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UNIVERSIDADE DO GRANDE RIO PROFESSOR JOSÉ DE SOUZA HERDY ESCOLA DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS Cursos de Administração e Secretariado Executivo METODOLOGIA E PENSAMENTO LÓGICO: manual para o aprimoramento dos estudos e da produção acadêmica Vania Martins dos Santos Duque de Caxias 2009

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UNIVERSIDADE DO GRANDE RIO PROFESSOR JOSÉ DE SOUZA HERDY ESCOLA DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

Cursos de Administração e Secretariado Executivo

METODOLOGIA E PENSAMENTO LÓGICO: manual para o aprimoramento dos estudos e da produção acadêmica

Vania Martins dos Santos

Duque de Caxias

2009

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO, p. 6 2 A NATUREZA DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO, p. 8

2.1 CIÊNCIA E SENSO COMUM, p. 8

2.2 CIÊNCIA E CONHECIMENTO FILOSÓFICO, p. 10

2.3 CIÊNCIA E CONHECIMENTO RELIGIOSO (TEOLÓGICO) , p. 11

2.4 CIÊNCIA COMO CONHECIMENTO EM PROCESSO, p. 11

2.4.1 Ciência como conhecimento histórico, p. 13 2.5 CLASSIFICAÇÃO MODERNA DAS CIÊNCIAS, p. 14

2.5.1 Ciências formais e ciências factuais, p. 14 2.5.2 Ciências sociais, p. 16

3 A EFICIÊNCIA NOS ESTUDOS, p. 19 3.1 ORGANIZAÇÃO DO TEMPO, p. 20

3.1.1 O tempo livre para o estudo, p. 20 3.1.2 Aproveitamento do tempo de estudo, p. 21 3.2 APROVEITAMENTO DAS AULAS, p. 21

3.2.1 Leitura prévia dos textos, p. 22 3.2.2 Anotações de aula, p. 22 3.2.3 Revisão das aulas, p. 23 3.3 DISCIPLINA NOS ESTUDOS, p. 23

4 A LEITURA TRABALHADA, p. 24 4.1 PREPARAÇÃO PARA A LEITURA, p. 25

4.1.1 Seleção da leitura, p. 25 4.1.2 Ambiente de estudo, p. 26 4.2 A BUSCA DAS IDÉIAS PRINCIPAIS DO TEXTO, p. 26

4.2.1 Marcação dos textos, p. 27 4.3 VELOCIDADE DA LEITURA, p. 29

4.4 LEITURA ANALÍTICA, p. 29

4.4.1 Delimitação da unidade de leitura, p. 30 4.4.2 Análise textual, p. 30

4.4.3 Análise temática, p. 31 4.4.4 Análise interpretativa, p. 32 4.4.5 Problematização, p. 33

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4.4.6 Síntese pessoal, p. 33 4.5 IMPORTÂNCIA DA LEITURA TRABALHADA, p. 34

5 DOCUMENTAÇÃO DA LEITURA, p. 36 5.1 RESUMO PARA DOCUMENTAÇÃO DE TEXTOS, p. 36

5.1.1 Tipos de resumo, p. 36 5.2 OUTRAS APLICAÇÕES DO RESUMO, p. 39

6 ELABORAÇÃO DE TRABALHOS ACADÊMICOS, p. 40 6.1 ESTRUTURA DO TRABALHO ACADÊMICO, p. 42

6.2 NORMAS DE APRESENTAÇÃO DE ELEMENTOS PRÉ-TEXTUAIS, p. 43

6.2.1 Capa, p. 43 6.2.2 Lombada, p. 44 6.2.3 Folha de rosto, p. 44 6.2.4 Errata, p. 45 6.2.5 Termo de aprovação, p. 46 6.2.6 Dedicatória, p. 46 6.2.7 Agradecimentos, p. 47 6.2.8 Epígrafe, p. 47 6.2.9 Resumo na língua do texto, p. 47 6.2.10 Resumo em língua estrangeira, p. 48 6.2.11 Lista de ilustrações, tabelas, abreviaturas, siglas e símbolos, p. 48 6.2.12 Sumário, p. 48 6.3 ELABORAÇÃO DE ELEMENTOS TEXTUAIS, p. 49

6.3.1 Introdução do trabalho acadêmico, p. 49 6.3.2 Desenvolvimento do trabalho acadêmico, p. 51 6.3.3 Conclusão do trabalho acadêmico, p. 52 6.4 NORMAS DE APRESENTAÇÃO DE ELEMENTOS PÓS-TEXTUAIS, p. 53

6.4.1 Referências bibliográficas, p. 53 6.4.2 Glossário, p. 53 6.4.3 Apêndice(s), p. 53 6.4.4 Anexo(s), p. 54 6.4.5 Índice, p. 54 6.5 NORMAS GERAIS DE FORMATAÇÃO, p. 54 6.5.1 Formato, p. 54 6.5.2 Margens, p. 55

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6.5.3 Espacejamento, p. 55 6.5.4 Paginação, p. 55 6.5.5 Numeração progressiva das seções, p. 56 6.5.6 Uso de aspas, itálico e negrito, p. 57 6.5.7 Notas de rodapé, p. 57 6.5.8 Alíneas, p. 57 6.5.9 Siglas e abreviaturas, p. 58 6.5.10 Normas para inclusão de ilustrações, p. 58 6.5.11 Normas para inclusão de tabelas, p. 59 7 NORMAS PARA FAZER CITAÇÕES, p. 64 7.1 NORMAS PARA CITAÇÕES DIRETAS, p. 65

7.2 NORMAS PARA CITAÇÕES INDIRETAS, p. 66

7.3 NORMAS PARA CITAÇÃO DE CITAÇÃO, p. 67

7.4 NORMAS COMPLEMENTARES PARA CITAÇÕES, p. 68

8 NORMAS PARA ELABORAÇÃO DE REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS, p. 71 8.1 MONOGRAFIA , p. 72

8.1.1 Monografia no todo, p. 72 8.1.2 Parte de monografia de mesmo autor, p. 73 8.1.3 Parte de monografia com autoria própria, p. 73 8.1.4 Teses, dissertações e trabalhos monográficos, p. 73 8.1.5 Monografia disponível na internet, p. 73 8.2 PUBLICAÇÃO PERIÓDICA, p. 74

8.2.1 Parte de publicação periódica (artigo e/ou matéria de revista) , p. 74 8.2.2 Parte de publicação periódica (artigo e/ou matéria de jornal) , p. 74 8.2.3 Artigo e/ou matéria de periódico disponível na internet, p. 74 8.3 EVENTO, p. 75

8.3.1 Trabalho apresentado em evento, p. 75 8.3.2 Trabalho apresentado em evento disponível na internet, p. 75 8.4 IMAGEM EM MOVIMENTO, p. 75

8.5 ENTREVISTA, p. 76

8.5.1 Entrevista publicada, p. 76 8.5.2 Entrevista não-publicada, p. 76 8.6 INFORMAÇÃO VERBAL, p. 76

8.7 MENSAGEM ELETRÔNICA, p. 77

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8.8 DOCUMENTOS JURÍDICOS, p. 77

8.8.1 Documentos jurídicos em meio eletrônico, p. 78 8.9 BÍBLIA, p. 78

8.9.1 Bíblia em parte, p. 78 8.10 REGRAS GERAIS PARA TRANSCRIÇÃO DE ELEMENTOS, p. 78

8.10.1 Documentos com mais de um autor (até três autores) , p. 78 8.10.2 Documentos com mais de três autores, p. 79 8.10.3 Sobrenomes compostos, p. 79 8.10.4 Autor repetido, p. 79 8.10.5 Autor entidade, p. 80 8.10.6 Autor entidade genérica, p. 80 8.10.7 Autoria desconhecida, p. 80 8.10.8 Indicação da editora, p. 81 8.10.9 Indicação de informações ausentes, p. 81 8.10.10 Informações complementares aos documentos, p. 82 9 INICIANDO AS ATIVIDADES DE PESQUISA, p. 83 9.1 AS FONTES DE PESQUISA, p. 83

9.1.1 Fontes bibliográficas, p. 84 9.1.2 A pesquisa na internet, p. 86 9.1.2.1 Os problemas da pesquisa na internet, p. 87

10 ESCOLHA E DELIMITAÇÃO DO TEMA DE PESQUISA, p. 90 10.1 A ESCOLHA DO TEMA, p. 90

10.2 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA, p. 91

10.2.1 As fontes de inspiração, p. 92 10.2.2 A formulação do problema, p. 93 10.2.3 Uma “boa” pergunta de partida, p. 94 11 OS MÉTODOS CIENTÍFICOS, p. 98 11.1 DIVERSIDADE DE MÉTODOS, p. 100

11.2 DUAS TRADIÇÕES EM METODOLOGIA CIENTÍFICA, p. 100

11.2.1 Métodos quantitativos, p. 101

11.2.2 Métodos qualitativos, p. 102

11.3 DELINEAMENTO DOS PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS, p. 103

11.3.1 Classificação dos tipos de pesquisa quanto aos fins, p. 104 11.3.2 Classificação dos tipos de pesquisa quanto aos meios, p. 105

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12 A REDAÇÃO DO TRABALHO CIENTÍFICO, p. 108 12.1 REGRAS DE ESTILO, p. 109

12.1.1 Clareza, p. 109 12.1.2 Precisão, p. 110 12.1.3 Objetividade, p. 111 12.2 RECOMENDAÇÕES GERAIS, p. 111

13 CONCLUSÃO, p. 112 REFERÊNCIAS BILBLIOGRÁFICAS, p. 113 APÊNDICE A – Lista das principais normas de formatação do trabalho acadêmico, p. 116 ANEXO A – Classificação dos tipos de pesquisa quanto aos fins e aos meios segundo Vergara, p. 117

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1 INTRODUÇÃO

O estudante que ingressa na vida universitária tem diversos desafios a

enfrentar em sua vida acadêmica. A universidade é um ambiente social e cultural

muito particular, bastante diferente do ambiente que caracteriza a vida escolar pré-

universitária. Novas atitudes, habilidades e competências passam a ser requeridas

do aluno que, muitas vezes, não se sente totalmente preparado para respondê-las.

Muitos estudantes confessam, já no primeiro período, encontrar dificuldades

para orientar seus estudos no curso universitário. Na maioria das vezes, sentem que

sua participação nas aulas não é produtiva, que a leitura dos textos não lhe permite

reter muitos conhecimentos, ou que a redação dos trabalhos e das respostas dos

testes não é satisfatória.

Estas e outras dificuldades são bastante comuns a quem ingressa em uma

nova etapa da formação intelectual. Para enfrentá-las com sucesso, o estudante

pode contar com o auxílio de métodos e técnicas de estudo e de aprendizagem que,

corretamente aplicados, melhoram os resultados de suas atividades acadêmicas.

Neste sentido, este manual apresenta aos estudantes uma síntese das principais

recomendações oferecidas pelos tradicionais guias de metodologia do trabalho

científico, com o intuito de informar àqueles que ingressam na faculdade as

melhores maneiras de tirar o máximo de proveito do curso que vão fazer.

Com este intento, o estudante é apresentado, no capítulo 2, às primeiras

noções de ciência e às principais características que distinguem essa forma de

conhecimento. O capítulo 3 aborda as técnicas para organizar os estudos e obter

melhor aproveitamento das aulas. O capítulo 4 trata do aprimoramento da leitura

dos textos, através da técnica de leitura analítica. As técnicas para elaboração de

resumos, muito solicitados pelos professores, são apresentadas no capítulo 5. O

capítulo 6 trata dos padrões de elaboração e de apresentação de trabalhos

acadêmicos, familiarizando o estudante com as normas da Associação Brasileira de

Normas Técnicas (ABNT), que serão exigidas ao longo de todo o curso. No capítulo 7, o estudante aprende a citar documentos em seus trabalhos acadêmicos, com

base nas normas da ABNT. A elaboração de referências bibliográficas segundo a

ABNT é tratada no capítulo 8. O capítulo 9 orienta os estudantes na busca de

informações para a elaboração de trabalhos, apresentando as principais fontes

bibliográficas de pesquisa. No capítulo 10, o estudante tem contato com alguns

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recursos que lhe ajudarão nas etapas fundamentais de escolha e delimitação do

tema de trabalho. O capítulo 11 faz uma apresentação geral de alguns métodos que

o estudante pode empregar na realização de suas pesquisas acadêmicas. O

capítulo 12 finaliza as etapas de iniciação à ciência apresentando as regras

fundamentais para redigir os trabalhos dentro dos padrões acadêmicos.

Desta maneira espera-se contribuir para a adaptação do estudante a um dos

mais importantes objetivos da universidade: contribuir para sua formação científica.

Para pensar e produzir como um cientista, é preciso libertar-se de velhos hábitos e

assumir novas posturas intelectuais. Segundo estudiosos e pesquisadores da área,

alguns recursos metodológicos são essenciais nesta jornada. É indispensável,

portanto, tornar acessíveis aos estudantes tais recursos.

De um curso universitário bem feito pode depender, em grande parte, o

sucesso profissional do aluno e a evolução de seu nível cultural. Para que isto seja

alcançado, é importante investir no real aprendizado do conhecimento, que não

significa simplesmente reproduzir o que foi ouvido nas aulas, mas adquirir recursos

que permitam a intervenção inteligente nos problemas que se apresentam, tanto na

vida intelectual, quanto na vida profissional.

O diploma da graduação, embora uma importante conquista, não constitui

mais, por si só, um diferencial significativo no mercado de trabalho. O novo perfil do

trabalhador requisitado no mercado valoriza muito as habilidades do profissional em

dominar e utilizar os conhecimentos adquiridos na resolução de problemas que se

apresentam no exercício de suas funções. Por outro lado, mudanças na realidade

educacional do país indicam uma ampliação do número de estudantes matriculados

em universidades, ampliando a disputa pelo mercado de trabalho. Neste contexto,

certamente, a qualidade da formação universitária adquire maior importância do que

a simples conclusão do curso. Não basta se formar, é preciso ter uma excelente

formação.

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2 A NATUREZA DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO

Etimologicamente, ciência significa conhecimento. Habitualmente,

empregamos a expressão “tomar ciência” no sentido de obter conhecimento sobre

alguma coisa. Entretanto, ciência não significa um conhecimento qualquer, mas “um

conhecimento que não só apreende ou registra fatos, mas também os demonstra

pelas suas causas determinantes ou constitutivas” (RUIZ, 1996, p. 128). Esta

proposição de Ruiz é apenas uma das inúmeras definições acerca do que constitui a

ciência, cada uma destacando certo aspecto que caracteriza esta forma de

conhecimento. Isoladamente, nenhum destes aspectos define de modo adequado o

que seja ciência, razão pela qual serão apontadas neste capítulo as diversas

características que, tomadas em conjunto, a diferenciam de outras formas de

conhecimento produzidas pelo homem.

2.1 CIÊNCIA E SENSO COMUM

As principais diferenças entre ciência e senso comum não estão relacionadas

aos fatos ou aos fenômenos que despertam o interesse humano, mas aos modos

como se produz o conhecimento sobre estes objetos. Fenômenos que são alvo de

rigorosos estudos científicos também despertam a curiosidade do homem comum,

que pode, por exemplo, se interessar pelo que ocorre nas empresas ou na economia

de seu país, sem que seja administrador ou economista. Entretanto, o conhecimento

que o homem comum é capaz de produzir sobre estas realidades tende a diferir

bastante daquele oferecido pelo economista e pelo administrador.

Lungarzo (1989) recorre a um exemplo perfeitamente ilustrativo destas

diferenças.Todas as pessoas podem conhecer determinados fatos, mesmo que não

sejam cientistas. Todos sabem que a dinamite explode quando é submetida à ação

do fogo. Este é um conhecimento familiar ao senso comum, porém nem todos

conhecem as razões pelas quais este fenômeno ocorre. Até mesmo os que

conhecem as explicações do senso comum só sabem que a dinamite contém certas

substâncias responsáveis pela explosão. Se esta mesma realidade é submetida ao

exame do cientista, a abordagem tem outro alcance: “o químico é capaz de nos

explicar com detalhes o que acontece dentro de um explosivo quando ele é

submetido à ação do fogo, seu efeito sobre os componentes químicos, as forças que

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são liberadas, a intensidade da explosão, etc” (LUNGARZO, 1989, p. 13). Enquanto

o homem comum explica os fatos por meio de conhecimentos que também são do

senso comum, o cientista tenta encontrar explicações mais profundas, baseadas em

conhecimentos mais exatos e precisos.

Para distinguir o conhecimento científico das demais formas de conhecimento,

outras características são consideradas essenciais (LUNGARZO, 1989; RUIZ, 1996):

a) o conhecimento científico é crítico. O cientista analisa, questiona e

submete a exame a validade das afirmações, ao invés de aceitá-las dócil e

passivamente. O espírito indagador do cientista duvida das explicações já

estabelecidas, e não aceita conclusões apenas por estarem baseadas na

autoridade da tradição ou de homens de prestígio. O senso crítico faz o

cientista caminhar a igual distância entre os extremos do dogmatismo

(aceitação incondicional de uma idéia) e do ceticismo (ausência de

qualquer certeza).

b) o conhecimento cientifico é organizado e metódico. Enquanto o senso

comum é composto por um conjunto de conhecimentos desconexos,

obtidos ao acaso ou em situações não planejadas, o conhecimento

científico é orientado por padrões de pesquisa e organizado em um

conjunto no qual os elementos se relacionam de modo ordenado;

c) o conhecimento cientifico é generalizante. O cientista desenvolve o

conhecimento acerca de conjuntos ou classes de fatos e não apenas

sobre determinados fatos isolados. O senso comum registra fatos

singulares ou aproxima fatos similares através de analogias parciais,

enquanto a ciência pesquisa a constituição destes fenômenos, para

apreender os elementos comuns entre os mesmos. A ciência generaliza

porque é capaz de atingir a constituição íntima dos fenômenos e identificar

suas causas comuns;

d) o conhecimento cientifico é prognosticador. Baseado em princípios ou leis,

o cientista pode predizer com alguma certeza de que maneira fatos futuros

ocorrerão. A ciência se empenha em tornar o universo compreensível, esta

é a finalidade de suas teorias. Da compreensão dos fenômenos pela

ciência decorrem conseqüências práticas: o maior controle dos

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fenômenos, a capacidade de prognosticar, e tantos outros recursos da

ciência aplicada que podem melhorar a qualidade da vida humana.

É através destes princípios que a o cientista consegue ultrapassar a visão

desordenada e fragmentada do senso comum, compreendendo a cadeia de

fenômenos que se esconde por trás de suas aparências. O cientista pretende ir além

da maneira superficial e acrítica de ver a realidade por parte do sendo comum,

propondo uma forma sistemática, metódica e crítica de compreender, explicar e

dominar o mundo (KÖCHE, 1999).

2.2 CIÊNCIA E CONHECIMENTO FILOSÓFICO

De acordo com Ferrater Mora (1982), ciência e filosofia mantêm entre si

relações muito complexas, a começar pelo próprio fato de ser a ciência um dos

objetos da filosofia, razão pela qual há uma filosofia da ciência, assim como há uma

filosofia da arte e da religião. Nem sempre são claras as linhas que delimitam o

conhecimento filosófico, pois este oferece às ciências de todas as áreas seus

princípios, além de formular problemas que muitas vezes desafiam o saber

estabelecido em outros campos de conhecimento.

Atribui-se a Pitágoras (século VI antes de Cristo) a criação da palavra

filosofia, composta do adjetivo philos, que significa amigo, e de sophia, que significa

sabedoria. Na Grécia, aqueles que buscavam soluções racionais para os problemas

humanos eram chamados sábios. Sábio destacado de sua época, Pitágoras recusou

a denominação, pois lhe pareceu presunçosa a idéia de que alguém “sabe”, isto é,

tem um conhecimento definitivo sobre as coisas. Pitágoras preferiu a expressão

filósofo, que sugere busca e devoção à sabedoria, ao invés de posse definitiva da

mesma. Esta noção permanece como a própria essência da filosofia, que, segundo

Jaspers (apud CERVO; BERVIAN, 1996), está na busca do saber e não na sua

posse.

Filosofia é um modo de conhecimento racional dirigido ao questionamento

dos problemas humanos, que são examinados à luz da razão, sem o recurso da

iluminação divina (RUIZ, 1996). Tal como o conhecimento científico, a filosofia

também tenta substituir o conhecimento do senso comum, mas ultrapassa os limites

da ciência, permitindo a reflexão sobre as preocupações fundamentais do espírito

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humano. “O que é a verdade?”, “como devemos viver?” são algumas das questões

tratadas pelos filósofos e que não podem ser respondidas cientificamente.

A investigação de questões em um nível que ultrapassa a abordagem

científica se traduz, em algumas vertentes do pensamento filosófico, em indagações

metafísicas, que investigam os primeiros princípios e as principais causas que se

situam para além ou por detrás do ser físico enquanto tal.

A filosofia não deve, contudo, ser tomada como mero devaneio, pois baseia-

se em princípios racionais e na coerência lógica, ainda que na modernidade filósofos

tenham questionado a própria idéia de racionalidade. Este é um questionamento

próprio da filosofia, que não se fixa no objeto de estudo, mas indaga sobre o sujeito

que conhece e os próprios meios de conhecê-lo.

2.3 CIÊNCIA E CONHECIMENTO RELIGIOSO (TEOLÓGICO)

A teologia é um tipo de conhecimento que se funda na fé. As verdades

religiosas estão apresentadas nos livros sagrados ou são divinamente reveladas,

dispensando-se evidências comprobatórias sobre elas. É necessário crer no

conhecimento revelado, mesmo quando as evidências contradizem as verdades

estabelecidas, pois estas são absolutas e definitivas, não estando sujeitas à revisão

nem pela evidência lógica, nem pela empírica (MATTAR NETTO, 2005). Esta

característica se contrapõe a um princípio fundamental do conhecimento científico: a

verificabilidade de suas conclusões. Só é científico o conhecimento que pode

demonstrar a veracidade de suas informações e conclusões.

O conhecimento teológico, em geral, oferece respostas para as questões que

não podem ser respondidas nem pela filosofia, nem pela ciência, pois envolve uma

postura de aceitação dos dogmas religiosos como verdades incontestáveis, postura

esta incompatível com o questionamento crítico presente no conhecimento filosófico

e científico.

2.4 CIÊNCIA COMO CONHECIMENTO EM PROCESSO

A ciência não representa um ponto de chegada para o conhecimento humano,

em torno do qual estão estabelecidas verdades fixas e definitivas, mas um processo

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em constante evolução, no qual novas evidências devem ser buscadas e novos

exames estabelecidos a partir de novas óticas.

Popper (1993) destaca a característica da ciência como um conhecimento em

processo. A reflexão do cientista começa a partir da ocorrência ou percepção de um

problema. Isto pode decorrer de uma observação direta dos fatos pelo cientista ou,

ainda, de uma reflexão crítica a respeito das teorias existentes. Ao ter consciência

da existência de um problema, o cientista tenta formular explicações provisórias

(hipóteses) para o problema verificado. Criadas as hipóteses, estas devem ser

confrontadas com os dados empíricos e também comparadas com outras hipóteses

existentes. Neste processo de testagem, as hipóteses são submetidas a “testes de

falseabilidade”, isto é, a hipótese é submetida a testes rigorosos que possam

derrubá-la e, caso isto não aconteça, então diz-se que a hipótese é “corroborada”.

Se algum caso mostra que as hipóteses são falsas, então o pesquisador reinicia seu

trabalho, reformulando-as e dando início a novos testes. Quando uma hipótese é

corroborada, não é conveniente afirmar que foi aceita de maneira definitiva, por mais

que tenham sido rigorosos os testes a que foi submetida. A hipótese ganha um

status científico temporário e passa a constituir o acervo teórico existente, até que

novas investigações a rejeitem.

Kuhn (1992) observa que a ciência avança em etapas sucessivas,

configuradas por paradigmas. Os paradigmas são modelos ou padrões científicos

que guiam uma comunidade de cientistas na elaboração de problemas e na

formulação de soluções. Os paradigmas são, em geral, constituídos por teorias

amplas que possuem a capacidade de explicar grande número de casos

observados. Há uma estabilidade nos paradigmas quando as atividades de pesquisa

giram em torno da busca de casos que comprovam os paradigmas existentes e

aceitos pela comunidade científica. Contudo, quando começam a surgir casos

discrepantes, que não podem ser abarcados pelas explicações destes paradigmas,

ocorre uma “crise de paradigmas”. Esta crise pode ter como resultado a

reformulação dos paradigmas existentes, para que possam contemplar os novos

casos apresentados, ou a formulação de paradigmas novos. Segundo o autor, não

há um paradigma fixo e absoluto para a investigação científica; ao contrário, as

sucessões de paradigmas marcam as diversas etapas do conhecimento científico.

Segundo Morin (2003) a ciência é ainda mais mutável do que outras formas

de conhecimento, pois enquanto estas têm a estabilidade assegurada pelas

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tradições ou por universos sobrenaturais que não podem ser verificados, a ciência,

que se baseia na busca de evidências que justificam e demonstram as explicações

dos fatos, é sempre refutável. Para o autor, “as teorias científicas são mortais, e são

mortais por serem científicas” (MORIN, 2003, p. 22).

Embora o conhecimento científico esteja fundamentado em dados verificados,

seu progresso não caminha em direção a certezas absolutas. O campo científico tem

se configurado como um campo aberto, onde combatem diferentes teorias e visões

de mundo. Entretanto, não se deve conceber este campo como um espaço de “vale-

tudo”, pois o combate está baseado nas “regras do jogo”, como, por exemplo, o

respeito aos dados e a obediência a critérios de coerência. O respeito a estas regras

é o que garante a permanência da peculiaridade do conhecimento científico face às

outras formas de conhecimento.

2.4.1 Ciência como conhecimento histórico

Outra razão a reforçar o caráter inacabado da ciência é o fato de esta ser um

produto da atividade humana, situada em um contexto histórico específico. As

verdades científicas refletem o estado do conhecimento até então acumulado neste

contexto. Sendo histórica, a verdade científica terá sempre caráter inacabado, pois

hipóteses confirmadas satisfatoriamente, tendo em vista o instrumental disponível

em dado momento, poderão ser revistas em outras condições históricas.

A própria ciência da sociedade (sociologia) afirma que o homem é um ser

social, enraizado na cultura de seu grupo. Por que haveria de ser o cientista um ser

superior, descomprometido com sua sociedade? O cientista, contudo, tem a

capacidade de exercer uma crítica sobre sua própria cultura. Assim, se o

conhecimento científico não pode ser isolado das condições de sua elaboração, é

indispensável que todo cientista se interrogue sobre seu enraizamento sociocultural,

estando atento às seguintes tendenciosidades (bias) em suas pesquisas (DUSILEK,

1985):

a) tendência a reconhecer apenas as evidências que favorecem seu próprio

ponto de vista;

b) aceitar de maneira acrítica informações de uma fonte de autoridade

(política, religiosa ou até mesmo científica);

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c) tomar as emoções e a afetividade que um fenômeno desperta como base

de interpretação do mesmo;

d) apegar-se às formulações do passado, com medo de mudanças nos

paradigmas de pensamento;

e) julgar a partir de idéias estereotipadas recebidas do lar, da escola ou da

convivência social;

f) generalizar de modo impreciso, tomando como verdadeiro para toda uma

classe de pessoas ou de fatos aquilo que é verdadeiro apenas para um

pequeno grupo.

2.5 CLASSIFICAÇÃO MODERNA DAS CIÊNCIAS

Desde a antigüidade é possível identificar a preocupação em dividir e

classificar as ciências, de acordo com seus objetos de estudo. Esta divisão tem sua

utilidade, tendo em vista a multiplicidade de objetos que podem ser tratados

cientificamente e a impossibilidade de dominar todos os conhecimentos científicos.

Isto não significa, contudo, que estas delimitações configurem áreas estanques de

conhecimentos que não se comunicam; ao contrário, pode existir um saudável

diálogo entre os diversos ramos da ciência, sendo comum que os pesquisadores não

se restrinjam totalmente à sua própria área científica.

A moderna classificação das ciências parte de uma distinção essencial entre

ciências formais ou abstratas e ciências factuais ou empíricas (LUNGARZO, 1989).

2.5.1 ciências formais e ciências factuais

As ciências formais, compostas pela lógica e pela matemática, são também

chamadas de “abstratas”, porque lidam com objetos que não são concretos, isto é,

não são entidades do mundo real, que possam ser percebidas pelos sentidos. Estas

ciências lidam com idéias, conceitos, números, sentenças, equações, entre outros

objetos, cujas propriedades abstratas são apenas pensadas e não dependem de

nenhuma experiência particular. Isto não significa que estas ciências não estejam

vinculadas ao mundo real; ao contrário, são constantemente aplicadas tanto em

outras ciências quanto na própria vida cotidiana. Contudo, a origem destes

conhecimentos não provém do mundo real, pois trata-se de construções conceituais.

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As ciências factuais são aquelas cujos objetos são fatos, fenômenos ou

situações reais. São também chamadas de empíricas, palavra de origem grega

(empiria) que significa “experiência”, reafirmando-se o caráter destas ciências como

ciências dos fatos ou da experiência dos fatos.

Embora as ciências factuais evidentemente criem conceitos e teorias, estes

são formulados a partir de dados fornecidos pela experiência. Nas ciências factuais,

os cientistas fazem experimentos e observações (ou se baseiam em teorias que

resultaram destes procedimentos) a partir dos quais extraem os dados que

sustentam suas afirmações. O cientista factual usa, como fonte de seus

conhecimentos, eventos reais, sejam eles do mundo físico, biológico ou cultural.

Entre as ciências que compõem o ramo das ciências factuais, há uma

distinção importante entre ciências naturais e ciências sociais. As ciências naturais,

como a física, a química e a biologia, se ocupam dos fenômenos que ocorrem no

mundo natural, enquanto o objeto das ciências humanas ou sociais, representadas,

por exemplo, pela sociologia e pela psicologia, são os fenômenos relacionados com

o homem, a cultura e a sociedade.

A próxima seção se deterá na análise das características das ciências sociais,

tendo em vista que a administração é classificada como uma ciência social aplicada,

isto é, uma ciência que busca a solução de problemas específicos pela aplicação

direta de conhecimentos teóricos e metodológicos produzidos por outras ciências

(CARAVANTES; PANNO; KLOECKNER, 2005).

2.5.2 Ciências sociais

As ciências sociais apresentam algumas particularidades que as diferenciam

das ciências naturais e que, segundo algumas correntes de pensamento,

constituiriam sérios impedimentos à sua condição de “ciência verdadeira”

(CHALMERS, 1994). De acordo com este ponto de vista, alguns procedimentos

necessários ao conhecimento científico não estariam ao alcance dos estudiosos da

vida social humana, como, por exemplo, o uso do método experimental, a

quantificação dos fenômenos e a descoberta de suas leis de funcionamento.

As atividades humanas seriam imprevisíveis, dado que o homem é um ser

pensante, inteligente e afetivo, que intervém ativamente no mundo, transformando-o.

Nem o homem, nem a sociedade, nem a cultura são mecanismos fixos aos quais

Page 17: Apostila metodologia e_pensame

16

podem ser aplicados exatamente as mesmas técnicas aplicadas ao estudo da

natureza. Estas mesmas características dos fenômenos sociais tornariam inviável a

realização de experimentos, já que estes requerem condições rigorosas de controle

e manipulação dos fatores pesquisados.

Estas são questões intensamente discutidas pela filosofia da ciência, que

também inclui correntes de pensamento que defendem o caráter científico das

ciências sociais. Em favor da perspectiva de que as pesquisas sociais podem ser

científicas encontram-se os seguintes argumentos (GIL, 1999):

a) o papel dos experimentos no desenvolvimento da ciência não deve ser

superestimado, pois existem ciências naturais que não se valem destes

métodos, como a astronomia e a geologia. Cabe destacar também que

há estudos no campo da psicologia e até mesmo da sociologia que

fazem uso de métodos experimentais, como foi o caso do importante

“Experimento de Hawthorne”, conduzido por Elton Mayo (1880-1949), na

fábrica da Western Eletric Company;

b) embora a quantificação dos fenômenos seja menos precisa nas ciências

sociais, há técnicas estatísticas que podem ser aplicadas de modo

bastante satisfatório em pesquisas sociais, como é o caso das amostras

e escalas (estudadas no capítulo 11 sobre métodos científicos);

c) certamente o comportamento humano é mais mutável e complexo do que

o comportamento dos fenômenos da natureza, porém hoje admite-se que

este último não é totalmente regido por leis absolutas. Assim, a diferença

entre as ciências da natureza e da sociedade estaria somente em que as

últimas são mais probabilísticas que as primeiras.

Entretanto, alguns aspectos devem ser considerados em relação ao caráter

científico das ciências da sociedade. A dualidade do observador é característica

marcante destas ciências e significa que o pesquisador social, ao mesmo tempo em

que observa a sociedade, é também parte dela. De acordo com Fernandes (1976), o

homem é ao mesmo tempo sujeito do conhecimento (observa e analisa os fatos da

sociedade) e objeto do conhecimento (participante dos fatos sociais).

Dentro desta perspectiva, a postura neutra de não interferir nos fatos

estudados (neutralidade científica) é difícil de ser alcançada, já que o cientista é

Page 18: Apostila metodologia e_pensame

17

parte integrante da realidade que estuda, interferindo nela e, ao mesmo tempo,

sendo por ela influenciado. É importante, portanto, que o pesquisador tenha

consciência destas interferências.

A objetividade científica nas ciências sociais significa que, tanto quanto seja

humanamente possível, o pesquisador deve controlar suas preferências subjetivas

para perceber o que se passa na realidade com clareza, ainda que esta realidade

não esteja de acordo com suas crenças e valores. Os resultados da pesquisa não

devem ser determinados pelas preferências valorativas do investigador, mas devem

estar de acordo com os dados factuais obtidos através de métodos científicos.

Embora a natureza das ciências sociais seja diferente daquela que caracteriza as

ciências naturais, ambos os cientistas devem se submeter às regras da ciência na

condução de suas pesquisas, para que a objetividade científica possa ser alcançada

nas ciências sociais.

De acordo com Quivy e Campenhoudt (2003, p. 20);

Em ciências sociais temos que nos proteger de dois defeitos

opostos: um cientificismo ingênuo que consiste em crer nas possibilidades de estabelecer verdades definitivas e de adotar um rigor análogo ao dos físicos ou dos biólogos, ou, inversamente, um ceticismo que negaria a própria possibilidade de conhecimento científico. (...) Os nossos conhecimentos constroem-se com o apoio de quadros teóricos e metodológicos explícitos, lentamente elaborados, que constituem um campo pelo menos parcialmente estruturado, e esses conhecimentos são apoiados pela observação de fatos concretos.

A exclusão completa dos valores humanos da atividade científica,

especialmente nas ciências sociais, seria impossível. A própria escolha do tema da

pesquisa, diante da infinidade de questões que podem ser objeto de investigação

científica, já reflete a existência de “preferências” do pesquisador. Contudo, na

condução do trabalho científico, o investigador deve observar as regras da lógica e

da pesquisa, para que os resultados alcançados sejam válidos universalmente.

A validade universal da ciência significa que o cientista não projeta seus

próprios juízos de valor na investigação em que está empenhado, de modo que os

resultados alcançados em uma pesquisa científica devem ser respostas

universalmente válidas para todos os que procuram a resposta àquela questão. O

cientista social, como qualquer outro cientista, deve coletar e analisar dados de

forma rigorosa, planejada e organizada, com base em métodos que, mesmo

Page 19: Apostila metodologia e_pensame

18

empregados por pesquisadores diferentes, levam a resultados semelhantes.

Preferências políticas ou religiosas, por exemplo, embora se manifestem na

orientação da curiosidade do cientista por determinado tema, não devem impedir a

validade universal das descobertas científicas. Afirma Weber: “tomar uma posição

política prática é uma coisa, e analisar as estruturas políticas e as posições

partidárias é outra” (WEBER, 1982, p. 172). O trabalho do cientista consiste em

estudar de modo metódico e sistemático a realidade. A cientificidade desse estudo

deve ser garantida pelo rigor da pesquisa, que significa que as hipóteses

desenvolvidas devem ser submetidas a verificações e confrontadas com os dados

da realidade.

Page 20: Apostila metodologia e_pensame

19

3 A EFICIÊNCIA NOS ESTUDOS

Ruiz (1996) destaca algumas das dificuldades enfrentadas pelos alunos que

iniciam os cursos de graduação e têm que se adaptar às regras características desta

nova etapa de sua formação acadêmica. A prática dos estudos universitários tem

suas particularidades. Neste novo ambiente, todos são tratados como adultos

responsáveis e capazes de dirigir sua própria vida, motivo pelo qual têm suas

atividades de estudo vigiadas com muito menos rigor, em comparação às inúmeras

formas de controle que a escola impõe no ensino médio.

Em outras palavras, o aluno passa a ser quase integralmente

responsabilizado pela aplicação da disciplina em seus estudos. As metas são

estipuladas pelos professores, pouco importando para estes como os alunos

distribuem seu tempo, como lêem os textos exigidos e como se organizam para

produzir os trabalhos acadêmicos. Se a maior liberdade para estudar como melhor

lhe convém é geralmente bem-vinda entre os estudantes, por outro lado, nem todos

entendem que também precisam adquirir novas atitudes, tornando-se mais

responsáveis e autodisciplinados, para obter bons resultados nos estudos e cumprir

as exigências da vida acadêmica.

É importante ter consciência de que ninguém pode fazer um bom curso,

qualquer que seja ele, comparecendo de maneira irregular às aulas e adotando a

postura de alcançar somente a nota mínima exigida para sua aprovação. Além disso,

é importante conscientizar-se também de que o conteúdo oferecido nas aulas pelo

professor, embora indispensável para o estudante, não é suficiente para o

aproveitamento de todo o potencial de conhecimento que um curso universitário

pode oferecer ao aluno. O trabalho, tanto individual quanto em grupo, exercido fora

do tempo de aula é de igual importância para este aproveitamento.

A falta de motivação e de preparo para assumir estas novas

responsabilidades constitui um dos fatores determinantes do fracasso de muitos

estudantes que, embora tenham lutado muito para ingressar na faculdade, acabam

por abandoná-la antes do término do curso. Portanto, uma reflexão sobre as razões

de cursar uma universidade e sobre o comprometimento com os resultados

esperados é um bom ponto de partida para o estudante.

Outra condição é tomar conhecimento e aplicar os recursos que permitem

organizar melhor o tempo de estudos, aumentar o aproveitamento das aulas, extrair

Page 21: Apostila metodologia e_pensame

20

um conteúdo mais rico dos textos lidos e aproximar-se gradativamente do padrão

que acompanha toda a vida acadêmica dos que cursam uma universidade. O

alcance deste padrão deve ser buscado pelo estudante com a consciência de que

“fazer um curso superior não é ouvir aulas para conseguir adivinhar os testes, mas

instrumentar-se para o trabalho científico” (RUIZ, 1996, p. 20).

3.1 ORGANIZAÇÃO DO TEMPO

De acordo com Ruiz, (1996, p. 21), “o progresso é, em grande parte, uma luta

contra os ponteiros do relógio”. Esta afirmativa retrata um dos problemas mais

comuns na vida daqueles que ingressam na universidade e o primeiro passo para

lidar com ele consiste em reorganizar os compromissos e atribuições da vida, de

modo a abrir espaços para o estudo, ajudando a garantir o melhor aproveitamento

possível do tempo.

3.1.1 O tempo livre para o estudo

Uma técnica comumente utilizada para revisar a distribuição do tempo

consiste em anotar em uma folha de papel todas as atividades diárias (profissionais,

sociais, familiares, de lazer e escolares) uma após a outra, desde o início da rotina

até a hora de dormir. Em seguida, anota-se o horário em que cada uma destas

atividades costuma iniciar e terminar. Nos casos em que a rotina diária é variada ao

longo da semana, deve-se fazer o levantamento para todos os dias da semana. Em

seguida, procura-se identificar os espaços vazios entre as atividades e, caso estes

não existam, procura-se identificar as atividades que não sejam essenciais para

então substituí-las pelo estudo. Talvez isso signifique dormir um pouco menos ou

dedicar menos tempo ao lazer, mas é importante ter em mente a necessidade de

distinguir as atividades essenciais das acessórias, o que significa, inevitavelmente,

que opções terão de ser feitas.

O ideal para a construção de uma disciplina nos estudos, segundo Ruiz

(1996), é reservar um tempo, ainda que mínimo, para os estudos em todos os dias

da semana. É importante não menosprezar as brechas de tempo identificadas na

lista de atividades, mesmo que estas pareçam muito curtas. Trinta minutos diários

reservados ao estudo significam, ao final de um mês, cerca de quinze horas, o que

Page 22: Apostila metodologia e_pensame

21

certamente já é um ponto de partida para quem pensa não ter tempo algum para

estudar.

3.1.2 Aproveitamento do tempo de estudo

A programação de estudos inicialmente feita costuma passa por revisões, até

que se encontre a organização adequada ao maior rendimento do estudante. Além

de encontrar tempo, é necessário também utilizá-lo de maneira produtiva. Por isso,

conforme o aluno aprende a aplicar outras técnicas de estudo, como a de leitura

trabalhada e a de elaboração de resumos, tende a aproveitar melhor o tempo,

mesmo que curto.

Além disso, a organização do tempo inclui não apenas a identificação do

período de tempo disponível para o estudo, como também a programação correta de

sua utilização. Como é necessário cumprir obrigações para mais de uma disciplina,

deve-se identificar os momentos adequados para estudar cada uma delas. É

importante que, durante o tempo proposto, qualquer que seja ele, haja a

concentração total no trabalho. Esta concentração também depende de treinamento,

e tende a ser aperfeiçoada conforme os estudos vão sendo incorporados à rotina

diária de estudos.

Aqueles que, após a tentativa de reorganização do tempo, chegam a

conclusão de que não há espaço em sua rotina para o estudo, ou, ainda, que os

estudos não constituem uma das atividades essenciais de suas vidas, estão em

séria contradição com as exigências da vida acadêmica. Atitude inadmissível é a de

justificar o fracasso escolar pela falta de tempo ou pelo acúmulo de obrigações.

Embora seja louvável que alguém se dedique aos estudos após um dia inteiro de

trabalho, isto não pode dispensar nenhum estudante de cumprir com o compromisso

de estudar.

3.2 APROVEITAMENTO DAS AULAS

A aula é um tempo precioso com o qual o estudante conta, principalmente

quando sabe aproveitá-lo. Embora seja importante contar com um professor bem

preparado, organizado e motivado, o aproveitamento das aulas depende,

essencialmente, do próprio estudante. O melhor aproveitamento das aulas começa

Page 23: Apostila metodologia e_pensame

22

antes mesmo de se entrar em sala. Assim como o professor deve preparar a aula

para melhor aproveitar o tempo de sua explanação, também o aluno deve se

preparar para melhor aproveitar o tempo de seu aprendizado (MORGAN, 1980).

3.2.1 Leitura prévia dos textos

A preparação para as aulas deve levar em conta, em primeiro lugar, o

conhecimento, pelo aluno, do programa de curso do professor, de modo que possa

identificar os assuntos que serão abordados em cada aula específica. Além disso, é

necessário reunir todo o material solicitado previamente pelo professor,

principalmente o texto que será abordado na aula. O estudante deve ler este texto

antes da aula, para formar uma noção antecipada do que o professor irá explanar

em classe. Nesta leitura prévia, o aluno identifica os pontos obscuros, cujo

esclarecimento poderá ser solicitado ao professor e, mais importante, sai da

condição de ignorância total do assunto, dando um passo importante para assimilar

melhor a aula (SALOMON, 2000). Atitudes adequadas por parte do estudante, tais

como pontualidade e concentração nos assuntos abordados, é claro, ampliam em

muito esta assimilação.

3.2.2 Anotações de aula

A aula expositiva do professor é uma forma de reforçar os conhecimentos já

adquiridos na leitura prévia dos textos de aula, além de uma oportunidade de obter

informações que ultrapassam o conteúdo destes textos. Esta é, sem dúvida, uma

das principais contribuições que um professor pode oferecer à formação intelectual

de seus alunos. Além disso, assuntos destacados em aula pelo professor costumam

ser os mais prováveis candidatos a constituir matéria de prova. Muitos alunos não

têm o hábito de fazer anotações e surpreendem-se quando os professores lhes

perguntam na prova sobre assuntos que, aparentemente, não foram abordados em

lugar algum.

Como ressalta Morgan (1980), anotar os principais assuntos e, após a aula,

organizá-los, é uma boa forma de estudar e fixar a matéria. Ter em mente as metas

da aula e ler os textos recomendados previamente pelo professor são atitudes que

tornam o estudante ainda mais preparado para anotar as informações certas e

Page 24: Apostila metodologia e_pensame

23

organizá-las adequadamente depois, mesmo quando se tem um professor de quem

não é fácil tomar anotações de aula. Não há regras objetivas para identificar o que

constitui os pontos fundamentais de uma aula, mas mesmo os professores mais

desorganizados dão sugestões para a organização dos estudantes, e é importante

saber reconhecê-las. Indicações do professor de que “o ponto principal é...”, “é

importante destacar que...”, ou mesmo a repetição de certas informações ao longo

da exposição ajudam a orientar o aluno na escolha do que deve ou não ser anotado.

Além disso, é importante ter em mente quais os objetivos de cada aula estipulados

pelo professor e procurar registrar as informações que respondem a estes objetivos.

3.2.3 Revisão das aulas

Além de preparar-se para a aula e conseguir entender o desenvolvimento do

assunto pelo professor, é importante reservar um tempo para a revisão das aulas.

Para os alunos que se preparam para as aulas e aproveitam bem a exposição do

professor, esta tarefa torna-se mais fácil e demanda menos tempo. A revisão

contempla não apenas a fase de compreensão e fixação dos tópicos já abordados

pelo professor, como também a tentativa de integrar estes tópicos em um todo

coerente. Este recurso de revisão “globalizadora”, como destaca Ruiz (1996, p. 26) é

muito importante na organização da aprendizagem e na preparação para as

avaliações, pois evita que se acumulem na mente do estudante pontos obscuros e

assuntos pouco elaborados.

3.3 DISCIPLINA NOS ESTUDOS

De acordo com Salomon (2000), todo e qualquer método de estudos, para

que se torne eficiente, precisa de treino e de prática. É necessário reservar um

período razoável para este treinamento, dentro de um horário mínimo cumprido com

seriedade. Embora pareça difícil e desgastante, a utilização de métodos para o

estudo mais proveitoso leva o estudante a obter melhor qualificação universitária.

Este deve ser um compromisso do aluno. Ruiz (1996, p. 27) lembra a necessidade

da coerência na postura acadêmica do estudante: “O aluno que paga uma faculdade

para adquirir o direito a uma carteira dura, onde possa perder tempo durante as

aulas, está clamando aos quatro ventos que lhe falta algo na caixa craniana”.

Page 25: Apostila metodologia e_pensame

24

4 A LEITURA TRABALHADA

Conforme Ruiz (1996), a freqüência às aulas, embora indispensável, não é

atitude suficiente para que o aluno seja bem-sucedido em seus estudos. É preciso

ler os textos obrigatórios e complementares de cada disciplina e, acima de tudo, é

necessário “ler bem” esta bibliografia, extraindo dela o máximo de proveito para os

estudos.

A leitura é um instrumento fundamental para o aluno ampliar os horizontes de

seu conhecimento, enriquecer seu vocabulário, ter contato com abordagens

diferentes sobre os mesmos assuntos e participar melhor das aulas, em condições

de dialogar com as informações fornecidas pelo professor em sua exposição.

A leitura é incorporada à rotina acadêmica do aluno não apenas em função de

sua preparação para as aulas, como também para a realização de trabalhos de

pesquisa, quando é necessário ir às fontes, aos autores, seus livros, artigos e outros

documentos que fornecem as bases para o desenvolvimento do tema.

Da mesma forma que não é possível fazer um bom curso estudando apenas

durante o tempo das aulas, também não se pode esperar bons resultados do estudo

sem acessar boas fontes de leitura. Ninguém pode ter boa formação universitária

sem freqüentar livrarias e bibliotecas e sem ter acesso, ao menos, aos livros básicos

de cada disciplina. A condição ideal é não permanecer preso à leitura do livro

escolhido pelo professor da disciplina como livro-texto. Como lembra Ruiz (1996,

p.34), acerca de uma observação dos antigos, “devemos temer o homem de um livro

só”. É sempre bem-vinda a busca de outras fontes, que diversificam a leitura

proposta pelo professor e permitem aprofundar o conhecimento sobre determinados

tópicos do programa do curso.

Mas em que consiste uma “boa leitura”? É uma leitura que tem uma

finalidade, que busca a identificação das idéias fundamentais desenvolvidas pelo

autor e a articulação do que foi lido com os assuntos abordados nas aulas ou

desenvolvidos nos trabalhos de pesquisa (MORGAN, 1980).

Quem não consegue ler bem não consegue resumir um texto, preparar um

trabalho sobre ele, nem mesmo anotar corretamente os tópicos principais de uma

aula, em suma, não consegue estudar (RUIZ, 1996).

Neste capítulo serão demonstradas as principais técnicas que ajudam a

promover maior eficiência na leitura. A aplicação destas técnicas contribui para

Page 26: Apostila metodologia e_pensame

25

capacitar o leitor a desenvolver e reconstruir criativamente, por meio da leitura

crítica, o que já foi construído por outros, ao invés de simplesmente reproduzir as

informações lidas.

4.1 PREPARAÇÃO PARA A LEITURA

A leitura eficiente requer duas condições iniciais: a seleção correta da obra e

a escolha do ambiente adequado para a obtenção do maior rendimento no

desempenho da atividade.

4.1.1 Seleção da leitura

Em boa parte de suas atividades de estudo na graduação, o estudante

encontra-se envolvido com a leitura de textos indicados pelos professores. Contudo,

há inúmeras situações em que o aluno deve buscar por si mesmo esta fonte de

conhecimentos, seja para fazer trabalhos ao longo do curso, seja para aprofundar

temas de seu interesse. Por esta razão, é necessário saber selecionar bem as fontes

de leitura.

O título do documento é a primeira informação disponível acerca de seu

conteúdo, mas não é suficiente como critério principal de escolha da leitura. É

recomendável identificar o autor e as informações básicas sobre o mesmo (se é

pesquisador, professor, profissional da área, se está ligado a alguma instituição,

etc.), além de examinar sumariamente o livro cujo título nos chama inicialmente a

atenção. Algumas informações essenciais estão contidas na “orelha” do livro ou em

sua contracapa, onde geralmente se encontra uma breve apresentação do livro e de

quem o escreveu. O sumário e o prefácio do livro oferecem uma boa idéia dos

objetivos do autor e dos temas que aborda naquela obra. A observação destes

vários elementos é um passo importante para a seleção do que se vai ler, que deve

ser somada à orientação dos professores especialistas na área em que se está

pesquisando.

Na consulta a teses e artigos científicos, o estudante deve procurar pelos

resumos, itens constantes destes trabalhos, que apresentam uma visão geral dos

assuntos e questões neles tratados. A seleção das fontes consultadas na internet é

tratada especialmente na seção 9.1.2 deste trabalho.

Page 27: Apostila metodologia e_pensame

26

De acordo com Ruiz (1996), todo estudante deve estar empenhado na

formação de uma pequena biblioteca de obras selecionadas, uma vez que os livros

são suas ferramentas de trabalho. Os primeiros livros podem ser aqueles indicados

pelos professores como livros de texto em seus programas. Em seguida, parte-se

para os livros mais especializados dentro da área de interesse que se vai

desenvolvendo.

4.1.2 Ambiente de estudo

O ambiente físico deve reunir o máximo de condições favoráveis para o

rendimento do estudante. Em geral, ambientes onde é possível sentar-se em

silêncio, com iluminação e temperatura agradáveis, são apontados como ideais para

o estudo. Entretanto, é importante que cada um faça um auto-exame sobre o que é

necessário para que sinta confortável e capaz de concentrar-se na leitura. Aqueles

que não conseguem encontrar um espaço totalmente adequado às condições ideais

de estudo não devem concluir que estão impossibilitados de estudar. É importante

descobrir quais são estas condições e tentar criá-las, e, mesmo que elas não

estejam sempre disponíveis, é preciso, ainda assim, ler e estudar com velocidade e

eficiência.

4.2 A BUSCA DAS IDÉIAS PRINCIPAIS DO TEXTO

A finalidade básica da leitura, como base dos estudos, é a procura, a

captação, a crítica, a retenção e a integração de conhecimentos (RUIZ, 1996). Isto

se faz, inicialmente pela busca das idéias principais que compõem cada texto, cada

capítulo ou seção, e, na maioria das obras acadêmicas, em cada parágrafo. O

estudante deve estar atento para o fio condutor do pensamento do autor que está

sendo lido.

A leitura ineficiente se concentra em cada palavra do texto, como se todas

tivessem o mesmo papel na construção dos argumentos do autor, enquanto a leitura

eficiente busca e compara as idéias, para distinguir as principais das secundárias.

Aquele que lê identificando idéias capta melhor o conteúdo da leitura. Isto,

evidentemente, é fruto de treinamento, razão pela qual é necessário dedicar-se

freqüentemente à tarefa de ler,exercitando através da busca das idéias-chaves do

Page 28: Apostila metodologia e_pensame

27

texto, a capacidade de abstração e de síntese que permite tirar melhor proveito do

estudo. As dificuldades iniciais surgidas nas primeiras leituras não devem desviar o

estudante desta prática. É necessário ler com este propósito os livros de texto, as

apostilas e toda a bibliografia consultada nos trabalhos de pesquisa, criando o hábito

de identificar a idéia principal em torno do qual o texto se estrutura.

As idéias principais aparecem sempre em relação a um conjunto de idéias

que as apóiam. Estes “pormenores importantes” podem se manifestar na forma de

um argumento que justifique a idéia principal, um exemplo ao qual esta pode ser

aplicada, ou uma comparação que a torne mais clara. O bom leitor acompanha estes

pormenores para entender como o autor encadeia o raciocínio e demonstra a

validade de suas idéias. Para cada idéia mestra, há pelo menos um pormenor

importante que a acompanha, pois uma idéia-chave sem o apoio do pormenor

importante equivale a uma estrutura sem nenhum apoio (MORGAN, 1980). Algumas

vezes, os pormenores são tantos, que se torna difícil selecionar os mais importantes.

É preciso então usar da reflexão e comparar para decidir. Por exemplo: qual dos

exemplos apresentados pelo autor é a melhor prova de suas idéias?

4.2.1 Marcação dos textos

Sublinhar os textos é uma prática que ajuda a destacar as idéias mestras das

secundárias. Ao sublinhar, destaca-se o principal em cada parágrafo, diferenciando-

o do acessório. É importante ter em mente este objetivo, para que não se exercite a

prática de sublinhar de modo indiscriminado, poluindo visualmente o texto e

dificultando ainda mais a tarefa de leitura. O importante é que ao final de certo

trecho, o estudante tenha em mente uma sentença que expressa o seu ponto

essencial (MORGAN, 1980). Além de manter atento o leitor e ajudá-lo a encadear

logicamente o texto, este hábito também favorece o trabalho de revisão do

estudante que, assim, encontra com mais facilidade as informações essenciais.

Como se acham as idéias-chaves? Depende da parte do texto de onde se vai

extraí-la: do parágrafo, da seção, ou do capítulo do texto (MORGAN, 1980).

Começando pelo parágrafo, que é a menor unidade do texto, sabe-se que a maioria

dos autores acadêmicos expõe uma idéia principal, e apenas uma, em cada um de

seus parágrafos. Cabe ao estudante descobri-la. A idéia principal, na maioria das

Page 29: Apostila metodologia e_pensame

28

vezes, não é encontrada em uma única sentença, com poucas palavras. Porém ela

pode ser reescrita (mentalmente ou em um resumo) de forma condensada.

Em seguida deve-se procurar as idéias de escopo mais amplo do que as que

se encontram a cada parágrafo. É importante encadear as idéias principais

destacadas dos parágrafos, tentando descobrir o sentido do que o autor quer dizer

na seção ou capítulo.

Cada estudante pode adotar uma simbologia pessoal para destacar as idéias

principais do texto. É possível sublinhar, fazer anotações à margem, incluir um sinal

próximo a cada idéia-chave identificada ou sinais diferentes para níveis diferentes de

importância das idéias. O importante é que esta simbologia seja coerente para o

leitor, de modo que possa identificá-la a qualquer momento. Ruiz (1996) oferece as

seguintes sugestões para marcar de modo mais eficiente os textos, tirando melhor

proveito da leitura:

a) não sublinhar em demasia: basta sublinhar as palavras-chaves, evitando

destacar longos períodos;

b) não sublinhar logo na primeira leitura: ler determinado número de parágrafos

que são, em seguida, retornados para sublinhar o que for mais importante

(sublinhar inteligentemente na primeira leitura será mais fácil quando se

estiver treinado e experimentado na leitura de textos);

c) reconstituir os parágrafos a partir das palavras sublinhadas: a leitura das

palavras sublinhadas, embora pertencentes a frases diferentes, deve ter um

sentido concatenado (isto é o que permite uma leitura bastante rápida na

ocasião da revisão do texto);

d) assinalar dúvidas e pontos de discordância: t ser levados para apreciação do

professor durante as aulas;

e) procurar palavras desconhecidas no dicionário, para facilitar a compreensão

do texto e enriquecer o vocabulário. Para esclarecer os termos, é importante

não só o uso de dicionários da língua materna, como também o de dicionários

técnicos, que permitem a consulta a termos especializados.

Page 30: Apostila metodologia e_pensame

29

4.3 VELOCIDADE DA LEITURA

Obter alguma velocidade na leitura é muito importante na economia do tempo.

Além disso, é possível ter uma leitura veloz sem prejuízo da eficiência e da

compreensão do conteúdo do texto (RUIZ, 1996). Não existe uma velocidade-padrão

para a leitura, pois isto depende das características do texto e do leitor. Cada um

deve encontrar sua velocidade ideal, mas alguns aspectos devem ser observados

para isto.

Uma das técnicas desenvolvidas para aumentar a velocidade da leitura

consiste no emprego dos olhos de modo a não ler palavra por palavra, mas a

abarcar no campo de visão todo um grupo de palavras ou unidades de pensamento

(MORGAN, 1980; GALLIANO, 1986).

Pesquisas indicam que, ao ler, o olho não percorre de modo totalmente

contínuo as linhas impressas, mas tende a fazer saltos, deslocando-se e fixando-se

alternadamente durante a leitura. O número de palavras que se identifica em uma

única parada constitui o campo de visão. Quanto maior este for, mais rápida será a

leitura, pois em cada parada se absorve uma maior quantidade de texto. Por outro

lado, quanto menor for o campo de visão, mais o leitor estará limitado a palavras

isoladas, que o levam a retroceder continuamente na leitura, já que sua percepção é

interrompida por pausas em demasia. Os bons leitores aprendem a focar, em cada

parada, a média de duas ou mais palavras e não precisam, portanto, fazer tantas

pausas durante a leitura. Além disso, os bons leitores levam também menos tempo

em cada parada, reduzindo ao mínimo o tempo necessário para compreender as

palavras vistas na pausa.

Uma característica dos maus leitores é que retraçam os passos muito

freqüentemente, retrocedendo na leitura a cada duas frases. Com estas “regressões”

perdem tempo na leitura e têm dificuldades de formar uma idéia sobre o parágrafo

que acabaram de ler. Segundo Morgan (1980), buscar uma maior concentração e

criar o hábito de ler freqüentemente são fatores que ajudam a combater a má leitura.

4.4 LEITURA ANALÍTICA

Para Severino (2002), um dos maiores obstáculos ao estudo e à

aprendizagem das ciências é representado pela dificuldade de compreensão dos

Page 31: Apostila metodologia e_pensame

30

textos teóricos, que possuem estrutura e linguagem bastante diferentes daquelas

comumente encontradas em textos literários ou jornalísticos, aos quais, em geral, o

estudante está mais habituado. É necessário, então, que o aluno desenvolva uma

disciplina intelectual que o permita abordar o texto da forma mais rica e proveitosa

possível. Para o autor, há seis etapas fundamentais na abordagem do estudante aos

textos científicos, que compõem a “leitura analítica”:

a) delimitação da unidade de leitura;

b) análise textual;

c) análise temática;

d) análise interpretativa;

e) problematização;

f) síntese pessoal.

4.4.1 Delimitação da unidade de leitura

A unidade de leitura é a parte do texto que possui uma totalidade de sentido,

podendo ser um capítulo, uma seção ou subseção do texto. Desta maneira são

determinados os limites dentro dos quais o estudante focará sua atenção, em busca

da compreensão da mensagem do autor. Somente após o término da análise da

primeira unidade identificada é que se passa a uma unidade seguinte. Completado o

processo para cada unidade, então, o aluno terá condições de produzir uma

interpretação global do texto, abarcando-o de forma completa. É recomendável que

o estudo do texto ocorra com uma continuidade mínima, que não comprometa a

perda do sentido que se vai construindo na leitura.

O autor recomenda também que sejam buscadas informações sobre o autor

da unidade, junto a professores ou a comentadores que já analisaram o pensamento

do autor, e que podem servir de apoio no esclarecimento das idéias expostas ao

longo do texto.

4.4.2 Análise textual

A análise textual é a primeira forma de aproximação do estudante com o

texto. Nesta etapa, é feita uma leitura completa e contínua da unidade selecionada,

Page 32: Apostila metodologia e_pensame

31

que permite um contato inicial com a mesma e uma visão de conjunto do raciocínio e

do estilo de texto do autor. Ao invés de se esforçar para compreender o texto nesse

primeiro contato, o estudante deve ir assinalando em suas margens as palavras

desconhecidas e todas as dúvidas que interferem na captação das idéias, como por

exemplo, a referência a fatos históricos ou a teorias que o autor do texto supõe já

serem conhecidos pelo leitor. Se o leitor desconhece o sentido destas referências,

deve procurar informações sobre elas antes de passar para a unidade seguinte de

leitura. A descoberta destas dúvidas é tão importante quanto a própria compreensão

do que se lê, pois são estas dúvidas que guiam o estudante na busca de

informações que enriquecerão sua leitura.

4.4.3 Análise temática

Após o esclarecimento dos conceitos e demais referências obscuras do texto,

o leitor ingressa na fase da análise temática. É neste etapa que o estudante tenta

descobrir qual é a idéia central da unidade selecionada, tentando responder à

pergunta fundamental: “de que trata o texto”? A resposta a esta questão leva o leitor

a identificar o tema em torno do qual é organizada a unidade de leitura.

Como os autores de textos científicos exploram os temas problematizando-os,

é necessário identificar também o problema formulado pelo autor na unidade. Que

questão move o autor? Qual a dificuldade que se propõe a resolver? Nem sempre a

problemática dos textos aparece de forma explícita, como por exemplo, na forma de

uma pergunta clara e direta. Muitas vezes, o problema formulado está implícito no

texto, sendo necessário um esforço adicional do leitor para identificá-lo.

A resposta fornecida pelo autor ao problema formulado consiste em sua tese

ou proposição central, uma idéia mestra que será defendida pelo autor naquela

unidade. Em textos com boa estruturação lógica, cada unidade contém apenas uma

proposição central, estando as demais idéias da unidade vinculadas e servindo de

apoio a esta. A identificação das idéias de apoio permite ao leitor observar o

raciocínio do autor, isto é, como ele demonstra sua idéia central e quais são os

argumentos que utiliza em favor de sua validade.

É possível em alguns textos que o autor aborde temas paralelos ao tema

central, apresentando idéias secundárias no decorrer da unidade e que

complementam seu pensamento. Para identificá-las, basta ler o texto, após as

Page 33: Apostila metodologia e_pensame

32

etapas acima enunciadas, perguntando se a unidade ainda trata de algum assunto.

4.4.4 Análise interpretativa

A fase de interpretação do texto vai além da captação das idéias centrais do

autor, alcançada na fase anterior (análise temática). Interpretar significa construir um

sentido próprio a respeito das idéias contidas no texto. Este é o momento de o

estudante interferir na unidade de leitura, dialogando com o autor e fazendo seu

próprio conhecimento evoluir.

Há vários modos de abordar o texto nesta fase, como, por exemplo,

relacionando as idéias contidas na unidade com a perspectiva teórica geral do autor

ou comparando estas idéias com as abordagens de outros autores. Este não é um

passo simples, mas a busca de informações sobre o autor, recomendada na seção

sobre delimitação da unidade de leitura, auxilia bastante nesta tarefa.

A tarefa de interpretar o texto inclui a elaboração de um juízo crítico sobre as

idéias nele contidas, o que significa tomar uma posição própria a respeito das idéias

enunciadas. É válido neste momento avaliar o nível de coerência do texto, sua

originalidade e contribuição para a discussão dos assuntos em questão (nas aulas

ou nos trabalhos).

A etapa de interpretação é uma fase complexa da leitura analítica, pois

pressupõe uma reflexão mais arrojada do estudante, que deve explorar as idéias do

autor, questionando-as e comparando-as com idéias de outros autores.

Evidentemente, as primeiras leituras às quais o aluno se dedica na universidade não

alcançam a plenitude da interpretação. Servem antes para elevar seu nível cultural e

intelectual, formando um repertório de conhecimentos que serão utilizados nas

leituras seguintes.

Um passo mínimo que pode ser dado pelo estudante que se inicia no universo

de textos científicos é avaliar a importância do que está sendo lido, por exemplo,

comparando o que foi dito no texto com o que se pensava anteriormente sobre o

assunto, examinando os pontos de concordância e de discordância em relação ao

autor. O ingresso na universidade normalmente promove um choque entre as idéias

contidas nos textos acadêmicos (ou mesmo nas aulas) e as idéias do senso comum

com as quais os estudantes estão envolvidos até aquele momento. Por isso é

recomendável consultar outras fontes e conversar com professores em busca de

Page 34: Apostila metodologia e_pensame

33

elementos que vão ampliando o cabedal de conhecimentos e permitindo um diálogo

mais rico com as idéias do autor. Quanto mais progredir a maturidade intelectual do

estudante, mais apto ele estará para avaliar criticamente o texto.

4.4.5 Problematização

Esta forma de abordar o texto visa à formulação de problemas para

discussão, bastante útil para o estudo em grupo e para a preparação das aulas e

dos seminários. É importante não confundir a problematização do texto com a

identificação dos problemas que mobilizam o autor consultado. O problema é a

questão que o próprio autor do texto formula e pretende resolver, enquanto a

problematização é proposta pelo estudante que lê o texto, que elabora questões que

podem ser objeto de discussão e debate.

Seguindo a sugestão de Morgan (1980), uma forma de problematizar o texto é

correlacionar as abordagens propostas pelo autor com as situações concretas, já

que uma das finalidades da leitura é embasar a reflexão sobre os problemas do

mundo real.

4.4.6 Síntese pessoal

Última etapa da análise textual, a síntese pessoal é o ponto de chegada

permitido pela compreensão, interpretação e reflexão sobre as idéias do autor, que

deixam o estudante em condições de reelaborar sinteticamente a mensagem do

texto, com suas próprias palavras. Retomando todos os pontos abordados nas

etapas anteriores, o estudante está apto para elaborar um texto, com redação

própria, que oferece uma visão global e condensada do conteúdo da unidade de

leitura. Cumpridas as etapas da leitura analítica, o estudante não só obtém melhor

aproveitamento do texto, como também se encontra em condições perfeitas para

resumi-lo.

Com a constante leitura e o treinamento intelectual, chega-se a uma etapa em

que esses passos não precisam ser percorridos de modo mecânico, pois o domínio

do método permite seu uso de modo natural pelo leitor. No quadro 1 encontra-se

uma síntese das etapas propostas por Severino (2002) para a leitura analítica.

Page 35: Apostila metodologia e_pensame

34

ANÁLISE TEXTUAL Preparação do texto; esclarecimentos sobre o autor

e sobre o vocabulário empregado no texto

ANÁLISE TEMÁTICA Compreensão da mensagem do autor: tema,

problema, tese, raciocínio e idéias secundárias

ANÁLISE INTERPRETATIVA

Interpretação da mensagem do autor; associação e

comparação de idéias; apreciação crítica do texto

PROBLEMATIZAÇÃO Levantamento e discussão de problemas acerca do

texto; discussão da aplicabilidade a situações

concretas

SÍNTESE Reelaboração da mensagem do autor com base em

reflexão e redação próprias

QUADRO 1: etapas da leitura analítica Fonte: adaptado de Severino (2002, p.61)

4.5 IMPORTÂNCIA DA LEITURA TRABALHADA

As técnicas aqui apresentadas contribuem para o melhor aproveitamento

desta rica fonte de conhecimentos que são as obras com as quais o estudante tem

contato ao longo de sua vida acadêmica.

Através da leitura eficiente progride-se no desenvolvimento intelectual, pondo-

se em prática a capacidade de extrair as informações fundamentais do que se lê, e,

principalmente, a avaliar a importância do que está sendo lido. Ao invés de se limitar

a agregar informações superficiais e assistemáticas, o estudante usa seu potencial

intelectual, analisando, comparando, criticando e aplicando aquilo lê, aperfeiçoando

desta maneira seu treino científico.

Para finalizar a seção e estimular a reflexão, são apontadas a seguir as dez

características do bom leitor, segundo Salomon (2000):

a) lê com objetivo determinado;

b) lê unidades de pensamento ao invés de palavras soltas;

c) tem vários padrões de velocidade, de acordo com o que lê;

d) avalia o que lê;

e) busca desenvolver bom vocabulário;

f) discute o que lê com professores e colegas de classe;

Page 36: Apostila metodologia e_pensame

35

g) adquire livros e vai à biblioteca com freqüência;

h) lê assuntos variados;

i) lê muito e gosta de ler;

j) seleciona o que lê.

Page 37: Apostila metodologia e_pensame

36

5 DOCUMENTAÇÃO DA LEITURA

O resumo constitui a principal técnica de documentação de textos pelo

estudante. A leitura trabalhada, conforme apresentada no capitulo anterior, constitui

uma excelente base para a aplicação correta desta técnica. Aqueles que lêem com

discernimento e destacam com inteligência as idéias principais do material

consultado estão aptos para a elaboração de um bom resumo (RUIZ, 1986).

5.1 RESUMO PARA DOCUMENTAÇÃO DE TEXTOS

O resumo como técnica de documentação pessoal do material estudado é

também chamado de trabalho de síntese e consiste em “um trabalho de

condensação de um texto capaz de reduzi-lo a seus elementos de maior

importância” (RUIZ, 1996, p. 44). Também é possível utilizar esta técnica para

sintetizar as informações retiradas da aula de um professor ou de uma palestra.

O resumo é um recurso de aprendizagem que torna dispensável, no momento

de revisão dos estudos, a consulta ao conteúdo do texto original. Este recurso é

bastante útil nos períodos de avaliação, quando não há tempo hábil para reler

integralmente todos os textos abordados ao longo do semestre. O trabalho de

resumir facilita o acesso às informações do texto e reduz o tempo destinado à

preparação para as provas, contribuindo para um maior aproveitamento dos estudos.

Por meio do resumo tem-se a oportunidade de exercitar as qualidades de uma boa

redação, já que a clareza e a concisão são atributos exigidos nesta ocasião.

O termo resumo é comumente tomado como sinônimo de fichamento. Há

autores que preferem diferenciar os dois termos. Para Medeiros (2006, p. 14),

resumo é a técnica de sintetizar as informações de um texto, enquanto fichamento é

a técnica de registrar estas informações em fichas (em papel ou digitalizadas).

Neste manual, tomaremos os termos resumo e fichamento como sinônimos.

5.1.1 Tipos de resumo

A estrutura do resumo, em geral, contém a referência completa do texto

consultado (nome do autor, título, data de publicação, etc.) e uma síntese das idéias

principais nele apresentadas.

Page 38: Apostila metodologia e_pensame

37

Não é recomendável elaborar o resumo na forma de tópicos, mas sim na

forma de um texto, que o estudante elabora concatenando as idéias principais do

documento consultado.

Nos resumos podem ser incluídas passagens tidas como fundamentais no

texto, como é o caso da definição dos conceitos centrais feita pelo autor. É

importante nestas situações fazer a devida indicação da página. Quando o resumo é

feito inteiramente a partir da cópia de passagens relevantes do texto, chama-se

resumo de citação.

É possível incluir em um resumo, além da síntese do material consultado,

uma análise crítica do mesmo, destacando, por exemplo, as contribuições do autor

para determinado campo de conhecimento e apreciando o estilo ou a forma como

estas idéias foram expostas no texto. Este tipo de resumo é conhecido como resumo

crítico ou resenha. Neste caso, para que a crítica não se transforme em uma

apreciação superficial e sem fundamento, é necessário tanto ser imparcial no

julgamento da idéias do autor, quanto conhecer o assunto a ser criticado.

A resenha, portanto, compreende o resumo e o comentário crítico do texto

consultado. É, em geral, feita por cientistas que detêm conhecimento especializado

sobre o tema, o que os habilita a emitir juízos críticos. Como trabalho acadêmico, a

resenha tem o propósito de exercitar a capacidade do estudante de compreender e

criticar os textos que lê.

Segundo Galliano (1986), outra forma de sintetizar as informações do texto é

através do resumo esquemático. O esquema é uma representação gráfica, sintética,

das idéias principais e pormenores importantes extraídos da leitura do texto. A

vantagem do esquema é a de prestar uma informação visual imediata sobre o

conteúdo do texto sintetizado. Este tipo de anotação deve ser montado em uma

seqüência lógica que ordena claramente as idéias selecionadas, hierarquizando-as

por meio de divisões e subdivisões.

A montagem de um esquema pressupõe a compreensão das relações existentes

entre suas diversas partes, para que sejam subordinadas de forma correta. Os

elementos que irão compor o esquema devem ser cuidadosamente selecionados e

subordinados entre si, o que só é possível quando já se tem noção das idéias

principais e dos pormenores significativos do texto (só então é que se parte para a

ordenação dos mesmos).

Page 39: Apostila metodologia e_pensame

38

Na figura 1 é representado o resumo esquemático que sintetiza os seis passos

do processo de planejamento, de acordo com Chiavenato (1999, p. 217).

Definição dos objetivos

Qual a situação atual? ↓

Quais as premissas em relação ao futuro?

Quais as alternativas de ação? ↓

Qual a melhor alternativa? ↓

Implementação do plano escolhido e avaliação dos resultados

FIGURA 1: Modelo de resumo esquemático Fonte: Chiavenato (1999)

Nos manuais de metodologia do trabalho científico não é habitual a

recomendação de subdividir os resumos em introdução, desenvolvimento e

conclusão, embora não haja uma regra específica proibindo tal modelo. Para

Salomon (2000), esta pode ser uma estrutura de apresentação útil no caso de

resenhas (resumos críticos), mas que se torna, evidentemente, inviável no caso de

resumos esquemáticos ou de citação.

Ruiz (1996) oferece as seguintes orientações gerais para a elaboração de

resumos:

a) jamais resumir antes de fazer uma leitura trabalhada: é necessário

esclarecer todo o texto, sublinhando-o e fazendo as devidas anotações em

sua margem, para evitar que idéias essenciais escapem ou que idéias

irrelevantes sejam tomadas como importantes;

Page 40: Apostila metodologia e_pensame

39

b) ser fiel às idéias do autor: a função de quem resume é a de sintetizar as

idéias do texto e não de criá-las. Nos casos em que o leitor faz uma

avaliação crítica do texto, é importante deixar clara a distinção entre o que

pensa o autor do texto e a avaliação que o leitor faz destas idéias;

c) ser breve e compreensível: o resumo não deve se estender em demasia,

mas deve conter informações suficientes que dispensem a consulta ao

texto original;

d) fazer a citação correta no caso de transcrição textual: quando o autor

condensa em frases precisas suas próprias idéias, podem-se transcrever

estas passagens, destacando-as com aspas e indicando a fonte;

e) acrescentar a correta referência bibliográfica: os dados que permitem a

identificação do texto, tais como autor, título, data de publicação, entre

outros, devem ser apresentados no resumo.

5.2 OUTRAS APLICAÇÕES DO RESUMO

O estudante, ao utilizar o resumo como técnica de documentação pessoal dos

textos, tem, evidentemente, a liberdade de escolher o tipo de resumo que melhor se

adapta às características do texto consultado ou à finalidade de sua leitura. Contudo,

o resumo, quando solicitado pelo professor, também é um trabalho acadêmico e,

neste caso, é importante estar atento às exigências estabelecidas pelo professor (se

este deseja, por exemplo, um resumo esquemático ou crítico, com ou sem citações,

etc.).

O resumo como elemento obrigatório de teses, monografias, artigos científicos e

outros trabalhos acadêmicos têm um padrão específico a ser seguido, que pode ser

consultado na seção 6.2.9 deste manual.

Page 41: Apostila metodologia e_pensame

40

6 ELABORAÇÃO DE TRABALHOS ACADÊMICOS

O trabalho acadêmico, de acordo com a NBR 14724:2005 da ABNT, é um

documento escrito que representa o resultado de estudo realizado em uma

disciplina, curso ou programa, sob coordenação de um orientador, e que deve

expressar conhecimento sobre o assunto escolhido.

Nesta nova etapa de sua vida intelectual, o aluno precisa ter consciência de

que todo trabalho acadêmico deve ser fruto de pesquisa e reflexão sobre o tema

proposto. Em outras palavras, fazer um trabalho acadêmico não significa juntar

desordenadamente partes de outros trabalhos e livros ou, o que é pior,

simplesmente copiar trabalhos prontos de outros autores. Além de pesquisar em

livros, artigos, teses, textos on line e outras fontes, o aluno precisa usar o senso

crítico para refletir a analisar aquilo que lê, para então redigir um trabalho próprio,

que possua alguma originalidade. O sentido do termo “originalidade” aqui

empregado, como lembra Salomon (2000, p. 257) não significa, para o estudante

que inicia suas atividades acadêmicas, a produção de idéias radicalmente novas em

um trabalho, mas uma “volta às fontes” do conhecimento e da pesquisa. Por esta

razão, o trabalho acadêmico deve ser a decorrência natural de um processo cuja

base é formada pelo método e pelas práticas do estudo eficiente.

A proposta de realização de trabalhos acadêmicos no curso de graduação

serve para desenvolver nos alunos a habilidade de criar conhecimento e assim

corrigir algumas das piores deformações das atividades de pesquisa.

De acordo com Salomon (2000, p. 261-262), uma das mais graves limitações

dos trabalhos desenvolvidos por alunos consiste na “transcrição cega de textos

superficialmente consultados e que resulta em um trabalho cuja apresentação

material e quantidade de páginas predominam como critérios de valoração”.

São diversos os tipos de trabalho acadêmico que podem ser solicitados aos

estudantes ao longo da vida acadêmica: artigos científicos, projetos de pesquisa,

monografias, além de outros tipos de trabalho que são solicitados em cursos de pós-

graduação, mestrado e doutorado.

Uma breve apresentação das características principais destes trabalhos

encontra-se no quadro a seguir.

Page 42: Apostila metodologia e_pensame

41

ARTIGO

CIENTÍFICO

Parte de uma publicação com autoria declarada, que apresenta e

discute idéias, métodos, técnicas, processos e resultados nas

diversas áreas do conhecimento (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE

NORMAS TÉCNICAS, 2003a, p.1)

DISSERTAÇÃO Representa o resultado de um trabalho experimental ou exposição

de um estudo científico retrospectivo, de tema único e bem

delimitado, com o objetivo de reunir, interpretar e analisar

informações. Deve evidenciar conhecimento da literatura existente

sobre o assunto e a capacidade de sistematização do candidato. É

feito sob a coordenação de um orientador (doutor) visando a

obtenção do título de mestre (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE

NORMAS TÉCNICAS, 2005, p.3)

TESE Representa o resultado de um trabalho experimental ou exposição

de um estudo científico de tema único e bem delimitado. Deve ser

elaborado com base em investigação original, constituindo-se em

real contribuição para a especialidade em questão. É feito sob a

coordenação de um orientador (doutor) visando a obtenção do

título de doutor (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS

TÉCNICAS, 2005, p.3)

MONOGRAFIA Tem por objetivo a reflexão sobre um tema ou problema específico

e que resulta de um processo de investigação sistemática. É

normalmente exigido na graduação como trabalho de conclusão

de curso (BASTOS et al, 2003, p. 17)

PROJETO DE

PESQUISA

Procedimento racional e sistemático que tem como objetivo

proporcionar respostas aos problemas que são propostos,

mediante a utilização de métodos científicos. No projeto de

pesquisa, o pesquisador relata o caminho que pretende trilhar na

busca das respostas ao problema que pretende investigar (GIL,

1999, p. 43).

QUADRO 2: tipos de trabalho acadêmico Fonte: adaptado de ABNT (2005, 2003a); Bastos et al (2003); Gil (1999)

O tipo de trabalho acadêmico mais comum nos cursos de graduação é a

monografia, definida por Bastos et al (2003, p.17) como “o resultado de um processo

Page 43: Apostila metodologia e_pensame

42

de investigação sistemática que tem por objetivo a reflexão sobre um tema ou

problema específico”. A monografia é assim chamada por ser delimitada, estruturada

e desenvolvida em torno de um único tema. O assunto, uma vez escolhido, é

delimitado para que se possa aprofundar o conhecimento em torno de um pequeno

conjunto de fatores ou variáveis que compõem o problema a ser investigado. Em

uma monografia, o estudante sistematiza o resultado de suas leituras, pesquisas,

críticas e reflexões acerca do tema proposto. Ao invés de se abordar genericamente

diversos aspectos, escreve-se de forma mais detalhada e consistente sobre

aspectos bem delimitados do assunto tratado (TACHIZAWA, 2002, p. 16).

Na elaboração da monografia é necessário que o estudante cumpra as regras

da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que especificam tanto a

estrutura quanto as normas de apresentação dos trabalhos acadêmicos. Nas

próximas seções serão abordadas estas normas, que poderão ser aplicadas na

elaboração dos trabalhos solicitados em disciplinas dos cursos de Administração e

Secretariado Executivo da UNIGRANRIO. No caso da elaboração de artigos

científicos ou de projetos de pesquisa, é necessária a consulta ao Manual de

Normalização de Trabalhos Acadêmicos da Escola de Ciências Sociais Aplicadas,

para observação das normas específicas a estes tipos de trabalho acadêmico.

6.1 ESTRUTURA DO TRABALHO ACADÊMICO

A estrutura do trabalho acadêmico é constituída de elementos pré-textuais,

textuais e pós-textuais, assim definidos:

a) elementos pré-textuais: são aqueles que antecedem o texto, com

informações que ajudam na identificação e utilização do trabalho;

b) elementos textuais: são aqueles que compõem o texto do trabalho;

c) elementos pós-textuais: são aqueles que complementam o trabalho.

Os elementos que figuram no trabalho acadêmico estão dispostos no quadro

3 e são compostos por elementos obrigatórios e opcionais, seguindo as orientações

da norma NBR 14724:2005 da ABNT. As normas gerais para a apresentação destes

elementos encontram-se nas seções 6.2 a 6.4.5 deste manual.

Page 44: Apostila metodologia e_pensame

43

ESTRUTURA ELEMENTO

Pré-textuais Capa (obrigatório)

Lombada (opcional)

Folha de rosto (obrigatório)

Errata (opcional)

Folha de aprovação (obrigatório)

Dedicatória (opcional)

Agradecimentos (opcional)

Epígrafe (opcional)

Resumo na língua vernácula (obrigatório)

Resumo em língua estrangeira (obrigatório)

Lista de ilustrações (opcional)

Sumário (obrigatório)

Textuais Introdução

Desenvolvimento

Conclusão

Pós-textuais Referências bibliográficas (obrigatório)

Glossário (opcional)

Apêndices (opcional)

Anexos (opcional)

Índice (opcional)

QUADRO 3: Estrutura do trabalho acadêmico Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (2002c)

6.2 NORMAS DE APRESENTAÇÃO DE ELEMENTOS PRÉ-TEXTUAIS

Os elementos pré-textuais do trabalho acadêmico devem ser apresentados

conforme as orientações contidas nas seções 6.2.1 a 6.2.12.

6.2.1 Capa

Elemento obrigatório do trabalho, que constitui sua proteção externa e contém

os dados essenciais que o identificam, apresentados na seguinte ordem:

Page 45: Apostila metodologia e_pensame

44

a) nome da instituição: centralizado junto à margem superior, com letras

maiúsculas negritadas;

b) nome do instituto ou escola: logo abaixo do nome da instituição, com letras

maiúsculas sem negrito;

c) nome do curso: logo abaixo do nome do instituto ou escola, com letras

minúsculas (exceto as iniciais) sem negrito;

d) título do trabalho: centralizado no meio da folha, com letras maiúsculas

negritadas. O subtítulo (quando houver) vem em letras minúsculas (sem

negrito) e é separado do título por dois pontos;

e) nome completo do(s) autor(es): alinhados a partir do meio para a direita,

com letras minúsculas (exceto as iniciais) sem negrito. No caso de

trabalho em grupo, os nomes são dispostos em ordem alfabética;

f) local (cidade) da instituição e data (ano) de entrega do trabalho:

centralizados junto à margem inferior com letras minúsculas sem negrito.

Para efeito de padronização da capa, todas as informações devem ser

apresentadas com espaço 1,5 de entrelinhas e fonte tamanho 12. A capa deve ser

apresentada sem bordas e respeitando as margens utilizadas em todo o trabalho. O

modelo de capa encontra-se na figura 2, localizada ao final do capítulo 6 deste

manual.

6.2.2 Lombada É a parte do trabalho que reúne as margens internas das folhas, através de

costura, grampo ou outro recurso. É um elemento opcional, utilizado quando o

trabalho é encadernado em capa dura. Indica os nomes dos autores, o título e o

volume do trabalho.

6.2.3 Folha de rosto

Elemento obrigatório, que contém os dados essenciais à identificação do

trabalho, apresentados na seguinte ordem:

a) nome completo do(s) autor(es): centralizado junto à margem superior, com

Page 46: Apostila metodologia e_pensame

45

letras minúsculas (exceto as iniciais) sem negrito. No caso de trabalho em

grupo, os nomes são dispostos em ordem alfabética;

b) título do trabalho: centralizado no meio da folha, com letras maiúsculas

negritadas. O subtítulo (quando houver) vem em letras minúsculas (sem

negrito) e é separado do título por dois pontos;

c) nota de apresentação: é alinhada do meio para a direita. Seu texto indica a

natureza do trabalho acadêmico (disciplina, curso e Universidade em que

é apresentado) e é redigido com letras minúsculas (exceto as iniciais de

nomes próprios) sem negrito;

d) nome completo do professor orientador: letras minúsculas (exceto as

iniciais do nome) sem negrito;

e) local (cidade) da instituição e data (ano) de entrega do trabalho:

centralizados junto à margem inferior com letras minúsculas sem negrito.

Para efeito de padronização da folha de rosto, todas as informações devem

ser apresentadas com espaço 1,5 de entrelinhas e fonte tamanho 12, à exceção da

nota de apresentação, que deve ser digitada com espaço simples. A folha de rosto

deve ser apresentada sem bordas e respeitando as margens utilizadas em todo o

trabalho. O modelo de folha de rosto encontra-se na figura 3, localizada ao final do

capítulo 6 deste manual.

6.2.4 Errata

Elemento opcional que lista as folhas e as linhas nas quais ocorrem

erros, seguidas das devidas correções. Pode ser acrescida ao trabalho depois de

impresso, apresentada em papel avulso ou encartada no mesmo. A palavra errata

deve vir centralizada na folha e digitada com letras maiúsculas negritadas. A errata

pode ser feita conforme o modelo a seguir.

ERRATA

Folha Linha Onde se lê Leia-se

56 4 publicação publicação

Page 47: Apostila metodologia e_pensame

46

6.2.5 Termo de aprovação

Elemento obrigatório em monografias de conclusão de curso, teses,

dissertações e demais trabalhos submetidos a bancas examinadoras. Contém os

dados essenciais à aprovação do trabalho, apresentados na seguinte ordem:

a) a expressão termo de aprovação vem centralizada junto à margem

superior, com letras maiúsculas negritadas;

b) título do trabalho: vem logo abaixo do termo de aprovação, com letras

maiúsculas negritadas. O subtítulo (quando houver) vem em letras

minúsculas (sem negrito) e é separado do título por dois pontos;

c) texto de aprovação: o texto é alinhado do meio para a direita e digitado

com letras minúsculas (exceto iniciais de nomes próprios) sem negrito,

devendo indicar a natureza do trabalho acadêmico, os nomes dos autores,

o nome do curso e da instituição a que é submetido e a data de aprovação

do mesmo (preenchida após a aprovação do trabalho);

d) nome completo do professor orientador e dos membros da banca

examinadora: os nomes aparecem logo após o texto de aprovação,

centralizados no meio da folha e digitados com letras minúsculas (exceto

as iniciais) sem negrito. As assinaturas dos componentes da banca são

colocadas após a aprovação do trabalho;

e) local (cidade) da instituição e data (ano) de entrega do trabalho:

centralizados junto à margem inferior com letras minúsculas sem negrito.

Para efeito de padronização do termo de aprovação, todas as informações

devem ser apresentadas com espaço 1,5 de entrelinhas e fonte tamanho 12, à

exceção do texto de aprovação, que deverá ser digitado com espaço simples. O

termo de aprovação deve ser apresentado sem bordas e respeitando as margens

utilizadas em todo o trabalho. O modelo de termo de aprovação encontra-se na

figura 4, localizada ao final do capítulo 6 deste manual.

6.2.6 Dedicatória

Elemento opcional no qual o autor, em texto geralmente curto, presta

Page 48: Apostila metodologia e_pensame

47

homenagens ou dedica seu trabalho.

A palavra dedicatória não possui indicativo numérico, e aparece centralizada

com letras maiúsculas negritadas.

6.2.7 Agradecimentos

Elemento opcional, para o qual não exigem normas específicas,

recomendando-se o bom senso na elaboração de um texto simples e direto.

A palavra agradecimentos aparece centralizada com letras maiúsculas

negritadas e sem indicativo numérico.

6.2.8 Epígrafe

Elemento opcional, através do qual o autor apresenta citação, seguida da

indicação de autoria, representativa do assunto tratado no trabalho.

Epígrafes podem também constar nas folhas de abertura das seções

primárias.

6.2.9 Resumo na língua do texto

Elemento obrigatório, constituído de um texto conciso e objetivo que sintetiza

os pontos relevantes do trabalho. Deve ser escrito em até 500 palavras (exceto

resumos de artigos, cujo limite é constituído por 250 palavras).

O resumo não deve ser apresentado na forma de tópicos enumerados e sim

na forma de um texto composto por uma seqüência de frases. Deve ser seguido das

palavras-chaves representativas do conteúdo do trabalho.

A norma NBR 6028:2003 da ABNT recomenda o uso da voz ativa e da

terceira pessoa do singular na redação do resumo, que deve ressaltar o objetivo, o

método, os resultados e as conclusões do documento.

A palavra resumo aparece centralizada no meio da folha, com letras

maiúsculas negritadas e sem indicativo numérico, como os demais elementos pré-

textuais do trabalho acadêmico.

Page 49: Apostila metodologia e_pensame

48

6.2.10 Resumo em língua estrangeira

Elemento obrigatório que representa versão do resumo em idioma de

divulgação internacional, obedecendo às mesmas normas de apresentação do

resumo na língua do texto.

O título desta parte do trabalho (abstract em inglês, resumem em espanhol ou

résumé em francês) vem centralizado em letras maiúsculas negritadas e sem

indicativo numérico.

6.2.11 Lista de ilustrações, tabelas, abreviaturas, siglas e símbolos

Elemento opcional, elaborado de acordo com a ordem de apresentação

destes elementos no texto, com cada item designado por seu nome específico e

acompanhado do respectivo número de página onde é encontrado.

Cada lista deve ser elaborada em folha à parte (uma folha para a lista de

ilustrações, uma folha para a lista de tabelas, e assim por diante).

6.2.12 Sumário

Elemento obrigatório que apresenta as seções e demais partes que compõem

o trabalho acadêmico, com suas respectivas indicações de página.

Não se deve confundir sumário com índice, já que índice é um elemento

opcional do trabalho acadêmico, colocado após os anexos, e que apresenta uma

lista de palavras (como, por exemplo, a lista de todas as empresas citadas no

trabalho), ordenadas de acordo com determinado critério, que localiza e remete para

as informações contidas no texto.

As normas de apresentação do sumário são as seguintes:

a) a palavra sumário vem centralizada junto à margem superior, com letras

maiúsculas negritadas e sem indicativo numérico;

b) o sumário deve acompanhar a numeração progressiva das seções do

texto, indicando o título das mesmas e a respectiva página inicial de cada

seção, em algarismos arábicos;

c) a subordinação dos itens do sumário deve ser destacada pela mesma

Page 50: Apostila metodologia e_pensame

49

apresentação tipográfica utilizada no texto (títulos das seções primárias

com letras maiúsculas negritadas, títulos das seções secundárias com

letras maiúsculas sem negrito, títulos das seções terciárias com letras

minúsculas negritadas e títulos das seções quaternárias com letras

minúsculas sem negrito);

d) O sumário deve incluir apenas as partes do trabalho que vêm depois dele,

isto é, os elementos textuais e pós-textuais. Não figuram no sumário,

portanto, os elementos pré-textuais, como resumo, dedicatória, epígrafe,

etc.

O sumário deste manual pode ser tomado como modelo para a formatação do

sumário de trabalhos acadêmicos.

6.3 ELABORAÇÃO DOS ELEMENTOS TEXTUAIS

De acordo com Severino (2002, p. 82), todos os capítulos ou seções do

trabalho, bem como os parágrafos que os constituem, devem ter uma seqüência

lógica de estruturação e de redação, de modo que todo o texto fique claro e

compreensível para o leitor que não participou de sua elaboração. Do ponto de vista

da estrutura formal, o trabalho acadêmico tem três partes fundamentais: introdução,

desenvolvimento e conclusão. É dentro desta estrutura que se desenvolve o

raciocínio argumentativo do autor do trabalho.

A seguir serão apresentadas, de modo breve, algumas orientações gerais

para a elaboração da parte textual do trabalho acadêmico. No capítulo 12 deste

manual encontram-se as orientações específicas para a redação científica do texto

acadêmico.

6.3.1 Introdução do trabalho acadêmico

Como o próprio nome sugere, é a parte destinada à apresentação geral do

trabalho, devendo fornecer as informações necessárias para o entendimento do

assunto tratado no estudo: a formulação e a delimitação do problema, os objetivos e

justificativas do estudo e a indicação da metodologia utilizada. Por sua função de

Page 51: Apostila metodologia e_pensame

50

apresentação, a introdução deve ser redigida de modo a despertar o interesse e

prender a atenção do leitor.

Nos trabalhos acadêmicos, a introdução deve anunciar o tema do trabalho,

delimitando com clareza a extensão e a profundidade adotadas em sua abordagem.

É necessário mostrar precisamente qual é a questão específica da qual o estudo se

ocupa (formulação do problema) e os propósitos buscados ao longo da investigação

(objetivos). É necessário ter o cuidado, entretanto, de não entrar em detalhes sobre

o desenvolvimento do tema nesta parte trabalho e, principalmente, de não anunciar

as conclusões sobre o problema proposto. No capítulo 10 deste manual, encontram-

se as orientações para a formulação de uma “boa pergunta de partida”.

Para Salomon (2000, p. 339), a introdução deve cumprir ainda uma outra

função: a de apresentar, de forma sintética, o “quadro de referência teórico” do

trabalho, através de uma breve referência aos estudos mais importantes dedicados

ao problema, de modo a indicar as lacunas que justificam a existência do trabalho

que será desenvolvido.

Na introdução, quando são utilizadas idéias e/ou conceitos de outros autores,

é necessário referenciá-los corretamente, de acordo com o padrão ABNT de

citações (demonstrado no capítulo 7 deste manual). É recomendado bom senso no

uso de citações nesta parte do trabalho, uma vez que esta não se destina ao

aprofundamento do tema, mas a sua contextualização geral. Neste sentido,

recomenda-se o uso de citações indiretas, quando necessário.

Na introdução deve-se também explicar porque é importante estudar o tema

escolhido, indicando-se todas as contribuições que o estudo pode trazer para a

academia e para a sociedade (justificativa do trabalho).

Para explicitar qual a metodologia empregada no estudo, o autor deve relatar

de modo sucinto se a abordagem é qualitativa ou quantitativa, se o trabalho tem

finalidade descritiva ou explicativa, se foi utilizado algum experimento ou trabalho de

campo, etc.

No anexo A deste manual, encontra-se um resumo das tipologias de pesquisa

que podem ser empregadas no trabalho acadêmico.

No capítulo introdutório, não há necessidade de destacar em subtítulos cada

um dos itens referidos, de modo que todas as informações podem aparecer sob um

mesmo título: introdução. Entretanto, a norma 14724:2005 da ABNT não faz

Page 52: Apostila metodologia e_pensame

51

restrições à tal subdivisão, que pode ser utilizada quando há necessidade de uma

introdução extensa ao trabalho.

6.3.2 Desenvolvimento do trabalho acadêmico

O desenvolvimento constitui o núcleo do trabalho acadêmico, sendo por isso

sua parte mais extensa. Nele, o autor descreve e analisa os fatos e apresenta suas

idéias principais, argumentando em favor de sua validade.

De acordo com Severino (2002, p. 75), o trabalho acadêmico deve “transmitir

uma mensagem”, isto é, comunicar os resultados da pesquisa e da reflexão do autor

sobre o tema proposto. Esta é a principal função do desenvolvimento em um

trabalho acadêmico: fazer a demonstração das idéias do autor do trabalho a respeito

do tema escolhido, de modo a construir as bases para a tomada de posição em

relação ao problema formulado. Por isso o estudante discute os estudos já

existentes sobre o assunto e apresenta todos os demais dados resultantes de sua

pesquisa nesta etapa do trabalho.

É necessário descrever os conceitos, teorias e posições de autores sobre o

assunto tratado, fazendo a comparação dos argumentos divergentes ou

convergentes entre autores. Esta demonstração analítica das obras dos autores, que

constitui um elemento central no desenvolvimento do trabalho, é denominada por

alguns autores como referencial teórico ou revisão da literatura. Os resultados desta

análise crítica e comparativa das abordagens teóricas devem ser demonstrados,

explicitando-se o posicionamento do autor do trabalho.

Não é obrigatório separar um único capítulo para apresentar este referencial,

que pode estar integrado ao corpo do trabalho, dando sustentação ao

desenvolvimento da idéia principal da monografia. É muito importante também que

as teorias sejam apresentadas observando-se as normas de citação da ABNT, que

são apresentadas no capítulo 7 deste manual.

No caso das monografias que resultam de experimentos ou de trabalhos de

campo, é necessário ainda cumprir uma outra etapa, além da revisão bibliográfica,

referente à discussão e análise dos dados empíricos coletados (como, por exemplo,

a análise de entrevistas). A apresentação dos dados coletados pode incluir gráficos,

tabelas, e outros recursos que esclareçam a questão discutida. A análise destes

dados é elemento importante na construção da argumentação do autor do trabalho

Page 53: Apostila metodologia e_pensame

52

acadêmico, isto é, na demonstração de sua idéia ou tese principal. Por esta razão,

nos casos de trabalhos que envolvem dados empíricos, é recomendável também um

aprofundamento na explicação dos procedimentos metodológicos que foram apenas

anunciados na introdução (naquele momento se restringindo a classificar o tipo de

pesquisa e indicar os instrumentos de coleta de dados escolhidos). Neste caso, se o

autor do trabalho aplicou questionários, será necessário explicitar, por exemplo,

como as respostas foram quantificadas ou, no caso de entrevistas, a partir de que

perspectiva foram interpretadas as respostas.

Não só em virtude de sua extensão, como também de sua complexidade, o

desenvolvimento do trabalho deve ser dividido em subseções, numeradas

progressivamente, com a finalidade de melhor compreensão do tema exposto. De

acordo com Ruiz (1996, p. 76) não existe uma norma de divisão universal para todos

os tipos de monografia, sendo mais adequada aquela que melhor se ajusta à

natureza de cada trabalho, tendo em vista sua constituição e complexidade. É

recomendado apenas que se divida o corpo do texto no menor número possível de

partes, tanto no que diz respeito às seções quanto às subseções, adotando-se, para

cada uma delas um título que expresse claramente a idéia principal nelas contida.

6.3.3 Conclusão do trabalho acadêmico

Esta etapa constitui o momento de arremate do trabalho, no qual são

retomadas as principais idéias e argumentos desenvolvidos ao longo do trabalho,

reforçando-se desta maneira a demonstração da proposição central da monografia.

A conclusão, também chamada de considerações finais, deve ser breve e

concisa, respondendo com clareza ao problema elaborado na introdução e tratado

ao longo do desenvolvimento. Por isso a conclusão, segundo Köche (1997, p. 147),

é o ponto para o qual convergem todas as etapas do estudo, sendo uma

“decorrência natural” do que já foi demonstrado ao longo do trabalho. A conclusão é,

portanto, um trabalho de síntese dos principais resultados alcançados, sem maiores

análises, comentários ou citações. Como síntese, a conclusão deve relacionar as

diversas partes da argumentação e unir as idéias principais desenvolvidas.

É comum que no trabalho acadêmico se chegue a mais de uma conclusão.

Entretanto, não é permitida a inclusão de novos dados nesta parte do trabalho

(SALOMON, 2000, p. 349). Os assuntos apontados no desenvolvimento do trabalho

Page 54: Apostila metodologia e_pensame

53

e que não foram explorados devidamente, por fugirem ao objetivo principal da

monografia, devem ser recomendados como sugestões para futuras investigações.

6.4 NORMAS DE APRESENTAÇÃO DE ELEMENTOS PÓS-TEXTUAIS

Os elementos pós-textuais devem ser apresentados conforme 6.4.1 a 6.4.5.

6.4.1 Referências bibliográficas

As referências bibliográficas são constituídas por conjuntos padronizados de

elementos descritivos, retirados dos documentos consultados, e que permitem a

identificação dos mesmos. Para compor as referências bibliográficas, o autor do

trabalho acadêmico deve dispor de informações tais como autor, título, local, editora

e ano de publicação dos documentos consultados. As normas específicas para

elaboração da referências bibliográficas encontram-se no capítulo 8 deste manual.

6.4.2 Glossário

Elemento opcional do trabalho acadêmico, que consiste em uma relação de

palavras de uso restrito empregadas no texto, tais como termos técnicos, regionais,

arcaísmos, etc., que devem aparecer acompanhadas de suas respectivas definições.

O glossário deve ser apresentado em ordem alfabética e, ao contrário do

índice, não deve conter indicação das páginas nas quais ocorrem os termos.

6.4.3 Apêndice(s)

Elemento opcional, composto de documentação complementar ao trabalho,

elaborada pelo autor do mesmo. Cada apêndice é apresentado em folha própria e

identificado através de letras maiúsculas consecutivas, seguidas de travessão e dos

respectivos títulos em letras minúsculas. Nos casos em que, excepcionalmente, a

lista exceder as letras do alfabeto, usam-se letras maiúsculas dobradas.

Exemplo: APÊNDICE A – Resultados da avaliação 360° na empresa

Transportes e Cargas LTDA.

Page 55: Apostila metodologia e_pensame

54

6.4.4 Anexo(s)

Elemento opcional, composto de documentação não elaborada pelo autor,

cujas informações complementam o trabalho.

Cada anexo é apresentado em folha própria e identificado através de letras

maiúsculas consecutivas, seguidas de travessão e dos respectivos títulos em letras

minúsculas.

Nos casos em que, excepcionalmente, a lista exceder as letras do alfabeto,

usam-se letras maiúsculas dobradas.

Exemplo: ANEXO A – Contrato social da empresa Transportes e Cargas

LTDA.

6.4.5 Índice

Elemento opcional, composto de uma lista de palavras ou frases, ordenadas

segundo certo critério (por exemplo, índice onomástico ou de assunto), com a

respectiva indicação das páginas em que aparecem no texto. É utilizado apenas

quando a extensão e a complexidade do trabalho exigem rápida localização das

informações citadas no texto. No caso, por exemplo, de um trabalho que cite grande

quantidade de empresas ao longo do texto, é recomendável a elaboração de um

índice para que os leitores localizem mais facilmente cada uma das empresas

citadas.

6.5 NORMAS GERAIS DE FORMATAÇÃO

Nesta seção serão apresentadas as normas de formatação que permitem a

padronização da apresentação gráfica dos trabalhos acadêmicos, de acordo com a

norma NBR 14724:2005 da ABNT. As mesmas encontram-se resumidas no

apêndice A.

6.5.1 Formato

O trabalho deve ser digitado em papel A4 (210x297 mm) apenas no anverso

(frente) da folha.

Page 56: Apostila metodologia e_pensame

55

Embora a norma NBR 14724:2005 da ABNT não determine uma fonte

específica para a digitação do trabalho (recomendando apenas que seja utilizada a

mesma para todo o trabalho), este manual recomenda o uso das fontes arial ou

times new roman.

O tamanho da fonte utilizada é 12 para todo o trabalho, com exceção das

citações diretas com mais de três linhas, paginação, legendas de ilustrações e de

tabelas e notas de rodapé, cujas fontes devem ser menores e uniformes.

6.5.2 Margens

As folhas devem apresentar margem superior e esquerda de 3 cm e inferior e

direita de 2 cm.

O início de cada parágrafo do texto deve ser recuado a 1 TAB a partir da

margem esquerda.

6.5.3 Espacejamento

O texto deve ser digitado com espaço 1,5 de entrelinhas, com exceção das

citações diretas com mais de 3 linhas, notas de apresentação, notas de rodapé,

legendas das ilustrações e das tabelas e referências bibliográficas, cujos espaços de

entrelinhas devem ser simples.

Para separar os títulos das seções dos parágrafos anterior e posterior devem

ser usados dois espaços de 1,5 (dois enter). Este mesmo padrão de espaçamento

deve ser utilizado para separar as citações diretas com mais de 3 linhas, as tabelas,

as ilustrações e as alíneas dos parágrafos anterior e posterior a estes elementos. Ao

longo do restante do trabalho, usa-se apenas 1 espaço de 1,5 (isto é, 1 enter) para

separar um parágrafo de outro. Os parágrafos são iniciados com recuo de 1 TAB da

margem esquerda. Os parágrafos do texto deste manual podem ser tomados como

exemplo.

6.5.4 Paginação

Todas as folhas que compõem o trabalho, a partir da folha de rosto, são

contadas seqüencialmente, porém a numeração de página somente aparece a partir

Page 57: Apostila metodologia e_pensame

56

da primeira folha da parte textual do trabalho (introdução).

A numeração da página é feita com algarismos arábicos, digitados com fonte

menor que 12 e colocados no canto superior direito da folha.

No caso de existirem apêndices e/ou anexos, as folhas dos mesmos são

também contadas e numeradas, obedecendo à seqüência do trabalho.

6.5.5 Numeração progressiva das seções

A numeração progressiva tem a função de evidenciar a sistematização do

conteúdo do trabalho. As principais divisões do texto são chamadas de seções

primárias (ou capítulos). Estas subdividem-se em seções secundárias, que se

subdividem em terciárias, e assim por diante, recomendando-se limitar as

subdivisões até as seções quinárias, para não comprometer a fluidez do texto.

Todas as seções do trabalho devem, sem exceção, conter um texto relacionado a

elas. Isto significa que não se deve abrir uma nova seção sem que nenhum texto

tenha sido escrito na seção anterior.

Os títulos das seções textuais devem ser alinhados à esquerda. Seu

indicativo numérico é feito com algarismos arábicos, que precedem o título da seção,

separado da mesma por um espaço. Não se deve utilizar ponto, hífen, travessão ou

qualquer outro sinal após o número indicativo da seção. Os títulos das seções pré-

textuais e pós-textuais não são numerados e devem aparecer centralizados na folha,

com letras maiúsculas negritadas. Os títulos das seções primárias (capítulos) devem iniciar em nova folha. O

indicativo destas seções deve ser grafado em números inteiros a partir de 1. O

indicativo de uma seção secundária é constituído pelo número inteiro indicativo da

seção primária a que pertence, seguido de ponto e do número que lhe for atribuído

na seqüência do assunto, repetindo-se o mesmo procedimento em relação às

demais seções.

Exemplo de título de seção secundária: 3.1 O MÉTODO DO ESTUDO DE

CASO

Os títulos das seções devem ser destacados tipograficamente: as seções

primárias são grafadas com letras maiúsculas negritadas, as seções secundárias

com letras maiúsculas sem negrito, as seções ternárias com letras minúsculas

negritadas, e as seções quaternárias e quinárias com letras minúsculas sem negrito.

Page 58: Apostila metodologia e_pensame

57

Esta mesma formatação tipográfica deve ser reproduzida no sumário do trabalho.

6.5.6 Uso de aspas, itálico e negrito

As aspas são utilizadas no início e no final de citações diretas com até três

linhas, ou de termos utilizados com sentido irônico ou, ainda, com significado

diferente (como apelidos e gírias).

O recurso tipográfico do negrito é utilizado para destacar palavras que

merecem ênfase (somente quando não for possível dar realce pela redação) e no

título das obras que constam nas referências bibliográficas.

O itálico é um recurso tipográfico utilizado para destacar:

a) palavras e frases em língua estrangeira;

b) expressões em latim;

c) nomes de espécies em Botânica, Zoologia e Paleontologia;

d) títulos de documentos (livros, revistas, artigos e outros) citados no texto.

6.5.7 Notas de rodapé

As notas de rodapé destinam-se a esclarecer, comprovar ou justificar

informações, cuja inclusão no texto prejudica a fluência de sua leitura.

São inseridas por comando dado ao computador, que as posiciona ao final da

folha, dentro das margens, mas sob uma linha horizontal. As notas devem ser

numeradas seqüencialmente em algarismo arábicos e digitadas em fonte menor que

a do texto, com espacejamento simples entre as linhas (porém duplo entre notas

localizadas na mesma página). A numeração é única e consecutiva para cada

unidade importante do trabalho (capítulo ou seção primária). Não se deve reiniciar a

numeração a cada página.

6.5.8 Alíneas

Quando for necessário enumerar diversos assuntos dentro de uma seção,

sem lhes atribuir um título, deve-se utilizar a subdivisão por alíneas. Observe a

formatação das alíneas que vão da letra a até a letra f, contidas nesta mesma seção,

Page 59: Apostila metodologia e_pensame

58

que pode ser tomada como modelo. A disposição gráfica das alíneas obedece às

seguintes regras:

a) o trecho final do texto anterior às alíneas termina em dois pontos;

b) as alíneas são ordenadas alfabeticamente, com letras minúsculas

seguidas de sinal de fechamento de parênteses;

c) as alíneas são recuadas a 1 TAB a partir da margem esquerda;

d) o texto de cada alínea começa por letra minúscula e termina em ponto-e-

vírgula, exceto a última, que termina em ponto;

e) a segunda e as demais linhas de uma alínea devem estar alinhadas com a

primeira letra da própria alínea;

f) quando o texto exige, as alíneas podem ser divididas em subalíneas,

começando por hífen e terminando sempre em vírgula.

6.5.9 Siglas e abreviaturas

Quando aparecem pela primeira vez em um texto, devem ser precedidas do

nome completo que as descreve e colocadas entre parênteses. Outras vezes em

que aparecem no texto, escreve-se apenas a sigla ou a abreviatura.

Exemplo: de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE), houve declínio da renda nacional durante o período. O IBGE prepara nova

pesquisa.

6.5.10 Normas para inclusão de ilustrações

Qualquer que seja o tipo de ilustração (gráfico, organograma, quadro, etc.)

sua identificação aparece na parte inferior, onde se informa o tipo de ilustração e o

algarismo arábico que indica sua ordem de ocorrência no texto, seguido de uma

breve e explicativa legenda.

Logo abaixo da legenda, é mencionada a fonte de onde foi extraída a

ilustração, indicando-se sobrenome do autor, data e página da obra de referência.

Quando elaborada pelo autor do trabalho, a fonte é designada como “elaboração

própria”. Se for adaptada de outrem, a indicação correta é “adaptada de” seguida do

sobrenome do autor, ano e página da fonte consultada.

Page 60: Apostila metodologia e_pensame

59

As ilustrações devem estar localizadas o mais próximo possível do trecho do

texto que as menciona. Contudo, em caso de ilustrações extensas, estas podem ser

apresentadas nos anexos do trabalho. Os quadros e as figuras apresentadas neste

manual podem ser tomadas como modelo de formatação de ilustrações.

Cumpre esclarecer que a ABNT não considera tabela como ilustração e

determina regras específicas para sua formatação, que serão apresentadas na

seção a seguir.

6.5.11 Normas para inclusão de tabelas

Conforme a norma NBR 14724:2005 da ABNT, a inclusão de tabelas nos

trabalhos acadêmicos deve seguir as normas de apresentação definidas pelo

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Uma tabela, de acordo com o

IBGE (1993, p.9) é uma “forma não discursiva de apresentar informações, nas quais

o dado numérico se destaca como informação central”.

É importante esclarecer que um quadro é uma ilustração semelhante à tabela,

por ser constituído basicamente de colunas e linhas. Contudo, os quadros

apresentam informações textuais, enquanto as tabelas apresentam, essencialmente,

informações numéricas.

A identificação de uma tabela deve ser feita na parte superior, com algarismos

arábicos, numerados de modo crescente, precedidos da palavra TABELA e seguidos

de título identificando a época, o local e o fenômeno descrito. Conforme o exemplo

fornecido ao final desta seção do manual: TABELA 1: Produção de petróleo na

Bahia (1998-2000).

No rodapé da tabela, deve ser indicada sua fonte, apresentando-se o

sobrenome do autor, o ano e a página da obra consultada. Estas informações

devem ser precedidas pela palavra Fonte.

Para facilitar a identificação dos dados apresentados, toda tabela deve

possuir cabeçalho, indicando o conteúdo das colunas. Conforme o exemplo

fornecido ao final desta seção do manual, os identificadores são “Ano” e “Produção”.

A moldura da tabela deve conter pelo menos três traços horizontais paralelos:

o primeiro para separar o topo, o segundo para separar o cabeçalho e o terceiro

para separar o rodapé. Não se utilizam traços verticais para delimitar a tabela à

esquerda e à direita. É facultativo o uso de traços verticais para separar as colunas.

Page 61: Apostila metodologia e_pensame

60

Não se utilizam traços horizontais para separar os conteúdos das colunas.

A numeração das tabelas pode estar subordinada às seções primárias do

trabalho, como, por exemplo, Tabela 10.3 (indicando a terceira tabela da décima

seção primária). Outra forma de numerar as tabelas é utilizando a numeração

seqüencial simples, como, por exemplo, Tabela 6 (indicando a sexta tabela

apresentada no trabalho, independente de sua localização nesta ou naquela seção).

Quando uma tabela, por excessiva altura, tiver de ocupar mais de uma

página, não deve ser delimitada na parte inferior, repetindo-se o cabeçalho na

página seguinte. Neste caso, deve-se usar, no alto do cabeçalho a designação

Continua ou Conclusão, conforme o caso.

Para a informação completa das normas de apresentação de tabelas,

recomenda-se a consulta às Normas de apresentação tabular (IBGE, 1993).

Exemplo de formatação de tabela:

TABELA 1: Produção de petróleo na Bahia (1998-2000)

Ano Produção (1.000 t)

1998

1999

2000

3.750

2.007

2.080

Fonte: Anuário Estatístico do Estado da Bahia (2002).

Page 62: Apostila metodologia e_pensame

61

UNIVERSIDADE DO GRANDE RIO PROFESSOR JOSÉ DE SOUZA HERDY ESCOLA DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

Curso de Administração

O MARKETING NO SÉCULO XXI: desafios e tendências

Felipe Martins da Silveira

Janaína Marcondes

José Gonçalves dos Santos

Duque de Caxias

2009

FIGURA 2: modelo de capa de trabalho acadêmico (observação: não utilizar bordas) Fonte: elaboração própria

Page 63: Apostila metodologia e_pensame

62

Figura 3: Modelo de folha de rosto de trabalho acadêmico (observação: não utilizar bordas)

Felipe Martins da Silveira

Janaína Marcondes

José Gonçalves dos Santos

O MARKETING NO SÉCULO XXI: desafios e tendências

Trabalho apresentado à disciplina de Marketing do curso de Administração da UNIGRANRIO como requisito para aprovação na mesma Orientador: Prof. Paulo Neves

Duque de Caxias

2009

Fonte: elaboração própria

Page 64: Apostila metodologia e_pensame

63

FIGURA 4: modelo de termo de aprovação (observação: não utilizar bordas)

TERMO DE APROVAÇÃO

IMPACTOS DO PROGRAMA DE QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO SOBRE O DESEMPENHO DE FUNCIONÁRIOS DE UMA EMPRESA DE

TRANSPORTES

Trabalho Final de Curso defendido por Felipe Martins da Silveira, Janaína Marcondes e José Gonçalves dos Santos, apresentado ao curso de Administração da Universidade do Grande Rio Prof. José de Souza Herdy (UNIGRANRIO) e aprovado em (dia) de (mês) de (ano) pela banca examinadora constituída pelos professores:

_________________________________________________

Prof. orientador Augusto Pereira Oliveira

_________________________________________________

Profa. Dra. Elisa de Sá

_________________________________________________

Prof. Dr. Pedro Henrique Manoel

Duque de Caxias

2009

Fonte: elaboração própria

Page 65: Apostila metodologia e_pensame

64

7 NORMAS PARA FAZER CITAÇÕES

A norma NBR 10520: 2002 da ABNT define como citação qualquer menção

de informações extraídas de outra fonte. A citação é direta quando se trata de

transcrição textual que reproduz exatamente o trecho original, e indireta quando se

trata de uma transcrição livre (que não reproduz exatamente o trecho original) do

pensamento do autor, mantendo-se, entretanto, a fidelidade ao conteúdo de seu

pensamento.

Na elaboração de trabalhos acadêmicos, é essencial a indicação das fontes

das citações utilizadas no texto. A prática de apontar claramente as origens das

idéias e conceitos utilizados na produção científica é importante tanto para a

orientação dos leitores, quanto para o respeito ao princípio da propriedade

intelectual. Aqueles que copiam a obra de outros autores sem autorização e sem

citar a fonte cometem plágio e estão sujeitos a punições previstas por lei (CABRAL,

1998, p. 78).

Não há fórmulas que permitam apontar a quantidade adequada de citações

em um trabalho. Análises críticas de teorias, por exemplo, requerem a transcrição de

vários trechos das obras. Contudo, não se deve desenvolver um trabalho como um

amontoado de citações. O uso das citações serve para fundamentar teoricamente o

raciocínio e as idéias do autor do trabalho e não para transferir o esforço intelectual

de criação para os autores consultados (ECO, 2004, 123).

É importante destacar que todas as obras citadas ao longo do texto devem

ser devidamente listadas nas referências bibliográficas, conforme as orientações

apresentadas no capítulo 8 deste manual.

De acordo com a ABNT, as citações podem ser apresentadas pelo sistema

numérico (inserido em notas de rodapé) ou pelo sistema autor-data, dentro do

próprio texto. Para a padronização dos trabalhos acadêmicos apresentados à Escola

de Ciências Sociais Aplicadas da UNIGRANRIO, é recomendado o sistema autor-

data, que será exemplificado em todos os modelos apresentados neste manual. As

notas de rodapé ficam neste caso reservadas para a inserção de notas explicativas.

A seguir serão apresentadas as regras gerais para fazer citações, válidas

para todos os tipos de documentos, inclusive os retirados da internet. A citação de

trechos de documentos retirados da internet não requer a indicação do endereço do

site no texto, mas tal indicação deve aparecer nas referências bibliográficas.

Page 66: Apostila metodologia e_pensame

65

7.1 NORMAS PARA CITAÇÕES DIRETAS

Há duas formas de apresentação das citações diretas. Na primeira forma,

cita-se o autor (pelo sobrenome) ou a instituição responsável pela idéia, ou, ainda, o

título de entrada do documento consultado (no caso de autoria desconhecida) e,

entre parênteses, o ano da obra, o volume (quando houver mais de um) e o número

da página da qual foi retirada a citação, separados por vírgula. Em seguida

apresenta-se, entre aspas duplas, a transcrição da idéia do autor. Exemplo:

De acordo com Katz e Kahn (1987, p. 237), a autoridade é “o poder associado a

uma posição em uma organização.”

Uma outra forma de fazer as citações diretas consiste em apresentar primeiro,

entre aspas duplas, a transcrição da idéia e depois, entre parênteses, o sobrenome

do autor (ou o nome da instituição ou, ainda, o título de entrada), o ano e a página

referentes ao documento que serviu de fonte. Neste caso, a autoria deve ser

destaca com letras maiúsculas. Exemplo:

Neste artigo, a autoridade é conceituada como “o poder associado a uma posição

em uma organização.” (KATZ; KAHN, 1987, p. 237).

As citações diretas com até 3 linhas são demarcadas por aspas duplas. As

aspas simples são utilizadas apenas quando o autor do trecho citado já havia

utilizado aspas no trecho selecionado. Exemplo:

Segundo Vianna (2000, p. 65) “uma das características que se sobressaem na

cultura brasileira é o ‘jeitinho’, ou a habilidade de burlar a aplicação da lei”.

A citação direta com mais de três linhas deve ser apresentada sem aspas, em

um parágrafo distinto, com recuo de 4 cm a partir da margem esquerda, espaço

simples de entrelinhas e fonte menor do que a utilizada no texto. É recomendada a

utilização de 2 espaços de 1,5 (2 enter) entre este tipo de citação e os parágrafos

anterior e posterior do texto. O modelo encontra-se a seguir:

Page 67: Apostila metodologia e_pensame

66

É importante destacar as características de um bom plano de negócios:

Que seja uma ferramenta para o empreendedor expor suas idéias em uma linguagem que os leitores do plano de negócios entendam e, principalmente, que mostre viabilidade e probabilidade de sucesso em seu mercado. O plano de negócios é uma ferramenta que se aplica tanto no lançamento de novos empreendimentos quanto no planejamento de empresas maduras (DORNELAS, 2005, p.40).

Para este tipo de citação, também é possível utilizar o modelo de

apresentação que primeiro indica a autoria da idéia. Exemplo:

É importante mencionar as características que, segundo Dornelas (2005, p. 40),

constituem um bom plano de negócios:

Que seja uma ferramenta para o empreendedor expor suas idéias em uma linguagem que os leitores do plano de negócios entendam e, principalmente, que mostre viabilidade e probabilidade de sucesso em seu mercado. O plano de negócios é uma ferramenta que se aplica tanto no lançamento de novos empreendimentos quanto no planejamento de empresas maduras.

Nas citações diretas é possível omitir partes do texto, desde que, é claro, não

seja comprometido seu sentido original. A supressão deve ser indicada por

reticências entre colchetes. Exemplo:

Durkheim (1989, v.2, p. 167) já havia destacado a importância do sentido da tarefa

para o trabalhador especializado:

A divisão do trabalho pressupõe que o trabalhador, bem longe de permanecer curvado sobre a sua tarefa, não perca de vista os seus colaboradores, aja sobre eles e receba a sua influência. Não é portanto uma máquina que repete movimentos de que não apercebe a direção, mas sabe que tendem para algum lado, para uma finalidade [...].

7.2 NORMAS PARA CITAÇÕES INDIRETAS

A apresentação sintetizada das idéias de um autor dispensa o uso de aspas.

Deve-se indicar a autoria (ou o título do documento, no caso de autoria

Page 68: Apostila metodologia e_pensame

67

desconhecida) e o ano do documento. A indicação do número da página é opcional,

porém recomendada. Embora a citação indireta não reproduza exatamente a

redação do texto do autor consultado, é importante estar atento ao raciocínio do

autor, para que a idéia destacada não tenha seu sentido original adulterado

(MATTAR NETO, 2005, p. 232). Exemplos:

Como já demonstrado por Zarifian (2001, p. 56), a competência não nega as

qualificações dos trabalhadores; ao contrário, as valoriza.

A competência não nega as qualificações dos trabalhadores; ao contrário, as

valoriza (ZARIFIAN, 2001, p.56).

Respeitar os princípios do desenvolvimento sustentável significa adotar formas de

desenvolvimento que atendam às necessidades atuais da humanidade, sem

comprometer a possibilidade de as gerações futuras também o fazerem

(COMISSÃO MUNDIAL PARA O MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO, 1991).

A citação indireta pode estar baseada em obras de diversos autores, que

devem ser mencionados simultaneamente, em ordem alfabética, separados por

ponto-e-vírgula. Exemplo:

Como já apontado em diversos estudos, os empreendedores são grandes

propulsores do desenvolvimento econômico (DRUCKER, 1987; SACHS, 1986;

SCHUMPETER, 1982).

7.3 NORMAS PARA CITAÇÃO DE CITAÇÃO

É a citação (direta ou indireta) de um texto ao qual não se teve acesso. Este

tipo de citação só deve ser utilizado quando não for possível a consulta ao

documento original, como é o caso de documentos muito antigos ou cujos dados

não permitam sua localização. Nas referências, lista-se apenas a obra consultada

(no caso do exemplo a seguir, a obra de Chiavenato). Em nota de rodapé pode-se

inserir a referência completa da obra citada (no caso do exemplo, a obra de Levitt).

Page 69: Apostila metodologia e_pensame

68

Os exemplos a seguir retratam uma citação de Levitt retirada da obra de Chiavenato:

Uma das mais importantes mudanças no campo da gestão das organizações diz

respeito ao deslocamento do foco das estratégias do produto para o cliente: “Uma

indústria é um processo de satisfação de consumidores e não simplesmente um

processo de produção de bens.” (LEVITT, 1966, p.63 apud CHIAVENATO,1999, p.5.

De acordo com Levitt (1996 apud CHIAVENATO, 1999, p. 267), o principal objetivo

de uma organização deve ser a satisfação de seus consumidores e não

simplesmente a produção de bens.

7.4 NORMAS COMPLEMENTARES PARA CITAÇÕES

Os modelos de apresentação de citações abordados anteriormente sofrem

variações nas situações relatadas a seguir.

Quando for necessário citar, direta ou indiretamente, documentos diferentes

de um mesmo autor, porém publicados em um mesmo ano, acrescentam-se, após a

indicação da data, letras minúsculas em ordem alfabética. Exemplo:

A organização de um departamento de comércio exterior sempre dependerá de um

eficiente sistema de vendas na exportação (LUDOVICO, 1999a) e de um atualizado

sistema de compras na importação (LUDOVICO, 1999b).

No caso das citações indiretas de diversos documentos de mesma autoria,

publicados em anos diferentes e mencionados ao mesmo tempo, as respectivas

datas devem ser informadas (separadas por vírgulas) após a indicação do autor.

Exemplo:

De acordo com Chiavenato (1999, 2002) os países mais bem sucedidos são aqueles

dotados de conhecimento e tecnologia e que sabem agregar valor e competir com

produtos e serviços de melhor qualidade e de menor preço.

Page 70: Apostila metodologia e_pensame

69

No caso da citação de dois autores com o mesmo sobrenome, deve-se

diferenciá-los pelo uso das iniciais de seus prenomes. Permanecendo a

coincidência, colocam-se os prenomes por extenso. Exemplo:

Segundo Ribeiro, C. (1986, p.5) as fronteiras dos negócios no mundo todo estão

desaparecendo. Este fenômeno globalizante, para Ribeiro, H. (2000, p. 219) “é

melhor aproveitado pelos países desenvolvidos do que pelos emergentes”.

Quando a citação constituir texto traduzido pelo autor do trabalho, deve-se

incluir, após a indicação da página, a expressão tradução nossa, em letras

minúsculas. Exemplo:

“A informação constitui o mais poderoso recurso do gerenciamento” (DAVENPORT,

1994, p. 34, tradução nossa).

Para enfatizar trechos da citação, pode-se destacá-los em negrito, indicando-

se tal alteração com a expressão grifo nosso (em letras minúsculas), após a

indicação da página, ou grifo do autor (em letras minúsculas), quando o destaque já

fizer parte da obra consultada. Exemplo:

Desta forma, cabe destacar que “o líder deve descobrir as necessidades do

trabalhador e responder a elas” (HAMMER; CHAMPY, 1976, p. 90, grifo nosso).

Para as citações de documentos sem autoria definida, é suficiente indicar, em

letras maiúsculas, apenas a primeira palavra do título do documento (precedida do

artigo, quando for o caso) seguida de reticências e das informações restantes (ano

do documento e página consultada). Exemplo:

“Nas lavouras, as crianças eram levadas ao trabalho a partir dos 5 anos de idade”

(OS CANAVIAIS..., 1995, p.6).

No caso de citação de uma única obra com mais de três autores, utiliza-se a

expressão et al após a indicação do sobrenome do primeiro autor da lista. No

Page 71: Apostila metodologia e_pensame

70

exemplo a seguir, o conceito retirado do livro de Caravantes, Kloeckner, Panno e

Gluckman é citado da seguinte forma:

Para Caravantes et al (2006, p. 17) a Teoria Organizacional não é necessariamente

uma Teoria Gerencial.

Quando se tratar de dados obtidos por informação verbal (palestras, debates,

etc.), deve-se indicar, entre parênteses a expressão “informação verbal”,

mencionando-se os dados disponíveis (autor, nome e data do evento, nome da

instituição no qual ocorreu, etc.) em nota de rodapé. Exemplo:

A empresa Groelândia Television enfrentou sérios problemas de choque cultural

durante processo de fusão (informação verbal)¹.

___________

¹ Informação fornecida por Peter Smith no II Congresso Nacional de Gestão de

Culturas, em São Paulo, em Março de 2007.

Quando a informação verbal for obtida por meio de entrevista, deve ser citada

pelo sobrenome do entrevistado, seguido de vírgula e do ano de realização ou de

publicação da entrevista. Exemplo:

Conforme relatou o gerente de produção da organização, os principais problemas de

distribuição de produtos foram contornados com a implantação do novo sistema

(RODRIGUES, 2004).

Page 72: Apostila metodologia e_pensame

71

8 NORMAS PARA ELABORAÇÃO DE REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

As referências bibliográficas, de acordo com NBR 6023: 2002 da ABNT, são

conjuntos padronizados de elementos descritivos, retirados dos documentos

consultados, que permitem a identificação dos mesmos.

É importante não confundir referência bibliográfica com bibliografia. As

referências bibliográficas apresentam a lista dos documentos efetivamente citados

pelo autor ao longo de seu trabalho. A função das referências bibliográficas é,

portanto, a de permitir a identificação dos documentos que viabilizaram o

desenvolvimento de um trabalho. Já a bibliografia é a relação de todos os

documentos existentes sobre determinado assunto ou produzidos por determinado

autor, mesmo que não citados por quem elabora um trabalho acadêmico.

As referências bibliográficas, de acordo com a ABNT, podem aparecer no

rodapé da página, no fim de cada capítulo ou em lista ao final do texto, sendo

possível ordená-las por ordem alfabética ou por ordem de citação no texto.

Para fins de padronização dos trabalhos acadêmicos apresentados à Escola

de Ciências Sociais Aplicadas da UNIGRANRIO, recomenda-se a apresentação das

referências em lista própria, ordenada alfabeticamente e localizada após a

conclusão do trabalho.

Para efeito das regras gerais de apresentação, as referências devem ser

alinhadas somente à margem esquerda do texto, de modo que seja possível

identificar individualmente cada documento, com espaço simples de entrelinhas na

mesma referência e dois espaços simples entre uma referência e outra.

Este manual não pretende abordar todos os casos previstos na norma ABNT

para elaboração de referências. É recomendado, por isso, a consulta a esta norma

para o esclarecimento dos casos aqui omitidos.

A elaboração correta das referências bibliográficas requer a identificação do

tipo de material a ser referenciado (monografia, publicação periódica, evento, etc.),

pois as informações solicitadas variam de acordo com o suporte documental no qual

se apresentam.

A seqüência mais comum de elementos essenciais de uma referência pode

ser apresentada da seguinte maneira (MATTAR NETO, 2005, p. 213):

Page 73: Apostila metodologia e_pensame

72

SOBRENOME DO AUTOR, Prenome. Título. Edição. Local: Editora, data.

A memorização desta seqüência genérica permite elaborar vários tipos de

referência. Contudo, para a consulta mais proveitosa deste manual, recomenda-se,

além da identificação do tipo de material a ser referenciado (monografia, publicação

periódica, evento, etc.), a identificação do tipo de autoria do documento (autor

pessoal, autor entidade, sem autoria determinada, etc.), já que as seções de

apresentação das normas encontram-se divididas por estes critérios. A última seção

(8.10) é reservada à apresentação das normas gerais, que se aplicam a todos os

tipos de documento.

8.1 MONOGRAFIA

A norma NBR 6023:2002 da ABNT inclui nesta categoria livros, manuais,

guias, catálogos, enciclopédias e dicionários, além dos trabalhos acadêmicos, tais

como trabalhos monográficos, teses e dissertações. Para referenciar corretamente

as monografias é importante distinguir os casos em que se consulta a obra como um

todo, dos casos em que se consulta apenas uma parte.

As partes de uma monografia incluem capítulos, verbetes, entre outros. A

forma de referenciar a parte consultada muda conforme o autor da parte coincide ou

não com o autor da obra como um todo.

A seguir serão apresentados os modelos correspondentes a cada um dos

casos mencionados:

8.1.1 Monografia no todo

SOBRENOME, prenome do autor. Título da obra: subtítulo. ed. Local: Editora, ano. volume (v.). MEDEIROS, João Bosco. Manual da secretária: técnicas de trabalho. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2003. DURKHEIM, Émile. A divisão do trabalho social. 3 ed. Lisboa: Editorial Presença, 1989. 2 v.

Page 74: Apostila metodologia e_pensame

73

8.1.2 Parte de monografia de mesmo autor

SOBRENOME, prenome do autor . Título da parte. In: _____. Título da obra: subtítulo. Local: Editora, ano. nº cap., p. inicial-final da parte consultada. CHIAVENATO, Idalberto. O ambiente das organizações. In: _____. Administração dos novos tempos. Rio de Janeiro: Campus, 1999. cap. 3 (parte II), p. 73-98.

8.1.3 Parte de monografia com autoria própria Este caso se refere à consulta de um texto específico contido em uma

coletânea de textos de vários autores, sendo necessário informar o nome do

responsável pelo conjunto da obra, seguido da indicação abreviada do status de sua

participação, como, por exemplo, organizador (Org.) ou coordenador (Coord.).

SOBRENOME, prenome do autor da parte. Título da parte: subtítulo. In: SOBRENOME, prenome do responsável pela obra. Título da obra: subtítulo. Local: Editora, ano. p. inicial-final da parte consultada. NEIVA, Elaine Rabelo. Metodologia para avaliação da mudança organizacional. In: LIMA, Suzana Maria Valle (Org.). Mudança organizacional: teoria e gestão. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2003. p. 191-216.

8.1.4 Teses, dissertações e trabalhos monográficos

SOBRENOME, Prenome do autor. Título: subtítulo. ano. no pag. Categoria (Grau e Área de concentração) – Instituição, Local. FURTADO, Júnia Ferreira. O livro da capa verde: a vida no Distrito Diamantino no período da Real Extração. 1991. 262 p. Dissertação (Mestrado em História) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências, Universidade de São Paulo, São Paulo. 8.1.5 Monografia disponível na internet

Ao referenciar monografias consultadas on line, devem-se mencionar todas

as informações essenciais do documento, conforme os modelos anteriormente

apresentados. Devem ser acrescentadas as informações sobre o endereço

eletrônico e a data de acesso do documento, sendo opcional o acréscimo dos dados

referentes a hora, minutos e segundos deste acesso.

Page 75: Apostila metodologia e_pensame

74

TEIXEIRA JR., Alberto. Sistemas de informação na gestão da pequena e média empresa brasileira. Monografia (Pós-graduação em Auditoria e Controladoria) – Fundação Educacional Jaime de Altavila, Maceió, 2001. 45 p. Disponível em: <http://www.biblioteca.sebrae.com.br/>. Acesso em: 28 jan. 2006.

8.2 PUBLICAÇÃO PERIÓDICA

Periódicos são publicações editadas em unidades sucessivas, tais como

jornais, revistas, cadernos, etc., com designações numéricas ou cronológicas e

continuidade indefinida. Não devem ser confundidos com coleções ou séries, que

reúnem conjuntos específicos de obras com correspondência temática entre si e

com um número definido de unidades sucessivas.

8.2.1 Parte de publicação periódica (artigo e/ou matéria de revista)

SOBRENOME, prenome do autor. Título do artigo/matéria. Título do periódico, Local, ano, volume, número, p. inicial-final, data ou intervalo de publicação. FORJAZ, Maria Cecília Espina. Globalização e crise do Estado Nacional. Revista de Administração de Empresas, São Paulo,v. 40, n.2, p. 38-50, abr./jun. 2000. PADUAN, Roberta. A agenda do Ponto Frio. Exame, São Paulo, ano 38, n.20, p. 48-50, 13 out. 2004. 8.2.2 Parte de publicação periódica (artigo e/ou matéria de jornal)

SOBRENOME, prenome do autor. Título do artigo/matéria. Título do periódico, Local, data de publicação. Seção ou caderno do jornal, paginação correspondente. Quando não houver seção ou caderno, a paginação precede a data. LEIRAS, Daniela. Pós-graduação eleva salários médios em 66%. O Globo, Rio de Janeiro, 27 nov. 2005. Caderno Boa Chance, p.5. 8.2.3 Artigo e/ou matéria de periódico disponível na internet

As referências devem obedecer aos padrões já indicados para periódicos,

acrescentando-se, ao final, informações sobre o endereço eletrônico e a data de

acesso do documento, sendo opcional o acréscimo dos dados referentes a hora,

minutos e segundos deste acesso.

Page 76: Apostila metodologia e_pensame

75

BENDASSOLLI, Pedro Fernando. Chega de diversão!. RAE Executivo, São Paulo, v. 2, n. 4, p. 57-61, nov 2003 a jan. 2004. Disponível em: <http://www.rae.com.br/executivo/>. Acesso em: 12 fev. 2005.

8.3 EVENTO

Inclui todos os documentos reunidos em produto final (atas, anais, resumos,

entre outros) próprio de um evento (Congresso, Seminário, Simpósio, etc.).

8.3.1 Trabalho apresentado em evento

SOBRENOME, prenome do autor. Título do trabalho. In: NOME DO EVENTO, numeração do evento, ano, local de realização. Tipo do documento (anais, atas, etc.)... Local: Editora, data de publicação. p. inicial-final. VIEIRA JR., Cláudio. Um sistema de gerenciamento de base de dados orientado a objetos. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE BANCO DE DADOS, 4, 1995, Manaus. Anais... Manaus: Imprensa Universitária da UFA, 1995. p. 9-18.

8.3.2 Trabalho apresentado em evento disponível na internet

A referência obedece aos padrões indicados para trabalhos apresentados em

evento, acrescentando-se ao final as informações referentes ao endereço e à data

de acesso do documento consultado.

LEMOS, Charlene Kathlen de. Bibliotecas comunitárias em regiões de exclusão social na cidade de São Paulo. In: ENCONTRO NACIONAL DOS ESTUDANTES DE BIBLIOTECONOMIA, DOCUMENTAÇÃO, CIÊNCIA E GESTÃO DA INFORMAÇÃO, 26., 2003, Curitiba. Anais eletrônicos... Disponível em: <http://www.decigi.ufpr.br/anais_enebd/documentos/oral/artigoeneb.rtf>. Acesso em: 20 jul. 2004.

8.4 IMAGEM EM MOVIMENTO

Inclui filmes, fitas de videocassete, DVD, entre outros.

TÍTULO do filme. Direção de. Produção de. Local: produtora, data. Suporte em unidades físicas.

Page 77: Apostila metodologia e_pensame

76

BLADE Runner. Direção de Ridley Scott. Produção de Michael Deeley. Los Angeles: Warner Brothers, 1991. 1 DVD

Quando necessário, acrescentam-se elementos complementares para melhor

identificar o documento, tais como intérpretes, autor do roteiro, tempo de duração do

filme, etc.

8.5 ENTREVISTA

A referência é diferenciada para entrevistas publicadas e não-publicadas.

8.5.1 Entrevista publicada

SOBRENOME, Prenome do entrevistado. Título da entrevista. Referência da publicação. Nota de Entrevista. CARDOSO, Fernando Henrique. Fim do sufoco. Veja, São Paulo, ano 32, n. 51, p. 11-13, 22 dez. 1999. Entrevista concedida a Expedito Filho e Guilherme Barros.

8.5.2 Entrevista não-publicada

SOBRENOME, Prenome do entrevistado. Nota indicando a origem da entrevista. Local, data. WATKINS, Maurício. Entrevista concedida a Maria Helena Negrão Iwerson. Curitiba, 20 out. 1998.

8.6 INFORMAÇÃO VERBAL

O seguinte modelo, segundo Mattar Neto (2005, p.225), pode ser utilizado

para referenciar informações obtidas através de palestras, conferências ou eventos

não publicados em anais científicos ou outros meios:

AUTOR DO DEPOIMENTO. Assunto ou título. Local do depoimento, Instituição (se houver), data em que a informação foi apresentada. Nota indicando o tipo de depoimento (conferência, discurso, palestra, etc.).

Page 78: Apostila metodologia e_pensame

77

CALDERÓN, Patricia Loazia; SANTOS, Vania Martins dos. A cultura nas organizações. Duque de Caxias: UNIGRANRIO, 08 maio 2004. Informação verbal. Palestra ministrada aos alunos da Unigranrio.

8.7 MENSAGEM ELETRÔNICA

A norma NBR 6023:2002 da ABNT recomenda que mensagens que circulam

por meio de correio eletrônico sejam referenciadas somente quando não existir

nenhuma outra fonte para o assunto em questão. Dado o caráter informal e efêmero

deste tipo de mensagem, não é recomendável o seu uso como fonte científica de

pesquisa. Entretanto, nos casos que se fazem necessários, a ABNT recomenda o

seguinte modelo:

AUTOR DA MENSAGEM. Título. [identificação do tipo de comunicação]. Nota indicando o destinatário e a data de recebimento. PIRES, Vanda Cristina. Avaliação de desempenho.[E-mail]. Mensagem recebida por [email protected] em 21 nov. 2002.

8.8 DOCUMENTOS JURÍDICOS

Compreende todo tipo de legislação, tais como a Constituição, as emendas,

leis complementares, medidas provisórias, etc. Os elementos essenciais estão

destacados no modelo, sendo recomendado apresentar elementos complementares

para melhor identificar o documento (como, por exemplo, a função da legislação):

JURISDIÇÃO, Título, numeração, data (sem abreviações) e dados da publicação. No caso de Constituições e suas emendas, entre o nome da jurisdição e o título, acrescenta-se a palavra Constituição, seguida do ano de publicação, entre parênteses. BRASIL. Código civil. 46. ed. São Paulo: Saraiva, 1995. BRASIL. Resolução n.17, de 1991. Autoriza o desbloqueio de Letras Financeiras do Tesouro Nacional. Coleção de Leis da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, v.183, p.1156-1157, maio/jun.1991. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988.

Page 79: Apostila metodologia e_pensame

78

8.8.1 Documentos jurídicos em meio eletrônico

Obedece ao mesmo padrão de referência para documentos jurídicos, com o

acréscimo da descrição física do meio eletrônico (CD-Rom, homepage, etc.).

BRASIL. Lei n.9887, de 7 de dezembro de 1999. altera a legislação tributária federal. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 8 dez. 1999. Disponível em: <http://www.in.gov.br/mp_leis/leis_texto.asp?id=LEI%209887>. Acesso em: 22 dez.1999.

8.9 BÍBLIA

BÍBLIA. Idioma. Título. Tradução ou versão. Edição. Local: Editora, data.

BÍBLIA. Português. Bíblia sagrada. Tradução de João Ferreira de Almeida. 2. ed. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1979.

8.9.1 Bíblia em parte

BÍBLIA. Título da parte. Idioma. Título. Tradução ou versão. ed. Local: Editora, data.

BÍBLIA. Gálatas. Português. Bíblia sagrada. Tradução de João Ferreira de Almeida. 2. ed. Curitiba: Sociedade Bíblica do Brasil, 1979.

8.10 REGRAS GERAIS PARA TRANSCRIÇÃO DE ELEMENTOS

Os padrões indicados nesta seção para apresentação dos elementos que

compõem as referências podem ser aplicados a todos os tipos de documentos.

8.10.1 Documentos com mais de um autor (até três autores)

Indicam-se os autores pelo último sobrenome, em maiúsculas, seguido dos

prenomes. Usa-se ponto-e-vírgula para separar os autores entre si.

BOYD JR., Harper; WESTFALL, Ralph. Pesquisa Mercadológica. 4.ed. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1979.

Page 80: Apostila metodologia e_pensame

79

8.10.2 Documentos com mais de três autores

Quando existirem mais de três autores, sem indicação de responsabilidade

pelo conjunto da obra, apenas o primeiro nome entra na referência, seguido da

expressão et al. Quando houver indicação explícita de responsabilidade pelo

conjunto da obra, a entrada é feita pelo nome do responsável, seguido da

abreviação do tipo de participação, como por exemplo, organizador (Org.),

coordenador (Coord.), compilador (Comp.).

PARK, Kil Hyang (Coord.). Introdução ao estudo da administração. São Paulo: Pioneira, 1997. FLEURY, Maria Tereza Leme et al. Cultura e poder nas organizações. 2.ed. São Paulo: Atlas, 1996.

8.10.3 Sobrenomes compostos

Nos casos em que os sobrenomes dos autores forem unidos por hífen, ou

compostos por duas ou mais palavras que formam expressão, como “... Filho”,

“...Jr.”, “Santo...” e “São...”, inicia-se a referência pela primeira parte do sobrenome.

CAMARGO FILHO, Enio. Poluição e desenvolvimento. 3.ed. São Paulo: Zahar, 1988.

8.10.4 Autor repetido

Quando são incluídas várias obras de um mesmo autor na lista de referências

bibliográficas, deve-se substituir o nome do autor, nas referências seguintes à

primeira, por um traço sublinear equivalente a seis espaços e ponto.

CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração. 3. ed. São Paulo: Makron Books, 1998. ______. Administração dos novos tempos. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1999.

Page 81: Apostila metodologia e_pensame

80

8.10.5 Autor entidade

As obras de responsabilidade de entidades, tais como congressos,

seminários, empresas associações e similares têm entrada pelo seu próprio nome,

por extenso.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6027: informação e documentação: sumário: apresentação. Rio de Janeiro, maio 2003. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo demográfico: dados distritais. Rio de Janeiro, 1982. 8.10.6 Autor entidade genérica

Quando a entidade é órgão administrativo de um país, seu nome é precedido

pelo nome do órgão superior ou pelo nome da jurisdição geográfica ao qual está

submetido.

SÃO PAULO (Estado). Secretaria do Meio Ambiente. Diretrizes para a política ambiental do Estado de São Paulo. São Paulo, 1993. BRASIL. Ministério da Justiça. Relatório de atividades. Brasília, DF, 1993.

8.10.7 Autoria desconhecida

Em caso de autoria desconhecida, deve-se dar a entrada pelo título. Não se

deve utilizar a expressão “anônimo” no lugar do nome do autor desconhecido.

Destaca-se a primeira palavra do título com letras maiúsculas.

DIAGNÓSTICO do setor editorial brasileiro. São Paulo: Câmara Brasileira do livro, 1993. ÉTICA. In: ENCICLOPÉDIA Larousse Cultural. São Paulo: Nova Cultural, 1995. v. 10, p. 2286. AS 500 maiores empresas do Brasil. Conjuntura Econômica, Rio de Janeiro, v. 38, n.9, set. 1984. Edição Especial.

Page 82: Apostila metodologia e_pensame

81

8.10.8 Indicação da editora

De acordo com a ABNT, o nome da editora deve ser indicado tal como se

apresenta no documento, abreviando-se os prenomes e suprimindo-se as palavras

relativas à natureza jurídica ou comercial (tais como editora, livraria, etc.), desde que

não prejudiquem a identificação do documento. Por exemplo: embora o nome da

editora apareça na ficha catalográfica do livro consultado como “Editora Atlas”, na

referência bibliográfica do trabalho deve constar apenas “Atlas” (supressão de

natureza comercial). O nome da editora “Livraria José Olympio Editora” deve ser

registrada na referência apenas como “J. Olympio” (abreviação de prenome).

No caso de editoras universitárias não é recomendável suprimir a palavra

“Editora”, como no caso do exemplo oferecido pela própria ABNT, ao grafar a editora

da Universidade de São Paulo como “Editora da Usp”.

A sugestão da ABNT, conforme observa Mattar Neto (2005), cria alguns

problemas de padronização para o pesquisador, uma vez que os nomes das

editoras, principalmente os de editoras universitárias, aparecem grafados de

diferentes formas até em um mesmo documento, dependendo do local em que o

nome da editora apareça. Neste sentido, o nome da editora da Universidade de São

Paulo pode aparecer registrado como “Edusp”, “Ed. da USP” ou “Editora da

Universidade de São Paulo”. Nestes casos, o autor sugere que o pesquisador use o

bom senso para chegar a um padrão único para referenciar todas as editoras

universitárias em seu trabalho, como, por exemplo, “Ed. da USP”, “Ed. da UFMG” e

“Ed. da UFSC”.

8.10.9 Indicação de informações ausentes

Quando informações essenciais à composição da referência bibliográfica não

podem ser identificadas, utilizam-se as seguintes siglas, abreviadas entre colchetes,

para indicar a ausência da informação no documento:

a) sine loco [S.I]: não sendo possível determinar o local;

b) sine nomine [s.n.]: a editora não pode ser identificada;

c) sine loco: sine nomine [S.I.: s.n.]: quando o local e o editor não podem ser

identificados;

Page 83: Apostila metodologia e_pensame

82

HARNECKER, Marta. Conceitos elementais do materialismo histórico. [S.I.:s.n.], 1973.

Se nenhuma data de publicação puder ser determinada, registra-se uma data

aproximada entre colchetes, conforme os exemplos:

a) [1971 ou 1972]: um ano ou outro;

b) [1980?]: data provável;

c) [1967]: data certa, porém não indicada no documento;

d) [197-]: década certa;

e) [197-?]: década provável;

f) [18-]: século certo;

g) [18-?]: século provável.

Exemplo de referência com data certa, porém não indicada no documento:

LAURIA, Marie. Como ser uma boa secretária. Rio de Janeiro: Artenova, [1978].

8.10.10 Informações complementares aos documentos

De acordo com a ABNT, os elementos essenciais de uma referência

bibliográfica são aqueles indispensáveis à identificação do documento: autor, título,

edição (quando houver indicação), local, editora e data de publicação.

Quando necessário, apresentam-se os elementos complementares, cujo

acréscimo permite melhor caracterizar o documento (como, por exemplo, indicação

do número de páginas da obra).

Entretanto, é importante esclarecer que a elaboração de referências deve

obedecer a um mesmo princípio: quando se opta pela informação dos elementos

complementares, estes devem ser incluídos em todas as referências da lista. Nos

modelos apresentados neste manual, constam apenas os elementos essenciais.

Exemplo de referência com elementos complementares:

LUNGARZO, Carlos. O que é ciência. São Paulo: Brasiliense, 1989. 86 p. (Coleção Primeiros Passos, 220).

Page 84: Apostila metodologia e_pensame

83

9 INICIANDO AS ATIVIDADES DE PESQUISA

A realização de trabalhos acadêmicos é uma constante na vida de qualquer

estudante universitário. Realizar uma boa pesquisa é um passo fundamental na

elaboração destes trabalhos. Com a finalidade de desenvolver a capacidade de

pesquisa dos estudantes, alguns princípios metodológicos são recomendados.

9.1 AS FONTES DE PESQUISA

Mattar Neto (2005) sugere uma regra bastante prática para dar início às

atividades de pesquisa, quando o professor não fornece uma bibliografia a respeito

do tema solicitado: procurar os professores especialistas naquele assunto, que

poderão indicar uma bibliografia básica, bem como alguns sites confiáveis para

acessar na internet. O próprio professor solicitante do trabalho também pode ser

consultado na montagem desta fase inicial do trabalho. A atitude de buscar

informações às cegas, principalmente quando se trata de pesquisar temas amplos

ou cercados de grande produção acadêmica, costuma provocar perda de tempo e

sobrecarga de trabalho, ferindo os princípios básicos da metodologia.

As aulas também podem ser aproveitadas como valiosas fontes de pesquisa

e não devem, portanto, ser tratadas pelo estudante como atividades à parte do

processo de pesquisa. Nas aulas é possível tirar dúvidas sobre o desenvolvimento

do trabalho e, principalmente, estar atento às relações entre o tema que se está

pesquisando e os assuntos abordados em sala pelo professor, o que pode ajudar

bastante na orientação dos rumos da pesquisa. Quando as atividades de pesquisa

dos alunos estão integradas às aulas do professor, tanto a disciplina quanto o

trabalho em construção tendem a ser enriquecidos.

Eventos acadêmicos e científicos, tais como congressos, palestras, jornadas,

seminários, entre outros, são ricas fontes de pesquisa, pois neles são divulgados os

estudos e pesquisas mais recentes em cada área. Estes eventos, embora pouco

explorados pelos estudantes, são comuns no meio acadêmico e boa parte deles é

posteriormente publicada em anais, resumos e outros meios de divulgação. Embora

nem sempre seja fácil acessar este tipo de publicação, o esforço de pesquisa é

geralmente compensado pela contribuição destes trabalhos às atividades de

pesquisa dos estudantes.

Page 85: Apostila metodologia e_pensame

84

A biblioteca é uma das mais tradicionais fontes da atividade de pesquisa.

Mesmo no caso de estudos experimentais ou de campo, o pesquisador não pode

dispensar este recurso, pois sempre recorre a livros, artigos, textos técnicos e outros

materiais para compor a fundamentação teórica de seu trabalho (GIL, 1999).

Uma primeira forma de acessar o acervo de uma biblioteca é através de seu

catálogo, organizado por assunto, título e autor. Atualmente, estes catálogos tendem

a estar informatizados, e podem ser consultados não apenas através das

tradicionais fichas (algumas bibliotecas já eliminaram este sistema), como também

em computadores instalados na própria biblioteca. Muitas instituições disponibilizam

também a consulta on line a seu catálogo. Pela comodidade e economia de tempo,

vale a pena acessar os sites das principais instituições de ensino e pesquisa e

verificar se oferecem este recurso.

9.1.1 Fontes bibliográficas

As fontes bibliográficas pesquisadas com mais freqüência nas bibliotecas são

os livros de leitura corrente, as obras de referência, os periódicos e as teses e

dissertações (GIL, 1999).

Os livros de leitura corrente compreendem as obras literárias divididas por

gênero (romance, policial, etc.) e as obras de divulgação, que visam a transmitir

informações sobre determinados assuntos. Os estudantes, em geral, concentram

suas pesquisas nas obras de divulgação, especialmente as de divulgação técnica e

científica.

As obras de referência são divididas em obras de referência informativa

(dicionários, enciclopédias, anuários) e obras de referência remissiva (índices de

livros e periódicos e coleções de resumos de trabalhos científicos). As obras de

referência informativa são de uso pontual, como é o caso dos dicionários e

enciclopédias, aos quais se recorre constantemente em busca de termos ou

conceitos específicos. Na pesquisa científica, os dicionários temáticos ou técnicos

são de grande utilidade, pois permitem a consulta a termos dificilmente encontrados

nos dicionários de língua, proporcionando informações mais completas. As

enciclopédias especializadas têm papel semelhante, oferecendo um tratamento

altamente técnico, já que os verbetes são escritos geralmente por especialistas. Nos

anuários estão contidos dados, econômicos, sociais, culturais muito importantes na

Page 86: Apostila metodologia e_pensame

85

caracterização de determinados fenômenos. Através das obras de referência

remissiva, o pesquisador localiza as pesquisas já desenvolvidas sobre determinado

tema.

Os periódicos compreendem jornais e revistas, nos quais são publicados

artigos, tanto de caráter jornalístico, quanto científico. Periódicos científicos são

importantes meios de comunicação científica. É através deles que os pesquisadores

divulgam formalmente os resultados de suas investigações. Os jornais são

importantes para a busca de informações atualizadas e as revistas tendem a

apresentar artigos mais elaborados e aprofundados. Consultando as referências

bibliográficas dos artigos é possível localizar diversas outras fontes de pesquisa

(indicações de outros artigos, livros, etc.). Vale a pena verificar a existência de

periódicos especializados no assunto que se vai pesquisar. Muitas revistas e jornais

disponibilizam catálogos (hoje, na maioria dos casos, online) com a organização dos

artigos por assunto, título ou autor.

As teses e dissertações constituem uma produção acadêmica de grande

utilidade para o pesquisador, por estarem baseadas em estudos e pesquisas

aprofundados sobre determinado assunto. As seções de revisão teórica e de

referências bibliográficas das teses e dissertações auxiliam bastante os

pesquisadores em seus levantamentos bibliográficos.

É recomendável verificar junto às bibliotecas pesquisadas a existência de

material audiovisual, como filmes, documentários, vídeos, etc. Embora em geral

ignorado nos trabalhos acadêmicos, este tipo de material também pode enriquecer a

pesquisa do estudante e oferecer informações especializadas, como é o caso de

vídeos de palestras ou seminários.

Esta etapa da pesquisa, na qual o estudante consulta a biblioteca, raramente

se esgota com a visita a uma única instituição. Muitas vezes, o documento que se

procura não está disponível na biblioteca da universidade, mas pode ser localizado

no acervo de outra instituição.

Há certos tipos de documentos que não são encontrados em bibliotecas e que

são, principalmente no caso das pesquisas documentais, importantes para o

investigador. É o caso, por exemplo, de relatórios de empresas que só são

encontrados através de trabalho de campo na própria organização. No trabalho de

campo é possível encontrar outras fontes de pesquisa, como folhetos, jornais de

circulação interna, material de propaganda, atas de reuniões, entre outros. Não

Page 87: Apostila metodologia e_pensame

86

devem ser desconsideradas as informações que as organizações disponibilizam em

seus sites na internet.

9.1.2 A pesquisa na internet

De acordo com Mattar Neto (2005) estamos vivenciando um período de

transição de um sistema tradicional de comunicação científica, baseado na

impressão de documentos, para um sistema de publicação eletrônica, muito embora

haja grande resistência a esta mudança, até mesmo no ambiente acadêmico. Alguns

professores não são afeitos às novas tecnologias e valorizam apenas os trabalhos

baseados em fontes tradicionais de pesquisa, enquanto os alunos, já familiarizados

com a informática, tendem a preferir a pesquisa na internet. Estes recursos,

entretanto, não podem ser tratados de modo excludente, mas sim integrados como

recursos válidos nas atividades de pesquisa.

Embora a internet ofereça hoje um extraordinário acervo de informações, tal

recurso não substitui a consulta às fontes tradicionais de pesquisa, sobretudo as

bibliotecas. Ainda é pequena a parcela de livros cujo conteúdo é integralmente

publicado na internet ou acessado gratuitamente. Por outro lado, é possível

encontrar on line material importante de pesquisa que dificilmente seria acessado

por outras vias, como é o caso, por exemplo, de teses arquivadas somente em suas

instituições de origem.

Um recurso bastante cômodo da internet é a pesquisa ao acervo de

bibliotecas, que permite identificar os livros existentes sobre o assunto pesquisado e

em quais bibliotecas estão localizados. Sites de livrarias e de editoras também são

úteis para identificar material disponível comercialmente, que nem sempre está

incluído no catálogo de bibliotecas. Algumas livrarias disponibilizam resumos,

comentários e sumários dos livros oferecidos, o que pode ajudar bastante ao

pesquisador na seleção do material que lhe interessa. Da mesma maneira, jornais,

revistas e instituições de pesquisa possuem seus endereços e podem ser acessados

para os mesmos fins.

Através da internet também é possível entrevistar pessoas que não estariam

disponíveis para um contato direto, como por exemplo, profissionais de empresas

localizadas em outras regiões. É importante estar atento para os padrões corretos de

Page 88: Apostila metodologia e_pensame

87

citação e de referência bibliográfica para tais fontes, conforme os respectivos

capítulos 7 e 8 deste manual.

9.1.2.1 Os problemas da pesquisa na internet

A internet é um conjunto de redes de computadores interligados no mundo

inteiro, permitindo o acesso dos interessados a milhares de informações

armazenadas em seus sites.

O principal problema da pesquisa na internet é o da confiabilidade das

informações obtidas. A internet oferece informações ricas e diversificadas, porém

nem sempre confiáveis. Estar “publicado” na internet não é garantia de qualidade

para nenhum tipo de material encontrado nesta fonte, pois é relativamente fácil e

barato disponibilizar informações on line (bem mais do que publicá-las em meios

tradicionais, como livros, revistas e outros tipos de material impresso). Não

devemos, portanto, confiar automaticamente na qualidade das informações

disponíveis em sites da internet; ao contrário, devemos ser ainda mais rigorosos na

seleção das informações recolhidas.

É preciso ter em mente que os filtros característicos dos materiais impressos,

tais como editores, revisores, instituições de ensino e pesquisa, não existem

necessariamente no caso do material “publicado” na internet, o que torna a seleção

e a avaliação das informações disponíveis uma responsabilidade de quem a

consome.

Portanto, o primeiro passo na filtragem de informações da internet é identificar

quem publica ou se responsabiliza pela informação, avaliando-se neste caso a

reputação das instituições e as credenciais dos autores aos quais se ligam os

documentos consultados. Quando não for possível identificar nenhum autor ou

responsável pela página, as informações nela contidas não devem ser usadas nos

trabalhos acadêmicos, pois sua confiabilidade é nula. O mesmo ocorre quando não

conseguimos encontrar nenhuma referência sobre o autor ou a instituição que

disponibiliza a informação.

Um bom começo é reconhecer os endereços dos sites visitados. No quadro a

seguir estão indicados os significados das abreviações de endereços na internet.

Page 89: Apostila metodologia e_pensame

88

.edu Universidade e outras instituições educacionais

.com Empresas e demais instituições comerciais

.gov Organizações governamentais

.mil Organizações militares

.org Organizações em geral (incluindo as não-governamentais)

.net Redes (networks)

Quadro 4: abreviações de endereços na internet. Fonte: adaptado de Mattar Neto (2005, p. 162).

Após a localização dos sites, é necessário identificar o autor do documento:

trata-se de um profissional reconhecido? Alguém posicionado em uma empresa, cujo

ponto de vista profissional seja significativo para a pesquisa? Trata-se de um

acadêmico, ligado a uma instituição de ensino e/ou de pesquisa reconhecida? Algum

autor que já publicou outros livros? Um bom recurso é buscar junto a professores e

profissionais especializados indicações de sites nos quais costumam realizar suas

pesquisas.

Outro aspecto a se considerar é que a grande quantidade e diversidade de

informações disponíveis na internet, na maioria das vezes, não se encontra

organizada. A classificação do material pesquisado também cabe quase

inteiramente a quem consome a informação. Quase sempre a primeira consulta, feita

através de ferramentas de busca, produz resultados muito amplos, com inúmeras

informações que não interessam à pesquisa. Por outro lado, quando se tenta limitar

os termos da busca para se tentar encontrar exatamente o tipo de informação

necessária, a quantidade de sites resultantes da pesquisa acaba sendo frustrante.

Os sites de busca, em geral, disponibilizam a opção de pesquisa refinada,

através da qual é possível limitar os resultados, como por exemplo, indicando-se o

agrupamento de palavras desejado, a língua em que está publicado o documento, a

data de publicação, entre outros.

Mattar Neto (2005) sugere o uso da pesquisa booleana na internet para

facilitar a localização de informações. Através desta pesquisa, utiliza-se uma cadeia

de palavras que descreve o tipo de informação que se deseja pesquisar. Os

operadores booleanos mais utilizados são AND (indicando que as palavras

empregadas devem aparecer juntas nos resultados da busca), OR (indicando que

uma ou outra palavra empregada na busca deve estar presente nos resultados) e

Page 90: Apostila metodologia e_pensame

89

NOT (indicando que determinada palavra deve ser excluída da busca). Outros

operadores booleanos são:

a) parênteses para agrupar palavras. Exemplo: (cultura organizacional);

b) uso de strings (partes de palavras) para localizar resultados que incluem

qualquer palavra iniciada com aquele string. Exemplo: “metod” para

localizar resultados que incluam “metodologia” , “métodos”;

c) sinal de adição para agrupar palavras. Exemplo: cultura+organizacional;

d) sinal de subtração para excluir palavras. Exemplo: cultura-organizacional;

e) aspas para indicar uma frase inteira a ser localizada. Exemplo: “impactos

da cultura na organização”.

Page 91: Apostila metodologia e_pensame

90

10 ESCOLHA E DELIMITAÇÃO DO TEMA DE PESQUISA

No início da pesquisa para elaboração de um trabalho acadêmico, tem-se

uma noção vaga do problema que se quer estudar – a introdução de uma nova

tecnologia na empresa, os resultados de uma nova prática de gestão de recursos

humanos – mas não se tem uma noção muito clara de como será abordada a

questão. A sensação predominante, muitas vezes, é a de não ter rumo para iniciar a

pesquisa. De acordo com Quivy e Campenhouldt (2003), esta é a forma como a

maioria dos trabalhos de estudantes começa. Este “caos original” que marca o início

do percurso do investigador é um momento natural da atividade científica, que não

parte de certezas estabelecidas. O principal problema, aponta o autor, é sair deste

estado sem demorar em demasia e sem incorrer nos erros freqüentemente

provocados pelo estado inicial de inquietação, como, por exemplo, tentar reunir de

modo desorganizado todas as obras possíveis sobre determinado assunto, ou partir

diretamente para o campo de pesquisa, antes mesmo de se ter uma hipótese de

trabalho.

Neste capítulo, serão tratadas duas etapas essenciais na elaboração de

trabalhos acadêmicos: a escolha do tema e a formulação do problema.

10.1 A ESCOLHA DO TEMA

A primeira fase do processo de elaboração de um trabalho monográfico é a

escolha do assunto a tratar. Escolher um assunto significa, segundo Salomon

(2000), preferir, conforme as próprias inclinações e possibilidades, uma questão

dentre as tantas que podem ser objeto de pesquisa científica.

Esta preferência, segundo o autor, não envolve apenas fatores

metodológicos, mas também fatores de ordem pessoal. O assunto não deve ser

escolhido em função do cumprimento da obrigação acadêmica, mas selecionado

dentre as matérias que mais interessam ao estudante no curso. O rendimento do

trabalho científico depende, em grande parte, da adequação do tema às tendências

e aptidões do estudante. Se o pesquisador não demonstra interesse mais profundo

pela questão que investiga, terá pouca motivação para solucionar o problema.

O cuidado essencial a ser tomado neste caso é não confundir o interesse

pessoal por determinado assunto com o desejo de ver comprovado seu ponto de

Page 92: Apostila metodologia e_pensame

91

vista pessoal sobre o mesmo através da manipulação tendenciosa dos dados

(DUSILEK, 1985).

De acordo com Eco (2004, p.6), são quatro as “regras óbvias” para a escolha

do tema:

a) o tema deve respondera os interesses do pesquisador;

b) as fontes de consulta devem ser acessíveis;

c) as fontes de consulta devem ser manejáveis, de acordo com o alcance

cultural e intelectual do investigador;

d) o quadro metodológico deve estar ao alcance da formação do candidato.

Portanto, é necessário, por parte do estudante, um auto-exame de suas

capacidades, inclinações e interesses, verificando as próprias possibilidades e

limitações. O estudante deve se certificar de que tem condições de enfrentar a

complexidade do tema e de encontrar informações sobre ele, para a escolha de um

assunto acessível a seu grau de estudo, de cultura e de acessibilidade aos dados.

Muitos fracassam por não conseguir medir o próprio cabedal de conhecimentos e

não colocar o assunto de acordo com suas reais inclinações e condições de

pesquisa.

10.2 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

Não é suficiente, contudo, escolher um tema para a elaboração de um

trabalho acadêmico. O caminho mais comum é, nos momentos iniciais, escolher um

tema amplo e genérico, para, então, encontrar dentro dele um problema específico

que será objeto de investigação. Portanto, é preciso delimitar, dentro do assunto

amplo escolhido, um problema que se pretende tratar. O problema é, segundo

Salomon (2000, p. 154) “a questão que se coloca diante do estudioso como um

desafio à sua capacidade de encontrar soluções”, requerendo, por esta razão, um

tratamento científico.

A função da delimitação do tema é tornar nítidas as fronteiras entre os

elementos que terão maior interesse na pesquisa e os demais elementos que,

embora façam parte do assunto pesquisado, permanecerão de fora da abordagem.

Ao longo deste exercício, a formulação do problema é constantemente reformulada,

Page 93: Apostila metodologia e_pensame

92

sendo comum que o aluno julgue já ter alcançado a delimitação perfeita, enquanto o

orientador solicita maior precisão nesta delimitação. Mesmo após o início das

atividades de pesquisa, novas questões poderão surgir, forçando uma revisão do

problema formulado (MATTAR NETO, 2005).

10.2.1 As fontes de inspiração

O fato de o estudante possuir um tema para a pesquisa não significa que

esteja em condições de formular um problema de investigação. O tema inicial da

pesquisa é, em geral, amplo e não favorece a definição de uma questão específica.

Um levantamento bibliográfico preliminar pode ajudar no processo de delimitação da

área de estudo (GIL, 2002). É importante o contato com os principais conceitos que

envolvem o tema da pesquisa, com as explicações teóricas já desenvolvidas, bem

como com as pesquisas que abordaram o assunto recentemente. A orientação do

professor ou de um especialista na seleção deste material inicial é indispensável

para que não se desperdice tempo com a leitura de material pouco apropriado.

Para formular adequadamente um problema em relação ao assunto, o

estudante pode ter como fonte de inspiração:

a) a reflexão sobre as teorias existentes: analisando-as, é possível

encontrar lacunas ou contradições que mereçam ser exploradas. Para

isto, é necessário adotar uma postura crítica em relação ao que se lê. A

atitude passiva de simples aceitação do que se lê e ouve representa,

segundo Dusilek (1985, p. 64) “uma sepultura em termos de

conhecimento criativo”. A bibliografia mais recente sobre o assunto ajuda

a indicar tópicos ou questões ainda não pesquisadas de modo suficiente;

b) a observação da realidade: observando-se os fatos, descobrem-se

aqueles ainda não explicados ou que contradizem as teorias existentes.

Dusilek (1985) sugere que o estudante escolha áreas nas quais tem

alguma experiência, pois a experiência prática em determinado campo

tende a facilitar a localização dos problemas existentes;

c) os seminários: quando bem dirigidos e aproveitados, são campo fértil

para novas idéias, dado o esforço conjunto de reflexão e debate dos

assuntos, muitas vezes originando questões cujas respostas não

Page 94: Apostila metodologia e_pensame

93

aparecem nos textos consultados. Sempre é útil conversar com os

professores, orientadores, pessoas experientes no assunto e colegas

envolvidos com problemas semelhantes.

Se o estudante não possui qualquer área a qual tenha se dedicado com mais

afinco até então, é válido buscar a orientação de professores e especialistas, além

de freqüentar congressos, seminários, palestras e outros eventos que reúnem

estudiosos ou são vitrines de seus trabalhos mais recentes.

10.2.2 A formulação do problema

Não existem regras absolutas para a formulação de um problema, e sim

recomendações baseadas na experiência de pesquisadores. Gil (1999) sugere que o

problema seja formulado como uma pergunta, pois isto facilita a identificação do que

se deseja exatamente pesquisar. Por exemplo, pode-se formular um problema do

seguinte modo: “as estratégias de marketing na empresa Y e a liderança de

mercado”. Contudo, quando se formula o problema como uma pergunta – “quais as

estratégias de marketing que levaram a empresa Y à liderança de mercado?” – tem-

se um problema mais explícito.

O problema deve ser formulado em torno de no mínimo duas variáveis

identificadas. Variáveis são aspectos, propriedades, características ou fatores

identificados em um objeto de estudo, cuja relação é investigada na pesquisa

científica (KÖCHE, 1999). Nas pesquisas em administração, são exemplos comuns

de variáveis: qualidade, produtividade, eficiência, eficácia, motivação e custo.

Todo problema de investigação é uma questão que pergunta como as

variáveis estão relacionadas em uma dada situação de pesquisa (KERLINGER,

1979). A pesquisa testa se as relações propostas são ou não pertinentes. Na

formulação de Köche (1999, p. 108): “O problema é um enunciado interrogativo que

questiona sobre a possível relação que possa haver entre, no mínimo, duas

variáveis, pertinentes ao objeto de estudo investigado e passível de testagem ou

observação empírica”.

De acordo com a nomenclatura de Tuckman (1972, apud KÖCHE, 1999, p.

113), as variáveis podem ser classificadas em:

Page 95: Apostila metodologia e_pensame

94

a) variável independente: é aquela que é a condição ou causa determinante

da ocorrência de determinado resultado;

b) variável dependente: é aquela que resulta, é efeito ou conseqüência da

variável independente;

c) variável moderadora: é aquela que também pode ser causa ou fator

condicionante para que ocorra determinado efeito, porém, seu nível de

importância é secundário, quando comparado à variável independente.

Sua utilização se dá em pesquisas cujos problemas são complexos e

envolvem variados fatores inter-relacionados. Nestes casos, a variável

moderadora serve para analisar até que ponto estes fatores interferem

na relação entre as variáveis dependente e independente;

d) variável de controle: é aquela que poderia afetar a variável dependente,

mas que é neutralizada para não interferir nesta relação. É também

utilizada em estudos sobre questões complexas, que envolvem diversos

fatores que não podem ser analisados ao mesmo tempo.

Vamos tomar como exemplo o seguinte problema: “quais os impactos da

remuneração por competência sobre a motivação dos funcionários do sexo feminino,

de nível tático e operacional, na empresa Y?”. Neste caso, “remuneração por

competência” é a variável independente, enquanto “motivação dos funcionários” é a

variável dependente. O posicionamento dos funcionários (se estão no nível tático ou

operacional) é a variável moderadora. A variável “gênero” é a variável de controle,

neutralizada, uma vez que a pesquisa incide apenas sobre mulheres. Não é

necessário que um mesmo problema envolva todos os tipos de variáveis. Conforme

Köche (1999), as variáveis em um problema podem ser apenas duas (contudo, não

menos do que duas).

10.2.3 Uma “boa” pergunta de partida

Um dos principais fatores que contribuem para uma pesquisa bem-sucedida é

a identificação e formulação clara e precisa do problema cuja solução a pesquisa

visa a alcançar (DUSILEK, 1985). O tempo investido na identificação correta do

problema é compensado pela objetividade na busca dos dados necessários à

solução da questão. Neste sentido, Quivy e Campenhoudt (2003) identificam os

Page 96: Apostila metodologia e_pensame

95

critérios que permitem formular uma boa pergunta de partida, isto é, uma pergunta

clara, exeqüível e pertinente.

Em primeiro lugar, a formulação do problema deve ser precisa quanto aos

aspectos que o investigador pretende abordar. Por exemplo, quando ser formula a

pergunta “Qual o impacto das empresas sobre a vida dos habitantes de Duque de

Caxias?”, tem-se um problema muito vago, dado que são variadas as empresas

nesta região e variados também os aspectos da vida dos habitantes que podem ser

afetados com a existência destas organizações. O problema caminha em direção à

delimitação quando o investigador identifica, por exemplo, um determinado projeto

social de uma empresa específica, e então avalia seus impactos sobre a renda ou o

nível de escolaridade de uma população selecionada.

A concisão ou objetividade da pergunta é outro elemento que contribui para

sua clareza. Neste sentido, devem-se evitar formulações demasiadamente longas e

desordenadas. O autor sugere que se submeta a pergunta a um grupo de pessoas,

convidando cada uma delas a comentar o que entendeu da pergunta. Caso as

interpretações sejam as mesmas e correspondam às intenções de seu autor, tem-se

um bom indício da clareza da pergunta.

Outro aspecto destacado por Quivy e Campenhouldt (2003) é que as

ambições da pergunta formulada devem estar de acordo com a capacidade e os

recursos do estudante para respondê-la, característica que o autor chama de

“exeqüibilidade”. Uma boa pergunta deve ser realista, isto é, adequada aos recursos

pessoais, materiais e técnicos com os quais o estudante pode contar. Por exemplo,

a pergunta “As empresas dos países integrantes do Mercosul aumentaram suas

vendas após a formação deste bloco econômico?”. Como seria possível a um

estudante investigar o balanço financeiro de um sem número de empresas, dos mais

diversos ramos de negócio, localizadas em países diferentes, desde o início da

formação do Mercosul até os dias atuais? Certamente o tempo de pesquisa e o

orçamento demandados para a solução desta questão ultrapassariam com folga

seus recursos disponíveis.

No caso da intenção de realizar trabalho de campo em uma organização, a

viabilidade da pesquisa deverá ser cuidadosamente planejada. Sem a cooperação

da organização, é impossível realizar o trabalho. É preciso, antes de tudo, negociar o

interesse da organização na realização do trabalho e sua permissão de acesso aos

dados. Muitas vezes, a negociação pode levar a um redirecionamento dos objetivos

Page 97: Apostila metodologia e_pensame

96

do trabalho ou à busca de novas fontes de informação, ou mesmo ao reinício do

processo de escolha do assunto (ROESCH, 2004).

Para Quivy e Campenhouldt (2003), é recomendável evitar perguntas que já

supõe respostas implícitas, como, por exemplo, “será que a propaganda estimula o

consumo?” Na mente de quem formula a questão, a resposta só poderá ser “sim” ou

“não”, e isto termina por conduzir o pesquisador a selecionar, ao longo de sua

investigação, os dados convenientes à comprovação da resposta preconcebida.

Uma boa pergunta deve ser “aberta”, isto é, supor respostas variadas e não uma

certeza a priori. Quando o pesquisador encaminha a pergunta para “Qual a

percepção dos trabalhadores X da empresa Y sobre a política Z de recursos

humanos?” , alcança uma boa gama de possibilidades de resposta.

Para Salomon (2000), um problema bem formulado deve possuir relevância

em três aspectos:

a) relevância operativa: significa que a abordagem e a solução do problema

são capazes de gerar novos conhecimentos. Neste sentido, destacam-se

os estudos que não se limitam a reproduzir trabalhos já existentes, mas

que contribuem para o estágio atual de conhecimento do assunto,

oferecendo novas abordagens e preenchendo lacunas no campo de

pesquisas;

b) relevância contemporânea: significa que o enfrentamento do problema se

apresenta como uma necessidade, tendo em vista as lacunas no

conhecimento científico disponível naquele momento. Não basta que o

problema a ser investigado seja de interesse pessoal do pesquisador, é

necessário que seja também relevante para a comunidade acadêmica ao

qual se destina;

c) relevância humana: diz respeito à utilidade, acarretada para o homem e a

sociedade, da solução do problema.

De acordo com Kerlinger (1979), um primeiro passo para elaborar um

problema científico é saber reconhecer o que não é um problema científico. É

importante não formular questões que remetam a problemas de valor, que não são

passíveis de verificação empírica, como por exemplo, o que é “melhor” ou “pior”, o

que é “certo” ou “errado” acerca de determinado problema. Um exemplo de

formulação de problema não científico é a pergunta “qual a melhor saída para a

Page 98: Apostila metodologia e_pensame

97

questão da pobreza?”. A questão da pobreza, é claro, pode ser tratada

cientificamente, mas é preciso cuidado na definição dos termos do problema, de

modo que este possa ser pesquisado segundo métodos científicos. Todo problema

científico deve envolver variáveis que podem ser observadas ou manipuladas

cientificamente, como por exemplo: “a política social X de redução da pobreza

elevou a renda da comunidade Y?”. Se é possível caracterizar a política social em

questão e medir a renda da população alvo da pesquisa, então ocorrem duas

variáveis que podem ser observadas cientificamente.

Para finalizar, uma sugestão de Salomon que ressalta a importância de

elaborar uma “boa pergunta de partida”: “ainda que não se exija do iniciante uma

extraordinária contribuição para o progresso científico, não se pode conceder-lhe o

direito à mediocridade” (SALOMON, 2000, p. 273).

Page 99: Apostila metodologia e_pensame

98

11 OS MÉTODOS CIENTÍFICOS

Uma das características da ciência que permite organizar, comparar e testar

seus enunciados é a existência de métodos, que podem ser definidos como

conjuntos de procedimentos sistemáticos que traçam de modo ordenado a forma de

proceder do cientista para alcançar os resultados desejados (GIL, 1999). O método

científico, ao oferecer ao pesquisador um caminho a ser seguido, possibilita a

condução das atividades de pesquisa de maneira sistemática e racional, permitindo

a detecção de erros e auxiliando na tomada de decisões ao longo do processo de

pesquisa.

Embora muitas vezes a palavra método seja tomada como sinônimo de

técnica, é relevante diferenciar os termos. Método diz respeito ao plano de ação que

ordena as atividades de pesquisa, enquanto a técnica está ligada aos modos

práticos de realizar as atividades propostas, sendo, portanto, uma operacionalização

do método (RUIZ, 1996, p. 138). Assim, podemos falar em método comparativo, que

esclarece os procedimentos a serem seguidos na investigação, e em técnica da

entrevista, como procedimento específico de coleta de dados. Nas palavras de Ruiz

(1996, p. 138):

“Reserva-se a palavra método para significar o traçado das etapas fundamentais da pesquisa, enquanto a palavra técnica significa os diversos procedimentos ou a utilização de diversos recursos peculiares a cada objeto de pesquisa, dentro das diversas etapas do método. Diríamos que a técnica é a instrumentação específica da ação, e que o método é mais geral, mais amplo, menos específico”.

A questão do método científico está ligado à necessidade de se estabelecer

procedimentos seguros para alcançar um conhecimento válido, assim distinguindo

as conclusões verdadeiras das falsas. As perguntas fundamentais que o método

científico tenta responder são: como proceder para alcançar o conhecimento? Como

proceder para saber se ele é válido (verdadeiro) ou não?

Ruiz (1996, p. 138) observa, que o método geral seguido pelo pesquisador,

que estabelece as instruções de como proceder, como pesquisar, por onde começar

e qual a seqüência a seguir, divide-se em dois tipos fundamentais: o indutivo e o

dedutivo.

Page 100: Apostila metodologia e_pensame

99

O método racional ou dedutivo é baseado no pensamento dedutivo (dedução)

que, a partir de enunciados gerais (premissas) chega a uma conclusão particular,

como neste exemplo: Todo homem é mortal (premissa geral). Pedro é homem.

Pedro é mortal (conclusão particular).

O método experimental ou indutivo é baseado no pensamento indutivo

(indução) que é um processo de raciocínio inverso ao processo dedutivo, pois

caminha do registro de fatos singulares para chegar a conclusões gerais, como

neste exemplo: Este fio de cobre conduz energia. Este segundo fio de cobre conduz

energia. “N” fios de cobre observados conduzem energia (observações particulares).

Todo fio de cobre conduz energia (conclusão geral). O principal problema da

indução consiste em escapar da chamada indução vulgar, que é a tendência de

generalizar a partir de casos observados superficialmente. Como no exemplo

“conheço três gerentes que usam óculos. Logo, todos os gerentes usam óculos”. Por

esta razão, utilizam-se critérios científicos para a seleção e o controle dos casos

observados, de modo a produzir uma generalização mais segura.

É grande a controvérsia sobre a utilização destes métodos. Deve-se começar

olhando o mundo e, a partir daí, criar teorias (indução) ou começar com teorias e

verificar se o mundo é descrito por elas (dedução)? O desacordo sobre como

proceder metodologicamente tem fundamentações filosóficas, conforme aponta

Moura Castro (2006, p. 32). Com Francis Bacon firmou-se a idéia de que a ciência é

feita por meio da observação da natureza, o que caracteriza o método indutivo. Já

René Descartes afirma que devemos começar com proposições sobre as quais

nossa inteligência garante que não há dúvida, característica do método dedutivo.

Por longo tempo se discutiu qual seria a postura mais correta, se começar deduzindo

ou induzindo, se devemos começar de uma teoria ou olhando o mundo que nos

cerca, para nele encontrar regularidades.

Segundo Moura e Castro (2006, p. 32), tal discussão tende a se tornar inútil,

pois consolida-se um consenso de que há uma espécie de vai e vem entre os dois

lados. Ninguém começa do zero, pois todo pesquisador, com um mínimo de estudo,

já chega à formulação de um problema de investigação depois de ter lido as teorias

já existentes que explicam o fenômeno ou fenômenos parecidos. Além disso,

também conhece os dados que já foram usados em pesquisas afins. Há, portanto,

um pouco de indução e de dedução no ponto de partida de sua pesquisa. Pode-se

dizer que o pesquisador dedutivo concentra-se mais nas teorias e depois vai atrás

Page 101: Apostila metodologia e_pensame

100

dos dados. O pesquisador indutivo vai se concentrar na observação, vai entrevistar,

coletar dados, deixando que o mundo real vá sugerindo os rumos da busca ou da

formulação de teorias.

11.1 DIVERSIDADE DE MÉTODOS

As questões sobre como proceder para alcançar e validar o conhecimento

tiveram respostas diferentes ao longo da história da ciência. Popper (apud KÖCHE,

1997) afirma claramente que não existe um só método, cujos procedimentos

conduzam a resultados inquestionavelmente exatos. Nenhum método científico é

uma fórmula mágica, com normas prontas e definitivas. Praticamente, há tantos

métodos quantos forem os problemas analisados e os paradigmas existentes. Isso

mostra a existência de várias concepções de método, cada uma oferecendo seus

critérios de validação do conhecimento.

Isto, contudo, não significa que a ciência seja um campo anárquico de

conhecimento. No meio acadêmico e científico, há critérios consensualmente

estabelecidos e que são utilizados na prática de pesquisa, mas que não são

definitivos, podendo se renovar periodicamente. Além disso, a variedade de

abordagens disponíveis não deve dispensar o pesquisador de definir com clareza

qual a abordagem por ele escolhida e quais os critérios fundamentais que serão

utilizados em seu processo de investigação.

A escolha do método não deve ser casual em uma pesquisa, devendo-se

levar em conta a natureza do objeto ao qual se aplica (aquilo que se quer estudar) e

os objetivos que se tem em vista. Por esta razão, sua aplicação nem sempre é a

mesma para todos os tipos de estudo. De acordo com Gil (1999), a escolha do

método depende da natureza do objeto que se pretende pesquisar, dos recursos

disponíveis, do nível de abrangência do estudo e, principalmente, da inspiração

filosófica do pesquisador.

11.2 DUAS TRADIÇÕES EM METODOLOGIA CIENTÍFICA

Levando em conta a inspiração filosófica que orienta a escolha dos métodos

de pesquisa pelo investigador, Roesch (2005) aponta duas tradições fundamentais

na pesquisa científica: a do método quantitativo e a do método qualitativo. A cada

Page 102: Apostila metodologia e_pensame

101

um deles estão associadas certas suposições metodológicas, fundadas em posturas

filosóficas a respeito das possibilidades de investigação da realidade.

11.2.1 Métodos quantitativos

São inspirados pela visão positivista, segundo a qual o mundo social existe

externamente ao homem, sendo suas propriedades mensuráveis através de

métodos objetivos. O fundador do positivismo, Augusto Comte (1798-1857), defendia

a aplicação dos métodos das ciências da natureza ao estudo da realidade social

humana, acreditando que os fenômenos sociais eram regidos por leis que poderiam

ser descobertas pelo cientista. São idéias características desta abordagem

(ROESCH, 2005):

a) independência: o observador é independente do que está sendo

observado;

b) objetividade: a escolha do que estudar e como estudar pode ser

determinada por critérios objetivos, em lugar de inclinações pessoais do

pesquisador;

c) causalidade: o objetivo das ciências sociais é o de identificar explicações

causais e leis fundamentais que fundamentam regularidades no

comportamento social humano;

d) generalização: é necessário selecionar um número suficiente de casos

que permitam identificar regularidades do comportamento social humano.

Por estas razões, o método quantitativo enfatiza a utilização de dados

padronizados que permitem ao pesquisador fazer as generalizações. Em geral, a

análise de dados é baseada em técnicas estatísticas. Este tipo de método é

bastante adequado quando o pesquisador pretende identificar e medir a freqüência

de determinados fenômenos. A seguir são destacados dois procedimentos comuns

às pesquisas quantitativas (MATTAR, 1999):

a) amostras: a premissa da coleta a partir de amostras é a de que há

similaridade suficiente entre os elementos de uma população, de tal

forma que uns poucos elementos, corretamente selecionados,

Page 103: Apostila metodologia e_pensame

102

representarão adequadamente as características de toda a população.

Uma amostra pode ser constituída, por exemplo, por dez empregados de

um universo de 1.000 que trabalham em uma empresa. Para que esta

“pequena parte” do universo seja representativa e permita a posterior

projeção dos resultados para todo o universo da pesquisa, é necessário

seguir alguns princípios metodológicos, caso contrário, a amostra não

pode ser estendida à população como um todo;

b) escalas: permitem investigar opiniões e atitudes de maneira precisa e

mensurável. São instrumentos construídos com o objetivo de medir a

intensidade das opiniões e atitudes de maneira objetiva. Consistem em

solicitar aos indivíduos pesquisados que assinalem, dentro de uma série

de alternativas previamente planejadas pelo pesquisador, aquelas que

melhor correspondem à sua percepção acerca do fato pesquisado.

11.2.2 Métodos qualitativos

Os métodos qualitativos são inspirados pela abordagem compreensiva de

Max Weber (1864-1920) e pela abordagem fenomenológica de Edmund Husserl

(1859-1938). Nesta perspectiva, o mundo é criado pela consciência humana, o que

implica o reconhecimento da importância do sujeito no processo de construção do

conhecimento. A realidade não é objetiva e exterior ao homem, mas recebe um

significado a partir do sujeito que a conhece. Nesta visão, a tarefa do cientista não é

coletar dados e quantificá-los para identificar padrões, mas apreciar as diferentes

construções e significados que as pessoas atribuem às suas experiências. Deve-se

procurar interpretar estas experiências, ao invés de procurar causas externas e leis

fundamentais de funcionamento.

Esta abordagem supõe que os fenômenos sociais possuem características

diferentes daquelas apresentadas pelos fenômenos da natureza, exigindo, por esta

razão, um procedimento metodológico diferenciado (GOLDBERG, 1997). Dentro

desta perspectiva, os cientistas da natureza lidam com objetos externos passíveis de

serem conhecidos de forma objetiva, enquanto nas ciências sociais os

investigadores lidam com emoções, valores e subjetividades. A abordagem mais

adequada para os fenômenos sociais não seria a que pretende quantificá-los, mas

sim a que pretende compreender cada caso concreto em sua singularidade. A

Page 104: Apostila metodologia e_pensame

103

observação dos fenômenos da sociedade deve levar a uma compreensão dos

mesmos, ao invés de levar ao estabelecimento de leis generalizantes. Algumas

técnicas de coleta de dados comuns a este método são (ROESCH, 2005):

a) observação participante: consiste na participação real do pesquisador na

situação pesquisada. Baseia-se na idéia de que os fenômenos devem

ser observados no contexto em que ocorrem, para que seu significado

possa ser apreendido. A convivência com o universo pesquisado é

valorizada como técnica de obtenção de informações que permite ao

investigador alcançar o sentido particular dos fenômenos. O observador

assume, até certo ponto, a condição de membro do grupo, razão pela

qual esta técnica possibilita o conhecimento da vida do grupo a partir do

interior dele mesmo;

b) entrevistas em profundidade: por meio desta técnica, o pesquisador

aborda um respondente de cada vez, de maneira direta e pessoal, para

que este revele de modo completo e detalhado suas motivações,

crenças, atitudes e sentimentos sobre determinado tópico;

c) grupo de foco (focus group): é uma entrevista realizada por um

moderador bem treinado com um pequeno grupo de respondentes

visando a descobrir possíveis idéias ou soluções para um problema por

meio da discussão do tema. Os entrevistados são estimulados a opinar e

debater livremente sobre o assunto de interesse da pesquisa, enquanto o

moderador vai registrando as considerações dos participantes.

11.3 DELINEAMENTO DOS PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para delinear os métodos empregados em um estudo é usual a utilização de

uma classificação com base em dois critérios: de acordo com os fins aos quais se

destina a pesquisa e de acordo com os procedimentos técnicos empregados

(VERGARA, 2004; GIL, 2002). Esta classificação não deve ser tomada de modo

rígido, tendo em vista que algumas pesquisas, em função de suas características,

não se enquadram perfeitamente nos modelos que compõem esta tipologia. É

possível também combinar algumas destas classificações em uma mesma pesquisa.

Page 105: Apostila metodologia e_pensame

104

11.3.1 Classificação dos tipos de pesquisa quanto aos fins

Cada estudo tem um objetivo específico, mas, de acordo com Vergara (2004),

é possível agrupar estes objetivos em certos tipos amplos, que serão descritos a

seguir.

A pesquisa exploratória é realizada quando um problema ainda é pouco

conhecido e as hipóteses a seu respeito ainda não foram claramente definidas. O

objetivo deste tipo de pesquisa é o de proporcionar maior familiaridade com o

problema, visando a levantar questões e hipóteses para estudos futuros.

Geralmente, as pesquisas exploratórias envolvem levantamento bibliográfico,

entrevistas exploratórias e análise de exemplos que favorecem à caracterização

inicial do problema, sem, contudo, resolvê-lo de imediato.

A pesquisa descritiva não tem o compromisso de explicar os fenômenos

observados, mas sim o de descrever suas características, identificando sua

natureza, sua composição e os processos que os constituem. Estão incluídas neste

caso as pesquisas que têm por objetivo levantar as opiniões, atitudes e crenças de

determinado grupo de pessoas, ou delinear suas características, tais como

distribuição por sexo, faixa etária, nível sócio-econômico, etc. As pesquisas

descritivas são bastante requisitadas pelas organizações e costumam constituir

etapa prévia para pesquisas de caráter explicativo ou intervencionista.

A pesquisa explicativa busca demonstrar por que ocorre determinado

fenômeno, esclarecendo os fatores que contribuem para sua ocorrência. Este tipo de

pesquisa não deve ser considerado excludente em relação às pesquisas descritivas,

já que a identificação dos fatores que determinam um fenômeno (explicação) exige

que este seja devidamente descrito e detalhado. É explicativa uma pesquisa que,

por exemplo, visa a identificar os fatores que levaram determinada organização a

perder a liderança de mercado.

A pesquisa metodológica dedica-se à descoberta e ao aperfeiçoamento de

instrumentos metodológicos, como os de coleta e manipulação de dados. Enquadra-

se neste tipo uma pesquisa cujo objetivo é o de criar um instrumento que torne

possível avaliar o grau de descentralização decisória em uma organização.

A pesquisa aplicada visa a investigar, comprovar ou rejeitar hipóteses já

sugeridas pelos modelos teóricos existentes, medindo a força das teorias e

hipóteses existentes e ajudando a identificar lacunas e contradições nas mesmas. É

Page 106: Apostila metodologia e_pensame

105

um meio bastante válido para investigar, por exemplo, os resultados da aplicação de

determinados modelos teóricos de gestão nas organizações.

A pesquisa intervencionista não se contenta em explicar os fenômenos, mas,

motivada pela necessidade de resolver problemas concretos, visa a interferir nesta

realidade, provocando nela determinadas modificações. Em virtude de exigir o

envolvimento direto do pesquisador na situação investigada, este tipo de pesquisa é

objeto de controvérsia, sendo considerada em certos meios como desprovida da

objetividade que deve caracterizar os procedimentos científicos.

11.3.2 Classificação dos tipos de pesquisa quanto aos meios

De acordo com as técnicas e procedimentos empregados pelo pesquisador, é

possível agrupar as pesquisas nos seguintes tipos descritos a seguir (VERGARA,

2004; RUIZ, 1996; RUDIO, 1978).

A pesquisa bibliográfica é uma constante na vida dos que se propõe a

pesquisar, pois constitui a base para qualquer tipo de investigação, em qualquer

área que se realize. Consiste no levantamento e exame do conjunto de

conhecimentos reunidos em obras sobre determinado tema ou problema assumido

como objeto de pesquisa. A vantagem deste tipo de pesquisa é que permite a

investigação de uma gama de fenômenos mais ampla do que aquela que poderia

ser pesquisada diretamente, como é o caso, por exemplo, de dados que se

encontram dispersos por diversos países, porém registrados em obras que os

analisam.

A pesquisa de campo é muito utilizada nas ciências sociais e consiste na

observação do fenômeno no contexto onde ocorre, campo no qual o pesquisador

coleta as informações que lhe permitirão caracterizar o fenômeno. Os instrumentos

mais comuns para esta coleta são a aplicação de questionários e a realização de

entrevistas. Basicamente, a pesquisa de campo focaliza um objeto, por exemplo,

uma organização ou um grupo de pessoas, e realiza uma observação direta de suas

atividades, entrevistando informantes para captar sua visão do que ocorre na

situação investigada. No estudo de campo, o pesquisador realiza boa parte do

trabalho pessoalmente, dada a importância da experiência direta do investigador

com a situação de estudo.

Page 107: Apostila metodologia e_pensame

106

A pesquisa experimental permite que o pesquisador observe e manipule a

ocorrência de um fenômeno, reproduzindo-o em um ambiente artificial, dentro de

condições previamente estabelecidas e rigorosamente controladas. A pesquisa

experimental consiste fundamentalmente em determinar um objeto de estudo,

selecionar e investigar as variáveis que os influenciam e definir as formas de

controle dos efeitos que a variável produz no objeto. Nas ciências humanas, há

muitos limites éticos para a utilização de experimentos, razão pela qual os

procedimentos experimentais só são empregados em um reduzido número de

situações. Entretanto, os experimentos são recursos muito importantes na testagem

de hipóteses e modelos.

A pesquisa documental é realizada sobre qualquer informação sob a forma de

texto, imagem, som, gravação, etc., que não é encontrada em livrarias e bibliotecas,

mas em arquivos pessoais ou de instituições públicas e privadas. Uma breve lista de

alguns tipos de documentos tradicionalmente utilizados neste tipo de pesquisa inclui

contratos, correspondências, diários, fotografias, leis, relatórios de empresas, entre

outros.

A pesquisa-ação é um tipo particular de pesquisa intervencionista que visa a

solucionar um problema coletivo através da cooperação e participação entre os

pesquisadores e os envolvidos na situação problema. Na pesquisa-ação os métodos

são menos sistemáticos e mais específicos ao problema, às pessoas ou à

organização pesquisada. Neste caso, o pesquisador se torna parte do processo de

mudança, ao encorajar as pessoas envolvidas com a pesquisa a avaliarem seus

próprios problemas para resolvê-lo.

O estudo de caso é um tipo de pesquisa amplamente utilizado nas ciências

humanas. Consiste em um estudo profundo e exaustivo de uma ou poucas unidades

de observação, que podem ser pessoas, grupos, produtos, empresas, etc. É

bastante apropriado ao estudo de fenômenos contemporâneos, pois permite a

utilização de várias fontes de dados e a abordagem dos fenômenos com base em

vários ângulos, produzindo-se assim um conhecimento detalhado do problema

investigado. É um tipo de pesquisa bastante adequado à revisão de teorias, pois

através dele podem-se identificar situações exploradas de modo insuficiente pelas

teorias existentes, apontando-se assim a necessidade de novas explicações dos

aspectos negligenciados.

Page 108: Apostila metodologia e_pensame

107

Na pesquisa ex-post facto, o pesquisador não tem controle direto sobre a

variável que supõe ser a causadora do fenômeno (variável independente), pois esta

já ocorreu, não sendo possível reproduzi-la através de experimentos. Por exemplo,

em uma pesquisa sobre a influência da deficiência alimentar sobre o desempenho

no trabalho, não seria possível submeter as pessoas a diferentes níveis de privação

de alimentos, ao bel prazer do pesquisador. Contudo, é possível identificar grupos

de indivíduos que já sofreram este tipo de deficiência e então estudar seus níveis de

desempenho.

Um resumo da classificação dos tipos de pesquisa apresentados acima

encontra-se no anexo A.

Page 109: Apostila metodologia e_pensame

108

12 A REDAÇÃO DO TRABALHO CIENTÍFICO

Não será possível, dentro dos limites deste manual, ensinar a escrever bem,

mas apenas destacar alguns elementos característicos da redação de trabalhos

científicos.

Comumente não são exigidas em um trabalho científico as qualidades

literárias que marcam os escritores de romances e outras obras de ficção. Enquanto

estas são produto da imaginação artística do autor, o trabalho científico deve se

preocupar principalmente com a comunicação precisa de um estudo (GALLIANO,

1986). A comunicação escrita se realiza através de um código comum, a língua, que

é regida por regras gramaticais, cujos padrões são aceitos por todos. Quando se

despreza esse código, corre-se o risco de produzir distorções e erros de

interpretação no processo de comunicação. Portanto, quem deseja ter seus textos

compreendidos corretamente deve escrevê-los de acordo com as regras gramaticais

de sua língua.

O domínio das regras de ortografia e gramática é pré-requisito para qualquer

um que se candidate a elaborar um trabalho acadêmico. Portanto, aqueles que

possuem falhas neste campo devem dedicar algum tempo para corrigi-las. A

ocorrência de erros no uso destas regras desqualifica o autor do trabalho, mesmo

quando este tem uma boa idéia a apresentar.

Como ressalta Galliano (1986), os profissionais de comunicação têm como

regra prática jamais escrever para si próprios, mas sempre direcionar a mensagem a

determinado “alguém”. Aqueles que conhecem bem o público para o qual é

direcionada sua mensagem ampliam as chances de “formatá-la” de maneira correta

e de serem entendidos de maneira clara e direta. Ao se definir corretamente o

público alvo do texto, portanto, resolve-se boa parte dos problemas da redação.

O estudante que redige um trabalho acadêmico deve ter em mente que sua

produção não se destina a um público comum, mas a um público especializado no

assunto que está sendo apresentado, sendo necessário usar uma linguagem

especializada e adequada aos padrões estabelecidos pela comunidade acadêmica.

Trata-se de uma comunicação científica.

Uma comunicação científica é, segundo Salomon (2000), uma comunicação

de conhecimentos extraídos de obras de pesquisa científica e/ou tratados à maneira

científica, com o fim de informar. Nesta definição incluem-se livros, teses, artigos,

Page 110: Apostila metodologia e_pensame

109

monografias, relatórios de pesquisa, entre outros. Conforme destaca Dusilek (1985),

a comunidade acadêmica julga de maneira rigorosa o enquadramento da produção e

da comunicação aos padrões científicos. Bons trabalhos mal redigidos podem

ocasionar problemas de reputação para quem o apresenta. Nem sempre os

trabalhos solicitados ao longo da graduação são desta natureza. Contudo, mesmo

os trabalhos mais simples, solicitados em disciplinas específicas, devem se

aproximar ao máximo dos padrões da comunicação científica.

12.1 REGRAS DE ESTILO

Em relação ao estilo, são comumente recomendadas três características:

objetividade, precisão e clareza. Textos obscuros, imprecisos ou incoerentes não

comunicam, apenas deixam confuso o leitor. É importante reler, corrigir e reescrever

o texto do trabalho acadêmico até que sejam obtidos os três itens mencionados, que

serão explorados a seguir.

12.1.1 Clareza

A clareza é capacidade de transmitir com exatidão as idéias. A clareza está,

conforme destaca Dusilek (1985), atrelada a o conhecimento do assunto tratado.

Não é recomendável escrever para “clarear as idéias”, ao contrário, deve-se formar

primeiro uma idéia nítida do que se vai expor, e então iniciar a redação do texto:

“aquilo que se conhece bem pode-se enunciar com clareza” (DUSILEK, 1985, p.

114). Uma regra específica bem adequada à necessidade de clareza do texto é

escrever frases não muito longas e que contenham, cada uma, uma única idéia. É

melhor expressar as idéias de maneira gradual, do que tentar expressar todas elas

de uma só vez, em uma só frase. Como regra geral, vale a atenção ao bom senso.

Não se deve abusar de frases demasiadamente curtas, imprimindo um estilo

“telegráfico” ao texto.

Outros dois fatores que contribuem para a clareza do texto são a unidade e a

coerência. A unidade é obtida quando cada frase de um parágrafo é relevante para o

tópico em discussão, evitando-se o texto prolixo, ou repleto de frases

desnecessárias que dificultam o acompanhamento do raciocínio do autor. A

coerência é resultado da conexão lógica das frases no parágrafo. Assim, o uso de

Page 111: Apostila metodologia e_pensame

110

exemplos deve ser um recurso utilizado para reforçar o argumento que sustenta a

idéia desenvolvida no parágrafo.

12.1.2 Precisão

A precisão está vinculada ao compromisso do cientista com a veracidade das

informações apresentadas. Por isso é necessário mencionar as fontes consultadas e

empregar os termos apropriados à analise das questões abordadas. O uso

vocabulário técnico ajuda o estudante nesta missão. Tal vocabulário é necessário

porque alguns conceitos só podem ser formulados através de termos técnicos

especializados, que não podem ser substituídos por palavras sinônimas encontradas

no linguajar comum, principalmente pelo sentido impreciso destas últimas. Assim, os

autores que não usam a terminologia específica de sua área cometem o erro de

empobrecer seu trabalho, aparentando imprecisão em suas idéias. Isto, contudo,

não significa que deva predominar no texto acadêmico uma linguagem hermética,

isto é, que só seja entendida por iniciados no assunto. O uso dos conceitos já

desenvolvidos na área científica em que se enquadra o trabalho é indispensável,

mas não deve ser supervalorizada. O texto não deve ter redação rebuscada a ponto

de torná-lo incompreensível e pouco objetivo. O bom senso é necessário para

estabelecer o equilíbrio entre a linguagem técnica e a comum (GALLIANO, 1986).

Embora seja necessário o uso de expressões que remetem aos padrões

científicos – tais como “a análise dos dados indica”, “segundo o pesquisador tal”, “as

pesquisas desenvolvidas sugerem que” – é importante evitar o desvio de linguagem

conhecido como circunlóquio, que significa o uso de muitas palavras para expressar

algo que poderia ser dito em poucas palavras. Por exemplo: “os pesquisadores

estiveram envolvidos no processo de fazer”, em lugar de “os pesquisadores fizeram”;

ou então “tendo em vista o conjunto das circunstâncias mencionadas”, em lugar de

“portanto”.

Como regra específica, é recomendado que se evite o uso de termos que

sugerem radicalidade, como “tudo”, “sempre” ou “nunca” e também de expressões

vagas, tais como “ligeiramente”, “certos casos”, “antigamente” e “alguns estudiosos”.

Expressões generalizantes, tais como “todo mundo sabe...”, também devem ser

evitadas, por sugerirem afirmações desprovidas de base teórica ou empírica. Em

Page 112: Apostila metodologia e_pensame

111

função do requisito de precisão do texto, é necessário ser exato na menção das

fontes consultadas e na identificação dos casos tratados no trabalho.

12.1.3 Objetividade

Para reforçar o caráter objetivo do discurso científico, é mais adequada a

utilização da linguagem impessoal. É melhor empregar expressões que não

implicam nenhuma personalização do discurso, como por exemplo “conclui-se que”

(em lugar de “eu concluo que”, ou de “nós concluímos que”). Um estilo formal deve

ser cultivado, sem, contudo, cair no pedantismo. Deve-se escrever para transmitir

idéias, não para impressionar. Os grandes escritores nem sempre são aqueles que

escrevem de modo complicado (DUSILEK, 1985, p. 117). É recomendável também

evitar o uso de regionalismos ou gírias que perdem totalmente o sentido quando

empregadas em outros contextos.

12.2 RECOMENDAÇÕES GERAIS

Dusilek (1985) recomenda a elaboração de um rascunho do trabalho, com a

finalidade de tornar perceptíveis as deficiências de comunicação a serem corrigidas,

a fim de que a versão final do trabalho alcance os padrões da comunidade

acadêmica. É rara a habilidade de escrever sobre assuntos acadêmicos sem

primeiro recorrer a um esboço. Ao preparar um, é recomendável pensar nos pontos

principais que serão abordados e em como estarão divididos no trabalho, para então

desenvolvê-los com os “pormenores significativos”.

Por mais que as técnicas de redação possam melhorar a qualidade da

redação acadêmica, é indispensável desenvolver o hábito da leitura de textos

científicos, pois somente este recurso permite que o estudante adquira novo

vocabulário e familiarize-se com o estilo de redação característico dos trabalhos

científicos: “O bom estilo é reflexo da personalidade culta do universitário”

(DUSILEK, 1985, p. 118).

Por fim, é importante reforçar a recomendação de conhecer e empregar as

normas de apresentação de trabalhos acadêmicos da ABNT, apresentadas no

capítulo 6 deste manual.

Page 113: Apostila metodologia e_pensame

112

13 CONCLUSÃO

Ao longo deste manual procurou-se demonstrar que o uso de métodos e

técnicas de estudo e de aprendizagem pode auxiliar o estudante em sua jornada de

iniciação ao pensamento científico. Certamente, métodos e técnicas de estudo não

são remédios infalíveis contra todas as deficiências que incomodam a vida dos

alunos, entretanto, isto não diminui a contribuição essencial da metodologia para a

vida estudantil: ampliar a capacidade de aprender a aprender na faculdade.

O planejamento na utilização do tempo, a preparação adequada para as aulas

e a leitura trabalhada dos textos enriquecem de maneira fundamental a passagem

do estudante pela vida acadêmica e ajudam a torná-lo mais habituado à natureza

essencialmente reflexiva do pensamento científico.

A atividade criativa que caracteriza a ciência não se dá a esmo; ao contrário,

é orientada por determinados padrões que lhe dão sustentação. Desta maneira, o

estudante deve seguir princípios metodológicos na coleta de dados de pesquisa, na

sistematização destes dados e no relato final das conclusões obtidas neste

processo, que constituem seu trabalho final.

O bom trabalho acadêmico parte de uma pesquisa criteriosa e de uma

delimitação precisa do tema. Para alcançar o status de produção acadêmica, todo o

rigor possível deve ser observado nos procedimentos metodológicos da pesquisa e,

finalmente, na preparação do trabalho, cuja redação e também apresentação gráfica

devem seguir os padrões estabelecidos pela comunidade científica, para a qual é

direcionado.

Aprimorando tais bases, o estudante, além de obter o significativo diferencial

de uma formação acadêmica mais sólida, se torna também cada vez mais apto à

prática científica, que tem como bases fundamentais o exercício permanente do

pensamento crítico e analítico e o emprego de métodos que permitem a superação

da visão fragmentada do senso comum em direção a uma visão ordenada e

sistemática. Por estas razões, o cientista é capaz de compreender e explicar de

maneira única a cadeia de eventos que liga os fenômenos, permitindo ampliar o

domínio do homem sobre o mundo que o cerca.

Page 114: Apostila metodologia e_pensame

113

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Page 115: Apostila metodologia e_pensame

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RUIZ, João Álvaro. Metodologia científica: guia para eficiência nos estudos. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1996. SALOMON, Délcio Vieira. Como fazer uma monografia. 9 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000. SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 22. ed. São Paulo: Cortez, 2002. TACHIZAWA, Takeshy. Metodologia da pesquisa aplicada à administração. Rio de Janeiro: Pontal, 2002. VERGARA, Sylvia Maria Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 5.ed. São Paulo: Atlas, 2004. WEBER, Max. Ensaios de sociologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1982.

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116

APÊNDICE A – Lista das principais normas de formatação

do trabalho acadêmico

FORMATO Papel A4, fonte arial ou times new roman, tamanho 12, exceto

citações diretas com mais de 3 linhas, paginação, legendas de

ilustrações e tabelas e notas de rodapé (fonte menor e

uniforme)

MARGENS Superior e esquerda: 3cm; inferior e direita: 2 cm. O início de

cada parágrafo tem recuo de 1 TAB da margem esquerda

ESPACEJAMENTO 1,5 entrelinhas, exceto citações diretas com mais de 3 linhas,

notas de apresentação e de rodapé e referências bibliográficas

(espaço simples). Utilizam-se 2 enter entre os parágrafos e os

títulos das seções. Entre um parágrafo e outro utiliza-se

apenas 1 enter.

PAGINAÇÃO Contar a partir da folha de rosto e colocar o número a partir da

introdução, no canto superior da folha. Utilizam-se algarismo

arábicos e fonte menor que 12

TÍTULOS DAS

SEÇÕES

Primárias: letras maiúsculas negritadas; secundárias: letras

maiúsculas sem negrito; ternárias: letras minúsculas

negritadas; quaternárias e quinárias: letras minúsculas sem

negrito. Os títulos das seções primárias iniciam em nova folha.

Os títulos das seções textuais são numerados e alinhados à

esquerda, enquanto os títulos das seções pré e pós-textuais

aparecem centralizados e sem indicativo numérico

ILUSTRAÇÕES E

TABELAS

Os títulos das tabelas aparecem na parte superior, enquanto

os das ilustrações aparecem na parte inferior das mesmas. Em

ambos os casos, deve-se citar a fonte na parte inferior

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ANEXO A – Classificação dos tipos de pesquisa quanto aos fins e aos meios segundo Vergara (2004)

QUANTO AOS FINS QUANTO AOS MEIOS

Exploratória: consiste em uma

caracterização inicial de fenômenos

ainda pouco conhecidos, sem o

compromisso de resolvê-los de imediato

Bibliográfica: consiste no levantamento e

exame do conjunto de conhecimentos

reunidos em obras sobre determinado

tema ou problema

Descritiva: visa a descrever a natureza,

a composição e os processos que

constituem o fenômeno investigado,

sem o compromisso de explicá-los.

De campo: consiste na observação e

coleta de informações sobre o fenômeno

no contexto em que este ocorre

Explicativa: visa a esclarecer os fatores

que provocam a ocorrência de

determinado fenômeno

Experimental: consiste na manipulação e

observação do fenômeno em um

ambiente artificial, dentro de condições

previamente estabelecidas e

rigorosamente controladas

Metodológica: dedica-se à descoberta

ou aperfeiçoamento de metodologias de

coleta e análise de dados

Documental: consiste na pesquisa de

informações sob a forma de texto,

imagem, som, gravação, entre outros, que

não são encontrados em livrarias e

bibliotecas, mas geralmente arquivados

em instituições públicas e privadas ou por

pessoas

Aplicada: visa a investigar, comprovar

ou rejeitar hipóteses já sugeridas pelos

modelos teóricos existentes

Pesquisa-ação: consiste no estímulo à

cooperação e participação dos

pesquisados na solução da situação

problema em que estão envolvidos

Intervencionista: visa a interferir na

realidade estudada, provocando

modificações que permitam a solução

de seus problemas concretos

Estudo de caso: consiste em um estudo

profundo, exaustivo e circunscrito a uma

ou poucas unidades de observação, que

podem ser pessoas, grupos, produtos,

empresas, etc.