PERIOPERATÓRIO
PRÉ OPERATÓRIO
Definição: período imediatamente anterior a uma operação quando o paciente
é avaliado clinicamente, por exames complementares e avaliado clinicamente
e é preparado e tratado em função da cirurgia proposta.
Avaliação inicial visa identificar e quantificar a gravidade de uma doença
capaz de trazer prejuízo à cirurgia e à evolução pós operatória. Além das
comorbidades, existem outras variáveis que influenciam o preparo pré
operatório, tais como: tipo de cirurgia proposta (baixo, médio e alto risco),
técnica anestésica empregada e setor do hospital em que o paciente será
tratado no pós-operatório imediato
O pré operatório pode ser dividido em avaliação clínica, exames
complementares e preparo pré operatório.
• AVALIAÇÃO CLÍNICA
Anamnese completa (ênfase em antecedentes pessoais e familiares)
Exame físico geral e específico, com ênfase no sistema cardiovascular e
respiratório.
• RISCO ANESTÉSICO CIRÚRGICO
• Risco anestésico ASA
Classificação de risco pré-operatório, bom preditor de mortalidade. Durante
sua realização, são levados em consideração o estado físico do paciente
(através de uma análise subjetiva) e a presença ou não de morbidades. Apesar
de seu uso rotineiro, é bastante criticada por sua subjetividade e não ser
específica para um determinado órgão e não levar em consideração a idade
do paciente;
• Risco cardiovascular
Existem númeras classificações pra o risco cardiovascular: A estratificação
de risco cardíaco para procedimentos não cardíacos, desenvolvida por
Fleisher e cols; Índice de Risco Cardíaco Revisado (IRCR), ou Índice de Lee,
estima o risco cardiovascular com base no tipo de cirurgia e critérios clínicos.
• Risco pulmonar
As complicações pulmonares aumentam a morbiletalidade dos procedimentos
cirúrgicos e tosos os pacientes que irão se submeter a cirurgias não cardíacas
devem ser avaliados quanto à possibilidade de complicações pulmonares.
Pacientes com risco de complicações: cirurgias de emergência ou
procedimentos prolongados (> 3 horas), cirurgia de reparo de aneurisma de
aorta abdominal, cirurgia torácica, neurocirurgia e cirurgia de cabeça e
pescoço. A anestesia geral
Alto risco para complicações devem receber: assistência da fisioterapia,
exercícios de respiração profunda, espirometria de incentivo + sondagem
nasogástrica (obedecer as contraindicações)
Procedimentos de rotina para asma e DPOC: espirometria, RX tórax
Cirurgias eletivas: suspender tabagismo 8 semanas antes do procedimento,
asmáticos e portadores de DPOC devem receber em muitos casos
glicocorticoides e broncodilatadores no período pré e pós-operatório e
pneumopatias devem ser tratadas antes.
• EXAMES COMPLEMENTARES
• considerações
Dirigido para investigar a situação hematológica, metabólica, parasitológica,
sorológica e de determinados sistemas orgânicos.
EXAMES COMPLEMENTARES
Hematológico
Hemograma completo, tempo de protrombina,
tromboplastina parcial. Especial: coagulograma
completo
Metabólico:
Glicemia. Especiais: sódio, potássio, provas de
função tireoidiana e hepática, proteinemia, pH,
pCO, DB, PO2
Parasitológico Fezes
Sorológico Sífilis, provas reumáticas
Sistemas
Nefrológico Ureia, urina, creatinina
Cardiológico ECG
Respiratório RX de tórax
Pacientes assintomáticos: solicitar exames apenas com base a idade do
paciente, o tipo de ato cirúrgico e alterações evidenciadas na história ou
exame clínico
Perfil laboratorial de até 90 a 180 dias antes do ato cirúrgico, desde que
esteja normal, não precisa ser repetido.
• Solicitação de exames
• MEDICAMENTOS
Ter conhecimento de todas as medicações usadas pelo paciente;
• Anticoagulantes
o Cumarínicos (varfarina)
▪ Suspensos 5 dias antes com INR realizado no pré-operatório imediato,
se > que 1,5 o procedimento pode ser realizado. Em cirurgias que não
oferecem grandes riscos de sangramento, pode ser administrada no sai
seguinte.
▪ Em pacientes com risco de trosmbose elevado, pode ser retirado o uso
o mais próximo possível da cirurgia. Após a interrupção do cumarínico,
administrar Heparina não fracionada em dose anticoagulante em
infusão contínia até 6 horas antes da cirurgia quando deve ser
suspensa, podendo ser reiniciada 12-24h após o procedimento
▪ Cirurgias emergenciais → plasma fresco congelado 15-20ml/kg para
elevar fatores de coagulação + vitamina K
o Heparina de baixo peso molecular:
▪ Suspensa 24 horas antes da cirurgia, sendo reiniciada – em
intervenções que não ofereçam grande risco de sangramento –,
dentro de 12 a 24 horas de pós-operatório.
o Heparina não fracionada
▪ 1mg de sulfato de protamina para 100 unidades de hemarina
o Rivoraxabana e dabigatran
▪ Suspender 2-3 dias antes de procedimentos, com reinício no pós-
operatório assim que uma hemostasia adequada for obtida
• Antiplaquetários
Existem muitas discordâncias. Em pacientes com problemas cardiovasculares
o AAS deve ser continuado em doses baixas.
Para outros pacientes que utilizam AAS como prevenção secundária, os riscos
e benefícios do uso perioperatório da medicação devem ser avaliados pelo
cirurgião, cardiologista e neurologista e discutidos com o paciente.
Em pacientes que não se encaixam nas recomendações acima, o AAS deve ser
suspenso sete a dez dias antes de um procedimento cirúrgico.
o Clopidogrel, prasugrel e ticagrelor → inibição do receptor P2Y12 das
plaquetas, levando a prejuízo na agregação plaquetária
▪ Pacientes com intervenção coronária recente, síndrome coronariana
aguda, colocação de stents → aguardar 30 dias do procedimento
para uma nova cirurgia, preferencia de stents farmacológicos,
susoensão do clopidogrel a 5 dias e do prasugrel 7 dias antes do
procedimento e manter AAS em baixas doses
o Antiinflamatórios não esteroidades: suspendos 1-3 dias antes
• Anti-hipertensivos
Suspensão do IECA, Bloqueadores de angiotensina II na manhã da cirurgia
devido a riscos de hipotensão
Os bloqueadores dos canais de cálcio, os betabloqueadores e os agonistas
alfa-2 centrais devem ser mantidos até a manhã da cirurgia.
Não existe consenso sobre a suspensão de diuréticos → Hipovolemia e
hipocalemia são complicações possíveis com a utilização de diuréticos → risco
assumido em pacientes com insuficiência cardíaca,
• Hipoglicemiantes
Em geral, são suspensos no dia da cirurgia, ou seja, sua última dose deve ser
administrada na noite anterior ao procedimento.
o Metformina aumenta o risco de insuficiência renal em situações de
hipoperfusão renal, acúmulo de lactato e hipóxia
o Tiazolidinedionas aumentam o risco de retenção hídrica e podem piorar o
edema periférico e precipitar insuficiência cardíaca
o Os inibidores da dipeptidil dipeptidase IV (DPP-IV) e os análogos do
GLP-1 podem alterar a motilidade gastrointestinal e prolongar o íleo pós-
operatório
• Antidepressivos Inibidores Seletivos da Receptação de Serotonina
(ISRS)
Interferem na agregação plaquetária podendo aumentar o risco de
sangramento, e sua suspensão abrupta pode precipitar/agravar as desordens
do humor
De modo geral recomenda-se continuar com a medicação, exceto em:
neurocirurgias e uso concomitante de terapia de bloqueio duplo plaquetário,
nestes casos deve ter sua dose paulatinamente reduzida em semanas no pré-
operatório, com um novo antidepressivo iniciado neste período.
• Outros antidepressivos
o Tricíclicos aumentam o tempo de esvaziamento gástrico, prolongam o
intervalo QTc e podem levar a arritmias, sobretudo quando combinados a
anestésicos voláteis ou a drogas simpatomiméticas. Devido ao efeito
serotoninérgico aditivo, a administração conjunta de tramadol e
meperidina deve ser evitada. Suspensão progressiva 2 semanas antes se
for depressão leve, e manter em casos de depressão grave.
o IMAO em uso prolongado levam a acúmulo de aminas biogênicas no sistema
nervoso central e autônomo e bloqueiam as enzimas microssomais
hepáticas. Deve-se suspender 2 semanas antes do procedimento
• Estrógeno, Tamoxifeno e agentes Antiosteoporose
o Terapia de Reposição Hormonal: Em cirurgias com alto risco de
tromboembolismo, a recomendação é suspender a TRH por quatro a seis
semanas no período pré-operatório.
o tamoxifeno e raloxifeno: quimoprofilaxia do câncer de mama e
adjuvantes no tratamento da osteoporose → aumentam o risco
tromboembólico devendo ser suspensas aproximadamente quatro semanas
antes de procedimentos cirúrgicos.
o Bifosfonatos: tratamento da osteoporose → pode estar associado à
osteonecrose de mandíbula após procedimentos dentários (raro). Sendo
assim, em cirurgias bucomaxilofaciais, recomenda-se a suspensão dos
bifosfonatos cerca de três meses antes
• Medicações que devem ser mantidas até o dia da cirurgia incluem
Estatinas, broncodilatadores, inibidores dos leucotrienos, cardiotônicos,
anticonvulsivantes, glicocorticoidesm, levotiroxina e drogas antitireoidianas.
• TRICOTOMIA E PREPARO DA PELE
A tricotomia deve ser realizada imediatamente antes da cirurgia com
máquinas elétricas com “cabeças descartáveis”.
Recomendar ao paciente boa higiene e banho com soluções degermantes
antissépticas, lavando em especial a região que será incisada.
No campo cirúrgico: degermação (PVPI e Clorexidina) + soluções alcoólicas
das mesmas substâncias utilizadas na degermação
• CATETERISMO
A aspiração gástrica deve ser realizada em pacientes que apresentam
condições associadas a esvaziamento gástrico prejudicado: estenose pilórica,
distensão por suboclusão ou oclusão intestinal e cirurgias de emergência
(risco de broncoaspiração no momento da indução anestésica).
O cateterismo vesical só deve ser indicado quando necessitamos monitorar a
perfusão tecidual, cirurgias pélvicas ou de vias urinárias. Deve ser realizada
no centro cirúrgico com sistema coletor fechado
• ANTIBIÓTICOPROFILAXIA
Tem como principal objetivo diminuir a probabilidade de um determinado
paciente vir a desenvolver infecção de sítio cirúrgico. Quanto maior o grau
de contaminação, maior o risco de complicações.
o Cirurgias de classe I
▪ De modo geral, não precisam de antibiótico terapia. Exceto: uso de
material sintético, incisão de osso, cirurgias cardíacas, neurocirurgias,
cirurgia vascular de grandes vasos, CA de mama.
▪ Principais agentes são da pele: Staphylococcus aureus, seguido de
Staphylococcus coagulase negativo
▪ As cefalosporinas de primeira geração, com destaque para a
cefazolina, são habitualmente as medicações utilizadas.
o Cirurgias de Classe II e III
▪ Procedimentos gastroduodenais e cirurgias hepatobiliares, a
cefazolina também é recomendada
▪ Nas intervenções em íleo terminal, cólon e reto existe a necessidade
de cobertura antimicrobiana para germes Gram-negativos (E. coli
seguida de outras enterobactérias) e anaeróbios → cefoxitina que é
cefalosporina de segunda geração atípica
▪ As associações de fluoroquinolona (ou aminoglicosídeo) e
metronidazol, cefazolina e metronidazol ou o uso de ampicilina-
sulbactam também podem ser recomendadas.
o Cirurgias de classe IV
▪ Não necessitam de profilaxia antibiótica e sim de terapia antibiótica
o Quantas doses de antibiótico profilático?
▪ 1ª na indulção anestésica – 30 min antes do procedimento
▪ 2ª período correspondente a 2 vezes a meia vida após 3h da primeira
dose
▪ Em casos se sangramento importante na cirurgia recomenda-se a
repetição da dose habitual.
o Quando interromper?
▪ Ao término da cirurgia, a antibioticoprofilaxia pode ser interrompida
ou estendida
▪ Estender por 24h: cirurgias cardíacas, neurológicas, torácicas,
vasculares, de cabeça e pescoço, cirurgias potencialmente
contaminadas
▪ Estender por 48h em artroplastias
• PREPARO PRÉ OPERARÓRIO
• AVALIAÇÃO NUTRICIONAL
o Perda de peso não intencional >10% do peso corpóreo em um período de 6
meses ou 5% em um mês é considerada significativa → doenças malignas
ou processos infecciosos crônicos
o Pesquisar: vômitos repetidos, disfagia, hiporexia ou anorexia, Medidas
antropométricas, como percentual de perda de peso, IMC, dobra cutânea
tricipital e circunferência muscular da região mediana do braço
o Desnutrição avançada: atrofia muscular (repercussão ventilatória),
perda da bola de bichat, caquexia e edema. Os desnutridos apresental
alterações em todos os aspectos da imunidade
o Complicações: problemas de cicatrização, deiscência de suturas,
infecções, consolidação deficiente de fraturas
o Proteínas de estado nutricional:
▪ Albumina: Nível sérico < 2,2 g/dl é um marcador de mau prognóstico
▪ Pré albumina, (transtirretina): pode ter seus níveis alterados por
citocinas inflamatórias, doença hepática e doença renal; menos
confiável
▪ transferrina.
▪ Níveis de proteína plasmática e ureia estão no limite inferior ou
diminuídos.
o Suporte nutricional:
▪ Os desvios metabólicos nutricionais devem ser corrigidos antes do ato
operatório, facilitando a recuperação do paciente, devido ao balanço
nitrogenado negativo pela cirurgia e também ao pequeno aporte
proteico no pós operatório imediato.
▪ A nutrição enteral é mais fisiológica e apresenta menor frequência de
complicações infecciosas, porém necessita de mais tempo para
alcançar seus objetivos, em torno de quatro semanas.
▪ Paciente deve ser pesado regularmente para se observar o aumento
progressivo do peso.
▪ A dieta deve ser hiperproteica e hipercalórica em quantidades
homogeneizadas e sem resíduos (50g de proteína, 200g de hidratos
de carbono, eletrólitos e vitaminas, fornecendo 1.000 calorias por
litro)
• AVALIAÇÃO HEMATOLÓGICA
o Anemia
▪ Na ausência de perda hemorrágica aguda, a anemia usualmente se
desenvolve de forma lenta e com um mecanismo de compensação,
fazendo com que seja bem tolerada até Hb entre 6-7g/dl.
▪ Cirurgias eletivas devem ser feitas com Hb > 12g/dl
▪ Em pacientes idosos é necessário expandir o volume lentamente por
infusão de concentrado de hemácias.
▪ Transfusão pré-operatória
֎ Níveis de Hb < 6 g/dl;
֎ Valores entre 6 e 10 g/dl na presença de doença isquêmica do
miocárdio ou doença cerebrovascular;
֎ Valores entre 6 e 10 g/dl em procedimentos cirúrgicos que se
acompanham de uma perda estimada de mais de 30% da volemia
o Avaliar se presença de distúrbio na hemostasia
▪ Doença de von Willebrand (DvW) → preparo pré-operatório desses
doentes visa a elevar os níveis do fvW
֎ Administração intranasal ou intravenosa de vasopressina
֎ Infusão do concentrado do fator, sendo esta última medida
recomendada no preparo de cirurgias de grande porte.
o Trombocitopenia,
▪ contagens abaixo de 100.000/mm3 impedem a realização de cirurgias
oftalmológicas e neurocirurgias
▪ Contagens abaixo de 50.000/mm3 impedem a realização de qualquer
procedimento cirúrgico
o Identificação de doença tromboembólica
▪ FR: idade, procedimento, tromboembolismo prévio, câncer, obesidade,
veias varicosas, DII, síndrome nefrótica, gravidez e uso de estrógenos
▪ Questionar a existência ou não de um diagnóstico de base, como
trombofilias hereditárias ou síndrome de anticorpo antifosfolípide.
• AVALIAÇÃO DA HIDRATAÇÃO
COMPOSIÇÃO NORMAL DOS COMPARTIMENTOS ORGÂNICOS –
ÁGUA CORPORAL
Celular 30-40%
Extracelular Intersticial 16%
Plasmático 4,5%
Transcelular 1-3%
o O espaço transcelular, apesar de ser pequeno, é de grande importância
nos pacientes cirúrgicos: líquidos das cavidades pleurais, peritoneais,
secreções digestivas e conteúdo líquido do tubo digestivo.
o Perdas diárias normais giram em torno de 2L, sendo que as necessidades
diárias variam em relação à idade (metabolismo)
o Reposição das perdas: no pré operatório não há necessidade de reposição
de volume nos pacientes hemodinamicamente estáveis e sem alteração
metabólica. Quando houver necessidade de perdas, o calculo deve ser
baseado no quadro clínico e em exames laboratoriais. O conhecimento da
quantidade de alguns eletrólitos nos líquidos orgânicos é importante, pois
as reposições devem ser baseadas na composição e volume dos fluidos
perdidos
o Distúrbios de água e sódio: acontecem por diminuição ou excesso de
volume da água
▪ Isotonia: perda de sódio e água em condições equilibradas. O
volume e os componentes do líquido de reposição devem ser
equivalentes ao tipo de fluidos pérfidos. Em pequenas quantidades
administar soro fisiológico ou Ringer e deve-se colocar soro
glicosado na proporção de um terço nas grandes perdas. Se perdas
graves administrar também plasma ou soluções colóides
▪ Hipotonia: diminuição de sódio maior que a água ou por reposição de
líquido sem sódio excessiva. Há passagem da agua do extra para o
intra vascular e o rim procura eliminar o excesso de água. Se Na<
120mEq/L restringir soroglicosado, administrar cloreto de sódio.
Se a taxa de sódio aumentar e não houver diurese, deve-se
administrar diuréticos. Se Na> 120mEq/L administrar soro
fisiológico, observando a resposta diurética
▪ Hipertonia: ocorre pela diminuição da água do espaço extracelular,
saindo água do intra para o extra. O tratamento consiste na
reposição de soluçãoes isotônicas sem sódio para redução
progressiva da osmolaridade. Os casos com hiperglicemia
necessitam de administração de insulina, e nos casos de anúria está
indicada a hemodiálise. Deve-se atentar para os distúrbios acido
básicos e a possibilidade de ocorrência de hipopotassemia.
o Hipopotassemia
▪ Potássio sérico abaixo de 3,5mEq/L. A reposição pode ser feira
por VO ou via parenteral com SF com cloreto de potássio a 19,1%,
devendo-se observar a diurese. Se esta for acima de 0,5ml/kg
pode-se dar 20-40mEq de potássio por hora, procurando não
ultrapassar 150 mEq em 24h
o Hiperpotassemia
▪ Nível de potássio acima de 5, 5mEq /L. Quando existe acidose é
indicado a infusão endovenosa de bicarbonato de sódio, que corrige
a acidose e ajuda a abaixar o potássio. A infusão de glicose (250ml
a 50%) com insulina (50U EV gota a gota) também favorece a queda
de potássio. Se existe boa função renal administrar diuréticos, se
insuficiência renal encaminhar para a hemodiálise.
• AVALIAÇÃO DO SISTEMA ÁCIDOBÁSICO E RESPIRATÓRIO
SISTEMA ÁCIDO BÁSICO RESPIRATÓRIO
PARÂMETRO VALORES NORMAIS DE
SANGUE ARTERIAL REPERCUSSÃO CLÍNICA
Ph 7,35-7,45
Aumento é alcalose e a redução é acidose.
O valor normal pode indicar distúrbio
compensado
pCO2 35-45mmHg
Avalia ventilação e troca gasosa. Está
diminuído na hipervenrilação e aumentado
da hipo ou em dificuldade de troca na
membrana alveolar
pO2 60-300mmHg (90-100%
de saturação)
Avalia ventilação e trocas gasosas.
Evidencia hipóxia
Bicarbonato 21-27mEq/L Usados para caracterizar a
acidose/alcalose metabólica DB ou BE -3 a +3
o Alcalose metabólica
▪ Definição: Diminuição do gás carbônico como distúrbio primário,
aumento do pH.
▪ Causas: hiperventilação (ansiedade, febre, doenças cerebrais,
intoxicação
▪ QC: parestesias, tonturas, confusão mental, tetania, perda de
consciência, parada respiratória temporária, pCo2 diminuido e pH
aumentado, bicarbonato e DB normais ou diminuídos.
▪ Tto: A correção da hiperventilação de acordo com a etiologia ou
acrescentar CO2 na impossibilidade de outra medida
o Acidose respiratória
▪ Definição: Acúmulo de gás carbônico no sangue como uma alteração
primária, podendo ser compensada secundariamente por aumento
de bases, pode provocar arritmias e dificuldades na hematose por
gerar dificuldade na dissociação da hemoglobina.
▪ Causas: hipoventilação (depressão do centro respiratório,
alterações neuromusculares, assistência ventilatória inadequada),
doenças pulmonares crônicas
▪ QC: confusão, obnubilação, sudorese, taquicardia, arritmia,
cianose, dispneia, hiper ou hipotensão, pCO2 elevado, pH diminuído
bicarbonato e DB normais ou aumentados (compensação metabólica)
▪ Tto: promover hiperventilação de acordo com a etiologia e
enriquecer com oxigênio o gás de ventilação
o Acidose metabólica
▪ Definição: constitui-se como a alteração mais grave por atuar
intensamente na função cardíaca, hematose, e circulação (choque).
O mecanismo respiratório tende a compensar com hiperventilação.
A compensação renal é mais lenta absorvendo o bicarbonato
excretado abaixando o ph da urina e aumentando a excreção do íon
amônia;
▪ Causas: acúmulo de ácidos não voláteis, etados acidóticos,
diabéticos, urêmicos, lático, alcoolico, intoxicação, politransfusão
▪ QC: cansaço, confusão mental, coma, choque, dispneia, sudorese,
arritimias, cianose, pH baixo
▪ Tratamento: de acordo com a causa. Em casos de pH muito baixos (< 7,3) → cálculo
da deficiência de acordo com a formula: HCO3- = DB X peso (kg) X 0,3
▪ A dose calculada deve ser infundida lentamente pela metade, fazendo-se novas
reavaliações clínicas e laboratoriais para evitar altos níveis de pH.
o Alcalose metabólica
▪ Definição: Ganho de bases e/ou perda de ácido do líquido
extracelular. Mecanismo compensatório respiratório: retenção de
CO2. Compensação renal: eliminação de bicarbonato (que elimina
junto sódio e potássio).
▪ Causas: vômitos, sondagem gástrica, infusão excessiva de
bicarbonato, perda excessiva de potássio (diarreia, diuréticos,
corticoesteróides)
▪ QC: apatia, confusão mental, coma, tetania, arritmias por
hipopotassemia pH aumentado, pCo2 elevado, bicarbonato.
▪ TTo: Tratamento de alcalose hipoclorêmica (perda de suco
gástrico): administração de NaCl. Tratamento da alcalose +
hipopotassemia: solução de KCl 19,1%.
▪ Em casos graves é necessária a acidificação do organismo com sais
de cloro (cloreto de amônio, cloridrato de aminoácidos). Calculo:
mEq Cl – DB X peso (kg) X 0,3.
▪ No coma hepático é contraindicado o uso de cloreto de amônio,
devendo ser utilizado aminoácidos acidogênicos.
▪ Pode ser usado o HCl (0,1-0,2N), precisando ser infundido em veia
central.
o Condição pulmonar
▪ Pacientes com infecção respiratória aguda não deve ser submetido
a nenhum procedimento cirúrgico a não sem em casos de urgência.
O ideal é aguarda 1 semana após a reversão do quadro.
▪ Insuficiência respiratória crônica: determinar a capacidade vital e
volume respiratório forçado.
▪ Tabagistas (20-40 cigarros/dia) → bronquite crônica. É necessário
que o tabagismo seja suspenso por 2 semanas antes do ato cirúrgico.
▪ Profilaxia e tratamento da condição pulmonar: exercícios
fisioterápicos e respiratórios, mobilização de secreções, inalações,
abstenção do fumo, brocodilatadores e combate à infecção.
▪ Complicações:
• Avaliação da função renal
o Verificar a presença de insuficiência renal crônica (uremia) (aumenta o
risco operatório).
o Deve-se avaliar a função glomerular através da ureia e creatinina e a
função tubular pelo poder de concentração urinária.
o Ureia e creatinina só aumentam em casos de disfunção renal maior que
50%.
o Com função renal diminuída, mas depuração de creatinina > 50ml/min pode
haver boa tolerância às cirurgias de grande porte, desde que não haja
fatores agravantes.
o Tratamento da insuficiência renal no pré-operatório: controle de ingestão
e eliminação de água, dietas balanceadas e tratamento das alterações
eletrolíticas e metabólicas.
• Avaliação cardiovascular
o Investigação de rotina: história clínica, antecedentes pessoais e
familiares, exame físico geral e especial, exames complementares.
o Complicações possíveis: hipotensão arterial, crises hipeetensivas,
hemorragia cerebral, crises isquêmicas do miocárdio, IAM, embolia
pulmonar, insuficiência cardíaca, edema agudo de pulmão.
o Uso de anticoagulantes: pode causar uma perda excessiva sanguínea
(tempo de protrombina abaixo de 30% do valor normal). O anticoagulante
deve ser suspenso dois dias antes ou pode ser administrada vitamina K
para reestabelecer o valor normal.
o Pacientes com sopro → avaliação do cardiologista.
o Alterações principais encontradas no pré-operatório:
▪ Insuficiência cardíaca: verificar estado de compensação da
doença. Medidas clássicas de compensação: repouso, dieta
hipossódica, digitálicos, diuréticos, potássio e antiarrítmicos.
Devem ser classificadas em: não comprometida, levemente
comprometida, moderadamente comprometida, gravemente
comprometida (contraindicada operação).
▪ Angor pectoris: paciente com insuficiência coronária obstrutiva.
Diagnóstico clínico (só o clínico em pacientes que já infartaram) +
exames complementares (principalmente > 40 anos). Exames: ECG,
teste ergométrico (preferível). Categoriza a lesão em leve (não há
contraindicação), moderada e grave = cinecoronariografia em casos
de cirurgia de médio e grande porte. Na coronariografia: 60% de
obstrução → pode se submeter a cirurgias em geral; 60-80%:
cuidados; mais de 80%: contraindicado cirurgia.
▪ Arritmia e distúrbio de condução: desde que não associadas com
condições cardíacas moderada ou gravemente comprometidas não
são contraindicações de cirurgias.
▪ HAS: hipertensões leves e moderadas se controlam bem no pré-
operatório com repouso, dieta assódica, diuréticos. As hipertensões
graves podem necessitar de uso de nitroprussiato no per-
operatório para controle efetivo.
• Avaliação psicológica
o Contato direto de caráter amistoso, atitude de respeito, boa vontade,
paciência, e simpatia entre o cirurgião e o paciente determinam um estado
de confiança e otimismo para enfrentar a cirurgia.
o Prestar esclarecimentos, tranquilizar o paciente e familiares, apoio
emocional.
o Esse apoio diminui a necessidade de medicação sedativa e analgésica no
pré e pós-operatório, evitando alterações psíquicas, taquicardia e crises
hipertensivas, agitações motoras e insônia.
o Facilita a indução anestésica (diminui as alterações cardiovasculares). E
melhora a recuperação pós-anestésica.
TRANSOPERATÓRIO
DEFINIÇÃO: entre a indução anestésica e o término da intervenção cirúrgica
DIVISÃO
• Admissão do paciente na sala de operação
• Monitorização e venóclise → Monitor cardíaco, esfigmo esteto, manutenção do acesso
• Indução anestésica → Revisão das condições clínicas + anestesia
• Punções e sondagens → IOT, SNG, SVD, termômetro, canulação da orofaringe +
conecções do sistemas utilizados na ventilação e na anestesia
• Posicionamento e imobilização do paciente na mesa → indicada para cada tipo de
operação, imobilizar o paciente, isolar de partes metálicas, não tracionar raiz dos
membros, usar coxins.
• Preparo do campo operatório e equipe cirúrgica → escovação, paramentação, assepsia
e antissepsia
• Cirurgia propriamente dita
• Curativo → limpar a FO, antisséptico, curativo adequado para cada tipo de caso
• Término da anestesia → suspensão do agente anestésico, descurarização, descanulação
se indicada, limpeza das vias aéreas, observação do estado de consciência e as condições
ventilatórias e cardiovasculares do paciente.
• Remoção do paciente → sala de recuperação anestésica e CTI (manter ventilação)
ALTERAÇÕES DA HOMEOSTASE
• Fatores de interferência
o Doença do paciente
▪ Pode ter a doença que necessita operada + comorbidades
▪ Correção de desvios orgânicos
o Agentes anestésicos
▪ Alteração endócrina específica: atingimento direto da glândula pelo anestésico como
a estimulação da medula da suprarrenal pelo éter, a estimulação de hormônio
antidiurético pela morfina
▪ Alterações orgânicas específicas (fígado/coração)
▪ Alteração neurovegetativa → SNA
▪ Bloqueio neuromuscular → curare → deficiência na ventilação e no retorno venoso ao
coração
o Reposição hidroeletrolítica
o Hemorragia e transfusão de sangue
▪ Avaliar pesagem de gazes e compressas usadas e medição do volume de sangue
aspirado
▪ Hb>12 → queda do hematócrito aceitável até 35% se boas condições hemodinâmicas
▪ A transfusão pode trazer alterações metabólicas em função da quantidade e do tempo
de estocagem → microembolia, distúrbios de coagulação, acidose metabólica inicial
alcalose,
o Cirurgia propriamente dita
▪ Estado mórbido, anestesia, manipulação de tecidos orgânicos (intensidade e extensão
do trauma; lesões hemorrágicas, duração e complexidade)
▪ FO: perda local de de líquidos e sangue, estímulos neuroendócrinos, liberação de
produtos celulares
• ALTERAÇÕES ORGÂNICAS