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A Literatura nas Normativas Governamentais Andressa Savoldi

A literatura nas normativas governamentais: LDB, Parâmetros, Orientações e Diretrizes Curriculares

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*A LDB fala sobre o ideal de educação, daí todas as outras normativas (inclusive as Diretrizes) vão tentar fazer com que o currículo escolar atenda esse ideal. *Nas Diretrizes o foco é a Língua Portuguesa, a Literatura entra como subitem do item Práticas Discursiva de Leitura. *Nos Parâmetros, introduz-se a linguagem, depois parte para as competências das quais nenhum fala explicitamente sobre a Literatura, mas está implícito e vai citar a Literatura como integrada à área de leitura (semelhante às Diretrizes). *As Orientações são mais detalhadas, vão falar mais especificamente sobre a Literatura, principalmente a razão de ela existir no EM, e critica a falta de autonomia e especificidade que lhe são devida.

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A Literatura nas Normativas Governamentais

Andressa Savoldi

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LDB

• No art 1, inciso 2, diz que a educação escolar deve estar vinculadaao mundo do trabalho e à pratica social. No art 2, de formasemelhante, dirá que a finalidade da educação é o plenodesenvolvimento do educando, sua preparação para o exercício dacidadania e sua qualificação para o trabalho.

• O trabalho é sempre lembrado porque vivemos em sociedade edevemos trabalhar para viver.

• No art 22, a educação básica tem por finalidades “desenvolver oeducando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para oexercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir notrabalho e em estudos posteriores."

• No art 26, inciso 1, citará a obrigatoriedade da língua portuguesanos currículos e, no inciso 2, o ensino da arte como componentecurricular obrigatório nos diversos níveis da educação básica, deforma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos.”

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• No art 26-A, inciso 2, diz que "os conteúdos referentes à história ecultura afro-brasileira e dos povos indígenas brasileiros serãoministrados” especialmente na área de literatura, junto comeducação artística e história brasileira.

• No art 36, que fala sobre as diretrizes que o currículo do ensinomédio deve observar, no inciso 1, é diretriz destacar "a educaçãotecnológica, a compreensão do significado de ciência, das letras edas artes; o processo histórico de transformação da sociedade e dacultura; a língua portuguesa como instrumento de comunicação,acesso ao conhecimento e exercício da cidadania.”

• Cita ainda, apud 1, inciso 2, que o educando deve demonstrarconhecimento das formas contemporâneas de linguagem – osconteúdos, as metodologias e as formas de avaliação dever serorganizados de tal forma que ao final do ensino médio esse ocorra.

• Lembrando que, o ensino fundamental, como fala no art 32, inciso1, tem por objetivo a formação básica do cidadão mediante “odesenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meiosbásicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo.”

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DIRETRIZES CURRICULARES DA EDUCAÇÃO BÁSICA – Língua Portuguesa • A literatura está inserida dentro da prática discursiva de

Leitura; no capítulo 2 vai falar sobre os fundamentosteórico-metodológicos e, depois, no capítulo 4, sobre osencaminhamentos metodológicos da prática de leitura(item 4.3) cuja literatura entra no subitem 4.3.1.

• Tendo em vista a concepção linguagem como discurso quese efetiva nas diferentes práticas sociais, o processo deensino-aprendizagem na disciplina de língua, busca entreoutras: aprofundar, por meio da leitura de textos literários,a capacidade de pensamento crítico e a sensibilidadeestética, permitindo a expansão lúdica da oralidade, daleitura e da escrita.

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• LITERATURA – A literatura, como produção humana,está intrinsecamente ligada à vida social. Ela é vista,segundo Candido, como arte que transforma/humanizao homem e a sociedade. O autor atribui à literaturatrês funções:

• 1) a psicológica (que permite ao homem a fuga darealidade, mergulhando num mundo de fantasias, oque lhe possibilita momentos de reflexão, identificaçãoe catarse);

• 2) a formadora (pois a literatura por si só faz parte daformação do sujeito, atuando como instrumento deeducação, ao retratar realidades não reveladas pelaideologia dominante);

• 3) a social (que é a forma como a literatura retrata osdiversos segmentos da sociedade, é a representaçãosocial e humana).

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• De acordo com Eagleton, é difícil definir literatura,uma vez que depende da maneira como cada umatribui significado a uma obra literária, visto que estase concretiza na recepção; pois sem a participaçãoativa do leitor não haveria obra literária.

• Sob esse enfoque, sugere-se nestas Diretrizes, que oensino da literatura seja pensado a partir dospressupostos teóricos da Estética da Recepção e daTeoria do Efeito. A escola deve trabalhar a literaturaem sua dimensão estética. Trata-se da relação entre oleitor e a obra, e nela a representação de mundo doautor que se confronta com a representação de mundodo leitor, no ato ao mesmo tempo solitário e dialógicoda leitura.

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• As sete teses da Estética da Recepção de Hans RobertJauss:

• 1) O leitor dialoga com a obra atualizando-a no ato daleitura;

• 2) O leitor reage de forma individual diante da leituradevido seu saber prévio influenciado por um contextosocial;

• 3) O horizonte das expectativas – é possível medir ocaráter artístico de uma obra literária tendo comoreferência o modo e o grau como foi recebida pelopúblico nas diferentes épocas em que foi lida (distânciaestética: é o afastamento ou não-coincidência entre ohorizonte de expectativas pré-existentes do público e ohorizonte de expectativa suscitado por uma novaobra);

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• 4) Para o leitor, a obra constitui-se respostaspara os seus questionamentos (relação dialógicado texto);

• 5) Enfoque diacrônico – o contexto em que aobra foi produzida e a maneira como ela foirecebida e (re)produzida em diferentesmomentos históricos (processo histórico derecepção e produção estética);

• 6) Corte sincrônico – o caráter histórico da obraliterária é visto no viés atual, pois a historicidadeliterária é melhor compreendida quando há umtrabalho conjunto do enfoque diacrônico com ocorte sincrônico;

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• 7) O caráter emancipatório da obra literáriarelaciona a experiência estética com aatuação do homem em sociedade,permitindo a este, por meio de suaemancipação, desempenhar um papel atuanteno contexto social.

• A Teoria do Efeito de Wolfgang Iser refletesobre o resultado estético da obra literária noleitor durante a recepção.

• Por fim, o texto literário permite múltiplasinterpretações, uma vez que é na recepçãoque ele significa.

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• ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS: Osprofessores de Língua Portuguesa e Literaturatêm o papel de promover o amadurecimento dodomínio discursivo da oralidade, da leitura e daescrita, para que os estudantes compreendam epossam interferir nas relações de poder com seuspróprios pontos de vista, fazendo deslizar o signo-verdade-poder em direção a outras significaçõesque permitam, aos mesmos estudantes, a suaemancipação e a autonomia em relação aopensamento e às práticas de linguagemimprescindíveis ao convívio social.

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• PRÁTICA DE LEITURA• Na concepção de linguagem assumida por estas

Diretrizes, a leitura é vista como um atodialógico, interlocutivo. Ler é familiarizar-se comdiferentes textos produzidos em diferentesesferas. Somente uma leitura aprofundada, emque o aluno é capaz de enxergar os implícitos,permite que ele depreenda as reais intençõesque cada texto traz. Deve-se considerar ocontexto de produção sócio-histórico, a finalidadedo texto, o interlocutor, o gênero. Ou seja, deve-se levar em consideração não só o texto em si,mas o contexto (em que está sendo falado). Parao encaminhamento da prática de leitura, épreciso considerar o texto que se quer trabalhare, então, planejar as atividades.

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• Devido ao papel que se atribui ao leitor, nas Diretrizesé sugerido, como encaminhamento metodológico parao trabalho com a Literatura, o Método Recepcional (deBordini e Aguiar), que parte dos pressupostos teóricosapresentados na Estética da Recepção e na Teoria doEfeito.

• O leitor é um sujeito ativo no processo de leitura,tendo voz em seu contexto.

• Os objetivos dessa proposta de trabalho são: efetuarleituras compreensivas e críticas; ser receptivo a novostextos e a leitura de outrem; questionar as leiturasefetuadas em relação ao seu próprio horizonte cultural;transformar os próprios horizontes de expectativas,bem como os do professor, da escola, da comunidadefamiliar e social. Alcançar esses objetivos é essencialpara o sucesso das atividades.

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• O Método Recepcional divide-se em cincoetapas:

• 1 – determinação do horizonte de expectativado aluno/leitor;

• 2 – atendimento ao horizonte de expectativas;

• 3 – ruptura do horizonte de expectativas;

• 4 – questionamento do horizonte deexpectativas;

• 5 – ampliação do horizonte de expectativas.

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• Para a aplicação deste método, o professor precisaponderar as diferenças entre o Ensino Fundamental e oEnsino Médio. No Ensino médio, além do gosto pelaleitura, há a preocupação, por parte do professor, emgarantir o estudo das Escolas Literárias. Contudo,ambos os níveis devem partir do mesmo ponto: oaluno é leitor, e como leitor é ele quem atribuisignificados ao que lê, é ele quem traz vida ao que lê,de acordo com seus conhecimentos prévios,linguísticos, de mundo. Assim, o docente deve partirda recepção dos alunos para, depois de ouvi-los,aprofundar a leitura e ampliar os horizontes deexpectativas dos alunos.

• O primeiro olhar para o texto literário deve ser desensibilidade, de identificação.

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• O professor deve trabalhar as estruturas de apelo,demostrando aos alunos que não é qualquerinterpretação que cabe à literatura, mas aquelas que otexto permite. As marcas linguísticas devem serconsideradas na leitura literária; elas tambémasseguram que as estruturas de apelo sejamrespeitadas.

• Para Garcia (2006), a Literatura resulta o que precisaser redefinido na escola: a Literatura no ensino podeser somente um corpo expansivo, não-orgânico, abertoaos acontecimentos a que os processos de leitura nãocessam de forçá-la. Se não for assim, o que há é ofechamento do campo da leitura pela via doenquadramento do texto lido a meros esquemasclassificatórios, de natureza estrutural (gramática dosgêneros) ou temporal (estilos de época).

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• O trabalho com a Literatura potencializa uma práticadiferenciada com o Conteúdo Estruturante da LínguaPortuguesa (o Discurso como prática social) e constituiforte influxo capaz de fazer aprimorar o pensamentotrazendo sabor ao saber.

• Para que as propostas das Diretrizes de LínguaPortuguesa se efetivem na sala de aula, éimprescindível a participação pró-ativa do professor.

• Na disciplina de Língua Portuguesa/Literatura, oConteúdo Estruturante é o Discurso como práticasocial, a partir dele, advém os conteúdos básicos: osgêneros discursivos a serem trabalhados nas práticasdiscursivas.

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TABELA DE GÊNEROS DISCURSIVOS CONFORME AS ESFERAS SOCIAIS DE CIRCULAÇÃO - LITERÁRIA/ARTÍSTICA:

•Autobiografia•Biografias•Contos•Contos de Fadas•Contos de Fadas Contemporâneos•Crônicas de Ficção

•Escultura • Fábulas•Fábulas Contemporâneas•Haicai •Histórias em Quadrinhos•Lendas•Literatura de Cordel•Memórias

•Letras de Músicas• Narrativas de Aventura• Narrativas de Enigma• Narrativas de Ficção Científica• Narrativas de Humor •Narrativas de Terror

•Narrativas Fantásticas•Narrativas Míticas•Paródias•Pinturas•Poemas•Romances•Tankas•Textos Dramáticos

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PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS (ENSINO MÉDIO)PARTE II – LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

• A linguagem só é criada a partir da interação humana.(BAKTIN) O ser humano se constrói por meio da interação.A linguagem constrói o sujeito, é considerada como acapacidade humana de articular significados coletivos ecompartilhá-los, em sistemas arbitrários de representação,que variam de acordo com as necessidades e experiênciasem sociedade. A principal razão de qualquer ato delinguagem é a produção de sentido. É uma herança social,uma realidade primeira, que, uma vez assimilada, envolveos indivíduos e faz com que as estruturas mentais,emocionais e perceptivas sejam reguladas pelo seusimbolismo.

• Nas práticas sociais, o espaço de produção de sentidos ésimultâneo. Nesse, as linguagens se estruturam, normas(códigos) são partilhadas e negociadas.

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• Competências:• Analisar, interpretar e aplicar os recursos expressivos das

linguagens, relacionando textos com seus contextos,mediante a natureza, função, organização dasmanifestações, de acordo com as condições de produção erecepção. (LEITURA LITERÁRIA)

• As diversas realizações – em tempos diferentes -, a função eo uso das linguagens permitem verificar suasespecificidades e selecionar focos de análise.

• O gostar ou não de determinada obra de arte ou de umautor exige antes um preparo para o aprender a gostar.Conhecer e analisar as perspectivas autorizadas seria umcomeço para a construção das escolhas individuais. Assim,é preciso ensinar o aluno a ler o texto literário com asferramentas adequadas.

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• Utilizar-se das linguagens como meio de expressão,informação e comunicação em situaçõesintersubjetivas, que exijam graus de distanciamento ereflexão sobre os contextos e estatutos deinterlocutores; e saber colocar-se como protagonista(como autor) no processo de produção/recepção.(autor/leitor)

• Atua na recepção – entender a fala do outro e seposicionar, dialogar com o texto.

• Ao procurar compreender as linguagens e suasmanifestações como sinônimos da própriahumanidade, em busca de uma troca constante para avida social, o aluno aprende a elaborá-las para finsdeterminados. Os recursos expressivos, com finalidadecomunicativa, presentes nas linguagens, permitem arelação entre sujeitos de diferentes grupos e esferassociais.

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• O texto só existe na sociedade e é produto de uma históriasocial e cultural, único em cada contexto, porque marca odiálogo entre os interlocutores que o produzem e entre osoutros textos que o compõem. O homem visto como umtexto que constrói textos.

• O estudo da gramática passa a ser uma estratégia paracompreensão/interpretação/produção de textos e aliteratura integra-se à área de leitura. (Como visto nasDiretrizes) A interação é o que faz com que a linguagemseja comunicativa.

• O texto é único como enunciado, mas múltiplo enquantopossibilidade aberta de atribuição de significados, devendo,portanto, ser objeto também único de análise/síntese.

• Deve-se compreender o texto que nem sempre se mostra,mascarado pelas estratégias discursivas e recursosutilizados para se dizer uma coisa que procura enganar ointerlocutor ou subjugá-lo. Com, pela e na linguagem associedades se constroem e se destroem.

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• Considerar a Língua Portuguesa como fonte delegitimação de acordos e condutas sociais e comorepresentação simbólica de experiências humanasmanifestas nas formas de sentir, pensar e agir na vidasocial.

• A literatura é um bom exemplo do simbólicoverbalizado.

• Analisar os recursos expressivos da linguagem verbal,relacionando textos/contextos, mediante a natureza,função, organização, estrutura, de acordo com ascondições de produção/recepção (intenção, época,local, interlocutores participantes da criação epropagação de ideias e escolhas).

• A língua dispõe dos recursos, mas a organização delesencontra no social sua matéria-prima.

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• COMPETENCIAS E HABILIDADES A SEREMDESENVOLVIDAS EM LÍNGUA PORTUGUESA

• 1) Representação e comunicação

• 2) Investigação e compreensão

• Recuperar, pelo estudo do texto literário, asformas instituídas de construção doimaginário coletivo, o patrimôniorepresentativo da cultura e as classificaçõespreservadas e divulgadas, no eixo temporal eespacial.

• 3) Contextualização sócio-cultural

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ORIENTAÇÕES CURRICULARES PARA O ENSINO MÉDIOCONHECIMENTOS DE LITERATURA

• Os PNC do ensino médio, ao incorporarem no estudo dalinguagem os conteúdos de Literatura negaram suaautonomia e especificidade que lhe são devidas.

• A Literatura é um modo discursivo entre vários, no entantoo discurso literário decorre de um modo de construção quevai além das elaborações linguísticas usuais, é menospragmático (que menos visa a aplicações práticas).

• Qual a FUNÇÃO no Ensino Médio?• A literatura pode ser um grande agenciador do

amadurecimento sensível do aluno, proporcionando-lheum convívio cuja principal característica é o exercício daliberdade. Daí, favorecer-lhe o desenvolvimento de umcomportamento mais crítico e menos preconceituosodiante do mundo. (OSAKABE)

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• POR QUE A LITERATURA NO ENSINO MÉDIO• Significado de literatura (AURÉLIO) – Arte de compor ou escrever

trabalhos artísticos em prosa ou verso.• Para discutir o currículo do ensino médio, a Literatura foi tomada

em seu stricto sensu: como arte que se constrói em palavras.• Se a literatura é arte, a arte serve para quê? Nesse meio dominado

pela mercadoria, colocam-se as artes inventando “alegriazinha”, istoé, como meio de educação da sensibilidade; como meio de atingirum conhecimento tão importante quanto o científico (a literaturajá foi tão valorizada que chegou a ser tomada como sinal distintivode cultura); como meio de pôr em questão o que parece serocorrência/decorrência natural; como meio de transcender osimplesmente dado, mediante o gozo da liberdade que só afruição estética permite; como meio de acesso a umconhecimento que objetivamente não se pode mensurar; comomeio, sobretudo, de humanização do homem coisificado: essessão alguns dos papeis reservados às artes, de cuja apropriaçãotodos tem direito.

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• Na LDB, art 35, inciso III, a escola deverá ter como meta odesenvolvimento do humanismo, da autonomiaintelectual e do pensamento crítico, não importando se oeducando continuará os estudos ou ingressará no mundodo trabalho. O ensino de Literatura visa ao cumprimentodeste inciso: aprimoramento do educando como pessoahumana, incluindo a formação ética e o desenvolvimentoda autonomia intelectual e do pensamento crítico. Assim,a Literatura surge como fator indispensável dehumanização.

• Para alcançar tais objetivos, não se deve sobrecarregar oaluno com informações sobre época, estilos, característicasde escolas literárias, etc., apesar de os PNC alertarem sobreo papel secundário de tais conteúdos. Trata-seprioritariamente de formar o leitor literário, melhor ainda,de “letrar” literariamente o aluno, fazendo-o apropriar-sedaquilo a que tem direito.

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• O que é letramento literário?

• Segundo Soares, Letramento é o estado ou condiçãode quem não apenas sabe ler e escrever, mas cultiva eexerce as práticas sociais que usam a escrita. Ou seja,podemos pensar letramento literário como estado oucondição de quem não apenas é capaz de ler poesia oudrama, mas dele se apropria efetivamente por meio daexperiência estética, fruindo-o.

• Devido a leitura de literatura estar se tornando cadavez mais rarefeita no âmbito escolar, faz-se necessárioo letramento literário: empreender esforços no sentidode dotar o educando da capacidade de se apropriar daliteratura, tendo dela a experiência literária (contatoefetivo com o texto).

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• Só assim será possível experimentar a sensação deestranhamento que a elaboração peculiar do texto literário,pelo uso incomum da linguagem, consegue produzir noleitor, o qual, por sua vez, estimulado contribui com suaprópria visão de mundo para fruição estética. A experiênciaconstruída a partir dessa troca de significados possibilita,pois, a ampliação de horizontes (um tipo de conhecimentoque não pode ser medido). Prazer estético – conhecimento,participação, fruição.

• Se literatura é arte em palavras, nem tudo que é escritopode ser considerado literatura. É preciso ter marcas deliterariedade no texto. Recentemente, deslocou-se o focodo texto para o leitor (visto esse como co-produtor dotexto) e para a intertextualidade, colocando-se em questãoa autonomia e a especificidade da literatura. Uma obraprecisa ter qualidade estética.

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• A postura dos PNC 2002 gerou alguns problemas:

• Ênfase radical no interlocutor, chegando aoextremo de erigir as opiniões do aluno comocritério de juízo de uma obra literária, deixando,assim, a questão do “ser ou não ser literário” acargo do leitor;

• Foco exclusivo na história da literatura. Estacostuma ser o foco da compreensão do texto;

• Fruição estética. Um dos conceitos quefundamentam a experiência estética é o defruição da obra de arte pelo receptor.

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• A fruição de um texto literário diz respeito à apropriaçãoque dele faz o leitor, concomitante à participação domesmo leitor na construção dos significados desse mesmotexto. Quanto mais propriamente o receptor se apropriardo texto e a ele se entregar, mais rica será a experiênciaestética, isto é, quanto mais letrado literariamente o leitor,mais crítico, autônomo e humanizado será. O passo inicialde uma leitura literário é a leitura individual, silenciosa,concentrada e reflexiva.

• Aristóteles, analisando a sensação de deleite ante a visãode um objeto belo (que advém da imitação da natureza),reconhece no prazer estético a dupla origem: umaproveniente dos sentidos (prazer diante da técnica perfeitade imitação) e outra intelectual (prazer peloreconhecimento da imagem original no imitado). Agregaainda, na sua Poética, o conceito de catarse ao prazerestético.

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• A FORMAÇÃO DO LEITOR• Os livros passam pelo crivo mais apurado de

bibliotecários e professores, para só depois deavaliados, serem repassados aos alunos.

• No ensino fundamental, os alunos iniciam suaformação pela literatura infanto-juvenil, em propostasficcionais nas quais prevalecem modelos de ação e deaventuras. No ensino médio ocorre um declínio daexperiência de leitura de textos ficcionais cedendolugar à história da Literatura e seus estilos. Percebe-seque a Literatura assim focalizada prescinde daexperiência plena de leitura do texto literário peloleitor. No lugar dessa experiência estética, ocorre afragmentação de trechos de obras ou poemas isoladosconsiderados exemplares de determinados estilos,prática que se revela um dos mais graves problemasainda hoje recorrentes.

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• Há três tendências predominantes nas práticasescolares de leitura da Literatura que se confirmamcomo deslocamentos ou fuga do contato direto doleitor com o texto literário:

• 1) Substituição da Literatura difícil por uma Literaturaconsiderada mais digerível;

• 2) Simplificação da aprendizagem literária a umconjunto de informações externas às obras e aostextos;

• 3) Substituição dos textos originais por simulacros, taiscomo paráfrases ou resumos. (OSAKABE; FREDERICO)

• Há necessidade de uma leitura integral da obra, poisesta – obra que se constrói como superação do caos –passaria, então, a atingir o caráter humanizador queantes os deslocamentos que a evitavam não permitiamatingir.

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• A LEITURA LITERÁRIA• Por meio da leitura dá-se a concretização de sentidos

múltiplos, originados em diferentes lugares e tempos.• ECO: A leitura das obras literárias nos obriga a um exercício

de fidelidade e de respeito na liberdade de interpretação.[...] As obras literárias nos convidam à liberdade dainterpretação, pois propõem um discurso com muitosplanos de leitura e nos colocam diante das ambiguidades eda linguagem da vida.

• Na teoria literária, passou-se a ênfase na obra à ênfase noleitor.

• A leitura do texto literário é, pois, um acontecimento queprovoca reações, estímulos, experiências múltiplas evariadas, dependendo da história de cada indivíduo.

• Como leitores críticos, adquirimos a enorme liberdade depercorrer um arco maior de leituras.

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• Formar para o gosto literário, conhecer a tradição literárialocal e oferecer instrumentos para uma penetração maisaguda nas obras – tradicionalmente objetivos da escola emrelação à literatura – decerto supõem percorrer o arco quevai do leitor vítima ao leitor crítico. Tais objetivos são,portanto, inteiramente pertinentes e inquestionáveis, masquestionados devem ser os métodos que têm sidoutilizados para esses fins.

• Se o objetivo é, pois, motivar para leitura literária e criarum saber sobre a literatura, é preciso considerar a naturezados textos e propor atividades que não sejam arbitrárias aessa mesma natureza.

• O professor tem papel de mediador no contexto daspráticas escolares de leitura literária, cujas escolhas ligam-se não só às preferências pessoais, mas a exigênciascurriculares dos projetos pedagógicos da escola.