Dimensionamento de Vigas de Rolamento

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Análise comparativa da fadiga em pontes rolantes segundo a NBR 8800 e AISC

Citation preview

  • 7/18/2019 Dimensionamento de Vigas de Rolamento

    1/17

    VERIFICAO A FADIGA DE VIGAS DE ROLAMENTO DEPONTES ROLANTES INDUSTRIAIS

    Ricardo Fabeane1, Ricardo A. Ficanha2e Zacarias Martin Chamberlain Pravia3

    1.

    INTRODUOFadiga um fenmeno no qual estruturas carregadas repetidamente fraturam a

    um nvel de carregamento menor do que sua resistncia esttica ltima. Por exemplo,

    uma barra de ao pode resistir com sucesso a uma nica aplicao esttica de uma carga

    de trao de 300 kN, mas pode falhar aps a aplicao de 1.000.000 de repeties de um

    carregamento de 200 kN (ANSYS, v.11, traduzido).

    De acordo com o Design Guide 7 do AISC (traduzido), o dano por fadiga por ser

    entendido como o avano progressivo de uma fissura devido a variaes na tenso deum membro. A fissura por fadiga inicia em pequenos defeitos ou imperfeies no metal

    base ou no metal de solda. Estas imperfeies atuam como amplificadores de tenso que

    aumentam as tenses elsticas aplicadas em pequenas regies at tenses plsticas. A

    medida que os ciclos de carregamentos so aplicados, as deformaes plsticas nas

    pequenas regies plsticas avanam, at que o material se separa e as fissuras

    aumentam. Nesse ponto, a regio de tenses plsticas move-se para a nova ponta da

    fissura e o processo repete-se novamente. Eventualmente, o tamanho da fissura torna-segrande o suficiente que o efeito combinado do tamanho da fissura e o da tenso aplicada

    excede a resistncia do material e a fratura final ocorre.

    Embora os problemas de fadiga em muitos componentes ainda seja uma questo

    atual, as primeiras falhas por fadiga comearam a ser observadas e investigadas ainda

    1Engenheiro Civil Mestrando do PPGENG/UPF [email protected]

    Engenheiro Mec!nico " Mestrando do PPGENG/UPF [email protected]

    #$. %c.& Professor tit'lar PPGENG/FE()/UPF *acarias@'+f.br

  • 7/18/2019 Dimensionamento de Vigas de Rolamento

    2/17

    no sculo XIX. Dentre todos os pesquisadores da poca, o que chegou a resultados mais

    notveis sobre o fenmeno de fadiga foi o engenheiro alemo August Whler.

    SCHIJVE (2001) relata que foi Whler que reconheceu que uma nica aplicao

    de carga com valor abaixo da resistncia esttica da estrutura no causava qualquer

    dano a estrutura; entretanto, se a mesma carga fosse repetida muitas vezes poderia levar

    a estrutura a falhar completamente.

    De acordo com PRAVIA (2003), Whler projetou aparelhos e desenvolveu

    mtodos para medies das cargas de servio, no perodo de 1852 a 1869 em Berlim,

    em linhas ferrovirias, as suas principais concluses foram (Leis de Whler):

    a) A falha do material solicitado dinamicamente pode ocorrer bem abaixo da tenso

    de falha sob carregamento esttico;

    b)A amplitude da tenso decisiva para a destruio da fora de coeso do

    material;

    c) A amplitude de tenso o parmetro mais importante para a determinao da

    falha, mas tendo a tenso de trao grande influncia.

    Ainda segundo PRAVIA (2003), foi Whler quem introduziu originalmente o

    conceito de limiar de fadiga em metais tenso terica abaixo da qual no ocorre falha

    por fadiga - e definiu o que viriam ser as curvas S-N (Variao da tenso x Nmero de

    Ciclos) atualmente usadas nos clculos de fadiga.

    Pensava-se, ainda no sculo XIX, que a fadiga seria um fenmeno misterioso

    do material (porque os danos iniciais gerados no podiam ser vistos) e que as falhas

    ocorriam de maneira repentina, sem um aviso prvio. No sculo XX, aprendeu-se que a

    aplicao de cargas repetidas pode iniciar um mecanismo de fadiga no material

    principalmente pela nucleao de uma microfissura, propagao da microfissura e,finalmente, at a falha da estrutura (SCHIJVE, 2001).

    2.MTODOS DE AVALIAO DA FADIGA

    conhecido que so vrios os fatores que tem influncia direta no

    comportamento de fadiga de um determinado elemento ou componente.

    Um ponto de fundamental importncia em uma avaliao de fadiga relaciona-se

    escolha adequada do mtodo que ser utilizado para tal. STEPHENS (2001) indica a

    existncia de 4 modelos para as avaliaes de fadiga em engenharia, sendo eles:

  • 7/18/2019 Dimensionamento de Vigas de Rolamento

    3/17

    1. Modelo nominal de vida em funo da tenso (stress-life, S-N), inicialmente

    formulado entre os anos de1850 e 1870.

    2. Modelo local de vida em funo da deformao (strain-life, -N), inicialmente

    formulado nos anos de 1960.

    3.

    Modelo de propagao de uma fissura de fadiga (da/dN K), inicialmente

    formulado nos anos de 1960.

    4. Modelo de dois estgios, que consiste na combinao dos modelos 2 e 3 para

    incorporar tanto a formao da trinca macroscpica de fadiga (nucleao) como

    sua propagao.

    Tal autor ainda comenta que o modelo nominal S-N utiliza as tenses nominais

    na avaliao, e s relaciona resistncia local a fadiga para elementos com ou sem

    cantos vivos (regies de alta concentrao de tenses). J o modelo local -N trabalha

    diretamente com as deformaes locais de uma regio com alvio (chanfro ou entalhe).

    O modelo da/dN-K de propagao da fenda de fadiga utiliza-se da mecnica da fratura

    e da integrao da equao da taxa de propagao da fenda para determinar o nmero de

    ciclos necessrio para propagar a fenda de um tamanho inicial para outro tamanho

    determinado ou at a fratura total. Por final, o mtodo dos dois estgios, conforme

    anteriormente citado, incorpora o modelo -N para determinar o tempo necessrio para

    o aparecimento da macrofissura, bem como faz uso da integrao da equao de

    propagao da fenda de fadiga para determinar a vida restante do elemento; aps a

    determinao destas vidas teis, esses perodos so adicionados, resultando na vida

    total fadiga do elemento considerado.

    Na grande maioria dos casos, o mtodo preferido na avaliao da vida til a

    fadiga em vigas de rolamentos de pontes rolantes industriais (ou qualquer outroelemento submetido a carregamentos mveis) o da vida til em funo da tenso

    (stress-life, S-N). Isto se deve, principalmente, pela sua facilidade de aplicao e pelo

    fato de ser o mtodo indicado pela maioria das normas para clculo de estruturas de ao.

  • 7/18/2019 Dimensionamento de Vigas de Rolamento

    4/17

    3.AVALIAO A FADIGA DE ACORDO COM AS NORMAS ABNT NBR8800:2008, ANSI/AISC 360-10 E CSA S16-01

    3.1.Verificao fadiga pela ABNT NBR 8800:2008

    a) Condies de aplicabilidade:

    A ABNT NBR 8800:2008, em seu anexo K, traz as prescries necessrias para

    avaliao fadiga dos elementos. O item K.2.7 deixa claro que a aplicao de tais

    prescries apenas vlido para estruturas com adequada resistncia corrosoatmosfrica ou sujeitas apenas atmosferas levemente corrosivas, e em temperaturas

    abaixo de 150C.

    Tal norma, em seu item K.2.3, explicita que a faixa de variao de tenses

    definida como a magnitude da mudana de tenso devida aplicao ou remoo das

    aes variveis calculada de acordo com a seguinte combinao (Item K.2.1):

    = =

    +=

    m

    i

    n

    j

    kQjkGifadd FFF1 1

    ,,, .0,1

    O item K.2.3 tambm indica que no caso de inverso de sinal da tenso em um

    ponto qualquer, a faixa de variao de tenses deve ser determinada pela diferena

    algbrica dos valores mximo e mnimo da tenso considerada, nesse ponto. O clculo

    das tenses deve ser baseado em anlise elstica, e sem a amplificao pelos fatores de

    concentrao de tenses (item K.3.1).

    Alm disto, o item K.2.2 deixa claro que as tenses calculadas no metal base no

    podem ultrapassar o valor mximo de 0,66fy para as tenses normais e 0,40fy para

    tenses cisalhantes.

    b) Etapas para a verificao fadiga:

    A verificao dos elementos fadiga de acordo com a ABNT NBR 8800:2008

    realizada basicamente com as seguintes etapas:

    Obteno dos esforos solicitantes com a combinao de aes supracitada

    Clculo das tenses solicitantes

    Definio da faixa de variao de tenses na seo analisada

  • 7/18/2019 Dimensionamento de Vigas de Rolamento

    5/17

    Obteno dos parmetros de fadiga para a regio analisada (parmetros

    obtidos em consulta as tabelas K.1 e K.2 da norma)

    Definio da susceptibilidade fadiga da regio analisada, para uma vida til

    pr-definida.

    c) Iseno da verificao fadiga:

    Os itens K.2.5 e K.2.6 da norma definem as condies necessrias que

    dispensam a verificao dos elementos fadiga. De forma resumida, no necessrio

    nenhuma verificao a fadiga caso: O nmero de ciclos de solicitao seja inferior a 20000

    A faixa de variao de tenses esteja abaixo do valor de THdado pela Tabela

    K.1 da norma

    3.2.Verificao fadiga pelo Design Guide 7 e pela norma ANSI/AISC 360-10

    A verificao fadiga pela norma americana ANSI/AISC 360-10 feita pelo seu

    Appendix 3 Design for Fatigue.

    Consultando-se o referido apndice da ANSI/AISC 360-10 percebe-se que a

    metodologia de verificao fadiga exatamente a mesma da utilizada pela norma

    brasileira, com apenas as seguintes diferenas:

    No h indicao direta de combinao para a verificao fadiga no

    apndice, embora durante o texto do mesmo seja sempre citado que as tenses

    so calculadas com as cargas se servio (portanto sem ponderao).

    O item 3.1 do apndice fixa como sendo 0,66fy a tenso mxima permitida,

    tanto para trao como para cisalhamento, para a aplicao de suas prescries.

    Comparando-se algumas equaes do item 3.3 da norma ANSI/AISC 360-10

    com o item K.4 da ABNT NBR 8800:2008 percebe-se que h alguns valores nas

    equaes com uma pequena alterao. Entretanto, deve-se ressaltar que tais

    valores so de amplitude to pequena que no afetam em nada os resultados

    obtidos aplicando-se uma ou outra equao.

    Um ponto importante que o Design Guide 7 especifica relaciona-se ao fato de

    que a avaliao a fadiga das vigas de rolamento deve ser baseada num nmero

  • 7/18/2019 Dimensionamento de Vigas de Rolamento

    6/17

    equivalente de ciclos de carregamento mximo da ponte rolante. Este nmero de ciclos

    determinado em funo da condio de servio da ponte, seguindo-se a classificao

    da CMAA 70 (Crane Manufactures Association of America). Tal classificao divide as

    condies de trabalho das pontes rolantes em 6 Classes, apresentando

    simplificadamente as seguintes caractersticas (traduzido):

    CLASSE A (Usos espordicos ou servios infrequentes): Esta classe de

    servio engloba pontes rolantes que podem ser usadas em instalaes onde seja

    necessrio manuseios precisos de equipamentos, a baixas velocidades, com um

    grande perodo de inatividade entre os iamentos. Sua capacidade corresponde

    aos trabalhos de iniciais de instalao de equipamentos e para manutenes

    infrequentes.

    CLASSE B (Servio leve): Esta classe de servio engloba pontes rolantes onde

    os carregamentos solicitantes de servio sejam pequenos e as velocidades de

    operao baixas. Os carregamentos variam de descarregada para ocasionalmente

    carregada na mxima capacidade, com a realizao de 2 a 5 iamentos por hora,

    em um altura mdia de 3,0 metros por iamento;.

    CLASSE C (Servio moderado): Esta classe engloba pontes onde as

    solicitaes de servio so moderadas. Neste tipo de servio a ponte trabalha

    com uma solicitao de cerca de 50% de sua capacidade, com cerca de 5 a 10

    iamentos por hora, a uma altura mdia de 4,5m, com no mximo 50% dos

    iamentos na capacidade mxima da ponte.

    CLASSE D (Servio pesado): Esta classe engloba pontes que so utilizadas

    onde so necessrias operaes pesadas de produo. Neste tipo de servio

    carregamentos com cerca de 50% da capacidade so manuseados constantemente

    durante o perodo de servio. Velocidades elevadas so desejveis para estes

    tipos de servios, que apresentam de 10 a 20 iamentos por hora, a uma altura

    mdia de 4,5m, com no mximo 65% do iamentos na capacidade mxima.

    CLASSE E (Servio Severo): Esta classe engloba as pontes capazes de

    manusear cargas prximas a sua capacidade mxima ao longo de sua vida til.

    Suas aplicaes incluem operaes com 20 ou mais iamentos por hora, prximo

    ou na capacidade mxima da ponte.

  • 7/18/2019 Dimensionamento de Vigas de Rolamento

    7/17

    CLASSE F (Servio Severo Contnuo): Esta classe engloba as pontes capazes

    de manusear carregamentos continuamente prximos de sua capacidade mxima,

    em condies severas de utilizao ao longo de toda sua vida de projeto.

    Uma vez que seja definida a classe de servio da ponte, obtm-se da tabela

    12.1.1 do Design Guide 7 do AISC o nmero de ciclos de carregamentos completos

    para o qual a ponte dever ser dimensionada. Tal tabela reproduzida na sequncia.

    Tabela 1: Classificao vs. vida de projeto (Fonte: Design Guide 7 AISC)

    Alm da prvia definio do nmero de ciclos de solicitao para o

    dimensionamento das vigas de rolamento, so apresentadas no item 12 do mesmo

    design guide algumas consideraes que visam evitar o aparecimento de patologias

    relacionadas a fadiga . Dentre estas informaes, destacam-se:

    Fissuras tem sido observadas em sees soldadas, na ligao entre a alma e a

    mesa comprimida da viga de rolamento, quando usam-se filetes de solda para a

    conexo destes elementos. Tais fissuras so atribudas a tenses localizadas de

    trao devido a uma pequena flexo da parte inferior da mesa comprimida a cada

    vez que a roda passa. Cada passagem de roda pode ocorrer 2 ou 4 (ou mais)

    vezes com cada passagem da ponte rolante; deste modo os ciclos de solicitao

    para esta considerao muito maior do que aqueles considerados na verificao

    da viga de rolamento devido a passagem da ponte rolante carregada. O clculo

    desta tenso de trao devido a flexo localizada um tanto complexo e

    impreciso, ento prefere-se contornar o problema atravs da adoo de medidas

    conservativas que evitem seu aparecimento. Para reduzir a probabilidade do

    aparecimento destas fissuras o AISE Technical Report N 13 recomenda que a

  • 7/18/2019 Dimensionamento de Vigas de Rolamento

    8/17

    ligao entre a mesa superior e alma das vigas soldadas seja feita atravs do uso

    de soldas de penetrao total, com filetes de reforo.

    Fissuras por fadiga tambm tem ocorrido na conexo entre os enrijecedores de

    extremidade e a mesa superior das vigas de rolamento. Tais fissuras tem

    aparecido em detalhes onde os enrijecedores esto ligados por soldas de filete

    face inferior da mesa superior da viga. A passagem de cada roda da ponte rolante

    produz tenses de cisalhamento nos filetes de solda; entretanto, a determinao

    do real estado de tenses na solda extremamente complexa. Deste modo, o

    AISE Technical Report N 13 recomenda que soldas de penetrao total tambm

    sejam usadas para conectar os enrijecedores de extremidade mesa superior da

    viga de rolamento. A parte inferior dos enrijecedores pode ser encaixada

    (prefervel) ou soldada com filetes mesa inferior da viga de rolamento. Alm

    disto, todas as soldas entre os enrijecedores e a alma da viga devem ser

    contnuas.

    Para os enrijecedores intermedirios, pelas mesmas razes citadas no item

    anterior, o AISE Technical Report N 13 tambm recomenda o uso de soldas de

    penetrao total para a ligao entre os enrijecedores e a mesa superior da viga.

    Alm disto, indica-se a necessidade de verificao fadiga na terminao do

    enrijecedor prximo mesa tracionada (p do enrijecedor).

    A anexagem de elementos (tais como suportes de cabos, etc.) a viga de

    rolamento deve ser evitada. O AISE Technical Report N 13 explicitamente

    probe a soldagem destes anexos mesa tracionada da viga de rolamento.

    3.3.

    Verificao fadiga pela norma CSA S16-01 e pelo Design Guide do CISC

    O procedimento para a avaliao fadiga dos elementos submetidos a

    carregamentos mveis definido pelo captulo 26 da norma CSA S16-01.

    Tal norma tem como principais caractersticas o fato de utilizar apenas uma

    equao para a obteno da faixa mxima de variao de tenses para o detalhe

    analisado, variando portanto os demais parmetros para as diferentes categorias de

    detalhes.A combinao utilizada na avaliao a fadiga a combinao C1 da tabela 2.2

    do Design Guide do CISC, sendo dada por:

  • 7/18/2019 Dimensionamento de Vigas de Rolamento

    9/17

    ssvs CCC .5,01 +=

    onde Cvse Css correspondem, respectivamente, as cargas verticais e horizontais

    aplicadas pela ponte rolante nas vigas de rolamento. Conforme pode-se observar, essa

    combinao no considera o peso prprio e a carga permanente devido ao fato de tais

    aes estarem sempre presentes nas vigas de rolamento, o que faze com que no

    contribuam para a variao da tenso quando da passagem da ponte rolante.

    Um ponto que merece destaque no Design Guide do CISC corresponde ao item

    3.3.4, que apresenta o equacionamento para o clculo do nmero equivalente de

    operaes da ponte rolante totalmente carregada quando conhecido previamente oespectro de solicitao de tal elemento. Com esta abordagem tem-se uma correlao

    mais prxima do nvel real de solicitao das vigas de rolamento.

    Outro ponto importante refere-se ao fato de que em seu item 26.3.3 a CSA S16-

    01 apresentada a metodologia do dano acumulado de fadiga, que permite uma

    avaliao mais precisa das condies de solicitao das vigas para situaes de projeto

    onde o nmero real de ciclos de operao j seja conhecido com antecedncia. Tal

    mtodo est baseado na regra de Palmgren-Miner, que nada mais do que umatcnica utilizada para a avaliao do percentual de dano causado viga de rolamento

    quando a ponte rolante opera com um determinado nvel de solicitao. O principal

    interesse na aplicao da metodologia do dano acumulado de fadiga est na avaliao

    da vida til restante de vigas de rolamento existentes que j estejam operando a um

    determinado tempo, ou que sofreram alteraes em seu regime de trabalho.

    Por outro lado, quando no se conhece previamente o espectro de solicitao da

    ponte rolante, o Design Guide do CISC indica, em sua tabela 3.4, um nmero estimado

    de ciclos de solicitao para as vigas de rolamento baseando-se na classe de servio

    obtida para a ponte rolante de acordo com os critrios do CMAA 70 (classes definidos

    no item 3.2 do presente trabalho).

  • 7/18/2019 Dimensionamento de Vigas de Rolamento

    10/17

    Tabela 2: Nmero de ciclos para dimensionamento das vigas de rolamento.

    Fonte: Design Guide do CISC.

    Analisando a tabela acima percebe-se que o nmero de ciclos de solicitao das

    vigas de rolamento corresponde a 20% do nmero de ciclos de solicitao da ponte

    rolante para as classes A. B e C, e 50% para as classes D, E e F.

    Segundo o item 26.3.5 da norma CSA S16-01, ficam dispensados de verificao

    fadiga os elementos que apresentarem um nmero de ciclos de solicitao menor do

    que o maior dos valores entre 20000 e3

    srf , sendo um parmetro obtido da tabela 10

    da referida norma e fsra tenso solicitante no elemento.

    4.EXEMPLO DE APLICAO

    Com o intuito de comparar de maneira prtica os resultados da avaliao a

    fadiga pelas 3 normas citadas anteriormente, desenvolveu-se um exemplo prtico deaplicao em vigas de rolamento soldadas, dimensionadas pela norma ABNT NBR

    8800:2008 para resistirem as aes de uma ponte rolante de modelo ZKKE da empresa

    DEMAG, com 30tf de capacidade e que vence um vo transversal de 20m.

    As vigas de rolamento calculadas apresentam as seguintes caractersticas:

    Perfil: Seo I soldada, com uso de enrijecedores

    Vinculao estrutural: biapoiada

    Vos das vigas: 10m Ao utilizado: A572Gr.50

  • 7/18/2019 Dimensionamento de Vigas de Rolamento

    11/17

    Conteno lateral: com uso de trelia nivelada com a mesa superior do perfil, e

    com o uso de mos francesas para a conteno longitudinal das vigas

    Enrijecedores de extremidade estendendo-se ao longo de toda a altura do perfil

    Enrijecedores intermedirios da viga interrompidos a uma distncia de 4tw

    da face superior da mesa inferior do perfil

    Limites de deformao: L/800 para deformao vertical e L/400 para

    deformao transversal.

    Ponte rolante comandada por controle remoto.

    Ao final da realizao do dimensionamento e verificao da deformao na viga,

    optou-se pela utilizao de uma seo I soldada com 1300mm de altura, 300mm de

    mesa, e com as espessuras de 9,5mm para alma e 12,5mm para as mesas. Nesta viga

    ainda so colocados enrijecedores em chapa 9,5mm a cada 1000mm em seu

    comprimento longitudinal. Na Fig. 1 mostrado o desenho esquemtico das vigas

    calculadas, enquanto que nas Figuras 2 e 3 so mostrados o trem-tipo com as reaes

    verticais da ponte e a seo transversal escolhida para as vigas, respectivamente.

    Figura 1: Modelo estrutural das vigas de rolamento

    Figura 2: Modelo esquemtico do trem tipo com as reaes mximas da ponte rolante

    204,1 kN 179,3 kN

    363 3150 363

  • 7/18/2019 Dimensionamento de Vigas de Rolamento

    12/17

    Figura 3: Seo escolhida para as vigas de rolamento

    Aps avaliaes prvias, percebe-se que a seo crtica para a ocorrncia do

    fenmeno de fadiga na solda de filete utilizada no p do enrijecedor localizado na

    metade do vo da viga de rolamento.

    A realizao da avaliao a fadiga para a viga ser feita com base no nmero de

    ciclos indicador por cada norma utilizada. O exemplo aqui desenvolvido ser baseado

    na seguinte condio de trabalho para a ponte rolante: Ponte rolante em operao

    contnua com a realizao da maior parte de seus iamentos prximo a sua capacidade

    mxima.

    4.1.Avaliao a fadiga pela ABNT NBR 8800:2008 (Anexo K)

    Como a norma ABNT NBR 8800:2008 no traz referncia quanto ao nmero de

    ciclos a ser utilizado para esta avaliao, estimou-se que este total ser de

    aproximadamente 73 ciclos dirios (cerca de um ciclo a cada 7 minutos, para uma

    jornada de trabalho de 8 horas), resultando num nmero total de 1.335.000 ciclos de

    trabalho durante uma vida til de 50 anos.

    Sabendo-se que a combinao de projeto para a viga de rolamento dada pelo

    item K.2.1 da norma, e que o coeficiente de impacto vertical utilizado na amplificaodas reaes verticais da ponte rolante de 10% (ponte operada por controle), obteve-se

    como momentos mximos os seguintes valores:

  • 7/18/2019 Dimensionamento de Vigas de Rolamento

    13/17

    Momento pela combinao do item K.2.1 = 788,51 kN.m

    Momento pelo peso prprio e carga permanente na viga = 26,99 kN.mComo avaliao a fadiga feita pela amplitude de variao de tenses, convm

    ressaltar que o momento solicitante de projeto dado por:

    MSd= 78851kN.cm 2699kN.cm = 76152kN.cm

    Sabendo-se que a maior inrcia da seo escolhida vale 474906,8cm4, e que o p

    do enrijecedor est afastado do centride da seo transversal a uma distncia de:

    y = (d/2) tf 4.tw= (130cm/2) 1,25cm (4.0,95cm) = -59,95cm

    Tem-se que a tenso solicitante no p do enrijecedor do meio da viga vale:

    MPacmcm

    cmkNy

    I

    M

    x

    x 1,96)95,59.(8,474906

    .76152. ===

    Verificando-se na tabela K.1 da norma, percebe-se que o caso em questo

    encaixa-se na descrio do item 5.7, apresentando as seguintes caractersticas:

    Categoria de tenso: C

    Constante Cf: 44x108

    Limite TH

    : 69 MPa

    Com estes dados, e utilizando-se a equao do item K.4.a, verifica-se que a faixa

    mxima de variao de tenso vale:

    MPax

    N

    CfSR 0,1021335000

    1044.327.327333,08333,0

    =

    =

    =

    Como a tenso calculada est abaixo da faixa mxima de variao de tenso,

    conclui-se que a regio analisada no apresentar problemas de fadiga durante sua vida

    de projeto.

    4.2.Avaliao a fadiga pela ANSI/AISC 360-10 (Appendix 3) eDesign Guide 7

    Segundo o Design Guide 7 do AISC, o nmero de ciclos de solicitaes a ser

    adotado para a condio de trabalho definida para a ponte rolante de 1.500.000,0

    ciclos (ver Tabela 1 acima para classificao E)

    Sabendo-se que a combinao de projeto para a viga de rolamento dada porD+Cvs+Ci, sendo Cvs as reaes verticais e Ci a carga vertical adicionada pelo

    coeficiente de impacto (adotado como 25% para pontes operadas por controle), tem-se:

  • 7/18/2019 Dimensionamento de Vigas de Rolamento

    14/17

    Momento pela combinao= 886,70 kN.m

    Momento pelo peso prprio da viga = 21,40 kN.mAs tenses solicitantes e resistentes so calculadas por:

    MSd= 88670kN.cm 2140kN.cm = 86530kN.cm

    MPacmcm

    cmkNy

    I

    M

    x

    x 2,109)95,59.(8,474906

    .86530. ===

    Verificando-se na tabela A-3.1 do Appendix 3 percebe-se que o caso em questo

    encaixa-se na descrio do item 5.7, apresentando as seguintes caractersticas:

    Categoria de tenso: C Constante Cf: 44x10

    8

    Limite FTH: 69 MPa

    Com estes dados, e utilizando-se a equao A-3-1M 1, verifica-se que a faixa

    mxima de variao de tenso vale:

    MPax

    n

    CF

    SR

    f

    SR 4,981500000

    1044.329.329333,08333,0

    =

    =

    =

    Como a tenso calculada est acima da faixa mxima de variao de tenso,

    conclui-se que a regio analisada est susceptvel a ocorrncia do problema de

    fadiga.

    4.3.Avaliao a fadiga pela CSA S16-01 (Clause 26) eDesign Guide do CISC

    Segundo o Design Guide do CISC, o nmero de ciclos de solicitaes a ser

    adotado para a condio de trabalho definida para a ponte rolante de 1.000.000,0ciclos (ver Tabela 2 acima)

    Sabendo-se que a combinao de projeto para a viga de rolamento dada por

    Cvs, sendo Cvs as reaes verticais (incluindo a amplificao pelo coeficiente de

    impacto de 25%), tem-se:

    Momento pela combinao= 865,30 kN.m

    MPacm

    cm

    cmkNy

    I

    M

    x

    x 2,109)95,59.(

    8,474906

    .86530. ===

  • 7/18/2019 Dimensionamento de Vigas de Rolamento

    15/17

    Verificando-se na tabela 9 da norma CSA S16-01, percebe-se que a regio em

    questo classificada como sendo da Categoria C1. Entrando-se com essa categoria na

    tabela 10 da referida norma, obtm-se os seguintes parmetros de fadiga:

    = 1440x109

    Fsrt: 83 MPa

    Com estes dados e utilizando-se a equao apresentada pelo item 26.3.2 da

    norma, verifica-se que a resistncia a fadiga vale:

    MPax

    nN

    Fsr 90,112

    10

    101440 31

    6

    931

    =

    =

    =

    Como a tenso calculada est abaixo da faixa mxima de variao de tenso,

    conclui-se que a regio analisada no apresentar problemas de fadiga durante sua vida

    de projeto.

    Na Tabela 3 abaixo apresentado de forma resumida os resultados obtidos.

    Tabela 3: Resumo das verificaes a fadiga para as vigas de rolamento do exemplo

    ABNT NBR 8800:2008ANSI/AISC 360-10 e

    Design Guide 7

    CSA S16-01 e Design

    Guide do CISC

    Classii!a"#o da Condi"#o de

    $%a&al'o" E ,CM((- E ,CM((-

    Base (a%a )e%ii!a"#o (neo / (++endi # Cla'se 0

    N*+e%o e,uialen$e de !i!los

    de o(e%a"#o1.##.223 1.22.222 1.222.222

    I+(a!$o !onside%ado 124 4 4

    Tens#o na %egi#o !%.$i!a solda

    de ile$e no ( do en%ie!edo%50&1 MPa 125& MPa 125& MPa

    Tens#o ad+iss.el na %egi#o!%.$i!a

    12&2 MPa 56&7 MPa 11&5 MPa

    Resul$ado A(%oada Re(%oada A(%oada

    3 val or estimado +ara vida 8til

  • 7/18/2019 Dimensionamento de Vigas de Rolamento

    16/17

    5.CONCLUSES

    Avaliando-se as informaes da reviso bibliogrfica e os resultados obtidos

    com a realizao do exemplo de clculo pode-se enunciar as seguintes concluses:

    Aconselha-se que sejam seguidas as indicaes do item 12.2 do Design Guide

    7 do AISC, principalmente aquelas referentes a importncia da execuo de

    soldas de penetrao total na ligao entre a alma e a mesa superior, e entre o

    enrijecedor e a mesa superior das vigas de rolamento, com o intuito de que

    sejam evitados problemas de fadiga que por muitas vezes no so contabilizadosna fase de clculo.

    Avaliando-se os resultados obtidos, percebe-se que o valor adotado para o

    coeficiente de impacto vertical (escolhido em funo do tipo de ponte rolante que

    ir atuar sobre as vigas de rolamento) exerce influncia direta sobre as tenses

    atuantes nestas vigas, uma vez que sua aplicao objetivada na amplificao

    dos momentos gerados pela passagem das cargas mveis.

    Outro ponto de grande influncia nos resultados obtidos para fadiga o

    nmero de ciclos de trabalho adotado para as vigas de rolamento, conforme

    pode-se perceber pelos resultados obtidos nos clculos.

    Quando do clculo de vigas de rolamento com a ABNT NBR 8800:2008, em

    que o nmero de ciclos de carregamentos no seja previamente conhecido, como

    a norma no apresenta nenhum valor de referncia para tal parmetro aconselha-

    se (a favor da segurana) que seja tomado como referncia o nmero de ciclos

    indicados pela CMAA 70, em funo da classe da ponte rolante.

    6.CONTINUIDADE DO TRABALHO

    Com o objetivo de enriquecer o contedo e complementar as informaes

    apresentadas no presente trabalho, pretende-se realizar em estudos futuros as seguintes

    atividades:

    Verificao a fadiga das vigas de rolamento pela norma BS EN 1993-1-9:2005

  • 7/18/2019 Dimensionamento de Vigas de Rolamento

    17/17

    Incluso das consideraes sobre os ensaios de fabricao necessrios para as

    vigas de rolamento

    Realizao de anlises numricas para a avaliao do grau de influncia da

    flexo localizada gerada pela passagem das rodas da ponte rolante indicada pelo

    item 12.2 do Design Guide 7 do AISC.

    7.REFERNCIAS

    ABNT NBR 8800:2008 Projeto de estruturas de ao e de estruturas mistas de ao e

    concreto de edifcios.Rio de Janeiro, 2008.

    ANSI/AISC 360-10 - Specification for Structural Steel Buildings. Chicago, Illinois,

    June 2010.

    ANSYS,Inc. Chapter 14: Fatigue. Release 11, 2009.

    Design Guide do CISC. Guide for the Design of Crane-Supporting Steel Structures Second Edition.Niagara Falls, Ontario, August 2009.

    Design Guide 7, Steel Design Guide 7. Industrial Buildings: Roofs to Anchor Rods -Second Edition.Milwaukee, Wisconsin, March 2005.

    PRAVIA, Zacarias M. C. Estabilidade de Estruturas de Pontes Metlicas comFraturas.Tese de Doutorado. UFRJ - COPPE. Fevereiro de 2003.

    SCHIJVE, Jaap. Fatigue of Structures and Materials. Dordrecht, The Netherlands:

    Kluwer Academic Publishers, 2001.

    STEPHENS, R.I.; FATEMI, A.; STEPHENS, R.R.; FUCHS, H.O. Metal Fatigue inEngineering- Second Edition. USA: John Wiley & Sons, Inc., 2001.

    CSA S16-01 Limit States Design of Steel Structures. Mississauga, Ontario, June2003.