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1 Introdução

O presente trabalho é fruto do projeto de formação docente – Programa de

Desenvolvimento Educacional – PDE -, ofertado pela Secretaria de Educação do

Estado do Paraná, desenvolvido ao longo dos anos de 2010 -2011, decorrente da

intervenção pedagógica realizada no Colégio Estadual Senador Manoel Alencar

Guimarães, como meio de melhoria do processo ensino/aprendizagem.

A metodologia de ensino proposta nas Diretrizes Curriculares da Educação

Básica do Paraná propõe que os conteúdos de Geografia devem ser trabalhados de

forma critica e dinâmica, interligados com a realidade próxima e distante do aluno.

Faz-se necessário que o aluno construa conceitos e opiniões, sendo que o

conhecimento adquirido que ele tem a respeito daquilo que conhece e de onde ele

convive superem o conceito pronto e trazido no livro didático ou que é exposto pelo

professor em sala de aula.

Vesentini (1992, p.05), afirma que “[...] a geografia ensinada deve contribuir

para formar cidadãos, para desenvolver o senso crítico, a criatividade e o raciocínio

dos alunos".

Sendo assim, torna-se necessário rever antigos conceitos, avaliar diversas

metodologias utilizadas para repassar o conhecimento adquirido aos alunos, para o

professor, tão importante quanto dominar os conceitos relativos à disciplina é tornar

o mundo compreensível para os alunos.

Ter conhecimento básicos de geografia é algo importante não apenas para tirar boas notas na escola, mas para a vida em sociedade. Ao identificar as características sociais, culturais e naturais do lugar onde vive o cidadão é capaz de conhecer a si mesmo, fazer comparações, distinguir similaridades e contrariedades, buscar explicações e compreender as múltiplas relações que diferentes sociedades em épocas variadas estabeleceram e estabelecem com a natureza na construção de seu espaço geográfico. (MEC – MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA, 1997, P.166)

O objeto de estudo da Geografia é formar cidadãos críticos, que

desenvolvam a capacidade de identificar e refletir sobre diferentes aspectos da

realidade, compreendendo a relação natureza e sociedade e no caso do presente

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projeto de estudo, perceber a evolução da urbanização e a influencia do espaço de

vivência em seu cotidiano. Para Tuan (1980, p.14), “[...] a percepção é uma

atividade, um entender-se para o mundo”.

Ao proporcionar meios e instrumentos para a construção do conhecimento, o

aluno estará aproveitando os conteúdos de Geografia para a sua formação, e

exercendo sua cidadania plenamente. O papel do educador é de promover a

articulação de conceitos formados no cotidiano interligando com o conceito cientifico,

mostrando que o mundo é dinâmico e possível de transformações. O papel da

Geografia é proporcionar uma melhor compreensão do mundo é fazer relações entre

o espaço local, regional e global.

O objetivo da implementação do projeto foi executar uma proposta

metodológica alternativa para compreensão do processo de urbanização a partir da

década de 1970, pela percepção de alunos do ensino médio do Colégio Estadual

Senador Manoel Alencar Guimarães, da transformação paisagística do bairro

Bigorrilho.

O projeto por meio da implementação da intervenção pedagógica na escola

ofereceu aos alunos oportunidades de reflexão, interpretação, organização e analise

de dados, explorando a Geografia em situações do mundo real do aluno, objetivando

despertar no aluno o conhecimento pelo seu espaço de vivência através de aulas de

campo, pesquisas sobre a evolução, ocupação e urbanização recente do bairro,

coleta dados e construção de gráficos.

2 Urbanização e percepção: O caso do Bairro Bigorrilho

2.1 A Urbanização brasileira

Durante séculos o Brasil foi um país agrícola, suas principais atividades

econômicas vinham do campo, e foi com o ciclo do café, que deu inicio ao processo

de urbanização no Brasil. Esse processo é recente e ocorreu de forma acelerada e

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desordenada desde a década de 1930, porém se intensificou após o final da

Segunda Guerra Mundial.

Foi ao longo do litoral que se iniciou a urbanização no Brasil e foi

gradativamente se expandindo pelo território brasileiro.

Para Tuan (1980, p.110), “[...] na vida moderna, o contato físico com o

próprio meio ambiente natural é cada vez mais indireto e limitado a ocasiões

especiais”.

Urbanização é o aumento proporcional da população urbana em relação a

população rural, porém, o processo de urbanização é um processo de

transformação do modo de vida – o modo de vida rural, para urbano – nesse

sentido pode-se dizer que mesmo hoje algumas ruralidades, embora permaneçam

com uma paisagem típica do campo, apresentam um modo de vida urbano.

O movimento de urbanização que se verifica a partir do final da Segunda Guerra Mundial é contemporâneo de um forte crescimento demográfico, resultado de uma natalidade elevada e de uma mortalidade em descenso, cujas causas essenciais são os progressos sanitários, a melhoria relativa nos padrões de vida e a própria urbanização. (SANTOS, 2009, p.33).

Com o crescimento das cidades ocorreram maiores investimentos em vários

setores, que provocaria uma melhora na qualidade de vida da população. Santos

(2009, p.22), afirma que “[...] a expansão da agricultura comercial e a expansão

mineral foram a base de um povoamento e uma criação de riquezas redundando na

ampliação da vida de relações e no surgimento de cidades no litoral e no interior”.

Conforme, Sene; Moreira (2005, p.45), “[...] a lei que criou as regiões

metropolitanas brasileiras é de 1973, as regiões são um conjunto contíguos e

integrados socioeconomicamente a uma cidade central, com serviços e

infraestrutura comuns”.

Até hoje o IBGE fez três estudos para caracterizar a rede urbana do país

(1966, 1978 e 2007), que foram realizados a partir de aplicação de questionários

que investigaram os fluxos de consumidores em busca de bens e serviços. A

pesquisa de 2007, que buscou definir a hierarquia dos centros urbanos classificou

os municípios do Brasil em: Metrópoles (12), Capitais Regionais (70), Centros sub-

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regionais (169), Centros de Zona (556) e Centros Locais (4.473), formando uma

rede comandada por São Paulo.

A hierarquia urbana segundo o IBGE é constituída por 12 metrópoles que

comandam as redes urbanas no território brasileiro, sendo Curitiba uma delas.

O IBGE classifica nesta hierarquia Curitiba como sendo uma Metrópole, que

constitui o segundo nível da gestão territorial, sendo que Curitiba e sua rede reúnem

8,8% da população do país e 9,9% do PIB nacional.

As regiões metropolitanas foram estudadas e definidas nos anos de 1970 e,

posteriormente, incluídas na Constituição do Brasil em 1988, que as tirou da esfera

federal e delegou aos estados autonomia para estabelecer as áreas metropolitanas,

(Art. 25, &3º CF/88).

A recente urbanização e a formação das regiões metropolitanas no Brasil

provocou uma série de problemas que para Santos (2009, p.105) “[...] com

diferença de grau e intensidade, todas as cidades brasileiras exibem problemáticas

parecidas”, são os problemas com emprego, violência, habitação, transportes e

outros que são comuns em todo o Brasil, porém nas cidades maiores tornaram-se

mais visíveis.

Nas últimas décadas percebe-se um processo de desmetropolização nas

cidades brasileiras. Para Santos (2009, p.91), “ [...] paralelamente ao crescimento

cumulativo das maiores cidades do país, estaria havendo um fenômeno de

desmetropolização, definida como a repartição, com outros grandes núcleos, de

novos contingentes de população urbana”, isso quer dizer que paralelamente ao

crescimento das grandes cidades está ocorrendo o crescimento de cidades

intermediárias.

Segundo o censo de 2010, 84% da população brasileira vive na área urbana,

ou seja, o Brasil é um país urbanizado.

2.2 A urbanização paranaense

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O Paraná só veio a conhecer o planejamento urbanístico no início da década

de 1940, inicialmente na cidade de Curitiba.

Foi em 1941, quando o prefeito de Curitiba, o engenheiro civil Rozaldo de Mello Leitão, contratou junto à firma Coimbra Bueno & Cia. Ltda., do Rio de Janeiro, um plano de urbanização para a cidade, apresentado no final de 1943. Esse plano traçou as diretrizes para o desenvolvimento de Curitiba, dentro de rigorosa técnica urbanística. (TRINDADE; ANDREAZZA,2001,p.102)

No estado do Paraná, a exemplo do Brasil, a urbanização ocorreu

recentemente, com esse fenômeno, muitas cidades surgiram, enquanto outras

tiveram grande crescimento. O Paraná atualmente conta com 399 municípios.

Sendo que Curitiba e Pinhais são os únicos municípios que apresentam somente

população urbana.

Entre 1970 e 1990 o grau de urbanização saltou de 36% para 78% e em

2000, a população urbana paranaense era de 81,4%. Segundo o censo 2010 o

Paraná conta com 10.439.601 habitantes, e 84% dessa população vivem nas

cidades. Sendo que a Região Metropolitana de Curitiba apresenta o maior número

de moradores, 3.170.000 habitantes.

A urbanização paranaense é caracterizada por uma rede urbana densa e

variada de aglomerações, sendo a Região Metropolitana de Curitiba a maior dessas

aglomerações.

A capital do Paraná, Curitiba é a principal cidade do estado, e foi a partir da

década de 1990 que se deflagrou a intensa expansão da cidade sobre os

municípios limítrofes. O crescimento elevado da Região Metropolitana de Curitiba é

motivado, pelo marketing intenso da administração municipal e a intensa

propaganda veiculada pelos meios de comunicação.

Atualmente Curitiba segue a tendência brasileira da periferação, ou seja, o

destino das pessoas deixou de ser a metrópole da Região Metropolitana para serem

os municípios limítrofes. E esses municípios apesar dos investimentos particulares

promovidos pelo governo em alguns municípios próximos à Curitiba, continuam

sendo cidades-dormitórios.

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2.3 A urbanização de Curitiba

Na década de 1940, em vários bairros de Curitiba existia um número

significativo de habitantes, porém a cidade não oferecia nenhum planejamento

ordenado nem infraestrutura adequada. Entre as décadas de 1950 e 1960 ocorreu

um grande crescimento populacional, devido a isso foi proposto um modelo

urbanístico para a cidade, que foi somente implantado na década de 1970, na

administração de Jaime Lerner.

O projeto chamado de Plano Diretor de Curitiba estabelecia o crescimento

do município ao longo de eixos viários lineares, chamados Vias Estruturais. Essas

Vias são destinadas a ligações centro-bairro e bairro-centro, correspondem as

áreas mais desenvolvidas da cidade, pois, ordenam o crescimento linear do centro,

apresentam as maiores densidades demográficas, priorizam a instalação de

equipamentos urbanos, concentram infraestrutura e definem a paisagem urbana.

O plano transformou a cidade, e Curitiba se tornou um sucesso em

planejamento urbano, principalmente no que se refere ao transporte coletivo,

considerado um dos mais eficientes do mundo.

Em 1963, foi criada a URBS – Companhia de Urbanização e Saneamento

de Curitiba, com objetivos de desenvolver atividades ligadas ao crescimento urbano

da cidade. E em 1965, foi criado o IPPUC – Instituto de Pesquisa e Planejamento

Urbano de Curitiba.

Em 1973, foi criado a CIC – Cidade Industrial de Curitiba, planejado com o

objetivo de instalar as grandes indústrias distantes do centro de Curitiba, atualmente

o bairro apresenta um grande crescimento tanto no setor industrial como na

instalação de residências e invasões.

Para Tuan (1980, p.183), “[...] a cidade capital é um símbolo nacional de

orgulho e aspiração”.

Atualmente em Curitiba vivem 1.746.896 habitantes (Censo 2010) é a

maior cidade da região Sul do país. Porém são vários os problemas enfrentados

pelos seus moradores, como: abastecimento de água, poluição dos rios, trânsito

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congestionado, aumento nos índices de criminalidade e violência, alto índice de

moradores de rua, favelas e alagamentos, além dos altos preços do solo.

2.4 A história do bairro Bigorrilho

O bairro Bigorrilho até início da década de 1930 era conhecido como um

lugar distante, de difícil acesso. Era uma área que ficava fora do chamado

quadro urbano de Curitiba, e era utilizado como via de ligação em direção a

mercados centrais.

Ao longo das estradas carroçáveis, armazéns, ferrarias, selarias, pequenas escolas isoladas e esparsas residências pontuavam, aos pouco o percurso. Muito disso esteve presente no Bigorrilho, passagem dos colonos de Santa Felicidade, dos moradores das pequenas propriedades do Campo Comprido, do Passaúna, de Órleans, de São Nicolau e do reduto de ucranianos do Campo da Galícia. (BARAHO; SUTIL, 2007, p.9)

Nos anos de 1940 ainda existia uma grande precariedade nos serviços de

transportes coletivos e pavimentação de ruas. A partir dessa década foram

criados parques para preservar a mata e servir como barreira natural para as

enchentes. No Bigorrilho foi criado o Parque Lagoa que se transformou no

Parque Barigui.

O bairro cresceu sobre uma área de barrocas e córregos, e evoluiu a

partir de chácaras com casas de madeira, que eram ocupadas pelos imigrantes.

No início dos anos 1960, foi criado um loteamento e ocorreu um parcelamento

do solo em lotes oriundos de antigas chácaras familiares.

O Bigorrilho começava a se modificar, e o mato secular, ao longo dos anos, foi cedendo lugar para a construção de casas coloridas, em madeira, servidas por água de poço, junto a ruazinhas de terra sem iluminação elétrica que, por décadas, compuseram o cenário do bairro, reavivado pelos depoentes. (BARAHO; SUTIL, 2007, p.49).

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Com o Plano Diretor, concebido em 1965, que determinou a formação

da nova imagem da cidade, devido a criação dos eixos viários ou canaletas de

ônibus expressos e vias rápidas foram determinantes para a transformação do

Bigorrilho, alterando a paisagem de três importantes vias do bairro: a Martim

Afonso, a Padre Agostinho e a Padre Anchieta.

Conforme o Decreto 774/1975, a delimitação do bairro Bigorrilho

corresponde do ponto inicial na confluência das Ruas Fernando Moreira e

Desembargador Motta, segue pela alameda Dr Carlos de Carvalho, Rua

Jeronimo Durski, Rio Barigui (Parque Barigui), Avenida Candido Hartmann

(Praça da Ucrânia), Rua Padre Anchieta, Largo da Galícia, Rua Professor

Moreira.

Na década de 1980, existiam estabelecimentos já tradicionais desde os

meados dos anos de 1950 e muitos que apenas iniciavam seus negócios

marcados por novas condições econômicas, sociais e espaciais. Para Baraho e

Sutil (2007, p.243), “[...] no Bigorrilho se instaurou o estilo de vida que hoje se

faz presente nas grandes cidades brasileiras, onde formas de convivência antes

comuns deixaram de existir”.

Porém a população ainda enfrentava vários problemas, para o Jornal

Gazeta do Povo (30/06/1981), “[...] Falta de tudo no bairro do Bigorrilho, desde

iluminação suficientes, esgoto e até ruas condignas aos habitantes do lugar”.

O nome do bairro tem várias histórias, por exemplo, seria o nome de

uma cigana benzedeira ou de uma prostituta, a Bigorrilha, que com o passar do

tempo os moradores masculinizaram o nome ou ainda porque o bairro era

conhecido como “bairro dos italianos”, porém morava um ucraniano de nome

Bigorela.

Já foram feitas algumas campanhas para que o nome do bairro

Bigorrilho mudasse para Champagnat, a primeira campanha foi em 1997, que

segundo o Jornal Folha do Paraná (30/09/1997), “vereador propõe plebiscito

para acabar com a disputa entre os nomes Champagnat e Bigorrilho no bairro

tradicional de Curitiba”.

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Em 2001 também ocorreu um polemico debate sobre a mudança do

nome de Bigorrilho para Champagnat, mais pela pressão imobiliária do que por

vontade dos moradores. Segundo o Jornal Gazeta do Povo (11/08/2001)

“[...] Campanha sórdida vem sendo patrocinada em Curitiba movidas por interesses contrários á história da cidade. Acena-se até com um automóvel como prêmio aqueles que assinarem um documento a favor do nome do bairro Bigorrilho para Champagnat”.

O bairro atualmente apresenta uma boa infraestrutura, um comércio

abrangente oferecendo boa qualidade de vida aos seus moradores e um grande

saudosismo por parte de antigos moradores que viram a transformação

crescente do bairro.

Para Tuan (1980, p.114), “[...] assim como algumas pessoas são

relutantes em abandonar um velho casaco por um novo, algumas pessoas –

especialmente idosas – relutam em abandonar seu velho bairro por outro com

casas novas”.

É comum ainda perceber no bairro um elevado número de idosos, que

continuam em suas casas de madeira, participam das atividades na comunidade

e conhecem as pessoas pelo nome e sobrenome.

Segundo o Censo de 2010 o bairro Bigorrilho apresenta uma extensão

de 3,50 Km, o que corresponde a 0,81% do território de Curitiba, sua população

total é de 28.336 habitantes sendo 45,22% do sexo masculino e 54,78% do sexo

feminino.

Nota-se que faltam atividades de lazer no bairro, as que existem estão

localizadas no Parque Barigui como a Academia ao ar livre e a academia de

ginastica ambas da Prefeitura Municipal de Curitiba. Seguindo a Prefeitura

Municipal existem no bairro 9 jardinetes, 4 largos e 4 praças.

3 A intervenção pedagógica na escola

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A elaboração da pesquisa foi voltada aos propósitos do PDE –

Programa de Desenvolvimento Educacional e estão relacionadas a percepção

da dinâmica e evolução do bairro, através de atividades diversas como

possibilidades para ensino / aprendizagem da Geografia, no qual resultou na

construção de material didático, fundamentado em sua elaboração pelos

conceitos da urbanização e percepção do cotidiano do aluno.

O projeto foi desenvolvido em duas turmas do 3º ano do Ensino Médio

do período da manhã, entre os meses de Agosto a Novembro de 2011,

envolvendo 40 alunos de uma faixa etária entre 16 e 18 anos. O assunto está

inciso no conteúdo da referida série, dentro do conteúdo estruturante dimensão

cultural e demográfica do espaço geográfico, no planejamento da disciplina e do

projeto politico pedagógico da escola.

A percepção da urbanização do bairro é o assunto escolhido devido que

a evolução da urbanização está presente no nosso dia a dia sendo que muitas

vezes nem a percebemos e não nos damos conta de suas influências e ainda

porque o bairro Bigorrilho apresenta um processo de urbanização recente com

peculiaridades bem especificas.

A primeira atividade desenvolvida foi a aplicação de um questionário e a

análise dos dados através da construção de gráficos, a segunda atividade foi um

trabalho com mapas do bairro, a terceira atividade correspondeu a uma

pesquisa e aula de campo no entorno do colégio e a quarta atividade foi a

pesquisa sobre alguns bairros da cidade.

Atividade 1: O histórico rural-urbano da família

Inicialmente foi exposto aos alunos as linhas gerais do projeto e sua

metodologia. A primeira atividade foi de estimulo, sensibilidade e envolvimento para

com o tema proposto, através de aulas expositivas, imagens e textos que tratam da

urbanização. Também foi desenvolvido um trabalho de interpretação da música

Caboclo na cidade – Dino Franco e Nhô Bento. Concorda-se Martins que afirma,

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O estudo da Geografia deve ser prazeroso e relacionado com as experiências concretas do mundo real vivido pelo aluno no seu espaço cotidiano, pois assim a sala de aula se torna um ambiente de vivência pedagógicas significantes, que contribuem para promover o desenvolvimento cognitivo. (MARTINS, 2001, p.33)

Inicialmente foi exposto o conteúdo aos alunos, onde ocorreu uma boa

participação e debate sobre o processo de urbanização, assunto esse incluso no

livro didático do aluno esse conteúdo foi estudado através de aula expositiva, textos

e imagens complementares selecionados pelo professor e no final foi feita uma

avaliação escrita e individual.

A música caboclo da cidade foi analisada pelos alunos depois de ouvida e lida

a sua letra. A letra retrata a história de uma família de roceiros do Triangulo Mineiro,

composta por pai, mãe e quatro filhos, que resolveram vender suas terras e irem

viver na cidade. Passado doze anos a mãe e os filhos se adaptaram muito bem a

vida urbana, porém, o pai continuava pensando que vida de caboclo não é na

cidade, mas como o dinheiro acabou e ele não pode retornar para Minas Gerais,

continua somente com a saudade, sonhando com a roça, pois segundo ele quando

vendeu suas terras e foi viver na cidade vendeu a sua família e sua felicidade.

O urbano para Alessandri (1994, p.181), “é o modo de produzir, consumir,

pensar, sentir, é um modo de vida”.

Quando o aluno é motivado pelo professor a refletir e observar seu cotidiano

terá mais facilidade em entender o que ocorre ao seu redor.

[...] o professor deve estimular o aluno a refletir a realidade na qual ele participa, fazendo-o entender que ele é um ser ativo no contexto social e histórico da sociedade em que vive. Assim o aluno compreende que suas atividades, por menores e insignificantes que pareçam ser, irão refletir no espaço”.( ASARI; ANTONELO; TSUKAMOTOA, 2004, p.218)

O aluno entendendo as mudanças que ocorrem ao seu redor começa a

interagir no seu espaço de vivência.

Para que o tema ficasse mais próximo da realidade do aluno foi aplicado um

questionário onde os alunos fizeram uma pesquisa junto aos seus avôs e pais.

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Também foi solicitado aos alunos se possível ouvir o depoimento de uma pessoa

idosa que viveu no campo de como era a vida no Brasil rural há algumas décadas

atrás.

Questionário

1) Seus avôs paternos nasceram na cidade?

( ) Sim Qual: ___________________ ( ) Não

2) Seus avôs maternos nasceram na cidade?

( ) Sim Qual: ____________________ ( ) Não

3) Seu pai nasceu na cidade?

( ) Sim Qual: ____________________ ( ) Não

4) Sua mãe nasceu na cidade?

( ) Sim Qual: ____________________ ( ) Não

5) Você nasceu na cidade?

( ) Sim Qual: ___________________ ( ) Não

6) Qual bairro você mora?

____________________________________

7) Quanto tempo você mora no bairro?

( ) menos de 5 anos ( ) entre 5 e 10 anos ( ) mais de 10 anos

Conforme Lesann (2009, p.112. ), “ [...] é fundamental saber definir

claramente, o que se pretende com a aplicação do questionário, que tipo de dados

e/ou informações devem ser levantadas e, sobretudo, o que será feito com o

material colhido.”

A intenção da aplicação do questionário era para que os alunos percebessem

que a urbanização é um processo recente e que a maioria dos avôs e alguns pais

nasceram no campo, porém, todos os alunos nasceram na cidade.

Após a entrega dos questionários respondidos as turmas foram divididas em

equipes onde catalogaram os dados e os representaram através de gráficos que

foram confeccionados no laboratório de informática do Colégio. Em seguida cada

equipe apresentou para o restante da turma quais as conclusões que obtiveram.

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Os resultados foram alcançados, pois, através da análise dos dados chegou-

se a conclusão que a vida urbana no país é realmente recente, pois, a maioria dos

avôs e país dos alunos nasceu no campo e todos os alunos analisados nasceram na

cidade, a maioria na cidade de Curitiba. Sendo que os avôs e o pai de um aluno

nasceram em outro país, e um dos alunos não soube dizer sobre seu pai, pois,

quando pequeno foi abandonado e adotado somente por uma mãe.

Também foi constatado entre os alunos analisados que a maioria mora em

outros bairros próximos do colégio, porém, alguns se deslocam de bairros distantes.

Nessa etapa da atividade ocorreu uma boa participação dos alunos

argumentando e comentando sobre os dados.

Notou-se que essa atividade chamou bastante a atenção e teve boa

aceitação e participação dos alunos, e percebeu-se que a maioria não sabia a

origem de sua família.

Atividade 2: Conhecendo o Bairro com atividade cartográfica

O homem sempre procurou representar seu espaço para os mais diversos

fins e utilizou o mapa como o principal recurso cartográfico nos estudos geográficos

como meio de representação. Os mapas fazem parte da cultura e da experiência

histórica da humanidade, eles formam a linguagem da Geografia.

Durante muito tempo os mapas foram considerados um instrumento básico da Geografia, usados apenas para a localização e descrição dos fenômenos espaciais. Não havia, no trabalho metodológico cartográfico, a preocupação em explicar o ordenamento territorial da sociedade. (SEED – SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ, 2008, p.83).

Atualmente os mapas são mais frequentes em nossas vidas do que nós

podemos imaginar. Se tornaram ferramenta básica para inúmeros profissionais e

diariamente nos deparamos com várias situações onde o mapa aparece em diversos

tipos nos noticiários da teve, na internet, em livros, jornais e revistas.

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[...] outra importância atribuída aos mapas é que se constitui em um recurso visual que pode despertar o interesse dos alunos pelas aulas de Geografia, uma vez que sua utilização deixa-as menos expositivas, pois há imagens, informações, dados que são interpretados, analisados e levam os alunos a um nível maior de abstração da realidade”. ( ASARI; ANTONELO; TSUKAMOTOA, 2004, p.31 ).

Hoje o uso de mapa em sala de aula é muito importante, pois é o que leva o

aluno a conhecer, localizar, interpretar, e ter noção de espaço de maneira mais

próxima do seu mundo, o que facilita a sua vida. Atualmente os mapas são de fácil

acesso e proporcionam a visualização da maioria dos temas de geografia, auxiliando

na compreensão dos conteúdos.

Para um maior interesse e envolvimento dos alunos no desenvolvimento da

atividade foi necessário aplicar procedimentos pedagógicos que fizessem parte da

sua vivência cotidiana.

Foi solicitada a confecção de um mapa com o trajeto casa/escola. Utilizando-

se da cartografia social os alunos desenharam seus trajetos sem utilizarem escala

ou legenda estabelecida e demostraram o que mais chamava a atenção no

percurso. Em alguns mapas foram demostrados mais detalhes principalmente os

dos alunos que moram próximos ao colégio, alguns conseguiram desenhar todas as

ruas com os principais pontos, já outros desenharam com menos detalhes devido a

grande distância entre a casa e o colégio, desenhando as principais ruas e alguns

pontos principais. Nesses desenhos a maioria seguiu o trajeto da linha do ônibus

que utilizam diariamente.

Posterior à confecção do mapa foi exibido o mapa do bairro e proposto que os

alunos respondessem as seguintes questões:

1. O que é possível visualizar no mapa do bairro? O que tem em comum no

mapa que você confeccionou e no mapa do bairro?

2. Quais os elementos que mais se destacam nos dois mapas?

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3. Quais as importâncias do mapa do bairro para o dia-a-dia das pessoas?

4. Você utiliza no seu dia-a-dia o mapa do bairro? Para que?

5. Analisando os dois mapas quais suas conclusões?

A maioria das respostas da questão 1 foi a coincidência nos dois mapas dos

pontos de referencia utilizados e também da Avenida Candido Hartmann que é a rua

do colégio. Nas respostas da questão 2 o que mais se destacou foram as ruas,

praças e o Parque Barigui. A maioria dos alunos responderam na questão 3 como

sendo a principal importância do mapa do bairro no seu dia-a-dia a localização e

identificação de locais desejados. Na questão 4 a grande maioria das respostas foi

não, pois, conhecem bem o bairro e não precisam de mapas, alguns responderam

que utilizam fazendo uso da internet para chegar em um endereço desejado ou para

fazerem um trajeto menor. A maioria das respostas da questão 5 foram que o mapa

do bairro é mais completo em relação a localização das ruas, enquanto, que os

desenhados são mais detalhados e precisos, porém, somente demonstram o que

interessa para quem os desenhou.

Depois de respondidas as questões cada aluno apresentou para o restante da

turma quais suas argumentações e conclusões. Os mapas ficaram expostos no

mural do Colégio. Após a construção do mapa com o trajeto casa/escola a turma foi

levada para o Laboratório de Informática onde em equipes exploraram o site google

Earth ou google maps, onde o desafio era encontrar o colégio e suas casas. Após foi

solicitado que construíssem roteiros entre a casa e a escola, buscando nomes de

ruas e pontos de referências.

Nesta atividade não houve muitas dificuldades, com exceções de alguns

alunos com maiores dificuldades em desenhar e acabam apresentando alguma

resistência. A atividade do Laboratório de Informática foi a que houve a maior

participação e envolvimento da turma.

Atividade 3: Estudo do meio: explorando o Bairro

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A utilização de vários recursos na aula de Geografia torna-a mais dinâmica e

prazerosa, fazendo com que os alunos se interessem pelo assunto trabalhado,

facilitando a aprendizagem.

Sair do ambiente escolar, por si só, gera um efeito geralmente positivo sobre o interesse dos alunos pelo conteúdo. Mas mais do que isso, atividades práticas fora do ambiente escolar são fundamentais no ensino da Geografia, pois permitem ao professor a proposição de questões reais e de importância concreta para os alunos. (FARINA; GUADAGNIN, 2007, p.111)

É importante que o aluno desenvolva um raciocínio geográfico dentro e fora

da sala de aula e entenda o porquê está estudando determinado conteúdo ou

fazendo determinada atividade. A aula de campo quando feita com criatividade faz

com que o aluno aprenda a relacionar os conteúdos de sala de aula com a realidade

que o cerca e contribui para a compreensão critica da produção do espaço.

A descoberta do que nos envolve no nosso cotidiano, sem dúvida, passa por um exercício de olhar à nossa volta. Olhar e perceber o entorno nos conduz a refletir sobre ele, nos enxergando como sujeitos ativos para, dessa forma poder também transformá-lo. (MATHEUS, 2007, p.145).

Trabalhar com os alunos em ambientes diferentes da sala, aproxima-os do

mundo real, possibilitando a observação direta dos fenômenos estudados.

A aula de campo é um importante encaminhamento metodológico para analisar a área em estudo (urbana ou rural), de modo que o aluno poderá diferenciar, por exemplo, paisagem de espaço geográfico. Parte-se de uma realidade local bem delimitada para investigar a sua constituição histórica e realizar comparações com os outros lugares, próximos ou distantes. Assim, a aula de campo jamais será um passeio, porque terá importante papel pedagógico no ensino de Geografia. . (SEED – SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ, 2008, p.80/81).

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Uma aula de campo deve ser bem planejada para despertar o interesse do

aluno, pois a partir do momento que a aula vai para a rua, o conteúdo sai do papel e

passa a ficar visível no cotidiano.

Para o desenvolvimento dessa atividade inicialmente as turmas foram

divididas em equipes onde fizeram uma pesquisa sobre a história do bairro, o

interessante foi que por mais que o tema fosse o mesmo para todas as equipes os

trabalhos ficaram bem diferentes, sendo que foram elaborados painéis, folders e

produções gráficas em forma de revista, demonstrando as principais caraterísticas

do bairro, algumas equipes deram mais ênfase para a parte histórica, outras para a

parte econômica. Todos os trabalhos tinham fotos antigas e atuais do bairro. A partir

do material produzido foi organizada uma exposição no pátio do colégio mostrando

as principais características do espaço urbano do bairro e as transformações

ocorridas ao longo das últimas décadas.

Em seguida, para uma melhor percepção do espaço de vivência e da

presença da urbanização os alunos foram levados para um trabalho de campo no

entorno do Colégio e na Torre Panorâmica de Curitiba, é uma torre de

telecomunicações, corresponde o ponto mais alto de Curitiba com 109,5 metros e

permite uma visão de 360 graus da cidade. Durante a saída foi solicitada que o

aluno fotografasse o que mais lhe despertava atenção referente ao processo de

urbanização.

Retornando para sala de aula foi realizada uma analise textual das

interpretações que os alunos perceberam do processo de urbanização do bairro, em

seguida foi organizada uma exposição com as imagens fotográficas obtidas pelos

alunos. O que mais chamou a atenção nas fotos foi que a maioria dos alunos

registraram a evolução da urbanização ao longo da Rua Padre Anchieta, onde é

visível a presença de prédios elevados.

Percebeu-se que essa atividade teve uma ótima participação das turmas, pelo

motivo de sair do espaço escolar. O que mais chamou a atenção foi o entusiasmo

dos alunos em fotografar a cidade do alto da Torre, pois a maioria não conhecia o

ponto turístico da cidade, mesmo morando nas proximidades.

18

Essa atividade possibilitou a compreensão do cotidiano, pois quando o aluno

sai do espaço escolar, cria expectativas de prazer e de interações sobre o que irá

vivenciar, tornando um agente ativo na construção do conhecimento. Ao desenvolver

essa atividade procurou-se instigar nos alunos um olhar observador e critico sobre o

cotidiano.

Atividade 4: Conhecendo a cidade através de imagens dos bairros

A fotografia faz parte do nosso cotidiano, as imagens fazem parte da vida do

ser humano desde a pré-história, ainda quando o homem não sabia escrever, já se

utilizava do desenho para fazer seus registros. Em Geografia a fotografia pode nos

remeter para um olhar crítico e reflexivo.

O uso de imagens não animadas (fotografias, pôsteres, slides, cartões postais, outdoors, entre outras) como recurso didático, pode auxiliar o trabalho com a formação de conceitos geográficos, diferenciando paisagem de espaço e, dependendo da abordagem dada ao conteúdo, desenvolver os conceitos de região, território e lugar. Para isso, a imagem será ponto de partida para atividades de sua observação e descrição. (SEED – SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ, 2008, p.82).

O trabalho com imagens no ensino de Geografia é tão importante quanto o

trabalho com mapas, pois a fotografia ajuda-nos a entender o passado recente e

fornece elementos que estimulam a memória e a capacidade de observação.

A fotografia no ensino de Geografia pode ser considerada como um dos principais recursos didáticos, pois o ato de observar as imagens pode facilitar o entendimento de conceitos geográficos. Com isso a utilização da fotografia pode estimular a observação e descrição das paisagens pelos alunos, preparando-os para tirarem suas próprias conclusões e elaborarem soluções para problemas da sua realidade. (SILVA; MOURA, 2004, p.183).

Com a utilização didática de fotos em sala de aula o trabalho do professor se

torna mais dinâmico e motivador, pois a fotografia nos leva a entender o que se

19

mantem e o que se muda com o passar do tempo e com isso os alunos são

desafiados a analisar a realidade em que vivem.

Para um melhor entendimento da evolução da urbanização na cidade nas últimas

décadas foi apresentado fotos antigas do bairro e solicitado para que os alunos

respondessem as seguintes questões:

1. Observe as imagens. Já as conhece? O que sabe sobre elas? O que elas

retratam?

2. Como era a vida das pessoas, o cotidiano naquela época?

3. Que tipos de trabalho realizavam?

As fotos eram de locais próximos do colégio e lugares hoje bastante

frequentados pelas pessoas, a maioria dos alunos não reconheceram as fotos

antigas com exceção daquelas que eram do Parque Barigui. Até a foto das antigas

instalações do colégio não foi reconhecida pelos alunos. Ocorreu um bom debate

referente a vida das pessoas naquela época, o que mais chamou a atenção foi a

preocupação com a não existência de celulares e internet como meio de

comunicação.

Em seguida foi apresentado somente fotos atuais do bairro para que os

alunos fizessem os seguintes questionamentos:

1. Ocorreram muitas alterações na paisagem nas últimas décadas? Quais as mais

expressivas?

2. Observando as imagens atuais do bairro quais atividades econômicas são

predominantes?

Após a análise das fotos do bairro os alunos tiveram a oportunidade de expor

suas argumentações e conclusões para os demais colegas, sendo que a maioria

perceberam as transformações ocorridas nas últimas décadas no que diz respeito as

alterações na paisagem, a transformação de um bairro que era formado por casas

em um bairro com predomínio de prédios atualmente foi o que mais chamou a

atenção. E também notaram que o bairro é mais residencial do que comercial.

20

Em seguida, as turmas foram divididas em equipes onde cada equipe

escolheu um dos bairros da cidade já selecionados pelo professor para fazer uma

pesquisa identificando através de imagens e dados coletadas como é a ocupação, o

uso e as funções econômicas que mais se destacam.

Em sala de aula cada equipe apresentou os resultados obtidos. Percebeu-se

que foram várias as maneiras de demonstração dos resultados, todas as equipes

trouxeram para a apresentação a história, a ocupação e os dados econômicos dos

respectivos bairros. Foram apresentados trabalhos em cartazes, banner, tv pen drive

e data show.

O trabalho que chamou mais a atenção foi a da equipe que fez sua pesquisa

em forma de telejornal com alguns cidadãos de destaques do bairro, no caso Santa

Felicidade, como a dona de um grande restaurante, a diretora de um colégio, um

vereador que representa o bairro e a guarda municipal, sendo que a guarda

municipal foi até o colégio a pedido da equipe para fazer uma palestra para os

demais alunos.

Para finalizar a atividade as equipes organizaram um painel com as

semelhanças e diferenças entre os bairros, ficando exposto no pátio do colégio. A

atividade teve boa aceitação e participação dos educandos.

A avaliação durante o desenvolvimento do projeto foi de maneira contínua,

processual e acumulativa conforme a produção no decorrer das atividades.

3.1 Grupo de Trabalho em Rede - GTR

A elaboração, o desenvolvimento e as discussões no Grupo de trabalho em

Rede - GTR, faz parte das atividades solicitadas aos professores participantes do

PDE. As atividades ocorreram no segundo semestre de 2011, foram inscritos quinze

professores da Rede Pública de Ensino, sendo que o número de concluinte foram

onze.

A primeira atividade em discussão foi o Projeto: a percepção do aluno do

Colégio Estadual Senador Manoel Alencar Guimarães em relação a urbanização no

21

seu espaço de vivência: o bairro Bigorrilho, onde os alunos participantes deveriam

responder através do Fórum e do Diário qual era a relevância do projeto para a

escola pública e comentar uma atividade já desenvolvida por ele referente ao tema

do projeto.

Foram várias e diferenciadas atividades descritas pelos professores e

também ocorreu uma boa aceitação do projeto junto aos participantes, como

exposto abaixo:

Aluno 1: “Esse tema é de grande valia para trabalharmos a Geografia com nossos

alunos, pois o objetivo nós sabemos que é formar cidadãos críticos que

desenvolvam a capacidade de identificar e refletir sobre o modo de vida, como se

ocupa o espaço geográfico e de que maneira se pode buscar soluções para

melhorar a vivência como sociedade.”

Aluno 2: “O tema é de muita relevância, pois trata do espaço geográfico, objeto de

estudo da Geografia, pois através de toda dinâmica que o mesmo possui, acaba

mostrando no concreto aos alunos esse conceito que as vezes parece tão subjetivo.”

Aluno 3: “ O estudo do cotidiano e do entorno onde o aluno vive, são de extrema

importância para seu aprendizado. Partindo dessa realidade fica mais fácil para o

aluno compreender o mundo em que vive, pois vai poder estabelecer comparações

entre sua região, seu bairro e outros lugares do mundo afora, perceber as

semelhanças e as diferenças, e a partir daí, ter condições de formar uma opinião

critica sobre os diversos assuntos que afetam sua vida direta e indiretamente.

A segunda atividade em discussão foi a análise da Produção Didático-

Pedagógico onde os alunos participantes após lerem e refletirem deveriam discutir

através do Fórum e do Diário qual atividade ele considerava mais fácil de aplicar em

sua escola e quais as alterações e contribuições deveriam serem feitas.

Durante o desenvolvimento dessa atividade ocorreu uma boa participação e

discussão, onde os professores apresentaram as dificuldades enfrentadas no seu

dia a dia na escola, como por exemplo, a carga horaria do Ensino Médio com duas

aulas semanais de Geografia, a dificuldade em sair para uma aula de campo onde

alguns possuem problemas com a indisciplina dos alunos, só pode sair em sua folga

22

ou pela questão financeira que muitos alunos não tem condições de pagar o

transporte ou a entrada do local da visita.

Também ocorreram algumas sugestões, como incluir as atividades propostas

no planejamento anual enquanto metodologias a serem utilizadas ao longo do ano

letivo e aulas de campo deveriam estar previstos no calendário da escola.

Na terceira atividade do GTR os professores participantes deveriam refletir e

opinar sobre as ações do projeto de intervenção na escola. Observou-se uma boa

participação, reflexão e interesse.

Aluno 1: “Achei muito significativo seu projeto, pois focou no espaço de vivência dos

alunos do ensino médio do Colégio Estadual Senador Manoel Alencar Guimarães,

pois os mesmos nessa faixa etária, já possuem maturidade para compreender a

correlação entre o espaço-local e global, tanto do seu bairro como de sua cidade.

Principalmente no tocante ao bairro abordado “Bigorrilho”, que apresenta

características extremamente tradicionais e que vem sendo conduzidas ao processo

de modernização gradual.

Portanto, foram muito relevantes as atividades utilizadas como: comparação de fotos

antigas e atuais; questionários e até aulas de campo, permitindo a adequação e

motivação dos alunos em relação ao seu espaço de vivência.”

Aluno 2: “Considero que todas as ações e encaminhamentos metodológicos são

bastante importantes para o sucesso do projeto. São ações gradativas que

permitirão aos alunos tomar conhecimento de pontos do entorno da escola que

provavelmente até então, talvez não conheçam, e estas atividades permitirão a

estes, um contato maior com pessoas mais antigas no bairro que podem auxiliar no

diagnóstico e então, estabelecer as mudanças ocorridas no bairro com o

crescimento da urbanização.”

Aluno 3: “Estamos na reta final, foi muito gratificante poder participar do seu Projeto,

o qual teve uma forte relação da geografia teórica com a geografia prática.

Principalmente a importância dada ao trabalho de campo, o qual representa um

alicerce fundamental no processo quanto aos temas abordados em sala-de-aula

(teoria) e sua relação com a prática nas diversas áreas do conhecimento geográfico.

23

Posso afirmar que também fui tocada em relação a importância de fazer uso a essa

metodologia como “aulas de campo”, tanto para as séries finais do Ensino

Fundamental, bem como para o Ensino Médio.

4 Conclusão

O ensino da geografia vem passando por várias modificações nas ultimas

décadas, mas na maioria das vezes continua-se fazendo da geografia escolar uma

geografia acadêmica.

O professor de Geografia tem um grande desafio, de tornar a Geografia uma

disciplina interessante que tenha a ver com a vida do aluno e não apenas com

dados e informações que pareçam distantes da realidade. Faz-se necessário que o

aluno construa conceitos, opiniões e conhecimento. Ao construir seu conhecimento,

o educando estará aproveitando os conteúdos na sua formação como cidadão.

É de fundamental importância levar o aluno a conhecer além dos espaços

mundiais também seu espaço de vivência cotidiana, pois é necessário que o aluno

aprenda a observar, concretizar, interpretar e analisar criticamente a sua realidade.

O principal objetivo do projeto de intervenção que deu origem à produção

deste artigo foi o de promover a interação do aluno com seu espaço de vivência

através da percepção da evolução da urbanização do bairro.

A concepção da Geografia da Percepção é compreender e conhecer a

paisagem, reconhecendo seus elementos naturais, culturais e sociais e acima de

tudo, interpretar como ela está em permanente transformação no espaço e no

tempo.

O projeto de intervenção no colégio ocorreu a partir de quatro atividades

principais. Na primeira atividade foi necessário estimular e sensibilizar os alunos a se

envolverem com o tema proposto, despertando seu interesse através de aula

expositiva, textos, imagens, análise de um questionário e de uma música e da

construção de gráficos referente à origem da família. A segunda atividade foi um

estudo cartográfico, onde os alunos analisaram o mapa do bairro e construíram um

mapa do trajeto casa/escola. Na terceira atividade os alunos organizaram uma

pesquisa referente ao bairro e após ocorreu a observação e registro através de fotos

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do bairro. E para finalizar na quarta atividade os alunos desenvolveram uma

pesquisa de alguns bairros da cidade através de imagens.

Constatou-se que após o trabalho com a percepção do meio de vivência, no

caso a urbanização, realizadas através das atividades propostas os alunos

perceberam o desenvolvimento e as influências que o processo de urbanização

interferem no cotidiano das pessoas.

Participar deste programa foi uma oportunidade de grande valia, pois, nos

proporcionou a oportunidade de rever conceitos e atualizar a nossa metodologia,

como aplicar tanto na escola, como no ambiente virtual Moodle, onde foi possível

socializar com outros professores da rede pública do Paraná.

Considera-se que, pelo menos parcialmente, este objetivo foi alcançado, a

julgar pelo entusiasmo e comprometimento para com as ações desenvolvidas,

demonstrados pela maioria dos participantes das duas turmas durante a

implementação.

No decorrer da implementação do projeto, encontramos algumas dificuldades,

tais como, iniciar as atividades no meio do bimestre, pois, nós professores

retornamos para sala de aula em Agosto, alguns alunos já tinham obtidos notas

suficientes para serem aprovados e não se dedicaram como deveriam as atividades

e também alguns alunos estavam mais preocupados com o ENEM e vestibulares

que com as atividades desenvolvidas no dia a dia da escola.

Também tivemos dificuldades com o GTR, pois, coincidiu seu

desenvolvimento com a aplicação do projeto de intervenção na escola, onde nem

todas as atividades foram possíveis de serem desenvolvidas além dos problemas no

ambiente virtual Moodle .

Constatou-se, ao finalizar o projeto, que os alunos perceberam as

transformações que o bairro sofreu nas últimas décadas, principalmente como o

mercado imobiliário se apropriou dos espaços do bairro, adquirindo antigas

propriedades para a construção de grandes edifícios residências e a não existência

de grandes espaços com vegetação como era percebido até a década de 1990.

Concluímos que a realização do projeto contribuiu para o avanço do

conhecimento do aluno e também para o crescimento pessoal de todos os

envolvido, pois a Geografia é feita no dia a dia.

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