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Energia Solar Caseira – Parte 1Introdução à Energia Solar
© Energia-Solar-Caseira.com Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida
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2 Energia Solar Caseira
Conteúdo
1 – Introdução.................................................................................................. 5
2 – Fontes Alternativas.................................................................................... 7
2.1 – Etanol.................................................................................................. 8
2.2 – Energia Solar Térmica ........................................................................ 9
2.3 – Biodisel ............................................................................................. 11
2.4 – Energia Eólica................................................................................... 12
3 – Efeito Fotovoltaíco................................................................................... 14
4 – Sistema Solar Fotovoltaíco...................................................................... 16
4.1 – Sistema Fotovoltaico Isolado ............................................................ 16
4.2 – Sistema Fotovoltaico Conectado ...................................................... 18
5 – Componentes de um sistema Solar Fotovoltaico .................................... 20
5.1 – Painéis Solares ................................................................................. 20
5.2 – Bateria............................................................................................... 22
5.3 – Inversor ............................................................................................. 24
5.4 – Controlador de carga ........................................................................ 24
6 – Construção de um sistema solar Fotovoltaico ......................................... 26
6.1 – Cálculo de um sistema Fotovoltaico para correntes alternadas. ....... 26
6.1.1 – 1º Passo: Cálculo da Potência total do sistema ............................. 26
6.1.2 – 2º Passo: Definição do Painel Solar............................................... 27
6.1.3 – 3º Passo: Definição do Banco de Baterias..................................... 29
6.1.4 – 4º Passo: Definição do Controlador de Carga ............................... 31
6.1.5 – 5º Passo: Definição do Inversor ..................................................... 32
6.2 – Conclusão do Projeto........................................................................ 33
7 – Montagem e Dicas Úteis ......................................................................... 34
Apendice A – Empresas para Sistemas Fotovoltaicos .................................. 43
Apendice B – Tabela de Espessura de Fios e Cabos ................................... 44
3 Energia Solar Caseira
Tabela de Figuras
Figura 1-1: Foto de um painel solar instalado numa rodovia paulista ........................6
Figura 2-1: Casa modelo com energia solar fotovoltaica. (Europa) ...........................8
Figura 2.2-1: Modelo de casa popular com energia solar térmica. .............................9
Figura 2.2-2: Modelo de energia solar térmica com garrafas pet..............................10
Figura 2.4-1: Parque de captação de Energia Eólica. ..............................................12
Figura 2.4-1: Mapa de ventos no Brasil. .............................................................. .....13
Figura 3-1: Efeito Fotovoltaico relatado por Edmond Becquerel em 1839. ..............14
Figura 3-2: Exemplos de células solares disponíveis no mercado ...........................15
Figura 4-1: Arranjo básico de um SF ........................................................................16
Figura 4.1-1: Exemplo de sistema fotovoltaico isolado ............................................17
Figura 4.2-1: Exemplo de sistema fotovoltaico conectado .......................................18
Figura 5.1-1: Painel Solar Fotovoltaíco (camadas) ..................................................20
Figura 5.1-2: Módulo Fotovoltaico de 100W..............................................................21
Figura 5.1-1: Painéis Fotovoltaicos da companhia elétrica de Sacramento .............21
Figura 5.2-1: Exemplo de banco de baterias seladas para Telecomunicações .......23
Figura 5.2-2: Exemplo de ligações de Baterias.........................................................23
Figura 5.3-1: Inversores vendidos comercialmente de 150W, 300W e 2000W.........24
Figura 5.4-1: Modelos de inversores disponíveis no mercado .................................25
Figura 6.1.2-1: Catálogo de Painéis Solares SunLab Power ...................................28
Figura 6.1.3-1: Catálogo de baterias de eletrólito absorvido. ...................................30
Figura 6.1.3-2: Catálogo de baterias de descarga profunda. ...................................30
Figura 6.1.4-1: Catálogo de Controladores de Carga. ..............................................31
Figura 6.2-1: Catálogo de inversores. ......................................................................33
Figura 7-1: Traseira de células solares com fitas para soldagem. ...........................35
Figura 7-2: Fitas de estanho para soldar ..................................................................35
Figura 7-3: Esquema de conexão de células solares ...............................................36
Figura 7-4: Ferro de Solda comum, utilizado para eletrônica ...................................36
Figura 7-5: Diagrama da parte frontal e traseira das células solares........................37
Figura 7-6: Células solares conectas em série (“fileiras”) ........................................37
Figura 7-7: Multímetro Digital ...................................................................................38
4 Energia Solar Caseira
Figura 7-8: Protetor UV para madeira ......................................................................39
Figura 7-9: Cola de silicone com aplicador ...............................................................39
Figura 7-10: Conectores tipo Barra ..........................................................................40
Figura 7-11: Plugs e tomadas industriais .................................................................41
Figura 7-12: Conectores torção ................................................................................41
Figura 7-13: Tomadas ou plugues tipo fêmea ..........................................................41
Figura 7-14: Tomadas ou plugues tipo macho .........................................................42
5 Energia Solar Caseira
1 – Introdução
Atualmente estamos vivendo crises energéticas constantes, tanto na área do
petróleo como nas hidroelétricas. Estamos vivenciando a degradação do meio
ambiente pela agropecuária e pela geração de energia. Por isso é importante
começarmos a pensar em sistemas alternativos de energia.
A luz do sol é uma fonte inesgotável de energia, por isso, muitos estudiosos
dizem que o sol será a principal fonte de energia do futuro. Pensando nisso, o
homem vem aprimorando cada vez mais as formas de obtenção de energia desta
fonte.
Hoje em dia já temos diversos aparelhos movidos a energia solar. É certo,
que alguns ainda bem precários, pouca eficiência energética, baixa autonomia,
utilizações reduzidas, outros em fases experimentais, estudos, etc. O que interessa
é que essa tecnologia já está acessível as nossas mãos. Com simples arranjos,
conseguimos montar conversores de energia solar nas mais diversas formas de
energia
A energia solar fotovoltaica é capaz de gerar energia elétrica através de
painéis fotovoltaicos que transformam luz (fóton) em energia elétrica (volts). Essa
energia é renovável, inesgotável e pode ser armazenada utilizando baterias.
Há várias aplicações para este tipo de energia, que vão desde a utilização
em calculadoras simples portáteis, até residências, para alimentar aparelhos
elétricos, bombas de captação de água e irrigação, e o mais importante deles:
carros elétricos ou híbridos.
Até mesmo nas estradas brasileiras é possível encontrar sistemas
fotovoltaicos. É normalmente utilizado para alimentar painés de sinalização, radares,
telefones de emergência ou câmeras de monitoramento. Muitas pessoas não sabem
que aquilo se trata de uma fonte de energia solar, mas depois de ver e estudar essa
tecnologia, qualquer um é capaz de identificar claramente um sistema fotovoltaico.
6 Energia Solar Caseira
Figura 1-1: Foto de um painel solar instalado numa rodovia paulista
Neste livro, mostraremos um pouco mais sobre energia solar fotovoltaica,
suas utilizações e o mais importante: Como montar você mesmo um sistema de
energia solar em sua casa! Energia Solar Caseira! Muito simples!
7 Energia Solar Caseira
2 – Fontes Alternativas
Existem várias fontes de energia no mundo. Como disse Lavoisier: “Na
natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, por isso podemos
utilizar de vários recursos naturais para transformá-los em energia útil e não em
problemas para o meio ambiente.
Além das energias transformadas a milhões de anos, como o petróleo, o
carvão, o gás e outros minerais, temos a possibilidade de transformar energia de
fontes renováveis como o etanol, os óleos biocombustíveis, o vento, e a maior de
todas as fontes: o Sol.
O petróleo sofre constantemente com crises políticas, econômicas,
especulações e a mais forte delas: volume finito de recursos. A cada novo conflito
nas regiões onde se encontram as maiores reservas o preço aumenta, os estoques
abaixam, os especuladores escondem suas reservas e nós, consumidores,
sofremos com a alta dos preços. Isso é o que ocorre também com o gás e o carvão
mineral, recursos largamente utilizados na indústria pesada.
Além dos problemas econômicos, causados pelos combustíveis fósseis, há
também o problema ambiental. Estes combustíveis poluem desde a sua produção
até a utilização final, seja em automóveis, trens, caldeiras, máquinas ou geradores.
A poluição em cidades como São Paulo, é responsável, indiretamente, por 20
mortes diárias, o dobro do que acontecia há 5 anos, responsável também pelo
aquecimento da temperatura média na terra, o que acarreta, derretimento das
calotas, elevação dos nível dos oceanos, e efeitos climáticos catastróficos.
As usinas hidroelétricas, por sua vez, produzem 90% da energia consumida
no país e têm entre seus principais problemas a falta de chuvas. Conseqüentes
riscos de apagões, como os de 1999, 2001 e o último de novembro de 2009 são
vistos a cada ano, resultando em preços cada vez mais altos aos consumidores.
Embora o Brasil seja um país rico em recursos hídricos, o preço da energia gerada
através dessas usinas ainda está muito além da média mundial, incluindo países
que não tem sequer 5% da nossa capacidade.
Todos estes fatos nos levam a uma conclusão: a energia está ficando cada
vez mais cara e suja.
8 Energia Solar Caseira
Embora já existam sistemas alternativos no mercado, a sua propagação e
adesão em massa da população acontece de maneira muito devagar. Enquanto na
Europa cerca de 1% das residências já possuem sistemas de energia alternativa, no
Brasil esse número é bem menor, apenas 0,05%. Desse montante de energia solar
produzida no Brasil, aproximadamente 95% é energia solar térmica e apenas 5%
energia solar fotovoltaica.
Figura 2-1: Casa modelo com energia solar fotovoltaica. (Europa)
A energia solar térmica é utilizada para aquecer água, tanto para
aquecimento central da água como para piscinas, ou seja, não gera energia elétrica,
portanto não serve para alimentar aparelhos como TV, geladeira, lâmpada, etc.
Há a necessidade de se produzir energia elétrica alternativa para ser utilizada
em residências, reduzindo assim o consumo de energia não-renovável e gerando
economia para as famílias.
2.1 – Etanol
O etanol é um biocombustível produzido, geralmente, a partir da cana-de-
açúcar, mandioca, milho ou beterraba. Os maiores produtores de etanol no mundo
são Brasil e Estados Unidos, com cerca de 89% da produção mundial.
No Brasil o etanol apareceu na crise energética dos anos 70, quando o Brasil
passou a investir no programa Pró-Alcool, incentivando produtores e montadoras a
investir nessa fonte de energia renovável. Porém, com a alta do preço do açúcar no
9 Energia Solar Caseira
mercado internacional e a queda dos combustíveis fosseis, o investimento e o
subsídio ao produto ficaram escassos.
Nos últimos anos, com outra crise energética e novas questões e
preocupações ambientais trouxeram de volta, com muita força, o etanol. O Brasil é o
maior exportador mundial, e considerado líder internacional em matéria de
biocombustíveis, além de ser a primeira economia em ter atingido um uso
sustentável dos biocombustíveis.
Atualmente o Brasil tem mais de 8,2 milhões de veículos utilizando a
tecnologia flex, que permite o uso do etanol, ou de qualquer combinação do etanol
com gasolina. A tecnologia também está sendo aplicada a motocicletas, veículos
pesados (tratores, máquinas agrícolas) e até em aviões de pequeno porte.
2.2 – Energia Solar Térmica
A energia solar é, hoje, uma das principais fontes de energia para o
consumidor final.
Embora não seja produzida em alta escala como usinas, a energia solar está
presente em muitos domicílios e hotéis pelo mundo.
Além da energia solar fotovoltaica abordada neste documento, a energia para
aquecimento de água, através da luz e do calor solar está cada vez mais acessível
aos consumidores finais, de forma que se populariza a uma velocidade muito alta.
Figura 2.2-1: Modelo de casa popular com energia solar térmica.
Os domicílios podem ter soluções para aquecimento de água, cada vez mais
simples, ou até mesmo construídas em casa, assim como o que propomos aqui. Já
10 Energia Solar Caseira
há inclusive soluções com garrafas pet, o que contribui duplamente com o meio
ambiente, além do baixíssimo custo de produção.
Figura 2.2-2: Modelo de energia solar térmica com garrafas pet.
Nos hotéis, diferentemente, se requer uma solução mais profissional, pois há
a necessidade de um estudo da quantidade utilizada, da ocupação média e do clima
ao longo do ano na localidade.
A solução para aquecimento solar é muito mais simples e barata, pois
trabalha mais com a parte hidráulica da instalação e não elétrica. Assim, qualquer
profissional que saiba a solução e tenha conhecimentos em hidráulica pode adaptar
esse sistema.
Por último, destaca-se o que chamamos de energia limpa, ou seja, não tem
custos de produção, pois vem do sol, e não gera poluentes para o meio ambiente.
Há várias empresas tradicionais no ramo que já oferecem os serviços
completos, com os painéis, a instalação e manutenção do equipamentos, porém
com uma solução tão simples, há outras várias pequenas empresas que também
oferecem o serviço.
11 Energia Solar Caseira
2.3 – Biodisel
Você pode usar óleo de soja, de canola, de mamona e qualquer outro tipo de
óleo vegetal – inclusive o óleo já usado – para servir de combustível para seu carro
e aquecer ou gerar energia elétrica para sua casa, através de um gerador a diesel.
O Biodiesel é um tipo de combustível criado a partir de fontes renováveis, no caso,
óleo vegetal e gordura animal. Sua principal fonte pode ser os restaurantes que
descartam no final do dia o óleo usado na cozinha. Com apenas alguns restaurantes
é possível fazer muito Biodiesel.
Rudolf Diesel, o homem que inventou o motor a diesel em 1892, o fez
primeiramente para rodar com óleo de amendoim, ou seja, Biodiesel.
Veículos movidos a Biodiesel emitem um cheiro de fritura gostoso e que abre
o apetite. O Biodiesel é criado a partir de uma reação química conhecida como
transesterificação, uma mistura que combina óleo vegetal, metanol, etanol e
esterilizante.
O Biodiesel é bom para seu veículo a Diesel e para o meio ambiente.
Algumas das razões para se usar Biodiesel é que ele polui muito menos, não
contribui para o aquecimento global, lubrifica seu motor, aumenta a vida útil do
motor, tem a mesma quantidade de quilômetros por litro de diesel comum e é muito
seguro. Mas a grande vantagem do Biodiesel é a economia financeira. O custo do
Biodiesel pode chegar a míseros 0,12 centavos por litro se você mesmo produzi-lo.
Em nosso livro “Como Fazer Seu Próprio Biodiesel em Casa” (disponível em
nosso site) fornecemos instruções passo-a-passo detalhadas de como produzir seu
próprio Biodiesel para conseguir um custo de apenas R$0,12 por litro. Tudo que
você precisa saber é informado, com números e proporções precisas, pois o
Biodiesel não é óleo vegetal simplesmente. É absolutamente necessário seguir
procedimentos detalhados para assegurar que o óleo não cause danos ao seu
motor. Com biodiesel, não é necessário adicionar nenhum tipo de conversor ou
modificação no seu motor ou sistema de combustível. Porém, seguir instruções
corretas é absolutamente crucial.
12 Energia Solar Caseira
2.4 – Energia Eólica
A energia eólica, proveniente dos ventos, (Eolo Deus do vento na Mitologia
Grega), é aproveita desde a antiguidade, seja para mover embarcações com velas
ou moinhos com pás. Hoje em dia é utilizada como fonte de energia elétrica ou
aerogeradores. Com grandes pás, ou hélices, em forma de catavento, esses
aerogeradores transformam a energia mecânica do movimento das pás em energia
elétrica (indução). Normalmente são acampadas em parques eólicos, de forma a
captar energia de diversos aerogeradores numa mesma fonte.
Figura 2.4-1: Parque de captação de Energia Eólica.
A energia eólica é mais usada em países com baixos recursos hidrográficos,
pois é uma fonte de energia limpa e renovável. Os países que mais utilizam esse
tipo de energia são: Dinarmarca, com 23% da produção de energia do país,
Portugal e Espanha com 8% e Alemanha com 6%. Apesar disso os principais
produtores de energia eólica são: Estados Unidos, 35 Giga Watts, Alemanha 26GW
e China, 25GW.
13 Energia Solar Caseira
No Brasil a capacidade de produção está em 606 Mega Watts o que
representa aproximadamente 0,4% da produção mundial. Mas está aumentando a
cada ano. De 2008 para 2009 houve um aumento de 77% da capacidade total, e
com as seguidas crises do setor no país espera-se que estes números aumentem
muito mais nos próximos anos, já que o Brasil é um país com muitas áreas propícias
para a instalação de aerogeradores, especialmente nos litorais do nordeste e Rio
Grande do Sul, sertão baiano e mineiro e sudoeste do Paraná.Figura 2.4-1: Mapa de ventos no Brasil. Fonte: Centro Brasileiro de Energia Eólica 1998.
A implantação deste sistema não é tão simples como no caso de energia
solar. Não há fabricantes de baixo custo no mercado, e a área para instalação dos
aerogeradores deve ser bem ampla, respeitando o espaço de migração de certas
aves. Com isso, ainda não foi desenvolvida uma solução de baixo custo como
esperam muitos consumidores, ávidos por soluções caseiras.
14 Energia Solar Caseira
3 – Efeito Fotovoltaíco
Efeito Voltaico é o aparecimento de uma diferença de potencial nos extremos
de uma estrutura de material semicondutor, produzida pela absorção da luz.
Energia Solar Fotovoltaica é a energia obtida através da conversão direta da
luz em eletricidade, o que chamamos de Efeito Fotovoltaico, relatado por Edmond
Becquerel em 1839, porém construído somente em 1883 por Charles Fritts.
Figura 3-1: Efeito Fotovoltaico relatado por Edmond Becquerel em 1839.
Nas células fotovoltaicas, com incidência da luz, os fótons (partículas da luz)
excitam os elétrons presentes no material semicondutor destas células. Por serem
semicondutores, estes elétrons estão “fracamente” ligados aos átomos, assim
sendo, com essa pequena excitação os elétrons se soltam da célula, indo para a
banda de condução, podendo ser coletado como energia elétrica.
A energia gerada pela luz sofre com alguns limitantes, como por exemplo: o
espectro de radiação e a unicidade de energia gerada por um fóton.
O espectro de radiação se espalha numa ampla faixa e apenas uma pequena
parcela com comprimento de onda inferior a 1µm é capaz de excitar os elétrons em
células de silício, principal semicondutor do planeta.
Cada fóton só consegue excitar um elétron, portanto, para fótons com
energias superiores as necessárias para excitar um elétron, haverá excesso de
energia que será convertida em calor e se perderá, pois estamos apenas coletando
energia elétrica com essas células.
Estudos estão tentando reduzir ao máximo este último efeito, tornando as
células fotovoltaicas cada vez mais eficientes. Hoje, o limite teórico de conversão de
energia de radiação solar em eletricidade é de 28%, para células de arsenieto de
15 Energia Solar Caseira
gálio. Comercialmente temos vários materiais com diferentes limites de conversão
comerciais:
CdTe (Telureto de Cadmio) = 7%
aSi (Silício Amorfo) = 10%
Si-crist (Cristais de Silício) = 16%
A empresa japonesa Peccell Technologies já testou uma nova célula
fotoeletroquímica sensibilizada por corante, capaz de transformar energia solar em
eletricidade, como as células fotovoltaicas, capaz de gerar mais de 4 volts de
energia. Isso é prova que esse campo está em constante evolução, concentrando
mais estudos e tende a evoluir bastante nos próximos anos, aumentando cada vez
mais a capacidade de produzir energia através da luz solar.
Figura 3-2: Exemplos de células solares disponíveis no mercado
Os tipos mais comuns de células solares são:
Célula de silício monocristalino;
Célula de silício policristalino;
Célula de silício Amorfo.
16 Energia Solar Caseira
4 – Sistema Solar Fotovoltaíco
Sistema solar fotovoltaico é o que chamamos o conjunto de equipamentos
necessários para fornecer energia fotovoltaica a uma determinada aplicação, ou
seja, são todos os equipamentos conectados, recebendo energia solar e
alimentando aparelhos eletrônicos. Abaixo, está um arranjo básico de SF.
Figura 4-1: Arranjo básico de um SF
Há vários tipos de configuração de SFs, dependendo da aplicação, custo e
capacidade desejados.
Há basicamente dois tipos de SF. Sistema Fotovoltaico Isolado é aquele que
não está conectado à rede de distribuição de energia pública. Sistema Fotovoltaico
Conectado é aquele que está conectado a rede pública de distribuição de energia,
seja transfere e recebe energia à rede.
4.1 – Sistema Fotovoltaico Isolado
17 Energia Solar Caseira
Um exemplo típico de SF Isolado é mostrado na figura abaixo:
Figura 4.1-1: Exemplo de sistema fotovoltaico isolado
Neste tipo de configuração o SF está isolado da rede de distribuição, não há
uma conexão das redes pública e particular (SF). O sistema não transfere nem
recebe energia da rede pública de distribuição, portanto, a principal característica é
não haver um relógio de força conectado ao SF, apenas fornecimento e consumo
próprio.
O SF isolado é o mais usado para soluções caseiras, pois é de simples
configuração, instalação e manutenção quase nula. Na figura 4-1 podemos ver os
principais equipamentos de um SF isolado: Painéis Fotovoltaicos, Inversor,
Regulador de Carga e Baterias.
Painéis Fotovoltaicos, ou Painéis Solares, são placas compostas por células
solares, normalmente recobertas por materiais como vidro ou acrílico para proteção.
São utilizados para captar a energia do sol e converte-las em energia elétrica, como
é mostrado no capítulo 5.1.
Baterias são elementos de armazenamento de energia elétrica, muito
importante num SF, pois permite que a energia acumulada durante o período em
que se tem luz solar possa ser usada quando essa fonte não estiver disponível,
como a noite, por exemplo. São dimensionadas de acordo com a capacidade do SF
construído. Mais detalhes sobre baterias, tipos, capacidade, são mostrados no
capítulo 5.2.
18 Energia Solar Caseira
Inversores são nada mais que transformadores de energia. No SF
transformam a energia gerada em corrente contínua para corrente alternada, ou
seja, nos permite usar a energia coletada para alimentar aparelhos com tensões
127V ou 220V AC. Suas características serão discutidas na sessão 5.3.
Controladores de carga são utilizados para proteger o banco de baterias de
uma sobrecarga vinda do painel, ou de descarga total. Veja o capítulo 5.4 para mais
informações.
4.2 – Sistema Fotovoltaico Conectado
Sistema Fotovoltaico Conectado está ligado à rede pública por meio de um
relógio de força, assim você poderia vender energia produzida pelo seu SF e não
apenas comprar como todos fazemos todos os meses.
Figura 4.2-1: Exemplo de sistema fotovoltaico conectado
Porém, conectando seu SF à rede pública pode ser muito perigoso, pois além
da rede pública poder consumir toda a energia gerada pelo seu SF, conectando-as,
você insere energia “ineficiente” à rede pública. A energia que é distribuída pela
rede pública tem, normalmente, um fator de potência próximo de 1, ou seja, as
componentes de indução ou de resistência são muito baixas. Portanto, conectando
19 Energia Solar Caseira
um SF ineficiente (fator de potência menor que 0,92) você estará adicionando
energia “ruim” à rede, trazendo danos a uma rede utilizada por toda uma região,
previamente corrigida e muito eficiente.
Por estes fatores, a conexão de um SF caseiro a uma rede pública é muito
difícil, quando não impossível, por questões legais. No Brasil esse procedimento é
muito imaturo e não tem suas regras muito bem definidas. Portanto não vamos
tratar de SF conectado neste documento.
20 Energia Solar Caseira
5 – Componentes de um sistema Solar Fotovoltaico
A seguir mostraremos os vários componentes que fazem parte de um SF.
Alguns são mais comuns, pois são componentes básicos, utilizados em SF simples,
caseiros, de baixa complexidade. Outros serão mostrados apenas para
conhecimento, pois o que abordamos nesse manual, são SF básicos, para que cada
um possa construir sem auxilio de profissionais.
5.1 – Painéis Solares
Painéis solares são placas feitas com células solares, conectadas, dispostas
de forma plana, com uma cobertura, geralmente de vidro ou acrílico, para proteção,
a fim de facilitar a captação de energia solar por estas células.
Após serem soldadas, as células são encapsuladas com a finalidade de isolá-
las do exterior e protegê-las das intempéries, bem como para dar rigidez ao módulo.
O módulo, como mostra a Figura 5.1.1, é constituído das seguintes camadas: vidro
de alta transparência e temperado, acetato de etil vinila (EVA), células solares, EVA
e filme de fluoreto de polivinila (Tedlar) ou vidro. A seguir, é colocado o marco de
alumínio, para dar o acabamento e facilitar a instalação. A durabilidade destes
módulos é superior a 30 anos e atualmente está determinada pela degradação dos
materiais usados no encapsulamento, ou seja, a durabilidade das células solares de
silício cristalino é bastante superior.
Figura 5.1-1: Painel Solar Fotovoltaíco (camadas)
21 Energia Solar Caseira
A conexão destas células nas placas varia de acordo com o tamanho da
mesma e a Voltagem requerida. Paralelamente conectadas geram uma soma de
corrente, serialmente conectadas geram soma de tensão. A maioria dos módulos
convencionais encontrados no mercado é constituída de 36 células solares de
silício. Conseqüentemente, a tensão de circuito aberto, isto é, a diferença de
potencial quando a corrente elétrica é nula, é da ordem de 20 V. A potência do
módulo, sob condições padrão, é variável desde 10 W a 150 W. Em conseqüência,
o tamanho do dispositivo varia entre 0,2 m2 a 1,5 m2.
Figura 5.1-2: Módulo Fotovoltaico de 100W, para alimentação de um poste público usando baterias de 12V.
Os módulos também podem ser associados em série e/ou paralelo para obter
mais potência, como na figura abaixo:
Figura 5.1-1: Painéis Fotovoltaicos da companhia elétrica de Sacramento (EUA).
22 Energia Solar Caseira
5.2 – Bateria
O banco de baterias é um item importante na confecção de um Sistema
Fotovoltaico. Uma vez que os painéis não armazenam energia, se aquela energia
não utilizada não for armazenada, será inutilizada e desperdiçada. Por isso,
pensando em armazenar a energia e poder usá-la a medida do consumo, bancos de
baterias são dimensionados a fim de manter o sistema funcionando mesmo que não
haja energia, ou luz solar.
Há vários tipos de baterias para as mais diversas aplicações. No caso de um
SF são utilizadas baterias recarregáveis, também chamadas de acumuladores ou
baterias de armazenamento. Essas baterias permitem o SF ter uma vida útil maior.
Atualmente, as baterias de chumbo-ácido e níquel-cádmio são as mais
utilizadas. Para o caso de um SF as de chumbo-ácido respondem pela quase
totalidade dos sistemas já instalados. As abertas para sistemas de grande porte e
as seladas para pequeno porte.
As baterias abertas são aquelas que necessitam de verificação periódica do
nível do eletrólito. Seu eletrólito é líquido e livre (não confinado no separador) e, por
esta razão, devem trabalhar na posição vertical. Este tipo de bateria tem descargas
profundas, porém nunca deve ser totalmente descarregada, para isto utiliza-se
controladores de carga com possibilidade de interrupção de saída de corrente, que
impede a ocorrência de descargas abaixo de uma determinado valor. Outros
inconvenientes além da regular manutenção são: as névoas ácidas produzida pela
gaseificação e o tamanho.
As baterias fechadas, ou seladas, possuem o eletrólito confinado no
separador ou sob a forma de gel. Elas também são conhecidas como “sem
manutenção” porque não necessitam de adição de água. Estas são as principais
baterias utilizadas em Telecomunicações. Resistem a uma completa descarga mais
eficientemente do que os outros tipos de célula chumbo-ácido. Geralmente são mais
caras do que outras baterias sem manutenção, porém seu custo é compensado por
sua maior capacidade útil, associada à possibilidade de trabalhar com valores
maiores de profundidade de carga.
23 Energia Solar Caseira
Figura 5.2-1: Exemplo de banco de baterias seladas para Telecomunicações
Para armazenarmos energia suficiente em um SF, precisamos agrupar várias
baterias para que este conjunto atinja a voltagem nominal do sistema, ou seja, como
temos SF gerando 12 ou 24V, e baterias normalmente de 2V cada, é preciso somá-
las de forma a obter um banco de baterias de 12 ou 24V.
Esse agrupamento ocorre conectando-se as baterias em série, paralelo ou
ainda conexão mista, série e paralelo juntos. Conectando-as em série temos uma
soma de tensão mantendo-se a corrente. Conectando-as em paralelo temos soma
de corrente mantendo-se a tensão. Conectando-as em série e paralelo
adequadamente pode-se obter somas de corrente e tensão, chegando a
configuração adequada para seu SF.
A figura 5.2-1 mostra exemplos de conexões de baterias, assim como na
figura 5.2-1, em que se pode observar uma imagem de um banco de baterias
conectado em série e paralelo para se obter dois bancos de 48V cada.
Figura 5.2-2: Exemplo de ligações de Baterias
a) Ligação em série b)Ligação em paralelo c)Ligação mixta.
24 Energia Solar Caseira
5.3 – Inversor
Inversores são equipamentos utilizados para transformação de energia
elétrica com tensão/corrente contínua para tensão/corrente alternada. Ou seja, esse
equipamento nos permite utilizar cargas alternadas a partir de fontes contínuas.
Há basicamente 4 classes de inversores, dividas em capacidade de potência
(Watts).
A Primeira é para cargas entre 50W e 300W. São inversores portáteis,
encontrados em lojas de equipamentos eletrônicos, pesca, construção, etc. São
ideais para laptops, aparelhos eletrônicos portáteis, pequenas lâmpadas e outros
equipamentos de pequeno consumo.
A segunda classe é para cargas entre 300W e 800W. Também são portáteis,
porém um pouco mais robustos e pesados. Aplicam-se a iluminação além de
aparelhos eletrônicos.
A terceira classe já faz parte de inversores industriais, utilizados em grandes
sistemas, para uma grande rede elétrica.
Figura 5.3-1: Inversores vendidos comercialmente de 150W, 300W e 2000W respectivamente
5.4 – Controlador de carga
Em todo sistema de energia é necessário um controle, ou para não haver
desperdício, ou para não haver excesso. No caso do SF o controlador de carga é
utilizado para proteger o banco de baterias de uma sobrecarga vinda do painel, ou
de descarga total. Assim é necessário saber exatamente a carga projetada e
principalmente o banco de baterias utilizado, para que o controlador possa ser
ajustado de modo a bloquear a energia gerada pelos painéis para que esta não
25 Energia Solar Caseira
danifique o banco de baterias por uma sobrecarga, e impedir o descarregamento
completo. Esse controle da carga das baterias aumenta consideravelmente a sua
vida útil
Controladores de carga, também conhecidos como Reguladores de Carga,
Regulador de Tensão, ou Gerenciador de Carga, também são nomes comuns dados
a estes dispositivos.
Figura 5.4-1: Modelos de inversores disponíveis no mercado
26 Energia Solar Caseira
6 – Construção de um sistema solar Fotovoltaico
Para projetar um sistema Solar Fotovoltaico (SF) é preciso definir,
primeiramente, quanto de energia este sistema deve gerar. Por exemplo, você pode
montar um sistema solar para alimentar um carro elétrico, com tomada de 12 Volts,
ou um motor elétrico de 48 Volts; ou então uma garagem com tomadas 110 Volts,
uma bateria de 12 Volts e lâmpadas também de 110 Volts.
Na verdade, precisamos definir quantos Watts de energia vamos precisar,
mas pra isso é essencial sabermos os aparelhos que alimentaremos e a tensão
destes.
Após definido a tensão e potência que precisamos no sistema, vamos
escolher as células e a quantidade delas que precisamos. Assim, com as células
agrupadas e arranjadas paralelamente ou em série, teremos nosso painel solar!
Dependendo do tipo de tensão pretendida e da autonomia do sistema,
deveremos então escolher o banco de baterias e um inversor para transformar a
corrente contínua gerada pelo sistema em corrente alternada 110 ou 220 Volts.
Aqui vamos mostrar um exemplo de calculo de sistemas, utilizado para
sistemas de corrente alternada, com lâmpadas e aparelhos eletrônicos.
O projeto é considerado como sistema fotovoltaico isolado, ou seja, não
conectado à rede elétrica.
6.1 – Cálculo de um sistema Fotovoltaico para correntes alternadas.
Nesse exemplo, consideramos um SF isolado para uma garagem, onde
temos 2 lâmpadas 40W 110V e uma TV com 110V 200W. Como será um sistema
de corrente Alternada CA, precisaremos de um inversor (a ser definido).
6.1.1 – 1º Passo: Cálculo da Potência total do sistema
Neste momento devemos anotar tudo que queremos para o nosso SF, bem
como horas a ser utilizados, potência de cada equipamento, etc.:
27 Energia Solar Caseira
Quantidade Equipamento Consumo (W) Horas uso por dia ConsumoDiário(W)Unitário Total
2 Lâmpada Fluorescente 40 80 4 3201 TV 200 200 4 800
Total 280 1120
De acordo com a planilha, nosso painel deverá gerar energia suficiente para
abastecer 280W/h ou 1120W/dia.
Lembrando que a energia não utilizada será armazenada no banco de
baterias (passo 4), assim, quanto maior o banco de baterias, mais energia
disponível terá em seu sistema.
Para utilizações esporádicas, como fins de semana, festas, pode ser feita
uma média mensal e dividir esse valor por 30, lembrando que neste caso o banco
de baterias deve ser dimensionado de forma a reservar a energia por mais tempo.
6.1.2 – 2º Passo: Definição do Painel Solar
Como o painel solar receberá energia durante o tempo que recebe luz solar,
deveremos dividir a quantidade de potência desejada em um dia, pelas horas de sol
que este painel receberá.
Desconsiderando a latitude e o nível de nebulosidade do local, que podem
ser desprezados para sistemas caseiros, no Brasil a média de luz solar é de 3,5 a 4
horas/dia no sul, enquanto no nordeste de 4 a 5, portanto durante essas 5 horas,
nosso painel deverá armazenar toda a energia que nosso sistema precisa:
Potência do Painel (Wpico) = ____Consumo total (W/dia)___
Horas de sol (h/dia) x Fps
Fator de perdas e segurança (Fps) é normalmente usado para levar em conta
a redução de geração do módulo devido à tolerância na fabricação, temperatura,
poeira, degradação, sombras e também as perdas elétricas na bateria, controlador
de carga, inversor e na instalação. Normalmente usado 0,8.
Potência do Painel (Wpico) = __1120 ___ = 280 Wpico
5 x 0,8
28 Energia Solar Caseira
Neste momento devemos procurar pelos painéis solares disponíveis no
mercado, ou por células solares a fim de confeccionar nosso próprio painel.
A primeira escolha é a tensão de saída. A mais comumente usada é de 12V,
pois é um múltiplo dos diversos tipos de painéis como 24V, 48V, etc. Sendo que
para termos um painel com 24V, por exemplo, basta conectarmos 2 painéis de 12V
em série, afim de que a tensão de saída dos dois painéis se somem.
Vamos definir nossos painéis como 12V.
Lembrando que: Potência (W) = Tensão (V) x Corrente (A);
Corrente (A) = 280 ÷ 12 = 23,33 Ampéres.
Desse resultado observamos que podemos escolher um painel solar de 12V
que forneça uma potência de 280 Watts ou corrente de 23,33 Ampéres.
No caso de construção de um painel solar, como no nosso ebook ComoConstruir seu Painel Solar, mostramos que deve ser considerado inicialmente uma
tensão de 18V, para que no fim da construção, com as perdas, seja atingido os 12V
desejados.
Muitos catálogos de painéis solares são organizados por corrente fornecida
pelo conjunto, outros pela potência, de qualquer forma, podemos escolher o que nos
adéqua.
Figura 6.1.2-1: Catálogo de Painéis Solares SunLab Power
29 Energia Solar Caseira
Se encontrarmos painéis solares de 12V que não tenha a potência
necessária, podemos colocar 2 painéis em paralelo, dessa maneira, teremos um
painel de 12V com o dobro da potência.
6.1.3 – 3º Passo: Definição do Banco de Baterias
Para o banco de baterias, primeiro devemos nos lembrar de que tipo de
bateria é melhor para este tipo de aplicação. Neste caso de um sistema caseiro,
optaremos por baterias seladas de ciclo profundo.
Voltando aos requisitos do nosso sistema, precisaremos de energia suficiente
para abastecer os aparelhos por no mínimo 4 horas (definidos no início), levando
em conta a confiabilidade e autonomia requerida do sistema.
Capacidade Bateira (Ah) = _Consumo total (W/dia) x Autonomia (dias)_
Tensão Banco baterias (V)
Precisamos definir aqui, qual a autonomia do nosso sistema, ou seja,
precisamos definir, quantos dias queremos os aparelhos funcionando, mesmo que
não haja geração pelo SF. Lembrando que quanto maior a autonomia, maior a
capacidade do bando de baterias e maior o investimento. Aqui vamos definir como
2, pois estamos em um sistema caseiro, portanto barato e para utilização de
aparelhos de diversão, não prioritários.
Capacidade Bateira (Ah) = _1120 x 2_ = 186,66 (Ah)12
Agora temos que buscar em catálogos, baterias com as características que
precisamos.
Há baterias com capacidade de 2V que necessitaremos conectá-las em
série/paralelo para formar a tensão de saída, e baterias com capacidade de 12V
prontas para aplicação em sistemas solares. Basta saber quais suas correntes de
saída, normalmente expressas em Ah (Ampére hora), e tensão nominal.
No nosso caso, necessitamos de Baterias com capacidade nominal de 12V e
corrente suficiente para suprir nossa necessidade de 186 Ampéres.
30 Energia Solar Caseira
Vejamos o que encontramos no mercado:
Figura 6.1.3-1: Catálogo de baterias de eletrólito absorvido.
Figura 6.1.3-2: Catálogo de baterias de descarga profunda.
Como vemos acima, temos várias opções, como estamos em busca de uma
solução barata, especificamente para energia solar, sugiro a escolha de baterias
com ciclo profundo, como na figura 6.1.3-2. Se escolhermos o modelo 93503, de
40Ah, precisaremos de um banco de 5 baterias para suprir nossa necessidade com
folga. Mas é claro que há muitas outras e deve-se procurar bastante para encontrar
31 Energia Solar Caseira
a que mais se encaixa no nosso projeto, tanto financeiramente quanto
tecnicamente.
6.1.4 – 4º Passo: Definição do Controlador de Carga
O controlador de carga irá controlar a energia que sai e chega das baterias e
isolar o painel solar da bateria. Devemos dimensionar o controlador para que ele
não permita que o banco de baterias se descarregue totalmente nem que forneça
energia a nenhum outro equipamento (inversor ou módulo) caso esteja totalmente
carregado, dessa forma, devemos calcular a máxima corrente que o sistema pode
requerer das baterias, assim teremos:
Corrente Controlador Banco Baterias (A) = Potência das cargas (Watts) x 1,1
Tensão Banco baterias (V)
Sendo o valor 1,1 uma folga de segurança, portanto,
Corrente Controlador Banco Baterias (A) = 280 x 1,1 = 25,66 (A)12
Portanto, o nosso controlador deve precisa ser de 25 ou 30A e 12V.
Em uma rápida busca encontramos:
Figura 6.1.4-1: Catálogo de Controladores de Carga.
32 Energia Solar Caseira
6.1.5 – 5º Passo: Definição do Inversor
Neste ponto já temos todos os dados para dimensionar um SF sem inversor,
ou seja, para cargas somente com corrente contínua
Para cargas com corrente alternada, isto é: 110V, 220V, devemos utilizar um
inversor, pois painéis solares geram eletricidade em corrente contínua, 12V, 24V,
48V. Para definição do inversor a ser usado, devemos levar em conta os seguintes
fatores:
Tensão de entrada (Vdc);
Tensão de saída (Vac);
Freqüência (Hz);
Saída de AC máxima contínua (W).
No nosso projeto, utilizaremos painéis solares 12V (2º Passo), por isso
teremos:
Tensão de entrada (Vdc) = 12VTensão de saída (Vac) = 110VFreqüência (Hz) = 60HzSaída AC máxima contínua (Wh) = 280 + 10% = 308Wh
Levando em consideração uma pequena perca de energia no inversor, na
faixa de 10%.
Com esses dados, podemos procurar um inversor com a capacidade descrita
acima. Abaixo segue alguns exemplos de inversores no mercado:
33 Energia Solar Caseira
Figura 6.2-1: Catálogo de inversores.
6.2 – Conclusão do Projeto
Concluindo nossos projetos, temos o seguinte cenário:
Potência Total: 1120W/dia;Painel Solar: 12V, 280Wp ou 24A (mínimo);
Banco de Baterias: 12V, 187Ah;Controlador de Carga: 12V, 25 ou 30A;
Inversor: 308W mínimo, 12V entrada, 110V saída, 60Hz;
Com todos os dados e especificações dos equipamentos encontrados, é hora
de ir à busca dos melhores ou mais baratos. O importante é saber que há maneiras
de construir um SF com baixo custo e sem a necessidade de empresas ou
profissionais altamente capacitados. Com um pouco de estudo e vontade de fazer
chegamos ao nosso objetivo.
34 Energia Solar Caseira
7 – Montagem e Dicas Úteis
A montagem de um SF envolve algumas ferramentas, um pouco de
conhecimento de eletricidade e o máximo cuidado com segurança.
Há um documento anexo sobre segurança que pode ajudar com as
ferramentas corretas e/ou recomendadas para serem usadas nessa tarefa. Nesse
documento também abordamos as questões de segurança para a montagem desse
sistema.
Para começar a construção do painel, pensando de maneira lógica, a
primeira parte a ser feita é a caixa, ou a armação. Assim começamos a construção
cortando a madeira compensada ou o acrílico, dependendo da sua escolha, na
medida correta. A medida correta é conseguida através da montagem e soldagem
das células em série ou paralelo. Portanto, revisando o plano de construção,
devemos primeiro ter as células conectadas e soldadas para sabermos exatamente
as dimensões da caixa.
Por isso, o dimensionamento dos SF é muito importante. Com ele é possível
ter em mãos todos os detalhes da construção e armação das células, como
quantidade, conexões, potência de saída, bitola dos fios e cabos necessários, etc.
Nesse ponto, já temos a quantidade de células necessárias, ou pelo menos a
potência necessária do painel. Com isso, de acordo com as células compradas e
suas respectivas capacidades montamos as “fileiras” ou circuitos de células solares.
Para montar esse circuito colocamos todas as células com a frente para o
chão, de forma que as conexões traseiras fiquem disponíveis para manuseio. Nesta
parte traseira você verá alguns fitas, ou fios, que conectam uma célula a outra como
na figura a seguir.
35 Energia Solar Caseira
Figura 7-1: Traseira de células solares com fitas para soldagem.
Algumas células, quando compradas, não vêm com estas fitas, por isso, é
aconselhável verificar antes da compra e se necessário, ter essas fitas em mãos
para soldá-las na parte traseira das células, antes de montar o circuito. Elas são
encontradas em qualquer casa de material elétrico e em várias espessuras.
Figura 7-2: Fitas de estanho para soldar
36 Energia Solar Caseira
Essas fitas devem ser conectadas à parte da frente das células seguintes,
formando assim uma cadeia, com a próxima célula conectada á fita desta segunda
como mostramos no diagrama a seguir:
Figura 7-3: Esquema de conexão de células solares
A soldagem de uma célula a outra através de suas fitas deve ser feita usando
um ferro de solda comum, como aqueles que normalmente acompanham conjuntos
de caixas de ferramenta. Veja um exemplo:
Figura 7-4: Ferro de Solda comum, utilizado para eletrônica
No diagrama a seguir você pode ver como ficam as partes frontal e traseira
das células depois de conectadas:
37 Energia Solar Caseira
Figura 7-5: Diagrama da parte frontal e traseira das células solares depois de conectadas.
Depois de conectar as células em filas, é hora de conectar todas as filas em
série. Para isso devem ser usadas fitas mais grossas na parte de baixo, conhecido
como barramento. Ele deve ser mais grosso pois por ele passará a energia de todas
as células em série, ou seja, com suas potências somadas, portanto esta fita deverá
suportar mais tensão que a fita utilizada para unir duas células.
Figura 7-6: Células solares conectadas em série (“fileiras”)
38 Energia Solar Caseira
Depois de prontas, verificar se a tensão de saída é realmente a tensão
desejada, por exemplo, 12V. Use um multímetro entre os terminais positivo e
negativo para medir a tensão como o da figura 7-7.
Tome o cuidado de usar fios, ou cabos, de cores diferentes para positivo e
negativo, por exemplo, vermelho para positivo e preto para negativo. Assim, no
momento da leitura da tensão com o voltímetro, verifique se os terminais não estão
invertidos, simbolizados por um sinal de menos (-), ou negativo, no mostrador do
multímetro.
Figura 7-7: Multímetro Digital
Com as células conectadas e a tensão verificada, é hora de medir e construir
a “caixa”, ou, o painel em si, que comportará todas as células.
Comece cortando o acrílico e o compensado na medida exata para comportar
a fileira de células e um pouco a mais para abrigar os fios e as bordas.
O acrílico deve ser o mais transparente possível. Não utilize peças trincadas,
sujas, riscadas ou opacas, isso reduzirá drasticamente a eficiências das células.
No compensado, é recomendado aplicar uma ou mais camadas de protetor
UV para madeira, ou então uma tinta que contenha protetor UV. Esse passo é muito
importante, pois sem o protetor, o compensado pode se danificar em pouco tempo,
fazendo com que o painel solar fique vulnerável à umidade, sujeira e calor.
39 Energia Solar Caseira
Figura 7-8: Protetor UV para madeira
Depois do acrílico e do compensado cortados e preparados, podemos colar
as células ao compensado. Para isso, utilize cola de silicone. Utilize o suficiente
para as células não se moverem, não é necessário colar toda a parte traseira das
células, poucas gotas já são suficientes. Prefira aquelas com aplicador (ou a pistola
mostrada no e-book ferramentas), fica muito mais fácil de aplicar.
Figura 7-9: Cola de silicone com aplicador
Para finalizar a confecção do painel só falta as bordas. Aconselhamos
construir essas bordas com alumínio, pois com ele, é possível vedar melhor o painel
e proteger os fios e cabos que passarão ao redor da placa.
É muito fácil de encontrar estruturas em U de alumínio, utilizadas em
construção e ferragem. Se não for possível encontrar essas estruturas, poderá
adpatar uma calha como borda. Aproveite o silicone para vedar toda a estrutura,
40 Energia Solar Caseira
mas não deixe resíduos no acrílico, poderá diminuir a absorção de energia das
células.
Os fios e cabos deverão passar pela borda do painel, na parte interior. A
saída dos cabos deve ser feita na parte de trás do painel, onde não há incidência de
luz solar. O orifício por onde passará os cabos deve ser coberto e selado com
silicone.
Se instalado sobre um telhado, os fios devem entrar por baixo das telhas
para seguir para os outros equipamentos no interior da casa. Lembrando de vedar a
passagem do cabo para que a água da chuva não acompanhe os fios até o interior.
Com o painel pronto, é hora de conectar este, aos demais equipamentos do
SF. Há vários modelos de baterias, controladores de carga, inversores e demais
equipamentos do SF, por isso, cabe ao usuário ler atentamente os manuais para a
correta conexão dos mesmos.
Nós recomendamos manter os padrões, nos fios e cabos quanto a cores,
bitolas e terminais. Assim ficará mais fácil manejar todo o sistema na construção e
em possíveis manutenções. Fitas isolantes são sempre necessárias, porém, não
faça conexões utilizando essas fitas, elas devem ser utilizadas apenas para
pequenos reparos. Outra recomendação do site é utilizar plugues e conectores de
fácil manuseio e que proporcionam uma maior segurança, como mostrados nas
figuras abaixo:
Figura 7-10: Conectores tipo Barra
41 Energia Solar Caseira
Figura 7-11: Plugs e tomadas industriais
Figura 7-12: Conectores torção
Figura 7-13: Tomadas ou plugues tipo fêmea
42 Energia Solar Caseira
Figura 7-14: Tomadas ou plugues tipo macho
No Apêndice A, listamos algumas empresas que trabalham com Energias
Alternativas, venda de equipamentos para construção de sistemas alternativos de
energia e outras que ensinam mais sobre estes produtos.
No Apêndice B, colocamos uma tabela com a bitola dos fios e cabos
necessários para a construção de Sistemas Fotovoltaicos.
Nossa intenção com este e-book, não é detalhar todas as possibilidades para
construção de sistemas fotovoltaicos, mas sim, mostrar que é possível a confecção
deste e muitos outros sistemas alternativos de energia sem muita complicação. Ou
seja, mostrar que com um pouco de vontade conseguimos construir soluções pro
futuro.
Busque no site www.energia-solar-caseira.com mais soluções para energia
alternativa, e-books, apostilas, cursos e muito mais.
43 Energia Solar Caseira
Apendice A – Empresas para Sistemas Fotovoltaicos
www.patriplan.com
www.sunlab.com.br
www.chatron.pt
www.planetasolar.com.br
44 Energia Solar Caseira
Apendice B – Tabela de Espessura de Fios e Cabos
Dimensões de fios elétricos para construção de Sistemas Fotovoltaicos de 12V
TABELA DE ESPESSURA DE FIO PARA SISTEMA SOLAR A 12 VBitolamm2 1,5 2,5 4 6 10 16 25 35 50 70 95
Ampères Distância em metros1 32 51 81 130 205 325 517 652 822 1308 16502 16 26 40 64 102 163 259 326 411 654 8254 8 13 20 33 51 81 129 163 205 327 4126 5 8 14 22 34 54 86 109 137 218 2758 4 6 10 16 26 41 65 82 103 164 20610 3 5 8 13 20 33 52 65 82 131 16515 2 3 5 8 14 22 34 43 55 87 11020 - 2 4 6 10 16 26 33 41 65 8325 - - 3 5 8 13 21 26 33 52 6630 - - 2 4 7 11 17 22 27 44 5535 - - - 3 6 9 15 19 23 37 4740 - - - - 5 8 13 16 20 33 4145 - - - - 4 7 11 14 18 29 3750 - - - - 3 6 10 13 17 26 33
Obs. Para Sistemas Fotovoltaicos de 24 V, multiplicar a distância por 2.
Utilize sempre fiação de qualidade comprovada, dentro das normas da ABNT
e com aprovação do Inmetro.