17
A PERSISTÊNCIA DE TERMOS DA INDÚSTRIA CANAVIEIRA DO SÉCULO XVIII NO DISCURSO DE AGRICULTORES DE CANA-DE-AÇÚCAR Luís Henrique Serra FFLCH-USP/CNPq Orient: Profª. Drª Mariângela de Araújo

Termos da Indústria canavieira do século XVIII na fala de agricultores de cana-d-eaçúcar

Embed Size (px)

Citation preview

A PERSISTÊNCIA DE TERMOS DA INDÚSTRIACANAVIEIRA DO SÉCULO XVIII NO DISCURSODE AGRICULTORES DE CANA-DE-AÇÚCAR

Luís Henrique Serra

FFLCH-USP/CNPq

Orient: Profª. Drª Mariângela de Araújo

A APRESENTAÇÃO

• 1. objetivos deste estudo;

• 2. A variação terminológica diacrônica;

• 3. Memoria sobre a cultura, e productos dacana de assucar – características;

• 4. Metodologia;

• 5. resultados

• 6. considerações finais.

OBJETIVOS

• 1. observar a variação diacrônica em umdiscurso especializado;

• 2. Comparar termos antigos com termosatuais e entender o motivo de suapersistência;

• 3. contribuir com o estudo sobre asterminologias técnicas do universo canavieirono Brasil.

VARIAÇÃO DIACRÔNICA EM TERMINOLOGIA

• Na Abordagem normativista da Terminologia,a análise deve ser feita sincronicamente, nãodiacronicamente;

• A variação diacrônica, na abordagemdescritivista, é uma das causas da variaçãoterminológica.

• Postulado Teoria Comunicativa daTerminologia: o termo varia graças a evoluçãodo conhecimento que se dá nos séculos.

Memoria sobre a cultura, e productosda cana de assucar – características

• Documento Fac-similar de um relatório técnicoescrito no Brasil, recomendado pela Mesa deInsperção da Coroa Portuguesa no Brasil, no Riode Janeiro; (Biblioteca Nacional de Portugal)

• O texto é de autoria de José Caetano Gomes efoi publicado em Lisboa, no ano de 1800, 132p.

• O relatório é um conjunto de relatos, descriçõese conselhos técnicos sobre a cultura de cana-de-açúcar no século XVIII.

O CORPUS DO AGRICULTORO “corpus do agricultor” é um conjunto de 10entrevistas feitas com micro e pequenosagricultores de cana-de-açúcar no Maranhão;

As entrevistas foram feitas por meio de umquestionário semântico-lexical de 50 questões,todas relacionadas com as técnicas de plantio ebeneficiamento de cana-de-açúcar.

SÉCULO XVIII SÉCULO XXI

BRAÇA BRAÇA

COVA COVA/ VALA/ SULCO

A BAGACEIRA O BAGACEIRO / A BAGACEIRA

TACHA TACHO

CALDEIRA/CURCUBITA CALDEIRA

SÓCCA SOCA

BOTÃO/OLHO OLHO/OLHADURA

DORNA DORNA

EXEMPLOS

BANDEIRA

He sabido de todos, que principia a ser doce do pé, eque esta doçura vai diminuindo gradualmente para aparte superior, e que junto á <bandeira>, ou olho,não só não tem doçura, porém mesmo tem acidez, ehe por consequencia hum erro, o aproveitalla até ásfolhas (p. 17)

Essa parte mais alta da cana, é a <bandeira> dela;ela num serve pra prantá! (S.R.R 2011/MA)

EXEMPLOS

BAGAÇEIRA

O bagaço, quasi reduzido a pó, só serve paraestrume depois de ter apodrecido <na bagaceira>, oque infecta o ár, que se respira á roda da fábrica, efaz sempre sentir hum máo cheiro. (p. 33)

“É que a hente bota a cana aqui nessa roda, pra elanum descê pra cá pra baixo, pra onde a garapadesce, aí tem <a bagaceira>” (D.M.S. 2010/MA)

EXEMPLOS

DORNA

(...)em lugar de cochos, e abertos, sirva-se de pipas, eainda melhor de <dornas>, com o fundo largo, a bocaestreita, com sua tampa, e nella hum pequeno furo, ede grandeza proporcionada aos alambiques. (...) (p. 76)

“<dorna> é uma caixa de mil litro, dor mil litro, né? Tuvai vê o tamanho...” (JBA, 2010/MA)

SÉCULO XVIII SÉCULO XXI

COLLO TOCO DE CANA

SOQUEIRA TOUCEIRA

FEZ / BAGAÇO BAGAÇO

FORNALHEIRO FOGUISTA

MESTRE AGUARDENTEIRO LAMBIQUEIRO

PAROL GAMELA

CAPELLO CARAPUÇA

CONSIDERAÇÕES FINAIS A terminologia do agricultor conservou muitos termos

do século XVIII, reforçando o caráter conservador dalinguagem rural, conforme a dialetologia vemafirmando;

A terminologia também apresentou mudança,reforçando o caráter variável dos termos técnicos,conforme corrobora as teorias modernas daTerminologia;

A premissa de que um termo técnico apresentavariação foi confirmada em nossos dados. Secomparada com a terminologia atual, podemos dizerque houve quase que uma total substituição.

REFERENCIASALMEIDA, M. C. P. Ensaio sobre o fabrico do açúcar. SãoPaulo: FIEB, 2011.

GAUDIN, F. Pour um socioterminologie: Rouen, Ed.Universoté Rouen, 2002.

GOMES, J. C. Memoria sobre a cultura, e produtos dacana de assucar. Lisboa: Officina da Casa Litteraria doArco do Cego, 1800.

SERRA, L. H. O glossário eletrônico da cana-de-açúcar doMaranhão. Monografia (Licenciatura em Letras),Universidade Federal do Maranhão, 2011.