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Curso de Comunicação e Redação Científica Centro Técnico de Documentação Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo Maio/2016 Dr. Lilian N. Calò Comunicação Científica em Saúde BIREME/OPAS/OMS [email protected]

Aula 2 - Curso de Comunicação e Redação Científica

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Curso de Comunicação e Redação Científica

Centro Técnico de Documentação

Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo

Maio/2016

Dr. Lilian N. Calò Comunicação Científica em Saúde

BIREME/OPAS/OMS [email protected]

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2°aula • Modelos de negócio na publicação científica • Acesso aberto

Acesso aberto é a forma mais justa de prestar contas à sociedade dos recursos investidos em pesquisa

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Fluxo tradicional da comunicação científica

Fluxo sequencial para modelo de periódico impresso

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Modelo de negócios na publicação impressa

• Leitores pagam para ter acesso ao texto completo dos artigos dos principais e mais conceituados periódicos científicos

• Custos absorvidos pelas bibliotecas das instituições ou pelas agencias

de fomento • A escolha de quais periódicos assinar levam à criação do fator de

impacto em 1975 por Eugene Garfield, fundador do Institute for Scientific Information (ISI), hoje Science Citation Index (SCI) da Web of Knowledge, Thomson Reuters

• No caso de pesquisas financiadas com recursos públicos, as instituições financiadoras pagam duas vezes: ao financiar a pesquisa e para ter acesso à publicação

• 1990 – Crise das publicações científicas contra os grandes publishers >>> Movimento de Acesso aberto

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Breve histórico

•O Acesso aberto como movimento social se inicia nos anos 1960, mas se destacou com o surgimento da Web, nos anos 1990.

•Origem: crise das publicações seriadas (aumentos abusivos das taxas de assinatura pelos grandes publishers)

•Imposições dos publishers para aquisição de contratos por pacotes de periódicos

•Controle dos direitos de copyright pelos publishers

• O movimento foi favorecido pelo surgimento da Internet e das tecnologias em rede.

• O movimento aproxima a comunidade científica da sociedade:

•Carta da Public Library of Science (PLoS) em 2001 a favor do acesso aberto ao conhecimento assinada por milhares de pessoas

•Pressão dos próprios editores científicos e das universidades: Journal Declaration of Independence por Peter Suber

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Definição de Acesso Aberto

É a literatura digital, online, grátis e livre da maioria de restrições de copyright e outras licenças (Peter Suber)

Denominação anterior: Timeline of the Free Online Scholarship Movement

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Via dourada: periódicos que são financiadas por instituições, e oferecem os conteúdos de forma gratuita aos leitores desde o início, como os periódicos SciELO;

Via verde: artigos que são arquivados pelo autor em seu próprio site, mas artigos que foram aceitos para publicação mediante processo de revisão por periódicos acadêmicos;

Híbrido: autores pagam para que seus artigos sejam disponibilizados em acesso aberto em um periódico comercial. O periódico, portanto, fica disponibilizado pela Via dourada apenas nos artigos pagos pelo autor;

Embargo: periódicos por assinatura que, após um período de tempo (6 meses-2 anos) liberam os artigos, tornando-se esses também de acesso aberto pela Via dourada;

Por tempo limitado: periódicos oferecem alguns artigos em acesso aberto por um tempo limitado, como uma promoção, mas em seguida são removidos. Ex. H1N1, Ebola, Zika vírus

Formas de acesso aberto

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Acesso Grátis

(Free Access)

Se eliminam as barreiras

econômicas

Acesso Livre ou Aberto

(Open Access)

Se eliminam as barreiras

econômicas e algumas das barreiras derivadas de

copyrights

• Estima-se que 50% dos artigos publicados entre 2004 e 2011 estão disponíveis em AA (Scopus e Google Scholar)

• Outros estudos contabilizam 32% (WoS)

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Declarações em favor do Acesso Aberto (BBB)

•Budapest Open Access Initiative (Fev/2002)

Por acesso aberto entende-se disponibilidade ampla dos conteúdos, sendo permitido ler, baixar, copiar, distribuir, imprimir, fazer buscas, ou estabelecer links ao texto completo, indexar, copiar em software ou usar para qualquer propósito legal sem barreiras financeiras, legais ou técnicas, desde que citado o autor original e mantida a integridade do texto.

•Bethesda Declaration (Jun/2003)

•Berlin Declaration (Oct/2003)

Para um trabalho ser considerado AA, o detentor do direito de autor deve consentir antecipadamente com o uso, copia, distribuição e disponibilização pública do trabalho em meio digital, desde que a autoria seja mencionada e preservada.

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Progressos do movimento AA

• Progresso da Internet e das novas tecnologias de informação e comunicação

• Autores aproveitam este meio para aumentar a visibilidade e o impacto de seus trabalhos

• Novos grupos dedicados ao desenvolvimento de ferramentas open source que favorecem o movimento AA por meio da interoperabilidade e o intercambio de arquivos

• Open Archives Initiative (OAI): desenvolvimento e promoção de standards de interoperabilidade para uma difusão eficaz dos conteúdos nos repositórios

• Os ritmos lentos de publicação em comparação ao avanço rápido da ciência (ex. repositório arXiv na área de Física)

• Movimento Open Data – disponibilização de resultados (raw data) em AA. O plano dos Governos Abertos registra mais de 385 catálogos em 40 países que oferecem mais de um milhão de data-sets abertos. Os DA somam-se ao Acesso Aberto, Software Livre e Creative Commons

• Apoio de todos os setores da sociedade fora da Academia

• Boicote à editora Elsevier proposto por Timothy Gowers em Jan/2012. 16 mil pesquisadores assinam o documento “The Cost of Knowledge”

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Retrocessos do movimento AA

• Estudo de John Bohannon – Science -304 artigos fictícios aceitos em 157 periódicos AA

• Reação do publisher multinacional Elsevier contra o arquivamento de artigos em repositórios institucionais ou temáticos, amparados pelos direitos de autor conferido pela Digital Millennium Copyright Act

• Resposta da comunidade acadêmica e dos defensores do AA: “solução Harnad-Oppenheim” (autores devem estar atentos aos termos do contrato que assinam com as editoras)

• Texto de Jeffrey Beall – SciELO/Redalyc: a favela das publicações?

• Resposta da comunidade cientifica internacional – “Long live the favela”

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Scholarly Publishing and Academic Resources Coalition. http://sparc.arl.org/

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BOHANNON, J. Who’s Afraid of Peer Review? Science, Vol. 342, nº 6154, pp. 60-65. Disponível em: doi: 10.1126/science.342.6154.60.

“Quem tem medo da revisão- por-pares?”

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http://scholarlyoa.com/publishers/

Periódicos de acesso aberto não arbitrados de baixa qualidade (pseudojournals) cujo objetivo de seus publishers é coletar taxas de publicação

O fato de cobrar APC não qualifica um periódico/publisher como predatório. Ex. BioMed Central, PLoS, SciELO

Há pouquíssimos publishers predatórios na AL

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O Acesso Aberto é compatível com:

• Direitos autorais (copyrights)

• Qualidade das publicações e revisão por pares

• Modelos de gestão que incluem lucro

• Indexação

• Autoarquivamento

• Lucro

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Licenças Creative Commons

• De "all rights reserved“ copyright, a "some rights reserved”

• Licenças para a propriedade intelectual de trabalho criativo que tem por objetivo flexibilizar as proteções e a liberdade para autores, publishers e educadores;

• Usar uma das licenças CC é a forma mais fácil e usual para os detentores do direito autoral para manifestar seu consentimento ao uso do acesso aberto

• Os tipos de licenças variam de:

A licença mais ampla, permite distribuir, alterar, copiar inclusive comercialmente

A licença mais restrita, permite baixar e compartilhar, mas não comercialmente, e não modificar

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Vantagens do Acesso Aberto

• Para os autores:

• Para as instituições:

• Para tomadores de decisões em saúde:

• Para bibliotecários:

• Para profissionais de saúde:

• Para estudantes:

• Para o público em geral (quem paga os impostos):

• Para as agencias de fomento:

• Para os países:

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Diretórios

Directory of Open Access Journals (DOAJ) - http://doaj.org/ Directory of Open Access Repositories (DOAR) - http://www.opendoar.org/

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Modelos de financiamento para periódicos AA

• Segundo o DOAJ há mais de 9,7 mil periódicos AA no mundo

• Publishers interessados em AA devem desenvolver um modelo de negócios

• Modelo depende:

• dos objetivos da publicação • tamanho • administração de recursos • tolerância ao risco • impostos • afiliações institucionais

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• Taxas de publicação

• Publicidade

• Patrocínio

• Subsídios externos

• Subsídios institucionais

• Financiamentos governamentais

• Doações

• Contribuições de outra natureza

• Receita utilizando versão impressa

• Acesso aberto é compatível com lucro?

Formas de Receita

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Mandatos sobre Acesso Aberto

• Mandato- política adotada por uma instituição de pesquisa ou agencia de fomento ou governo que requer que pesquisadores depositem (auto arquivem) seus artigos publicados em repositórios de acesso aberto (via verde) ou periódicos em acesso aberto (via dourada) ou ambos

• Uma das primeiras instituições a adotar mandato de AA foi a Universidade Harvard (Fev/2008) e logo em seguida, o NIH (Abril/2008)

• A seguir vieram MIT, University College (UK), Queensland University of Technology (AU), Universidade do Minho (Portugal), Univ. Liège (Bélgica), ETH Zurich, Research Councils UK, Welcome Trust UK, European Research Council

• Hoje mais de 240 universidades e 90 agencias de fomento adotam mandatos de AA em todo o mundo. Lista completa em http://roarmap.eprints.org/

• Brasil – projeto de Lei 387/2011 submetido ao Senado Federal dispõe sobre o processo de registro e disseminação da produção técnica e científica pelas instituições de ensino superior e de pesquisa

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O caso do NIH

Lei 26/12/2007

Fonte: http://www.nihms.nih.gov/stats/

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Estudo mostra que os recursos gastos globalmente em assinaturas de periódicos podem ser completamente transferidos para um modelo de negócio de acesso aberto para liberar acesso aos periódicos

Dados de 2013. APC/artigo = € 2 mil

Fonte: COP, N. Recursos gastos globalmente em assinaturas de periódicos podem ser completamente transferidos para um modelo de negócio de acesso aberto para liberar acesso aos periódicos? SciELO em Perspectiva. http://goo.gl/oRIK1h

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Bibliografia

Linha do tempo Open Access Directory: http://oad.simmons.edu/oadwiki/Timeline

Declarations in support of OA http://oad.simmons.edu/oadwiki/Declarations_in_support_of_OA

International seminar Open Access for developing countries http://www.icml9.org/meetings/openaccess/

ARMS, W. Digital Libraries, 2000. http://www.cs.cornell.edu/wya/diglib/

Manual Best Practice Guidelines on Publishing Ethics: A Publisher’s Perspective http://exchanges.wiley.com/medialibrary/2014/03/12/19049c7c/Best%20Practice%20Guidelines%20on%20Publishing%20Ethics%202%20Ed.pdf

Self-Selected or Mandated, Open Access Increases Citation Impact for Higher Quality Research. Gargoury et. al. PLoS ONE 5(10), 2010. http://www.plosone.org/article/info%3Adoi%2F10.1371%2Fjournal.pone.0013636

NASSI-CALÒ, L. Quanto custa publicar em acesso aberto?. SciELO em Perspectiva. Available from: http://blog.scielo.org/blog/2013/09/18/quanto-custa-publicar-em-acesso-aberto/

SWAN, A. Guia UNESCO para políticas de desenvolvimento e promoção do acesso aberto. Paris: UNESCO, 2013. (em espanhol) http://unesdoc.unesco.org/images/0022/002225/222536S.pdf