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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICAAUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL
PROFESSOR RENATO FENILI
Prezado(a) amigo(a) concursando(a),
Como foi a semana de estudo? Espero que tudo esteja correndo dentro
do planejado.
Nesta aula veremos um assunto muito cobrado em concursos. Eis a
programação de hoje:
AULA CONTEÚDO
2 2. Modelos teóricos da Administração Pública:
patrimonialista, burocrático e gerencial
O tópico “A nova gestão pública” será abordado mais adiante em nosso
curso, após termos um embasamento histórico mais sólido da evolução da
Administração Pública em termos mundiais e nacionais.
Continuo na expectativa de uma participação intensa no fórum, ok?
Tudo pronto? Então vamos ao trabalho.
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2. MODELOS TEÓRICOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
2.1. A Administração Pública Brasileira: perspectiva histórico-
evolutiva
No último século, o Estado brasileiro observou uma evolução acelerada
em seus modelos de gestão. Rumou-se de um Estado oligárquico1 e
patrimonial, no início do século XX, para um Estado gerencial, no final do
século XX e início do XXI.
Logicamente, esta evolução em termos administrativos não veio só,
mas foi acompanhada de alterações significativas em termos políticos e
econômicos. A política de elites típica do início do século passado progrediu
em direção a uma democracia de sociedade civil, ao mesmo tempo em que
economia agrícola mercantil de outrora deu lugar a uma economia capitalista
globalizada.
A literatura da área identifica três “estágios” (ou modelos) de evolução
administrativa do Estado brasileiro, assim dispostos em ordem cronológica: o
patrimonialista, o burocrático e o gerencial.
Desde já, ressalta-se que tais estágios não são observados de modo
estanque, ou seja, sem a influência ou, até mesmo, a coexistência de traços
de modelos anteriores. Desta forma, a despeito de atualmente estar em
vigor o Estado gerencial, é possível a identificação de práticas típicas do
modelo burocrático e, até mesmo, patrimonialista. Eis que entre
organizações e até mesmo dentro de uma mesma organização, não
raramente encontram-se diferentes graus de penetração dos diversos
modelos organizacionais (SECCHI, 2009).
O quadro a seguir traz uma síntese da evolução do Estado brasileiro,
estratificada em termos políticos, econômicos e de modelos de gestão
(adaptado de Bresser-Pereira, 2001).
1Oligarquia é uma forma de governo na qual o poder político está concentrado em um pequeno número de pessoas,
usualmente constantes de famílias que detêm o poder e que o passam ao longo de gerações.
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EVOLUÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO
ASPECTO 18222-1930 1930-1985/1995 1985/1995 - ...
Política Oligárquica Autoritária Democrática
(1985)
Economia Agrícola-
mercantil
Capitalista
Industrial
Capitalismo Pós-
Industrial
Modelo de
Gestão
Patrimonialista Burocrático Gerencial (1995)
Nas próximas seções, veremos com detalhes os modelos de gestão
aqui mencionados.
2.2. A Administração Pública Patrimonialista
1. (CESPE / TRE – BA / 2010) A época em que predominava o
patrimonialismo no Brasil corresponde a um período de alta
centralização político-administrativa no país.
Preliminarmente, para melhor entendimento desta aula, é essencial
relembrarmos os períodos nos quais a História Brasileira é dividida, tomando
por base o relacionamento com Portugal, conforme sintetizado na fugura a
seguir:
2Em geral, adota-se a o ano de 1822 como marco inicial da análise de um modelo de gestão típico do Estado
brasileiro, tendo em vista ser este o ano da independência do Brasil. No entanto, as características patrimonialistas
remontam desde o início da colonização, como veremos na próxima seção.
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A noção de “patrimonialismo”, nos moldes daquilo que hoje estudamos,
é remetida ao sociólogo alemão Max Weber, ao referir-se a uma suposta
ação parasitária do Estado e de sua elite sobre a sociedade. Trata-se, assim,
de um tipo específico de dominação entre a autoridade política e o povo,
sendo normal a apropriação da coisa pública pelo governante como se sua
fosse (WEBER, 2004).
Historicamente, as raízes patrimonialistas brasileiras remontam ao
período do Brasil Colônia, em especial devido à influência de Portugal no
período medieval, onde não havia sequer a noção de “soberania popular”, e
onde havia o gasto indistinto das rendas pessoais e do governo, pelo
monarca.
No entanto, para nós, é de maior interesse restringir o período a partir
do momento que o Brasil torna-se independente de Portugal (1822) e, dessa
forma, passa a contar com uma administração própria. Nesta ótica, podemos
afirmar que o modelo gestão patrimonialista do Estado vigora desde a
independência até a década de 1930.
À época do Brasil-Império, em continuidade a uma política portuguesa
de séculos, formou-se uma elite essencialmente patrimonialista, que vivia da
renda do Estado ao invés da renda da terra. Eram juristas e letrados, muitas
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vezes ligados às famílias dos proprietários dos latifúndios, mas, antes de
tudo, eram sustentados pelo Estado.
No entanto, o fato era que essa elite política patrimonialista brasileira
não possuía poder suficiente para governar sozinha. Como salienta Bresser-
Pereira (2001), havia uma aliança entre o estamento (= camada)
patrimonialista com a burguesia mercantil dos senhores de terra – burguesia
esta que, no decorrer do século XIX, transformou-se de uma oligarquia de
senhores de engenho para uma oligarquia cafeeira paulista. Houve, assim,
durante o Império, um Estado Patrimonial Mercantil, sendo que a
autonomia da elite patrimonialista imperial com relação aos proprietários de
terra foi conquistada aos poucos, tendo por base o desenvolvimento do saber
jurídico formal, transformado em ferramenta de trabalho e em instrumento
de poder.
Seguindo os passos de Faoro (2001), falaremos um pouco da realidade
brasileira por volta de 1900. Nessa época, o Brasil contava com uma
aristocracia decadente que se via desprovida das rendas da terra (em
especial pelo declínio do ciclo do café). A camada social dominante era, na
realidade, formada por políticos patrimonialistas, que tiravam sua renda do
patrimônio do Estado, alimentado pelos impostos da burguesia mercantil.
Veja como Bresser-Pereira (2001) analisa este quadro:
Este estamento [a aristocracia brasileira por volta de 1900] não é maissenhorial, porque não deriva sua renda da terra, mas é patrimonial,
porque a deriva do patrimônio do Estado, que em parte se confunde com opatrimônio de cada um de seus membros. O Estado arrecada impostos das
classes, particularmente da burguesia mercantil, que são usados parasustentar o estamento dominante e o grande corpo de funcionários de nível
médio a ele ligados por laços de toda ordem. (BRESSER-PEREIRA, 2001, p.
4)
Dessa forma, trata-se de uma realidade na qual uma elite política
letrada e conservadora manda de forma autoritária. Preenchendo esta elite,
há uma camada de funcionários públicos cujos cargos eram denominados
sinecuras3 ou prebendas, sendo que o nepotismo, a corrupção e a troca
de favores (= clientelismo) era a regra geral.
O foco das ações estatais, nessa época, era o atendimento às
demandas da elite, de modo que as necessidades da população eram
relegadas a segundo plano. O cargo público era entendido, assim, como uma
3Sinecura (ou prebenda) significa um emprego rendoso e de pouco ou nenhum trabalho.
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mera extensão da esfera privada dos governantes, que exerciam suas
atribuições com a mais ampla liberdade.
O esquema abaixo traz as principais características do modelo de
administração patrimonialista:
Ausência de divisão entre propriedade pública e
propriedade privada;
Nepotismo, corrupção, troca de favores (=clientelismo) e
personalismo (= sociedade baseada em relações pessoais, e não
contratuais);
Arbitrariedade das decisões;
“Endeusamento” do soberano (Chefe do Executivo);
Descaso pelas demandas sociais;
Desorganização administrativa do Estado e inexistência de
carreiras administrativas.
Feita essa introdução, é momento de retornarmos à questão proposta:
(CESPE / TRE – BA / 2010) A época em que predominava o
patrimonialismo no Brasil corresponde a um período de alta centralização
político-administrativa no país.
Como veremos com detalhes, o patrimonialismo vigorou, no Brasil,
desde o Período Colonial, passando pelo Império e chegando à República
Velha (foram cerca de 4 séculos!). Assim, vários foram os modelos político-
administrativos que vigoraram ao longo desse período. Houve, inicialmente,
o sistema das Capitanias Hereditárias, marcado por uma descentralização
político-administrativa. Em seguida, a metrópole (Portugal) envidou esforços
à centralização administrativa, por meio do Governo Geral. Contudo, ao
chegarmos ao século XIX e início do XX, era sensível a descentralização
política devido à ação dos barões do café, que atuavam como “coronéis” em
suas localidades. Assim, a assertiva está errada.
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2. (CESPE / TRE – ES / 2011) O gestor público que se pauta pelo
modelo patrimonialista age de acordo com o princípio que
preconiza ser o Estado aparelho que funciona em prol da
sociedade.
O modelo patrimonialista é marcado pela indistinção, pelos governantes,
da propriedade pública e privada. Assim, a ação do governo é feita sem
resguardar a “coisa pública”, havendo amplo descaso pelas demandas
sociais.
A assertiva, portanto, está errada.
O Período de Transição
A Primeira República (também conhecida como República Velha) foi
marcada como um período de transição. Trata-se do período compreendido
entre a Proclamação da República (1889) e o golpe militar de 1930.
Conforme nos ensina Bresser-Pereira (2001), a Proclamação da
República tinha a pretensão de ser uma revolução da classe média. No
entanto, o regime militar do início da República teve vida curta – apenas
durante os governos de Deodoro da Fonseca e de Floriano Peixoto. Logo em
seguida, com a eleição, em 1894, de Prudente de Morais, retorna ao poder a
oligarquia cafeeira, mas agora associada ao estamento militar.
O golpe militar de 1889 foi, na realidade, uma iniciativa elitista. O
regime continuou oligárquico e as eleições, fraudulentas. Há estatísticas de
que o eleitorado subira de um para dois por cento da população com a
República.
Em síntese: a estrutura econômica e a de poder pouco mudou na
Primeira República. Pelo contrário, a oligarquia teve suas características
acentuadas. Nas palavras de Bresser-Pereira (2001, p. 8 e 9):
[...] com o estabelecimento da federação na Constituição de 1891, e adecorrente descentralização política de um Estado que no Império fora
altamente centralizado, o poder dos governadores e das oligarquias locaisaumentara ao invés de diminuir. Surge a política dos governadores, que
definiria os rumos políticos do país até 1930. Mas o aumento do poder dosgovernadores era contraditório: se de um lado tinham mais poder em relação
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à União, tinham menos em relação aos coronéis locais, dos quais passavam a
depender.
Este quadro implicava a insatisfação dos militares, que demandavam a
ordem e o progresso inerentes à bandeira republicana. Da mesma forma,
havia a indignação por parte dos liberais, que clamavam por democracia. Eis
que os movimentos militares da década de 1920 (em especial a Coluna
Prestes) desembocam na Revolução de 1930, responsável por colocar fim à
República Velha e, consequentemente, à hegemonia da oligarquia cafeeira
brasileira.
A Revolução de 1930 impediu a posse do presidente eleito Júlio
Prestes, sendo que Getúlio Vargas assumiu a chefia do Governo Provisório
por um período que durariam 15 anos. Dava-se início à consolidação de um
Estado autoritário e burocrático inserido em uma sociedade em que o
capitalismo industrial torna-se, enfim, dominante.
2.3. A Administração Pública Burocrática
3. (ESAF / CGU / 2004) Weber estudou as organizações que surgiramapós a revolução industrial e a formação do Estado, identificando
características que eram comuns e tipos de autoridade. Indique aopção que apresenta corretamente características do ideal tipo de
burocracia de Weber.
a) Excesso de regulamentos e valorização da hierarquia. b) Competência técnica e dominação tradicional
c) Dominação legal e carismática
d) Impessoalidade e profissionalismo
e) Mecanismo e racionalidade legal.
A Teoria da Burocracia de Weber
Muito do que falamos hoje de hierarquia e autoridade é proveniente da
Teoria da Burocracia, elaborada pelo sociólogo alemão Max Weber (1864-
1920), mas desenvolvida dentro da Administração na década de 1930, como
uma resposta às parcialidades da Abordagem Clássica (Teoria Clássica da
Administração, de Fayol e Administração Científica, de Taylor) –
excessivamente mecanizada – e da Escola de Relações Humanas (de Mayo) –
excessivamente centrada no indivíduo.
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Com o tamanho e a complexidade crescentes das organizações (que não
mais eram somente fábricas), era necessária a elaboração de um modelo de
organização extremanente racional, caracterizada por cargos
formalmente bem definidos, com hierarquia, autoridade e
responsabilidades claras e delimitadas. A esta modelo denominou-se
organização burocrática.
Destaca-se que, no sentido original, assim concebido por Weber,
burocracia está intimamente relacionada com eficiência. O sentido pejorativo
de “burocracia” ao qual estamos acostumados referem-se às disfunções (=
mal funcionamento) da concepção original. Vejamos o quadro abaixo:
TEORIA DA BUROCRACIA
CARACTERÍSTICAS DA
ORGANIZAÇÃO BUROCRÁTICA DISFUNÇÕES DA BUROCRACIA
Hierarquia bem definida (sistema
organizado em pirâmide,
representado no organograma da
empresa).
Hierarquia e autoridade muito rígidas
podem implicar resistência às
inovações.
Formalização (regras são formais,
protegendo a organização de ações
arbitrárias)
As regras passam a ser um “fim em
si mesmo”, ou seja, elas passam a
ser mais relevantes que os objetivos
organizacionais.
Processos passam a ser mais lentos,
com o excesso de regras
(“papelada”)
Impessoalidade nas relações
Distanciamento dos colaboradores,
que passam a não interagirem uns
com os outros.
Padronização de rotinas
A conformidade excessiva às rotinas
pode inibir criatividade e implicar
resistência às mudanças.
Profissionalização dos funcionários e
Meritocracia (mediante a existência
de formas de avaliação objetivas, os
cargos são ocupados por aqueles que
efetivamente detêm a competência
técnica para ocupá-los).
O ocupante de um cargo superior
exerce sua autoridade (=poder de
decisão) sobre os assuntos de sua
responsabilidade, independente de
seu conhecimento técnico.
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Com relação à questão proposta, o enunciado nos solicita a identificação
de características da burocracia idealizada por Weber. Seguem os
comentários às alternativas, identificando-se apenas as características que
não se enquadram na burocracia weberiana:
a) o excesso de regulamentos é uma disfunção da burocracia ideal. Em
concursos, sempre tome cuidado com as palavras que denotam um caráter
“radical”: excesso, totalmente, absolutamente, nunca etc. A alternativa está
errada.
b) “dominação tradicional” dá-se em virtude de crença em uma espécie de
“relação senhorial”, onde um manda e outro, simplesmente, obedece. Este
tipo de dominação não se baseia nas regras e normas, mas tão
simplesmente na relação entre pessoas. Não cabe, portanto, na Teoria
Burocrática. A alternativa está errada.
c) as relações, na burocracia de Weber, são impessoais. Assim, a
autoridade flui das regras, ou seja, a dominação é legal e normatizada, e não
baseada na figura de um líder (carismática). A alternativa está errada.
d) ambas as características estão de acordo com o conteúdo da tabela
vista anteriormente. A assertiva está certa.
e) o “mecanismo”, ou seja, a visualização da organização como se fosse
uma máquina, é inerente à Abordagem Clássica da Administração, e não da
Teoria da Burocracia. A assertiva está errada.
Resposta: D
O Modelo Burocrático na Administração Pública Brasileira
4. (CESPE / TRE – ES / 2011) A instituição, em 1936, do
Departamento de Administração do Serviço Público (DASP) teve
como objetivo suprimir o modelo patrimonialista de gestão.
A reforma burocrática na administração estatal brasileira inicia-se de
fato em 1936, sob a liderança de Getúlio Vargas. Naquele ano, criou-se o
Conselho Federal do Serviço Público Civil, consolidado, dois anos depois, no
Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP), criado no início do
Estado Novo pelo Decreto-Lei nº 579, de 1938.
Eram competências do D.A.S.P.:
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Decreto-Lei nº 579/1938, Art. 2º Compete ao D. A. S. P.:
a) o estudo pormenorizado das repartições, departamentos eestabelecimentos públicos, com o fim de determinar, do ponto de vista da
economia e eficiência, as modificações a serem feitas na organização dosserviços públicos, sua distribuição e agrupamentos, dotações orçamentárias,
condições e processos de trabalho, relações de uns com os outros e com opúblico;
b) organizar anualmente, de acordo com as instruções do Presidente daRepública, a proposta orçamentária a ser enviada por este à Câmara dos
Deputados;
c) fiscalizar, por delegação do Presidente da República e na conformidade das suas instruções, a execução orçamentária;
d) selecionar os candidatos aos cargos públicos federais, excetuadosos das Secretarias da Câmara dos Deputados e do Conselho Federal e os do
magistério e da magistratura;
e) promover a readaptação e o aperfeiçoamento dos funcionários civis daUnião;
f) estudar e fixar os padrões e especificações do material para uso nosserviços públicos;
g) auxiliar o Presidente da República no exame dos projetos de lei
submetidos à sanção;
h) inspecionar os serviços públicos;
i) apresentar anualmente ao Presidente da República relatório pormenorizado
dos trabalhos realizados e em andamento.
Um dos intuitos da instauração do sistema burocrático na
administração brasileira é o combate da corrupção e do nepotismo
inerentes ao modelo anterior, ou seja, a supressão de traços
parasitários do modelo anterior. Há, dessa forma, o foco em controles e
em procedimentos racionais, salientando-se a impessoalidade, o formalismo,
a hierarquia funcional, a profissionalização do servidor e a noção de uma
carreira pública, bem como a preocupação em ampliar o acesso ao Estado e
organizar a composição política com novos e emergentes atores sociais.
Assim, a questão proposta está certa.
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Basicamente, houve quatro fases inerentes ao modelo burocrático na
administração brasileira, representadas no quadro abaixo:
O MODELO BUROCRÁTICO NA ADMINISTRAÇÃO BRASILEIRA
FASE CARACTERÍSTICAS
O Modelo Clássico
Período: 1936 – 1945 (até o fim do Estado Novo
/ deposição de Getúlio Vargas);
Ênfase na reforma dos meios, tendo no D.A.S.P.
o órgão central responsável pela implantação de
uma burocracia clássica weberiana no País.
A volta do
clientelismo
Período: 1945 – 1951
Com a perda do autoritarismo inerente ao
regime do Estado Novo, o D.A.S.P. acaba por
perder muito de suas atribuições. Há o retorno
de práticas clientelistas e de velhos
componentes patrimonialistas.
Tentativa de
retomada do
ímpeto inicial
Período: 1951 – 1963
Com a volta de Getúlio Vargas ao poder (1951-
1954), inicia-se uma tentativa de retomada ao
ímpeto inicial de completar a implantação de
uma administração pública democrática. No
entanto, não só as forças atrasadas no
patrimonialismo eram obstáculos à reforma
burocrática, mas também as “novas” forças
comprometidas com o desenvolvimento
econômico opunham-se ao formalismo
burocrático.
Regime Militar e a
Reforma
Desenvolvimentista
de 1967
Período: 1964 – 1985
Implanta-se um regime autoritário
modernizador, burocrático-capitalista;
Procede-se à Reforma Administrativa de
1967, materializada no Decreto-Lei nº 200.
Trata-se de uma primeira tentativa de superação
da rigidez burocrática, inaugurando práticas
gerencialistas – em especial a descentralização
para a Administração Indireta. Introduz, dessa
forma, o chamado paradigma pós-
burocrático, marcado por uma gama de
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O MODELO BUROCRÁTICO NA ADMINISTRAÇÃO BRASILEIRA
FASE CARACTERÍSTICAS
práticas contrárias à burocracia:
descentralização, flexibilidade, busca por
resultados e orientação para o cidadão.
O esquema abaixo traz as principais características do modelo de
administração burocrático:
Impessoalidade e racionalidade na administração pública;
Especialização da administração pública e decorrente
profissionalização dos funcionários;
Meritocracia (observância de critérios racionais de competência
técnica para contratação e promoção de pessoal);
Padronização de rotinas e de procedimentos (falta de
flexibilidade);
Divisão do trabalho é racional;
Estado é centralizador e a hierarquia é baseada na autoridade;
Foco nas rotinas e no controle dos meios, e não no cliente
(cidadão).
5. (ESAF / CGU / 2008) Considerando a diferenciação conceitual
para fins didáticos dos modelos patrimonialista, burocrático egerencial da administração pública no Brasil, selecione a opção
que conceitua corretamente o modelo burocrático de gestão.
a) Estado centralizador, onipotente, intervencionista e espoliadopor uma elite que enriquece e garante privilégios por meio de
exclusão da maior parte da sociedade.
b) Estado centralizador, profissional e impessoal que busca a
incorporação de atores sociais emergentes e estabelece normas eregras de funcionamento.
c) Estado desconcentrado que privilegia a delegação decompetências para os municípios e foca o controle social de suas
ações.
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d) Estado coordenador de políticas públicas nas três esferas dafederação, visando à desburocratização dos processos
governamentais.
e) Estado descentralizado que tem como foco de suas ações o
contribuinte, que é visto como cliente dos serviços públicos.
a) Na realidade, esta assertiva lista algumas dos “defeitos” do modelo
burocrático no Brasil (onipotência estatal, enriquecimento
indiscriminado da elite etc.), e não características deste modelo. A
assertiva está errada;
b) A assertiva lista características que estão de acordo com a teria
vista anteriormente. Está, portanto, correta;
c) O Estado Burocrático é centralizado. A assertiva está errada;
d) Não faz sentido citar o intuito à desburocratização em um modelo
burocrático. A afirmativa está errada;
e) Mais uma vez, o Estado Burocrático é centralizado. Ainda, não há
foco no cliente (contribuinte). A afirmativa está errada.
Resposta: B
2.4. A Administração Pública Gerencial
Após uma conturbada transição, marcada pelo movimento das “Diretas
Já”, o Brasil retorna ao regime democrático em 1985. Há, nesse momento,
uma recuperação do poder pelos governadores dos estados, bem como o
surgimento dos prefeitos municipais como atores políticos relevantes.
Esta descentralização de poder foi, na realidade, fruto de uma crise
fiscal e política que assolava o País. Havia a demanda da sociedade civil por
maior autonomia dos estados e municípios, com vistas a melhor gerir os
interesses públicos. No entanto, o cenário econômico não poderia ter se
concretizado mais desfavorável: o fracasso do Plano Cruzado e profunda
crise fiscal nos anos 1988 e 1989 culminou no mergulho do País na
hiperinflação do início da década de 1990.
Em contrapartida, enquanto o País descentralizava-se no plano político,
no plano administrativo havia a centralização, por intermédio da Constituição
Federal de 1988, denotando um significativo retorno aos ideais burocráticos
de 1936. Para Bresser-Pereira (2001), este retrocesso burocrático resultou
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da crença equivocada de que a flexibilização da administração pública trazida
pelo Decreto-Lei nº 200/1967 seria o cerne da crise do Estado. Desta forma,
a soma de uma burocracia fortalecida pela CF/88 com a profunda crise
econômica implicou o desprestígio da administração pública brasileira, até
meados da década de 1990.
Interessante evidenciarmos as diferenças em termos administrativos e
políticos inerentes aos contextos do Decreto-Lei nº 200/1967 e da
Constituição Federal de 1988, ilustradas no esquema abaixo:
Após esforços pouco eficazes nos governo Collor (1990-1992) e Itamar
Franco (1992-1994), foi no governo de Fernando Henrique Cardoso que a
Reforma Administrativa passou a ser tema central no País.
A fim de dar o devido suporte à citada Reforma, criou-se, em 1995, o
Ministério da Administração e Reforma do Estado (MARE), nomeando-se o
ministro Bresser-Pereira a fim de levar a cabo as ações necessárias. Bresser-
Pereira, no mesmo ano, elabora o Plano Diretor de Reforma do Aparelho
do Estado (Pdrae), tomando por base a análise das reformas ocorridas em
outros países (em especial Inglaterra), bem como o livro Reinventando o
Governo4 (obra de David Osborn e Ted Gaebler).
Contando com o respaldo do então presidente Fernando Henrique, a
proposta acabou por ganhar o apoio de políticos e intelectuais. Foi aprovada
e teve como marco central a Emenda Constitucional nº 19, de 1998.
No modelo de administração pública gerencial, prioriza-se a
eficiência na atuação administrativa (aliás, foi a própria EC nº 19/98 que
inseriu o Princípio da Eficiência como norteador da atividade administrativa,
4A obra Reivnetando o Governo: como o espírito empreendedor está transformando o setor público, publicada em
1998, retrata a experiência ocorrida no Estado de Minnesota (EUA), devido a uma gestão inovadora promovida pelo
prefeito e vice-prefeito da cidade de Saint Paul.
Decreto-Lei no 200/67
Centralização Política
Descentralização Administrativa
Constituição Federal de 1988
Descentalização Política
Centralização Administrativa
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conforme consta do caput do art. 37 da CF/88). Aspectos como a qualidade
dos serviços ao cidadão, a redução de custos e a descentralização
administrativa passam a tomar forma como objetivos da gestão estatal.
Ainda, muito da linguagem e das ferramentas típicas da administração
privada foram trazidas para o âmbito da administração pública.
O esquema abaixo traz as principais características do modelo de
administração gerencial:
Orientação para a obtenção de resultados;
Foco no cidadão, entendido como cliente / usuário último da
administração pública;
Descentralização administrativa (delegação de autoridade),
priorizando os resultados e o seu controle (efetuado através de
contratos de gestão);
Descentralização política, transferindo-se recursos e atribuições
para os níveis políticos regionais e locais;
Fortalecimento e aumento da autonomia da burocracia estatal,
organizada em carreiras de Estado, passando a formular e a
gerir, juntamente com políticos e demais membros da sociedade,
as políticas públicas;
Terceirização de atividades auxiliares e de apoio, que passam a
ser licitadas competitivamente no mercado.
Por fim, é importante salientar que não há um “modelo puro” de
administração vigente no Brasil. O que existe é um misto dos modelos
ora estudados. Ainda há traços significativos do patrimonialismo, sendo a
corrupção, o clientelismo e a confusão entre o público e o privado manchetes
corriqueiras em nossos jornais.
Da mesma forma, o modelo de administração gerencial está apoiado
no burocrático, do qual conserva alguns de seus princípios fundamentais:
admissão por mérito (concurso público), planos de cargos e salários,
treinamento sistemático, estruturação hierárquica. A inovação deu-se, mais
propriamente, na adoção do controle voltado aos resultados (e não aos
procedimentos) e na nova visão que elege o cidadão como cliente dos
serviços da administração pública.
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É hora de revisarmos o conteúdo desta aula por meio de questões.
6. (ESAF / MPOG /2010) Acerca dos modelos de gestãopatrimonialista, burocrática e gerencial, no contexto brasileiro,
é correto afirmar:
a) cada um deles constituiu-se, a seu tempo, em movimento
administrativo autônomo, imune a injunções políticas,econômicas e culturais.
b) com a burocracia, o patrimonialismo inicia sua derrocada,sendo finalmente extinto com a implantação do gerencialismo.
c) o caráter neoliberal da burocracia é uma das principais causas de sua falência.
d) fruto de nossa opção tardia pela forma republicana degoverno, o patrimonialismo é um fenômeno administrativo sem
paralelo em outros países.
e) com o gerencialismo, a ordem administrativa se reestrutura,
porém sem abolir o patrimonialismo e a burocracia que, a seu
modo e com nova roupagem, continuam existindo.
Vejamos os comentários às alternativas:
a) Não há de se falar em um modelo administrativo imune a fatores
políticos, econômicos e culturais. Foi a crise econômica do final da
década de 1980, por exemplo, que impulsionou a demanda pela
adoção do modelo de administração gerencial. Da mesma forma, o
modelo patrimonialista está intimamente relacionado com o cenário
político (e clientelista) vigente em sua época. A alternativa está errada.
b) Como já comentamos, há profundos traços patrimonialistas vigentes
até hoje. Nepotismo, personalismo, clientelismo, corrupção. Há tão
somente uma nova roupagem da atuação patrimonialista na gestão
estatal.
c) O Neoliberalismo pode ser entendido como uma linha de pensamento
que defende a não participação do Estado na economia (é o chamado
“Estado-mínimo”). Almeja-se a total liberdade de mercado, sendo este
visto como um alicerce do crescimento econômico e social de um país.
A perspectiva neoliberal não é inerente à burocracia, mas sim a
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contrapõe, tendo em vista o objetivo de redução das atribuições
estatais a fim de que houvesse o exercício apenas de suas funções
básicas e indelegáveis. Desta forma, o neoliberalismo é uma corrente
de suporte à administração gerencial, e não burocrática. A alternativa
está errada.
d) O patrimonialismo (e, mais recentemente, o neopatrimonialismo) é um
modelo de ampla difusão no mundo. A despeito de ter sido superado
em alguns países, é ainda arraigado principalmente em culturas da
América Latina, África e Ásia (BRUHNS, 2012). A alternativa está,
portanto, errada.
e) A alternativa espelha de modo apropriado o “mix” de modelos
administrativos ora vigentes no Brasil. Está, assim, correta.
Resposta: E.
7. (ESAF / MPOG / 2009) Acerca do modelo de administração
pública gerencial, é correto afirmar que:
a) admite o nepotismo como forma alternativa de captação de
recursos humanos.
b) sua principal diferença em relação à administração burocrática
reside na forma de controle, que deixa de se basear nosprocessos para se concentrar nos resultados.
c) nega todos os princípios da administração públicapatrimonialista e da administração pública burocrática.
d) é orientada, predominantemente, pelo poder racional legal.
e) caracteriza-se pela profissionalização, ideia de carreira,
hierarquia funcional, impessoalidade e formalismo.
Vejamos os comentários às alternativas:
a) Na administração gerencial, a forma de captação de recursos humanos
é formal, nos moldes básicos do modelo burocrático – via concurso
público. A assertiva está errada.
b) A forma de controle é, realmente, o ponto chave na diferença entre os
modelos gerencial e burocrático. Passa-se a visar à aferição dos
resultados, ao invés do controle rígido dos procedimentos. A
alternativa está correta.
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c) Como vimos, a administração gerencial baseia-se em muitos pontos
básicos do modelo burocrático. A alternativa está errada.
d) O modelo que se orienta, predominantemente, pelo poder racional
legal é o burocrático. A alternativa está errada.
e) Os aspectos elencados pela alternativa são inerentes, mais uma vez,
ao modelo burocrático. A assertiva está, portanto, errada.
Resposta: B.
8. (ESAF / SUSEP / 2010) Uma adequada compreensão doprocesso evolutivo da administração pública brasileira nos
revela que:
a) o patrimonialismo se extingue com o fim da dominação
portuguesa, sendo o reinado de D. Pedro II o ponto de partidapara a implantação do modelo burocrático.
b) em um ambiente onde impera o gerencialismo, não há espaçopara o modelo burocrático.
c) a implantação do modelo gerencial, em fins do século passado,consolida o caráter burocrático-weberiano do aparelho do
Estado, notadamente na administração direta.
d) de certa forma, patrimonialismo, burocracia e gerencialismo
convivem em nossa administração contemporânea.
e) a importância do modelo gerencial se expande a partir do
momento em que a administração direta se robustece, nos anos
1950, em paralelo à crescente industrialização do país.
Vejamos os comentários às alternativas:
a) No Brasil, o patrimonialismo foi o modelo administrativo dominante até
1936. A oligarquia cafeeira associada ao estamento estatal de juristas
e letrados aproveitava-se do Estado a fim de promover vantagens
pessoais. A alternativa está errada.
b) Como vimos na questão anterior, algums princípios basilares da
administração burocrática permanecem na administração pública
gerencial. Impessoalidade, treinamento sistemático, avaliação de
desempenho, hierarquia entre outros são exemplos. A afirmativa está
errada.
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c) A implantação do modelo gerencial, na realidade, corresponde a uma
contraposição do caráter burocrático-weberiano do modelo anterior,
reduzindo custos e primando pela eficiência na gestão. A afirmativa
está errada.
d) Como vimos, a realidade brasileira é a convivência de modelos
distintos de administração, sendo que os anteriores (patrimonialismo e
burocrático) apenas apresentam nova roupagem. A assertiva está
correta.
e) A expansão do modelo gerencial, no Brasil, dá-se na década de 1990.
A alternativa está errada.
Resposta: D
9. (ESAF / MPOG / 2008) Os tipos primários de dominaçãotradicional são os casos em que falta um quadro administrativo
pessoal do senhor. Quando esse quadro administrativopuramente pessoal do senhor surge, a dominação tradicional
tende ao patrimonialismo, a partir de cujas característicasformulou-se o modelo de administração patrimonialista.
Examine os enunciados a seguir, sobre tal modelo deadministração, e marque a resposta correta.
1. O modelo de administração patrimonialista caracteriza-se pelaausência de salários ou prebendas, vivendo os “servidores” em
camaradagem com o senhor a partir de meios obtidos de fontesmecânicas.
2. Entre as fontes de sustento dos “servidores” no modelo de administração patrimonialista incluem-se tanto a apropriação
individual privada de bens e oportunidades quanto adegeneração do direito a taxas não regulamentado.
3. O modelo caracteriza-se pela ausência de uma clarademarcação entre as esferas pública e privada e entre política e
administração; e pelo amplo espaço à arbitrariedade material evontade puramente pessoal do senhor.
4. Os “servidores” não possuem formação profissional especializada, mas, por serem selecionados segundo critérios de
dependência doméstica e pessoal, obedecem a formas específicas
de hierarquia patrimonial.
a) Estão corretos os enunciados 2, 3 e 4.
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b) Estão corretos os enunciados 1, 2 e 3. c) Estão corretos somente os enunciados 2 e 3.
d) Estão corretos somente os enunciados 1 e 3.
e) Todos os enunciados estão corretos.
Passemos à análise das assertivas acima:
1) Como vimos na exposição teórica, a administração patrimonial
caracteriza-se pela existência de cargos que são, na realidade, sinecuras ou
prebendas, ou seja, são ocupações rendosas e de pouco ou nenhum
trabalho. A assertiva está errada.
2) No patrimonialismo, com a indistinção das esferas pública e privada, os
“servidores” agiam de forma arbitrária, apropriando-se de tributos coletados
junto à coletividade ou de demais bens e oportunidades oriundas do Estado.
A assertiva está correta.
3) Esta, como vimos, é a principal característica do patrimonialismo: a
ausência de uma clara demarcação entre as esferas pública e privada (e
entre política e administração). O patrimônio pessoal do governante é
misturado com o estatal, como se apenas um fossem. A afirmativa está,
assim, correta.
4) Apesar de ter havido alguma polêmica acerca desta assertiva, o correto é
que a noção de hierarquia é algo inerente ao modelo burocrático. Com
esse entendimento, a assertiva está errada.
Resposta: C.
10. (ESAF / Receita Federal / 2009) Considerando os modelosteóricos de Administração Pública, é incorreto afirmar que, em
nosso país:
a) o maior trunfo do gerencialismo foi fazer com que o modelo
burocrático incorporasse valores de eficiência, eficácia e competitividade.
b) o patrimonialismo pré-burocrático ainda sobrevive, por meiodas evidências de nepotismo, gerontocracia e designações para
cargos públicos baseadas na lealdade política.
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c) a abordagem gerencial foi claramente inspirada na teoriaadministrativa moderna, trazendo, para os administradores
públicos, a linguagem e as ferramentas da administraçãoprivada.
d) no Núcleo Estratégico do Estado, a prevalência do modeloburocrático se justifica pela segurança que ele proporciona.
e) tal como acontece com o modelo burocrático, o modelo
gerencial adotado também se preocupa com a função controle.
Vejamos os comentários às alternativas:
a) Há uma inversão de lógica nesta alternativa. Na realidade, não foi o
modelo burocrático que incorporou traços do gerencial, e sim o
contrário (o modelo gerencial manteve traços basilares do burocrático).
Dessa forma, a assertiva está errada.
b) Os aspectos salientados na afirmativa realmente referem-se a traços
do patrimonialismo que sobrevivem até os dias atuais. Cabe o
esclarecimento de que gerontocracia é a liderança oligárquica
composta por membros mais velhos do que a maior parte da
população adulta. A alternativa está correta.
c) Como vimos, o modelo gerencial efetivamente trouxe para o contexto
da administração pública muito da linguagem e das ferramentas típicas
da administração privada. A alternativa está correta.
d) Esta alternativa foi alvo de uma série de recursos, não acatados pela
ESAF. Na realidade, o Pdrae realmente defende a manutenção da
administração burocrática no núcleo estratégico do estado, em
conjunto com a gerencial:
[...] no núcleo estratégico, em que o essencial é a correção das decisõestomadas e o princípio administrativo fundamental é o da efetividade,
entendido como a capacidade de ver obedecidas e implementadas comsegurança as decisões tomadas, é mais adequado que haja um misto de
administração burocrática e gerencial.
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Note que não há a expressa menção à “prevalência” de um modelo
sobre o outro, mas sim de um misto entre eles. De qualquer forma, a
banca considerou como correta esta alternativa.
e) Logicamente ambos os modelos (burocrático e gerencial) preocupam-
se com a função controle. A diferença reside no fato de o modelo
burocrático visar ao controle dos procedimentos, ao passo que o
gerencial almeja o controle dos resultados. A alternativa está correta.
Resposta: A
11. (ESAF / SMJ – RJ / 2010) No Brasil, o modelo de
administração burocrática:
a) atinge seu ápice ao final da década de 1950, com a instalaçãodo Ministério da Desburocratização.
b) emerge nos anos 1930, sendo seu grande marco a criação doDASP.
c) permanece arraigado, em sua forma weberiana, até nossos dias, sendo esta a razão da falência do modelo gerencial.
d) deve-se mais à política do café-com-leite que ao início doprocesso de industrialização.
e) foi completamente substituído pelo modelo gerencial
implantado ao final do século XX.
Vejamos os comentários às alternativas:
a) O Ministério da Desburocratização foi um órgão existente entre 1979 e
1986, com o objetivo de diminuir o impacto do modelo burocrático,
que, à época, apresentava uma série de disfunções. Marca, assim, a
queda do modelo de administração burocrática, e não o seu ápice. A
alternativa está errada.
b) A alternativa mostra-se de acordo com o que vimos nesta aula. Está,
assim, correta.
c) Há, na realidade, dois erros nesta alternativa. Primeiramente, a
burocracia dita weberiana, ou seja, na sua forma pura, nunca foi
efetivamente implantada no Brasil. O patrimonialismo sempre esteve
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presente. Ademais, não houve “falência do modelo gerencial”. A
alternativa está errada.
d) O modelo de administração burocrática surge como uma resposta à
arbitrariedade do patrimonialismo, típico da política café-com-leite. A
alternativa está errada.
e) Como vimos nas questões anteriores, não há um modelo único vigente
no Brasil. O modelo gerencial convive com traços do patrimonialista e
do burocrático. A assertiva está, portanto, errada,
Resposta: B.
12. (ESAF / ANA / 2009) Com a chegada da família real
portuguesa, em 1808, o Brasil foi, em muito, beneficiado por D.João VI. Sobre a forma de administração pública vigente
naquele período, pode-se afirmar corretamente que a coroa
portuguesa exerceu uma administração pública:
a) burocrática, pois, a despeito das inovações trazidas por D.João VI, ainda assim o aparelho do Estado funcionava como mera
extensão do poder do soberano, não havendo diferenciação entrea res publica e a res principis.
b) gerencial, com foco na racionalização e na qualidade dosserviços públicos prestados e tendo por objetivo primordial o
desenvolvimento econômico e social de sua então colônia.
c) patrimonialista, pois, a despeito das inovações trazidas por D.
João VI, ainda assim o aparelho do Estado funcionava como meraextensão do poder do soberano, não havendo diferenciação entre
a res publica e a res principis.
d) burocrática, com foco na racionalização e na qualidade dos
serviços públicos prestados e tendo por objetivo primordial o
desenvolvimento econômico e social de sua então colônia.
e) patrimonialista, uma vez que, a fim de combater a corrupção,
centrou suas ações na profissionalização e na hierarquiafuncional dos quadros do aparelho do Estado, dotando-o de
inúmeros controles administrativos.
Até a década de 1930, predominou no Brasil o modelo de
administração patrimonialista, cujas origens remontam à época de Portugal
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medieval. Com esse entendimento, as alternativas A, B e D seriam, de início,
descartadas.
Como vimos, o patrimonialismo é marcado pela indistinção, pelo
soberano, entre a coisa privada (res principis) e a coisa pública (res publica).
Eis que a alternativa C está correta.
A alternativa E mostra-se equivocada, tendo em vista que se refere, na
verdade, ao modelo administrativo burocrático, e não patrimonialista.
Resposta: C
13. (ESAF / CGU / 2004) Ao longo de sua história, aadministração pública assume formatos diferentes, sendo os
mais característicos o patrimonialista, o burocrático e ogerencial. Assinale a opção que indica corretamente a descrição
das características da administração pública feita no texto aseguir.
O governo caracteriza-se pela interpermeabilidade dos
patrimônios público e privado, o nepotismo e o clientelismo. Apartir dos processos de democratização, institui-se uma
administração que usa, como instrumentos, os princípios de um
serviço público profissional e de um sistema administrativoimpessoal, formal e racional.
a) Patrimonialista e gerencial
b) Patrimonialista e burocrático c) Burocrático e gerencial
d) Patrimonialista, burocrático e gerencial
e) Burocrático
O texto apresentado pela questão pode ser dividido em dois excertos:
“O governo caracteriza-se pela interpermeabilidade dos
patrimônios público e privado, o nepotismo e o clientelismo.” →trata-se de características do modelo de administração
patrimonialista, conforme vimos nesta aula;
“... uma administração que usa, como instrumentos, os princípios
de um serviço público profissional e de um sistema administrativoimpessoal, formal e racional.” → o profissionalismo do serviço
público, bem como o formalismo, a impessoalidade e aracionalidade são atributos típicos do modelo de administração
burocrático.
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Desta forma, a alternativa B está correta.
14. (ESAF / CGU / 2006) Complete a frase a seguir com a
opção correta.
O .................... é uma forma da administração pública que se caracteriza pela privatização do Estado, pela interpermeabilidade
dos patrimônios público e privado. O príncipe não faz claradistinção entre patrimônio público e seus bens privados.
a) modelo patrimonialista
b) modelo burocrático c) modelo gerencial
d) modelo racional-legal
e) modelo estruturalista
O propósito desta questão é apenas reforçar o conteúdo já visto. O
modelo administrativo marcado pela indistinção dos patrimônios público e
privado é o patrimonialista.
Resposta: A
15. (ESAF / MPOG / 2002) A administração pública burocrática
surgiu no século XIX em substituição às formas patrimonialistas
de administrar o Estado. Indique qual das informações a seguir
define as diferenças entre estas duas abordagens.
a) No patrimonialismo não existe uma definição clara entre
patrimônio público e bens privados, com a proliferação do
nepotismo e da corrupção enquanto a burocracia é uma
instituição administrativa que usa os princípios da racionalidade,
impessoalidade e formalidade em um serviço público
profissional.
b) No patrimonialismo os governantes consideram-se donos do
Estado e o administram como sua propriedade, sendo Weber um
dos seus defensores. A administração pública burocrática surgiu
como uma resposta ao aumento da complexidade do Estado e à
necessidade de organização das forças armadas.
c) No patrimonialismo a administração pública era um
instrumento para garantir os direitos de propriedade, já a
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administração pública burocrática estabeleceu uma definição
clara entre res publica e bens privados.
d) No patrimonialismo a administração pública é governada pela
preservação e desenvolvimento do patrimônio do Estado, sem se
preocupar com a defesa dos direitos civis e sociais. A
administração burocrática está ligada ao conceito do Estado de
Bem-Estar Social, combatendo o nepotismo e a corrupção.
e) No patrimonialismo a autoridade é exclusivamente hereditária,
gerando corrupção e ineficiência, enquanto a estratégia adotada
pela administração pública burocrática – o controle formalista
dos procedimentos – garante uma melhor utilização dos recursos
públicos.
Vejamos os comentários às alternativas:
a) A alternativa espelha de modo apropriado as características principais
dos modelos patrimonialista e burocrático. Está, portanto, correta.
b) Há dois erros nesta alternativa. Primeiramente, Weber é defensor do
modelo de administração burocrática, e não patrimonialista. Da mesma
forma, foi o modelo gerencial (e não o burocrático) que surgiu como
resposta ao aumento da complexidade do Estado. A assertiva está
errada.
c) Apenas a primeira parte da alternativa está errada. Devemos ter em
mente que a burocracia surge como uma resposta às arbitrariedades
dos soberanos (absolutistas, usualmente) patrimonialistas. Visa a
impor normas impessoais, protegendo a liberdade individual e o direito
de propriedade privada, fatores que eram de grande interesse da
camada capitalista industrial em ascensão. Desta forma, a alternativa
está errada.
d) Primeiramente, o patrimonialismo age de modo parasitário com relação
ao patrimônio do Estado. Não visa, assim, à “preservação” e ao
“desenvolvimento” estatal. Da mesma forma, como veremos com mais
detalhe ao longo de nosso curso, o modelo burocrático, devido à sua
ineficiência disfuncional, comprometeu muito do desempenho
satisfatório do Estado do Bem-Estar Social. A afirmativa está errada.
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e) A autoridade, no modelo patrimonialista, não é exclusivamente
hereditária. A alternativa está errada.
Resposta: A
16. (ESAF / STN / 2008) Para Max Weber, burocracia é a
organização eficiente por excelência. Ele destaca que este
modelo possui características que lhe são próprias e inúmeras
vantagens em relação a outras formas. Entretanto, suas
disfunções fazem com que o conceito popular seja exatamente
o inverso. Analise as opções a seguir e marque a resposta
correta.
i) A burocracia é baseada em características que têm como
consequência a previsibilidade do comportamento humano e a
padronização do desempenho dos participantes, cujo objetivo
final é a máxima eficiência da organização.
ii) Weber viu inúmeras vantagens que justificam o avanço da
burocracia sobre as demais formas de associação.
iii) A burocracia apresenta disfunções que têm como
consequência a previsibilidade do funcionamento da organização.
iv) Weber entendia que as características da burocracia
contribuíam, em parte, para a segurança dos processos
organizacionais.
a) Estão corretos os enunciados i, iii e iv.
b) Estão corretos os enunciados ii, iii e iv.
c) Estão corretos somente os enunciados i e iii.
d) Estão corretos somente os enunciados i e ii.
e) Todos os enunciados estão corretos
Vejamos os comentários às assertivas:
i) A assertiva elenca, de forma apropriada, características inerentes à
burocracia. Note que, na concepção de Weber, o modelo burocrático é
dotado de capacidade de máxima eficiência. A afirmativa está correta.
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ii) A precisão, o rigor, o formalismo procedimental e a racionalidade do
modelo burocrático são características que, na concepção de Weber,
justificariam o avanço da burocracia sobre todas as formas organizacionais.
A afirmativa está correta.
iii) A previsibilidade do funcionamento da organização não é uma disfunção
da burocracia. Ao contrário, a previsibilidade é uma das condições sobre as
quais é apoiado o modelo burocrático, pautado no controle de processos de
rotina. A assertiva está errada.
iv) Nada melhor do que recorrer à Weber para a melhor discussão desta
alternativa:
"A razão decisiva do avanço da organização burocrática sempre foi sua
superioridade puramente técnica sobre qualquer outra forma. A relação entre
um mecanismo burocrático plenamente desenvolvido e as outras formas é
análoga a relação entre uma máquina e métodos não-mecânicos de produção
de bens. Precisão, rapidez, univocidade, conhecimento da
documentação, continuidade, discrição, uniformidade, subordinação
rigorosa, diminuição de atritos e custos materiais e pessoais alcançam
o ótimo numa administração rigorosamente burocrática". (WEBER, 2004,
p.212).
Os atributos destacados em negrito, no trecho acima, podem ser
associados à segurança (= minimização de falhas) dos processos
organizacionais. O erro da alternativa está, tão somente, pela inclusão da
expressão “em parte”. A burocracia efetivamente contribui para a segurança
dos processos organizacionais.
Resposta: D
17. (ESAF / MPOG / 2003) O século XIX marca o surgimentode uma administração pública burocrática em substituição às
formas patrimonialistas de administrar o Estado. 0 chamado"patrimonialismo" significa a incapacidade ou relutância do
governante em distinguir entre o patrimônio público e seusbens privados.
Assinale a opção que indica corretamente as características da
administração pública burocrática.
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a) Serviço público profissional, flexibilidade organizacional enepotismo.
b) Serviço público profissional e um sistema administrativo frutode um arranjo político, formal e racional.
c) Serviço público profissional e um sistema administrativoimpessoal, formal e racional.
d) Serviço público fruto de um arranjo entre as forças políticas e
um sistema administrativo seletivo de acordo com os diversosgrupos de sustentação da base de governo.
e) Serviço público orientado para o consumidor, ênfase nosresultados em detrimento dos métodos e flexibilidade
organizacional.
Vejamos os comentários às alternativas:
a) Flexibilidade organizacional é típica do gerencialismo. Nepotismo, do
patrimonialismo. A alternativa está errada.
b) Um sistema administrativo fruto de um “arranjo político” é
característica do patrimonialismo. A alternativa está errada.
c) Tais atributos efetivamente são inerentes ao sistema burocrático. A
alternativa está correta.
d) Um sistema administrativo fruto de um “arranjo político” é
característica do patrimonialismo. Ainda, o sistema administrativo na
burocracia não é seletivo, e sim pautado na padronização e na
universalidade de procedimentos. A alternativa está errada.
e) Tais atributos são inerentes ao modelo gerencial. A alternativa está
errada.
Resposta: C
18. (CESPE / MPS / 2010) Raymundo Faoro, em sua clássica
obra Os Donos do Poder, ao confrontar o Estado patrimonial
com o feudal, já se referia ao sistema patrimonial como aquele
que, ao contrário dos direitos, dos privilégios e das obrigações
fixamente determinados do feudalismo, prende os servidores
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em uma rede patriarcal, na qual eles representam a extensão
da casa do soberano.
O enunciado retrata de modo apropriado a indefinição de fronteiras
(pública e privada) típica do modelo patrimonial. Eis o sentido da
comparação com a gestão pública como se fosse “uma extensão da casa do
soberano”. Raymundo Faoro é considerado, juntamente com Sérgio Buarque
de Holanda, um dos principais autores que analisam, sob a ótica cultural, o
patrimonialismo.
A questão está certa.
Bom, ficaremos por aqui nesta segunda aula. Espero uma participação
ativa no fórum.
Uma ótima semana de estudos!
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QUESTÕES APRESENTADAS NESTA AULA:
1. (CESPE / TRE – BA / 2010) A época em que predominava o
patrimonialismo no Brasil corresponde a um período de alta
centralização político-administrativa no país.
2. (CESPE / TRE – ES / 2011) O gestor público que se pauta pelo
modelo patrimonialista age de acordo com o princípio que
preconiza ser o Estado aparelho que funciona em prol da
sociedade.
3. (ESAF / CGU / 2004) Weber estudou as organizações que
surgiram após a revolução industrial e a formação do Estado,identificando características que eram comuns e tipos de
autoridade. Indique a opção que apresenta corretamentecaracterísticas do ideal tipo de burocracia de Weber.
a) Excesso de regulamentos e valorização da hierarquia.
b) Competência técnica e dominação tradicional c) Dominação legal e carismática
d) Impessoalidade e profissionalismo
e) Mecanismo e racionalidade legal.
4. (CESPE / TRE – ES / 2011) A instituição, em 1936, do
Departamento de Administração do Serviço Público (DASP) teve
como objetivo suprimir o modelo patrimonialista de gestão.
5. (ESAF / CGU / 2008) Considerando a diferenciação conceitualpara fins didáticos dos modelos patrimonialista, burocrático e
gerencial da administração pública no Brasil, selecione a opçãoque conceitua corretamente o modelo burocrático de gestão.
a) Estado centralizador, onipotente, intervencionista e espoliadopor uma elite que enriquece e garante privilégios por meio de
exclusão da maior parte da sociedade.
b) Estado centralizador, profissional e impessoal que busca a
incorporação de atores sociais emergentes e estabelece normas eregras de funcionamento.
c) Estado desconcentrado que privilegia a delegação decompetências para os municípios e foca o controle social de suas
ações.
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d) Estado coordenador de políticas públicas nas três esferas dafederação, visando à desburocratização dos processos
governamentais.
e) Estado descentralizado que tem como foco de suas ações o
contribuinte, que é visto como cliente dos serviços públicos.
6. (ESAF / MPOG /2010) Acerca dos modelos de gestão
patrimonialista, burocrática e gerencial, no contexto brasileiro,é correto afirmar:
a) cada um deles constituiu-se, a seu tempo, em movimento
administrativo autônomo, imune a injunções políticas,econômicas e culturais.
b) com a burocracia, o patrimonialismo inicia sua derrocada,sendo finalmente extinto com a implantação do gerencialismo.
c) o caráter neoliberal da burocracia é uma das principais causas de sua falência.
d) fruto de nossa opção tardia pela forma republicana degoverno, o patrimonialismo é um fenômeno administrativo sem
paralelo em outros países.
e) com o gerencialismo, a ordem administrativa se reestrutura,
porém sem abolir o patrimonialismo e a burocracia que, a seu
modo e com nova roupagem, continuam existindo.
7. (ESAF / MPOG / 2009) Acerca do modelo de administraçãopública gerencial, é correto afirmar que:
a) admite o nepotismo como forma alternativa de captação de
recursos humanos.
b) sua principal diferença em relação à administração burocrática
reside na forma de controle, que deixa de se basear nos
processos para se concentrar nos resultados.
c) nega todos os princípios da administração pública
patrimonialista e da administração pública burocrática.
d) é orientada, predominantemente, pelo poder racional legal.
e) caracteriza-se pela profissionalização, ideia de carreira,hierarquia funcional, impessoalidade e formalismo.
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8. (ESAF / SUSEP / 2010) Uma adequada compreensão doprocesso evolutivo da administração pública brasileira nos
revela que:
a) o patrimonialismo se extingue com o fim da dominaçãoportuguesa, sendo o reinado de D. Pedro II o ponto de partida
para a implantação do modelo burocrático.
b) em um ambiente onde impera o gerencialismo, não há espaçopara o modelo burocrático.
c) a implantação do modelo gerencial, em fins do século passado,consolida o caráter burocrático-weberiano do aparelho do
Estado, notadamente na administração direta.
d) de certa forma, patrimonialismo, burocracia e gerencialismo
convivem em nossa administração contemporânea.
e) a importância do modelo gerencial se expande a partir do
momento em que a administração direta se robustece, nos anos1950, em paralelo à crescente industrialização do país.
9. (ESAF / MPOG / 2008) Os tipos primários de dominaçãotradicional são os casos em que falta um quadro administrativo
pessoal do senhor. Quando esse quadro administrativopuramente pessoal do senhor surge, a dominação tradicional
tende ao patrimonialismo, a partir de cujas característicasformulou-se o modelo de administração patrimonialista.
Examine os enunciados a seguir, sobre tal modelo deadministração, e marque a resposta correta.
1. O modelo de administração patrimonialista caracteriza-se pela
ausência de salários ou prebendas, vivendo os “servidores” em camaradagem com o senhor a partir de meios obtidos de fontes
mecânicas.
2. Entre as fontes de sustento dos “servidores” no modelo de administração patrimonialista incluem-se tanto a apropriação
individual privada de bens e oportunidades quanto adegeneração do direito a taxas não regulamentado.
3. O modelo caracteriza-se pela ausência de uma clarademarcação entre as esferas pública e privada e entre política e
administração; e pelo amplo espaço à arbitrariedade material evontade puramente pessoal do senhor.
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4. Os “servidores” não possuem formação profissional especializada, mas, por serem selecionados segundo critérios de
dependência doméstica e pessoal, obedecem a formas específicasde hierarquia patrimonial.
a) Estão corretos os enunciados 2, 3 e 4.
b) Estão corretos os enunciados 1, 2 e 3.
c) Estão corretos somente os enunciados 2 e 3. d) Estão corretos somente os enunciados 1 e 3.
e) Todos os enunciados estão corretos.
10. (ESAF / Receita Federal / 2009) Considerando os modelos
teóricos de Administração Pública, é incorreto afirmar que, emnosso país:
a) o maior trunfo do gerencialismo foi fazer com que o modelo
burocrático incorporasse valores de eficiência, eficácia e competitividade.
b) o patrimonialismo pré-burocrático ainda sobrevive, por meiodas evidências de nepotismo, gerontocracia e designações para
cargos públicos baseadas na lealdade política.
c) a abordagem gerencial foi claramente inspirada na teoria
administrativa moderna, trazendo, para os administradores
públicos, a linguagem e as ferramentas da administraçãoprivada.
d) no Núcleo Estratégico do Estado, a prevalência do modeloburocrático se justifica pela segurança que ele proporciona.
e) tal como acontece com o modelo burocrático, o modelogerencial adotado também se preocupa com a função controle.
11. (ESAF / SMJ – RJ / 2010) No Brasil, o modelo de administração
burocrática:
a) atinge seu ápice ao final da década de 1950, com a instalação
do Ministério da Desburocratização.
b) emerge nos anos 1930, sendo seu grande marco a criação do
DASP.
c) permanece arraigado, em sua forma weberiana, até nossos
dias, sendo esta a razão da falência do modelo gerencial.
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d) deve-se mais à política do café-com-leite que ao início doprocesso de industrialização.
e) foi completamente substituído pelo modelo gerencialimplantado ao final do século XX.
12. (ESAF / ANA / 2009) Com a chegada da família real portuguesa,em 1808, o Brasil foi, em muito, beneficiado por D. João VI.
Sobre a forma de administração pública vigente naqueleperíodo, pode-se afirmar corretamente que a coroa portuguesa
exerceu uma administração pública:
a) burocrática, pois, a despeito das inovações trazidas por D.João VI, ainda assim o aparelho do Estado funcionava como mera
extensão do poder do soberano, não havendo diferenciação entrea res publica e a res principis.
b) gerencial, com foco na racionalização e na qualidade dos
serviços públicos prestados e tendo por objetivo primordial odesenvolvimento econômico e social de sua então colônia.
c) patrimonialista, pois, a despeito das inovações trazidas por D.João VI, ainda assim o aparelho do Estado funcionava como mera
extensão do poder do soberano, não havendo diferenciação entrea res publica e a res principis.
d) burocrática, com foco na racionalização e na qualidade dosserviços públicos prestados e tendo por objetivo primordial o
desenvolvimento econômico e social de sua então colônia.
e) patrimonialista, uma vez que, a fim de combater a corrupção,
centrou suas ações na profissionalização e na hierarquiafuncional dos quadros do aparelho do Estado, dotando-o de
inúmeros controles administrativos.
13. (ESAF / CGU / 2004) Ao longo de sua história, a administração
pública assume formatos diferentes, sendo os maiscaracterísticos o patrimonialista, o burocrático e o gerencial.
Assinale a opção que indica corretamente a descrição dascaracterísticas da administração pública feita no texto a seguir.
O governo caracteriza-se pela interpermeabilidade dos
patrimônios público e privado, o nepotismo e o clientelismo. A
partir dos processos de democratização, institui-se umaadministração que usa, como instrumentos, os princípios de um
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serviço público profissional e de um sistema administrativoimpessoal, formal e racional.
a) Patrimonialista e gerencial
b) Patrimonialista e burocrático c) Burocrático e gerencial
d) Patrimonialista, burocrático e gerencial
e) Burocrático
14. (ESAF / CGU / 2006) Complete a frase a seguir com a opção
correta.
O .................... é uma forma da administração pública que se caracteriza pela privatização do Estado, pela interpermeabilidade
dos patrimônios público e privado. O príncipe não faz claradistinção entre patrimônio público e seus bens privados.
a) modelo patrimonialista
b) modelo burocrático c) modelo gerencial
d) modelo racional-legal e) modelo estruturalista
15. (ESAF / MPOG / 2002) A administração pública burocrática
surgiu no século XIX em substituição às formas patrimonialistas
de administrar o Estado. Indique qual das informações a seguir
define as diferenças entre estas duas abordagens.
a) No patrimonialismo não existe uma definição clara entre
patrimônio público e bens privados, com a proliferação do
nepotismo e da corrupção enquanto a burocracia é uma
instituição administrativa que usa os princípios da
racionalidade, impessoalidade e formalidade em um serviço
público profissional.
b) No patrimonialismo os governantes consideram-se donos do
Estado e o administram como sua propriedade, sendo Weber um
dos seus defensores. A administração pública burocrática surgiu
como uma resposta ao aumento da complexidade do Estado e à
necessidade de organização das forças armadas.
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c) No patrimonialismo a administração pública era um
instrumento para garantir os direitos de propriedade, já a
administração pública burocrática estabeleceu uma definição
clara entre res publica e bens privados.
d) No patrimonialismo a administração pública é governada pela
preservação e desenvolvimento do patrimônio do Estado, sem se
preocupar com a defesa dos direitos civis e sociais. A
administração burocrática está ligada ao conceito do Estado de
Bem-Estar Social, combatendo o nepotismo e a corrupção.
e) No patrimonialismo a autoridade é exclusivamente hereditária,
gerando corrupção e ineficiência, enquanto a estratégia adotada
pela administração pública burocrática – o controle formalista
dos procedimentos – garante uma melhor utilização dos recursos
públicos.
16. (ESAF / STN / 2008) Para Max Weber, burocracia é a
organização eficiente por excelência. Ele destaca que este
modelo possui características que lhe são próprias e inúmeras
vantagens em relação a outras formas. Entretanto, suas
disfunções fazem com que o conceito popular seja exatamente o
inverso. Analise as opções a seguir e marque a resposta correta.
i) A burocracia é baseada em características que têm como
consequência a previsibilidade do comportamento humano e a
padronização do desempenho dos participantes, cujo objetivo
final é a máxima eficiência da organização.
ii) Weber viu inúmeras vantagens que justificam o avanço da
burocracia sobre as demais formas de associação.
iii) A burocracia apresenta disfunções que têm como
consequência a previsibilidade do funcionamento da organização.
iv) Weber entendia que as características da burocracia
contribuíam, em parte, para a segurança dos processos
organizacionais.
a) Estão corretos os enunciados i, iii e iv.
b) Estão corretos os enunciados ii, iii e iv.
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c) Estão corretos somente os enunciados i e iii.
d) Estão corretos somente os enunciados i e ii.
e) Todos os enunciados estão corretos
17. (ESAF / MPOG / 2003) O século XIX marca o surgimento de
uma administração pública burocrática em substituição àsformas patrimonialistas de administrar o Estado. 0 chamado
"patrimonialismo" significa a incapacidade ou relutância dogovernante em distinguir entre o patrimônio público e seus bens
privados.
Assinale a opção que indica corretamente as características da
administração pública burocrática.
b) Serviço público profissional, flexibilidade organizacional enepotismo.
b) Serviço público profissional e um sistema administrativo frutode um arranjo político, formal e racional.
c) Serviço público profissional e um sistema administrativoimpessoal, formal e racional.
d) Serviço público fruto de um arranjo entre as forças políticas eum sistema administrativo seletivo de acordo com os diversos
grupos de sustentação da base de governo.
e) Serviço público orientado para o consumidor, ênfase nos
resultados em detrimento dos métodos e flexibilidadeorganizacional.
18. (CESPE / MPS / 2010) Raymundo Faoro, em sua clássica obra
Os Donos do Poder, ao confrontar o Estado patrimonial com o
feudal, já se referia ao sistema patrimonial como aquele que, ao
contrário dos direitos, dos privilégios e das obrigações
fixamente determinados do feudalismo, prende os servidores
em uma rede patriarcal, na qual eles representam a extensão da
casa do soberano.
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GABARITO
1- E 2- E
3- D 4- C
5- B 6- E
7- B 8- D
9- C 10- A
11- B 12- C
13- B 14- A
15- A 16- D
17- C 18- C
Sucesso!
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Referências
BRESSER-PEREIRA, L. C. Do Estado Patrimonial ao Gerencial. In: PINHEIRO;
WILHEIM e SACHS (orgs.) Brasil: um Século de Transformações. São
Paulo: Cia. das Letras, 2001, p. 222-259.
BRUHNS, H. O Conceito de Patrimonialismo e suas Interpretações
Contemporâneas. Revista de Estudos Políticos, n. 4, 2012.
FAORO, R. Os donos do poder: formação do patronato político
brasileiro. 3ª edição revisada. São Paulo: Globo, 2001.
PALUDO, A. V., Administração Pública: Teoria e Questões. 2ª Edição. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2012.
SECCHI, L. Modelos Organizacionais e reformas da administração pública.
Revista de Administração Pública, v. 43, n. 2, p. 347-369, 2009.
WEBER, M. Economia e Sociedade: Fundamentos da Sociologia
Compreensiva, v. 2. Brasília: Editora UnB, 2004.
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