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A TEORIA DEONTOLÓGICA DE KANT TIPOS DE AÇÕES SEGUNDO KANT Ações contrárias ao dever Ações em conformidad e com o dever Ações feitas por dever Ações que violam o dever Ex: Matar, roubar, mentir. Ações que cumprem o dever não porque é correto fazê– lo mas porque daí resulta um benefício ou a satisfação de um interesse. Ex: Não roubar por receio de ser castigado. Ações que cumprem o dever porque é correto fazê – lo. O cumprimento do dever é o único motivo em que a ação se baseia. A intenção de cumprir o dever não está associada a outras intenções, é a única intenção. Ex: Não roubar porque esse ato é errado. AS ÚNICAS AÇÕES MORALMENTE BOAS As únicas ações moralmente boas são as ações feitas por dever. Agir por dever significa reconhecer que há deveres absolutos como não roubar, não mentir e não matar. AGIR POR DEVER É CUMPRIR O QUE A LEI MORAL EXIGE Quem apresenta este princípio «Age por dever!» à minha vontade? A razão. Que nome dá Kant ao princípio ético fundamental que exige que eu cumpra o dever sempre por dever, sem qualquer outra intenção ou motivo? Kant dá -lhe o nome de lei moral. As ações feitas por dever são assim ações que cumprem o que a lei moral exige. REPEITAR A LEI MORAL É CONSIDERAR QUE O SEU CUMPRIMENTO É UM IMPERATIVO CATEGÓRICO Ouvir a voz da lei moral é ficar a saber como cumprir de forma

Sintese da ética kantiana

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Autor: Luis Rodrigues

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Page 1: Sintese da ética kantiana

A TEORIA DEONTOLÓGICA DE KANTTIPOS DE AÇÕES SEGUNDO KANTAções contrárias ao dever

Ações em conformidade com o dever

Ações feitas por dever

Ações que violam o deverEx: Matar, roubar, mentir.

Ações que cumprem o dever não porque é correto fazê– lo mas porque daí resulta um benefício ou a satisfação de um interesse.Ex: Não roubar por receio de ser castigado.

Ações que cumprem o dever porque é correto fazê – lo. O cumprimento do dever é o único motivo em que a ação se baseia. A intenção de cumprir o dever não está associada a outras intenções, é a única intenção.Ex: Não roubar porque esse ato é errado.

AS ÚNICAS AÇÕES MORALMENTE BOAS As únicas ações moralmente boas são as ações feitas por dever. Agir por dever significa reconhecer que há deveres absolutos como não roubar, não mentir e não matar. AGIR POR DEVER É CUMPRIR O QUE A LEI MORAL EXIGEQuem apresenta este princípio «Age por dever!» à minha vontade? A razão.Que nome dá Kant ao princípio ético fundamental que exige que eu cumpra o dever sempre por dever, sem qualquer outra intenção ou motivo? Kant dá -lhe o nome de lei moral.As ações feitas por dever são assim ações que cumprem o que a lei moral exige.

REPEITAR A LEI MORAL É CONSIDERAR QUE O SEU CUMPRIMENTO É UM IMPERATIVO CATEGÓRICOOuvir a voz da lei moral é ficar a saber como cumprir de forma moralmente correta o dever. Essa lei diz-nos de forma muito geral o seguinte: «Deves em qualquer circunstância cumprir o dever pelo dever, sem segundas intenções». O cumprimento do dever é uma ordem incondicional, não depende de condições ou de interesses. Devemos ser honestos porque esse é o nosso dever e não porque é do nosso interesse.Pense em normas morais como «Não deves mentir»; «Não deves matar»; «Não deves roubar». A lei moral, segundo Kant, diz-nos como cumprir esses deveres, qual a forma correta de os cumprir. Assim sendo, é uma lei puramente racional e puramente formal. Não é uma regra concreta como «Não matarás!» mas um princípio geral que deve ser seguido quando cumpro essas regras concretas que proíbem o roubo, o assassinato, a mentira, etc.

O que é um imperativo categórico O que é um imperativo hipotéticoUm imperativo categórico é um princípio que: - Ordena que se cumpra o dever sempre por dever, ou seja, ordena que a vontade cumpra o dever exclusivamente

Um imperativo hipotético é um princípio que:-Transforma o cumprimento do dever numa ordem condicionada pelo que de satisfatório ou proveitoso pode resultar do seu cumprimento.

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motivada pelo que é correto fazer.- Ordena que se aja por dever.- Ordena que sejamos imparciais e desinteressados, agindo segundo máximas que todos podem adoptar.- Ordena que respeitemos o valor absoluto de cada ser racional nunca o reduzindo à condição de meio que nos é útil«Deves ser honesto porque esse é o teu dever!»

As ações baseadas num imperativo hipotético são:- Ações conformes ao dever, feitas a pensar nas consequências ou resultados de fazer o que é devido.- As ações que cumprem o dever baseadas em interesses e por isso seguem máximas que não podem ser universalizadas.- As ações que não respeitam absolutamente o que somos enquanto seres humanos«Deves ser honesto se quiseres ficar bem visto perante os vizinhos do teu bairro.

AS FORMULAÇÕES MAIS IMPORTANTES DO IMPERATIVO CATEGÓRICO Fórmula da lei universal“Age apenas segundo uma máxima tal que possas querer ao mesmo tempo que se torne lei universal

Fórmula da HumanidadeAge de tal maneira que uses a humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de outrem, sempre e simultaneamente como fim e nunca apenas como meio.

Imagine que uma pessoa com problemas financeiros decide pedir dinheiro emprestado. Sabe que não pode devolver o dinheiro que lhe for emprestado, mas prometê-lo – mentir – é a única forma de obter aquilo de que precisa. A máxima da ação poderia enunciar-se assim “Se isso servir os teus interesses, não devolvas dinheiro emprestado ao seudono.” A referida pessoa não pode querer sem contradição universalizar a exceção que abriu para si própria porque se tornará exceção para todos. Se todos nós fizéssemos promessas com a intenção de não as cumprir todos desconfiaríamos delas e o empréstimo de dinheiro baseado em promessas acabaria. A prática de fazer e de aceitar promessas desapareceria. A máxima referida auto destrói-se ao ser universalizadaporque ninguém poderá agir de acordo com ela.

Quem pede dinheiro emprestado sem intenção de o devolver está a tratar a pessoa que lhe empresta dinheiro como um meio para resolver um problema e não como alguém que merece respeito, consideração. Pensa unicamente em utilizá-la para resolver uma situação financeira grave sem ter qualquer consideração pelos interesses próprios de quem se dispõe a ajudá-lo.Sempre que fazemos da satisfação dos nossos interesses a finalidade única da nossa ação, não estamos a ser imparciais e a máxima que seguimos não pode ser universalizada. Assim sendo, estamos a usar os outros apenas como meios, simples instrumentos que utilizamos para nosso proveito.Esta fórmula não fala só de respeitar os outros. Diz que nenhum ser humano se deve tratar a si mesmo apenas como um meio. A prostituição, o masoquismo são exemplos de violação desta norma, mas, mesmo quando desrespeitamos diretamente os direitos dos outros, como no caso da escravatura, da violação, do roubo e da mentira, estamos também a abdicar da nossa dignidade.

AUTONOMIA HETERONOMIA

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Característica de uma vontade que cumpre o dever pelo dever. Quando o cumprimento do dever é motivo suficiente para agir a vontade não se submete a outra autoridade que não a razão. Quando decido independentemente de quaisquer interesses, isto é, quando sou imparcial e adopto uma perspectiva universal, obedeço a regras que criei ao mesmo tempo para mim e para todos os seres racionais. Uma vontade autónoma é uma vontade puramente racional, que faz sua uma lei da razão, que diz a si mesma «Eu quero o que a lei moral exige».Ao agir por dever obedeço à voz da minha razão e nada mais.

Característica de uma vontade que não cumpre o dever pelo dever. Quando o cumprimento do dever não é motivo suficiente para agir tendo de se invocar razões externas como o receio das consequências, o temor a Deus, etc., a vontade submete-se a autoridades que não a razão.Por isso, a sua ação é heterónoma, incapaz de respeitar incondicionalmente o dever. Todas as éticas de tipo consequencialista são, para Kant, heterónomas, reduzem a moralidade a um conjunto de imperativos hipotéticos.

O QUE É UMA BOA VONTADE

É uma vontade que age de forma moralmente correta

É uma vontade que cumpre o dever respeitando absolutamente a lei moral, ou seja, cuja única intenção é cumprir o dever

É uma vontade que age segundo regras ou máximas que podem ser seguidas por todos porque não violam os interesses de ninguém

É uma vontade que respeita todo e qualquer ser humano considerando – o uma pessoa e não uma coisa ou um meio ao serviço deste ou daquele interesse.É uma vontade autónoma porque decide cumprir o dever por sua iniciativa e não por receio de autoridades externas ou da opinião dos outros.

UM EXEMPLO ILUSTRATIVO DO QUE É PARA KANT AGIR CORRECTAMENTEImagine que um grupo de terroristas se apodera de um avião em Berlim. Os seus passageiros e tripulantes ficam reféns. Contudo, os terroristas propõem libertá-los se um cidadão local que eles consideram envolvido em atividades antiterroristas lhes for entregue para ser morto. Se as autoridades da cidade não colaborarem no prazo de quatro horas ameaçam fazer explodir o aparelho com todas as pessoas lá dentro. As autoridades locais sabem que o cidadão em causa não cometeu o menor crime durante a sua vida e que os terroristas estão enganados pois não participou na morte de membros do grupo que agora dele se quer vingar. Não obstante, sabem que será vã a tentativa de convencer os terroristas de que estão enganados. Após longa deliberação decidem entregar o referido cidadão aos terroristas que libertam os reféns e matam quem queriam matar.Posição de KantA ação é moralmente incorretaJustificação1. Há atos intrinsecamente errados (errados em si mesmos apesar de poderem ter boas consequências) que é nosso dever evitar e atos intrinsecamente corretos que é nosso dever realizar. Certos deveres

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constituem uma obrigação moral sejam quais forem as consequências. Que deveres absolutos são esses? Eis alguns: «Não matar», «Não roubar», «Não mentir». Por insistir em que há deveres absolutos a ética kantiana é considerada deontológica.2.Viola – se o imperativo categórico de respeitar absolutamente a pessoa humana. Transforma – se uma vida em meio para atingir um fim que é a salvação de outras vidas humanas. É evidente que as autoridades que decidem entregar o cidadão aos terroristas estão a tratá-la como um meio para resolver um problema e não como alguém que merece respeito, consideração. Pensam unicamente em utilizá-lo para resolver uma situação grave sem ter qualquer consideração pelo seu interesse próprio. Para Kant, uma vida humana não é mais valiosa do que outra nem várias vidas humanas valem mais do que uma. Devido a esta ideia a ética kantiana é frequentemente denominada ética do respeito pelas pessoas.

Luís Rodrigues