro e atualmente Di-
retor da Companhia de Saneamento de Tocantins
(Saneatins), a mais recente conquista da Foz, que
passou, em outubro, a participar do bloco privado
da empresa (76,52%).
19informa
A Foz assumiu em 2008 a operação dos serviços de
água e esgoto do município. Entre 2009 e 2012, os in-
vestimentos da empresa totalizarão R$ 75 milhões, ante
os R$ 50 milhões aplicados nos 10 anos anteriores. Os
R$ 75 milhões foram distribuídos em três frentes: na re-
dução de perdas de água e na automação; na ampliação
da cobertura do sistema de esgotamento sanitário; e na
construção da PCH da Ilha da Luz.
“A Foz tem um cliente institucional, a Prefeitura, que é
o poder concedente, mas o cliente de fato é o consumidor
final, que recebe água potável com padrão de tratamento
internacional de uma concessionária classificada entre as
sete melhores prestadoras de serviços de água e esgoto
em todo o Brasil”, reforça Mário Amaro da Silveira, refe-
rindo-se à classificação que a empresa obteve no Prêmio
Nacional de Qualidade em Saneamento de 2010.
Luiz Carlos de Oliveira, Diretor-Presidente da Agên-
cia Municipal de Regulação dos Serviços Públicos Dele-
gados de Cachoeiro (Agersa), afirma satisfeito: a ques-
tão do saneamento básico no município está ‘redonda’”.
Com isso, é possível concentrar esforços na solução de
desafios relacionados a outros serviços da cidade, en-
quanto a Prefeitura pode investir em áreas como saúde
e educação. Oliveira ressalta que a PCH da Ilha da Luz
permite a prestação de um serviço com mais eficiência,
o que gera benefício direto à população em relação ao
custo pago nas tarifas de água e esgoto.
A construção da usina e o impacto visual das obras,
destaca Oliveira, mexeram com a população e atiçaram
o imaginário popular. “Teve gente achando até que o
Rio Itapemirim seria aterrado”, brinca. Todos os boatos
foram esclarecidos, e os moradores, tranquilizados. O
Itapemirim, orgulho dos cachoeirenses, continua igual-
zinho, mas muito mais limpo, depois que a Foz instalou
o esgotamento sanitário.
Que o diga o barbeiro José Dalvi, 71 anos, seis vezes
presidente da Associação de Moradores do Bairro Teixeira
Leite e com disposição de sobra para muitos outros man-
datos. Ele mora na mesma casa, às margens do Itape-
mirim, há mais de 40 anos, e já passou muitos sábados e
domingos recolhendo dejetos que boiavam nas águas po-
luídas do rio. As filhas cresceram, nasceu o neto, os cabe-
los ficaram brancos e ele aprendeu a entender, cada vez
melhor, a alma do Itapemirim. “Antes, o mau cheiro era
insuportável, os peixes sumiram, ouvia o rio gemer pela
vida. Agora, com a coleta de esgoto, o mau cheiro sumiu,
os peixes voltaram e está cheio de piabinhas pulando na
água. O rio está vivo outra vez.”
Montagem de uma das turbinas da PCH:
energia elétrica representa o maior
custo de uma concessionária de
saneamento básico
20 informa
20
impulsocomplexo formado por três fábricas, em suape, será o maior polo integrado de produção de poliéster no Brasil
O Diretor de Contrato José Gilberto Mariano e parte das instalações do complexo: pioneirismo e formação de pessoas
21informa
para a IndústrIa têxtIl impulso
struturar o mais importante polo inte-
grado para produção de poliéster da
América Latina, no Complexo Industrial
e Portuário de Suape, município de Ipo-
juca (PE). Essa é a meta da Companhia
Petroquímica de Pernambuco – PetroquímicaSuape,
que pertence à Petroquisa, braço petroquímico da Pe-
trobras. Serão implantadas três unidades industriais
integradas, em uma área de 550 mil m2, com a expec-
tativa de darem novo fôlego à indústria têxtil nacional.
Para colocar o projeto em prática, a Odebrecht En-
genharia Industrial está em campo desde 2007, res-
ponsável por engenharia de detalhamento, suprimen-
to de parte dos materiais e equipamentos, execução da
construção civil e da montagem eletromecânica das
unidades. A empresa também responde pelo geren-
ciamento das obras de todo o complexo, que produzirá,
em suas três fábricas, respectivamente, polímeros e
filamentos de poliéster; resina para embalagem PET e
o insumo básico para sua fabricação, o ácido tereftáli-
co purificado (PTA).
Quando as três unidades industriais estiverem em
plena operação, o que deverá ocorrer até o fim de
2012, o consumo de energia elétrica do complexo po-
derá chegar a 4,5% de toda a demanda de Pernam-
buco, perfazendo um total de 100 MW. Para garantir
o uso racional do recurso energético no empreendi-
mento, várias medidas estão sendo implantadas pelo
cliente, com o apoio técnico das equipes da Odebrecht.
central de cogeraçãoEntre elas está a instalação de uma central de co-
geração de energia elétrica, a partir da energia térmi-
ca gerada no processo produtivo do PTA. O sistema,
etexto renaTa meyer fotos Tiago Lubambo
22 informa
denominado PAC – do inglês Process Air Compressor
(Compressor de Ar de Processo) –, permitirá o reapro-
veitamento energético na unidade e, com isso, garan-
tirá a economia de aproximadamente 12% no consumo
de energia elétrica da planta de PTA.
O processo produtivo do PTA tem como principal
matéria-prima o paraxileno, derivado de petróleo que,
ao ser submetido a altas pressões na presença de ar
e calor, sofre oxidação, liberando gases com tempe-
ratura que ultrapassa 200ºC. “Em nenhuma hipótese,
esses gases poderiam ser lançados na atmosfera, pois
os impactos ao meio ambiente seriam muito danosos.
O calor extraído no processo de resfriamento é então
utilizado na central de cogeração de energia elétrica,
em benefício da própria planta”, afirma Mauro Ambro-
sano, Gerente Geral de Manutenção da Petroquímica-
Suape.
O PAC é o conjunto utilizado para a compressão do
ar que alimenta o reator de oxidação da planta de PTA.
O compressor é movido por um motor/reator, que tem,
interligados no mesmo eixo, uma turbina e um expan-
sor, acionados, respectivamente, por vapor e por ga-
ses quentes gerados no processo de oxidação.
“A energia elétrica gerada a partir do calor prove-
niente do processo é consideravelmente maior que a
necessária para mover o conjunto, de modo que o ex-
cedente é exportado para a rede e utilizado na unidade
de PTA”, explica Ambrosano.
tecnologia pioneira no paísA tecnologia, importada pelo cliente, foi desenvolvi-
da pela empresa inglesa de tecnologia Invista, em par-
ceria com a alemã Siemens, e, pela primeira vez, será
aplicada na indústria petroquímica brasileira. Com
o PAC, a PetroquímicaSuape deixará de demandar
30,6 MW da rede básica de energia, garantindo uma
economia que pode chegar a R$ 5 milhões por mês.
“Nas tecnologias mais antigas, toda essa energia seria
perdida”, Mauro Ambrosano destaca.
A Odebrecht Engenharia Industrial é responsável
pela montagem do equipamento, em um processo que
exige alto nível de especialização. Com cerca de 300 t,
o PAC é um conjunto rotativo em que cada componen-
te tem interferência no funcionamento dos demais. “A
montagem do PAC é um processo que requer muita
precisão. Nosso maior desafio é garantir o alinhamen-
to perfeito das peças para que tudo funcione como o
planejado”, destaca o Diretor de Contrato José Gilber-
to Mariano. “No entanto, a participação em um projeto
deste porte, marcado pelo pioneirismo, nos permite
formar pessoas cada vez mais capacitadas a atuar em
projetos de grande complexidade”, completa.
Além do PAC, o Complexo Petroquímico de Suape
terá outras estratégias para a racionalização do uso
da energia. Todo o projeto civil e arquitetônico das
fábricas leva em consideração o máximo aproveita-
mento de luz solar, o que contribui para a redução do
número de luminárias utilizadas. Essa medida, alia-
da à utilização de equipamentos de alto rendimento,
encarada como prioritária em todas as operações,
permitirá a economia estimada de cerca de 5% no
consumo de energia.
A integração sinérgica entre as unidades industriais,
apontada como uma grande vantagem competitiva do
empreendimento, é também um fator de otimização
de recursos. Com uma única central de utilidades, é
22 informa
23informa
possível abastecer todo o complexo com ar comprimi-
do e água de resfriamento, o que possibilitará reduzir o
custo operacional e o desperdício de energia.
O complexo conta ainda com uma central de água
gelada única para todas as fábricas. O sistema de ar
condicionado de processo, de alto rendimento e contro-
le automatizado, realiza a monitoração permanente da
temperatura e da umidade dentro e fora do ambiente e
executa um balanço sobre a mistura ideal de ar, a fim
de garantir as condições adequadas para as operações
das unidades e, ao mesmo tempo, economizar energia.
Qualidade da energiaO fornecimento de energia está entre os fatores
que mais impactam nas operações da indústria têx-
til, em razão da alta demanda desse recurso nos
processos produtivos e, sobretudo, pela qualidade
exigida na transmissão, crucial para o bom funcio-
namento das máquinas.
“A mínima oscilação de tensão, imperceptível
na maioria das utilizações industriais de energia
elétrica, pode provocar o rompimento dos fila-
mentos têxteis e exigir a interrupção das opera-
ções. Uma parada dessa natureza é muito preju-
dicial, pois o processo de retomada da produção
pode levar semanas”, afirma Mauro Ambrosano.
Para garantir a estabilidade da corrente elétri-
ca, tanto as máquinas quanto a subestação que
atende ao complexo estão sendo equipadas com
sofisticados recursos de controle de qualidade de
energia.
Com investimento total de R$ 4,9 bilhões, as
plantas que integram o Complexo Petroquímico
de Suape deverão funcionar de maneira ininter-
rupta todos os dias do ano, exceto nos casos de
eventuais paradas programadas. A expectativa é
que, com o empreendimento, toda a cadeia pro-
dutiva do segmento têxtil seja beneficiada.
O interior de uma das fábricas: benefício para toda a cadeia produtiva do setor têxtil
23informa
24 informa
entRevista
24
texto ZaCCaria Junior foto anDré vaLenTim
“e aquI estamos, como
investidores” riada recentemente para gerir os investimentos e operar os ativos de geração de energia elétrica da Odebrecht, com foco em fontes renováveis, a Odebrecht Energia traz em seu DNA a herança de uma ligação da Organização com o setor de geração de energia elétrica desde 1952, ano do início de
construção das hidrelétricas de Ituberá e Candengo, na Bahia, e, como investidora, desde 1994, com a participação na Hidrelétrica de Itá, em Santa Catarina, que marcou a retomada do investimento privado no país. Henrique Valladares, Líder Empresarial da Odebrecht Energia, fala à Odebrecht Informa sobre as realizações e os rumos da Organização nesse setor. “Estamos comprometidos em corresponder a confiança dos acionistas e sermos provedores de soluções de energia para as demais empresas da Organização e nossos Clientes, no Brasil e no exterior”, ele afirma.
c
25informa
Henrique Valladares: “Temos uma capacidade instalada para sermos investidores e operadores, dentro e fora do Brasil”
investidores”
26 informainforma26
ODEBRECHT INFORMA – O fato de a Odebrecht ter um
histórico, como construtora, participando isoladamen-
te ou em consórcio, da execução de cerca de metade do
parque gerador de energia do Brasil, leva a uma deci-
são natural de fortalecer o braço investidor?
henrIque valladares – a odebrecht tem presença
histórica nessa área. e o fato de termos forte experiência
na construção de ativos de energia elétrica nos posiciona
de forma diferenciada no segmento de geração. Grande
parte das oportunidades de investimentos da odebrecht
nasceu do conhecimento aprofundado de duas variáveis
essenciais: prazo e custo. e isso aprendemos a partir
da nossa origem: a prestação com excelência de servi-
ços de engenharia e o atendimento das necessidades
do cliente. além disso, a
experiência da organiza-
ção na estruturação de
financiamentos, espe-
cialmente sob a modali-
dade de project finance,
também faz diferença
na nossa atuação como
investidores em geração
de eletricidade, de ma-
neira especial em proje-
tos greenfield. a postura
de melhor servir aos
nossos clientes levou
nossos empresários-
-parceiros a conhecer
a cadeia de valor do ne-
gócio geração de energia, possibilitando a ampliação da
nossa participação. então aqui estamos, nos posicionan-
do como investidores, através da criação da odebrecht
energia s.a., com atuação no brasil e no exterior. É im-
portante destacar que a nossa atuação no mercado de
hidrelétricas também foi um elemento importante para
a internacionalização da organização.
OI – Por quê?
valladares – a construção de hidrelétricas sempre
foi um vetor importante de crescimento no exterior. o
peru foi o ponto de partida da expansão internacional
da odebrecht. estamos presentes naquele país desde
1979, com charcani v, em arequipa, dentro do vulcão
misti. outro marco da nossa internacionalização foi
angola, ao iniciarmos, em 1984, a construção da hi-
drelétrica de capanda, um dos principais vetores para
o desenvolvimento da economia angolana. também
na argentina e no méxico iniciamos nossas operações
através das usinas de pichi-picún-leufú e de los hui-
tes, respectivamente. a odebrecht foi apontada, por oito
vezes, como a maior construtora internacional de hidre-
létricas, segundo a revista enr – engineering news-
-record, publicação que é referência no setor.
OI – A Odebrecht Energia também se direciona a inves-
timentos internacionais?
valladares – sim, hoje temos uma capacidade ins-
talada para sermos investidores e operadores, dentro e
fora do brasil. essa capacidade foi aplicada em outros
mercados promissores,
como é o caso do peru,
onde tivemos suces-
so na hidrelétrica de
chaglla, a segunda
maior do país, cujas
obras de implantação
começaram no primeiro
semestre deste ano. o
projeto representa in-
vestimentos de us$ 1,2
bilhão e marca o início
da atuação da odebrecht
energia como investido-
ra e operadora de ativos
de geração no exterior.
OI – E o mercado brasileiro? Como a empresa vem
acompanhando a evolução dos investimentos na área
de energia?
valladares – durante décadas, os investimentos na
área de energia elétrica eram, predominantemente,
feitos pelo estado. a continuidade dos nossos investi-
mentos em geração ocorreu na usina hidrelétrica san-
to antônio, no rio madeira, em rondônia, onde, além
da atuação da odebrecht na construção, a odebrecht
energia tem participação relevante no investimento e
na gestão da concessionária.
OI – Santo Antônio é um marco?
valladares – certamente! adotamos uma estratégia
de investir em inventários e em estudos de viabilidade
de empreendimentos de hidroeletricidade, contribuindo
“A Odebrecht tem uma presença histórica no
setor de energia. E o fato de termos forte
experiência na construção de ativos nessa área é muito
importante”
27informa
para ao desenvolvimento do setor e visando, também,
participar como investidores dos leilões promovidos
pelo Governo Federal. E o maior deles, sem dúvida, foi
o Complexo do Rio Madeira. Santo Antonio representou
nossa consolidação definitiva como investidores do se-
tor. Com a conquista da concessão da Usina Santo An-
tônio, nosso olhar para o mercado de energia passou a
ser prioritariamente como investidor, sem prejuízo da
atuação da Odebrecht como prestadora de serviços de
Engenharia e Construção, como ocorre em Belo Monte
e Teles Pires.
OI – Santo Antônio, em plena bacia amazônica, é um
projeto tido hoje como exemplo de fator de indução de
desenvolvimento sus-
tentável. Isso traz mais
segurança para investi-
mentos, não?
VALLADARES – Não é
por acaso que atingimos
esse nível de confiança
e governança. Todo o
empreendimento da Hi-
drelétrica Santo Antônio
baseia-se em seis anos
de estudos realizados,
em conjunto, por Furnas
e Odebrecht, que anali-
saram com profundidade
aspectos sociais, econô-
micos e ambientais da
região. O fato do maior
potencial de geração hídrica do país estar localizado no
bioma amazônico impõe a necessidade de uma atuação
destacada na gestão socioambiental, que vai desde a
concepção do projeto até a implementação de progra-
mas que mitiguem e compensem os impactos ambien-
tais dos empreendimentos e promovam o desenvolvi-
mento das pessoas do entorno do empreendimento. O
melhor exemplo disso é o Programa Acreditar, que foi
criado em Santo Antônio e hoje é uma realidade em toda
a Odebrecht. O maior legado desse programa é o fato
de que mais de 37 mil cidadãos de Porto Velho e região
passaram a ter um ofício, o que trouxe uma nova pers-
pectiva para suas vidas e minimizou o habitual impacto
negativo que a vinda de profissionais de fora traz para a
região. Hoje, 80% do efetivo de Santo Antônio é compos-
to de profissionais locais, sendo 10% mulheres, o que
representa uma quebra de paradigma no mercado de
construção de hidrelétricas na região amazônica.
OI – Existem outras fontes de geração de energia na
estratégia da empresa?
VALLADARES – Além de já contarmos com os ativos de
geração dos empreendimentos hidrelétricos de Santo
Antônio e Chaglla, também estamos atentos às opor-
tunidades nas diversas fontes alternativas, como eóli-
ca, biomassa, pequenas centrais hidrelétricas e solar.
No que se refere à geração de energia eólica, no últi-
mo leilão, realizado em agosto deste ano, viabilizamos
a implantação de quatro parques eólicos, localizados
no Rio Grande do Sul,
totalizando 116 MW. Te-
mos ainda em estoque
outros 13 parques (290
MW) aptos a participar
nos próximos leilões,
bem como projetos
greenfield visualizados
na Bahia e no Ceará.
Além disso, estamos ini-
ciando o desenvolvimen-
to de outros projetos nas
diversas fontes de ener-
gia alternativa. Quere-
mos ter uma participa-
ção bastante relevante
neste segmento.
OI – Que balanço você faz da atuação da Odebrecht
Energia até o momento?
VALLADARES – Estamos otimistas com as possibili-
dades de negócios tanto no Brasil, quanto no exterior.
Temos confiança de que o modelo regulatório brasi-
leiro seja cada vez mais atrativo para investimentos
privados e que possamos contribuir com a segurança
no fornecimento de energia elétrica, fundamental para
o crescimento do nosso país. Esperamos também
prover soluções que permitam o crescimento da Ode-
brecht Energia de maneira orgânica, consolidando um
parque gerador formado por fontes complementares
de energia, no Brasil e no exterior, gerando resultados
para os clientes, acionistas, integrantes e sociedade
em geral
“O fato de o maior potencial de geração hídrica do país estar localizado no bioma amazônico impõe a
necessidade de uma atuação destacada na
gestão socioambiental”
28 informa
Construção da Hidrelétrica Teles Pires, na divisa de Mato Grosso e Pará, tem na logística um grande desafio e inova nas ações de montagem da equipe
28
AO ENCONTRO DO
Brasiltexto roDrigo viLar fotos geraLDo PesTaLozzi
29informa
m Salvador, o dia de trabalho começou de
madrugada para a equipe da Odebrecht
Informa encarregada da primeira reporta-
gem da revista sobre a construção da Usina
Hidrelétrica Teles Pires, localizada na divisa
dos estados de Mato Grosso e Pará. A viagem teve início
em direção a Cuiabá, com escala em Brasília. Chegando
à capital matogrossense, mais uma hora e meia em um
avião menor até o município de Alta Floresta. Lá, um carro
da equipe da obra aguardava para transpor o trecho final
de 52 km, metade dele em estrada de terra, para chegar a
Paranaíta, cidade de 7 mil habitantes, onde hoje funciona
a base administrativa da obra. Já era fim de tarde quando
chegamos ao escritório e, logo na primeira conversa, a
Responsável por Comunicação no projeto, Ana Paula Sil-
vestre, avisou: “Amanhã temos mais 95 km, mais ou me-
nos duas horas e meia por estrada de terra, para chegar
ao canteiro de obras”.
O deslocamento até o local dos trabalhos é ape-
nas um dos muitos desafios para materializar a obra
incluída no Programa de Aceleração do Crescimen-
to (PAC), do Governo Federal, projetado para uma
potência instalada de 1.820 MW (megawatts) e que
tem sua primeira unidade de geração prevista para
funcionar em 2014. Vencedora do leilão de geração
realizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica
(Aneel), em dezembro de 2010, a Companhia Hidre-
létrica Teles Pires S/A, Sociedade de Propósito Es-
pecífico constituída pela Neoenergia (50,1%), Eletro-
bras Furnas (24,5%), Eletrobras Eletrosul (24,5%) e
Odebrecht Energia (0,9%), é responsável por cons-
truir e operar a usina. A Odebrecht, contratada na
modalidade EPC (engenharia, suprimento, cons-
trução e montagem), é a empresa encarregada das
obras civis e da montagem do empreendimento, que
gerará 6 mil oportunidades diretas de trabalho.
e
30 informa
A ordem de serviço para instalação do canteiro foi emi-
tida em agosto de 2011, mas o planejamento e a mobili-
zação começaram muito antes. “Em Teles Pires, posso
dizer que desde o início da viabilização do projeto até o
momento onde estamos hoje, conseguimos cumprir inte-
gralmente o que foi planejado”, explica o Diretor do Con-
trato, Antonio Augusto Santos.
Resultado de um esforço integrado das equipes, ainda
em outubro, 200 máquinas – de um total de 265 – já es-
tavam à disposição no pátio da construtora em Paranaíta.
Os equipamentos, todos novos, vieram de outros estados
do Brasil, da Suécia, da Argentina, dos Estados Unidos e
da Alemanha, representando um investimento direto de
R$ 152,5 milhões da Odebrecht.
“Além do desafio logístico, o aquecimento do setor
de infraestrutura, com a Copa e grandes obras no setor
de energia, somado à sobrecarga portuária que o país já
enfrentava, dificultou muito todo o processo. No entanto,
tivemos êxito fundamentalmente pela competência das
equipes que elaboraram e executaram esse planejamen-
to”, relata Antonio Augusto.
Segundo Victor Carvalho Marques, Responsável por
Obras Civis, Engenharia e Equipamentos, a decisão de
comprar, em vez de alugar, foi estratégica. “Você está lon-
ge e tem dificuldade de acesso, então traz equipamentos
antigos, começa a ter problemas graves de manutenção
e reposição. Com equipamentos novos, a chance de ter o
desempenho esperado é muito maior, e o próprio volume
de obras em Teles Pires deve depreciar quase metade da
vida útil do maquinário”, explica.
Uma cidade no canteiro de obrasSe, por um lado, um dos principais desafios era o de
garantir as ferramentas, por outro, estava o de atrair as
pessoas certas para o projeto. “Serão 6 mil pessoas no
canteiro permanente, todas alojadas. É uma cidade. Va-
mos construir áreas de lazer como praças e calçadas,
espaços verdes, coretos, restaurantes, salão de beleza
e outras instalações. Esse é um trabalho de motivação.
Queremos dar os meios para que as pessoas vivam bem,
se realizem e se desenvolvam por meio do trabalho”, de-
talha Antonio Augusto.
Por causa do isolamento da obra, um grande
obstáculo era o de recrutar profissionais de nível
estratégico. Uma das soluções encontradas partiu
do próprio Antonio Augusto: “Buscamos identifi-
car as competências e experiência profissional dos
cônjuges dos integrantes para aliar esse conheci-
mento à necessidade do projeto e fazer o convite
aos dois”. Os cônjuges não atuam no mesmo pro-
grama, em benefício do processo de avaliação e de-
senvolvimento. Só de recém-casados, são 12 casais
na obra. No dia 12 de outubro, a pedido de Odebre-
O Rio Teles Pires, onde a usina será erguida. Abaixo, casais que trabalham juntos no projeto e equipamentos pesados que já chegaram ao canteiro de obras: planejamento e criatividade para vencer o isolamento
31informa
cht Informa, todos se reuniram para um jantar, no
restaurante predileto do grupo.
convivência e adaptaçãoJuliana Lima, 30 anos, há um ano e quatro meses na
Organização, é Responsável por Pessoas e Organização
nas obras da Usina Teles Pires, onde ingressou ainda na
fase de estudo de viabilidade do projeto, em novembro de
2010. Foi também uma das primeiras a chegar a Parana-
íta, em janeiro de 2011. Para ela, o maior desafio nesses
primeiros meses foi enfrentar a distância da família, prin-
cipalmente do marido, Alberto Fraga, com quem se casa-
ra há seis meses. “Foi uma grande alegria quando surgiu
a oportunidade de o Alberto vir para cá”, diz, sem conse-
guir esconder o brilho no olhar. O engenheiro de pesca
de 30 anos, especializado em Engenheira de Segurança,
juntou-se à equipe em abril. Desde então, é Responsável
por Segurança do Trabalho da Margem Esquerda.
Enquanto a vila residencial no canteiro não fica pron-
ta, o casal, diferentemente de outros colegas na mesma
situação, que preferiram alugar casas, divide há três
meses um quarto de hotel na pacata cida-
de. O que parece ser um exercício de
convivência para muitos é ta-
refa fácil para Alberto.
“Passei um ano
e meio embarcado, durante nove viagens em barcos de
pesca. Dividia o espaço com chineses e espanhóis, pes-
soas que eu nunca tinha visto. Agora, vivo com a minha
mulher em um quarto de hotel. É maravilhoso”, diz. “Não
dá para comparar!”, acrescenta, em tom de brincadeira,
abraçando a esposa Juliana, que confirma. “Ele é muito
organizado, e isso facilita as coisas para mim. Estarmos
juntos é um fator de motivação.”
Para a engenheira civil Luciane Daltro, 32 anos, Res-
ponsável por Custos, e o marido, Alessandro Peixoto, 30
anos, engenheiro sanitarista e ambiental que atua no pro-
grama de Meio Ambiente da obra, a vontade de conciliar
a vida profissional e o convívio era antiga. Em 10 anos de
relacionamento e há três casados, Alessandro trabalhou
em Manaus, Belém, na Argentina e em Belo Horizonte e,
como se não bastasse, Luciane estava há dois anos em
Luanda, trabalhando na Odebrecht Angola.
“Agora tomamos café, almoçamos e jantamos juntos.
Estamos dando valor a pequenos detalhes que antes não
tínhamos oportunidade de vivenciar juntos”, diz Luciane.
Ao seu lado, Alessandro relata que alguns colegas ainda
não se adaptaram à vida em uma cidade tão pequena, o
que para ele é natural. No entanto, enfatiza que o melhor
é não perder de vista o lado positivo dessa experiência e
da oportunidade. “Essa mesa grande que você está vendo
aqui é comum para a gente. No convívio social, po-
demos até querer nos afastar das dificulda-
des da obra, mas não das pessoas.
Aos poucos, estamos cons-
truindo uma grande
família.”
32 informa
ventos
32
33informa
Odebrecht faz sua estreia no segmento de energia eólica, fonte priorizada pelo Brasil
AMIGOS ventos
Brasil quer aproveitar os ventos que
sopram a seu favor. E tem pressa,
porque a necessidade e o ritmo de
crescimento da economia exigem que
assim seja. Os investimentos na gera-
ção de energia eólica, entre outras fontes renová-
veis, como o etanol e a biomassa, consolidarão a
matriz energética brasileira como a mais limpa do
mundo e uma das mais diversificadas. Com mais
opções, reduz-se o risco da dependência. A antiga
e sábia prescrição de que não se deve colocar todos
os ovos na mesma cesta aplica-se bem ao caso.
O país prepara a implantação de parques eóli-
cos em vários pontos do território, sobretudo nas
regiões Sul e Nordeste, onde estão os ventos de
características mais apropriadas para o aproveita-
mento energético. O visual dos aerogeradores en-
fileirados nos campos será cada vez mais frequen-
te no país. De modo a contribuir nessa investida
brasileira para transformar vento em energia, a
Organização Odebrecht fez sua estreia no segmen-
to de energia eólica. A atuação ocorre através da
Odebrecht Energias Alternativas, empresa criada
pela Odebrecht Energia.
“O Brasil quer ampliar a geração de energia eó-
lica de 1 gigawatt, registrado em 2010, para 11,5
gigawatts, em 2020”, diz Fernando Chein, Diretor
responsável pelo segmento de energia eólica, so-
lar e PCHs (pequenas centrais hidrelétricas) na
Odebrecht Energia. “O potencial eólico do país é
de mais de 150 gigawatts, pelos números de hoje”,
acrescenta. O objetivo do Governo Federal, expli-
otexto cLáuDio LovaTo fiLho
Ace
rvo
od
ebr
ech
t
34 informa
citado no Plano Decenal de Expansão de Energia
(PDE 2020), é fazer com que as fontes renováveis
passem a ocupar 46,3% da matriz energética até
2020. Em 2010, esse percentual era de 44,8%, fi-
cando atrás apenas do petróleo e seus derivados.
produção futuraDetentora do projeto do Complexo Corredor dos
Senandes, em Rio Grande (RS), a Odebrecht Ener-
gia comercializou a produção futura de energia de
quatro parques no Leilão de Reserva do Governo
Federal realizado em 18 de agosto de 2011. Esses
parques são o Corredor dos Senandes 2, 3 e 4 e
o Vento Aragano 1. No leilão, a Odebrecht vendeu
50,5 MW (megawatts) médios a uma tarifa de R$
99,50 por MWh (megawatt/hora), sendo necessário,
para isso, instalar 116,9 MW de capacidade total
nos parques eólicos. O contrato firmado com CCEE
(Câmara de Comercialização de Energia Elétrica)
tem duração de 20 anos. O parques começarão a
ser implantados em junho de 2012. O início de ge-
ração está previsto para até junho de 2014.
Neste momento, várias frentes de atuação são
atendidas simultaneamente, sob liderança direta
de Walter Tatoni, Responsável por Investimentos
em Energia Eólica na Odebrecht Energia: obtenção
de autorização do poder concedente para explo-
ração, consolidação de toda a documentação ne-
35informa
cessária à obtenção das licenças exigidas para a
implantação dos parques (em especial, as licenças
ambientais), formação da equipe de implantação e
gerenciamento dos parques, celebração dos con-
tratos de fornecimento de bens e serviços, incluin-
do o de aerogeradores com a Alstom (responsável
pela fabricação, operação e manutenção dos aero-
geradores) e busca da aprovação do financiamen-
to a ser feito pelo Banco Nacional de Desenvolvi-
mento Econômico e Social (BNDES). “A Odebrecht
Energia, em sua atuação como empresa investido-
ra, operadora e comercializadora no setor de ge-
ração de energia, quer chegar a 2020 com 10 mil
MW de geração própria”, destaca Walter. “A energia
ilu
str
Açã
o
Foto
: ed
uA
rd
o b
eles
Ke
Montagem mostra como será um dos parques eólicos da Odebrecht em Rio Grande. Na foto abaixo, o Prefeito Fábio Branco: “Queremos aproveitar ao máximo e o quanto antes a nossa matéria-prima”
36 informa
eólica será uma grande fonte alavancadora para o
alcance desse objetivo.”
A capacitação e o conhecimento específicos
relacionados à energia eólica resultaram de uma
imersão de integrantes da empresa nesse novo
universo, apesar da experiência em outras áreas
do setor de energia. “Tivemos mais de um ano de
estudos”, revela Marco Rabello, Responsável por
Finanças na Odebrecht Energia. “Há particulari-
dades”, ele diz, referindo-se ao segmento eólico,
entre as quais as novas exigências que surgem em
termos de documentos e a medição dos ventos,
fundamental para que se conclua se o negócio é
viável ou não.
Fernando Chein comemora o estágio atual de
estímulo às fontes alternativas, em especial à eóli-
ca, mas tem uma ressalva: “Acredito que os leilões
possam ser feitos por fontes específicas ou por re-
giões, de modo que se consiga equilíbrio na matriz
energética. É preciso incentivar os investimentos
em todas as fontes. A competição entre elas pode
não ser interessante a longo prazo. As fontes têm
de ser complementares.” Marco Rabello reforça:
“As eólicas precisam competir entre si”. Hoje, os
leilões incluem todas as fontes, e uma momentâ-
nea vantagem de preço de uma fonte em relação a
outra (ou outras) pode vir a prejudicar uma delas e,
consequentemente, sua cadeia produtiva.
tecnologia para aproveitar os ventosNos quatro parques cuja energia foi comerciali-
zada no leilão de 18 de agosto, serão instalados 70
aerogeradores, produzidos pela Alstom em sua fá-
brica no Polo Industrial de Camaçari (BA), inaugu-
rada neste segundo semestre de 2011. Os equipa-
mentos terão 95 m de altura, e as hélices, 86 m de
diâmetro. Sua potência unitária será de 1,67 MW.
O Complexo Corredor dos Senandes tem, no
total, sete parques e potencial de geração de 175
MW. Além dos quatro parques com energia comer-
cializada, está prevista a implantação do Corredor
dos Senandes 1, Vento Aragano 3 e Capão Grande.
Não para por aí. No Rio Grande do Sul, a Ode-
brecht Energia pretende desenvolver ainda o Com-
A nova fábrica da Alstom em Camaçari: investimentos em tecnologia para o desenvolvimento de aerogeradores
37informa
plexo Eólico Povo Novo, formado pelos parques de
Porto Novo (7,5 MW), Fazenda Veracruz (22,5 MW)
e Curupira (25 MW), localizados a cerca de 40 km
do Complexo Corredor dos Senandes. Os inves-
timentos não se restringem ao Sul. No Ceará, a
empresa adquiriu, em agosto de 2011, o projeto do
Complexo Eólico Aracati Mutamba, composto de 10
parques com capacidade para 240 MW. Além disso,
há planos de investimento em projetos greenfield
(a serem desenvolvidos desde os primeiros passos
embrionários) na Bahia.
“O Brasil tem ventos excelentes”, diz Ferna-
do Chein. “No Nordeste, são muito intensos, mas
apresentam mais variações. No Sul, os ventos são
menos intensos, porém mais constantes.” O de-
senvolvimento de tecnologias específicas pelos
fabricantes é o que garantirá o melhor aproveita-
mento possível dos diferentes tipos de vento.
“Muito nos honra ser o primeiro fornecedor da
Odebrecht Energia no segmento de energia eólica.
Temos a ambição de ser parceiros da empresa em
todas as fases dos projetos, desde a localização
dos parques até o fornecimento final”, diz Mar-
cos Costa, Vice-Presidente de Energia da Alstom
para a América Latina. A fábrica de aerogeradores
da Alstom, tradicional parceira da Odebrecht em
projetos no setor de energia, está apta a produzir
equipamentos capazes de gerar até 300 MW/ano.
“O Governo brasileiro priorizou a energia eólica,
e a Alstom quer participar dessa caminhada. Por
isso, construiu uma fábrica em Camaçari.” Marcos
Costa anuncia o desenvolvimento, em curso, de um
novo aerogerador para a América Latina e o Brasil:
o ECO 122, com 122 m de diâmetro das hélices e
potência de 2,7 MW. “O ECO 122 é 100% adequado
para ventos brasileiros”, ele afirma.
“Queremos aproveitar nosso potencial”São esses equipamentos em constante evolução
que começarão, em breve, a ocupar áreas rurais
do município de Rio Grande, no sul do Rio Gran-
de do Sul. Com um processo de desenvolvimento
historicamente vinculado ao porto – que voltou a
receber vultosos investimentos para o aumento de
sua capacidade de movimentação de carga e para
sediar grandes obras navais –, a cidade passa ago-
ra a contar com a contribuição significativa dos
parques eólicos.
O Prefeito Fábio Branco enfatiza que a intenção
é diversificar as atividades econômicas respeitan-
do as vocações da cidade. “Queremos aproveitar
nosso potencial”, ele ressalta. “Para Rio Grande, a
implantação dos parques eólicos é um divisor de
águas, significará a quebra de paradigmas. Toda a
nossa cadeia produtiva receberá impacto positivo”,
ele antevê, em razão da chegada das empresas en-
volvidas nos projetos, nas oportunidades diretas e
indiretas de trabalho, no aumento do nível da renda e
no acréscimo de possibilidades para as instituições
acadêmicas. “Nós, do poder público, queremos ser
facilitadores do processo de instalação dos parques.
Mantemos ótima relação com a iniciativa privada,
neste caso representada pela Odebrecht, uma em-
presa que tem compromisso com as populações
locais.” Fábio Branco não esconde a expectativa.
“Precisamos aproveitar ao máximo e o quanto antes
a nossa matéria-prima. O vento que passou aqui hoje
não passará mais.”
38 informa
Angola investe pesado para levar energia elétrica à sua população em vários pontos do país
sala de estar
38
39informa 39informa
DA USINA PARA A
sala de estartexto João MarCondes
fotos GuilherMe afonso
Lopes Sebastião (ao fundo, à esquerda) e sua família: tempos de mais conforto
40 informa
vida de Lopes Sebastião teve vários
“renascimentos”. Lavrador nos anos
1940, trabalhava cavando a terra com
as próprias mãos na província de Uíge,
no norte de Angola, região ainda hoje
pouco urbanizada, próxima à fronteira com o Congo.
Depois de 10, 12 horas de trabalho, carregava um pou-
co de lenha para casa. Lenha era sinônimo de energia
àquela época. Os tempos foram passando, e seu Lopes
aderiu, nas décadas seguintes, ao uso do candeeiro –
aquelas lamparinas movidas a petróleo. Apenas uma
luz pálida para atenuar os barulhos ameaçadores da
noite. O mundo à sua volta também mudava. Em me-
ados dos anos 1970, Angola ficava independente, mas
a energia ainda era escassa. Fim do século passado:
surge para seu Lopes uma energia mais palpável, mo-
vida à máquina. O gerador – dispendioso, barulhento,
que enegrecia sua casa de adobe e lançava muita fu-
maça nos olhos de esposa, filhos e netos.
Há oito anos não há mais conflitos armados em An-
gola, e 2012 será especial, com a eleição direta para
presidente. Para votar, seu Lopes poderá tomar um
banho quente e vestir seu melhor paletó. O que real-
mente revolucionou a vida desse habitante da pequena
vila em Negage foi um clique. Um interruptor. Ener-
gia pura, elétrica, límpida. Agora ele tem uma arca
(freezer), seus alimentos duram, e sua família, a co-
meçar pela esposa, Luiza Lando, tem mais conforto.
DínamoPara a energia chegar à casa de seu Lopes e de
outras milhares de pessoas, a Odebrecht construiu
o Sistema de Transporte de Energia de 220 kV (qui-
lovolts), interligando a Usina de Capanda à província
de Uíge, em uma extensão de 270 km. A Hidrelétrica
de Capanda foi a primeira obra da Odebrecht no país,
nos anos 1980, mas a empresa não parou nas usinas.
Tão importante quanto fazer turbinas girarem é esten-
der o fio até o consumidor. Já são 800 km de linhas de
transmissão. Além de Capanda-Uíge, que beneficiou
seu Lopes, outra obra recém-concluída é a linha de
transmissão (400 kV) com extensão de 300 km que in-
terliga Capanda à região de Luanda. Além das linhas
e subestações, a empresa executou a eletrificação
(distribuição da energia) em seis cidades no eixo Ca-
panda-Uíge, beneficiando mais de 5 mil famílias. Uma
pequena amostra do que precisa ser feito.
“Estão sendo planejados pelo Governo programas
específicos para extensão, em larga escala, da eletri-
ficação nas regiões urbanas, periurbanas e rurais do
país. Uma iniciativa que estamos novamente apoiando
de forma plena”, informa Wagner Santana, Diretor de
Contrato das Linhas de Transmissão.
Energia é prioridade no país. Apenas 30% dos an-
golanos têm hoje acesso à energia elétrica. A popula-
ção estimada de Angola é de 20 milhões de pessoas.
Hoje o país produz 1.300 MW de energia (50% em ter-
melétricas e 50% em hidrelétricas). A demanda é de
4 mil MW (apenas para consumidores, sem contar a
indústria). “Angola poderá, inclusive, exportar energia
elétrica para outros países da África Austral”, comenta
Carlos Mathias, Diretor da Odebrecht Angola. “Que-
remos também atuar como investidores, por meio de
parcerias público-privadas.”
A Ministra de Energia e Águas de Angola, Emanuela
Vieira Lopes, afirmou recentemente na publicação an-
golana Estratégia: “Pretendemos fazer crescer o setor
energético, de tal forma, que a população esteja bem
e haja crescimento econômico. Em 2017, Angola po-
derá ter capacidade instalada para produzir energia,
abastecer-se internamente e começar a exportar para
outros países”. A Odebrecht está entre os protagonis-
tas desta história. Além das linhas de transmissão e
de ter construído a emblemática Capanda, participa da
a
41informa
construção e reabilitação de duas estruturas essen-
ciais para formar essa capacidade instalada a que se
refere a Ministra Emanuela: as usinas hidrelétricas de
Gove e Cambambe.
eldorado“Eldorado” ou “O Dorado”. Lugar mítico de mui-
tas riquezas (ouro e prata) buscado incessantemente
pelos espanhóis colonizadores da América no século
16. Pois a África também teve seu Eldorado, persegui-
do pelos portugueses nos anos 1500. E ele ficava em
Angola, mais precisamente nas Serras de Cambam-
be. Imaginava-se riquezas minerais na região, desde
que o monarca português Dom Manuel I recebeu uma
manilha de prata como presente do Rei do Congo. O
soberano português obtivera também a informação de
que a joia provinha de Cambambe, região a 200 km de
onde hoje está localizada Luanda.
Expedições em busca da prata foram enviadas,
a primeira delas capitaneada por Manuel Pacheco e
Baltazar de Castro, em 1520. A prata nunca foi encon-
trada, mas o Rio Kwanza, o maior do país, foi dominado
até próximo de uma garganta que o estrangulava. Um
belo lugar para instalar uma barragem. E os próprios
portugueses fizeram isso nos anos 1950. A Hidrelétri-
ca de Cambambe, de 180 MW, tornou-se importante
fonte de abastecimento de energia para o país, mas
sua expansão (já prevista pelos portugueses) nunca
foi concluída. Com a precariedade da manutenção nos
tempos de guerra, a produção de energia da usina foi
afetada, e seu potencial, reduzido a somente 90 MW.
Isso até a Odebrecht retomar a obra, em 2005.
Quando finalizada, a nova Cambambe será capaz de
gerar 960 MW de energia. A obra é complexa: envol-
ve recuperação da Central 1, que passará a ter po-
tência de 260 MW, e a construção de uma Central 2,
com capacidade de 700 MW. Além disso, compreende
a elevação da altura da barragem, que ganhará mais
30 m, e um vertedouro lateral que garantirá a segu-
rança da barragem nos períodos de chuva. “Produzi-
remos energia renovável para cerca de 8 milhões de
pessoas, em um aproveitamento hidrelétrico que foi
essencial para o passado de Angola e é indispensável
para o seu futuro”, enfatiza Gustavo Belitardo, Diretor
de Contrato de Cambambe.
Cambambe será um dos maiores aproveitamentos
hidrelétricos de Angola. Suas obras devem ser total-
mente finalizadas em 2015. Mas um homem está lá
desde seu início, nos distantes anos 1950. É Fernan-
do Pedro Santos Neves, de 60 anos. Por seu caminho,
passaram portugueses, franceses, suíços. Viu compa-
nheiros enfrentarem doenças como malária, cólera,
febre amarela (seu pai, a propósito, trabalhara na obra
como enfermeiro). Testemunhou conflitos no país.
Fernando Neves em Cambambe: testemunha do crescimento de Angola
42 informa
A obra iniciou, parou, foi retomada. Fernando Ne-
ves garante que, em nenhum momento, pensou que o
projeto inicial, que já incluía as duas centrais, não seria
um dia terminado. Trabalhou como eletricista, em es-
tação de tratamento de água, no setor administrativo.
Nos anos 1980, viu Capanda ser erguida e vislumbrou
um futuro para Cambambe. Hoje aposentado, mas
dono de uma firma que ainda presta serviços para a
obra, Fernando considera o ciclo completo. “O senti-
mento que tenho depois de todos esses anos é o de ver
meu país crescer.”
O país crescerá, assim como a exploração do po-
tencial hídrico do Rio Kwanza, que tem 960 km de ex-
tensão. Em suas águas, duas obras de grande porte
estão à espera de licitação: as portentosas barragens
de Laúca (2.067 MW) e Caculo-Cabaça (2.053 MW).
GoveEnquanto em Cambambe muito trabalho ainda há
de ser feito, outra obra angolana está quase no fim:
a reabilitação da Barragem e a construção da Cen-
tral Hidrelétrica do Gove, com potência de 60 MW, na
comuna do Cuíma, província de Huambo. A fase é de
conclusão das obras civis e da montagem eletromecâ-
nica. A previsão é de que o projeto esteja concluído no
primeiro semestre de 2012, e a geração de energia da
primeira unidade ocorrerá no fim do primeiro trimes-
tre. A energia produzida em Gove alimentará as provín-
cias do Huambo (a 120 km de Gove) e do Bié (a 230 km)
e atenderá aproximadamente 3 milhões de pessoas.
O Gove é uma obra com uma história especial. Ini-
ciada na década de 1960, foi a primeira barragem do
Cunene e responsável pela regularização desse rio
para os demais aproveitamentos hidrelétricos e agrí-
colas a jusante. Na década de 1990, a barragem foi sa-
botada, o que quase comprometeu sua estrutura. Em
2008, a Odebrecht iniciou a obra de recuperação da
barragem, que estava em parte destruída, e a constru-
ção da casa de força e da subestação. Em decorrência
dos anos de conflitos armados, a região se desenvol-
veu pouco, mas, com a chegada e o desenvolvimento
desse empreendimento, o cenário está mudando.
“Quando chegamos, aproveitamos muito pouco da
força de trabalho local, pois a população ainda estava
assustada e sem preparação para atuar nesse tipo de
obra. Gente humilde, pescadores, pequenos agriculto-
res, mas com muita vontade de aprender e se desen-
volver”, comenta Marcus Azeredo, Diretor de Contrato.
Com as condições criadas, nasceu o projeto Apren-
di no Gove, por meio do qual foram formados traba-
lhadores especializados, desenvolvidos programas de
Combate à Aids, Parto Seguro e, principalmente, de
incentivo à permanência de crianças na escola. Em
43informa
2008, havia 80 trabalhadores da comuna atuando no
projeto e, hoje, são 500, o que corresponde a 62% do
efetivo atual. Hoje, com a força humana da obra, a vila
do Gove se prepara para se transformar em uma pe-
quena cidade, uma comuna. Mais que simplesmente
energia elétrica, as ações implementadas no Gove
pela Odebrecht, em conjunto com o cliente – o Gabi-
nete para a Administração da Bacia Hidrelétrica do
Cunene (Gabhic) do Ministério da Energia e Águas (Mi-
nea) – mostraram como uma obra pode ter uma alta
voltagem social.
Seu Lopes, citado no início desta reportagem, foi
diretamente beneficiado pelo trabalho da Odebrecht.
Seu vizinho no Negage, o funcionário público Daniel
Neto, lembra-se do dia (15 de dezembro de 2010) em
que a luz elétrica surgiu pela primeira vez nos postes
da rua de terra batida. “Foi uma emoção muito grande.
Sabe o que é mais incrível? Muitas pessoas ali nunca
tinham visto uma luz daquela, clara, potente. Outros
só tinham presenciado aquilo em Luanda”, descreve.
“As crianças não paravam de gritar e comemorar.”
Uma das grandes diversões da humanidade, banal
para muitos, passou a fazer parte da vida daqueles
moradores: assistir à televisão. Fátima, 12 anos, filha
de Daniel, não perde um capítulo da novela brasileira
Caminho das Índias. Seu pai se diverte, embora ache
que telenovela é coisa de criança. Fátima curte a tevê,
mas é rápida ao concluir o porquê da importância de
se ter energia. “Agora posso estudar à noite, ter um
porvir. Um futuro melhor para mim e para Angola.
Com luz.”
Formação e capacitação de pessoasComo sempre acontece nas obras da Odebrecht, a
construção não é apenas física, mas também humana.
São mais de 1.500 oportunidades diretas de trabalho
e capacitação, por meio do Programa de Qualificação
Profissional Continuada – Acreditar. Em todo o país, as
obras da Odebrecht contam com cerca de 17 mil inte-
grantes, dos quais 93% angolanos.
Em recente visita ao país, onde acompanhou o dis-
curso da Presidenta Dilma Rousseff na Assembleia
Nacional, Marcelo Odebrecht, Diretor-Presidente da
Odebrecht S.A., destacou: “A empresa brasileira, quan-
do vem para cá, contrata trabalhadores locais e desen-
volve a cadeia produtiva. Em nossos projetos, trazemos
brasileiros para implantar a cultura empresarial, mas,
à medida que esse processo evolui, passamos a contar
apenas com angolanos”.
Nas obras de linhas de transmissão, por exemplo,
uma parte importante foi o treinamento de trabalha-
dores angolanos da Empresa Nacional de Eletricidade
(ENE) para operar as subestações.
Montagem de turbina da Central Hidrelétrica do Gove: energia para 3 milhões de pessoas
44 informa
O CAMINHO DOcarvão44
texto João marconDes
fotos guiLherme afonso
46 informa
m agosto de 2011, comboios de trens car-
regados de carvão cumpriram o trajeto da
linha ferroviária Sena-Beira, em Moçam-
bique. O percurso foi realizado por trens
da mineradora brasileira Vale, carregados
de 35 mil t do produto cada. Depois de desembarcar no
porto da cidade de Beira, o carvão foi transportado para
navio e exportado para Dubai, nos Emirados Árabes.
À primeira vista, parece um roteiro simples. No en-
tanto, fazer valer essa logística exigiu um trabalho so-
fisticado do ponto de vista da engenharia. “O que faze-
mos por aqui pode ser considerado estado da arte em
tecnologia”, comenta Paulo Horta, Diretor de Produção
da Vale.
Tete é uma cidade no interior de Moçambique. A Vale
obteve o direito de explorar uma das maiores minas
de carvão da África por 35 anos (a partir de 2007). Não
se trata de carvão comum, mas o carvão siderúrgico
(coking coal), usado na indústria do aço. É mais valio-
so e raro que o carvão térmico. A capacidade atual da
mina é de 11 milhões de toneladas de carvão (sendo 75%
coking, 25% térmico) por ano. Mas há expectativa de do-
brar essa produção.
Para a construção da mina de carvão, bem como do
porto pelo qual o material será exportado, a principal
empresa contratada para as obras civis é a Odebrecht
International. Na mina de Moatize, ela faz parte de uma
aliança na qual detém 75% da participação na obra (e a
Camargo Corrêa tem participação de 25%). No terminal
temporário do Cais 8 no Porto de Beira, a obra é da Ode-
brecht International.
Os números da construção, iniciada em 2008, im-
pressionam: 130 mil m3 de concreto; 535 mil horas de
máquinas trabalhando; 140 km de tubulações (apenas
para a mina). O Diretor de Contrato da Odebrecht Inter-
national, Paulo Brito, destaca a sinergia entre as empre-
sas envolvidas. “Nos tornamos um modelo de aliança
para a Vale, o que propicia ambiente positivo para novos
negócios e novas parcerias”, observa ele, que também
enfatiza o salto para o país: “Há grande geração de tra-
balho associada a uma significativa elevação do consu-
mo”. Osvaldo Adachi, Gerente Geral de Construção da
Vale, acrescenta: “Segundo autoridades locais, houve
um aumento de 90% no consumo de energia elétrica em
Tete. Na cidade, antes quase deserta, vários mercados
foram construídos, hotéis erguidos e a frota de automó-
veis cresceu a olhos vistos.
mudança de local dos laresA concessão da mina de Moatize, no distrito de Mo-
atize, província de Tete, ocupa uma área de 24 mil hec-
tares. Um dos maiores desafios foi a mudança de local
dos lares de mil famílias. Foram construídos dois reas-
sentamentos, com quase mil casas, escolas, feiras, pra-
ças, áreas de fazenda e pastagens. Os moçambicanos
tiveram acesso aos mais diversificados projetos sociais
desenvolvidos pela Odebrecht International e a Vale:
campanhas de combate à Aids, prevenção da malária,
capacitação profissional, educação ambiental, progra-
mas de saúde e inclusão digital.
Um dos mais significativos é o programa Ler +, lide-
rado por Claudia Andrade, Responsável por Programas
Sociais, e pelo Analista de Projetos Sociais José Piquitai,
moçambicano contratado pela Odebrecht International
com larga experiência em organizações não governa-
mentais em seu país. O programa, desenvolvido pela
Odebrecht e a Vale, trouxe uma nova e poderosa ferra-
menta para mais de mil crianças na faixa entre 8 e 12
anos de idade: a leitura (e, consequentemente, a escrita).
“Estamos em uma comunidade onde a tradição oral
é muito forte, mas não há o hábito do registro escrito.
E falamos de um país que viveu muitos fatos históricos
no passado recente”, diz Piquitai. Moçambique conse-
guiu sua independência de Portugal apenas em 1975 e
depois passou por uma guerra civil que durou até 1992.
“Há muitas histórias não escritas aqui, mas isso vai mu-
dar. Pretendemos fazer de Moatize um polo cultural.
E uma das primeiras narrativas a serem contadas é a
trajetória do carvão. Essa será registrada”, ele garante,
com orgulho.
e
O terminal do Cais 8 terá capacidade de exportação de 6 milhões de t/ano
47informa
cais 8Depois de embarcado, o carvão cumpre um trajeto
de 600 km entre Moatize e Beira, uma das maiores
cidades do país, com cerca de 200 mil habitantes. A
obra do Cais 8 é complexa por ser ferroviária e portu-
ária. E tem que ser executada em tempo recorde, para
estar pronta no fim de 2011. Apesar disso, já possibili-
tou o carregamento do primeiro navio para exportação
de carvão, e o segundo deverá ocorrer em novembro
2011. “Nosso tempo é curto, menos de um ano para
realizar a obra, pois o carvão já está sendo extraído
em Tete”, diz o Diretor de Contrato da Odebrecht In-
ternational, o português Nuno Teixeira.
O terminal do Cais 8 terá capacidade de exportação
de 6 milhões de t/ano. A obra envolve a construção de
pátios ferroviários para trens de 42 vagões e 600 m de
comprimento; sistemas de armazenamento e de trans-
porte interno do carvão (com uma capacidade de arma-
zenamento de até 300 mil t); e o cais propriamente dito,
através do qual o carvão será embarcado e exportado.
“Depois disso, fazemos uma operação de transhipment (mudança da carga de um barco para outro), já em alto
mar, pois o porto de Beira é de águas rasas”, explica
Francisco Bender, Gerente de Construção da Vale.
O cliente da obra é a estatal Caminhos de Ferro
de Moçambique – CFM. A Vale terá direito de uso do
porto, com condições específicas. A CFM exigiu que
toda a estrutura antiga do terminal fosse desmon-
tada e armazenada para reciclagem ou reutilização
em outras obras. Trabalho imenso que durou de ou-
tubro, quando a obra foi iniciada, até o fim de novem-
bro de 2010. Só de vagões antigos e danificados pelo
tempo, foram 60 unidades desmontadas. “Foi um
esforço minucioso”, relata Mário Pelicano, Gerente
de Produção. “Nossa atuação envolveu o relaciona-
mento com muitos fornecedores locais”.
Os dias eram corridos em Beira, com sua vis-
ta monumental para o Oceano Índico (daí a grande
capacidade de exportação para Ásia, mercado alta-
mente aquecido). A Odebrecht International enviou à
cidade sua equipe de qualidade de vida e projetos so-
ciais, liderada por Cíntia Santana. Ela esteve atenta,
entre outras iniciativas, ao Programa Jovem Parcei-
ro, do qual participaram novos profissionais, como
Paulo Jonatan Guesela Mata, 22 anos, formado em
Gestão Pública em junho deste ano.
“Quem vê de fora, não consegue acreditar que o tra-
balho de tantas pessoas diferentes pode resultar em
uma coisa única”, diz Paulo Jonatan, sobre o emara-
nhado de nacionalidades que ocupa a obra. Há filipinos,
colombianos, sul-africanos, equatorianos, além, é claro,
de brasileiros, portugueses e moçambicanos. “Duvidava
que uma obra com tantas nacionalidades diferentes pu-
desse funcionar de forma tão harmoniosa”.
José Piquitai: tradição de oralidade
48 informa
48
A CHEGADA DE UM DIA HÁ MUITO
esperadotexto emanueLa sombra fotos carLos Júnior
Dilma Marçal: em setembro, a felicidade
de apertar o interruptor e ver a luz se acender
49informa
Partes antes inúteis do gado
abatido são aproveitadas por
um biodigestor instalado em um
matadouro no
texto renaTa meyer
esperado
Programa Luz para Todos leva energia a quem antes só podia contar com velas, lamparinas ou geradores movidos a diesel
50 informa
ona rural de Jequitaí, município a 400 km
de Belo Horizonte: cercada por fazendas de
eucaliptos, Dilma Marçal vive em uma pe-
quena propriedade onde cria vacas e pro-
duz queijos para vender. As árvores plan-
tadas simetricamente transformam sua casa em um
ponto distante no meio de um imenso labirinto, onde a
energia elétrica chegou faz pouco tempo. Não há comér-
cio, asfalto ou barulho de trânsito. Não há vizinhos.
Há 33 anos, a agricultora vive em uma residência
simples de três cômodos e conta com o básico para
sobreviver: um fogão a lenha, uma cama, bancos de
madeira, um moedor a manivela e livros na prateleira.
Em setembro, teve a felicidade de apertar o interruptor
da cozinha e ver a luz se acender onde antes pendurava
um candeeiro a gás. Aos 55 anos, cogita, pela primei-
ra vez, comprar televisão, chuveiro elétrico, geladeira e
aparelho de som. “Tudo usado, claro.”
Com a chegada da energia elétrica, a maior felicida-
de da agricultora não é poder ver a novela ou conservar
os alimentos no freezer. Nada disso. “Meu maior pra-
zer é carregar o celular. Não aguentava mais ter que ir
até a cidade para fazer isso”, relata, sorrindo e apon-
tando para o interruptor da sala. O sinal de telefonia
chegou antes da luz elétrica na casa da agricultora.
Luz para minasRealidades como essa vêm sendo transformadas
nos rincões da zona rural mineira, pelo trabalho das
equipes do programa Luz para Todos, que levam ener-
gia a quem antes só podia contar com velas, lampari-
nas ou geradores movidos a diesel. Em Minas Gerais,
o programa do Governo Federal tem parceria com o
Governo do Estado e percorrerá um total de 85,5 mil
km de rede. Em volume de cabos aplicados, a distân-
cia é suficiente para dar cerca de duas voltas e meia
em torno da Terra.
Convertida em número de famílias beneficiadas, a
imponência da quilometragem ganha contornos so-
ciais: após a conclusão da terceira etapa do programa,
em fevereiro de 2012, mais de 285 mil novas ligações
elétricas terão sido feitas em Minas Gerais. Na tercei-
ra etapa, o Consórcio Luz para Minas – liderado pela
Odebrecht Infraestrutura - é um dos responsáveis pelo
desafio de acabar com essa exclusão elétrica e levar
mais qualidade de vida aos mineiros.
Desde a primeira etapa do programa, em 2005, a
Odebrecht participa desse sonho. “Em vez de um único
canteiro de obras, temos equipes espalhadas por um
estado inteiro”, salienta José Eduardo de Sousa Quin-
tella, Diretor de Contrato do Luz para Minas.
O desafio das equipes começa com a identificação
dos futuros beneficiados: residências, igrejas, escolas,
comércios ou centros comunitários localizados na zona
rural. Após o cadastramento, um estudo logístico é feito
nas localidades atendidas. Se o relevo é de montanhas
e despenhadeiros, o transporte do material é feito por
carro de boi e não de automóvel ou caminhão. Nessas
situações, postes de madeira costumam substituir os de
concreto, por causa das condições topográficas a região.
Em todas essas situações, os desafios são encara-
dos com entusiasmo. “Nosso trabalho não é colocar
um poste de energia próximo da pessoa. É colocar o
poste, entrar na casa dela, instalar lâmpada, pontos
de tomada”, enumera Quintella, que se emociona ao
testemunhar o primeiro contato das famílias com um
simples liquidificador ou um aparelho de som.
o prazer da companhia do rádioRaimundo da Costa é uma dessas pessoas. O apo-
sentado de 71 anos lembra-se que o rádio foi o primei-
ro aparelho que ligou na tomada, há quatro meses,
quando uma das equipes do consórcio chegou à sua
pequena propriedade rural, em Montes Claros. “Adoro
ouvir o noticiário, programas de humor e música”, diz,
enquanto põe um CD de moda caipira para tocar.
Pesquisa elaborada pelo Ministério de Minas e
Energia mostra que o aparelho de som é o terceiro item
Z
Raimundo Costa: “Adoro ouvir o noticiário”
51informa
eletrônico mais adquirido por moradores da zona rural
que passam a ter energia elétrica em casa – 45,4% das
famílias compram o item logo que são beneficiadas. O
equipamento perde apenas para dois outros bens de
consumo eletrônicos muito comuns na casa do brasi-
leiro: a televisão (79,3%) e a geladeira (73,3%).
Superintendente de Planejamento, Estudos e Proje-
ção da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig),
Ricardo Charbel vem acompanhando de perto as insta-
lações e se comove ao ver a transformação na vida das
pessoas. Lembra do aposentado que passou a receber
a visita dos netos após comprar uma televisão, da dona
de casa que passou a estudar à noite, das mulheres
que criaram uma cooperativa de costura... “Um senhor
me relatou a dificuldade de fazer uma compra, pois não
tinha o endereço de entrega. Com a conta de luz, ele
pode apresentar o comprovante residencial”, lembra.
De acordo com o Ministério de Minas e Energia, a
chegada da energia elétrica facilita a integração de pro-
gramas sociais e permite o acesso a saneamento bási-
co, serviços de saúde e educação. Outro efeito positivo
do programa é a contenção do êxodo urbano: desde a
implementação do programa, 4,8% das famílias brasi-
leiras vieram residir em locais da zona rural atendidos
pelo Luz para Todos.
Foi o que ocorreu com a dona de casa Sara da Fonse-
ca. Após o filho mais velho passar no vestibular da Uni-
versidade Federal do Vale do Jequitinhonha, a família
mudou-se da Grande Belo Horizonte para a zona rural
de Diamantina. “Foi difícil no início. Sabíamos que serí-
amos atendidos pelo programa, mas passamos alguns
meses no escuro até a instalação. Eu sou asmática, e,
para usar o nebulizador, tinha que ir até a cidade”.
Há três meses com energia elétrica em casa, Sara
comemora. Os aparelhos eletrônicos trazidos da capi-
tal mineira – máquina de lavar, computador, chuveiro
elétrico e micro-ondas, tão comuns nas residências da
classe média – já podem ser utilizados. “Para nós, que
tínhamos um bom padrão de vida, passar um tempo
sem luz foi perceber que há prazer nas mínimas coisas.
Depois do Luz para Todos, acessar a internet ou ver um
filme ganhou outro significado.”
Em Minas, o nome do programa é levado à risca.
Embora, de acordo com estatística nacional, 90% das
famílias atendidas tenham renda inferior a três salá-
rios mínimos, o Luz para Todos não discrimina cidades
ricas ou pobres. Somente na terceira etapa, 544 muni-
cípios mineiros vêm sendo atendidos simultaneamen-
te. “A Odebrecht teve participação muito importante
na execução do Programa Luz Para Todos. Em tempo
recorde, conseguimos realizar o maior programa de
eletrificação rural de toda a história da nossa empre-
sa”, acredita Djalma Bastos de Morais, Presidente da
Cemig.
Trabalhadores que atuam no programa Luz para Todos em Minas Gerais: implantação de 85,5 mil km de rede
52 informa
O Prefeito Julio Romano e trabalhadores do matadouro: biodigestor fortalece a economia de La Candelaria
52
A ENERGIA DA
pecuáriatexto Luiz carLos ramos fotos hoLanDa cavaLcanTi
53informa
pecuária
Partes antes inúteis do gado abatido
são aproveitadas por um biodigestor
instalado em um matadouro no
povoado argentino de La Candelária
Argentina, um dos maiores pro-
dutores e exportadores de carne
do mundo, vive a experiência de
transformar em energia uma par-
cela antes inútil de componentes
do boi. A economia de La Candelaria, povoado da
província de Salta, junto à Cordilheira dos Andes
e perto do Chile e da Bolívia, gira em torno da
pecuária. Os rebanhos de pequenos fazendeiros
garantem carne e leite. E mais: de cada animal
abatido, são usados os ossos, para adubo; os
chifres, para artesanato; e o couro, para sapatos,
bolsas, roupas e tapetes. Nesse tranquilo rincão
de 2 mil habitantes, a recente novidade é que até
o sangue e os órgãos do boi são aproveitados, em
vez de descartados: sugados para um biodiges-
tor, transformam-se em gás, gerando energia
para uma caldeira aquecer a água do matadouro
e economizar eletricidade, sem danos ao meio
ambiente.
Passa por La Candelaria um dos gasodutos
implantados pela Odebrecht, parte da rede que
corta o país de norte a sul, de oeste a leste. Uma
unidade compressora do setor norte havia sido
instalada a alguns quilômetros da cidade. Com
o objetivo de apoiar a comunidade, a Odebrecht
formou um grupo de trabalho para instalar um
biodigestor de 30 m3 – uma miniusina de biogás.
Aprovada a ideia, só faltava definir o local. Optou-
-se pelo matadouro municipal, cujas condições,
então precárias, constituíam um desafio a mais.
“Antes, o matadouro era limitado quanto à hi-
giene e às condições de trabalho”, relembra o
recém-reeleito Prefeito de La Candelaria, Julio
Romano, 40 anos, no cargo há quatro anos. Ele
conta: “Com a reforma das instalações e com a
implantação do biodigestor, tudo ficou mais lim-
po, mais prático, mais seguro”. Em junho des-
te ano, a nova fase do matadouro foi inaugurada
com a presença do Governador de Salta, Juan
Manuel Urtuvey.
inspeção de veterinárioO matadouro funciona em dois dias da sema-
na e abate em média 15 bois por dia. Esse total
aumentará, pois cresce a produção de gado na
região para abastecer parte dos açougues do sul
a
informa
de Salta e do norte da província vizinha, Tucu-
mán. “Pelo trabalho completo, é cobrada uma
taxa de 40 pesos (R$ 20,00) do dono de cada
animal abatido”, explica o Gerente Alejandro
Melián: “Esse preço inclui a limpeza da carcaça,
que fica 24 horas em uma câmara frigorífica an-
tes de seguir para o consumo. Logo será possível
abater também cabritos, cordeiros e leitões da
região.”
Damián Leal, Ruben Dario Aguilera e Luis
Jurado, funcionários do matadouro, estão de
acordo quanto aos benefícios da reforma. “Com
o biodigestor, é aquecida a água para a limpeza
das instalações e para nosso banho após o tra-
balho”, ressalta Damián. “Antes, a água era fria”,
relembra Ruben Dario. “Acabou o mau cheiro do
tempo em que os restos do boi eram queimados
por aqui”, conta Luis. O veterinário Martin Syan
vai de San Miguel de Tucumán a La Candelaria
para inspecionar os animais em dias de abate.
Ele relata: “O local já melhorou muito, está mais
higiênico com o novo piso e com biodigestor. Os
animais passaram a ser abatidos com a ajuda de
uma descarga elétrica na cabeça, evitando o so-
frimento do antigo sistema de facas”.
Maurício Barbosa Peres, Gerente de Admi-
nistração e Finanças da Odebrecht no projeto
de ampliação de gasodutos, recorda o trabalho
mantido pela empresa nos últimos anos para
instalar dutos, construir compressores ao longo
das linhas e apoiar comunidades: “Em 2008, ti-
vemos a ideia de implantar um biodigestor em
alguma cidade. Depois de estudos, decidiu-se
pelo matadouro de La Candelaria”. A quantidade
atual de gás do biodigestor é mínima em relação
à imensidão da rede que abastece o país, mas
serve de exemplo para outros matadouros da
América do Sul: “É um modo de gerar energia e
preservar o meio ambiente”.
Guillermo Flanigan, argentino de Buenos Ai-
res, Responsável por Administração da Ode-
brecht no projeto de ampliação dos gasodutos,
explica: “Em La Candelaria, pensamos inicial-
mente em usar a escola municipal para instalar
o biodigestor, mas os técnicos concluíram que o
matadouro seria o local ideal, por dispor de pro-
dutos para transformação em gás. O sangue e os
órgãos teriam grande utilidade. Então, negocia-
mos com o prefeito e com empresas parceiras”.
Jovens engenheiros ambientaisUma das parceiras é a IBS Córdoba, que esca-
lou três jovens argentinos especialistas em enge-
nharia ambiental – Tomás Portela e Lucas Caris-
simi, ambos de 27 anos, e Luz María Tebaldi, de
29 – para coordenar os trabalhos de instalação e
do biodigestor em La Candelaria. “O matadouro
precisava mesmo de uma reforma”, argumen-
ta Tomás. “Em seis meses de trabalho, no início
deste ano, tudo ficou pronto”, diz Lucas. A enge-
nheira comenta que foi preparado um Manual de
Operação do Biodigestor, entregue ao prefeito e
aos funcionários do matadouro. A IBS já festeja a
notícia do interesse de empresas do Panamá e da
Costa Rica em aplicar esse sistema na América
Central.
O processo de La Candelaria teve respaldo de
um órgão governamental argentino, o Instituto Na-
cional de Tecnologia Agropecuária (Inta), do qual
Alejandro Saavedra, especialista em tecnologias
alternativas, é integrante. “Acompanhamos todas
as ações e concluímos que esse projeto traz be-
nefícios para a produção pecuária, além de gerar
energia limpa e propiciar também o uso de produ-
tos do gado como modalidade de biofertilizante.”
Marina Gonzalez Ugarte, que coordena os pro-
gramas sociais e de sustentabilidade na Odebrecht
Argentina, fez várias viagens de Buenos Aires a La
Candelaria ao participar do projeto do biodigestor.
Em outubro, ela foi a um almoço oferecido a visi-
tantes pelo Prefeito Julio Romano e sua esposa,
Maxima, e verificou o entusiasmo do município
com as mudanças ocorridas nos últimos meses.
“A comunidade está animada, pode investir mais e
melhorar sua qualidade de vida”, salienta Marina.
O prefeito, pequeno produtor rural, leva em
conta as conquistas trazidas pelo biodigestor e já
idealiza outros meios de La Candelaria gerar em-
pregos. “Temos bom clima, lindas paisagens, óti-
mo vinho e uma rica culinária. Dá para atrair mais
visitantes argentinos e estrangeiros. Empresários
italianos já investem por aqui, como fizeram ali na
Estancia El Milagro, que, aprimorada, tem hospe-
dado europeus.”
54
55informa
O OLHAR LÁ NO
altotexto Luiz carLos ramos
fotos hoLanDa cavaLcanTi
Ampliação da capacidade produtiva de petroquímica da YPF
em La Plata é um apoio de peso na atual fase de crescimento da
economia da Argentina
Ensenada: trabalhos são realizados com a refinaria da YPF em completo funcionamento
56 informa
atual ciclo de desenvolvimento econô-
mico da Argentina ganhará, a partir de
agosto de 2012, expressivo apoio: a am-
pliação da produção de uma das princi-
pais petroquímicas do país, que terá sua
capacidade de processamento de gasolina aumentada
em até 60%, passará a produzir compostos aromáticos
(BTX) e potencializará a produção de gasolina de alta
qualidade. O projeto, executado pela Odebrecht para a
ex-estatal argentina YPF (Yacimientos Petroliferos Fisca-
les) no município de Ensenada, na região metropolitana
de La Plata, está na etapa final. Trata-se do primeiro pro-
jeto de unidade de reforma de catalítico contínuo (CCR)
na Argentina, uma nova e moderna estrutura montada
dentro das instalações originais da YPF.
Odebrecht Informa visitou Ensenada e presenciou o
pulsar de uma obra que avança sem prejudicar a atual
produção do complexo petroquímico. Centenas de ope-
rários argentinos, brasileiros e de outros países sul-
-americanos transformam setores, constroem torres e
instalam gigantescas linhas de dutos, em uma revolu-
ção simbolizada pela nova tocha de 115 m de altura que
funcionará a 1.300 metros da antiga (que será desativa-
da). O fogo da tocha tem a função de eliminar os gases
sem valor comercial.
Carlos Alberto Coutinho, Diretor de Contrato, confir-
ma o ritmo acelerado e explica: “Para poder preparar
a conexão entre o setor antigo e o novo, fizemos uma
parada técnica em quatro unidades, por 30 dias, de
meados de maio até meados de junho, e tudo correu
bem. Essa obra faz parte de um esforço para aumentar
a produção de combustível e, com isso, atender à cres-
cente demanda de um país que vive grande evolução
econômica”.
A YPF é uma empresa do grupo espanhol Repsol,
que detém 57,43% das ações, mas que, desde 2008,
está sendo conduzida pelo grupo argentino Petersen,
da família Eskenazi, que possui 25,46% das suas ações,
além da sua gestão, com os 17% restantes na Bolsa de
Valores. O projeto realizado para a YPF em Ensenada
está baseado em três etapas: inicialmente, por meio do
CCR, será possível aumentar a produção de gasolina;
a segunda etapa consiste em ajustar as instalações
atuais; e a terceira representa a interligação das novas
instalações com as antigas. “O resultado será uma pe-
troquímica com equipamentos de última geração”, diz
Coutinho.
o coração da unidadeO engenheiro civil argentino Pablo Brottier, da
Odebrecht, Responsável por Novos Negócios na
estrutura do Diretor-Superintendente da Odebre-
cht na Argentina, Flávio Faria, e até agosto de 2011
Diretor do projeto executado em Ensenada, conta
que o CCR, com as novas instalações em fase de
construção, pode ser definido como o “coração” da
unidade de processo de naftas virgens – que produz
compostos aromáticos.
“Na atualidade, a petroquímica precisa de uma
parada técnica por ano para recondicionar o catali-
sador”, diz Brottier. “Já a nova unidade, por contar
o
Atmosfera multinacional: trabalhadores argentinos, brasileiros e de outros países sul-americanos participam do projeto
57informa
com a regeneração contínua do catalisador, permi-
tirá ampliar o ciclo operacional para quatro anos.
Dessa forma, o equipamento não perde rendimen-
to. O aumento da produção em 60% é explicado com
base nesse benefício e na modernização de todo o
complexo de Ensenada.” Ele ressalta que a para-
da técnica de adaptação envolveu quatro enormes
guindastes, 26 máquinas novas, seis torres de pro-
cessamento, 76 t de tubos, 700 válvulas, 38 t de no-
vas estruturas e mais de 13 mil m de cabos”.
Esteban Trouet, nascido em Córdoba, Gerente
de Construção do projeto, explica que um dos de-
safios para esse trabalho foi a evidência de que a
obra seria levada adiante em reduzido espaço físico
e com a petroquímica em funcionamento. “Conse-
guimos completar etapas importantes, por meio
de soluções criativas e seguras”, recorda Trouet,
participante do Programa de Desenvolvimento de
Empresários (PDE) da Organização Odebrecht em
2009. Os novos equipamentos da refinaria, fabrica-
dos na Argentina, no Brasil, na Itália, na Coreia do
Sul, no Japão, na China e nos Estados Unidos, farão
de 2012 um marco histórico no processo centenário
da luta pela energia petrolífera na nação argentina.
Ensenada entra nessa história como sinônimo de
evolução.
58 informa
enerGIa: novos paradIGmas
aRGUMentO
58
Mais importante que os recursos energéticos que o Brasil possui, são o conhecimento e as tecnologias que venham a ser desenvolvidos
59informa
José Luiz alquéresé engenheiro civil e consultor
maginar cenários futuros para a economia e
a sociedade sempre foi algo fascinante. Já
foi o tempo em que isso era matéria apenas
para escritores de ficção científica ou de ro-
mances juvenis. Hoje, com o apoio de muitas
ferramentas de tecnologia, especialistas das mais
variadas áreas a ele se dedicam, porque seu conhe-
cimento é vital para a análise de uma série de in-
vestimentos, especialmente em infraestrutura.
Entre os campos da infraestrutura, depois dos
recentes e constantes avanços na tecnologia de
informação e nas comunicações, o setor de ener-
gia será o que mais novidades trará. Elas decor-
rerão, principalmente, da necessidade de redução
do impacto ambiental na produção e no consumo.
O mundo hoje tem 7 bilhões de habitantes e, nos
próximos 25 anos, esse número aumentará para 9
bilhões – que serão, na maioria, moradores das ci-
dades, e estarão acessando o mercado de energia
diretamente. Mantendo a tendência atual, a tempe-
ratura média da Terra aumentará de quatro graus
centígrados no período em decorrência dos gases
emitidos.
As consequências seriam tão nefastas, sobretu-
do para as economias em desenvolvimento e do he-
misfério sul, que algo terá de ser feito para manter
esse aumento de temperatura inferior a dois graus
centígrados (o que já seria muito). Apesar dos avan-
ços modestos das conferências mundiais sobre o
clima, acredita-se que os fatos imporão um novo
comportamento aos agentes econômicos e gover-
namentais.
No plano das medidas objetivas, seria essencial,
entre outras coisas, haver enorme racionalização do
consumo, aumento do peso das energias renováveis
na produção, maior uso de gás natural de origem
geológica diversa da atual (shale oil), produção mais
descentralizada de energia (geração eólica, painéis
fotovoltaicos) e toda uma nova concepção das redes
de distribuição de eletricidade e gás, associando-se
a isso um intenso uso de eletrônica para monitora-
mento das instalações de consumo (smart-grids).
Hoje, cerca de 50% do total da energia consumida é
destinada às edificações residenciais, comerciais e
industriais. Portanto, esse segmento deve ser a pri-
meira prioridade (melhor iluminação, mais conforto
térmico, mais isolantes em relação ao exterior etc.).
Continuará a existir a necessidade da geração de
grandes blocos de energia para usos concentrados
(especialmente nos processos industriais que hoje
absorvem 25% do total da energia) e, nesse campo,
formas mais limpas – das energias da biomassa,
mas, principalmente, das usinas nucleares, que
continuarão a ser necessárias. As perspectivas das
tecnologias de captura econômica das emissões de
CO2 ainda não aparentam ser competitivas, o que é
preocupante perante o enorme consumo da China e
da Índia, que se urbanizam e se industrializam ace-
leradamente e têm no carvão seu principal energé-
tico. Mesmo com todo o esforço para economizar os
combustíveis fósseis, eles continuarão a desempe-
nhar um grande papel.
No segmento de transporte, responsável por
25% do consumo total de energia, as questões de
mobilidade urbana deverão implicar crescentes
restrições ao uso de automóveis nas cidades, au-
mento do número de carros elétricos e do trans-
porte de massa eletrificado nos grandes centros.
A utilização de meganavios e uso mais intenso das
malhas ferroviárias, conjugados a ganhos crescen-
tes na logística, serão imprescindíveis.
Tudo isso aponta para o crescente aumento no
preço da energia, impondo a viabilização de tec-
nologias mais racionais e eficientes pelo lado do
consumo (lâmpadas, geladeiras, aquecedores, apa-
relhos de condicionamento do ar) e pelo lado da
produção. As exigências ambientais estabelecerão
custos crescentes de produção – seja no Brasil,
onde abundam recursos renováveis, seja no exte-
rior. Os gastos em pesquisa no campo de energia
solar e outras formas sustentáveis se ampliarão.
Um novo futuro está a caminho, e temos que
encarar as mudanças como oportunidades. Os re-
cursos energéticos que o Brasil possui são impor-
tantes, mas, mais importante ainda, será o peso do
conhecimento e das tecnologias que venham a se
desenvolver.
i
59informa
60 informainforma60
62
67
70
73
74
76
78
81
82
veja a seguir reportagens sobre realizações recentes das equipes da organização odebrecht no brasil e no mundo e seções sobre o dia a dia de integrantes das empresas
a nação corintiana se prepara para ganhar seu estádio, palco da abertura da copa do mundo
em angra dos reis, a emoção que toma conta das famílias que voltam a ter um lar
mIa mover: um projeto que simboliza a convicção na intermodalidade como solução
as ações e as reflexões de James eldridge, maria José araque e monica evangelista
fabiano Zillo e a experiência na adaptação a novas situações de trabalho e de vida
Inaugurada a biblioteca hertha odebrecht, espaço para integrantes da organização e para eventos públicos
no assentamento margarida alves, em Ituberá, uma prova de que a união é o caminho da transformação
a trajetória de 2.500 anos do dinheiro contada em uma exposição realizada em salvador
augusto roque e o conhecimento adquirido em experiências desafiadoras vividas mundo afora
&pessOasnOtícias
foto
: Br
un
o V
eiG
a
Crianças jogam bola na quadra poliesportiva do
condomínio Cidadão Japuíba, em Angra os Reis (RJ)
cOpa 2014
a casa da FieL Após 101 anos de espera,
estádio do Corinthians sai do papel e é o escolhido para abrir a Copa do Mundotexto Julio cesAr soAres e KArolinA Gutiez
62 informa
63informa
A lenda diz que, de maio a se-
tembro de 1910, uma série de
reuniões entre cinco operários
na esquina das ruas Conêgo Martins
e dos Imigrantes, no bairro paulistano
do Bom Retiro, sob a luz de lampiões,
fez nascer o Sport Club Corinthians
Paulista. No dia 1º de setembro da-
quele mesmo ano, o nascimento foi
oficializado com a ata de fundação do
clube – “do Brasil, o mais brasileiro”,
como entoam seus torcedores, cha-
mados de fiéis, ao cantarem o hino. Daí
em diante, são 101 anos de “tradições
e glórias mil”: mais de 40 títulos entre
campeonatos estaduais, interestadu-
ais, nacionais e o Mundial de Clubes da
FIFA, em 2000. Conquistas comemora-
das por milhões de “loucos”, como se
autodefinem seus seguidores, entre
eles alguns dos personagens desta
reportagem e a equipe de Odebrecht
Informa que a produziu. Mas nunca em
território próprio.
A nação alvinegra acalenta há um
século o sonho de possuir seu próprio
estádio. Hoje sede do clube, o Parque
São Jorge acolheu partidas importan-
tes até a década de 1960. Desde então,
alguns projetos audaciosos de arenas
foram encabeçados por diversos diri-
gentes do Corinthians, sem sucesso.
Enquanto o estádio não saía do papel,
o clube alugava (e alugará até o fim da
Copa do Mundo de 2014) o Estádio Mu-
nicipal do Pacaembu, de propriedade
da Prefeitura de São Paulo.
O arquiteto Aníbal Coutinho, do es-
critório Coutinho, Diegues e Cordeiro
Arquitetos, tinha um projeto de retrofit
para o Pacaembu, ou seja, a sua reno-
vação completa, para que se tornasse
a casa definitiva do Timão. A Odebre-
cht tinha intenções semelhantes, com
um projeto sofisticado para o Paulo
Machado de Carvalho (nome oficial do
estádio), mas o clube não obteve a con-
cessão necessária por parte da Prefei-
Ilustração mostra o estádio quando pronto. No canto inferior esquerdo, uma montagem insere entre os torcedores o ex-Presidente Lula, corintiano de coração, e o Presidente do clube, Andrés Sanchez, que revela, nesta reportagem, seu desejo de ir para a arquibancada com a Fiel
64 informa
tura. “Aí a relação entre Corinthians,
Odebrecht e o escritório de arquitetura
já tinha se estabelecido. Fomos atrás
das melhores condições para concre-
tizar esse desejo”, conta Luis Paulo
Rosenberg, Diretor de Marketing do
clube há quatro anos, torcedor do Co-
rinthians desde que nasceu.
Bairro está na história do clubeAs melhores condições estavam
em Itaquera, na Zona Leste da capi-
tal paulista, onde se decidiu construir
um novo estádio. O bairro faz parte da
história do time: o ex-presidente co-
rintiano Vicente Matheus conquistou a
cessão da área em 1979, na gestão do
então Prefeito Olavo Setúbal. Até pou-
co tempo, abrigava o centro de trei-
namento dos juvenis do Corinthians,
além de ter sido um local cogitado nos
estudos de alguns dos projetos ante-
riores. “Tentamos um acordo com a
Prefeitura para unir os dois escopos
do Pacaembu, mas vimos que Itaque-
ra era a melhor opção”, relata Luiz
Paulo Rosenberg.
O estádio será construído em uma
área de 198 mil m². De formato retan-
gular, terá cobertura de 7 mil t sem,
contudo, parecer pesado. “A arena terá
leveza, como se estivesse pairando,
sustentada pelo ar. Terá monumentali-
dade”, salienta Rosenberg. A estrutura
é vazada de norte a sul; a oeste será
construído um prédio que abrigará ca-
marotes, estacionamento e áreas de
serviço, entre outras instalações. A les-
te, na mesma altura que o prédio oeste,
ficará uma das arquibancadas. As ou-
tras, com altura menor, ficarão atrás
dos gols. “São mais de 48 mil assentos
ao todo, divididos entre arquibancadas,
camarotes e áreas vip”, explica Frede-
rico Barbosa, Gerente de Operações do
contrato.
Parte do efetivo de trabalhadores,
que contará com 2 mil integrantes no
pico dos trabalhos, será do entorno do
projeto. “Já iniciamos uma versão do
Programa Acreditar e capacitamos 300
pessoas entre ajudantes, carpinteiros,
pedreiros e armadores”, informa Fre-
derico.
copa do mundo de 2014Durante as negociações para a re-
alização do projeto, o estádio passou a
ser aventado para sediar a abertura da
Copa do Mundo de 2014. A confirmação
pela Fifa foi dada em outubro de 2011,
o que exigirá algumas obras, como a
elevação do número de assentos para
65 mil, a adaptação da sala de impren-
sa para receber 5 mil profissionais e a
segurança do estádio, que será visitado
durante o evento por mais de 30 dele-
gações de chefes de estado. A obra es-
tará concluída em dezembro de 2013.
Segundo estudo realizado pela con-
sultoria Accenture, a abertura da Copa
do Mundo 2014, em São Paulo, terá o
impacto econômico de R$ 30 bilhões
ao longo de 10 anos, em especial na
Zona Leste, a mais populosa da cidade
e carente de infraestrutura e investi-
mentos. “A Arena será um dos indu-
tores de um processo que irá elevar a
qualidade de vida da população da re-
gião, pois vai estimular investimentos
em obras de mobilidade, a instalação
de instituições de ensino e empresas e
a consequente geração de oportunida-
des de trabalho”, argumenta Benedicto
Junior, Líder Empresarial da Odebre-
cht Infraestrutura. “Esse movimento já
pode ser verificado com a valorização
imobiliária da Zona Leste”, completa
Benedicto, “torcedor apaixonado”.
Para Antonio Roberto Gavioli,
Diretor de Contrato, o estádio con-
tribuirá para fortalecer a imagem
da Organização. “A exposição é
enorme. Temos mais de 30 milhões
de clientes”, brinca ele, referindo-
-se ao número de corintianos no
país. “Além disso, vamos construir
o estádio de abertura da Copa do
Mundo de 2014.” Gavioli destaca o
orgulho da equipe em participar de
uma obra tão importante para a ci-
dade, para o estado e para o país.
“É a oportunidade de a Odebrecht
As arquibancadas e o local onde estará o gramado: imagens do nascimento de um estádio. Abaixo, Aníbal Coutinho e a projeção da obra quando pronta: arquiteto visitou os maiores estádios dos Estados Unidos e da Europa
foto
s: Y
an
Va
nn
da
ru
65informa
atingir camadas da sociedade que
antes pouco nos conheciam.”
A assinatura do contrato aconteceu
no último dia 3 de setembro, durante
as comemorações dos 101 anos do
clube. Uma festa com a presença do
ex-presidente da República e atual
Presidente da República Popular do
Corinthians, Luiz Inácio Lula da Silva,
marcou o evento, que teve ainda 30 mil
torcedores na entrada do canteiro, nú-
mero digno de um dia de clássico.
Da torcida ao presidente do clube,
todos aguardam com ansiedade o novo
estádio. “Quero minha casa, quero que
esse sonho se torne realidade”, diz
Sidnei Beires, de 28 anos. Morador do
bairro de Cangaíba, a cerca de 10 km
da futura arena, Sidnei é um dos orga-
nizadores do encontro mensal realiza-
do na porta da obra: o churrasco em
que a entrada é gratuita e cada um leva
o que for consumir.
“A ideia surgiu durante um encontro
próximo ao Pacaembu, que realizamos
há dois anos”, conta Silvio Oliveira,
também organizador do evento. “Para
vir, basta ser corintiano”, diz. E com-
pleta: “Não estamos aqui para apenas
acompanhar o andamento da obra,
mas para celebrar, para estar perto e
fazer parte dessa história”. Tanto Sid-
nei quanto Silvio imaginam-se no fu-
turo estádio, torcendo pelo Corinthians.
Assim como Andrés Sanchez Navar-
ro, Presidente do clube e sócio desde
1969. “Eu quero estar lá com os torce-
dores, na arquibancada”, vislumbra. E
como Benedicto: “Com certeza estarei
no estádio no primeiro jogo do Timão e,
como outros milhares de loucos, vou
olhar com orgulho a grande casa cons-
truída em Itaquera”.
Um divisor de águasIr a qualquer estádio brasileiro é,
antes de tudo, uma prova de amor ao
clube por parte dos torcedores. A infra-
estrutura deficiente, o difícil acesso e
as poucas opções de lazer antes e de-
pois dos jogos costumam afastar parte
da torcida. Para Andrés, o estádio do
Corinthians é um divisor de águas no
esporte brasileiro. “Será algo impres-
sionante no futebol do país, acima do
nível europeu”, assegura o presiden-
te. O ideal do projeto é tornar a ida ao
estádio algo prazeroso na vitória ou na
derrota. “Queremos ir além do ‘local
para ver um jogo’. Dar conforto aos
espectadores, acesso fácil e rápido às
cadeiras e às dependências do estádio,
oferecer outros serviços. Proporcionar
ao torcedor uma experiência comple-
ta”, destaca Aníbal Coutinho.
Serão telões de alta definição e te-
las espalhados por todo o estádio, nas
lanchonetes, nos sanitários (todas as
áreas internas terão ar condicionado)
e demais instalações, para garantir
que, mesmo longe de sua cadeira, o
espectador assista à disputa. “Dife-
rentemente de um jogo de basquete
ou beisebol, com longa duração, o fu-
tebol tem partidas curtas. Por isso, o
torcedor não costuma sair do assento,
para não perder nenhum lance. Com
o sistema wireless cobrindo todo o
estádio, será possível pedir lanches
de sua cadeira, pagar com cartão de
crédito e recebê-los ali mesmo, sem
levantar”, antecipa Aníbal. O arquiteto
tem visitado há 20 anos os maiores
estádios dos Estados Unidos e da Eu-
ropa para conhecer suas operações, o
funcionamento nos dias de evento e os
tipos de gramado.
Toda essa estrutura e essas faci-
lidades vão custar ao clube R$ 820
milhões. Desse valor, R$ 400 milhões
serão financiados pelo Banco Nacio-
nal de Desenvolvimento Econômico
e Social (BNDES), que por decisão do
Governo Federal disponibiliza emprés-
timos de até esse montante para cada
cidade que sediar jogos da Copa do
Mundo, para uma Sociedade de Propó-
sito Específica (SPE) constituída para
desenvolver o projeto. A SPE utilizará
o empréstimo do BNDES para custear
parte dos investimentos necessários à
construção do estádio e esse valor será
integralmente pago ao banco com as
receitas futuras geradas pela explora-
ção do estádio.
A SPE também será a cotista sênior
de um Fundo de Investimento Imobiliá-
rio (FII), titular do estádio, que também
tem o direito de receber os Certificados
de Incentivo ao Desenvolvimento (CID),
incentivos baseados em um mecanis-
mo criado em 2004 pela Prefeitura de
São Paulo para estimular investimen-
tos na Zona Leste. Os certificados têm
valor equivalente a 60% do investimen-
to total. O investidor que tiver esses
certificados poderá utilizá-los como
forma de pagamento de ISS (Impos-
to sobre Serviços) e/ou IPTU (Imposto
Predial Territorial Urbano) no municí-
pio de São Paulo. No caso do estádio
do Corinthians, o valor dos CIDs foi li-
mitado a R$ 420 milhões, independen-
temente do montante final da constru-
ção. Os certificados terão validade de
até 10 anos. “Outros empreendimentos
receberão apoio por meio dos CIDs e,
com o estádio, trarão desenvolvimento
para a Zona Leste”, explica o Prefeito
de São Paulo, Gilberto Kassab, após
assinar a lei por meio da qual são con-
cedidos os incentivos fiscais ao projeto,
em ato realizado em julho no canteiro
de obras. As receitas antecipadas do
estádio, incluindo aquelas associadas a
patrocínios, poderão ser utilizadas para
custear parte dos investimentos, caso
as outras fontes não sejam suficientes.
A Odebrecht deu as garantias
necessárias para viabilizar o negó-
cio: se faltarem recursos durante a
construção, a empresa comprará
cotas do FII, para aportar o investi-
mento faltante. O clube também é
cotista do fundo.
A criação de um FII é comum no
mercado imobiliário, mas inédita no
financiamento de arenas. “Buscamos
essa solução, pois no Brasil existe a
dificuldade de os bancos realizarem
empréstimos diretamente a clubes”,
explica Felipe Jens, Diretor-Presidente
da Odebrecht Investimentos e Partici-
pações.
“Há 67 anos a Odebrecht desen-
volve, além de grandes projetos de
engenharia, soluções de engenharia
financeira. E não é sempre que o clien-
te de um grande projeto de infraestru-
tura tem os recursos necessários à
sua execução disponível no momento
da contratação. Embaixo de um braço
carregamos a solução de engenharia
e, do outro, a da engenharia financeira.
Uma não caminha sem a outra”, afirma
Felipe, que completa: “Apostamos que
o mercado futebolístico vai se desen-
volver no Brasil. Começam a circular
no mercado financeiro as discussões
sobre a eventual abertura de capital
dos clubes, e isso envolverá grandes
quantias, uma vez que os investidores
são também grandes torcedores”.
Nesse novo cenário, o sonho de
101 anos de uma nação com mais
de 30 milhões de pessoas está cami-
nhando para se tornar realidade.
66 informa
foto
s: Y
an
Va
nn
da
ru
Andrés Sanchez: “Eu quero estar lá
com os torcedores, na arquibancada”
Em pé, da esquerda para a direita, Francisco das Chagas Lopes (Mestre Pará), Ricardo Corregio, Frederico Barbosa, Antonio Gavioli e Domingos Sávio de Araújo; agachados, Joel Santos, Jason Oliveira, Almir Fontenele de Araújo, Felipe Pacífico Ferreira e Gilson Guardia: integrantes do time da Odebrecht no projeto
67informa
É muito bom estar aqui
haBitaçãO
Vamos entrando, mas não re-
parem a desordem, porque
ainda estamos arrumando a
casa!” Foi assim que Juraci Fátima
de Souza, 53 anos, recebeu nossa
equipe de reportagem em seu novo
apartamento no Condomínio Cida-
dão Japuíba, em Angra dos Reis
(RJ). Ela, o marido Alcenyr Oliveira
Lage, 69 anos, e o pai Glicério de
Souza, 75 anos, haviam se mudado
para o novo lar em 9 de setembro,
poucos dias antes da nossa visita.
“Recebemos a chave no dia 15 de
agosto”, conta Juraci, com alegria.
A família de Juraci foi uma das
que sofreram com as chuvas e os
deslizamentos de terra ocorridos
em 31 de dezembro de 2009 em
Angra dos Reis. Ela morava no
Morro do Perez, próximo ao centro
da cidade. Sua casa não chegou a
cair, mas estava em uma área de
risco. “Construímos aquela casa
com muito esforço, mas tivemos
de sair. Nossa vida é muito mais
importante. Graças a Deus não ti-
vemos perdas humanas”, diz. Hoje,
em um novo ambiente, o senti-
mento é de recomeço: “Não via a
Moradores de angra dos Reis que tiveram suas casas destruídas pelos deslisamentos em 2009 recebem suas novas moradias
texto edilson liMA fotos bruno veiGA
“
Meninos andam de bicicleta no condomínio Cidadão Japuíba: o sentimento das famílias é de recomeço
hora de receber meu apartamento.
Vamos continuar nossas vidas”.
Problemas de saúde surgidos
há cinco anos fizeram com que seu
Glicério passasse a usar cadeira
de rodas. Ao falar da nova mora-
dia, ele é enfático: “Tudo aqui está
ótimo. Estou gostando muito, prin-
cipalmente de passear”. Alcenyr
completa: “No morro, até para fa-
zer as compras do mês dava traba-
lho, pois tínhamos de subir muitas
escadas. Aqui é plano, bem organi-
zado, tem outra estrutura”.
História semelhante é a de Ro-
sineide Maria da Silva, 28 anos. Na-
tural de Recife, ela chegou a Angra
dos Reis há cinco anos. Morava no
Morro da Cruz com seu marido
Antônio Gomes de Oliveira e três
filhos. No dia dos deslizamentos,
estavam todos dormindo quando o
filho mais velho (hoje com 6 anos)
foi até o quarto dos pais avisar que
a cozinha estava “caindo”. Rosinei-
de relembra: “Corri e vi que a cozi-
nha estava cheia de lama, o fogão
e a geladeira estavam destruídos.
Foi desesperador”.
Rosineide teve a casa interdita-
da pela Prefeitura e passou, desde
então, a morar com a família em
uma unidade disponibilizada pelo
Programa Recomeçar, também
conhecido como “aluguel social”.
Esse benefício foi criado pela Pre-
feitura de Angra para ajudar as
famílias que perderam a mora-
dia nos deslizamentos. O valor do
auxílio é de um salário mínimo
(R$ 545), concedido um por uni-
dade durante até 180 dias. Em 17
de setembro de 2011, Rosineide se
mudou para a nova casa, no quarto
andar do bloco 1, no mesmo con-
domínio de Juraci. “Olha, isso aqui
é muito bom, viu? Ainda nem acre-
dito que esse apartamento é meu.
Estou vivendo um sonho”, diz ela,
olhando para os dois filhos mais
novos, Vitória, de 1 ano e seis me-
ses, e Vitor, de 3 anos.
a eficiência do método construtivoSegundo a Subsecretaria de
Desenvolvimento Urbano de Angra
dos Reis, os deslizamentos provo-
caram a morte de 53 pessoas; mil
pessoas ficaram desabrigadas e
outras 4.500 foram desalojadas de
suas residências por estarem em
áreas de risco. Por isso, foi emer-
gencial a ação das autoridades pú-
blicas para acolher as pessoas que
precisavam de apoio. O primeiro
passo foi acomodá-las nos cha-
mados aluguéis sociais. O segundo
procedimento foi construir 800 uni-
dades habitacionais o mais rápido
possível. Para isso, foi necessária a
integração da Prefeitura de Angra
dos Reis, da Secretaria de Estado
de Obras (Seobras) e do Ministério
da Integração Nacional em parce-
ria com a iniciativa privada.
Angra dos Reis tem 365 ilhas
em seu litoral, das quais a maior
e mais famosa é a Ilha Grande. Tu-
ristas do Brasil e do mundo visitam
a cidade para conhecê-las. O terri-
tório da cidade, porém, é constitu-
ído predominantemente por mor-
ros. “Nossa morfologia não nos
oferece áreas propícias o suficiente
para a habitação”, diz Cassio Velo-
so de Abreu, Subsecretário de De-
senvolvimento Urbano da cidade.
“Cerca de 70% das moradias são
irregulares. Com os deslizamen-
tos de 2009, aumentou ainda mais
a nossa responsabilidade. Essas
800 unidades habitacionais ainda
não são o bastante. Representam
apenas o começo de um longo tra-
balho.”
Para construir as 800 mora-
dias, a Seobras contratou o Con-
sórcio Angra Melhor, formado por
Odebrecht Infraestrutura e Bairro
Novo, marca da Odebrecht Reali-
zações Imobiliárias (OR) voltada ao
segmento econômico. “A emergên-
cia da situação levou os integrantes
das duas empresas a dialogarem e Juraci, o marido, Alcenyr, e o pai, Glicério: “Não via a hora de receber meu apartamento”
68 informa
69informa
a apresentarem uma proposta que
em pouco tempo pudesse ser colo-
cada em prática”, diz Flávio Donda,
Gerente Operacional do projeto.
A Bairro Novo utiliza fôrmas de
alumínio, um método que reduz o
prazo da execução, otimiza a pro-
dução em larga escala e garante
um resultado final de qualidade.
O passo a passo é o seguinte: pri-
meiramente, são feitos a fundação,
o piso inicial e a armação de uma
malha de aço, que contém as tu-
bulações hidráulicas, elétricas e
telefônicas. Depois, são montadas
as fôrmas de alumínio, obedecen-
do às definições do projeto. Em se-
guida, vem a concretagem das pa-
redes e da laje superior. Dezesseis
horas depois, as fôrmas são reti-
radas. Esse trabalho é repetido em
cada pavimento. Por fim, são feitos
os trabalhos de alisamento das pa-
redes, a pintura e os acabamentos
necessários.
“Além de ser um método prá-
tico, as fôrmas são reutilizáveis e
recicláveis, o que evita a utilização
de madeira, como nas obras tradi-
cionais. Isso demonstra o caráter
sustentável de todo o processo”,
diz Marcella Negreiros Guimarães,
Gerente de Engenharia e Comer-
cial do consórcio.
Foi necessária a mobilização
de pessoas experientes de outras
regiões para treinar os integran-
tes locais. “A cidade não tem uma
força de trabalho voltada para a
construção civil. Tivemos que trei-
nar os integrantes locais enquanto
as obras andavam. Foi uma prática
intensa de educação pelo traba-
lho”, comenta Manoel Cavalcante
de Almeida Filho, Gerente Admi-
nistrativo-Financeiro.
Raul Cerqueira Rezende, enge-
nheiro da Empresa de Obras Pú-
blicas do Estado do Rio de Janeiro
(Emop), responsável pela fiscali-
zação das obras, afirma: “Foi um
excelente trabalho realizado pelo
consórcio, que teve a escassez de
tempo como grande desafio”.
Foram construídos três condo-
mínios: o Cidadão Areal, inaugura-
do em 18 de fevereiro de 2011, com
sete blocos e 140 apartamentos; o
Cidadão Japuíba, inaugurado em
15 de agosto, com 21 blocos e 420
apartamentos; e o Cidadão Glória,
a ser inaugurado, com 12 blocos
e 240 unidades. Cada bloco tem
cinco pavimentos com quatro uni-
dades por andar. Os apartamentos
têm 45,5 m2 e possuem com sala,
cozinha, banheiro e dois quartos.
“O desafio foi enorme, mas as
equipes conseguiram satisfazer o
cliente, por meio do exercício da
transversalidade entre as duas
empresas da Organização”, ava-
lia André Viana Portela, Diretor
de Contrato da Bairro Novo nos
Estados do Rio de Janeiro e da
Bahia. “A Odebrecht Infraestrutu-
ra se destacou pela capacidade de
mobilização e de desenvolvimento
de projetos, e a Bairro Novo por
oferecer uma solução de enge-
nharia capaz de produzir unidades
habitacionais dentro do prazo e do
custo desejados pelo cliente”, sa-
lienta.
Prédios foram construídos com a utilização de método que reduz tempo de execução e preserva a qualidade: solução desenvolvida pela Bairro Novo para as necessidades de Angra dos Reis
70 informa
tRanspORtes
tudo interligado
A contínua expansão de Mia-
mi desde a década de 1980
tem levado o Departa-
mento de Aviação do Condado de
Miami-Dade (MDAD), em parceria
com o Departamento de Transpor-
te do Estado da Flórida (FDOT), a
colocar em prática uma estratégia
para a ampliação da capacida-
de do Aeroporto Internacional de
Miami e para o aprimoramento
das condições de acesso a ele.
Nesse contexto, tem destaque o
MIA Mover, sistema automatizado
de transporte de pessoas (Auto-
mated People Mover – APM), inau-
gurado no início de setembro.
Com 2 km de extensão, per-
corridos (nos dois sentidos) por
oito veículos que usam pneus de
borracha, o MIA Mover é capaz de
transportar gratuitamente 3 mil
passageiros por hora em cada
sentido, a uma velocidade média
de 64 km/h. O sistema conecta o
terminal do aeroporto à Estação
Central de Miami, que, por sua
vez, interliga os sistemas de me-
trô, trem, ônibus e táxi e o serviço
centralizado de aluguel de carros.
“Intermodalidade é essen-
cial para fornecer um sistema de
transporte eficaz, sobretudo quan-
Mia Mover conecta aeroporto à estação central de Miami, que interliga os sistemas de metrô, trem, ônibus e táxi e o serviço centralizado de aluguel de carrostexto thAís reiss fotos steven brooKe
71informa
Mia Mover conecta aeroporto à estação central de Miami, que interliga os sistemas de metrô, trem, ônibus e táxi e o serviço centralizado de aluguel de carros
do há muito congestionamento e
espaço limitado para que haja a
implementação de melhorias ro-
doviárias tradicionais”, diz San-
jeev Shah, principal executivo da
consultora Lea+Elliott. “É também
um fator positivo para a experiên-
cia vivenciada pelos passageiros,
pois possibilita a transferência de
um modo de transporte ao outro
com base em preferências indivi-
duais.”
O brasileiro Fabio Martins, em
sua terceira viagem a Miami, con-
corda. “Eu estava preocupado em
chegar atrasado, pois das últimas
vezes em que estive aqui, além de
devolver o carro, tive ainda que
pegar um ônibus para ir ao aero-
porto. O trem chegou em menos
de dois minutos, fiquei surpreso.”
O casal português Natacha e Sal-
vador Villas Boas, acostumado
com esse tipo de transporte nos
aeroportos europeus, resume: “É
rápido, prático e bem sinalizado”.
Pedro Hernandez, da Divisão
de Desenvolvimento e Gestão do
MDAD, afirma: “O MIA Mover con-
tribui para consolidar Miami como
um polo de negócios”. Segundo ele,
a intermodalidade criará grandes
oportunidades para o desenvolvi-
mento econômico local. Sobre esse
aspecto, Luiz Simon, Diretor de
Contrato da Odebrecht responsá-
vel pelo projeto, acrescenta que a
construção do MIA Mover, iniciada Foto
: th
Aís
rei
ss
O MIA Mover e o casal
Natacha e Salvador: “É rápido,
prático e bem sinalizado”
em setembro de 2008, gerou mais
de mil oportunidades diretas de tra-
balho, contou com a participação de
aproximadamente 50 subempreitei-
ros e gerou mais de US$ 35 milhões
em contratos para pequenas em-
presas locais.
Segurança premiadaConcluído dentro do cronogra-
ma estipulado e do orçamento
proposto, o MIA Mover se desta-
cou ao conquistar o prêmio para
segurança no trabalho VPP Star
Status, da OSHA, instituição cer-
tificadora de segurança do tra-
balho. Foi o primeiro projeto de
transporte da Flórida e o segundo
dentro da Região IV da OSHA, que
abrange oito estados norte-ame-
ricanos, a receber o prêmio. Car-
los Bonzon, Vice-Presidente da
Bermello Ajamil & Partners, Inc.,
consultora do cliente para a parte
das obras civis, salienta: “O nível
de segurança durante a constru-
ção foi excepcional”.
Se a segurança mereceu re-
conhecimento, as ações de pre-
servação ambiental também não
ficaram para trás. A estação do
MIA Mover, localizada no aero-
porto, será o primeiro projeto de
transporte de massa no Condado
de Miami-Dade a receber a certi-
ficação LEED Gold do U.S. Green
Building Council. Mais de 80% dos
detritos gerados durante a cons-
trução foram reciclados, e a esta-
ção foi desenhada para reduzir o
consumo de água em 30% e dimi-
nuir o custo de energia em 15%.
Além disso, 1.400 viagens entre
ônibus e micro-ônibus do aero-
porto à Estação Central de Miami
foram eliminadas com o início da
operação do MIA Mover, o que re-
presenta a diminuição do tráfego
dentro do aeroporto em 30% e a
consequente redução significativa
das emissões de gás carbônico.
A equipe responsável pela
obra enfrentou um grande desa-
fio relacionado ao seu tempo de
execução. Atrasos relacionados
a consequências dos atentados
terroristas de 11 de setembro de
2001 fizeram com que o cronogra-
ma inicial fosse reduzido em um
ano e meio. “O prazo do projeto
(três anos) foi muito agressivo. No
entanto, por meio de uma comu-
nicação aberta e de um forte sen-
so de trabalho em equipe, fomos
capazes de completá-lo no prazo
e dentro do orçamento”, diz Darin
Friedmann, Vice-Presidente da
Divisão de Sistemas de Transpor-
te da Mitsubishi Heavy Industries
America, Inc., subcontratada res-
ponsável pelo sistema operacio-
nal do MIA Mover.
Luiz Simon afirma que os resul-
tados obtidos só foram possíveis
por causa da excelente relação da
Odebrecht com o cliente e com os
subempreiteiros. “Apesar das di-
versas dificuldades encontradas
durante a obra, a parceria formada
com o cliente e com os subemprei-
teiros foi fundamental para a con-
clusão da obra dentro do cronogra-
ma e do orçamento estipulado.”
Segundo Gino Antoniello, Vice-
-Presidente da Divisão de Equipa-
mentos e Sistemas de Transporte
da Sumitomo Corporation of Ame-
rica, empresa parceira da Mitsu-
bishi, destaca que o MIA Mover é
fruto de uma visão estratégica que
posiciona o Condado de Miami-
-Dade na liderança do movimento
intermodal, “como uma comuni-
dade com visão futurística que va-
loriza novas tecnologias a fim de
se modernizar”.
Estação do MIA Mover: prêmio pelo desempenho em segurança no trabalho
72 informa
73informa
foto
: ho
lan
da C
aVa
lCa
nti
foto
: ho
lan
da C
aVa
lCa
nti
foto
: lia
lu
Ba
MB
o
Um novo estilo de vida
Aengenheira civil Maria José Araque é Responsável
por Custos na Gerência Comercial nas obras da Ter-
ceira Ponte sobre o Rio Orinoco, no povoado de Caicara, na
Venezuela. Ingressou na Odebrecht em 2005, na constru-
ção da Segunda Ponte sobre o Orinoco e, ao fim da obra,
aceitou a proposta de mudar-se para Caicara. Deixou a
casa dos pais, a convivência com os amigos e partiu sozi-
nha para uma comunidade isolada e com muitas carências.
”Hoje sou uma pessoa mais sensível e, ao mesmo tempo,
mais forte e segura”, afirma. Segundo ela, isolamento não
é problema; o pessoal da Odebrecht foi uma família, e há
tempo para cultivar prazeres como a observação das bele-
zas naturais. “No mais, é trabalhar e ajudar meu país a se
desenvolver. Isso é bastante compensador”, diz.
Maria José vive em uma região isolada, mas não se sente só
James Eldridge nasceu no Tennessee, nos Estados Unidos,
em uma pequena cidade chamada Palmer, cuja economia
gira em torno da mineração de carvão. Formado em Construc-
tion Management (Gerenciamento de Construção), ingressou
na Odebrecht, em Miami, seis anos atrás. Casado, com quatro
filhos e três netos, é um homem caseiro. Gosta de restaurar
casas históricas e passear com a esposa, Susan Gail, em busca
de antiguidades. Hoje trabalha em Nova Orleans, mas durante
quatro meses, entre 2010 e 2011, esteve na Líbia, nas obras do
Aeroporto Internacional de Trípoli. Como nunca havia morado
ou trabalhado fora de seu país, a estadia em Trípoli foi espe-
cialmente desafiadora. De volta aos Estados Unidos, escreveu
My Libya Experience, um texto no qual relaciona sua vivência no
exterior com os ensinamentos da Tecnologia Empresarial Ode-
brecht (TEO). “Gostaria de continuar ampliando minha visão do
mundo e da vida, de poder conhecer mais culturas”, diz.
Gosto pelo incomum
Gerente de Desenvolvimento de Mercado da Braskem na área de Poli-
propileno, Monica Evangelista visita clientes por todo o Brasil. Observa
características assim: reuniões em empresas do interior de São Paulo co-
meçam com conversas sobre a família, sobre o tempo, até chegar à pauta, e
podem tomar um dia inteiro; outras, no sul do país, são objetivas e não levam
mais de meia hora. “Gosto do que faço, da vida sem rotina, de conhecer lu-
gares e pessoas diferentes”, diz. Há 19 anos na Braskem, Monica é Química
Industrial com mestrado em Polímeros e participou da construção do Centro
de Tecnologia e Inovação da Braskem em Triunfo (RS). Em setembro, havia
acabado de voltar da China – viagem que compôs o curso de MBA que en-
cerra em 2011. Escolada como é, ainda assim mostrava-se impressionada:
“Não existe nada igual! Sempre temos algo novo a descobrir”, garante.
a química das diferenças
James e o despertar do desejo de viver o mundo
Gente
Monica coleciona curiosidades culturais
foto
: an
dr
és M
an
ner
foto
: da
rio
de
frei
tas
74 informa
À vontade em seu tempo e lugar
Líder do polo araguaia da eth, Zillo vive um momento especialmente motivador em sua trajetória
peRFiL: Fabiano Zillo
texto eLiana simoneTTi foto ricarDD TeLes
Um sorriso marca o sem-
blante de Fabiano José
Zillo quando ele chega ao
local de trabalho. O olhar percorre
a paisagem com satisfação. Ele é
Superintendente do Polo Araguaia
da ETH Bioenergia, formado por
duas unidades localizadas em
Goiás: Água Emendada e Morro
Vermelho, a base administrativa
do polo. O município de Mineiros,
onde está Morro Vermelho, fica
em um dos pontos mais altos do
Brasil, a Serra dos Caiapós, com
cerca de 5 mil nascentes, entre
elas a do Rio Araguaia, e reservas
de cerrado como o Parque Nacio-
nal das Emas.
Em Morro Vermelho, Zillo
sente-se em casa, mesmo que,
para chegar lá, viaje mais de
1.250 km por terra e ar, desde
Lençóis Paulista (SP), onde vive
com a família. Descendente de
italianos que desembarcaram
no Brasil no fim dos anos 1800
para investir no agronegócio, ele
se formou em Agronomia e tem
mestrado em Solo e Nutrição de
Plantas, com ênfase na cana-de-
-açúcar, pela Escola Superior
de Agricultura Luiz de Queiroz
da Universidade de São Paulo
(Esalq-USP), de Piracicaba. Ca-
sou-se e teve três filhas. Traba-
lhou em várias áreas nos negó-
cios da família e por oito anos
foi diretor-executivo de suas três
unidades de produção de açúcar
e etanol. Embora tenha recebido
convites de outras empresas, não
queria mudanças em sua vida.
Isso até 2007, ano que mar-
cou uma virada no mundo do
empresário, então com 43 anos.
O grupo familiar, Zilor Energia e
Alimentos, entrou em processo
de profissionalização e governan-
ça corporativa – e ele optou por
retirar-se da diretoria, passando
a atuar como consultor indepen-
dente. Enfrentou um divórcio e um
problema grave de saúde. Hoje,
ele se lembra dessa fase como
quem está habituado a vencer de-
safios. “Quando era adolescente,
fui discriminado por ser obeso.
Cuidei do corpo, tornei-me atleta
e, como jogador de vôlei, participei
de equipes campeãs”, conta.
Em maio de 2009, Zillo ingres-
sou na Diretoria Agrícola da ETH.
Um mês depois foi chamado para
participar da junção de ativos com
a Brenco e liderou parte dos pro-
cedimentos de valuation (processo
qualitativo de avaliação de empre-
sas). A partir de setembro, liderou
o projeto de padronização dos pro-
cessos agroindustriais, implan-
tado em abril de 2010. Naquele
mesmo mês, assumiu a Superin-
tendência do futuro Polo Araguaia,
liderando a fusão de equipes, pro-
cessos e todos os projetos de pro-
dução de cana-de-açúcar.
“descobri que tenho um gosto por novidades e uma adaptabilidade que desconhecia. ‘ressetei’ minha vida e minha visão de mundo”
74 informa
75informa
Como Superintendente do Polo
Araguaia, relaciona-se direta e in-
tensamente com integrantes, par-
ceiros, fornecedores, sindicatos e
comunidade. Renegocia contratos.
Reúne-se com proprietários de
terras da região – que tradicional-
mente atuam com outras culturas
e criam gado – e os aconselha a
dedicar parte de suas fazendas
ao plantio de cana, para maior
diversificação e estabilidade nos
rendimentos. Liderou a criação de
um centro de capacitação profis-
sional para técnicos, em Mineiros,
uma parceria da ETH com o Senai
(Serviço Nacional de Apredizagem
Industrial). “Queremos melhorar
as condições de vida e de traba-
lho das pessoas”, ele salienta.
“A agricultura e a agroindústria,
agora mecanizadas, são impor-
tantes geradoras de oportunida-
des profissionais e de renda. Só o
Polo Araguaia da ETH tem mais de
3 mil integrantes, além dos postos
indiretos de trabalho
que propicia.”
Sobre os
porquês de ter
se integrado
à ETH, Zillo
não titubeia:
foi, acima
de tudo, pela
ident i f icação
com os princípios e valores da Tec-
nologia Empresarial Odebrecht
(TEO). Depois, pela oportunidade
de participar de uma megaopera-
ção que contribui para o desenvol-
vimento do país. “A economia de
Mineiros cresceu 30% nos últimos
cinco anos”, informa. E também
pela possibilidade de comprovar
sua própria competência. “Na
ETH, tudo acontece em velo-
cidade acelerada e, fora do
nicho familiar, descobri que
tenho um gosto por novida-
des e uma adaptabilidade
que desconhecia. ‘Ressetei’
minha vida e minha visão de
mundo”, afirma.
informa
cULtURa
acervo de princípios
Em cerimônia realizada em
18 de agosto, foi inaugura-
da, no Edifício-sede da Or-
ganização, em Salvador, a Biblio-
teca Hertha Odebrecht. Durante o
evento, Hebe Meyer, Assessora da
Presidência do Conselho de Cura-
dores da Fundação Odebrecht,
apresentou o novo espaço de cul-
tura aos membros do Conselho de
Administração da Odebrecht S.A. e
a Norberto, Emílio e Marcelo Ode-
brecht, que se sucederam na lide-
rança da Organização.
A biblioteca faz parte do Núcleo
da Cultura Odebrecht, localiza-
do no andar térreo do Edifício-
-sede da Organização, e, além de
reunir o acervo literário pessoal
doado por Norberto Odebrecht e
por integrantes e, também, publi-
cações da Organização, ambienta
a realização de eventos sociocul-
turais. Desde a inauguração até
meados de outubro, foram reali-
zados 11 eventos, entre palestras
de educadores, como a professora
Mabel Velloso e o historiador Ubi-
ratan Castro, sessões de cinema
com a exibição de longas, como
Biblioteca hertha Odebrecht é inaugurada no edifício-sede da Organização, em salvadortexto rodriGo vilAr fotos beG FiGueiredo
77informa
A Pedagogia da Presença, do di-
retor Jorge Alfredo, e atividades
para o público infantil, a exemplo
de uma leitura adaptada sobre a
vida de Castro Alves feita pelo ator
Jackson Costa, em comemora-
ção ao Dia das Crianças. Todos os
eventos lotaram a casa.
Outra característica do projeto
é a existência de um espaço para
exposições temáticas temporá-
rias. O primeiro tema escolhido é
a trajetória de Hertha Odebrecht e
os lugares onde viveu. Em uma das
citações expostas, Norberto fala
de seus valores familiares: “Em
casa, sob a liderança de minha
mãe, Hertha Odebrecht, vivíamos
em um ambiente familiar educati-
vo, religioso e de confiança. Desde
cedo, com disciplina e organização,
minhas irmãs e eu fomos prepara-
dos para a vida e para o trabalho.
Os ensinamentos sempre visavam
à busca da Verdade e do que era o
certo e melhor para todos”.
O nome da biblioteca é uma
homenagem à mãe de Norberto
Odebrecht. Hertha Odebrecht teve
presença marcante na formação
do fundador da Organização e dedi-
cou-se a uma educação dos filhos
baseada em princípios e valores
que contribuíram decisivamente
para o estabelecimento do que vi-
riam a ser as bases da Tecnologia
Empresarial Odebrecht (TEO).
Marcelo, Norberto e Emílio Odebrecht com a foto de Hertha Odebrecht: gera-ções marcadas e unidas por princípios
e valores cultivados desde cedo, em casa. Na foto menor, jovens estudantes
de Salvador folheiam livro na bibliote-ca: espaço aberto à comunidade
A margarida é uma flor curiosa.
Ao apreciá-la de perto, perce-
be-se que, na verdade, ela é
formada por dois tipos de flores. Não
é por acaso que as pétalas brancas
envolvem o miolo amarelo. Com fun-
ções distintas, essas partes integram
um todo preparado para desempe-
nhar diferentes tarefas essenciais à
sua sobrevivência. É assim também
na comunidade que leva seu nome. O
assentamento Margarida Alves, loca-
DesenvOLviMentO sUstentáveL
cada um em seu papel essencialno assentamento Margarida alves, em ituberá, no Baixo sul da Bahia, famílias de pequenos agricultores se unem e se capacitam para o desenvolvimento da comunidade
texto GAbrielA vAsconcellos fotos Márcio liMA
78 informa
79informa
lizado no município de Ituberá (a 280
km de Salvador), surgiu da ocupação
do Movimento dos Trabalhadores
Sem Terra, em 1998. Desde então, as
famílias se organizaram, dividiram as
propriedades e se uniram pelo desen-
volvimento da comunidade.
Antonio Nascimento Santos, 64
anos, chegou à região em 1996, ao
lado de sua esposa e dos filhos, em
busca de trabalho. “Não tinha onde
fazer meus cultivos, aqui foi onde
conseguimos. Naquela época, minha
maior vontade era ter um pedaço de
terra”, relembra. Com a chegada da
Cooperativa dos Produtores de Palmi-
to do Baixo Sul da Bahia (Coopalm) ao
assentamento, em 2009, o agricultor
encontrou uma oportunidade de cres-
cimento. “Em todos esses anos, o que
mais nos marcou foi a vinda da Coo-
palm. Somos parceiros. Passamos a
ter apoio técnico, e a nossa produtivi-
dade cresceu”, ele relata.
Com a plantação de palmito de
pupunha, Antonio é só esperança. Em
até dois anos, colherá, mensalmente,
cerca de 750 hastes, o que lhe renderá
R$ 1.100 por mês, somente com essa
cultura. “Quero produzir ainda mais,
ampliar minha propriedade”, diz o
agricultor, que às 5 horas da manhã
já está pronto para ir ao campo tra-
balhar. “Isso tudo é para garantir o
dinheirinho do fim do mês. É assim
que cuido da minha família e da casi-
Antonio Nascimento, a esposa e o filho caçula: “Passamos a ter apoio técnico e nossa produtividade cresceu”
nha em que moro. Agora planejamos
comprar um carro”, revela.
Antonio não trabalha sozinho. Com
o filho caçula, Antonio Nascimen-
to Santos Filho, o único dos três que
permaneceu no assentamento, não
divide apenas o nome: compartilha
também o amor pela terra. “Agricul-
tura é a minha vida. É o meu negó-
cio”, afirma Antonio Filho, 24 anos,
educando da Casa Familiar Rural de
Igrapiúna (CFR-I) – unidade de ensino
que, assim como a Coopalm, faz parte
do Programa de Desenvolvimento In-
tegrado e Sustentável do Mosaico de
Áreas de Proteção Ambiental do Baixo
Sul da Bahia (PDIS), apoiado pela Fun-
dação Odebrecht.
Antonio Filho está concluindo a
formação de três anos. Durante esse
período, teve acesso à capacitação em
muitas áreas, como administração ru-
ral, solos, culturas perenes e benefi-
ciamento de produtos de origens ani-
mal e vegetal, além de noções sobre
cooperativismo, educação ambiental e
protagonismo juvenil. As novas técni-
cas aprendidas, aliadas à assistência
da Coopalm, têm contribuído para
ampliar a produtividade da família.
“É possível viver bem na zona rural
e se desenvolver sem a necessidade
de migrar para os grandes centros
em busca de um sonho que não exis-
te”, assegura o novo empresário rural,
que em 2011 associou-se à Coopalm.
“Do futuro, só tenho a certeza de que
estarei envolvido com agricultura”, ga-
rante. Seu pai aposta nesse caminho:
“Fico muito feliz em ter meu filho tra-
balhando na terra. É do campo que a
gente consegue tudo”.
em 2011, mais de 10 mil hastes colhidasAtualmente, 18 das 25 famílias que
moram em Margarida Alves são as-
sociadas à cooperativa. Somente em
2011, mais de 10 mil hastes de palmito
foram colhidas, o que tem gerado ren-
da média superior a R$ 750 aos agri-
cultores. “Apostamos na cooperativa
porque vimos que era um projeto que
dava certo”, garante Antonio Filho.
Além da Coopalm e da CFR-I, ou-
tras instituições ligadas ao PDIS es-
tão interagindo com o assentamen-
to. A Organização de Conservação
de Terras (OCT), por exemplo, tem
apoiado a comunidade a conquistar
a regularização ambiental fornecida
pelo Governo estadual. A Associação
Guardiã da Área de Proteção Am-
biental do Pratigi (Agir) facilita a re-
gulamentação documental e contá-
bil, e a Cooperativa dos Aquicultores
de Águas Continentais (Coopecon)
já iniciou contato com a comunidade
para implantar o cultivo de peixes na
região, o que gerará mais uma opor-
tunidade de trabalho e renda.
Para os moradores do assenta-
mento, isso é apenas o começo. “Já
sentimos a diferença. Nossa comu-
nidade se desenvolveu, temos mais
conforto e orientação”, diz Ananias de
Sena, 73 anos, um dos mais antigos
habitantes de Margarida Alves e tam-
bém associado à Coopalm. “Nossa
renda só tem a aumentar.”
A mesma determinação de Ana-
nias está presente em cada família
que se inspira na força e na coragem
daquela que batizou a comunidade.
Margarida Maria Alves, falecida em
1983, foi uma lutadora da terra, pio-
neira na defesa dos direitos dos traba-
lhadores rurais no Brasil. “Ela não era
daqui, mas sua batalha nós conhece-
mos”, diz Ananias. Pelas histórias que
ele conta, Margarida não tinha relação
com a fragilidade e a delicadeza da
flor. Sua bravura e dedicação ao grupo
que defendia lembravam à do mio-
lo amarelo, que sustenta as pétalas
brancas.
Ananias de Sena: “Nossa comunidade se desenvolveu”
80 informa
81informa
históRia
cara e coroa do tempoexposição em salvador conta 2500 anos de história das moedas
texto eMAnuelA soMbrA
Uma moeda cunhada há
2.500 anos, na Grécia An-
tiga. Outra, da Macedônia
de Alexandre, o Grande. E outras da
época do Tratado de Tordesilhas, da
Roma Antiga, do Brasil Colônia, do
Egito de Cleópatra, da Inglaterra de
Henrique VIII... Raridades que po-
dem ser vistas na exposição Dinhei-
ro, Deuses & Poder – 2.500
anos de história política
das moedas, organi-
zada pelo jornalista
e escritor baiano
Noenio Spinola.
Patrocinada pela
Odebrecht Infraes-
trutura, a exposição foi
inaugurada em setembro na
Associação Comercial da
Bahia (ACB), em Salvador.
“A Bahia teve a primeira
Casa da Moeda do Brasil. É
simbólico ter uma exposição
como essa, de forte caráter di-
dático, em Salvador”, afirma o jorna-
lista, que disponibilizou as 460 peças
(aproximadamente metade da sua
coleção) que ficarão expos-
tas ao público até 30 de
novembro.
Ex-correspon-
dente internacional
em alguns países,
como Rússia, In-
glaterra e Estados
Unidos, Spinola tornou-
-se um colecionador por causa
do pai. Tanto
que uma pe-
quena parte
das cédulas e
moedas foi her-
dada dele. “Mas
como vivi muito tempo
no exterior, sempre ia aos antiquá-
rios, pegava uma moeda aqui, outra
li. Comecei a fazer isso em uma épo-
ca em que o número de pessoas que
se interessava pelo assunto não era
grande”, diz o colecionador.
Marcos Meirelles Fonseca, Presi-
dente da ACB, afirma: “Esta é uma
das mais relevantes exposições que
a Bahia já recebeu e nos faz repensar
a história do surgimento do empre-
endedorismo no estado e em seus
desdobramentos ao longo dos sé-
culos”. Com recursos tecnológicos e
efeitos multimídia, Dinheiro, Deuses
& Poder revela, a partir da relação
das pessoas com o dinheiro, o apo-
geu e o declínio de civilizações anti-
gas e modernas.
A mostra também homenageia
a Bahia, relembrando as reivindica-
ções dos primeiros colonos e admi-
nistradores da província para mo-
dernizar os portos, ajustar o câmbio
e aumentar a competitividade dos
produtos coloniais de exportação.
“Para a Organização Odebrecht,
apoiar ações como esta é preservar
o patrimônio histórico e imaterial do
nosso país”, salienta André Vital, Di-
retor-Superintendente da Odebrecht
Infraestrutura. Ace
rvo
od
ebr
ech
t
o alicerce inabalável da vocação
saBeRes
E le ingressou na Organização
em 1985, oito anos depois de
formado. Hoje, após ter par-
ticipado da construção de oito bar-
ragens e hidrelétricas no Brasil e no
exterior, e vivido 25 anos em cantei-
ros de obra, Augusto Roque, Diretor
de Engenharia da Odebrecht Ener-
gia, continua em busca de desafios.
“Nasci para ser engenheiro”, afirma.
Tudo indica que foi aos 11 anos
que aflorou sua vocação para barra-
geiro, ao acompanhar o pai, profes-
sor de Balística da Escola Superior
de Guerra, em uma visita às cin-
quentenárias usinas hidrelétricas
de Paulo Afonso, no norte da Bahia.
“Aquilo me impressionou demais”.
Augusto Roque sempre acredi-
tou que assumir grandes desafios é
a forma mais eficaz de conquistar o
crescimento profissional e pessoal.
Com apenas três meses na Odebre-
cht, não pestanejou em aceitar sua
primeira prova de fogo: ser gerente
de produção da obra da Barragem
de Flores, em área isolada no sul
do Maranhão. Para isso, fez apenas
uma exigência: levar sua esposa e o
filho de pouco mais de um ano.
Depois de dois anos no Mara-
nhão, Augusto Roque trabalhou na
Argentina; foi diretor de contrato na
Hidrelétrica de Xingó, na divisa entre
Sergipe e Alagoas; e diretor de con-
trato na primeira obra da Odebrecht
no México, a Hidrelétrica de Los Hui-
tes, até assumir o posto de diretor-
-superintendente daquele país.
No fim de 1996, foi convidado
para trabalhar na ilha de Bornéu,
na Malásia, onde certo dia recebeu
um recado intrigante: o chefe indí-
gena local, comandante de 10 mil
aborígenes, queria lhe encontrar,
sozinho.
Augusto Roque é o terceiro inte-
grante a dar seu depoimento para o
projeto Saberes – Gente que apren-
deu no trabalho e na vida. Sua en-
trevista poderá ser vista no site de
Odebrecht Informa (www.odebre-
chtonline.com.br) A seguir, alguns
trechos de seu depoimento.
o despertar do barrageiroMeu pai era militar da Marinha.
Eu tinha 11, 12 anos, e fiz uma
viagem com ele para conhecer o
Complexo Paulo Afonso, na déca-
da de 60. Nós fomos num avião da
Aeronáutica e aí eu conheci minha
primeira hidrelétrica, Paulo Afon-
Depoimento de Augusto Roque a vAlber cArvAlho
Fotos: GerAldo PestAlozzi
augusto Roque
é protagonista
de uma trajetória
desafiadora e
emblemática,
que incluiu
experiências
no Brasil, na
argentina,
no México e
na Malásia
82 informa
83informa
so 1 e Paulo Afonso 2, descendo
em cavernas e aquilo me impres-
sionou demais. Eu sempre fiquei
com aquilo na cabeça.
Uma única exigênciaE nesse projeto eu fiz uma exigên-
cia: que a minha família ficasse co-
migo. O pessoal na época estranhou
muito e falou: “Poxa, Roque, você
vai levar sua mulher para lá?” “Vou.
Minha mulher é uruguaia, eu tenho
apenas quatro anos de casado e vou
morar com ela na obra.” “Mas nós
não temos como!” “Não se preocu-
pem, eu dou um jeito”. Minha mulher
era a única mulher na obra, nós éra-
mos 3 mil homens. Morávamos em
uma casa de alvenaria sem reboco,
que foi feita meio improvisada. Meu
primeiro filho tinha pouco mais de
um ano.
Diferenças culturaisNa Malásia, existe uma fruta que,
se alguém entrasse num ambiente
com ela, você tinha que sair. Para
você ter uma ideia, na entrada dos
hotéis internacionais tem placas di-
zendo: “Proibido entrar com a fruta
dúrian. Ela tem um cheiro de amô-
nia misturado com jaca. Se você está
num recinto e alguém entra com
essa fruta você não consegue ficar.
Mas, para o malaio, aquilo é uma
iguaria. Um negócio espetacular, um
manjar. É a cultura deles.
o refeitório do peão uruguaioO trabalhador uruguaio quer re-
ceber um pedaço de carne crua, pão,
alface, tomate e cebola e quer fazer o
seu fogo no campo. Ele destaca uma
pessoa para assar aquela carne e
aquilo é um almoço de prazer dele.
Ele não quer ir para um refeitório
comer arroz com feijão com batata e
com não sei o quê. Então esse tipo de
respeito você tem que ter.
o chefe indígena malaio manda um recadoO local da futura Hidrelétrica da
Bakun, na ilha de Bornéu, na Ma-
lásia, era cercado de tribos indíge-
nas. Passados alguns meses que
eu havia chegado, recebi o recado
que o chefe da tribo indígena queria
me conhecer. Parecia um filme em
que eu era o chefe dos brancos e
ele, o chefe dos índios. Tinha que ir
sozinho, e minha preocupação era
como ia me comunicar com o chefe
da tribo. Acabamos nos comunican-
do por gestos. E eu tive que comer
um negócio que eu tinha a certeza
absoluta de que era alguma coisa
de macaco. Até hoje não sei o que
foi que eu comi; aquilo me deu um
enjoo danado, mas fazia parte do
jogo.
o recorde de lançamento de concretoA construção da Hidrelétrica de
Los Huites, no México, era uma obra
tão grande que nós batemos o recor-
de mundial de lançamento mensal
de concreto nesse projeto. E fomos
capa da revista ENR-Engineering
News-Record. Foi um projeto de
muita visibilidade para a Odebrecht,
em consórcio com empresas mexi-
canas. Mas o que me chamou muito
a atenção foi uma frase pintada no
muro do cemitério, onde estava es-
crito: “Fuera los brasileños”. Só com
o passar dos dias é que os trabalha-
dores mexicanos entenderam a nos-
sa filosofia, e depois de uns quatro
meses vimos que o muro do cemité-
rio havia sido pintado de branco.
Roque: “Nasci para ser engenheiro”
84 informa
Fundada em 1944, a Odebrecht é uma organização brasileira composta de negócios diversificados, com atuação e padrão de qualidade globais. Seus 150 mil integrantes estão presentes nas três Américas, na África, na Ásia e na Europa.
reSPONSáVeL POr cOMuNIcAçãO eMPreSArIAL NA cONStrutOrA NOrbertO Odebrecht S.A. Márcio Polidoro
reSPONSáVeL POr PrOGrAMAS edItOrIAIS NA cONStrutOrA NOrbertO Odebrecht S.A. Karolina Gutiez
cOOrdeNAdOreS NAS áreAS de NeGócIOS Nelson Letaif Química e Petroquímica | Andressa Saurin Etanol e Açúcar | Bárbara Nitto óleo e Gás | Daelcio Freitas Engenharia Ambiental | Sergio Kertész Realizações Imobiliárias | Coordenadora na Fundação Odebrecht Vivian Barbosa
cOOrdeNAçãO edItOrIAL Versal Editores editor José Enrique Barreiroeditor executivo Cláudio Lovato Filho Arte e Produção Gráfica Rogério NunesProjeto Gráfico e Ilustrações Rico Linseditora de Fotografia Holanda Cavalcanti
tiragem 7.800 exemplares • Pré-impressão e Impressão Pancrom
redAçãO: Rio de Janeiro (55) 21 2239-4023São Paulo (55) 11 3641-4743email: [email protected]
próxima edição:sustentabilidade
86 informa
“a eficácia do trabalho conjunto pressupõe a comunicação livre,
qualificada e profunda entre os seres humanos, a fim de que possam compartilhar
a concretização das mesmas prioridades e
comprometer-se com elas”
teO [tecnologia empresarial Odebrecht]
foto
: Ca
rlo
s Jú
nio
r