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Decreto com força de lei de 18 Decreto com força de lei de 18 de Março de 1911 – Veículo do de Março de 1911 – Veículo do ideário educativo republicano ideário educativo republicano Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias Mestrado em Bibliotecas Escolares e Literacias do século XXI HISTÓRIA DAS IDEIAS E INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS Professores Professores: José Viegas Brás Maria das Neves Gonçalves Alunas: Maria da Graça Gonçalves Maria Josefa Carvalho Trabalho apresentado em 11-01-2010

Bibliotecas república

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Decreto com força de lei de 18 de Decreto com força de lei de 18 de Março de 1911 – Veículo do ideário Março de 1911 – Veículo do ideário

educativo republicanoeducativo republicano

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias

Mestrado em Bibliotecas Escolares e Literacias do século XXI

HISTÓRIA DAS IDEIAS E INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS

Professores

Professores:

José Viegas Brás

Maria das Neves Gonçalves

Alunas:

Maria da Graça Gonçalves

Maria Josefa Carvalho

Trabalho apresentado em 11-01-2010

OBJECTIVOSOBJECTIVOS

Integrar o decreto no contexto histórico, político e cultural em que foi produzido.

Analisar de que forma o diploma constituiu um veículo do ideário educativo republicano.

Conhecer a organização e o funcionamento das Bibliotecas e Arquivos Nacionais propostos no decreto.

Decreto com força de lei de 18 de Março de Decreto com força de lei de 18 de Março de 19111911

Emanado do Ministério do Interior – Direcção Geral da Instrução Secundária, Superior e Especial -, durante o Governo Provisório da República chefiado por Teófilo Braga (5 Out.1910 - 3 Set.1911) Publicado pelo Ministro do Interior, António José de AlmeidaObjectivo fundamental do diploma: Reorganizar os serviços das Bibliotecas e Arquivos Nacionais dependentes daquela Direcção Geral.

Contexto histórico, político e socialContexto histórico, político e social

A República, proclamada em 5 de Outubro de 1910, trazia, na sua bagagem revolucionária, o decidido projecto de reformar a mentalidade portuguesa propondo-se executá-lo por diversas vias e, em situação de realce, pela via da instrução e da educação.

Rómulo de Carvalho– História do Ensino em Portugal. p. 651

Contexto histórico, político e socialContexto histórico, político e social

-Decadência provocada pela incapacidade do regime monárquico de resolver os problemas do país, nomeadamente de assegurar o funcionamento do sistema educativo.

-Angústia perante o atraso económico e cultural em relação aos países desenvolvidos da Europa.

-Regeneração a realizar pelos republicanos, indispensável à superação da crise nacional.

-Pensamento republicano dominado pela mentalidade positivista, que se manifestava na crença no progresso humano por via da propagação das “luzes”.

- Progresso proporcionado pela difusão da cultura e da educação – República como instauradora de uma ruptura entre o “velho Portugal” e o “Portugal novo.”

Contexto histórico, político e socialContexto histórico, político e social

-Patriotismo/Exaltação do passado glorioso dos Portugueses

A Pátria surge identificada com a sua história, nomeadamente com os Descobrimentos, que impulsionaram o desenvolvimento da civilização.A evocação do passado colectivo visava consolidar a consciência nacional em torno de uma ideologia republicana ainda muito recente.

Contexto histórico, político e socialContexto histórico, político e social

Anticlericalismo (principalmente antijesuitismo)

Componente fundamental do Republicanismo que pretende levar ao desenvolvimento de um projecto de laicização da sociedade.

Produção de legislação contra “as muralhas, altas e espessas, cuja implantação (…) impedia o avanço das ideias revolucionárias.” (Rómulo de Carvalho, p. 662)

- Expulsão das ordens religiosas;- Extinção do ensino religioso nas escolas e sua substituição pela Educação Cívica;- Proibição das praxes e privilégios da Universidade de Coimbra;- Lei da separação do Estado das igrejas

Cultos cívicos

Culto da Pátria, da bandeira e dos grandes heróis

Contexto histórico, político e socialContexto histórico, político e socialEDUCAÇÃO

“Aplainado o terreno de manobra iria agora iniciar-se a proposta batalha pela transformação da mentalidade portuguesa por via escolar.” (Rómulo de Carvalho, p. 662)

Carácter messiânico atribuído ao discurso regenerador da pedagogia republicana – a educação deverá ter o poder de transformar os indivíduos e a sociedade.

Educação para todos/democratização do ensino.

Combate ao analfabetismo.

Educação integral (Escola Nova)

- Complementaridade entre a instrução e a educação;

- Formação de cidadãos instruídos, livres e conscientes da sua capacidade de

intervenção na vida social, aptos para viver em democracia.

Educação gratuita, obrigatória e laica.

Destaque para a escola primária e para os professores primários como agentes de transformação.

Valorização da imagem e da função cultural e ideológica do professor.

Contexto histórico, político e socialContexto histórico, político e socialEDUCAÇÃO

1911

“Ano grande na História do Ensino em Portugal.”

(Rómulo de Carvalho, p. 662)

Todos os níveis de ensino foram contemplados.

22-03-1911 – Decreto com força de lei – Reforma do ensino universitário; criação das universidades de Lisboa e do Porto

29-03-1911 – Decreto com força de lei – Reorganização dos serviços de instrução primária

19-04-1911 – Decreto com força de lei – Bases da nova constituição universitária

26-06-1911 – Decreto – Nomeação de uma comissão para organizar um projecto de reforma do ensino secundário

António José de AlmeidaAntónio José de Almeida((1866-1929)1866-1929)

-Político, médico e jornalista.

-Aderiu aos ideais republicanos no convívio com a academia republicana de Coimbra nos anos 90, quando frequentava o curso de Medicina.

-Foi preso, pela primeira vez, em 1890, por escrever e publicar, no jornal O Ultimatum, um artigo injurioso contra o Rei – Bragança, o Último.

-Como militante do Partido Republicano, desenvolveu uma intensa actividade política e contribuiu directamente para a queda da monarquia.

-Foi eleito deputado nas eleições de 1906 pelo círculo oriental de Lisboa.

- Lançou e dirigiu a revista “Alma Nacional”, que teve um importante papel informativo junto das camadas populares interessadas na mudança de regime.

António José de AlmeidaAntónio José de Almeida

-Depois da implantação da República, fez parte do Governo Provisório, exercendo o cargo de Ministro do Interior.

-Em 1912, devido a divergências pessoais e políticas, separou-se do Partido Republicano e fundou o Partido Evolucionista.

-Presidiu ao governo da “União Sagrada” em 1916, durante o período da 1.ª Guerra Mundial,

- Foi eleito Presidente da República em 6 de Agosto de 1919, tendo sido o único presidente que cumpriu integralmente o seu mandato na 1.ª República..

António José de AlmeidaAntónio José de Almeida

Ao longo da sua vida política, a temática da Educação esteve sempre presente, quer nos seus discursos enquanto deputado quer na sua acção enquanto membro do Governo.

“(…) com a República e a liberdade está sempre a instrução e só com a reacção monárquica se dá bem e adapta a ignorância e a degradação intelectual dos povos.”

(Discurso de António José de Almeida, em Diário da câmara dos senhores deputados, 06-04-1907)

António José de AlmeidaAntónio José de Almeida

“Esta lei é, sobretudo, um apostolado. Todos os bons princípios de liberdade encontram nos seus artigos um culto que não é ilusório. A independência do município, base da liberdade antiga, que tanta conquista popular cimentou, e óvulo da liberdade futura que a Revolução fecundou; a autonomia do professor, a sua dignificação, o seu respeito que o hão-de arvorar no grande educador cívico das gerações que despontam, substituindo-o com a sua moral cívica ao padre que se estiola à sombra da moral católica; a afirmação desse direito, hoje indiscutível para os estados democráticos, de intervir directamente na educação da mocidade com o fim de fazer cidadãos, - tudo isso encontra, aqui e além, mais clara ou mais implicitamente, agasalho e atenção.”

(Revista República, 30-03-1911)

Estrutura do diplomaEstrutura do diploma

PreâmbuloDisposições gerais (artigos 1.º a 5.º)

Objecto do decreto Tipos de Bibliotecas

Bibliotecas Eruditas (artigos 6.º a 8.º)Bibliotecas Populares (artigos 9.º a 18.º)Bibliotecas Móveis (artigos 19.º a 22.º)Arquivos (artigos 23.º a 25.º)

Do pessoal (Recursos humanos)

I. Inspecção das Bibliotecas (arts. 26.º a 31.º)

II. Secretaria Geral (arts. 32.º e 33.º)

III. Quadro do pessoal das Bibliotecas Eruditas (arts. 34.º a 40.º)

IV. Bibliotecas Municipais sem pessoal próprio (art. 41.º)

V. Quadro do pessoal do Arquivo Nacional (arts. 42.º a 44.º)

VI. Junta Consultiva - organização e competências (arts. 45.º a 48.º)

VII. - Atribuições dos funcionários das Bibliotecas e Arquivos e da Secretaria Geral (arts. 49.º a 54.º); - Publicação do Boletim das Bibliotecas e Arquivos - relatório dos Directores, registo de propriedade literária, etc. (art. 55.º);

- Higienismo (art. 56.º); - Referência ao orçamento destinado às Bibliotecas e Arquivos (art. 57.º).

Breve reflexão sobre a estrutura do Breve reflexão sobre a estrutura do decretodecreto

As Bibliotecas e Arquivos passam a ter um enquadramento legal devidamente regulamentado.

O documento reflecte uma grande preocupação de rigor técnico, definindo o funcionamento/ organização das Bibliotecas e Arquivos.

Preâmbulo extenso, em que se justificam ideologicamente as medidas legislativas que o mesmo encerra, inserindo-se esta reestruturação nos ideais caros aos Republicanos.

O corpo do decreto apresenta um plano de acção bem delineado, que consubstancia uma visão moderna e prospectiva das Bibliotecas e Arquivos no domínio da Educação.

Análise do preâmbulo do decreto Análise do preâmbulo do decreto enquanto veículo do ideário enquanto veículo do ideário

republicanorepublicano

Ideia-chaveIdeia-chave Valor da Valor da DescentralizaçãoDescentralização

“Não bastam (…) à instrucção do povo português as actuaes Bibliotecas dos grandes centros; é preciso instituir Bibliotecas Populares em todos os municípios, e fazer irradiar desses núcleos a corrente intellectual das Bibliotecas Móveis, que levarão os livros a todas as aldeias, engrandecendo a união da escola e tornando-a o principal centro de interesse da população.”

Ideia-chaveIdeia-chave Patriotismo e NacionalismoPatriotismo e Nacionalismo

Valorização do Passado GloriosoValorização do Passado Glorioso

““Teremos assim Teremos assim BibliotecasBibliotecas votadas, umas à expansão do votadas, umas à expansão do

livro, outras ao repositório da alta cultura livro, outras ao repositório da alta cultura philosophica, ,

scientifica , literária e artística, scientifica , literária e artística, e Archivos destinados aos e Archivos destinados aos

estudos históricos, que reivindicarão o verdadeiro estudos históricos, que reivindicarão o verdadeiro

legado pertencente, na história da civilização, ao legado pertencente, na história da civilização, ao

glorioso povo português.”glorioso povo português.”

“Pondo a população portuguesa a par da inteligência mundial, provando scientificamente a acção social do povo que iniciou a idade moderna, pelos descobrimentos marítimos, compete às Bibliotecas e Archivos uma das mais elevadas missões na revolução nacional.”

Ideia-chaveIdeia-chave Crítica ao antigo regimeCrítica ao antigo regime

Atraso educacional Atraso educacional portuguêsportuguês

“Serviram em Portugal as Bibliotecas para sequestrar o livro, defendendo o povo do peccado de saber, repellindo a criança e o operario, contrariando o estudioso, trahindo o principio que manda reservar o volume raro, para impedir a leitura do livro emancipador, exercendo a censura sobre a requisição do leitor, annullando de facto o livro, como o fazia a inquisição, cujo crime não era destruir pelo fogo o exemplar, mas impedir pelo fogo a sua leitura.”

Ideia-chaveIdeia-chave Comparação com os países Comparação com os países europeus mais desenvolvidoseuropeus mais desenvolvidos

“Ingleses e Americanos (…) operaram uma verdadeira revolução nas Bibliotecas. Ao tradicional conservador, cujo ideal era impedir que se folheasse o livro, substituíram o moderno propagandista (…)”

Ideia-chaveIdeia-chave Crítica ao antigo regimeCrítica ao antigo regime

Atraso educacional Atraso educacional portuguêsportuguês

“Não haverá naquelle estabelecimento [Biblioteca] fins superiores ao de aumentar a leitura, fazendo irradiar o livro, quaesquer que sejam os prejuízos da sua deterioração, porque o mal irreparavel para a Pátria e para a República seria manter a actual incultura, propositadamente conservada pelo antigo regime.”

Ideia-chaveIdeia-chave Laicização/AnticlericalismoLaicização/Anticlericalismo

“Urge recolher, installar, catalogar, connexar cuidadosamente, como peça justificativa do processo movido pelo povo ao regime que o opprimia, os milhares de documentos das extinctas casas religiosas, que provam o crime de entenebrecimento do povo, os montões de papeis suspeitos em que permanece o traço da dissipação.”

Ideia-chaveIdeia-chave Modernidade PedagógicaModernidade Pedagógica

“ (…) os Palácios de Leitura, que caracterizam a nova civilização, teem um tríplice fim: ensinar, informar e distrahir.”

Carácter lúdico da leitura

Criação de hábitos de leitura

Importância da divulgação do livro

e do que se faz

Preocupação em levar os livros a

todos os públicos

Carácter utilitário da leitura

Envolvimento da comunidade nas actividades da

Biblioteca

Adequação dos diferentes tipos de Bibliotecas ao público a que se destinam

Ligação da Biblioteca à comunidade

Ideia-chaveIdeia-chave Modernidade PedagógicaModernidade Pedagógica

“Não é conservar os livros, mas torná-los úteis o fim das Bibliotecas. Estabelecimentos de ensino publico destinados ao progresso da intelligencia, à extensão da cultura scientifica; focos de intensa irradiação mental, quer na frequência da sua sede, quer na leitura domiciliaria, ou na expansão das collecções moveis; instituições de objectivo pedagógico, actuando pela franca e illimitada communicação com o publico; as Bibliotecas são sempre instrumento de instrucção.”

Ideia-chaveIdeia-chave Modernidade PedagógicaModernidade Pedagógica

“O franco acesso à Biblioteca, a ampla leitura domiciliaria, as collecções moveis, as salas para crianças, a leitura no caminho de ferro, nos hospitaes e nas prisões – esse conjunto de meios que, alem de facilitar o livro, solicitam o leitor, offerecendo-lh’o em todas as condições, enviando-lh’o para todos os pontos.”

“Franqueada sem restricção, a Biblioteca terá de ora avante tal acolhimento, que o povo considerará como um prazer mental voltar ali, collaborar na vigilância, promover doações, propagar as collecções móveis, etc.”

Ideia-chaveIdeia-chave Direitos e deveres do Direitos e deveres do

cidadãocidadão

(…) quanto maior for a importância das suas obras de génio, tanto maior será a acção emancipadora do pensamento, franqueando às novas gerações o caminho do progresso incessante, a conquista de mais felicidade e de mais justiça.”

“ Para o antigo regime, o perigo era pensar; para a Republica, o perigo é a ignorância, crime público, attentado contra a pátria, tão prejudicial no operário como no burguês, confinando aquele na bárbara depressão da miséria, inutilizando-lhe o esforço pela incapacidade profissional e anullando este na rotina e na incultura.”“Chamando desde já a criança á Biblioteca, prepara a República a nova geração consciente dos seus deveres e dos seus direitos, conhecedora de que a moderna vida social é orientada pelo livro e está expressa no livro.”

Ideia-chaveIdeia-chave Direitos e deveres do Direitos e deveres do

cidadãocidadão

“Com relação às questões do momento, devem as Bibliotecas

publicar listas de livros que possam pôr o cidadão ao corrente

dos negócios públicos, habilitando-o a conhecer as leis eleitoraes,

as constituições, as reformas de instrucção, os planos financeiros,

tudo quanto é submetido ao seu exame pelas publicações officiaes,

pela discussão do Parlamento e pelo programma dos candidatos ao

mandato eleitoral.”

Ideia-chaveIdeia-chave HigienismoHigienismo

“…as Bibliotecas educam para a vida mental, criando o habito da

leitura, encaminhando o povo para a vida intellectual, afastando-o

dos meios deprimentes, dos hábitos dispersivos, dos locaes

material e moralmente insalubres.”

Tipos de bibliotecasTipos de bibliotecas

Eruditas Dependentes da D.G. da Instrução Secundária, Superior e Especial(Biblioteca Nacional de Lisboa e Bibliotecas Públicas de Évora, Braga. Castelo Branco, Vila Real e Ponta Delgada).Anexas às Sociedades Científicas e a outros estabelecimentos superiores de ensino. Anexas às Secretarias Anexas às Secretarias de Estado, Liceus, de Estado, Liceus, seminários, etc.seminários, etc.Pertencentes aos Pertencentes aos antigos Paços Reais de antigos Paços Reais de Mafra e da Ajuda e a Mafra e da Ajuda e a algumas Câmaras algumas Câmaras Municipais.Municipais.

PopularesSecções populares criadas pelas bibliotecas dependentes da Direcção Geral da Instrução Secundária, Superior e Especial..Fundadas pelas Fundadas pelas Câmaras Municipais.Câmaras Municipais.Em Lisboa e no Em Lisboa e no Porto e nos Porto e nos concelhos com concelhos com grande área, as grande área, as Câmaras Municipais Câmaras Municipais criam sucursais das criam sucursais das Bibliotecas Centrais, Bibliotecas Centrais, que serão dirigidas que serão dirigidas pelos professores de pelos professores de instrução primária.instrução primária.

MóveisFuncionavam nas escolas primárias, sob responsabilidade dos professores.Constituídas por colecções de livros enviados pelas bibliotecas populares às diversas localidades da sua área.A requisição era feita pelo professor de instrução primária, por qualquer instituição ou comissão de propaganda.

Bibliotecas eruditasBibliotecas eruditasObjectivos

Público-alvo

Horário

Tipologia de obras

•Desenvolver a cultura científica, literária e artística.•Conservar, valorizar e divulgar obras e documentos

históricos.

•Letrado•Académico

A – Bibliografia geral.Enciclopédias. Dicionários gerais. Revistas e jornais.

Poligrafia;B – Teologia e Ciência das Religiões;C – Direito;D – Medicina;E – Ciências (1. Filosóficas; 2. Matemáticas; 3. Físico-

Químicas;4. Histórico-Naturais);F – Literatura;G – Artes;H – História;I – Incunábulos,K – Manuscritos.

Das 10.00h às 16.00h; das 19.00h às 23.00h

Bibliotecas popularesBibliotecas populares•Reunir os livros e publicações necessários à instrução do

povo, à rápida informação e ao entretenimento.•Garantir a vulgarização, expansão e propaganda do livro.

•Toda a populaçãoEra admitida a frequência de crianças a partir dos 6 anos,

sendo-lhes destinadas salas e colecções especiais.

A – Obras gerais. – Dicionários e enciclopédias, revistas e jornais; B – Sociologia. – Política, trabalho e trabalhadores,

cooperação, socialismo, proteccionismo, livre-cambismo, assistência, clubes sociais, seguros, associações, comércio, correios e transportes;C – Ciência Aplicada. Agricultura, economia doméstica,

química aplicada, física aplicada, manufacturas, indústria, mecânica, construção;D – Literatura popular;E – Geografia política e estatística. – Viagens e itinerários.

Objectivos

Público-alvo

Horário

Tipologia de obras

Das 10.00h às 16.00h; das 19.00h às 23.00h

Bibliotecas móveisBibliotecas móveis

Objectivos

Público-alvo

Tipologia de obras

•Garantir a vulgarização e expansão do livro.•Propagandear a leitura. •Distrair

•Toda a população

Colecções formadas por cerca de 100 volumes, sendo 50% obras de ficção. Obras destinadas a leitura domiciliária.

- Preocupação em regular a Inspecção das Bibliotecas e Arquivos.- 2 inspectores nomeados pelo Governo vitaliciamente.Um deles é responsável pelos Arquivos e Bibliotecas Eruditas; o outro pelas Bibliotecas Populares e Móveis.

InspecçãoInspecção

-Diploma analisado – veículo do ideário republicano: estão expressos valores fundamentais do republicanismo.

-Ideário enquadra-se num contexto em que era necessário institucionalizar um novo sistema de ensino que correspondesse aos desafios da modernidade.

-A preocupação ideológica de formar um “homem novo” só poderia acontecer por via da instrução e da educação. Assim, se pela reforma da instrução, as escolas primárias deveriam ser criadas em todas as aldeias, também o livro, através dos vários tipos de bibliotecas, deveria estar acessível a toda a população, delineando-se o que hoje designamos por “rede de bibliotecas”.

ConclusõesConclusões

-O livro é visto como elemento “emancipador” do Homem, indispensável para a formação integral do indivíduo e, consequentemente, para o progresso da Pátria.Neste sentido, o acesso ao livro deveria ser facultado às crianças, para que estas, desde cedo, orientassem a sua acção pelos valores republicanos.

ConclusõesConclusões

“ A visão republicana para este sector de actividade [Bibliotecas], enquadrado num amplo campo da instrução pública foi, sem dúvida, muito fecunda em estudos, produção de textos e promulgação de leis com vista à afirmação de uma área considerada estratégica para o regime político em vigor. Contudo, a falta de meios financeiros e humanos obstou a que muitas das ideias e projectos republicanos tivessem uma concretização efectiva.”(Fernanda Ribeiro, A Inspecção das Bibliotecas e Arquivos e a ideologia o Estado

Novo, p. 3)

“O esforço em prol da instrução popular parece ter sido impressionante, embora aqui a realidade não tenha acompanhado, de modo algum, as aspirações dos reformadores republicanos. Foi, acima de tudo, um período de uma riqueza e diversidade culturais que ainda hoje nos surpreendem e atraem. O mais curioso de tudo é o facto de, pese embora a precariedade do regime, muitos dos seus ideais terem permanecido por muito tempo no imaginário de uma parte dos portugueses, em particular daqueles que se opuseram ao salazarismo.”

Joaquim Pintassilgo, República e Formação de Cidadãos - A Educação Cívica nas Escolas Primárias da 1.ª República, 1998, p. 53 e 54

ConclusõesConclusões

BÁRBARA, A. Madeira - Subsídios para o Estudo da Educação em Portugal: da reforma Pombalina à 1.ª República. Lisboa: Assírio e Alvim, 1979BRÁS, José Viegas; GONÇALVES, Maria N.– Os saberes e poderes da Reforma de 1905. Revista Lusófona de Educação, Lisboa, nº 13 (2009) p. 101 – 121CARVALHO, Rómulo de - História do Ensino em Portugal: desde a fundação da nacionalidade até ao fim do regime de Salazar-Caetano. 4.ª ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2008DECRETO COM FORÇA DE LEI de 18 de Março. Diário do Governo n.º 65 (21-03-1911)DECRETO COM FORÇA DE LEI de 29 de Março. Diário do Governo n.º 73 (30-03-1911)LEAL, Ernesto Castro - António José de Almeida. In Medina, João, dir., História de Portugal: dos tempos pré-históricos aos nossos dias (vol.X). Amadora: Clube Internacional do Livro, 1998, p.218-222PINTASSILGO, Joaquim - República e Formação de cidadãos: A educação cívica nas escolas primárias da 1.ª República. Lisboa: Edições Colibri, 1998PROENÇA, Maria Cândida (Coord.) – O Sistema de Ensino em Portugal (séculos XIX-XX). Lisboa: Edições Colibri, 1998RIBEIRO, Fernanda -A Inspecção das Bibliotecas e Arquivos e a ideologia o Estado Novo. Coimbra, 2008TORGAL, Luís Reis – António José de Almeida e a República: discurso de uma vida ou vida de um discurso. Lisboa: Círculo de Leitores, 2004

Referências bibliográficas Referências bibliográficas