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Lecture 1
A Filosofia Social é uma filosofia ética, tal como a ética ou a filosofia política.
Está em causa a reflexão, análise e criação de conceitos práticos/teóricos, a partir de vivências
que partam da prática ou que levem à sua transformação.
É específico desta reflexão o social – as relações individuais ou coletivas tentando encontrar e
perceber constrangimentos e possibilidades inerentes a essas relações para a vida de cada um
e para a nossa vida em comum.
O objetivo é analisar as estruturas sociais que nos enquadram e nos condicionam, tendo em
vista o seu melhoramento.
Se entendermos a ética como um desígnio ou aquilo a que Paul Ricoeur a “busca de uma vida
boa com e para os outros em instituições justas”, esse desígnio não está ausente nem daEconomia nem da Empresa.
Para Paul Ricoeur, essa procura da vida boa tem uma dimensão ternária:
1. Estima de si
2. Solicitude
3. Justiça
… com e para os outros
Economia – provém do grego “oikos” (fortuna, riqueza, casa, propriedade) + “nomos” (regra,
lei, administração)
Corresponde atualmente à produção e distribuição de bens e serviços necessários aos diversos
aspetos da vida humana em sociedade. Está imersa na ética e na política.
A Economia e a Ética já estiveram mais fortemente relacionadas. Embora a relação atual seja
fraca, ela nunca será inexistente.
Amartya Sen defende que a Economia tem duas origens:
1. Uma ligada à ética (sentido forte) e de dupla dimensão:
a. Conceção ética da motivação (questão Socrática “Como devo viver?”)
b. Conceção do bem-estar (questão Aristotélica relativa ao bem comum)
2. Outra ligada à engenharia (sentido fraco)
Economia Clássica Economia NeoclássicaAdam Smith; Stuart Mill; Karl Marx Walras; Stanley JevonsDivisão do trabalho. Mercado resulta danossa capacidade de troca
Crescimento, dividido em 2 aspetos:
O lado da produção
O lado do consumoA troca depende de disposições éticas quepossibilitam o diálogo e a confiança mútua(solicitude) [sentido forte da ética]
A produção, a distribuição e o consumo deum modo integrado
A produção de uma maior quantidadepermite a divisão do trabalho, levando aoaumento da produtividade
Os modelos que tratam o 1º ponto podemser utilizados para modelar o crescimentopotencial, caso a lei de Say se verifique (casoseja verdade que a oferta gera sempre a sua
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procura), podem moderar o crescimentoefetivo
O aumento da produtividade permite aexistência de lucros, que originam apoupança, que reinvestida em capitalpermite uma maior divisão de trabalho emaior produtividade
Positivismo – a formalização matemática écondição indispensável para a“cientificidade” da economia. A abordagemque Sen designa por “engenharia” [sentidofraco da ética]
Preocupação com a sustentabilidade é umacaracterística real e essencial da realidadeeconómica
A sustentabilidade – restrição adicional domodelo
Racionalidade articulada e integrada Racionalidade desarticulada e fragmentadaSustentabilidade integrada Sustentabilidade deixa de ser integrada na
análise económica
Produção rendimentos (salários, rendas, juros e lucros) utilizados no consumo geramprocura – otimistas em relação ao processo
Consumo e procura tornam-se nosmecanismos fundamentais do mercado
Agente humano – integrado num contextosocial e num determinado tipo de vida
Agente humano é um maximizador dautilidade subjetiva
Bem-estar – justa distribuição Bem-estar – caracterizado em termos depreferências subjetivas
A escassez diz apenas respeito aos bensnaturaisConceito chave – excedente
Necessário para a reprodução dosistema económico
Parte que não é necessária para areprodução do sistema – excedentesocial
Conceito chave – escassez
Alocação de recursos escassos deacordo com as nossas preferênciassubjetivas
Trivialização da noção de escassez(uma vez que as preferências nuncaestão satisfeitas e não há limite paraa satisfação dos desejos)
Teoria do valor-trabalho – o valor de umbem forma-se pelo lado da oferta, medianteos custos do trabalho incorporado ao bem eo tempo gasto na produção
Teoria do valor-utilidade – visão utilitarista,para quem o valor de um bem se forma pelolado da procura, pela satisfação
Para responder à crise atual torna-se necessário responder às duas questões éticas colocadas
por Amartya Sen.
1. Questão Socrática – comportamento dos agentes económicos e componente
motivacional do ser humano
2. Questão Aristotélica – bem comum (tem implicações ao nível do impacto da
distribuição na sustentabilidade social e económica)A crise atual deve-se à incapacidade da teoria ortodoxa analisar estas questões, questões essas
que outrora foram fulcrais para autores clássicos como Adam Smith e Karl Marx.
Teoria Clássica – equilíbrio entre ética e “engenharia”
Teoria Neoclássica/Dominante/Ortodoxa/Mainstream – cópia dos modelos de ciências
naturais e utilização dos mesmos na explicação do ser humano. Os sucessos científicos levaram
à exportação de modelos matemáticos para estudar o comportamento humano. Esta nova
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teoria negligencia o equilíbrio entre ética e “engenharia”, tornando-se assim contrastante com
a Teoria Clássica.
Adam Smith (A Riqueza das Nações, 1776) - Ciclo virtuoso e sustentável
Jean-Baptiste Say: “a oferta gera a própria procura, pois a atividade de produção gera
rendimentos (salários, rendas juros e lucros) que serão utilizados no consumo, gerando
procura” – Lei de Say
Smith e Say – sustentabilidade do processo através das disposições éticas e morais que
permitiam o diálogo e o mercado
Produção emmaior
quantidade
Divisão dotrabalho
Aumento daprodutividade
Existência delucros
Poupança
Reinvestimentoem capital
Rendimentosdecrescentes da terra
Menor produtividadeagrícola
Redução dos lucros daatividade agrícola
Investimento naatividade industrial
Maior concorrência nosetor
Diminuição dos lucrosna atividade industrial
Estagnação docrescimento económico
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Lecture 2
Dicotomia Facto/Valor
Através de Sen, pelo menos uma das origens da Economia está ligada à ética (através quer da
questão Socrática quer da questão Aristotélica)
Isso significa que, pelo menos num dos seus usos, mais associados quer à Economia Clássica,
quer a uma determinada conceção da Economia do Bem-Estar e da Capabilities Approach, os
factos (neste caso os económicos) não podem ser totalmente dissociados dos valores de quem
sobre eles se pronuncia nem dos objetivos da teoria económica.
Mas então, porque é que espontaneamente tendemos a dissociar factos de valores e mesmo a
considera-los opostos?
Origens filosóficas da dicotomia
David Hume e a crítica da “falácia naturalista”. Para Hume há uma divisão clara entre factos e
valores e, logo, de asserções descritivas (sobre o que algo é) não se pode deduzir nada sobre o
que essa coisa deva ser. Para Hume, todos os factos são empiricamente observáveis e,
portanto, não há “factos morais”.
O Positivismo Lógico do “Círculo de Viena” – pretendiam chegar a uma linguagem científica
totalmente formalizada.
1. As linguagens comuns como o português e o inglês seriam imperfeitas e não científicas
2. Todas as asserções corretas são ou factuais e verificáveis (ex: o gato está em cima do
tapete) ou analíticas (tautologias) (ex: os solteiros não são casados)
3. Logo, asserções éticas não têm valor científico.
Origens Económicas da Dicotomia
Os Positivistas insistiam em duas dicotomias: entre factos e teoria; entre factos e valores.
Na segunda metade do século XX, uma forma ligeira deste positivismo (soft positivism)
estende-se à teoria económica através da oposição entre economia positiva (factos
económicos) e a possibilidade de uma economia normativa (juízos de valor, crenças, avaliações
éticas sobre a economia) que deviam ser estritamente separadas.
Este tipo de preparação está na base da conceção dominante da Economia do Bem-Estar
(Welfare Economics) tal como foi desenvolvida por Paul Samuelson.
Argumentos Economico-Filosóficos da Dicotomia
Como a Ética não é “objetiva”, não pode ter lugar na “ciência económica”.
Comparações entre pessoas e situações em termos económicos são “juízos de valor”. Ora, juízos de valor são legítimos, mas não têm lugar na Economia (Robbins)
Logo, critérios éticos não podem pesar em decisões económicas.
Argumentos Filosóficos Contra a Dicotomia
A linguagem científica não é pura ou totalmente formalizada – logo, as dicotomias dos
positivistas lógicos não fazem sentido. Os modelos científicos são sempre uma mistura entre
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factos e teoria e o mesmo se aplica a alguns conceitos científicos (ex: a curva espaço-tempo na
física)
Na “linguagem comum” do dia-a-dia, e mesmo na linguagem científica, existe muitas vezes um
entrelaçamento (Putnam) entre factos, valores e convenções. Por exemplo, o uso da palavra
rígido na frase seguinte:
O que significa dizer “O ministro X é rígido?”
Será que conseguimos separar a asserção descritiva (rígido nas suas funções) de um juízo de
valor emitido (“é bom ser rígido porque cumpre os objetivos” ou “é mau ser rígido porque é
insensível às necessidades das pessoas”?)
Na realidade, a indeterminação semântica de certas palavras faz com que elas possam ser
utilizadas ora como factos, ora como valores, ora como ambos ao mesmo tempo.Como mostram os autores da hermenêutica (Heidegger) e da teoria crítica (Honneth), na
maior parte das vezes a nossa postura perante o mundo não é neutra. A atitude científica
pressupõe uma distanciação do objeto mas, nas ciências sociais e humanas essa distanciação,
normalmente, não é total.
A filosofia social e a ética pretendem por um lado descrever, por outro lado apontar maneiras
de transformar a sociedade, tendo em conta determinados valores (ex: justiça)
Logo, nas ciências sociais e humanas (neste caso, a ética, a filosofia social e a economia) este
entrelaçamento deve ser tido em conta. As teorias têm sempre em conta valores epistémicos
e, em muitos casos, também valores éticos (Bueno Ferreira)
A origem da economia está parcialmente ligada à ética e de Adam Smith a John Maynard
Keynes até Amartya Sen, a ligação entre ambas é óbvia e útil para perceber o comportamento
dos agentes e a organização do bem comum.
Se rejeitarmos os valores, não conseguimos enquadrar alguns dos factos de forma satisfatória
(Walsh)
Ex: numa sociedade com um nível de corrupção elevado, poderá a avaliação económica desse
facto estar separada de uma avaliação ética?
Assim, análises técnicas que pretendam fazer recomendações ficarão enviesadas se
pretenderem insistir numa dicotomia artificial.
Conclusão
Factos e valores podem ser analiticamente distinguidos mas não devem ser colocados numa
relação dicotómica que crie um dualismo ou uma oposição (Bueno Ferreira)
Na maior parte das vezes existe um entrelaçamento ou complementaridade entre ambos.
Pensar este entrelaçamento significa repensar totalmente a teoria económica dominante. Não
é suficiente adicionar motivações morais à teoria dominante da racionalidade económica e do
comportamento dos agentes. (Staveren/Pell)
Levar a sério a ética na Economia significa pois repensar o modelo de racionalidade associado
aos agentes económicos.
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Lecture 3
Racionalidade
Tradicionalmente, pensa-se a racionalidade económica como a satisfação de preferências
individuais de modo auto-interessado. Estudos experimentais recentes mostram que as
motivações para a ação são mais complexas e que existe muitas vezes uma maior tendência
para a reciprocidade e cooperação (Staveren/Pell) do que é admitido pela Teoria Económica
Neoclássica.
Admitir esta complexidade motivacional e comportamental ao nível dos agentes, e o
entrelaçamento facto/valor poderá ser um dos primeiros passos para repensar a
racionalidade.
A noção de racionalidade em geral e na teoria económica dominanteRacionalidade teórica (nas crenças – saber se temos razões para acreditar no que acreditamos)
e racionalidade prática (na ação – saber se temos razões para agir como agimos)
Racionalidade prática e racionalidade instrumental.
Aspeto normativo da racionalidade (os agentes devem ter crenças racionais, os agentes devem
agir racionalmente) e aspeto descritivo da racionalidade (os agentes têm crenças racionais, os
agentes agem racionalmente)
Isto leva-nos ao estatuto da racionalidade na teoria económica dominante: é uma suposição
formal do modelo, necessária para termos melhores resultados; ou é uma assunção sobre o
comportamento real dos agentes económicos? Ou ambas?
Conceções de racionalidade na economia:
1. Maximizar o interesse próprio
2. Maximizar a utilidade
3. Racionalidade limitada (Bounded Rationality)
Maximizar o interesse próprio – se o interesse próprio é visto de forma estrita, como se
distingue do puro egoísmo? Se é visto de uma forma mais ampla, incluindo a empatia/simpatia
por outros e o respeito pelos compromissos ou até o altruísmo, como definir as suas
fronteiras, como evitar que o interesse próprio se torne numa noção que tudo engloba?
Maximizar a utilidade – (…)
Bounded rationality – (…)
A Teoria da Escolha Racional e a maximização das preferências
A teoria da escolha racional pretende explicar o comportamento humano. Para alcançar esteobjetivo, são precisos dois passos. O primeiro é determinar o que uma pessoa racional faria
em determinadas circunstâncias. O segundo é conferir se o passo anterior foi o que a pessoa
fez.
Condições de racionalidade de uma ação (o resultado final de 3 decisões ótimas):
1. A ação ser o melhor meio de realizar o desejo da pessoa, dadas as suas crenças
2. As crenças serem ótimas, dadas as provas que o agente possui
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3. A quantidade de provas que o agente possui serem ótimas (nem demasiada nem
muito pouca) (Elster)
Críticas (da economia comportamental) à noção de racionalidade
O programa de investigação em heuristics and bases (heurísticas e enviesamentos) de Amos
Tversky e Daniel Kahneman.
A maior parte das pessoas não utiliza os princípios ditos racionais de raciocínios e decisão (não
usam algoritmos mas heurísticas).
Ex: Heurísticas da representatividade e da semelhança, da disponibilidade e da ancoragem e
ajustamento, decidir por framing.
Em alternativa à Teoria da Escolha Racional, a prospect theory e a teoria da escolha defendida,
uma das pedras fundamentais da economia comportamental (Kahneman).
Outras críticas à noção de racionalidade
Da psicologia evolutiva/evolucionista:
1. Questiona o pressuposto do interesse próprio dos agentes reais, nomeadamente que
só se importam com o resultado de uma interação económica e não com o processo
(negociação, coerção, troca, transferência voluntária, etc…, e que só se preocupam
com os ganhos pessoas, não com os ganhos/perdas dos outros agentes (nem com as
intenções desses outros agentes))
2. A reciprocidade forte parece ser a motivação prevalecente do ser humano em vários
contextos. Reciprocidade forte (strong reciprocity) é a predisposição para cooperar
com outros e para punir (a custo pessoal, se necessário) os que violam as normas de
cooperação, mesmo quando não é plausível esperar que esses custos sejam
recuperáveis no futuro.
De Amartya Sen:
1. Para Sen, as teorias económicas dominantes têm visto a racionalidade ou como
consistência interna das escolhas ou como maximização do interesse próprio
a. A ideia de que a mera consistência interna das escolhas é uma condição
adequada de racionalidade é absurda
b. Os indícios para acreditar que os agentes económicos perseguem apenas o seu
interesse próprio são escassos e muitas vezes são pura especulação
c. O contraste não é necessariamente entre egoísmo e utilitarismo – na lealdade
de grupo, uma característica importante é a mistura entre comportamento
egoísta e comportamento altruísta
ConclusãoA racionalidade é um caso exemplar de entrelaçamento facto/valor na teoria económica.
A racionalidade é uma noção essencial a ter em conta na motivação dos agentes económicos
reais mas não parece ser a única.
Preocupações morais, preocupações com a justiça também parecem influenciar a conduta dos
agentes económicos reais, não apenas preocupações de maximização do interesse próprio, da
utilidade ou da eficiência económica.
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Lecture 4
Como se relacionam as preocupações com a eficiência económica com as preocupações
morais/com a justiça?
O problema da Eficiência Económica
1. Eficiência na produção
2. Eficiência nas trocas
3. Eficiência no tipo de produto
Kaldor e Hicks – Possibilidade de compensação
O utilitarismo e a Welfare Economics
1.
“The fundamental idea of utilitarism is that the morally correct actors in any situationis that which brings about the highest possible total sum of utility. Utility is variously
understood as happiness, pleasure, or the satisfaction of desire of preferences.”
(Wolff)
2. Caraterização da doutrina filosófica do utilitarismo
a. Consequencialismo
b. As variantes do utilitarismo (clássico/médio/de limiar dos atos/das regras)
3. Problemas do utilitarismo:
a. Como medir e quantificar a felicidade? Como prever as consequências de uma
ação? Quais consequências? Para quem?
b. A objeção do “bode expiatório” (graves injustiças na procura da felicidade
geral)
c. A objeção da experience machine, de Nozick
O liberalismo igualitário de John Rawls
1. Os bens primários – definição e classificação
a. “meios gerais requeridos para se forjar uma conceção da vida boa e prosseguir
a sua realização, qualquer que seja o seu conteúdo exato”
b. Naturais (saúde, talentos, aptidões) – não diretamente sob o controlo das
instituições sociais (a lotaria natural)
c. Sociais – os que devem ser equitativamente distribuídos e levam à formulação
de princípios de justiça
i. Liberdades fundamentais (direito de voto, elegibilidade, liberdade de
expressão)
d. Oportunidades de acesso às posições sociais
e. Vantagens socioeconómicas (rendimento e riqueza, poderes e prerrogativas)
2. O véu da ignorância e a posição original
a.
Como formular princípios para uma distribuição equitativa dos bens primáriosde forma imparcial? Rawls recorre a uma situação hipotética, a posição
original.
b. As pessoas na posição original estão sob um véu de ignorância:
i. Não sabem as suas circunstâncias particulares (o seu lugar na
sociedade, a classe social, o estatuto, o género, a raça, os “atributos
naturais”), factos sobre a sua sociedade em concreto nem as suas
próprias “conceptions of the good” (conceções do bem e de vida boa)
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– diferentes perspetivas morais, religiosas, filosóficas, diferentes
objetivos e ambições, diferentes conceções de sociedade justa, de vida
valiosa
ii. Sabem o que são os bens primários e factos gerais da sociedade
humana
iii. São racionais (instrumentalmente falando), têm preferências
monótonas crescentes pelos bens primários sociais e são indiferentes
à sorte de outrem (não sentem inveja nem simpatia)
c. Como a escolha da posição original é única (não uma série de escolhas), as
pessoas terão aversão ao risco e escolherão pelo critério maximin (Wolff)
3. Justice as fairness e os 3 princípios da justiça:
a. Qualquer pessoa, na posição original, escolheria estes 2 princípios:
i. “Each person is to have an equal right to the most extensive basic
liberty compatible with a similar system of liberty for all”
ii. Social and economic inequalities are to be arranged so that they are
both
1. To the greatest benefit of the least advantaged (diferença)
2. Attached to offices and positions open to all under conditions
of fair equality to opportunity (oportunidades)
b. “They are the principles that free and rational persons concerned to further
their own interests would accept in an initial position of equality as defining
the fundamental terms of their association. These principles are to regulate all
further agreements; they specify the kinds of social cooperation that can be
entered into and the forms of government that can be established. This way of
regarding the principles of justice I shall call justice as fairness.” (Rawls)
4. A hierarquia dos 3 princípios ou leximin
a.
Pelas circunstâncias especiais da posição original, o princípio/critério daescolha racional nessa situação é o maximin
b. Obtidos os princípios, a hierarquização entre eles obedece a uma seriação
lexicográfica
i. “This is an order which requires us to satisfy the first principle in the
ordering before we can move on to the second, the second before we
consider the third, and so on. A principle does not come into play until
those previous to it are either fully met or do not apply”
c. Lexicográfico + maximin = leximin
A crítica de Nozick a Rawls – o argumento de Wilt Chamberlain
1. “Suppose, then, that property is distributed in society so that people are given Money
in proportion to their needs. Call this distribution of property D1. Nozick then asks us
to imagine that a certain basketball player – Wilt Chamberlain – has made anarrangement with his team so that he gets 25 cent for every spectator who attend a
home game (…). At the end of the season, a million people have dropped their
9quarter into the box. Accordingly, Wilt Chamberlain is now $250.000 better off, and
so a new distribution of property is the result. Call this distribution D2.”
2. Implicações:
a. “Whatever patter of distribution, it seems, certain free actions (exchanges,
gifts, gambles, or whatever) are capable of disrupting it.”
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b. “If D1 is just, and people move voluntarily from D1 to D2, then, he argues,
surely D2 is also just. But once we have conceded this we have admitted that
these can be just distributions which do not obey the original pattern. So all
patterned conceptions of justice are refuted.”
c. “Suppose we decide to maintain a pattern (…) whichever we choose we will be
severely impeding people’s liberty. Proper respect for liberty, then, rules out
enforcing a pattern”
Os princípios fundamentais do libertarismo de Nozick
1. If the world were wholly just, the following definition would exhaustively cover the
subject of justice in holdings:
a. A person who acquires a holding in accordance with the principle of justice in
acquisition is entitled to that holding.
b. A person who acquires a holding in accordance with the principle of justice in
transfer, from someone else entitled to the holding, is entitled to the holding.
c. No one is entitled to a holding except by (repeated) applications of (a) and (b).
Ações que rompem com o padrão inicial
d. Aquisição
e. Transferências
f. Retificação
g. A importância da propriedade de si (self-ownership)
h. Os recursos naturais e a cláusula lockeana
Sen e a abordagem das capacidades (Capabilities Approach)
Liberdade → Capacidades → Funcionamento
Sen critica: Teoria Neoclássica, Teoria da Escolha Racional → Maximização da utilidade
Martha Nussbaum → Lista capacidades que devem existir
Conclusão
1. A eficiência económica é vista normalmente como estando numa relação trade-off
com a justa distribuição dos benefícios económicos
2. O utilitarismo desempenhou um papel relevante na conceção de eficiência económica
3. Diferentes perspetivas filosóficas e político-económicas criticaram o excessivo peso do
utilitarismo subjacente à Welfare-Economics e propuseram outras formas de
distribuição.
4. As questões da justiça distributiva e da eficiência impõe por isso uma análise crítica do
sistema económico atual
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1. Segundo Boltanski, as transformações que levaram ao espírito do capitalismo mais
recente (até 1999) prendem-se com a chamada revolução gerencial, isto é, com a
importância das técnicas e discursos da gestão empresarial
2. Este modelo absorveu, em parte, as críticas formuladas nos anos 60-70 (sobretudo pós
Maio de 68), e sobretudo:
a. A crítica estética (critique artiste) que criticava o caráter opressivo das grandes
empresas, a sua estrutura burocrática e a falta de liberdade individual e de
criatividade concedida aos trabalhadores
Como resposta, hoje em dia o discurso oficial valoriza a criatividade, a flexibilidade, a solução
inovadora de problemas, a capacidade de gerir vários projetos ao mesmo tempo, de criar
redes e de demonstrar entusiasmo pelo trabalho desenvolvido
Porquê uma crítica ao capitalismo?
1. Apesar das justificações produzidas pelo próprio sistema capitalista, pode-se crer que
ele tem aspetos injustos e que produz um conjunto significativo de problemas:
a. Desigualdade (Piketty) e criação de um conjunto de indivíduos excluídos
socialmente
b. As crises cíclicas que tende a gerar (Marx)
c. Uma organização do trabalho que pode ser favorável a criar patologias (stress,
burnout, dificuldade de conciliação entre vida pessoal e profissional, etc…)
d. Hoje em dia, precariedade e, em muitos locais, incapacidade de gerar
empregos suficientes para uma parte significativa da população
A crítica pode levar à transformação (Boltanski) na medida em que tem em conta critérios de
justiça, é uma parte integrante da filosofia social e recorre a valores éticos.
A crise económica e financeira
1. Faz parte do funcionamento estrutural do capitalismo ter ciclos económicos que se
caraterizam pela alternância de fases de crescimento com fases de estagnação ou
recessão (boom and bust )
2. Quando a contração da economia é severa fala-se de crise económica (a qual é
geralmente acompanhada por efeitos sociais)
3. Nas últimas décadas, várias crises económicas tiveram repercussões sérias:
a. A crise de superprodução de 1929-30 (Grande Depressão) – desemprego,
inflação, ligação indireta à ascensão do nazismo. Foi resolvida por políticas
keynesianas de estímulo à economia
b. Crise petrolífera dos anos 70
c. A bolha da internet da viragem do milénio
d. A crise do subprime de 2007-2008 nos E.U.A. e o contágio aos países europeus
– imposição de políticas de austeridade na U.E.
A crise económica e financeira
1. As crises são um fenómeno particularmente sensível do capitalismo porque, em geral,
agravam as condições de vida de uma parte significativa da população (logo, levantam
problemas éticos de gestão do bem comum)
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2. Para Marx, as crises levariam um dia ao fim do capitalismo. Mesmo que não
acreditemos nessa possibilidade, não será que elas nos obrigam a repensar as práticas
económicas dominantes?
3. No caso da crise do subprime e dos problemas de gestão da banca subsequentes nos
E.U.A. e na Europa, qual terá sido o problema?
a. Falhas éticas individuais?
b. Desregulação sistémica?
c. Uma combinação de ambos os fatores, ou de outros?
Conclusão
1. O capitalismo é uma realidade histórica mutável, sempre baseada num conjunto de
valores (implícito ou explícito) e que pode ser transformada pelas críticas que lhe são
dirigidas.
2. No contexto de grande parte dos países ocidentais, a crise económica de 2007-2008 e
as suas consequências têm levado a um aumento das críticas à organização
económica atual.
3. Quer as causas da crise tenham sido falhas éticas individuais (questão socrática) quer
falhas institucionais (questão aristotélica) é concebível que a intensificação da crítica
possa levar a transformações futuras.
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Lecture 6
A Empresa: Ponto de Vista Sociológico e Económico
Ligação com a Matéria Anterior
Vimos anteriormente que a ética é fundamental para a economia e que levar isto em conta
obriga a repensar a ênfase exclusiva nas questões técnicas.
Vimos que há um entrelaçamento entre factos e valores e que isso nos leva a questionar a
teoria económica dominante e, nomeadamente, a racionalidade instrumental.
Analisámos diferentes critérios de justiça e mostrámos como é que o capitalismo tem sempre
na sua base determinados valores éticos que o tentam justificar mas também vários problemas
que devem ser criticados.
Mas de que forma é que a ética, a racionalidade, os valores, estão ou não presentes na
empresa, uma das bases do sistema capitalista como o conhecemos?
Questões principais
1. Determinar o que é a empresa, isto é, qual o seu estatuto ontológico? De que ser
falamos quando falamos na empresa? Faremos uma comparação e várias abordagens
(económica, sociológica, etc…) para melhor abordar esta descrição
2. Definir a ética na empresa, isto é, a forma como as várias teorias éticas podem ou não
perceber o que é, ou deve ser, a empresa nas suas múltiplas dimensões
3. Perceber que modelos alternativos podemos encontrar para perceber a empresa e a
sua interação com as pessoas e a sociedade. Veremos, por exemplo, o modelo da
contribuição.
Ética na Empresa
O papel da empresa na Economia é produzir bens e serviços. Que produção? Que bens? Que
serviços?
Qual o papel da ética na empresa? Será que a sua função no mundo empresarial se reduz
apenas a uma mera técnica (“engenharia” - Sen) de gestão? Quais as condições de
possibilidade de uma ética da empresa?
Empresa: Ponto de Vista Sociológico
Empresa = Organização (seja ela familiar, uma multinacional ou uma ONG)
Conjunto de regras cujo fim é tornar possível a coordenação de meios variados
Múltiplas interdependências ao serviço de uma finalidade: produzir bens e serviços
Não pode ser vista em isolamento; tem uma ligação fundamental ao seu meio envolvente
Organização: 2 abordagens (Marko Tasic)
1) Objetivo (produção de bens e serviços) e Meios (humanos, económicos, materiais,
informáticos)
2) Princípios ou Funções (especialização, coordenação e adaptação) (Foudriat)
Diferenciação – decompor a empresa em unidades de competência
Comentado [JM1]: Open Source EcologyPeer to Peer Foundation
Objetivo das L6 e L7: Saber qual a natureza da empresa.Responder à pergunta: O que é uma empresa?
Defender o princípio da empresa como entidade real e nãouma entidade fictícia redutível à sua personalidade legal.
A partir daqui analisar o seu estatuto ontológico e ver:
1) Até que ponto esta entidade é mais do que umagregado de pessoas
2) Como pode desenvolver todo o seu potencial de vida?
Exercer poder e controlo para influenciar o ambienteexterno vs abuso de poder
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Coordenação – unificar e estabelecer relações coerentes entre diferentes atividades
Adaptação – a empresa é um sistema aberto que interage com a sua envolvente e adapta-se a
ela, podendo até transformá-la
Três correntes principais
1) Teorias Racionalistas – Taylor e a organização científica do trabalho; divisão e
especialização; regras assumem um caráter prescritivo/normativo
2) Teorias das Relações Humanas – Explicam que as motivações reais são mais
complexas que a busca do lucro e que pode haver resistência às regras; busca-se
então desenvolver uma teoria das motivações psicológicas dos indivíduos (Maslow)
3) Teorias da Racionalidade Limitada e do Agente Estratega – consideram que os
agentes individuais têm interesses que podem não coincidir com os da empresa
(Crozier); explica-se o comportamento dela através dos jogos de poder e interessesentre os diferentes agentes
Teorias Contratualistas
A empresa – modo de coordenação alternativo ao mercado (o mercado funciona com o
sistema de preços) Coordenação/administração – autoridade/obediência é, para Coase (1937)
a propriedade ontológica da empresa numa base contratual (conceção Hobbesiana –
esquecida a capacidade coletiva de criar e de inovar)
Jensen e Meckling (1976) As teorias destes autores diferem das de Coase em 2 pontos:
1) Não há na empresa nenhuma relação de autoridade, mas relações contratuais livres
2) Não se opõe empresa e mercado, a empresa não é muito diferente do mercado; é
vista como um mercado privado
Problema: em 2) nega-se a especificidade da relação de emprego de um contrato em que o
trabalho pode ser comparado a um contrato comercial. Neste sentido a relação de autoridade
permanece porque mediante o contrato da empresa adquire o direito de dirigir e utilizar como
quiser as competências do trabalhador
Oliver Williamson (1979) – teoria dos custos de transação (continuação da teoria de Coase).
De qualquer modo para ela, na linha de Herbert Simon os contratos são incompletos porque
não podem prever todas as eventualidades dos agentes, Hart (1995) vai desenvolver esta
teoria e dá grande realce às relações de poder nas relações contratuais.
Teorias Evolucionistas
Porque é que certas empresas têm melhores performances que outras?
A empresa é vista como um sistema de competências. (Hodgson e Knudson, 2010)
Teorização dos comportamentos – lugar central para a análise dos processos de
aprendizagem, individuais e coletivos.
Ênfase na organização e nas relações da organização.
Teorias do Poder e do Conhecimento
Procuram renovar a teoria da firma a partir das relações entre propriedade e poder. (Network-
Firm) Kochan e Rubinstein (2000) e Rajan e Zingales (2000)
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O que se procura compreender é em que medida o conhecimento transforma a empresa . Os
autores que defendem esta teoria criticam a visão da empresa como elo de contratos
explícitos e acentuam a importância dos contratos implícitos.
A empresa é construída em torno de um capital organizacional que não se reduz apenas a
acordos legais.
Esta teoria aproxima-se mais da evolucionista, no entanto o ponto fulcral são as questões de
poder e de controlo dos conhecimentos e das competências. Colocam em causa a
propriedade privada, a propriedade dos ativos por um agente pode ter efeitos negativos.
Importa ter em conta o capital humano.
Conclusões
A organização é uma organização em mutação.Alteração das tarefas do contrato taylorista-fordista. O surgimento do conceito de rede e da
network-firm. Funciona através de uma multiplicidade de atores e não de um único centro de
ação.
É necessário repensar a empresa e a gestão de acordo com uma nova perceção do ser humano
e é igualmente necessário que a economia não se desenvolva de forma abstrata, como
alienação da vida.
Da empresa repartição de tarefas, passou-se para a empresa onde as competências implícitas,
o saber fazer, a capacidade de comunicar, a colaboração, a polivalência, a inter-relação e a
partilha de saber são valorizadas. O próprio trabalho deixa de se definir a partir de uma tarefa,
ou função. Passa a dar-se valor à inteligência emocional, mais do que à racionalidade
económica a todo o custo. A gestão não diz apenas respeito ao manpower , mas às ideias e aos
cérebros.
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A empresa – uma entidade real o seu estatuto ontológico
Ligação com a matéria anterior
Saber qual é a natureza da empresa: Responder à pergunta: O que é uma empresa?
Defender o princípio da empresa como entidade real e não uma entidade fictícia redutível à
sua personalidade legal.
A partir daqui analisar o seu estatuto ontológico e ver:
1. Até que ponto esta entidade é mais do que um agregado de pessoas?
2. Como pode desenvolver todo o seu potencial de vida?
Um problema metafísico: nominalista ou realista?
Individualismo metodológico e ontologia dualista
1) Perspetiva Nominalista: as empresas são grupos de indivíduos, agregados de seres
humanos
2) Perspetiva Realista: uma empresa tem uma existência e um significado, assim como
uma personalidade moral/legal próprio
Implicações para a responsabilidade moral
1) Se aceitarmos a perspetiva nominalista sobre a empresa, é difícil atribuir-lhe
responsabilidade moral
2) Se aceitarmos a perspetiva realista sobre a empresa, é possível atribuir-lhe
responsabilidade moral
O ponto de vista fenomenológico
1) Do ponto de vista fenomenológico a empresa é algo “uno” por isso inquirir sobre
aquilo que é a empresa é procurar fundar a intuição de que esta realidade social não é
redutível a um agregado de pessoas que contratam serviços entre si
2) A empresa é um agente e não um mero conjunto de contratos assumindo que os
resultados humanos, sociais e económicos da ação coletiva não podem explicar-se
cabalmente só através de permutas individuais
3) Nesse sentido pode dizer-se que a empresa é a criação da ação coletiva necessária à
realização das necessidades humanas.
A questão da agência racional
As interações sociais da empresa subsumem-se, pelo menos, em 4 categorias:
1) Trocas entre agentes individuais
2) Interação de empresas com agentes individuais
3) Interação de empresas com outras empresas
4) Interação de empresas com a sociedade
Para French, as empresas têm estruturas de decisão internas (EDI) que fornecem a base para
lhes atribuir agência moral (Soares)
Comentado [JM2]: Pessoa1) Seres Humanos2) Ser Relacional
Agente = agir/ação1) Responsável2) Objetivo
3) Sentido4) Indivíduo5) Intencionalidade
Indivíduo1) Um
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Na prática, faz sentido falar sobre ações, que têm por base os planos, objetivos e interesses da
empresa, que vão para além dos dos indivíduos que trabalham na empresa.
A identidade empresarial depende da sua capacidade para consolidar a sua cultura em termos
da articulação de um domínio de significados partilhados.
A ontologia da empresa segundo as teorias económicas
As teorias económicas fundamentam a sua análise nos contratos e nos direitos de
propriedade, circunscrevendo a empresa ao perímetro da lei, sendo por isso considerada por
estas teorias como uma ficção legal.
Ficção legal – analogia entre:
1) Os deveres/direitos de uma pessoa física
2)
Os deveres/direitos de uma pessoa fictícia (a empresa)
Nó de contratos – tem partes e um único indivíduo agrega as partes
A empresa como ficção legal
Pessoa legal distinta que implementa contratos, uma unidade de direitos/deveres. A
personalidade jurídica da empresa é uma ficção, é falacioso dizer que a entidade que é
personificada é fictícia.
Questão epistemológica: saber se as empresas são o resultado natural da nossa vida social ou
criações estéreis e derivadas da lei positiva
Ficção não tem existência real. Mas:
Age através das ações dos indivíduos que nela trabalham.
Não é apenas a soma dos indivíduos que têm deveres/direitos definidos pelas relações legais
de contratualização e de transferência de direitos de propriedade
Se é reduzida a um agregado de pessoas, como pode agir sem que todos os membros aprovem
essa ação?
A empresa como entidade real
Entidade que se desenvolve coletivamente através de cada um que nela trabalha, desenvolve
uma capacidade cognitiva e uma capacidade de agir tendo em vista um determinado objetivo.
Quando as pessoas agem em comum desenvolvem inevitavelmente um espírito que difere
quando agem isoladamente ou de forma agregada. As pessoas unem-se para agir segundo um
objetivo comum.
Formam uma entidade que independentemente de toda a personificação legal, difere dosindivíduos a partir dos quais ela é constituída. É erróneo reduzir as dinâmicas dos processos
sociais às ações individuais.
Ainda que possamos dizer que a empresa existe independentemente dos seus membros, não
age com um objetivo independente delas. Considerar a empresa uma entidade real é dizer
que quer o todo quer as partes têm uma existência real.
A empresa como entidade real viva
Comentado [JM3]: É difícil imputar responsabilidades apessoas coletivas.
Comentado [JM4]: Ação coletiva -> bem comum
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A empresa é um agente, uma comunidade humana, uma entidade real viva (M. Henry)
De que vive? Da “ praxis vital ” (Marx, 1844) – subjetividade original na sua imanência radical (aação reenvia-nos para nós/interior). Descoberta direta do trabalho vivo (a essência dotrabalho é sempre subjetiva-produção) e é em função da vida que as determinaçõeseconómicas devem ser vistas. Cada um de nós tem em si esta força de vida que nos leva a
juntar a outros e constitui o fundamento de toda a comunidade pulsional.
Deste modo cada um existe com o outro não apenas através do seu desejo, mas tambématravés de todos os modos da sua afetividade. É a partir desta comunidade original efetivadapor uma praxis vital que a vida social pode ser pensada e a partir dela a vida da empresa.
Vida neste sentido significa:
1) Subjetividade essencial – o nosso ser é a nossa vida
2)
Capacidade criativa da vida – o mundo que a rodeia é o mundo da vida. Co-pertençaoriginal vivo e da terra que é essencialmente prática3) É sempre singular, não faz dela um universal e só se atualiza sobre a forma de um
indivíduo vivo.4) Passividade mais original (consentimento) e o agir mais fundamental
Conclusão:
Legal: a lei reconhece entidades legais denominadas sociedades – formas convencionais decontratos entre partes que participam numa empresa.
Económico: modelos contratualistas e os modelos dos direitos de propriedade da empresa.
Mas a empresa não é apenas nem um nó de contratos, nem um grupo de ativos. Não é umaentidade fictícia reduzida à sua entidade legal.
As teorias económicas são reducionistas porque defendem mais o agregado do que a
entidade e as relações separadas mais do que o esforço coletivo que é o centro ontológico daempresa.
A empresa é uma entidade social na qual se interligam o económico, o social e o simbólico.Articulação através de um frágil equilíbrio uma vez que as tensões são permanentes(subjetividade e o dinheiro/valor de troca).
Neste processo contínuo de procura de equilíbrio encontra-se uma ordem reguladora, quebrota da interdependência entre todos. A empresa pode, em permanência, produzir ereproduzir-se, manter e manter-se, informar e informar-se.
Produtora de si própria e da sua própria vida possui memória e projeto e neste sentido podeser considerada um agente ético de pleno direito.
Comentado [JM5]: A energia que nos faz mexer todos osdias.
Comentado [JM6]: Um Paula Rego não é um GraçaMorais.
Comentado [JM7]: Consentir. Nem sempre convivemospacificamente connosco próprios. Melhoramento constante.
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Nesta abordagem o sujeito subtrai-se da ordem natural e passa a ver o mundo como objeto.
Assim, a ética foca-se na gestão das decisões individuais (para obter os objetos de desejo) e
pretende-se constituir em ciência. Deste ponto de vista, há duas abordagens principais:
1) A ética científica
2) A ética filosófica
A ética ocidental – Científica
Na Grécia Antiga, a ética aparece muitas vezes como uma ciência (episteme), por exemplo em
Platão (por exemplo, algo racional e regulado por critérios inteligíveis)
Nesta versão “científica”, existiam 2 dimensões:
1)
Aspeto formal – era elaborada pela sociedade2) Função operatória – era vista como sendo infalível na função de nos orientar na vida.
Logo, retirava ao indivíduo a espontaneidade e a responsabilidade pela sua
orientação
Assim, o sujeito tornava-se passivo e a ética uma técnica. Salvava-se a visão do “homem
honesto” mas ficava-se ao nível das ideias feitas e confundia-se subjetividade com
subjetivismo .
A ética ocidental – Científica (Consequências)
Esta conceção da ética teve grande influência e está ainda hoje em dia presente no nosso
modelo escolar.
No contexto de um mundo em transformação em que a ciência não é o horizonte último, a
ética aparece como uma espécie de bisturi que corta e cose, num modelo de racionalidade
circular que tende a dominar e fechar o sistema em círculo autónomo.
É necessário um modelo diferente de racionalidade, uma racionalidade vertical que ajude a
expandir os horizontes, em vez de simplesmente ligar os elementos já existentes.
A ética ocidental – Filosófica
Na tradição ocidental, é possível distinguir a ética científica de uma ética filosófica baseada na
natureza humana e na visão do homem como ser individual.
No entanto, isso não resolve o problema, nem torna a ética universal, porque:
1) A natureza humana é sempre influenciada por diferenças culturais
2) A natureza humana é vista como estando separada das outras naturezas, visando
normalmente manipulá-las e dominá-las.
Portanto: uma ética que comece e acabe no ser humano não pode representar uma solução
para âmbitos da realidade que o excedem.
A Ética e a Ontologia
Embora não esteja “na moda” há que voltar à questão da ontologia.
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Durante muito tempo, a ontologia foi vista como sendo algo de “fixo”; mas é possível ter uma
conceção dinâmica da ontologia baseada na criatividade e na vida (neste sentido, a ontologia
é mais vasta que a antropologia)
Como conciliar a herança teológica (Aristóteles) e a herança deontológica (Kant) da ética? É
necessária uma ontologia da relação (Ourives Marques); ver também Ricoeur
É preciso desenvolver uma ética do agir e do ser que devem ser distinguidas das noções
dominantes de fazer e dever-ser.
A Ética e a Ontologia - A distinção entre fazer e agir
Fazer AgirControla Atento à energia da açãoDomina Desenvolve o potencial de cada serTécnica Atenta ao devir históricoFinalidade planeada antecipadamente Manifesta-se no curso da açãoDeterminado e previsto de antemão Impele à busca de sentidos novosRealidade mental Fidelidade ao impulso inicialObedece a princípios externos construídos Obedece a princípios internos
Distinção entre Ética do Dever-Ser e a Ética do Ser
Ética do Dever-Ser Ética do Ser Normativa Espontânea e inéditaFormal ImprevisívelDesatenta ao devir histórico Atenta ao devir históricoNão valoriza a temporalidade Valoriza a temporalidade
Redução da Realidade Manifestação da RealidadeRepetição CriatividadeObjetividade Subjetividade
Conclusão
Na tradição ocidental, tendeu-se a definir a ética (quer na versão “científica” quer na versão
“filosófica”) como estando ligada a um saber e à antropologia.
A tendência para reduzir a ética ao subjetivismo do indivíduo, a uma mera técnica, ou às
normas associadas ao dever fazem com que se perca quer a espontaneidade do agir quer a
ligação primordial ao ser que transcende o humano.
As conceções dominantes da ética na empresa refletem estes problemas.
Conceber a ética a partir da ontologia (neste sentido alargado) levará também a repensar aética na empresa.
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Ligação com a matéria anterior
Vimos na L8 que na tradição ocidental, tendeu-se a definir a ética (quer na versão científica
quer na versão “filosófica”) como estando ligada a um saber e à antropologia.
A tendência para reduzir a ética ao subjetivismo do indivíduo, a uma mera técnica/fazer, ou
às normas associadas ao dever fazem com que se perca quer a espontaneidade do agir quer a
ligação primordial ao ser que transcende o humano.
As conceções dominantes da ética na empresa refletem estes problemas.
Conceber a ética a partir da ontologia (neste sentido alargado) levará também a repensar a
ética na empresa.
Qual o papel da ética na Empresa?
Há hoje uma tendência para ver a ética como a “reparadora de todos s males” – no contexto
do mundo dos negócios, recorre-se à ética para “moralizar o sistema” ̧uma ética do dever-ser.
Será a ética uma mera técnica de gestão?
Uma possibilidade alternativa é adotar uma visão abrangente da ética, que a funda numa
relação com todo o ser e promove uma atitude de afeto e generosidade não só na empresa,
mas nas nossas relações uns com os outros e com todos os seres.
A Construção da Ética Empresarial
É nos EUA que as primeiras publicações sobre ética nos negócios surgem.
1968 Harvard Business Review - um artigo de Baumhart dedicado a este assunto (“os homensde negócios não são amorais e as suas decisões não têm apenas em conta o lucro”)
A partir de vários escândalos no mundo empresarial a literatura sobre o assunto não para de
crescer.
No mundo anglo-saxónico são muitos os autores e as perspetivas sobre esta temática.
Ética descritiva, normativa ou analítica, metaética.
A Construção da Ética Empresarial: Europeia
A abordagem da ética dos negócios não segue o mesmo esquema teórico do que a abordagem
anglo-saxónica, fazendo-se a aplicação da ética à empresa com base nas várias teorias éticas.
1) Ética Kantiana
2) Ética de Durkheim e Bergson
3) Ética das Virtudes
4) Ética de Habermas
5) Ética de Max Weber
A Construção da Ética Empresarial
Quer numa tradição, quer noutra aquilo que vemos é que os autores se servem da ética para
fundamentar recomendações de como é que as empresas e a gestão de topo devem agir.
Comentado [JM8]: Mais importantes:
Ética Kantiana – Age sempre de tal modo que a máxima datua ação possa tornar-se uma lei universalÉtica das Virtudes
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Podemos perguntar então, qual o papel da ética na empresa? Como é que a ética é entendida
na empresa? Como uma técnica, com pretensões reparadoras de todos os males, ou como
uma praxis vital?
Aquilo que muitas vezes se vê e se encontra refletido em códigos de conduta é a transferência
de alguns valores das teorias éticas para a empresa em que a ética da empresa ajusta e
modifica esses mesmos valores, adaptando aqueles que julga necessários ao desempenho
eficaz da vida empresarial, muitas vezes sobre o lema de que “os valores morais são a chave
do sucesso”.
A alienação e o abstrato (Marx e Whitehead)
Nas L6 e L7 vimos que a empresa é uma entidade relacional que retira toda a sua força da vida
e da vida em relação, nesse sentido as interações entre as pessoas que nela trabalham e o
próprio trabalho deveria ser um meio, não só com o objetivo de produzir bens e serviços, masda descoberta da subjetividade de cada um, a ética brotaria dessa vida.
Alienação (Marx)
a) Rutura do laço que une o operário e aquilo que produz – trabalho tornado mercadoria
b) Trabalho mercantil – o trabalho não é expressão da essência (subjetividade) do
trabalhador
c) Relações humanas pervertem-se e tornam-se mercantis
Deste modo, a alienação perverte as relações na vida da empresa.
Para além do fenómeno da alienação que pões em risco as relações na vida da empresa existe
outro que consiste em tornar as abstrações gerais pela realidade concreta.
Ex: recursos humanos, capital humano, público-alvo, consumidos
Sob a expressão aparentemente indolor e neutra de “recursos humanos” esconde-se na
realidade o condicionamento psicológico de um olhar que privilegia antes de mais, na hora de
recrutamento as dimensões, “fator de produção” ou “matéria-prima”. Instalando-se deste
modo
A ontologia vetor da desalienação: generosidade
Vimos na L8 a diferença entre ética e ontologia e dissemos que uma ética centrada no ser
(ontologia) é muito diferente de uma ética do dever-ser.
Uma ética do ser será uma ética da generosidade
Algumas caraterísticas da generosidade:
a) Dádiva
b)
Atenção à realidade
c) Consciência da nossa liberdade relacional – colocada ao serviço do outro (humano ou
não)
d) Partilha
Generosidade assenta na compreenesão e no aprofundamento da realidade, na ideia positiva
da comunhão ontológica, (como todos os seres) valorizando as diferenças e tentando
promove-las. Nesse sentido pode ser um vetor da desalienação da ética na empresa.
Comentado [JM9]: Ética entendida como uma “marca demarketing”.
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Utilidade vs Generosidade
Lógica da Utilidade Lógica da GenerosidadeModelização matemática docomportamento humano
Atenta à energia da ação
Privilegia dimensão quantitativa Desenvolve o potencial de cada serFonte direta da alienação do ser humano Atenta ao devir históricoRedução do ser humano a um meio aoserviço de um fim
Manifesta-se no curso da ação
Procura constante da eficácia Impele para a busca de sentidoInteresses individuais Fidelidade ao impulso inicialRedução do ser humano à esfera danecessidade
Obedece a princípios internos
Dádiva resposta ao dom inicialCompreensão e aprofundamento darealidadeComunhão ontológicaValorização das diferenças
Utilidade faz-nos viver segundo o desígnio da necessidade, negligenciando a possibilidade.
Generosidade despertar da nossa subjetividade.
Manifesta-se através da solidariedade – interdependência entre todos os seres.
Perspetiva da utilidade é particularista na qual cada um e não todos procuram defender o seu
interesse (maximização)
A lógico da generosidade cada um procura desenvolver ao máximo o bem do outro, sabendoque ao fazê-lo também se desenvolve a si.
O trabalho libertador será aquele onde será dado a cada um a possibilidade de desenvolver um
bem que contribua para o bem de todos.
A generosidade pensada como vetor de um trabalho libertador implica um “reencaixe” do
económico nas outras esferas sociais da existência em que cada um é compreendido para além
do homo oeconomicus movido pelo interesse próprio e pela maximização da sua utilidade.
Generosidade Incarnada
Na ética da generosidade reside a convicção de que a subjetividade ética é alguma coisa que
constantemente se produz e se reproduz através das relações que são iminentemente
incarnadas (concreto da vida real/empresa)
É no coração da generosidade ontológica que reside uma ética da abertura ao outro, ou aquiloa que Diprose chama da “não indiferença da diferença”.
Esta ética da generosidade incarnada é uma ética disruptiva que rejeita uma conceção fechada
e estreita da subjetividade e possibilita a configuração de uma comunidade que vive em torno
desta ideia.
A Ética na Empresa
Ética Legislativo Virtude Generosidade
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Ontologia do sujeito Governado porregras
Auto-constituído IntersubjetividadeIncarnada
Epistemologia Razão Identidade própria ReconhecimentoUnidade de análise Empresa/Estado Individual/Empresa Relações
organizacionaisOrientação principal Prática de negócios Auto
aperfeiçoamentoCooperação mútua
Resultado desejado Lei Autonomia Vida ética
Conclusões
Ética na empresa – ética da generosidade, assente no ser – abraça as diferenças – cooperaçãohumana.
Organização da vida da empresa, (implementação de estratégias, definição de objetivos,
missão) partilha de conhecimentos e de conceções diferentes propícia uma dimensão integral
da racionalidade cooperativa (bem diferente da racionalidade assente na utilidade).
Potencia e desenvolve a vida na empresa, sem alienação e sem objetivação, amplia as relações
intersubjetivas e valoriza o outro na sua diferença – Humano ou não
Ética da generosidade incarnada não procura a conformidade legal, nem o caminho das
virtudes mediante a objetivação do outro, mas um caminho de abertura ao outro “sem buscar
recompensa”.
Procura a inclusão e a partilha, singularidade de cada um pode florescer e prosperar dentro de
um projeto comum, que não procura apenas o lucro e a rentabilidade económica a todo o
custo.
Só deste modo se pode dizer que a empresa se constrói em torno da ética, o que vai muito
para além de ver a ética como uma “técnica de gestão”, mas isso supões uma nova
reorientação da economia. É isso que iremos estudar na L10.
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Ligação com a matéria anterior
Vimos na primeira parte da matéria, sobre a ética económica, as insuficiências da economia
neoclássica e a necessidade de reorientar a economia num sentido mais amplo capaz de
integrar questões de facto e de valor discutindo eficiência e justiça, procurando uma
distribuição dos recursos e do rendimento mais justa e equilibrada.
Vimos na segunda parte da matéria sobre ética na empresa o porquê da empresa, a sua
natureza e as suas mutações. Vimos igualmente a necessidade de desenvolver uma ética da
generosidade, assente no ser que vá para além da ética entendida apenas como uma “técnica
de gestão” ou dentro dos parâmetros meramente antropocêntricos.
Esta ética da generosidade requer uma reorientação do económico mais adequada àsdimensões que valorizem a singularidade/subjetividade de cada um e se concretize numa
praxis vital de partilha, de participação e de contribuição que desenvolva e dignifique não
apenas o humano, mas todos os seres.
Net e a Economia da Contribuição
A internet torna possível a economia dita contributiva típica do software livre.
Esta economia assenta numa estrutura participativa e por isso mesmo dialógica, razão do seu
sucesso fulgurante.
Este sucesso da internet só será verdadeiramente um sucesso económico se for objeto de uma
política pública industrial.
Em que consiste a Economia da Contribuição?
Saber Crítico: aparece como tentativa de ultrapassar as funções de produção e de consumo
ligadas ao consumidor capitalista
Forma de organização positiva: modo de regulação que organiza a difusão dos efeitos
externos a partir das interações específicas que rodeiam certos tipos de atividades
Formação associada de comunidades e redes sociais: novos tipos de comportamentos,
especialmente o do contribuinte que difunde e apropria-se de conhecimentos, nomeadamente
a do amador que coloca à disposição de outros aquilo que sabe ou procura adquirir
conhecimentos diferentes do seu
Trocas: motivos de troca estão, na maioria dos casos, fora do campo do interesse económico,
para os contribuintes que trabalham numa economia da reprodutibilidade a custos quase zero
Participantes contribuintes: livremente investidos na atividade e aceitam cooperar e difundir
os seus conhecimentos sem esperarem contrapartida sob a forma de um equivalente
monetário
Não é uma economia imaterial: apoia-se em procedimentos de tratamento, de transporte e
de armazenamento de informação, que surgem das indústrias eletrónicas, da informática e das
telecomunicações e que combinam suportes materiais e de serviço
Não vive sob si própria: articula-se a um ou a outro dos três campos da atividade económica:
1) Empresas e mercados
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2) Estado e intervenção pública
3) Dom e relação entre doador e beneficiário
Três dimensões da Economia da Contribuição
1ª – Economia Digital: transformações tecnológicas e as rápidas alterações favoreceram a
eclosão de um vasto conjunto de aplicações e de serviços depressa apropriados pelos
utilizadores que constitui um fenómeno de massa. Tecnologias relacionais, sites de partilha de
experiências como o software livre (Facebook, blogs, Wikipedia). Desenvolvimento de novos
usos que se traduz pela forma associada de comunidades e redes sociais
www.debian.org/intro/about
www.opensource.org
www.creativecommons.org
2ª – Economia dos sistemas Locais de Inovação: moedas locais
3ª – Economia social e solidária
Características da Economia da Contribuição
A sua dinâmica traduz-se pela necessidade de se apoiar sobre as ferramentas conceptuais
apropriadas para avaliar a atividade. Deste modo, as trocas entre os contribuintes incentivará
e reforçará o valor da inovação.
A ordem de grandeza da Economia da Contribuição pode ser apreendida através de uma
interpretação em termos de valor social, que faz da medida e das escolhas contributivas os
resultados de um princípio de deliberação.
A contribuição afirma-se como fonte de inovação social que se opõe ao reducionismoeconómico e tecnológico e que faz do desenvolvimento das capacidades individuais e coletivas
o fator de retorno da raridade social.
A contribuição pode ajudar-nos numa reflexão sobre os princípios de uma perspetiva social,
suscetível de influenciar os fatores determinantes da escolha económica.
Características: 4 principais
1) Incorporação da função de contribuição num meio tecnológico, social psíquico – as
necessidades das atividades participativas devem alinhar-se com os estados sucessivos
de desenvolvimento das técnicas e com o caráter cumulativos dos recursos ligado à
atividade cognitiva
2) Função de contribuição e reformulação das solidariedades – inscreve-se para além da
solidariedade assistencialista do Estado-providência. O que interessa articular aqui é a
proteção e a criação numa solidariedade dinâmica, impondo ipso facto uma revisão do
sistema de redistribuição
3) Nova ordem de grandeza – coloca a questão da medida face à questão do cálculo,
induzindo o desenvolvimento de uma nova base de cálculo e de novas formas de
contabilidade
4) Contribuição relativa dos fatores – sem poder apoiar-se sob uma estrutura de custos e
um sistema de preços relativos às mercadorias
Conclusões
http://www.debian.org/intro/abouthttp://www.debian.org/intro/abouthttp://www.opensource.org/http://www.opensource.org/http://www.creativecommons.org/http://www.creativecommons.org/http://www.creativecommons.org/http://www.opensource.org/http://www.debian.org/intro/about
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O conceito de economia da contribuição ainda não é um conceito perfeitamente estável
contudo revela já uma dinâmica própria.
Embora a função da contribuição possa ser relevante na gestão de uma empresa (ex: levar o
cliente a participar da definição dos próprios produtos) o seu objetivo não é tornar-se num
simples instrumento de avaliação para enriquecer as técnicas de gestão.
Apesar da proximidade com definições e as implicações das políticas públicas, nomeadamente
ao nível local, a contribuição não incarna uma alternativa à intervenção pública. Ela também
não é constrangimento à circularidade do dom.
Estando ligada às outras formas de organização económica funda-se sobre uma dinâmica
participativa que lhe é própria e que lhe confere uma influência multidimensional específica,
em que se conjugam o económico, o político, a arte, a cultura e a religião.
A economia da contribuição pode ser a forma de organização e o sistema de regulação de três
principais tipos de atividade:
1) O do amador-profissional das tecnologias relacionais
2) O das empresas inovadoras
3) As atividades do terceiro setor
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