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Universidade do Minho – Mestrado em Eng. Electrónica Industrial e Computadores v
À minha mãe
Universidade do Minho – Mestrado em Eng. Electrónica Industrial e Computadores vi
Agradecimentos O autor deseja manifestar o seu agradecimento às pessoas que com a sua
colaboração contribuíram para a realização deste trabalho.
Ao Professor José Higino Correia, pela orientação, e disponibilidade ao longo de
todo o projecto de investigação, com as suas sugestões, muito relevantes, durante a
orientação, escrita e revisão final;
Ao Professor Luís Alexandre Rocha agradeço a colaboração, e as sugestões
prestadas durante a realização do trabalho;
Ao Doutor Pedro Jorge pela disponibilidade, paciência com que me recebeu na
Faculdade de Ciências e pelos materiais postos a disposição;
Aos meus colegas Pedro Oliveira, André Fernandes e Carlos Marques pela
amizade demonstrada em todos os momentos e por terem sido cobaias dos testes
realizados;
Ao Hélder Silva pela amizade, pela disponibilidade para os testes e pelas
sugestões dadas, sempre oportunas; Ao Rui Rocha pelo humor com que preenche o
Laboratório de Microelectrónica;
Ao Nuno Ribeiro pela amizade e colaboração durante a escrita deste trabalho.
Aos meus pais agradeço o estímulo, a confiança e apoio indispensáveis que
tornaram a realização deste trabalho possível;
A todos aqueles que de alguma forma contribuíram para a realização deste
trabalho o meu, muito obrigado;
Resumo
Os sistemas de medição de sinais biomédicos estão em profundo
desenvolvimento, e os métodos não evasivos assumem significativa importância.
Esta dissertação descreve o desenho e construção de protótipos de sensores
ópticos para aplicações biomédicas (com especial destaque para as frequências
cardíaca e respiratória).
Este trabalho tem como objectivo desenvolver dois sensores ópticos portáteis,
para a monitorização de actividades físicas ou de pacientes.
Para detecção da frequência cardíaca é apresentado o respectivo circuito de
leitura. Consiste no uso de luz infravermelha para a detecção da frequência
cardíaca através de um sensor óptico em tecidos com boa irrigação (lóbulo da
orelha, dedo).
Após uma breve descrição do sistema respiratório humano é apresentada uma
solução para medição da frequência respiratória através de fibra óptica. É
demonstrada também a influência e causas que as atenuações provocadas dentro
da fibra, têm para o desenho do sensor de frequência respiratória que se baseia
precisamente nessas perdas internas.
Os sinais obtidos necessitam de processamento para poderem ser
visualizados, devido a problemas subjacentes ao uso de métodos não evasivos,
são apresentadas soluções para minimizar e se possível eliminar o ruído.
Abstract
Biomedical signals measuring systems are under deep development so non-
invasive measuring methods assume significant importance. This dissertation
describes the design and development of optical sensors prototypes for
biomedical applications (with a special focus on the respiratory and cardiac
frequencies).
The goal of this work is to develop two portable optical sensors for
monitoring the physical activity or patients.
The cardiac frequency sensor and respective readout circuit is presented. It
consists in the use of infrared light to detect the cardiac frequency through an
optical sensor on biological tissues with good blood irrigation (earlobe, finger,
etc).
After a brief description of the human respiratory system, a solution to
measure the respiratory frequency using optical fiber is presented. It is also
shown how the attenuations that occur inside the fiber (internal loses) Can be
used in the work concept of the respiratory frequency sensor.
The obtained signals need to be processed in order to be visualized. Due to
problems associated with the non-invasive methods, solutions to minimize or
even eliminate the noise are presented.
Índice
Universidade do Minho – Mestrado em Eng. Electrónica Industrial e Computadores ix
1 Introdução .................................................................................................................. 1
1.1 Sinais Biomédicos ............................................................................................... 1
1.2 Sensores Biomédicos ........................................................................................... 3
1.3 Sensores Ópticos ................................................................................................. 4
1.3.1 Emissor .......................................................................................................... 4
1.3.2 Fotodetectores ............................................................................................... 5
1.3.3 Processamento de sinal ................................................................................. 6
1.4 Motivação ............................................................................................................ 6
1.5 Organização da tese ............................................................................................ 8
Referências .................................................................................................................. 9
2 Sensor de Frequência Cardíaca ......................................................................... 10
2.1 Sensores não evasivos ....................................................................................... 10
2.2 Princípio de funcionamento ............................................................................. 10
2.2.2 Desenvolvimento do SFC ........................................................................... 12
2.3 Protótipo e circuito electrónico ....................................................................... 15
Referências ................................................................................................................ 17
3 Sensor de Frequência Respiratória ................................................................... 18
3.1 Introdução ao sistema respiratório ................................................................. 18
3.2 Movimentos Ventilatórios ................................................................................ 18
3.3 Sensores de frequência respiratória não evasivos ......................................... 20
3.3.1 Pneumografia por impedância .................................................................. 20
3.3.2 Pletismografia indutiva .............................................................................. 21
3.4 Fibra Óptica ...................................................................................................... 21
3.4.1 Abertura Numérica .................................................................................... 22
3.4.2 Atenuação .................................................................................................... 23
3.4.3 Tipos de fibra óptica ................................................................................... 24
3.5 Fotodetector ...................................................................................................... 25
3.6 Medição da frequência respiratória através da fibra óptica ........................ 27
Referências ................................................................................................................ 31
Índice
Universidade do Minho – Mestrado em Eng. Electrónica Industrial e Computadores x
4 Resultados Experimentais ................................................................................... 32
4.1 Sensor de frequência cardíaca ......................................................................... 32
4.2 Sensor de frequência respiratória ................................................................... 36
4.2.1 Banda com tecido têxtil .............................................................................. 36
4.2.2 Banda com sensor piezoeléctrico ............................................................... 37
4.2.3 Banda com fibra óptica .............................................................................. 38
Referências ................................................................................................................ 47
5 Conclusões .............................................................................................................. 48
Anexo A .......................................................................................................................... 50
Lista de figuras
Universidade do Minho – Mestrado em Eng. Electrónica Industrial e Computadores xi
Figura 1 – Exemplo de alguns fotodetectores comerciais. ......................................................... 5
Figura 2 – Diagrama de blocos do sensor de frequência cardíaca. ............................................ 7
Figura 3 – Diagrama de blocos do sensor de frequência respiratória. ....................................... 8
Figura 4 – Espectro electromagnético ...................................................................................... 11
Figura 5 – Representação da absorção relativa de várias secções do lóbulo da orelha ............ 12
Figura 6 – Fotopletismografia a) – topologia reflexão; b) topologia transmissão .................. 13
Figura 7 – Fotopletismografia reflectiva vs transmitida. ......................................................... 14
Figura 8 – Protótipo sensor de frequência cardíaca. ................................................................ 15
Figura 9 – Circuito electrónico do sensor de frequência cardíaca. .......................................... 16
Figura 10 – Músculos abdominais e diafragma durante a inspiração e expiração [1]. ............ 19
Figura 11 – Exemplo de uma fibra óptica ................................................................................ 22
Figura 12 – Coeficiente de atenuação α das fibras de sílica. ................................................... 23
Figura 13 – Difusão de Rayleigh. ............................................................................................. 24
Figura 14 – Fibra multimodo. .................................................................................................. 25
Figura 15 – Fibra monomodo. .................................................................................................. 25
Figura 16 – Corte num fotodíodo genérico. ............................................................................. 26
Figura 17 – Exemplo da característica tensão-corrente de um fotodíodo em dois modos [10].
.................................................................................................................................................. 26
Figura 18 – Exemplo da curvatura numa fibra óptica. ............................................................. 27
Figura 19 – Banda com sensor de frequência respiratória. ...................................................... 28
Figura 20 – Pulmões durante a (a) Inspiração (b) Expiração. .................................................. 28
Figura 21 – Esquema do circuito para o fotodetector. ............................................................. 29
Figura 22 – Montagem do sensor de frequência cardíaca com componentes DIL. ................. 32
Figura 23 – Montagem do sensor de frequência cardíaca com componentes SMD. ............... 33
Figura 24 – Sistema de teste ao sensor de frequência cardíaca. ............................................... 33
Figura 25 – Medição óptica vs ECG [4]. ................................................................................. 34
Figura 26 – Diagrama blocos em Labview para o sensor de frequência cardíaca. ................... 34
Figura 27 – Gráfico tensão de saída sem filtro digital ............................................................. 35
Figura 28 – Circuito ponte Wheatstone. ................................................................................... 36
Figura 29 – Banda respiratória com sensor têxtil. .................................................................... 37
Figura 30 – Amplificador de carga. ......................................................................................... 37
Figura 31 – Teste da banda respiratória com sensor piezoeléctrico. ........................................ 38
Lista de figuras
Universidade do Minho – Mestrado em Eng. Electrónica Industrial e Computadores xii
Figura 32 – Fibra óptica de 600µm com várias curvas. ........................................................... 39
Figura 33 – Banda respiratória apenas com a fibra óptica. ...................................................... 40
Figura 34 – Placa National Instruments e montagem do circuito do fotodetector. .................. 40
Figura 35 – Banda respiratória com componentes integrados. ................................................ 41
Figura 36 – Diagrama de blocos Labview, sensor de frequência cardíaca. .............................. 42
Figura 37 – Gráficos de Output no Labview. ........................................................................... 42
Figura 38 – Gráfico Vout teste ao SFR. ................................................................................... 43
Figura 39 – FFT do sinal do gráfico na figura 29. ................................................................... 44
Figura 40 – Teste ao SFR. ........................................................................................................ 45
Figura 41 – Teste ao SFR com movimentos. ........................................................................... 46
Universidade do Minho – Mestrado Integrado em Eng. Electrónica Industrial e Computadores 1
1 Introdução
1.1 Sinais Biomédicos
Sinais biomédicos são sinais provenientes de sistemas biológicos com destaque para os
sinais vitais de pacientes.
Os sinais biomédicos necessitam de algum processamento de sinal antes de poderem ser
visualizados. O sinal é amplificado, filtrado, amostrado e convertido para um valor discreto.
Como os sinais são sujeitos a processamento e descodificação adicional o clínico que
analisará os dados deve estar ciente dos efeitos da instrumentação e o processamento de sinal
que precedem a visualização dos dados.
O processamento de sinais biomédicos depara-se com alguns problemas. A razão para isto
é a complexidade do sistema subjacente, e a necessidade de realizar medições não evasivas.
Os sinais biomédicos podem ser de diversos tipos como se pode ver na seguinte descrição:
• Sinais bioeléctricos – são gerados por células nervosas e musculares. A sua fonte é a
polarização das membranas, que em certas condições podem ser excitadas para desencadear
uma acção. Os biossistemas podem ser monitorizados a partir do exterior, pois o campo
eléctrico propaga-se no meio biológico. Este sinal requer um simples transdutor, porque a
condução eléctrica em meios biológicos é realizada por meio de iões, enquanto a condução no
sistema de medida é feita através de electrões.
Introdução
Universidade do Minho – Mestrado Integrado em Eng. Electrónica Industrial e Computadores 2
• Sinais de bioimpedância – a impedância de um tecido contêm informação importante
no que concerne à composição, distribuição sanguínea, actividade endócrina, actividade do
sistema nervoso, entre outras. O sinal de bioimpedância é normalmente gerado quando o
tecido é polarizado com uma corrente sinusoidal, frequência entre 50 kHz e 1 MHz e
amplitude entre 20 µA e 20 mA. Estes valores são escolhidos porque evitam danos nos
tecidos. Estas medições são geralmente efectuadas através de quatro eléctrodos. Dois ligados
à fonte de corrente que são usados para injectar corrente, os outros dois colocados sobre o
tecido para medição da queda de tensão originada pela impedância do tecido e pela corrente.
• Sinais biomecânicos – O termo biomecânico inclui todos os sinais usados na
biomedicina que são originados por alguma função mecânica do sistema biológico. Estes
sinais incluem movimentos e sinais de deslocamento, pressão, tensão e sinais de fluxo entre
outros. O fenómeno mecânico não se propaga como o eléctrico e o magnético, assim requer
que a medição seja realizada no local exacto. Isto frequentemente complica as medições e
força uma medição evasiva.
• Sinais biópticos – São o resultado de funções ópticas do sistema biológico
ocorridas naturalmente ou induzidas pela medição. A oxigenação sanguínea pode ser estimada
medindo a radiação transmitida e reflectida de um tecido (in vivo ou in vitro) em diversos
comprimentos de onda. Informações importantes sobre a gestação do feto podem ser
adquiridas pela medição característica da fluorescência do líquido amniótico. O
desenvolvimento da tecnologia da fibra óptica abriu novas perspectivas para a utilização de
sinais biópticos [1].
Há dois tipos de sinais, contínuos e discretos. Sinais contínuos são descritos por uma
função contínua que fornece informações sobre o sinal em qualquer instante. Um sinal
discreto é descrito por uma sequência ou dados de informação localizada e descontínua no
tempo. A maioria dos sinais biomédicos é contínua. A tecnologia actual permite o uso de
ferramentas poderosas para processamento de sinais discretos, que se converte, na maioria dos
casos, um sinal contínuo num sinal discreto, processo conhecido por amostragem.
Introdução
Universidade do Minho – Mestrado Integrado em Eng. Electrónica Industrial e Computadores 3
1.2 Sensores Biomédicos
Com o uso de sensores biomédicos podem-se monitorizar e analisar os sinais biomédicos
de pacientes.
Os avanços na ciência da computação permitiram que sucessivas gerações de dispositivos
médicos analisem e mostrem os sinais fisiológicos.
Sensores biomédicos são sensores que convertem uma grandeza biológica num sinal
equivalente (eléctrico, químico, mecânico, etc.). No fundo o sensor biomédico serve de
interface entre um sistema biológico e electrónico.
Grandezas como a pressão sanguínea, temperatura corporal, fluxo sanguíneo, crescimento
ósseo, entre outras são medidas por sensores biomédicos. Dois tipos de sensores físicos
merecem uma referência particular: sensores de fenómenos eléctricos no corpo, chamados de
eléctrodos, têm um papel fundamental no diagnóstico e para aplicações terapêuticas. O mais
familiar destes sensores é usado para o electrocardiograma, um sinal eléctrico produzido pelo
coração. O outro tipo de sensor físico que tem várias aplicações na biologia e medicina é o
sensor óptico.
A segunda grande aplicação possível para sensores biomédicos é medirem quantidades
químicas e a identificação de certos elementos químicos, detectando a concentração de
diferentes compostos químicos, e monitorizar actividades químicas no corpo para diagnóstico
ou aplicações terapêuticas.
Existem vários tipos de sensores químicos que podem ser utilizados para medir no estado
gasoso usando diversas técnicas, muito utilizadas na análise do sistema pulmonar.
Sensores electroquímicos medem concentrações químicas ou mais precisamente,
actividades baseadas em reacções químicas que interagem com sistema eléctricos. Os
sensores fotométricos químicos são dispositivos ópticos que detectam concentrações químicas
baseadas em variações na transmissão e reflexão de luz.
Introdução
Universidade do Minho – Mestrado Integrado em Eng. Electrónica Industrial e Computadores 4
1.3 Sensores Ópticos
Os sensores ópticos estão entre os mais antigos e mais utilizados em análises bioquímicas.
Estes sensores usam a luz para recolher a informação e também em certos casos combinados
com fibra óptica para transmitir a informação. A instrumentação para medições ópticas
geralmente consiste numa fonte emissora de luz e um fotodetector, estando no meio a amostra
a analisar.
Medições ópticas de grandezas físicas são atractivas pois podem fornecer informação
importante, não é evasivo, e em tempo real. Uma monitorização não evasiva é realizada
através de infravermelhos próximos (NIR) para directamente aceder à condição fisiológica
interna de uma pessoa, sem ser necessário recolher qualquer amostra de sangue ou método
evasivo.
Existe uma zona específica do espectro electromagnético ideal para monitorizar funções
vitais do corpo humano que é a zona da radiação visível e infravermelhos próximos[2].
1.3.1 Emissor
Uma larga diversidade de fontes de luz está disponível para aplicações com sensores. Isto
inclui LASERs, lâmpadas incandescentes de banda espectral larga e banda estreita, díodos de
estado sólido e Light Emitting Diode (LEDs). Um factor importante num emissor é
obviamente uma boa estabilidade. Em aplicações portáteis, LEDs têm vantagens significativas
sobre outros tipos de emissores porque são pequenos e mais baratos, trabalham com baixa
potência e emitem comprimentos de onda específicos. Pelo contrário, lâmpadas de tungsténio
permitem uma gama maior de comprimentos de onda, com uma intensidade superior e com
melhor estabilidade, contudo requerem uma fonte de alimentação adequada ao seu consumo o
que, por vezes, pode causar problemas de sobreaquecimento num dispositivo [2].
Introdução
Universidade do Minho – Mestrado Integrado em Eng. Electrónica Industrial e Computadores 5
1.3.2 Fotodetectores
Na escolha de fotodetectores para sensores ópticos, alguns factores devem ser
considerados. Como a sensibilidade, ruído, resposta espectral e tempo de resposta.
Fotodetectores de silício são os mais utilizados pois são compactos e é simples integrar
circuitos electrónicos para a sua leitura [3].
Os fotodetectores em silício convertem electrões gerados pelo efeito fotoeléctrico em
sinais eléctricos detectáveis. No caso particular de um semicondutor, a energia de um fotão
pode movimentar um electrão de banda de valência para a banda de condução. Estas
mudanças nas cargas produzem uma corrente eléctrica.
Figura 1 – Exemplo de alguns fotodetectores comerciais [5].
A junção pn de um semicondutor origina um díodo que quando polarizado com fotões
gera uma pequena corrente eléctrica. Este modo de operação fornece alta sensibilidade pois
não existe corrente inversa de fuga, mas a corrente eléctrica é de baixa intensidade [4].
Aos fotodíodos geralmente é aplicada uma tensão de polarização. O resultado da aplicação
desta tensão na junção é o aumento de região de depleção. Qualquer carga que seja gerada
nesta região é alterada pelo campo, somando-se a corrente de fuga. Assim, a corrente total é
maior que no caso anterior sem polarização.
Introdução
Universidade do Minho – Mestrado Integrado em Eng. Electrónica Industrial e Computadores 6
Num díodo ideal, toda a luz incidente na superfície do fotodíodo é convertida em pares
electrão-lacuna. Num dispositivo real, existem perdas na superfície, perdas no eléctrodo e nas
camadas do dispositivo, e nem todas as cargas chegam aos eléctrodos.
Os fotodíodos são usados em inúmeras aplicações, incluindo sistemas de CD-ROM,
controlo remoto de televisão, detectores de movimento, alguns detectores de fumo, scanners
ópticos, repetidores de telecomunicações e uma grande variedade de instrumentos científicos.
1.3.3 Processamento de sinal
Tipicamente o sinal obtido dum fotodetector fornece uma corrente proporcional à
intensidade de luz medida. Geralmente a saída de um fotodetector é ligada directamente a um
andar de amplificação antes de ser amostrada numa conversão analógica digital.
É frequente serem utilizados dois comprimentos de onda diferentes com objectivo de
realizar uma medição mais precisa em sinais biomédicos. Uma luz com um certo
comprimento de onda é sensível às alterações do objecto de análise, por exemplo variações da
concentração de oxigénio no sangue, o outro comprimento de onda mantém-se inalterado com
tais alterações, sendo usado como referência para compensar oscilações na instrumentação ao
longo tempo [3].
1.4 Motivação
Uma variedade de técnicas não evasivas para medir vários parâmetros físicos tem vindo a
ser desenvolvidas com o objectivo de causar o menor incómodo possível ao utilizador.
Como unidades funcionais, os pulmões e o coração são dois órgãos vitais e efectua-se a
sua monitorização separadamente, sendo traduzida em frequência respiratória e cardíaca.
Isto levou ao desenvolvimento de dois tipos de sensores independentes entre si, no entanto
os seus resultados podem ser cruzados ampliando a capacidade de análise e de diagnóstico de
doenças cardio-respiratórias.
Introdução
Universidade do Minho – Mestrado Integrado em Eng. Electrónica Industrial e Computadores 7
Este trabalho tem como objectivo desenvolver dois sensores ópticos, portáteis para
monitorização de actividades físicas e a monitorização de pacientes. Os sensores
desenvolvidos utilizam a óptica de forma ligeiramente diferente pois no caso do sensor
cardíaco o meio de propagação são os tecidos do lóbulo da orelha e no caso do sensor de
frequência respiratória o meio propagação é fibra óptica. São constituídos por hardware
semelhante de baixo consumo adequado para funcionar a baterias.
Ambos os circuitos electrónicos são simples e são representados pelos diagramas de
blocos nas figuras 1 e 2.
Figura 2 – Diagrama de blocos do sensor de frequência cardíaca.
Introdução
Universidade do Minho – Mestrado Integrado em Eng. Electrónica Industrial e Computadores 8
Figura 3 – Diagrama de blocos do sensor de frequência respiratória.
1.5 Organização da tese
No presente capítulo foi introduzido o conceito de sinal biomédico, origens e formas de
processamento, bem como as capacidades actuais dos sensores ópticos como motivação para
este projecto.
No segundo capítulo descreve-se o princípio de funcionamento do sensor de frequência
cardíaca, como foi desenvolvido e a montagem final.
No terceiro capítulo é demonstrada a teoria que suporta o princípio de funcionamento do
sensor de frequência respiratória, e refere-se também a tecnologia das fibras ópticas.
No quarto capítulo são apresentados os resultados experimentais dos sensores construídos
e refere-se também a tecnologia de processamento de sinais.
No quinto e último capítulo apresentam-se as conclusões do projecto, incluindo alguns
aspectos que poderão a ser alvo de futura investigação.
Introdução
Universidade do Minho – Mestrado Integrado em Eng. Electrónica Industrial e Computadores 9
Referências
[1] - Cohen A. - Biomedical Signal Processing. Boca Raton, Fla, CRC Press 1986.
[2] - Mendelson Y. Pulse oximetry: Theory and application for noninvasive monitoring.
1992 ClinChem 28(9):1601.
[3] - Yitzhak Mendelson –Optical Sensors, The Biomedical Engineering Handbook: Second
Edition, 2000, cap 50.
[4] - Michael R. Squillante and Kanai S. Shah, Photojunction Sensors, The measurement
Instrumentation and Sensors Handbook, cap 56.2
[5] - http://www.hy-line.de/uploads/RTEmagicC_alle_pack_051109_b280.jpg.jpg
Universidade do Minho – Mestrado Integrado em Eng. Electrónica Industrial e Computadores 10
2 Sensor de Frequência
Cardíaca
Vários métodos não evasivos electrónicos permitem monitorizar a frequência
cardíaca humana. Pode ser feito de forma ultrasónica (Doppler), mecânica
(sphygmomanometer), eléctrica e óptica [1].
2.1 Sensores não evasivos
Como anteriormente referido, os sensores convertem variáveis físicas em sinais
eléctricos. Os sensores biomédicos podem ser caracterizados em dois tipos: sensores
não-evasivos, entendem-se como sensores que não estão dentro do corpo, exemplo são
os sensores que estão colocados à superfície como sensores de temperatura, eléctrodos
de superfície. Sensores Indwelling colocados nas cavidades corporais que comunicam
com o exterior. São referidos como sensores minimamente evasivos, como por exemplo
termómetros rectais e orais, medidores de pressão intra-uterina e sensores de pH do
estômago.
Os sensores evasivos têm que ser cirurgicamente implantados. Por exemplo, um
eléctrodo agulha para sinais electromiográficos é colocado directamente nos músculos,
um sensor de pressão sanguínea colocado numa artéria, veia ou no próprio coração [2].
2.2 Princípio de funcionamento
O sensor de frequência cardíaca (SFC) descrito nesta dissertação baseia-se no uso de
infravermelhos próximos (NIR, near-Infrared), o que constitui uma técnica não evasiva,
que explora o facto dos vasos sanguíneos subcutâneos contraírem e expandirem
conforme a frequência cardíaca, e ser detectável exteriormente em determinadas zonas
da pele, como a extremidade dos dedos e o lóbulo da orelha por, zonas estas bem
irrigadas por sangue. Esta técnica baseia-se no princípio da pletismografia1 [3].
1 Pletismografia é o estudo das alterações do volume de um órgão ou membro motivado pelo fluxo sanguíneo.
Sensor de Frequência Cardíaca
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2.2.1 Infravermelhos Próximos
A luz infravermelha situa-se no espectro electromagnético entre 750 e 10000 nm, e é
uma onda electromagnética.
Na zona de radiações infravermelhas são definidas quatro regiões: infravermelho
próximo, curto, médio e longo. Esta divisão, não muito exacta baseia-se na simplicidade
com que se pode produzir e observar essas quatro zonas de infravermelho, pois
dependem do seu comprimento de onda. Como se pode ver pela Figura 4 o
infravermelho próximo (NIR) tem um comprimento de onda entre os 750 nm e 1200 nm
não sendo percebido pela visão humana.
Figura 4 – Espectro electromagnético.
Sensor de Frequência Cardíaca
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O infravermelho curto situa-se entre 1200 nm e 2000 nm, o infravermelho médio
entre 2000 nm e 3000 nm, estes tipos de luz infravermelha para serem produzidos
necessitam de técnicas mais refinadas. No sensor de frequência cardíaca (SFC) foi
utilizado Infravermelho próximo porque penetra mais profundamente nos tecidos do
que outra luz com diferente comprimento de onda [4].
2.2.2 Desenvolvimento do SFC
Na Figura 5, está representada a absorção de um sinal a partir de uma pletismografia
de um ser humano em descanso. Verifica-se que a maior absorção de luz é na presença
de sangue arterial pulsátil e menor para tecidos e ossos. Isto revela-se importante na
configuração do SFC sabendo que a maior absorção está associada ao sangue arterial
pulsátil, a passagem de fotões por este resulta num sinal AC, e sendo este a referência
para se retirar a frequência cardíaca, resta eliminar do sinal a região DC.
A região DC resulta da passagem dos fotões por vários meios não pulsáteis como
tecidos, ossos, sangue venoso e sangue arterial não pulsado. Assumindo que estes se
mantêm constantes é possível eliminar esta componente DC através de um filtro passa
banda ou passa alto. Contudo, no caso de o sensor ser utilizado com o paciente a realizar
movimentos, esta região atribuída a elementos não pulsáteis flutua [7].
Figura 5 – Representação da absorção relativa de várias secções do lóbulo da orelha.
Sensor de Frequência Cardíaca
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A localização do LED e do fotodetector é importante para se conseguir um sinal
robusto com o menor número de interferências possível. Na Figura 6, estão
representadas duas disposições diferentes do LED e do fotodetector. Como no lóbulo da
orelha e na ponta dos dedos a superfície epidérmica é mais fina, os fotões podem
alcançar os vasos sanguíneos com menor atenuação e os vasos encontram-se numa zona
superficial e com uma elevada densidade.
Figura 6 – Fotopletismografia a) – topologia reflexão; b) topologia transmissão
É de salientar que a pulsação arterial não tem maior magnitude que a pulsação
cutânea e é também menos susceptível a movimentos devido a uma natural pressão
interna. Enquanto os vasos capilares podem romper-se com uma pequena pressão
externa na ordem dos 10 a 30 mmHg, a artéria pode suster pressões externas na ordem
dos 70 a 80 mmHg [5,6]. Isto faz com que a luz ambiente não perturbe a medição. No
caso da colocação no dedo, um dos dispositivos ópticos, (LED ou fotodetector) deve ser
colocado junto a artéria digital. A questão centra-se então onde colocar o outro
dispositivo.
Na Figura 6(a) tanto o LED como o fotodetector estão colocados no mesmo lado,
enquanto na Figura 6 (b) estão colocados em lados opostos. Estando posicionados do
mesmo lado cria um tipo de pletismografia de reflexão, enquanto colocar os dispositivos
ópticos em lados opostos regista uma pletismografia de transmissão. Ainda na Figura 6
está representado o caminho aproximado realizado pelos fotões, nos dois casos. No
Sensor de Frequência Cardíaca
Universidade do Minho – Mestrado Integrado em Eng. Electrónica Industrial e Computadores 14
entanto, o caminho exacto é difícil de obter, devido à heterogeneidade natural dos
tecidos e do sangue, o caminho representado é uma aproximação [8].
No entanto estes dois tipos de topologia não têm diferenças fundamentais do ponto
de vista óptico, mas em termos de relação sinal/ruído e potência diferem
significativamente [9].
A colocação da topologia reflectiva deverá ser bastante segura. Isto porque, se
existir um espaço de ar entre os dois dispositivos ópticos, cria-se um caminho directo
entre eles e leva à saturação. Já na configuração de transmissão não existe o problema
do curto-circuito, pois o LED e o fotodetector estão em lados opostos e nenhum
caminho directo é possível pelo ar. Além disso, este tipo de configuração é menos
sensível a movimentos, uma vez que é irradiada luz por um volume maior de tecido.
Figura 7 – Fotopletismografia reflectiva vs transmitida.
A Figura 7, mostra uma comparação experimental entre topologia reflectiva e
transmitida. No início do teste ambos estavam em repouso, depois aplicou-se
movimento. A topologia baseada na reflexão mostra-se bastante mais susceptível aos
distúrbios no sinal causados por movimentos.
Sensor de Frequência Cardíaca
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2.3 Protótipo e circuito electrónico
A colocação do dispositivo no dedo não é uma tarefa fácil para ter o ângulo correcto
e obter o melhor sinal à saída, mantendo o dispositivo na posição correcta. Assim
construiu-se o protótipo na Figura 8.
Figura 8 – Protótipo sensor de frequência cardíaca.
O circuito de polarização do LED fornece uma corrente, quando essa fotocorrente é
absorvida após ter passado pelos tecidos, é gerada uma tensão pulsada, criada pelo
movimento sanguíneo. Esta tensão é sujeita a um filtro passa-baixo, com o objectivo de
reduzir a componente DC. O sinal é amplificado numa montagem inversora 10 vezes.
Depois passa por um filtro passa-alto que visa atenuar o ruído de baixa frequência
causado por movimentos do utilizador. O sinal de saída é gerado num amplificador não
inversor com histerese, assim obtém-se na saída um sinal pulsado entre 0 e Vmax
devido ao rectificador de meia onda (ver Figura 9).
Sensor de Frequência Cardíaca
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Figura 9 – Circuito electrónico do sensor de frequência cardíaca.
Calibração
A absorção óptica pelos tecidos varia de utilizador para utilizador, o que pode levar
tanto à saturação dos amplificadores operacionais, como à insuficiência de sinal para o
seu funcionamento. Logo exige uma calibração a cada utilização, esta é feita no
potenciómetro R, que controla o ganho do conversor I-V. Na calibração do sensor
utiliza-se um potenciómetro digital em R e um processador.
Sabendo que para o circuito funcionar correctamente, no ponto entre a resistência R2
e o condensador C2, Vteste, a tensão deve estar num valor que não sature os
amplificadores operacionais a montante, no caso seria 2.2 V. Rnovo, é o novo valor do
potenciómetro digital R e é obtido pela relação:
Vteste
RRnovo
2.2*=
Sensor de Frequência Cardíaca
Universidade do Minho – Mestrado Integrado em Eng. Electrónica Industrial e Computadores 17
Referências
[1] - http://elecdesign.com/articles/index.cfm
[2] - Neuman, M.R. “Biomedical Sensors -The Electrical Engineering
Handbook”, cap 114, 2000.
[3] - P. Ake Oberg, “Optical Sensors For Heart and Respiratory Rate
Measurements”, 18th Annual International Conference of the IEEE Engineering in
Medicine and Biology Society, Amsterdam 1996
[4] - http://br.geocities.com/saladefisica5/leituras/infravermelho.htm
[5] - A. Guyton and J. Hall, Textbook of Medical Physiology, 9th ed. Philadelphia,
PA: Saunders, 1996, pp. 187.
[6] - M.S. Rendell and J.M. Wells, “Ischemic and pressure-induced hyperemia: A
comparison” Arch. Phys. Med. Rehab., vol. 79, no. 11, pp. 1451-1455, 1998.
[7] - H. Harry Asada, Phillip Shaltis, Andrew Reisner, Sokwoo Rhee, and Reginald
C. Hutchinson, “Mobile Monitoring with Wearable Photoplethysmographic
Biosensors” pp.30, 2003.
[8] - S. Feng, F. Zeng, and B. Chance, “Photon migration in the presence of a
single defect: A perturbation analysis” Appl. Opt., vol. 34, no. 19, pp. 3826-3837,
1995.
[9] - Y. Mendelson and B.D. Ochs, “Noninvasive pulse oximetry utilizing
skinreflectance photoplethysmography” IEEE Trans. Biomed. Eng., vol. 35, pp. 798-
805, 1988.
Universidade do Minho – Mestrado Integrado em Eng. Electrónica Industrial e Computadores 18
3 Sensor de Frequência
Respiratória
Neste capítulo é demonstrada a teoria que suporta o princípio de funcionamento do
sensor de frequência respiratória, com a aplicação da tecnologia das fibras ópticas.
3.1 Introdução ao sistema respiratório
Para o aparecimento dos organismos multicelulares foi crucial o desenvolvimento da
capacidade de levar oxigénio e trazer o seu metabolito, dióxido de carbono, a todas as
células do organismo. Foi no sentido de providenciar uma oxigenação adequada de todas
as células, independentemente do tamanho do organismo, que evoluíram os sistemas
respiratórios e circulatório.
O sistema respiratório pode subdividir-se num órgão trocador de gases, o pulmão, e
numa bomba que vai aumentando e diminuindo as dimensões da caixa torácica. A sua
principal função é a distribuição adequada do ar inspirado e do fluxo sanguíneo pulmonar,
por forma as trocas gasosas se realizem com um mínimo consumo energético [1].
3.2 Movimentos Ventilatórios
Entende-se por ventilação o processo automático e rítmico que gera movimentos de
entrada e saída de ar no organismo.
A inspiração resulta da elevação do diafragma e contracção dos músculos intercostais.
O diafragma é o principal músculo da ventilação, sendo responsável por 75% da variação
do volume intratorácico numa ventilação em repouso. A expansão torácica activa, é
responsável por uma diminuição da pressão no espaço pleural que tem, como
consequência, um movimento de expansão pulmonar passiva que, por sua vez, gera uma
diminuição da pressão nos espaços aéreos terminais. Esta actua como força motriz para a
entrada de ar até que a pressão nos espaços aéreos iguale a pressão atmosférica.
Sensor de Frequência Respiratória
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A expiração é um processo predominantemente passivo, dependente de forças de
retracção elástica. A ventilação corrente não depende da actividade muscular apesar de, na
sua fase inicial, haver uma contracção dos músculos inspiratórios que travam as forças de
retracção e torna mais lenta a expiração.
A inspiração ocupa uma menor porção do ciclo respiratório, cerca de 2 segundos, e a
expiração cerca de 3 segundos, para uma frequência 12 ciclos/minuto. Num indivíduo
saudável é considerado normal uma frequência entre 16 a 20 ciclos/minuto.
Figura 10 – Músculos abdominais e diafragma durante a inspiração e expiração [1].
A caixa torácica pode deslocar-se num movimento em braço de bomba2, fazendo variar
o diâmetro antero-posterior do tórax, mas muito pouco o diâmetro transverso. Esta
característica revelou-se fundamental para a concepção do sensor de frequência respiratória
[1].
2 Entende-se como o aumento antero-posterior do tórax.
Sensor de Frequência Respiratória
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3.3 Sensores de frequência respiratória não evasivos
O uso de métodos evasivos para monitorizar a frequência respiratória, como o
espirómetro3, é comum. Métodos não evasivos são preferíveis pois não requerem que o
paciente utilize um bocal, e é uma medição do padrão da respiração mais natural.
Actualmente, para a monitorização da frequência respiratória com tecnologias não
evasivas, são utilizadas duas técnicas diferentes: pneumografia por impedância e a
pletismografia indutiva.
3.3.1 Pneumografia por impedância
A pneumografia por impedância é usada na investigação médica contudo a tecnologia
tem limitações que podem afectar a precisão e a aplicação deste método. É uma técnica que
utiliza uma corrente alternada de baixa amplitude e alta-frequência, entre 50 e 500 kHz,
entre dois eléctrodos à superfície da pele para registar os movimentos torácicos ou
alterações de volume caixa torácica durante um ciclo respiratório. Baseado na lei de Ohm,
a queda de tensão entre os eléctrodos é entendida como impedância, que aumenta durante
as inspirações e diminui durante as expirações.
A resistência eléctrica dos tecidos torácicos é menor que o ar, consequentemente a
corrente alternada a passar pela cavidade torácica reflecte praticamente a impedância
destes tecidos. Assim, enquanto esta técnica pode fornecer uma indicação qualitativa do
movimento do tórax, não existe relação directa com o volume torácico. Os eléctrodos
colocados na pele registam a impedância de todos os tipos de tecidos atravessados pela
corrente eléctrica, incluindo músculos. Esta tecnologia é bastante sensível a movimentos
corporais, logo dependente da postura. Este sinal é difícil de calibrar e a sua polaridade é
susceptível de se alterar repentinamente e erradamente. Finalmente, porque a pneumografia
por impedância implica a passagem de corrente entre dois eléctrodos colocados à
superfície da pele, impossibilita o seu uso em meio adversos [5].
3 Aparelho que permite medir a capacidade da caixa torácica, recolhendo o ar no decurso de uma expiração forçada que se segue a uma inspiração profunda.
Sensor de Frequência Respiratória
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3.3.2 Pletismografia indutiva
É uma alternativa mais recente e está-lhe associada alta precisão e consequentes
benefícios práticos à investigação médica. Utiliza sensores para medir mudanças na zona
abdominal e no tórax durante o ciclo cardíaco e respiratório. Os sensores consistem em
sequências de condutores dispostos como uma sinusóide, percorridos por uma pequena
corrente de alta frequência (300 kHz) de um circuito oscilador. Movimentos da região
abdominal e do tórax alteram o campo magnético, que é medido como alteração de tensão
ao longo do tempo.
Em virtude do seu conceito, a pletismografia indutiva apresenta vantagens em relação à
pneumografia por impedância para medições de precisão, pois apresenta menor distorção
de sinal. A pletismografia indutiva utiliza duas bandas, uma colocada no abdómen e outra
sobre o tórax, permitindo uma análise em fase entre as duas bandas [5].
3.4 Fibra Óptica
O uso de fibras ópticas simples, como sensores ou a integração de sensores em fibra
óptica, tem sido proposto e várias técnicas foram desenvolvidas para a medição de
diferentes grandezas físicas. Alguns tipos de sensores em fibra óptica foram
comercializados com sucesso [7].
A operação de uma fibra óptica é baseada no princípio da reflexão interna. A luz é
reflectida e absorvida (altera a sua direcção enquanto penetra noutro meio), dependendo do
ângulo com que incide na superfície da fibra [6].
Este princípio é a base do funcionamento da fibra óptica e o do ângulo com que a luz
penetra na fibra serve para controlar a eficiência com que chega ao seu destino. As ondas
são guiadas através do núcleo da fibra óptica.
Os sensores de fibra óptica têm certas vantagens que incluem imunidade às
interferências electromagnéticas, peso reduzido, alta sensibilidade, largura de banda
bastante distribuída pelo espectro, e é facilmente implementável numa rede de sensores
multiplexados. Tensão, temperatura e pressão são as grandezas físicas medidas [2,3]. No
caso desta dissertação vamos usar uma fibra óptica simples como sensor.
Sensor de Frequência Respiratória
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3.4.1 Abertura Numérica
A fibra óptica (ver Figura 11) tem um núcleo cilíndrico e uma camada envolvente
(baínha) desse núcleo, sendo ambos (núcleo e bainha) feitos de material transparente,
geralmente vidro ou plástico. Uma segunda camada protectora concêntrica (de plástico) é,
na maioria dos casos, aplicada para evitar curvaturas acentuadas.
Analisando apenas o núcleo e a bainha (“cladding”), um feixe luminoso que entre na
fibra óptica segundo um ângulo maior do que o cone de aceitação (ver Figura 11 raio 2)
perde-se por refracção (resulta da diferença velocidade de luz dos meios), não sendo
transmitido ao longo da fibra [4].
Figura 11 – Exemplo de uma fibra óptica
(a) Cone de aceitação para fibra de “salto de Índice”; (b) Abertura numérica NA= sin θθθθc.
Sensor de Frequência Respiratória
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O ângulo do cone de aceitação está relacionado com o menor ângulo que um raio no
núcleo pode fazer com a normal à superfície de separação núcleo-baínha, para o qual não
há reflexão.
Assim, define-se, Abertura Numérica (NA)
22
21sin nnNA c −== θ
Onde, cθ é o ângulo de abertura do cone de aceitação e n1 e n2 os índices de refracção
do núcleo e da camada envolvente, respectivamente. O índice de refracção do núcleo é um
pouco maior do que o da camada envolvente. Só há transmissão quando a luz incide na
fibra com um ângulo menor que o correspondente à sua NA. Este valor de NA diminui à
medida que o diâmetro da fibra diminui. Por exemplo, para um núcleo de 50 µm, o valor é
0.2 µm e para 10 µm o valor é 0.1 µm [4].
3.4.2 Atenuação
Na Figura 11 está representado as atenuações numa fibra óptica de sílica em função do
comprimento de onda em nm. Pretende-se também, na figura, fazer a distinção entre os
dois tipos de fibra (multimodo e monomodo) evidenciando as perdas em cada um dos
tipos.
Figura 12 – Coeficiente de atenuação α das fibras de sílica.
As perdas na fibra podem ser devido à absorção intrínseca do vidro, que apresenta um
pico na região dos ultravioletas e outro pico na região dos infravermelhos e têm uma
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contribuição para as perdas muito pouco significativa. No entanto a absorção devido a
impurezas (especialmente devido a iões OH) tem um papel preponderante.
Há ainda outra causa de perdas devido a efeitos geométricos (originado por curvaturas na
fibra e micro-curvaturas). A combinação de todas as causas referidas anteriormente dá
origem às curvas de atenuação da Figura 12.
Uma importante causa para as perdas é a dispersão de Rayleigh. Esta dispersão é
devida a localização aleatória de regiões moleculares ao longo da fibra onde a densidade é
maior e, portanto, onde há grandes variações do índice de refracção; estas variações podem
ser modeladas como pequenos elementos dispersos (elementos menores que o
comprimento de onda da luz), ver Figura 13, de tal modo que os raios de luz ao
atravessarem aquele tipo de estrutura difundem-se em várias direcções, acontecendo nesse
ponto perdas. Como a difusão de Rayleigh é proporcional a λ-4, quanto menor for o
comprimento de onda maior será o seu efeito (Figura 12).
Figura 13 – Difusão de Rayleigh.
3.4.3 Tipos de fibra óptica
Existem dois tipos de fibra óptica: multimodo e monomodo. O tipo multimodo refere-
se ao facto de numerosos tipos de ondas poderem ser conduzidas simultâneamente no
mesmo guia de onda. Estes modos surgem devido ao facto da luz apenas se propagar no
núcleo da fibra segundo ângulos discretos, dentro do cone de aceitação. Este tipo de fibra
tem um diâmetro do núcleo maior do que uma fibra monomodo, permitindo um grande
número de diferentes sinais. (ver Figura 14).
Sensor de Frequência Respiratória
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Figura 14 – Fibra multimodo.
A fibra óptica monomodo (Figura 15) permite uma alta capacidade de transmissão pois
garante a fiabilidade de cada pulso mesmo a longas distâncias e não tem a dispersão
causada pelas fibras multimodo.
Figura 15 – Fibra monomodo.
3.5 Fotodetector
O fotodíodo é um díodo de junção pn construído de modo a possibilitar a utilização da
luz como factor determinante no controlo da corrente eléctrica. Quando a superfície é
iluminada, os fotões penetram no silício a uma profundidade dependente da energia do
fotão e são absorvidos pelos pares electrão-lacuna. Estes pares movimentam-se livremente
pelo substrato até serem reagrupados.
Sensor de Frequência Respiratória
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Figura 16 – Corte num fotodíodo genérico.
A junção pn é uma região com um campo eléctrico forte chamada região de depleção.
Esta é formada pela diferença potencial existente na junção. Os pares originados pela luz
incidente circulam sujeitos a este campo e a junção é percorrida por uma corrente
fotoinduzida enquanto a luz incidir na área activa do fotodíodo. Entre as junções também é
gerada uma tensão podendo o fotodíodo ser utilizado como uma célula fotovoltáica. Os
dois modos de operação de um fotodíodo são mostrados na Figura 17.
Figura 17 – Exemplo da característica tensão-corrente de um fotodíodo em dois modos [10].
A característica tensão-corrente dos fotodíodos são muito similares aos díodos comuns,
a única excepção é o facto de a curva depender da quantidade de luz incidente. Para uma
Sensor de Frequência Respiratória
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dada intensidade de luz o díodo irá gerar uma corrente e uma tensão específica pelas suas
curvas características. Os fotodíodos tem características similares, contudo a sua
performance pode ser modificada, a um determinado nível, através do material de
construção e opções durante o processo de fabrico, adaptando as aplicações pretendidas.
3.6 Medição da frequência respiratória através da fibra óptica
Quando qualquer tipo de fibra multimodo ou fibra monomodo é encurvada, há perdas.
As perdas aumentam quando o raio de curvatura (“bending radius”) R diminui [4].
Figura 18 – Exemplo da curvatura numa fibra óptica.
Durante a respiração ocorre uma expansão torácica, ao ritmo da frequência respiratória.
Esta expansão torácica é aproveitada para permitir a monitorização da frequência
respiratória.
Para se conseguir passar de um movimento mecânico para um sinal eléctrico concebeu-
se a banda, Figura 19, onde se vê o acoplamento do LED com a fibra óptica e uma
curvatura na fibra óptica, colocada com o objectivo de aumentar a sensibilidade, se a fibra
fosse colocada em linha recta as variações não seriam tão perceptíveis. O ângulo desta
curvatura vai-se alterar com os movimentos torácicos. A banda têxtil é constituída por dois
têxteis diferentes, um rígido e outro com propriedades elásticas, reduzindo-se assim a área
activa da banda. O objectivo é minimizar a influência de outro tipo de movimentos do
tórax que não o movimento provocado pela respiração.
Sensor de Frequência Respiratória
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Figura 19 – Banda com sensor de frequência respiratória.
Como foi referido anteriormente, quando uma fibra óptica é encurvada alguma energia
dentro da fibra óptica é libertada. Com a inspiração (Figura 20 (a)), o volume do tórax
aumenta, isto leva a uma diminuição do raio de curvatura da fibra óptica, a azul na mesma
figura, e consequente perda de energia [4].
Figura 20 – Pulmões durante a (a) Inspiração (b) Expiração.
Sensor de Frequência Respiratória
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Circuito Electrónico para o fotodetector
Tendo como princípio esta diminuição de energia devido à inspiração foi elaborado um
circuito que detecta estas alterações. A energia sob a forma de luz é introduzida na fibra
óptica através de um LED Ultra Bright, neste tipo de LED a intensidade de luz é bastante
superior a um LED normal.
Como se pretende que o sistema seja portátil, construiu-se um circuito tendo em
consideração os seguintes aspectos: circuito compacto, estabilidade do sinal, baixo
consumo, rejeição de interferências provocadas por ambientes adversos e movimentos do
utilizador.
O LED é alimentado pela corrente contínua e está acoplado a uma extremidade da
fibra óptica. Na outra extremidade está acoplado um fotodíodo. A corrente do fotodíodo é
convertida em tensão por um conversor I-V (ver Figura 21), a frequência respiratória muito
dificilmente ultrapassa 1Hz, logo para eliminar todas as frequências superiores a 1Hz o
sinal é sujeito a um filtro passa baixo (R3 e C1).
Figura 21 – Esquema do circuito para o fotodetector.
Sensor de Frequência Respiratória
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Após a filtragem do sinal um amplificador de instrumentação com uma entrada ligada a
um controlar de offset permite calibrar o sensor no início de cada utilização. Este
procedimento é necessário para estabelecer uma referência. A saída de U2 com o utilizador
relaxado deve ser calibrada para 0V, através do potenciómetro R2. Seguidamente o sinal é
aplicado a um amplificador inversor e filtrado por um filtro passa baixo. Esta saída é ligada
a um ADC para conversão do sinal analógico em digital.
Sensor de Frequência Respiratória
Universidade do Minho – Mestrado Integrado em Eng. Electrónica Industrial e Computadores 31
Referências
[1] - Miguel Guerra, Manuel Falcão. Texto de Apoio de Fisiologia Faculdade de
Medicina da Universidade do Porto
[2] - Byoungho Lee. “Review of the present status of optical fibre sensor” 2003.
[3] - Andrzej W. Domanski. “Application of optical fibre sensors in mechanical
measurements” 1997.
[4] - A. Saraiva Fernandes, “Capítulo sobre fibras ópticas”, Dezembro 2004
[5] - Chris Landon M.D., “Respiratory Monitoring: Advantages of Inductive
Plethysmography over Impedance Pneumography”, 2002
[6] - http://www.iec.org/online/tutorials/fiber_optic/topic02.html
[7] - J.P. Dakin, B. Culshaw “Revisiting Optical-Fiber Sensors” 1999
[8] - http://www.theledlight.com/technical1.html
[9] - http://www.fiber-optics.info/articles/fiber-types.htm
[10] - www.perkinelmer.com/opto
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4 Resultados Experimentais
Nos capítulos anteriores foram introduzidos conceitos teóricos relativos às técnicas e
que permitiram a construção dos sensores de frequência cardíaca e respiratória. No
presente capítulo apresentam-se os testes efectuados e resultados obtidos com os referidos
sensores.
4.1 Sensor de frequência cardíaca
Os circuitos utilizados na montagem do sensor de frequência cardíaca foram testados
em duas montagens diferentes; numa primeira fase do projecto com componentes DIL
(Dual in Line), ver Figura 22, e numa fase mais avançada do projecto com componentes
SMD (Superficial Monting Device), ver Figura 23. Esta segunda montagem apresenta mais
componentes pois o sensor estava inserido numa rede de sensores. Este tipo de
componentes (de menores dimensões) é ideal, para portatibilidade do sensor, autonomia, e
conforto do utilizador.
Figura 22 – Montagem do sensor de frequência cardíaca com componentes DIL.
Resultados Experimentais
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Figura 23 – Montagem do sensor de frequência cardíaca com componentes SMD.
Na Figura 24, observa-se os dispositivos de medida num dos testes realizados ao sensor
de frequência cardíaca com componentes DIL. Neste teste preliminar de verificação do
funcionamento do circuito, o multímetro foi utilizado para medir a tensão no ponto Vteste
(referido no capítulo 2, Figura 9) que é possível calibrar através do potenciómetro R. A
análise da frequência efectuou-se através do osciloscópio. Os resultados neste teste foram
positivos, pois estavam a ser detectadas várias frequências cardíacas em diferentes
utilizadores em repouso e em esforço.
Figura 24 – Sistema de teste ao sensor de frequência cardíaca.
Resultados Experimentais
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Este circuito foi testado em comparação com um ECG. Como se observa na Figura 25,
a leitura óptica é semelhante ao ECG, ocorrendo igual número de picos de tensão em
ambos os casos.
Figura 25 – Medição óptica vs ECG [4].
Numa fase posterior a tensão de saída foi ligada a uma placa de aquisição de dados da
National Instruments, usando o software Labview. Projectou-se o diagrama de blocos da
Figura 26, em que o sinal da tensão de saída foi sujeito a um filtro passa-banda digital com
frequência de corte mínima de 0.5 Hz e máxima de 5 Hz, do tipo IIR (Infinite Impusle
Response) Butterworth ordem 10. A definição destes valores teve por base o princípio que
o débito cardíaco máximo não consegue ultrapassar o triplo do normal (numa pessoa
saudável varia entre 60-80 batimentos/minuto) [1]. Na Figura 27, está representada a saída
do circuito que permite analisar a tensão sem filtro e com filtro digital.
Figura 26 – Diagrama blocos em Labview para o sensor de frequência cardíaca.
Resultados Experimentais
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Na Figura 27, o sinal filtrado é comparado com o sinal de tensão não filtrado
digitalmente e pode concluir-se que a filtragem digital não tem um contributo significativo
para a aplicação em causa. Como a frequência cardíaca é obtida pela contagem de picos de
tensão, qualquer dos sinais o permite.
O uso de um filtro digital tem a desvantagem de exigir mais processamento de sinal, o
que num sistema de sensores integrado pode retirar tempo de CPU a outros processos, e
consequente atraso. Como a frequência cardíaca é definida em batimentos por minuto e
não é interessante na sua análise uma visualização gráfica mas antes numérica, não é
fundamental o uso do filtro digital.
Figura 27 – Gráfico tensão de saída sem filtro digital
a) Sinal de tensão filtrado b) Sinal de tensão filtrado e sinal não-filtrado.
Resultados Experimentais
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4.2 Sensor de frequência respiratória
4.2.1 Banda com tecido têxtil
Como a grandeza a ser medida no tecido têxtil é a resistência, escolheu-se a ponte
Wheatstone com 3 potenciómetros nos outros ramos. Devido à pouca estabilidade da
característica resistiva do têxtil utilizado, foram usadas diferentes configurações e contactos,
contudo em nenhum caso o resultado foi promissor.
Figura 28 – Circuito ponte Wheatstone.
Apesar de esta banda detectar os movimentos ventilatórios do tórax pois a característica
resistiva do têxtil altera-se quando em tensão ou relaxe, sofre igualmente uma imediata
deterioração dado que a sua característica nunca mais se repete. Isto é, quando utilizada e
colocada sob tensão elástica, o seu valor resistivo nunca mais é o inicial, logo dificulta a
definição do ponto de equilíbrio da ponte Wheatstone, e mesmo durante o funcionamento
deixam de existir passagens por zero estando a ponte em constante desequilíbrio. A solução
passará por têxteis com características eléctricas lineares e estáveis.
Resultados Experimentais
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Figura 29 – Banda respiratória com sensor têxtil.
4.2.2 Banda com sensor piezoeléctrico
A banda com um sensor piezoeléctrico foi testada e comparada com outras topologias do
sensor de frequência respiratória num dispositivo já existente. O sensor tinha por base um
amplificador de carga simples. (ver Figura 30)
Figura 30 – Amplificador de carga.
Resultados Experimentais
Universidade do Minho – Mestrado
Na Figura 31 são mostrados dois gráficos: o sinal de saída do sensor e a
Transform (FFT) desse mesmo si
corresponde a 18.932 ciclos/minuto.
Figura 31 – Teste da banda respiratória com sensor piezoeléctrico.
É apresentado um resultado de um teste relativamente bem sucedido, pois a ri
maior amplitude traduz uma frequência resp
deste tipo de sensor revelou-se problemática pois qualquer tipo de movimento, ou
deslocação da posição da banda
monitorização da frequência com o utilizador a realizar uma actividade física tanto desportiva
como de terapia, o sensor piezoeléctrico não é o mais adequado
4.2.3 Banda com fibra óptica
Com base nos conhecimentos da tecnologia das fibra
fizeram-se diversos testes à existência de curvas
de fibra óptica, de vidro e de
µm. A fibra óptica de vidro apresentou alguns condicionamentos, o
torna o acoplamento com o LED
muita luz é dispersa no ambiente sem incidir na fibra. Também
apesar da camada protectora ser de plástico, o seu manuseamento
quebras e a sua integração num tecido (banda
Integrado em Eng. Electrónica Industrial e Computadores
são mostrados dois gráficos: o sinal de saída do sensor e a
desse mesmo sinal. A frequência de maior magnitude foi 0.316
corresponde a 18.932 ciclos/minuto.
Teste da banda respiratória com sensor piezoeléctrico.
apresentado um resultado de um teste relativamente bem sucedido, pois a ri
uma frequência respiratória de 18 ciclos/minuto. A alta sensibilidade
se problemática pois qualquer tipo de movimento, ou
deslocação da posição da banda, torna impossível a leitura correcta da frequência. Para a
monitorização da frequência com o utilizador a realizar uma actividade física tanto desportiva
o sensor piezoeléctrico não é o mais adequado.
Banda com fibra óptica
conhecimentos da tecnologia das fibras ópticas apresentada
existência de curvas na fibra óptica. Foram utilizadas
sílica, com diâmetro de núcleo respectivamente 200 µm e 600
idro apresentou alguns condicionamentos, o seu diâmetro reduzido
torna o acoplamento com o LED bastante delicado, e sem a possibilidade de um ajuste fino
ambiente sem incidir na fibra. Também por ser constituída por vidro
a camada protectora ser de plástico, o seu manuseamento facilmente originará
a sua integração num tecido (banda têxtil) não é simples. Outra desvantagem
em Eng. Electrónica Industrial e Computadores 38
são mostrados dois gráficos: o sinal de saída do sensor e a Fast Fourier
ia de maior magnitude foi 0.316 Hz e
Teste da banda respiratória com sensor piezoeléctrico.
apresentado um resultado de um teste relativamente bem sucedido, pois a risca com
. A alta sensibilidade
se problemática pois qualquer tipo de movimento, ou pequena
torna impossível a leitura correcta da frequência. Para a
monitorização da frequência com o utilizador a realizar uma actividade física tanto desportiva
ópticas apresentada no capítulo 3,
utilizadas dois tipos
etro de núcleo respectivamente 200 µm e 600
seu diâmetro reduzido
bastante delicado, e sem a possibilidade de um ajuste fino e
por ser constituída por vidro,
facilmente originará
não é simples. Outra desvantagem da
Resultados Experimentais
Universidade do Minho – Mestrado Integrado em Eng. Electrónica Industrial e Computadores 39
fibra óptica de vidro com o núcleo de 200 µm, está associada à luz incidente no fotodetector,
dada a sua pequena dimensão a intensidade de luz a percorrer a fibra não seria tão abundante,
logo a corrente de saída do fotodetector era menor, o que obriga a uma maior amplificação.
Assim, a fibra utilizada para testes do Sensor Frequência Respiratória (SFR) tem o núcleo
em sílica, com camada protectora em plástico flexível, o diâmetro do núcleo deverá ser o
maior possível desde que permita fazer dobras, como por exemplo na Figura 32. A abertura
numérica, NA, é crucial no acoplamento entre a fibra e a fonte de luz, permitindo mais
ângulos de entrada à luz na fibra e assim o posicionamento entre a fibra e a fonte de luz não é
tão crítico. Associada à dimensão do núcleo da fibra e a sua bainha está outra característica, a
curvatura permitida pelo material sem se deteriorar, tanto momentaneamente como a longo
termo, sendo esta geralmente três vezes superior à anterior.
Figura 32 – Fibra óptica de 600µm com várias curvas.
Conseguido este equilíbrio entre a curvatura aplicada, intensidade de luz conseguida e
dimensões do núcleo escolheu-se uma fibra óptica da THORLABS, BFH48-600 disposta
como na Figura 33. Como fonte de luz, devido ao carácter ambulatório do sensor pretende-se
o menor consumo possível, para um uso futuro com baterias assim um LED foi escolhido. A
escolha do comprimento de onda da luz incidente foi o vermelho, pois a fibra em causa
apresenta baixa atenuação nesta gama visível do espectro. A atenuação, em alguns
centímetros de fibra óptica é, contudo, irrelevante.
Resultados Experimentais
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Para testar o sensor de frequência respiratória foram construídas duas bandas. Numa
primeira fase apenas com fibra óptica integrada, Figura 33, a segunda com o sistema
fotodetector e LED integrados (Figura 35).
Figura 33 – Banda respiratória apenas com a fibra óptica.
Nesta fase inicial, dado que os componentes ainda não estavam todos definidos, o circuito
foi montado numa placa breadboard ligada a uma placa de aquisição da National Instruments
(ver Figura 34). Nesta montagem o fotodetector estava colocado no interior de um caixa
opaca para garantir que os fotões incidentes apenas fossem provenientes da fibra óptica, com
a menor interferência de luz exterior.
Figura 34 – Placa da National Instruments e montagem do circuito do fotodetector.
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Numa fase posterior do projecto, quando o circuito electrónico e a fibra óptica tinham as
suas características definidas, montou-se uma versão com os componentes integrados na
própria banda, mais o fotodetector e o LED (ver Figura 35), aproximando o dispositivo para
uma versão mais portátil.
Figura 35 – Banda respiratória com componentes integrados.
No Labview projectou-se o diagrama de blocos (Figura 36) que gerava três gráficos
diferentes (ver Figura 37): com o sinal de tensão de saída sem o filtro digital, com sinal de
tensão de saída após ter sido sujeito a um filtro digital, e também a análise espectral (FFT)
deste último. Os dados do sinal filtrado são armazenados num ficheiro de texto, a cada teste,
como um array de dados que posteriormente foram estudados no software Matlab (ver Anexo
A).
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Figura 36 – Diagrama de blocos Labview, sensor frequência cardíaca.
Figura 37 – Gráficos dos sinais de saída no Labview.
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O sinal Vout, num dos testes realizados, teve o comportamento mostrado na Figura 38.
Figura 38 – Gráfico Vout teste ao SFR.
O período de monitorização mostrado corresponde a 30 segundos e os picos positivos
correspondem a inspirações. O ponto de equilíbrio foi definido como o ponto médio entre a
inspiração e a expiração, com o utilizador relaxado, calibrado através do potenciómetro R2 na
Figura 21, capítulo 3.
Para se determinar a frequência deste sinal o método utilizado foi a FFT que é um
algoritmo de implementação rápida da Transformada de Fourier na sua forma complexa,
desenvolvido por Cooley e Tukey [2]. A FFT substitui a sequência original por soma de
transformadas mais pequenas o que reduz o número de cálculos [3].
A FFT do sinal da Figura 38 está representada no gráfico da Figura 39. Neste gráfico
observa-se que a frequência com maior amplitude corresponde a 0.2 Hz e a 12 ciclos/min,
com o utilizador em repouso. Um indivíduo adulto saudável em repouso apresenta uma
frequência respiratória geralmente entre 16 e 20 ciclos/minuto [1]. Pequenas alterações de
frequência não são detectadas.
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Figura 39 – FFT do sinal do gráfico na figura 29.
Com o objectivo de melhorar a análise do sinal e permitir uma comparação com os
resultados da FFT do Labview, utilizou-se a função FFT do Matlab,
DAQDOCFFT(X,FS,BLOCKSIZE), que calcula a FFT de X usando a frequência de
amostragem FS, e as amostras fornecidas pelo BLOCKSIZE. Este bloco, dependendo da
disponibilidade do sistema em que for inserido tanto em volume de dados como em
velocidade de processamento, influencia bastante o resultado pois, numa monitorização em
tempo real como é o objectivo, o bloco de dados deve ser o mais pequeno possível, (logo que
os dados adquiridos sejam suficientes). Como não são possíveis variações bruscas da
frequência respiratória pode-se analisar um bloco de dados, como por exemplo 20 segundos e
calcular os ciclos por minuto. O resultado de um teste está representado na Figura 40, a
frequência respiratória foi de 0.309 Hz o que corresponde a 18.571 ciclos/minuto.
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Figura 40 – Teste ao SFR.
No teste demonstrado na Figura 40, o utilizador estava em repouso durante todo o teste.
Este resultado repete-se para qualquer utilizador ficando demonstrado, nestas condições, o
bom desempenho da banda respiratória com fibra óptica.
No teste exibido na Figura 41, foi pedido ao utilizador que realizasse movimentos com o
tronco e braços, a partir dos 100 segundos, e voltou ao estado de repouso passado um minuto.
O resultado da FFT, para o bloco inteiro de dados recolhidos, permite verificar que o ruído
provocado por movimentos corporais se situa na mesma gama de frequências que a respiração
logo não é elementar eliminar todo este ruído por intermédio de filtros. É de salientar também
que o resultado da FFT já não traduz a frequência respiratória
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Figura
Contudo, se o princípio de
foi referido, a saída do sensor tem valores correctos durante a
ruído por filtragem digital terá que ser desenvolvida em trabalho futuro.
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Figura 41 – Teste ao SFR com movimentos.
de análise de dados for por blocos, de 20 em 20 segundos
do sensor tem valores correctos durante a análise. A eliminação deste
ruído por filtragem digital terá que ser desenvolvida em trabalho futuro.
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de dados for por blocos, de 20 em 20 segundos, como já
. A eliminação deste
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Referências
[1] - Miguel Guerra, Manuel Falcão. Texto de Apoio de Fisiologia Faculdade de Medicina
da Universidade do Porto
[2] – Cooley, J. W., Tukey, J. W., “An Algorithm for the MAchine Calculation of
Complex Fourier Series Mathematics Computation”, Vol. 19, 1965, pp 297-301.
[3] – Kraniauskas, P. A Plain Man’s Guide to the FFT
[4] – L.A. Rocha, P. M. Mendes and J.H. Correia. “A body sensor network for e-textiles
integration”
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5 Conclusões
Nesta dissertação é apresentado o uso de sensores ópticos como sensores biomédicos
não evasivos e fez-se a comparação com outras técnicas e opções emergentes, como a
utilização de têxteis como sensores e sensores piezoeléctricos.
Foram apresentados dois sensores ópticos para detecção de frequência cardíaca e
frequência respiratória. Foi projectado e construído um sensor para frequência cardíaca que
consiste no uso de luz infravermelha para a detecção da frequência cardíaca em tecidos
pulsantes por pletismografia. O sensor construído mostrou bons resultados nos diversos
testes realizados em várias pessoas.
Para determinar a frequência respiratória propôs-se o desenvolvimento de uma técnica
que utiliza fibra óptica. Esta foi comparada com outras técnicas emergentes, como a
utilização de têxteis integrando sensores e sensores piezoeléctricos. Ambas as técnicas
após testes preliminares foram abandonadas.
A alta sensibilidade do sensor piezoeléctrico revelou-se problemática pois qualquer
tipo de movimento, ou pequena deslocação da posição da banda, torna impossível a leitura
correcta da frequência. Numa situação em que o utilizador está a realizar uma actividade
física, tanto desportiva como de terapia, não é adequado.
No caso do sensor com banda têxtil, apesar de esta banda detectar os movimentos
ventilatórios do tórax, a característica resistiva do têxtil altera-se quando em tensão ou
relaxe, sofre igualmente uma imediata deterioração, dado que a sua característica nunca
mais se repete. Isto é, quando utilizada e colocada sob tensão elástica, o seu valor resistivo
nunca mais é o inicial. Assim, a calibração deste sensor fica bastante condicionada.
O sensor de frequência respiratória com fibra óptica é um sensor não evasivo que não
utiliza eléctrodos. Construiu-se um sensor tendo como suporte uma banda à volta do tórax,
bastante sensível aos movimentos torácicos. No conceito de construção também foi
incluída a possibilidade de auto-calibração.
Conclusões
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Recorrendo a software estudaram-se métodos de processamento de sinal para
determinar a frequência respiratória e eliminar ruídos ainda presentes nesta fase,
recorrendo à técnica de processamento digital de sinal FFT.
Quanto à eliminação de ruídos provenientes do movimento, dois aspectos foram
considerados: primeiro que a própria banda não fosse sensível a movimentos do tórax para
além dos provocados pela respiração; segundo por filtragem digital apesar de eliminar
várias componentes de ruído mais afastadas da frequência respiratória. O ruído provocado
por movimentos cai na mesma frequência da própria frequência respiratória, tornando o
projecto do filtro digital complexo.
Como trabalho futuro, diferentes abordagens de construção podem ser desenvolvidas
no sensor de frequência respiratória, como por exemplo a forma como colocar a fibra
óptica, quer aumentando o número de curvaturas, quer utilizando diferentes raios do núcleo
e materiais. No caso dos materiais, a sílica é a melhor solução pois tem mais resistência e
menos rigidez que a fibra em vidro, o que facilita tanto o manuseamento como
possibilidades de curvas na banda. O sensor deve incluir um microprocessador para
efectuar a transformada rápida de Fourier (FFT) e melhorar o processamento de sinal.
Anexo A
Código MATLAB
btextil time=A(:,1); data=A(:,2); Ts=A(2)-A(1); Fs=1/Ts; blocksize=length(data); blocksize=blocksize/5; data=data(1:blocksize); time=time(1:blocksize); [f,mag] = daqdocfft(data,Fs,blocksize); figure(1) subplot(2,1,2) plot(f,mag) grid on ylabel('Magnitude (dB)') xlabel('Frequencia (Hz)') title('Componentes frequencia') subplot(2,1,1) plot(time,data) grid on ylabel('Tensao (V)') xlabel('Tempo(s)') title('Sinal saida sensor') [Y,I] = max(mag); if I==1 [Y,I] = max(mag(2:end)); end fr=f(I); %perido tr=1/fr %ciclos por minuto c=60/tr