Artigo O PROCESSO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM SERVIÇO SOCIAL NA UFTM

Preview:

DESCRIPTION

Debate sobre os elementos do processo de Formação Profissional. Artigo submetido, aprovado e apresentado no 11 Fórum de Estágio em Serviço Social na UFTM.

Citation preview

Claudia Caroline Delefrate Pereira

Discente do curso de Serviço Social da UFTM

Estagiária no Hospital de Clínicas UFTM/EBSERH

Cátia Silva

Assistente social no Hospital de Clínicas UFTM/EBSERH

Supervisora de campo

Eixo temático: estágio supervisionado,

processo de supervisão.

O PROCESSO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM SERVIÇO SOCIAL NA

UFTM: UM DEBATE SOBRE OS ELEMENTOS DO PROCESSO DE

FORMAÇÃO PROFISSIONAL

Percurso metodológico Fruto das experiências de estágio (7º período do curso de Serviço Social na UFTM);

Política Nacional de Estágio (PNE) e a defesa da formação de qualidade;

Estágio Supervisionado em Serviço Social;

Órgãos representativos e categoria;

Regulamentação da supervisão e Processo de Supervisão de Acadêmica e de Campo;

Plano de estágio;

Plano de Atuação do Assistente Social e Plano de atuação do estagiário.

Política Nacional de Estágio (PNE) e a defesa da formação de qualidade

A construção coletiva da Política Nacional de Estágio (PNE) foi um processo que se

originou a partir da urgência e da necessidade de defesa de um projeto profissional

vinculado a um projeto de sociedade em direção à defesa intransigente dos direitos e

visualizando a emancipação humana.

A discussão iniciou-se em 2009 com o chamado documento-base que subsidiou o

amplo debate coletivo (6 oficinas regionais de graduação da ABEPSS ) que discutiam o

referido documento e encaminharam propostas para a versão final da PNE.

O respaldo das Unidades de Formação Acadêmicas, professores, estudantes e

assistentes sociais a campanha da ABEPSS foi significativa e propositiva, tornando a

construção da PNE um elemento de mobilização efetiva em todo o país.

80 eventos;

Participação de 175 UFAs e 4. 445 participantes.

As implicações do estágio supervisionado curricular obrigatório na qualidade da

formação profissional do assistente social, é um processo analisado anteriormente a

criação e efetivação da PNE, tendo em vista que há fortes constatações no

descumprimento ao que é preconizado pelas Diretrizes Curriculares. Como por

exemplo, evidências a respeito da não realização da supervisão conjunta entre

supervisores acadêmicos e de campo e problemas relacionados à carga horária

prevista para essa atividade.

Órgãos representativos e categoria

Para amparar o debate a respeito do estágio supervisionado obrigatório

em Serviço Social, deve-se destacar a relevância de atores como Conjunto

CFESS/CRESS e a Executiva Nacional dos Estudantes de Serviço Social (ENESSO).

Regulamentação acerca da supervisão direta de estágio em Serviço

Social, deve estar em consonância com os princípios do Código de Ética Profissional ,

na Lei de Regulamentação da Profissão e com as exigências teórico-metodológicas

das Diretrizes Curriculares do Curso de Serviço Social aprovadas pela ABEPSS em

1996, bem como o disposto na Resolução CNE/CES 15/2002 e na Lei Nº 11.788, de 25

de setembro de 2008.

Estágio Supervisionado em Serviço Social

Com a construção coletiva da Política Nacional de Estágio (PNE), o estágio

supervisionado em Serviço Social passou a ser um dos articuladores da

categoria com o compromisso da defesa de um projeto profissional vinculado a

um projeto de sociedade em direção à defesa intransigente dos direitos.

O estágio supervisionado é parte integrante do processo de formação

profissional e, portanto, é componente da materialização e enraizamento do

Projeto Ético Político.

O estágio é a articulação entre teoria e prática no exercício profissional,

assim como estão definidas nas Diretrizes Curriculares de 1996.

Esse espaço de formação possibilita que o estagiário tenha

contato com a realidade social dinâmica e complexa, que precisa ser

desvelada no exercício da apreensão da totalidade, e das

contradições que se expressam no exercício profissional.

É nesse espaço que será forjada a construção do perfil

profissional capaz de decifrar a realidade e intervir de forma crítica e

propositiva.

Princípios norteadores para o estágio supervisionado em Serviço Social

Consonância como os princípios éticos‐políticos, do Código de Ética de 1993;

Indissociabilidade entre as dimensões teórico metodológica, ético‐político e

técnico‐operativa;

Articulação entre Formação e Exercício Profissional;

Indissociabilidade entre estágio e supervisão acadêmica e de campo

Articulação entre universidade e sociedade;

Unidade teoria‐prática;

Interdisciplinaridade;

Articulação entre ensino, pesquisa e extensão.

A necessidade de normatizar a relação direta, sistemática e contínua

entre as Instituições de Ensino Superior, as instituições campos de

estágio e os Conselhos Regionais de Serviço Social, na busca da

indissociabilidade entre formação e exercício profissional;

Importância de se garantir a qualidade do exercício profissional do

assistente social que, para tanto, deve ter assegurada uma

aprendizagem de qualidade, por meio da supervisão direta, além de

outros requisitos necessários à formação profissional.

Regulamentação da supervisão

Processo de Supervisão de Acadêmica e de Campo

O processo de supervisão está imbricado diretamente com a finalidade de

conhecer e refletir com os estagiários, a respeito da realidade profissional nos

campos de estágio, reconhecer os limites e possibilidades das respostas

profissionais nas diferentes organizações no enfrentamento das expressões da

"questão social".

A supervisão acadêmica também é cercada de instrumentalidade, tendo em

vista que uma das necessidades principais trabalho do assistente social!

Plano de Estágio

A construção do Plano de Estágio tem como caráter primordial a

participação, onde os supervisores e estagiário são sujeitos

fundamentais, com o objetivo de materializar um instrumento

pedagógico e político de qualificação da formação profissional.

E possibilita, uma forma de instrumentalidade do estagiário,

podendo compreender alternativas como, a elaboração de

instrumentos pedagógicos, como o diário de campo, projetos de

intervenção, e a correlação com a matriz teórica que o orienta esse

processo.

Instrumento pedagógico e político de qualificação da formação

profissional;

Instrumento teórico-prático que possibilita o planejamento do estágio,

onde viabiliza que as diretrizes da ação do estagiário serão definidas

com clareza para os três atores envolvidos no processo, e permite

suporte ao estagiário nos momentos de supervisões;

Direciona e orienta o processo de estágio, tendo em vista a clareza e a

criticidade a respeito da diferença entre os planos de atuação dos

assistentes sociais supervisores e do estagiário;

Análise conjuntural!

Característica processual!! Não se esgota em si mesmo. Está em constante “vir-a-ser”,

resultante da dinamicidade da realidade e das próprias mudanças que ele produz

durante sua execução. Portanto, é flexível. E que, por ser parte do processo de estágio,

o plano necessita de reflexão, decisão, ação e avaliação/revisão.

Qualquer Plano, Programa ou Projeto, apenas tem sentido à medida que for executado, e

sua execução só tem sentido, quando é avaliada em um processo contínuo de relação

dialética, a partir da práxis profissional;

Elaborado logo no início do estágio, pelos três atores, considerando os objetivos gerais,

os conhecimentos pertinentes ao atual período, e fazendo articulação com as

legislações pertinentes ao campo de estágio.

Plano de Atuação do Assistente Social e Plano de atuação do estagiário

A atuação do estagiário não deve ser confundida ou diluída

na atribuição do assistente social supervisor, mas deve compreender

uma leitura crítica da realidade e, incluir a capacidade de identificação

das condições materiais de vida, identificação das respostas do

âmbito estatal e da sociedade civil as demandas dos usuários. O

estágio é um também um espaço de luta e organização dos próprios

estagiários em prol dos seus direitos e da construção coletiva com

estratégias políticas e técnicas para um crescimento acadêmico.

Considerações Finais

Desafios na materialização do Estágio Supervisionado;

Desafios para a construção do Plano de estágio;

Desafios para a Supervisão De Estágio;

Lógica neoliberal;

Militância enquanto estagiários!

Desafios na materialização do estágio supervisionado

Um dos principais problemas a ser enfrentado na materialização do estágio como processo

formativo e da instituição social como possibilitadora desse exercício acadêmico-pedagógico

encontra-se no conflito e tensão existentes entre a exigência pedagógica e a determinação do

mercado que amplia sua tendência em substituir o processo pedagógico de ensino e

aprendizagem concebido como diretriz na formação profissional pelas unidades de ensino,

através da solicitação de alunos de 1° e 2° anos letivos para o estágio, sem terem ainda

adquirido os conhecimentos teóricos, as habilidades para essa inserção. Essa demanda do

mercado não pode sucumbir o projeto formativo de responsabilidade das unidades de ensino,

tornando-o refém dos ditames do mercado que impõe a mão-de-obra barata, e a

desqualificação (de)formativa ao aluno em sua condição de estudante-trabalhador.

(ABRAMIDES, 2003, p.14).

A construção é realizada a partir da concepção de homem, de mundo, de sociedade,

da instituição e das mediações que o estagiário é capaz de realizar. No entanto, não

podemos deixar de evidenciar que a construção desse instrumento deve ser pautada

pela postura ética e respeito à pluralidade.

Espera-se ainda que o estagiário seja capaz de estabelecer a relação entre o plano de

trabalho sugerido e as dificuldades e obstáculos presentes no cotidiano profissional

que devem ser superados no sentido de estabelecer os objetivos, as etapas, as

atividades e os instrumentos necessários para a atuação do estagiário.

Desafios para a construção do Plano de estágio

[...] que a atividade de supervisão direta do estágio em Serviço

Social constitui momento ímpar no processo ensino-

aprendizagem, pois se configura como elemento síntese na

relação teoria-prática, na articulação entre pesquisa e

intervenção profissional e que se consubstancia como exercício

teórico prático, mediante a inserção do aluno nos diferentes

espaços ocupacionais das esferas públicas e privadas, com

vistas à formação profissional, conhecimento da realidade

institucional e problematização teórico metodológica. (Resolução

CFESS, 2008, p.12).

Desafios para a supervisão de estágio

Devido à situação socioeconômica imperante, sob a lógica

neoliberal, os estágios estão adquirindo crescentemente o

caráter de emprego para o estagiário, inclusive no Serviço

Social: muitos alunos têm o estágio como fonte de renda,

inclusive para pagamento das mensalidades escolares, e

isto tem refletido diretamente na formação profissional.

(OLIVEIRA, 2004, p. 77).

É considerar que assim como o profissional se insere na

própria divisão sócio técnica do trabalho e suas condições

de trabalho estão intrinsecamente imbrincadas no

processo de produção capitalista, o discente/ estagiário

também sofre as diversas expressões da questão social

que implicam nas suas condições de sobrevivência e

incidem diretamente no seu processo de formação

profissional.

A luta contra a precarização do

ensino superior e a defesa do

projeto de formação

profissional também como

instrumento de luta!!!

“O momento que vivemos é um momento pleno de desafios. É preciso

resistir e sonhar. É necessário alimentar sonhos e concretizá-los dia a dia no horizonte de novos tempos

mais humanos, mais justos, mais solidários”.

Marilda Iamamoto

Dúvidas?

Muito Obrigada!

Referências ABESS/CEDEPSS. “Diretrizes gerais para o curso de Serviço Social.” In: Cadernos ABESS nº 7.

São Paulo: Cortez, p. 58, 1997.

ABRAMIDES, Maria Beatriz C. O ensino do trabalho profissional: O estágio na formação profissional. Palestra proferida na oficina da Região Sul II – Gestão 2003-2004 ABEPSS. São Paulo, 2003.

CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL Lei de Regulamentação da Profissão de Assistente Social. Lei nº 8662, de 07 de junho de 1993. Dispõe sobre a profissão de Assistente Social e dá outras providências.

_______ Código de Ética Profissional dos Assistentes Sociais. Resolução CFESS nº 273, de 13 de março de 1993 com as alterações introduzidas pelas Resoluções CFESS n.º 290/94 e nº 293/94.

_______ Resolução CFESS n° 493, de 21 de agosto de 2006. Dispõe sobre as condições éticas e técnicas do exercício profissional do assistente social.

FALEIROS, Vicente de Paula. Estratégias em Serviço Social. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1997.

FALKEMBACH, E. M. F. Diário de Campo: um instrumento de reflexão. Revista Contexto/Educação, Ijuí, Unijuí, v. 7, s.d.

GUERRA, Yolanda. Instrumentalidade do processo de trabalho e Serviço Social. In: Revista Serviço Social e Sociedade n. 62. São Paulo: Cortez, 2000.

LOPES, Roseli Esquerdo; MALFITANO, Ana Paula Serrata. Ação Social e intersetorialidade: relato de uma experiência na interface entre saúde, educação e cultura. Botucatu: Interface, 2006. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php. Acesso em: 27 mar. 2008.

OLIVEIRA, Cirlene A. H. da S. Formação profissional em Serviço Social: “velhos” e novos tempos, ... constantes desafios In: Revista Serviço Social e Realidade, v.13, n.2. Franca: UNESP, 2004.

_____. O estágio supervisionado na formação profissional do assistente social: desvendando significados In: Serviço Social e Sociedade nº 80. São Paulo: Cortez, 2004.

Recommended