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PCNP Cláudia E. Silva (História) 05/11/2013 Diretoria de Ensino Leste 4 Núcleo Pedagógico Currículo e histórias indígena, africana e afro-brasileira

OT Currículo e histórias indígena, africana e afro-brasileira

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Material apresentado na orientação técnica para professores de História, realizada no Núcleo Pedagógico da DE Leste 4, em 5 de novembro.

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PCNP Cláudia E. Silva (História) 05/11/2013

Diretoria de Ensino Leste 4 Núcleo Pedagógico

Currículo e histórias indígena, africana e afro-brasileira

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“O ideograma sankofa pertence a um conjunto de símbolos gráficos chamado adinkra, de origem akan. Sankofa significa ‘voltar e apanhar de novo. Aprender com o passado, construir sobre as fundações do passado’.” (Elisa Larkin Nascimento – in: Cavalleiro, Eliane (org.) Racismo e anti-racismo na educação.) Integra um antigo sistema de escrita africano: além dos hieróglifos, a África viu florescerem diversos sistemas de escrita pictográfica, ideográfica e fonológica, criados antes da introdução da escrita árabe no continente.

Saci – Síntese de entidades criadas pelos povos da floresta, de Exu, senhor dos caminhos, dos duendes europeus,

moleque que se diverte desorganizando o cotidiano.

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Dez anos da Lei 10.639/2003 – balanço: dialogando sobre formação, materiais disponíveis etc.

A Lei 11.645/2008 e a história indígena

As Diretrizes Curriculares Nacionais ERER – necessária apropriação – leitura das determinações sobre conteúdos, abordagens, comemoração do 21 de março e do 20 de novembro, e ressignificação do 13 de maio

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A propósito – e retomando a reunião anterior (abril de 2013)

GESTÃO CURRICULAR – HISTÓRIA (Maria do Céu Roldão)

(...) Aquilo que a História traz ao currículo do aluno é o constituir-se num dos saberes de referência, enquadradores fundamentais para que o indivíduo saiba mover-se no mundo de informações de todo o tipo a que cada vez mais terá acesso. Não porque deva ser uma passagem enciclopédica de Conhecimentos, cronologicamente exaustivos e sequenciados sem interrupção, ou porque constitua uma espécie de reduto formador de futuros historiadores, mas porque deverá antes e tão só servir aos cidadãos como instrumento de cultura numa sociedade cada vez mais estratificada pelo acesso ao conhecimento - e pela capacidade de o gerir, de o inteligir e de o usar.

É à luz destes pressupostos que, do meu ponto de vista, se devem discutir as questões da didáctica no campo da História, do 1º ciclo ao final do secundário.

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Tais questões constituem, neste contexto, essencialmente matéria de gestão curricular. Porque a gestão curricular se resume a tomar decisões quanto ao currículo, justificando-as, adequando-as e avaliando da sua pertinência:

O que é que queremos fazer aprender e porquê? Para quê e como?

O que é que é prioritário fazer os alunos deste ou daquele ciclo aprender e perceber porquê? (...)

Que processos de aceder à compreensão histórica deverão ser exercitados com os alunos e com que prioridade em situações diferentes - como lhes serão úteis no seu percurso futuro? A pesquisa, a observação, a exploração da narratividade, a construção das sínteses?

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Todas estas questões terão de ser objecto de decisão dos professores, se pretendem que a aprendizagem se efective, ainda que o programa seja extenso, ainda que haja que ter em conta exames externos, ainda que as condições de trabalho tenham problemas. Não parece que “cumprir o programa” independentemente de os alunos terem ou não aprendido, dê uma melhor solução a estes condicionalismos.

A gestão curricular constitui afinal a forma de os professores agirem reflexivamente sobre o currículo, analisando a extensão e as prioridades à luz das finalidades visadas, discutindo e assumindo opções fundamentadas, servidas pelas técnicas, estratégias e materiais mais diversos, que se justificam didacticamente em termos da maior eficiência e significado das aprendizagens curriculares alcançadas. (pp. 6-8)

ROLDÃO, Maria do Céu. Gestão curricular na área de História. Seminário de Didácticas -

Universidade dos Açores, 26 e 27 de Fevereiro de 1998. In: Emanoel MEDEIROS (coord.) 2002, I Encontro de Didácticas no Açores, 133-145. Ponta Delgada: Universidade dos Açores.

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História da África e Afro-brasileira no Currículo do Ensino Médio – rede estadual paulista

1ª série, 4º bimestre – Sociedades africanas da região

subsaariana até o século XV

2ª série, 1º bimestre – Encontros entre europeus e as civilizações

da África, da Ásia e da América 2ª série, 4º bimestre – Abolição da escravatura e imigração

europeia para o Brasil 3ª série, 1º bimestre – Imperialismos, Gobineau e o racismo

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PNLD Ensino Médio (2012)

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“No seu conjunto, a obra contempla de forma bastante positiva o ensino de História e cultura da África, dos afrodescendentes e dos indígenas, visto que essas temáticas são tratadas em capítulos específicos, em textos complementares e em diversas seções ao longo da coleção.

As singularidades históricas das sociedades africanas são enfatizadas no volume 1. Nos demais volumes, a História da África é estudada à luz dos processos históricos que se desenvolvem na Europa e nos Estados Unidos.

A abordagem dispensada à História indígena, presente nos três volumes da coleção, promove a valorização da diversidade étnica existente no Brasil e no restante do continente americano. Ressalta-se, positivamente, o tratamento de questões do tempo presente relacionadas com os afrodescendentes e os indígenas.”

PNLD Ensino Médio (2012)

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DVD Cartas para Angola (Documentário)

- Acompanha Guia para Professores

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Blog DE Leste 4 – História Africana http://deleste4-historiaafricana.zip.net Em novembro: Exposição Virtual Consciência Negra • Envio de projetos/propostas de trabalho na

escola: até 15/11/2013 • E-mail [email protected]

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INDÍGENAS NO BRASIL

• Até a década de 1970 – índios não foram assimilados, mas perderam suas peculiaridades culturais. Supunha-se seu desaparecimento enquanto etnia.

• No entanto, apesar do impacto quase sempre destruidor ou desestruturador de agentes da sociedade envolvente, muitos grupos indígenas resistiram, elaboraram estratégias de convivência. Hoje, há grupos indígenas em quase todos os estados brasileiros, ocupando áreas que correspondem a quase 11% do território nacional.

• Mesmo assim, grande parcela da sociedade brasileira ainda acredita que os índios não têm futuro em nosso país.

• Indígenas, ou índios, sempre no plural – diversidade social, cultural e histórica. 238 povos, 180 línguas (no mundo, são cerca de 5 mil povos indígenas).

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Quem são os índios do Brasil? Qual seu lugar em nosso Currículo e outros materiais didáticos?

Nos anos 80/90, lia-se o seguinte diagnóstico no livro A temática indígena na escola (Silva & Grupioni, MEC)

“O Brasil, que vai completar quinhentos anos no ano 2000, desconhece e ignora a imensa sociodiversidade nativa contemporânea dos povos indígenas. Não se sabe ao certo sequer quantos povos nem quantas línguas nativas existem. O (re)conhecimento ainda que parcial dessa diversidade não ultrapassa os restritos círculos acadêmicos especializados. Hoje, um estudante ou um professor que quiser saber algo mais sobre os índios brasileiros contemporâneos, aqueles que sobraram depois dos tapuias, tupiniquins e tupinambás, terá muitas dificuldades.”

O que mudou desde então? Os índios continuam sendo pouco conhecidos? Ainda são muitos os estereótipos veiculados a seu

respeito?

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Ideias equivocadas associadas, há décadas, aos indígenas:

Imagem do índio genérico – vive nu na mata, mora em

ocas e tabas, cultua Tupã e Jaci e fala tupi. Vivia em paz entre si e em harmonia com a natureza até a chegada dos portugueses, em 1500, quando começou seu extermínio. Os sobreviventes estão deixando de ser índios.

O índio genérico não existe.

Embora remanescentes das populações encontradas pelos portugueses, as sociedades indígenas não fazem parte apenas do passado – alguns livros didáticos chegam a mencionar os índios somente no começo da colonização, deixando a impressão de que não existem mais.

Isto ainda é comum no material didático que vocês utilizam?

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História Indígena no Currículo do Ensino Médio da rede estadual paulista

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Os índios têm história?

Será que, ao aprender a falar português e a escrever, ao utilizar produtos industrializados como panelas de alumínio, roupas, relógios, gravadores e filmadoras, esses povos estariam deixando de ser índios?

É preciso considerar que as culturas indígenas não são paradas no tempo. Como todas as culturas, vão se

transformando em função de novos acontecimentos e novas situações.

Ideias equivocadas associadas, há décadas, aos indígenas:

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Sociedades indígenas pré-cabralinas: qual o seu lugar em nosso Currículo e em nossos materiais didáticos?

Ao insistir numa história eurocêntrica e desconsiderar a história do continente americano, as narrativas

veiculadas pelos livros erram por omissão, redução e simplificação, pois não consideram relevante o processo

histórico local, de milhares de anos.

Ideias equivocadas associadas, há décadas, aos indígenas:

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Sem a devida contextualização, os alunos podem ser levados a ver as sociedades indígenas como algo do passado e, além disso, como povos inferiores.

Ao jogar os índios no passado e ao omitir sua participação ao longo da história nacional, não se prepara os alunos para entenderem a presença indígena no presente, divulgada pelos meios de comunicação, muito frequentemente em situações de violência e conflito.

É fundamental registrar a presença indígena, por meio de

organizações e associações de diferentes regiões do país, cada vez mais qualificada no cenário político nacional e internacional – lideranças indígenas participam de mesas de negociação com

autoridades, reivindicando escolas, atendimento à saúde e apoio para projetos econômicos, ou lutando contra propostas de

exploração predatória de seus territórios.

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Índios na história do Brasil

Tiveram participação essencial nos processos de conquista e colonização em todas as regiões, embora retratados como personagens secundários ou como vítimas passivas de um processo violento.

Sem negar a violência do processo, os indígenas surgem nas últimas décadas como sujeitos e têm tido sua história reinterpretada por antropólogos e historiadores. Tornados invisíveis pela historiografia do século XIX, atualmente eles crescem em número e se fortalecem politicamente.

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Séculos XVI ao XX: índios muito presentes e atuantes nos sertões, vilas, cidades e aldeias. Relação com o colonizador: “resistência adaptativa” – forjar formas de sobreviver e garantir melhores condições de vida nas situações em que se encontravam.

Ex: o uso que os líderes indígenas faziam dos cargos e títulos que receberam nos aldeamentos, e as consultas ao Conselho Ultramarino e à Justiça imperial, para garantir o acesso à terra.

Novas interpretações: cultura e identidade não são vistas como fixas e imutáveis. Identidades são construções fluidas – a diversidade é reduzida ao índio genérico, mas em muitos casos essa identidade genérica é assumida pelos diversos grupos como instrumento de luta pela garantia de alguns direitos jurídicos, em diversos momentos da nossa história.

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INDÍGENAS EM SÃO PAULO – NO PASSADO

Primeiros grupos de caçadores-coletores – há pelo menos 12 mil anos

Os autênticos pioneiros do planalto eram Tapuias – os Maromomi ou Guarulho, e os Guaianá – não Tupis. Antecederam os Tupi (Tupiniquim) no local onde se fundou São Paulo de Piratininga.

4 aldeias mais importantes: Piratininga (Tibiriçá), Jurubatuba (Kaiobi), Ybirapuera e Ururaí (Piquerobi).

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INDÍGENAS EM SÃO PAULO – NO PRESENTE

Apenas dois povos que viviam em São Paulo sobreviveram ao massacre, chegando até os dias de hoje como povos diferenciados: os Guarani (que os portugueses também chamavam de Carijós) e os Kaingang.

Migração de nordestinos: centenas de famílias integrantes de vários povos indígenas, principalmente nos municípios da Grande São Paulo.

No Estado de SP: dezenas de milhares de pessoas. 36 comunidades aldeadas, em terras regularizadas ou não pela FUNAI.

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INDÍGENAS EM SÃO PAULO – NO PRESENTE

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INDÍGENAS EM SÃO PAULO – NO PRESENTE

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http://www.socioambiental.org/

http://www.socioambiental.org/pt-br/o-isa/programas/povos-indigenas-no-brasil

http://pibmirim.socioambiental.org/

Índios na Cidade de São Paulo – Comissão Pró-Índio: http://www.cpisp.org.br/indios/default.aspx

Algumas referências na internet:

Instituto Socioambiental:

Vídeos do projeto Vídeo nas Aldeias – http://www.videonasaldeias.org.br/2009/index.php

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"O certo seria explodir", diz pichador do Monumento às Bandeiras – disponível em http://tv.estadao.com.br/videos,O-CERTO-SERIA-EXPLODIR-

DIZ-PICHADOR-DO-MONUMENTO-AS-BANDEIRAS,213254,250,0.htm

Revista Nova Escola – Plano de aula utilizando o filme “Xingu” (dir. Cao Hamburger), disponível em http://revistaescola.abril.com.br/ensino-

medio/irmaos-villas-boas-xingu-682479.shtml

Vídeo da série Expedições, sobre os 50 anos do Parque Nacional do Xingu, disponível em https://www.youtube.com/watch?v=1bXU6R-zLqc

Os Índios na História do Brasil: informações – estudos – imagens. Site do Prof. Dr. John Monteiro – http://www.ifch.unicamp.br/ihb/

Livro para download (só visualização) – Povos Indígenas do Brasil: 2006-2010. Publicação do Instituto Socioambiental. Disponível em

http://books.google.com.br/books?id=XXaFH9Y_z0sC&lpg=PP1&dq=povos%20ind%C3%ADgenas%20no%20brasil&hl=pt-

BR&pg=PP1#v=onepage&q&f=false

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Bibliografia:

ALMEIDA, Maria Regina Celestino de. Os índios na História do Brasil. Rio de Janeiro: Ed. da FGV, 2010. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Brasília: MEC, 2004. Disponível em http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/cnecp_003.pdf Índios no Brasil. Brasília: MEC, 1999. (Cadernos da TV Escola – Índios no Brasil, vol. 1) São Paulo. Governo do Estado. Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania. Povos indígenas no estado de São Paulo – 2010. 2ª ed. Imprensa Oficial do Estado.