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1. a mitologia e a verdade

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SUMÁRIO DO VOLUMEFILOSOFIA

A FILOSOFIA DA VERDADE E DO AMOR 51. A mitologia e a verdade 6

1.1 A Filosofi a e o espírito de pesquisa 131.2 O mito de Cadmo e o valor da dedicação 161.3 O mito e a coerência 201.4 O mito de Hades e a compreensão 221.5 O mito de Fênix e o otimismo 271.6 O mito de Hefesto e a sinceridade 311.7 O mito de Hélios e a lealdade 36

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SUMÁRIO COMPLETOVOLUME 1

UNIDADE: A FILOSOFIA DA VERDADE E DO AMOR1. A mitologia e a verdade

VOLUME 2

UNIDADE: OS VALORES RELACIONADOS À AÇÃO CORRETA2. O papel dos oráculos na ação correta

VOLUME 3

UNIDADE: OS VALORES DA NÃO VIOLÊNCIA E A CONSTRUÇÃO DA PAZ3. O Monte Olimpo, Zeus – o deus dos deuses – e a paz

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A FILOSOFIA DA VERDADE E DO AMORAS VÁRIAS LINGUAGENS

Os povos da Grécia Antiga utilizavam-se da linguagem mitológica para tentarem explicar os fatos e os fenômenos que existiam naquela época. Por não terem conhecimento racional dos fatos, foi assim que os os gregos criaram uma maneira de explicar o que ocorria à sua volta. Nesse contexto, surgiu um apurado espírito de pesquisa em alguns gregos que quiseram buscar outras respostas para os fatos e os fenômenos que eram observados ali, de maneira lógica e racional. Com muita dedicação, em busca de uma resposta que mais se aproximasse da verdade, surgiu a Filoso� a, uma nova forma de se buscar o conhecimento, utilizando abordagens coerentes para o que se pretendia explicar. Dessa forma, aos poucos, a linguagem mitológica foi sendo substituída por uma linguagem � losó� ca, em que os questionamentos eram feitos sobre a ótica da razão e da coerência.

Equipe de Produção de Texto do SEC.

Acervo CNEC.

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A mitologia e a verdade

Filosofia6

1. A MITOLOGIA E A VERDADE

OLÁ, AMIGOS!VOCÊS JÁ

ESTUDARAMFILOSOFIA?

EU JÁ ESTUDOFILOSOFIA HÁMUITOS ANOS.

EU TAMBÉM.ADORO FICAR PENSANDO

E QUESTIONANDO ASCOISAS QUE VEJO.

APESAR DE JÁESTUDÁ-LA HÁ ALGUM

TEMPO, EU AINDA TENHOMUITAS DÚVIDAS...

MINHA MÃEME PERGUNTOU

O QUE EU APRENDONAS AULAS DE

FILOSOFIA.COSTUMO

RESPONDER QUEAPRENDO

A PENSAR.

É VERDADE.NÓS REALMENTE APRENDEMOS

A PENSAR E, ASSIM, FORMULAMOSQUESTÕES PARA PODERMOSPROCURAR AS RESPOSTAS.

AFINAL,QUEM NÃO TEMDÚVIDAS NESSA

VIDA?

ENTÃO,É HORA DE COMEÇARMOS

A QUESTIONAR MAIS UM POUCOPARA TIRARMOS ALGUMASDÚVIDAS QUE JÁ ESTÃO

EM NOSSASCABEÇAS.

É ISSO QUE EUACHO LEGAL NA FILOSOFIA.

É COMO SE NÓS NOSTORNÁSSEMOS DETETIVES,SAINDO POR AÍ, TENTANDO

DESCOBRIR OSMISTÉRIOS.

COMIGOACONTECE O MESMO.AÍ EU RESPONDO QUE

PENSEI SOBRE ISSO OUAQUILO NAS AULAS

DE FILOSOFIA.

ÀS VEZES, EU FAÇOUMAS PERGUNTAS PARA OS

MEUS PAIS, E ELES ME OLHAMESPANTADOS. PERGUNTAMDE ONDE EU TIREI ESSAS

IDEIAS!

Acervo CNEC.

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A mitologia e a verdade

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“Não somos, porém, somente seres pensantes. Somos também seres que agem no mundo, que se relacionam com os outros seres humanos, com os animais, as plantas, as coisas, os fatos e acontecimentos, e exprimimos essas relações tanto por meio da linguagem e dos gestos como por meio de ações, comportamentos e condutas. A re� exão � losó� ca também se volta para compreender o que passa em nós nessas relações que mantemos com a realidade circundante, para o que dizemos e para as ações que realizamos”.

CHAUI, Marilena. Convite à Filosofi a. São Paulo: Ática, 2003. p. 20.

Para iniciarmos as nossas investigações � losó� cas, precisamos conhecer alguns conceitos importantes. O que é um mito? Segundo Marilena Chaui (2003,p.34), “Um mito é uma narrativa sobre a origem de alguma coisa (origem dos astros, da Terra, dos homens, das plantas, dos animais, do fogo, da água, dos ventos, do bem e do mal, da saúde e da doença, da morte, dos instrumentos de trabalho, das raças [etnias], das guerras, do poder, etc.) É isso mesmo! Perdemos o fôlego só de pensar o quanto o ser humano, de repente, passou a pesquisar para aprender a conhecer... A grande pergunta é: Podemos conhecer tudo? A resposta é simples: no mundo de hoje, com a quantidade de informações que é produzida a todo instante, não. Mas, na Antiguidade, havia uma preocupação em desvendar os mistérios que estavam diretamente relacionados com o dia a dia das pessoas. No caso dos fenômenos da natureza, por exemplo, a resposta é sim. Nós podemos conhecer a verdade sobre como esses fenômenos surgem e se manifestam. Já que o mito é uma narrativa, então existe alguém que narra, que conta a história sobre algo. Normalmente, nessas narrativas, busca-se identi� car a origem das coisas e dos seres (como o pai e a mãe, por exemplo), o que, comumente, na mitologia, envolve forças divinas, como os deuses, os heróis, além dos humanos (mortais), etc. Outro elemento dessa linguagem mitológica é o fato de sempre existir uma rivalidade, ou uma aliança, entre os deuses, o que faz surgir mais alguma coisa no mundo. Por � m, todo mito apresenta um � nal... normalmente, nesse momento, é narrado o desenrolar dos fatos, apresentando, como consequência, o recebimento de recompensas ou de castigos. Isso irá depender de que lado se está: do lado do bem ou do lado do mal. Vamos, então, conhecer uma dessas narrativas?

Romano Giulio – Sala dei Giganti. Disponível em: <http://www.strabrecht.nl>. Acesso em: 05 set. 2012.

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A mitologia e a verdade

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COMO SURGIU O MUNDO?

Conta-se que, no início, existia apenas um grande vazio chamado o Caos e a Noite. Da união entre o Caos e a Noite, nasceu o Destino. Para acabar com o silêncio e o vazio existentes, nasceu Eros (Amor), que começou a produzir um princípio de ordem no Universo. A Terra, conhecida como mãe universal, surgiu da união entre o Caos e o Tempo (Cronos). Ela nasceu dançando e girando sobre si mesma, como uma roda em movimento (rotação). No interior da Terra, foram sendo moldadas as montanhas, os vales, os morros e as planícies, de acordo com os seus próprios contornos. Do interior dela nasceram fl uxos de chuva que passaram a banhar e a alimentar a sua superfície com lagos, lagoas, rios e oceanos. Com isso, ela deu vida a alguns de seus fi lhotes verdes e de todas as cores: os animais.

Como mãe universal, a Terra viu seus fi lhos crescerem e se multiplicarem. Também fez surgir, de seu útero, os mortais, homens e mulheres, e, em seguida, criou um oráculo para orientá-los, que fi cou conhecido como oráculo Delfos. Os mortais viajavam grandes distâncias para consultá-lo e ouvir as suas previsões, as quais eram transmitidas pela sacerdotisa capaz de interpretar as mensagens que surgiam. O Destino seguia seu caminho. Com o tempo, foi gerado o

Céu (Urano), e ele próprio uniu-se à Terra para formar o primeiro casal divino. Dessa união, surgiram os famosos 12 Titãs, os Ciclopes e os Hecatônquiros (gigantes de cinquenta cabeças e cem braços). Os Titãs transformaram as montanhas gregas em seus tronos e, como eram grandes, necessitavam de grandes montes para se sentarem. Surgiu, então, o Monte Olimpo, em Atenas, conhecido como a morada dos deuses gregos. Urano não era um bom pai, pois temia ser destronado por algum de seus fi lhos. Para evitar isso, ele bania seus fi lhos para o Tártaro (buracos negros). A mãe Terra, inconformada com essa situação, incitou o seu fi lho mais poderoso, Cronos, a enfrentar o pai e a destruí-lo. Assim, os Titãs, liderados por Cronos, venceram Urano e o destronaram. Cronos (deus Tempo) casou-se com Reia e teve vários fi lhos. Mas ele também temia ser destronado por seus fi lhos, como fi zera com seu pai (Urano). Cronos, então, devorava seus fi lhos, com medo de que algum deles fosse mais poderoso e o enfrentasse. Reia, muito triste com essa situação, buscou a ajuda da mãe Terra e, juntas conseguiram esconder um de seus fi lhos para que este não fosse engolido por Cronos: esse fi lho era Zeus.

Disponível em: <http://wfi les.brothersoft.com>. Acesso em: 22 jul. 2012.

Disponível em: <http://www.peroladanet.com>.Acesso em: 22 jul. 2012.

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Após analisar como a mitologia explicava o surgimento do mundo, � ca fácil perceber como surgiu a Filoso� a. Ela surgiu quando muitos

gregos começaram a questionar mais a realidade. Ao buscarem explicações para os fatos e os fenômenos, perceberam que as narrativas mitológicas já não respondiam a tudo o que precisavam saber. Além disso, descobriram que não era por intermédio dos deuses que chegaríamos à verdade, mas sim por meio da razão

humana, que seria capaz, inclusive, de levar o homem a conhecer--se a si mesmo. De origem grega, a palavra � loso� a signi� ca amigo da sabedoria ou do conhecimento (philo deriva-se de philia que signi� ca amizade, amor fraterno, respeito, e sophia quer dizer sabedoria e dela vem

a palavra sophos, sábio). Filoso� a signi� ca, então, o amor pela sabedoria ou amor ao conhecimento. Na prática, isso signi� ca procurar o saber, adquirir cada vez mais conhecimento.

Quem são, então, os � lósofos? São aquelas pessoas que estão constantemente se movimentando

em busca da verdade e manifestam o seu amor pelo saber. Costumam ser pessoas questionadoras em relação

a tudo, pois estão em busca da verdade e, portanto, não se satisfazem com qualquer resposta. O que nós estamos fazendo aqui, na aula de Filoso� a? Buscando compreender como os fatos acontecem, os motivos que levam as pessoas a deixarem de lado os valores humanos e a promoverem con� itos e guerras. Por que será que existem pessoas que não querem aprender coisas novas, que possam fazer melhorar a própria vida e a vida em sociedade? Foi possível perceber o surgimento da Filoso� a na Grécia Antiga, pelos gregos, devido a algumas manifestações em busca do conhecimento verdadeiro, como, por exemplo:• foram os primeiros a afi rmar que o ser humano é diferente de outros animais porque sabe raciocinar;• passaram a não aceitar mais as narrativas mitológicas como resposta às perguntas dos homens;• passaram a buscar o debate de ideias para se chegar a alguma conclusão;• passaram a mostrar que uma explicação pode ser válida para coisas diferentes, pois, além dos sentidos, existe o pensamento racional que pode descobrir semelhanças e identidades;• passaram a demonstrar a capacidade de diferenciar as coisas. D

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Zeus enfrentou Cronos, seu pai, e o obrigou a vomitar todos os seus irmãos, trazendo-os de volta. Ele destronou Cronos e transformou-se no deus dos deuses, sendo, então, o todo poderoso deus do Monte Olimpo, organizando os Olímpicos (um grupo de doze deuses principais que habitavam o Monte Olimpo), sucessores dos Titãs, que formavam uma sociedade organizada pelo poder.

Equipe de Produção de Texto do SEC.

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Você já percebeu que sempre há con� itos quando o assunto é a verdade? Há fatos que são considerados verdadeiros, mas só na aparência. Esses dependem de muitas interpretações de diferentes pessoas, as quais nem sempre condizem com a realidade. A todo momento, o ser humano está se comunicando e, muitas vezes, transmite mensagens sem ter plena convicção de que elas sejam verdadeiras. Fala-se pelo simples “hábito” de falar. Quando se trata de algum fato que não é verdadeiro, podem acontecer consequências desastrosas culminando em muitos con� itos que se re� etem nas relações pessoais. Nós sabemos muito bem o que acontece quando, em uma situação, há falta de verdade... Isso acaba se tornando uma fofoca, e isso faz mal para todo mundo. Por isso, é importante buscarmos sempre a verdade. Essa verdade está ligada a muitos conceitos, como justiça, paciência, honestidade, integridade, bondade, respeito e muitos outros. Todos esses conceitos são virtudes pertinentes à natureza humana e não à natureza dos deuses do Olimpo. Elas não estão aí para serem apreciadas nas outras pessoas, mas para serem cultivadas dentro de cada um de nós. A visão que temos do mundo apoia-se nos valores e princípios que carregamos dentro de nós. A direção que se vai adotar na vida é, também, resultado dos valores que se escolhe para si mesmo. A cada situação, o ser humano está fazendo julgamento de valor de acordo com os seus próprios interesses, e isso pode ser um problema, ou não, dependendo sempre das virtudes que cada um de nós carregamos em nosso coração e em nossos pensamentos.

Você é o autorVocê é o autor

Agora é a sua vez de fi losofar...

1 Após ler os textos anteriores e discutir a respeito deles, você vai, agora, adotar uma atitude fi losófi ca: fazer perguntas. No espaço a seguir (se precisar de mais espaço use o seu caderno de Filosofi a), escreva todas as perguntas que você quer fazer ao seu professor.

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2 Explique o que você entendeu sobre a linguagem mitológica. __________________________________________________________________________________

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Disponível em: <http://www.jobsite.co.uk>.Acesso em: 14 set. 2012.

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3 Agora, explique o que é linguagem fi losófi ca. ___________________________________________________________________________________

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Exercícios de salaExercícios de sala

4 O que você entendeu sobre a importância do surgimento da fi losofi a em um mundo em que só havia a mitologia? ___________________________________________________________________________________

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5 O que é a mitologia? ___________________________________________________________________________________

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6 O que é a fi losofi a? ___________________________________________________________________________________

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7 Cite duas importantes manifestações gregas que deram início à Filosofi a. ___________________________________________________________________________________

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8 O que você achou da explicação mitológica para o surgimento do mundo? ___________________________________________________________________________________

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9 Faça uma representação através de um lindo desenho de como você compreendeu a diferença entre a linguagem mitológica e a linguagem fi losófi ca.

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A mitologia e a verdade

Filosofia 13

1.1 A Filosofia e o espírito de pesquisa

Acer

vo C

NEC

.

JÁ QUEAGORA ESTAMOS NOS

SENTINDO COMO VERDADEIROSFILÓSOFOS, É HORA DE

DEMONSTRARMOSISSO.

E COMONÓS PODEMOS

DEMONSTRAR QUESOMOS VERDADEIROS

FILÓSOFOS?

ACHO QUE SEI.O FILÓSOFO NÃO ÉAQUELE QUE BUSCA

A VERDADE?

É ISSOMESMO!

ENTÃO, PARAENCONTARMOS A

VERDADE, PRECISAMOSPESQUISAR, PROCURARONDE POSSAM ESTARAS RESPOSTAS PARA O

QUE QUEREMOSSABER.

JUSTAMENTE.NÓS PRECISAMOS

MESMO É DESENVOLVERO NOSSO ESPÍRITO

DE PESQUISA.

E PARA TERMOSESPÍRITO DE PESQUISA, BASTA

NOS LEMBRARMOS DO SIGNIFICADODA PALAVRA FILOSOFIA. VOCÊ

ESTÁ LEMBRADO, NÃOÉ, AMIGO?

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A mitologia e a verdade

Filosofia14

‘A primeira característica da atitude fi losófi ca é negativa, isto é, um dizer não aos ‘pré-conceitos’, aos ‘pré--juízos’, aos fatos e às ideias da experiência cotidiana, que ‘todo mundo diz e pensa’, ao estabelecido. Numa palavra, é colocar entre parênteses nossas crenças para poder interrogar quais são suas causas e qual é seu sentido. A segunda característica da atitude fi losófi ca é positiva, isto é, uma interrogação sobre o que são as coisas, as ideias, os fatos, as situações, os comportamentos, os valores, nós mesmos. É também uma interrogação sobre o porquê e o como disso tudo e de nós próprios: ‘O que é?’, ‘Por que é?’, ‘Como é?’. Essas são as indagações fundamentais da atitude fi losófi ca.

CHAUÍ, Marilena. Convite à fi losofi a. São Paulo: Ática, 2003, p.18.

Pesquisa, investigação, busca, aventura pelo conhecimento, raciocínio, razão, curiosidade, prazer, tudo isso é importante, mas o ser humano acaba sendo vítima do meio em que vive, preferindo receber tudo pronto. Se, por exemplo, a televisão noticiou, se os jornais escreveram, então deve ser verdade, e muitos � cam satisfeitos com isso. Mas será que é mesmo verdade? De fato, o ser humano deve deixar o comodismo de lado e ser um investigador audaz e inteligente na busca da verdade. Deve ir atrás de indicadores que o ajudem a se livrar do manto da ilusão e o torne consciente da sua própria verdade. As pesquisas externa e interna possibilitam ao ser humano investigar as causas de fenômenos que, porventura, possam estar lhe causando algum sofrimento. Muitas vezes, o homem sofre apenas pelo fato de desconhecer a verdade, e o espírito de pesquisa possibilita meios para preencher a lacuna entre a ignorância e o conhecimento. É necessário ter certeza absoluta do que se passa dentro de cada um. Isso não é fácil, é um exercício diário. Por exemplo, ao se realizar uma pesquisa para um trabalho escolar, deve-se ter empenho e curiosidade para desvendar os problemas, bem como exercitar as nossas reações humanas. É a partir da curiosidade que as crianças começam a desenvolver seus “grandes feitos”. Ela funciona como uma mola, pois impulsiona as pessoas a descobrirem cada vez mais. É muito importante cultivar o espírito de pesquisa, para, através da investigação, podermos alcançar a verdade. Como seres racionais que somos, não devemos nos satisfazer com qualquer informação e muito menos com meias verdades. Para compreendermos melhor o que tudo isso signi� ca, vamos ler com atenção o texto a seguir.

AS TRÊS PENEIRAS DE SÓCRATES

Augustus procurou Sócrates e disse-lhe: — Sócrates, preciso contar-lhe algo sobre alguém! Você não imagina o que me contaram a respeito e... Nem chegou a terminar a frase, quando Sócrates ergueu os olhos do livro que lia e perguntou: — Espere um pouco, Augustus. O que vai me contar já passou pelo crivo das três peneiras? — Peneiras? Que peneiras? — Sim. A primeira, Augustus, é a da verdade. Você tem certeza de que o que vai me contar é absolutamente verdadeiro? — Não. Como posso saber? O que sei foi o que me contaram! — Então, suas palavras já vazaram a primeira peneira. Vamos, então, para a segunda peneira: a da bondade. O que vai me contar, gostaria que outros também dissessem a seu respeito? — Não, Sócrates! Absolutamente, não! — Então, suas palavras já vazaram, também, a segunda peneira. Vamos agora para a terceira peneira: a da necessidade. Você acha mesmo necessário contar-me esse fato, ou mesmo passá-lo adiante? Resolve alguma coisa? Ajuda alguém? Melhora alguma coisa? — Não, Sócrates... Passando pelo crivo das três peneiras, compreendi que nada me resta do que iria contar.

Acervo CNEC.

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Filosofia 15

E Sócrates, sorrindo, concluiu: — Se passar pelas três peneiras, conte! Tanto eu, quanto você e os outros iremos nos bene� ciar. Caso contrário, esqueça e enterre tudo. Será uma fofoca a menos para envenenar o ambiente e fomentar a discórdia entre irmãos. Devemos ser sempre a estação terminal de qualquer comentário infeliz! Da próxima vez que ouvir algo, antes de ceder ao impulso de passá-lo adiante e ainda alterando os fatos à sua maneira, submeta-o ao crivo das três peneiras, porque:• Pessoas sábias falam sobre ideias.• Pessoas comuns falam sobre coisas.• Pessoas medíocres falam sobre pessoas.

GOMES, J. Você é importante: Degaspari, 2001.

PráxisPráxis

10 Vamos colocar em prática um pouco do que vimos nesta unidade que fala da importância do espírito de pesquisa? Para isso, vamos nos reunir em grupos de quatro pessoas para debatermos sobre o que nós estudamos.

Exercícios de salaExercícios de sala

11 Por que é importante, assim como os fi lósofos, desenvolvermos o espírito de pesquisa?

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12 Explique a primeira característica da atitude fi losófi ca e diga para que ela nos serve.

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13 Agora explique a segunda característica da atitude fi losófi ca dizendo, também, para que ela nos serve.

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14 Qual a importância dos ensinamentos contidos no texto As três peneiras de Sócrates?

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