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roberth-oliveira-de-freitas
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ESTRUTURA DE CONCRETO ARMADO I
DIMENSIONAMENTO À FLEXÃO
NORMAL SIMPLES PARA VIGAS
Basicamente o dimensionamento estrutural consiste
em seguir duas recomendações básicas, quais sejam:
a) Uma seção transversal deve ser determinada de
forma a suportar as solicitações máximas a que
poderá estar sujeita;
b) Uma seção previamente estabelecida deve ser
capaz de suportar as solicitações mais desfavoráveis
que possam ocorrer.
• Importante que não ocorra desperdício de
resistência dos materiais. Exemplo: estruturas
dimensionadas no domínio 4;
• De preferência, as seções das vigas devem ser
dimensionadas no domínio 3, salvo em casos
particulares onde a racionalização dos materiais não
seja a principal exigência.
POR QUE AS ESTRUTURAS DEVEM SER DIMENSIONADAS NO DOMÍNIO 3?
• No domínio 3 podemos obter peças normalmente
armadas, com a ruptura ocorrendo simultaneamente
por esmagamento do concreto e deformação plástica
excessiva da armadura de flexão.
Figura 2.4 – Domínios de dimensionamento para a flexão simples ou pura
Domínio 2 Subarmada
Domínio 3 Normalmente armada
Domínio 4 Superarmada
• A norma brasileira, para simplificar o procedimento
de cálculo, permite substituir o diagrama parábola-
retângulo por um diagrama retangular de tensões no
concreto;
• Esta zona comprimida se estende da borda
comprimida até uma profundidade 0,85 ∙ 𝑥 ,
onde x é a profundidade da linha neutra.
• A limitação 0,85 × 𝑓𝑐𝑑 é aplicada a seções
retangulares em flexão normal. Para outras situações
deve-se utilizar 0,80 × 𝑓𝑐𝑑 .
CÁLCULO DO MOMENTO LIMITE PARA SEÇÕES NORMALMENTE ARMADAS
• O primeiro passo no dimensionamento é verificar se
o problema dado corresponde a uma situação no
domínio 4.
• Para tanto, determina-se o momento limite para o
domínio 3, onde a ruptura é dúctil.
𝑴𝒔𝒅 ≤ 𝑴𝒍𝒊𝒎 subarmada ou normalmente armada
• O momento limite para seções normalmente armadas é obtido
admitindo-se que a máxima deformação de compressão no
concreto é 𝜀𝑐 = 3,5‰ e que a deformação de tração na armadura
é 𝜀𝑠 = 𝜀𝑦𝑑.
• Quando a 𝜀𝑠 = 𝜀𝑦𝑑 , tem-se que o 𝑥 = 𝑥𝑙𝑖𝑚 e nesse ponto, o
𝑀𝑑 = 𝑀𝑑,𝑙𝑖𝑚. Dessa forma, o 𝑀𝑑,𝑙𝑖𝑚 é o momento fletor máximo
que atua na seção e que conduz a linha neutra na posição limite
entre os domínios 03 e 04.
• Assim, o diagrama de deformações considerado corresponde ao
limite entre os domínios 3 e 4.
𝑥𝑙𝑖𝑚
𝑑 − 𝑥𝑙𝑖𝑚=
3,5‰
𝜀𝑦𝑑
𝑥𝑙𝑖𝑚 =3,5‰
3,5‰ + 𝜀𝑦𝑑∙ 𝑑
OBS.: O índice lim indica que o limite entre os domínios 3 e 4.
𝑥𝑙𝑖𝑚 distância limite do bordo mais
comprimido a linha neutra.
d altura útil (distância do centróide da
armadura até a borda comprimida)
𝑑 = ℎ − 40 𝑚𝑚
h altura da viga
A deformação 𝜀𝑦𝑑 depende do tipo de aço empregado:
a) Para o aço CA50 com patamar de escoamento pode-se fazer:
𝜀𝑦𝑑 =𝑓𝑦𝑑
𝐸𝑠=
435
210000= 2,07‰
Quando o aço CA50 não apresentar patamar de escoamento, o 𝜀𝑦𝑑 = 4,07‰
b) Para o aço CA60 com patamar de escoamento pode-se fazer:
𝜀𝑦𝑑 =𝑓𝑦𝑑
𝐸𝑠=
522
210000= 2,48‰
Quando o aço CA60 não apresentar patamar de escoamento, o 𝜀𝑦𝑑 = 4,48‰
• São apresentados o momento solicitante de cálculo Md as resultantes de compressão e tração devidas às resistências dos materiais.
Md, lim momento solicitante
Rcc resultantes de compressão
das tensões no concreto
Rsd resultantes de tração na
armadura
Z braço de alavanca.
DIMENSIONAMENTO DE SEÇÕES RETANGULARES COM ARMADURA SIMPLES
• No item anterior foi estabelecido o momento limite para que uma seção transversal esteja no limite dos domínios 3 e 4, devendo-se evitar o domínio 4.
• Entretanto, quando εs ≥ εyd , a ruptura da viga é dúctil, com deformação plástica excessiva da armadura, estando a seção entre os domínios 2 e 3.
• Neste caso, a seção pode ser subarmada ou normalmente armada (εs = εyd), e a profundidade da linha neutra é representada genericamente por x.
• É possível observar a configuração do binário resistente, responsável por combater, agora, um momento solicitante Md ≠ Md,lim;
• Neste caso, torna-se necessário determinar a posição da linha neutra e estabelecer em que domínio encontra-se a seção.
Fazendo o equilíbrio dos momentos em relação ao centro de gravidade da armadura de flexão,
• Apenas um valor de x é válido, e é aquele que está posicionado dentro da seção transversal. O valor de x obtido dever ser comparado com aqueles situados nos limites dos domínios, para que se determine se a armadura realmente escoou. De preferência, o valor de x deve estar no intervalo x3,2 ≤ x ≤ x4,3 , para que seja evitada a deformação excessiva do aço (fissuras demasiadamente abertas) e a superarmação, respectivamente.
• Caso a seção trabalhe no domínio 4, pode-se aumentar a altura da viga, caso seja permitido no projeto, evitando a superarmação. De outro modo deve-se prever uma armadura longitudinal para a zona comprimida de concreto.
• O cálculo da armadura de flexão, para os domínios 2 e 3, é realizado de forma simples, adotando o valor de x obtido da equação do segundo grau, ou seja, faz-se o equilíbrio dos momentos sobre o centro de gravidade do retângulo de compressão do concreto e substitui-se o valor do braço de alavanca.
• Admitindo-se que a seção esteja trabalhando nos domínios 2 ou 3, para um melhor aproveitamento da armadura, tem-se ε s ≥ ε yd , resultando que a tensão na armadura é a de escoamento ( f s = f yd ). A área de aço será dada por:
Determinada a armadura de flexão e as demais armaduras, a viga pode ser
detalhada. Uma situação bastante comum envolve o dimensionamento de seções
transversais com as dimensões pré-estabelecidas em projeto, mas
especificamente a altura h e a largura bw. Em algumas situações, o projetista
estrutural tem liberdade de determinar as dimensões das seções, estabelecendo
em que domínio a seção deverá trabalhar.
Considere uma viga isostática com carga distribuída de 17 kN/m e apoiada em dois
pilares quadrados com 200 mm de lado cada. A viga possui as seguintes
características: comprimento = 6.000 mm, 150 bw = mm, h = 500 mm, cobrimento
inferior de 25 mm, trabalha em estado limite último, 25 f ck = MPa e aço CA50
com patamar de escoamento.
Calcular a armadura longitudinal de tração, As .
• A figura abaixo mostra o detalhamento da seção transversal da viga. As 02 barras de 6.3 mm posicionados na zona comprimida auxiliam a armação da viga e são chamados de porta estribos, contribuindo na resistência daquela região. Os estribos foram posicionados a cada 15 cm apenas por comodidade. O dimensionamento ao esforço cortante será visto mais adiante.
2𝜙6.3 𝑚𝑚
Considere uma viga isostática biapoiada com carga concentrada de 80
kN aplicada no meio do vão de 5.600 mm. A viga possui as seguintes
características: bw = 150 mm, h = 500 mm, cobrimento inferior de 25 mm,
trabalha em estado limite último, fck = 25 MPa e aço CA50 com patamar
de escoamento. Calcular a armadura longitudinal de tração, As .
Como a base da viga não comporta cinco barras de 16 mm de
diâmetro, pois os espaçamentos entre as mesmas serão menores que
os permitidos por norma, a armadura terá que ser distribuída em duas
camadas. Neste caso, o valor de d será um pouco menor, e a viga
deverá ser recalculada para o valor correto de d. Para duas
camadas de armaduras, a altura útil pode ser determinada com o
auxilio da figura 3.5 e das equações 3.2 e 3.3.
2𝜙6.3 𝑚𝑚
6𝜙16 𝑚𝑚
Anteriormente, conhecia-se Md e determinava-se As.
Neste item será analisada uma situação onde se
conhecem as dimensões da seção ( bw e d), o tipo de
aço (fyd e ε yd) e a resistência característica do
concreto (fck), e deseja-se determinar em qual
domínio se consegue o maior momento característico
que a seção consegue resistir.
• Para a resistência última do concreto igual a 0.85*fcd, valores menores que x 2,3 conduzirão a valores de εs > 10 ‰, o que não é permitido (deformações excessivas). Para valores menores que 0.85*fcd, a seção não utiliza toda a resistência do concreto e a tensão de cálculo continua sendo fyd , ou seja, no domínio 2 não se tem o máximo aproveitamento da seção.
Para x=d, o momento resistente pode ser máximo mas
fs < fyd, e o aço não é bem utilizado, conduzindo a valores
elevados de As, além de se ter vigas superarmadas, o que seria
indesejável. Assim, o máximo momento resistente de uma
seção, com a otimização dos materiais, é obtido no limite dos
domínios 3 e 4, ou seja, com x=x3,4.
• As características mecânicas e geométricas da seção são
inteiramente conhecidas, e deseja-se determinar a
capacidade resistente da seção.
• Na situação anterior a armadura era determinada para o
limite entre os domínios 3 e 4 (x3,4). Agora, a armadura é
dada, e a linha neutra não pode mais ser
considerada no limite entre os domínios 3 e 4 (x ≠ x 3,4),
devendo ser determinada.
• Verificar se a seção não está no domínio 4, ou seja, a
armadura deve apresentar εs≥εyd , ficando implícito que fs =
fyd.
• Lembrando que a resultante de compressão é 𝑅𝑐𝑐 = 0,68 ⋅
𝑏𝑤 ⋅ 𝑥 ⋅ 𝑓𝑐𝑑 e a resultante de tração no aço é 𝑅𝑠𝑑 = 𝐴𝑠 ⋅
𝑓𝑦𝑑 , e que a seção deve estar em equilíbrio.
• O momento resistente pode ser determinado fazendo-se o
somatório dos momentos no ponto de aplicação da resultante
na zona comprimida de concreto.
• Caso a seção esteja no domínio 4 (x > x 3,4), εs < εyd e fs <
fyd, torna-se necessário determinar o valor da tensão
que atua na armadura (fs), que não mais será igual à de
escoamento.
• Para se determinar este valor, emprega-se a Lei de Hooke e o coeficiente
de minoração do aço.
• Alguns autores chamam este procedimento de “corrigir o valor de x”.
Deve-se ressaltar que esta situação, a seção atuando
no domínio 4, deve ser sempre evitada. Para isso,
basta aumentar a altura útil da seção, quando o
projeto permitir, ou adicionar armadura na zona de
compressão (armadura dupla), situação a ser
analisada adiante.
• O máximo momento que uma seção pode resistir, com o
máximo aproveitamento da capacidade resistente dos
materiais, ocorre no limite entre os domínios 3 e 4;
• A altura útil (dmín) mais econômica necessária para resistir a
um momento qualquer (Md) será função da profundidade da
linha neutra no limite dos domínios 3 e 4 (x3,4);
M d ≤ M d 3,4
• O cálculo da altura mínima permite ao projetista estrutural
estabelecer áreas de aço econômicas, compatíveis ou
balanceadas (em equilíbrio) com as zonas comprimidas.
FÓRMULAS ADIMENSIONAIS E TABELA PARA DIMENSIONAMENTO DE SEÇÕES
RETANGULARES
DIMENSIONAMENTO DE SEÇÕES RETANGULARES COM ARMADURA DUPLA
• Há situações em que, por imposições de projeto estrutural e
arquitetônico, é necessário utilizar para a viga uma altura
menor que a altura mínima exigida pelo momento
fletor atuante de cálculo Md. (d<dmin)
• Nesse caso, a seção com essa altura menor só irá resistir
(trabalhando no domínio 3 ou no limite entre os domínios 3 e
4) a uma parcela desse momento.
• No domínio 4, é possível aplicar uma altura menor que a
mínima, mas esse domínio deve ser evitado.
• Uma solução possível, sem utilizar o domínio 4, é
complementar a peça com uma armadura de compressão.
• Determina-se o momento em que a seção consegue resistir
com a sua altura real e a armadura apenas tracionada,
trabalhando no limite entre os domínios 3 e 4 (M3,4).
• A diferença entre o momento atuante Md e o momento M3,4,
chamada de M2, será resistida por uma armadura de
compressão. A viga terá uma armadura inferior tracionada e
uma superior comprimida (armadura dupla).