13 aula - Defeitos do Negócio Jurídico

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    Prof. Chrystyan Costa

    Direito Civil I

    DEFEITOS DO NEGCIO JURDICO

    1. Vcios do consentimento: aquele em que a manifestao da vontadeexpressada pelo agente no aquela que corresponde em seu interior ou seu

    ntimo. So eles: ERRO OU IGNORNCIA, DOLO, COAO, ESTADO DE PERIGO

    E LESO;

    2. Vcio social: aquele cuja vontade do agente visa prejudicar ou causar danos terceiros. So eles: fraude contra credores e simulao (sendo que esta, pelo

    novo Cdigo Civil de 2002, fora transferida para o tpico de INVALIDADE DO

    NEGCIO JURDICO).

    ERRO OU IGNORNCIA

    O Novo Cdigo Civil equiparou o erro ignorncia.1. Conceito de Erro: a forma de representao psquica desacertada, incorreta,

    contrria verdade. uma ideia falsa da realidade.

    2. Conceito de Ignorncia: a ausncia de conhecimento, a falta de noo arespeito de determinado assunto. o desconhecimento da realidade.

    Apesar dos conceitos no trazerem um sintonia perfeita, o cdigo equiparou oerro ignorncia, de modo que, as noes de erro devem ser aplicadas e

    compreendidas como ignorncia do agente.

    No erro, o agente engana-se sozinho, portanto, no h influncia de terceiros,seno recairia em DOLO;

    Vejamos os termos do artigo 138 e 139 do CCB:

    Art. 138. So anulveis os negcios jurdicos, quando as declaraes de vontadeemanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligncianormal, em face das circunstncias do negcio.

    Art. 139. O erro substancial quando:

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    I - interessa natureza do negcio, ao objeto principal da declarao, ou a algumadas qualidades a ele essenciais;

    II - concerne identidade ou qualidade essencial da pessoa a quem se refira adeclarao de vontade, desde que tenha infludo nesta de modo relevante;

    III - sendo de direito e no implicando recusa aplicao da lei, for o motivo nico ouprincipal do negcio jurdico.

    fundamental perceber que a pessoa que erra aquela denominada pelodispositivo de PESSOA DE DILIGNCIA NORMAL, ou seja, aquela que tem um

    conhecimento mnimo do que certo para efetivar qualquer ato e, no entanto

    se engana.

    Outra questo importante que no todo ERRO que pode anular o negciojurdico, mas aquele que afeta sua SUBSTNCIA, ou seja, o chamado ERROSUBSTANCIAL OU ESSENCIAL.

    Dito isto vejamos a modalidades de ERRO:

    A. ERRO SUBSTANCIAL OU ESSENCIAL: aquele que tem papel decisivo nadeterminao da vontade do declarante, de modo que, se conhecesse o

    verdadeiro estado de coisas, no teria desejado, de modo nenhum, concluir o

    negcio.

    Ex: Algum que cr estar adquirindo uma coisa, quando na verdade esta locando-a;

    Ou algum de quem, ao verificar planta de loteamento, acredita estar adquirindo o

    lote 5, quadra B, quando na realidade esta adquirindo o lote 5, quadra A;

    Ou algum que acredita estar adquirindo um cavalo que de tiro, quando na

    realidade de competio;

    Algum que faz uma doao a algum acreditando que este salvou sua vida, no

    isto no aconteceu;

    B. Segundo o artigo 139 do CCB, o erro substancial ou essencial aquele que dizrespeito ou interessa :

    b.1. Natureza do Negcio (error in negotio) Inciso I: quando o declarante

    pretende praticar certo ato, no entanto, outro praticado.

    Ex: O contrato de compra e venda e o adquirente imagina se tratar de uma doao.

    b.2.- Erro sobre o objeto principal da declarao (error in corpore) Inciso I: a coisa

    almejada pelo declarante no aquela constante no negcio jurdico.

    Ex: A obteno de um imvel em determinada avenida que o colocaria com grande

    valorizao imobiliria, mas que na verdade no ter este efeito, pois se situa em

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    avenida com nome similar da imaginada pelo declarante, mas que no esta na mesma

    localidade enquanto zona de valorizao.

    b.3Erro sobre algumas das qualidades essenciais do objeto principal da declarao

    (erro in substantia) Inciso I: supe-se a existncia de determinada qualidade sobre o

    objeto que na realidade no existe.

    Ex: a compra de um relgio dourado, quando na verdade no feito de ouro;

    b.4.Erro sobre a identidade ou qualidade essencial da pessoa Inciso II (erro in

    persona): afeta aquele a quem se refere a declarao de vontade.

    Ex: Algum que faz uma doao a outrem acreditando que este salvou sua vida,

    quando na verdade isto no aconteceu;

    b.5Erro de Direito (erro in juris) Inciso III: aquele que contraria a legislao, semque efetivamente o declarante tenha a inteno de recusar a aplicao da lei, seno

    recai em ato ilcito.

    Ex: Um indivduo que importa cigarros para revender no territrio nacional, fazendo

    uma compra de determinado tipo de cigarros que, na exceo proibido por lei.aqui

    teramos claramente uma incidncia da Ignorncia do agente equiparada ao Erro.

    C Erro Escusvel: consiste no erro justificvel, desculpvel, a partir da adoo de um

    critrio pelo cdigo civil do HOMEM MDIO (homo medius), em que se compara a

    conduta do agente com a mdia geral das pessoas conforme sua insero social e seu

    nvel de desenvolvimento mental, cultural e profissional, em face das circunstancias

    em que se encontra. Assim, podemos dizer que h o erro desculpvel quando

    comparamos uma pessoa enquanto tcnico especializado no objeto do negcio e um

    leigo no assunto.

    O tcnico no dever cair em erro, o que perfeitamente possvel ao leigo, que

    padronizado no critrio do homem mdio.

    Ex:Contrato de construo de uma casa com o p direito de 1,5 mt , sendo ocontratante um Engenheiro Civil. (no torna anulvel o negcio).

    Celebrao de um contrato de compra e venda julgando ser uma doao,

    realizada por uma pessoa rstica e analfabeta (erro escusvel). Se nas mesmas

    condies fosse feito por um advogado (erro grosseiro, inescusvel, injustificvel no

    gerando anulao do negocio jurdico)

    D Erro Acidental: o erro que se ope ao erro substancial porque se relaciona com

    elementos de menor importncia, porm no ocasionando a anulao do negcio

    jurdico;

    Acidental o erro que recai sobre motivos ou qualidades secundrias do objetoou da pessoa, no alterando a validade do negcio jurdico, pois no se poderia

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    presumir que se o declarante tivesse conhecimentos destes elementos

    desistiria de realizar o negcio.

    Ex: O fato de algum adquirir um automvel de cor branca, quando na realidade ele

    era de cor preta (error in qualitate um erro acidental, pois ocorre quando existe

    alguma diferena entre o que se recebe e o que se intenciona recebero objeto central

    o automvel)

    Em regra geral ser no caso concreto que o juiz ir analisar se o erro substancial ou acidental, cuja dvida sempre reside sobre as qualidades

    essenciais do objeto ou nas qualidades essenciais da pessoa.

    3. Artigo 141 do CCB (erro por transmisso defeituosa da vontade)Dispe o artigo 141 do CCB:A transmisso errnea da vontade por meios interpostos anulvel nos mesmos casos em que o a declarao direta.

    Se a vontade transmitida erradamente por anuncio, ou no caso de mensagemtruncada por telex, fac-smile, telegrama, o ato pode ser anulado, nas mesmas

    condies da transmisso direta da vontade de forma errada;

    4. Artigo 140 CCB: falso motivoArt. 140. O falso motivo s vicia a declarao de vontade quando expresso como

    razo determinante.

    Segundo a legislao civil, os motivos que so as ideias interiores que motivamas partes a efetivar um negcio jurdico, so considerados acidentais eirrelevantes a sua celebrao do ponto de vista do direto, at porque nemsempre sero esboadas um a um, bastando a inteno real de celebrar onegcio. Os motivos que movimentam a manifestao da vontade que elemento essencial do negcio jurdico;

    Somente quando o motivo que leva a declarao de vontade expresso pelodeclarante no negcio, ele se torna sua RAZO DETERMINANTE, tornando-se

    ELEMENTO ESSENCIAL e, uma vez falso vicia o negcio levando a sua anulao.

    Ex: Os testamentos em que o testado deixa bens de seu patrimnio a pessoa queacredita ser seu herdeiro, por uma relao expressa de parentesco (diz ser seu filho,sobrinho e etc..), que sendo falsa poder levar a anulao do negcio, no sendotransmitida a herana ao suposto herdeiro.

    5. Artigo 142 do CCBO erro de indicao da pessoa ou da coisa, a que se referir a declarao de

    vontade, no viciar o negcio quando, por seu contexto e pelas circunstncias,se puder identificar a coisa ou pessoa cogitada.

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    Trata-se de um erro acidental ou incidental, portanto sanvel, por ser incapazde efetivamente viciar o ato;

    So meros enganos facilmente corrigveis pelo contexto e situaes;Ex: Um testador refere-se ao filho Antonio. Quando, na realidade, no tem filho

    com esse nome, mas apenas filho com nome de Jos.

    6. ERRO DE CLCULO (Artigo 143 CCb)O erro de clculo apenas autoriza a retificao da declarao de vontade.

    Apenas autoriza a retificao da declarao de vontade; O erro acidental, no trazendo prejuzos;7. Artigo 144 CCBNo prejudica a validade do negcio jurdico, quando a pessoa, a quem a

    manifestao de vontade se dirige, se ofereceu para execut-la na vontade real

    do manifestante.

    Ex: Algum que ao verificar a planta de loteamento, acredita estar adquirindo o lote

    05, quadra B, quando na realidade esta adquirindo o lote 5, quadra A. a vontade de

    comprar dirigida pelo declarante (comprador) ao declaratrio (vendedor). Se o

    declaratrio resolver acatar a vontade do declarante que se enganou dando-lhe no

    negcio, o lote 05, Quadra-B, no h prejuzo ao declarante, no sendo anulvel o

    negcio jurdico por erro.

    8. Erro e Vcios Redibitrios A Teoria dos vcios redibitrios aplicao da teoria geral do erro; Vcio redibitrio o defeito oculto de que portadora a coisa objeto do

    contrato comutativo, que a torna imprpria ao uso a que se destina ou

    prejudicar-lhe o valor (art. 441 CCB);

    O Erro apontado como fundamento do objeto, pois se o agente soubesse dovcio no teria realizado o contrato, posto que no estava oculto, apenas houveum engano;

    8.1. Observaes:a. O vcio redibitrio objetivo sobre a coisa que contem um defeito oculto;b. Seu fundamento a obrigao que a lei impe a todo o alienante de garantir ao

    adquirente o uso da coisa;

    c. Provado o defeito no facilmente detectvel, o prejudicado se valer daschamadas aes edilcias redibitria (para rescindir o contrato) e a quanti

    minoris ou estimatria (para buscar reduzir ou abater o preo);d. O prazo decadencial de 30 dias, se bem mvel e, 01 ano se bem imvel;

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    e. O Erro, afeta tambm as qualidades essenciais da coisa, mas atua namanifestao ou declarao de vontade do agente e, o suposto vcio no

    oculto;

    f. D ensejo a ao anulatria do negcio jurdico;g. O prazo para ao anulatria decadencial de 04 anos; (artigo 178 CCB) Os Tribunais tem negado a redibio quando o defeito visvel ou facilmente

    perceptvel havendo negligncia do agente com relao ao padro de diligncia

    normal disposto no artigo 138 do CCB.

    DOLO

    I Conceito: consiste no artifcio, artimanha, engodo, encenao, desejo malignotendente a viciar a vontade do destinatrio, a desvi-la da direo correta.

    A prtica do dolo ato ilcito na forma do artigo 186 do CCB; O elemento bsico do negcio a VONTADE, e, para que esteja apta a

    preencher o conceito de negcio jurdico, necessita brotar isenta de qualquer

    induzimento malicioso que pode ser o dolo, uma das causas viciadoras do

    negcio.

    Dispe os termos do artigo 145 e 148 do Cdigo Civil:

    Art. 145. So os negcios jurdicos anulveis por dolo, quando este for a sua causa.

    Art. 148. Pode tambm ser anulado o negcio jurdico por dolo de terceiro, se a partea quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso contrrio,ainda que subsista o negcio jurdico, o terceiro responder por todas as perdas edanos da parte a quem ludibriou.

    II Requisitos:

    Washington de Barros Monteiro e Serpa Lopes baseados em EduardoEspnola, enumeram como requisitos do dolo os seguintes:

    a. A inteno de induzir o declarante a praticar o ato jurdico;b. Utilizao de recursos fraudulentos graves;c. Que esses artifcios sejam a causa determinante da declarao de vontade;d. Que procedam do outro contratante, ou seja por este conhecido como

    procedente de terceiros;

    O dolo deve ser essencial, ou seja, a mola propulsora da vontade do declarante,estando, na base do negcio jurdico, caso contrrio ser tido por ACIDENTAL,

    no tendo substncia para viciar o negcio.

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    O dolo segundo a doutrina deve ser avaliado EM CADA CASO CONCRETO;Ex: Utilizar-se de tabela de valores imobilirios irreais para induzir o

    proprietrio de um bem imvel a venda seu terreno para uma construtora a

    preo menor. (recurso fraudulento, grave manipulado por um corretor deimveis)

    III Prazo para promover a ao anulatria:

    Conforme artigo 178, II do CCB, o prazo para promover a ao anulatria donegcio jurdico por dolo decadencial de 04(quatro) anos, contados do dia

    em que se realizou o negcio.

    IV Modalidades de dolo

    1. Dolo essencial e dolo acidentala. Dolo essencial ou principal: aquele em que h vcio do

    consentimento, tornando o ato anulvel, havendo sempre o propsito

    de enganar algum, este dolo afeta a base do negcio jurdico.

    Ex: um dos scios de uma sociedade induz maliciosamente algum a comprar aes

    da mesma, demonstrando sua rentabilidade, quando na verdade, a mesma esta em

    vista de abrir falncia.

    b. Dolo acidental: definido pelo artigo 146 do CCB, somente obrigando asatisfao de perdas e danos, pois temos apenas um ato ilcito que gera

    uma responsabilidade ao culpado (artigo 186 CCB), por tornar o negcio

    mais oneroso, quando existiam outras possibilidades de realiz-lo de

    maneira mais simplificada. Quando se criar custos desnecessrios para

    obter ganhos.

    Ex: incluso indevida de taxas extras para celebrao de um contrato delocao.

    2. Dolus Bonus e Dolus Malusa. Dolus Bonus: o dolo tolervel no comrcio em geral. uma forma de dolo

    esperado.

    Ex: a atitude dos comerciantes que elogiam exageradamente sua mercadoria, em

    detrimento da dos concorrentes.uso de expresses o melhor produto ou o maiseconmico

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    b. Dolus Malus: aquele exercido com a real inteno de causar prejuzo, assimviciando o negcio jurdico.

    3. Dolo positivo e dolo negativoa. Dolo positivo ou comissivo: aquele de decorre de uma ao do agente que

    quer enganar outrem na celebrao do negcio.

    Ex: o dolo daquele que faz imprimir cotao falsa da Bolsa de Valores para induzir

    outrem a adquirir certas aes

    O dolo do fabricante do objeto com aspecto de antiguidade para vend-lo como

    tal.

    b. Dolo Negativo ou omissivo: consiste ausncia maliciosa de ao para incutir afalsa ideia ao declaratrio. Aqui a doutrina afirma sua ocorrncia quando existeo DEVER DE INFORMAR, seja por lei ou pela natureza do negcio.

    Nesse particular o artigo 147 do CCB:Art. 147. Nos negcios jurdicos bilaterais, o silncio intencional de uma das partes a

    respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omisso

    dolosa, provando-se que sem ela o negcio no se teria celebrado.

    Ex: O vendedor que cala diante do engano do comprador quanto as qualidades quetem maior conhecimento. compra de um jato dgua forte pensando que poderia

    remover qualquer coisa, inclusive ferrugens, quando apenas serve para limpar

    caladas.

    A omisso dolosa deve ser provada e deve constituir como dolo essencial paraanular o negcio.

    So requisitos do dolo negativo:a. Inteno de levar o outro contratante a se desviar de causar real vontade,

    de induzi-lo em erro;b. Silncio sobre circunstncia desconhecida pela outra parte;c. Relao de essencialidade entre a omisso dolosa intencional e a

    declarao de vontade;

    d. Ser omisso do prprio contraente, mas no do terceiro (p. ex. vendedor e odono da loja).

    4. Dolo de terceiro quando um terceiro influencia na vontade do declarante e a outra parte

    sabendo da situao equivocada dela se aproveita.

    Ex1: Um agente que pretende adquirir uma joia imaginando-a de ouro, quando na

    verdade no o . O fato de no ser de outro no ventilado pelo vendedor e to

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    pouco pelo prprio comprador. Um terceiro, que nada tem haver com o negcio, d

    sua opinio encarecendo que o objeto de ouro, fazendo com que o comprador leve a

    joia. temos um dolo de terceiro, uma vez que o vendedor sabendo da irrealidade

    aceitou para se beneficiar, quando tinha o dever de informar.

    Deve-se observar que, se a parte quem aproveitou o negcio no sabe dodolo de terceiro, no h anulao do negcio jurdico, podendo a vtima

    requerer perdas e danos do autor do dolo(artigo 148, segunda parte do CCB

    c/c artigo 186 CCB)

    Ex: O terceiro que afirma ser o relgio de ouro era o dono da loja e que fez a compra

    do fornecedor, corroborando sua autenticidade no momento da venda pelo vendedor,

    que inocente tambm acreditou na informao. as perdas e danos requerida em

    face do dono da loja e no do vendedor.

    5. Dolo do Representante:Dispe os termos do artigo 149 do CCB:

    Art. 149. O dolo do representante legal de uma das partes s obriga o representado aresponder civilmente at a importncia do proveito que teve; se, porm, o dolo fordo representante convencional, o representado responder solidariamente com elepor perdas e danos.

    O dolo do representante convencional o representado respondersolidariamente com ele pelas perdas e dados na forma do artigo 149 do CCB,

    em face de sua M ESCOLHA, ou seja, responde por culpa in elegendo (de

    escolha);

    6. Dolo das Partes:Dispe o artigo 140 do CCB:

    Art. 150. Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode aleg-lo para

    anular o negcio, ou reclamar indenizao.

    Aqui no h nada que ser reclamado por quaisquer das partes, pois como cadauma teve a inteno de prejudicar a outra, h uma compensao entre elas,

    porque ningum pode locupletar-se com a prpria torpeza (Aplicao do

    principio do NEMO PROPRIAM TURPITUDINEM ALLEGANS).

    O ato no anulvel e nem gera indenizao. Quando o dolo bilateral no hboa-f a se defender.

    Ex: resolvem as partes fazer um negcio visando a transferncia de bens. O primeirotransfere uma casa (sem afirmar que a mesma esta cedendo em sua estrutura j

    condenada por laudo tcnico) e o segundo transfere um apartamento (repleto de

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    infiltraes e com rachaduras camufladas por pinturas j condenado por laudo

    tcnico). Ambos ocultam e negociam.

    COAO

    I Conceito:

    A coao, no em si, um vcio de vontade, mas sim o temor que ela inspira,

    tornando defeituosa a manifestao de querer do agente. (Francisco Amaral).

    um estado de esprito, em que o agente, perdendo a energia moral e a

    espontaneidade do querer, realiza o ato, que lhe exigido. (Clvis Bevilqua)

    II - Requisitos da Coao:

    a. Essencialidade da coao sobre a vontade do agente; (a coao deve ser daessncia do negcio, motivo determinante do ato pela vtima, deve guardar

    nexo entre a ameaa e a declarao da vontade).

    b. Inteno de coagir; ( o nimo de obter a fora o consentimento para onegcio).

    c. Gravidade do mal cominado; (a vtima tem a possibilidade de escolher emceder a ameaa ou resisti-la, por isso a gravidade deve ser de tal amplitude

    que no pode permitir esta liberdade, segundo os Tribunais).

    d. Ilicitude, no qualquer coao ilcita que enseja a anulao de negcio, poisna forma do artigo 153 do CCB no se considera coao a ameaa do

    exerccio normal de um direito Ex: o credor que ameaa pedir falncia do

    devedor.

    e. Dano atual ou iminente; (a ameaa deve ser atual e palpvel, no pode resistira vtima, pois se ele for futura e passvel de interveno das autoridades, no

    se fala em coao.)

    f. Tal prejuzo deve recair sobre pessoa ou bens do paciente, ou de pessoas de suafamlia; (aqui se aplica a pessoa da famlia com vnculo de sangue e as

    pessoas afetas a vtima, como um amigo ntimo, sua concubina, ou qualquer

    outra pessoa que, pela forma do afeto, faa com que a vtima se subordine a

    coao da outra parte e pratique o negcio jurdico. Contudo, com relao as

    pessoas sem vnculo familiar, conforme o pargrafo nico do artigo 151 do

    CCB, o juiz dever avaliar as circunstncias)

    Dispe os termos do artigo 151 do CCB:

    Art. 151. A coao, para viciar a declarao da vontade, h de ser tal que incuta ao

    paciente fundado temor de dano iminente e considervel sua pessoa, sua famlia,ou aos seus bens.

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    Pargrafo nico. Se disser respeito a pessoa no pertencente famlia do paciente, ojuiz, com base nas circunstncias, decidir se houve coao.

    Pelo artigo 178, I, do CCB, temos o prazo decadencial de 04 anos parapromover a anulao do negcio jurdico por coao, contado do dia em que

    ela cessar.

    III O Termo Reverencial

    Dispe o artigo 153 do CCB:

    Art. 153. No se considera coao a ameaa do exerccio normal de um direito, nemo simples temor reverencial.

    Temor reverencial o receio de se desgostar o pai, a me ou outras pessoas, aquem se deve obedincia e respeito, no importando em coao, quando oagente se curva a praticar ou deixar de praticar ao por medo de desgostar a

    outrem.

    Ex: filho e relao ao pai

    O militar ou o funcionrio pblico em relao ao seu superior hierrquico;

    IV Coao por Parte de Terceiro

    Dispe os termos do artigo 154 do CCB:

    Art. 154. Vicia o negcio jurdico a coao exercida por terceiro, se dela tivesse oudevesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta responder solidariamentecom aquele por perdas e danos.

    Art. 155. Subsistir o negcio jurdico, se a coao decorrer de terceiro, sem que aparte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor dacoao responder por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto.

    Se a outra parte no negcio sabia da coao feita por terceiro, para a realizaodo negcio jurdico, junto com o terceiro responde solidariamente por perdas e

    danos, alm da anulao do negcio;

    Se a parte que aproveitou o negcio, nada sabia acerca da coao do terceiro, onegcio no ser anulado e a vtima poder requerer do terceiro perda e

    danos.

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    ESTADO DE PERIGO

    I Conceito: ocorre quando algum diante da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de

    sua famlia, de grave dano conhecido pela outra parte, assume uma obrigao

    excessivamente onerosa. (artigo 156 CCB);

    Quando se tratar de pessoa que no seja da famlia do declarante da vontade, ojuiz decidir conforme as circunstancia, sempre avaliando a questo do afeto.

    (pargrafo nico do artigo 156 CCB)

    II Requisitos:

    a. Uma situao de necessidade;b. A iminncia de dano atual e grave;c. Nexo de causalidade entre a manifestao de vontade e o perigo de grave

    dano;

    d. Ameaa de dano ao prprio declarante ou pessoa de sua famlia;e. Conhecimento do perigo pela outra parte e a assuno de obrigao

    excessivamente onerosa.

    Apesar da semelhana com alguns requisitos da coao, o estado de perigocom ela no se confunde, dado especialmente seu elemento objeto, qual seja o

    perigo pblico e conhecimento pela vtima e pela outra parte;

    A grande peculiaridade sua excessiva onerao, assim com ensina CarlosRoberto Gonalves:

    O objetivo da regra do artigo 156 afastar a proteo a um contrato abusivo

    entabulando em condies de dificuldade ou necessidade do declarante. O

    fundamento o enorme sacrifcio econmico que teria o devedor para cumprir a

    prestao assumida, colocando em risco, algumas vezes, todo o seu patrimnio,

    em consequncia do desmedida desequilbrio das prestaes.

    No estado de perigo ao contrrio do que ocorre na coao, o beneficirio no responsvel pelo estado em que ficou ou se colocou a vtima, pois o perigo nofoi causado pelo beneficirio, embora tenha tomado conhecimento da

    situao;

    O que ocorre por parte do beneficirio um ABUSO DA SITUAO, que essencial para que o vcio ocorra;

    Dispe o artigo 157 do CCB:

    Art. 157. 2o No se decretar a anulao do negcio, se for oferecido suplementosuficiente, ou se a parte favorecida concordar com a reduo do proveito.

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    III Prazo: o prazo decadencial para anulao do negcio jurdico com base no estado

    de perigo de 04 anos, contados do dia em que se realizou o negcio (artigo 178, II,

    do CCB).

    Ex: A pessoa que esta se afogando, desesperada, promete toda a sua fortuna para se

    salvar ou para salvar algum que esteja na situao e que seja de sua famlia.

    LESO

    I Conceito: ocorre quando algum obtm um lucro exagerado, desproporcional,

    aproveitando-se da inexperincia ou da situao de necessidade do outro contratante.

    Dispe o artigo 157 do CCB:

    Art. 157. Ocorre a leso quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou porinexperincia, se obriga a prestao manifestamente desproporcional ao valor daprestao oposta.

    1o Aprecia-se a desproporo das prestaes segundo os valores vigentes ao tempoem que foi celebrado o negcio jurdico.

    2o No se decretar a anulao do negcio, se for oferecido suplemento suficiente,ou se a parte favorecida concordar com a reduo do proveito.

    II Elementos:

    a. Subjetivo: se caracteriza pela inexperincia ou premente necessidade deuma das partes.

    No referido vcio, o legislador de 2002, no se preocupa diretamente em punira inteno maliciosa da parte que teve benefcios com o negcio, pois pouco

    importa se tinha conhecimento da inexperincia ou premente necessidade do

    declarante. O beneficirio pode at no saber;

    No h induo do beneficirio em face da outra parte, que age querendo onegcio, mas aceita condies excessivamente onerosas pelas circunstncias

    em que se encontra.

    b. Objetivo: a manifesta e clara desproporo entre as prestaes recprocas quegeram lucros exagerados a uma das partes.

    No se confunde a Leso com o Estado de Perigo, pois a primeira ocorre semque exista a necessidade da vtima salvar-se ou salvar pessoa da famlia , o

    que ela possui inexperincia para o negcio ou premente necessidade (Ex:

    estar com muitas dvidas);

    O pargrafo 2 do artigo 157 do CCB permite 02 opes por parte do lesado:

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    1. Requerer a anulao do negcio jurdico; ou2. Aceitar a reviso do contrato com a reduo das prestaes em seu

    proveito.

    III Prazo para anulao do negcio: decadencial de 04 anos, na forma do artigo 178,

    II, do CCB, a contar do dia em que se realizou o negcio.

    FRAUDE CONTRA CREDORES

    I Conceito: qualquer ato praticado pelo devedor j insolvente ou por esse ato

    levado a insolvncia com prejuzo aos seus credores.

    II Requisitos:

    a. Anterioridade do crdito alvo da pratica fraudulenta (artigo 158, pargrafo 2do CCB);

    b. Consilium fraudis ou conluio fraudulento (elemento subjetivo da fraude):consiste no conhecimento pelo terceiro adquirente dos bens, quanto ao estado

    de insolvncia do devedor em decorrncia do ato. Aqui basta a prova da

    cincia da situao de insolvncia do devedor pelo terceiro adquirente. Em

    regra quem contrata com o insolvente no conhece seus credores, da porque

    no se cobra a prova da inteno do terceiro em prejudicar os credores do

    devedor.

    c. Eventus Damniou prejuzo decorrente da insolvncia (elemento objetivo dafraude): ocorre sempre que o ato for a causa do dano aos credores, seja por

    causar, seja por agravar o estado de insolvncia do devedor.

    Dispe o artigo 158 do CCB:

    Art. 158. Os negcios de transmisso gratuita de bens ou remisso de dvida, se os

    praticar o devedor j insolvente, ou por eles reduzido insolvncia, ainda quando oignore, podero ser anulados pelos credores quirografrios, como lesivos dos seusdireitos.

    1o Igual direito assiste aos credores cuja garantia se tornar insuficiente.

    2o S os credores que j o eram ao tempo daqueles atos podem pleitear a anulaodeles.

    III Observaes:

    A fraude em relao ao devedor presumida;

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    Uma vez demonstrado pelo credor que o estado de insolvncia ou de futurainsolvncia do devedor era notrio, o nus da prova passa ao adquirente parademonstrar que efetivamente no sabia;

    A doutrina e a Jurisprudncia afirmam que a notoriedade vista conforme ocaso concreto e, que se devem pautar em alguns requisitos:

    a. Amizade ntima entre o devedor e o terceiro adquirente;b. Seu parentesco prximo;c. Protesto cambial;d. Elevado nmero de aes de cobrana;e. Emprstimos excessivos junto a instituies bancrias;

    Contudo, ser o critrio do juiz, quem ir decidir quando havia ou no anotoriedade, e quando havia motivo para o outro contratante conhecer da insolvncia

    do devedor, se o fato no for notrio.

    IV AO PAULIANA OU REVOCATRIA

    Os credores que movem a ao o fazem em seu nome atacando o atofraudulento como um direito seu;

    Atravs da Ao Pauliana temos a anulabilidade do negcio jurdicofraudulento;

    Legitimidade Ativa: O Credor (ou seus sucessores) que j estiverem nacondio de credor quando o negcio fraudulento ocorreu. So eles peloartigo 158 CCB:

    a. Quirografrios: o credor que no possui direito real de garantia, seuscrditos esto representados por ttulos advindos das relaesobrigacionais.

    Ex: os cheques, as duplicatas, as promissrias.

    b. Com garantia real: o que possui sobre os bens do devedor um direito realcomo hipoteca, penhor e anticrese.

    Os credores que efetivaram negcio com o devedor aps a alienao de bens,no tem legitimidade para alegar fraude contra credores, porque j oencontraram em insolvncia.

    Legitimidade Passiva: O devedor (ou seus sucessores) e o terceiro adquirente(ou seus sucessores) relacionados ao negcio fraudulento;

    V Hipteses legais em que podemos verificar a incidncia da fraude contra credorese anulao do ato

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    a. Atos de transmisso gratuita de bens. Ex: doaes;b. Atos de remisso ou perdo de dvidas que o devedor tem a receber,

    colocando-o ou agravando seu estado de insolvncia;

    Quando o ato ttulo gratuito ou por exerccio de liberalidade do devedor,a FRAUDE PRESUMIDA SEJA PELO DEVEDOR, SEJA PELO ADQUIRENTE(DONATRIO).

    c. Pagamento de dvida no vencida a credor quirografrio pelo devedor j emestado de insolvncia (vide artigo 162 CPC). O ato anulado porque precisogarantir isonomia entre todos os credores, devendo aquele que se beneficiourepor em proveito de todos o que recebeu para diviso. Se a dvida j estivervencida o ato vlido;

    d. Concesso de bens para garantia de dvidas a certo credor, estando o devedorj em estado de insolvncia (vide artigo 163 CPC). O ato anulvel por colocardeterminado credor em situao mais vantajosa em relao aos demais,portanto, anula-se a garantia e no a condio de credor antes privilegiado;

    Art. 160. Se o adquirente dos bens do devedor insolvente ainda no tiverpago o preo e este for, aproximadamente, o corrente, desobrigar-se-depositando-o em juzo, com a citao de todos os interessados.

    O adquirente pode evitar a fraude contra credores, se depositar em Juzo, ovalor do preo ainda no pago ao devedor.

    IV- Prazo para Ao Pauliana

    04 anos, do dia em que se realizou o negcio jurdico (artigo 178, II, CCB).