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UNIVERSIDADE PAULISTA
PROGRAMA DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO
INTEGRAÇÃO E OPERAÇÃO CONJUNTA DE
ORGANIZAÇÕES DE SETORES DISTINTOS SOB
A PERSPECTIVA DE REDES
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Paulista – UNIP, para obtenção do título de Mestre em Administração.
FABÍOLA OTELAC
SÃO PAULO
2016
UNIVERSIDADE PAULISTA
PROGRAMA DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO
INTEGRAÇÃO E OPERAÇÃO CONJUNTA DE
ORGANIZAÇÕES DE SETORES DISTINTOS SOB
A PERSPECTIVA DE REDES
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Paulista – UNIP, para obtenção do título de Mestre em Administração.
Orientador: Prof. Dr. Renato Telles
Área de Concentração: Estratégia e seus Formatos Organizacionais.
Linha de Pesquisa: Gestão em Redes de Negócios.
FABÍOLA OTELAC
SÃO PAULO
2016
Otelac, Fabíola. Integração e operação conjunta de organizações de setores distintos, sob a perspectiva de redes / Fabíola Otelac. - 2016. 111 f. : il. color. + CD-ROM
Dissertação de Mestrado apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Paulista, São Paulo, 2016.
Área de concentração: Estratégias e Seus Formatos Organizacionais. Orientador: Prof. Dr. Renato Telles.
1. Redes. 2. Integração. 3. Operação conjunta. I. Telles, Renato (orientador). II. Título.
FABÍOLA OTELAC
INTEGRAÇÃO E OPERAÇÃO CONJUNTA DE
ORGANIZAÇÕES DE SETORES DISTINTOS SOB
A PERSPECTIVA DE REDES
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Paulista – UNIP, para obtenção do título de Mestre em Administração.
Aprovada em: __/__/__
BANCA EXAMINADORA
________________________
Prof. Dr. Renato Telles (orientador)
Universidade Paulista – UNIP
___________________________
Prof. Dr. Arnaldo Luiz Ryngelblum
Universidade Paulista – UNIP
___________________________
Prof. Dr. Edman Altheman
Faculdades Integradas Rio Branco
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao meu orientador, Prof. Dr. Renato Telles, a paciência e orientação
no desenvolvimento deste trabalho.
Agradeço a todos os professores do Programa de Mestrado de Administração
da UNIP ao empenho e conhecimento transmitido.
Agradeço ao Danny Macqueen Mota acompanhar, apoiar e incentivar-me
nesta etapa importante ao meu desenvolvimento pessoal e profissional.
RESUMO
Os estudos de redes e parcerias público-privadas apresentam um importante volume de pesquisas realizadas, entretanto, sob a perspectiva de redes são escassos. O presente trabalho busca a melhor compreensão sobre os fatores condicionantes da manutenção e sustentação da relação entre atores de naturezas distintas (órgãos públicos, empresas privadas, terceiro setor e sociedade civil) com objetivos diferentes, mas que em dado momento, convergem entre si. A pesquisa é de abordagem exploratória, natureza qualitativa e utiliza, como uma das bases instrumentais, o estudo de caso. Como objeto de pesquisa escolheu-se o que será chamado no trabalho de PC2 (Processo de Capacitação de Pessoas de Caieiras). Como resultado pode-se observar que a articulação entre os atores envolvidos no arranjo integrativo gera benefícios comuns ou não que podem ser classificados como sociais, econômicos e políticos. Este trabalho complementa os poucos estudos realizados na área de pesquisa sobre o tema e contribui academicamente em pesquisas futuras.
Palavras-chave: Redes. Integração. Operação conjunta.
ABSTRACT
The study of networks and public-private partnerships shows a significant amount of accomplished researches, however, from the perspective of networks is scarce. The present study seeks a better understanding of the conditions of the maintenance factors and support of the relationship between participants of different natures (public agencies, private companies, third sector and civil society) with different objectives but that at some point, converge with each other. The research will be qualitative exploratory. Taking as one of the instrumental bases the use of the case study. As object of research, the name given will be PC2 (Process of training people from Caieiras). As a result, it can be observed that the relationship among the participants involved in the integrative arrangement, generates common benefits or not, which could be classified as social, economic and political. This work supplements the few accomplished studies in the research area and it could contribute academically in the future researches.
Keywords: Networks. Integration. United operation.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Propriedades das redes de negócios ..................................................... 24
Quadro 2 – Resumo: referencial teórico .................................................................... 43
Quadro 3 – Instrumento para apropriação de informações das categorias de
análise ....................................................................................................................... 66
Quadro 4 – Análise de conteúdo: recorte OP ............................................................ 68
Quadro 5 – Análise de conteúdo: recorte EP ............................................................ 70
Quadro 6 – Análise de conteúdo: recorte TS ............................................................ 72
Quadro 7 – Análise de conteúdo: recorte SC ............................................................ 74
Quadro 8 – Análise de conteúdo: síntese comparada ............................................... 77
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Estrutura em redes ................................................................................... 23
Figura 2 – Tipos de redes.......................................................................................... 25
Figura 3 – Exemplo de grau de centralidade ............................................................. 26
Figura 4 – Exemplo de índice de centralização ......................................................... 26
Figura 5 – Perspectiva teórica de redes .................................................................... 30
Figura 6 – Paradigmas de pesquisa em redes .......................................................... 34
Figura 7 – Abordagem esquemática de relacionamento da topologia da rede em
função das categorias dos atores .............................................................................. 42
Figura 8 – Mapeamento esquemático da ligação direta do Núcleo Mário Meneguini
com os demais atores de rede interorganizacional ................................................... 50
Figura 9 – Mapeamento esquemático da ligação direta do Núcleo Mário Meneguini
com os órgãos públicos ............................................................................................. 51
Figura 10 – Desenho da rede estudada .................................................................... 54
Figura 11 – Mapeamento do questionário semiestruturado ...................................... 59
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Pesquisa bibliográfica na base de dados Scielo ..................................... 19
Tabela 2 – Pesquisa bibliográfica na base de dados Spell ....................................... 19
LISTA DE SIGLAS
CIEE Centro de Integração Empresa-Escola
CMPC Companhia Melhoramentos de Papel e Celulose
EJA Educação para Jovens e Adultos
EP Empresa privada
ETEC Escola Técnica Estadual
NFCP Núcleo de Formação e Capacitação Profissional
OP Órgão público
PAT Posto de Atendimento ao Trabalhador
PC2 Processo de Capacitação de Pessoas de Caieiras
PRONATEC Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego
SC Sociedade civil
SEMUDEC Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e de Emprego de
Caieiras
SENAC Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial
SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
TS Terceiro setor
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 11
1.1 Problema de pesquisa .................................................................................. 15
1.2 Questão de pesquisa .................................................................................... 15
1.3 Objetivo geral ............................................................................................... 16
1.4 Objetivos específicos .................................................................................... 16
1.5 Justificativa ................................................................................................... 17
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................ 18
2.1 Revisão bibliográfica ..................................................................................... 18
2.2 Redes: conceitos e estrutura ........................................................................ 20
2.3 Redes: gênese e evolução ........................................................................... 28
2.4 Paradigmas de redes .................................................................................... 31
2.5 Políticas públicas, parcerias público-privadas e redes ................................. 34
2.6 Abordagem conceitual: síntese .................................................................... 44
2.7 Objeto de pesquisa ....................................................................................... 46
3 METODOLOGIA ................................................................................................... 55
3.1 Classificação de pesquisas científicas .......................................................... 55
3.2 Descrição do percurso metodológico adotado nesta pesquisa ..................... 57
3.3 Síntese da metodologia da pesquisa ............................................................ 60
3.4 Descrição operacional da pesquisa .............................................................. 61
3.5 Análise de dados .......................................................................................... 62
4 RESULTADOS E ANÁLISE DE DADOS ............................................................. 64
4.1 Instrumento de pesquisa e análise de dados ............................................... 64
4.2 Discussão dos resultados ............................................................................. 78
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 81
5.1 Limitações da pesquisa e sugestões para estudos futuros .......................... 81
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 83
APÊNDICE ................................................................................................................ 92
11
1 INTRODUÇÃO
Traçando uma linha do tempo, observa-se que no final do século passado as
empresas criaram uma nova estrutura organizacional e passaram a manter
relacionamentos entre si, diante da crescente expansão das terceirizações dos
processos produtivos. Assim, o mercado foi marcado pela economia de custos de
produção e um dos objetivos era o aumento da remuneração do capital das
empresas. Desta forma, a nova estrutura organizacional é caracterizada por se
apresentar de forma horizontal e descentralizada. Desde então desenvolve-se o
formato em redes de negócios, no qual as empresas envolvidas são chamadas de
atores e mantêm relações comerciais entre si, além de compartilharem recursos e
cooperarem coletivamente (GULATI, 1998).
Zaccarelli et al. (2008) assinalaram a existência de redes de negócios desde a
Idade Média e observaram que o sistema organizacional era dotado de capacidade
competitiva superior quando comparado à atuação de atores trabalhando de forma
isolada.
Na mesma linha de raciocínio pode-se citar D´Aveni (1994), que defende o
ambiente hipercompetitivo, como sendo aquele que ultrapassa todas as regras
tradicionais da competição. O autor afirma que a importância da capacidade
competitiva deve ser entendida como provisória e pode ser considerada uma
oportunidade para as empresas que desenvolvem suas capacidades pautadas no
desenvolvimento de novos produtos, processos ou serviços, conforme a
necessidade dos clientes. A hipercompetição de D´Aveni está associada à
dificuldade de estabelecer e manter vantagens concorrenciais duráveis; essa
perspectiva de compreensão do processo competitivo encontra como um dos seus
fatores determinantes a disputa pelo valor entregue ao mercado na percepção do
cliente.
Assim, este novo modelo de gestão, chamado de redes de negócios, é
caracterizado por empresas de alguns setores que passam a se unir e a competir
em grupo com outros grupos, adotando a ação como estratégia, pois perceberam a
grande dificuldade de conseguirem se manter competitivos no mercado em que
atuam. Em meados da década de 1990 emergiu o conceito da sociedade em redes,
no qual as empresas se associam e desenvolvem ações cooperativas (NOHRIA,
1992; CASTELLS, 2000).
12
Nos anos 1990, devido ao progressivo avanço tecnológico e a preocupação
com a inovação e expansão do processo de globalização, as empresas começaram
a repensar a forma de atuação e incorporaram perspectivas cooperadas às
tradicionais abordagens baseadas apenas em competição, ao considerar o alcance
e a importância da construção de objetivos coletivos.
A intensidade do processo de competição, somada à incerteza crescente no
ambiente, estimula e encoraja a construção de arranjos inovadores entre negócios
orientados para o desenvolvimento de condições coletivas dotadas de maior
capacidade no enfrentamento dessa nova realidade ambiental. Competências
expandidas em processos de inovação, desenvolvimento de produto,
compartilhamento de recursos e redução de dispêndios nos processos de interação
entre empresas podem ser entendidos como desdobramentos desse movimento de
integração entre empresas. Desta forma, torna-se necessária a construção de
diferentes alternativas de manutenção ou construção de desempenhos eficientes e,
fundamental, a criação de alternativas viáveis para a convivência entre a competição
e a cooperação – coopetição. Sob essa perspectiva, as empresas passam a sentir a
necessidade de constituir uma associação em cooperação ou rede de negócios – as
redes competem com as redes, sendo uma forma de diminuir os riscos e ganhar
sinergia, ao formar alianças entre si e consolidar novos conceitos de gestão dos
negócios (CASAROTTO FILHO e PIRES, 1999).
O novo conceito de negócios se caracteriza pela presença de cadeias ou
redes que competem com outras cadeias ou redes. A competição entre
fornecedores e compradores ainda existe, mas é necessário o estabelecimento de
espaços nos quais haja cooperação genuína e que contribua para a entrega de valor
e redução da incerteza futura, por meio de compartilhamento de recursos,
informações e conhecimento. Esse processo pode ser chamado de coopetição e/ou
hipercompetição. São duas abordagens distintas para entender o mesmo quadro
evolucionário quando se trata das novas estruturas organizacionais (D´AVENI,
1994).
O processo de globalização pode ser exemplificado com as grandes
corporações que se estabelecem em diversos países, mantêm relacionamento
social, distribuem suas atividades e interligam-se por meio dos nós, cujo objetivo é a
busca pela eficiência nos processos de administração, produção e distribuição
(CASTELLS, 1999).
13
Assim, na sociedade contemporânea ocorre a presença de estratégias
cooperativas, não necessariamente deliberadas, entre empresas cujo objetivo é a
conquista de capacidades competitivas neste contexto econômico e empresarial
atual e globalizado (LOIOLA e MOURA, 1996; FISCHER, 1997; LOPES e BALDI,
2009). O fenômeno é considerado por alguns autores como um assunto
relativamente recente, cujos estudos têm se intensificado, desde a década de 1980
(ORTIGARA e CARON, 2011; VECCHIA, 2008).
Nas últimas duas décadas verifica-se o aumento do número de estudos que
envolvem a cooperação como processo decisivo na construção de alternativas
eficientes de compartilhamento de ganhos entre as organizações, desenvolvimento
de alianças e parcerias baseadas na expectativa de crescimento, sobrevivência e/ou
geração de lucros (ESCHER, 2011; MELO, 2012; BIALOSKORSKI NETO, 2009;
CASAGRANDE e MUNDO NETO, 2012; DRUCKER, 1996; DYER, 1997). A
cooperação, por meio de uma visão de processo ou de categoria social,
progressivamente tem sido entendida como um condicionante da construção de uma
nova perspectiva sobre a operação das empresas vinculadas à compreensão de que
sozinhas elas não conseguem o resultado que conseguiriam ao atuar de forma
conjunta, com vínculos de relacionamento com outras empresas, compartilhamento
de informações, investimento e demais recursos, e assim, construir conhecimento
conjunto entre si para a sobrevivência organizacional (NOHRIA, 1992; MORGAN,
1995; EBERS e JARILLO, 1998; GULATTI e GARGIULO, 1999).
Este cenário é compatível à concepção de Castells (2000), que afirma que
toda sociedade está em rede. Nesse sentido, conscientemente ou não, todo e
qualquer negócio opera em rede e pode ser entendido como um ator dessa, ou seja,
um componente desse arranjo estruturado e dinâmico. Essa abordagem, que
prioriza o sistema constituído pelos atores e suas conexões, oferece
consistentemente explicações ou bases de apoio para a compreensão de aumento
da capacidade competitiva e/ou ampliação do valor social entregue.
Segundo Nohria e Eccles (1992), atuando em rede as empresas expandem a
sua condição de atingir objetivos que a priori seriam inviáveis se agissem de forma
isolada. Essa capacidade, emergente de uma atuação coletiva, decorre de
movimentos ou interações como troca de recursos, compartilhamento de
informações e desenvolvimento de soluções integradas entre os atores envolvidos e
caracterizam uma relação marcada pela presença de cooperação, comprometimento
e confiança, entre outros. O desenvolvimento dessas condições nos negócios pode
14
ser entendido como um processo histórico e evolucionário das interações entre
esses atores e, deste modo, não implica necessariamente em decisões racionais e
deliberadas.
No contexto contemporâneo surgiu o interesse pelo associativismo
empresarial como alternativa de enfrentamento às dificuldades das pequenas
empresas, como problemas ou demandas de ordem econômica, financeira,
operacional ou administrativa, enquanto o processo integrativo dos negócios
constitui potencialmente uma estratégia orientada para a manutenção e/ou aumento
da competitividade das empresas que participam do arranjo interorganizacional
(BALESTRIN e VARGAS, 2002 e 2004; MELO, 2012; BALESTRIN et al., 2010;
LEON, 1998; POWEL, 1990; ZACCARELLI, 2008).
O associativismo empresarial traz uma nova visão sobre a competição e o
relacionamento empresarial. Trata-se de um paradigma para entender as
organizações que passam a trocar entre si, diante de uma visão integrativa, cujo
objetivo é atender ao consumidor. Nesse sentido, Dhanaraj e Parkhe (2006)
descrevem o fenômeno de redes pelo mapeamento de conexões entre atores e
oferecem indicadores de compreensão e análise estrutural como densidade dos
relacionamentos e centralidade de atores. Pode-se tomar como exemplo, a
integração de atores públicos e privados, que se unem por objetivos comuns e
mantêm uma relação de interdependência entre si, compartilhando recursos e
formando uma rede complexa com várias interações. Na construção de parceria,
como exemplificada, seria esperada maior capacidade na solução de problemas e
maior propensão ao desenvolvimento dos processos integrativos entre os atores
envolvidos, o que resulta em maior capacidade de alcance de objetivos, como
obtenção de valor social e remuneração de capital.
A literatura sobre parcerias, processos cooperados, integração entre órgãos
públicos e empresas privadas pode ser considerada modesta ou pouco
representativa, restringindo-se basicamente à discussão sobre parcerias público-
privadas, conforme pôde-se perceber pela pesquisa bibliográfica realizada. Desta
forma, a compreensão desses processos sob a abordagem de redes potencialmente
se constitui uma perspectiva de estudo que pode oferecer informação adicional,
compreensão e eventual base de mapeamento e prescrição de alternativas na
decisão de movimentos estratégicos orientados para a competitividade do arranjo
interorganizacional. A revisão da literatura explorada nesse trabalho será discutida
no capítulo 2, tópico 2.1.
15
A presença de parcerias que poderiam ser admitidas como inusitadas há duas
décadas, constituídas pela presença de órgãos públicos de natureza política,
empresas privadas, terceiro setor e sociedade civil, vem se constituindo numa
realidade cada vez mais presente. Embora os interesses coletivos não pareçam ser
absolutamente convergentes, a vitalidade que essas articulações têm demonstrado
sugerem a existência de algum tipo de sustentação em resultados que atendem aos
interesses dos diferentes agentes envolvidos. O presente estudo se orienta para a
pesquisa desse tipo de arranjo resultante da integração de órgãos públicos,
empresas privadas, sociedade civil e terceiro setor.
1.1 Problema de pesquisa
O tema da pesquisa é organizações em redes. Trata-se de um recorte do
conhecimento científico chamado Administração que consiste no estudo de redes
constituídas por organizações de diferentes setores atuando conjuntamente.
A operação de arranjos decorrentes de parcerias ou processos cooperados
entre órgãos públicos, empresas privadas, terceiro setor e sociedade civil tem sido
abordada pelas perspectivas racional econômica, social e sociedade em redes. Essa
compreensão do fenômeno, em geral, não oferece informações ou explicações
sobre fatores condicionantes do desenvolvimento e manutenção desse tipo de
articulação entre os agentes (potencialmente associados a motivações sociais,
políticas e/ou econômicas dos atores).
O problema abordado na presente investigação pode ser descrito como o
levantamento e/ou compreensão sobre fatores de sustentação e de evolução da
cooperação e gestão de parceria e/ou processos de ação cooperada entre os atores
estudados: órgãos públicos, empresas privadas, terceiro setor e sociedade civil e, de
que forma essa estrutura dinâmica, sob a perspectiva da teoria de redes, pode
assegurar maior entendimento sobre os resultados obtidos.
1.2 Questão de pesquisa
Partindo-se da proposta de investigação da operação integrada entre órgãos
públicos, empresas privadas, terceiro setor e sociedade civil, a perspectiva de redes
interorganizacionais pode oferecer avanço na compreensão do funcionamento desse
16
arranjo dinâmico e cada vez mais presente como alternativa de desenvolvimento
social, econômico e político.
Orientando-se o presente trabalho para a expansão, em alguma medida, do
entendimento sobre esse tipo de articulação, optou-se pela adoção da seguinte
questão de pesquisa: quais são os fundamentos das relações de integração e
operação conjunta entre órgãos públicos, empresas privadas, terceiro setor e
sociedade civil sob a perspectiva de redes?
1.3 Objetivo geral
O presente estudo tem por objetivo a pesquisa em redes com foco no
relacionamento entre os atores de diferentes naturezas que compõem a rede e
contribuir para o avanço da compreensão da integração e operação conjunta dos
processos entre os agentes investigados (órgãos públicos, empresas privadas,
terceiro setor e sociedade civil). Neste sentido, o reconhecimento de motivações e
dificuldades inerentes a esse processo integrativo aparentemente incorpora a
compreensão articulada de objetivos sociais, econômicos e políticos, como
fundamento potencial dessa relação.
1.4 Objetivos específicos
A presente pesquisa busca fornecer subsídios necessários por meio de
ferramentas adequadas para encontrar e compreender os objetivos comuns para o
desenvolvimento das relações entre os atores envolvidos numa rede
interorganizacional. Dessa forma, os seguintes objetivos específicos foram
considerados como produtos da pesquisa:
1) Inventário das variáveis presentes na integração e operação conjunta
para cada um dos agentes envolvidos no arranjo;
2) Avaliação comparativa das variáveis para cada um dos agentes
identificando convergência e divergência;
3) Inventário e análise dos fatores condicionantes na manutenção do
relacionamento existente entre os atores da rede interorganizacional.
17
1.5 Justificativa
A proposta da pesquisa se justifica pelo fato do estudo das parcerias ou redes
de cooperação entre órgãos públicos, empresas privadas, terceiro setor e sociedade
civil, considerados agentes de naturezas distintas, poderem gerar benefícios para
todos os envolvidos, sendo eles: social, econômico e/ou político.
O presente estudo busca contribuir para o crescimento, desenvolvimento e
melhoria de contextos semelhantes e compatíveis. A contribuição é pautada em
aperfeiçoamento de processos de operações existentes para melhoria do
relacionamento entre os atores de uma rede interorganizacional, como a integração
e operação conjunta em redes baseadas em processos cooperados e com agentes
envolvidos distintos, podendo conduzir à entrega de valores social, econômico e
político relevante.
O processo mencionado pode ser chamado de círculo virtuoso, ou seja, trata-
se de um procedimento que se retroalimenta, e que pode potencializar o interesse
de novos atores para fazerem parte da rede interorganizacional, ao criar a entrega
de valores e resultados diversos para os envolvidos.
18
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A fundamentação teórica foi construída para atender aos temas centrais do
presente trabalho, cujo objetivo pode ser descrito como uma contribuição ao
entendimento de parcerias entre agentes de setores distintos, comparáveis em
algumas dimensões às parcerias público-privadas sob a perspectiva de redes. A
revisão teórica está dividida em cinco blocos temáticos: (1) Revisão bibliográfica; (2)
Redes: conceito e estrutura; (3) Redes: gênese e evolução; (4) Paradigmas de
redes; (5) Políticas públicas, parcerias público-privadas e redes; (6) Abordagem
conceitual: síntese; e (7) Objeto de pesquisa.
2.1 Revisão bibliográfica
Foi realizada uma revisão bibliográfica com o objetivo de analisar a literatura
existente em trabalhos recentes que tratam do tema: integração e operação conjunta
entre órgãos públicos, empresas privadas, terceiro setor e sociedade civil sob a
perspectiva de redes, abordando redes de negócios e parcerias público-privadas
como ponto de partida.
As pesquisas foram realizadas em base de dados de literatura científica,
como SCIELO (Scientific Eletronic Library Online) e SPELL (Scientific Periodicals
Eletronic Library).
Ao final da busca realizada, 20 foram os trabalhos que atenderam aos
critérios de pesquisa, no período entre 2010 e outubro de 2015, com as seguintes
palavras-chave: parcerias público-privadas, redes de negócios, operação conjunta e
integração. Na Tabela 1 apresenta-se esquematicamente o resultado da pesquisa
bibliográfica realizada na base de dados Scielo, na qual foram encontrados 12
trabalhos sobre os assuntos pesquisados por meio da combinação das palavras.
19
Tabela 1 – Pesquisa bibliográfica na base de dados Scielo
SCIELO (www.scielo.org)
PALAVRAS-CHAVE TOTAL INTERVALO
5 anos Parcerias público-privadas
10 2010-2015
Redes de negócios
Pública 1 2010-2015
Redes de negócios
Privada 0 2010-2015
Redes de negócios
Operação 1 2010-2015
Operação conjunta
0 2010-2015
Operação conjunta
Parcerias Integração 0 2010-2015
Integração Operação 0 2010-2015
TOTAL 12
Fonte: Autora (2016).
Na Tabela 2 apresenta-se esquematicamente o resultado da pesquisa
bibliográfica realizada na base de dados Spell, na qual foram encontrados oito
trabalhos sobre o assunto pesquisado, com a combinação das mesmas palavras-
chave: parcerias público-privadas, redes de negócios, operação conjunta e
integração.
Tabela 2 – Pesquisa bibliográfica na base de dados Spell
SPELL (www.spell.org.br)
PALAVRAS-CHAVE TOTAL INTERVALO
5 anos Parcerias público-privadas
8 2010-2015
Redes de negócios
Pública 0 2010-2015
Redes de negócios
Privada 0 2010-2015
Redes de negócios
Operação 0 2010-2015
Operação conjunta
0 2010-2015
Operação conjunta
Parcerias Integração 0 2010-2015
Integração Operação 0 2010-2015
TOTAL 8
Fonte: Autora (2016).
20
Durante a pesquisa realizada nas fontes referenciadas encontrou-se cerca de
duzentos trabalhos abordando parcerias público-privadas. Entretanto, a perspectiva
dominante desses artigos limitava-se a discussões envolvendo a legislação federal
associada e geralmente estavam vinculados à área da saúde, inviabilizando o
aproveitamento de seu conteúdo para a investigação a que se propõe este trabalho.
Foram realizadas, também, pesquisas na base de dados internacionais DOAJ
- Direct of Open Acess Journals nas quais foram encontrados 102 artigos utilizando-
se como base a combinação das palavras acima referenciadas, dos quais 11 artigos
sobre redes de negócios, 81 artigos relacionados a parcerias, nove artigos
pertinentes à operação conjunta e um artigo referente à parceria e integração,
portanto, nenhum deles refere-se, especificamente, à parceria ou operação conjunta
e integração sob a perspectiva de redes.
Ainda, quanto a pesquisas em banco de dados internacionais, foram
encontrados dentre artigos, reportagens e entrevistas, 8 publicações na base de
dados que contempla todos os jornais do mundo – Press Reader em 14 de junho de
2016 nos principais jornais dos Estados Unidos da América, sendo 6 delas
referentes a redes de negócios e 2 relacionados a parcerias privadas.
2.2 Redes: conceitos e estrutura
Foram apresentados diversos conceitos sobre redes de negócios por
Hoffman, Molina-Morales e Martinez-Fernandes (2004):
Os trabalhos de Miles e Snow (1986), Thorelli (1986), Jarillo (1988) e posteriormente Powell (1990) levaram à construção de uma terminologia própria. Nas palavras de Miles e Snow (1986), uma rede de empresas é a combinação única de estratégia, estrutura e processo de gestão ao qual se refere. No conceito de Thorelli (1986), uma rede de empresas é o que há de intermediário entre uma simples empresa e o mercado, isto é, duas ou mais empresas as quais, através da intensidade de sua interação, constituem um subconjunto de um (ou vários) mercado (s). Generalizando, uma rede pode ser vista como posições ocupadas por empresas, famílias, ou unidades estratégicas de negócio, inseridas em contextos diversificados, associações comerciais e outros tipos de organizações. Jarillo (1988) descreve as redes como sendo acordos de longo prazo, com propósitos claros, entre empresas distintas mais relacionadas, que permitem àquelas empresas estabelecer ou sustentar uma vantagem competitiva frente às empresas presentes fora da rede. Powell (1990) escreve que as redes são o caminho intermediário entre as estruturas competitivas de mercado e a posição individual ocupada pela empresa, e as hierarquias presentes nas relações entre as partes (HOFFMAN, MOLINA-MORALES e MARTINEZ-FERNANDES, 2004, p.105).
21
Apesar da utilização do termo rede de forma mais habitual atualmente, o
conceito é usado desde a década de 1930, em diferentes áreas do conhecimento.
Segundo Mitchell (2009) e Fombrun (2004), redes de negócios é um conceito
utilizado de maneira multidisciplinar, sendo aplicado em diversas áreas da ciência,
com objetivos distintos. Em ciências sociais, no estudo das relações
interorganizacionais, evidencia-se a estrutura e os padrões da rede, abordando as
organizações como um sistema de relacionamentos variados entre pessoas ou
grupos ao longo do tempo (TICHY, TUSHMAN e FOMBRUN, 1979). Fombrun (1992)
define rede como um conjunto de nós e as relações que os unem.
Segundo Nohria (1992), tendo em vista a perspectiva de redes, existem cinco
premissas básicas, a saber: (1) As organizações são consideradas redes sociais e
precisam ser abordadas e analisadas como tal. O autor sugere que o centro da
análise deve ser nos relacionamentos entre os atores; (2) As organizações mantêm
relações com fornecedores e concorrentes ao mesmo tempo, o que pode ser
considerado benéfico para todos os envolvidos; (3) Os resultados obtidos podem ser
melhores desde que se tenha conhecimento de quem é quem na rede, ou seja, sua
posição e papel; (4) A rede implica em uma estrutura e processo que se
intercambiam por meio de relações sistêmicas, determinando ações e sendo
determinadas por elas. (5) Sob a perspectiva de redes, pouco importa quem são os
atores envolvidos, devendo ser consideradas as características do relacionamento e
os laços formados, pois poderão garantir ou não o sucesso da rede.
Segundo Gulati (1998) algumas organizações não operam de forma isolada,
mas por meio de alianças estratégicas com demais agentes e organizações,
incluindo clientes, fornecedores e concorrentes, que pressupõe o compartilhamento,
a troca e o desenvolvimento conjunto de tecnologia, produtos ou serviços. Vários
são os estudos na área de redes interorganizacionais, vistas sob o prisma de
sistemas de cooperação e confiança (GIGLIO, PUGLIESE e SILVA, 2012; KRAUSZ,
1988).
Tendo em vista a estruturação das empresas em rede que desenvolve ações
conjuntas, os atores envolvidos obtêm ganho de produtividade se comparados às
organizações que se mantêm isoladas em um determinado sistema econômico
(MARSHALL, 1982).
Diante do grande número de cadeias de relacionamentos das organizações,
percebe-se que a empresa que atua de forma individualizada está cada vez mais
22
escassa (GRANOVETTER, 1985; GULATI e SINGH, 1998). As organizações
buscam o melhor desempenho e se pautam no gerenciamento dos recursos
existentes, cujo objetivo é a sustentabilidade e o crescimento da própria organização
(DYER, 1996).
Conforme Grandori e Soda (1995), os estudos de redes, pautados nos fatores
que influenciam a formação dessa estrutura organizacional, podem ser realizados
sob as seguintes perspectivas: econômica, organizacional e social. O importante na
estrutura de redes é a interação e operação conjunta entre os atores envolvidos que
terá como resultado a entrega de valor social e valor econômico.
Morgan (1980) entende que os atores inseridos num determinado grupo,
considerado como rede tem o comportamento atrelado diretamente aos
relacionamentos sociais. Pressupõe, ainda, a existência real e concreta de uma
sociedade que produz um estado de coisas ordenado e regulado.
Conforme afirmação de Nohria e Eccles (1992), atualmente todas as
organizações estão em rede, ligadas por algum tipo de relacionamento, seja ele
formal ou informal, com finalidade social ou econômica. A cooperação
interorganizacional é sustentada por uma combinação de mecanismos existente na
própria rede de negócio (GRANDORI e SODA, 1995).
Todeva (2006) considera redes de negócios como estruturas
socioeconômicas, que estabelecem relações sociais entre as pessoas, alinha
estratégias, compartilha recursos e interage entre as organizações conectadas entre
si.
Conforme apresentado graficamente na Figura 1, posições dos atores na
rede, assim como configurações estruturais assumidas alteram e fornecem
informações relevantes sobre a operação e a dinâmica da rede, e oferecem ainda
dados importantes quanto ao papel dos atores.
A Figura 1 apresenta as características estruturais que identificam as
propriedades de redes apresentadas por Tichy, Tushman e Fombrun (1979). Ainda
na mesma figura, cada ponto corresponde a um ator e a linha entre dois pontos
significa a representação gráfica das conexões entre atores. Essa representação
oferece exemplos de papéis e/ou posições de atores na rede: (1) hub: ator que liga a
rede a domínios externos; (2) estrela: ator com maior número de nominações; (3)
ponte: ator membro de múltiplos subgrupos de rede; e (4) isolado: ator separado da
rede. Embora a figura não retrate, algumas linhas/conexões podem receber
23
destaque para indicar a natureza da ligação (ou laços). Arbitrariamente, em função
do escopo adotado para rede, pode se utilizar linhas tracejadas com objetivo de
delimitação dos domínios interno e externo.
Figura 1 – Estrutura em redes
Fonte: Adaptado de Arten (2013, p.35) e Tichy, Tushman e Fombrun (1979, p.508).
Com relação à análise estrutural das redes de negócios alguns conceitos são
considerados fundamentais, como a nomenclatura dos elementos que compõem a
rede, além das medidas utilizadas nos estudos, que também servem para
mensuração e estudo de fenômenos de abrangência interdisciplinar.
Tichy et al. (1979) apresentam três grupos de propriedades das redes, quais
sejam: (1) conteúdo transacional, que comunica o tipo de informação trocada entre
os atores; (2) natureza dos laços, que qualifica as ligações entre os atores; (3)
características estruturais, que classificam a rede formada pela visão das ligações
diversas entre os atores, conforme Quadro 1.
24
Quadro 1 – Propriedades das redes de negócios
Fonte: Adaptado de Tichy, Tushman e Fombrun (1979).
PROPRIEDADE EXPLICAÇÃO
A
- C
on
teú
do
da
tran
saçã
o
Qu
atro
tip
os
de
tro
cas
1 – Troca de afeto
2 – Troca de influência ou poder 3 – Troca de informação
4 – Troca de produtos ou serviços
B
- N
atu
reza
das
liga
çõe
s
A força das relações entre indivíduos
O grau pelo qual uma relação é percebida ou combinada de comum acordo, pelas partes do relacionamento (isto é, o grau de simetria).
O grau de expectativas de um ator sobre o comportamento do outro ator ao qual está ligado.
O grau que mede as vias ou papéis sociais pelos quais um ator está ligado a outro, como amizade, trabalho, esporte, vizinhança, entre outros.
C -
Car
acte
ríst
icas
est
rutu
rais
Quantidades de atores da rede
Valor obtido dividindo-se a quantidade de ligações existentes em uma rede pelo número de ligações possíveis matematicamente.
O número de regiões densas na rede.
O número de laços externos de uma rede dividido pela quantidade matematicamente possível de ligações externas.
O grau pelo qual os padrões de uma rede mudam ao longo do tempo.
A média do número das ligações entre atores, obtida pela quantidade de ligações pela quantidade de atores na rede.
O grau que mede o quanto as ligações seguem um padrão hierárquico
1 - Intensidade
2 - Reciprocidade
3 – Clareza de expectativas
4 - Multiplexidade
1 – Tamanho
2 – Densidade (Conexões)
3 - Clusterizações
4 - Abertura
5 - Estabilidade
6 - Acessibilidade
7 - Centralidade
8 - Estrela
9 - Ligação
10 - Ponte
11 – Porteiro (Hub)
12 - Isolado
O ator com o maior número de indicações (mais conhecido).
Um indivíduo que não é membro de um cluster, mas que liga dois ou mais clusters.
Um indivíduo que é membro de um número importante de clusters na rede de negócios (elemento de ligação).
Um ator tipo estrela, mas que também liga a rede a domínios externos.
Um indivíduo que está separado da rede.
25
A estrutura das redes pode ser definida de forma centralizada,
descentralizada e distribuída, conforme observa-se na Figura 2. Na estrutura
centralizada todos os contatos da rede são centralizados em um único nó, enquanto
na estrutura descentralizada existe a formação de aglomerações que apresentam
nós que concentram os laços. Por fim, a rede distribuída possui uma distribuição
uniforme de conexões, não existindo uma formação visível de concentração de laços
em um único nó (BARAN, 1964).
Figura 2 – Tipos de redes
Fonte: Baran (1964).
A centralidade tem papel fundamental, pois pode ser utilizada como forma de
compreensão da influência de um determinado ator na rede e auxiliar no
entendimento da operação, da distribuição de informação, da capacidade de
inovação e da topologia da rede (BORGATTI, 2005).
Na Figura 3 pode-se perceber o grau de centralidade entre os atores
envolvidos, por exemplo: o ator C tem grau 3 de entrada e grau 1 de saída, ou seja,
ele recebe nominação de três atores da rede e nomina um dos atores da mesma
rede.
(1) Centralizada (2) Descentralizada (3) Distribuída
26
Figura 3 – Exemplo de grau de centralidade
Fonte: Alejandro e Norman (2005).
São quatro os tipos de medidas de centralidade, quais sejam: (1) grau de
conectividade; (2) proximidade; (3) intermediação e (4) poder da conectividade.
Borgatti (2005) define grau de conectividade como sendo a centralidade de um nó
da rede que pode ser medida conforme a quantidade de conexões que saem ou
chegam nele. Segundo Freeman, Roeder, Mulholland (1979), a centralidade por
proximidade considera o trajeto entre dois pontos quaisquer da rede, cujo valor
equivale ao número de nós existente neste percurso.
A centralidade do nó será maior ou menor dependendo da distância média
entre ele e os demais nós da rede (Figura 4). A centralidade por intermediação,
conforme Freeman; Borgatti, White (1991), baseia-se na quantidade de ligações
vinculadas a um nó. O conceito de centralidade pode ser associado ao constructo de
poder. Bonacich (1987) sugere que o poder de um ator pode ser aproximado pela
compreensão integrada das centralidades dos atores diretamente relacionados ao
primeiro.
Figura 4 – Exemplo de índice de centralização
Fonte: Alejandro e Norman (2005).
27
A análise de redes de negócios pode ser realizada considerando: o nível dos
atores, o nível dos relacionamentos e o nível da rede como um todo. Os
relacionamentos podem ser chamados de laços ou ligações, que representam troca
de informações e processos, e podem acontecer de maneira formal ou informal
(TODEVA, 2006).
Neste sentido, o formato organizacional de redes é composto de atores
ligados entre si. Os atores são as empresas e as ligações entre elas que podem ser
mais fortes ou mais fracas. Quando a ligação é considerada mais fraca, existe o
indício de que ainda não houve a emergência da rede (CASTELLS, 1999; NOHRIA e
ECLES, 1992).
Segundo Burt (1995), Dyer e Nobeoka (2000) e Granovetter (1973), a
intensidade de um laço pode ser medida de diversas formas: pelo tempo de
relacionamento, intensidade, confiança mútua e reciprocidade, todos analisados em
conjunto. Os laços fortes são caracterizados por relações mais intensas e confiáveis,
sendo frequente a troca de informações. Assim, pode-se compreender que existe a
presença de empresas com cultura e níveis de conhecimento similares. Os laços
fracos também têm a sua importância, mesmo que numa proporção menor de
interação, os resultados para os atores são benéficos e favorecem a inovação e
expansão da rede.
O fenômeno de buracos estruturais se dá com o agrupamento de nós,
tornando a disseminação de informação mais satisfatória, além de diminuir a
redundância de ligações entre os nós da rede (BURT e CELOTTO, 1992).
O que determina o formato de uma rede é o fluxo de negócios e a natureza do
relacionamento existente entre os atores e podem ser verticais e horizontais ou
ainda formais e informais (MARCON e MOINET, 2000). Os autores esclarecem que
redes verticais são como uma hierarquia baseada no grau de formalidade
estabelecido nas relações entre negócios, como as cadeias de suprimento. As redes
horizontais, nas quais os processos cooperativos são relativamente mais presentes,
envolvem com frequência compartilhamento de recursos, riscos e mercados, não
demandando necessidade importante de formalização entre negócios.
A opção de abordagem do arranjo estabelecido pela parceria entre órgãos
públicos, empresas privadas, terceiro setor e sociedade civil, sob a perspectiva de
redes impõe a necessidade de uma concepção clara desse conceito. Ortigara e
Caron (2011) e Zaccarelli et al. (2008) entendem rede como um sistema resultante
28
da integração orgânica entre diferentes agentes na qual o resultado agregado é
superior à soma dos resultados obtidos em atuações independentes dos mesmos
atores; nesse sentido, união e cooperação das organizações envolvidas conduzem a
benefícios objetivados por essas por meio de soluções coletivas de
compartilhamento de recursos e desenvolvimento conjunto de processos inovativos.
2.3 Redes: gênese e evolução
Zaccarelli et al. (2008) indicam a presença de redes de negócios desde a
criação da Companhia das Índias Ocidental, no início do século XVII, explicando que
o fenômeno não é novo, sendo observado com a regularização do comércio entre as
Colônias e a Europa.
Nos últimos vinte anos é crescente o número de estudos referentes à
competitividade das empresas por meio da cooperação ou devido à configuração
econômica desenvolvida por elas em determinados locais, as redes de negócios
(VECCHIA, 2008). O conceito de redes passou a ser utilizado por diversos
pesquisadores para definir o fenômeno da cooperação interempresarial.
Diante do entendimento citado, Balestrin e Verschoore (2008) conceituam
redes como sendo a união de empresas que tem por objetivo a busca por um
diferencial competitivo com foco em assegurar condições de desenvolvimento em
atuação conjunta para a obtenção de vantagens diante de um mercado com nível
concorrencial elevado.
As novas estratégias empresariais passam a compreender a formação de
redes entre as empresas com o objetivo de garantir a sobrevivência e a
competitividade, por meio de uma nova forma de relacionamento e de arquitetura
organizacional entre os envolvidos (OLAVE e AMATO NETO, 2001). Este conjunto
de ações realizado de forma consciente, inteligente e organizada torna as empresas
progressivamente mais competitivas ao longo do tempo (ZACCARELLI et al., 2008).
É possível entender a rede interorganizacional formada por empresas com
objetivos comuns e pressupõe-se que as que integra uma rede dependem umas das
outras para sobreviver, compartilhando e negociando serviços, produtos e recursos
(BASTOS e SANTOS, 2007).
Com o passar dos anos, o fenômeno de redes passa a ter maior visibilidade e
ganham força com a situação atual, marcada por mudanças de diferentes naturezas.
29
As transformações ocorridas em âmbitos distintos, mas principalmente em níveis
tecnológicos e comportamentais, favorecem a atuação em grupos e contribui para a
formação de redes, cujos atores são conectados por objetivos comuns,
compartilham processos, ideias, recursos e conhecimento e podem obter mais
vantagens competitivas e de sobrevivência (TICHY, TUSHMAN e FOMBRUN, 1979).
A evolução de redes de negócios está relacionada ao crescimento das
organizações que se dá em decorrência do acúmulo dos recursos da rede, sobre os
quais elas não têm domínio completo e que de forma isolada não conseguiriam ter
acesso (HITE, 2005). Os laços formados nas redes verticais pressupõem uma
diminuição nos custos de transação (WILLIAMSON, 1975) e os níveis de fidelização
nas relações entre os atores gera maior cooperação e contribui para a evolução das
redes interorganizacionais (ZACCARELLI et al., 2008).
As redes evoluem e um dos resultados que caracterizam esse processo é o
crescente ganho de competitividade do grupo uma vez que as organizações seguem
um fluxo lógico e contínuo de alinhamento e orientação. A evolução se pauta na
auto-organização e na capacidade adaptativa dos atores (ZACCARELLI et al.,
2008).
Diante da evolução dos conceitos e aplicações de redes, Candido, Goedert e
Abreu (2000) adaptaram as categorias que envolvem os conceitos de rede à
perspectiva organizacional de Nohria e Eccles (1992), conforme apresenta a Figura
5.
30
Figura 5 – Perspectiva teórica de redes
Figura 6 – Perspectiva teórica de redes Figura 6 – Perspectiva teórica de redes
TEORIA DE REDES
Fonte: Adaptada de Candido, Goedert e Abreu (2000) da proposta original de Nohria e Eccles (1992).
REDES SOCIAIS
SOCIOLOGIA ANTROPOLOGIA PSICOLOGIA BIOLOGIA MOLECULAR TEORIA DE SISTEMAS
INTERAÇÃO RELACIONAMENTO AJUDA MÚTUA COMPARTILHAMENTO INTEGRAÇÃO COMPLEMENTARIDADE
Redes interorganizacionais Bilateral / Multilateral Homogênea / Heterogênea Formal / Informal
Redes interorganizacionais Bore, Grandi e Lorenzi, 1992
Redes nterorganizacionais (Características da sua cadeia de valor e do processo produtivo)
REDES
ALIANÇAS
*Redes flexíveis de PMEs (Redes de Subcontratações) *Redes de inovação *Redes de relacionamento *Redes de informação *Redes de comunicação *Redes de pesquisa
*De fornecimento *De posicionamento *De aprendizado
*Estratégia *Vertical *Horizontal *Transacional
Joint venture Consórcios Acordos cooperativos Fusões e aquisições Franchising Organização virtual Clusters Etc.
TEORIA DE REDES
31
A Figura 5 evidencia a perspectiva teórica de redes e mostra como a teoria de
redes envolve diferentes campos do conhecimento e de processos de construção,
desenvolvimento e integração de seus agentes. Ela pode ser vista sob diferentes
perspectivas, desde redes constituídas de maneira intencional até redes resultantes
de integração espontânea e redes como uma estratégia organizacional, como é o
caso de alianças e das redes formais e/ou informais. O termo redes é amplo e
envolve processos de interação e relacionamento em diversas áreas do
conhecimento científico, como: sociologia, antropologia, psicologia.
No processo de evolução sobre o avanço do conhecimento de redes é
importante considerar as diversas perspectivas e campos do conhecimento que
abordam o tema, além dos processos envolvidos. O arranjo interorganizacional
compondo setores e atores distintos pode ser entendido como uma rede, pois
atende às características que identificam uma rede em operação, como:
complementaridade, integração de soluções, comportamento emergente,
aprendizado e confiança.
2.4 Paradigmas de redes
O estudo de redes pode ser realizado do ponto de vista de três abordagens:
racional econômica, social e sociedade em rede. Na abordagem racional econômica,
os objetivos estão centrados no aspecto econômico e processual e o planejamento
da rede tem um fim específico. As alianças que Gulati e Gargiulo (1999) propõem
podem ser citadas como exemplos (alianças estratégicas com outros agentes e
organizações, incluindo clientes, fornecedores e concorrentes). Nesta abordagem, o
objetivo das empresas envolvidas é estabelecer relacionamentos para lograrem
êxito e obterem melhor resultado financeiro.
Segundo Giglio (2010), a formação de rede, sob a perspectiva do paradigma
racional econômico, tem por objetivo a obtenção de redução de custos e acesso à
informação e recursos. Trata-se de uma espécie de decisão planejada de forma
estratégica, tendo em vista as mudanças ocorridas no ambiente devido às condições
de competição.
Apesar da parceria na rede, cada ator integrante e envolvido continua
mantendo a sua ‘soberania organizacional’ (LOPES e BALDI, 2009). Diante de um
novo cenário com mercados cada vez mais globalizados e nos quais as operações
32
de gestão ganham novas perspectivas, torna-se difícil identificar onde termina a
concorrência e começa a cooperação, ao se misturar clientes e fornecedores
(WOOD Jr. e ZUFFO, 1998). Com o objetivo de reduzir custos, otimizar prazos e
potencializar o valor percebido pelo cliente, frequentemente é preciso romper
barreiras entre departamentos para que o modelo possa ter sucesso (WOOD Jr. e
ZUFFO, 1998), tornando as áreas de marketing, logística e produção cada vez mais
próximas (BALLOU, GILBERT e MUKHERJEE, 2000).
Segundo Lambert e Cooper (2000), a gestão de negócios entrou na era da
competição entre redes, ou seja, uma rede da cadeia de suprimento contra outra
rede da cadeia de suprimento em um ambiente de cooperação, cujo objetivo é a
minimização de custos por meio do sistema (FISHER, 1997); as organizações, na
visão de sociólogos organizacionais, estabelecem ligações para controlar incertezas
ambientais e satisfazer as suas necessidades de recursos em um parceiro, ou seja,
ator integrante da mesma rede de negócios (GULATI e GARGIULO, 1999).
As redes de negócios têm a capacidade de coordenar e promover inovações
de produtos e serviços a custos reduzidos, o que não seria obtido caso as empresas
desenvolvessem as inovações de forma isolada (KOGUT, 2000; WESTERLUND e
RAJALA, 2010). A formação em redes pressupõe a redução do tempo necessário
para levar ao mercado estes novos produtos (GANESAN, MALTER e
RINDFLEISCH, 2005). As redes possuem capacidade de aumentar o valor das
firmas que as constituem e isso é uma fonte esquecida de recursos (KOGUT, 2000).
Na abordagem social, as características principais são as relações existentes
entre os atores, pautadas em variáveis como confiança e comprometimento. Nem
todos os atores estão conectados, mas por outro lado, alguns se unem por múltiplas
relações (TICHY, TUSHMAN e FOMBRUN, 1979). Ao mesmo tempo que os laços
fortes trazem maiores benefícios à rede, podem, por outro lado, restringir a inovação
com o surgimento de novas ideias, tendo em vista que esses atores se encontram
numa situação estável, o que pode implicar em problemas para os envolvidos na
rede (GRANOVETTER, 1983).
O paradigma social esclarece que a relação das empresas implica na
associação do capital social com o desempenho daquelas que estão
interconectadas. É fundamentada na premissa de que o comportamento da
economia é resultado das relações sociais (GRANOVETTER, 1985). Apesar da
teoria de custos de transação proposta por Williamson (1975) não considerar a
33
relação de confiança e reciprocidade entre os atores, as redes de relacionamentos
sociais fazem com que as relações econômicas se estendam além das limitadas
relações financeiras.
Na mesma linha de raciocínio, Uzzi (1996) e Helper (1991) afirmam que a
presença de confiança auxilia no aumento do capital social entre as empresas que
mantêm relacionamento econômico, diminuindo custos de transação, por meio da
redução de riscos e incertezas.
Ainda sobre o paradigma social, Tichy, Tushman e Fombrun (1979) afirmam
que as redes de negócios se desenvolvem por meio da teoria dos sistemas sociais,
na qual se investiga a interação das condições e dos processos organizacionais que
afetam o comportamento dos atores. Granovetter (1985) sugere aplicações
organizacionais, desde análises que envolvem poder e processos políticos, até
questões econômicas em seus argumentos sobre resultados de empresa e sua
imersão em redes de negócios.
Quanto ao paradigma da sociedade em rede, Castells e Cardoso (2005)
afirmam que as pessoas passaram a interagir mais em um novo cenário, com o
surgimento de novas tecnologias e a internet, criando uma nova forma de
organização social baseada em redes e interligada pelas redes de comunicações
digitais, o que chamou de ‘sociedade em rede’. Esse novo formato de sociedade
apresenta elevado poder de flexibilidade e adaptação, transcendendo fronteiras
entre países, manifestando-se de diferentes formas, de acordo com a história, a
cultura e as instituições de cada sociedade.
Castells (2000), Klein (2003) e Ozcan (2004) defendem que a sociedade em
rede se caracteriza e se fundamenta pela presença de atributos como: cooperação,
confiança e comprometimento, tendo em vista que a troca entre os atores das redes
de negócios é cada vez mais relacional. Castells (2000) afirma, ainda, que as
estruturas sociais nascem com os seres humanos em conflito e em busca de
interação, formada pelas relações de produção, consumo, experiência, poder,
cultura e tecnologia.
Powell (1990) afirma que as vantagens obtidas pelos atores que atuam em
rede independem do tipo de abordagem. A geração de poder e influência, além do
acesso às novas informações e maior competitividade, “a retórica de redes como
uma forma de organização é uma tentativa de atenção no centro totalmente distinto
da ação coletiva (em redes), que permite a cooperação a ser sustentada em longo
34
prazo” (POWELL, 1990, p.301). Portanto, o paradigma da sociedade em redes não
oferece, para o trabalho, uma abordagem metodologicamente instrumentalizada
para a pesquisa a que se propõe.
A Figura 6 exibe simplificadamente a síntese dos paradigmas racional
/econômico, social e sociedade em redes.
Figura 6 – Paradigmas de pesquisa em redes
Fonte: Adaptado de Giglio e Sacomano (2014).
2.5 Políticas públicas, parcerias público-privadas e redes
O conceito de redes de políticas públicas apresenta uma vasta diversidade e
é reconhecida por alguns autores, como Borzel e Kickert, Klijn e Doppenjan (2007).
Borzel cita que essa diversidade de conceitos remete à ideia de desordem ou
confusão conceitual (BORZEL, 1998; KICKERT et al., 1997). Nesse sentido, o
conceito do termo redes de políticas públicas apresenta alguns pontos em comum,
como: variada gama de atores no processo de políticas públicas com capacidade
para influenciar seus resultados (KICKERT et al., 1997; ADAM e KRIESI, 2007).
Segundo Borzel (1998), redes de políticas públicas compreendem diversos
atores que compartilham interesses comuns e trocam recursos entre si para o
35
alcance dos interesses referentes à política. A relação se apresenta relativamente
estável com natureza interdependente e não hierárquica entre os atores envolvidos
e a cooperação é reconhecida como o meio mais apropriado para alcançar os
interesses que se busca. Adam e Krieski (2007) afirmam que os processos de
políticas públicas são controlados por atores públicos e privados, ou seja, diversas
são as naturezas dos atores que atuam nesse tipo de rede.
As redes de políticas públicas podem ser abordadas por duas escolas
distintas: alemã e anglo-saxã. A escola alemã considera as redes de políticas
públicas como uma forma de governança entre atores públicos e privados, enquanto
a escola anglo-saxã as compreende como uma maneira de interação entre grupos
de interesse e o Estado (BORZEL, 1998).
Borja (1997) afirma que o momento histórico é marcado pela descentralização
política e pelo aumento de demandas sociais distintas que não são satisfeitas pelo
poder público. Nesse contexto, a sociedade deixa de ser vista como receptora
apenas e passa a ser um ator importante no processo de consolidação de políticas
públicas que visam o seu bem-estar. Diante desse cenário, surge a necessidade de
uma articulação atuante e efetiva entre os atores públicos e privados (LOIOLA e
MOURA, 1997). Para tanto se faz necessária a criação de uma rede com um ator
central responsável por articular os diversos atores do poder público e da sociedade
civil em busca de melhorias e concretização quanto às ações públicas integradas e
que beneficiem a todos. Os autores afirmam, ainda, que a sociedade civil só
conseguirá exercer o papel de cogestora nas políticas públicas com a propagação
da democracia.
Assim sendo, o poder público passa a ter o desafio de repensar as formas de
gerenciamento que possui, promovendo propostas e ações que incluam a sociedade
civil e empresas privadas, ou seja, tendo uma gestão participativa e democrática no
processo de elaboração e implementação de políticas públicas. Esse novo modelo
de gestão pode ser entendido como governança urbana ou interativa (FREY, 2004).
Fischer et al. (1997) afirmam que governança abrange a relação e os papéis dos
agentes envolvidos no processo, além da construção de espaços de negociação.
Kenis e Schneider (1991) identificam as redes políticas como um conjunto de
relações estáveis e contínuas, cujos atores compartilham recursos entre si,
organizando-se para a solução de uma política comum. Esse novo modelo propõe
uma gestão compartilhada entre setor público, setor produtivo e terceiro setor
36
(FREY, 2003). Fleury (2002) entende a rede política como uma solução adequada
diante de novos arranjos institucionais que pode auxiliar na administração de
projetos com recursos escassos, problemas complexos e muitos atores
interessados.
No mesmo sentido, Borzel (1998) explica que alguns resultados só serão
obtidos diante do desenvolvimento do trabalho dos atores envolvidos em uma rede
por meio de uma política pública. Burley e Mattli (1993) entendem redes políticas
como heterogêneas, ou seja, os atores envolvidos dispõem de diferentes interesses
e recursos que criam uma relação de interdependência entre eles. O conceito de
redes chama a atenção para a interação entre organizações de naturezas distintas,
mas que dependem umas das outras, coordenando as suas ações por meio de
interdependências de recursos e interesses.
Nessa direção, as parcerias no âmbito econômico podem ser entendidas
como associações comerciais ou união de empresas, que firmam um acordo entre
pessoas jurídicas que de forma livre e deliberada aceitam trocar recursos,
compartilhar experiências, desenvolver e aprimorar conhecimentos, com o objetivo
de superar desafios. Os envolvidos na parceria têm a possibilidade de usufruir de
oportunidades diversas e de interesses comuns e coletivos (RAPOSO, 2006).
Vasconcellos e Vasconcellos (2009) entendem parceria entre Estado e
organizações sociais como:
Parceria é uma forma de organização nas quais os objetivos alcançados pelos parceiros engajados dependem da existência de confiança entre eles e auto-organização. Neste contexto, os motivos da parceria não são moldados por ideais de ganhos materiais ou coerção entre os parceiros, mas por um senso comum de propósito, apoiado pela confiança entre os atores. Parceria baseada em confiança evoca a noção de parceria como um processo prolongado que resulta em um relacionamento de longo prazo entre os atores (VASCONCELLOS e VASCONCELLOS, 2009, p. 133).
Entende-se por parcerias público-privadas:
Uma articulação estável de atores mutuamente dependentes, mas funcionalmente autônoma, entre o Estado, o mercado e a sociedade civil, a qual interage orientada por conflitos negociados, ocorre num contexto institucionalizado de regras, normas, conhecimentos partilhados e imaginários coletivos; facilita a autorregulação de decisões políticas hierarquizadas, e contribui para a produção de ‘valor público’ em um sentido amplo de definição de problemas, visões, ideias, planos e regulamentações concretas que são considerados relevantes para amplas camadas da população (SORENSEN e TORFING, 2009, p.236).
37
Nelson e Winter (1982) e Zollo e Winter (2002) propõem a parceria como um
processo dinâmico de busca e seleção determinado pelo aprendizado. Entende-se
que a gestão das parcerias evolui e emerge de maneira progressiva, como resultado
do processo de aprendizado que se dá simultaneamente à sua evolução. Esse
processo possibilita o alcance dos objetivos propostos para a rede alterando-se, ao
longo do tempo, a percepção dos atores em relação aos problemas, suas
identidades e estrutura (MAHNKE, 2000).
Torfing (2005) enfatiza a interdependência entre os atores envolvidos na
parceria público-privada em termos de recursos e capacidades, mantendo cada qual
a sua autonomia e não estando sujeitos às mesmas estruturas hierárquicas. As
relações dos atores se caracterizam por sua horizontalidade e possuem consciência
de que os resultados só serão alcançados em parceria e sem poder suficiente para
impor controle sobre os demais envolvidos. Contudo, apesar do poder de imposição
de decisões aos parceiros por parte do poder público, os demais atores possuem
informações e conhecimento específicos, capital, suporte político, dentre outros.
Desta forma, a partir do momento em que os parceiros envolvidos apresentam os
recursos para o poder público esperam obter influência política, tendo em vista que o
poder público não adotará e implementará políticas contrárias aos interesses dos
demais atores envolvidos (BORZEL e PANKE, 2007).
Na parceria público-privada os interesses públicos diferem dos interesses
privados, conforme as premissas básicas: (1) o setor público apresenta um amplo
envolvimento com normas e valores; (2) as organizações públicas, por meio de seus
líderes, defendem interesses de cidadãos e eleitores, em vez de grupos específicos;
e (3) a transparência, igualdade de tratamento, imparcialidade e previsibilidade são
fatores que demandam ser enfatizados nas organizações públicas (CHRISTENSEN
et al., 2007). Assim, o governo compreende que os complexos problemas sociais
não são passíveis de resolução de forma isolada. Dependem, também, de parcerias
com demais organizações públicas, com o setor privado e com as organizações não
governamentais (ONGs).
Quanto ao interesse da iniciativa privada, ele pode ser manifestado por meio
de apresentação de propostas, estudos ou levantamentos, por pessoas físicas ou
jurídicas. Segundo Neto (2010), a manifestação de interesse abre a possibilidade de
o parceiro particular apresentar um projeto ao governo e pode o mesmo ser
realizado mediante autorização, sem que tenha sido elencado como uma prioridade.
38
Faz-se necessário esclarecer que as parcerias público-privadas previstas em
legislação federal, conforme a Lei n.º 11.079/2004, podem ser utilizadas como uma
referência importante para compreender as motivações das empresas privadas em
manter parcerias com o poder público. Porém, o presente estudo busca
compreender o processo integrativo entre organizações de diferentes naturezas
(órgãos públicos, empresas privadas, terceiro setor e sociedade civil), mas que não
se caracterizam como parcerias público-privadas previstas na legislação federal
vigente.
Aparentemente, na rede estudada, os atores envolvidos apresentam
interesses e buscam benefícios diversos em firmar parcerias entre si. Os interesses
podem ser caracterizados como objetivos potenciais: (1) órgãos públicos:
apresentam interesses de natureza social, econômica e política; (2) empresas
privadas: apresentam interesses financeiro e social; (3) terceiro setor: apresentam
interesses social e político; (4) sociedade civil: apresentam interesses financeiro e
social.
Além dos interesses diferentes dos atores envolvidos na parceria público-
privada, muitas e variadas também são as formas de acordo entre eles, podendo
ser: relacionamentos formais justificados por contratos ou informais; inter ou
intraorganizacionais; deliberados ou emergentes; de curto ou longo prazo, dentre
outros (SORENSEN e TORFING, 2007).
O crescimento das parcerias entre órgãos públicos, sociedade civil, empresas
privadas e demais organizações é um fenômeno global caracterizado pela maior
fragmentação, complexidade e dinamismo da sociedade e pode ser explicado como
uma tentativa de suprir os limites e falhas do Estado ou do mercado como agentes
reguladores. Segundo Sorensen e Torfing (2007), as características mencionadas se
fundamentam no aumento da quantidade de órgãos públicos e empresas privadas
que necessitam de soluções baseadas em conhecimentos específicos e que
apresentam distintas racionalidades, procedimentos, estratégias e instituições que
levam os atores a uma maior interação, sobretudo ampliando as possibilidades de
conflitos, incertezas e riscos. Assim, surge uma forma de articulação caracterizada
pela formação de parcerias entre o setor público e o privado, acordos ou arranjos de
cooperação, alianças estratégicas e redes interorganizacionais.
Sorensen e Torfing (2007) afirmam que é preciso considerar as parcerias
como sendo espaços complexos nos quais se encontram, fundem e colidem
39
diferentes interesses, racionalidades e identidades. Este encontro acontece em um
contexto caracterizado por instituições, regras, rotinas, contratos, facilitando e
constrangendo a interação entre os atores e o alcance dos resultados, quando
consideradas as diferentes percepções entre eles.
Conforme McGuiree Agranoff (2011), entende-se que os governos deixam de
ter controle absoluto em favor de processos de negociação e articulação com outros
atores ao apoiarem-se cada vez mais em arranjos cooperativos. No mesmo sentido,
Sorensen e Torfing (2007) afirmam que este tipo de parceria permite a identificação
rápida de problemas e oportunidades para a produção de respostas, além de
agregar informações e conhecimento que qualificam as escolhas realizadas,
minimizando, desta forma, possíveis conflitos. É uma forma de trabalhar questões
políticas complexas, diminuindo a resistência e promovendo sentimento de
reciprocidade entre os atores afetados e envolvidos.
A interação entre os atores da parceria se dá em um ambiente que se
caracteriza por negociações em busca de consenso, de construção de confiança,
aprendizado e entendimento comum. O contexto compreende um cenário com
diferentes perspectivas e visões de mundo propensos a conflitos e antagonismos
(TORFING, 2005).
O entendimento do sucesso da parceria pode ser justificado por diversos
elementos, dentre eles, o relacionamento entre as instituições pautado nas
características do conhecimento dos atores envolvidos (NOTEBOOM, BERGER e
NOODERHAVEN, 1997); Dyer e Singh (1998) analisaram a influência do capital
relacional; Gulati (1995) levou em consideração a possibilidade de interações
repetitivas; Larson (1992) considerou a reputação e relacionamentos prévios, e
Powell, Koput e Smith (1996) e Simonin (1997) entendem que a experiência é um
fator importante para o alcance do sucesso na parceria estabelecida.
Gulati e Gargiulo (1999) entendem que interações prévias entre os atores
envolvidos em uma parceria podem minimizar riscos associados a futuras
transações e maximizar o interesse na formação de novos acordos. Na mesma linha
de raciocínio, Gulati (1995) afirma que a experiência em acordos firmados
anteriormente pode promover confiança e facilitar o processo que envolve a escolha
de parceiros, assim como o entendimento de suas necessidades e capacidades,
pois permite o aprendizado sobre o contexto em que as parcerias se inseriram e
sobre as especificidades dos parceiros.
40
Granovetter (2005, p. 33) propõe que ‘diferentes contextos levam a diferentes
mecanismos de controle’ e afirma que os agentes econômicos avaliam as
características do contexto em que se encontram e decidem com quem se
relacionar, atuando de forma cooperativa ou não. Para Nielsen (2010), a opção por
formação de parcerias pressupõe a presença de convergência estratégica. No
mesmo sentido, Klijn (2010) afirma que os objetivos de cada um dos agentes
precisam convergir em busca de um objetivo comum para a rede.
Lindenberg e Foss (2011) consideram a cooperação como essencial para o
alcance dos objetivos quando há o estabelecimento de parceria. A cooperação é
originária da combinação dos seguintes fatores: (1) integração entre tarefas e
desenho do time encarregado de executá-las; (2) interdependência das atividades
vinculadas ao alcance do objetivo geral da parceria; (3) estrutura de governança; (4)
sistema de recompensa; e (5) sistema de autoridade baseado em conhecimento. Os
autores entendem, ainda, que os agentes precisam se perceber como parte efetiva
na construção da parceria, com consciência de que tanto a execução das atividades
individuais como da rede devem estar ligadas aos objetivos da parceria, assim como
o estabelecimento de indicadores e metas. Tanto a integração entre tarefas como o
desenho do time relaciona-se à motivação e a sua manutenção, ao entendimento
contínuo das conexões e interdependência entre os agentes, o que pressupõe o
desenho de um processo de comunicação que garanta a troca recorrente de
informações entre os envolvidos.
Quanto ao processo de troca de informações, Williamson (1985) defende que
a simetria é essencial para a prevenção de comportamentos oportunistas. As
parcerias requerem investimento no processo de comunicação para que haja
circulação de informação e conhecimento, por serem considerados como recursos
que contribuirão para o alcance dos objetivos comuns. No mesmo sentido,
Lindenberg (2000) entende que o processo de comunicação deve privilegiar fatores
que levam à integração e à convergência de objetivos, cuja manutenção levará à
criação de espaços para a confiança, minimizando o aparecimento de
comportamentos oportunistas.
Lindenberg e Foss (2011) observam que mesmo diante de objetivos alinhados
entre os agentes envolvidos na parceria é essencial a construção de espírito de
equipe, além da importância da presença de liderança, que deve ser voltada para a
cooperação e a colaboração para o alcance do objetivo da parceria. Nesse contexto,
41
deve-se evitar que objetivos individuais permitam recompensas individuais em
detrimento do grupo.
Com o estabelecimento de parcerias vários são os agentes envolvidos para a
formação de uma rede, que tem por objetivo assegurar e ampliar os direitos dos
cidadãos, oferecendo serviços que atendam às demandas da sociedade civil. Ela
resulta da articulação entre indivíduos que compõem as instituições que trabalham
com um objetivo comum (MARTINS, 2004).
A interação entre os agentes que formam a rede é elemento essencial para
construir o tecido social, formado após um longo período de convivência e com o
estabelecimento de relações de confiança entre eles. Essa interação se dá por meio
de parcerias, nas quais instituições complementares se apoiam mutuamente.
Mizruchi (2006) traz uma contribuição para o entendimento do funcionamento das
redes, ao afirmar que analisar redes é muito mais do que simplesmente enquadrá-
las em categorias e termos e é preciso apreender o conceito do trabalho em rede
que:
[...] seria a matéria principal da vida social: as redes concretas de relações sociais, que ao mesmo tempo incorporam e transcendem organizações e instituições convencionais. O governo, por exemplo, não é uma instituição fixa e unitária, mas uma série de subunidades, muitas vezes operando em oposição umas às outras, cujos membros desenvolvem coalizões e disputas não apenas dentro das agências e entre elas, mas também com diversos agentes externos ao Estado (MIZRUCHI, 2006, p. 73).
Redes estruturam-se em um relacionamento horizontal, viabilizam ações de
parceria, articulam múltiplos saberes, experiências e poderes e, com esse conjunto
de fatores, conseguem lidar de forma mais adequada com os sistemas complexos
apresentados à gestão social (VINHAS, 2010).
A Figura 7 elucida a abordagem esquemática de relacionamento da topologia
da rede em função das categorias sociais, com os elementos de ligação entre os
atores envolvidos na rede interorganizacional, com possíveis parcerias público-
privadas, sob a perspectiva de redes, com entrega de valores social, econômico
e/ou político.
42
Figura 7 – Abordagem esquemática de relacionamento da topologia da rede em função das categorias dos atores
Fonte: Autora (2016).
O Quadro 2, apresentado a seguir, identifica as referências conforme os
blocos temáticos desenvolvidos na fundamentação teórica.
43
Quadro 2 – Resumo: referencial teórico
BLOCOS TEMÁTICOS
REFERÊNCIAS
Redes: conceito e estrutura
Hoffman, Molina-Morales e Martinez-Fernandes (2004); Mitchell (2009); Fombrun (2004); Tichy, Tushman e Fombrun
(1979); Gulati (1998); Marshall (1982); Giglio, Pugliese e Silva (2012); Krausz (1988); Granovetter (1985); Dyer
(1996); Grandori e Soda (1995); Morgan (1980); Nohria e Eccles (1992); Todeva (2006); Baran (1964); Borgatti
(2005); Freeman, Roeder e Mulholland (1979); Bonacich (1987); Alejandro e Norman (2005); Burt (1995); Celotto
(1992); Marcon e Moinet (2000); Caron (2011); Zaccarelli et al. (2008).
Redes: gênese e evolução
Zaccarelli et al. (2008); Vecchia (2008); Balestrin e Verschoore (2008); Olave e Amato Neto (2011); Bastos e Santos
(2007); Tichy, Tushman e Fombrun (1979); Hite (2005); Candido e Abreu (2000); Nohria e Eccles (1992).
Paradigmas de redes
Gulati e Gargiulo (1999); Giglio (2010); Lopes e Baldi (2009); Wood Jr. e Zuffo (1998); Powell (1987); Ballou, Gilbert e
Mukherjee (2000); Lambert e Cooper (2000); Fisher (1997); Kogut (2000); Westerlund, Rajala (2010); Ganesan,
Malter e Rindfleisch (2005); Tichy, Tushman e Fombrun (1979); Granovetter (1983); Uzzi (1996); Helper (1991);
Castells e Cardoso (2005); Klein (2003); Ozcan (2004).
Políticas públicas, parcerias público-privadas e redes
Borzel (1998); Kickert et al. (1997); Adam e Kriesi (2007); Borja (1997); Loiola e Moura (1997); Frey (2004); Fischer et
al. (1997); Kenis e Schneider (1991); Fleury (2002); Burley e Mattli (1993); Raposo (2006); Vasconcellos e
Vasconcellos (2009); Sorensen e Torfing (2009); Nelson e Winter (1982); Zollo e Winter (2002); Mahnke (2000);
Torfing (2005); Borzel e Panke (2007); Christensen et al. (2007); Neto (2010); McGuiree Agranoff (2011); Noteboom,
Berger e Nooderhaven (2997); Dyer e Singh (1998); Gulati (1995); Larson (1992); Powell, Koput e Smith (1996);
Simonin (1997); Gulati e Gargiulo (1999); Granovetter (2005); Nielsen (2010); Klijn (2010); Lindenberg e Foss (2011);
Martins (2004); Mizruchi (2006); Vinhas (2010).
Fonte: Autora (2016).
44
2.6 Abordagem conceitual: síntese
As redes em operação que demonstram vitalidade, constituídas por órgãos
públicos, empresas privadas, terceiro setor e sociedade civil, assim como parcerias
público-privadas e particulares, podem ser teoricamente abordadas como redes ou
redes de negócios por apresentarem características que identificam esse tipo de
operação como: objetivos coletivos ou convergentes, compartilhamento de recursos
e informações, desenvolvimento de categorias sociais, presença de processos
cooperados, existência de comprometimento e desenvolvimento de confiança
(NOHRIA e ECCLES, 1992; ZACCARELLI et al., 2008; TELLES, 2008; GRANDORI
e SODA, 1995). O presente estudo rerefe-se a parcerias público-privadas que
podem, a priori, serem utilizadas como referências e apontam características que
remetem a um possível tratamento de redes, por apresentar pontos que as
identificam como tal. Nesse sentido, pode-se mencionar que o conceito de redes
passa a ganhar relevância no que se refere às redes de políticas públicas diante de
novas formas de gestão em que os processos de democratização e
descentralização as caracterizam. Nas redes de políticas públicas a tendência é a
redução das tradicionais hierarquias administrativas que se fundamentam em novas
práticas de governança interativa e de colaboração interinstitucional (KOOIMAN,
2002; FREY, 2004).
Na sociedade contemporânea a concepção desse tipo de rede passa a ter
crescente relevância quanto aos processos político-administrativos e decisórios.
Diante das características de redes de políticas públicas pode-se citar a flexibilidade
na gestão, além da facilidade em adaptar-se à complexidade dos problemas
administrativos enfrentados pelo poder público (GOLDSMITH e EGGERS, 2004;
KLIJN e KOPPERNJAN, 2000). Assim, Stoker (2000, p. 93) afirma que: “Governar
torna-se um processo interativo porque nenhum ator detém sozinho o conhecimento
e a capacidade de recursos para resolver problemas unilateralmente”.
Desta forma, o presente estudo se baseia na escola anglo-saxã em que redes
de políticas públicas compõem-se por poder público e grupos de interesse
interagindo entre si (BORZEL, 1998). A pesquisa tem por objetivo a exploração de
determinantes e condicionantes da evolução e manutenção das parcerias entre os
atores sociais de diferentes naturezas (órgãos públicos, empresas privadas, terceiro
setor e sociedade civil) e, eventualmente, que possuem interesses aparentemente
convergentes. Essas articulações interorganizacionais, embora apresentem atributos
45
comparáveis a algumas características das parcerias público-privadas, estão
associadas com estruturas e dinâmicas peculiares, não necessariamente por
estarem vinculadas a acordos formais, baseados em contratos, por exemplo; o
exercício da governança nesse tipo de arranjo decorre prioritariamente dos aspectos
do contexto específico da operação e da constituição coletiva, que deve ser
negociada entre os atores de um processo de orientação desse movimento. Nesse
sentido, a dinâmica de redes com esse caráter tende a manifestar uma natureza
informal aparentemente (BORGATTI, 2005).
Supostamente, a relação de integração e operação conjunta entre os atores
integrantes do arranjo articulado pode conduzir à entrega de valores social,
econômico e político. Conforme Schwartz (1992), valores podem ser considerados
objetivos gerais que vão além de situações específicas. Servem como princípios que
norteiam a ação com importância relativa e variável. Segundo Rokeach (1973),
quando algo é valorizado pelo indivíduo há uma priorização e isto se dá em relação
ao seu oposto. Desta forma, pode-se afirmar que os valores servem como critérios
orientadores, que fornecem justificativa social para escolhas e comportamentos, com
o julgamento do que é considerado bom ou mau, justificado ou ilegítimo.
Schwartz (2005) menciona que é necessária a elaboração de um
mapeamento da relação existente entre os valores considerados importantes pelo
indivíduo. No mesmo sentido, afirma que existe uma relação dinâmica entre os
valores e que podem apresentar relações de proximidade ou antagonismo, pois as
ações que buscam um determinado valor geram consequências práticas e sociais,
que podem entrar em conflito ou apresentar compatibilidade com a busca de outro
valor (SCHWARTZ, 1992).
Segundo Joireman e Duell (2005), a orientação de valor social reflete um
objetivo motivacional e é considerada uma medida de preferências para tipos
específicos de alocação de recursos. Nesse sentido, Offerman et al. (1996) afirmam
que as preferências gerariam diferenças de interpretações sobre objetivos a atingir,
quando as decisões afetam outras pessoas, alocando pesos diferentes para seus
próprios resultados e os dos outros. Sendo assim, pode-se afirmar que as pessoas
são diferentes quanto a sua orientação de valor social e, portanto, apresentam
diferenças em suas tendências a valorizar cooperação e, consequentemente, variam
em sua propensão a cooperar (MESSICK e MCCLINTOCK, 1968).
Nesse sentido, quanto à identificação e avaliação de valores sociais, pode-se
citar a reciprocidade e integração entre os parceiros, colaboração,
46
comprometimento, melhoria de relacionamento, encorajamento de cooperação e
quebra de barreira para expansão de confiança.
Em relação à entrega de valor econômico, pode-se admitir que a
remuneração do capital recebida pelos atores envolvidos (órgãos públicos,
empresas privadas, terceiro setor e sociedade civil) pode acontecer de forma
diversa, como o aumento do recolhimento de tributos para o município, tendo em
vista a ampliação da arrecadação devido ao crescimento das indústrias, comércios e
prestadoras de serviços. Nesse sentido, Human e Provan (1997) afirmam que as
organizações se inserem em redes interorganizacionais também por motivações
econômicas, como as trocas relativas às transações diretas entre os participantes;
acesso aos recursos, mercados, tecnologia e suprimentos e melhora do
desempenho financeiro em curto prazo. Barber (1995) afirma que as trocas
econômicas deveriam ser determinadas parcialmente por normas e valores e serem
vistas como troca social.
Em entrevista concedida à Revista Exame, Heni Ozi Cukier (2015) afirma que
o valor político trata-se de atividade humana e onde houver interação haverá
política. A única diferença é o contexto no qual a política acontece. Aristóteles
afirmava que a política não é meramente uma luta para satisfazer as necessidades
materiais em um contexto de escassez. Segundo preceitos morais, a política deve
buscar algum objetivo nobre ou possuir uma estrutura organizada para proteção de
certas atividades. Como valores inseridos na estrutura, podem-se citar as ideias de
justiça, igualdade, liberdade, felicidade, fraternidade e autodeterminação. O poder é
considerado o meio pelo qual os fins são atingidos. Nesse sentido, consideram-se
valores políticos os seguintes: justiça, igualdade, imparcialidade, cidadania,
liberdade.
Quanto à entrega de valor político pode-se mencionar os benefícios que a
gestão pública municipal obtém com a arrecadação de tributos que pode ser
revertida em projetos sociais para o município.
2.7 Objeto de pesquisa
O objeto de pesquisa selecionado para a presente investigação pode ser
descrito como um arranjo interorganizacional que incorpora atores de quatro
naturezas distintas (órgãos públicos, empresas privadas, terceiro setor e sociedade
47
civil), cuja principal característica é um trabalho articulado e cooperativo, que
apresenta relações informais e interesses diferentes, mas aparentemente
convergentes identificados no presente trabalho como PC2 (Processo de
Capacitação de Pessoas de Caieiras).
O PC2 pode estruturalmente ser descrito como composto pelos seguintes
atores: (1) órgãos públicos: Núcleo de Formação e Capacitação Profissional de
Caieiras - Mário Meneguini (NFCP), Secretaria Municipal de Desenvolvimento
Econômico e de Emprego de Caieiras (Semudec), Educação para Jovens e Adultos
(EJA), Conselho Tutelar, Posto de Atendimento ao Trabalhador (PAT), Fundo Social,
Secretaria de Esportes; (2) empresas privadas: Melhoramentos CMPC Ltda.
(CMPC), Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE); (3) terceiro setor: Serviço
Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Serviço Nacional de Aprendizagem
Comercial (Senac); (4) sociedade civil: pais e alunos.
O presente objeto de pesquisa está descrito nas seguintes seções: (a)
Identificação dos atores; (b) Descrição da operação do PC2; e (c) Inventário de
potenciais motivações para participação no PC2.
(a) Identificação dos atores: o objeto de pesquisa compreende o arranjo composto
por órgãos públicos, empresas privadas, terceiro setor e sociedade civil, que
operam no município de Caieiras, cujo objetivo é a capacitação de recursos
humanos.
No PC2, a priori, todos os agentes envolvidos estão interessados na
capacitação de pessoas, pois têm como resultado valores social, político e/ou
econômico. Nesse sentido, a capacitação é considerada o elo que une todos os
atores da rede estudada.
Diante das rápidas e inúmeras mudanças no cenário econômico, diversos são
os estudos que convergem para a conclusão de que a solução para as empresas é o
desenvolvimento da gestão do indivíduo, capacitando-o para oferecer retorno às
organizações e oferecendo subsídios intelectuais para o crescimento na velocidade
em que elas necessitam (BRANDÃO e GUIMARÃES, 2001).
Os atores envolvidos no arranjo objeto do presente estudo são os
relacionados a seguir.
Órgãos públicos:
48
1) O NFCP (Núcleo de Formação e Capacitação Profissional de Caieiras –
Mário Meneguini) foi criado pela Prefeitura do Município de Caieiras por
meio da Lei n.º 4.568 de 21 de setembro de 2012, junto à Secretaria
Municipal de Desenvolvimento Econômico e Emprego. O NFCP tem por
objetivos: (a) capacitar e qualificar os munícipes por meio de cursos,
palestras, seminários, oficinas nos mais variados níveis; (b) promover
atividades pedagógicas voltadas ao desenvolvimento cultural e
profissional tanto dos agentes e servidores públicos como da
comunidade; (c) oferecer aos participantes os recursos necessários por
meio de programação de formação, aperfeiçoamento e especialização,
para assegurar a qualidade de suas atividades junto à sociedade ou
mesmo na recolocação profissional; (d) realizar cursos, palestras,
seminários e oficinas por meio de convênios e parcerias com instituições
científicas e educacionais ou pela administração direta.
2) A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e de Emprego de
Caieiras (Semudec) é responsável pelo planejamento e execução das
atividades voltadas ao desenvolvimento econômico sustentável do
município, por meio do incremento de ações voltadas para proporcionar o
crescimento do setor privado, capacidade e desenvolvimento das
pessoas, geração de riqueza e qualidade de vida (PREFEITURA DE
CAIEIRAS, 2016a).
3) A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo por meio da EJA
(Educação para Jovens e Adultos) visa educar jovens e adultos que não
tiveram oportunidade de concluir o Ensino Fundamental I e II e/ou Ensino
Médio na idade correta (SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DO ESTADO DE
SÃO PAULO, 2015).
4) O Conselho Tutelar foi criado conjuntamente ao Estatuto da Criança e
Adolescente (ECA) por meio da Lei n.º 8.069 de 13 de julho de 1990,
responsável por zelar pelos direitos da criança e do adolescente.
Formado por membros eleitos pela comunidade para mandato de três
anos, o Conselho Tutelar é um órgão permanente (uma vez criado não
pode ser extinto), não sendo subordinado a qualquer outro órgão estatal
(CAIEIRAS ON LINE, 2016a).
49
5) O Posto de Atendimento ao Trabalhador (PAT) é uma rede de
atendimento do governo de São Paulo, coordenada pela Secretaria
Estadual do Emprego e Relações do Trabalho (SERT), que concentra
serviços gratuitos à população em todas as regiões do Estado. O PAT
presta serviços de intermediação entre as empresas que precisam de
mão de obra e profissionais que procuram emprego, solicitação de
seguro-desemprego e emissão de Carteira de Trabalho, conforme
informações (CAIEIRAS ON LINE, 2016b).
6) O Fundo Social tem como missão o desenvolvimento de projetos sociais
para melhorar a qualidade de vida dos segmentos mais carentes da
população (PREFEITURA DE CAIEIRAS, 2016b).
7) A Secretaria de Esportes tem a função de integrar a população às
atividades recreativas, de lazer e de desporto, democratizando a prática
esportiva como direito do cidadão (PREFEITURA DE CAIEIRAS, 2016c).
8) A ETEC – Escola Técnica Estadual é subordinada ao Centro Estadual de
Educação Tecnológica Paula Souza e ministra cursos técnicos e ensino
médio (CENTRO PAULA SOUZA, 2016).
Empresas privadas:
1) A Melhoramentos CMPC Ltda. (CMPC) é uma empresa privada atuante
no setor papeleiro (CMPC, 2016).
2) O Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) é uma associação
filantrópica de direito privado, sem fins lucrativos, beneficente de
assistência social e reconhecida de utilidade pública que, dentre vários
programas, possibilita aos jovens estudantes uma formação integral,
encaminhando-os ao mercado de trabalho, por meio de treinamentos,
programas de estágio e aprendizado, segundo (CIEE, 2016).
Terceiro setor:
1) O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) configura-se
como sistema estruturado em base federativa, que desenvolve ampla
gama de programas de formação profissional, que busca atender as
carências da mão de obra industrial brasileira, sempre em função das
peculiaridades de cada região do país, conforme (SENAI, 2016).
50
2) O Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC) tem por
objetivo educar com o foco no trabalho e atividades comerciais, tanto em
bens, quanto serviços e turismo (SENAC, 2016).
Sociedade civil:
1) Os alunos inseridos na sociedade civil procuram o NFCP de forma isolada
ou por meio de indicação do Conselho Tutelar, Previdência Social, PAT,
dentre outros.
2) Os pais dos alunos que buscam cursos no município de Caieiras por meio
do NFCP têm participação ativa no processo de capacitação desses
alunos.
(b) Descrição da operação do PC2:
O PC2 apresenta uma operação com estrutura descentralizada, ou seja, cada
um dos atores envolvidos na rede estudada têm objetivos distintos, mas que
aparentemente convergem para interesses comuns. Nesse sentido, a relação de
integração e operação conjunta entre os agentes do arranjo interorganizacional pode
ser objetivamente identificada nas Figuras 8 e 9.
Figura 8 – Mapeamento esquemático da ligação direta do Núcleo Mário Meneguini com os demais atores de rede interorganizacional
Fonte: Autora (2016).
51
Figura 9 – Mapeamento esquemático da ligação direta do Núcleo Mário Meneguini com os órgãos públicos
Fonte: Autora (2016).
Nesse sentido, os atores da rede estudada operam entre si da seguinte
forma:
1) O NFCP opera com os demais atores da rede estudada sendo solicitado
para atender as necessidades latentes dos demais agentes envolvidos no
arranjo (órgãos públicos, empresas privadas, terceiro setor e sociedade
civil). Quando da demanda por cursos, existe um aporte de investimento
(alimentos, professores, material didático, dentre outros) por parte dos
atores interessados, conforme o tipo de projeto a ser executado.
2) A Semudec gerencia e distribui informações para os demais atores,
autorizando ou não projetos a serem executados.
3) A EJA envia alunos interessados para realização de cursos no NFCP.
4) O Conselho Tutelar envia jovens menores de idade em situação de risco
social para realização de cursos no NFCP.
5) O PAT se relaciona com as empresas privadas em busca de vagas de
trabalho disponíveis em Caieiras e região, além de indicar aos
participantes de processo seletivo em empresas privadas a realização de
cursos de qualificação no NFCP.
52
6) O Fundo Social promove cursos de formação profissional para a
comunidade, além de enviar interessados em cursos para o NFCP. Utiliza,
ainda, o espaço do NFCP para realização de projetos próprios.
7) A Secretaria de Esportes, quando recebe jovens a procura da prática de
esportes como a única perspectiva de futuro profissional, atua em
parceria com o NFCP, cujo objetivo é preparar e qualificar esse jovem
para o mercado de trabalho.
9) O NFCP atua em parceria com a ETEC oferecendo curso preparatório
para os alunos participates do Vestibulinho.
10) A CMPC atua em parceria com o NFCP e demais atores cujo objetivo é
preparar pessoas para participação no processo seletivo e integrar o
quadro de profissionais da empresa, além de buscar mão de obra
qualificada no próprio NFCP.
11) O CIEE atua em parceria com o NFCP, oferecendo cursos na plataforma
de ensino a distância (EAD) por meio do Projeto Trabalhando o meu
futuro para jovens de 14 a 24 anos de idade. Tem por objetivo, ainda,
inserir esses jovens no mercado de trabalho.
12) O Senai oferece cursos gratuitos aos munícipes caieirenses e da região
por meio de parceria com o NFCP. Os cursos são diversos e têm duração
de aproximadamente 160 horas, podendo variar conforme o título do
curso. Também são encaminhados aos cursos técnicos do Pronatec
(Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego).
13) O Senac, em parceria com o NFCP, oferece cursos de qualificação
profissional voltados para as áreas de gestão e comércio para os
munícipes caieirenses e da região, por meio de programas de gratuidade
e Pronatec.
14) Os pais e alunos de forma isolada ou por meio da sociedade civil
organizada buscam qualificação e inserção no mercado de trabalho que
pode se dar por meio de parcerias firmadas entre os agentes da rede
estudada.
O PC2 tem como um dos objetivos comuns a qualificação de pessoas no
município de Caieiras e região, que visa suprir as necessidades das empresas
quanto à contratação de profissionais qualificados. Os benefícios gerados com as
53
contratações locais são inúmeros para todos os envolvidos na rede, quais sejam:
melhor qualidade de vida para o empregado, otimização de custo para a empresa,
geração de recursos para o município e comércio local, ou seja, a maioria dos
benefícios gerados na presente relação fica no próprio município.
(c) Inventário de potenciais motivações para participação no PC2:
No modelo organizacional de redes, os atores envolvidos no processo
integrativo e cooperado, valem-se do relacionamento entre si para concretizarem os
seus objetivos. Diante da rede estudada, inúmeros são os parceiros envolvidos na
relação (órgãos públicos, empresas privadas, terceiro setor e sociedade civil), todos
em busca de qualificação profissional, unidos em uma rede interorganizacional,
mesmo que sem consciência.
Aparentemente, os agentes de naturezas distintas apresentam potenciais e
diferentes motivações para participação no PC2:
(1) Órgãos públicos: firmam parcerias com agentes de setores distintos cujo
objetivo é a prestação de serviços para a sociedade, obtendo como
resultado valores políticos e sociais e, posteriormente, econômicos.
(2) Empresas privadas: se associam com demais atores ou firmam parcerias
por motivação racional, ou seja, por interesse econômico. O objetivo é
beneficiar a organização, aumentando o resultado e diminuindo custos.
(3) Terceiro setor: sem interesses financeiros, os atores do terceiro setor
firmam parcerias com demais agentes do arranjo interorganizacional, com
o objetivo de desenvolvimento de valores sociais e a qualificação do
indivíduo.
(4) Sociedade civil: a motivação dos indivíduos é econômica e social. Na
motivação econômica os interesses se apresentam como itens de
necessidade básica e na motivação social o indivíduo busca melhores
condições de vida para si e seus familiares.
A Figura 10 ilustra as relações descentralizadas entre os atores atuantes em
uma rede com estrutura dinâmica. Para elaboração da Figura 10 foi utilizado o
programa Ucinet com a inserção de dados referentes à relação existente entre os
atores da rede estudada.
55
3 METODOLOGIA
Uma pesquisa se fundamenta em um conjunto de informações necessárias
para a justificativa de respostas a uma dada pergunta, permitindo, desta forma,
chegar à solução de um problema (BOOTH, COLOMB e WILLIANS, 2005).
O objetivo da pesquisa é descobrir respostas para perguntas, através do emprego de processos científicos. Tais processos foram criados para aumentar a probabilidade de que a informação obtida seja significativa para a pergunta proposta e, além disso, seja precisa e não-viesada (SELLTIZ et al., 1967, p.5).
Lakatos e Marconi (2003, p.156) pressupõem que “toda pesquisa deve ter um
objetivo determinado para saber o que se vai procurar e o que se pretende
alcançar”. O projeto de pesquisa deve orientar para a coleta de informações
necessárias para a construção de uma teoria preliminar relacionada ao tema central
do estudo proposto, proporcionando meios e condições para a identificação de
dados a serem coletados, quais as unidades de análise e por fim o que deve ser
feito após a coleta de dados (YIN, 2010; CRESWELL, 2007).
A metodologia utilizada na elaboração de um trabalho acadêmico deve conter
um planejamento com a definição de tarefas imprescindíveis para o desenvolvimento
da investigação de pesquisa, tendo por objetivo contribuir para o avanço do
conhecimento. Segundo Yin (2010), o planejamento deve apresentar uma estrutura
lógica constituída por: (1) questões a estudar; (2) identificação de dados relevantes;
(3) dados a coletar e (4) análise de resultados. Giglio e Hernandes (2012), ainda,
defendem que a escolha metodológica realizada pelo pesquisador deve contemplar:
método, estratégia, técnicas de coleta, organização, análise e interpretação de
dados.
Em síntese, a pesquisa científica pode ser definida, segundo Bunge (1980),
como dotada de enfoque analítico e, por consequência, estruturada. Além do
método científico, a aplicação da pesquisa depende do assunto, por isso a
multiplicidade de técnicas. Assim, deve ser planejada, considerando claramente os
objetivos a serem alcançados, de forma experimental, fundada em conhecimento
anterior e suposições a serem confirmadas.
3.1 Classificação de pesquisas científicas
As pesquisas científicas podem ser classificadas quanto ao propósito, quanto
à abordagem e quanto à natureza das variáveis.
56
Quanto ao propósito, as pesquisas científicas são classificadas em cinco
categorias diferentes, quais sejam: pesquisa básica, pesquisa aplicada, avaliação de
resultados, avaliação formativa e pesquisa-ação (PATTON, 1990). Segundo Roesch
(1996), as categorias referenciadas podem ser apresentadas da seguinte forma: (1)
pesquisa básica: o objetivo é entender e explicar os fenômenos estudados com a
descoberta da verdade, contribuindo, de alguma forma, para a teoria; (2) pesquisa
aplicada: diferentemente da pesquisa básica, o objetivo é reconhecer os elementos
do problema e identificar ferramentas necessárias para lidar com ele; (3) pesquisa
de avaliação de resultados: na presente categoria de pesquisa o objetivo é analisar
a efetividade de intervenções humanas, contribuindo para soluções implementadas
com os resultados obtidos; (4) pesquisa de avaliação formativa: sua finalidade se
baseia no aperfeiçoamento de uma intervenção, analisando-se pontos fortes e
pontos fracos de um determinado elemento da pesquisa; (5) pesquisa-ação: o
objetivo é oferecer respostas ou propostas de solução aos problemas específicos
identificados na pesquisa, estimulando as mudanças possíveis.
A classificação da pesquisa quanto à abordagem, segundo Selltiz et al.
(1975), é definida como: estudo exploratório, estudo descritivo e estudo causal. O
estudo exploratório busca apresentar conhecimentos mais profundos sobre o
elemento analisado, viabilizando futuros estudos a respeito do assunto. O estudo
descritivo tem por objetivo o mapeamento do campo de interesse a ser estudado e o
estudo causal busca, por meio de análise detalhada e profunda, identificar e definir
relacionamentos de causa e efeito.
Quanto à natureza das variáveis, a pesquisa pode ser classificada como
qualitativa ou quantitativa. A pesquisa qualitativa se define por apresentar objetivos
pautados no entendimento e em conceitos reconhecidos sobre determinado assunto
que podem envolver elementos diversos. Seguindo na mesma linha de raciocínio,
Gordon e Langmaid (1988) pressupõem como característica da pesquisa qualitativa
a consideração de pequenas amostras, utilizando-se técnicas diversas para a coleta
de dados, que possibilitem aos entrevistados a liberdade de expressão em suas
respostas. Já a pesquisa quantitativa, necessariamente, envolve relacionamentos
quantitativos, cujo objetivo é a identificação de relações de causa e efeito após a
estruturação de dados numéricos. Este tipo de pesquisa pressupõe a necessidade
de amostragens probabilísticas e técnicas estruturadas de coleta de dados.
57
3.2 Descrição do percurso metodológico adotado nesta pesquisa
O planejamento metodológico do presente trabalho está dividido em três
etapas, em função dos objetivos específicos, vinculados à questão de pesquisa, qual
seja a identificação das bases de integração e operação conjunta de empresas
privadas, órgãos públicos, terceiro setor e sociedade civil. As fases resultantes
dessa opção metodológica foram:
a) Pesquisa bibliográfica: levantamento estruturado de literatura utilizando-se
palavras-chave relacionadas a redes. Compreende a busca por literatura
relacionada ao tema organizações em redes. A pesquisa foi direcionada para
artigos, dissertações e teses no banco de dados nacional Scielo e Spell,
utilizando-se a combinação das seguintes palavras-chave: parcerias público-
privadas, rede de negócios, operação conjunta e integração.
b) Pesquisa exploratória: investigação de natureza qualitativa (pesquisas em
profundidade) orientada para o inventário de motivações e objetivos dos
agentes sociais na participação ou manutenção de sua presença no arranjo
interorganizacional estudado, assim como a presença ou ausência de sinais
característicos de redes.
A segunda etapa da pesquisa é caracterizada por ser exploratória de natureza
qualitativa, na qual foram estabelecidos critérios para encontrar as informações
quanto ao objeto de estudo. Buscou-se o levantamento de sinais indicadores da
existência de uma rede e a identificação de fatores ou dimensões que, em alguma
medida, explicassem, justificassem e/ou sustentassem a operação integrada entre
agentes de diferentes setores com objetivos distintos.
Segundo Terence e Escrivão (2006), na investigação exploratória é
recomendada a utilização do método qualitativo, cujo objetivo é possibilitar e
provocar a evolução de novas compreensões sobre a variedade e a profundidade
dos fenômenos sociais. Nessa fase, a estrutura da investigação pode ser tipificada
como qualitativa, tendo em vista que admitem pequenas amostras, conforme Gordon
e Langmaid (1988).
Na pesquisa qualitativa, as questões são formuladas de forma específica,
obtendo respostas específicas, mas com certo grau de subjetividade, cujo objetivo é
a busca pela realidade do campo pesquisado por meio das respostas dos
respondentes (MINAYO, 1994).
58
A entrevista foi realizada pelo mesmo pesquisador, sendo solicitada aos
respondentes informações sobre potenciais dimensões associadas a benefícios,
esforços, resultados e ganhos adicionais, entre outros fatores envolvidos
diretamente na constituição, manutenção e expansão da operação integrada entre
os atores.
c) Tratamento de dados e resultados: o tratamento de dados e resultados foi
realizado por meio de análise de conteúdo das pesquisas em profundidade
orientada para a identificação dos principais conceitos manifestados por
categoria investigada.
O processamento dos dados foi desenvolvido com fundamento na abordagem
exploratória, orientada para o inventário crítico das dimensões condicionantes, que
apresentou como a síntese da posição manifestada pelo conjunto de respondentes
representante de cada um dos setores envolvidos diretamente na rede investigada
(órgãos públicos, empresas privadas, terceiro setor e sociedade civil). A posição de
cada ator da rede (decorrente da integração das posições individuais de cada
entrevistado representante desse ator) deriva das análises de conteúdo integradas
para cada categoria utilizada, segundo critérios e procedimentos propostos por
Bardin (1977). Diante da presença de categorias qualitativas, os dados coletados
devem ser tratados seguindo as regras de organização e análise do material
(BARDIN, 2008).
A Figura 11 representa o mapeamento do questionário semiestruturado,
identificando as categorias de análise com as respectivas dimensões da pesquisa
que obteve como resultado, após a pesquisa realizada, a presença ou não de
variáveis para cada uma das categorias analisadas.
Para cada ator entrevistado, representante das organizações de naturezas
distintas, as categorias de análise e dimensões da pesquisa utilizadas são,
respectivamente: (1) Benefícios: social, econômico, político; (2) Esforços: custos,
recursos humanos, tempo, riscos associados; (3) Resultados esperados: avaliação,
expectativa, decisão; (4) Atributos das relações: confiança, cooperação,
comprometimento, resultados compartilhados, reciprocidade, troca de informações,
qualidade de comunicação, compartilhamento de conhecimento, relação orientada
para longo prazo, oportunismo, equilíbrio de poder, interdependência, nível de
fidelização, satisfação com a relação, percepção de governança; (5) Ganhos
adicionais esperados: aprendizado e inovação.
59
AT
OR
ES
BENEFÍCIOS
ESFORÇOS
RESULTADOS
ESPERADOS
ATRIBUTOS
DAS
RELAÇÕES
GANHOS
ADICIONAIS
ESPERADOS
ÓRGÃOS
PÚBLICOS
EMPRESAS
PRIVADAS
TERCEIRO
SETOR
SOCIEDADE
CIVIL
DIMENSÕES DA PESQUISA
Avaliação, expectativa, decisão
Confiança, cooperação, comprometimento,
resultados compartilhados, reciprocidade,
troca de informações, qualidade de
comunicação, compartilhamento de
conhecimento, relação orientada a longo
prazo, oportunismo, equilíbrio de poder,
interdependência, nível de fidelização,
satisfação com a relação, percepção de
governança
Aprendizado, inovação
CA
TE
GO
RIA
S D
E A
NÁ
LIS
E
Custos, recursos humanos, tempo, riscos
associados
Social, econômico, político
VARIÁVEIS
Figura 11 – Mapeamento do questionário semiestruturado
Fonte: Autora (2016).
60
Os Quadros 3 e 8 apresentados nas páginas 66 e 77, respectivamente,
servirão como instrumento para apropriação de informações. O Quadro 3 evidencia
a apropriação das categorias de análise com a pesquisa realizada com quatro
representantes de cada um dos atores da rede estudada (órgãos públicos, empresas
privadas, terceiro setor e sociedade civil). O Quadro 8 serve como instrumento para
síntese dos resultados das informações obtidas em entrevista com os
representantes de cada um dos agentes (órgãos públicos, empresas privadas,
terceiro setor e sociedade civil).
3.3 Síntese da metodologia da pesquisa
Os trabalhos científicos são desenvolvidos fundamentando-se em fontes de
informações diversas, que podem ser primárias (documentos, entrevista,
questionário ou acompanhamento) e secundárias (artigos), sendo elaborados
conforme a metodologia e objetivos propostos (LAKATOS e MARCONI, 2003).
A presente pesquisa objetivou identificar a presença ou ausência de
características estruturais e operacionais de uma rede interorganizacional, por meio
da identificação de fatores que interferem no relacionamento entre atores envolvidos
na rede estudada, ou seja, como se dá e como se mantém a relação de integração e
operação conjunta entre eles. Sob a perspectiva de redes foi identificada a relação
de troca entre os atores envolvidos na rede interorganizacional, na qual todos se
beneficiam de alguma forma, recebendo valor social, valor político e/ou valor
econômico.
Embora as referências de pesquisas sobre o tema não sejam tão vastas, o
presente trabalho identificou uma lacuna que pôde ser preenchida pelo estudo
desenvolvido. A justificativa dos esforços para responder à questão de pesquisa se
fundamenta na dificuldade de se encontrar trabalhos que tratam diretamente das
relações mantidas entre os atores envolvidos em uma rede inteorganizacional dessa
natureza, ou seja, baseada em processos cooperativos envolvendo atores de
diferentes setores e não relacionados a contratos ou acordos formais. Para tanto,
foram identificados dois aspectos essenciais para a construção do sentido da
pesquisa: a presença ou ausência de características de uma rede
interorganizacional e, posteriormente, a compreensão de como se dá e como se
mantém a relação integrada e conjunta dos atores envolvidos na rede.
61
A pesquisa deste estudo foi exploratória, baseada em conceitos, no qual
buscou-se o levantamento de variáveis latentes e sinais efetivos e conclusivos de
que o objeto de estudo é realmente uma rede. Na pesquisa exploratória foram
levantadas as variáveis presentes que indicam a relação, manutenção e sustentação
da operação integrada entre os atores envolvidos na rede interorganizacional. Desta
forma, buscou-se investigar um tema pouco estudado, ou seja, um fenômeno em
que atores de natureza distinta trabalham em conjunto com objetivos coletivos, mas
não necessariamente os mesmos, sem formalização por meio de contratos e sem
sanções.
A pesquisa exploratória foi de natureza qualitativa com o objetivo de
considerar como base pequenas amostras para desenvolvimento do estudo.
Apresentou-se ainda por meio de estudo de caso. Segundo Yin (2010), o
estudo de caso geralmente é considerado uma ferramenta adequada quando o
objetivo do pesquisador é tentar compreender um dado fenômeno da vida real em
profundidade. Nesse tipo de estratégia de pesquisa o pesquisador se defrontará com
questões do tipo “como” e “por que” que favorecerá a compreensão dos fenômenos
individuais, coletivos, empresariais e sociais. Assim, conforme Martins (2008), o
estudo de caso possibilita a inserção em uma realidade social não atingida de forma
plena por meio de um levantamento amostral e avaliação exclusivamente
quantitativa.
Dessa forma, a presente pesquisa é resultante da composição de um estudo
bibliográfico, documental e de campo, podendo ser chamada de pesquisa de
avaliação formativa, semelhante à avaliação de resultados. A finalidade desse tipo
de pesquisa constitui-se em aperfeiçoar uma intervenção por meio de análise crítica
dos “pontos fracos” e “pontos fortes” encontrados durante a busca de informações.
3.4 Descrição operacional da pesquisa
Inicialmente foi realizado um contato prévio, por telefone, com os
representantes dos atores envolvidos no arranjo estudado. A pesquisa foi
desenvolvida com quatro indivíduos representantes da natureza de cada ator da
rede, exceto no caso das empresas privadas em que um dos representantes não
participou da pesquisa, totalizando 15 respondentes. Após o contato inicial por
62
telefone, a pesquisa foi realizada pessoalmente, e foi retomado o contato com o
respondente, nos casos de necessidade.
A população da pesquisa pode ser descrita como atores integrantes de rede
de cooperação de natureza informal, com agentes de diferentes naturezas. A
amostra foi representada por um caso único de estudo composto por sete
organizações de diferentes setores.
3.5 Análise de dados
A análise crítica de dados da pesquisa buscou a construção de um
diagnóstico que indicasse os principais fatores apontados pelos atores de diferentes
setores para a efetiva criação, manutenção e sustentação da relação entre os
agentes da rede interorganizacional, com objetivos distintos e com entrega de
valores social, econômico e político. Após a coleta de dados, a análise de conteúdo
foi utilizada como técnica de análise de dados. Segundo Bardin (2006), a análise de
conteúdo consiste em:
[...] um conjunto de técnicas de análise das comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens. [...] A intenção da análise de conteúdo é a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção (ou eventualmente, de recepção), inferência esta que recorre a indicadores (quantitativos ou não) (BARDIN, 2006, p.38).
Seguindo a mesma linha de raciocínio, Chizzotti (2006) afirma que o objetivo
da análise de conteúdo é ultrapassar as incertezas e enriquecer a leitura dos dados
obtidos, para a compreensão de forma crítica das informações coletadas com seus
respectivos sentidos.
A orientação da análise dos dados compreende várias etapas, cujo objetivo é
a conferência da significação aos dados coletados (ALVES-MAZZOTTI;
GEWANDSZNAJDER, 1998; CRESWELL, 2007; FLICK, 2009; MINAYO, 2001).
Assim, seguem as etapas da técnica propostas por Bardin (2006), a saber: (1) pré-
análise, (2) exploração do material e (3) tratamento dos resultados, inferência e
interpretação.
A primeira fase, chamada de pré-análise, tem por objetivo a estruturação das
ideias iniciais e o estabelecimento de indicadores para a interpretação das
informações coletadas, com a transcrição das entrevistas já realizadas.
63
A fase de exploração do material consiste na elaboração das operações de
codificação, representada pela transformação realizada por meio de recorte,
agregação e enumeração, com base em regras determinadas sobre as informações
textuais, representativas das características do conteúdo (BARDIN, 1977). A
categorização foi realizada com a divisão do conteúdo coletado na transcrição das
entrevistas realizadas, dando origem às categorias iniciais, que são agrupadas por
assunto relatado, que levam às categorias intermediárias e finais, possibilitando as
inferências. Neste processo chamado de indutivo ou inferencial busca-se a
compreensão da fala dos entrevistados, como também outra significação para a
mensagem inicial (FOSSÁ, 2003).
A terceira fase, de tratamento dos resultados, inferência e interpretação
compreende a captação dos conteúdos manifestos e latentes integrantes do material
coletado nas entrevistas. A análise comparativa constata as diversas categorias
existentes em cada análise, considerando os aspectos convergentes e divergentes.
64
4 RESULTADOS E ANÁLISE DE DADOS
O presente capítulo tem por objetivo a apresentação e análise dos dados e
resultados da pesquisa, baseado no tratamento de dados obtidos no levantamento
realizado e análise crítica do conteúdo coletado, com as respectivas indicações e
principais conclusões.
4.1 Instrumento de pesquisa e análise de dados
Optou-se pela técnica de entrevista semiestruturada em função da
possibilidade do entrevistador obter melhor entendimento e captação da perspectiva
dos entrevistados. Segundo Roesch (1999) as entrevistas livres ou sem estrutura
decorrem de um acúmulo de dados difíceis de averiguar que, muitas vezes, não
provê visão clara do ponto de vista do entrevistado.
O instrumento de pesquisa utilizado constituiu-se em um questionário
semiestruturado, seguindo uma sequência previamente estabelecida com
questionamentos e tópicos, composto por cinco categorias de análise, às quais
foram atribuídas dimensões da pesquisa para que fosse observada a presença ou
não das variáveis buscadas.
As categorias de análise e dimensões da pesquisa foram determinadas,
considerando-se a questão de pesquisa e os objetivos geral e específicos do
trabalho, conforme seguem:
1) Categoria de análise: benefícios; dimensões da pesquisa: social,
econômica e política;
2) Categoria de análise: esforços; dimensões da pesquisa: custos, recursos
humanos, tempo, riscos associados;
3) Categoria de análise: resultados esperados; dimensões da pesquisa:
avaliação, expectativa, decisão;
4) Categoria de análise: atributos das relações; dimensões da pesquisa:
confiança, cooperação, comprometimento, resultados compartilhados,
reciprocidade, troca de informações, qualidade de comunicação,
compartilhamento de conhecimento, relação orientada para longo prazo,
oportunismo, equilíbrio de poder, interdependência, nível de fidelização,
satisfação com a relação, percepção de governança;
65
5) Categoria de análise: ganhos adicionais esperados; dimensões da
pesquisa: aprendizado e inovação.
O objetivo da entrevista foi, por meio das categorias e dimensões de análise,
levantar características que identifiquem ou não o arranjo estudado como uma rede
interorganizacional e como se desenvolve e se sustenta a relação existente entre os
atores envolvidos no processo articulado e cooperado.
As entrevistas foram realizadas conforme as possibilidades dos respondentes,
em local reservado, tiveram duração média de 40 minutos, foram gravadas em áudio
e com anotações pertinentes realizadas pelo pesquisador, que foram devidamente
acrescentadas às transcrições realizadas posteriormente. Buscando-se a
preservação da confidencialidade das informações colhidas, os entrevistados foram
identificados como: (1) OP1, OP2, OP3 e OP4 (respondentes representantes dos
órgãos públicos); (2) EP1, EP2, EP3 e EP4 (respondentes representantes das
empresas privadas); (3) TS1, TS2, TS3 e TS4 (respondentes representantes do
terceiro setor); (4) SC1, SC2, SC3 e SC4 (respondentes representantes da
sociedade civil). A transcrição das entrevistas realizadas pode ser visualizada no
Apêndice A.
A distribuição das entrevistas foi realizada tendo em vista as quatro
organizações de setores distintos (órgãos públicos, empresas privadas, terceiro
setor e sociedade civil), sendo quatro respondentes para cada agente.
As entrevistas individuais possibilitaram alcançar uma variedade de
impressões e percepções que os diversos grupos apresentam em relação às
categorias de análise e dimensões da pesquisa. Conforme Richardson (1999, p.
160), “é uma técnica importante que permite o desenvolvimento de uma estreita
relação entre as pessoas. É um modo de comunicação no qual determinada
informação é transmitida”.
O Quadro 3, utilizado como instrumento para apropriação de informações das
categorias de análise, foi desmembrado conforme os atores de naturezas distintas,
para melhor entendimento, nos Quadros 4, 5, 6 e 7.
Para os Quadros 4, 5, 6, 7 e 8 deve-se considerar a seguinte informação: a
ordenação das dimensões da categoria de análise benefícios respeita a prioridade
atribuída por cada respondente.
66
Quadro 3 – Instrumento para apropriação de informações das categorias de análise
Fonte: Autora (2016).
BENEFÍCIOS
ESFORÇOS
RESULTADOS
ESPERADOS
GANHOS
ADICIONAIS
ESPERADOS
CATEGORIAS DE
ANÁLISE OP4
Entrevistado 4
EP1
Entrevistado 1
EP2
Entrevistado 2
ATRIBUTOS DAS
RELAÇÕES
ATORES
ÓRGÃOS PÚBLICOS EMPRESAS PRIVADAS TERCEIRO SETOR SOCIEDADE CIVIL
SC1
Entrevistado 1
SC2
Entrevistado 2
SC3
Entrevistado 3
SC4
Entrevistado 4
TS2
Entrevistado 2
TS3
Entrevistado 3
TS4
Entrevistado 4
EP3
Entrevistado 3
EP4
Entrevistado 4
TS1
Entrevistado 1
OP1
Entrevistado 1
OP2
Entrevistado 2
OP3
Entrevistado 3
67
O Quadro 4 apresenta a análise de conteúdo, conforme informações coligidas
nas entrevistas realizadas com representantes dos órgãos públicos. O material
coletado representa a avaliação crítica das indicações da análise comparativa, por
categorias das entrevistas semiestruturadas, e identifica aspectos convergentes ou
não na visão dos respondentes.
Por meio do Quadro 4 observa-se que há indicações da presença de variáveis
que caracterizam o arranjo estudado como uma rede interorganizacional e a maioria
das respostas, quanto às categorias de análise, são convergentes entre si. Nota-se
no mesmo quadro, na análise da categoria esforços, que apenas um dos
respondentes não considera nenhum risco com a participação nos projetos
propostos.
68
Quadro 4 – Análise de conteúdo: recorte OP
Fonte: Autora (2016).
CATEGORIAS
DE ANÁLISE
RESULTADOS
ESPERADOS
ATRIBUTOS
DAS
RELAÇÕES
GANHOS
ADICIONAIS
ESPERADOS
ATORES
ORGÃOS PÚBLICOS
OP1
Entrevistado 1
OP2
Entrevistado 2
(1) Social: qualificação e inserção no
mercado de trabalho;
(2) Econômico: profissionalização com
ganho financeiro;
(3) Político: consolidação da imagem do
poder público perante a sociedade.
(1) Econômico: qualificação e inserção do cidadão
no mercado de trabalho, aumentando o consumo no
comércio local e a tributação para o município;
melhoria da competitividade das empresas da região;
(2) Político: geração de emprego e renda a partir da
qualificação - perspectiva do voto certo;
(3) Social: redução do número de pessoas
dependentes de programas sociais por meio de
qualificação e oferecimento de vagas de emprego na
região.
(1) Social: qualificação e diminuição de cidadãos da
condição de risco e dos programas de assistência
oferecidos pela prefeitura;
(2) Econômico: inserção no mercado de trabalho;
(3) Político: consolidação da imagem do poder
público perante a sociedade.
(1) Social: qualificação e inserção no
mercado de trabalho.
(1) Ascensão: social e financeira.
OP3
Entrevistado 3
OP4
Entrevistado 4
(1) Terceiro setor: receptividade, confiança,
reciprocidade, proximidade, comprometimento e
estrutura adequada;
(2) Empresas privadas: sonegação parcial de
informações;
(3) Fortalecimento e fidelização: empresas privadas,
poder público e terceiro setor;
(4) Projetos: recurso restrito, sem formalização e
resultado satisfatório.
(1) Relação dissociada da dimensão política:
distanciamento da política e desenvolvimento de
trabalhos profissionais e técnicos;
(2) Relacionamento: credibilidade, confiança,
qualidade nos trabalhos desenvolvidos e comunicação
eficiente.
(1) Participação nos projetos: adequação
de horário e viabilização de transporte.
(1) Gestão municipal: além do compromisso social,
tratamento e atendimento humanizados.
(1) Melhora da condição social: qualificação e
inserção no mercado de trabalho.
(1) Crescimento profissional: qualificação
e inserção no mercado de trabalho.
(1) Crescimento profissional: qualificação
e inserção no mercado de trabalho.
(1) Dificuldade de acesso aos recursos: dimensão
da equipe e orçamento restrito;
(2) Persuasão dos indivíduos: distinção entre
capacitação, geração de emprego e renda fora da
esfera política;
(3) Associação: operação dependente de terceiros;
(4) Operação informal: não formalizada por meio de
documentos.
(1) Custo elevado: recursos humanos, despesas
fixas, material de escritório e limpeza.
Observação: não considera nenhum risco com a
participação nos projetos propostos.
(1) Planejamento adequado: reuniões
constantes para melhor definição de plano
de ação e redução de riscos;
(2) Investimento: aporte de capital.
(1) Relacionamento: confiança,
cooperação, parceria, comprometimento,
reciprocidade e fidelização.
(1) Relacionamento: confiança,
cooperação, parceria, comprometimento,
reciprocidade e fidelização.
BENEFÍCIOS
ESFORÇOS
(1) Superação da equipe de trabalho: composta por
membros com culturas organizacionais distintas;
(2) Aprendizado: desenvolvimento, amadurecimento e
construção de competências para o trabalho em
equipe;
(3) Visibilidade: desenvolvimento e entrega de
projetos satisfatórios.
(1) Perspectiva: abertura de novos núcleos de
formação e capacitação profissional em outras
regiões da cidade.
(1) Reconhecimento: desenvolvimento e
difusão de projetos em outras regiões.
69
O Quadro 5 apresenta a análise do conteúdo coletado nas pesquisas
realizadas com os representantes das empresas privadas. A maioria das respostas é
convergente para os mesmos objetivos. Verifica-se a presença de categorias sociais
que identificam o arranjo estudado como uma rede interorganizacional. A pesquisa
foi possível apenas com três representantes das empresas privadas, tendo em vista
a dificuldade na tentativa de marcar e remarcar a entrevista. Desta forma, a coluna
representada pelo quarto representante do setor privado consta com a informação:
“Observação: limitação de pesquisa.”
Diante da análise de conteúdo pode-se observar que na categoria de análise
benefícios a resposta dos três entrevistados converge para benefícios sociais,
elencado como primeiro benefício obtido do relacionamento existente entre os atores
que fazem parte dos projetos propostos, demonstrando, mais uma vez, a
convergência das respostas.
Pode-se citar, ainda, inovação como dimensão da pesquisa diante da
categoria de análise ganhos adicionais esperados, como resposta que se repete ao
longo da entrevista com representantes das empresas privadas.
70
Quadro 5 – Análise de conteúdo: recorte EP
Fonte: Autora (2016).
ESFORÇOS
RESULTADOS
ESPERADOS
ATRIBUTOS
DAS
RELAÇÕES
GANHOS
ADICIONAIS
ESPERADOS
(1) Inovação: desenvolvimento de novos
projetos melhorando a visibilidade perante
as empresas conveniadas ou não.
(1) Desenvolvimento social: qualificação
profissional e inserção no mercado de
trabalho.
(1) Inovação: desenvolvimento de novos
projetos com aprendizado mútuo para
todos os envolvidos.
Observação: limitação de pesquisa.
EP3
Entrevistado 3
EP4
Entrevistado 4
(1) Relacionamento: reciprocidade,
comunicação efetiva e sinergia.
(1) Relacionamento: cooperação,
comprometimento, confiança, reciprocidade,
fidelização e comunicação eficiente.
Observação: limitação de pesquisa.
(1) Oportunidade: qualificação e
inserção no mercado de trabalho.
(1) Expansão: aumento de parcerias com
empresas da região.
(1) Excelência: qualidade na prestação
de serviços;
(2) Pojetos: perspectiva de continuidade.
Observação: limitação de pesquisa.
(1) Investimento: recursos humanos e
material para divulgação;
(2) Planejamento: adequação aos
projetos e administração do tempo.
(1) Parcerias: encaminhamento de jovens
qualificados para o mercado de trabalho.
(1) Investimento: recursos próprios com
reembolso posterior.
BENEFÍCIOS
CATEGORIAS
DE ANÁLISE
(1) Relacionamento: cooperação,
compartilhamento de informações e troca
de recursos.
Observação: Falta de sincronismo entre
o serviço prestado e a contrapartida
remuneratória por parte do poder público.
Observação: limitação de pesquisa.
ATORES
EMPRESAS PRIVADAS
EP1
Entrevistado 1
EP2
Entrevistado 2
Observação: limitação de pesquisa.(1) Social: estímulo à qualificação e
colocação no mercado de trabalho;
(2) Econômico: apesar de não visar
lucro, o valor arrecadado é essencial para
o desenvolvimento dos projetos
propostos;
(3) Político: imparcialidade perante a
política, embora a gestão pública seja
importante.
(1) Social: desenvolvimento e qualificação
para inserção no mercado de trabalho.
(1) Social: desenvolvimento e qualificação
para inserção no mercado de trabalho.
(2) Político: promoção política por meio
de capacitação oferecida aos munícipes.
71
O Quadro 6 apresenta a análise de conteúdo das respostas obtidas com as
entrevistas realizadas com representantes do terceiro setor, sendo quatro
respondentes para essa natureza. Observa-se que a maioria das respostas
converge entre si. Na análise de conteúdo da categoria benefícios verifica-se a
resposta do benefício social considerado como o mais importante diante das
relações mantidas entre os atores de distintas naturezas envolvidas no arranjo
integrado. Ainda, pela análise de conteúdo das respostas dos representantes das
empresas privadas, percebe-se a presença de categorias sociais como confiança,
comprometimento, cooperação, fidelização, resultados compartilhados,
reciprocidade e sincronismo entre os agentes envolvidos na relação de cooperação,
o que caracteriza o presente arranjo como uma rede interorganizacional. Nota-se no
mesmo quadro, na análise da categoria esforços, que apenas um dos respondentes
não considera nenhum risco com a participação nos projetos propostos.
72
Quadro 6 – Análise de conteúdo: recorte TS
Fonte: Autora (2016).
BENEFÍCIOS
ESFORÇOS
RESULTADOS
ESPERADOS
ATRIBUTOS
DAS
RELAÇÕES
GANHOS
ADICIONAIS
ESPERADOS
(1) Aprendizagem: professores e alunos;
troca de experiência e oportunidade de
profissionalização dos alunos envolvidos.
(1) Fortalecimento e manutenção:
consolidação do nome da instituição de
ensino perante a sociedade e da sinergia
entre os envolvidos nos projetos propostos.
(1) Projetos propostos: municípes
beneficiados e continuidade dos projetos
oferecidos na região.
(1) Inovação: desenvolvimento e
apresentação de projetos para empresas
locais;
(2) Conhecimento: possibilidade de
melhorias na qualificação profissional,
melhores práticas de trabalho e melhora na
qualidade de vida;
(3) Estímulo: incentivo à educação
continuada.
TS3
Entrevistado 3
TS4
Entrevistado 4
(1) Relacionamento: confiança,
comprometimento, cooperação,
comunicação efetiva, resultados
compartilhados, satisfação com a relação e
fidelização entre os envolvidos nos projetos
propostos.
(1) Relacionamento: confiança,
cooperação, comprometimento,
comunicação efetiva, fidelização na
parceria e reciprocidade nas relações entre
os envolvidos nos projetos propostos.
(1) Investimento: mapeamento da
necessidade da região e oferecimento de
curso para qualificação conforme demanda;
(2) Parcerias: manter os padrões de ensino
e qualidade do Senai.
(1) Expectativa: garantia de educação de
qualidade;
(2) Crescimento profissional: alunos
qualificados contribuindo para a melhoria
contínua da indústria na economia
brasileira.
(1) Oportunidade de divulgação: nome
da escola Senai junto à sociedade,
aumentando a captação de alunos.
(1) Expectativa: atendimento da demanda
do município por meio de programas
sociais e estabelecimento de convênios
com empresas privadas e órgãos públicos.
(1) Atendimento das indústrias: aumento
do índice de empregabilidade dos alunos.
(1) Investimento: qualificação de mão de
obra, material didático, maquinário,
estrutura adequada;
(2) Risco: Investimento realizado.
(1) Disponibilização de vagas: cursos
conforme possibilidades do terceiro setor e
demanda da região;
(2) Investimento: recursos humanos.
(1) Parcerias entre empresas privadas e
órgãos governamentais: investimento e
desenvolvimento de projetos.
Observação: não considera nenhum risco
com a participação nos projetos propostos.
CATEGORIAS
DE ANÁLISE
(1) Relacionamento: Sincronisco, respeito
mútuo, comprometimento, reciprocidade,
fidelização e parceria.
(1) Profissionais comprometidos:
cooperação, comprometimento, confiança,
reciprocidade, comunicação efetiva,
resultados compartilhados, satisfação com
a relação, fidelização.
ATORES
TERCEIRO SETOR
TS1
Entrevistado 1
TS2
Entrevistado 2
(1) Social: qualificação e evolução do
indivíduo pessoal e profissional;
(2) Econômico: integração do indivíduo no
mercado de trabalho e na sociedade.
(1) Associação dos benefícios: social e
econômico;
(2) Educação de qualidade e retorno
financeiro: provimento da demanda da
indústria, atendendo um número crescente
de alunos.
(1) Social: desenvolvimento da autoestima
a partir da qualificação, crescimento
pessoal e profissional;
(2) Econômico: retorno financeiro.
(1) Social: qualificação profissional;
(2) Econômico: geração de emprego e
renda.
73
O Quadro 7 apresenta a análise de conteúdo conforme informações obtidas
nas entrevistas efetuadas com representantes da sociedade civil. O material
coletado representa a avaliação crítica das indicações da análise comparativa por
categorias das entrevistas semiestruturadas, identificando aspectos convergentes ou
não na visão dos respondentes.
Na análise da categoria benefícios a resposta obtida como mais importante
diante das relações entre os agentes que participam do arranjo estudado foi o
benefício social. Diante das respostas coletadas na categoria atributos das relações
pode-se perceber a presença de categorias sociais nas relações existentes entre os
atores envolvidos na rede, caracterizando-a como tal.
Dois dos respondentes, representantes da sociedade civil, responderam que
não consideram nenhum risco com a participação nos projetos.
74
Quadro 7 – Análise de conteúdo: recorte SC
Fonte: Autora (2016).
BENEFÍCIOS
ESFORÇOS
RESULTADOS
ESPERADOS
ATRIBUTOS
DAS
RELAÇÕES
GANHOS
ADICIONAIS
ESPERADOS
CATEGORIAS
DE ANÁLISE
(1) Aprendizado: desenvolvimento pessoal
e profissional.
(1) Aprendizado: compartilhamento de
conhecimento e informações possibilitando
a perspectiva de trabalho em uma nova
área.
(1) Aperfeiçoamento: troca de experiência. (1) Socialização: relação e criação de
vínculos com alunos da rede pública, de
classes sociais e realidade diferentes;
(2) Aprendizagem: valorização do trabalho
voluntário.
SC3
Entrevistado 3
SC4
Entrevistado 4
(1) Relacionamento: confiança,
comprometimento, reciprocidade e
comunicação efetiva entre os envolvidos
nos projetos.
(1) Relacionamento: confiança,
cooperação, comprometimento,
reciprocidade e relação satisfatória entre
os envolvidos nos projetos;
(2) Credibilidade: Poder Público e
empresas parceiras atuantes na colocação
de indivíduos no mercado de trabalho.
(1) Investimento: transporte;
(2) Dedicação: busca pela comunicação
eficiente.
Observação: não considera nenhum risco
com a participação nos projetos.
(1) Evolução: melhor colocação no
mercado de trabalho e melhor desempenho
profissional.
(1) Progressão: colocação no mercado de
trabalho, melhor conhecimento, autoestima,
segurança social e econômica perante a
família.
(1) Expectativa: incentivo ao estudo e
divulgação da abrangência do curso – área
de atuação.
(1) Superação de expectativas: alcance
do resultado desejado.
(1) Dedicação: organização do tempo e
aprendizagem.
(1) Investimento: tempo e transporte. (1) Aprimoramento: busca pelo
conhecimento.
Observação: não considera nenhum risco
com a participação nos projetos propostos.
(1) Credibilidade: consolidação do nome dos
parceiros;
(2) Relacionamento: comprometimento,
cooperação e comunicação eficiente.
(1) Comunicação e investimento: não
considera o suficiente;
(2) Comprometimento e cooperação:
numa escala menor do esperado.
ATORES
SOCIEDADE CIVIL
SC1
Entrevistado 1
SC2
Entrevistado 2
(1) Social: desenvolvimento humano;
(2) Político: benefício volta como político,
mas não enxerga como algo importante.
(1) Social: disponibilização de cursos
gratuitos;
(2) Político: essencial para a
disponibilização de cursos;
(3) Econômico: melhor salário devido à
melhor qualificação.
(1) Econômico: capacitação e emprego;
(2) Social: melhor colocação no mercado
de trabalho e sociedade.
(1) Social: desenvolvimento pessoal e
profissional do aluno;
(2) Econômico: estímulo ao interesse do
aluno por conta da faixa de salário conforme
formação profissional;
(3) Político: não considera a conscientização
por parte dos individuos, havendo um
incentivo ao conhecimento.
75
O Quadro 8 apresenta a síntese comparada diante da análise de conteúdo
dos representantes de cada agente estudado (órgãos públicos, empresas privadas,
terceiro setor e sociedade civil). Na síntese é possível perceber respostas
convergentes mesmo sendo de respondentes representantes de setores de
naturezas distintas. Na sequência são apontadas algumas observações quanto à
síntese.
1) Categoria de análise: benefícios – nessa categoria percebe-se a presença
do benefício social como sendo o principal diante das respostas obtidas,
ou seja, os atores se movem no arranjo estudado por objetivos sociais
considerados como o mais importante; o objetivo econômico aparece
secundariamente em três dos quatro setores estudados; e por último, o
objetivo político. Apesar de o objetivo político aparecer nas respostas
obtidas, verifica-se a seguinte informação na síntese da sociedade civil:
“não visualiza a política como algo importante”; respostas convergentes.
2) Categoria de análise: esforços - a maioria das respostas obtidas converge
para o investimento, podendo ser em recursos humanos, material de
divulgação, material didático, maquinário, estrutura adequada, transporte
e tempo; a variável parceria também aparece com frequência na síntese
da análise de conteúdo.
3) Categoria de análise: resultados esperados – as respostas que aparecem
com frequência se referem à qualificação profissional e inserção no
mercado de trabalho, fundamentando-se no aumento das parcerias e
continuidade dos projetos propostos; respostas convergentes.
4) Categoria de análise: atributos das relações – estão presentes em todas
as sínteses as categorias sociais: confiança, cooperação,
comprometimento, compartilhamento de informações, reciprocidade,
fidelização e troca de recursos como características essenciais de uma
rede interorganizacional e presentes na relação entre os atores
envolvidos no arranjo integrado; na síntese das empresas privadas é
importante mencionar a observação realizada durante a análise de
conteúdo (divergência): “falta de sincronismo entre o serviço prestado e a
contrapartida remuneratória por parte do poder público”; a observação
destacada na síntese da sociedade civil aparece como a insuficiência na
comunicação, investimento, comprometimento e cooperação, ou seja, que
estão presentes, mas que podiam ser mais efetivos.
76
5) Categoria de análise: ganhos adicionais esperados – as dimensões da
pesquisa aprendizado e inovação aparecem com frequência na síntese
das respostas obtidas durante as entrevistas, demonstrando, novamente,
a convergência das respostas dos atores representantes de cada um dos
setores estudados. Assim, cita-se a presença de variáveis como:
desenvolvimento de trabalho em equipe e novos projetos para aumentar o
número de pessoas beneficiadas com os trabalhos realizados. Resultado:
ascensão social e financeira dos indivíduos diante da qualificação e
inserção no mercado de trabalho; respostas convergentes.
77
Quadro 8 – Análise de conteúdo: síntese comparada
Fonte: Autora (2016).
SÍNTESE
(1) Social: qualificação e inserção no mercado de trabalho;
redução do número de dependentes de programas sociais;
melhoria da qualidade de vida dos cidadãos;
(2) Econômico: profissionalização e inserção no mercado
de trabalho com ganho financeiro; expansão de consumo
por qualificação de mão de obra; aumento da arrecadação
para o município;
(3) Político: geração de emprego e renda; consolidação da
imagem do poder público perante a sociedade.
ATORES
ÓRGÃOS PÚBLICOS EMPRESAS PRIVADAS TERCEIRO SETOR SOCIEDADE CIVIL
SÍNTESE SÍNTESE SÍNTESE
GANHOS
ADICIONAIS
ESPERADOS
(1) Relacionamento: reciprocidade, comunicação
efetiva, sinergia, cooperação, comprometimento,
confiança, fidelização, compartilhamento de
informações e troca de recursos.
Observação: Falta de sincronismo entre o serviço
prestado e a contrapartida remuneratória por parte do
poder público.
(1) Inovação: desenvolvimento de novos projetos
(melhoria da visibilidade perante as empresas
conveniadas ou não e aprendizado mútuo para todos os
envolvidos);
(2) Desenvolvimento social: qualificação profissional
e inserção no mercado de trabalho.
(1) Dificuldade de acesso aos recursos e custo
elevado: dimensão da equipe e orçamento restrito;
(2) Persuasão dos indivíduos: distinção entre
capacitação, geração de emprego e renda fora da esfera
política;
(3) Associação: operação dependente de terceiros;
(4) Operação informal: não formalizada por meio de
documentos;
(5) Planejamento adequado: reuniões constantes para
melhor definição de plano de ação e redução de riscos;
(6) Participação nos projetos: adequação de horário e
viabilização de transporte.
(1) Gestão municipal: além do compromisso social,
tratamento e atendimento humanizados;
(2) Melhora da condição social e crescimento
profissional: qualificação e inserção no mercado de
trabalho.
(1) Social: desenvolvimento e qualificação para
inserção no mercado de trabalho;
(2) Político: imparcialidade perante a política, embora a
gestão pública seja importante; promoção política por
meio de capacitação oferecida aos munícipes;
(3) Econômico: apesar de não visar lucro, o valor
arrecadado é essencial para o desenvolvimento dos
projetos propostos.
(1) Oportunidade: qualificação e inserção no mercado
de trabalho;
(2) Expansão: aumento de parcerias com empresas da
região;
(3) Excelência: qualidade na prestação de serviços;
(4) Projetos: perspectiva de continuidade.
(1) Superação da equipe de trabalho: composta por
membros com culturas organizacionais distintas;
(2) Aprendizado: desenvolvimento, amadurecimento e
construção de competências para o trabalho em equipe;
(3) Visibilidade: desenvolvimento e entrega de projetos
satisfatórios;
(4) Perspectiva: abertura de novos núcleos de formação e
capacitação profissional; desenvolvimento e difusão de
projetos em outras regiões;
(5) Ascensão: social e financeira.
(1) Expectativa: atendimento da demanda do município por
meio de programas sociais e estabelecimento de convênios
com empresas privadas e órgãos públicos; garantia de
educação de qualidade;
(2) Atendimento das indústrias: aumento do índice de
empregabilidade dos alunos;
(3) Oportunidade de divulgação: nome da instituição de
ensino (terceiro setor) junto à sociedade, aumentando a
captação de alunos.
(1) Relacionamento: confiança: comprometimento,
cooperação, comunicação efetiva, resultados compartilhados,
satisfação com a relação, fidelização, sincronismo, respeito
mútuo e parceria.
ATRIBUTOS DAS
RELAÇÕES
RESULTADOS
ESPERADOS
ESFORÇOS
BENEFÍCIOS
(1) Relacionamento: credibilidade, confiança, cooperação,
comunicação eficiente, parceria, comprometimento,
reciprocidade, fidelização e qualidade nos trabalhos
desenvolvidos;
(2) Relação dissociada da dimensão política:
distanciamento da política e desenvolvimento de trabalhos
profissionais e técnicos;
(3) Empresas privadas: sonegação parcial de
informações;
(4) Projetos: recurso restrito, sem formalização e resultado
satisfatório.
CATEGORIAS DE
ANÁLISE
(1) Aprendizagem: troca de experiência e ganho entre
professores e alunos;
(2) Fortalecimento e manutenção: consolidação do nome da
instituição de ensino perante a sociedade a partir da sinergia
entre os envolvidos nos projetos propostos;
(3) Projetos propostos: munícipes beneficiados e
continuidade dos projetos oferecidos na região;
(4) Inovação: desenvolvimento e apresentação de projetos
para empresas locais;
(5) Conhecimento: possibilidade de melhorias na qualificação
profissional, melhores práticas de trabalho e melhora na
qualidade de vida;
(6) Estímulo: incentivo à educação continuada.
(1) Social: disponibilização de cursos gratuitos;
desenvolvimento pessoal e profissional; melhor
colocação no mercado de trabalho;
(2) Econômico: capacitação, emprego e renda;
(3) Político: essencial para a disponibilização de cursos;
incentivo ao aprendizado político.
Observação: não visualiza a política como algo
importante.
(1) Investimento: transporte e tempo;
(2) Aprimoramento: aprendizagem;
(3) Dedicação: busca pela comunicação eficiente.
(1) Evolução: melhor conhecimento, melhor colocação
no mercado de trabalho e melhor desempenho
profissional; autoestima, segurança social e econômica
perante a família;
(2) Expectativa: incentivo ao estudo e divulgação da
abrangência do curso – área de atuação;
(3) Superação de expectativas: alcance do resultado
desejado.
(1) Relacionamento: comprometimento, reciprocidade,
comunicação efetiva, credibilidade, cooperação,
confiança.
Observações: (1) Insuficiência: comunicação,
investimento, comprometimento e cooperação.
(1) Aprendizado: desenvolvimento pessoal e
profissional; valorização do trabalho voluntário;
(2) Aperfeiçoamento: troca de experiência;
(3) Socialização: relação e criação de vínculos com
alunos da rede pública, de classes sociais e realidade
diferentes.
(1) Investimento: recursos humanos e material para
divulgação; recursos próprios com reembolso posterior;
(2) Planejamento: adequação aos projetos e
administração do tempo;
(3) Parcerias: encaminhamento de jovens qualificados
para o mercado de trabalho.
(1) Social: qualificação, desenvolvimento e evolução do
indivíduo pessoal e profissional;
(2) Econômico: geração de emprego e renda.
(1) Investimento: recursos humanos, material didático,
maquinário e estrutura adequada, conforme proposta e
desenvolvimento de projetos;
(2) Risco: investimento realizado;
(3) Parcerias: manter os padrões de ensino e qualidade.
78
4.2 Discussão dos resultados
Os dados coletados nas entrevistas realizadas foram analisados, segundo
Bardin (2010), utilizando-se a análise de conteúdo para a sua interpretação,
conforme planejamento metodológico e para responder ao problema de pesquisa e
aos objetivos propostos no estudo.
Deve-se ter atenção quanto às variáveis coletadas, pois dizem respeito à
proposição da temática estudada, não servindo como resposta a outros arranjos,
mesmo que atuantes de forma similar.
No Quadro 8 pode-se verificar a síntese comparada dos resultados obtidos
nas entrevistas realizadas com todos os 15 respondentes, representantes de cada
um dos setores investigados (órgãos públicos, empresas privadas, terceiro setor e
sociedade civil).
Diante dos resultados obtidos na análise das categorias e dimensões da
pesquisa, pôde-se verificar a convergência da maioria das respostas, com algumas
repetidas ao longo da síntese pelos representantes dos setores investigados,
mesmo que de naturezas distintas.
Segundo Nohria (1992), para entender redes se faz necessário o estudo
sobre as organizações e suas várias ligações com base em cinco princípios: (1)
Toda organização está em rede; (2) A organização é aberta e é parte da rede; (3) O
indivíduo é o resultado de suas relações sociais; (4) Ocorre uma relação sistêmica
de causa e efeito; e (5) Inserção na rede e suas ligações.
Desse modo, conclui-se que o objeto da pesquisa pode ser considerado como
uma rede inteorganizacional, tendo em vista a presença de várias características
elencadas por autores e estudiosos do assunto, como uma relação pautada pela
confiança, cooperação, comprometimento, fidelização, reciprocidade, comunicação
eficiente, sincronismo, compartilhamento de conhecimento e troca de recursos. A
base teórica dos constructos de confiança e comprometimento são as afirmativas de
Granovetter (1985). Segundo Oliver (1990) e Doz (1996), processos que possibilitam
uma gestão conjunta, de compartilhamento de recursos e construção de confiança
entre os agentes, são pautados na colaboração, comprometimento e cooperação.
Estes são considerados fatores que auxiliarão na manutenção da rede e que estão
presentes na análise de conteúdo realizada.
79
Conforme Zawislak (2000), diante da presença das categorias sociais
confiança, cooperação e comprometimento existirá o aprendizado e o
desenvolvimento de competências coletivas e passa-se a ter trocas de ativos
tangíveis e intangíveis, o que gera novas competências. Esse processo fará com
que os atores integrados na rede desempenhem melhor as suas funções.
O resultado da pesquisa contribui para o entendimento da coesão entre os
atores integrantes da rede estudada e caracteriza uma relação de comprometimento
e interdependência entre os agentes. A rede pode ser definida pela atribuição de
diversos fatores e um deles é de que os atores, de forma isolada, não conseguiriam
o resultado que obtêm trabalhando em conjunto, ou seja, atuando em rede. Nesse
sentido pode-se citar Granovetter (1985), Uzzi (1997) e Castells (1999), que afirmam
que toda organização está em rede, tendo ou não consciência dessa condição. O
ponto crucial para as ligações é a interdependência, ou seja, as organizações têm
necessidade de agir em conjunto, pois isoladas não têm os mesmos recursos e não
conseguem cumprir todas as etapas do processo.
Percebe-se, ao longo da análise do conteúdo coletado, que existe a presença
de interdependência dos atores, ou seja, o recurso que um agente necessita está
em posse de outro agente, ou surge na ação conjunta entre eles, somente sendo
possível a entrega do produto/serviço final com a participação de todos os atores
envolvidos na rede.
A reciprocidade na relação entre os atores, identificada como variável nas
entrevistas, presume a formação da rede cujo objetivo é a busca da realização de
interesses e objetivos comuns. No arranjo estudado pôde-se observar que os
objetivos podem ser comuns ou não, portanto, mesmo quando os objetivos não são
comuns para os agentes envolvidos, em algum momento os mesmos convergem
entre si. Explica-se: os objetivos podem apresentar uma ordenação de importância
diferente, mas convergentes. A título de exemplificação pode-se citar a análise da
categoria benefícios, na qual as respostas são convergentes, mas apresenta
ordenação diferente: na síntese comparada dos representantes dos setores de
naturezas distintas tem-se para os órgãos públicos os benefícios social, econômico
e político como resposta com as respectivas variáveis, conforme descrito no Quadro
8. Quanto às empresas privadas pode-se observar as respostas ordenadas em
benefício social, político e econômico. Para o terceiro setor as respostas foram
80
benefício social e econômico e para sociedade civil os benefícios foram elencados e
ordenados como social, econômico e político.
Desse modo, conclui-se que a maioria das variáveis encontradas na análise
de conteúdo realizada é convergente e algumas divergências apontadas (Quadro 8).
A fundamentação teórica do trabalho justifica como se estabelece e se
mantém o relacionamento existente entre os atores envolvidos no arranjo integrado
e de cooperação. Conforme as análises, observa-se que todos os envolvidos
apresentam algum interesse em participar e em continuar participando diante dos
resultados obtidos. Faz-se necessário apontar que os agentes envolvidos na rede
interorganizacional estudada recebem valores de ordem social, econômica e política,
que aparecem com maior ou menor frequência, sendo mais ou menos importantes,
mas estão presentes. Trata-se de uma rede informal que funciona sem contratos ou
documentos que a formalizem.
81
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo do presente trabalho foi contribuir para o avanço da compreensão
da manutenção e sustentação dos processos cooperados e integrativos existentes
entre os atores de naturezas distintas (órgãos públicos, empresas privadas, terceiro
setor e sociedade civil) envolvidos na rede interorganizacional. Objetivou-se
reconhecer as motivações e dificuldades inerentes a esse processo integrativo que
aparentemente incorpora a compreensão articulada de objetivos sociais,
econômicos e políticos, como fundamento potencial dessa relação.
O presente estudo baseou-se na teoria de redes para contribuir com os
conhecimentos e fundamentos que estabelecem, mantêm e sustentam a relação
existente entre os agentes integrantes do arranjo articulado estudado, chamado de
PC2 no decorrer do trabalho.
Após as pesquisas bibliográficas, entrevistas realizadas e a análise crítica do
conteúdo coletado constatou-se que o arranjo estudado é uma rede
interorganizacional, ao se considerar as características das relações existentes entre
os atores. Essas relações se mantêm e se sustentam ao longo do tempo devido aos
interesses dos atores e aos resultados obtidos com a participação no arranjo
cooperado.
Conclui-se que os interesses dos agentes que integram a rede estudada PC2
são diversos e podem ser elencados na presença das seguintes variáveis
levantadas por este estudo: desenvolvimento humano, qualificação profissional e
inserção de indivíduos no mercado de trabalho, geração de emprego e renda,
melhorias na qualidade de vida e autoestima dos indivíduos, promoção e visibilidade
das empresas parceiras (empresas privadas e terceiro setor), atendimento da
demanda das empresas da região quanto ao preenchimento das vagas existentes
por pessoas qualificadas, continuidade no desenvolvimento de projetos no município
e relação satisfatória.
5.1 Limitações da pesquisa e sugestões para estudos futuros
A investigação realizada por meio das etapas determinadas e a natureza do
processo de amostragem considerou a necessidade de reconhecimento de
restrições de validade externa. Trata-se de um modelo que apresenta validade
82
interna, ou seja, na rede estudada a análise de dados e resultados obtidos deve ser
considerada sob uma perspectiva indicativa, embora consistentemente
estabelecidos e justificados.
Como limitações, destaca-se a dificuldade para marcar e/ou remarcar as
entrevistas. Alguns representantes das empresas privadas apresentaram receio em
participar da entrevista, o que gerou como resultado apenas três respondentes
representantes do setor mencionado.
A literatura disponível em número reduzido quanto ao assunto estudado,
também dificultou o acesso às informações pertinentes e que pudessem valorizar e
auxiliar no desenvolvimento do estudo.
Sugere-se que futuros trabalhos sejam realizados em outras organizações de
composição semelhante e que haja aprofundamento do estudo para validação dos
resultados obtidos, considerando que o número de respondentes para cada setor
estudado pode ser maior.
83
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APÊNDICE
APÊNDICE A – Transcrição das respostas obtidas por meio do questionário semiestruturado utilizado na coleta de dados da pesquisa Entrevista OP1 Órgão público Cargo: Secretário do Desenvolvimento Econômico e do Trabalho Data: 12/04/2016
Categoria de análise: benefícios. Dimensões da pesquisa: social, econômico, político.
Resposta: (1) Econômico: O cidadão qualificado conseguirá inserção no mercado de trabalho, desta forma, poderá consumir mais no comércio local aumentando a tributação para o município; melhoria da competitividade das empresas da região (profissionais capacitados produzem mais e melhor); (2) Político: aumenta a crença na gestão do município a partir do momento em que as pessoas se qualificam e conseguem uma melhoria social e econômica (geração de emprego e renda); perspectiva do voto certo; (3) Social: redução do número de pessoas dependentes de programas sociais; em 2012 eram em torno de 600 pessoas em situação de miséria extrema, hoje são em torno de 200; resultado do trabalho de qualificação e oferecimento de vagas de emprego na região; qualificação da “frente de trabalho” cujo objetivo é a recolocação das mesmas no mercado de trabalho (cerca de 480 pessoas ao ano). O projeto só vai para frente, pois o principal objetivo é econômico, se fosse somente social, não iria adiante. Categoria de análise: esforços. Dimensões da pesquisa: custos, recursos humanos, tempo, riscos associados. Resposta: (1) Recursos escassos, pois outras demandas como saúde, educação e obras consomem grande parte do orçamento; (2) Esforço é grandioso no sentido de tirar a política da jogada, apesar dela fazer parte do cotidiano; tentar mudar a cultura de quem está dentro e fora do sistema (questões políticas – troca de favores); fazer as pessoas entenderem que a capacitação e a geração de renda e emprego não são questões políticas; As pessoas devem ser profissionais e resolverem as questões de forma técnica e não política; (3) Equipe escassa (menos profissionais trabalhando muito mais devido ao grande número de pessoas que procuram os serviços oferecidos diariamente), mas a equipe dá conta do recado; (4) Não enxerga riscos no presente projeto; orçamento restrito; programa de bolsa obedece à legislação; O único risco é a dependência de parceiros (empresas privadas e terceiro setor) que apresentam boa fé e boa vontade diante dos projetos propostos, mas algumas decisões independem deles, são interlocutores de agentes maiores, podendo gerar transtornos por não conseguir cumprir ou oferecer um curso, por exemplo. Não existe documento para firmação dos compromissos com os parceiros, somente formalização de cessão de espaço. Alguns projetos acontecem independente dos parceiros, com as próprias pernas.
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Categoria de análise: resultados esperados. Dimensões da pesquisa: avaliação, expectativa, decisão. Resposta: (1) O gestor municipal tem por objetivo fazer a diferença e a mudança no seu mandato; (2) Tratamento e atendimento humanizado às pessoas, não é apenas um compromisso social. Categoria de análise: atributos das relações. Dimensões da pesquisa: confiança, cooperação, comprometimento, resultados compartilhados, reciprocidade, troca de informações, qualidade de comunicação, compartilhamento de conhecimento, relação orientada a longo prazo, oportunismo, equilíbrio de poder, interdependência, nível de fidelização, satisfação com a relação, percepção de governança. Resposta: (1) Empresas privadas trocam menos informações que os parceiros do terceiro setor (mais receptivos – proximidade e comprometimento maior); (2) Poder público estigmatizado por incompetência faz com que as empresas privadas não acreditem, num primeiro momento; (3) Essa relação começa a mudar; o nível de fidelização aumenta; (4) As empresas do terceiro setor, por exemplo, buscam o município de Caieiras pela estrutura, pela confiança, pelo comprometimento e reciprocidade; troca entre poder público, empresas privadas e terceiro setor; (5) A prefeitura faz a triagem dos profissionais para o processo seletivo de uma empresa privada da região, por exemplo; (6) Projeto realizado com pouco recurso e resultado positivo para todos os envolvidos; (7) Todos os projetos acontecem sem formalidades, sem contratos, com regras definidas, mas sem documentação pertinente; (8) Credibilidade dos demais agentes em relação ao poder público; (9) Inicialmente a relação começa por questões pessoais e profissionais, após o primeiro trabalho, os parceiros passam a acreditar nos projetos; (10) Com os resultados satisfatórios, cada vez mais pessoas / empresas se interessam em participar dos projetos desenvolvidos no município; (11) Cadastro de 8.000 pessoas passa a ser de 24.000 (para vagas na região). Categoria de análise: ganhos adicionais esperados. Dimensões da pesquisa: aprendizado, inovação. Resposta: (1) Para a equipe: vencer as barreiras – superação no trabalho / lidar com uma cultura diferente – estabilidade de alguns profissionais; vencer os desafios e sem esperar retorno das outras pessoas; (2) Elevado aprendizado para todos os envolvidos nos projetos propostos.
Entrevista OP2 Órgão público Cargo: Gestor de apoio a processos administrativos Data: 19/04/2016
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Categoria de análise: benefícios. Dimensões da pesquisa: social, econômico, político. Resposta: Na frente de trabalho, as pessoas se qualificando acabam tendo oportunidade de conseguir uma colocação no mercado de trabalho; terá diferencial na procura de um emprego; experiência a mais no momento de concorrer com outras pessoas; tentativa de tirar essas pessoas da condição de “assistência” diante dos programas de bolsa oferecidos pela Prefeitura. (1) Benefício social: tirar essas pessoas de condição de risco; (2) Benefício econômico 50%: conseguindo um emprego, terá melhor condição financeira; resultado econômico; (3) Benefício político 50%: mostra a partir dos projetos que a administração pública se preocupa com o munícipe, ajudando as pessoas a melhorarem de condição social e financeira. Categoria de análise: esforços. Dimensões da pesquisa: custos, recursos humanos, tempo, riscos associados. Resposta: Esforços com custos (custo alto com recursos humanos, despesas fixas, material de escritório e limpeza). Não considera nenhum risco a partir da participação nos projetos. Categoria de análise: resultados esperados. Dimensões da pesquisa: avaliação, expectativa, decisão. Resposta: Expectativa em qualificar o maior número de pessoas para conseguir colocá-las no mercado de trabalho, melhorando as condições sociais. Categoria de análise: atributos das relações. Dimensões da pesquisa: confiança, cooperação, comprometimento, resultados compartilhados, reciprocidade, troca de informações, qualidade de comunicação, compartilhamento de conhecimento, relação orientada a longo prazo, oportunismo, equilíbrio de poder, interdependência, nível de fidelização, satisfação com a relação, percepção de governança. Resposta: Muitas empresas não querem se aproximar quando se fala em “política”, portanto, a partir do momento que conseguem visualizar um trabalho técnico, a confiança na relação aparece. O trabalho oferecido e desenvolvido é extremamente profissional. A empresa acredita, tem credibilidade e qualidade nas parcerias firmadas. A comunicação é um canal eficiente e efetivo utilizado entre os setores envolvidos no desenvolvimento dos projetos. O resultado diante dos projetos desenvolvidos é compartilhado entre todos os envolvidos. Cada um fazendo a sua parte. O ganho é igual para todos. Categoria de análise: ganhos adicionais esperados. Dimensões da pesquisa: aprendizado, inovação. Resposta: Com o desenvolvimento dos projetos, consegue-se justificar a abertura de novos núcleos de formação e capacitação profissional em outras regiões da cidade, oferecendo oportunidade para um número maior de pessoas.
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Entrevista OP3 Órgão público Cargo: Gestor do PAT Data: 17/05/2016
Categoria de análise: benefícios. Dimensões da pesquisa: social, econômico, político.
Resposta: Em termos de empregabilidade e formação, para o PAT é muito importante a qualificação profissional dos alunos tanto para um primeiro emprego quanto para uma recolocação no mercado de trabalho, pois a meta principal do PAT é buscar alternativas para os trabalhadores, fazendo um encontro com o empregador de maneira ágil, minimizando o custo social causado pelo desemprego. Desta forma, a relação PAT/Núcleo vem ao encontro das necessidades do aluno que está se preparando para ingressar no mercado de trabalho, e do empregador que necessita preencher sua vaga como o profissional qualificado.
Categoria de análise: esforços. Dimensões da pesquisa: custos, recursos humanos, tempo, riscos associados.
Resposta: Quando a iniciativa se dá pelo PAT/SEMUDEC, há uma discussão de forma participativa por meio de reunião envolvendo os agentes que elaboram as prioridades de cursos tendo em vista o perfil dos trabalhadores da região socialmente vulneráveis (baixa escolaridade e qualificação insuficiente, pessoas de maior idade, primeiro emprego etc.), e também levando em consideração a necessidade das empresas quanto a mão de obra qualificada conforme a área desejada. Há custos por parte da prefeitura e também das empresas privadas parceiras que ajudam. Todos os projetos são muito bem estudados, planejados e elaborados, e o risco sempre existe, porém, reduzido devido a todo o preparo realizado.
Categoria de análise: resultados esperados. Dimensões da pesquisa: avaliação, expectativa, decisão.
Resposta: Quanto aos resultados, esperamos que o maior número de alunos/trabalhadores possíveis ingresse ou se recoloquem no mercado de trabalho, principalmente em nosso município, e que as orientações por nós dadas estimulem e os incentivem para uma formação completa e crescimento profissional.
Categoria de análise: atributos das relações. Dimensões da pesquisa: confiança, cooperação, comprometimento, resultados compartilhados, reciprocidade, troca de informações, qualidade de comunicação, compartilhamento de conhecimento, relação orientada em longo prazo, oportunismo, equilíbrio de poder, interdependência, nível de fidelização, satisfação com a relação, percepção de governança.
Resposta: Existe a confiança e cooperação da parceria PAT/Núcleo por todos os resultados positivos já obtidos até o momento; confiança e cooperação dos empregadores que vêm nos procurar e que já tiveram bons resultados com os projetos; comprometimento da equipe de trabalho, reciprocidade munícipe/prefeitura; fidelização entre trabalhadores/empregadores que sempre retornam e utilizam nossos serviços de empregabilidade/qualificação.
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Categoria de análise: ganhos adicionais esperados. Dimensões da pesquisa: aprendizado, inovação.
Resposta: Primeiramente, temos o reconhecimento de todos os envolvidos nos projetos; com os resultados positivos obtidos tornamos um espelho para outros municípios que buscam a mesma metodologia aplicada e temos nossos projetos difundidos em outros lugares, sendo sempre considerado como referência.
Entrevista OP4 Órgão público Cargo: Diretor do Departamento EJA Data: 17/05/2016
Categoria de análise: benefícios. Dimensões da pesquisa: social, econômico, político.
Resposta: Social: Os cursos profissionalizantes podem inserir esses alunos sem uma profissão e desempregados ao mercado de trabalho. Econômico: Quando o aluno passa a se interessar em mudar de vida e adquirir conhecimentos em uma profissão e poder melhorar sua condição econômica. Político: Se tornar um cidadão crítico e atuante, reconhecendo seus direitos e deveres.
Categoria de análise: esforços. Dimensões da pesquisa: custos, recursos humanos, tempo, riscos associados.
Resposta: Não classificaria como esforços e sim uma adequação de horários para que o aluno, estudante regular da EJA, tenha oportunidade de frequentar a escola e participar dos cursos. A questão do transporte às vezes dá um pouco de problema, devido ser no período noturno em que a Secretaria de Educação não possui motorista, mesmo assim o transporte é realizado. O aluno não tem nenhum custo, só recebe benefícios.
Categoria de análise: resultados esperados. Dimensões da pesquisa: avaliação, expectativa, decisão.
Resposta: As expectativas da EJA é que possamos oferecer aos alunos além da escolaridade também a esperança de uma vida melhor ao adquirir conhecimentos nos cursos profissionalizantes e conseguir um emprego melhor.
Categoria de análise: atributos das relações. Dimensões da pesquisa: confiança, cooperação, comprometimento, resultados compartilhados, reciprocidade, troca de informações, qualidade de comunicação, compartilhamento de conhecimento, relação orientada a longo prazo, oportunismo, equilíbrio de poder, interdependência, nível de fidelização, satisfação com a relação, percepção de governança. Resposta: Todos os atributos citados são contemplados com muita satisfação. O Núcleo consegue realizar um trabalho com muita atenção e comprometimento. É difícil trabalhar com alunos da EJA, pois os mesmos não têm comprometimento com o que se propõem a fazer e mesmo assim tem dado certo. Os alunos stão gostando muito.
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Categoria de análise: ganhos adicionais esperados. Dimensões da pesquisa: aprendizado, inovação. Resposta: A escola está muito satisfeita com os resultados dos alunos nos cursos. Os alunos estão interessados e comentam o que aprenderam. Ficam interessados em participar de novos cursos. Segundo o Plano Municipal de Educação é dever de a escola oferecer cursos aos alunos da EJA juntamente com a escolarização. Estamos muito felizes em poder contribuir para que nossos alunos obtenham as duas coisas e tenham oportunidade de melhorar de vida e oferecer melhores condições às suas famílias.
Entrevista EP1 Empresa privada Cargo: Coordenador de Vagas – Processo Seletivo Data: 20/04/2016
Categoria de análise: benefícios. Dimensões da pesquisa: social, econômico, político.
Resposta: Foco do CIEE: abertura de vagas com as empresas privadas e de outro lado, os alunos, interessados em estagiar. O objetivo é aproveitar os programas que a prefeitura já oferece, agregando aos serviços do CIEE (estágio e aprendiz legal). Trazer os estudantes da região para o banco de dados do CIEE. Os projetos oferecidos e a parceria com a prefeitura funcionam como forma de divulgação do CIEE no próprio município. Prefeitura é a porta de entrada do CIEE no município. Todos os projetos que agregam informação e divulgação são bem vindos para o CIEE. Não visa lucro, é uma ONG mantida pelo empresariado (foco: assistência social – inserção ao mercado de trabalho). Não cobra nada do estudante pelo serviço prestado. O empresariado tem uma contribuição mensal pelo estagiário contratado (convênio). Valores direcionados ao seguro dos estagiários e para manter o trabalho da empresa como um todo. (1) Social: auxiliar os jovens na qualificação e colocação no mercado de trabalho. (2) Econômico: o custo para o convênio com a prefeitura é simbólico (R$10,00 por estagiário), enquanto as empresas privadas pagam (R$ 100,00 por estagiário). Os objetivos são: ter visibilidade. Mostrar a importância do projeto. Desenvolver os programas com uma facilidade maior. (3) Político: se mantém imparcial no que tange à política. Não se envolve em questões políticas. Foco: inserção do jovem no mercado de trabalho. Claro que a gestão do prefeito é importante, mas a política / partido político não é levada em consideração.
Categoria de análise: esforços. Dimensões da pesquisa: custos, recursos humanos, tempo, riscos associados.
Resposta: Riscos: o investimento não é alto. Somente com equipe de trabalho (recursos humanos), conforme a demanda. Trabalha-se com o mínimo de mão de obra. De acordo com a necessidade foi instalado um polo de atendimento do CIEE na prefeitura de Caieiras. Utilizam folders para divulgação. Custo mínimo. O tempo é administrado conforme os atendimentos a serem realizados: 10 municípios e empresas privadas da região (planejamento e agenda – controle e cumprimento de metas de atendimento).
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Categoria de análise: resultados esperados. Dimensões da pesquisa: avaliação, expectativa, decisão. Resposta: Expectativa: movimentar as vagas do município. Movimentando as vagas, o CIEE terá uma ampliação das vagas junto às empresas privadas e órgãos públicos (estágio e aprendiz legal). Objetivo do CIEE: abrir as vagas nas empresas e por outro lado, captar os estudantes para serem inseridos no mercado de trabalho. Categoria de análise: atributos das relações. Dimensões da pesquisa: confiança, cooperação, comprometimento, resultados compartilhados, reciprocidade, troca de informações, qualidade de comunicação, compartilhamento de conhecimento, relação orientada a longo prazo, oportunismo, equilíbrio de poder, interdependência, nível de fidelização, satisfação com a relação, percepção de governança. Resposta: Estudantes e seus responsáveis: contato próximo com o CIEE, pois a maioria dos alunos é menor de idade. Acompanhamento da capacitação e durante a contratação do jovem – reuniões com gestores das empresas privadas e pais de alunos. São realizados avaliações e feedbacks contínuos para acompanhamento da gestão do CIEE. A relação com o Núcleo é excelente, tem-se o controle das atividades e projetos desenvolvidos. A comunicação é eficiente. Interação com os jovens, empresas privadas e Núcleo – prefeitura. A comunicação com o terceiro setor é vaga, pois trata-se de um sistema que oferece alguns programas na mesma linha. Existe comprometimento, cooperação e reciprocidade na relação entre Núcleo – prefeitura, estudante, CIEE e empresas privadas. O CIEE consegue acompanhar o crescimento e maturidade do jovem inserido no mercado de trabalho. O CIEE realiza a abertura da vaga, cadastro do estudante e, posteriormente, acompanha o amadurecimento do jovem. Sinergia entre Núcleo - prefeitura: a prefeitura de Caieiras é referência no trabalho em que desenvolve. Categoria de análise: ganhos adicionais esperados. Dimensões da pesquisa: aprendizado, inovação. Resposta: Ganho de novos projetos e novas maneiras de alcançar os jovens - visibilidade. Projeto Trabalhando o meu futuro de Caieiras foi reconhecido pelo CIEE nacionalmente (único e exclusivo pela sinergia da prefeitura de Caieiras com o CIEE) – preocupação da prefeitura e engajamento perante os projetos desenvolvidos (capacitação dos jovens). Preparar os jovens para participarem do processo seletivo. O contato com a prefeitura abre as portas nas empresas privadas. Toda a informação que o CIEE precisa advém da prefeitura.
Entrevista EP2 Empresa privada Cargo: Assistente Administrativo Data: 17/05/2016 Categoria de análise: benefícios. Dimensões da pesquisa: social, econômico, político.
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Resposta: Desenvolvimento dos estudantes para e no mercado de trabalho. O CIEE busca jovens com o intuito de colocar em prática a missão da empresa. O CIEE é uma instituição filantrópica sem fins lucrativos, portanto os benefícios são classificados como social.
Categoria de análise: esforços. Dimensões da pesquisa: custos, recursos humanos, tempo, riscos associados.
Resposta: O CIEE ganha com essas parcerias, pois consegue encaminhar candidatos qualificados para o mercado de trabalho.
Categoria de análise: resultados esperados. Dimensões da pesquisa: avaliação, expectativa, decisão.
Resposta: O aumento de parcerias com empresas da região com uma maior satisfação.
Categoria de análise: atributos das relações. Dimensões da pesquisa: confiança, cooperação, comprometimento, resultados compartilhados, reciprocidade, troca de informações, qualidade de comunicação, compartilhamento de conhecimento, relação orientada a longo prazo, oportunismo, equilíbrio de poder, interdependência, nível de fidelização, satisfação com a relação, percepção de governança.
Resposta: Todos os atributos mencionados são importantes. Cresce a confiança das empresas da região com isso o comprometimento do CIEE com o Núcleo aumenta gerando resultados positivos no mercado de trabalho.
Categoria de análise: ganhos adicionais esperados. Dimensões da pesquisa: aprendizado, inovação.
Resposta: Qualificação profissional de jovens e a inserção no mercado de trabalho gerando desenvolvimento, além de proporcionar a realização de sonhos para uma classe menos favorecida.
Entrevista EP3 Empresa privada Cargo: Sócio consultor Data: 23/05/2016
Categoria de análise: benefícios. Dimensões da pesquisa: social, econômico, político.
Resposta: Não há como se negar a importância do trabalho social desenvolvido nos projetos oferecidos pelo Núcleo (leia-se também Prefeitura Municipal), pois a comunidade de distante acesso à capacitação e, portanto de conhecimentos têm esta oportunidade de se integrar à habilitação, mas também à informação atualizada por profissionais atuantes num mercado competitivo, e que por sua vez também oferece oportunidades de serviços por parte das Consultorias que de forma diferente do ente público, existem pelos seus fins lucrativos. Não há também que se negar que ao tratar-se de capacitações oferecidas por um ente público, que este não o utilize como promoção política.
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Categoria de análise: esforços. Dimensões da pesquisa: custos, recursos humanos, tempo, riscos associados. Resposta: A empresa privada atua principalmente observando as necessidades de cada caso concreto. Nesta situação, os custos são quase todos cobertos com recursos próprios, até o recebimento de seus honorários contratuais, o que nem sempre ocorre dentro dos prazos estabelecidos, trazendo consequentemente um desequilíbrio econômico-financeiro. Para tanto, a empresa prestadora de serviço há de possuir um lastro financeiro que a permita manter unilateralmente o contrato até que o ente público cumpra a sua parte. Categoria de análise: resultados esperados. Dimensões da pesquisa: avaliação, expectativa, decisão. Resposta: A empresa privada, enquanto Consultoria Informacional tem como expectativas a busca do melhor serviço oferecido. É claro que em projetos de grande porte ou de longa duração são possíveis as correções de situações que assim necessitem, mas os projetos oferecidos pelo Núcleo, independentemente da participação ou não da empresa privada, devem ser continuados em favor da própria comunidade caieirense. Categoria de análise: atributos das relações. Dimensões da pesquisa: confiança, cooperação, comprometimento, resultados compartilhados, reciprocidade, troca de informações, qualidade de comunicação, compartilhamento de conhecimento, relação orientada em longo prazo, oportunismo, equilíbrio de poder, interdependência, nível de fidelização, satisfação com a relação, percepção de governança. Resposta: O ponto alto dos projetos que envolvem a empresa priavada é a cooperação dos profissionais do Núcleo e mesmo os da Prefeitura, sendo de fundamental importância para o sucesso dos projetos desenvolvidos, pois além da capacitação da comunidade, a grande maioria dos instrutores veio da própria comunidade a partir de indicações locais e que foram de grande valia para a Consultoria. A maior dificuldade, como já exposta, é o não sincronismo entre a o serviço já prestado e sua contrapartida remuneratória por parte da Prefeitura. Categoria de análise: ganhos adicionais esperados. Dimensões da pesquisa: aprendizado, inovação. Resposta: Em todos os projetos em que a empresa privada se envolveu desde a sua criação em 1998, não há como não se reconhecer aprendizados e experiências que sempre qualificarão o seu trabalho, neste caso específico, a atuação em cursos que não fizeram parte de seu portfólio até então (Horta Doméstica, Acompanhante de Idosos, Arte do Grafite) e que são totalmente aprovados pelos seus usuários demonstra que o aprendizado sempre é e será mútuo, e com certeza para a grande massa atendida, trata-se não somente de uma novidade, mas a possibilidade de oferecer novas capacidades adquiridas para um mercado cada vez mais exigente.
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Entrevista TS1 Terceiro setor Cargo: Instrutora de Formação Profissional II Data: 02/05/2016 Categoria de análise: benefícios. Dimensões da pesquisa: social, econômico, político. Resposta: Os benefícios social e econômico se complementam, fazendo com que os alunos descubram novas profissões, adquiram novos conhecimentos, passando ao reconhecimento junto à sociedade como profissionais qualificados e aptos a ajudar a desenvolver a economia do país, melhorando a qualidade de vida, a situação econômica, tendo papel ativo na sociedade através da sua colaboração nas empresas nas quais poderão vir a atuar. Categoria de análise: esforços. Dimensões da pesquisa: custos, recursos humanos, tempo, riscos associados. Resposta: Cabe à instituição de ensino (terceiro setor) investir em material didático para professores e alunos, materiais técnicos e máquinas para alguns cursos, professores qualificados, treinamento contínuo aos professores e funcionários de apoio, profissionais nas atividades de coordenação técnica, pedagógica e administrativa, sem contar com o deslocamento de alguns funcionários e a garantia da mesma estrutura que os alunos encontram em escolas próprias. Não há riscos em participar dos projetos propostos, mas para que aconteçam deverá haver investimento das partes envolvidas. Categoria de análise: resultados esperados. Dimensões da pesquisa: avaliação, expectativa, decisão. Resposta: Expectativa de garantir educação de qualidade à população e a certeza que com essas ações haverá contribuição para o crescimento profissional e para a melhoria contínua da indústria na economia brasileira. Categoria de análise: atributos das relações. Dimensões da pesquisa: confiança, cooperação, comprometimento, resultados compartilhados, reciprocidade, troca de informações, qualidade de comunicação, compartilhamento de conhecimento, relação orientada em longo prazo, oportunismo, equilíbrio de poder, interdependência, nível de fidelização, satisfação com a relação, percepção de governança. Resposta: Confiança: presença de confiança no desenvolvimento dos projetos propostos. Presença de pessoas comprometidas e assíduas no desenvolvimento dos projetos propostos. Cooperação e parceira são necessárias para que o trabalho seja desenvolvido de forma eficiente, tendo em vista que os projetos propostos acontecem à distância. Presença de comunicação efetiva. Os resultados são compartilhados entre os envolvidos, sendo satisfatórios, desde que presentes todos os atributos anteriormente citados.
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Satisfação com a relação promovendo a divulgação do nome da instituição de ensino, além dos cursos oferecidos. Fidelização no desenvolvimento de projetos propostos.
Categoria de análise: ganhos adicionais esperados. Dimensões da pesquisa: aprendizado, inovação.
Resposta: Ganho aos professores da instituição de ensino (terceiro setor) que atuam no Núcleo, pois têm a oportunidade de conhecer e conviver com um público diferente dos que procuram a própria instituição, trazendo flexibilidade no olhar à sociedade e oportunidade de crescimento a muitas pessoas as quais talvez nunca teriam a possibilidade de estudar e ter uma profissão.
Entrevista TS2 Terceiro setor Cargo: Instrutora de Formação Profissional Data: 04/05/2016
Categoria de análise: benefícios. Dimensões da pesquisa: social, econômico, político.
Resposta: O principal benefício que pode ser notado com o desenvolvimento projeto é o social, onde gradualmente os alunos em questão recuperaram gradativamente a própria estima, e conseguem descobrir seu real valor, conhecendo e exercendo seu papeis sociais. Isso gera uma melhora global real na vida do aluno, gerando resultados positivos econômicos, pessoais e profissionais.
Categoria de análise: esforços. Dimensões da pesquisa: custos, recursos humanos, tempo, riscos associados. Resposta: Para a instituição de ensino (terceiro setor) a parceria é muito positiva. Enviamos as vagas conforme as possibilidades e diante da demanda real existente na microrregião. Para isso ocorrer necessitamos ter recursos humanos disponíveis entre outras coisas.
Categoria de análise: resultados esperados. Dimensões da pesquisa: avaliação, expectativa, decisão.
Resposta: Buscamos sempre parcerias, e nossas expectativas são em aumentar a captação de novos alunos. Buscando cada vez mais a divulgação dos cursos oferecidos, fazendo com que a população tenha acesso. Nos acolhimentos realizados nota-se que a grande maioria da população desconhece o acesso à instituição de ensino (terceiro setor). E essa interface Núcleo / instituição de ensino (terceiro setor) foi bastante positiva em relação à divulgação.
Categoria de análise: atributos das relações. Dimensões da pesquisa: confiança, cooperação, comprometimento, resultados compartilhados, reciprocidade, troca de informações, qualidade de comunicação, compartilhamento de conhecimento, relação orientada em longo prazo, oportunismo, equilíbrio de poder, interdependência, nível de fidelização, satisfação com a relação, percepção de governança.
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Resposta: Todos os atributos foram satisfatórios na relação instituição de ensino (terceiro setor) / Núcleo. Categoria de análise: ganhos adicionais esperados. Dimensões da pesquisa: aprendizado, inovação. Resposta: Busca-se promover a educação profissional de qualidade. Tornando o aluno protagonista no processo de ensino aprendizagem. E a ótima sinergia entre Núcleo / instituição de ensino (terceiro setor) nos propicia isso. Entrevista TS3 Terceiro setor Cargo: Coordenador técnico Data: 04/05/2016 Categoria de análise: benefícios. Dimensões da pesquisa: social, econômico, político. Resposta: Quando estabelecemos a parceria entre a instituição de ensino (terceiro setor) e a Prefeitura de Caieiras, visualizávamos apenas o atendimento ao PRONATEC, programa do governo que visa a expansão da oferta de cursos profissionalizantes / técnicos em território nacional. No entanto, percebemos rapidamente a carência da população da região, que não contava até aquele momento, com uma escola técnica que atendesse a região. O tempo passou e assistimos ao nascimento da primeira ETEC na região, que embora atendesse a necessidade de formação técnica, não conseguia e nem estava organizada para a oferta de cursos rápidos de Qualificação Profissional, ou seja, nosso espaço estava garantido no munícipio. Esta parceria nos garantiu nos anos de 2013 a 2014, a matrícula e a conclusão de aproximadamente setecentos alunos, atendendo principalmente a necessidade e carência da região. Devo citar o projeto de desenvolvimento econômico da região, que dentre os munícipios atendidos pela escola, demonstrou-se mais estruturado. Este previa não só a formação de mão-de-obra, mas, principalmente, o desenvolvimento econômico da região, com a geração de empregos fomentados com a atração de empresas da área de logística, e outras, beneficiadas pela localização privilegiada entre rodovias que abastecem a grande São Paulo. Categoria de análise: esforços. Dimensões da pesquisa: custos, recursos humanos, tempo, riscos associados. Resposta: Não existe risco para a instituição de ensino (terceiro setor), até porque, no atendimento cumprimos a nossa Missão, o que consideramos como sendo o maior desafio, é encontrarmos investimentos de empresas que acreditem no potencial da região, e órgãos governamentais que viabilizem este investimento e consequentemente o seu desenvolvimento. Categoria de análise: resultados esperados. Dimensões da pesquisa: avaliação, expectativa, decisão. Resposta: Nossa expectativa é permanecermos atendendo ao município, quer seja através do PRONATEC, ou quem sabe até mesmo através de uma parceria que
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possa ocorrer através do estabelecimento de um Convênio, no momento, contudo, não temos a autorização de nossa gerência para o desdobramento de nossas atividades, em outro local e, nenhuma das escolas da instituição de ensino do terceiro setor.
Categoria de análise: atributos das relações. Dimensões da pesquisa: confiança, cooperação, comprometimento, resultados compartilhados, reciprocidade, troca de informações, qualidade de comunicação, compartilhamento de conhecimento, relação orientada a longo prazo, oportunismo, equilíbrio de poder, interdependência, nível de fidelização, satisfação com a relação, percepção de governança. Resposta: Sem sombra de dúvidas desde o início das negociações, de ambas as partes perceberam o interesse real em realizar o que até aquele momento não passava de intenção. O Secretário de Desenvolvimento do Munícipio mostrou-se bastante atuante e, a cada nova visita, reunião, que era realizada, o relacionamento era fortalecido onde adjetivos como comprometimento, reciprocidade, fidelização, parceria, traduzem o sincronismo entre as partes, numa relação marcada pelo respeito mútuo e a certeza de que algo importante estava sendo edificado. Categoria de análise: ganhos adicionais esperados. Dimensões da pesquisa: aprendizado, inovação. Resposta: O maior ganho com certeza ficou para os moradores do município, e o desejo de que novamente possamos levar a eles, novas oportunidades, como as alcançadas com o PRONATEC.
Entrevista TS4 Terceiro setor Cargo: Coordenador técnico Data: 09/05/2016 Categoria de análise: benefícios. Dimensões da pesquisa: social, econômico, político. Resposta: (1) Benefício social: sempre que um curso é ofertado pela instituição de ensino (terceiro setor) de forma gratuita para a comunidade, entende-se que ocorre um grande e efetivo benefício social. Percebemos isso no acompanhamento da evolução dos alunos técnica e atitudinalmente, pois os docentes da instituição de ensino (terceiro setor) formam o indivíduo no conhecimento, na habilidade e na atitude. (2) Benefício econômico: entende-se que a integração do aluno no mundo do trabalho traz o benefício econômico a ele e à região, pois ele passa a ser economicamente ativo e a participar de toda a relação mercadológica do município onde mora. Categoria de análise: esforços. Dimensões da pesquisa: custos, recursos humanos, tempo, riscos associados.
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Resposta: A instituição de ensino (terceiro setor), ao detectar a necessidade local de treinamento, deve formatar o curso que mais atende a região em função das indústrias locais, planejar o curso (cronograma, docentes envolvidos, materiais), divulgar o curso na comunidade e empresas da região, envolver as indústrias dando conhecimento dos conteúdos dos cursos e do perfil de saída dos alunos, integrar as indústrias na abertura, realização de palestras e visitas técnicas e na formatura dos cursos, informar as empresas locais com dados dos alunos formandos – tudo para favorecer a empregabilidade dos alunos. Em cidades onde não há escolas da instituição de ensino (terceiro setor), regimes de parcerias devem ser implementados com prefeituras, sindicatos e entidades diversas, com vistas a conquistar um local para o desenvolvimento das aulas. A instituição de ensino (terceiro setor) deve garantir que as instalações onde o curso acontece tenha toda a estrutura de qualidade de escolas da referida instituição. Não há riscos para a instituição de ensino (terceiro setor). Apenas as diretrizes da diretoria regional da instituição de ensino (terceiro setor) devem ser seguidas e elas variam em função do momento econômico. Em função de o baixo poder aquisitivo de algumas regiões, é inviável ofertar cursos pagos e a gratuidade deve ser ofertada com autorização da alta administração da instituição de ensino (terceiro setor). Categoria de análise: resultados esperados. Dimensões da pesquisa: avaliação, expectativa, decisão. Resposta: Atender as indústrias locais e promover o aumento do índice de empregabilidade dos alunos. Categoria de análise: atributos das relações. Dimensões da pesquisa: confiança, cooperação, comprometimento, resultados compartilhados, reciprocidade, troca de informações, qualidade de comunicação, compartilhamento de conhecimento, relação orientada a longo prazo, oportunismo, equilíbrio de poder, interdependência, nível de fidelização, satisfação com a relação, percepção de governança. Resposta: “Cooperação, comprometimento, confiança, reciprocidade, comunicação efetiva, resultados compartilhados, satisfação com a relação, fidelização”. Não consigo enumerar os atributos acima, pois pra nós todos eles aconteceram sempre e de forma concomitante – estariam todos na posição número 1! Aliás, se não fosse desta forma, e sem a instituição de ensino (terceiro setor) local, não teríamos tanto sucesso desde 2010 ainda quando o Núcleo era apenas uma escola da prefeitura vazia. Tivemos sucesso, pois trabalhamos com profissionais comprometidos com a educação e com o bem estar social da comunidade. Categoria de análise: ganhos adicionais esperados. Dimensões da pesquisa: aprendizado, inovação. Resposta: Pensamos que o aprendizado leva os alunos a criarem projetos de inovação, principalmente em cursos de média a longa duração. Constatamos isso na apresentação dos trabalhos de conclusão de curso – por sabermos que isso sempre acontece, os TCCs são apresentados para uma banca
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de profissionais de empresas locais para que eles também participem. Percebemos que conseguimos ensinar nossos alunos que quando comprometimento e conhecimento aliados à iniciativa encontram uma oportunidade de trabalho, formam o que chamamos de sorte, e isso é o início da conquista da qualidade de vida para eles e para a família. Enfim, entendemos que não há estudo que não valha a pena! Não medimos esforços para que os alunos se sintam importantes pela conquista do conhecimento – assumimos isso como um de nossos objetivos. Isso é inclusive uma forma de despertar neles a necessidade de sempre continuar estudando – concluiu o curso técnico? Vamos então para a universidade e assim por diante. Só nos resta agradecer a oportunidade do trabalho em parceria com o Núcleo e a Prefeitura de Caieiras, pois foi esta parceria que nos ajudou a cumprir nossa missão de educar, afinal ela é o elemento que edifica o indivíduo, move e transforma positivamente a sociedade. Entrevista SC1 Sociedade civil Ocupação: aluno Data: 13/04/2016 Categoria de análise: benefícios. Dimensões da pesquisa: social, econômico, político. Resposta: (1) Social: por conta do auxílio da prefeitura em disponibilizar o curso de forma gratuita; (2) Político: sem a política não seria possível a disponibilização de cursos; (3) Econômico: conhecimento, capacitação, possibilidade de melhor colocação no mercado de trabalho, maior salário. Categoria de análise: esforços. Dimensões da pesquisa: custos, recursos humanos, tempo, riscos associados. Resposta: (1) Esforço no sentido da aprendizagem; (2) Organização do tempo para poder estudar; (3) Não tem custo com o transporte; (4) Melhoria no desempenho profissional e melhor colocação no mercado de trabalho. Categoria de análise: resultados esperados. Dimensões da pesquisa: avaliação, expectativa, decisão. Resposta: (1) Expectativa única: conseguir melhor colocação no mercado de trabalho; melhorar desempenho profissional. Categoria de análise: atributos das relações. Dimensões da pesquisa: confiança, cooperação, comprometimento, resultados compartilhados, reciprocidade, troca de informações, qualidade de comunicação, compartilhamento de conhecimento, relação orientada a longo prazo, oportunismo, equilíbrio de poder, interdependência, nível de fidelização, satisfação com a relação, percepção de governança.
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Resposta: (1) “Uma andorinha só não faz verão...” a união dos envolvidos no processo precisa acontecer. De um lado a autorização do Poder Público em oferecer os cursos e de outro, as empresas parceiras ministrando os cursos; (2) Confiança, pois são empresas de renome no mercado (parceiras que ministram os cursos); o certificado abrirá portas no mercado de trabalho; (3) Reciprocidade (troca entre aluna que assiste aula e por outro lado a entrega do certificado a partir da conclusão do curso – com entrega de material didático e professor); (4) Processo de comunicação efetivo e eficiente, pois acredita que como aluna tem ganhado a partir do momento em que a prefeitura oferece algo de melhor para o cidadão; tem conhecimento a partir dos professores em sala de aula que o curso oferecido chega a custar mais de R$ 2.000,00; (5) Trabalho de fidelização do Núcleo com os alunos (redes sociais, site da prefeitura, atendimento da secretaria); (6) Comprometimento na relação entre aluno e Núcleo (o que é oferecido é cumprido). Categoria de análise: ganhos adicionais esperados. Dimensões da pesquisa: aprendizado, inovação. Resposta: (1) A educação/capacitação contribuirá para o desenvolvimento profissional e pessoal; (2) Aprendizado
Entrevista SC2 Sociedade civil Ocupação: aluno Data: 12/04/2016 Categoria de análise: benefícios. Dimensões da pesquisa: social, econômico, político. Resposta: (1) Econômico/financeiro: capacitação e emprego; (2) Social: conhecimento para uma colocação melhor no mercado de trabalho e na sociedade. Categoria de análise: esforços. Dimensões da pesquisa: custos, recursos humanos, tempo, riscos associados. Resposta: (1) Investimento no transporte e no tempo: ganho em longo prazo / investimento no futuro; (2) Se não conseguir trabalho formal conseguirá trabalhar de forma informal por meio do curso realizado. Categoria de análise: resultados esperados. Dimensões da pesquisa: avaliação, expectativa, decisão. Resposta: (1) Quando consegue colocação no mercado de trabalho, adquire conhecimento, consequentemente melhora a autoestima, adquire maior segurança social e econômica perante a família;
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(2) Expectativa: suprir as necessidades básicas da família e poder melhorar a situação social, tendo em vista que se encontra desempregado. Busca conhecimento e aprimoramento para ter renda / benefícios; (3) Ganho emocional perante a família. Categoria de análise: atributos das relações. Dimensões da pesquisa: confiança, cooperação, comprometimento, resultados compartilhados, reciprocidade, troca de informações, qualidade de comunicação, compartilhamento de conhecimento, relação orientada em longo prazo, oportunismo, equilíbrio de poder, interdependência, nível de fidelização, satisfação com a relação, percepção de governança. Resposta: (1) Espera-se educação, saúde, saneamento básico do Poder Público; (2) Tem conhecimento que alguns professores são voluntários dependendo do projeto; (3) Os dois últimos itens justificam a facilitação e preocupação do Poder Público em oferecer algo a mais para o cidadão; (4) Comprometimento e reciprocidade entre aluno, NFCP e empresa parceira que ministra o curso; (5) Tem conhecimento que pessoas que fazem o curso têm melhor possibilidade de conseguir colocação no mercado de trabalho por conta da qualificação; (6) a Prefeitura cede o espaço; (7) A relação do munícipe em relação ao Poder Público e parceiro que ministra o curso é satisfatória; (8) O aluno chega com a necessidade de qualificação e sai com o resultado entregue / tratamento adequado (respeito ao próximo); (9) Preocupação do professor em saber se o aluno entende o conteúdo trabalhado em sala de aula. Categoria de análise: ganhos adicionais esperados. Dimensões da pesquisa: aprendizado, inovação. Resposta: (1) Área de atuação diferente da área do curso: ganhará conhecimento em outra profissão – adicional de conhecimento/aprendizado; (2) Porta de entrada para uma nova área no mercado de trabalho; (3) Possibilidade de ganhar mais; (4) Conhecer pessoas de uma área diferente / agregação de conhecimento e troca de informações.
Entrevista SC3 Sociedade civil Cargo: Professor Data: 19/04/2016 Categoria de análise: benefícios. Dimensões da pesquisa: social, econômico, político. Resposta: Qualificação do aluno; concede liberdade para o aluno se expressar; provocar o aluno para que ele saia da “casinha”. Relembrar matérias já estudadas (fator importante). Provocar o desejo de o aluno querer aprender / estudar.
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(1) Social: desenvolver o aluno como pessoa (amizade, falar, se expor), além da qualificação. (2) Econômico: despertava-se o interesse do aluno por conta da faixa de salário – formação. (3) Político: muito pouco. Vê os alunos como limitados em relação a política. Mas o professor enxerga o benefício político como conscientização. Onde estamos e onde queremos chegar, onde podemos chegar, quem pode nos auxiliar??? Categoria de análise: esforços. Dimensões da pesquisa: custos, recursos humanos, tempo, riscos associados. Resposta: Aprimorar e buscar mais conhecimento. O professor deve estar preparado para as perguntas dos alunos. A sala de aula é uma “caixa de surpresa”. Utilização de metodologias diversas em sala de aula para poder abranger da forma mais apropriada os alunos. Riscos: Nenhum. Categoria de análise: resultados esperados. Dimensões da pesquisa: avaliação, expectativa, decisão. Resposta: Expectativa: Provocar o desejo dos alunos em querer estudar. Retorno positivo. Os alunos se interessam em buscar mais conhecimento, além do curso. Alguns, ainda, percebem que o curso que estão fazendo não tem nada a ver com aquilo que querem como atuação no mercado de trabalho. Mostrar para o aluno a abrangência do curso – área de atuação. Categoria de análise: atributos das relações. Dimensões da pesquisa: confiança, cooperação, comprometimento, resultados compartilhados, reciprocidade, troca de informações, qualidade de comunicação, compartilhamento de conhecimento, relação orientada a longo prazo, oportunismo, equilíbrio de poder, interdependência, nível de fidelização, satisfação com a relação, percepção de governança. Resposta: O nome da instituição faz com que o aluno se empolgue a estudar, além do engajamento do poder público em propiciar a participação dos alunos em processos seletivos de empresas que necessitam de mão de obra. Mão de duas vias: comprometimento e cooperação entre todos os envolvidos nos projetos. Alunos que voltam ao Núcleo para fazer outro curso: feedback positivo. Comunicação: eficiente – redes sociais abrange bastante pessoas – canal favorável. Qualificação – tentativa de colocar o aluno no mercado de trabalho (mão de duas vias). Os alunos acreditam nessa relação. Categoria de análise: ganhos adicionais esperados. Dimensões da pesquisa: aprendizado, inovação. Resposta: Dando aula se aprende e se ensina ao mesmo tempo. A troca de experiência, vivência, a preparação para a sala de aula são fatores de aprendizagem para o professor. Satisfação do professor quando o aluno compreende o conhecimento passado.
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Entrevista SC4 Sociedade civil Ocupação: mãe Data: 19/04/2016
Categoria de análise: benefícios. Dimensões da pesquisa: social, econômico, político.
Resposta: A grande deficiência do mercado é a qualificação. Pessoas com dificuldade de acesso à informação. O Núcleo funciona como uma ponte entre o mercado, empresas parceiras e as pessoas que necessitam de qualificação. O objetivo é conceder a essas pessoas informação e renda. (1) Social e renda: deixa de ter o assistencialismo político (pior que existe), desenvolvimento do ser humano, autoestima de pessoas que estão em situação de risco social muito grande. Principal vantagem: alimentar as pessoas de uma forma diferenciada: tirar essas pessoas da zona de pobreza, da zona de falta de cultura. (2) Político: benefício volta como político, mas não enxerga como algo importante.
Categoria de análise: esforços. Dimensões da pesquisa: custos, recursos humanos, tempo, riscos associados. Resposta: Falta de conhecimento dos munícipes em relação a divulgação dos projetos que acontecem no município. Pais de alunos impressionados com os projetos desenvolvidos, mas que não tinham conhecimento sequer do Núcleo. Falta divulgação / comunicação em alguns bairros. Pensar em outros meios para atender a todos os públicos. Deixar de centralizar a informação na avenida principal da cidade. Principal esforço: na divulgação. Esforço com o custo: curso gratuito, custo somente com o transporte. O projeto ofereceu, inclusive, refeições durante o dia. Risco: nenhum, pois conhece a disciplina existente no Núcleo e regras impostas aos alunos. Ambiente saudável. Pais seguros ao deixarem seus filhos estudando no Núcleo. Sensação de algo “sério”. Categoria de análise: resultados esperados. Dimensões da pesquisa: avaliação, expectativa, decisão.
Resposta: Expectativa: resultado. O filho participou do curso preparatório para o processo seletivo da Etec e passou na primeira lista de chamada. Mas independente de passar ou não no processo seletivo, a mãe espera a experiência no processo seletivo, além do conhecimento adquirido em sala de aula. Conhecimento diferenciado: dicas recebidas pelos professores voluntários quanto a participação no processo seletivo; utilização da linguagem dos alunos. Trabalhou-se a ansiedade dos alunos (dicas de superação). Superou as expectativas (resolveu a equação, tirou dúvidas e ainda recebeu dicas). Categoria de análise: atributos das relações. Dimensões da pesquisa: confiança, cooperação, comprometimento, resultados compartilhados, reciprocidade, troca de informações, qualidade de comunicação, compartilhamento de conhecimento, relação orientada em longo prazo, oportunismo, equilíbrio de poder, interdependência, nível de fidelização, satisfação com a relação, percepção de governança.
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Resposta: Falta comunicação mais efetiva para atingir um número maior de pessoas. Falta investimento para oferecer um pouco mais, ou seja, para uma maior fatia da população. Talvez exista a preocupação política, mas falta, ainda, investimento. Entende a educação como fator importante para a resolução dos problemas de uma sociedade. Qualidade melhor do que pensava no setor público (Núcleo e Etec). Passou a pensar diferente. Professores com bom currículo e capacitados. Talvez falte interesse de alguns alunos. Deveria se ter uma política de ensino melhor planejada, trazendo os alunos para a escola (trazer a família e o esporte para a escola). Entende que as vagas para as oportunidades na área da educação são limitadas. Existe relação de comprometimento e cooperação entre alunos e poder público, mas numa escala menor do que deveria ser (falta investimento para abranger um número maior de pessoas). Naquilo em que o poder público se compromete a entregar, ele cumpre, como por exemplo, número de vagas limitadas para participação em projetos. O resultado é muito maior que o esperado. Muitos outros valores agregados que não só o conhecimento da sala de aula (valores para a vida pessoal e profissional). Categoria de análise: ganhos adicionais esperados. Dimensões de pesquisa: aprendizado, inovação. Resposta: Relação diferenciada com o filho que sempre estudou em escola particular. Participando dos projetos do Núcleo teve relacionamento com alunos de realidade de vida diferente (alunos da rede pública), o que o ajudou quando ingressou na Etec, onde se encontram, também, pessoas de realidade diferente – classes sociais diferentes. Aprendeu a valorizar ainda mais o trabalho voluntário (professor voluntário); filho criou vínculos diferenciados.
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