UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS GRADUAÇÃO DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL
O SISTEMA CARCERÁRIO BRASILEIRO
Orientador
Prof. Francis Rajzman
RIO DE JANEIRO
2010
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS GRADUAÇÃO DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL
O SISTEMA CARCERÁRIO BRASILEIRO
Monografia apresentada ao Curso
de Pós Graduação em Direito
Penal e Processual Penal da
Universidade Candido Mendes
como requisito parcial à obtenção
do título de pôs graduado em
Direito Penal e Processual Penal.
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AGRADECIMENTOS
A todos aqueles que de
maneira direta ou indireta
colaboraram para a
elaboração do presente
trabalho, em especial aos
meus pais e familiares que
sempre estiveram ao meu
lado nos momentos mais
complexos da minha vida,
sempre incentivando os
meus sonhos.
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DEDICATÓRIA
Dedico o presente trabalho
primeiramente à Deus por
permitir que eu chegue até
aqui, a minha mãe Sueli
Cristina, que tanto me
incentivou para a confecção
desse trabalho. Também ao
meu pai, Luiz Horácio que
mais do que ninguém me
incentiva com meus estudos.
À Julia, minha amada irmã
pela alegria que traz à minha
vida.
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RESUMO
O presente trabalho busca mostrar a realidade vivida no sistema prisional
brasileiro, onde os sentenciados são mortos por seus próprios companheiros
de cela, bem como funcionários e familiares de detentos são transformados
em reféns dos criminosos. As regras estabelecidas em lei, nem sempre são
cumpridas em seu inteiro teor, e a aplicação penal nem sempre é imposta de
maneira adequada, pois é nítido que hoje em dia o preso é esquecido, onde a
corrupção dentro das cadeias e penitenciarias cresce de maneira. O presente
trabalho visa identificar as principais causas que impedem a aplicação correta
da Lei de Execução Penal, apresentando estratégias e sugestões dando
ênfase ao sistema prisional para a efetiva melhora do sistema carcerário
brasileiro. Após analise dos dados obtidos, verifica-se que 88 % dos detentos
poderiam estar inseridos no mercado de trabalho, onde 55% dos crimes
cometidos, estão no rol de crimes hediondos e 54% são reincidentes.
Infelizmente 60% dos apenados não estavam trabalhando no momento em que
vieram a cometer o crime, a alimentação e a superlotação são pontos que mais
preocupam, pois tais apenados não possuem o mínimo de dignidade humana,
dignidade esta, amparada pela nossa Carta Magna. Estamos nos habituando
num processo de caos, onde o que ocorre é a falência e desestruturação do
sistema carcerário. O descaso dos governantes, a falta de estrutura, a
inexistência de um trabalho para a recuperação do detento nos leva a crer que
não há que se falar em ressocialização do preso. .Assim é nosso sistema,
promessas e nada de recompensas. Esses resultados permitiram uma melhor
análise do problema, sendo nesta oportunidade enfocadas algumas
considerações.
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METODOLOGIA
Os procedimentos metodológicos adotados para a elaboração do
presente trabalho, consistiram em uma pesquisa bibliográfica, bem como
pesquisas em penitenciárias no estado do Rio de Janeiro, com abordagens
quantitativas após coleta de dados.
Foi realizado um breve resgate do surgimento das prisões, sua efetiva
utilidade, como pena propriamente dita e a verdadeira realidade do sistema
prisional brasileiro atualmente.
Foram analisadas as penas privativas de liberdade e sua efetiva
ressocialização, sendo abordado também o funcionamento da execução penal
sob a ótica dos detentos.
A função deste trabalho é mostrar a realidade vivida hoje, no sistema
prisional, onde a mídia publica matéria sobre rebeliões em presídios.
Condenados que são mortos por seus próprios companheiros de cela,
funcionários e familiares de detentos transformados em reféns.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
ORIGEM E EVOLUÇÃO DAS PRISÕES 9
CAPÍTULO II
ESTABELECIMENTOS PENAIS 15
CAPÍTULO III
A SEGURANÇA PÚBLICA E O SISTEMA PENITENCIÁRIO 23
CONCLUSÃO 28
ANEXOS 30
ÍNDICE 34
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INTRODUÇÃO
Considerando que a pena de prisão objetiva a proteção da sociedade
contra o crime, é importante ressaltar que esse objetivo só poderá ser
alcançado, se , durante o processo de reclusão, ao detento seja
proporcionadas condições dignas , para que este possa aprender que, após o
cumprimento de sua sanção, ao retornar à sociedade, possa exercer sua
cidadania e além de respeitar a lei e se manter financeira e psicologicamente,
adquirir capacidade para faze-lo.
A análise do presente trabalho far-se-à, primeiramente, num
levantamento histórico das prisões brasileiras, a permitir uma melhor
compreensão da sua evolução, bem como a influência de alguns
posicionamentos nos dias atuais.
O sistema penitenciário brasileiro é formado através de duas vertentes
que são a gestão penitenciaria, enquanto atividade meio, e a execução penal,
enquanto atividade fim. Nesse entendimento, questiona-se: o funcionamento da
execução penal, acontece de acordo com as normas na legislação em vigor,
ressocializando o preso condenado à pena privativa de liberdade?
O trabalho monográfico foi dividido em três capítulos. O primeiro irá
tratar a origem e a evolução das prisões, a questão das primeiras prisões e sua
organização.
O capítulo dois irá tratar dos estabelecimentos penais e suas
precariedades, e o capítulo três irá apresentar as conclusões e considerações
finais sobre todo o estudo empírico realizado
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CAPÍTULO I
ORIGEM E EVOLUÇÃO DAS PRISÕES
Por muitos anos imperou a idéia de que a prisão poderia o meio capaz
de realizar todas as finalidades da pena, ou seja, reabilitar o delinqüente.
Na antiguidade as prisões eram destinadas a animais. Não se
diferenciava os racionais dos irracionais. Os homens eram presos pelos pés,
mãos, pescoço. Eram amarrados, esquartejados, acorrentados. Cavernas
naturais ou não, túmulos, fossas, torres, tudo era servido para prender.
Prendia-se para não fugir ou para trabalhar.
A Antigüidade desconheceu totalmente a privação de liberdade,
estritamente considerada sanção penal. Mesmo havendo o encarceramento de
delinqüentes, este não tinha caráter de pena, e sim de preservar os réus até
seu julgamento ou execução. Recorria-se à pena de morte, às penas corporais
e às infamantes. Durante vários séculos a prisão serviu de contenção nas
civilizações mais antigas como no Egito.
Platão propunha o estabelecimento de três tipos de prisões: uma na
praça do mercado, que servia de custódia; outra na cidade, que servia de
correção, e uma terceira destinada ao suplício. A prisão para Platão, apontava
duas idéias: como pena e como custódia. Os lugares onde se mantinham os
acusados até a celebração do julgamento eram diversos, já que não existia
ainda uma arquitetura penitenciária própria. Utilizavam-se calabouços,
aposentos em ruínas ou castelos, torres, conventos abandonados, palácios e
outros edifícios. O Direito era exercido através da Lei do Talião, que ditava:
"olho por olho, dente por dente" tendo como base religiosa o Judaísmo.
Na Idade Média, as sanções estavam submetidas ao arbítrio dos
governantes, que as impunham em função do "status" social a que pertencia o
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réu. A amputação dos braços, a forca, a roda e a guilhotina constituem o
espetáculo favorito das multidões deste período histórico. Penas em que se
promovia o espetáculo e a dor. O condenado era arrastado, tendo seu ventre
aberto e as entranhas arrancadas às pressas para que tivesse tempo de vê-las
sendo lançadas ao fogo.
Nesta época também, surge a prisão do Estado, a qual todos os inimigos
do poder real ou senhorial, os que tivessem cometido traição e os adversários
políticos dos governantes, eram recolhidos à prisão. Com o grande crescimento
das cidades surgiram nesta época as casas de trabalho e as de correção,
destinadas a mendigos e vagabundos.
Já na Idade Moderna durante os séculos XVI e XVII a pobreza se abate
e estende-se por toda a Europa. Com o aumento da criminalidade, apesar do
emprego de pena de morte e pelas tensões sociais como: os distúrbios
religiosos, as guerras, as devastações de países, a extensão dos núcleos
urbanos, a crise das formas feudais e da economia agrícola, a queda de salário
entre outros, foi difundido o uso da pena de prisão.Diante de tanta
delinqüência, a pena de morte deixou de ser uma solução adequada. Na
metade do século XVI iniciou-se um movimento de grande transcendência no
desenvolvimento das penas privativas de liberdade, na criação e construção de
prisões organizadas para a correção dos apenados. O que as instituições
pretendiam era a reforma dos delinqüentes por meio do trabalho e da
disciplina.
1.1 Fases da Vingança Penal
Na chamada fase de vingança penal, após ser cometido um crime,
ocorria a reação da vítima, dos parentes e até do grupo social, que agiam sem
proporção à ofensa, vindo a ocorrer lutas perigosas, que atingiam não só o
agressor, como todo seu grupo, motivo pelo qual se tornou apenas uma
realidade sociológica, não uma instituição jurídica.
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Surge então a lei de talião, que limita a reação à ofensa a um mal
idêntico ao praticado. O direito de Talião aparece nas leis mais antigas, como o
Código de Hamurábi.
Logo após surge a composição, sistema pelo qual a ofensa era satisfeita
a partir de uma indenização em moeda, vestimentas, armas e etc. A
composição foi aceita pelo direito Germânico, sendo a origem da indenização
do direito Cível e da multa no direito Penal.
Com a influência da religião na vida das pessoas, a vingança
transformou-se em vingança divina, passando a pena a ser aplicada pelos
sacerdotes, que aplicavam penas severas, visando intimidar a população.
Tempos depois a vingança divina foi substituída pela vingança pública,
onde a pena de morte era uma sanção largamente difundida e executada
pelas formas mais cruéis, como fogueira, soterramento, enforcamento, etc,
visando sempre a intimidação do indivíduo.
1.2- Período Humanitário
O Iluminismo, a revolução Francesa e a Declaração dos Direitos dos
Homens, foram os responsáveis pela reforma da lei penal. Foi nesse momento
que o homem moderno tomou consciência do problema penal, sobretudo, os
do fundamento do direito de punir e da legitimidade das partes.
Os filósofos tiveram papel fundamental na reforma da lei penal, podendo
citar entre eles: Jean Jacques Rousseau, que, em seu Contrato Social,
delineava os fundamentos da liberdade e da igualdade dos cidadãos,
Montesquieu, responsável pela obra Espírito das Leis e Voltaire, que
reivindicava a reforma dos costumes jurídicos.
Durante essa época, surge o livro, dos delitos e das penas, de Cesare
Beccaria, onde este afirma que os crimes são prevenidos não pelo rigor dos
suplícios, mas sim pela certeza da punição. Outro principio utilizado pelo
filósofo é o da proporcionalidade das penas aos delitos, que é visto como a
verdadeira justiça.
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No entendimento de Beccaria, as leis serão redigidas com clareza para
que possam ser entendidas e obedecidas pelos cidadãos, entendendo que a
prisão preventiva só será possível diante de prova da existência do crime e da
autoria.
Entende ainda que a pena deve ser utilizada como profilaxia social, não
só para intimidar o cidadão, mas também para recuperar o delinqüente.
A obra de Beccaria, produziu resultados muitos positivos por ter muito
respeito aos direitos dos cidadãos pelo Estado.
1-3 Escolas Penais
As correntes filosóficas jurídicas proporcionaram o nascimento das
chamadas escolas penais, e diferenciaram uma das outras, dentre algumas
escolas duas tiveram grande destaque, sendo estas as escolas clássicas e as
positivas.
Tendo surgido no final do século XVIII, a escola Clássica se formou por
um conjunto de idéias, teorias políticas, filosóficas e jurídicas, sobre as
principais questões penais. Adotaram os ideais iluministas onde defendiam um
estado democrático liberal contra um estado absolutista, defendendo os direitos
individuais como a abolição das torturas e do processo criminal inquisitório.
Para a escola Clássica o crime não é um ente de fato, mas uma
entidade jurídica, não é uma ação, mas uma infração, a violação de direito.
Os principais conceitos fundamentais desta escola foram,
responsabilidade Penal, Crime, Pena.
O fundamento da responsabilidade penal é a responsabilidade que tem
por base o livre arbítrio, sendo a liberdade fundamental para todo o sistema
positivo.
Segundo a teoria, o inimputável por não ter livre arbítrio é penalmente
irresponsável, ficando alheio ao sistema penal.
O crime é uma entidade jurídica, produto da vontade livre do agente, é a
manifestação livre do sujeito.
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A pena é um mal justo que se contrapõe ao mal injusto, representado
pelo crime..
Como seguidores desta escola, temos o inglês Jeremias Benthan, o
alemão Anselmo Von Fewerbach, o italiano Gean Dominico Romagnosi,
contudo o maior expoente,, o mestre de Pisa Francesco Carrara. Benthan que
escreveu as teorias das Penas e Recompensas em 1818. Acreditava que a
pena seria tanto um mal individual como coletivo, entendia que a pena de
prisão como castigo era suficiente para o agressor, afastando a pena de morte.
Fewerbach é considerado o pai do direito Penal Moderno. Para ele
intimidar as pessoas a não cometer alguns crimes seria a coação psicológica
que a pena exerce e se essa coação psicológica não fosse suficiente, e mesmo
assim o individuo viesse a delinqüir, então o Estado exerceria a coação física
da pena em concreto.
Para Romagnosi, o direito penal é um direito de defesa contra ameaça
permanente do crime, a pena não é vingança, mas deve incutir temor no
criminoso para que não volte a delinqüir.
Já Francesco Carrara, considerado o maior expoente da escola clássica,
tratou de todos os assuntos do Direito Penal como entidade jurídica. Sua obra
mais importante dentre várias é Programa Del Corso Di Diritto Criminale e suas
idéias, até hoje servem de base para o conhecimento penal.
No final do século XIX, a idéia de um liberalismo intenso, no campo
político ou econômico, tornava-se insustentável. O capitalismo havia conduzido
as sociedades européias industrializadas e uma situação social e jurídica
verdadeiramente desumana.
No campo filosófico, passada a euforia do Iluminismo, na eficácia
absoluta do conhecimento racional vai cedendo lugar ao predomínio do
conhecimento experimental. Busca-se assim, com base na experiência e na
observação, uma explicação científica para todos os fenômenos da realidade
cósmica, inclusive para o crime, visto então como fenômeno humano e social.
É exatamente neste contexto que vamos encontrar as condições necessárias
ao surgimento das idéias constituidoras da Escola Positiva.
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Os que seguiram a Escola Positiva foram contra os pensamentos da
Escola Clássica, denominando de clássicos os juristas e adeptos do
absolutismo, influenciada pelos avanços científicos surgidos durante o séc.
XIX, como as teorias de Darwin e Lamarck, cujo nome era Jean Baptiste
Antoine de Monet, e principalmente pelo pai da sociologia, ramo do
conhecimento que foi batizado inicialmente de Física Social, Auguste Comte
Com o surgimento do período criminológico, novos rumos do Direito
Penal são traçados, com o estudo do delinqüente e a explicação causal do
crime, surgindo então a escola positiva que teve três fases.
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CAPÍTULO II
ESTABELECIMENTOS PENAIS
Historicamente, pode-se afirmar que, a execução das penas privativas
de liberdade, fez surgir três sistemas penitenciários:
O Sistema de Filadélfia ou Belga: muitos estudiosos dizem ter iniciado
em 1790, mas para outros em 1817, esse sistema foi adotado na penitenciaria
de Walnut Street Jail, na Pensilvânia, sendo adotado mais tarde pela Bélgica,
nesse sistema, o sentenciado permanecia em isolamento constante, sem
trabalho e sem visitas. Só era permitida a leitura da Bíblia para estimular o
arrependimento, o trabalho era proibido, para que a energia e todo o tempo do
preso fossem utilizados em serviços religiosos, acreditando-se que esta seria a
forma mais fácil de domínio sobre os criminosos.
Logo após, surgiu o sistema de Aurburn em 1818, nos Estados Unidos.
Inicialmente neste sistema, os presos podiam trabalhar em celas, passando
posteriormente a fazê-lo em grupo.
Neste sistema o silencio era imposto, o que na pratica não funcionou, o
isolamento foi abolido, e passou a ser obrigatório o trabalho durante o dia, e o
isolamento noturno para evitar corrupção moral dos costumes.
A forma de comunicação era feita através de gestos com as mãos
formando através de sinais um alfabeto, batidas na parede ou canos d’água, o
que existe ate hoje nas prisões originada pela regra do silêncio.
Em seguida surgiu o sistema Inglês ou Progressivo, que tinha o intuito
de combinar regimes, surgindo o sistema progressivo, onde partia-se do mais
severo ao mais suave. Este sistema teria surgido na Espanha e na Inglaterra
no século XIX. Sua primeira aplicação foi em 1840, na colônia penal de Norfolk,
mudando a vida dos presos que vieram da Inglaterra em condições
deploráveis.
Compara-se com o sistema utilizado no Brasil, em 1854, houve
aperfeiçoamento do sistema, que dividia a pena do sentenciado em estagio. A
primeiro durava nove meses de isolamento, posteriormente o preso era
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enviado a obras publicas para execução de serviços, no terceiro estagio, o
preso era liberado, para o trabalho em colônias agrícolas, sem vigilância e
supervisão, caso houvesse bom comportamento, ganhava-se a liberdade
condicional, mas podendo haver revogação pelo mau comportamento.
A Lei de Execução Penal, traz em seu art. 82, a diferença dos
estabelecimentos penais. Os estabelecimentos penais, são todos aqueles
utilizados pela justiça, na finalidade de alojar presos, quer sejam provisórios ou
condenados, ou ainda os submetidos às medidas de segurança.
Nesta diferenciação, os presos são recolhidos em penitenciárias,
cadeias públicas, cadeiões, casas de detenção e até mesmo em delegacias de
policia., a Lei de execuções Penais, estabelece a identificação conforme o
delito cometido, ao qual o preso deverá ser encaminhado. O primeiro passo a
se cumprir, é o sujeito preso, ser encaminhado à delegacia de policia para
registro e logo após sua detenção inicial. Caso este não seja libertado em certo
tempo, pela justiça, este deverá ser encaminhado para cadeia ou casa de
detenção e sendo condenado, sua transferência deverá ser para o
estabelecimento adequado ao tipo da pena. Os estabelecimentos penais, estão
elencados nos artigos. 87 a 104 da Lei de Execução Penal conforme elencados
abaixo :
Penitenciarias, que são estabelecimentos fechados, geralmente para
condenados e também de segurança máxima; já as colônias agrícolas e
industriais geralmente acolhem os detentos em regime semi-aberto; e as
casas do Albergado, acolhem os detentos em regime aberto.
Há também o Hospital de Custodia e Tratamento Psiquiátrico que
destina-se a inimputáveis e semi-imputáveis, que dependem de tratamento de
substancias químicas;
Já a cadeia Publica, serve para a custodia do preso provisório e para
cumprimento de pena breve. Embora todos os estabelecimentos estejam
mencionados em lei, para que o condenado ou o agente do delito possa
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cumprir de maneira adequada a pena que o estado lhe impõe, no Brasil a
realidade não é bem assim.
A infra-estrutura dos estabelecimentos penais geralmente não se
adequam, ao sistema, em alguns estados nem sequer existe casa do
albergado, onde o detento deveria passar seu dia livre e retornar somente no
final do dia para o estabelecimento. Colônias agrícola e industriais também é
uma escassez, e a população cresce a cada dia, fazendo com que presos
condenados se misture com presos provisórios.
Segundo o Departamento Penitenciário Nacional foi inaugurado no
Brasil no dia 23 de junho de 2006 o primeiro presídio federal. Situa-se na
cidade de Catanduvas. As penitenciárias federais abrigam criminosos de alta
periculosidade, que comprometam a segurança do presídio ou possam ser
vítimas de atentados dentro de presídios. O objetivo do governo é, ao mesmo
tempo, garantir um isolamento maior dos chefes do crime organizado e aliviar a
tensão no sistema carcerário estadual, livres dos indivíduos mais perigosos, o
poder local poderá dar maior atenção à recuperação do restante da população
carcerária, bem como da reinserção social do preso depois do cumprimento da
pena.
2.1) Precariedade dos estabelecimentos penais
brasileiros.
Sabemos que o sistema carcerário no Brasil está falido, a precariedade
e as condições subumanas que os detentos vivem hoje, é de muita violência.
Os presídios se tornaram depósitos humanos, onde a superlotação acarreta
violência sexual entre presos, faz com que doenças graves se proliferem, as
drogas cada vez mais são apreendidas dentro dos presídios, e o mais forte,
subordina o mais fraco. Não é novidade para ninguém que a superlotação das
celas, sua precariedade e sua insalubridade tornam as prisões um ambiente
propício à proliferação de epidemias e ao contágio de doenças. Todos esses
fatores estruturais aliados ainda à má alimentação dos presos, seu
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sedentarismo, o uso de drogas, a falta de higiene, fazem com que um preso
que entrou lá numa condição sadia, saia de lá sem ser acometido de uma
doença ou com sua resistência física e saúde fragilizadas.
Os presos adquirem as mais variadas doenças no interior das prisões,
as mais comuns são as doenças do aparelho respiratório, como a tuberculose
e a pneumonia, também é alto o índice da hepatite e de doenças venéreas em
geral, a AIDS por excelência. Conforme pesquisas realizadas nas prisões,
estima-se que aproximadamente 20% dos presos brasileiros sejam portadores
do HIV, principalmente em decorrência do homossexualismo, da violência
sexual praticada por parte dos outros presos e do uso de drogas injetáveis.
Além dessas doenças, há um grande número de presos portadores de
distúrbios mentais, de câncer, hanseníase e com deficiências físicas
(paralíticos e semi-paralíticos). Quanto à saúde dentária, o tratamento
odontológico na prisão resume-se à extração de dentes. Não há tratamento
médico-hospitalar dentro da maioria das prisões. Para serem removidos para
os hospitais os presos dependem de escolta da Polícia Militar, a qual na
maioria das vezes é demorada, pois depende de disponibilidade.
Quando o preso doente é levado para ser atendido, há ainda o risco de
não haver mais uma vaga disponível para o seu atendimento, em razão da
igual precariedade do nosso sistema público de saúde.
O que acaba ocorrendo é uma dupla penalização na pessoa do
condenado, sendo a pena de prisão propriamente dita e o lamentável estado
de saúde que ele adquire durante a sua permanência no cárcere, também pode
ser constatado o descumprimento dos dispositivos da Lei de Execução Penal, a
qual prevê no inciso VII do artigo 40 o direito à saúde por parte do preso, como
uma obrigação do Estado.
Outro descumprimento do disposto da Lei de Execução Penal, no que se
refere à saúde do preso, é quanto ao cumprimento da pena em regime
domiciliar pelo preso sentenciado e acometido de grave enfermidade . Nessa
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hipótese, tornar-se-á desnecessária a manutenção do preso enfermo em
estabelecimento prisional, não apenas pelo descumprimento do dispositivo
legal, mas também pelo fato de que a pena teria perdido aí o seu caráter
retributivo, haja vista que ela não poderia retribuir ao condenado a pena de
morrer dentro da prisão.
Dessa forma, a manutenção do encarceramento de um preso com um
estado deplorável de saúde estaria fazendo com que a pena não apenas
perdesse o seu caráter ressocializador, mas também estaria sendo
descumprindo um princípio geral do direito, consagrado pelo artigo 5º da Lei de
Introdução ao Código Civil, o qual também é aplicável subsidiariamente à
esfera criminal, e por via de conseqüência, à execução penal, que em seu texto
dispõe que na aplicação da lei o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se
dirige e às exigências do bem comum.
Aprovada pela Assembléia Geral das Nações Unidas em 10 de
dezembro de 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, em cujo
preâmbulo está escrito que devemos todos, indivíduos e comunidades, nos
empenhar para que os direitos nela inscritos se tornem uma realidade,
mediante a adoção de medidas progressivas de caráter nacional e
internacional, na qual prevê, que o réu deve ser tratado como pessoa humana.
E para reforçar ainda mais a Declaração dos Direitos Humanos, a Lei
n. 7.210, de 11 de julho de 1984, Lei de Execuções Penais, estabelece em seu
art 1º:
Art. 1º A execução penal tem por objetivo efetivar
as disposições de sentença ou decisão criminal
e proporcionar condições para a harmônica
integração social do condenado e do internado.
Um indivíduo que cometeu um crime deve ser julgado segundo o
devido processo legal e, se condenado, sujeito a um sistema que objetive sua
ressocialização. Quem conhece a realidade das prisões brasileiras há de
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concluir que o que está acontecendo se deve à corrupção e à violência que ali
convivem.
Na verdade, para adquirir-mos um mínimo de segurança, precisamos
investir naquilo em que nunca se investiu com seriedade: a reforma dos
aparelhos judiciais e, como conseqüência, no próprio sistema penal.
Como conseqüências e frutos de políticas sociais injustas, o poder
público priva a maioria da população brasileira do alcance aos meios mínimos
de sobrevivência como educação, saúde e moradia, elevando cada vez mais
as diferenças sociais e os índices de criminalidade.
A pena deve ser usada como profilaxia social, não só para intimidar o
cidadão, mas também para recuperar o delinqüente.
As penas nos moldes que estão sendo aplicadas, no atual sistema
prisional brasileiro, longe está de ser ressocializadora. Busca-se dar uma
satisfação a sociedade que se sente desprotegida, assim sendo, apresenta-se
apenas a finalidade retributiva. Não busca ela a recuperação do delinqüente ,
não busca reintegra-lo na sociedade.
Dentre os graves problemas que isso acarreta, gera um falso
entendimento que com penas mais severas pode-se coibir os delinqüentes.
Engana-se os que assim pensam, pois o crime é reflexo de muitas outras
causas.
Não é usurpando os direitos dos presos que se atingirá os objetivos
previstos nas sanções aplicadas aos mesmos, os seus direitos como os
deveres estão claros, como nos mostra o Decreto - Lei N.º 2.848, de 7 de
dezembro de 1940.
Art.38. O preso conserva todos os direitos
não atingidos pela perda da liberdade,
impondo-se a todas as autoridades o
respeito à sua integridade física e moral.
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Talvez uma das soluções para um melhor resultado das sanções
aplicadas seria colocar em prática o que já está previsto em lei, o trabalho dos
detentos nos sistemas prisionais, conforme estabelece a Lei N.º 7.210, DE 11
de julho de 1984, a lei de Execuções Penais.
Art.28. O trabalho do condenado , como
dever social e condição de dignidade
humana, terá finalidade educativa e
produtiva.
Art. 126. O condenado que cumpre a pena
em regime fechado ou semi-aberto poderá
remir, pelo trabalho, parte do tempo de
execução da pena.
Art. 128. O tempo remido será computado
para a concessão de livramento condicional
e induto.
As prisões deves ser reformuladas com a criação de oficinas de
trabalho, para que os presos possam desenvolver uma atividade profissional,
dando oportunidade para que o condenado possa efetivamente ser recuperado
para a vida em sociedade.
Outra alternativa para as superlotações e a redução dos custos do
sistema penitenciário, seria as penas alternativas. As penas alternativas são
destinadas aos criminosos não perigosos e às infrações de menor gravidade,
visando substituir as penas detentivas de curta duração. Elas podem substituir
as penas privativas de liberdade quando a pena imposta na sentença
condenatória por crime doloso não for superior a 4 anos. Tratando-se de crime
culposo a substituição é admissível qualquer que seja a pena aplicada.
Entretanto, o crime cometido com violência e grave ameaça não é passível de
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CAPÍTULO III
A SEGURANÇA PÚBLICA E O SISTEMA
PENITENCIÁRIO
È interessante a compreensão dos mecanismos que movem o Sistema
Penitenciário como ferramenta de punição que pretende a reeducação dos
presos para a posterior devolução à sociedade. É importante e necessário o
engajamento da sociedade civil organizada e das lideranças comunitárias na
luta em prol da criação e desenvolvimento de políticas penitenciárias efetivas,
no sentido de tornar a pena privativa de liberdade digna.
Fazendo uma breve análise a respeito da pena privativa de liberdade, observa-
se uma evolução na concepção da necessidade de apartamento do indivíduo
delituoso. Visitando um período remoto da história do penitenciarismo,
verificamos que, inicialmente, tal apartamento tinha a única e exclusiva função
de punição deste indivíduo. Deste modo, ele era retirado do convívio social a
fim de que não desfrutasse das comodidades que a vida em comunidade
proporcionava para que, separado dos seus e carente dessas comodidades,
verificasse, a partir da penitencia, a necessidade de adequar-se as normas
sociais vigentes, adaptando-se, assim, através do medo e do sofrimento, ao
convívio social do qual foi separado, contemporaneamente, observa-se uma
inversão na compreensão da pena privativa de liberdade.
A progressiva desigualdade social imposta pela organização da
sociedade em classes sociais diferentes, aliada a exclusão do acesso as
mínimas condições de dignidade de manutenção da própria vida para uma
grande massa populacional, fez com que considerável parcela dos teóricos e
militantes do penitenciarismo nacional, após constatação irrefutável de que a
maioria dos encarcerados brasileiros é composta por integrantes dessa massa
de excluídos, chegasse a conclusão de que não mais havia eficácia na política
de apartamento do delinqüente, afastando-o das comodidades promovidas pela
vida no convívio social, uma vez que este já não tinha acesso a estas mesmas
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comodidades.
Se a pena privativa de liberdade não deve ser mais aplicada visando apenas a
sua característica punitiva, com efeito, não pode esta, sob nenhuma hipótese,
servir, mesmo que de forma subliminar, de recompensa, ou ainda, de
compensação ao delinqüente por uma realidade social adversa e injusta que
atinge não só a ele, mas, a todos os trabalhadores em geral .
Para uma melhor compreensão das necessidades de que carecem a
administração penitenciária, é necessário conceituar alguns termos, como o de
segurança pressuposta.
Ao referir-se ao termo segurança , estamos atento apenas ao aspecto
deste conceito que se refere ao estado, qualidade ou condição de seguro no
que se compreenda seguro como livre de risco, protegido, acautelado,
garantido. Mas é necessário entender que o conceito de segurança esta
intrinsecamente relacionado a esfera de percepções. Não existe, de fato, um
estado de segurança total e sim, estados graduais de percepção de segurança,
nos quais o indivíduo sente-se mais ou menos seguro, e para os quais se
estabelece uma percepção de maior ou menor vulnerabilidade. Deste modo,
esta percepção é variável de acordo com diversos fatores, tanto subjetivos
quanto objetivos, na verdade, a sociedade necessita da concepção de
segurança para poder conservar as relações sociais mantidas atualmente e
que, são estas que mantém a sociedade, a satisfação desta necessidade em
conjunto com a manutenção de algumas outras estabilidades como políticas,
econômicas e sociais, formam um sistema complexo, o qual costuma-se
denominar de normal ou seja, que tudo esteja acontecendo conforme as
normas preestabelecidas. A sociedade sempre esta organizada a partir da
padronização de suas relações internas e externas e, por mais revolucionárias
que sejam as mudanças a serem impostas à sociedade, estas só se fazem
possíveis depois de assimiladas pela maioria de seus indivíduos, os quais
codificam aquelas mudanças em normas.
Deste modo o conceito de segurança esta elencado na relação do
campo das percepções e o Estado tem um papel determinante na realização
25
dos aspectos objetivos desta percepção. Cabe ao Estado proporcionar, através
de investimentos, legislações, técnicas e tecnologias, um ambiente público que
reproduza ao máximo os aspectos físicos e psicológicos que induzam os
indivíduos a perceberem-se seguros.
Assim, cabe ao Estado promover intensamente a manutenção destes
aspectos objetivos, bem como ampliá-los, pois, a percepção de segurança por
parte dos indivíduos é uma condição essencial para a manutenção do convívio
social.
O caos que se instalou no Sistema Penitenciário nacional deve-se,
principalmente, ao fato de que tem sido uma regra a ausência de consulta aos
profissionais da área quando da elaboração de políticas públicas direcionadas
a este setor. Há sempre estudiosos do tema, tecnocratas ou mesmos
burocratas, os quais, geralmente em situações de crise se arvoram como
autoridades no assunto e tentam implementar soluções, geralmente inócuas ou
efetivas apenas em salva guardar interesses próprios ou de grupos aos quais
servem politicamente de forma escusa, perpetuando, desta forma, a tão
propalada ineficiência do sistema. Agindo assim, toda e qualquer política
implementada que venha a alcançar algum sucesso, transforma-se
rapidamente em mérito destes administradores. Fatalmente, se tal política não
alcança o sucesso previsto, imediatamente atribui-se o fracasso aos Servidores
Penitenciários, mais especificamente ao Agente Penitenciário.
Aliado a isto, significativa parcela dos militantes dos Direitos Humanos, a qual
sofreu com a barbárie dos aparelhos repressores da ditadura militar, propagou
a compreensão de que o aparelho de segurança penitenciária seria, devido a
sua presumível truculência, obstáculo para qualquer técnica de ressocialização,
porventura aplicada em unidades penais. Daí o mais apropriado seria
enfraquecer o Agente Penitenciário o quanto fosse possível e, a partir disso,
transformá-lo, bem como a sua natureza, promovendo, deste modo, a falência
da figura do policial penitenciário e o surgimento, em seu lugar, da figura do
agente de ressocialização.
26
Estes fatos, somados a ausência de investimentos governamentais que visem
promover a valorização da execução dos serviços de segurança penitenciária,
repercutem no abandono de importantes segmentos da própria categoria
perante a tarefa de reconstrução de uma teoria própria e legítima que venha a
refletir-se numa política pertinente para o setor, ou seja, o Agente Penitenciário
esta, equivocadamente, associado ao carrasco medieval, de modo que,
encontramos diversas autoridades públicas e estudiosos sobre o tema
reproduzindo, voluntária ou involuntariamente, este mesmo preconceito a
respeito do Agente Penitenciário.
Tal fenômeno, acrescidos de outros fatores como baixos salários e
cargas horárias de trabalho aviltantes e inconstitucionais, por exemplo,
funcionam, na prática, como desestimuladores, da mesma forma como a
sociedade precisa da percepção de segurança como um dos pilares
fundamentais do seu sistema de normalidade, esta percepção faz-se
necessária também no interior das penitenciárias e, naqueles locais, mais uma
vez, cabe ao Estado o papel de criar e manter as condições objetivas para que
o conjunto de indivíduos que integram as atividades efetuadas na rotina
prisional percebam-se seguros.
Desta maneira, o aparelho de segurança penitenciária deveria ser o
principal instrumento pelo qual o Estado promoveria os fatores indutivos a
referida percepção. De fato, o papel do aparelho de segurança penitenciária e,
por conseguinte, dos Agentes Penitenciários que o integram, no que tange a
execução de suas atividades no interior das unidades penais, é o de promover
o policiamento preventivo e investigativo e, com isso, concorrer para produção
de um ambiente propício para que se estabeleça a percepção de segurança, a
fim de que os demais profissionais possam ter condições para aplicarem, cada
qual, a sua técnica específica que, de maneira integrada, possibilitarão a
ressocialização.
O fato dos Agentes Penitenciários serem os únicos profissionais que trabalham
exclusivamente com a questão penitenciária, uma vez que médicos,
27
advogados, psicólogos, assistentes sociais, professores, enfermeiros e tantos
outros não tem o seu objeto de trabalho restrito aquele setor, fez com que
muitos associassem aos Agentes a finalidade do próprio sistema penitenciário,
o que,, não foi de modo algum ruim para os governos estaduais, uma vez que,
quando da evidente falência de seus sistemas prisionais, os culpados já
estavam previamente selecionados.
Existe, enfim, regra que normatiza as atividades de segurança, a qual postula
que esta deve ser composta sempre perante a preservação do trinômio: grande
quantidade de Agentes, alta qualidade na formação e na atualização
profissional destes e alta qualidade dos recursos tecnológicos utilizados.
Ao abandonar qualquer um destes elementos, o Estado estará
renunciando a possibilidade concreta de promover um serviço de segurança
eficiente e, com isso, negligenciando a sua tarefa de produzir os fatores
necessários para a promoção da percepção de segurança, dentro ou fora das
unidades penais, indistintamente.
Ressalto ainda que as atividades de segurança penitenciária estão
intrinsecamente relacionadas com a promoção da defesa da vida e da
integridade física, não apenas dos presos, mas, de todos os que se relacionem
direta ou indiretamente com as rotinas carcerárias que se desenvolvem, não
apenas no interior das unidades penais mas, em diversos outros locais,
públicos ou privados, nos quais se executem atividades de interesse direto ou
indireto do preso, ou mesmo do próprio Sistema Penitenciário. Por conta da
referida dualidade e do caráter da promoção de defesa da vida e da integridade
física que se repercute dela, os serviços de segurança penitenciária e, por
conseguinte, o próprio Sistema Penitenciário, é de administração e execução
exclusivamente estatal, sendo inaceitável sua responsabilidade por parte de
pessoas ou empresas de direito
28
CONCLUSÃO
No presente trabalho foi estudado a realidade da execução da pena
privativa de liberdade no sistema carcerário brasileiro, sendo revelado a
existência de vários problemas que afetam a dignidade do apenado, tornando
ineficaz sua reabilitação.
Através de pesquisas foi buscado resposta para tal problemática, no
tocante a até que ponto o funcionamento do sistema prisional ocorre de acordo
com as normas estabelecidas na legislação em vigor, viabilizando o processo
de ressocialização do preso.
Com breves análises, ficou demonstrado a existência de deficiência no
processo de ressocialização do homem que cumpre sua pena privativa de
liberdade., onde as assistências médico-odontológicas são precárias
necessitando de uma reformulação no atendimento aos apenados, bem como
as superlotações carcerárias que dificultam a individualização da pena.
Importante mencionar que a revista dos presos, realizada de forma
tradicional, causa transtornos administrativos e de segurança, em função do
reduzido número de agentes penitenciários, onde também as atividades
laborativas não atendem a maioria dos presos.
O questionamento quanto a efetividade do Sistema penitenciário reside
no fato de que o criminoso, após preso, julgado e condenado, passa anos sob
a custódia do Estado, consumindo verbas que poderiam estar sendo investidas
em obras para melhorar a saúde, a educação e até mesmo a segurança das
comunidades.
Após cumprida sua sentença o mesmo retorna ao seio da sociedade
que o condenou, em não havendo compreensão e assimilação da necessidade
de respeito as leis por parte do preso egresso, fatalmente incorrerá este na
29
reincidência criminal, vindo a atentar contra a vida e o patrimônio dos cidadãos
das comunidades, comunidades estas ingênuas por não deterem a
compreensão da necessidade da exigência, por parte das suas lideranças, de
ações concretas do Estado no sentido de criar e implementar políticas
penitenciárias efetivas no sentido de incutir no criminoso o respeito as leis da
sociedade.
Em assim sendo, conclui-se que é muito tempo e muito dinheiro
investidos para que as coisas só piorem, ninguém se atreve a contestar o fato
de que, tanto a reincidência, quanto os índices de criminalidade estão
aumentando assustadoramente, sendo isso a prova cabal de que as políticas
penitenciárias atualmente implementadas não são efetivas e somente serão
efetivas quando emanarem do Agente Penitenciário, o único profissional que
tem comprometimento exclusivo com o universo penitenciário e, portanto, o
detentor da práxis necessária para a resolução dos problemas.
31
ANEXO 1
INTERNET
www.google.com.br
www.uj.com.br/publicacoes/doutrinas/5877/Privatizacao_do_Sistema_Pri
sional
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=1010
http://www.cnj.jus.br/index.php?option=com_content&view=article&id=88
13&Itemid=1046
32
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ALBERGARIA, Jason. Das penas e da Execução Penal. 2ª ed. rev. e atual.
Belo Horizonte: Del Rey, 1995.
BECCARIA, Cesare. Dos Delitos e das Penas. 2ª ed. rev. e atual. São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 1997.
Código Universitário Saraiva. São Paulo: Saraiva, 2009
FOLCAULT, Michel. Vigiar e Punir. 28 ed. Petrópolis.: Vozes, 2006
GALVÃO, Fernando. Aplicação da Pena. Belo Horizonte: Del Rey, 2008
HERKENHOFF, João Baptista. Direitos Humanos: a construção universal de
uma utopia. Aparecida: Santuário, 1997.
MIRABETTI, Julio Fabbrini. Manual de Direito Penal. 18 ed. São Paulo. Atlas,
2008
MUAKAD, Irene Batista. Pena Privativa de Liberdade. São Paulo: Atlas, 2007.
OTTOBONI, Mário. Ninguém é irrecuperável. 2º ed. ver. e atual. São Paulo:
Cidade Nova, 2001.
OTTOBONI, Mário. Vamos matar o criminoso?. 2º ed. São Paulo: Paulinias,
2001.
RODRIGUES, Alan. Sob o domínio do crime. Revista ISTO É, São Paulo, nº
1909 24 de junho de 2008.
33
CÓDIGO PENAL COMENTADO. São Paulo: Saraiva.
COELHO, Walter. Teoria Geral do Crime. Porto Alegre: Sergio Fabris e Escola
Superior do MP do RJ, 2008.
COSTA JR., Paulo José da. Direito Penal: Curso Completo. São Paulo:
Saraiva.
DELMANTO, Celso. Código penal comentado. São Paulo: Renovar.
JESUS, Damásio Evangelista. Direito penal. V. 1. São Paulo: Saraiva.
ALBERGARIA, Jason. Manual de Direito Penitenciário, São Paulo, Ed. Aide.
CARNELUTTI, Francesco. As Misérias do Processo Penal, Itália, Ed. Conam.
Tradução em 1957.
CATÃO, Yolanda; FRAGOSO, Heleno; SUSSEKIND, Elizabeth, Direito dos
Presos, Ed. Forense.
HERKENHOFF, B. João. Crime Tratamento Sem Prisão, Porto Alegre, 2008,
Ed. Livraria do Advogado, Edição 4ª.
NETO, M. Zahidé. Direito Penal e Estrutura Social, São Paulo, Ed. Da
Universidade de São Paulo - SP. Edição Saraiva.
PASTORE, Alfonso Pe.O Iníquo Sistema Carcerário, São Paulo, 1999, Edições
Loiola.
REVISTA VEJA, 23 de Outubro de 2008, Paulo Tonet Camargo
34
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
ORIGEM E EVOLUÇÃO DAS PRISÕES 9
1.1 – Fase da Vingança Penal 10
1.2 – Período Humanitário 11
1-3- Escolas Penais 12
CAPÍTULO II
ESTABELECIMENTOS PENAIS 15
2-1- Precariedade dos estabelecimentos penais brasileiros 17
CAPÍTULO III
A SEGURANÇA PÚBLICA E O SISTEMA PENITENCIÁRIO 23
CONCLUSÃO 28
ANEXOS 30
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 32
ÍNDICE 34