Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, aula 21-22

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• Uso da 1.ª pessoa corta um pouco o estilo «ode futurista / sensacionista»

• Quando o tema escolhido era claramente exterior, tornou-se mais fácil o «pastiche»

– Mais ainda quando era de assunto agitado:• discoteca • obras na rua• concertos

• Não assinalei casos de maiúsculas indevidas, por inferir que podiam ser propositadas (à futurismo).

• Fui parcimonioso nas emendas de pontuação (pelo mesmo motivo).

Por exemplo, a seguir às interjeições, deveria vir pontuação (ponto de exclamação, vírgula, reticências)

Não se confunda:Oh, que triste que estou!Ó rodas, ó engrenagens, sois belas.

Ah, como Paris é bela!

À luz das velas, Paris é feia.

Há luz em Paris.

Ser assíduo (seja indireta seja direta-mente, ausências refletem-se na

classifica- , ).

Considerar a pontualidade como um de cívico (e não uma simples regra escolar).

Fazer os tepecês e entregá-los com prontidão (tepecês não feitos são tarefas cuja é 0 valores).

E deve haver algum investimento em cada tarefa. Há casos em que parece que o trabalho foi feito nos último cinco minutos da aula que precedeu a de Português; ou nos primeiros cinco minutos da nossa aula.

Evitar entregar mais do que um tepecê na mesma folha.

(Aliás, preferia mesmo que os tepecês só fossem entregues na aula nte à sua ção.)

Se o tepecê for a simples de textos, não deixar de os mesmo.

Verificar as correções que f nas redações (é uma boa maneira de ir melhorando a sintaxe e advertindo erros que se repetem).

Rever sempre o que escrevam (há muitos lapsos de mera distração; repetições evitáveis; agramaticalidades que se notariam se houvesse uma re ura final) -e

Não plagi (não usar nunca net, nem quaisquer sebentas, nem se contentar com a ajuda de outros, na realização de escritos).

Nas tarefas que impliquem escrita pequena (em geral, não recolhidas) ser cuidadoso (e, caso peça eu para ouvir alguma resposta, ler de forma audí ).

-a

Fazer as tarefas de aula — sobretudo as relativas à compreensão de textos — individualmente e sem se demorar muito em versa.

Ridículastambém

hácriaturas memóriasDessas

esdrúxulas / esdrúxulos

Há uma estrofe que traduz bem a reflexão que o Pessoa ortónimo fazia em «Ela canta, pobre ceifeira» e em «Gato que brincas na rua». É a quinta estrofe.

15 de outubro = data do aniversário de Álvaro de Campos

13 de junho = a data do aniversário de Fernando Pessoa.

grelado = ‘que começou a grelar ou a germinar’

6 Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma 8 E de não perceber as esperanças que

os outros tinham por mim

15 O que fui — ai, meus Deus!, o que só hoje sei que fui...

36-37 Para, meu coração! Não penses! Deixa o pensar na cabeça!

comparações inesperadas:

estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio

o que eu sou hoje é como a humidade no corredor do fim da casa

comer o passado como pão de fome

metáforas inesperadas:

Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...

O que eu sou hoje é terem vendido a casa

comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes

exclamações:

A que distância!... O tempo em que festejavam o dia

dos meus anos!...

anáforas:

O que fui / O que fui / O que fui / O que fui

O que eu sou hoje / O que eu sou hoje

apóstrofes:

Ó meu DeusQue meu amor, como uma

pessoa, esse tempo

paradoxos:

hoje já não faço anosvejo tudo outra vez com uma

nitidez que me cega

repetições:

O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...

versos longos e livres:

muitos das primeiras estrofes, sobretudo.

articulados com alguns bastante curtos:

os da última estrofe, por exemplo.

fuga para a recordação e/ou sonho:

vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega

poetização do prosaico, comum e quotidiano:

O aparador com muitas coisas —

doces, frutas, o resto na sombra debaixo do alçado —, / As tias velhas, os primos diferentes

fragmentação do eu:

com uma dualidade de eu para mim

angústia existencial: [...]

O passado era o tempo da infância feliz, da alegria partilhada pela família, da inocência e despreocupação.

O pretérito imperfeito exprime um tempo passado que teve duração, a duração da infância.

Na infância, o sujeíto poético era feliz, mas não sabia que o era. Só no presente, em que já perdeu essa felicidade inocente da infância, é que sabe que foi feliz.

O pretérito perfeito afirma o passado completamente concluído, morto.

A expressão «Vejo tudo outra vez» inicia a presentificação do passado que, assim, substitui o presente.

À euforia do passado tornado presente segue-se, na estrofe seguinte, a disforia da tomada de consciência de que é impossível recuperar a felicidade perdida da infância e de que o presente vazio é a única possibilidade.

Resolve o ponto 11 da p. 130.

a. O verso «Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.» (v. 9) é constituído por duas orações, sendo a primeira uma oração subordinante.

oração subordinada temporal 

b. Na frase «Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.» (v. 10), a forma verbal «perdera» corresponde, em relação ao complexo verbal «vim a olhar», a um tempo anterior. 

c. A forma verbal «Vejo» (v. 31) funciona, no contexto em que ocorre, como deítico pessoal e temporal. 

d. Os vocábulos «mesa» (v. 32) e «aparador» (v. 33) são merónimos do mesmo holónimo.

Hiperónimo móvelHipónimos mesa, aparador, cadeira

e. As frases dos versos 36 e 37 configuram atos ilocutórios compromissivos.

Para, meu coração! / Não penses! Deixa o pensar na cabeça!

Ato ilocutório diretivo

(Na nora do quintal da minha casaO burro anda à roda, anda à roda,E o mistério do mundo é do tamanho disto.Limpa o suor com o braço, trabalhador descontente.A luz do sol abafa o silêncio das esferasE havemos todos de morrer,Ó pinheirais sombrios ao crepúsculo,Pinheirais onde a minha infância era outra coisaDo que eu sou hoje...)

TPC — «Aniversário» (p. 127) e a estrofe parentética correspondente aos vv. 68-76 de «Ode triunfal» (p. 119) têm em comum a nostalgia da infância. Este tema, caro a Álvaro de Campos, é também frequente no Pessoa ortónimo. Para já, gostava que relanceasses — em Gaveta de Nuvens — «Un soir à Lima», um longo poema do ortónimo (aliás, na verdade, um poema não assinado), que, tanto quanto se pode identificar sujeito poético e autor (e não deve), se diria autobiográfico.