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1 Os Encantos da Cultura Africana e Afro-brasileira na Educação Infantil Irene Kessia das Mercês do Nascimento (UFPE) 1 Claudia Vicente da Silva (UFPE) 2 Resumo O presente relato é uma experiência pedagógica, vivida em novembro de 2017, na Rede Municipal de Ensino de Olinda na Educação Infantil. A experiência vivida foi na Semana da Consciência Negra, onde foram realizadas atividades pedagógicas voltadas para consciência negra. O motivo que nos levou a realizar esse trabalho foi justamente a falta de conhecimento dos alunos em relação a cultura negra. Tendo como objetivo conhecer e descobrir a cultura africana e afro brasileira, de forma encantadora, nos primeiros anos de vida, para que esse objetivo percorresse tivemos trilhar caminhos metodológicos onde observamos o comportamento das crianças durantes as aulas e descrevemos o encantamento das mesma com em relação a cultura afro-brasileira. Para fundamentação teórica desse relato de experiência, nos aprofundamos nos seguintes autores: Cavalleiro (2009) Munanga (2005) Gomes (2014). Como resultado desse projeto de pesquisa verificamos que os alunos se reconheceram com Negro, como também ficou fortalecido a cultura africana na vida dos alunos e professores. Palavras Chaves: Educação étnico-racial; Lei 10.639/03; História e Cultura Africana; Creche Olinda-PE. 1 Mestranda em Educação- UFPE- Universidade Federal de Pernambuco. Professora da Rede Municipal de Olinda. Email- [email protected] 2 Mestranda em Educação-UFPE- Universidade Federal de Pernambuco. Email- [email protected]

Os Encantos da Cultura Africana e Afro-brasileira …...e descobrir a cultura africana e afro brasileira, de forma encantadora, nos primeiros anos de vida, para que esse objetivo percorresse

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Os Encantos da Cultura Africana e Afro-brasileira na Educação Infantil

Irene Kessia das Mercês do Nascimento (UFPE)1

Claudia Vicente da Silva (UFPE)2

Resumo

O presente relato é uma experiência pedagógica, vivida em novembro de 2017, na Rede

Municipal de Ensino de Olinda na Educação Infantil. A experiência vivida foi na Semana

da Consciência Negra, onde foram realizadas atividades pedagógicas voltadas para

consciência negra. O motivo que nos levou a realizar esse trabalho foi justamente a falta

de conhecimento dos alunos em relação a cultura negra. Tendo como objetivo conhecer

e descobrir a cultura africana e afro brasileira, de forma encantadora, nos primeiros anos

de vida, para que esse objetivo percorresse tivemos trilhar caminhos metodológicos onde

observamos o comportamento das crianças durantes as aulas e descrevemos o

encantamento das mesma com em relação a cultura afro-brasileira. Para fundamentação

teórica desse relato de experiência, nos aprofundamos nos seguintes autores: Cavalleiro

(2009) Munanga (2005) Gomes (2014). Como resultado desse projeto de pesquisa

verificamos que os alunos se reconheceram com Negro, como também ficou fortalecido

a cultura africana na vida dos alunos e professores.

Palavras Chaves: Educação étnico-racial; Lei 10.639/03; História e Cultura Africana;

Creche Olinda-PE.

1 Mestranda em Educação- UFPE- Universidade Federal de Pernambuco. Professora da Rede

Municipal de Olinda. Email- [email protected]

2 Mestranda em Educação-UFPE- Universidade Federal de Pernambuco. Email-

[email protected]

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Introdução

Durante a semana da consciência negra no período de 20 a 28 de Novembro de 2017,

foi realizado na Creche Municipal Criança Feliz da Rede Municipal de Ensino de Olinda

o Projeto Conhecendo os Encantos da Cultura Africana e Afro-brasileira para as turmas

do grupo 4 na creche. Sabemos que educação infantil é uma fase de descobertas e

descobrimentos e o estimulo o reconhecimento das crianças e a formação de identidade,

reconhecimento de sua origem, sua cor e sua etnia nos primeiros anos de vida, é de

fundamental importância para seu desenvolvimento. O professor durante suas práticas,

ao desenvolver nos alunos a descoberta e a curiosidade sobre suas origens, contribui para

seu desenvolvimento crítico/social, que podem ser desenvolvidos a parti dos primeiros

anos de vida.

O projeto além de contribuir para a formação crítico social dos alunos garante também

um direito social, conquistados pelo movimento negro, que é a Lei 10.639/03 que garante

que seja trabalhado na educação básica, a cultura africana e afro brasileira, combatendo

assim o racismo dentro de sala.

O motivo que nos levou a desenvolver está na falta de conhecimento dos alunos da

creche sobre cultura afro brasileira, pois os mesmo precisam desde cedo conhecer suas

origem, para poder se afirmar socialmente. O objetivo geral desse projeto é: Conhecer e

descobrir as cultura africana e afro brasileira, de forma encantadora, nos primeiros anos

de vida. E os específicos são: 1-Desenvolver nos alunos o reconhecimento da cultura

africana e afro-brasileira, de forma lúdica e prazerosa. 2- Estimular a compressão dos

alunos sobre a cultura afro-brasileira, através da literatura infanto juvenil, que aborde a

temática étnico racial.

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Através dos objetivos desse projeto procuramos fazer com que os alunos da educação

infantil, venha naturalmente, expor suas raízes, sabemos que para que isso venha

acontecer não se é dia para outro, pois cada criança tem seu desenvolvimento próprio.

Mas muitas vezes acontece da criança ter um comportamento violento e os professores

não sabe o motivo dessa reação, por isso as atividades que estimulem o diálogo e a

criatividade são de fundamental importância para os alunos. Vejamos o que autora nos

diz:

Silêncio, seguido de reação violenta. O que se pode ver naquele parque infantil é nada mais que uma pequena representação da própria historia do negro em

nosso país. Impotente diante da pressão racista, ele parte para a violência e,

conseqüentemente é penalizado (CAVALLEIRO, 2010, p.48).

Quando dentro de uma sala de aula vimos nossos alunos, com um comportamento

agressivo e oprimido e não compreendemos, mas através da dialética e da reflexão

literatura infanto juvenil, que aborde a temática étnico racial. Através dos objetivos

desse projeto procuramos fazer com que os alunos da educação infantil, venham

naturalmente, expor suas raízes, sabemos que para que isso venha acontecer não se é dia

para outro, pois cada criança tem seu desenvolvimento próprio. Mas muitas vezes

acontece da criança ter um comportamento violento e os professores não sabe o motivo

dessa reação, por isso as atividades que estimulem o diálogo e a criatividade são de

fundamental importância para os alunos.

Educação das Relações Étnico-Racial

Estabelecidas em documentos legais a Educação das Relações Étnico-Racial

conforme a Lei nº 10.639/2003,ficando determinada a obrigatoriedade do Ensino de

História e Cultura Afro-Brasileira e Africana nas escolas da rede pública e privada da

educação básica. No parecer das Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das

Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana

em suas determinações destaca:

A obrigatoriedade de inclusão de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana

nos currículos da Educação básica trata-se de decisão política, comesta

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medida, reconhece-se que, além de garantir vagas para negros nos bancos

escolares, é preciso valorizar devidamente a história e cultura de seu povo,

buscando reparar danos, que se repetem há cinco séculos, a sua identidade, e a

seus direitos. A relevância do estudo de temas decorrentes da história e cultura

afro-brasileira e africana não se restringe a população negra, ao contrário, diz

respeito a todos os brasileiros, uma vez que devem educar-se enquanto

cidadãos atuantes no seio de uma sociedade multicultural e pluriétnica, capazes

de construir uma nação democrática. (BRASIL,2004, p. 17)

Em 2008, a Lei nº 10.639/03 passou por uma modificação ao ser acrescentada a

temática valorização da cultura indígena na educação básica brasileira. Para incluir no

currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática História e Cultura Afro-

Brasileira e Indígena no Brasil (Lei nº 11.645/08). Mesmo sendo amparado por Lei, ainda

acontece muitos descasos com esses grupos étnicos.

Durante décadas os negros sofreram preconceitos e discriminações, sendo

impedidos de resgatar suas memórias no âmbito educacional. Segundo Munanga (2005):

Resgate da memória coletiva e da história da comunidade negra não interessa

apenas aos alunos de ascendência negra. Interessa também aos alunos de outras

ascendências étnicas, principalmente branca, pois ao receber uma educação envenenada pelos preconceitos, eles também tiveram suas estruturas psíquicas

afetadas. Além disso, essa memória não pertence somente aos negros. Ela

pertence a todos, tendo em vista que a cultura da qual nos alimentamos

quotidianamente é o fruto de todos os segmentos étnicos que, apesar das

condições desiguais nas quais se desenvolvem, contribuíram cada um de seu

modo na formação da riqueza econômica e social e da identidade nacional.

(MUNANGA,2005, p. 15)

Desde a década de 70, movimentos sociais, como o “Movimento Negro”, se

mobilizam na luta por direitos de igualdade racial, dentre esses direitos, uma educação

sem barreiras preconceituosas. Percebe-se que a partir desses movimentos, conquistou-se

grande avanço em defesa da cultura africana e indígena em nosso país.

Segundo Gomes (2015) a Lei Federal nº 10.0639/03 assegura a obrigatoriedade,

porém deve-se discutir como fazer a implantação desta Lei dentro do ambiente escolar,

para que de fato, esteja presente no currículo escolar e seja executado o que é explicito

em Lei. Ou seja, a Lei determinou, mas como de fato estão sendo desenvolvidas as

práticas pedagógicas para trabalhar a temática Educação das Relações Étnico-raciais nas

escolas da educação básica.

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Entendemos que toda a comunidade escolar precisa compreender a importância de está

incluso o ensino da história e cultura africana e afro-brasileira no currículo, uma vez que

este trata da diversidade étnica e cultural do nosso país.

Acreditamos ainda que quando a escola quebra as barreiras do preconceito,

acontece um movimento de relação entre as pessoas que compõem este espaço, onde

perpassa a aprendizagem e vários conhecimentos. Partindo da premissa que nos

direcionou o significado do conceito de Educação das Relações Étnico-Raciais,

destacamos os autores Verrangia e Silva, que diz:

A educação das relações étnico-raciais refere-se a processos educativos que

possibilitem ás pessoas superar preconceitos raciais, que as estimulem a viver práticas sociais livres de discriminação e contribuam para que elas

compreendam e se engajem em lutas por equidade social entre os distintos

grupos étnico-raciais que formam a nação brasileira.(VERRANGIA e

SILVA,2010, p. 710)

Com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-

Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana observamos a

promoção de uma educação para cidadãos no seio da sociedade brasileira que é

multicultural e pluriétnicas. Vejamos o que ressaltou no Art. 3º da CNE/CP 003/004, o

qual destacou em seu documento tal objetivo:

A Educação das Relações Étnicos-Raciais tem por objetivo a divulgação e

produção de conhecimentos, bem como atitudes, posturas e valores que

eduquem cidadãos quanto seu pertencimento étnico-racial – descendentes de africanos, povos indígenas, descendentes de europeus, de asiáticos – capazes

de interagir e de negociar objetivos comuns que garantam, a todos, ter

igualmente respeitados seus direitos, valorizada sua identidade e assim

participem da consolidação da democracia brasileira. (BRASIL.2004)

Para Gomes (2014) a importância de ensinar relações étnico-raciais é:

Valorizar a cultura afro-brasileira como um componente nacional, estudar a

história mundial com um olhar menos eurocêntrico, compreender as lutas do movimento negro pela igualdade social e racial no país, bem como pela

superação do racismo, etapas de transformações.

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Vale à pena ressaltar que a escola é o local que fornece conhecimentos onde não deveriam

predominar o preconceito e a discriminação, sendo ela uma peça fundamental para uma

educação antirracista.

Prática Pedagógica

A prática pedagógica é exercício continuo que a barca toda a dimensão da escola

a fim de colocar em prática o que é planejada. É através da prática que é possível ver o

resultado de perto, no entanto, a prática pedagógica não se limita apenas a sala de aula. A

prática tem uma dimensão ampla que envolve todos os atores da escola e tem várias

intencionalidades a serem alcançadas dentro da escola, seja ela exercida na sala de aula,

na biblioteca, na quadra de educação física ou nas reuniões de pais e mestres. Enfim,

existem várias áreas dentro da escola que observamos a prática pedagógica, como

destacou Franco(2016):

As práticas pedagógicas se organizam intencionalmente para atender a

determinadas expectativas educacionais solicitadas/requeridas por uma dada

comunidade social. Nesse sentido, elas enfrentam, em sua construção, um

dilema essencial: sua representatividade e seu valor advêm de pactos sociais, de negociações e deliberações com um coletivo. (FRANCO, 2016, SN)

Com esse trecho, percebemos que a autora argumentou que a prática pedagógica

da escola está organizada para atender as necessidades educacionais daquela comunidade

social, ou seja, suas práticas visam contribuir para formação de um sujeito que tenha

consciência crítica sobre a realidade da comunidade que o mesmo faz parte. Na escola os

alunos vão conhecer a temática que culminaram construção de seus argumentos, vão ter

domínio de disciplinas que irá ajudar a se relacionar com o seu dia a dia, de modo mais

consciente e participativo, ou seja, toda prática pedagógica tem um objetivo a ser

alcançado para o bom desenvolvimento da escola.

Mesmo sabendo que os objetivos que as escolas apresentam para o processo de

ensino e aprendizagem é uma relação harmoniosa de todos os componentes que fazem

parte dela, é desafiador para um professor sozinho atingir todos os objetivos da prática.

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Para isso, faz-se necessário que se tenha na escola uma prática pedagógica reflexiva,

política e democrática envolvendo todos que fazem parte da escola para que possam

serem feitas as articulações e negociações necessárias a fim de alcançar resultados

positivos e de qualidade.

Educação Infantil

A Educação Infantil é entendida em amplo sentido, pois é onde o educador analisa

o desenvolvimento de cada criança, observando seus medos, angustias e seus primeiros

passos, analisando também sua oralidade, sua expressão corporal sua coordenação motora

e dentre outras fases de desenvolvimento que segundo Piajet (1970) as fases de

desenvolvimento de uma crianças vai até aos 12 anos é dividida em quatro partes que são:

Sensório-motor ( 0 á 24 meses), Pré-operacional (2-7 anos), Operacional-concreto (7-12

anos), Operacional-formal (12 anos em diante) fases essas que são conhecidas por todo

pedagogo, é na prática pedagógica que vemos essas fases de desenvolvimento formuladas

por Piaget.

A Educação Infantil se torna relevante, pois se analisa-se detalhadamente as duas

primeiras fases: Sensório-motor e Pré-Operacional proposta por Piajet, pois de acordo

com a LDB- Lei de Diretrizes e Bases da Educação (1996) : A educação infantil, primeira

etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de

até 5 (cinco) anos. E nesse período se torna relevante se analisar, seus aspectos físico,

psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade.

Segundo Kuhlmann, (1998) pode-se falar de Educação Infantil em um sentido

bastante amplo, envolvendo toda e qualquer forma de educação da criança na família, na

comunidade, na sociedade e na cultura em que viva.

A Constituição de 1988 define de forma clara a responsabilidade do Estado para com a

educação das crianças de 0 a 6 anos em creches e pré – escolas sendo como educação não

obrigatória e compartilhada com a família (art. 280, inciso IV).

Podemos concluir que a educação infantil, é um dos momentos mas desafiador na

vida de uma criança, pois é nessa fase que as crianças aprendem a dar seus primeiros

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passos de desenvolvimento, é onde se aprende a se ter oralidade, a caminhar, a ter

autonomia e etc. Em sala aula o educador do Infantil, deve priorizar atividades que

favoreça, o seu desenvolvimento, como incentivo ao lúdico, a imaginação, as expressões

corporal, a musicalidade e etc. Pois é na educação infantil, que as crianças se liberta e

expõe suas habilidades.

Vivencia do Projeto e Caminhos Percorridos

O projeto contou com contação de história sobre a cultura afro-brasileira, que foi

realizada diariamente com alunos, sendo história sobre canções dos povos africano,

bichos da África, a boneca abayomi, o maracatu, o Baobá, a capoeira, e dentre outras

sendo a maioria das histórias da autora Inaldete Pinheiro sendo uma das militantes do

movimento negro de Pernambuco.

O projeto contou com atividade lúdicas, como brincadeiras da cultura africana,

musicas, confecção de brinquedos e confecção de cartazes. Para culminância do projeto

foram apresentadas as produções artísticas dos alunos durante a feira de conhecimento

da escola, que foi realizada no dia 08 de dezembro de 2017 e foram expostos todos os

brinquedos produzidos pelos aluno durante as atividades do projeto.

Os caminhos metodológicos, realizado nesse projeto, foi através de analises e

observações , pois através da regências observamos, como os alunos se reconhecem negro

e como essa cultura está presente em sua vida, então para isso observamos sua oralidade,

sua expressão corporal, e verificamos que muitos deles se identificam como negro, essa

identificação se fez mas presente durante os momentos de contação de historia onde eles

foram estimulados a participarem da história, onde os mesmos se sentiram encantados

com o momento de intervenção. Observar e refletir a prática pedagógica, se faz

necessário na vida cotidiana do professor da educação infantil, pois se é refletindo e

analisando que compreendemos o desenvolvimento da criança em seus primeiros ano de

vida. Neste sentido, Freire (1992, p.14) ao atribuir a observação ao ato pedagógico analisa

que:

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Observar uma situação pedagógica é olhá-la, fitá-la, mirá-la, admirá-la, para

ser iluminado por ela. Observar uma situação pedagógica não é vigiá-la, mas

sim fazer vigília por ela, isto é, estar e permanecer acordado por ela na

cumplicidade pedagógica

Ou seja, devemos analisar que a observação, deve fazer parte da vida constante do

professor, observar e analisar criticamente a fim de compreender os aspectos cognitivos

e sociocultural das crianças em fase de desenvolvimento, pois é analisando que podemos

compreender sua diversidade cultural.

A escola quando promove reflexão sobre a cultura negra, através da confecção de

cartazes e oficinas, com a participação de todos os envolvidos, fortalece a promoção da

igualdade racial dentro da escola, combatendo assim o racismo e o preconceito vejamos

abaixo a citação da autora:

3Inclusão de personagens negros, assim como de outros grupos étnico-raciais

em cartazes e outras ilustrações sobre qualquer tema abordado na escola a não

ser quando tratar de manifestação cultural própria, ainda que não exclusivas,

de um determinado grupo étnico racial (BRASIL, 2004, p. 24).

Ou seja atividades que promovam a reflexão e venham a incluir o negro e sua cultura

dentro da escola, devem ser manifestadas, por isso que no decorrer das atividades do

projeto foram priorizados e expostos as manifestações culturais dos alunos, e

promovendo o reconhecimento da cultura negra para sociedade.

Conclusão

O resultados que vimos no Projeto Conhecendo os Encantos da Cultura Africana e

Afro brasileira na Educação Infantil na Rede Municipal de Olinda, foi o reconhecimento

dos alunos como ser negro, o reconhecimento da contribuição do negro para formação de

sua identidade, além do estímulo a criatividade durante as ações do projeto e da

3 BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Etnico-

Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, 2004

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participação da família nos momentos das exposições, como também os alunos

ampliaram seu universo do letramento com livros de literatura que aborda-se a temática

étnico racial.

Sobretudo, consideramos de suma importância essa discussão nas pesquisas

acadêmicas na qual se refere a Lei nº 10.639/2003 e suas prática pedagógicas ,uma

discussão que vai muito mais além dos muros da escola, que deve ser refletida e

compreendida nos modelos de educação não formal e informal também. Mas, para que

isso aconteça, a escola enquanto instituição formal e sendo ela divulgadora do

conhecimento e colaboradora para formação de caráter dos seres humanos deve refletir

constantemente sobre a Educação das Relações Étnico-raciais, não desmerecendo os

outros formatos educativos dentro da escola, mas sabemos que muitas pessoas atualmente

são vítimas do racismo e preconceito. Sendo, portanto, necessário que a escola se

preocupa sim com o combate deles.

A escola de forma crítica deve refletir em como contribuir para a formação de

caráter dos seus alunos em relação a cultura africana, levando para outros espaços

educativo essa discussão, pois sabemos o quanto se faz necessário uma educação sem

preconceitos.

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Referencias

CAVALLEIRO, Eliane dos Santos: Do silêncio do lar ao silêncio escolar: racismo,

preconceito e discriminação na educação infantil. 6.ed. São Paulo: Contexto, 2010.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de

outubro de 1988.

BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Etnico-

Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, 2004.

______ Lei de Diretrizes e B. Lei nº 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996. Ministério

da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental.

GOMES, Nilma Lino. Porque ensinar relações étnico- raciais e história da África nas

salas de aula? Blog Ensaios de Gêneros. SN. 2014. Disponível em:

FREIRE, M. Observação, Registro, Reflexão: Instrumento Metodológico. Série

Seminários. São Paulo: Espaço Pedagógico, 1992.tps://ensaiosdegenero.wordpress.com/

acesso 13/07/17

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FRANCO, Amélia do Rosário Santoro Franco. Prática pedagógica e docência: um

olhar a partir da epistemologia do conceito. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos.

Brasília, Dezembro, 2016.

KUHMANN JR. Moysés. Infância e Educação Infantil: uma abordagem histórica.

Porto Alegre: Mediação, 1998.

PIAGET, J. A Construção do real na criança. Rio de Janeiro, Zahar, 1970