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Av. de Berna, 13 – 4º 1050-036 Lisboa Tel: 21 796 37 61 / 52 Fax: 21 793 75 63

ASSUNTO: Eventual classificação da Capela de Nossa Senhora de Porto Salvo, incluindo o Adro e

Cruzeiro, sita na Rua Conde de Rio Maior, Porto Salvo, freguesia de Porto Salvo, concelho de Oeiras. Proposta de Delimitação/fixação da Zona Especial de Protecção (ZEP).

PROPONENTE: Câmara Municipal de Oeiras

Proc.º 7.9.1/23-10(1) C.S. 10560 Data: 2008.04.09

Informação n.º 1081/DRCLVT/2008

Servidão Administrativa:

DIRECÇÃO DO IGESPAR I.P.

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I. LEGISLAÇÃO

A presente informação fundamenta-se:

• Nas atribuições e competências do Ministério da Cultura, consignadas no Decreto-

Lei n.º 215/2006, de 27 de Outubro.

• Na Lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro (bases da política e do regime de protecção

e valorização do património cultural).

• Nas atribuições e competências do IGESPAR, I.P. e da DRCLVT, consignadas no

Decreto-Lei n.º 96/2007, de 29 de Março e Decreto Regulamentar n.º 34/2007, de 29

de Março, respectivamente.

II. INFORMAÇÃO

Relativamente à instrução / análise técnica do processo, a fim de posteriormente ser colhido

o parecer do Conselho Consultivo do Ministério da Cultura / IGESPAR, I.P. sobre o mérito

/categoria da classificação e proposta de Delimitação da Zona Especial de Protecção

(ZEP) da Capela de Nossa Senhora de Porto Salvo, incluindo o Adro e Cruzeiro, sita

na Rua Conde de Rio Maior, Porto Salvo, freguesia de Porto Salvo, concelho de Oeiras,

tendo em vista habilitar a decisão de Sua Excelência o Ministro da Cultura, cumpre-me

informar:

1. Antecedentes

1.1. Verifica-se em relação ao presente processo que:

a) Por despacho de 2007.05.09 da Exm.ª Senhora Subdirectora do IGESPAR, I.P., foi

determinada a abertura do procedimento administrativo relativo à eventual

classificação da Capela de Nossa Senhora de Porto Salvo, incluindo o Adro e

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Cruzeiro, sita na Rua Conde de Rio Maior, Porto Salvo, freguesia de Porto Salvo,

concelho de Oeiras.

b. Pelo ofício n.º 1801/DRL-DS, de 2007.06.06, foi solicitado à Câmara Municipal de

Oeiras (CMO) que procedesse à divulgação pública do referido despacho, através da

afixação e publicação do respectivo edital.

c. Através do ofício n.º 47492/SP49/2006/CMO, de 16 de Outubro de 2007, a CMO envia

cópia do edital mandado publicar no Jornal da Região, JR OEIRAS, de 02 de Agosto

de 2007, dando conhecimento de que não foi recebida qualquer reclamação.

d. Analisado o EDITAL n.º 375/2007, de 25 de Julho, verificou-se que o texto estava

correcto.

1.2. Encontra-se concluída a fase de audição pública acerca da abertura do procedimento

administrativo relativo à eventual classificação da Capela de Nossa Senhora de Porto Salvo,

incluindo o Adro e Cruzeiro, sita na Rua Conde de Rio Maior, Porto Salvo, freguesia de

Porto Salvo, concelho de Oeiras., determinada por despacho de 09 de Maio de 2007 da

Exm.ª Senhora Subdirectora do IGESPAR, I.P., (EM VIAS desde 12 de Junho de 2007, 3

dias úteis, após a notificação).

1.3. De acordo com a metodologia de trabalho seguida nesta Direcção Regional de Cultura,

deverá proceder-se à instrução / análise técnica do processo, a fim de posteriormente ser

colhido o parecer do Conselho Consultivo do IGESPAR, I.P. sobre o mérito / categoria da

classificação, e proposta de Delimitação da Zona Especial de Protecção (ZEP) tendo em

vista habilitar a decisão de Sua Excelência o Ministro da Cultura.

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III. PROPOSTA DE CLASSIFICAÇÃO

1. Relativamente à proposta de classificação da Capela de Nossa Senhora de Porto

Salvo, incluindo o Adro e Cruzeiro, sita na Rua Conde de Rio Maior, Porto Salvo,

freguesia de Porto Salvo, concelho de Oeiras.

O Historial, justificação/valor arquitectónico-patrimonial da Capela de Nossa Senhora de

Porto Salvo, incluindo o Adro e Cruzeiro, sita na Rua Conde de Rio Maior, Porto Salvo,

freguesia de Porto Salvo, concelho de Oeiras, são amplamente referidos e documentados

nos elementos anexos à presente proposta de classificação.

1.1. Memória histórico-descritiva, e justificativa.

A Igreja está integrada em meio urbano (ainda que com características rurais), isolada por

terreiro murado com cruzeiro, em posição altimétrica dominante junto à estrada (Rua Conde

de Rio Maior).

1 – Fachada principal da Capela de Nossa Senhora de Porto Salvo

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Sobre o estado da questão da importância cultural e patrimonial da Capela de Nossa

Senhora de Porto Salvo, apresentamos o seguinte estudo desenvolvido pelo Professor José

Meco “A Ermida de Nossa Senhora de Porto Salvo – Elementos Seiscentistas”.1:

«A Ermida de Nossa Senhora de Porto Salvo – Elementos Seiscentistas

Ó Virgem do Porto Salvo

Cândida Estrela do mar

Sois para sempre madrinha

Dos que andam a navegar2

A modesta Ermida de Porto Salvo (antigo lugar de Caspolima) não apresenta a força

arquitectónica da Igreja de São Romão de Carnaxide, ou a imponência e a riqueza de

mármores da Igreja Paroquial de Oeiras, mas não deixa de ser um dos mais encantadores e

destacados edifícios religiosos do Concelho de Oeiras, com o seu carácter acentuado de

arquitectura rural, condizente com o espaço onde se insere, profundamente marcado, até

há poucos anos, pela ruralidade. Por outro lado, a sua posição privilegiada, em relação à

barra do Tejo, tornam-na uma espécie de farol, ou de “Porto Salvo”, para os homens do

mar, e foram os navegadores e marinheiros de Lisboa que, através da Irmandade de Nossa

Senhora de Porto Salvo, a enriquecerem com magníficas ofertas, nomeadamente os

azulejos barrocos e a talha dourada de estilo Regência, realizados por alguns dos melhores

artistas da capital.

O património artístico do templo tem sido relativamente descurado. Vários elementos

históricos foram divulgados por autores diversos, entre os quais Frei Agostinho de Santa

Maria (Santuário Mariano, Lisboa, 1707), Pinho Leal (Portugal Antigo e Moderno, 9 vol.,

Lisboa, 1873-1880) ou Luciano Cordeiro (“Cartas de Paço de Arcos”, Revista de

1 A Ermida de Nª Sr.ª de Porto Salvo – Elementos seiscentistas, José Meco, In Actas do VI Encontro de História Local do Concelho de Oeiras – História, Espaço e Património Rural, Câmara Municipal de Oeiras, Oeiras, 2005. 2 O Trabalho e as Tradições Religiosas no Distrito de Lisboa, Exposição de Etnografia, Catálogo, Lisboa, Governo Civil de Lisboa, 1991, p. 401.

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Arqueologia, vol. III, 1936-1938), os quais têm sido sucessivamente repetidos por outros

autores e obras, como o Padre Manuel de Paiva Videira (Monografia de Paço de Arcos,

Caxias, 1947) ou os Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa (vol. II, Sintra,

Oeiras, Cascais, Lisboa, Junta Distrital de Lisboa, 1963). Alguns destes autores referiram

documentos que se encontravam na ermida, mas que, entretanto, desapareceram.

Os azulejos têm merecido mais atenção que os restantes valores artísticos do templo, mas

os erros e os equívocos sobre os mesmos têm sido constantes, em grande parte pela

citação de elementos incorrectos dos autores já referidos, e também devido a leituras

deficientes dos próprios azulejos. Uma das maiores confusões tem sido provocadas pelas

datas das legendas que assinalam duas campanhas azulejares, bem distintas: a de 1734,

nos silhares da capela-mor (“Esta obra de azolejo fizeraõ os deuotos de Lisboa/ Na era de

1734”), com notáveis composições barrocas a enquadrarem as Litânias (ou Ladainhas) da

Virgem, realizadas pela oficina de Bartolomeu Antunes e de Nicolau de Freitas (conforme o

recibo assinado pelo segundo, no Arquivo Paroquial de Oeiras), e a de 1740, na frontaria da

ermida (“Esta obra mandaraõ fazer os devotos de Lisboa/ No anno de 1740 por P. D. Ber.

des”), que compreende a decoração desta frontaria (com dois Milagres de Nossa Senhora

de Porto Salvo, legendados, estando a parte historiada de um deles há muito perdida) e o

conjunto de painéis da nave, com cenas da Fuga e Regresso da Sagrada Família do Egipto,

bem como a composição por baixo do púlpito (da qual existe também, no Arquivo Paroquial

de Oeiras, o minucioso contrato estabelecido com o mestre azulejador João Guilherme

Roiz).

Um dos erros mais frequentes prende-se à assinatura que se encontra na legenda da

frontaria, “P. D. Ber. des”, para a qual Luciano Cordeiro inventou o nome de Pedro

Domingos Bernardes, e que teve alguns adeptos. Não pode haver a menor dúvida de que

se trata da assinatura de Policarpo de Oliveira Bernardes (1695-1870), um dos maiores

mestres da azulejaria barroca, que usava por vezes a grafia Policarpo Doliveira Bernardes,

de onde deriva a assinatura abreviada de Porto Salvo. Diversas obras referem que estes

azulejos são de António de Oliveira Bernardes, pai de Policarpo e o artista mais destacado

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da azulejaria barroca, falecido em 1732, que nunca poderia ter sido responsável por

qualquer das campanhas referidas.

Encontram-se alguns dos equívocos referidos em Sousa Viterbo (Notícia de Alguns Pintores

Portugueses, 1ª série, Lisboa, 1903), José Queirós (Cerâmica Portuguesa, Lisboa, 1907) e

Reinaldo dos Santos (O Azulejo em Portugal, Lisboa, 1957), e até João Miguel dos Santos

Simões (Azulejaria em Portugal no Século XVIII, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian,

1979 – publicação póstuma, não revista pelo autor) deixou uma notícia bastante

desenvolvida sobre os azulejos da Ermida de Porto Salvo, com a descrição dos painéis e a

legendagem respectiva, mas caiu nos equívocos cronológicos e associou as duas

campanhas a Policarpo.3

A organização do Arquivo Paroquial de Oeiras,4 onde se encontra um rico espólio

documental sobre a Ermida e a Irmandade de Nossa Senhora de Porto Salvo, veio colocar à

disposição dos investigadores elementos muito mais seguros sobre o tema, já reflectidos

nas obras de Manuel Ribeiro de Ferreira, História de Oeiras, Volume I – A Paróquia de

Nossa Senhora da Purificação de Oeiras (1147-1997) (Oeiras, 1997), na qual se encontram

informações fundamentais sobre Porto Salvo, e História de Oeiras – Uma Monografia

(1147—2003) (Lisboa, Roma Editora/Câmara Municipal de Oeiras, 2003), onde algumas

daquelas informações são desenvolvidas e vários documentos estão reproduzidos (sendo

apenas de lamentar que os mesmos não se encontrem transcritos e a dimensão reduzida

das reproduções dificulte a leitura). A mesma documentação foi utilizada por Sara Cristina

Silva, entre outras obras, na Pintura Sacra do Concelho de Oeiras, Séculos XVII e XVIII

(Oeiras, Câmara Municipal de Oeiras, 2004), onde estão analisadas as telas da Ermida de

Porto Salvo, pintadas por António Silva, em 1743.

3 José Meco, Azulejaria Portuguesa, Lisboa, Bertrand Editora, 1985; Id., O Azulejo em Portugal, Lisboa, Publicação Alfa, 1989. 4 Maria da Conceição Cyrne de Castro, Arquivo Histórico da Paróquia de Nossa Senhora da Purificação de Oeiras – Inventário, Oeiras, Câmara Municipal de Oeiras, 2002.

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A partir de todos os elementos disponíveis é possível concluir que houve dois períodos

fundamentais na história do edifício, um após 1670, quando a anterior ermida, que vinha do

século XVI, foi demolida e construída uma nova (a qual é, estruturalmente, a que chegou ao

presente), e o outro durante o segundo quartel do século XVIII, quando todo o interior e o

enquadramento da porta principal foram decorados em estilo Barroco e Regência. O

terramoto de 1755 quase não afectou o edifício e as obras posteriores são pouco

significativas, ao contrário de algumas remodelações feitas em meados e finais do século

passado que, nem sempre, foram benéficas ao edifício.

As Obras do século XVII

A ermida inicial, considerada muito pequena, foi demolida em 1670, aproveitando-se da

mesma alguns azulejos de “tapete”, reutilizados na construção nova, e possivelmente

algumas peças soltas, como imagens e pinturas (como o rudimentar Pentecostes pintado

sobre tábua que se encontra na sacristia). O processo de reconstrução, iniciado no mesmo

ano, coincidiu com a organização dos devotos de Lisboa, essencialmente marítimos, da

qual nasceu em 1675 a Irmandade de Nossa Senhora de Porto Salvo, sediada na Igreja da

Vitória, em Lisboa, o que gerou diversas confusões e atritos junto da população de

Caspolima. Os estatutos, aprovados pelo arcebispo de Lisboa D. Luís de Sousa, em 1678,

encontravam-se manuscritos num livro de pergaminho, referido por Luciano Cordeiro, com o

título Compromisso da Irmandade de N. S. do Porto Salvo do lugar de Caspolima & sita na

Igreja de N. Sn.ra da Vitória desta cidade de Lxª, Ano 1675, Ludovicus Nunes Tinoco fecit5,

o qual abria com uma iluminura de Nossa Senhora, e cuja localização actual se ignora.

A reconstrução da ermida começou pela capela-mor, em 1670. O alpendre, necessário aos

romeiros, foi construído em 1674 pelo mestre-de-obras António João Valente Sucesso, e o

corpo do edifício foi edificado na década seguinte, estando a ser terminado em 1689, e

5 Luís Nunes Tinoco (1642-1719), filho e neto de dois conhecidos arquitectos do século XVII, respectivamente João e Pedro Nunes Tinoco, foi também arquitecto (como da notável sacristia do Mosteiro de S. Vicente, em Lisboa), escritor, ilustrador e iluminador, sendo possível que, para além do Compromisso da Irmandade de Nossa Senhora de Porto Salvo, também tenha participado na reconstrução da ermida. Como iluminador, merece destaque o Côpromisso da Irmandade do Senhor dos Passos do Real Convento de Bethlem, Anno 1672, que assinou, onde a ilustração do Senhor dos Passos tem um

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recebeu portas, o púlpito e outros acabamentos nos anos a seguir. A pintura da abóbada da

nave só foi feita (ou refeita?) em 1712. A capela-mor voltou a ter obras em 1683-1684,

nomeadamente o altar-mor, onde se fez uma tribuna, certamente improvisada, já que a

mesma foi refeita em 1702 e em 1740 recebeu um novo trono, realizado por Francisco

Xavier, a que se seguiu a remodelação feita por Manuel da Costa Barbuda, em 1743. A

porta lateral da nave foi concretizada em 1692 e a sacristia só foi iniciada em 1693. Esta

relativa lentidão das obras pode indicar alguma escassez de meios, que só terá sido

ultrapassada em pleno reinado de D. João V, com as obras sumptuárias do interior,

possivelmente através de donativos do próprio rei.

O edifício, da maior sobriedade, ganha a sua imagem ruralista inconfundível através do

vasto alpendre quadrado, com a cobertura apoiada em robustos cunhais de pedra,

desadornados, e em duas colunas toscanas em cada face, assentes no murete que envolve

o alpendre e delimitando os três acessos ao espaço. Inicialmente, o forro interno, de

madeira, acompanhava a forma piramidal do telhado, emprestando ao alpendre uma grande

espacialidade, mas numa obra, feita há cerca de quatro décadas, foi substituído pelo actual

tecto plano, estucado, que esborracha e descaracteriza irremediavelmente a construção.

São originais a porta da frontaria, ladeada por dois postigos que permitam assistir aos

serviços religiosos do exterior, os quais foram envolvidos em 1740 por azulejos barrocos. A

empena da frontaria, arqueada e delimitada por dois fogaréus sobre os cunhais, bem como

a janela, ao centro, e a sineira, do lado esquerdo, têm carácter pombalino e foram refeitos

na segunda metade do século XVIII, devido talvez a efeitos do terramoto.

O interior, de concepção bastante singela, é formado apenas por uma nave, relativamente

estreita, prolongada pela capela-mor, da mesma largura. Duas capelas colaterais abrem-se

no cruzeiro, colocadas lateralmente por falta de espaço aos lados do arco triunfal. Tanto

este como os arcos das duas capelas, com pilastras rematadas por ábacos simples e

fechos enfeitados por pequena voluta na frente, devem ser da mesma época e da

reconstrução de 1670.

enquadramento em forma de retábulo de pedraria, com embutidos policromos, divulgado em Jerónimos, 4 Séculos de Pintura, Catálogo, II volume, Lisboa, Mosteiro dos Jerónimos, 1993, pp. 202-205.

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A meio da nave encontra-se o púlpito, na parede esquerda (refeito em 1743, no local do

primitivo), e defronte a porta lateral, aberta em 1692 e entaipada no século XIX, após dois

assaltos, conforme a legenda no centro do forro de azulejos que preenche o vão:

ESTA PORTA

FOI INUTILI=

ZADA POR TER

SIDO POR ELLA

ROUBADA ESTA

ERMIDA, 1ª VEZ;

E 2ª AOS 11 DE

SETEMBRO DE

1874

Em 1918 foi colocado em frente desta porta o interessante cruzeiro de pedra, com um

rudimentar Cristo esculpido, proveniente do Sítio dos Moinhos, na estrada de Porto Salvo

para Oeiras, que recentemente foi deslocado para o adro da Ermida. Tem a data de 1759,

gravada no pedestal, e apresenta no pé da cruz a legenda:

SNÕR JEZUS

REJ DOS REJS

SNÕR DA BO

A SENTENSA

Na parede esquerda da capela-mor abre-se a porta da sacristia, bastante modesta, com as

paredes revestidas por um silhar médio de azulejos de tapete policromos, da primeira

metade ou meados do século XVII, reaproveitados do edifício anterior. O padrão, de 4x4

azulejos, bastante comum, deveria revestir a parte superior da ermida primitiva, e está

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envolvido por uma cercadura da mesma época, bastante vulgar6. A sacristia prolonga-se por

um espaço menor, com acesso à tribuna do altar-mor, e tem ligação a outra dependência

que ladeia a nave, até à frontaria, usada como câmara mortuária, na qual foi aplicada, a

servir de rodapé, uma fiada de padronagem de 2x2 azulejos, da primeira metade do século

XVII, preenchida por laçarias de inspiração flamenga7.

O altar-mor

Da reconstrução iniciada em 1670 sobrevive o retábulo da capela-mor, interessante

exemplar de estrutura maneirista, com algumas soluções decorativas deste estilo (as duas

cartelas de talha dourada que rematam os panos laterais) e outras já claramente proto-

barrocas (como as colunas), mas que, devido às várias modificações que recebeu, tem sido

erradamente considerado como um altar barroco e atribuído ao entalhador Manuel da Costa

Barbuda8, responsável pelo “concerto da capela-mor, retábulo e casa da tribuna”, bem como

pela realização das “ilhargas da dita capela, caixilhos e bancada do púlpito”, conforme o

contrato que assinou em 25 de Janeiro de 1743.

A estrutura arquitectónica maneirista do retábulo é inconfundível: trata-se de um dos

modelos mais difundidos deste estilo, o chamado “retábulo com remate de edícula”9,

formado por um corpo principal encimado por entablamento, de estrutura tripartida,

delimitada por quatro colunas, com um remate centrado (na origem) por um painel, ou

edícula (prolongando o pano médio do corpo inferior), ladeado por aletas, ou volutas, e

terminado por pequeno frontão curvo. Derivado da simplificação de modelos eruditos do

século XVI, este tipo de retábulo, largamente utilizado até quase ao final do século XVII,

está representado por muitos exemplares, como o altar de Nossa Senhora dos Mares, na

Igreja de São Domingos, em Viana do Castelo, de 1622, estando o modelo já perfeitamente

definido no belo desenho para o altar de Nossa Senhora da Porciúncula, destinado à Igreja

6 Este padrão e cercadura estão catalogados em J. M. dos Santos Simões, Azulejaria em Portugal no Século XVII, 1º vol., Lisboa, Fundação Calousrte Gulbenkian, 1971, respectivamente como P-402 e C-1 (esta com ligeiras variantes). 7 Id., P-43. 8 Manuel Marques Ribeiro de Ferreira, História de Oeiras – Uma Monografia (1147-2003), p. 183. 9 Ver, nomeadamente, Robert C. Smith, A Talha em Portugal, Lisboa, Livros Horizonte, 1962.

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de São Francisco, no Porto, assinado por Francisco Moreira e datado de 161210. O mesmo

modelo teve larga difusão insular (Colégio dos Jesuítas, em Angra do Heroísmo; Convento

de Santa Clara e Igreja do Colégio, no Funchal) e colonial, no Brasil e, especialmente, na

Índia, onde a sua utilização se prolongou até meados do século XVIII (Sé de Velha Goa)11.

A tribuna eucarística começou a ser usada no altar-mor dos colégios jesuíticos, no início do

século XVII, ocupando um espaço relativamente reduzido na parte central dos retábulos, e

só era exposta em algumas festas litúrgicas, estando tapada por pinturas no resto do ano

(como no altar-mor da Igreja de São Roque, em Lisboa). Com excepção das raras tribunas

criadas de raiz em alguns altares maneiristas tardios, o seu uso só se generalizou com o

desenvolvimento dos primeiros retábulos barrocos do chamado”Estilo Nacional”, nos anos

1670-1680 (como o da capela-mor do Mosteiro de Moreira da Maia ou o do Mosteiro de

Cós), implicando que, na maior parte das capelas-mores já existentes, os retábulos tenham

sido modificados para a introdução de uma tribuna.

Estes dados podem ajudar a situar o altar-mor da Ermida de Porto Salvo no período da

construção da capela-mor, cerca de 1670-1672, imediatamente antes da difusão dos altares

barrocos de “Estilo Nacional”. É provável que, na origem, não tivesse tribuna, e a mesma só

tenha sido introduzida na remodelação de 1683-1684, cortando-se a parte central do

entablamento (como era costume em altares deste tipo) e introduzindo no vão central e na

edícula superior a abertura do novo compartimento. É bem possível que esta adaptação

tenha resultado pouco harmoniosa, e talvez por esse motivo tenha sido refeita em 1702 e

recebido novo trono em 1740, realizado por Francisco Xavier, a que se seguiu a

remodelação (ou “concerto”) de 1743, do entalhador Manuel da Costa Barbuda, à qual

podem ser associados as duas sanefas dos nichos laterais do altar, de gosto Regência, os

finos ornatos da boca da tribuna, de expressão já rococó, e possivelmente a belíssima

maquineta do trono, que protege a imagem de Nossa Senhora, formada por hastes

10 Domingos de Pinho Brandão, Obras de Talha Dourada, Emsamblagem e Pintura na Cidade e na Diocese do Porto, vol. I, Porto, Diocese do Porto, 1984, pp. 209-212, est. XIX. 11 José Meco, “As artes decorativas”, in Vitor Serrão, História da Arte em Portugal, vol. 7 – O Maneirismo, Lisboa, Publicações Alfa, 1986.

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arqueadas do mesmo estilo, a qual é muito semelhante à da tribuna do altar-mor da Igreja

Paroquial de Oeiras, provavelmente também de Manuel da Costa Barbuda, que realizou

nesta igreja os dosséis entalhados dos púlpitos, em 1751-175212.

Apesar de seguir um modelo antigo, o carácter proto-barroco do altar-mor de Porto Salvo é

afirmado pelas colunas retorcidas, ou salomónicas, as quais foram o primeiro elemento

barroco a introduzir-se em estruturas maneiristas tardias, como no altar da Anunciada, na

Igreja do Espírito Santo, em Évora, no da capela da Quinta dos Cónegos, em Barreiros

(Maia) e nos altares colaterais da Igreja Matriz de Azurara (Vila do Conde), todos com

estrutura semelhante ao altar de Porto Salvo. Outros altares do fim do século XVII ainda

mantêm esta estrutura, já completamente mascarada pela exuberante decoração barroca

(onde se evidenciam as densas colunas salomónicas decoradas), como o da capela de São

Bento, em Vila do Conde, ou o altar-mor da Igreja de São Dâmaso, em Guimarães, de

1692.

Todos os retábulos referidos apresentam as colunas salomónicas de talha dourada, com os

acessórios decorativos habituais (parras, cachos de uvas), ao contrário do altar de Porto

Salvo, cujas colunas desadornadas estão policromadas de vermelho, a imitar mármore,

sendo este o aspecto mais inovador desta peça tão insólita (a compara com um altar da

mesma época e estrutura semelhante, na última capela do lado direito das naves da Igreja

de Santa Maria, em Setúbal, integralmente policromado, a imitar embutidos marmóreos,

mas sem colunas salomónicas). Altares barrocos de pedraria, com colunas salomónicas de

pedras finas polidas, foram incrementados na Itália, em especial pelo arquitecto, pintor de

perspectiva e teórico Andrea Pozzo (1642-1709), e a difusão deste gosto foi fundamental

para a génese do barroco em Portugal. Colunas deste tipo apareceram em retábulos de

pedraria maneiristas, como nos dois altares que estiveram colocados na Sé de Lisboa, junto

12 Ver as obras de Manuel Marques Ribeiro referidas. Outras obras deste entalhador, a traça e execução da Capela de Nossa Senhora dos Remédios, no Convento de Santos-o-Velho, em 1746, e o altar de Nossa Senhora do Rosário, no Convento do Bom Sucesso, em Belém (Lisboa), no mesmo ano, foram divulgadas por Vitor Serrão, História da Arte em Portugal, O Barroco, Lisboa, Editorial Presença, 2003.

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do arco triunfal, um dos quais está recolocado no Hospital da Ordem 3ª de São Francisco,

em Lisboa.

Teve um papel fundamental neste contexto a comunidade italiana de Lisboa, através da

reconstrução da Igreja do Loreto, destruída por um incêndio em 1651. O projecto, do

arquitecto Marcos de Magalhães, empregava largamente os mármores policromos, alguns

dos quais vindos de Génova, já trabalhados. No novo altar-mor, concebido pelo arquitecto

João Nunes Tinoco em 1668, foram utilizadas colunas salomónicas de jaspe verde, vindas

de Génova em 1671, as quais costumam ser consideradas como as primeiras deste tipo

usadas em Portugal13. Há, contudo, outro altar que deve ser contemporâneo ou ligeiramente

anterior a este, de provável origem italiana, com belas colunas salomónicas de mármore

vermelho, que se encontra ao presente na capela do Palácio dos Arcos, em Paço de

Arcos14. Este altar provém do antigo Convento dos Marianos, na Rua das Janelas Verdes,

em Lisboa, de uma das capelas laterais da nave que, em 1669, foi mandada “renovar e

ornar” por D. Maria Clara de Menezes para seu túmulo e panteão dos ascendentes e

descendentes dos seus pais15, onde se encontra também sepultada a sua mãe, a conhecida

poetisa D. Bernarda Ferreira de Lacerda, ambas proprietárias do Palácio dos Arcos16.

A utilização de pedraria com embutidas, à italiana, foi incrementada, em especial, por João

Antunes (1643-1712), que antes de ser o maior arquitecto português do período barroco foi

um exímio executante de embutidos marmóreos (retábulo da capela da Quinta do Calhariz,

próximo de Sesimbra, de 1681, túmulo da Princesa Santa Joana, no Convento de Jesus, em

Aveiro, de 1699)17, o qual está ligado a Oeiras através da realização (provável) do magnífico

13 Todos estes elementos sobre a Igreja do Loreto encontram-se em Vitor Serrão, “Marcos de Magalhães, arquitecto e entalhador do ciclo da Restauração (1647-1664)”, Boletim Cultural da Assembleia Distrital de Lisboa, n.º 89, 1º tomo, Lisboa, 1983. 14 Anne de Stoop, Quintas e Palácios nos Arredores de Lisboa, Barcelos, Livraria Civilização Editora, 1986, p. 153. 15 Leopoldo de Figueiredo, “O Convento de N. S. dos Remédios, Convento dos Marianos – Sua História e seus mausoléus”, Olisipo n.º 24, Lisboa, Outubro de 1943. Agradeço ao meu bom amigo Dr. Jorge Miranda, a cedência deste texto. 16 Carla Rocha, D. Bernarda de Lacerda, Uma Figura de Paço de Arcos, Conhecer Oeiras n.º3, Gabinete de Comunicação, Câmara Municipal de Oeiras, 2001. 17 Aires de Carvalho, As Obras de Santa Engrácia e os seus Artistas, Lisboa, Academia Nacional de Belas Artes, 1971; João Antunes Arquitecto, 1643-1712, Catálogo, Lisboa, IPPC/Panteão Nacional, 1988.

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retábulo da capela da Quinta de Nossa Senhora da Conceição, em Barcarena, de cerca de

169118, e do projecto de reconstrução da Igreja Matriz de Oeiras, de 170219.

À talha dourada, João Antunes preferia a policromia dos mármores e advogava que, quando

não fosse possível utilizar este material, os altares deveriam ser de madeira pintada a imitar

os mármores e os embutidos20, como o retábulo que desenhou para a capela-mor da Igreja

Matriz de Colares, em 1701, e, possivelmente, o da capela da Quinta da Penha Longa

(Sintra). No concelho de Oeiras há um excelente exemplar de imitação de pedraria e

embutidos, o altar da Quinta dos Arciprestes, em Linda-a-Velha, sendo ainda de referir o

altar da capela da Quinta do Torneiro (Vila Fria, Porto Salvo), com colunas e arquivoltas a

sugerir pedraria.

Esta opção pela imitação de embutidos baseia-se, no fundo, em práticas já correntes na

fase anterior às criações documentadas de João Antunes, na qual as colunas salomónicas

de madeira policromada eram o parente pobre das colunas marmóreas, como as que o

altar-mor de Porto Salvo apresenta. Há obras de arte, como esta, que, mesmo não sendo

extraordinárias, têm este sortilégio de reflectir, ou de pressentir, as grandes correntes

subterrâneas do gosto e da arte, e até de, por vezes, piscar ironicamente o olho ao futuro.»

18 José Meco, “Azulejos de Gabriel del Barco na região de Lisboa”, Boletim Cultural da Assembleia Distrital de Lisboa, n.º 85, Lisboa, 1979; Anne de Stoop, obra citada na nota 13. 19 Vitor Serrão, História da Arte em Portugal, O Barroco, p. 164; Manuel Marques Ribeiro Ferreira, História de Oeiras – Uma Monografia (1147-2003), “Contrato”, pp. 417-419. 20 Joaquim Oliveira Caetano, Nuno Vassalo e Silva, “Breves notas para o estudo do arquitecto João Nunes”, Polígrafa n.º 2, Arouca, 1993.

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2. Fachada principal da Capela de Nossa Senhora de Porto Salvo

3. Pormenor da fachada principal da Capela de Nossa Senhora de Porto Salvo

4. Adro frontal e Cruzeiro da Capela de Nossa Senhora de Porto Salvo

5. Vista do Adro – murado – e Capela (Sul)

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6. Fachada lateral da Capela de Nossa Senhora de Porto Salvo (Este)

7. Interior da Capela (ao fundo o retábulo-mor). 8. Interior da Capela (ao fundo o coro alto).

9. Frontaria da Capela (exterior), na decoração desta frontaria destacam-se dois conjuntos azulejares com a representação de dois Milagres de Nossa Senhora de Porto Salvo, legendados, estando a parte historiada de um deles há muito perdida

10. Interior, a porta da frontaria, ladeada por dois postigos que permitiam assistir aos serviços religiosos a partir do exterior.

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11. Altar-mor da Capela 12. Capela-mor, pintura a tela por António Silva, em 1743

13. Capela-mor, pintura a tela por António Silva, em 1743

14. Conjunto azulejar da nave, com cenas da Fuga e Regresso da Sagrada Família do Egipto.

15. Conjunto azulejar da nave, com cenas da Fuga e Regresso da Sagrada Família do Egipto.

16. Conjunto azulejar da nave, com cenas da Fuga e Regresso da Sagrada Família do Egipto.

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IV. PROPOSTA DE DELIMITAÇÃO DA ZONA ESPECIAL DE PROTECÇÃO (ZEP)

1. Relativamente à proposta de delimitação da Zona Especial de Protecção (ZEP)

1.1. Preâmbulo

Proposta de delimitação da “Zona Especial de Protecção da Capela de Nossa Senhora de

Porto Salvo, incluindo o Adro e Cruzeiro, sita na Rua Conde de Rio Maior, Porto Salvo,

freguesia de Porto Salvo, concelho de Oeiras.”

Nos termos do despacho, de 97.10.27, do Exm.º Senhor Presidente do então IPPAR, «As novas

propostas de classificação devem tanto quanto possível ser instruídas com a referência à

correspondente ZEP», a estabelecer de acordo com o n.º 2 do art.º 43.º da Lei n.º 107/2001, de

8 de Setembro, que se transcreve:

«2- Os bens imóveis classificados nos termos do art.º 15.º da presente lei, ou em vias de

classificação como tal, devem dispor ainda de uma zona especial de protecção, a fixar por

portaria do órgão competente da administração central ou da Região Autónoma quando o

bem aí se situar.»

Nos termos do anexo (Procedimentos Relativos a Um Processo de Classificação de Bens

Imóveis) ao despacho n.º 10/GVAG/06, de 7 de Março, da Ex.ma Senhora Vice-Presidente do

então IPPAR, dever-se-á iniciar a «Apreciação técnica (na direcção regional respectiva, tendo

em vista a proposta de mérito / categoria a atribuir, bem como a proposta de delimitação da

respectiva ZEP).»

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17. Capela de Nossa Senhora de Porto Salvo, limite do imóvel EM VIAS de classificação e da zona

de protecção de 50 metros.

18. Ortofotomapa da área em análise para proposta de ZEP.

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1.2. Fundamentação

1.2.1. O lugar de Porto Salvo

O núcleo antigo de Porto Salvo, situado no interior do Concelho de Oeiras estende-se ao

longo da sua principal via rodoviária, Rua Conde de Rio Maior.

A formação do aglomerado de Porto Salvo tem origem numa lenda que remonta ao século

XVI. Diz a tradição, que a primitiva Ermida dedicada a Nossa Senhora foi mandada construir

por marinheiros, como promessa, após se terem salvo de um naufrágio em alto mar. A

ermida, foi construída no primeiro monte que viram ao chegar à costa portuguesa, daí o

topónimo Porto Salvo. O aglomerado urbano terá crescido em redor da pequena ermida.

O lugar de Porto Salvo foi outrora um núcleo rural vivendo os seus habitantes,

essencialmente, do cultivo das terras e da criação do gado bovino. O núcleo antigo mantém

ainda hoje alguns testemunhos de arquitectura popular que testemunham as antigas

características do aglomerado.

Com a expansão urbana, a partir dos anos 60, a paisagem rural rapidamente desapareceu

na profusão das urbanizações, cuja forma e escala se destinava a dar satisfação a uma

crescente migração que se fixava à volta da capital. Essa fixação, deu origem a profundas

alterações na paisagem rural, que se viu envolvida num crescimento descontrolado, a ponto

de ocupar indiscriminadamente os antigos núcleos urbanos, os cabeços das colinas e os

leitos de cheia dos cursos de água.

1.2.2. A Proposta de delimitação da “Zona Especial de Protecção da Capela de Nossa

Senhora de Porto Salvo”.

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A Capela de Nossa Senhora de Porto Salvo está integrada em meio urbano (ainda que com

características rurais), isolada por terreiro murado com cruzeiro, em posição altimétrica

dominante junto à estrada (Rua Conde de Rio Maior, a poente).

Na delimitação da ZEP da Capela de Nossa Senhora de Porto Salvo, não nos vamos

centrar somente no edifício isolado – Capela – mas sim na sua inter-relação / integração no

contexto urbano ou na paisagem envolvente. A ZEP proposta visa a protecção legal dos

bens culturais e do seu contexto, obedecendo a princípios em que se identifica o conjunto

(Núcleo Urbano Antigo e Capela) em vez do monumento isolado, invertendo a antiga

tendência em que a ZEP funciona de forma "centrífuga" em vez de "centrípeta".

A Capela de Nossa Senhora de Porto Salvo é de per si representativa de uma determinada

época histórico-artística e social, e da vivência de um povo duma localidade, testemunho

religioso de um culto especifico, uma espécie «de farol, ou de “Porto Salvo”, para os

homens do mar», e com o seu carácter acentuado de arquitectura rural, condizente com o

espaço onde se insere, profundamente marcado, até há poucos anos, pela ruralidade.

Porto Salvo, como salientámos previamente, foi um lugar de características rurais, que com

a migração das populações do interior para o litoral do país, a partir dos anos 50/60 do

século XX, sofreu em conjunto com o resto das freguesias do concelho de Oeiras, uma nem

sempre bem sucedida, pressão e expansão urbana / imobiliária. A paisagem rural e as

quintas, rapidamente se confundiram ou simplesmente desapareceram, na profusão das

urbanizações, cuja forma e escala se destinava a dar satisfação a essa crescente migração

que se fixava à volta da capital.

A Capela de Nossa Senhora de Porto Salvo e o Núcleo Antigo de Porto Salvo, estão

referenciados no Plano de Salvaguarda do Património Construído e Ambiental do Concelho

de Oeiras (PSPCACO), o qual é um instrumento de planeamento integrado no Plano

Director Municipal, que fixa as condições arquitectónicas e urbanísticas a que deverão

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obedecer as intervenções de salvaguarda, valorização e revitalização do património

construído prevalecendo sobre qualquer regulamento urbanístico, existente neste campo

específico21.

O Núcleo Antigo de Porto Salvo segundo o PSPCACO integra a categoria dos NÚCLEOS

URBANOS DE FORMAÇÃO HISTÓRICA (NH)22. De acordo com o Plano de Salvaguarda os

NH deverão ser sujeitos a um plano de pormenor específico onde será regulamentada a sua

intervenção urbanística. No referido Plano está assinalada a delimitação da área de

intervenção do Plano de Pormenor de cada núcleo urbano (NH).

A presente proposta de ZEP sem prejuízo do disposto no PSPCACO da CMO tem por

objectivo, regular/orientar e reforçar conjuntamente com o PSPCACO a defesa, salvaguarda

e valorização dos bens patrimoniais, ambientais e construídos do Núcleo Antigo de Porto

Salvo.

A proposta de delimitação da ZEP da “Capela de Nossa Senhora de Porto Salvo,

incluindo o adro e o Cruzeiro” tem em atenção a relação estabelecida entre o conjunto, o

contexto urbano e a paisagem envolvente, e os condicionamentos impostos pela própria

natureza do local, núcleo urbano antigo com edifícios de características populares,

edificações contemporâneas e terrenos expectantes.

O terreno a Nascente da Capela, entre a Avenida dos Descobrimentos (a Sul) e a Rua João

Rosado (a Norte) e a Rua Marcos Clemente (a Este) encontra-se sem qualquer construção

(ver fotografia aérea 2), permitindo ainda à Capela manter o seu lugar de destaque na

paisagem. A Poente, a envolvente do conjunto encontra-se consolidada, ainda que com

construções bastante dispares, nos seus volumes, épocas, ou tipologias.

21 Conforme: Parte I, DISPOSIÇÕES GERAIS, Artigo 2.º (Natureza Jurídica) do Regulamento do PSPCACO. 22 De acordo com o PSPCACO os NH deverão ser sujeitos a um plano de pormenor específico onde será regulamentada a sua intervenção urbanística.

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Neste sentido procurámos delimitar o perímetro da ZEP sempre que possível pelo eixo das

vias mais importantes na envolvente do conjunto (Capela, Adro e Cruzeiro), de forma a

existir sempre uma relação visual directa entre o conjunto em vias de classificação e a

envolvente construída abrangida pela ZEP.

A Norte pela frente de rua da Rua João Rosado, da Rua Matias Filipe, inflectindo para Este

para a Rua Dr. Francisco Calheiros, ligando a Sul com a Avenida dos Descobrimentos (em

toda a sua extensão), inflectindo para Oeste, subindo a Tv. do Escondidinho, para Norte

ligando à Rua Condessa de Cuba e Rua Adriano Canas. Toda a frente da Rua Conde de

Rio Maior na proximidade do conjunto em vias de classificação fica no interior do perímetro

da ZEP (ver fotografias aéreas e plantas com proposta de ZEP).

V. PARECER

1. Relevância da Capela de Nossa Senhora de Porto Salvo, incluindo o Adro e

Cruzeiro, e respectiva ZEP.

1. A Capela de Nossa Senhora de Porto Salvo, incluindo o Adro e Cruzeiro, apresenta-se

como um referencial histórico, artístico, social e cultural, no seu contexto espácio-temporal,

contendo no seu interior um importante conjunto de artes decorativas (azulejar, talha e

pintura - telas pintadas por António Silva, em 1743).

2. Após o estudo dos documentos históricos referenciais presentes no processo, a Capela

de Nossa Senhora de Porto Salvo, incluindo o Adro e Cruzeiro, atendendo aos valores

estéticos, técnicos, de memória religiosa, autenticidade, originalidade e exemplaridade,

intrínsecos, reflecte um valor patrimonial/cultural de escala nacional, agindo como elemento

potenciador/regulador da qualidade arquitectónica/artística do local onde se encontra

inserido.

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3. A proposta de delimitação da ZEP da Capela de Nossa Senhora de Porto Salvo,

incluindo o Adro e Cruzeiro, tem em atenção a relação do edifício, centro do núcleo antigo

núcleo antigo de Porto Salvo, a sua integração no contexto urbano e na paisagem

envolvente, e os condicionamentos impostos pela própria natureza do local, núcleo urbano

antigo. Delimitando-se o perímetro da ZEP pelo eixo das vias mais importantes na

envolvente do imóvel, uma vez que a envolvente urbana próxima encontra-se estabilizada e

o tecido urbano consolidado. O seu traçado resulta do estudo das envolventes imediatas e

dos nexos patrimoniais que o imóvel estabelece com o conjunto edificado próximo.

VI. PROPOSTA

1. Considerando os critérios enunciados de uma forma geral, no artigo 17.º da

Lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro, a partir dos quais se analisou a proposta de

classificação referida em epígrafe, contribuindo para a formulação de um juízo de valor

relativo ao bem em estudo.

2. Considerando as atribuições e competências do IGESPAR, I.P. e da DRCLVT,

consignadas no Decreto-Lei n.º 96/2007, de 29 de Março e Decreto Regulamentar n.º

34/2007, de 29 de Março, respectivamente.

3. Em face do exposto, propõe-se:

a) a classificação da Capela de Nossa Senhora de Porto Salvo, incluindo o Adro e

Cruzeiro, sita na Rua Conde de Rio Maior, Porto Salvo, freguesia de Porto Salvo,

concelho de Oeiras (nos termos da Lei n.º 107/2001 de 8 de Setembro) como

Imóvel de Interesse Público (IIP), conforme planta em anexo.

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b) que seja colhido o parecer do Conselho Consultivo do IGESPAR, I.P. sobre o

mérito / categoria de classificação proposta, tendo em vista habilitar a posterior

decisão de Sua Excelência o Ministro da Cultura.

c) que seja colhido o parecer do Conselho Consultivo do IGESPAR, I.P. sobre a

proposta de delimitação da “Zona Especial de Protecção (ZEP) da Capela de

Nossa Senhora de Porto Salvo, incluindo o Adro e Cruzeiro”, sita na Rua Conde

de Rio Maior, Porto Salvo, freguesia de Porto Salvo, concelho de Oeiras,

conforme planta/proposta em anexo.

NOTA:

Elementos gráficos/cartográficos, considerando de que se tratam de plantas com propostas para análise e parecer do Conselho Consultivo (CC), somos de parecer que as mesmas permitem uma correcta análise das delimitações propostas e o consequente parecer do CC. E.T. e após o referido parecer, de forma a prosseguir com a tramitação legal do processo, será realizada uma planta normalizada de acordo com as normas gráficas pré-estabelecidas entre o ex-IPPAR (actual IGESPAR, I.P.) e a ex-DRL-DS (actual DRCLVT) para se proceder à audiência/notificação dos interessados. À consideração superior,

Paulo Martins Historiador de Arte

VII. CRITÉRIOS

Os Critérios a partir dos quais foi conduzida a análise da proposta de classificação, e ZEP, contribuindo para a formulação de um juízo de valor relativo ao bem em estudo, são enunciados, de uma forma geral, no artigo 17.º da Lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro. I. Critérios presentes no Artigo 17.º da Lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro: a) O carácter matricial do bem; b) O génio do respectivo criador;

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c) O interesse do bem como testemunho simbólico ou religioso; d) O interesse do bem como testemunho notável de vivências ou factos históricos; e) O valor estético, técnico ou material intrínseco do bem; f) A concepção arquitectónica, urbanística e paisagística; g) A extensão do bem e o que nela se reflecte do ponto de vista da memória colectiva; h) A importância do bem do ponto de vista da investigação histórica ou científica; i) As circunstâncias susceptíveis de acarretarem diminuição ou perda da perenidade ou da integridade do bem.

II. Outros Critérios (enunciados em Património Arquitectónico. Critérios para Futuras Classificações, de Maria Augusta Maia, DRL-IPPAR, Lisboa, 1995)

Critérios Gerais: Histórico-Cultural, aplicável aos bens que: Possuam um importante significado histórico; Detenham uma especial simbologia para o País, e/ou para as respectivas populações; Constituam a memória da fixação humana, das suas actividades artísticas, económicas, habitacionais, etc., num espaço e num período considerado; Sejam a expressão, de reconhecido mérito, de um movimento, de uma tendência ou de uma corrente arquitectónica, arquitectónico-urbanística ou arquitectónico-paisagística, com relevo nacional ou internacional; Tenham exercido uma influência considerável em determinado período ou região, independentemente de se inscreverem no passado recente, no tempo médio ou no tempo longo. Estético-Social, aplicável aos bens que: Se destaquem pelas suas qualidades estéticas; Se destaquem pela sua relação como meio envolvente; Ilustrem um estádio social evolutivo da intervenção humana, sem prejuízo desse meio; Sejam representativos da coexistência ou sobreposição de diferentes crenças o tradições naquele espaço, ao longo de diferentes tempos. Técnico-Científico, aplicável aos bens que: Se destaquem pelas concepções arquitectónicas e urbanísticas, individual ou conjuntamente consideradas; Se destaquem pelas técnicas e materiais construtivos, independentemente de se tratar de monumentos ou conjuntos “eruditos” ou “populares” e destes se encontrarem em áreas urbanas ou zonas rurais; Sendo edifícios ou espaços que, embora, não possuindo estruturalmente, importante qualificação, foram palco ou cenário de actividades técnico-científicas marcantes ou de reconhecida importância. Critérios de carácter complementar:

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Critérios Complementares: Integridade, aplicável aos bens que: Tenham assumido, sem prejuízo fundamental, exigências evolutivas determinadas pelos próprios materiais, técnicas e funções, ou pelo sentido do lugar; Sejam representativos de uma área físico-cultural em que, apesar de uma natural evolução, esta se tenha processado de forma coerente, em relação ao próprio meio natural, às forças económicas, sociais e culturais desse meio. Autenticidade, aplicável aos bens que: Tenham mantido, ao longo do tempo, valores originais, ou cujos restauros, campanhas de conservação ou de eventual conclusão, tenham correspondido a documentação detalhada, e não tenham escamoteado ou não se tenham sobreposto à edificação, função ou enquadramento originários; Se tenham conservado como testemunho civilizacional, em conjuntos, embora actualmente desabitados. Exemplaridade, aplicável aos bens que: Sejam exemplares arquitectónicos, arquitectónico-paisagísticos ou urbanísticos, raros, únicos ou excepcionais, no seu contexto espácio-temporal, independentemente do tempo próximo, do tempo médio ou do tempo longo.