1
UMA LEI IGNORADA Campinas tem projeto para reativar aterro ANDANDO PARA TRÁS ||| LIXO Guilherme Busch DA AGÊNCIA ANHANGUERA [email protected] Aprovada em 2010, a Política Nacional de Resíduos Sólidos é uma lei moderna, que tinha co- mo objetivo tirar o Brasil da Ida- de Média no que se refere à questão da destinação do lixo, a partir de 2014, quando deve- ria estar em pleno vigor. Mas is- so não aconteceu. Ao contrário, o País tem regredido desde en- tão. A legislação é simplesmen- te ignorada pela maioria das prefeituras, o que abre cami- nho para a destinação inade- quada dos resíduos e a geração de graves problemas ambien- tais. Mais que isso, a situação expõe a falta de cuidado do po- der público com um assunto ex- tremamente importante. O lixo é hoje, segundo espe- cialistas, o maior problema am- biental do Brasil, mas não é tra- tado com a importância que de- veria. A Política Nacional de Re- síduos Sólidos foi aprovada em 2010 e determina que todos os “lixões” do País deveriam ter si- do fechados até 2 de agosto de 2014. Os rejeitos (aquilo que não pode ser reciclado ou reuti- lizado) deveriam estar sendo encaminhados para aterros sa- nitários adequados. Campinas, por exemplo, on- de o Aterro Delta A já tinha si- do desativado, envia hoje seu li- xo comum para uma empresa especializada em Paulínia. Mas a Prefeitura se movimenta para retroceder e voltar a utilizar o velho aterro, após obter autori- zação da Cetesb, que permite sobrevida de um ano e meio do local. A medida depende ainda de aval do Ministério Pú- blico para ser validada, mas en- contra resistência na opinião de especialistas (leia texto nesta página). O Projeto de Lei 2289, de 2015, aprovado no Senado e em tramitação na Câmara dos Deputados, amplia o prazo da entrada em vigor da lei, dando prazo até 31 de julho de 2018, para capitais e regiões metropo- litanas se adequarem; até 31 de julho de 2019, para municípios com população superior a 100 mil habitantes; até 31 de julho de 2020, para municípios com população entre 50 mil e 100 mil habitantes e até 31 de julho de 2021, para aqueles com po- pulação inferior a 50 mil habi- tantes. Se aprovada, a iniciativa sig- nificará, ainda, um retrocesso em relação à legislação ambien- tal e à própria Constituição Fe- deral, que estabelece que “to- dos têm direito a um meio am- biente equilibrado”, cabendo ao poder público e à coletivida- de o dever de defendê-lo e pre- servá-lo para as presentes e as futuras gerações. “A prorrogação do prazo pa- ra os municípios fecharem os li- xões empurra para o futuro — sem nenhuma garantia de êxi- to — a solução. E expõe a inca- pacidade de o poder público e de as empresas lidarem com o assunto. A proposta de dilata- ção dos prazos foi aprovada pe- lo Senado na semana passada, mas ainda será analisada pela Câmara dos Deputados. A ten- dência, porém, é de que não ha- ja obstáculos, já que, de acordo com levantamento da Confede- ração Nacional dos Municípios (CNM), nenhum dos 5.565 mu- nicípios brasileiros cumpriu a lei na totalidade”, diz Reinaldo Canto, jornalista especializado em sustentabilidade e consu- mo consciente er professor de Gestão Ambiental, em artigo na revista Carta Capital . Desserviço Para a coordenadora de Resí- duos Sólidos do Instituto Pólis, Elisabeth Grimberg, a possibili- dade de prorrogação da medi- da é um “desserviço” e vai esti- car seu processo de implanta- ção. “Não contribui para avan- çar na perspectiva da mudança de padrão da gestão e destina- ção de resíduos. É um entrave porque quando terminarem os novos prazos, de novo os muni- cípios vão deixando para de- pois”, disse. Os problemas na implanta- ção da política poderiam ser tra- tados de outra maneira, segun- do Grimberg, com a atuação do Ministério Público promo- vendo, por exemplo, Termos de Ajustamento de Conduta junto aos municípios, criando metas e discutindo como os gestores avançariam no geren- ciamento de resíduos. A coordenadora do Instituto Pólis explicou que, de todo o li- xo produzido no país, 60% é or- gânico, 30% é reciclável e ape- nas 10% é rejeito, que precisa ir para aterro. “Existem soluções práticas e tecnológicas, alterna- tivas concretas de tratamento. Mas tem muita desinformação dos gestores, falta terem maior contato com experiência em an- damento no Brasil e no mun- do”, disse Grimberg, citando exemplos de iniciativas de com- postagem e biodigestão, siste- mas de tratamento da matéria orgânica. Gestores Para ela, os gestores locais têm insegurança de migrar do siste- ma de aterro para o sistema de compostagem e/ou biodiges- tão, já que isso também requer um estudo em termos de orça- mento. “Falta compreender que tem que haver um remane- jo, uma reapropriação do recur- sos orçamentários para ser des- tinados para implantar novas formas de coleta e tratamento, como parques de composta- gem e biodogestão”, disse. Compostagem A divulgação de técnicas de compostagem seria alternativa viável, já que a aproximada- mente 51% dos resíduos sóli- dos gerados são resíduos orgâ- nicos, que nem sempre preci- sam ser considerados rejeito, al- go que não tem aproveitamen- to técnico ou econômico. Ape- sar disso, menos de 1% das ci- dades brasileiras fazem a com- postagem, segundo ela. Além da utilização como adubo, a compostagem reduz a periculosidade da matéria orgâ- nica, que normalmente gera gás e chorume, tornado-a um material inerte. “A questão am- biental tem que ser encarada como uma economia a médio e curto prazo que os governos federal e locais podem fazer, porque está ligada à qualidade de vida e saúde das pessoas dentro das cidades, em reduzir as contas de hospital e de recu- peração de áreas contamina- das, por exemplo. Os países ri- cos fazem essa conta, de redu- zir os custos da gestão”, disse a diretora de Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambien- te (MMA), Zilda Maria Faria Ve- loso. Ela explica que o MMA ofer- ta, sistematicamente, cursos a distância para gestores munici- pais, muito focados em peque- nos municípios, que são os mais carentes de informação. “E não oferecemos só uma tec- nologia, mas colocamos várias ideias necessárias para que se melhore minimamente a ges- tão de resíduos”, disse. Sugestões de pautas, críticas e elogios: [email protected] ou pelos telefones 3772-8221 e 3772-8162 Atendimento ao assinante: 3736-3200 ou pelo e-mail [email protected] Editores: Claudio Liza Junior, Jorge Massarolo, Luís Fernando Manzoli e Marcia Marcon Chefe de reportagem: Guilherme Busch 50,6 48,3 49,1 Delta A, em Campinas, foi desativado por ultrapassar vida útil, mas Prefeitura tem plano para restabeler seu uso parcialmente: MP precisa dar aval POR CENTO Dos municípios utilizam aterro sanitário para destinação do lixo POR CENTO Dos municípios do Brasil utlizam lixão ou aterro controlado POR CENTO Dos municípios do País possuem o serviço de coleta seletiva de lixo Questionada sobre dados relativos à Política Nacional de Resíduos sólidos no Estado de São Paulo, a Cetesb não se manifestou até o fechamento deste edição. A estatal se limitou a enviar à reportagem do Correio a nota abaixo. “Nosso pessoal está com muita demanda e até o momento não foi possível preparar as respostas. Favor aguardar mais um pouco”. A Lei n˚ 12.350, de agosto de 2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), estabelecendo prazo até 2012 para a implementação da coleta seletiva, e até 2014 para o fechamento dos lixões em todo o País. Maioria das cidades deixa de cumprir Política Nacional de Resíduos Sólidos Política Nacional de Resíduos Sólidos Até 31 de julho de 2018 Capitais e regiões metropolitanas Até 31 de julho de 2019 Municípios com mais de 100 mil habitantes Até 31 de julho de 2020 Municípios com população entre 50 mil e 100 mil habitantes Até 31 de julho de 2021 Municípios com população inferior a 50 mil habitantes. Cidades Camila Moreira/17set2015/AAN Prorrogação da vida de aterros é “desserviço”, dizem ambientalistas A pós lançar as parcerias público-privadas (PPP) para a gestão do lixo do Município, a Prefeitura de Campinas analisa o único estudo que foi entregue à Administração. A PPP vai envolver toda a gestão do lixo na cidade, incluindo manejo, tratamento e disposição final do lixo, para atender à Política Nacional de Resíduos Sólidos. De acordo com o secretário de Serviços Públicos, Ernesto Paulella, apenas a empresa Renova Ambiental apresentou um estudo. “Nesse momento, a Prefeitura está avaliando o projeto da Renova e estamos fazendo algumas adequações para transformar esse projeto em um edital de contratação de uma empresa para operar o lixo da cidade. A empresa atenderá 100% a Política Nacional”, explicou. O secretário informou ainda que até o final de março a Administração deve lançar o edital de contração. “Se tudo correr bem, até outubro ou novembro deve encerrar o processo de contratação”, afirmou. A estimativa da Prefeitura é que a PPP exigirá investimentos de R$ 500 milhões na gestão dos resíduos para que as usinas de lixo possam começar a operar em 2018. Em maio de 2016, quando abriu o chamamento público de interessados em apresentar estudos de empreendimentos da PPP, cinco empresas se manifestaram interesse em patrocinar os estudos, mas somente a Renova Ambiental entregou. Ao mesmo tempo, Campinas dá um dos principais exemplos negativos no Brasil. Além de ainda não estar adequada à lei, a Prefeitura prepara a reativação do Aterro Delta A para adotar uma prática ultrapassada: retomar a destinação do lixo na área que já tinha sido encerrada pela Cetesb, ainda no primeiro semestre desse ano. O projeto conta com o aval da Cetesb e está prestes a obter também um sinal verde do Ministério Público. A justificativa da Prefeitura é que, reativando o Delta, vai economizar R$ 40 milhões por ano. Mas serão investidos R$ 35 milhões para cumprir todas as exigências legais para o processo. Teresa Penteado, ligada ao Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comdema) de Campinas, é contra a medida, que qualifica como “retrocesso”. Para ela, a questão precisa de uma abordagem mais moderna e profunda. “Sou radicalmente contra. Em países de Primeiro Mundo isso não existe mais, tudo é reaproveitado e vira energia”, disse. “Reativar o aterro é um horror. Não tem que ter lixo. Lixo tem que ser reciclado. Quanto do nosso lixo é reciclado? Por que não existe a obrigação desse lixo ser encaminhado ao local correto? Por que esse lixo não vira energia? Há uma série de perguntas que não são resolvidas nem respondidas. Eu sou totalmente contra. Você joga o lixo no aterro, e em vez de poder colher benefícios, se transforma em um problema para a cidade inteira.” (Shana Pereira/AAN) SILÊNCIO SAIBA MAIS NOVOS PRAZOS A4 CORREIO POPULAR A4 Campinas, domingo, 5 de fevereiro de 2017

Delta A/Uma lei ignorada 5/2/17

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Delta A/Uma lei ignorada 5/2/17

UMA LEI IGNORADACampinas temprojeto parareativar aterro

ANDANDO PARA TRÁS ||| LIXO

Guilherme BuschDA AGÊNCIA ANHANGUERA

[email protected]

Aprovada em 2010, a PolíticaNacional de Resíduos Sólidos éuma lei moderna, que tinha co-mo objetivo tirar o Brasil da Ida-de Média no que se refere àquestão da destinação do lixo,a partir de 2014, quando deve-ria estar em pleno vigor. Mas is-so não aconteceu. Ao contrário,o País tem regredido desde en-tão. A legislação é simplesmen-te ignorada pela maioria dasprefeituras, o que abre cami-nho para a destinação inade-quada dos resíduos e a geraçãode graves problemas ambien-tais. Mais que isso, a situaçãoexpõe a falta de cuidado do po-der público com um assunto ex-tremamente importante.

O lixo é hoje, segundo espe-cialistas, o maior problema am-biental do Brasil, mas não é tra-tado com a importância que de-veria. A Política Nacional de Re-síduos Sólidos foi aprovada em2010 e determina que todos os“lixões” do País deveriam ter si-do fechados até 2 de agosto de2014. Os rejeitos (aquilo quenão pode ser reciclado ou reuti-lizado) deveriam estar sendoencaminhados para aterros sa-nitários adequados.

Campinas, por exemplo, on-de o Aterro Delta A já tinha si-do desativado, envia hoje seu li-xo comum para uma empresaespecializada em Paulínia. Masa Prefeitura se movimenta pararetroceder e voltar a utilizar ovelho aterro, após obter autori-zação da Cetesb, que permitesobrevida de um ano e meiodo local. A medida dependeainda de aval do Ministério Pú-blico para ser validada, mas en-contra resistência na opiniãode especialistas (leia texto nestapágina).

O Projeto de Lei 2289, de2015, aprovado no Senado eem tramitação na Câmara dosDeputados, amplia o prazo daentrada em vigor da lei, dandoprazo até 31 de julho de 2018,para capitais e regiões metropo-litanas se adequarem; até 31 dejulho de 2019, para municípioscom população superior a 100mil habitantes; até 31 de julhode 2020, para municípios compopulação entre 50 mil e 100mil habitantes e até 31 de julhode 2021, para aqueles com po-pulação inferior a 50 mil habi-tantes.

Se aprovada, a iniciativa sig-nificará, ainda, um retrocessoem relação à legislação ambien-tal e à própria Constituição Fe-deral, que estabelece que “to-dos têm direito a um meio am-biente equilibrado”, cabendoao poder público e à coletivida-de o dever de defendê-lo e pre-servá-lo para as presentes e asfuturas gerações.

“A prorrogação do prazo pa-ra os municípios fecharem os li-xões empurra para o futuro —sem nenhuma garantia de êxi-to — a solução. E expõe a inca-pacidade de o poder público ede as empresas lidarem com oassunto. A proposta de dilata-ção dos prazos foi aprovada pe-lo Senado na semana passada,mas ainda será analisada pelaCâmara dos Deputados. A ten-dência, porém, é de que não ha-ja obstáculos, já que, de acordocom levantamento da Confede-ração Nacional dos Municípios(CNM), nenhum dos 5.565 mu-nicípios brasileiros cumpriu alei na totalidade”, diz Reinaldo

Canto, jornalista especializadoem sustentabilidade e consu-mo consciente er professor deGestão Ambiental, em artigo narevista Carta Capital.

DesserviçoPara a coordenadora de Resí-duos Sólidos do Instituto Pólis,Elisabeth Grimberg, a possibili-dade de prorrogação da medi-da é um “desserviço” e vai esti-car seu processo de implanta-ção. “Não contribui para avan-çar na perspectiva da mudançade padrão da gestão e destina-ção de resíduos. É um entraveporque quando terminarem osnovos prazos, de novo os muni-cípios vão deixando para de-pois”, disse.

Os problemas na implanta-ção da política poderiam ser tra-tados de outra maneira, segun-do Grimberg, com a atuaçãodo Ministério Público promo-vendo, por exemplo, Termosde Ajustamento de Conduta

junto aos municípios, criandometas e discutindo como osgestores avançariam no geren-ciamento de resíduos.

A coordenadora do InstitutoPólis explicou que, de todo o li-xo produzido no país, 60% é or-gânico, 30% é reciclável e ape-nas 10% é rejeito, que precisa irpara aterro. “Existem soluçõespráticas e tecnológicas, alterna-tivas concretas de tratamento.Mas tem muita desinformaçãodos gestores, falta terem maiorcontato com experiência em an-damento no Brasil e no mun-do”, disse Grimberg, citandoexemplos de iniciativas de com-postagem e biodigestão, siste-mas de tratamento da matériaorgânica.

GestoresPara ela, os gestores locais têminsegurança de migrar do siste-ma de aterro para o sistema decompostagem e/ou biodiges-tão, já que isso também requer

um estudo em termos de orça-mento. “Falta compreenderque tem que haver um remane-jo, uma reapropriação do recur-sos orçamentários para ser des-tinados para implantar novasformas de coleta e tratamento,como parques de composta-gem e biodogestão”, disse.

CompostagemA divulgação de técnicas decompostagem seria alternativaviável, já que a aproximada-mente 51% dos resíduos sóli-dos gerados são resíduos orgâ-nicos, que nem sempre preci-sam ser considerados rejeito, al-go que não tem aproveitamen-to técnico ou econômico. Ape-sar disso, menos de 1% das ci-dades brasileiras fazem a com-postagem, segundo ela.

Além da utilização comoadubo, a compostagem reduz apericulosidade da matéria orgâ-nica, que normalmente geragás e chorume, tornado-a um

material inerte. “A questão am-biental tem que ser encaradacomo uma economia a médioe curto prazo que os governosfederal e locais podem fazer,porque está ligada à qualidadede vida e saúde das pessoasdentro das cidades, em reduziras contas de hospital e de recu-peração de áreas contamina-das, por exemplo. Os países ri-cos fazem essa conta, de redu-zir os custos da gestão”, disse adiretora de Ambiente Urbanodo Ministério do Meio Ambien-te (MMA), Zilda Maria Faria Ve-loso.

Ela explica que o MMA ofer-ta, sistematicamente, cursos adistância para gestores munici-pais, muito focados em peque-nos municípios, que são osmais carentes de informação.“E não oferecemos só uma tec-nologia, mas colocamos váriasideias necessárias para que semelhore minimamente a ges-tão de resíduos”, disse.

Sugestões de pautas, críticas e elogios:[email protected] oupelos telefones 3772-8221 e 3772-8162

Atendimento ao assinante:3736-3200 ou peloe-mail [email protected]

Editores: Claudio Liza Junior, Jorge Massarolo, Luís Fernando Manzoli e Marcia Marcon Chefe de reportagem: Guilherme Busch

50,6 48,3 49,1Delta A, em Campinas, foi desativado por ultrapassar vida útil, mas Prefeitura tem plano para restabeler seu uso parcialmente: MP precisa dar aval

POR CENTODos municípios utilizamaterro sanitário paradestinação do lixo

POR CENTO

Dos municípios doBrasil utlizam lixãoou aterro controlado

POR CENTODos municípios do Paíspossuem o serviço decoleta seletiva de lixo

Questionada sobre dadosrelativos à Política Nacional deResíduos sólidos no Estado deSão Paulo, a Cetesb não semanifestou até o fechamentodeste edição. A estatal selimitou a enviar à reportagemdo Correio a nota abaixo.

“Nosso pessoal está commuita demanda e até omomento não foi possívelpreparar as respostas. Favoraguardar mais um pouco”.

A Lei n˚ 12.350, de agosto de 2010,que instituiu a Política Nacional deResíduos Sólidos (PNRS),estabelecendo prazo até 2012 paraa implementação da coleta seletiva,e até 2014 para o fechamento doslixões em todo o País.

Maioria das cidades deixade cumprir Política Nacionalde Resíduos Sólidos

Política Nacional de Resíduos Sólidos

Até 31 de julho de 2018 Capitais e

regiões metropolitanas

Até 31 de julho de 2019 Municípios

com mais de 100 mil habitantes

Até 31 de julho de 2020 Municípios

com população entre 50 mil e 100

mil habitantes

Até 31 de julho de 2021 Municípios

com população inferior a 50 mil

habitantes.

CidadesCamila Moreira/17set2015/AAN

Prorrogação da vida deaterros é “desserviço”,dizem ambientalistas

Após lançar asparceriaspúblico-privadas

(PPP) para a gestão do lixodo Município, a Prefeiturade Campinas analisa oúnico estudo que foientregue à Administração.A PPP vai envolver toda agestão do lixo na cidade,incluindo manejo,tratamento e disposiçãofinal do lixo, para atender àPolítica Nacional deResíduos Sólidos.De acordo com o secretáriode Serviços Públicos,Ernesto Paulella, apenas aempresa Renova Ambientalapresentou um estudo.“Nesse momento, aPrefeitura está avaliando oprojeto da Renova eestamos fazendo algumasadequações paratransformar esse projetoem um edital decontratação de umaempresa para operar o lixoda cidade. A empresaatenderá 100% a PolíticaNacional”, explicou.O secretário informouainda que até o final demarço a Administraçãodeve lançar o edital decontração. “Se tudo correrbem, até outubro ounovembro deve encerrar oprocesso de contratação”,afirmou. A estimativa daPrefeitura é que a PPPexigirá investimentos de R$500 milhões na gestão dosresíduos para que as usinasde lixo possam começar aoperar em 2018.Em maio de 2016, quandoabriu o chamamentopúblico de interessados emapresentar estudos deempreendimentos da PPP,cinco empresas semanifestaram interesse empatrocinar os estudos, massomente a RenovaAmbiental entregou.Ao mesmo tempo,Campinas dá um dosprincipais exemplosnegativos no Brasil. Alémde ainda não estaradequada à lei, a Prefeituraprepara a reativação doAterro Delta A para adotaruma prática ultrapassada:retomar a destinação dolixo na área que já tinhasido encerrada pela Cetesb,ainda no primeiro semestredesse ano. O projeto contacom o aval da Cetesb e estáprestes a obter também umsinal verde do MinistérioPúblico. A justificativa daPrefeitura é que, reativandoo Delta, vai economizar R$40 milhões por ano. Masserão investidos R$ 35milhões para cumprir todasas exigências legais para oprocesso. Teresa Penteado,ligada ao ConselhoMunicipal de MeioAmbiente (Comdema) deCampinas, é contra amedida, que qualifica como“retrocesso”. Para ela, aquestão precisa de umaabordagem mais modernae profunda. “Souradicalmente contra. Empaíses de Primeiro Mundoisso não existe mais, tudo éreaproveitado e viraenergia”, disse. “Reativar oaterro é um horror. Nãotem que ter lixo. Lixo temque ser reciclado. Quantodo nosso lixo é reciclado?Por que não existe aobrigação desse lixo serencaminhado ao localcorreto? Por que esse lixonão vira energia? Há umasérie de perguntas que nãosão resolvidas nemrespondidas. Eu soutotalmente contra. Vocêjoga o lixo no aterro, e emvez de poder colherbenefícios, se transformaem um problema para acidade inteira.” (ShanaPereira/AAN)

SILÊNCIO

SAIBA MAIS

NOVOS PRAZOS

A4 CORREIO POPULARA4Campinas, domingo, 5 de fevereiro de 2017