64
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS 1) FAMÍLIA E ESCOLA RELAÇÃO ENTRE FAMÍLIA E ESCOLA A família, durante muito tempo, nem foi objeto de estudos, no entanto é na instituição familiar que vivenciamos a primeira forma de amor com que se tem contato na vida. É nela que nos humanizamos. Se valorizarmos esse relacionamento e esse sentimento, vamos transmiti-los aos nossos filhos. No entanto, a instituição família tem recebido pouco investimento das pessoas, até pela falta de sentido que a reveste nos dias de hoje, em que o consumismo reina soberano e até as leis ajudam na sua fragmentação. A instituição social mais tem colaborado na extinção do que na promoção da família. Até os anos 1960, casar, criar filhos era um projeto de vida; agora, tal projeto ficou relegado a um plano secundário e, praticamente, perdeu o sentido, como perderam o sentido os valores a longo prazo. A humanidade como um todo está perdendo o sentido propriamente humano da afetividade e compromisso com o conjunto para a individualidade, o consumismo, a solidão. Numa breve retrospectiva histórica, vemos que, nos anos 1960, a política autoritária, não apenas do Brasil, mas de muitas partes do mundo, fez com que os jovens se revoltassem contra todo poder instituído, inclusive o patriarcal. Queriam quebrar barreiras e a família foi a primeira delas, a mais acessível naquele momento de amor livre, de “revolução branca” contra as amarras institucionais. A família patriarcal, com o pai dando todas as ordens, já não é preponderante, inclusive porque nas favelas, principalmente, há falta de homens de 14 a 25 anos, que são mortos de maneira violenta (conforme pesquisas amplamente divulgadas), fazendo com que a mulher assuma as duas funções: paterna e materna. Nesse sentido, tratar as famílias de hoje da mesma forma que as de outrora, exigindo delas as mesmas responsabilidades e atribuições de então seria agir diacronicamente, sem sintonia com a realidade atual. “A ausência da figura paterna é muito frequente e está associada à falta de limites e ao desenvolvimento de padrões alterados de conduta. A função paterna será associada, muitas vezes, à figura de um delinquente `poderoso´”(Outeiral, 2005, p.29) Acrescenta-se a tal situação que, com a tecnologia altamente desenvolvida a que temos acesso nos dias de hoje, tudo fica bonito e veloz, mas, dentro de casa, onde estão os sentimentos? Onde está o espaço do diálogo entre os familiares? A grande chave do relacionamento familiar é poder amar de verdade e converter isso em ação. Para tanto há que se reservar um tempo específico. E, na atualidade, tudo indica que tal ação não esteja ocorrendo a contento. Nossa sociedade de tantas contradições está promovendo muito mais a aproximação e intercâmbio entre projetos e culturas diferentes do que entre os membros de uma mesma família e, também, do que entre as famílias e as equipes das escolas que seus filhos frequentam. É certo que os papéis da família e da escola, antes prioritariamente repressores, modificaram-se ao longo das últimas décadas. Uma das principais diferenças refere-se à transmissão do conhecimento, pois antigamente, essa transmissão dava-se apenas na escola, a agência por excelência destinada à transmissão dos conhecimentos acumulados pela sociedade. Os

1 ESPECIFICOS ATEND CRECHE.doc

Embed Size (px)

Citation preview

CONHECIMENTOS ESPECFICOS

1) FAMLIA E ESCOLA

RELAO ENTRE FAMLIA E ESCOLA

A famlia, durante muito tempo, nem foi objeto de estudos, no entanto na instituio familiar que vivenciamos a primeira forma de amor com que se tem contato na vida. nela que nos humanizamos. Se valorizarmos esse relacionamento e esse sentimento, vamos transmiti-los aos nossos filhos.

No entanto, a instituio famlia tem recebido pouco investimento das pessoas, at pela falta de sentido que a reveste nos dias de hoje, em que o consumismo reina soberano e at as leis ajudam na sua fragmentao. A instituio social mais tem colaborado na extino do que na promoo da famlia.

At os anos 1960, casar, criar filhos era um projeto de vida; agora, tal projeto ficou relegado a um plano secundrio e, praticamente, perdeu o sentido, como perderam o sentido os valores a longo prazo. A humanidade como um todo est perdendo o sentido propriamente humano da afetividade e compromisso com o conjunto para a individualidade, o consumismo, a solido.

Numa breve retrospectiva histrica, vemos que, nos anos 1960, a poltica autoritria, no apenas do Brasil, mas de muitas partes do mundo, fez com que os jovens se revoltassem contra todo poder institudo, inclusive o patriarcal. Queriam quebrar barreiras e a famlia foi a primeira delas, a mais acessvel naquele momento de amor livre, de revoluo branca contra as amarras institucionais.

A famlia patriarcal, com o pai dando todas as ordens, j no preponderante, inclusive porque nas favelas, principalmente, h falta de homens de 14 a 25 anos, que so mortos de maneira violenta (conforme pesquisas amplamente divulgadas), fazendo com que a mulher assuma as duas funes: paterna e materna. Nesse sentido, tratar as famlias de hoje da mesma forma que as de outrora, exigindo delas as mesmas responsabilidades e atribuies de ento seria agir diacronicamente, sem sintonia com a realidade atual. A ausncia da figura paterna muito frequente e est associada falta de limites e ao desenvolvimento de padres alterados de conduta. A funo paterna ser associada, muitas vezes, figura de um delinquente `poderoso(Outeiral, 2005, p.29)

Acrescenta-se a tal situao que, com a tecnologia altamente desenvolvida a que temos acesso nos dias de hoje, tudo fica bonito e veloz, mas, dentro de casa, onde esto os sentimentos? Onde est o espao do dilogo entre os familiares? A grande chave do relacionamento familiar poder amar de verdade e converter isso em ao. Para tanto h que se reservar um tempo especfico. E, na atualidade, tudo indica que tal ao no esteja ocorrendo a contento. Nossa sociedade de tantas contradies est promovendo muito mais a aproximao e intercmbio entre projetos e culturas diferentes do que entre os membros de uma mesma famlia e, tambm, do que entre as famlias e as equipes das escolas que seus filhos frequentam.

certo que os papis da famlia e da escola, antes prioritariamente repressores, modificaram-se ao longo das ltimas dcadas. Uma das principais diferenas refere-se transmisso do conhecimento, pois antigamente, essa transmisso dava-se apenas na escola, a agncia por excelncia destinada transmisso dos conhecimentos acumulados pela sociedade. Os valores e padres de comportamento eram ensinados e cultivados em casa.

Atualmente, a famlia tem passado para a escola a responsabilidade de instruir e educar seus filhos e espera que os professores transmitam valores morais, princpios ticos e padres de comportamento, desde boas maneiras at hbitos de higiene pessoal. Justificam alegando que trabalham cada vez mais, no dispondo de tempo para cuidar dos filhos. Alm disso, acreditam que educar em sentido amplo funo da escola. E, contraditoriamente, as famlias, sobretudo as desprivilegiadas, no valorizam a escola e o estudo, que antigamente era visto como um meio de ascenso social.

A escola, por sua vez, afirma que o xito do processo educacional depende, e muito, da atuao e participao da famlia, que deve estar atenta a todos os aspectos do desenvolvimento do educando. Reclama bastante da responsabilidade pela formao ampla dos alunos que os pais transferiram para ela, e alega que isto a desviou da funo precpua de transmitir os contedos curriculares, sobretudo de natureza cognitiva. Com isso, ao invs de ter as famlias como aliadas, acaba afastando-as ainda mais do ambiente escolar. E todos perdem!

H que se considerar, ainda, os casos de separao do casal, em que as crianas so colocadas diretamente no embate e sofrem muito mais que os pais, que deixam de ser marido e mulher, mas continuam pai e me das crianas. Quando j estava presente um relacionamento de confiana famlia-escola, e esta acolhe o aluno de maneira satisfatria, os sentimentos de abandono e medo do futuro diminuem. Em geral, tais pessoas conseguem comunicar-se melhor com as prprias oportunidades que o mundo oferece e geralmente tiveram o privilgio do estmulo familiar, impulsionando e apontando o compromisso com a dignidade, a possibilidade de conquistar os prprios sonhos, alicerando condies para que as pessoas acreditem em si mesmas e ajam com vistas ao sucesso.

J no caso das famlias que tm se envolvido com a educao dos filhos enquanto cobrana, principalmente da promoo de uma srie para outra, e tambm de comportamento e interao, colocando em plano secundrio a motivao, o prazer de frequentar a escola e de aprender, os problemas se agravam. Como esperar alunos estimulados e envolvidos com o processo de ensino-aprendizagem se a cobrana de resultados excessiva e o medo de no corresponder s expectativas imobiliza?

Como as demais instituies sociais, a famlia e a escola, passam por mudanas que redefinem sua estrutura, seu significado e o seu papel na sociedade. o que tem acontecido nos dias de hoje, em funo de diversos fatores, sobretudo, a emancipao feminina. Com isso, os papis da escola foram ampliados para dar conta das novas demandas da famlia e da sociedade. Esse um fato que deve, necessariamente, ser levado em considerao quando se trabalha com a escola. Neg-lo agir fora da realidade e no obter resultados satisfatrios.

certo que cada segmento apresenta reclamaes e expectativas em relao ao outro; os professores acham que os pais devem estabelecer limites e ensinar a seus filhos os princpios bsicos de respeito aos semelhantes, boas maneiras, hbitos de alimentao e higiene pessoal, etc. Por sua vez, os pais se recusam a comparecer escola para ouvir sermes e serem instados a criar situaes que possibilitem a aprendizagem de seus filhos, alegando que a funo de ensinar contedos, criar situaes de aprendizagem da escola, dos professores.

Se num primeiro momento os professores reclamaram e rejeitaram a funo mais ampla de transmitir valores morais, princpios ticos e padres de comportamento, desde boas maneiras at hbitos de higiene pessoal e alimentao, como falamos anteriormente, hoje j no esto to arredios em participar de tais atividades e, tambm, atender a esses pais, ouvindo-os, dialogando com eles e, dessa forma, colaborando para a sua formao e de seus filhos.

As escolas, por sua vez, esto abrindo espaos para a participao das famlias, a ponto de, hoje, famlia e escola serem coautoras das decises administrativas e pedaggicas, o que acaba favorecendo e facilitando a educao dos estudantes. As faculdades de Pedagogia e os cursos de licenciatura vm debatendo a necessidade de ambas caminharem juntas, se responsabilizando mutuamente pela formao dos alunos. Esto discutindo entre seus pares que, para haver parceria e composio de tarefas, preciso ter clareza do que cabe a cada uma das instituies. A escola deve compreender que a famlia mudou e com essa famlia que deve trabalhar. A escola precisa ser o espao de formao/preparao das novas geraes. Os professores precisam aproximar-se de seus alunos tendo o apoio constante da famlia.

Valorizar a heterogeneidade em lugar da ambicionada homogeneidade perseguida pela escola tradicional, a universalizao do ensino, evitando a discriminao e o abandono, o processo e no apenas o produto do conhecimento, o respeito diferena, investindo na educao inclusiva, o papel do professor como mediador do processo, bem como a necessidade de constituir junto aos estudantes valores e conceitos para a vida harmoniosa e plena em cidadania, so tarefas relativamente recentes e bastante complexas a serem assumidas por todos os envolvidos no trabalho escolar.

Finalmente, na relao famlia/educadores, um sujeito sempre espera algo do outro. E para que isto de fato ocorra preciso que sejamos capazes de construir de modo coletivo uma relao de dilogo mtuo, onde cada parte envolvida tenha o seu momento de fala, onde exista uma efetiva troca de saberes. A construo dessa relao implica em uma capacidade de comunicao que exige a compreenso da mensagem que o outro quer transmitir, e para tanto, se faz necessrio, a competncia e o desejo de escutar o que est sendo expresso, bem como a flexibilidade para apreender ideias e valores que podem ser diferentes dos nossos.

Por parte da escola: respeito pelos conhecimentos e valores que as famlias possuem, evitando qualquer tipo de preconceito e favorecendo a participao dos componentes da instituio familiar em diferentes oportunidades, estimulando o dilogo com os pais e possibilitando-lhes, tambm, obter um ganho enquanto sujeitos interessados em evoluir e se aperfeioar e como seres humanos e cidados compromissados com a transformao da realidade.

Refletindo sobre a relao famlia-escola

Percebemos atualmente que a escola no pode viver sem a famlia e a famlia no pode viver sem a escola, pois uma depende da outra para alcanar seu maior objetivo. Objetivo este que fazer com que o educando / filho aprenda para ter um futuro melhor e assim construir uma sociedade mais justa e digna para se viver. Conforme o Art.53 do Estatuto da Criana e do Adolescente (1990), A criana e o adolescente tm direito educao, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa (...).

A escola necessita saber de que uma instituio que complementa a famlia, e que ambos precisam ser um lugar agradvel e afetivo para os alunos/filhos. Os pais e a escola devem ter princpios muito prximos para o benefcio do filho/aluno (TIBA, 1996, p.140). Tal parceria implica em colocar-se no lugar do outro, e no apenas enquanto troca de favores, mas cooperando: supor afetos, permitir escolhas e desejos, para que a criana desenvolva-se integralmente. Se o educando/filho no cumpre as regras da escola porque os pais o acobertam e discordam da escola, a criana aproveita destas divergncias conquistando o que desejava. Pensar na parceria famlia/escola requer ento aos professores inicialmente, uma tomada de conscincia de que, as reunies baseadas em temas tericos e abstratos, reunies para chamar a ateno dos pais sobre a lista de problemas dos filhos, sobre suas pssimas notas, reunies muito extensas, sem planejamento adequado, onde s o professor pode falar, no tm proporcionado sequer a abertura para o iniciar de uma proposta de parceria, pois os pais faltam s reunies, conversam paralelamente, parecem de fato no se interessar pela vida escolar das crianas. Portanto a construo dessa parceria funo inicial dos professores, pois transferir essa funo famlia somente refora sentimentos de ansiedade, vergonha e incapacidade aos pais, uma vez que no so eles os especialistas em educao, no entendem de psicologia, desconhecem a didtica, a sociologia, enfim, os resultados desta postura j se conhece muito bem: o afastamento da famlia.

As famlias no se encontram preparadas sequer para enfrentar, quanto mais para solucionar os problemas que os educadores de seus filhos lhes entregam e ou transferem nas reunies de pais.

Como Tiba (2002, p. 67), Faz parte do instinto de perpetuao os pais cuidarem dos filhos, mas a educao que os qualifica como seres civilizados. Atualmente nas escolas e em casa, os pais/educadores no sabem mais como fazer para que as crianas sejam disciplinadas.

Encontramos a resposta desta dificuldade nas prprias geraes, esta gerao viveu a questo da disciplina de um modo peculiar e muito sofrido. A gerao dos avs educou seus filhos de maneira patriarcal, com autoridade vertical. Devido a isso os pais viveram massacrados pelo autoritarismo. Com a inteno de no repetir o mesmo, estes criaram seus filhos de forma extremamente permissiva, aderindo a horizontalidade. Esta gerao o reflexo disso tudo, inclusive erro do instinto materno de se sentir culpada por ficar fora de casa o dia todo, pois trabalha fora. Se o filho tem problemas de disciplina na escola, a me pensa: onde foi que eu errei. A me continua transferindo para si toda a responsabilidade de educar seus filhos, e o pai no se sente cobrado da mesma maneira. Desde os primrdios o homem trazia o alimento para sua famlia e descansava enquanto a mulher preparava a refeio. Hoje ainda percebemos muito disso, por mais que tenhamos evoludo o que ficou registrado no ser humano dificilmente se altera. necessria uma conscientizao muito grande para que todos se sintam envolvidos neste processo de constantemente educar os filhos/educandos. a sociedade inteira a responsvel pela educao destas crianas, desta nova gerao. Percebemos o quanto mdia tambm influencia, e pouco lutamos para que isso no acontea. Apenas temos conscincia e nada fazemos. As novelas, propagandas e programas alteram tudo o que colocado pelos pais. O que mais vemos so cenas de sexo/sexualidade, mentiras, corrupo e, como nada acontece com estas pessoas, tudo se torna muito natural para todos. Parece que a sociedade est viciada em ver assaltos, roubos, homicdios, atropelamentos por imprudncia, e tantos outros que no vale aqui ressaltar. Mas, obrigatoriamente, precisamos fazer alguma coisa para mudar isso tudo.

Segundo Tiba (2002, p.74), As crianas precisam sentir que pertencem a uma famlia. Sabemos que a famlia a base para qualquer ser, no referimos aqui somente famlia de sangue, mas tambm famlias construdas atravs de laos de afeto. Famlia, no sentido mais amplo, um conjunto de pessoas que se unem pelo desejo de estarem juntas, de construrem algo e de se complementarem. atravs dessas relaes que as pessoas podem se tornar mais humanas, aprendendo a viver o jogo da afetividade de maneira adequada.

Conforme o que Tiba (1996, p. 13) nos diz, Recuperar a autoridade fisiolgica no significa ser autoritrio, cheio de desmandos, injustias e inadequaes. O que verificamos atualmente que um grande nmero de pais acredita no falso mito da liberdade total. Libertam os filhos antes mesmo de eles terem criado asas para voos mais altos, e o resultado disso um comportamento desastroso na maioria das vezes. O adolescente que se deixa levar pelo impulso em direo ao prazer imediato (natural do ser imaturo) vai dirigir seu voo para alturas inadequadas ao tamanho de suas asas, e, com certeza, se desorganizar e se ferir. E a permissividade dos pais ser sentida como desinteresse, abandono, desamor, negligncia. A famlia tem a funo de sociabilizar e estruturar os filhos como seres humanos. A violncia na infncia e na adolescncia, por exemplo, existe tanto nas camadas menos favorecidas como nas classes mdia e alta. O que faz a diferena a capacidade da famlia estabelecer vnculos afetivos, unindo-se no amor e nas frustraes.

A famlia o mbito em que a criana vive suas maiores sensaes de alegria, felicidade, prazer e amor, o campo de ao no qual experimenta tristezas, desencontros, brigas, cimes, medos e dios. Uma famlia sadia sempre tem momentos de grata e prazerosa emoo alternados com momentos de tristeza, discusses e desentendimentos, que sero reparados atravs do entendimento, do perdo, to necessrio, e da aprendizagem de como devemos nos preparar adequadamente para sermos cidados sociveis. Conforme o Art. 19 do Estatuto da Criana e do Adolescente (1990):

Toda criana ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua famlia e, excepcionalmente, em famlia substituta, assegurada a convivncia familiar e comunitria, em ambiente livre da presena de pessoas dependentes de substncias entorpecentes.

Sabemos que muito tem sido transferido da famlia para a escola, funes que eram das famlias: educao sexual, definio poltica, formao religiosa, carat, dana, entre outros. Com isso a escola vai abandonando seu foco, e a famlia perde a funo. Alm disso, a escola no deve ser s um lugar de aprendizagem, mas tambm um campo de ao no qual haver continuidade da vida afetiva. A escola que funciona como quintal da casa poder desempenhar o papel de parceira na formao de um indivduo inteiro e sadio. na escola que deve se conscientizar a respeito dos problemas do planeta: destruio do meio ambiente, desvalorizao de grupos menos favorecidos economicamente, etc. Deve-se falar sobre amizade, sobre a importncia do grupo social, sobre questes afetivas.

No possvel respeito aos educandos, sua dignidade, a seu ser formando-se, sua identidade fazendo-se, se no se levam em considerao s condies em que eles vm existindo (...), (FREIRE, 1997, p. 71).

Acima de tudo, devemos respeitar o que a criana vivenciou, partindo desse pressuposto podemos v-la de uma forma ou de outra, tanto no mbito familiar quanto no escolar.

Est surgindo uma nova viso de escola, muito diferente do que tnhamos como entendimento durante anos, que fazer escola disciplinar, ensinar a obedecer sem saber exatamente o porqu e engavetar os sonhos e os projetos de crianas e adolescentes cheios de alegria e capazes de produzir conhecimento. Atualmente, as escolas esto buscando desenvolver uma prtica de qualidade, mais atentas formao global e holstica, que proporciona s crianas a vivncia da criatividade, da ludicidade, da relao escola famlia, da cooperao, da participao e do exerccio da cidadania. A famlia inserindo-se na escola, indo mais alm atravs de contatos informais, as conversas breves, onde cada escola e cada educador desenham em conjunto com a famlia, caminhos e alternativas de partilhamento. O propsito que essa parceria se construa atravs de uma interveno planejada e consciente, para que a escola possa criar espaos de reflexo e experincias de vida numa comunidade educativa, estabelecendo acima de tudo a aproximao entre as duas instituies (famlia-escola).

A necessidade de se estudar a relao famlia e escola se sustenta e reafirmada quando o educador se esmera por considerar o educando, sem perder de vista a globalidade da pessoa, ou seja, compreendendo que quando se ingressa no sistema escolar, no se deixa de ser filho, irmo, amigo etc. Os pais precisam ter conscincia de que servem como exemplo para seus filhos, portanto sua responsabilidade redobrada. Segundo Tiba (1996), Os filhos usam tudo aquilo que aprendem a seu favor. Se o filho percebe o quanto seus pais discordam e criticam a escola de seu filho, este far o mesmo e desrespeitar os professores. Isso, por sua vez, ir distanciar ainda mais a famlia da escola. Os pais devem tentar entender o motivo da escola fazer de determinada maneira, atravs de dilogos sempre que for necessrio. Ainda no inventaram melhor forma de trocar ideias do que o prprio dilogo, pois o olho-no-olho aproxima as pessoas e mais provvel que se chegue num denominador comum.

uma relao permeada pelos mais diversos fatores: o sofrimento dos pais por afastarem seus filhos de si mesmos; os desejos de que a escola lhes oferea o melhor, em todos os aspectos; a necessidade da garantia dos melhores cuidados para com as crianas; os cimes que sentem os pais ao dividirem os filhos com os professores; o medo do fracasso escolar; as projees dos prprios fracassos compensados atravs dos filhos; o pouco interesse pela vida escolar dos filhos; as superexigncias dos pais; as atitudes de aceitao ou no dos filhos; as questes de rejeio ou negligncia; as dificuldades pessoais dos pais; o contexto scio-econmico-histrico em que se fundamenta a famlia; a permissividade ou o autoritarismo; as relaes de amor e hostilidade; a violncia contra os filhos, ou entre familiares; as atitudes, padres e valores morais da famlia; o relacionamento entre casal e filhos; doenas, separao, desemprego; os diferentes modelos de organizao familiar, ou seja, est implcito tudo o que determinada famlia tem em seu histrico. uma relao que deve ter acima de tudo vnculo, pois atravs do vnculo famlia-escola. A escola, portanto tambm necessita dessa relao de cooperao com a famlia, pois os professores precisam conhecer as dinmicas internas e o universo sociocultural vivenciados pelos seus alunos, para que possam respeit-los, compreend-los e tenham condies de intervirem no providenciar de um desenvolvimento nas expresses de sucesso e no de fracasso diagnosticado. Precisam ainda, dessa relao de parceria, para poderem tambm compartilhar com a famlia os aspectos de conduta do filho: aproveitamento escolar, qualidade na realizao das tarefas, relacionamento com professores e colegas, atitudes, valores, respeito s regras. Segundo Grossi (2000, p. 205), O conhecimento s conhecimento porque socializvel..., ou seja, s podemos partir de um ponto se o conhecemos. Tanto a famlia quanto a escola s pode ter um objetivo em comum com determinismo e persistncia se souber como o educando / filho est no outro ambiente (familiar/escolar). Caso contrrio ambos caminham de forma transversal ou cada um para um lado; paralelo, mas na contramo.

Como temos no Pargrafo nico do Captulo IV do Estatuto da Criana e do Adolescente (1990), direito dos pais ou responsveis ter cincia do processo pedaggico, bem como participar da definio das propostas educacionais, ou seja, trazer estas famlias no convvio escolar j est prescrito no Estatuto da Criana e do Adolescente e o que falta concretiz-lo. Devemos pensar no que se espera fazer, pois Pensar ponderar o que se quer e o que vivel, avaliar o que se deseja e o realizvel, conforme diz Ramos (2001, p.217).

A necessidade de se construir uma relao entre escola e famlia, deve ser para planejar, estabelecer compromissos e acordos mnimos para que o educando/filho tenha uma educao com qualidade tanto em casa quanto na escola. Construindo uma parceria dando sustentao no papel da famlia no desempenho escolar dos filhos e o papel da escola na construo de personalidades autnoma.

A relao escola-famlia se resume no respeito mtuo, o que significa tornar paralelos os papis de pais e professores, para que os pais garantam as possibilidades de exporem suas opinies, ouvirem os professores sem receio de serem avaliados, criticados, trocarem pontos de vista. O objetivo conscientizar a escola do papel que possui na construo dessa parceria: a interveno pedaggica a estas questes, deve ser no sentido de considerar a necessidade da famlia vivenciar reflexes que lhes possibilitem a reconstruo da autoestima, afim de que se sintam primeiramente compreendidos e no acusados, recepcionados e no rejeitados, pela instituio escola, alm de que esta ltima possa faz-los sentir-se reconhecidos e fortalecidos enquanto parceiros nesta relao. Segundo Tiba (2002, p. 123), Felicidade no fazer tudo o que se tem vontade, mas ficar feliz com o que se est fazendo.

A importncia da parceria famlia e escolaA famlia e a escola formam uma equipe. fundamental que ambas sigam os mesmos princpios e critrios, bem como a mesma direo em relao aos objetivos que desejam atingir.

Ressalta-se que mesmo tendo objetivos em comum, cada uma deve fazer sua parte para que atinja o caminho do sucesso, que visa conduzir crianas e jovens a um futuro melhor. O ideal que famlia e escola tracem as mesmas metas de forma simultnea, propiciando ao aluno uma segurana na aprendizagem de forma que venha criar cidados crticos capazes de enfrentar a complexidade de situaes que surgem na sociedade.

Existem diversas contribuies que tanto a famlia quanto a escola podem oferecer, propiciando o desenvolvimento pleno respectivamente dos seus filhos e dos seus alunos. Alguns critrios devem ser considerados como prioridade para ambas as partes. Como sugestes seguem abaixo alguns deles:

Famlia

Selecionar a escola baseado em critrios que lhe garanta a confiana da forma como a escola procede diante de situaes importantes;

Dialogar com o filho o contedo que est vivenciando na escola;

Cumprir as regras estabelecidas pela escola de forma consciente e espontnea;

Deixar o filho a resolver por si s determinados problemas que venham a surgir no ambiente escolar, em especial na questo de socializao;

Valorizar o contato com a escola, principalmente nas reunies e entrega de resultados, podendo se informar das dificuldades apresentadas pelo seu filho, bem como seu desempenho.

Escola

Cumprir a proposta pedaggica apresentada para os pais, sendo coerente nos procedimentos e atitudes do dia-a-dia;

Propiciar ao aluno liberdade para manifestar-se na comunidade escolar, de forma que seja considerado como elemento principal do processo educativo;

Receber os pais com prazer, marcando reunies peridicas, esclarecendo o desempenho do aluno e principalmente exercendo o papel de orientadora mediante as possveis situaes que possam vir a necessitar de ajuda;

Abrir as portas da escola para os pais, fazendo com que eles se sintam vontade para participar de atividades culturais, esportivas, entre outras que a escola oferecer, aproximando o contato entre famlia-escola;

de extrema importncia que a escola mantenha professores e recursos atualizados, propiciando uma boa administrao de forma que oferea um ensino de qualidade para seus alunos.

A parceria da famlia com a escola sempre ser fundamental para o sucesso da educao de todo indivduo. Portanto, pais e educadores necessitam ser grandes e fiis companheiros nessa nobre caminhada da formao educacional do ser humano. 2) DESENVOLVIMENTO INFANTIL

O pensamento infantil sobre os fenmenos naturais

Entenda de que forma os pequenos criam teorias e explicam os fenmenos naturais at se aproximarem dos conhecimentos cientficos

"Este o planeta e as estrelas. E estas so estrelas tambm. E o astronauta." Yolanda

"Tem uma Lua ajuntada (cheia) que parece uma bola e tem uma outra que sem ajuntada." Yolanda

"Sem ajuntada quando ela t sumindo. Quando ela t ajuntada quando meia-noite." Julia

"A, no . Quando t meia-noite, a gente t dormindo. Ento a Lua no t ajuntada." Yolanda

Revirando a memria, todos ns recordamos de ambientes, passagens e sensaes da infncia. Mas voc saberia dizer como costumava explicar a alternncia entre o Sol e a Lua no cu? A criana tem uma maneira muito peculiar de entender o mundo e, medida que cresce, se desenvolve, tem acesso a novas informaes e experincias e esquece seu antigo modo de pensar.

O professor de Educao Infantil, como muitos outros adultos, presencia e vive essa evoluo. Conhecer a maneira como os pequenos formulam as primeiras explicaes para a dinmica dos astros (veja o desenho ao lado) no apenas reviver o frescor da viso sem as amarras dos primeiros anos de vida. Um educador que considera os processos por que passa a criana qualifica suas intervenes no contato dirio com ela. Afinal, o que se quer tornar cada vez mais sofisticada, coerente e ativa a forma de ela apreender a realidade.

Em rodas de conversa, comum ouvir explicaes curiosas sobre os fenmenos naturais, tais como: "O vento sopra o Sol para que ele no caia na Terra" e "A Lua segue o carro da gente pela estrada". Presente no cotidiano, a natureza est entre os primeiros aspectos sobre os quais os pequenos formulam teorias.

Um ponto importante para comear nessa aprendizagem garantido j no primeiro ano de vida. O beb adquire uma noo de abstrao. Ele percebe que os elementos ao seu redor existem independentemente de os estar vendo - o conceito de permanncia dos objetos.

Assim, ele passa a criar imagens mentais sobre as coisas - ele sabe que a mamadeira existe, por isso pode evoc-la mesmo quando no est em seu campo de viso. Com a aquisio da linguagem, a criana entra no territrio do simblico: uma palavra, uma expresso corporal ou um desenho representam um objeto ou conceito e, com base na associao de alguns deles, cria-se uma ideia.

Com esses recursos, ela pensa sobre tudo o que v, ouve e sente. Nesse contexto, entram em cena os famosos "por qus?". O fato, porm, que os pequenos se pem muito mais questes do que expressam e as resolvem formulando teorias. Para isso, lanam mo de um repertrio de informaes e da observao dos fenmenos, relacionando-os de maneira muito particular. Uma caracterstica desse processo a de se colocarem como a figura central nas explicaes - se eles esto dormindo e no podem ver o cu, a Lua no pode estar cheia (leia o dilogo acima). Esse princpio se liga afetividade, que, segundo o francs Henri Wallon (1872-1962), o que mais influencia a criana nas relaes que estabelece entre as informaes assimiladas. " por isso que, quando ela pergunta 'por que fica de noite?', o adulto pode entender que ela est perguntando 'porque fica noite para mim?'", explica Heloysa Dantas, educadora estudiosa do pensamento de Wallon. "O adulto pode dar a explicao que achar conveniente, mas a que contentaria mais a criana em suas inquietaes pessoais seria 'fica de noite para voc poder dormir'."

Outras lgicas frequentes nas explicaes infantis so o animismo e o artificialismo. Pela primeira, atribuem-se caractersticas e aes humanas aos mais diversos elementos da realidade ("O Sol vai dormir. Por isso, fica noite!"). De acordo com o segundo, entende-se que todos os fenmenos podem ser explicados por um processo de fabricao artesanal ("As montanhas se formam porque os homens colocam terra em cima"). Wallon define o pensamento infantil como sincrtico, uma espcie de nuvem de elementos que vo se combinando para criar sentidos (veja o desenho abaixo e leia o dilogo acima).

Este o cu de noite. Aqui, a borboleta est dormindo, pintada de preto, porque t escuro. Este o cu de dia, com a borboleta vermelha porque t claro. Giovanna

"Por que a fivelinha no sai voando?" Monique

"Ela no tem asa para voar." Joo

"Tudo o que a gente jogar vai cair no cho?" Monique

"Vai! S passarinho que no." Giovanna

"E o que puxa as coisas para o cho?" Monique

"m!" Giovanna

"Nesta parte da Terra est de noite porque os raios do Sol no to batendo aqui. Eles to batendo do outro lado do planeta, que vai girando ao redor do Sol. Quando anoitece, o Sol que est escondido atrs das nuvens." Anita

Como se v, a lgica cientfica no o principal parmetro da criana para esclarecer o funcionamento das coisas. "Ela relaciona o que lhe parece adequado, sem necessitar submeter a ideia a convenes preestabelecidas", afirma Heloysa. Sem se dar conta, os pequenos criam metforas para explicar a realidade. "Da a riqueza potica de sua forma de pensar. Entender o Sol e a Lua como namorados brigados que nunca ficam juntos segue o mesmo padro de raciocnio apresentado por Cames, em Os Lusadas, ao tratar uma pedra grande por Gigante Adamastor. algo da natureza do pensamento infantil que apenas os artistas no abandonam em prol da lgica prtica."

preciso ainda levar em conta que a criana constri formulaes de acordo com suas possibilidades cognitivas. Os conhecimentos cientficos - complexos e abstratos que requerem um raciocnio hipottico-dedutivo - ainda so inacessveis aos pequenos. Mas na Educao Infantil que eles comeam um percurso de aprendizagem e desenvolvimento que os tornar capazes de oper-los melhor.

O bielo-russo Lev Vygotsky (1896-1934) diferenciou os dois tipos de conceito que convivem na compreenso da criana pequena sobre o mundo que a cerca: os cientficos (assimilados na instruo formal) e os cotidianos (obtidos no convvio prtico).

O pensador desenvolve sua teoria com base na ideia de que os primeiros saberes da criana sobre o mundo vo se sofisticando ou perdendo espao para outros, mais prximos dos conhecimentos cientficos. "Primeiro, ela conhece o cachorro da casa dela. Em seguida, vai entendendo que aquele cachorro um ser vivo, para depois assimilar que pertence espcie dos candeos e tambm um mamfero", explica Teresa Cristina Rego, professora da Faculdade de Educao da Universidade de So Paulo (USP) e especialista nas obras de Vygotsky.

As formulaes criadas pelos pequenos nos primeiros anos de vida tambm esto ligadas a situaes e elementos proporcionados pelo meio em que vivem. Ao ver uma foto de uma nebulosa (corpo celeste gasoso e nevoento), uma menina de 4 anos define: " uma nave aliengena" - algo que dificilmente seria dito por uma criana de uma comunidade indgena isolada. A linguagem, portanto, apenas uma das condies para o pensamento abstrato, que ajudaria a moldar esse olhar da criana e a sua forma de construir formulaes.

Se a cultura influencia a observao e a explicao de fenmenos, tambm no se pode retirar da criana o papel principal do desenvolvimento de seu prprio pensamento. "Ela no se contenta em repetir o que dado culturalmente. ativa e produz em cima disso", argumenta Monique Deheinzelin, assessora da Escola Comunitria de Campinas, a 100 quilmetros de So Paulo.

Nessa construo, no entanto, alguns cuidados precisam ser tomados. Embora a explicao pessoal para os fenmenos naturais tenha grande importncia no desenvolvimento infantil, cabe escola aproximar os pequenos dos conhecimentos cientficos. E isso vai se dando aos poucos. A criana pode at saber que est de noite porque os raios do Sol no batem aqui, em uma explicao que faria acelerar o corao de qualquer docente da pr-escola.

Na mesma conversa, no entanto, ela pode dizer que anoitece quando o Sol est escondido atrs das nuvens (leia a frase acima). Como analisa Zilma de Moraes Oliveira, professora aposentada da Faculdade de Filosofia, Cincias Sociais e Letras da USP, em Ribeiro Preto, a 315 quilmetros de So Paulo, o docente no deve nem ignorar o raciocnio infantil nem impor a teoria adulta. "O educador deve criar um ambiente de escuta. uma atitude de incluso da criana em um ambiente de reflexo", diz. "Compreendendo a linha de pensamento dos pequenos, o docente localiza pontos para intervir", afirma.

As histrias, sob a tica das crianas

Os casos e as fabulaes, em que relatos ganham elementos de fico, so uma marca das narrativas infantis e fazem parte da evoluo cognitiva

" o King Kong, um homem que virou monstro. Numa parte, o King Kong achava que era comida e ps na boca, mas era batom. Ele falou: 'Isso tem gosto de maracuj!' Na testa, parecia que ele era faixa laranja, tipo lutador de jud." Diogo, 5 anos. Reproduo/Agradecimento Escola Viva

Viagens supersnicas a planetas distantes. Lutas com gorilas. Bebs que sobem sozinhos no lustre. Cenas como essas s acontecem em filmes, livros e desenhos animados - ou na fala de uma criana pequena que conta sobre sua vida. Fico e relato de experincias vividas so gneros diferentes, mas, nos primeiros anos de vida, comum que se combinem nas narrativas infantis, como apontou a linguista Maria Ceclia Perroni no livro Desenvolvimento do Discurso Narrativo. Segundo ela, no entanto, esse recurso no deve ser entendido como um problema de falta de clareza entre o real e o imaginado. Ao contrrio: preciso encar-lo como um dos elementos mais importantes para o desenvolvimento cognitivo e afetivo dos pequenos. O que se testemunha nesse tipo de construo justamente o nascimento do discurso narrativo - uma das principais estruturas de expresso de qualquer pessoa e uma essencial troca comunicativa.

Esse processo - que se estende at a idade adulta - comea antes mesmo de a criana conseguir falar. Nesse perodo, ela j capaz de entender as histrias contadas pelos adultos e o contato com relatos cotidianos ou contos de fadas, por exemplo, faz com que, aos poucos, adquira um repertrio de imagens, nomes e roteiros de aes que utilizar mais tarde. Tambm a compreenso dos usos e do funcionamento da linguagem tem incio nessa fase, com o adulto como modelo da forma de se comunicar e como voz da cultura em que est inserida. Assim, quando conquista condies fisiolgicas de falar e passa a descrever com palavras um encadeamento de aes que se desenrolam no tempo - uma possvel definio de narrativa -, ela acessa todos esses diferentes repertrios acumulados desde os primeiros meses de vida.

Adquirir a fala, por sua vez, um passo transformador em termos cognitivos, uma vez que a linguagem que organiza o pensamento. "O pensar no se estrutura internamente, mas no momento da fala", explica Maria Virgnia Gastaldi, formadora de professores do Instituto Avisa L, de So Paulo. "A narrativa (primeira estrutura da oralidade com que a criana tem contato em seu cotidiano) , portanto, o que modela e estimula a atividade mental." A oralidade , dessa forma, um dos principais motores do desenvolvimento na primeira infncia e aspecto-chave da creche e da pr-escola Ao construir narrativas, a criana brinca com a realidade e encontra um jeito prprio de lidar com ela.A postura do professor ou da famlia na interlocuo com os pequenos, por sua vez, faz toda a diferena. "O ideal que ele seja um verdadeiro co-construtor das narrativas, incentivando a criana a avanar nos recursos que utiliza em suas construes", diz Maria Virgnia. "As limitaes lingusticas nessa fase so importantes e o adulto deve no s escutar o que ela diz mas tambm reconhecer sua inteno comunicativa e ajud-la a expressar-se melhor." Assim, se na hora de recontar a histria de um livro conhecido - sobre um personagem que tem medo de ir ao dentista, por exemplo -, a criana diz "o dentista lavou meu dente" (remetendo-se a uma experincia dela mesma, real ou imaginada), o professor pode perguntar se aquilo aconteceu com o personagem do livro tambm, como o nome dele, o que ele sentiu quando estava no dentista, o que aconteceu depois etc. Essa co-construo o chamado "jogo de contar" - situao bsica de aprendizagem quando o assunto oralidade e que envolve uma relao de cumplicidade entre a criana e seu interlocutor.

Em rodas de conversa, muito comum que os pequenos comecem contando sobre o passeio que fizeram ao zoolgico com a famlia e terminem narrando como quase caram na jaula do leo ou como o irmo se perdeu e no foi mais encontrado. Esses "causos" tm ligao com a presena do faz de conta no pensamento infantil e a maneira de apreender o mundo e elaborar os sentimentos, que uma caracterstica marcante nessa faixa etria. "A criana brinca com sua realidade, extravasando-a para experimentar outros papis e situaes", diz Gilka Girardello, professora do Centro de Educao da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Segundo ela, ao fazer isso, os pequenos articulam imagens do repertrio que conquistaram ao longo de sua vida para explorar futuros potenciais. A criao de papis e situaes de faz de conta nas brincadeiras ("Eu era heri, voc, o monstro" e "Eu era a me, voc, a filhinha") assume a forma de simbolizao nas narrativas infantis ("Meu irmo mais velho comeou a se afogar e meu pai pediu que eu o salvasse", dito por uma criana de 3 anos, por exemplo).

"Sabe, um dia o Al se afogou e da o meu pai ficou l. Eu disse: "Pai, deixa que eu pulo na piscina. Eu quase que ca... A eu pulei l e salvei o Al. O Al ainda era pequeno." Gabriel, 3 anos

"Quando eu fui l na pedra, eu tava subindo. Eu tava sozinha e eu vi o peixe voando. Isso foi l na praia. Da caiu neve. Mas a gente ps casaco e a ficou quentinho. Apareceu uma cachorra que chama Pipoca, que mora em casa. Ela tava andando na areia. Eu pus uma roupinha nela porque ela tava com frio. Eu tava nadando sozinha. E eu fui l no fundo sozinha. Eu tava com uma fita na cabea, mas eu tava sem boia." Lvia, 4 anos

Para o psicanalista e pesquisador da infncia Donald Winnicott (1896-1971), as simbolizaes se enquadram no que ele chamou de espao potencial. "Trata-se de uma rea de experincia em que os pequenos podem brincar com a realidade, em que do um sentido pessoal aos elementos do ambiente e os elaboram sua maneira para com eles poder lidar", explica Ana Paula Stahlschmidt, doutora em Educao e estudiosa da obra do pesquisador. Esse espao potencial, segundo Winnicott, deve ser garantido pelo adulto para que o pequeno d liberdade sua criao - no apenas artstica, mas como uma forma autntica de encarar a vida.

Se, por um lado, fica claro que a criana precisa brincar com os elementos de seu repertrio - sem ser reprimida por no estar contando "a verdade" sobre o passeio ao zoolgico -, por outro preciso cuidar para que ela tenha matria-prima para faz-lo: um repertrio de histrias diversificado. O contato com relatos de experincias nos grupos em que circula (na fala de adultos e tambm de outras crianas) e com textos literrios (lidos e contados) fundamental para ela se familiarizar com os aspectos estruturais da narrativa, como marcadores de tempo e espao e a contextualizao de situaes.

Situaes vividas, imaginadas ou presentes em histrias ouvidas se misturam nas narrativas infantis

"Tambm o elemento da dramatizao incorporado pelos pequenos no contato com narrativas", diz Llia Erbolato Melo, linguista da Universidade de So Paulo (USP). "Eles vo percebendo e incorporando os ingredientes que tornam as histrias interessantes, como a ao, os conflitos e o inesperado, e trazem isso para aquelas que contam." Alm disso, o acesso a textos tem um papel importante no amadurecimento afetivo dos pequenos, garantindo que ampliem seu universo de experincias para alm do que podem observar no seu cotidiano. "Ao ouvir histrias, a criana cria hipteses sobre como se sentiria se estivesse frente aos mesmos dilemas e situaes do personagem", diz Gilka. "Para os menores, natural que essa vivncia, to forte, seja incorporada s narrativas que constroem na forma de casos."

Os fatos e a fico so separados por uma fronteira flexvel

"Aqui a praia da minha av e eu com uma prancha, quando vem a onda. Minha av vai ter dois netos: meu irmo e meu primo. Ela tambm tinha um cachorro e um gatinho. Uma vez eu vi minha av costurar uma roupa. Meu pai nunca foi na casa da minha av." Eric, 4 anos. Reproduo/Agradecimento Escola Viva

A distino entre fico e realidade ainda est em desenvolvimento nos anos da Educao Infantil - um aspecto que sempre deve ser considerado nas conversas com os pequenos. Isso se relaciona com uma das caractersticas mais vivas do pensamento da criana: o sincretismo, ou seja, a liberdade de associar elementos da realidade segundo critrios pessoais, pautados principalmente por afetividade, observao e imaginao.

comum, quando se l uma histria como Chapeuzinho Vermelho, que uma criana interrompa para dizer que "a av tambm mora perto de uma floresta" ou que ela "viu um cachorro na casa do vizinho" (no momento em que o lobo surge no texto, por exemplo). Quando assume o papel de narrador, essa flexibilidade de fronteiras entre experincia pessoal e situao imaginada se mostra tanto nos relatos reais como nas histrias ficcionais. "O mais comum e saudvel que a criana misture realidade e fico para mais tarde separ-las", diz Maria Virgnia. Segundo a especialista, o adulto no deve questionar se o que ela conta verdade ou inveno, mas embarcar na aventura e pedir mais detalhes. "Em muitos casos, ela vai rir ou dizer que o adulto j sabe que aquilo no verdade." Em geral, a inquietao do professor vem do medo que isso se fixe como um padro de comportamento - em outras palavras, que a mentira se torne uma constante na vida futura. "Os jogos de contar e a experincia com os usos sociais de comunicao so suficientes para a criana se ater cada vez mais aos fatos 'vividos' em seus relatos", afirma Maria Virgnia.

O nico cuidado essencial ao professor no tirar concluses precipitadas sobre as narrativas. O aluno falar de uma briga violenta, por exemplo, no quer dizer que isso acontea na casa dele. "No possvel saber a quem as crianas se remetem com seus personagens", diz Ana Paula.

Quando o aluno ajusta os ponteiros e descobre o tempo

Para dominar a noo de tempo, a criana pequena precisa desenvolver a percepo sobre a sequncia dos eventos e sua durao.

"Esse roxo sou eu depois. Tem minha perna grande, meu cabelo. Esse preto eu quando eu for pequena." Gabriela*. Reproduo/Agradecimento Escola Viva

"Por que eu sempre fico para o fim das coisas?!" Foi com essa mistura de protesto e autocomiserao que Ian, 4 anos, reagiu ao ter uma triste notcia: ele s faria aniversrio no fim do ano. Para a criana pequena, lidar com a espera, por mais simples que parea a um adulto, um fator de grande inquietao. Isso porque a noo de tempo - um dos principais organizadores da vida em sociedade e da representao das experincias humanas - ainda est em construo nos primeiros anos de vida.

Assim, dizer a Ian que ele deve aguardar trs meses at o seu aniversrio o mesmo que dizer que no h previso para esse dia chegar. O relacionamento de maneira plena com o tempo e as implicaes que a ele dizem respeito - as ideias de durao e de sequncia de eventos - s alcanado ao fim de um processo relativamente longo.

"O tempo objetivo, que medimos com o relgio e o calendrio, uma construo humana e no uma natureza pronta e observvel", diz Valria Milena Rhrich Ferreira, professora da Universidade Federal do Paran (UFPR). "Operar com esse conceito, to abstrato, uma aprendizagem complexa e vai alm de compreender seu sistema de quantificao."

Um sinal de que os pequenos ainda experimentam nesse campo a confuso no uso de marcadores temporais, to frequentes em sua fala. A descrio de Gabriela, 4 anos, sobre seu desenho um exemplo disso: "Aqui quando eu for pequena", diz ela, referindo-se sua aparncia atual.

A importncia da ideia de sequncia

Nos primeiros anos de vida, a criana muito focada no presente e nas aes que nele se do. Brincar, assistir a um desenho na TV, tomar banho: os pequenos no tm conscincia de que uma ao seguida por outra e que, em geral, elas se repetem em uma determinada ordem em seu dia a dia.

Conforme vai vivenciando esse mundo, ela comea a perceber a existncia de ciclos, sua primeira referncia de que o tempo passa. Nessa perspectiva, o trabalho sobre a rotina escolar - em que o professor antecipa as atividades do dia e a sua ordem - fundamental. Com ele, os pequenos observam a regularidade nessa sequncia de eventos, podem pouco a pouco antecip-la e, mais tarde, at relacion-la s horas do relgio, por exemplo, ainda que de forma rudimentar (sem compreender, de fato, o funcionamento desse sistema de medio).

Essa percepo da rotina o embrio de um aspecto importante na compreenso sobre o tempo: a noo de que as coisas acontecem em uma ordem, ou seja, de que o que se faz no momento antecedido e ser seguido por algo - a ideia de sequncia. "Organizar as aes no tempo d criana a possibilidade de constituir uma histria pessoal, de pensar em passado", afirma Lino de Macedo, docente do Instituto de Psicologia da Universidade de So Paulo (USP). "Com isso, ela pode reconhecer seu repertrio, sua trajetria como indivduo, e vai delineando sua identidade. Por mais que inicialmente isso tenha de ser feito com a ajuda de pais e professores."

Com essa percepo, a criana pode pensar em sua prpria histria e tambm estabelecer conexes dela com outras - a de colegas de classe, parentes e, aos poucos, de grupos mais distantes.

"Essa sou eu grande e eu pequena. E no meio a minha me. Eu tambm tenho uma irm, a Julinha." Beatriz."Quem mais velha, voc ou a Julinha?" Monique

"Sou eu, porque eu nasci primeiro." Beatriz

"Quanto tempo antes voc nasceu?" Monique

"No sei, eu no me lembro. Tenho 4 anos." Beatriz

Reproduo/Agradecimento Escola Viva

A noo de durao ajuda a criar a capacidade de medir

O tempo um fluxo - todo possvel fim seguido de um comeo, numa sequncia sem nenhuma previso para acabar. O homem, porm, precisa pensar em prazos para poder planejar - uma necessidade que aparece bem cedo, como vemos no exemplo de Ian, no incio do texto. "Ao perceber a existncia de ciclos, quase uma consequncia que se conte a quantidade deles, juntando o tempo cclico com o linear", diz Lino de Macedo. "Os antigos quantificavam o tempo dessa mesma maneira. A mulher grvida, por exemplo, sabia de antemo que a cada nove luas cheias ela daria luz."

Quando chegam escola, os pequenos costumam se inquietar com a partida dos pais. Isso se d, em grande parte, porque eles ainda no so capazes de visualizar quando iro reencontrar a famlia - a durao dessa separao, justamente. Essa questo tambm trabalhada com a vivncia da rotina escolar, em que a sequncia de atividades permite antecipar o que faro antes de voltar para casa. Com isso, so capazes de mensurar o tempo, ainda que intuitivamente, e iniciam-se nos princpios de medio. Para Lino, um salto transformador se d com isso. "Se a ideia de sequncia permite criana se relacionar com o passado, a de durao possibilita lidar com o que ainda est por vir", argumenta ele.

"Quando os bebs nascem, eles so velhos. J esto todos enrugados." Caio.Embora os sistemas convencionais de medida sejam ainda muito complexos, importante que os pequenos tenham contato com eles. "Por volta dos 3 anos, as crianas j demonstram interesse e comeam a fazer perguntas relativas ao relgio, aos dias da semana, aos meses", explica Cllia Cortez, formadora do Instituto Avisa L, em So Paulo.

Segundo ela, o professor de Educao Infantil pode apresentar s turmas esses portadores, como o calendrio. "Uma forma de explor-lo no dia a dia escolar a consulta de quantos dias faltam at uma determinada data de interesse da turma, como uma festa e o aniversrio de alguma das crianas", sugere a formadora. O objetivo com essa proposta no que as crianas se pautem pelo tempo do relgio ou do calendrio - algo impraticvel nessa altura do desenvolvimento infantil, em que seu pensamento ainda no lgico-dedutivo -, mas que elas comecem a refletir sobre as prticas de sua cultura relacionadas forma de se organizar no tempo.

Enquanto ainda no domina os sistemas convencionais, a criana pequena cria alguns parmetros prprios para se relacionar com a passagem do tempo. Um interesse comum entre os pequenos, por exemplo, saber a ordem de nascimento de seu grupo de amigos ou primos. Como, no incio, ela ainda no domina o sistema numrico, a idade ainda no seu principal critrio de medio. o que constatamos na fala de Eric, 4 anos, ao responder se era mais velho do que um amigo: "Eu sou mais alto do que o Tato, ento, sou mais velho".

"Qual brinquedo voc mais gostava quando era criana?" lvaro

"Minha bicicleta vermelha." Pai."Vermelha? Mas na sua poca no era tudo preto e branco?" lvaro.A altura seria um indicador de algum ter mais anos de vida, j que a correspondncia entre idade e estatura costuma funcionar entre as crianas. "Todos captamos a ao do tempo pela transformao de algo que continua existindo", diz Maria Luiza Leo, psicopedagoga e diretora do Tekoa - Centro de Estudos da Aprendizagem, no Rio de Janeiro . "Crescer, ser alto, algo que demonstra uma transformao a partir do pequeno." Cabe ao adulto questionar esse parmetro constitudo pelas crianas, apontando casos em que ele no vlido - se a av da criana tem 1,50 metro, e seu primo adolescente, 1,80 metro, talvez seja melhor usar outra maneira para definir quem mais velho.

O uso dos parmetros pessoais, por outro lado, faz parte do desenvolvimento da criana e demonstra que ela percebe a importncia de se organizar com base em referncias temporais. O que de incio se pauta pelo princpio da comparao aos poucos caminha para a compreenso do funcionamento dos sistemas convencionais de medio. Uma criana pode pensar sobre os anos de seu av (60, por exemplo) contrapondo-os aos 6 anos que ela tem: com a referncia de sua prpria idade, consegue se relacionar com a de seu av. Mas como usar o mesmo parmetro para comparar cifras to distantes quanto o seu tempo de vida e a poca em que viveram os dinossauros? Conforme ela volta o interesse para o mundo, torna-se mais importante trazer para suas representaes referncias temporais para todas as situaes em que medidas de tempo sejam requisitadas, como as horas, os dias e os anos. " como se ela iniciasse uma jornada que a afastasse de sua experincia para ter um olhar mais amplo", diz Maria Luiza.

O desenho e o desenvolvimento das crianas

Os rabiscos ganham complexidade conforme os pequenos crescem e, ao mesmo tempo, impulsionam seu desenvolvimento cognitivo e expressivo.

"Sabia que eu sei desenhar um cavalo? Ele est fazendo coc."

"Vou desenhar aqui, que tem espao vazio."

"O cavalo ficou escondido debaixo disso tudo!" Joana, 3 anos

No incio, o que se v um emaranhado de linhas, traos leves, pontos e crculos, que, muitas vezes, se sobrepem em vrias demos. Poucos anos depois, j se verifica uma cena complexa, com edifcios e figuras humanas detalhados. O desenho acompanha o desenvolvimento dos pequenos como uma espcie de radiografia. Nele, v-se como se relacionam com a realidade e com os elementos de sua cultura e como traduzem essa percepo graficamente.

Toda criana desenha. Pode ser com lpis e papel ou com caco de tijolo na parede. Agir com um riscador sobre um suporte algo que ela aprende por imitao - ao ver os adultos escrevendo ou os irmos desenhando, por exemplo. "Com a explorao de movimentos em papis variados, ela adquire coordenao para desenhar", explica Mirian Celeste Martins, especialista no ensino de arte e professora da Universidade Presbiteriana Mackenzie. A primeira relao da meninada com o desenho se d, de fato, pelo movimento: o prazer de produzir um trao sobre o papel faz agir.

Os rabiscos realizados pelos menores, denominados garatujas, tiveram o sentido ampliado sob o olhar da pesquisadora norte-americana Rhoda Kellogg, que observou regularidades nessas produes abstratas (veja no topo da pgina o desenho de Joana, 3 anos, e sua explicao). Observando cerca de 300 mil produes, ela analisou principalmente a forma dos traados (rabiscos bsicos) e a maneira de ocupar o espao do papel (modelos de implantao) at a entrada da criana no desenho figurativo, o que ocorre por volta dos 4 anos.

No perodo de produo de garatujas, ocorre uma importante explorao de suportes e instrumentos. A criana experimenta, por exemplo, desenhar nas paredes ou no cho e se interessa pelo efeito de diferentes materiais e formas de manipul-los, como pressionar o marcador com fora e fazer pontinhos. Essa atitude de experimentao tem valor indiscutvel na opinio de Rhoda: "Para ela 'ver crer' e o desenho se desenvolve com base nas observaes que a criana realiza sobre sua prpria ao grfica", ressalta Rosa Iavelberg, especialista em desenho e docente da Faculdade de Educao da Universidade de So Paulo (USP), no livro O Desenho Cultivado da Criana: Prticas e Formao de Educadores. Esse aprendizado durante a ao frisado pela artista plstica e estudiosa Edith Derdyk: "O desenho se torna mais expressivo quando existe uma conjuno afinada entre mo, gesto e instrumento, de maneira que, ao desenhar, o pensamento se faz".

De incio, a criana desenha pelo prazer de riscar sobre o papel e pesquisa formas de ocupar a folha.

Com o tempo, a criana busca registrar as coisas do mundo

Uma das principais funes do desenho no desenvolvimento infantil a possibilidade que oferece de representao da realidade. Trazer os objetos vistos no mundo para o papel uma forma de lidar com os elementos do dia a dia. "Quando a criana veste uma roupa da me, admite-se que ela esteja procurando entender o papel da mulher", explica Maria Lcia Batezat, especialista em Artes Visuais da Universidade Estadual de Santa Catarina (Udesc). "No desenho, ocorre a mesma coisa. A diferena que ela no usa o corpo, mas a visualidade e a motricidade." Esse processo caracteriza o desenhar como um jogo simblico (veja abaixo o comentrio de Yolanda, 5 anos, sobre seu desenho).

"Esse aqui no um coelho. No me diga que um coelho porque um boi beb. Eu estou fazendo uma galinha que foi botar ovo no mato. Quer dizer, uma menina que foi pegar plantas no mato para dar ao marido." Yolanda, 5 anos

Muitos autores se debruaram sobre as produes grficas infantis, analisando e organizando-as em fases ou momentos conceituais. Embora trabalhem com concepes diferentes e tenham chegado a classificaes diversas, possvel estabelecer pontos em comum entre as evolutivas que estabelecem. Pesquisadores como Georges-Henri Luquet (1876-1965), Viktor Lowenfeld (1903-1960) e Florence de Mridieu oferecem elementos para a compreenso dos desenhos figurativos das crianas, destacando algumas regularidades nas representaes dos objetos.

Desenhar uma forma de a criana lidar com a realidade que a cerca, representando situaes que lhe interessam.

Mais cedo ou mais tarde, todos os pequenos se interessam em registrar no papel algo que seja reconhecido pelos outros. No comeo, comum observar o que se convencionou chamar de boneco girino, uma primeira figura humana constituda por um crculo de onde sai um trao representando o tronco, dois riscos para os braos e outros dois para as pernas. Depois, essa figura incorpora cada vez mais detalhes, conforme a criana refine seu esquema corporal e ganhe repertrio imagtico ao ver desenhos de sua cultura e dos prprios colegas.

Uma das primeiras pesquisas dos pequenos, assim que entram na figurao, a relao topolgica entre os objetos, como a proximidade e a distncia entre eles, a continuidade e a descontinuidade e assim por diante. Em seguida, eles se interessam em registrar tudo o que sabem sobre o modelo ao qual se referem no desenho, e possvel verificar o uso de recursos como a transparncia (o beb visvel dentro da barriga me, por exemplo) e o rebatimento (a figura vista, ao mesmo tempo, por mais de um ponto de vista). Assim, a criana se aproxima das noes iniciais de perspectiva e escala, estruturando o desenho em uma cena, sem misturar na mesma produo elementos de diferentes contextos (veja abaixo a produo de Anita, 5 anos, que detm essas caractersticas).

"Vou desenhar a minha casa. Aqui o porto e tem uma janela aqui." Anita, 5 anos

"D para ver a sua me dentro de casa?" Reprter

"No, porque a porta parece um espelho. S daria se a janela estivesse aberta." Anita

O desenho espontneo ou fruto da cultura?

Entre os principais estudiosos, h uma ciznia. H os que defendem que o desenho espontneo e o contato com a cultura visual empobrece as produes, at que a criana se convence de que no sabe desenhar e para de faz-lo. E h aqueles que depositam justamente no seu repertrio visual o desenvolvimento do desenho. Nas discusses atuais, domina a segunda posio. "A nica coisa que sabemos ser universal no desenho infantil a garatuja. Todo o resto depende do contexto cultural", diz Rosa Iavelberg.

Detalhes da figura humana, noes de perspectiva e realismo visual so elementos da evoluo do desenho.

Essa perspectiva no admite o empobrecimento do desenho infantil, mas entende que a criana reconhece a forma de representar graficamente sua cultura e deseja aprend-la. Assim, cai por terra o mito de que ela se afasta dessa prtica quando se alfabetiza. "O desenho uma forma de linguagem que tem seus prprios cdigos", diz Mirian Celeste Martins. "Para se aproximar do que ele expressa, preciso fazer uma escuta atenta enquanto ele produzido." Para Mirian, a relao entre a aquisio da escrita e a diminuio do desenho ocorre porque a escola d pouco espao a este quando a criana se alfabetiza - algo a ser repensado em defesa de nossos desenhistas.

3) REPOUSO E SONOImportncia do Sono

Especialistas sugerem que crianas devem dormir entre dez e doze horas por dia

Especialistas sugerem que crianas devem dormir entre dez e doze horas por dia

O sono compreende o perodo de repouso que temos, geralmente em intervalos dirios, com aproximadamente sete horas de durao. Quando o cansao mental muito, as concentraes de cortisona diminuem e as de melatonina aumentam, provocando a vontade de dormir. Nesse momento, o organismo comea a reorganizar seus sistemas para uma nova jornada de atividades. A imunidade reforada, clulas so renovadas, radicais livres so neutralizados, e a memria consolidada.

Logo quando dormimos, passamos por um processo de profundo relaxamento. A respirao fica mais profunda e nossos ritmos cardacos diminuem, juntamente com a temperatura. Aproximadamente meia hora aps seu incio, em uma fase denominada sono delta, o hormnio de crescimento ativado. Esse, cuja produo ocorre predominantemente durante o sono, alm de propiciar o crescimento, auxilia no vigor fsico e previne a osteoporose e a flacidez muscular.

Nesta fase h, tambm, a liberao de cortisol, permitindo que tenhamos um sono profundo: a fase REM, considerada a mais importante do nosso perodo de repouso, sendo responsvel por aproximadamente 20% das horas dormidas.

Na fase REM, nossos olhos se movimentam de forma rpida, o relaxamento muscular atinge pico mximo, a temperatura e as frequncias respiratrias e do corao aumentam novamente. Nosso cerebelo e regies frontais desempenham ativamente suas atividades, renovando nossa coordenao motora e capacidade de planejar e executar tarefas. durante esse momento que sonhamos, e o que aprendemos durante o dia processado e armazenado. Assim, nosso humor, criatividade, ateno, memria e equilbrio esto intimamente ligados a essa fase.

Assim, quando no dormimos, nossa memria fica falha, ficamos irritadios e sentimos cansao, dor de cabea e indisposio. A reduo das horas de sono tambm diminui a produo de insulina e aumenta a de cortisol. Considerando que esse responsvel pela elevao das taxas de glicose; e aquela, pela retirada deste acar no sangue, podemos pontuar que a reduo das horas de sono aumenta a probabilidade de o indivduo desenvolver diabetes.

Crianas De Creche E Pr-Escola Precisam De Um Local Tranquilo E Confortvel Para Dormir, Repor As Energias E Voltar A Brincar.O almoo da turminha de 3 anos no Centro de Educao Infantil Bryan Biguinati, em So Paulo, acontece diariamente s 11 horas. Logo em seguida, enquanto uma professora organiza a fila na porta do banheiro e pe pasta na escova de dentes dos pequenos, outra espalha os colches pelo cho da sala. O ambiente est quase pronto. Depois de fazer o xixi e a higiene bucal, cada um vai para a prpria caminha. A rotina muda com os de 4 e 5 anos. Como no querem perder um s minuto de brincadeira, eles resistem a esse hbito. Para que descansem assim mesmo, so convidados a fazer atividades mais tranqilas, como manusear livros e desenhar. Os que sentem vontade de tirar uma sonequinha encontram colches disponveis em um dos cantos.

A regra muda em cada escola de Educao Infantil. Em algumas, a hora de repousar vale para todos, sem exceo! Em outras, o que manda a necessidade de cada criana. Umas vo para os beros, outras para os colchonetes.

Nesse panorama to variado, o que se destaca de maneira comum, no entanto, a falta de formao e informao do professor, que, em grande parte das creches e pr-escolas, no conta nem mesmo com o tema dentro das diretrizes pedaggicas. " Isso deveria fazer parte das preocupaes de qualquer profissional encarregado de cuidar de uma criana e educ-la", diz Magda Rezende, coordenadora do grupo de pesquisas Cuidado Sade Infantil, da Escola de Enfermagem da Universidade de So Paulo.

O sono importante para a aprendizagem, para a regulao da emoo e para o crescimento, alm de ser uma necessidade fisiolgica. Quando uma criana adormece, porque est realmente precisando. O hormnio somatotrpico, tambm conhecido como hormnio do crescimento, liberado durante o dia todo, mais ou menos a cada duas horas. Porm, durante o sono mais profundo que ele liberado em uma quantidade to grande que estimula o desenvolvimento das clulas e a deposio de cartilagem nas regies de crescimento.

Pais viram alunos

GRANDES COMPANHEIROS Bichos de pelcia e outros brinquedos do segurana na hora do descanso

Alm de cuidar da soneca das crianas durante o perodo escolar, tambm funo da equipe compartilhar o que sabe com os pais e responsveis. "Logo no primeiro contato com a famlia, importante investigar como os filhos dormem", diz Katia Chedid, orientadora educacional do Colgio Dante Alighieri, em So Paulo. Alterao de humor, dificuldade de socializao e atraso na fala e no crescimento so sinais de alerta para aprofundar a investigao. Esses problemas podem estar relacionados a noites mal dormidas. Nesses casos, um neuropediatra deve ser consultado.

Outra informao que voc poder passar aos responsveis que o sono um mecanismo fisiolgico que pode ser ensinado. H crianas que no precisam de nenhum ritual para adormecer. Marcia Pradella, mdica responsvel pelo setor de pediatria do Instituto do Sono, em So Paulo, defende que os bebs a partir de 5 meses de vida tm capacidade de dormir sem a ajuda dos adultos. " melhor que se aprenda bem cedo para, na adolescncia ou na vida adulta, no necessitar de recursos como a TV ou mesmo medicamentos."

Organizao tudo

No h segredos para promover a hora do repouso. Em primeiro lugar, preciso organizar os horrios de trabalho dos funcionrios da escola de acordo com a rotina dos pequenos - e no o contrrio - para que eles no sejam acordados pelo entra-e-sai. Na Creche-Escola A Ciranda, em Viosa (MG), os turnos contemplam as necessidades da crianada. "Um pessoal comea s 7 horas e vai at as 11, enquanto outro vai das 11 s 17 horas", explica a diretora, Luciana Fiel. "Dessa maneira, evitamos tumultos no momento de descanso, aps a refeio."

No que se refere ao espao reservado para o repouso, Damaris Maranho, formadora do Instituto Avisa L, em So Paulo, recomenda que seja arejado, com luz indireta e isolado dos demais ambientes. "A rea pode ser separada da sala de atividades por um vidro para possibilitar a superviso constante." O local no precisa ser usado somente para esse fim, mas tem de estar sempre disponvel para os que quiserem descansar.

At os 8 ou 10 meses, os bebs ficam em beros, que devem estar distantes uns dos outros no mnimo 60 centmetros. Depois que comeam a descer deles por conta prpria, o melhor recorrer aos colchonetes colocados sobre o piso, como na Bryan Biguinati. "As crianas ficam seguras e livres para levantar quando quiserem", explica a diretora, Amlia Olave. O mais adequado que os colches sejam forrados com uma lona plastificada para facilitar a limpeza com gua e detergente neutro.Cada criana tem de ter seu lenol e sua fronha. Mesmo se no forem trazidos de casa, devem ser de uso individual durante a semana. Isso evita a transmisso de pediculose (piolho), escabiose (sarna) ou outras doenas de pele. Para promover a segurana fsica e afetiva, cada um pode trazer objetos queridos, como bichinhos de pelcia, chupetas e paninhos.

essencial ter um adulto sempre observando a turma. Uma criana pode acordar assustada ou indisposta e precisar de ajuda imediata. No raro tambm alguma delas querer brincar, morder o amigo que dorme ao lado ou mesmo tropear ao tentar se levantar. Tudo isso deve ser previsto. A bab eletrnica outro bom recurso. Ela permite ouvir os rudos que indicam algum desconforto, choro ou apenas que algum j despertou.

E se alguns querem ficar acordados? A situao comum e acontece por vrios motivos: mudana do horrio da famlia no dia anterior, incio de uma infeco, erupo de dentes ou simplesmente o temperamento. Para esses momentos, Luciana tem uma soluo. Montar na sala um canto com livros, brinquedos, papis, lpis de cor e outros materiais utilizados em atividades silenciosas para entret-los.

Tirar uma soneca na escola...

- Desenvolve a cognio e regula a emoo

- Estimula o crescimento

- Promove conforto e bem-estar

Tempo de sono por dia

- Recm-nascido: entre 16 e 17 horas

- De 1 ms a 6 meses: entre 14 e 15 horas

- De 7 meses a 1 ano: entre 13 e 14 horas

- De 2 a 5 anos: entre 11 e 13 horas

Os ritmos e a sadeCADA UM TEM UM RITMO Enquanto alguns dormem em colchonetes, outros brincam.O tempo de sono varia de acordo com a idade. Um beb recm-nascido dorme vrias vezes ao longo de um dia. Esse comportamento se mantm at o terceiro ms em cerca de 90% dos casos. Os 10% restantes adormecem somente durante a noite desde o nascimento. Nesse perodo, ainda no produzida a melatonina - hormnio que indica para o organismo que est na hora de repousar. Por isso, o nen dorme conforme sua necessidade durante as 24 horas do dia.

Entre o terceiro e o quinto ms, o sono passa a se concentrar noite. O beb amadurece e o mecanismo que regula essa atividade tambm. Com 1 ano, ele repousa noite e tira duas ou trs sonecas durante o dia. A durao delas tambm no rgida: para alguns, bastam 20 minutos, enquanto para outros so necessrias duas horas e meia. Depois dos 3 anos, a maioria das crianas deixa de repousar durante o dia. Para as que vm de regies onde at os adultos tiram a sesta, o hbito se prolonga. " preciso sempre dispor de colches para esses casos", diz Magda.

As necessidades e os ritmos tambm so diversos. O sono sofre influncia do clima e da vida social. Se os pais vo para a cama cedo, provavelmente o filho far o mesmo. O estado de sade tambm determinante e alguns transtornos podem se manifestar nessa fase. Eles so divididos em duas categorias: respiratrios (ronco e apnia) e no respiratrios (fragmentao do sono).

No primeiro caso, a criana tem parada respiratria enquanto est adormecida por causa de amgdalas ou adenide grandes e acorda antes de entrar no estgio profundo. Com isso, seu organismo no libera o hormnio do crescimento na quantidade ideal e o seu desenvolvimento fica comprometido.

J os no-respiratrios so chamados de benignos e esto ligados maturao do sistema nervoso. Seus sintomas so o gemido ou o choro durante a soneca. Eles diminuem com a maturidade at desaparecer. " importante que a escola conhea os hbitos e o estado de sade da criana para que possa dar a ela boas condies de sono e, assim, promover seu completo desenvolvimento",

4) RECREAO, ENTRETENIMENTO, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS.A Importncia da Recreao

Hoje a recreao tida para muitos, como uma atividade simplesmente com o objetivo de matar o tempo. Algo que proporcione alguns momentos alegrias. Qual seria a verdadeira finalidade que a recreao tem para crianas de 6 a 8 anos? Este artigo de reviso literria abordar a importncia dos jogos, brincadeiras e da recreao na formao do indivduo.

Introduo

O presente artigo veio ressaltar a importncia e o verdadeiro sentido da recreao. Mostrando os significado das palavras mais usados por crianas e tambm por adultos, como brincadeiras, jogos, diverso....Enfoca a importncia de se trabalhar de forma a dar significado e objetivos em tudo que for realizado, com crianas de 6 a 8 anos, na qual est iniciando seu repertrio motor mais apurado.

O que recreao?

A palavra recreao vem do latim recreare e significa "criar novamente" no sentido positivo, ascendente e dinmico (Ferreira 2003).

Silva 1959 informa que a definio de recreao pode ser achada no termo ingls "PLAY" significado que o homem encontra uma verdadeira satisfao e alegria no que esta fazendo. Representa uma atividade que livre e espontnea na qual o interesse se mantm por si s, sem nenhuma compulso interna ou externa de forma obrigatria ou opressora.

Para Mian 2003 recreao significa satisfao e alegria naquilo que faz. Retrata uma atividade que livre e espontnea e na qual o interesse se mantm por si s, sem nenhuma coao interna ou externa de forma obrigatria ou opressora, afora e prazer.

SCHMIT apud FRIETZEN define a recreao como sendo o relaxamento do organismo e da mente. diverso, renovao, recuperao. a atividade livremente escolhida exercida nas horas de lazer ativa ou passiva, individualmente ou em grupo, organizada ou espontnea.

A recreao tem o objetivo de criar condies timas para o desenvolvimento integral das pessoas, promovendo a sua participao individual e coletivas em aes que melhorem a qualidade de vida a preservao da natureza e afirmao dos valores essncias da humanidade.

Segundo Gouva 1963 recrear educar, pois a recreao permite criar e satisfazer o esprito esttico do ser humano ricas possibilidades culturais, permite escapar do desagradvel, utilizando excesso de energia ou diminuindo tenso emocional; experincia, complementa atividade compensadora, descarrega impulsos agressivos, fuga de presso social que provoca frustrao, monotonia ou ansiedade.

J Kishimoto (1997) define recreao como atividade fsica ou mental a que o indivduo naturalmente impelido para satisfazer as necessidades fsicas, psquicas, ou sociais, de cujas realizaes lhe advm prazer, e que aprovada pela sociedade.

O entretenimento em si mesmo no , sempre recreao. Muitas diverses, muitos passatempos catalogados ou tidos como recreadores, no passam de atividades destrudas, nocivas a formao do carter, responsveis por grande nmero de problemas morais e sociais. A verdadeira recreao contm todos elementos citados - entretenimento, diverses, passatempos e distrao- mas em um nvel construtivo. Atividades feitas apenas com o sentido de "matar o tempo" no podem ser classificadas como recreao relata Silva 1959.

Infelizmente, nossas crianas na maioria das escolas recebem regras prontas, no significaes. Elas devem aceit-las para poder transformar num bom adulto. E o mesmo acontece com os professores. (Mian 2003)

Nem todo passatempo recreao, nem toda diverso uma atividade recreativa cita Ferreira 2003.

Jogos E BrincadeirasOs jogos surgiram na Grcia como forma de diverso passando mais tarde a serem aperfeioados e estudados por grandes mestres a fim de tom-lo parte do desenvolvimento educacional da criana. Depois da segunda guerra mundial e com a criao da ACM. Associao Crist de Moos em vrios pases, o jogo como um fator educacional, comeou a ocupar espao (Ferreira 2003).

Segundo Zacharias e Cavallari (2008) se uma atividade recreativa permite alcanar vitria, ou seja, pode haver um vencedor, estamos tratando de um jogo. O jogo busca um vencedor,

Ferreira (2003) jogo uma atividade fsica, e/ ou mental que favorece a sociabilizao obedecendo a um sistema de regras, visando um determinado objetivo, sendo uma atividade que tem comeo, meio e fim, regras a seguir e um provvel vencedor. O jogo educativo um elemento de observao e conhecimento metodolgico da psicologia da criana, suas tendncias, qualidades, aptides, lacunas e defeitos.

Jogo uma das experincias mais ricas e polivalentes e, uma necessidade bsica para a idade infantil. A revalorizao do tempo livre, nos ltimos tempos e a continuidade do ensino de expresso dinmicas vo despertando uma renovada ateno em direo ao aspecto ldico, a psicomotricidade e suas grandes possibilidades (SILVA, 1999).

Cavallari e Zacharias 2005 diz que todo jogo apresenta uma evoluo regular, ele tem comeo meio e fim. Conseqentemente existem maneiras formais de se proceder.

A maneira como se joga pode tornar o jogo mais importante o que imaginamos, pois significa nada menos que a maneira como, estamos no mundo. Os jogos de que as crianas participam tornam-se seus jogos de vida. Participando destes jogos tocamos uns aos outros pelo corao. Desfazemos a iluso de sermos separados e isolados. E percebemos o quanto bom e importante ser gente mesmo e respeitar a singularidade do outro (BROTO, 2003).

O professor tem seu papel nos jogos, ele representa e projeta a maneira de jogar, ele quem comunicar -se atravs de voz audvel e gestos harmoniosos, afim de promover uma atmosfera agradvel sua experincia fundamental, pois atravs de seus exemplos conquista a confiana e cria uma relao de atividade criativa e amigvel (SILVA, 1959).

BrincadeirasDesde a civilizao o brincar uma atividade das crianas naquela poca a brincadeira no era considerado um elemento cultural, do riso, do folclore e do carnaval (VELASCO, 1996).

Cavallari e Zacharias define como a principal diferena entre jogo e brincadeira o vencedor, na brincadeira no h como ter um vencedor. Ela simplesmente acontece e segue-se se desenvolvendo enquanto houver motivao e interesse por ela.

Para a criana brincar a coisa mais sria do mundo, to necessria ao seu desenvolvimento quanto o alimento e o descanso. o meio que a criana tem de travar conhecimento com o mundo e adaptar-se ao que rodeia (FRITZEN, 1995).

por meio de brincar que a criana torna-se intermediria entre a realidade interna e externa, participando, entendendo e percebendo-se como membro integrante do seu meio social. brincando tambm, que a criana deixa de ser passiva para tornar-se responsvel pela a ao realizada, decidindo os rumos das situaes socioculturais por ela criadas vivenciada sentimentos diversos, que contribui para a formao da sua personalidade (MIAN, 2002).

MARCELLINO (1990) informa que atravs do prazer, o brincar possibilita a criana a vivncia de sua faixa etria e ainda contribui de modo significativo para sua formao como ser humano, participando da cultura da sociedade que vive, e no apenas como mero indivduo requeridos pelos padres de produtividade social. Sendo assim a vivncia do ldico imprecendvel em termos de participao cultural e crtica e, principalmente criativa. Marcellino descreve tambm o quanto fundamental assegurar a criana o tempo e o espao para que o ldico seja vivenciado com intensidade capaz de formar a base slida da criatividade e da participao cultural e, sobretudo para o exerccio do prazer de viver. So os contedos e a forma (produtos e processo) da cultura da criana, que representam o antdoto a aceitao do "jogo" pr-estabelecido, da sociedade e mesmo a camuflagem das colocaes individuais, justificando sua impotncia frente a estrutura do mundo que receberam e so obrigadas a produzir.

A criana que brinca vive a sua infncia torna se um adulto muito mais equilibrado fsica e emocionalmente suportara muito melhor as presses das responsabilidades adultas e ter maior criatividade para solucionar os problemas que lhe surgem, sendo assim, a brincadeira uma atividade no apenas natural, mas, sobretudo scio - cultural j que muitas crianas a cada dia tem menos tempo para brincar, pois os pais se matriculam no maior nmero possvel de atividades e como conseqncia elas so vtimas de estresse bem mais cedo. O brinquedo por sua vez tem seu papel importante nas brincadeiras sendo para criana uma passaporte para o reino mgico de brincadeira (KISHIMOTO, 1997).

Infelizmente, nossas crianas na maioria das escolas recebem regras prontas, no significaes. Elas devem aceit-las para poder transformar num bom adulto. E o mesmo acontece com os professores (MIAN, 2003).

Observa-se cada vez mais que o contato das crianas com jogos brinquedos e brincadeiras tradicionais vem perdendo espao, possivelmente como consequncia dos processos de urbanizao e de produo consumo de equipamentos de alta tecnologia (videogames, computadores, televisores e brinquedos de controle remoto). (Schwartz, 1958).

Segundo NETO apud VELASCO um fato inquestionvel que as oportunidades de jogo e atividade fsica tem vindo a degradar- se de forma considervel nas ultimas dcadas aumentando substancialmente o sedentarismo na infncia .A infncia uma poca importante para a prtica de vrias atividades fsicas e o desenvolvimento de habilidades motoras diversas a fim de promover atitudes saudveis. Melhorias na proficincia motora, maiores possibilidades de aderncia a um estilo de vida ativo e melhor auto - estima e confiana.

Uma possvel dinmica de aula, em algumas ocasies iniciar conversando com os alunos, perguntando-lhes do que gostariam de brincar. Trata-se de uma forma de estimular a participao da criana e faz-la sentir toda importncia que tem favorecendo ainda, a rica troca de experincia entre elas e seu respectivos universos de jogos. Outra possibilidade resgatar jogos, brinquedos e brincadeiras tradicionais, que os pais ou responsveis e familiares dos alunos desenvolviam quando crianas pedindo ao aluno conversem com eles, perguntando-lhes a respeito de que e como brincavam na infncia trazendo referncias por escrito ou desenhada representao de uma pequena exposio (organizada pelos prprios alunos, professores, pais ou responsveis familiares e comunidade, na escola, artstica...) da memria da cultura de jogos, brinquedos e brincadeiras infantis (Schwartz,1958).

A alegria tem um efeito estimulante sobre o sistema nervoso e, sendo este o sistema que controla toda a atividade qumica que se processa no ntimo dos tecidos, indiscutvel os profundos efeitos das emoes de prazer sobre o organismo em geral e a estreita correlao entre sade e bem estar. O treino nas diferentes atividades que se entrega a criana que se dispe de espao e estmulos naturais, promove crescimento muscular, presteza em agir de acordo com a vontade, reserva de energia nervosa e maior resistncia ao esforo fsico. Cada momento de atividade recreativa envolve um estado emocional: de simples prazer ou alegria promovido pela satisfao de agir, de medo diante ao insucesso, da identificao real com um personagem mais fraco, ou ainda do perigo que possa enfrentar, de raiva na luta contra obstculos ou na personificao de elementos destruidores (Gouva apud KISHIMOTO, 1997).

Caractersticas Das Crianas De 6 A 8 Anos.

A criana de 6 a 7 anos para Ferreira 2003 pode ser definida como estando no estgio pr- operatrio sendo a de 6 a 7onde aparece linguagem oral. Pensamentos egocntricos, rgidos, centrado em si mesma e com caractersticas de animismo (ciosas e animais). No possui noo de conservao, quantidade, volume, massa, peso e no consegue retornar ao ponto de partida mentalmente (condio bsica para a realizao de operaes).

No perodo pr-operatrio a assimilao, (isto , a interpretao de novas formaes baseada em interpretaes presentes) uma tarefa suprema para a criana. Nesta fase, a nfase no porqu e no "como" torna-se uma ferramenta bsica para que a adaptao ocorra (GALLAHU e OZMUN, 2005).

Brincar serve como um importante meio de assimilao e ocupa maior parte das horas que a criana passa acordada. As brincadeiras imaginrias e as paralelas so importantes ferramentas para o aprendizado. Brincar tambm serve para demonstrar as regras e os valores dos familiares mais velhos do indivduo. A ampliao do interesse social por seu mundo caracterstica da fase do pensamento pr operatrio da criana. Como resultado o egocentrismo reduzido e a participao social aumenta. A criana comea a exibir interesse nos relacionamentos entre as pessoas. A compreenso dos papis sociais de "mame", "irm" e "irmo" e seu relacionamento uns com os outros importante para a criana nesta fase. A criana pequena demonstra crescente pensamento simblico pela ligao do seu mundo com palavras e imagens. A assimilao avanada usando a atividade fsica para realizar os processos cognitivo, cita Gallahue e Ozmun (2005).

Na fase operatria-concreta de 7 a 11 anos para Ferreira (2003) a criana comea a ter um pensamento mais lgico, menos egocntrico, aes mentais mais reversveis, mveis e flexveis. Apesar de o pensamento basear-se mais no raciocnio, ainda precisa de materiais e exemplos concretos. No pode ordenar, seriar e classificar.

Nesta fase, as percepes so mais precisas, e a criana aplica a interpretao dessas percepes ambientais sabiamente. Ela examina as partes para obter conhecimento do todo e estabelece meios de classificao para organizar as partes em um sistema hierrquico. A criana brinca para compreender seu mundo fsico. Regras e regulamento so de interesse da criana quando aplicadas a brincadeira. A criana raciocina logicamente sobre eventos concretos e consegue classificar objetos de seu mundo em vrios ambientes, existindo a reversibilidade com experimentao intelectual atravs da brincadeira ativa. (Gallahue e Ozmun 2005).

Jogos E Brincadeiras

Pega-Pega

Jogadores dispersos pelo terreno, havendo um perseguidor. Os jogadores fugiro ao perseguidor, que tentar apanhar um. Aquele que for apanhado passar a ser o perseguidor (Rabelo e Pimentel, 1991).

Objetivo: Trabalhar a habilidade de correr, desviar, rapidez de reao,

Morto x Vivo

Objetivo especfico: agilidade na reao, ateno, obedincia, a ordens, flexibilidade.

As pessoas em crculo, de costas, com o professor no centro. As ordens dadas podem ser: "morto", "vivo", ou "sentar", "levantar" etc... (Ferreira, 2003).

Histria do meu nome

Todos sentados formando um grande crculo, o objetivo que cada participante conte a histria do seu nome. Por que colocaram o seu nome? Como gostaria de se chamar? De que nome voc mais gosta? Vamos criar um nome para o nosso grupo? Que tal utilizarmos as inicias de todos os nomes do grupo?

Objetivo: integrar-se ao meio social, enfatizar a necessidade de escutar o que o outro tem a dizer, desinibir e descontrair o grupo (Soler 2003).

Chamada da roda

Os jogadores em crculo, numerados, um no centro, com uma bola leve. O do centro, com a bola na mo, chama um nmero e lana a bola para o alto. O jogador chamado deve apanh-la, vinda do alto ou picada no cho, pela primeira vez. Se o conseguir, ganhar um ponto e ir para o centro repetir a ao do companheiro anterior. A vitria do que, no final do jogo obtiver mais pontos (Ferreira 2003).

Gato doente

As crianas dispersas pelo campo, dado o sinal pelo professor, uma delas, previamente indicada para iniciar o jogo, perseguir as companheiras tentando toc-las. A que for, por exemplo tocada no ombro, a colocar a mo esquerda e, aliando-se a primeira, procurar tambm alcanar as outras crianas. Todas as que forem apanhadas "gatos doentes -devero correr com a mo no ponto partido, perseguindo as que acharem ainda livres.

Objetivo: trabalhar a habilidade de correr em grupo, atacar e defender (Rabelo e Pimentel 1991).

CONCLUSO

de extrema importncia a recreao na vida da criana, tanto no seu desenvolvimento motor, afetivo e social. E so os jogos e brincadeiras que tornam um facilitador para que tudo acontea de forma natural e melhor ainda de forma "PRAZEROSA". necessrio ter um objetivo a ser trabalhado, para que assim elas se desenvolvam e mostrem seu potencial, no simplesmente "brincar" e sim educar, com essas ferramentas to teis e significativas que trazem sorrisos e mudam a vida das crianas. O brincar de forma construtiva abre a portas para a educao, e depende de ns deix-la aberta.5) NUTRIO E ALIMENTAO. AlimentaoA alimentao o processo pelo qual os organismos obtm e assimilam alimentos ou nutrientes para as suas funes vitais, incluindo o crescimento, movimento e reproduo.

Na linguagem verncula, alimentao o conjunto de habitos e substncias que o homem usa, no s em relao s suas funes vitais, mas tambm como um elemento da sua cultura e para manter ou melhorar a sua sade.

H quatro tipos de alimentao praticadas pelos animais, incluindo:

Alimentao por filtro - obter comida suspensa na gua.

Alimentao por sedimentos - obter partculas de comida no solo.

Alimentao de fluidos - obter comida consumindo fluidos de outros organismos.

Alimentao em massa - obter comida comendo peas de outros organismos.

Prticas de alimentao humana

A maioria das residncias, em praticamente todos os pases, tm uma cozinha ou uma pequena copa-cozinha (kitchenette) destinadas preparao de refeies ou alimentos, e muitas casas tambm tm uma sala de jantar ou outra rea designada para comer. Pratos, talheres, copos e outros implementos para cozinhar existem em uma grande variedade de formas e tamanhos. Muitas sociedades atuais tambm tm restaurantes especializados em servir e vender comida, a fim de possibilitar s pessoas que esto fora de casa se alimentarem de forma adequada, seja quando querem economizar o tempo do preparo da comida, seja quando desejam usar o ato de comer em uma ocasio social. Ocasionalmente, como no caso dos festivais de comida, comer de fato a principal razo do encontro social.

Muitos indivduos tm padres dirios, regulares e distintos para comer, e comumente muitos tem entre trs e quatro refeies dirias, com lanches consistindo como pequenos montantes de comida que consumida entre as refeies. O objetivo de uma alimentao saudvel , h muito tempo, uma importante preocupao de diferentes pessoas e culturas. Juntamente com outras prticas, o jejum, a dieta e o vegetarianismo so tcnicas empregadas por pessoas (e encorajadas por sociedades) para aumentar a longevidade e a sade. Muitas religies promovem o vegetarianismo considerando errado o consumo de animais. Os nutricionistas concordam que em vez de se deleitar em trs refeies dirias, muito mais saudvel e fcil para o metabolismo comer 5 pequenas refeies a cada dia (um maior nmero de refeies pequenas gera uma melhor digesto; facilita para o intestino o depsito das excretas; e visto que refeies maiores so mais resistentes ao trato digestivo e podem precisar de laxativos). O ato de comer tambm pode ser uma maneira de ganhar dinheiro, como na ingesto competitiva.

DesordensPsicologicamente, a ingesto geralmente causada pela fome, mas existem numerosas condies fsicas e psicolgicas que podem afetar o apetite e desvirtuar padres normais de ingesto. Estes incluem depresso, alergia a determinados tipos de comida, bulimia, anorexia nervosa, disfuno da glndula pituitria e outros problemas endcrinos, e numerosos outras doenas alimentares.

A necessidade crnica de comida nutritiva pode causar vrias doenas, e depois, in