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Eduardo Rocha A PRAÇA NO ESPAÇO URBAN O Limites, caminhos e centralidade no desenho das cidades da região sul do Rio Grande do Sul MEC UFPel ILA

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A PRAÇA NO

ESPAÇO URBAN O

Limites, caminhos e centralidade no desenho das cidades da região sul do Rio Grande do Sul

MEC – UFPel – ILA

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E d u a r d o R o c h a

A PRAÇA NO ESPAÇO URBANO

Limites, caminhos e centralidade no desenho das cidades da região sul do Rio Grande do Sul

Monografia apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Artes (PGA), Especialização em Patrimônio Cultural: Conservação de Artefatos, do Instituto de Letras e Artes (ILA) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), como requisito parcial à obtenção do título de Especialista em Patrimônio Cultural. Orientador: Prof. Dr. Gilberto Sarkis Yunes Universidade Federal de Pelotas Co-orientadora: Arq. Esp. Aline Montagna da Silveira Mestranda em Educação na Universidade Federal de Pelotas

MEC – UFPel – ILA Pelotas, setembro de 2000.

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AGRADECIMENTOS

Aos acadêmicos e amigos, Adriana Monteiro, Ana Paula Régio, Denise

Brito, Fernanda Ferreira da Cunha, Mateus Szomorovzky, Michele Rosa da Silva,

Paulo Roberto da Silveira Filho (o tuca), Renata Mattos e Tatiana Maragalhoni, pelo

incansável trabalho na coleta de dados.

A professora Ana Lúcia Oliveira pelo material acessível do Núcleo de

Estudos da Arquitetura Brasileira (NEAB).

À Maria Cristina Leonardo e Eunice Osório, pela solidariedade, assim como

aos demais colegas do PGA.

À Laura Azevedo e Marta Amaral, pela amizade e constante discussão de

partes do trabalho.

Aos professores Carlos Alberto Ávila Santos, Sylvio Jantzen, Neiva Bohns

e Júlio Marchand.

Ao professor D. Arthuro, que doou seu acervo pessoal à Biblioteca Central

da UCPel, e, indiretamente, contribuiu para o desenvolvimento do trabalho.

À Aline Montagna da Silveira, pelo acompanhamento amigo, grande

colaboração e pela possibilidade de troca.

Ao professor Gilberto Yunes, pela orientação, pelas críticas e conversas, e

sobretudo pelo incentivo.

À minha mãe, a quem dedico, reconhecidamente, este “trabalho que não acaba nunca”,

pelo companheirismo.

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FOTO: LAURA AZEVEDO

“O modo de representarmos o ambiente em que vivemos não é uma simples cópia da realidade, mas contém em si a própria possibilidade de articularmos livremente essa representação.” (LEACH, 1985:77).

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS..................................................................................... 6

INTRODUÇÃO................................................................................................. 13

1 A PRAÇA UM ESPAÇO PÚBLICO...................................................... 17

1.1 O SURGIMENTO DO ESPAÇO PÚBLICO.................................................... 18 1.2 NA IDADE MÉDIA: A PRAÇA COMO INSTITUIÇÃO............................... 22 1.3 SÉCULO XV: A PRAÇA NO SENTIDO ATUAL.......................................... 24 1.4 A PRAÇA NO BRASIL.................................................................................... 30

2 A PRAÇA NA CIDADE GAÚCHA....................................................... 35

2.1 O CASO EM ESTUDO: AS CIDADES DA REGIÃO SUL ........................... 35 2.2 A PRAÇAS GAÚCHAS E SUAS PREEXISTÊNCIAS................................... 42 2.3 SÉCULO XX: A CONSOLIDAÇÃO DO ESPAÇO PRAÇA.......................... 52

3 UMA LEITURA ATRAVÉS DE TRÊS ELEMENTOS................... 54

3.1 UM OLHAR FENOMENOLÓGICO............................................................... 54 3.2 ESPAÇO EXISTENCIAL E ARQUITETÔNICO............................................ 56 3.3 OS NÍVEIS DO ESPAÇO E SEUS ELEMENTOS.......................................... 59 3.4 LIMITES............................................................................................................ 62 3.5 CAMINHOS...................................................................................................... 67 3.6 CENTRALIDADE............................................................................................. 75

CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................ 78

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................ 84

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ANEXOS............................................................................................................ 88

A – Arroio Grande: PRAÇA MANECA MACIEL................................................. 89 B – Bagé: PRAÇA CARLOS TELLES................................................................... 91 C – Canguçu: PRAÇA DR. CARLOS SANTOS.................................................... 93 D – Dom Pedrito: PRAÇA GENERAL OSÓRIO................................................... 95 E – Herval do Sul: PRAÇA MARQUÊS DE HERVAL......................................... 97 F – Jaguarão: PRAÇA DR. ALCIDES MARQUES................................................ 99 G – Pelotas: PRAÇA CORONEL PEDRO OSÓRIO.............................................. 101 H – Pinheiro Machado: PRAÇA ANGELINO GOULART.................................... 103 I – Piratini: PRAÇA DAS ALEGRIAS................................................................... 105 J – Rio Grande: PRAÇA ANTÔNIO XAVIER FERREIRA.................................. 107 K – Santa Isabel do Sul: PRAÇA DA ALIANÇA................................................... 109 L – Santa Vitória do Palmar: PRAÇA MARECHAL SOARES ANDREA............ 111 M – São José do Norte: PRAÇA INTENDENTE FRANCISCO JOSÉ PEREIRA 113 N –São Lourenço do Sul: PRAÇA DEDE SERPA................................................. 115 O – Outras Praças.................................................................................................... 117

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LISTA DE FIGURAS

Capa - Imagens das praças referentes ao caso em estudo. Diagramação e tratamento das imagens:

Eduardo Rocha.

Epígrafe - Detalhe chafariz da praça Coronel Pedro Osório, Pelotas. Foto: Laura Azevedo............ 3

1- Conjunto de cabanas de neve, iglulike, a. C. 1920. Fonte: CORNELL, 1998:6........................... 19

2- Reconstituição do plano de Atenas como era nos anos 400 antes do nosso tempo. Fonte:

ENCICLOPÉDIA LAROUSSE CULTURAL, 1999:59............................................................

21

3- Monpazier, cidade colonial inglesa na França, fim do século XIII. Fonte: CORNEL, 1998:61.. 23

4- Vista da Piazza de San Marco, Veneza. Fonte: ENCICLOPÉDIA LAROUSSE CULTURAL,

1999:5248...................................................................................................................................

25

5- Piazza de São Pedro, Roma. Fonte: CHING, 1998:124................................................................ 26

6- Reconstituição do plano de Atenas como era nos anos 400 antes do nosso tempo. Fonte:

ENCICLOPÉDIA LAROUSSE CULTURAL, 1999:59............................................................

27

7- Vista parcial da Place de la Concorde. Fonte: ENCICLOPÉDIA LAROUSSE CULTURAL,

1999:1546...................................................................................................................................

28

8- Cours La Reine em Paris, em gravura de Aveline. Fonte: SEGAWA, 1996:41........................... 29

9- Cartão postal – Praça do Comércio / Lisboa / 1905. Fonte: PASSOS, 1990:31........................... 30

10- Cartão postal – Praça do Rossio / Lisboa / 1905. Fonte: PASSOS, 1990:55.............................. 31

11- Planta do Passeio Público, sem data (anterior a 1862), desenhada por J. A. Andrade. Acervo

da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Fonte: SEGAWA, 1996:86.....................................

32

12- Mapa dos municípios existentes em 1900, no Rio Grande do Sul, com demarcação do limite

dos municípios da região sul, desmembrados de Rio Grande. Fonte: F.E.E., 1981:99..............

35

13- Organograma da criação dos municípios estudados, na coluna da esquerda vemos a data em

que o mesmo foi considerado como vila e sede de município. As linhas de interligação

mostram o sistema de desmembramento adotado. Fonte de dados: F.E.E., 1981......................

37

14- Planta da Missão de São Nicolau, com demarcação da área destinada a praça. Fonte: LA

SALVIA, 1992: 32......................................................................................................................

39

15- Vista aérea do prédio da Alfândega da cidade de Rio Grande. Foto: Adriana Monteiro, 2000.. 41

16- Perspectiva aérea do tipo de praça implantada na região sul do Rio Grande do Sul. Desenho:

Eduardo Rocha, 2000.......................................................................................................... ........

41

17- Praça Marquês do Herval / Herval do Sul. Fonte: COSTA, 1922:65.......................................... 43

18- Praça Angelino Goulart / Pinheiro Machado. Fonte: COSTA, 1922:123................................... 44

19- Praça Dr. Francisco Carlos dos Santos / Canguçu. Fonte: COSTA, 1922:81............................ 45

20- Praça da Aliança / Santa Isabel do Sul. Fonte: NEAB,1994...................................................... 45

21- Praça Carlos Telles / Bagé. Fonte: COSTA, 1922:495.............................................................. 46

22- Prefeitura Municipal de Dom Pedrito. Fonte: Acervo Museu municipal, 2000......................... 47

23- Praça Dede Serpa / São Lourenço do Sul. Fonte: COSTA, 1922:495........................................ 47

24- Praça Antônio Xavier Ferreira / Rio Grande. Fonte: COSTA, 1922:17..................................... 47

25- Praça Coronel Pedro Osório / Pelotas. Fonte: COSTA, 1922:25............................................... 48

26- Praça Marechal Soares Andrea / Santa Vitória do Palmar. Fonte: COSTA, 1922:42................ 48

27- Praça Maneca Maciel / Arroio Grande. Fonte: COSTA, 1922: 61............................................. 48

28- Praça Antônio Xavier Ferreira / Rio Grande. Foto: Adriana Monteiro, 2000............................ 49

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29- Interior da Praça Alcides Marques / Jaguarão. Foto: Michele Rosa da Silva, 2000................... 51

30- Reservatório / Praça General Osório / Dom Pedrito. Fonte: Acervo Museu Municipal, 2000. 51

31- Praça Coronel Pedro Osório / Pelotas. Foto: Laura Azevedo..................................................... 51

32- Praça Antônio Xavier Ferreira / Rio Grande. Foto: Adriana Monteiro...................................... 51

33- Tabela comparativa entre o espaço existencial e arquitetônico. Autor: Eduardo Rocha............ 58

34- Vista aérea da Praça Dr. Carlos Santos/Canguçu. Observamos limites (fachadas), caminhos

e centralidade definidos. Fonte: Acervo Casa da Cultura...........................................................

60

35- Plantas esquemáticas das 14 praças estudadas. A – Arroio Grande: Pr. Maneca Maciel / B –

Bagé: Pr. Carlos Telles / C – Canguçu: Pr. Dr. Carlos Santos / D – Dom Pedrito: Pr. General

Osório / E – Herval do Sul: Pr. Marquês de Herval / F – Jaguarão: Pr. Alcides Marques / G –

Pelotas: Pr. Coronel Pedro Osório / H – Pinheiro Machado: Pr. Angelino Goulart / I –

Piratini: Pr. das Alegrias / J – Rio Grande: Pr. Antônio Xavier Ferreira / K – Santa Isabel do

Sul: Pr. da Aliança / L – Santa Vitória do Palmar: Pr. Marechal Soares Andrea / M – São

José do norte: Praça Intend. Francisco José Pereira / N – São Lourenço do Sul: Praça Dede

Serpa. Desenho: Eduardo Rocha................................................................................................

61

36- Vista aérea da Praça Maneca Maciel/Arroio Grande. Observamos limites formados pelas

fachadas dos quarteirões. Foto: Denise Brito, 1999...................................................................

63

37- Vista do limite natural feito pelo rio São Gonçalo no espaço público da vila de Santa Isabel

do Sul. Fonte: NEAB, 1994.................................................................. ......................................

63

38- Vista da igreja, na Praça Angelino Goulart de Pinheiro Machado. Foto: Paulo Roberto da

Silveira Filho, 2000......................................................................................................... ...........

63

39- Vista onde pode-se observar à esquerda a Secretaria de Finanças, ao centro o Mercado

Central e à direita a Prefeitura. Foto: Laura Azevedo...............................................................

63

40- Vista do Teatro 7 de Abril. Ambas da Praça Coronel Pedro Osório em Pelotas. Foto: Laura

Azevedo...................................................................................................................... ................

63

41- Esquema da limitação do espaço da praça nos quatro lados. Desenho: Eduardo Rocha............ 63

42- Esquema da limitação do espaço da praça com abertura. Desenho: Eduardo Rocha................. 63

43- Planta esquemática da Praça Marechal Soares Andrea de Santa Vitória, com seus limites

demarcados. Fonte: Tatiana Maragalhoni...................................................................................

64

44- Vista de uma abertura temporária (muro) na Praça Marechal Soares Andrea de Santa

Vitória. Foto: Tatiana Maragalhoni, 2000..................................................................................

65

45- Vista aérea da Praça Marquês de Herval, em Herval do Sul. Observamos os recuos laterais

na implantação da igreja ao fundo. Fonte: acervo do Museu Municipal....................................

65

46- A esquina como elemento que marca o acesso ao espaço da praça. Praça Angelino Goulart,

de Pinheiro Machado. Foto: Paulo Roberto da Silveira Filho, 2000.........................................

65

47- Planta esquemática da Praça Dr. Carlos Santos / Canguçu, onde está demarcada a área de

abertura. Fonte: Charles Ferreira................................................................................................

66

48- À esquerda observamos a abertura provocada pela Praça de Esportes Dr. Jaime de Farias na

Praça Dr. Carlos Santos. Foto: Eduardo Rocha, 2000................................................................

66

49- Desenho esquemático do plano horizontal atravessado por um eixo vertical. Desenho:

Eduardo Rocha...........................................................................................................................

68

50- Planta esquemática da Praça Carlos Telles de Bagé, com seu eixo principal demarcado.

Fonte: Renata Mattos..................................................................................................................

69

51- Planta esquemática da Praça Dr. Carlos Santos de Canguçu, com seu eixo principal

demarcado. Fonte: Charles Ferreira............................................................................... ............

69

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52- Planta esquemática da Praça Antônio Xavier Ferreira de Rio Grande, com o eixo principal

demarcado. Fonte: Adriana Monteiro........................................................................................

69

53- Planta esquemática da Praça Coronel Pedro Osório em Pelotas, destacando-se a circulação

fechada característica das ruas que a circundam. Fonte: Eduardo Rocha..................................

70

54- Vista do Largo das Bandeiras. Foto: Michele Rosa da Silva, 2000........................................... 71

55- Planta esquemática demarcando à esquerda, o largo ocupado por edifícios e, à direita o

Largo das Bandeiras. Praça Alcides Marques de Jaguarão. Fonte: Michele Rosa da Silva.......

71

56- Vista do Lago, a partir do Clube do Comércio. Foto: Adriana Monteiro, 2000......................... 71

57- Planta esquemática demarcando, à esquerda largo em frente a Prefeitura Municipal e, à

direita, o Lago. Praça Antônio Xavier Ferreira. Fonte: Adriana Monteiro................................

71

58- Vista da rua fechada entre a praça e a Igreja de Piratini. Foto: Ana Paula Régio, 2000.......... 71

59- Planta esquemática demarcando a ligação entre a Praça da Alegria e a Igreja, em Piratini.

Fonte: Ana Paula Régio..............................................................................................................

71

60- Vista da rua fechada por calçadão. Foto: Adriana Monteiro, 2000............................................ 71

61- Planta esquemática do calçadão existente na Praça Intendente Francisco José Pereira de São

José do Norte. Fonte: Adriana Monteiro....................................................................................

71

62- Cruz grega. Desenho: Eduardo Rocha........................................................................................ 73

63- Cruz latina. Desenho: Eduardo Rocha........................................................................................ 73

64- Estrela (sobreposição de cruzes). Desenho: Eduardo Rocha...................................................... 73

65- Planta esquemática com demarcação dos caminhos principais. Fonte: Paulo Roberto Silveira

Filho........................................................................................................................ ....................

73

66- Vista da entrada de um dos caminhos principais. Praça Angelino Goulart de Pinheiro

Machado. Foto: Paulo Roberto Silveira Filho, 2000..................................................................

73

67- Planta esquemática com demarcação dos caminhos principais. Fonte: Fernanda Ferreira da

Cunha........................................................................................................................ ..................

73

68- Vista da entrada de um dos caminhos principais. Praça General Osório, da cidade de Dom

Pedrito. Foto: Fernanda Ferreira da Cunha, 2000......................................................................

73

69- Planta esquemática com demarcação do caminho em retícula. Fonte: Mateus Szomorovzky... 74

70- Vista interna do cruzamento dos caminhos. Praça Dede Serpa de São Lourenço do Sul.

Foto: Mateus Szomorovzky, 2000..............................................................................................

74

71- Planta esquemática com demarcação dos caminhos lineares. Fonte: Adriana Monteiro........... 74

72- Vista dos caminhos secundários. Praça Antônio Xavier Ferreira de Rio Grande. Foto:

Adriana Monteiro, 2000....................................................................................................... ......

74

73- Planta esquemática com demarcação do caminho linear principal. Fonte: Ana Paula Régio.... 74

74- Vista do caminho linear principal. Praça das Alegrias de Piratini. Foto: Ana Paula Régio,

2000............................................................................................................................................

74

75- Vistas dos elementos centrais das 14 praças estudadas. A – Pelotas: Pr. Coronel Pedro

Osório / B – Canguçu: Pr. Dr. Carlos Santos / C – Jaguarão: Pr. Alcides Marques / D –

Bagé: Pr. Carlos Telles / E – Arroio Grande: Pr. Maneca Maciel / F – Pinheiro Machado: Pr.

Angelino Goulart / G – São Lourenço do Sul: Praça Dede Serpa / H – Dom Pedrito: Pr.

General Osório / I – Santa Vitória do Palmar: Pr. Marechal Soares Andrea / J – Santa Isabel

do Sul: Pr. da Aliança / K – São José do Norte: Praça Intend. Francisco José Pereira / L –

Herval do Sul: Pr. Marquês de Herval / M – Rio Grande: Pr. Antônio Xavier Ferreira / N –

Piratini: Pr. das Alegrias. Foto: ver anexos................................................................................

77

76- Vista aérea de Santa Vitória do Palmar, onde observa-se o espaço da praça, na estrutura

urbana reticulada da cidade .Foto: Tatiana Maragalhoni, 2000..................................................

80

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77- Corte esquemático da praça, ressaltando os diferentes efeitos visuais que os elementos massa

de vegetação e a altura dos limites podem representar para a imagem urbana. Desenho:

Eduardo Rocha...........................................................................................................................

81

78- Corte esquemático da praça. Ressaltando os diferentes efeitos visuais que o elemento massa

de vegetação e a altura dos limites podem representar para a imagem urbana. Desenho:

Eduardo Rocha................................................................................................................ ...........

81

79- Vista do monumento e altar da pátria que obstrui a circulação natural em cruz da praça.

Foto: Eduardo Rocha, 2000........................................................................................................

82

80- Planta esquemática da praça demarcando o monumento. Fonte: Charles de Almeida

Ferreira........................................................................................................................................

82

81- Vista posterior da edificação destinada a sanitários na praça de São José do Norte. Foto:

Adriana Monteiro, 2000.............................................................................................................

82

82- Planta esquemática da praça demarcando o prédio destinado aos sanitários. Fonte: Adriana

Monteiro................................................................................................ .....................................

82

83- Planta esquemática Praça Maneca Maciel de Arroio Grande. Fonte: Denise Brito. Desenho:

Eduardo Rocha................................................................................................................ ...........

89

84- Praça Maneca Maciel, a principal da localidade. Fonte: COSTA, 1922:61............................... 89

85- A / Vista aérea. Fonte: Denise Brito......................................................................................... .. 90

86- B / Vista central da praça. Fonte: Denise Brito......................................................................... 90

87- Planta esquemática da Praça Coronel Carlos Telles de Bagé. Fonte: Renata Mattos.

Desenho: Eduardo Rocha...........................................................................................................

91

88- Aspecto central da cidade, apanhado da torre da matriz, vendo-se a praça Coronel Carlos

Telles. Fonte: COSTA, 1922:495...............................................................................................

91

89- A/ Vista da igreja matriz. Foto: Renata Mattos, 2000................................................................ 92

90- B/ Vista de um dos caminhos principais. Foto: Renata Mattos, 2000........................................ 92

91- C/ Vista de uma das vias circundantes. Foto: Renata Mattos, 2000........................................... 92

92- D/ Vista de limite formado por edificações . Foto: Renata Mattos, 2000.................................. 92

93- E/ Vista do elemento central da praça . Foto: Renata Mattos, 2000........................................... 92

94- F/ Vista da matriz . Foto: Renata Mattos, 2000.......................................................................... 92

95- Planta esquemática da Praça Dr. Carlos Santos de Canguçu. Fonte: Charles de Almeida

Ferreira. Desenho: Eduardo Rocha.............................................................................................

93

96- Praça Marechal Floriano e trecho da Rua General Osório. Fonte: COSTA, 1922:99................ 93

97- A / Vista aérea da Praça . Fonte: Casa da Cultura...................................................................... 94

98- B/ Vista do interior da Praça. Fonte: Casa da Cultura...................................................... .......... 94

99- C/ Vista do altar da pátria. Foto: Eduardo Rocha, 2000............................................................. 94

100- D/ Vista da igreja apartir da Praça. Foto: Eduardo Rocha, 2000............................................. 94

101- E/ Vista do limite formado por muro de arrimo. Foto: Eduardo Rocha, 2000........................ 94

102- F/ Vista da via circundante. Foto: Eduardo Rocha, 2000........................................................ 94

103- G/ Vista do elemento central. Foto: Eduardo Rocha, 2000..................................................... 94

104- H/ Vista do casarão onde hoje funciona a Casa da Cultura. Fonte: Casa da Cultura.............. 94

105- Planta esquemática da Praça General Osório de Dom Pedrito. Fonte: Fernanda Ferreira da

Cunha. Desenho: Eduardo Rocha...............................................................................................

95

106- Praça General Osório, a principal da cidade. Fonte: COSTA, 1922:442................................ 95

107- A/ Vista aérea da praça. Fonte: Museu Municipal................................................................... 96

108- B/ Vista da igreja apartir da praça. Fonte: Museu Municipal.................................................. 96

109- C/ Vista do calçadão. Fonte: Museu Municipal....................................................................... 96

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110- D/ Vista do prédio da Prefeitura Municipal. Fonte: Museu Municipal................................... 96

111- E/ Reservatório no centro da praça. Fonte: Museu Municipal................................................. 96

112- F/ Vista aérea da praça, ao fundo a esquerda o Clube Comercial. Fonte: Museu Municipal.. 96

113- G/ Vista do centro da praça apartir de um de seus caminhos principais. Foto: Fernanda

Ferreira da Silva, 2000................................................................................................................

96

114- Planta Esquemática da Praça Marquês de Herval de Herval do Sul. Fonte: Prefeitura

Municipal. Desenho: Eduardo Rocha.........................................................................................

97

115- Praça Marquês do Herval, a principal da Vila. Fonte: COSTA, 1922:65................................ 97

116- A/ Vista aérea da praça. Fonte: Museu Municipal................................................................... 98

117- B/ Vista do busto que serve como elemento central. Fonte: Museu Municipal...................... 98

118- C/ Vista da igreja apartir da praça. Fonte: Museu Municipal.................................................. 98

119- D/ Vista de um dos monumentos circundantes. Fonte: Museu Municipal.............................. 98

120- E/ Vista da área central da praça. Fonte: Museu Municipal.................................................... 98

121- F/ Vista igreja. Fonte: Museu Municipal................................................................................. 98

122- Planta esquemática da Praça Dr. Alcides Marques de Jaguarão. Fonte: Michele Rosa da

Silva. Desenho: Eduardo Rocha................................................................................... ..............

99

123- Aspectos da bela cidade de Jaguarão, acima a direita Praça 13 de maio, vendo-se a estátua

da liberdade. Fonte: COSTA, 1922:50.......................................................................................

99

124- A/ Vista aérea da praça, ao centro a Estátua da Liberdade. Foto: Michele Rosa da Silva,

2000......................................................................................................................... ...................

100

125- B/ Vista aérea da praça. Foto: Michele Rosa da Silva, 2000................................................... 100

126- C/ Vista do interior da praça. Foto: Michele Rosa da Silva, 2000........................................... 100

127- D/ Vista de um dos monumentos circundantes. Foto: Michele Rosa da Silva, 2000.............. 100

128- E/ Vista do interior da praça. Foto: Michele Rosa da Silva, 2000........................................... 100

129- H/ Vista de um dos caminhos principais. Foto: Michele Rosa da Silva, 2000........................ 100

130- G/ Vista do largo da matriz. Foto: Michele Rosa da Silva, 2000............................................ 100

131- H/ Vista do largo ocupado por edificações. Foto: Michele Rosa da Silva, 2000.................... 100

132- Planta esquemática da Praça Coronel Pedro Osório de Pelotas. Fonte: Prefeitura

Municipal. Desenho: Eduardo Rocha.........................................................................................

101

133- Vista geral da Praça Coronel Pedro Osório. Fonte: COSTA, 1922:44.................................... 101

134- A/ Vista do chafariz central. Foto: Laura Azevedo, 1998....................................................... 102

135- B/ Vista da Rua Marechal Floriano, Teatro 7 de Abril. Foto: Laura Azevedo, 1998.............. 102

136- C/ Vista da praça apartir da Rua Marechal Floriano. Foto: Laura Azevedo, 1998.................. 102

137- D/ Ao findo no centro o Mercado Público, a direita a Prefeitura Municipal e a esquerda a

Secretaria de Finanças. Foto: Laura Azevedo, 1998..................................................................

102

138- E/ Vista geral da praça, ao fundo Mercado Público. Foto: Laura Azevedo, 1998................... 102

139- Planta esquemática da Praça Angelino Goulart de Pinheiro Machado. Fonte: Paulo Roberto

da Silveira Filho. Desenho: Eduardo Rocha...............................................................................

103

140- Trecho da rua e praça principais da vila de Pinheiro Machado. Fonte: COSTA, 1922:123.... 103

141- A/ A praça vista de uma das ruas. Foto: Paulo Roberto da Silveira Filho, 2000.................... 104

142- B/ A praça vista de uma das ruas. Foto: Paulo Roberto da Silveira Filho, 2000.................... 104

143- C/ Vista da praça, a direita o altar da pátria. Foto: Paulo Roberto da Silveira Filho, 2000..... 104

144- D/ Vista de um dos caminhos principais. Foto: Paulo Roberto da Silveira Filho, 2000......... 104

145- E/ Vista de um dos caminhos principais. Foto: Paulo Roberto da Silveira Filho, 2000.......... 104

146- F/ Vista de uma das entradas da praça. Foto: Paulo Roberto da Silveira Filho, 2000............. 104

147- G/ Vista da igreja apartir da praça. Foto: Paulo Roberto da Silveira Filho, 2000................... 104

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148- Planta esquemática da Praça das Alegrias de Piratini. Fonte: Ana Paula Pereira Régio.

Desenho: Eduardo Rocha...........................................................................................................

105

149- Praça e rua principais da cidade de Piratini. Fonte: COSTA, 1922:118.................................. 105

150- A/ Vista geral da praça. Foto: Ana Paula Régio, 2000............................................................ 106

151- B/ Vista dos prédios limites da praça. Foto: Ana Paula Régio, 2000...................................... 106

152- C/ Vista dos canteiros da praça. Foto: Ana Paula Régio, 2000............................................... 106

153- D/ Vista de um dos caminhos principais. Foto: Ana Paula Régio, 2000................................. 106

154- E/ Vista do eixo principal. Foto: Ana Paula Régio, 2000........................................................ 106

155- F/ Um dos recantos da praça . Foto: Ana Paula Régio, 2000................................................. 106

156- G/ O lago da matriz . Foto: Ana Paula Régio, 2000............................................................... 106

157- H/ Vista posterior da igreja matriz. Foto: Ana Paula Régio, 2000......................................... 106

158- Planta esquemática da Praça Antônio Xavier Ferreira de Rio Grande. Fonte: Adriana

Monteiro. Desenho: Eduardo Rocha..........................................................................................

107

159- Um aspecto da bela praça. COSTA, 1922:11.......................................................................... 107

160- A/ Vista de uma das entradas da praça. Foto: Adriana Monteiro, 2000.................................. 108

161- B/ Vista aérea da praça. Foto: Adriana Monteiro, 2000.......................................................... 108

162- C/ Um dos caminhos da praça, ao centro a coluna da liberdade. Foto: Adriana Monteiro,

2000............................................................................................................................................

108

163- D/ Lago visto apartir do Clube do Comércio. Foto: Adriana Monteiro, 2000......................... 108

164- E/ Chafariz central. Foto: Adriana Monteiro, 2000................................................................. 108

165- F/ Caminho e eixo principal. Foto: Adriana Monteiro, 2000.................................................. 108

166- G/ Vista do interior da praça. Foto: Adriana Monteiro, 2000.................................................. 108

167- H/ Vista de um dos limites ao fundo a abertura para o canal. Foto: Adriana Monteiro,

2000......................................................................................................................... ...................

108

168- Planta esquemática. Fonte : NEAB , 1994. Desenho: Eduardo Rocha.................................... 109

169- A/ Vista posterior da capela. Fonte: NEAB, 1994................................................................... 110

170- B/ Vista de uma das vias da vila. Fonte: NEAB, 1994............................................................ 110

171- C/ Equipamento existente na praça. Fonte: NEAB, 1994........................................................ 110

172- D/ Vista do rio São Gonçalo. Fonte: NEAB, 1994.................................................................. 110

173- E/ Vista da praça da Aliança, vendo-se ao fundo a capela local. Fonte: NEAB, 1994........... 110

174- F/ Vista frontal da capela, vendo-se ao fundo a praça. Fonte: NEAB, 1994........................... 110

175- Planta esquemática da Praça General Andrea de Santa Vitória do Palmar. Fonte: Tatiana

da Costa Maragalhoni. Desenho: Eduardo Rocha......................................................................

111

176- Um aspecto da bela praça General Andréa, a principal da cidade de Santa Vitória . Fonte:

COSTA, 1922:42............................................................................................................... .........

111

177- A/ Vista aérea da cidade de Santa Vitória. Foto: Tatiana Maragalhoni, 2000......................... 112

178- B/ Vista de uma das ruas que circundam. Foto: Tatiana Maragalhoni, 2000.......................... 112

179- C/ Vista geral da praça. Foto: Tatiana Maragalhoni, 2000...................................................... 112

180- D/ Vista de uma abertura temporária. Foto: Tatiana Maragalhoni, 2000................................ 112

181- E/ Vista parcial da praça. Foto: Tatiana Maragalhoni, 2000................................................... 112

182- F/ Rosa dos ventos no centro da praça. Foto: Tatiana Maragalhoni, 2000.............................. 112

183- G/ Vista de um dos caminhos principais, apartir do centro. Foto: Tatiana Maragalhoni,

2000............................................................................................................................................

112

184- H/ Um dos caminhos principais. Foto: Tatiana Maragalhoni, 2000........................................ 112

185- Planta esquemática da Praça Intendente Francisco José Pereira. Fonte: Adriana Monteiro.

Desenho: Eduardo Rocha....................................................................................................... ....

113

Page 13: A praça no espaço urbano.compressed

186- Matriz de Nossa Senhora dos Navegantes. Fonte: COSTA, 1922:37...................................... 113

187- A/ Vista do chafariz central. Foto: Adriana Monteiro, 2000................................................... 114

188- B/ Vista da abertura para o canal. Foto: Adriana Monteiro, 2000........................................... 114

189- C/ Vista do calçadão. Foto: Adriana Monteiro, 2000.............................................................. 114

190- D/ Um dos caminhos externos. Foto: Adriana Monteiro, 2000.............................................. 114

191- E/ Vista do trailer existente em uma das extremidades. Foto: Adriana Monteiro, 2000......... 114

192- F/ Vista de uma das vias. Foto: Adriana Monteiro, 2000........................................................ 114

193- G/ Vista geral da praça, apartir da igreja. Foto: Adriana Monteiro, 2000............................... 114

194- Planta esquemática da Praça Dede Serpa de São Lourenço do Sul. Fonte: Mateus

Szomorovzky. Desenho: Eduardo Rocha...................................................................................

115

195- Vista da praça principal da cidade. Fonte: COSTA, 1922: 103............................................... 115

196- A/ Vista do chafariz no centro da praça. Foto: Mateus Szomorovzky, 2000.......................... 116

197- B/ Caminho interior secundário. Foto: Mateus Szomorovzky, 2000...................................... 116

198- C/ Vista externa. Foto: Mateus Szomorovzky, 2000............................................................... 116

199- D/ Vista de uma das esquinas da praça. Foto: Mateus Szomorovzky, 2000........................... 116

200- E/ Vista do play-ground. Foto: Mateus Szomorovzky, 2000................................................... 116

201- F/ Ao centro monumento a Zumbi. Foto: Mateus Szomorovzky, 2000.................................. 116

202- Praça XV de novembro. Santiago. Fonte: COSTA, 1922: 268............................................... 117

203- Trecho da Rua do Comércio e Praça General Firmino. Cruz Alta. Santiago. Fonte:

COSTA, 1922: 226.......................................................................................................... ...........

117

204- Um aspecto da vila, vendo-se a Praça Júlio de Castilhos e trecho Rua XV de Novembro as

principais da sede do município. Encruzilhada do Sul. Fonte: COSTA, 1922: 131...................

117

205- A bela Praça José Bonifácio, antiga das Palmeiras. Cachoeira do Sul. Fonte: COSTA,

1922: 194.................................................................................................................... ................

117

206- Praça Marechal Floriano, a principal da vila. Júlio de Castilhos. Fonte: COSTA, 1922:

217.......................................................................................................................... ....................

118

207- Cidade de Passo Fundo. Aspectos da Avenida Brasil e Praça da República, as principais

da localidade. Fonte: COSTA, 1922: 235...................................................................................

118

208- Praça principal da vila. Ijui. Fonte: COSTA, 1922: 263.......................................................... 118

209- Vista da Praça XV de Novembro, a principal da vila. Camaquã. Fonte: COSTA, 1922:

142.......................................................................................................................... ....................

118

Contra capa - Imagens das praças referentes ao caso em estudo. Diagramação e tratamento das

imagens: Eduardo Rocha.

Page 14: A praça no espaço urbano.compressed

INTRODUÇÃO

Esta monografia parte da premissa da permanência do espaço das praças no

cenário urbano das cidades, utilizando como objeto de estudo as cidades da região sul

do Rio Grande do Sul. Essas localidades têm em comum o fato de terem sido

consideradas até o ano de 1900 vilas e sedes de municípios.

O objetivo do trabalho é realizar uma leitura do espaço urbano através de

três itens: limites, caminhos e centralidade, contribuindo para o entendimento da praça

como fenômeno, e através deste possibilite-se a manutenção de sua essência1, não se

tratando de propor a conservação de elementos isolados, mas o seu conjunto.

“[...] o que está em jogo de fato, não é a organização de uma

zona espacial e privilegiada na cidade, mas uma forma de conceber toda a cidade futura, de modo que possa verdadeiramente ser chamada de cidade moderna.”

(BENEVOLO,1998:78).

As cidades são compostas por uma mistura de edificações e espaços

públicos de diversas épocas. Esta é a nossa realidade possível. Devemos, contudo, ter o

cuidado de direcionar de forma correta as questões relativas à cidade. São palavras

chave no mundo atual: qualidade, valor, símbolo e significado2. (NORBERG-

SCHULZ,1975:48). Isso implica na idéia de que o mundo, através de seu meio

ambiente construído, tem uma certa estrutura projetada, construída pelo homem.

Quando falamos em manutenção desta estrutura essencial, visamos a

conservação3 da praça como patrimônio cultural4, colocamos a estratégia de análise

1 Essência, Etim.: lat. Essentia, essência, natureza de uma coisa, de esse, ser; termo criado para traduzir a palavra grega ousia, essência, substância, ser. In: RUSS, 1994:92. 2 Qualidade são as interferências realizadas em um mundo científico considerado hipoteticamente perfeito. Valor são aqueles pressupostos que influenciam nossas escolhas de alternativas e fazem com que nossas ações sejam intencionadas. Símbolo são formas que expressam algo completamente diferente de uma ingênua representação. Significado é aquilo que transcende o aspecto. In: NORBERG-SCHULZ, 1975:48-49. 3 Conservar, v. tr. dir. Manter em seu lugar ou no estado atual; preservar; continuar a Ter; lembrar-se de; perseverar em: conservar o rumo, a direção; guardar cuidadosamente; fazer durar. (Do lat. Conservare). In: FERNANDES, 1993: 245. 4 O patrimônio cultural trata-se de tudo aquilo que traduz a arte de um povo. In: PRUDÊNCIO, 1998: 215.

Page 15: A praça no espaço urbano.compressed

14

utilizada como fenomenológica. Foi Edmund Husserl (1859-1938) que desenvolveu a

redução fenomenológica5 como noção de intencionalidade à qual iremos nos deter.

Husserl aplicou a fenomenologia em diversos áreas, e teve alguns seguidores, entre eles,

Heidegger, Sartre, Merleau-Ponty e Dufrenne. (SILVEIRA,1999:12).

Com relação às aplicações no desenho urbano, a fenomenologia ganhou

entre os anos 60 e 70, um maior número de trabalhos. Entre eles os estudos de Norberg-

Schulz e Aldo Rossi.

Podemos dizer que a fenomenologia, como postura teórica de leitura da

cidade, utiliza-se de duas categorias básicas do desenho urbano: a morfologia e a

percepção. Essa utilização ocorre de maneira a não distingui-las, mas sim utilizá-las

como elucidação para um método mais abrangente de compreensão do ambiente urbano.

“Neste sentido, destacam-se na arquitetura, os trabalhos de Norberg-Schulz (1965, 1971, 1979), que desenvolvem conceitos importantíssimos como espaço existencial e genius loci; uma qualidade holística que expressa a identidade, o caráter e a qualidade do lugar.” (DEL RIO,1990:68).

Utilizaremos as obras6 de Norberg-Schulz como referencial teórico no

desenvolvimento desta análise. Estas baseiam-se em conceitos como espaço existencial,

onde sobressaem as funções psíquicas básicas de orientação e identidade da psicologia

da Gestalt7, e no pensamento de Heidegger, para demonstrar que a arquitetura deve

visualizar o genius loci, ou o espírito do lugar.

Dentro dessa linha de pensamento podemos dizer que existe uma tendência

à analise morfológica do espaço, por utilizar metodologias e conceitos da forma urbana

como lógica evolutiva, mostrando-se extremamente válida para o estudo da cidade

como um conjunto coerente de elementos. (DEL RIO,1990:12). Essa tendência confere

hoje a morfologia não só os conceitos de forma e volume, mas o de um espaço que tem

significado.

5 Redução fenomenológica ou epoke (em grego, suspensão do juízo), consiste em pôr entre parênteses o mundo objetivo e suspender toda adesão ingênua em relação a ele, de maneira a liberar o acesso ao eu transcendental, definido como o sujeito último atingido no fim da redução fenomenológica. In: RUSS, 1994:342. 6 NORBERG-SCHULZ, Christian. Existencia, Espacio y Arquitectura. Barcelona: Editorial Blume, 1975 e Intenciones en Arquitectura. 2 ed. Barcelona: Gustavo Gili, 1998. 7 Gestald, termo alemão que significa forma, aspecto. Forma exterior, estrutura. Percepção absorvida como uma totalidade pelo indivíduo, mais do que como uma justaposição de partes. In: RUSS, 1994:123.

Page 16: A praça no espaço urbano.compressed

15

“A descrição da forma constitui o conjunto dos dados empíricos

do nosso estudo e pode ser realizada mediante termos de observação. Em parte, é isso que entendemos por morfologia urbana – a descrição das formas de um fato urbano - , mas ela não é mais que um momento, um instrumento.”

(ROSSI,1995:17).

Dessa compreensão parte a estratégia de nossa análise. Em primeiro lugar,

buscamos definir o termo praça no decorrer da história para, em seguida, concebê-la

como um fato urbano. Utilizar a praça como área de estudo significa reconhecer a essa

parte da cidade características precisas, que lhe conferem uma qualidade diferente das

demais. Um trecho como a praça pode nos levar a identificar a cidade através de seus

diversos momentos como uma grande obra. (ROSSI,1995:66).

Baseamo-nos na conceituação de Aldo Rossi sobre as permanências no

espaço urbano, não da função mas da forma. Enquanto a forma permanece a função

pode adquirir as mais variadas configurações.

“Para Rossi, com base em Poete e Levedan, as persistências se mostram não só através dos monumentos, como signos físicos do passado, mas também através da persistência dos traçados e do plano, ou seja, da estrutura urbana básica.”

(RODRIGUES,1986:71).

É neste lugar, a praça, com suas permanências e transformações, que

podemos resumir desde a pequena história de um bairro até a manutenção de aspectos

da vida passada de uma cidade, com suas qualidades de complexidade e conflitividade.

Num segundo momento, traremos a tona um pouco da história das cidades

da região sul do Rio Grande do Sul, objeto utilizado para desenvolver nosso estudo.

Para tanto nos centraremos nas praças de treze cidades8 desmembradas do município

sede de Rio Grande, que foram elevadas à categoria de vilas e sedes de município até o

ano de 1900.

Mostraremos através de imagens do passado as várias preexistências das

praças em dois momentos distintos. O primeiro será por meio de imagens registradas

8 Arroio Grande, Bagé, Canguçu, Dom Pedrito, Herval do Sul, Jaguarão, Pelotas, Pinheiro Machado, Piratini, Rio Grande, Santa Vitória do Palmar, São José do Norte e São Lourenço do Sul, além da vila de Santa Isabel do Sul.

Page 17: A praça no espaço urbano.compressed

16

em 19229 em comparação com o registro das atuais, utilizando a história como um

auxiliar na documentação do tempo que existiu naquele lugar.

“Para o quando, serve a limitação temporal de examinar o

significado da cidade na época moderna ou contemporânea sabendo que, por sua vez, é o resultado de significados anteriores, aceites, como tendo existido e não como existentes.”

(AYMONINO,1981:9).

Chegamos então a terceira parte de nossa estratégia, quando explicitaremos

as idéias principais do referencial teórico, as diferenças entre espaço arquitetônico e

existencial, os níveis do espaço e os elementos principais da análise: limites, caminhos e

centralidade. Esses elementos escolhidos baseiam-se em esquemas topologicos

utilizados na teoria da Gestalt.

“Se desejamos interpretar os resultados básicos da psicologia da percepção, em termos gerais, podemos dizer que os esquemas elementares de organização consistem no estabelecimento de centros ou lugares (proximidade), direções ou caminhos (continuidade) e áreas ou regiões (fechamentos ou cercamentos).” (NORBERG-SCHULZ,1975:20).

Elementos esses que serão analisados em suas semelhanças e diferenças, e

onde utilizaremos o entendimento do passado histórico para analisar o existente. Um

espaço não pode ser representado em sua totalidade por desenhos de esquemas e

fotografias. Por isso, como complemento, a coleta de dados foi feita sempre que

possível por colaboradores que vivem nas cidades estudadas ou tem laços fortes de

ligação com elas. Para Rossi um fato urbano sempre será diferente e melhor entendido

para quem o vive. (ROSSI,1995:18).

Por fim, a última parte apresenta as considerações finais do trabalho,

buscando uma verificação de como as relações entre os elementos do espaço da praça e

a sociedade podem auxiliar na qualidade urbana.

9 In: COSTA, Alfredo R. da. O Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Barcellos, Bertaso & Cia, 1922.

Page 18: A praça no espaço urbano.compressed

1 A PRAÇA UM ESPAÇO PÚBLICO

Lugar privilegiado delimitando um espaço civil, militar ou religioso; a praça

significa para o homem, um lugar de recreação, de descanso, de notícias e intercâmbios.

A praça é, por excelência, o lugar onde os povos manifestam suas alegrias e

se solidarizam. É o lugar que mais participa e se nutre das vivências cotidianas: homens

e mulheres, velhos e crianças se encontram, conversam, passeiam, discutem e até

protestam, cada qual com a sua diversidade própria, mas todos unidos por um idioma,

un sentir e um destino comum.

Praça e espaço público são conceitos que ao mesmo tempo se confundem e

se distinguem em seu significado e origens. “Seguramente a praça é a primeira criação

humana de um espaço urbano. Resulta do agrupamento de casas ao redor de um espaço

livre”. (KRIER, 1981:18).

No Dicionário da Arquitetura Brasileira de Corona e Lemos encontramos o

seguinte verbete: Praça10 – lugar público, cercado de edifícios e de ruas por todos os

lados. Largo. Em outro sentido às vezes, designa mercado, circo. Também, vila ou

cidades fortificadas. Raras vezes entre nós já designou a cidade, principalmente a

capital.

A praça é o centro da vida comunitária essencial no ser humano que, pela

sua natureza, é um ser eminentemente social. Como um do principais elementos

estruturadores do espaço urbano, não pode ser pensada nem limitada apenas ao seu

espaço físico e ao traçado planimétrico. Todos os elementos tridimensionais em seu

interior e em sua envolvente fazem parte indissociável e determinante da visão geral que

completa o lugar intencionalmente produzido.

“A configuração de uma praça não se metamorfoseia com alenta

deterioração de uma de suas edificações ou com sua demolição parcial e reconstrução de outra com aparência similar. É necessário que a aparência de todas seja alterada, assim como o seu desenho, paisagem, mobiliário.” (CÂMARA, 199X:17).

10 In: CORONA, LEMOS, 1972:387.

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18

A praça é um fato urbano, que apresenta uma forma de arquitetura própria,

vista através de um passado que ainda experimentamos. É uma permanência detectável

através de sinais físicos do tempo, mas também através de sua história de vida, de suas

transformações, de sua alma. (ROSSI, 1995:52).

A praça, finalmente, é o elemento mais distinto da estrutura urbana. Como

lugar claramente delimitado, é mais fácil imaginá-lo e representa uma meta para o

movimento. (NORBERG-SCHULZ, 1975:102). É determinada pelos mesmos fatores

formais que a rua (história, topografia, perspectiva, caráter, etc.), com a diferença que os

edifícios devem formar uma continuidade ao redor do espaço, fazendo com que ao

entrar nele, o indivíduo sinta-se em lugar diferente do restante da estrutura da cidade

É a partir de tais definições que se criam instrumentos para o entendimento

do desenvolvimento adotado no trabalho, mas para isso é necessário desenvolver

algumas idéias sobre a praça e o espaço público, desde seu surgimento até os dias de

hoje.

1.1 O SURGIMENTO DO ESPAÇO PÚBLICO

Desde as primeiras culturas11, vemos que as maneiras de dispor cada casa

podem variar de lugar para lugar, mas seguem, de um modo geral, costumes bem

definidos. Podem variar segundo aspectos sociais, naturais, geográficos e estéticos.

“Pode tratar-se de distâncias e de disposição, do posicionamento em relação ao terreno, ao sol, ao clima e aos cursos d’água. Talvez, também, em função da consideração da dignidade atribuída a mães, pais e tios. Podem variar quanto ao ritmo segundo antigos e coesos modelos.” (CORNELL,1998:3).

Como base do nosso entendimento faz parte a idéia da existência de

instituições em qualquer lugar onde existam sociedades humanas. Estas instituições

devido a sua importância social tem espaço próprio, uma forma de assentamento

reunindo as pessoas e o conjunto de casas existentes.

11 Entende-se como primeiras culturas, na seguinte ordem: catadores, coletores ou caçadores e camponeses.

Page 20: A praça no espaço urbano.compressed

19

As primeiras culturas

As redes de caminhos e lugares de reunião formam as primeiras instituições

humanas. Para os catadores existe um lugar de reunião estabelecido, que pode ser uma

beira de praia, ou outro tipo de lugar reservado e pisoteado, onde o povo se encontra,

atraca barcos, reparte alimentos coletados, faz conselhos, desempenha cerimônias e

ritos. (CORNELL,1998:3).

Um dos povos caçadores, os esquimós, organiza os iglus (Fig.1) conectados

uns aos outros de forma que algumas construções tem função coletiva, que pode ser de

passagem, de reunião ou de proteção, mas antes de tudo são construções institucionais.

Algumas tribos mantêm rígidas regras sobre como configurar seus

assentamentos. Os cheyennes no século XIX ordenavam suas tipi em grandes e

rigorosos círculos, seguindo tradições sociais, com um grande lugar aberto no meio para

convivência coletiva.

A partir disto os hábitos de planejamento são formalizados, como tantos

outros, com funções muito mais rituais do que estéticas. No Brasil tribos de lavradores,

como os bororós, erguem suas casas num círculo que no centro possui uma casa de uso

coletivo para convivência e um espaço aberto destinado a danças.

Com o surgimento dos primeiros camponeses, na Ásia ocidental, a mais de

dez mil anos, uma nova e firme base de desenvolvimento e conformação de casas

Figura 1 – Conjunto de cabanas de neve, iglulike, a.C. 1920. Fonte: CORNELL, 1998:6.

Page 21: A praça no espaço urbano.compressed

20

surgiu, caracterizada pela perenidade dos espaços. Isto possibilitou que as novas formas

de implantação permitissem questões a longo prazo, como as ampliações e as

preservações. Nas culturas camponesas acontece o agrupamento de casas em torno de

um lugar aberto ou alguma instituição. Os pátios entre as casas desenvolvem-se para um

espaço central de uso público. “Um espaço central respeitado e acatado, palco de

eventos grandes e pequenos, o desenrolar da vida através da seqüência de gerações.”

(CORNELL,1998:16).

Como entre as primeiras culturas, a dos camponeses também contempla o

plano social segundo rígidos padrões. Os lugares tem funções específicas e os povoados

refletem as diferenças entre dominados e dominantes, entre poderosos e destituídos, mas

ambos participantes de uma comunidade.

A cidade e o campo

Os camponeses recriaram a paisagem, implantando aldeias que

concentravam todas as formas de atividade (sítios, palácios, templos) e serviços

(artesãos, artistas, soldados). Aos poucos o local complementa-se com lugares para

feiras e comércio. “Juntos, todas as casas, sítios e instituições formam um assentamento

que não é mais uma aldeia. É uma cidade.” (CORNELL,1998:3).

Em sua multiplicidade, as cidades ficam mais parecidas entre si do que

foram as aldeias, com todas as suas tradições e diferenças locais. Mesmo com as

diferentes formas de construir as cidades, as configurações urbanas possuem princípios

(essência) iguais em todo o mundo. As cidades são a expressão aumentada e

modificada da aldeia que lhes deu origem, às vezes, construídas umas sobrepostas as

outras.

Uma das cidades mais antigas que se tem conhecimento é denominada

Debaixo de Jericó12, local onde os arqueólogos escavaram os restos de uma aldeia

camponesa. A praça e o lugar dos conselhos foram os locais menos modificados .

As cidades passam a ser projetadas e configuradas em retículas, quando os

regentes se cercaram de artesãos que acumularam conhecimentos através de

experiências profissionais. Os agrimensores passam a usar instrumentos, modelos

12 O sítio antigo de Jericó, está próximo a cidade moderna. A primeira instalação remonta aproximadamente 8000 a.C. Jericó s.m. (De Jericó, n.pr.) Jardinzinho, quintal. In: ENCICLOPÉDIA LAROUSSE CULTURAL, 1999:3330.

Page 22: A praça no espaço urbano.compressed

21

reduzidos e desenhos. Os sacerdotes e reis, estendem suas pretensões de planejadores

sobre todo um grupo de instituições. Dividem as cidades em lotes, à semelhança do

campo, subjugando a isso suas praças, ruas, conjuntos e outras partes.

“Em muitos países, a configuração da totalidade urbana é a nítida expressão do poder do imperador. O sistema foi aplicado na Ásia Ocidental, no Egito, no vale do rio Indo, na Índia, no Camboja, na China, no Japão, no México, no Peru, na Grécia, no Império Romano e finalmente no chamado mundo ocidental.”

(CORNELL,1998:22).

Na Grécia, em 2000 a.C., na área da acrópole13 (Fig.2), as autoridades

ganharam o poder de construir inúmeras instituições, principalmente em torno da praça,

a ágora14.

A transformação rumo aos ideais clássicos gregos desencadearam mudanças

no assentamento das cidades. Mileto, século V, na costa voltada para a Ásia, foi lançada

13 Acrópole s.f. (Do gr. akropolis). 1. Colina fortificada das antigas cidades gregas que abrigava o palácio real (Micenas) e depois a sede da vida política (a Cadméia de Tebas) ou a religiosa (Atenas). – 2. Toda a cidade proto-histórica fortificada sobre uma colina. In: ENCICLOPÉDIA LAROUSSE CULTURAL, 1999:59. 14 Ágora s.f. (Do gr. agora) 1. Na época clássica, o lugar público, centro administrativo, religioso e comercial da cidade. – 2. Praça pública onde se realizavam as assembléias políticas na Grécia antiga. In: ENCICLOPÉDIA LAROUSSE CULTURAL, 1999:114.

Figura 2 – Reconstituição do plano de Atenas como era nos anos 400 antes do nosso tempo. Fonte: ENCICLOPÉDIA LAROUSSE CULTURAL, 1999:59.

Page 23: A praça no espaço urbano.compressed

22

com quarteirões quadrados em duas áreas principais, a partir de um centro com duas

praças e instituições.

Na mesma época, no Império Romano, as cidades tinham planos que

lembravam muito as antigas cidades gregas. Ao analisarmos as cidades romanas

podemos entender o significado real e simbólico que as instituições, como templos,

fóruns, teatros e praças, tiveram.

1.2 NA IDADE MÉDIA: A PRAÇA COMO INSTITUIÇÃO

A maior parte da cultura da Idade Média15 foi construída em terras de

camponeses, pastores, pescadores e caçadores. Na Europa Ocidental, a partir do século

IX, iniciou-se a criação de cidades originadas do desenvolvimento das aldeias de

trabalhadores.

Na maioria dos casos os regentes doavam terras a grupos de profissionais

que se estabeleciam para trabalhar. Esses terrenos eram locais comunitários, onde

praças, portos, igreja, fórum e outros prédios públicos deveriam ser erguidos.

As regras para a construção das cidades medievais eram fixadas em

pergaminhos . Uma estrada atravessava o povoado, passando pela praça, cruzando ruas

transversais que muitas vezes tinham caráter próprio e que raramente se cruzavam.

“A praça com sua vida, sua localização e sua configuração traz-nos de muitas formas a chave para compreender toda a cultura de cidade e campo. Era nela que a cada semana, talvez cada dia, cidadãos e camponeses encontravam-se para negociar. Lá, os pescadores, os camponeses, os artesãos e os comerciantes da cidade armavam suas barracas com a mesma freqüência que os habitantes do campo. Na praça realizavam-se, também, festas e apresentações de tipos os mais diversos.” (CORNELL,1998:54).

Na Idade Média, portanto, é que a praça ganha a forma de instituição. Foi

um dos principais interesses da cidade e para ela reservou-se lugar junto às outras

15 A Idade Média, é o período da história da Europa, que tradicionalmente se situa entre a data da queda do último imperador romano do Ocidente (476) e da descoberta da América (1492). Essas datas são discutíveis. Para o final da Idade Média, tem-se proposto também a queda de Constantinopla (1453), ou ainda as Guerras de Religião. In: ENCICLOPÉDIA LAROUSSE CULTURAL, 1999:3061.

Page 24: A praça no espaço urbano.compressed

23

instituições. Geralmente, o espaço da praça era dividido em dois, de forma a dar à igreja

um pátio anterior e próprio.

A praça medieval pode ser classificada morfologicamente nas seguintes

categorias: praças de mercado, praças de entrada da cidade, praça como centro da

cidade, adro de igreja e variações destas praças que podiam estar agrupadas

(SEGAWA,1996:32).

Com o desenvolvimento, as cidades medievais foram ampliadas, perdendo

algumas de suas características de planejamento. Foram poucas as cidades inteiramente

novas.

Durante o século XIII, uma das cidades implantadas que rompeu com o

traçado medieval, deu-se na França, no lugar chamado Monpazier (Fig.3). Assentada

como uma série de quadras entre ruas em ângulo reto, dentro de um retângulo formado

pelos muros da cidade. No centro reservaram lugar para a praça, abrindo as construções

em volta com arcadas ogivais.

A multiplicidade, até então presente na cidade medieval passou a não ser

mais aceita pelas elites renascentistas16. Praças, ruas, pátios, salas e moradias foram

subjugados à perspectiva prevista pelos projetistas.

16 Renascentista: que pertenceu a época da Renascença. Movimento de renovação cultural e artística que nasceu na Itália durante o século XV e espalhou-se por toda a Europa no século XVI. In: ENCICLOPÉDIA LAROUSSE CULTURAL, 1999:4986.

Figura 3 – Monpazier, cidade colonial inglesa na França, fim do século XII. Fonte: CORNELL, 1998:61.

Page 25: A praça no espaço urbano.compressed

24

“A maneira era passar a desenhar muito mais do que antes, e o

instrumento principal adotado foi a perspectiva. A perspectiva presta-se tanto para retratar o mundo como para construir novos cenários”. (CORNELL,1998:66).

As cidades deveriam ser substituídas por novas cidades planificadas de

acordo com um desenho racional. A Cidade Ideal de Leon Battista Alberti (1407-1472)

apresentava um esquema em círculos concêntricos, como uma cidade dentro da outra,

cada uma abrigando uma classe social ou política. Alberti transforma o arquiteto em um

regulador e coordenador das atividades acontecidas na cidade (SEGAWA,1996:34-35).

“Enquanto a cidade do medievo era ideal na medida em que

concretizava uma imagem divina (civitas dei), a renascentista o é na medida em que concretiza um ideal estético-formal geométrico, predefinido no projeto. O ideal renascentista concentra-se na forma geométrica e deve, sempre que possível, projetar as cidades a partir do círculo, do quadrado ou de um polígono regular [...] cortado por uma rede geométrica (ruas e caminhos), que enfatiza o ponto central ocupado pela praça e pela sede do poder.” (BRANDÃO,1999:77).

1.3 SÉCULO XV: A PRAÇA NO SENTIDO ATUAL

Com a ascensão das cidades barrocas17, no sentido formal alterou-se. Essas

cidades eram constituídas de um sítio central, em forma de círculos ou praças abertas,

dominados por monumentos rodeados simetricamente por edifícios públicos.

“Ao contrário da cidade medieval, através da qual se deve

caminhar lentamente, para apreciar suas incessantes transformações de massa e silhueta, seus detalhes complicados e surpreendentes, pode-se perceber toda uma cidade barroca quase de um só olhar. Mesmo aquilo que não se vê pode-se facilmente introduzir na imaginação, uma vez estabelecidas as linhas de orientação.” (MUNFORD,1991:423).

17 Barroco, estilo que predominou nos vários setores da arte européia e da América Latina de meados do século XVI ao século XVII. Dava prioridade a sensibilidade, em oposição ao classicismo. In: ENCICLOPÉDIA LAROUSSE CULTURAL, 1999:662.

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25

Portanto isto implica em um espaço que é voltado para o homem, onde este

interpreta os ideais clássicos a sua maneira, caracterizado pela subjetividade que o

século XVII buscou afirmar. (BRANDÃO,1999:136).

O edifício barroco, em especial as igrejas italianas e as praças e palácios

franceses, deveriam ser os centros que representassem as particularidades e dogmas aos

quais os indivíduos estivessem vinculados.

Os princípios urbanos barrocos (romano e francês) são a centralização, a

continuidade e extensão, como um espírito de síntese.

“[...] em primeiro, objetiva-se construir centros focais hierárquicos, representativos do poder absoluto (centralização); em seguida, viabiliza-se a propagação da mensagem destes edifícios por toda a cidade, através de um conveniente planejamento urbano que enfatize aqueles monumentos diretores (continuidade); por último, permite-se que os monumentos não só estruturem o entorno urbano edificado, mas também a própria paisagem natural que se vê dominada, e as demais cidades que a capital deve se subordinar (extensão).” (BRANDÃO,1999:144).

A partir desta nova idéia de cidade, vamos nos referir à Piazza italiana, à

Plaza Mayor espanhola, à Place Royale francesa e a inclusão da natureza organizada no

espaço público, como idéias ancestrais de praça que se confundem com o própria

origem do conceito ocidental de urbano.

Figura 4 – Vista da Piazza de San Marco, Veneza. Fonte: ENCICLOPÉDIA LAROUSSE CULTURAL, 1999:5248.

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26

Piazza italiana

No inicio do século XV, em Florença, o arquiteto Filippo Brunelleschi,

recebeu como incumbência construir a Piazza di SS. Annunziata (1409). Essa deveria

ser uma praça fechada, a curta distância do centro da cidade. Ao contrário da

verticalidade gótica da época, concebe uma faixa de parede horizontal que descansa

sobre uma série de arcos plenos, que se apóia em pilares, constituindo um lugar

independente da configuração urbana existente.

“Trata-se do início da implantação de praças no sentido atual do termo, o primeiro lugar urbano significativo. Com seu posicionamento exclusivo, Brunelleschi ao mesmo tempo valoriza a tradição de sua cidade, põe-se a serviço de sua necessidade e fama. O orfanato liga à praça, salienta o espirito público da república burguesa que, aliás, em Florença vinha sendo reprimida na época.” (CORNELL,1998:69).

Outros exemplos da Piazza italiana são a Piazza Ducale em Vigevano

(reforma de 1492) e a Piazza de San Marco em Veneza (modificações 1536-1640)

(Fig.4).

Uma das mais significativas contribuições para a nossa concepção atual de

praça é a Piazza Obliqua de São Pedro de Roma (1647-1651) (Fig.5). Essa obra de

autoria de Lorenzo Bernini (1598-1680), foi o primeiro grande espaço aberto europeu e

caracterizou-se como um marco na ruptura da escala renascentista de praça.

Figura 5 – Piazza de São Pedro, Roma. Fonte: CHING, 1998:124.

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27

Plaza Mayor espanhola

Na Espanha a Plaza Mayor de Madri (1617-1621) (Fig.6), a de Segóvia

(projeto de 1609-1624), a de León (1677) e a de Córdoba (1683), eram concebidas

como um cenário para festas e cerimônias reais, transformando a plaza mayor medieval,

aberta, em um espaço fechado e reduzido, como se fosse um grande teatro.

Conforma-se como local onde se unificam as diversas vias que a circundam.

Possui distintas funções, como o mercado, as festas reais, a canonizações e os jogos. A

sua unidade espacial manifestava-se tanto em sua planta como nas fachadas uniformes e

regulares.

Place Royale francesa

As places royales francesas constituem um importante modelo no século

XVII. São formadas por um enquadramento, formado pelas construções que têm o

objetivo de destacar a monumental estátua do rei (geralmente eqüestre), localizada no

centro do espaço.

A Place des Voges de Paris, iniciada por Henrique IV entre 1605 e 1612, é

considerada como um modelo das places royales. É constituída por um quadrilátero

regular que organiza um recinto isolado do tráfego intenso – um conjunto de

construções repetidas de três pavimentos com pórticos, formando como que um pátio,

com a entrada camuflada nas fachadas uniformes (SEGAWA,1996:37). Nesse local

aconteceram diversos espetáculos reais, entre eles o casamento de Luís XIII.

Figura 6 – Um aspecto da Plaza Mayor de Madri. Fonte: ENCICLOPÉDIA LAROUSSE CULTURAL, 1999:3726.

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28

Após foram construídas diversas praças em homenagem a Luís XIV (1638-

1715), que definiam a tipologia adotada nas Place des Victories e Place Vendôme em

Paris, e a Luís XV (1710-1774) nas cidades de Bordeaux, Valenciennes, Rennes,

Nancy, Reims e a de Paris (atual Place de la Concorde) (Fig.7).

A Arborização dos Espaços Públicos

O plantio de árvores nas praças não era usual no período renascentista. A

natureza era explorada em forma de jardins e parques privados. Os jardins de Versalhes

(1661-1668), a remodelação das Tulherias (1664), assim como os jardins de

Luxemburgo, do Arsenal e o Jardin des Plantes, são modelos de jardins franceses do

século XVII. Esses jardins eram reservados somente ao rei e à nobreza e só foram

abertos à população no reinado de Luís XV, como espaço público cotidiano na Europa

(SEGAWA,1996:38).

Quanto ao cultivo de árvores no espaço público, sabe-se que os belgas de

Antuérpia, durante o século XVI (1569), tinham na lateral de sua catedral uma área

ornamentada com árvores. Este espaço ficou conhecido com o nome inédito para a

época de Place Verte ou Groenplaats. Na Antuérpia18 o conselho municipal, em 1578,

determinou o plantio de três linhas de árvores nos passeios.

18 Antuérpia, porto da Bélgica, na margem esquerda do Escalda, capital de província homônima. In: In: ENCICLOPÉDIA LAROUSSE CULTURAL, 1999:351.

Figura 7 – Vista parcial da Place de la Concorde. Fonte: ENCICLOPÉDIA

LAROUSSE CULTURAL, 1999:1546.

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29

Também em Paris, por volta de 1597, começam a ser implantados campos

de pallamaglio19, esporte de origem italiana, praticado no verão sob a sombra das

árvores. Outra influência italiana para Paris foi o Cours la Reine (1616), uma espécie de

recinto cercado e isolado por fossos, ao longo de um quilômetro e meio entre o Sena e a

futura área do Champs Élysées,. Era destinado a caminhadas ou passeios em carruagens

sob a sombra das árvores, pela elite parisiense.

Em meados de seiscentos nas áreas de expansão encontravam-se grandes

avenidas arborizadas. Em 1670 criava-se o Champs Élyssés (na época denominado de

Grand Cours), no eixo do Jardim das Tulherias, paralelamente ao Cours la Reine

(Fig.8).

“Martin Lister, viajante inglês em visita a Paris em 1698,

impressionava-se com a diversão dos parisienses, principalmente em teatros, jogos, caminhadas e passeios de carruagens e que não havia gente mais apaixonada em reunir-se, para ver e ser vista.” (SEGAWA,1996:45).

19 Pallamaglio, de origem italiana tendo o críquete como uma de suas variações modernas. In: SEGAWA, 1996:39.

Figura 8 – Cours La Reine em Paris, em gravura de Aveline. Fonte: SEGAWA, 1996:41.

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30

1.4 A PRAÇA NO BRASIL

Como conseqüência da ascensão do modelo barroco de cidade, que se abriu

e sempre que possível determinou eixos de simetria entre seus monumentos, temos uma

formalização de todo o desenho urbano e suas edificações, por toda a Europa e suas

colônias, que aumentou no século XVI e atingiu maior abrangência entre os séculos

XVII e XIX.

A reconstrução de Portugal

O terremoto de 1775, em Lisboa, fez com que os grandes estragos causados

criassem um novo desenho urbano na cidade.

O Terreiro do Paço20 reaparece como Praça do Comércio (Fig.9), um palco

aberto ao Tejo define todo o plano de reconstrução. A planta de Eugénio dos Santos

cobre a parte central da cidade, definindo-se entre o Terreiro do Passo e o Rossio

(Fig.10), regularizando as duas praças tradicionais e criando, de uma para outra, uma

malha de ruas longitudinais e transversais, cruzando-se em ângulos retos.

20 Definido pela primeira vez no inicio do século XVI, quando D. Manoel abandonou o castelo medieval e construiu um palácio. In: PASSOS, 1990:27.

Figura 9 – Cartão postal – Praça do Comércio / Lisboa / 1905. Fonte: PASSOS, 1990:31.

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31

“De todos os elementos do tecido urbano, é a praça ou o largo o

lugar de reunião por excelência, que revela o princípio de organização social. Contudo a importância da praça não advém só da sua utilização como lugar privilegiado de reunião dos seus habitantes, mas também como entrada do aglomerado urbano – é o primeiro contato que o visitante tem com a localidade visitada.” (PASSOS,1990:19).

Muitas vezes, são nestas praças da Lisboa do século XVIII que encontramos

as típicas formas e funções das praças coloniais brasileiras.

O passeio público do Rio de Janeiro

Seguindo as idéias de ver e ser visto dos jardins europeus e as rudimentares

noções de salubrinismo21 que se difundiam na Europa, toma forma no Brasil do século

XVIII, o Passeio Público22 do Rio de Janeiro (Fig.11), influenciado pelos ideais do

Iluminismo23. Diferente dos espaços abertos do urbanismo colonial, não era um símbolo

da autoridade portuguesa, nem servia para emoldurar um monumento, era um

monumento a vegetação, à natureza.

21 Salubridade não é a mesma coisa que saúde, mas o estado das coisas, do meio e seus elementos constitutivos, que permitem a melhor saúde possível. In: SEGAWA, 1996:67. 22 Passeio Público – lugar onde se passeia; praça, largo, jardim, etc., destinados aos passeios. Parte lateral das ruas destinada ao trânsito de pedestres; calçada. In: ENCICLOPÉDIA LAROUSSE CULTURAL, 1999:4479. 23 Iluminismo: movimento intelectual que caracterizou o pensamento do século XVIII; pregava a valorização do homem e suas idéias, com base científica e não religiosa. GIL, 1999. (Anotações de aula).

Figura 10 – Cartão postal – Praça do Rossio / Lisboa / 1905. Fonte: PASSOS, 1990:55.

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32

Sua execução ocorreu entre 1779 e 1783, por ordem do vice-rei D. Luís de

Vasconcelos, que encarregou o importante arquiteto e urbanista do Rio de Janeiro,

Mestre Valentim, de projetá-lo.

Não se conhece nenhuma comemoração de inauguração do Passeio Público.

Em 1786 o recinto foi palco das comemorações do casamento do príncipe D. João VI

com a princesa D. Carlota Joaquina, acontecido em Portugal.

Após o fim da administração de D. Luís, entrou em decadência, até a vinda

da família real para o Brasil.

Século XIX: Família Real no Brasil

Cercado entre duas hipóteses desastrosas (romper com um antigo e

poderoso aliado – Inglaterra, ou desafiar seus aguerridos vizinhos – França e Espanha)

D. João VI, a família real e seus 350 lacaios embarcaram para o para o Brasil, em 1808.

No Brasil instalaram-se no Paço do Vice-Rei, na cidade do Rio de Janeiro e,

em seguida, na Quinta da Boa Vista. Logo deram início as obras de remodelamento da

cidade; ruas e calçadas foram ampliadas, novos e suntuosos bairros foram criados,

formados passeios e jardins públicos. (BUENO,1998:91).

Figura 11 – Planta do Passeio Público, sem data (anterior a 1862), desenhada por J. A. Andrade. Acervo da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Fonte: SEGAWA, 1996:86

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Em 1816, com a chegada da Missão Francesa24, a cidade do Rio de Janeiro

adquiriu ares imperiais. Foram trazidos pintores, escultores, gravadores e arquitetos

franceses com a finalidade de desenvolver atividades artísticas e fundar a Academia de

Belas Artes, introduzindo o Neoclassicismo no Brasil.

Efetivamente, nos anos imediatos após a instalação da família real,

sinalizava-se a política do final dos anos setecentos, de implementação de recintos

botânicos (praças, jardins ou passeios) desta vez intensivamente do outro lado do

Atlântico.

“A resolução de 27 de julho de 1809 prometia prêmios e privilégios aos interessados que aclimatassem no Brasil plantas e especiarias orientais ou que promovessem a cultura de outros vegetais nativos ou exóticos que fossem úteis as artes.”

(SEGAWA,1996:147).

Cabe ressaltar que os Jardins Botânicos25 não visavam o usufruto do

público, mas sim o acesso aos interessados no conhecimento científico cultural. Porém

as características físicas do recinto botânico influenciaram outras formas de ver a

natureza e de usar do espaço público, como o plantio de espécimes exóticas nos recintos

de praça e passeios públicos.

Já em 1825, Grandjean de Montigny, arquiteto que fez parte da Missão

Francesa, projetou melhorias no chamado Campo de Santana, por ordem de D. Pedro I,

equiparando-o a uma place royale francesa.

O projeto para a praça de Grandjean de Montigny tinha dimensões de 360

por 190,80 metros, equivalente a reunião das três maiores praças de Paris.

“Uma enorme superfície regular, o centro ocupado por uma

estátua eqüestre do imperador mais quarto chafarizes de repuxo balizando os cantos, com os edifícios de dois pavimentos mais o porticado no térreo emoldurando o ambiente, vazado em quatro entradas principais.” (SEGAWA,1996:1964).

24 Fizeram parte da Missão Artística Francesa (1816): Joaquim Lebreton, Nicolas Antoine Taunay (1821), Jean Baptiste Debret (1830), Auguste Maric Taunay, Felix Emille Taunay, Auguste Saint-Hilaire e Grandjean de Montigny. SANTOS, 1999. (Anotações de aula). 25 Jardim– espaço ordinariamente fechado, onde se cultivam árvores, flores, plantas ornamentais. Jardim Botânico, parque onde são cultivadas espécies vegetais, munidas de cartazes ou etiquetas onde constam seus nomes científicos. In: ENCICLOPÉDIA LAROUSSE CULTURAL, 1999:3318.

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34

As medidas originais do Campo de Santana foram reduzidas

proporcionalmente em largura e comprimento para quase a metade das dimensões

propostas, não se configurando como uma place royale.

Ao longo da história , desde as primeiras culturas, passando pela ágora

grega, a Idade Média e o Renascimento até os nossos dias, a praça tem sido um lugar de

contato e diálogo humano. Nesse trabalho iremos estudar a praça como espaço público a

partir do caso das praças da região sul do Rio Grande do Sul.

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2 A PRAÇA NA CIDADE GAÚCHA

2.1 O CASO EM ESTUDO: AS CIDADES DA REGIÃO SUL

As cidades analisadas no desenvolvimento do trabalho são as desmembradas

do município de Rio Grande, até o ano de 1900 (Fig. 12), quando foram transformadas

em vilas e sedes de município. Nesse momento é autorizado o funcionamento de órgãos

públicos, como intendências, câmaras, agências bancárias, entre outros, que possibilitam

grandes melhorias na estrutura urbana das cidades e, consequentemente, de suas praças.

Figura 12 – Mapa dos municípios existentes em 1900, no Rio Grande do Sul, com demarcação do limite dos municípios da região sul, desmembrados de Rio Grande. Fonte: Fundação de Economia e Estatística, 1981:99.

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A divisão territorial

A partir da Provisão de 7 de outubro de 1809, quando foram criadas as

quatro primeiras vilas rio-grandenses (Porto Alegre, Rio Grande, Rio Pardo e Santo

Antônio da Patrulha), configurou-se a primeira estrutura administrativa do Estado.

Rio Grande, ponto de partida para o entendimento do caso em estudo,

devido a sua posição estratégica junto ao mar, conseguia ser um centro político,

econômico, social e cultural do Estado, diferente dos outros que ainda se apresentavam

como pequenas vilas, com baixa população e inexpressivo desenvolvimento comercial.

(BORGHETTI, 1999:28).

“A cidade estendia-se outrora bem para o lado oeste. As areias encobriam, entretanto, ruas estreitas [...] Não resta dúvida de que esta cidade apenas começou a florescer depois da insurreição das colônias espanholas, datando daí a edificação da maioria das casas mais importantes que ainda se vêem [...] Mas depois da guerra, Rio Grande tornou-se centro desse comércio – carne seca, de couro, sebo e trigo produzido na Capitania. Esse progresso estampava-se com soberba evidência: negociantes ricos os há em quantidade; o mobiliário das casas e a aparência dos homens demostram a abastança.” (SAINT-HILARE, 1974:32).

A constante evolução da Província, estimulada pela presença de imigrantes,

favoreceu o desdobramento do município de Rio Grande. A origem de novas vilas

facilitava as ações administrativas da Província e proporcionava uma melhor

distribuição da população crescente. Em 1835, início da Revolução Farroupilha, a

Província já registrava como sedes de municípios as vilas de Pelotas (1830), Piratini

(1830), São José do Norte (1831) e Jaguarão (1832). (F.E.E., 1981:34).

Com o progresso crescente pós-Revolução (1845), iniciou-se um incremento

da produção agrícola e da pecuária; como decorrência, são desmembrados de Piratini as

vilas de Bagé (1846) e Canguçu (1857) .

No final do Período Imperial (1889), impulsionado pela expansão das

imigrações alemãs e italianas, para a região sul do Rio Grande do Sul, em 1900, são

criadas as vilas: Santa Vitória do Palmar (1872), Dom Pedrito (1872), Arroio Grande

(1873), Pinheiro Machado (1878), Herval do Sul (1881), Santa Isabel do Sul (1882-

1893) e São Lourenço do Sul (1890).

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37

26

26 O município de Santa Isabel do Sul, ou Santa Isabel dos Canutos, foi elevado a vila e sede de município pela Lei No. 1368, de 9 de maio de 1882 e extinto pelo Ato No. 11, de 16 de janeiro de 1893. In: F.E.E., 1981: 23.

RIO GRANDE 1747

1830

1831

1832

1846

1857

1872

1873

PIRATINI PELOTAS

SÃO JOSÉ DO NORTE

JAGUARÃO

BAGÉ

CANGUÇU

DOM PEDRITO

STA VITÓRIA DO PALMAR

ARROIO GRANDE

1878 PINHEIRO MACHADO

1881 HERVAL DO SUL

1882 STA ISABEL DO SUL

1890 S. LOUREN. DO SUL

Figura 13 – Organograma da criação dos municípios estudados, na coluna da esquerda vemos a data em que o mesmo foi considerado como vila e sede de município. As linhas de interligação mostram o sistema de desmembramento adotado. Fonte de dados: F.E.E., 1981.

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No sul do Brasil: a provisão real de 1747

Após diversas ordenações Espanholas e Portuguesas, em 9 de agosto de

1747 é encaminhada aos brasileiros uma orientação específica quanto às disposições

urbanas, com o título de Provisão Real. (YUNES,1995:26).

Inicialmente dirigida aos colonos de Santa Catarina, vindos das ilhas dos

Açores, enunciava:

“Para o centro e logradouro público de cada lugar se destinará meia légua em quadro, e as demarcações destas porções de terra se fará por onde melhor o mostrar e permitir a comodidade do terreno não importando que fiquem em quadrados, contando que a quantidade de terra seja a que fica dita. No sítio destinado para o lugar se assinalará um quadrado para a praça de quinhentos palmos de face, e em um dos lados se porá a Igreja, a rua ou as ruas se demarcarão ao cordel com a largura ao menos de quarenta palmos, e por elas e nos lados da praça se porão as moradas com boa ordem, deixando umas e outras e para trás lugar suficiente e repartido para quintais atendendo assim ao cômodo presente como a poderem ampliar-se as casas para o futuro.” (CABRAL,1951:94).

Pode-se dizer que estes preceitos são semelhantes aos ditados pelas Leis das

Índias, no início da fundação das cidades hispano-americanas. São instruções bem

detalhadas para o desenvolvimento urbano local e, posteriormente, regional.

Mesmo não acompanhando totalmente o regimento de 1747, as vilas

recentemente criadas no sul do Brasil, adaptaram as novas formas urbanas as suas

necessidades. Essas adaptações intensificaram-se principalmente em meados do século

XIX.

“As cidades vão ter os cuidados de modernização,

predominantemente a partir da metade do século XIX. Seja nas expansões dos núcleos iniciais ou nas sedes de novas cidades, persistiu o uso da quadrícula e o agrupamento da igreja e dos edifícios institucionais ao redor da praça.” (YUNES, 1995:29)

O resultado quanto ao traçado adotado pelas cidades, foi percebido através

da regularização da implantação preexistente, utilizando um sistema de traçado

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reticular27, uma trama muitas vezes não observada pelo usuário. Esse traçado tem como

um de seus principais objetivos disciplinar seus usuários, facilitando o controle do

Estado.

A nossa praça portuguesa

A origem portuguesa de nossas cidades é observada também em nossas

praças. Essas têm como característica principal o fato de serem locais de passagem e de

articulação da população, diferente das de origem hispânica, que eram concebidas como

palcos para festas, abrigo de mercados, locais privilegiados para desfiles e procissões.

(CÂMARA,199X:4).

Por esse motivo, as praças da América portuguesa não são tão amplas

quanto às de origem espanhola, o que podemos comprovar se as compararmos aos

espaços públicos destinados as reduções jesuíticas28 (Fig. 14). Nestas, a praça

proporcionalmente ao restante da implantação, os lotes destinados a habitação por

exemplo, ocupa um grande espaço.

27 Sobre traçado reticular ver: Yunes, 1995. 28 Reduções Jesuíticas, no território riograndense compreendiam sete missões (São Nicolau, São Miguel, São Luiz, São Lourenço, São João Batista e Santo Ângelo) administradas por jesuítas espanhóis (membros da Companhia de Jesus) de 1626 a 1756, tinham como objetivo evangelizar os povos indígenas através do cristianismo do novo testamento. In: LA SALVIA, 1992.

Figura 14 – Planta da Missão de São Nicolau, com a demarcação da área destinada a praça. Fonte: LA SALVIA, 1992:32.

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As praças aqui estudadas possuem diferenças e semelhanças, segundo suas

origens, que podem ser identificadas como eclesiástica, civil ou militar.

“Da observação dos antecedentes definidores do surgimento das

principais povoações de traçado reticulado, estabelecidas durante o Séc. XIX e início do Séc. XX, no Rio Grande do Sul, quatro grupos definiram-se claramente para o interesse da análise: as cidades da defesa, as cidades das capelas, as cidades dos colonos imigrantes e as cidades das reduções.” (YUNES, 1995:50).

O que se verifica pela constante presença de edificações características -

igrejas, quartéis, casarões, entre outros - que remetem a origem histórica destes lugares.

Este espaço muitas vezes é uma continuidade do desenho interior dos prédios públicos

ou privados, que circundam a praça, uma tipologia chamada casa pátio29 (Fig. 15).

Os quarteirões que a circundam são resultantes do traçado das vias, os

edifícios construídos no alinhamento em contato direto com a rua, apresentando de um

modo geral características medievais, tanto na forma como na implantação (Fig. 16).

O entendimento do tipo histórico adotado pelas praças das cidades da região

sul, desde o seu surgimento até os dias de hoje, ocasionou diferenças em suas

preexistências, um ritmo evolutivo diferenciado, que pode ser evidenciado em seus

diferentes usos com suas imagens de ambiência no decorrer da história.

29 Pátio, área a céu aberto, cercada em sua maior parte ou na totalidade por paredes ou edifícios. In: CHING, 1999:85.

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Figura 15 – Vista aérea do prédio da Alfândega da cidade de Rio Grande. Foto: Adriana Monteiro, 2000.

Figura 16 – Perspectiva aérea do tipo de praça implantada na região sul do Rio Grande do Sul. Desenho: Eduardo Rocha, 2000.

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2.2 AS PRAÇAS GAÚCHAS E SUAS PREEXISTÊNCIAS

Historicamente podemos classificar as preexistências do conjunto das praças

em estudo em três tempos distintos, relativos ao seu uso: como logradouro público,

como espaço para lazer e contemplação e como espaço de passagem.

Os usos correspondem algumas vezes a imagens de ambiência com

referência estética definida pelo momento histórico (colonial, eclético e moderno), que

vai sobrepondo-se e modificando-se. Isso implica, em alguns casos, na falta de

correspondência entre o uso e a imagem de ambiência. Esta expressa-se através dos

diferentes fundamentos estilísticos distintos de cada época, aplicados nas fachadas dos

prédios, nos equipamentos urbanos, nos monumentos, e, até mesmo, no desenho da

praça. (CAMÂRA, 199X:10).

Estes tempos aconteceram em épocas diferentes em cada uma das cidades

estudadas; por isso, utilizaremos um registro de imagens do ano de 1922, onde

conseguimos analisar algumas especificidades sobre o caso.

1º Tempo: logradouro público

O logradouro30 público é um espaço caracterizado pelo vazio urbano da

cidade, local para descanso dos viajantes e de suas montarias (cavalos e moares), um

lugar público delimitado apenas pelos prédios que o circundam.

“Teve várias utilizações ao longo das épocas, desde a horta ou

quintal até a oficina, garagem ou anexo [...] O logradouro vai oferecendo solo às modificações e intensificações de usos acolhendo numerosas atividades que não encontram outro lugar na cidade.” (LAMAS, 1960:98).

O lote colonial que limita a praça, segundo Provisão Real de 1747, seguia as

antigas tradições urbanas de Portugal, onde as residências eram construídas sobre o

alinhamento das vias públicas e as paredes laterais sobre os limites dos terrenos. (REIS

FILHO, 1995:22). As ruas, com raras exceções, eram calçadas e serviam como elos de

ligação entre os conjuntos de prédios.

30 Logradouro, s.m. Pastagem ou serventia comum ou pública; lugar público onde o povo pode espairecer; praça; parque; jardim; rossio. (Var.:logradoiro). In: FERNANDES, 1993:454.

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A vegetação existente no logradouro era a nativa da região e tinha o objetivo

principal de proporcionar sombra aos viajantes. Quando plantadas, dava-se preferência a

espécies frutíferas.

Um aspecto a ser destacado, neste período é a existência de pelourinhos,

geralmente localizados no centro das praças de cidades com maior concentração

populacional e financeira, como Pelotas e Rio Grande, onde se encontravam um maior

número de escravos.

As habitações normalmente encontradas neste período eram o sobrado e a

casa térrea, com tipos31 homogêneos, como o porta e janela, o porta e duas janelas e o

em fita. A exceção eram as casas de esquina, que apresentavam algumas variações

devido ao aproveitamento de duas fachadas.

“As tipologias habitacionais urbanas, até o início do século, seguiram os códigos funcionais e formais do sistema colonial, quais sejam, edificação vinculada ao lote urbano, ocupando toda a testada, valorização maior da fachada, de acordo com o status social do proprietário, e um desenvolvimento longitudinal da planta ao longo do lote.” (CRUZ, 1992:123).

Verifica-se através das imagens a seguir que ainda no início do século XX

(1922) encontrávamos praças com a função de logradouro público. Podemos observar

que em Herval do Sul (Fig. 17) a praça aproximava-se a um pomar público, as ruas

31 Tipo: certo número de coisas consideradas como a formar um grupo em razão de atributos ou características comuns. In: CHING, 1999:79.

Figura 17 – Praça Marquês do Herval /Herval do Sul. Fonte: COSTA, 1922:65.

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44

limítrofes da praça não possuíam pavimentação e nenhum tipo de melhoria, como

caminhos demarcados ou equipamentos urbanos são notados nas imagens. Essas

características também podemos constatar na Praça Angelino Goulart, da cidade de

Pinheiro Machado (Fig. 18).

Em Canguçu (Fig. 19) podemos ver que a praça se assemelhava a um

bosque com vegetação fechada. Na imagem contígua nota-se a existência de edificações

com detalhes rebuscados nas fachadas e diversos sobrados. O que denota discordância

entre o cuidado com a praça e os prédios que a circundam.

“Antiga Praça Marechal Floriano, até o vilamento não possuía

denominação. Apartir daí até a República denominou-se Praça Dom Pedro II. Por muitos anos ela permaneceu na situação de terreno baldio.”( BENTO,1983:32).

O que é realmente característico nesses logradouros públicos é a

inexistência de vida social no seu interior; apesar de nas imagens citadas anteriormente

(Fig. 17/19) termos visto alguns grupos de pessoas, esses encontravam-se nas praças por

motivo de fotografia ou de alguma comemoração local.

Atualmente ainda encontramos praças com características de logradouros

públicos, principalmente em pequenas comunidades rurais. Na região destacamos a vila

de Santa Isabel do Sul, que já foi sede de município (1882-1893), com o mesmo nome,

que após alguns anos foi extinto, um lugar que por esse motivo parou no tempo, e

conserva em sua estrutura original a Praça da Aliança (Fig. 20).

Figura 18 – Angelino Goulart/ Pinheiro Machado. Fonte: COSTA, 1922:123.

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45

Figura 19 – Praça Dr. Francisco Carlos dos Santos/Canguçu. E aspecto da rua principal da vila Fonte: COSTA, 1922:81.

Figura 20 – Praça da Aliança/Santa Isabel do Sul. Fonte: NEAB, 1994.

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46

2º Tempo: espaço de lazer e contemplação

No final do século XIX as praças começaram a ser valorizadas como

passeios públicos, um lugar para passear e ser visto. A transição do trabalho escravo ao

regime salariato contribuiu para esta nova imagem da praça, já que o poder aquisitivo da

população trabalhadora aumenta, proporcionando aos mesmos atividades de lazer.

Surge uma nova relação espaço-tempo para a praça, na qual os percursos

não são mais limitados por espaços construídos, mas por uma geometria clássica. Esta

relação seria enriquecida pela magnitude formal das edificações e pelo desenho dos

caminhos nas praças.

Na Praça Carlos Telles, da cidade de Bagé (Fig. 21), verificamos a

delimitação dos caminhos com pavimentação, em forma de duas cruzes que se

sobrepõem, formando um espaço central; a proposta possui nítida influência da simetria

barroca32.

O ecletismo33 historicista34, na região sul do Rio Grande do Sul, mostra-se

no espaço das praças, tanto na construção dos edifícios que as delimitam (Fig. 22) como

nos elementos que nela são inseridos. Os chafarizes, estátuas, vegetações exóticas, entre

outros, nos demonstram a inserção de elementos renascentistas e barrocos no cotidiano

urbano.

32 Ver mais sobre a simetria barroca, na parte 1.3 SÉCULO XV: A PRAÇA NO SENTIDO ATUAL. 33 Ecletismo, tendência da arquitetura e das artes decorativas para misturar livremente estilos históricos diversos com o propósito de combinar as virtudes de diferentes fontes, ou ampliar o conteúdo alusivo, particularmente durante a Segunda metade do século XIX na Europa e nos EUA. In: CHING, 1999:146. 34 Historicismo, na prática arquitetônica, busca de vários estilos do passado (noção próxima do ecletismo). In: ENCICLOPÉDIA LAROUSSE CULTURAL, 1999:2111.

Figura 21 – Praça Carlos Telles/Bagé. Fonte: COSTA, 1922:495.

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47

“O ecletismo era a cultura arquitetônica própria de uma classe

burguesa que dava primazia ao conforto, amava o progresso (especialmente quando melhorava suas condições de vida), amava as novidades, mas rebaixava a produção artística e arquitetônica ao nível da moda e do gosto.” (PATETTA,

1987:13).

Através das imagens verifica-se a constante utilização de elementos de

ferro, importados, (Art Nouveau35) como os de iluminação pública da Praça Dede Serpa

(Fig. 23) em São Lourenço do Sul e de elementos em alvenaria, como a Coluna da

Liberdade na Praça Antônio Xavier Ferreira em Rio Grande (Fig. 24).

35 Art Nouveau: estilo das artes plásticas e aplicadas corrente no final do século XIX e início do XX, caracterizado por motivos fluidos e ondulados, freqüentemente inspirados em formas naturais. In: CHING, 1999:146.

Figura 22 – Prefeitura Municipal de Dom Pedrito. Fonte: Acervo Museu Municipal, 2000.

Figura 23 – Acima Praça Dede Serpa/São Lourenço do Sul. Fonte: COSTA, 1922:495. Figura 24 – Ao lado Praça Antônio Xavier Ferreira. Fonte: COSTA, 1922:17.

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48

O tratamento realizado nas praças acrescenta ao formalismo barroco o

pitoresco (Romantismo36), usando a assimetria do paisagismo inglês associada a

elementos ecléticos da arquitetura do período. São formados bosques com grandes

árvores, lagos, grutas, caramanchões, colunatas, bancos e outros elementos em alvenaria

ou ferro. Podemos verificar estes aspectos na Praça Coronel Pedro Osório (Fig. 25), em

Pelotas e na Praça Marechal Soares Andrea (Fig. 26), na cidade de Santa Vitória do

Palmar.

Uma das características desse período, que aparece de diversas formas, é o

fechamento das praças através de elementos decorativos, com a finalidade de proteger o

ambiente da depredação causada por animais circulantes na cidade, como podemos ver

nas grades desenhadas da Praça Maneca Maciel, em Arroio Grande (Fig. 27). É um

fechamento diferente daquele existente no logradouro público, que não possuía projeto

específico nem a intenção de servir de cercamento para os animais.

36 Romantismo – atitude espiritual própria dos alemães na primeira metade do século XIX, que contrapõe às regras racionalistas do Neoclassicismo uma exaltação, com freqüência visionária, da natureza e do sentimento. In: KOCH, 1998:207.

Figura 25 – Praça Coronel Pedro Osório/Pelotas. Fonte: COSTA, 1922:25.

Figura 26 – Praça Marechal Soares Andrea/Santa Vitória do Palmar. Fonte: COSTA, 1922:42.

Figura 27 – Praça Maneca Maciel/Arroio Grande. Fonte: COSTA, 1922:61.

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Esses cercamentos nos demonstram que se inicia na região sul a idéia de

praça como um lugar de lazer das classes sociais dominantes, que cultuavam as idéias

do salubrinismo europeu, uma importação de hábitos e costumes europeus, já adotados

na corte do Rio de Janeiro.

3º Tempo: espaço de passagem

O terceiro tempo detectado no processo de evolução da praça corresponde a

um período de progressiva industrialização, que provoca a separação entre o local de

trabalho e a habitação, que ocasiona a necessidade do desenvolvimento de novos meios

de transporte e contribuiu para o crescimento da zona periférica da cidade.

“Ao mesmo tempo, desenvolvem-se as atividades de serviço que tendem a localizar-se no centro, adquirindo uma importância predominante. Em contraposição, é cada vez mais intensa a busca de casas de moradia fora da cidade, no campo limítrofe.”

(ROSSI:1995:248).

Esta distância entre os bairros de moradia e as praças centrais fazem com

que as pessoas adquiram o hábito de utilizar a praça como espaço de passagem,

principalmente nas cidades de porte médio como Pelotas e Rio Grande (Fig. 28).

Nas demais praças estudadas percebe-se que estão em uma fase transitória

de transformação entre o 2º e o 3º tempo. Essa transição observa-se na quantidade de

prédios residenciais que dão lugar a atividades comerciais. Dessa forma, muitos desses

espaços encontram-se ainda como locais de descanso e lazer (Fig. 29)

Figura 28 – Praça Antônio Xavier Ferreira/Rio Grande. Foto: Adriana Monteiro, 2000

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A necessidade de reconstrução de prédios e, em parte, o surgimento de

construções novas, por volta de 1930, inicia a inserção de elementos modernistas no

ecletismo ainda predominante na época. Apesar de concessões românticas, as fachadas

são sóbrias e não apresentam excessos decorativos (Art-déco37) .

É neste momento que são inseridas edificações no interior das praças, como

sanitários ou prédios de apoio e manutenção local. Na cidade de Dom Pedrito é

introduzido um reservatório de água no centro da praça, influência expressiva da

modernidade da época (Fig. 30). “No caminho da modernização da praça, o ecletismo

fundado em elementos modernos começou a se misturar com ecletismo fundado na

fusão de elementos arcaicos.” (CÂMARA, 199X:11).

Estes novos exemplares arquitetônicos é que dariam vida a esta nova etapa

da praça, que atingia seu apogeu com o embelezamento eclético. A conjugação de

elementos decorativos e conceitos modernos de organização de fachadas, por sua vez,

favorece a idéia de um ecletismo moderno, uma transição na qual transparecem traços

de um modernismo primitivo ou pré-modernismo. (CAMÂRA, 199X:12).

É neste período que a praça chega a sua maturidade espacial e torna-se área

privilegiada, rejeitando seu passado colonial e exibindo uma modernidade expressa pela

sua nova ambiência democrática, baseada no poder republicano. Essa fase mostra

marcas de uma elite que pretendia renovar o urbano, tentando mascarar sua

preexistência colonialista e escravista.

Os edifícios em altura (Fig. 31/32), em meados do século XX, começam a

modificar a horizontalidade (colonial-eclética) pela verticalização, tornando a imagem

urbana descontínua e segmentada na volumetria, na forma e na textura. (BORGUETTI,

1999: 186).

37 Art-déco, estilo que emprestou seu nome da Exposição Internacional de Artes Decorativas e Industriais Modernas (Paris, 1925). Como forma de estilização intermediária entre a vanguarda e o tradicional, absorveu influências do cubismo, do futurismo, do expressionismo, entre outros, numa espécie de reação ao art-noveau. In: ENCICLOPÉDIA LARROUSE CULTURAL, 1999:448.

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Figura 30 – Praça General Osório/Dom Pedrito. Foto: Acervo do Museu Municipal, 2000.

Figura 32 – Praça Antônio Xavier Ferreira/Rio Grande. Foto: Adriana Monteiro, 2000.

Figura 31 – Praça Coronel Pedro Osório/Pelotas. Foto: Laura Azevedo.

Figura 29 – Interior da Praça Alcides Marques/Jaguarão. Foto: Michele Rosa da Silva, 2000

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2.3 SÉCULO XX: A CONSOLIDAÇÃO DO ESPAÇO PRAÇA

O período de maior número de mudanças no espaço da praça foi entre o

final do século XIX e o inicio do XX, devido ao surgimento da indústria que

proporcionou a utilização de novos materiais e técnicas construtivas. Esse período foi

muito significativo na consolidação do espaço da praça.

“Atraem, de fato, as mais ricas residências, o melhor comércio, as atividades de lazer nas aglomerações menores ou mais conservadoras. Ecoam ainda a presença social e paisagística dos estabelecimentos religiosos na cena urbana do país em outras épocas, assim como, a significação dos adros, seus correspondentes urbanísticos. Deixam de ecoar tal presença, porém mantendo muitas vezes o nome antigo e familiar, os largos mais velhos que se transformam. Ou não comparecem mais nas fundações urbanas recentes. É que outras instituições influentes surgiram numa sociedade contemporânea mais urbanizada e geraram outras edificações para fins distintos e com outro caráter. Públicas ou privadas, vão substituindo os templos e disputando por sua vez os melhores pontos da cidade, quando não as praças para se instalarem.” (MARX, 1980:56).

É neste período, também, que realmente aparece e se configura com uma

certa lógica o parcelamento do solo (quarteirão x lote), na espacialidade das

construções, fachadas, ruas, praças e monumentos; motivados pela regularização

imposta pelos códigos de postura e legislações específicas da época. É quando nota-se a

regularização dos antigos espaços e as primeiras expansões urbanas utilizando novos

modelos e padrões, motivados pelo advento de novos meios de locomoção, como

bondes elétricos e automóveis, entre outros.

As praças são arborizadas, promovendo ambientes românticos e naturais. A

vegetação, em grande parte, não possui projeto paisagístico específico38 e por este

motivo, pode atrapalhar a leitura do espaço devido ao grande porte alcançado por

algumas espécies.

O uso local intensifica-se, deixando a praça cada vez mais como um vazio

na cidade, espaço próprio para as atividades comerciais do mundo moderno, como lojas

38 Na época do plantio não se projetava o porte que poderia chegar a vegetação, como também não era realizada a manutenção necessária para conservar a aparência desejada.

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populares, mercados, feiras e ambulantes. A posição estratégica da praça a transforma

em um local de intercâmbio e circulação de pessoas na cidade. Esses fatores são

determinantes para torná-la um espaço de passagem no núcleo urbano atual.

“É a atividade cotidiana do feirante que importa ainda para o abastecimento de nossos centros urbanos e, até mesmo, das maiores metrópoles. O mercado, a feira, o negócio ambulante tiveram e têm nas praças o lugar, espacial e historicamente, próprio para sua prática. ” (MARX, 1980:57).

As transformações, acumulações e permanências apresentam-se como

elementos definitivos na estrutura urbana destes sítios em meados do século XX. Neste

momento conseguimos detectar persistências no desenho urbano, através do que

podemos chamar de monumentos – edificações, estátuas, traçado de ruas, por exemplo –

existentes na estrutura física da cidade.

“[...] a diferença entre passado e futuro, do ponto de vista da teoria do conhecimento, consiste precisamente no fato de que o passado é, em parte, experimentado agora e que, do ponto de vista da ciência urbana, pode ser esse o significado a dar às permanências: elas são um passado que ainda experimentamos.”

(ROSSI, 1998:49).

É neste momento, apreendendo a praça como a vemos hoje, que se propõe a

leitura do seu ambiente. Trata-se de um estudo fenomenológico, realizado a partir de

três elementos essenciais do espaço urbano: limites, caminhos e centralidade.

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3 UMA LEITURA ATRAVÉS DE TRÊS ELEMENTOS

3.1 UM OLHAR FENOMENOLÓGICO

A fenomenologia, segundo a etimologia, é o estudo do fenômeno. Como

tudo o que se vê é fenômeno, é praticamente ilimitado o seu domínio. Mas em se

tratando de uma postura filosófica, tem suas particularidades e limitações, que para o

entendimento do seguimento do trabalho se faz necessário o seu esclarecimento.

Mesmo sendo citada anteriormente por J. H. Lambert, Kant e Hegel39, foi

Edmund Husserl que desenvolveu a definição de fenomenologia que conhecemos hoje.

“A fenomenologia husserliana se propõe como fazendo ela própria, às vezes, de

ontologia pois, segundo Husserl, o sentido do ser o do fenômeno não podem ser

dissociados.”(DARTIGUES, [s.d.]:3).

É a partir de Husserl que se ampliam os estudos de fenomenologia a outras

áreas do conhecimento, recebendo múltiplas respostas, as vezes afastadas, mas ligadas a

uma mesma fonte.

Para realizar um olhar fenomenológico é necessário que se faça uma

redução a sua essência, através da intuição. A essência é a visão do sentido ideal que

atribuímos ao fato materialmente percebido e que nos permite identificá-lo.

(DARTIGUES, [s.d.]:15). Sendo assim, a essência nos permite reconhecer um

fenômeno, por ser sempre idêntica a si própria, não importando as circunstâncias

contingentes de sua realização.

“Por numerosos que sejam os tempos e os lugares em que se

fala do triângulo, por numerosas que sejam as inscrições de triângulos sobre os quadros-negros de todas as escolas do mundo, é sempre do mesmo triângulo que se trata.”

(DARTIGUES, [s.d.]:15).

39 Fenomenologia para Lambert é a teoria da ilusão sob suas diferentes formas; para Kant é disciplina propedêutica que deve, segundo ele, preceder a metafísica; segundo Hegel é de imediato uma filosofia do absoluto ou do Espírito. In: DARTIGUES, s/data: 2.

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Isso implica na idéia de que podemos encontrar o mesmo objeto

representado ou interpretado das mais diversas formas. Mas esse objeto vai possuir

características que o definem como tal, e que configuram sua essência. A essência é

aquilo que, se subtrairmos de um determinado elemento, ele deixa de ser esse elemento.

Existem essências diferentes para cada objeto (a casa, a praça, o bairro, a cidade)

percebido e das qualidades (confortável, verde, calmo, grande) que atribuímos a eles.

Ao relacionar-mos objeto e consciência realizamos uma análise

intencional40 do caso, tratando-as de forma conjunta, como idéias inseparáveis.

“Assim se encontra delimitado o campo de análise da

fenomenologia: ela deve elucidar a essência dessa correlação na qual não somente aparece tal qual objeto, mas se estende o mundo inteiro.” (DARTIGUES, [s.d.]:19).

O olhar fenomenológico nos conduz a uma redução do fenômeno estudado:

a praça. Para isso é necessário colocá-la entre parênteses, existindo em si independente

de todo o ato de consciência e realizar o que Husserl chama de uma redução de

eidética41 do fenômeno.

“Para alcançar a essência, não se trata de comparar e de

concluir, mas de reduzir, isto é, de purificar o fenômeno de tudo o que comporta de inessencial, de fáctico42, para fazer aparecer o que lhe é essencial.” (DARTIGUES, [s.d.]:30).

Nos estudos relativos a teoria da forma (Gestalt), iniciada por antigos

discípulos de Husserl, estabeleceram-se vínculos estreitos entre o domínio da

experimentação e o da experiência fenomenológica, aproximando à essência a forma e à

estrutura. (DARTIGUES, [s.d.]:37).

A forma, assim como a essência, é uma totalidade estruturada que se define

por si mesma e não a partir dos elementos que a compõem.

40 Para Husserl a palavra intencionalidade nada mais significa do que esta particularidade fundamental e geral que a consciência possui de ser consciência de algo. In: RUSS, 1994:154. 41 Redução eidética, operação pela qual a consciência transforma aquilo de que tem percepção ou experiência num objeto esquemático, qualificado de essência. In: ENCICLOPÉDIA LAROUSSE CULTURAL, 1999:2040. 42 Factício, (adj.) Etim.: lat. Facticius, artificial. Artificial, produzido artificialmente. In: RUSS, 1994:105.

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“Ela permanece para nós a mesma melodia, tão fácil de

reconhecer que, ás vezes, não notamos a mudança. No entanto todos os seus elementos estão alterados, seja porque todos os sons são novos, seja porque todos os sons são novos, sejam porque alguns deles ocupam outros lugares com outras funções.”

(DARTIGUES, [s.d.]:38).

Existe portanto afinidade entre a noção fenomenológica de essência e a

noção de forma. Esta não se limita tão somente a forma no campo físico, mas também

aplicada as relações existentes em um sistema.

“Através de suas pesquisas sobre o fenômeno da percepção,

feitas com grande número de experimentos, os psicólogos da Gestalt precisaram certas constantes nessas forças internas, quanto à maneira como se ordenam ou se estruturam as formas psicologicamente percebidas.” (FRACCAROLI, 1982:12).

Na década de 60 surgem as primeiras teorias fenomenológicas aplicadas ao

desenho urbano43, destacando-se, entre outros, os trabalhos de Norberg-Schulz, Aldo

Rossi, Giulio Carlo Argan e Cesare Brandi. Nesses teóricos buscamos subsídios para

possibilitar a leitura das praças em estudo.

Essa leitura busca comentar a essência desses ambientes, ou seja, os seus

elementos fundamentais. São esses elementos que lhes conferem a unidade e a

unicidade inerentes a obra de arte. E, segundo Brandi, por se tratarem de obras de arte e

possuírem valor histórico torna-se fundamental a sua preservação.

3.2 ESPAÇO EXISTENCIAL E ARQUITETÔNICO

Para Norberg-Schulz, com base em Piaget e Hidegger44, o conceito de

espaço45 é algo natural e essencial para a existência humana; através do qual criamos

43 Desenho urbano, é o campo disciplinar que trata a dimensão físico-ambiental da cidade, enquanto conjunto de sistemas físico-espaciais e sistemas de atividades que interagem com a população através de suas vivências, percepções e ações cotidianas. In: DEL RIO, 1990:54. 44 Norberg-Schulz utilizou em seus estudos as obras: La representación del mundo en el niño (1973) de Piaget e Ser y Tiempo (1954) de Heidegger. 45 É no século XVIII, com Kant, que se efetua uma virada na concepção do espaço. Contra Leibniz, que via nele uma simples ordem ideal de coexistência, Kant afirma a dimensão intuitiva do espaço, que passa então, na sua filosofia, a designar uma ferramenta humana necessária para a constituição da experiência. In: RUSS, 1994:87.

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conceitos de espaço diferenciados para cada grupo social. Por isso uma pesquisa que

leva em conta esquemas espaciais consegue chegar a considerações qualitativas como

resultado de um sistema de orientação sensível (subjetivo) para o seu meio ambiente.

“O interesse do homem pelo espaço, tem raízes existenciais:

deriva de uma necessidade de adquirir relações vitais no ambiente que o rodeia para colocar sentido e ordem a um mundo de acontecimentos e ações.” (NORBERG-SCHULZ, 1975:9).

Os esquemas são culturalmente espaciais, por isso possuem permanências e

transformações; não são estáticos. Desta forma, contam a nossa história através dos

tempos. Mas cabe ressaltar que neste espaço cognitivo (percebido) podemos distinguir

dois aspectos diferenciados: o espaço perceptivo que é imediato e por isso inconstante, e

o esquema do espaço que é mais estável.

“O espaço perceptivo, ao contrário, é egocêntrico e varia

continuamente, se bem que estas variações estão ligadas formando tonalidades significativas (experiências, porque são assimiladas aos esquemas do sujeito que, por suas vez, são modificados por uma nova experiência.” (NORBERG-SCHULZ, 1975:12).

O espaço arquitetônico é um tipo de espaço perceptivo, variável conforme o

projetista (arquiteto, urbanista, construtor, artesão) e sua expressão estética. Por isso, na

maioria das vezes, o espaço arquitetônico torna-se a concretização do espaço

existencial, que é um sistema relativamente permanente de esquemas perceptivos ou

imagens do ambiente circundante.

Os precursores da idéia de espaço arquitetônico e existencial foram o

historiador de arte Dagoberto Frey (1929) e o arquiteto Rudolf Schwarz (1958), que

vieram a influenciar outros teóricos a partir dos anos 60, entre eles: Kevin Lynch,

Robert Venturi e Paolo Portoghesi. (NORBERG-SCHULZ, 1975:16).

Ao mesmo tempo em que conseguimos diferenciar espaço existencial e

espaço arquitetônico, percebemos que os mesmos complementam-se. Por isso é preciso

estudarmos o existencial para que possamos compreender o arquitetônico.

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Na tabela abaixo(Fig. 33) colocamos, através de uma lista de palavras de

significados opostos, o antagonismo existente entre a idéia de espaço existencial e

espaço arquitetônico.

ESPAÇO EXISTENCIAL ESPAÇO ARQUITETÔNICO

Concreto Psicológico

Hipotético Verdadeiro

Fictício Histórico

Objetivo Subjetivo

Essencial Secundário

Abstrato Simbólico

Modelo Tipo

Figura 33 – Tabela comparativa entre o espaço existencial e arquitetônico. Autor: Eduardo Rocha.

Quando estudamos um tipo46 arquitetônico estamos utilizando como base

um modelo existencial. O tipo faz com que a configuração do espaço arquitetônico das

praças mude no decorrer do tempo, mas conserve seu espaço existencial.

“A configuração de uma praça não se metamorfoseia com a lenta deterioração de uma de suas edificações ou com sua demolição parcial e reconstrução de outra com aparência similar. É necessário que a aparência de todas seja alterada, assim como o seu desenho, paisagem mobiliário.” (CAMARA,

199X:17).

Podemos aplicar essas idéias de espaço, desenvolvidas por Norberg-Schulz,

em diversos níveis, visto que a cidade é construção, a praça tem um início, que pode ser

um prédio, e aos poucos pode alcançar outros níveis, um bairro ou uma cidade.

46 “O modelo, entendido segundo a execução prática da arte, é um objeto que deve se repetir tal qual é; o

tipo é, pelo contrário, um objeto segundo o qual cada um pode conceber obras que não se assemelham entre si. Tudo é preciso e dado no modelo; tudo é mais ou menos vago no tipo.” Quatrèmere de Quincy.

In: AYMONINO, 1981:64.

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3.3 OS NÍVEIS DO ESPAÇO E SEUS ELEMENTOS

O espaço pode ser analisado em diferentes níveis. Segundo Norberg-Schulz

pode ser desde o geográfico, a paisagem rural, o urbano, a casa, a coisa47, ou qualquer

outro que possa configurar um fenômeno. O conjunto de níveis e sua interação formam

um todo.

“Se analisarmos o problema de uma maneira mais concreta,

veremos que os elementos aparecem em diferentes níveis dentro da hierarquia: os mais extensos são o de geografia e paisagem rural, por outro lado no extremo oposto encontramos toda uma ordem de mobiliário ou de objetos menores.” (NORBERG-SCHULZ, 1975:34).

Todos os níveis devem se completar, com suas semelhanças e diferenças,

formando uma identidade, um sistema que respeita uma situação (articulação).

A praça encontra-se no nível do ambiente urbano, diferenciado de outros

níveis pela sua concentração e densidade. É nele que o homem se estrutura através de

atividades próprias, além de ser um artefato do próprio homem. Ele se sente seguro com

um espaço que ele mesmo planejou, que lhe possibilita a comunicação com os níveis

superiores (o bairro, a cidade, o estado) e abrange níveis secundários (a rua, a casa,

etc.). Norberg-Schulz, comenta que “certamente Lynch não é o primeiro a definir a

estrutura urbana com as denominações de nós, caminhos e distritos, as descrições

tradicionais das cidades mencionam praças, ruas, bairros”. (1975:37).

Baseado em esquemas topológicos48, utilizados na teoria da Gestalt,

definimos três itens para a leitura do espaço da praça: limites, caminhos e centralidade.

“Todo o objeto está representado por suas manifestações, por

fenômenos intermediários ou objetos inferiores. Também podemos denominar a estes fenômenos propriedades porque não são uma coisa, porém pertencem a uma coisa de tal modo que a representam ou simbolizam diretamente[...].” (NORBERG-SCHULZ, 1975:20).

47 Coisa, no sentido geral, qualquer objeto de pensamento, tudo o que pode ser pensado. In: RUSS, 1991:40. 48 Topologia, s. f. Descrição de uma localidade com todos os seus acidentes geográficos. (Do gr. topos + logos). In: FERNANDES, 1993:673.

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São essas manifestações de fechamento (limites), proximidade (caminhos) e

centralização (centralidade), elementos que podem-se combinar de várias maneiras,

dentro de uma coerência recíproca. Quando se unem as idéias de espaço arquitetônico e

existencial, formam um conceito de lugar. Diferente do espaço, o lugar possibilita que

estejamos dentro ou fora dele.

“Quando descrevemos um complexo de fenômenos teremos que introduzir um número adequado de objetos interrelacionados que sirvam como dimensões de comparação, da mesma maneira em que descrevemos a posição de um ponto no espaço euclídeo por meio de coordenadas.” (NORBERG-SCHULZ, 1998:37).

É este agrupamento de partes intrinsecamente relacionados, formando um

todo, que possibilita torná-lo um caso homogêneo, um fenômeno a ser estudado. Uma

ordem dos elementos torna-se necessária para que se realize a leitura correta do espaço

das praças. Nesse estudo, primeiramente explicitaremos, as questões relativas aos

limites (fachadas, ruas e esquinas), porque toda praça tem um entorno que a conforma,

geralmente caracterizado por um conjunto de edificações voltadas para o seu interior.

Entre os prédios surgem os caminhos que se prolongam e multiplicam para mais tarde

apresentar uma centralidade definida (Fig. 34).

As plantas esquemáticas das praças estudadas permitem que se visualize

essa conformação (Fig. 35).

Figura 34 – Vista aérea da Praça Dr. Carlos Santos/Canguçu. Observamos limites (fachadas), caminhos e centralidade definidos. Fonte: Acervo Casa da Cultura.

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Figura 35 – Plantas esquemáticas das 14 praças estudadas. A – Arroio Grande: Pr. Maneca Maciel / B – Bagé: Pr. Carlos Telles / C – Canguçu: Pr. Dr. Carlos Santos / D – Dom Pedrito: Pr. General Osório / E – Herval do Sul: Pr. Marquês de Herval / F – Jaguarão: Pr. Alcides Marques / G – Pelotas: Pr. Coronel Pedro Osório / H – Pinheiro Machado: Pr. Angelino Goulart / I – Piratini: Pr. das Alegrias / J – Rio Grande: Pr. Antônio Xavier Ferreira / K – Santa Isabel do Sul: Pr. da Aliança / L – Santa Vitória do Palmar: Pr. Marechal Soares Andrea / M – São José do norte: Praça Intend. Francisco José Pereira / N – São Lourenço do Sul: Praça Dede Serpa. Desenho: Eduardo Rocha.

A B C

D E F

G H

I

J K

L M N

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62

3.4 LIMITES

Norberg-Schulz utiliza como elemento de leitura do espaço as áreas e

regiões, caracterizados por serem espaços que possuem limites49 definidos, onde se

pode ver claramente a relação entre interior e exterior. Desta forma, determina-se um

conjunto de características que possa diferenciar este espaço como sendo um lugar.

“Os caminhos dividem as zonas que rodeiam o homem em

parcelas mais ou menos conhecidas. A essas áreas qualitativamente definidas denominaremos de regiões. As regiões conhecidas se acham rodeadas por um mundo relativamente desconhecido cujo caráter imaginado vem determinado por suas direções usuais, norte, sul, leste e oeste, e por o que apreendemos de geografia. De certo modo as regiões são lugares, que estão definidos por seu fechamento ou por proximidade ou semelhança de seus elementos constituintes.”

(NORBERG-SCHULZ, 1975:27).

Para Kevin Lynch, “limites são elementos lineares não usados ou entendidos

como vias pelo observador. São as fronteiras entre duas fases.” (LYNCH, 1997:52).

Essas fases devem ser reconhecíveis mentalmente para que possamos ter um caráter de

identificação comum, formando conjuntos com características próprias.

A região das praças em estudo configura-se através de limites, que podem

ser as fachadas dos quarteirões (Fig. 36), os terrenos vazios, os muros, os rios (Fig. 37),

ou atividades humanas, como os mercados. Portanto podem ser naturais, quando

definidos por elementos da natureza ou artificiais, quando edificados pelo homem.

(NORBERG-SCHULZ, 1975:29).

É nos limites que encontramos os edifícios que configuram a praça como

um espaço intencional, religioso (a igreja) (Fig. 38), administrativo (a prefeitura),

financeiro (bancos), comercial (mercados) (Fig. 39) e cultural (a biblioteca , o teatro e o

clube social) (Fig. 40). (BORGHETTI,1999:140).

O limite das praças é algo visível devido a facilidade de fechamento do

espaço que o modelo retículado, implantado nessas cidades, propicia. No caso em

49 Limite é o que separa duas regiões ou porções do espaço (ou dois períodos temporais); o que limita. In: RUSS, 1991:167.

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estudo encontramos dois tipos de limites: as praças limitadas dos quatro lados (Fig. 41)

e as limitadas com aberturas (Fig. 42).

Figura 36 – Vista aérea da Praça Maneca Maciel/Arroio Grande. Observamos limites formados pelas fachadas dos quarteirões. Foto: Denise Brito, 1999.

Figura 37 – Vista do limite natural feito pelo rio São Gonçalo no espaço público da vila de Santa Isabel do Sul. Fonte: NEAB, 1994.

Figura 38 – Vista da igreja, na Praça Angelino Goulart de Pinheiro Machado. Foto: Paulo Roberto Silveira, 2000.

Figura 39 – Vista onde observa-se à esquerda a Secretaria de Finanças, ao centro o Mercado Central e a direita a Prefeitura. Figura 40 – Vista do Teatro 7 de Abril . Ambas da Praça Coronel Pedro Osório, em Pelotas. Foto: Laura Azevedo.

Figura 41/42 – Esquemas da limitação do espaço da praça nos quatro lados e com aberturas. Desenho: Eduardo Rocha.

1

4

3

2

1

2

3

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Limitadas dos quatro lados

As praças limitadas dos quatro lados (Fig. 43) são aquelas que têm seus

limites visivelmente aparentes, ou seja, quando podemos identificar o contorno e a

textura do espaço de maneira bem definidos, assim como os enunciados dos princípios

da Gestalt com relação ao fechamento e a semelhança. (NORBERG-SCHULZ,

1975:71).

“Quatro planos verticais delimitando um campo de espaço

constituem provavelmente o tipo de definição espacial em arquitetura mais típico e, certamente , o mais forte. Como o campo é completamente fechado, seu espaço é naturalmente introvertido.” (CHING, 1998:152).

Este tipo perfaz grande parte dos casos encontrados, onde observamos a

limitação quase total do espaço, apenas com aberturas temporárias (Fig. 44), causadas

por terrenos vazios (passíveis de novas construções) ou por pequenos recuos laterais

(Fig. 45) existentes nos lotes. Essas aberturas não chegam a comprometer a leitura final

dos limites de um quarteirão, formado pelas diferentes fachadas das edificações.

Outro importante elemento a destacar-se são as esquinas (Fig. 46). Essas

caracterizam-se ou aparecem como elementos de ligação com o restante da cidade,

funcionando como pórticos de acesso a praça.

Figura 43 – Planta esquemática da Praça Marechal Soares Andrea de Santa Vitória, com seus limites demarcados. Fonte: Tatiana Maragalhoni.

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Figura 44 – Vista de uma abertura temporária (muro) na Praça Marechal Soares Andrea de Santa Vitória. Foto: Tatiana Maragalhoni, 2000.

Figura 45 – Vista aérea da Praça Marquês de Herval, em Herval do Sul. Observamos os recuos laterais na implantação da igreja, ao fundo. Fonte: acervo do Museu Municipal.

Figura 46 – A esquina como elemento que marca o acesso ao espaço da praça. Praça Angelino Goulart, de Pinheiro Machado. Foto: Paulo Roberto da Silveira Filho, 2000.

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66

Limitadas com aberturas

Quando as praças são limitadas, mas com aberturas, através de planos em

formas de U, variando quanto à escala ( o desenho desde um nicho até um quarteirão

inteiro) e à localização (que pode ser em alguma das extremidades ou centralizado no

quarteirão).

“Uma configuração de planos verticais em forma de U define

um campo de espaço com um foco direcionado para dentro, assim como uma orientação para fora. Na extremidade fechada da configuração, o campo é bem definido. Em direção a extremidade aberta da configuração, o campo adquire uma configuração extrovertida.” (CHING, 1998:152).

As aberturas encontradas nos exemplos estudados não chegam a interferir

na leitura das praças; a apreensão visual, realizada no local, demostrou-nos que em

alguns casos a abertura valoriza o espaço, ressaltando seu aspecto de interior e exterior

e, em outros não se faz notar como foco visual de orientação espacial.

A Praça Dr. Carlos Santos (Fig. 47/48), em Canguçu, possui abertura em

um de seus lados para uma praça esportiva, a Praça Dr. Jaime de Farias, uma espécie de

resíduo de solo, que surgiu a partir da regularização, provavelmente, imposta por um

sistema retículado.

Figura 47 – Planta esquemática da Praça Dr. Carlos Santos / Canguçu, onde está demarcada a área de abertura. Figura 48 – À esquerda observamos a abertura provocada pela Praça de Esportes Dr. Jaime de Farias na Praça Dr. Carlos Santos. Foto: Eduardo Rocha, 2000.

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67

3.5 CAMINHOS

Kevin Lynch, define caminhos49 como os “ canais de circulação ao longo

dos quais o observador se locomove de modo habitual, ocasional ou potencial.”

(LYNCH, 1997:52). Esta locomoção faz com que o movimento de entrada e saída no

espaço, influencie a maneira como o usuário percebe a vida urbana no seu entorno.

A direção desses caminhos podem ser verticais ou horizontais. Os caminhos

verticais são bem mais concretos; geralmente são representados por estátuas, obeliscos,

e representam, muitas vezes, a capacidade do homem de vencer a natureza, como

símbolos de derrota ou de vitória.

“A verticalidade, por conseqüência, tem sido considerada a

dimensão sagrada do espaço. Representa um caminho, uma rota, cria uma realidade que pode ser mais alta ou mais baixa que a vida cotidiana, uma realidade que vence a gravidade, uma existência terrena, ou que sucumbe a ela.” (NORBERG-SCHULZ, 1975:71).

O caso mais comum é termos um plano horizontal atravessado por um eixo

vertical, e sobre este plano horizontal se criam caminhos principais que se destacam dos

secundários (Fig. 49). A implantação horizontal possui maior representatividade que as

verticais porque é nela que se caminha fisicamente.

O caminho nos conduz a uma meta conhecida ou, com freqüência, só indica

uma direção intencionada e dissolve-se gradualmente a uma distância desconhecida,

caracterizando-se pela continuidade50 que conduz, direciona o olhar.

“Perceptivelmente e como esquema, todo o caminho se

caracteriza por sua continuidade. No entanto o lugar está determinado pela proximidade de seus elementos definidores e, eventualmente por seu fechamento, o caminho é percebido como uma sucessão linear.” (NORBERG-SCHULZ, 1975:26).

49 Caminho, s.m. Faixa de terreno que conduz de um lugar a outro; terreno ou espaço por onde se anda; estrada; vereda; trilho; atalho, espaço que se percorreu, andando; norma de proceder; meio, via; direção, destino; rumo; tendência. In: Fernandes, 1993: 195. 50 Continuidade: estado ou qualidade de ser contínuo, como no caso de uma linha, uma borda ou uma direção. In: CHING, 1999:74.

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Para Lynch todo o caminho deve corresponder a um eixo51, portanto, em

alguns casos, esses podem ser a mesma coisa. Podemos verificar através dos esquemas

das plantas das praças que dificilmente essa sobreposição ocorre de maneira total, mas

em muitos casos acontece parcialmente.

Em Jaguarão encontramos o eixo principal da Praça Carlos Telles entre a

Av. 7 de setembro (uma das principais ruas da cidade) e uma escola, localizada na outra

extremidade da praça (Fig. 50). Na Praça Dr. Carlos Santos, em Canguçu, o eixo

principal se localiza na ligação entre a Casa da Cultura e a Prefeitura Municipal (Fig.

51). E na cidade de Rio Grande, o eixo principal da Praça Antônio Xavier Ferreira,

aparece na ligação entre o centro da cidade e o mercado público (Fig. 52).

Os caminhos encontrados no caso em estudo referem-se a dois tipos básicos:

os externos (as ruas) e os internos (passeios em cruz grega, em latina ou sobrepostas).

51 Eixo: reta central que descreve uma bisecção num corpo ou numa figura bidimensional, ou em relação ao qual um corpo ou figura tridimensional é simétrico. Também uma linha reta ao qual os elementos de uma composição são referidos para fins de medida ou simetria. In: CHING, 1999: 380.

Figura 49 – Desenho esquemático do plano horizontal atravessado por um eixo vertical. Desenho: Eduardo Rocha.

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Figura 52 – Planta esquemática da Praça Antônio Xavier Ferreira de Rio Grande, com o eixo principal demarcado. Fonte: Adriana Monteiro.

Figura 50 – Planta esquemática da Praça Carlos Telles de Bagé, com seu eixo principal demarcado. Fonte: Renata Mattos.

Figura 51 – Planta esquemática da Praça Dr. Carlos Santos de Canguçu, com seu eixo principal demarcado. Fonte: Charles Ferreira.

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Caminhos externos

As ruas52, localizadas ao redor das praças, são elementos de movimentação

que têm a função de conectar os espaços; são elementos fundamentais para a existência

da praça e da cidade (Fig. 53).

Em alguns casos, as ruas dão lugar a largos, como em Jaguarão (Fig. 54/55),

Dom Pedrito e Rio Grande (fig. 56/57). Esses largos, por motivo de reestruturação, por

vezes são eliminados, dando lugar a novos quarteirões ou a acréscimos a própria praça.

O movimento encontrado nessas ruas é circundante na maioria dos casos,

com a exceção daqueles em que a praça se encontra ligada aos prédios através de

calçadas53 (calçadão), como nas cidades de Piratini (Fig. 58/59) e São José do Norte

(Fig. 60/61).

52 Rua, s.f. Caminho orlado de casas, muros ou árvores, no interior das povoações; via pública; artéria. In: Fernandes, 1993: 614. 53 Calçada, s.f. Rua ou caminho empedrado; passeio empedrado ou cimentado, ao longo das casas, para trânsito de pedestres; rua muito íngreme. (De calçar). In: Fernandes, 1993: 191.

Figura 53 – Planta esquemática da Praça Coronel Pedro Osório em Pelotas, destacando-se a circulação fechada característica das ruas que a circundam. Fonte: Eduardo Rocha.

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71

Praça Alcides Marques de Jaguarão. Fonte: Michele Rosa da Silva. Figura 54 – Vista do Largo das Bandeiras. Figura 55 - Planta esquemática demarcando, à esquerda, o largo ocupado por edifícios e, à direita o Largo das Bandeiras.

Praça Antônio Xavier Ferreira de Rio Grande. Figura 56 – Vista do Lago, a partir do Clube do Comércio. Figura 57 - Planta esquemática demarcando, à esquerda, o largo em frente a Prefeitura Municipal e, à direita, o Lago. Fonte: Adriana Monteiro.

Praça das Alegrias de Piratini. Figura 58 – Vista da rua fechada entre a praça e a Igreja de Piratini. Figura 59 - Planta esquemática demarcando a ligação entre a Praça da Alegria e a Igreja. Fonte: Ana Paula Régio.

Praça Intendente Francisco José Pereira de São José do Norte. Figura 60 – Vista da rua fechada por calçadão. Figura 61 - Planta esquemática do calçadão existente na praça. Fonte: Adriana Monteiro.

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Caminhos internos

As formas básicas de caminhos no interior das praças podem ser definidas

como em retícula, cruz grega (composta por uma haste vertical interceptada no meio por

uma barra horizontal de mesmo comprimento), cruz latina (uma haste vertical

interceptada próximo ao topo por uma barra horizontal menor) e, principalmente, a

sobreposição dos dois tipos de cruz, chamado de caminho estrela54 (Fig. 62/63/64).

Os caminhos em cruz (Fig. 65/66/67/68) são os mais utilizados, por que

sistematizam a circulação dos pedestres em uma estrutura radial, uma mistura de

organização linear e centralizada, a partir de um espaço central dominante de onde se

estendem braços lineares, que são os caminhos. (CHING, 1998:208).

Encontramos o caminho retículado na Praça Dede Serpa da cidade de São

Lourenço do Sul (Fig. 69/70); essa proposta de traçado forma um tipo de organização

em malha, criada por dois conjuntos de retas paralelas, geralmente perpendiculares,

estabelecendo uma relação regular entre suas interseções. O traçado possui a

característica de não apresentar caminhos principais e secundários, não há hierarquia

entre os trajetos, dificultando, dessa forma, a da manutenção de eixos principais.

Outro ponto a destacar são os casos das praças de Rio Grande (Fig. 71/72) e

de Piratini (Fig. 73/74), que se diferenciam das demais em relação a organização de seus

caminhos principais. Estas caracterizam-se por possuírem alguns caminhos lineares, e

não em cruz, como o habitual.

Na primeira, os caminhos lineares foram propiciados pela ocupação dos dois

largos existentes nas extremidades laterais da praça e pela predominância do paisagismo

inglês na implantação dos caminhos internos. Na Segunda, o caminho linear central

desenvolve-se principalmente devido ao foco central, que tem como eixo principal a

igreja.

54 O caminho estrela irradiando desde um centro foi desenvolvido por arquitetos franceses durante o século XVII. In: NORBERG-SCHULZ, 1975:63.

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Figura 62/63/64 – Tipos de caminhos encontrados, cruz grega, cruz latina e estrela (sobreposição de cruzes). Desenho: Eduardo Rocha.

Figura 65 – Planta esquemática com demarcação dos caminhos principais. Fonte: Paulo Roberto Silveira Filho. Figura 66 – Vista de entrada de um dos caminhos principais. Praça Angelino Goulart de Pinheiro Machado. Foto: Paulo Roberto Silveira Filho, 2000.

Figura 67 – Planta esquemática com demarcação dos caminhos principais. Fonte: Fernanda Ferreira da Cunha. Figura 68 – Vista da entrada de um dos caminhos principais. Praça General Osório da cidade de Dom Pedrito. Foto: Fernanda Ferreira da Cunha, 2000.

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Figura 69 – Planta esquemática com demarcação do caminho em retícula. Fonte: Mateus Szomorovzky. Figura 70 – Vista interna do cruzamento dos caminhos. Praça Dede Serpa de São Lourenço do Sul. Foto: Mateus Szomorovzky, 2000.

Figura 73 – Planta esquemática com demarcação do caminho linear principal. Fonte: Ana Paula Régio. Figura 74 – Vista do caminho linear principal. Praça das Alegrias de Piratini. Foto: Ana Paula Régio, 2000.

Figura 71 – Planta esquemática com demarcação dos caminhos lineares. Fonte: Adriana Monteiro. Figura 72 – Vista dos caminhos secundários. Praça Antônio Xavier Ferreira, de Rio Grande. Foto: Adriana Monteiro, 2000.

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75

3.6 CENTRALIDADE

A centralidade tem sua origem no Oriente, onde expressa a idéia de um

eterno retorno. O homem, no decorrer da história, sempre teve a necessidade de situar-

se, tanto que acreditava que todo o mundo era centrado (gregos). (NORBERG-

SCHULZ,1975: 21).

“No que se refere a percepção espontânea, o espaço do homem

está subjetivamente centrado. Contudo, o desenvolvimento de que esquemas não só significam que a noção de centro está estabelecida como um meio de organização geral, mas que certos centros estão situados externamente como pontos referência ao ambiente circundante.” (NORBERG-SCHULZ,1975: 21).

O centro55 representa para o homem o conhecido em contraste com o

desconhecido, que é o mundo circundante; desta forma existem atividades nos centros,

tornando-os lugares de ação e orientação.

Para Lynch os centros são nós definidos como pontos, lugares estratégicos

de uma cidade através dos quais o observador pode entrar; são os focos intensivos para

os quais ou a partir dos quais ele se locomove. (LYNCH, 1997:52).

Como os limites, os centros podem ser artificiais ou naturais. Na leitura das

praças estudadas, alguns exemplares apresentam elementos verticais demarcando os

seus centros, como chafarizes, estátuas, obeliscos56, ou, até mesmo, uma simples

luminária. São monumentos57 que arrematam um eixo e marcam o centro da praça,

propiciando a existência de um ponto central.

55 Centro, ponto ou local no qual o interesse, a atividade ou a emoção estão concentrados. In: CHING, 1999:21. 56 Obelisco – pilar alto monolítico em forma de paralelepípedo, estreitando-se no alto e terminando em pirâmide. Símbolo religioso egípcio usado no Renascimento em dimensões reduzidas, como ornamento arquitetônico. In: KOCH, 1996:178. 57 O monumento é um fato urbano singular, elemento morfológico individualizado pela sua presença, configuração e posicionamento na cidade e pelo seu significado. In: LAMAS, 1960: 104.

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“As formas verticais têm uma presença maior em nosso campo

visual do que os planos horizontais e são, portanto, mais eficazes para definir um volume isolado de espaço e proporcionar um sentido de encerramento e privacidade para seus usuários. Além disso, servem para separar um espaço de outro e para estabelecer um limite comum entre os ambientes interno e externo.” (CHING, 1998:120).

Dos traçados analisados (Fig. 75), apenas dois ainda não apresentam

elementos centrais permanentes na sua estrutura: os das praças de Pinheiro Machado

(Fig. 75-E) e Jaguarão (Fig. 75-C). Nestes encontramos um simples poste de iluminação

na confluência de seus caminhos.

Também o espaço público da vila de Santa Isabel (Fig. 76-J) apresenta a

igreja local como centro, devido a interrupção em seu desenvolvimento e a conseqüente

não definição da área destinada a praça, o que não possibilitou o desenvolvimento da

praça conforme o observado anteriormente58.

58 Ver parte 2 A praça na cidade gaúcha, sobre o 1º tempo: logradouro público.

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I

Figura 75 – Vistas dos elementos centrais das 14 praças estudadas. A – Pelotas: Pr. Coronel Pedro Osório / B – Canguçu: Pr. Dr. Carlos Santos / C – Jaguarão: Pr. Alcides Marques / D – Bagé: Pr. Carlos Telles / E – Arroio Grande: Pr. Maneca Maciel / F – Pinheiro Machado: Pr. Angelino Goulart / G – São Lourenço do Sul: Praça Dede Serpa / H – Dom Pedrito: Pr. General Osório / I – Santa Vitória do Palmar: Pr. Marechal Soares Andrea / J – Santa Isabel do Sul: Pr. da Aliança / K – São José do Norte: Praça Intend. Francisco José Pereira / L – Herval do Sul: Pr. Marquês de Herval / M – Rio Grande: Pr. Antônio Xavier Ferreira / N – Piratini: Pr. das Alegrias. Foto: ver anexos.

A

B

C

D

E

F

G

H J

K L M

N

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A leitura das praças existentes nos centros urbanos surgidos na região sul do

Rio Grande do Sul, no século XIX, buscou entender, a partir de uma postura

fenomenológica, a essência desses lugares.

Nesse sentido foi necessário elaborar a primeira e segunda parte dessa

monografia – 2 O conceito de praça e 3 A praça na cidade gaúcha – tratou do fenômeno

histórico relativo a praça, como subsídios para compreender esse ambiente nos dias de

hoje. Na primeira parte definiu-se a praça como um dos elementos principais na

estrutura urbana das cidades, e realizou-se uma aproximação ao conceito de praça

aplicado no Brasil.

Como conceito de praça colocou-se a idéia de que esta é um espaço público,

a partir do qual a cidade se desenvolve, não limitando-se a uma superfície constituída,

mas, trata-se principalmente, de um ambiente que possui uma relação com o usuário,

com a sua história.

Na segunda parte examinou-se como este conceito aplicou-se as praças em

estudo, traçando um paralelo entre os seus usos e os elementos estéticos encontrados.

Dessa análise definiram-se três tempos em sua permanência estética-histórica59: o 1º

tempo – logradouro público; o 2º tempo – espaço de lazer e contemplação e o 3º tempo –

o espaço de passagem.

Esses tempos correspondem a processos de transformação da permanência

da praça na cidade, como um espaço reconhecido. No primeiro tempo constata-se a

proposição60 do espaço. Dessa forma, o fato do logradouro público ser um espaço

desocupado na cidade, utilizado principalmente por viajantes e para as diversas

atividades desenvolvidas pelos seus habitantes, propicia a existência de um processo de

modificações, realizadas através de melhorias aplicadas no local.

59 História é a narrativa sistemática, via de regra cronológica, de acontecimentos significativos relacionados a um povo, país ou período particulares, normalmente incluindo uma explicação de suas causas. In: CHING, 1999:140. Estética é o ramo da filosofia que trata da natureza da arte, da beleza e do gosto, com vistas a estabelecer o significado e a validade dos julgamentos críticos de obras de arte. In: CHING, 1999:10. 60 Proposição: ação de colocar diante dos olhos, apresentação. In: RUSS, 1994:234.

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79

No segundo tempo é que se processa a consciência61 do que significa o lugar

da praça. A motivação oriunda das diversas melhorias propiciadas pelo industrialismo,

que trouxe consigo as atividades de lazer para a população, refletiu-se no espaço das

praças que ganham chafarizes, bancos, iluminação, projetos paisagísticos ingleses62,

atrelados a simetria barroca63.

Quando a praça torna-se no 3º tempo, um espaço de passagem na vida

agitada da população, não há mais tempo para o lazer contemplativo. Nesse momento

acontece o reconhecimento do espaço como um lugar importante para a identidade

cultural da região; um espaço rico em permanências, onde cada vez há menos lugares

para transformações.

“A forma da cidade é sempre a forma de um tempo da cidade, e

existem muitos tempos na forma da cidade. No próprio decorrer da vida de um homem, a cidade muda de fisionomia em volta dele, as referências não são as mesmas. “( ROSSI, 1995: 57).

Encontramos praças que se localizam nos diferentes tempos de uso.

Algumas ainda não alcançaram o 3º tempo, obedecendo a desenvolvimento natural de

cada comunidade, mas com um fator em comum, que é a relação interior e exterior bem

definidos; esta relação faz com que a praça seja um conjunto facilmente identificável na

estrutura urbana da cidade (Fig. 76).

Na terceira e última parte – Uma leitura através de três elementos – optou-se

por um olhar fenomenológico, traçando-se as características estéticas fundamentais para

o entendimento do lugar. Conseguiu-se visualizar a existência de limites, caminhos e

centralidade, como elementos de análise em todas as praças estudadas, tornando o caso

significativo para a compreensão do fenômeno estético.

61 Consciência: conhecimento partilhado com um outro. No sentido psicológico, intelectual: conhecimento, intuição ou sentimento que um sujeito possui de si mesmo, de seus estados e de seus atos. In: RUSS, 1994:48. 62 O jardim inglês é assim chamado é assim chamado porque foi na Inglaterra que esse jardim irregular, imitação da natureza silvestre, nasceu e se difundiu, no início do século XVIII. In: KOCH, 1998:163. 63 O jardim de forma arquitetônica geométrica teve seu momento de maior florescimento a partir do século XVII. In: In: KOCH, 1998:162.

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80

“Uma cidade caracterizar-se-à então tanto mais – ou terá significado – quanto mais o ordenamento espacial e o interpretativo tenderem a sobrepor-se, até se tornarem indispensáveis um ao outro.” (AYMONINO, 1981: 21).

Esses elementos possuem semelhanças e diferenças, que lhes um

entendimento existencial e arquitetônico, e lhes caracterizam como um tipo.

Os limites configuram um espaço fechado, como um cenário64 que contorna

a praça. Encontramos limites com aberturas para outros espaços públicos, como praças e

mercados. Algumas dessas aberturas são temporárias, como os terrenos vazios passíveis

de ocupação cumprindo, portanto a função de conformar o espaço. Nos caminhos

encontramos a conexão entre os espaços. São eles que dão coerência a todo o sistema de

vias equilibrado pela existência de um centro.

Assim cria-se uma dupla relação espacial: enquanto o centro representa o

equilíbrio, o caminho significa novos horizontes, um lugar a ser explorado. Esta

interação entre os níveis é que torna a praça um espaço sagrado, que nos orienta e nos

assegura que estamos em um lugar que conhecemos, que estamos em casa.

(NORBERG-SCHULZ, 1975: 43).

64 Cenário – panorama, vista: “... a tarde ficou transfigurada/ - como se Deus houvesse mudado/ imperceptivelmente/ um invisível cenário.” (Mário Quintana). In: ENCICLOPÉDIA LAROUSSE

CULTURAL, 1999:1885.

Figura 76 – Vista aérea de Santa Vitória do Palmar, onde observa-se o espaço da praça, na estrutura urbana reticulada da cidade .Foto: Tatiana Maragalhoni, 2000.

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81

Em alguns casos, essa familiaridade encontra-se comprometida pela

descaracterização do ambiente circundante, principalmente pela inserção de edifícios

em altura. Esses encobrem o volume de massa da vegetação característica da praça e

tendem a eliminar o ponto de referência que representam na malha urbana. ( Fig. 77/78).

As praças proporcionam a perspectiva necessária para admirar os edifícios

principais da cidade, assinala uma oposição entre as diversas referências do sitio, como

textura, cor, dimensão ou caráter, relativos a cada caso, isso faz com que as intervenções

realizadas ao seu redor e no seu interior sejam alvo de tantas criticas e estudos, um

laboratório de pesquisa para a cidade.

“Geralmente, a praça está marcada por um contraste de

dimensões que lhe coloca no clima da experiência visual da cidade. Não obstante, as relações devem estar relacionadas entre si, de tal forma que possamos identificar um complexo total.”(NORBERG-SCHULZ, 1975: 43).

Figura 77/78 – Corte esquemático da praça, ressaltando os diferentes efeitos visuais que os elementos massa de vegetação e a altura dos limites podem representar para a imagem urbana. Desenho: Eduardo Rocha.

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Essa perspectiva, por vezes, é alterada por construções que não colaboram

para a leitura do todo, como, por exemplo, as construções que obstruem os caminhos

principais das praças e não colaboram para o seu funcionamento e apreensão visual. Isso

implica na descaracterização de um fato preexistente essencial para a imagem do lugar

(Fig. 79/80/81/82).

“O espaço arquitetônico pode, desde logo, conter elementos

móveis, e sua completa estrutura compreende níveis e subestruturas que oferecem diversos graus de liberdade. Porém não pode ser tão móvel como um todo. [...] A tarefa do arquiteto, portanto, é ajudar o homem a encontrar um sítio existencial onde juntos concretizam suas imaginações e fantasias sonhadas.” (NORBERG-SCHULZ, 1975:135).

Figura 79 – Vista do monumento e altar da pátria que obstrui a circulação natural em cruz da praça. Foto: Eduardo Rocha, 2000. Figura 80 – Planta esquemática da praça demarcando o monumento. Fonte: Charles de Almeida Ferreira. Praça Dr. Carlos Santos em Canguçu.

Figura 81 – Vista posterior da edificação destinada à sanitários na praça de São José do Norte. Foto: Adriana Monteiro, 2000. Figura 82 – Planta esquemática da praça demarcando o prédio destinado aos sanitários. Fonte: Adriana Monteiro.

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83

É na conservação dos elementos definidores do espaço – limites, caminhos

e centralidade – que encontramos o verdadeiro foco desse trabalho. A praça é parte de

um todo, sendo essencial compreendê-la e inseri-la em propostas de ordenamento

urbano e de formulação de políticas públicas para o desenvolvimento da cidade.

(BRITTO, 1998: 107).

Para dar continuidade ao presente trabalho, sugere-se implementar a análise

através da percepção dos diferentes usuários das praça, assim como aplicar os mesmos

itens de leitura a outros espaços públicos, de outras regiões e até mesmo

contemporâneos.

A permanência deve manifestar a manutenção da cidade, permitindo,

segundo uma perspectiva dialética, que as praças estudadas (núcleos históricos), sejam

apropriadas em sua contemporaneidade, ou seja, possam e devam de um lado resguardar

as características essenciais que as indicam, sem, por outro, deixar de absorver a

modernidade que a dinâmica das relações sociais submetem a estrutura consolidada

desses assentamentos.

“Falar do patrimônio ambiental urbano, como falar de patrimônio cultural geral, é, de maneira direta ou indireta, falar de memória social, de onde se projetam as significações que vão enformar as representações da cidade.” (MENEZES, 1978: 2).

O patrimônio ambiental urbano é constituído por um conjunto de bens,

coisas físicas produzidas pelos homens – artefatos, ou a natureza transformada em

objeto da ação cultural, incorporada pela vida urbana. São paisagens, espaços,

construções, objetos cujo sentido se manifesta pela articulação que entre si estabelecem

e lhes dá suporte. Preservar65 é mudar, mantendo o essencial.

65 Preservar, v. tr. dir. Livrar-se de mal ou perigo futuro; manter livre de corrupção; tr. dir. e ind. livrar; resguardar; defender. (Do lat. praeservare). FERNANDES, 1993:565.

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ANEXOS

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89

ANEXO A – Arroio Grande: PRAÇA MANECA MACIEL

1 CLUBE DO COMÉRCIO 7 JORNAL A EVOLUÇÃO

2 BIBLIOTECA PÚBLICA 8 IGREJA NOSSA SENHORA DA GRAÇA

3 PREFEITURA MUNICIPAL 9 IMAGEM DE NOSSA SENHORA

4 CINE MARABA 10 SANITÁRIOS

5 RESTAURANTE 11 CHAFARIZ

6 NPAS/FUN. RURAL

1

RUA D. PEDRO II

RUA DR. MONTEIRO

RU

A H

ER

CU

LA

NO

DE

FR

EIT

AS

RU

A D

R. D

ION

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MA

GA

LH

ÃE

S

2 3 4 5 6

7

8 9

10

11

B

A

Figura 84 – Praça Maneca Maciel, a principal da localidade. Fonte: COSTA, 1922:61.

Figura 83 – Planta esquemática. Fonte: Denise Brito. Desenho: Eduardo Rocha

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90

Figura 85 – A / Vista aérea. Fonte: Denise Brito.

Figura 86 – B / Vista central da praça. Fonte: Denise Brito.

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91

ANEXO B – Bagé: PRAÇA CORONEL CARLOS TELLES

1 BUSTO ALMIRANTE BARROSO 6 ESCOLA

2 ESTÁTUA DR. PENA 7 DIOCESE

3 BANCA DE REVISTAS 8 SEDE AMORC.

4 PLACAS DE HOEMNAGENS 9 IGREJA EVANGÉLICA

5 CATEDRAL SÃO SEBASTIÃO

Figura 88 – Aspecto central da cidade, apanhado da torre da matriz, vendo-se a praça Coronel Carlos Telles. Fonte: COSTA, 1922:495.

Figura 87 – Planta esquemática. Fonte: Renata Mattos. Desenho: Eduardo Rocha.

1

2

3

4

5 6 7

8

9

RUA DR. VERÍSSIMO

RU

A B

AR

ÃO

AM

AZ

ON

AS

RU

A A

V. 7

DE

SE

TE

MB

RO

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92

Figura 89 – A / Vista da igreja matriz. Foto: Renata Mattos, 2000.

Figura 90 – B / Vista de um dos caminhos principais. Foto: Renata Mattos, 2000.

Figura 91 – C / Vista de uma das vias circundantes. Foto: Renata Mattos, 2000.

Figura 92 – D / Vista de limite formado por edificações . Foto: Renata Mattos, 2000.

Figura 93 – E / Vista do elemento central da praça . Foto: Renata Mattos, 2000.

Figura 94 – F / Vista da matriz . Foto: Renata Mattos, 2000.

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93

ANEXO C – Canguçu: PRAÇA DR. FRANCISCO CARLOS SANTOS

1 BANCO MERIDIONAL 8 CLUBE HARMONIA

2 PRAÇA DR. JAIME DE FARIAS 9 OBELISCO DO CENTENÁRIO

3 CASA DA CULTURA 10 MONUMENTO À GETULIO VARGAS

4 ESCOLA ESTADUAL 11 ALTAR DA PÁTRIA

5 IGREJA MATRIZ N. S. DA CONCEIÇÃO 12 SANITÁRIOS

6 SECRETARIA DE EDUCAÇÃO 13 PLAY-GROUND

7 PREFEITURA MUNICIPAL

1

2

3

4 5

6

7

8

9

10 11

12

13

RUA GENERAL OSÓRIO

RUA JÚLIO DE CASTILHOS

RU

A C

EL

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NE

S B

EN

TO

RU

A M

AR

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. M. B

EN

TO

A

B

C

D

E

F

G

H

Figura 96 – Praça Marechal Floriano e trecho da Rua General Osório. Fonte: COSTA, 1922:99.

Figura 95 – Planta esquemática. Fonte: Charles de Almeida Ferreira. Desenho: Eduardo Rocha.

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94

Figura 103 – G/ Vista do elemento central. Foto: Eduardo Rocha, 2000. Figura 104 – H/ Vista do casarão onde hoje funciona a

Casa da Cultura. Fonte: Casa da Cultura.

Figura 101 – E/ Vista do limites formado por muro de arrimo. Foto: Eduardo Rocha, 2000.

Figura 102 – F/ Vista da via circundante. Foto: Eduardo Rocha, 2000.

Figura 100 – D/ Vista da igreja apartir da Praça. Foto: Eduardo Rocha, 2000.

Figura 99 – C/ Vista do altar da pátria. Foto: Eduardo Rocha, 2000.

Figura 97 – A / Vista aérea da Praça . Fonte: Casa da Cultura. Figura 98 – B/ Vista do interior da Praça. Fonte: Casa da Cultura.

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95

ANEXO D – Dom Pedrito: PRAÇA GENERAL OSÓRIO

1 CLUBE COMERCIAL 6 SANITÁRIOS

2 IGREJA 7 BANCA DE REVISTAS

3 PREFEITURA MUNICIPAL 8 BAR

4 BANCO DO BRASIL 9 CALÇADÃO

5 RESERVATÓRIO

Figura 106 – Praça General Osório, a principal da cidade. Fonte: COSTA, 1922:442.

Figura 105 – Planta esquemática. Fonte: Fernanda Ferreira da Silva. Desenho: Eduardo Rocha.

1

4

3 2

5

6

7

8 9

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96

Figura 107 – A/ Vista aérea da praça. Fonte: Museu Municipal.

Figura 108 – B/ Vista da igreja apartir da praça. Fonte: Museu Municipal.

Figura 109 – C/ Vista do calçadão. Fonte: Museu Municipal.

Figura 110 – D/ Vista do prédio da Prefeitura Municipal. Fonte: Museu Municipal.

Figura 111 – E/ Reservatório no centro da praça. Fonte: Museu Municipal.

Figura 112 – F/ Vista aérea da praça, ao fundo a esquerda o Clube Comercial. Fonte: Museu Municipal.

Figura 113 – G/ Vista do centro da praça apartir de um de seus caminhos principais. Foto: Fernanda Ferreira da Silva, 2000.

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97

ANEXO E – Herval do Sul: PRAÇA MARQUÊS DO HERVAL

1 IGREJA 3 SANITÁRIOS

2 BUSTO 4 MONUMENTO

Figura 115 – Praça Marquês do Herval, a principal da Vila. Fonte: COSTA, 1922:65.

Figura 114 – Planta Esquemática. Fonte: Prefeitura Municipal. Desenho: Eduardo Rocha

1

2 3

4

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98

Figura 120 – E/ Vista da área central da praça. Fonte: Museu Municipal.

Figura 116 – A/ Vista aérea da praça. Fonte: Museu Municipal.

Figura 117 – B/ Vista do busto que serve como elemento central. Fonte: Museu Municipal.

Figura 118 – C/ Vista da igreja apartir da praça. Fonte: Museu Municipal.

Figura 119 – D/ Vista de um dos monumentos circundantes. Fonte: Museu Municipal.

Figura 121 – F/ Vista igreja. Fonte: Museu Municipal.

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99

ANEXO F – Jaguarão: PRAÇA DR. ALCIDES MARQUES

1 BANCO DO BRASIL 9 IGREJA MATRIZ

2 BRADESCO 10 LARGO DAS BANDEIRAS

3 ESTAÇÃO RODOVIÁRIA 11 POSTE DE ILUMINAÇÃO

4 BANRISUL 12 SANITÁRIOS

5 CAIXA ECONÔMICA FEDERAL 13 CHAFARIZ

6 CLUBE HARMONIA 14 GUARITA

7 HOTEL 15 ESTATÚA DA LIBERDADE

8 CLUBE JAGUARENSE 16 PLAY-GROUND

Figura 122 – Planta esquemática. Fonte: Michele Rosa da Silva. Desenho: Eduardo Rocha.

RUA GENERAL OSÓRIO

AV. 27 DE JANEIRO

RU

A C

AR

LO

S B

AR

BO

SA

RU

A A

ND

RA

DE

NE

VE

S

1 2

3

4

5 6 7 8

9 10 11

12

13

14 15

16

Figura 123 – Aspectos da bela cidade de Jaguarão, acima a direita Praça 13 de maio, vendo-se a estátua da liberdade. Fonte: COSTA, 1922:50.

A

B

C

D

E

F

G

H

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100

Figura 130 – G/ Vista do largo da matriz. Foto: Michele Rosa da Silva, 2000.

Figura 131 – H/ Vista do largo ocupado por edificações. Foto: Michele Rosa da Silva, 2000.

Figura 128 – E/ Vista do interior da praça. Foto: Michele Rosa da Silva, 2000.

Figura 129 – H/ Vista de um dos caminhos principais. Foto: Michele Rosa da Silva, 2000.

Figura 126 – C/ Vista do interior da praça. Foto: Michele Rosa da Silva, 2000.

Figura 127 – D/ Vista de um dos monumentos circundantes. Foto: Michele Rosa da Silva, 2000.

Figura 124 – A/ Vista aérea da praça, ao centro a Estátua da Liberdade. Foto: Michele Rosa da Silva, 2000.

Figura 125 – B/ Vista aérea da praça. Foto: Michele Rosa da Silva, 2000.

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101

ANEXO G – Pelotas: PRAÇA CORONEL PEDRO OSÓRIO

1 SECRETARIA DE FINANÇAS 10 SHOPING PRAÇA XV

2 GRANDE HOTEL 11 BIBLIOTECA PÚBLICA PELOTENSE

3 CONJUNTO DOS 3 CASARÕES 12 PREFEITURA MUNICIPAL

4 CASA DE POMPAS FUNEBRES 13 MERCADO PÚBLICO

5 CASA DA BANHA 14 CHAFARIZ

6 CLUBE CAIXERAL 15 LAGO

7 TEATRO 7 DE ABRIL 16 MONUMENTO

8 BANCO ITAÚ 17 SANITÁRIOS

9 REX HOTEL 18 PLAY-GROUND

Figura 132 – Planta esquemática. Fonte: Prefeitura Municipal. Desenho: Eduardo Rocha

RU

A X

V D

E N

OV

.

RU

A F

. DA

CU

NH

A

RUA MAL. FLORIANO

RUA PRIN. ISABEL

RUA FÉLIX DA CUNHA

1 2

3

4

5 6 7 8

9

10

11

12

13

14

15

16

17 18

A

B

C

D

Figura 133 – Vista geral da Praça Coronel Pedro Osório. Fonte: COSTA, 1922:44.

E

RU

A A

NC

HIE

TA

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102

Figura 134 – A/ Vista do chafariz central. Foto: Laura Azevedo, 1998.

Figura 135 – B/ Vista da Rua Marechal Floriano, Teatro 7 de Abril. Foto: Laura Azevedo, 1998.

Figura 136 – C/ Vista da praça apartir da Rua Marechal Floriano. Foto: Laura Azevedo, 1998.

Figura 137 – D/ Ao findo no centro o Mercado Público, a direita a Prefeitura Municipal e a esquerda a Secretaria de Finanças. Foto: Laura Azevedo, 1998.

Figura 138 – E/ Vista geral da praça, ao fundo Mercado Público. Foto: Laura Azevedo, 1998.

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103

ANEXO H – Pinheiro Machado: PRAÇA ANGELINO GOULART

1 TEATRO MUNICIPAL 7 RESTAURANTE

2 PREFEITURA MUNICIPAL 8 CORREIO

3 C.R.T. 9 CLUBE COMERCIAL

4 IGREJA MATRIZ 10 HOTEL

5 SECRETARIA DO DESPORTO E CULTURA 11 POSTE DE ILUMINAÇÃO

6 BANCO DO BRASIL 12 ALTAR DA PÁTRIA

Figura 139 – Planta esquemática. Fonte: Paulo Roberto da Silveira Filho. Desenho: Eduardo Rocha.

Figura 140 – Trecho da rua e praça principais da vila de Pinheiro Machado. Fonte: COSTA, 1922:123.

1 2 3

4

5

6 8 7

9

10

11

12

RUA DUTRA DE ANDRADES

RUA NICO DE OLIVEIRA

RU

A D

R. A

RR

UD

A

RU

A 7

DE

SE

TE

MB

RO

A

B

C

D

E

F

G

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104

Figura 141 – A/ A praça vista de uma das ruas. Foto: Paulo Roberto da Silveira Filho, 2000.

Figura 142 – B/ A praça vista de uma das ruas. Foto: Paulo Roberto da Silveira Filho, 2000.

Figura 143 – C/ Vista da praça, a direita o altar da pátria. Foto: Paulo Roberto da Silveira Filho, 2000.

Figura 144 – D/ Vista de um dos caminhos principais. Foto: Paulo Roberto da Silveira Filho, 2000.

Figura 145 – E/ Vista de um dos caminhos principais. Foto: Paulo Roberto da Silveira Filho, 2000.

Figura 146 – F/ Vista de uma das entradas da praça. Foto: Paulo Roberto da Silveira Filho, 2000.

Figura 147 – G/ Vista da igreja apartir da praça. Foto: Paulo Roberto da Silveira Filho, 2000.

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105

ANEXO I – Piratini: PRAÇA DAS ALEGRIAS

1 SECRETARIA DE TURISMO 8 CINEMA

2 1ª CONFEITARIA DA CIDADE 9 TEATRO MUNICIPAL

3 SINDICATO RURAL 10 FABRICA DE CERVEJA

4 SECRETARIA DA AGRICULTURA 11 IGREJA MATRIZ NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO

5 CAMÂRA DE VEREADORES 12 MONUMENTO

6 PREFEITURA MUNICIPAL 13 LAGO DA MATRIZ

7 EXATORIA

5

1 2

3

4 6 7 8 9

10

11 12 13

RUA COMENDADOR FREITAS

RUA 20 DE SETEMBRO RU

A B

EN

TO

GO

AL

VE

S

LA

RG

O P

. RE

INA

LD

O W

IST

RU

A 1

5 D

E N

OV

.

Figura 148 – Planta esquemática. Fonte: Ana Paula Pereira Régio. Desenho: Eduardo Rocha.

Figura 149 – Praça e rua principais da cidade de Piratini. Fonte: COSTA, 1922:118.

A

B

C

D

E F

G

H

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106

Figura 150 – A/ Vista geral da praça. Foto: Ana Paula Régio, 2000.

Figura 151 – B/ Vista dos prédios limites da praça. Foto: Ana Paula Régio, 2000.

Figura 152 – C/ Vista dos canteiros da praça. Foto: Ana Paula Régio, 2000.

Figura 153 – D/ Vista de um dos caminhos principais. Foto: Ana Paula Régio, 2000.

Figura 154 – E/ Vista do eixo principal. Foto: Ana Paula Régio, 2000.

Figura 155 – F/ Um dos recantos da praça . Foto: Ana Paula Régio, 2000.

Figura 156 – G/ O lago da matriz . Foto: Ana Paula Régio, 2000.

Figura 157 – H/ Vista posterior da igreja matriz. Foto: Ana Paula Régio, 2000.

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107

ANEXO J – Rio Grande: PRAÇA ANTÔNIO XAVIER FERREIRA

1 CAIXA E. ESTADUAL 11 CANAL DO RIO GRANDE

2 CAPELA SÃO FRANCISCO 12 BIBLIOTECA PÚBLICA

3 GALERIA SÃO PEDRO 13 QUARTEL GENERAL

4 HOTEL CHARRUA 14 PREFEITURA MUNICIPAL

5 CAIXA E. FEDERAL 15 CHAFARIZ

6 ALFÂNDEGA 16 MONUMENTO

7 CÂMARA DE COMÉRCIO 17 COLUNA DA LIBERDADE

8 POSTO DE GASOLINA/HIDROVIÁRIA 18 LAGO

9 MERCADO PÚBLICO 19 MONUMENTO A SILVA PAES

10 BANCA DO PEIXE

RUA MAL. FLORIANO

RUA GAL. OSORIO

LA

RG

O J

O F

. MO

RE

IRA

1 2

4 5

6

7

8

9

11

10

13

15

14

17

18

19

12

3

16

Figura 158 – Planta esquemática. Fonte: Adriana Monteiro. Desenho: Eduardo Rocha

Figura 159 – Um aspecto da bela praça. COSTA, 1922:11.

A

B

C

D

E

F

G

H

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108

Figura 160 – A/ Vista de uma das entradas da praça. Foto: Adriana Monteiro, 2000.

Figura 161 – B/ Vista aérea da praça. Foto: Adriana Monteiro, 2000.

Figura 162 – C/ Um dos caminhos da praça, ao centro a coluna da liberdade. Foto: Adriana Monteiro, 2000.

Figura 163 – D/ Lago visto apartir do Clube do Comércio. Foto: Adriana Monteiro, 2000.

Figura 164 – E/ Chafariz central. Foto: Adriana Monteiro, 2000.

Figura 165 – F/ Caminho e eixo principal. Foto: Adriana Monteiro, 2000.

Figura 166 – G/ Vista do interior da praça. Foto: Adriana Monteiro, 2000.

Figura 167 – H/ Vista de um dos limites ao fundo a abertura para o canal. Foto: Adriana Monteiro, 2000.

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109

ANEXO K – Santa Isabel do Sul : PRAÇA DA ALIANÇA

1 PRAÇA DA ALIANÇA 4 ARMAZÉM E CLUBE PANTANAL

2 CAPELA 5 BAILÃO VENTO SUL

3 RIO SÃO GONÇALO

1

2

4

5

5

Figura 168 – Planta esquemática. Fonte : NEAB , 1994. Desenho: Eduardo Rocha.

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110

Figura 169 – A/ Vista posterior da capela. Fonte: NEAB, 1994.

Figura 170 – B/ Vista de uma das vias da vila. Fonte: NEAB, 1994.

Figura 171 – C/ Equipamento existente na praça. Fonte: NEAB, 1994.

Figura 172 – D/ Vista do rio São Gonçalo. Fonte: NEAB, 1994.

Figura 173 – E/ Vista da praça da Aliança, vendo-se ao fundo a capela local. Fonte: NEAB, 1994.

Figura 174 – F/ Vista frontal da capela, vendo-se ao fundo a praça. Fonte: NEAB, 1994.

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111

ANEXO L – Santa Vitória do Palmar: PRAÇA MARECHAL SOARES ANDREA

1 CLUBE COMERCIAL 7 SANITÁRIOS

2 IGREJA MATRIZ 8 COLETA DE LIXO

3 TEATRO INDEPENDÊNCIA 9 ALTAR DA PÁTRIA

4 BANRISUL 10 BUSTO MARAECHAL SOARES ANDREA

5 ROSA DOS VENTOS 11 ESTÁTIA DE SANTA VITÓRIA (1855)

6 GUARITAS

RUA BARÃO DO RIO BRANCO

RUA CONDE DE PORTO ALEGRE

RU

A M

AL

. DE

OD

OR

O

RU

A M

IRA

PAL

HE

TE

1

2

3

4 5

6

7

8

9 10

11

Figura 175 – Planta esquemática. Fonte: Tatiana da Costa Maragalhoni. Desenho: Eduardo Rocha.

Figura 176 – Um aspecto da bela praça General Andréa, a principal da cidade de Santa Vitória . Fonte: COSTA, 1922:42.

A

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112

Figura 177 – A/ Vista aérea da cidade de Santa Vitória. Foto: Tatiana Maragalhoni, 2000.

Figura 178 – B/ Vista de uma das ruas que circundam. Foto: Tatiana Maragalhoni, 2000.

Figura 179 – C/ Vista geral da praça. Foto: Tatiana Maragalhoni, 2000.

Figura 180 – D/ Vista de uma abertura temporária. Foto: Tatiana Maragalhoni, 2000.

Figura 181 – E/ Vista parcial da praça. Foto: Tatiana Maragalhoni, 2000.

Figura 182 – F/ Rosa dos ventos no centro da praça. Foto: Tatiana Maragalhoni, 2000.

Figura 183 – G/ Vista de um dos caminhos principais, apartir do centro. Foto: Tatiana Maragalhoni, 2000.

Figura 184 – H/ Um dos caminhos principais. Foto: Tatiana Maragalhoni, 2000.

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113

ANEXO M – São José do Norte: PRAÇA INTEND. FRANCISCO JOSÉ PEREIRA

1 BIBLIOTECA PÚBLICA 6 CALÇADÃO

2 TRAILER P/ LANCHES 7 CHAFARIZ

3 PREFEITURA MUNICIPAL 8 BUSTO DE JOSÉ GARIBALDI

4 IGREJA MATRIZ 9 SANITÁRIOS

5 POSTO DE COMBUSTÍVEL 10 CABINE TELEF6ONICA

1

RU

A B

EN

TO

G

ON

ÇA

LV

ES

RU

A M

AR

CIL

IO D

IAS

RU

A 1

5 D

E N

OV

.

2

3

4

5

6

7 8 9

10

Figura 185 – Planta esquemática. Fonte: Adriana Monteiro. Desenho: Eduardo Rocha.

Figura 186 – Matriz de Nossa Senhora dos Navegantes. Fonte: COSTA, 1922:37.

RUA JÚLIO DE CASTILHOS

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114

Figura 187 – A/ Vista do chafariz central. Foto: Adriana Monteiro, 2000.

Figura 188 – B/ Vista da abertura para o canal. Foto: Adriana Monteiro, 2000.

Figura 189 – C/ Vista do calçadão. Foto: Adriana Monteiro, 2000.

Figura 190 – D/ Um dos caminhos externos. Foto: Adriana Monteiro, 2000.

Figura 191 – E/ Vista do trailer existente em uma das extremidades. Foto: Adriana Monteiro, 2000.

Figura 192 – F/ Vista de uma das vias. Foto: Adriana Monteiro, 2000.

Figura 193 – G/ Vista geral da praça, apartir da igreja. Foto: Adriana Monteiro, 2000.

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115

ANEXO N – São Lourenço do Sul: PRAÇA DEDE SERPA

1 IGREJA LUTERANA 6 PLAY-GROUND

2 ESCOLA ESTADUAL CRUZEIRO DO SUL 7 SANITÁRIOS

3 BANCO DO BRASIL 8 ALTAR DA PÁTRIA

4 NOSSA CASA – CENTRO DE APOIO AO DEFICIENTE 9 MONUMENTO À ZUMBI DOS PALMARES

5 CHAFARIZ

Figura 185 – Planta esquemática. Fonte: Mateus Szomorovzky. Desenho: Eduardo Rocha.

Figura 186 – Vista da praça principal da cidade. Fonte: COSTA, 1922: 103.

RUA DR. JÚLIO DE CASTILHOS

RUA MARECHAL FLORIANO

RU

A X

V D

E N

OV

EM

BR

O

RU

A D

R. P

IO F

ER

RE

IRA

1

2

3

4

5

6

7

8

9

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116

Figura 187 – A/ Vista do chafariz no centro da praça. Foto: Mateus Szomorovzky, 2000.

Figura 188 – B/ Caminho interior secundário. Foto: Mateus Szomorovzky, 2000.

Figura 189 – C/ Vista externa. Foto: Mateus Szomorovzky, 2000.

Figura 190 – D/ Vista de uma das esquinas da praça. Foto: Mateus Szomorovzky, 2000.

Figura 191 – E/ Vista do play-ground. Foto: Mateus Szomorovzky, 2000.

Figura 192 – F/ Ao centro monumento a Zumbi. Foto: Mateus Szomorovzky, 2000.

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117

ANEXO O – Outras Praças

Figura 202 – Praça XV de novembro. Santiago. Fonte: COSTA, 1922: 268.

Figura 203 – Trecho da Rua do Comércio e Praça General Firmino. Cruz Alta. Fonte: COSTA, 1922: 226.

Figura 204 – Um aspecto da vila, vendo-se a Praça Júlio de Castilhos e trecho Rua XV de Novembro as principais da sede do município. Encruzilhada do Sul. Fonte: COSTA, 1922: 131.

Figura 205 – A bela Praça José Bonifácio, antiga das Palmeiras. Cachoeira do Sul. Fonte: COSTA, 1922: 194.

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118

Figura 206 – Praça Marechal Floriano, a principal da vila. Júlio de Castilhos. Fonte: COSTA, 1922: 217.

Figura 207 – Cidade de Passo Fundo. Aspectos da Avenida Brasil e Praça da República, as principais da localidade. Fonte: COSTA, 1922: 235.

Figura 208 – Praça principal da vila. Ijui. Fonte: COSTA, 1922: 263.

Figura 209 – Vista da Praça XV de Novembro, a principal da vila. Camaquã. Fonte: COSTA, 1922: 142.

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“Falar do patrimônio ambiental urbano, como falar de patrimônio cultural geral, é, de maneira direta ou indireta, falar de memória social, de onde se projetam as significações que vão enformar as representações da cidade.” (MENEZES, 1978: 2).