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1 APOSTILA DE ATUALIDADES – 2013 – PROF. MARCIO DELGADO Atualizações da apostila e listas de exercícios >> http://atualidadesconcursos.blogspot.com/ O BRASIL E O MUNDO GLOBALIZADO O que é Globalização – Definição Podemos dizer que é um processo econômico e social que estabelece uma integração entre os países e as pessoas do mundo todo. Através deste processo, as pessoas, os governos e as empresas trocam idéias, realizam transações financeiras e comerciais e espalham aspectos culturais pelos quatro cantos do planeta. O conceito de Aldeia Global se encaixa neste contexto, pois está relacionado com a criação de uma rede de conexões, que deixam as distâncias cada vez mais curtas, facilitando as relações culturais e econômicas de forma rápida e eficiente. O que a globalização apresenta para uma sociedade não são somente produtos, mas sim idéias quanto ao mercado, à democracia, à educação, à família, à sexualidade, ao trabalho, lazer, etc. Esferas da Globalização Econômica Globalização Comercial A globalização comercial consiste na integração dos mercados nacionais por meio da diminuição das barreiras comerciais e, conseqüentemente, do aumento do comércio internacional. Se o crescimento do comércio mundial der-se a uma taxa de crescimento média anual mais elevada do que a do PIB mundial podemos afirmar que há globalização comercial: maior internacionalização da produção via comércio de bens e serviços e maior grau de abertura das economias Globalização Financeira Modificou o papel do Estado na medida em que alterou radicalmente a ação governamental, que agora é dirigida quase exclusivamente para tornar possível às economias nacionais desenvolverem e sustentarem condições estruturais de competitividade em escala global. Faz-se através da intercomunicação dos mercados de capitais acelerando a velocidade na alocação do capital (smart money). Se por um lado, a mobilidade dos fluxos financeiros através das fronteiras nacionais pode ser vista como uma forma eficiente de destinar recursos internacionais e para países emergentes, por outro, a possibilidade de usar os capitais de curto prazo para ataques especulativos contra moedas são considerados como uma nova forma de ameaça à estabilidade econômica dos países. Globalização Produtiva Fenômeno mundial associado a uma revolução nos métodos de produção que resultou numa mudança significativa nas vantagens comparativas das nações. As fases de produção de uma determinada mercadoria podem ser realizadas em qualquer país, pois busca-se aquele que oferecer maiores vantagens econômicas. Isto tem levado a uma acirrada competição entre países - em particular aqueles em desenvolvimento - por investimentos externos. Multinacionais – são empresas que mantêm filiais em vários países do mundo, comandadas a partir de uma sede situada no país de origem. Transnacionais – são empresas cujas filiais não seguem as diretrizes da matriz, pois possuem interesses próprios e às vezes conflitantes com os do país no qual se originaram. Globalização Tecnológica A revolução tecnológica levou à chamada economia digital e à idéia de que o saber é o principal recurso de uma nação – teríamos entrado na chamada “era da informação”. O surgimento da Internet leva a uma mudança radical na produção e na comercialização de bens e serviços, tendo efeitos tanto sobre a relação de uma empresa com seus fornecedores quanto com seus consumidores. As empresas transnacionais se aproveitam desse contexto e se fortalecem, planejando suas ações com o objetivo de vender para o mercado global. A globalização tecnológica não atinge toda a superfície terrestre, embora altere a dinâmica econômica e social da maior parte dos países. Se a produção de chips e de computadores, o controle dos serviços e equipamentos de telecomunicações e a fabricação de remédios estão nas mãos de algumas poucas grandes empresas multinacionais, também o consumo desses produtos e serviços encontra-se concentrado nos países desenvolvidos. Origens da Globalização e suas características A segunda metade do século XIX e a primeira metade do século XX podem ser consideradas uma etapa da história da humanidade de uma dinâmica de transformações significativas: o término das revoluções burguesas, início das revoluções socialistas (Rússia em 1917); o surgimento das potências emergentes como os EUA, o Japão e a Rússia, em concorrência com os impérios europeus, principalmente com o Império britânico; os avanços tecnológicos que aumentam a produção, a produtividade e a diversidade industrial, acelerando o consumismo com um aumento na exploração dos recursos naturais seguido de uma enorme degradação ambiental; com a formação de mercados consumidores no Terceiro Mundo; expansão e posterior esgotamento da fase neocolonial, modificando de forma drástica a forma de produção e, por conseqüência, a realidade sociocultural dos povos africanos, americanos e da Ásia. Pós-Segunda Guerra Mundial Conferência de Bretton Woods (1944) Reunião cujo objetivo principal era restabelecer uma ordem monetária internacional de acordo com a nova realidade nas relações de poder do pós-Segunda Guerra Mundial. Havia a necessidade de se definir as novas regras para regular as relações econômicas e comerciais entre os países. Um dos efeitos práticos do “sistema Bretton Woods” foi a estipulação do dólar americano com moeda internacional. Pode-se dizer que esta conferência foi o "pontapé inicial" para que fossem surgindo novas organizações mundiais para atenderem aos interesses da superpotência norte-americana. Banco Mundial (1944) No início, tinha como missão financiar a reconstrução dos países devastados na 2º Guerra Mundial e fortalecer o capitalismo. Hoje, sua missão é o financiamentos e empréstimos aos países em desenvolvimento. Seu funcionamento é garantido por quotizações definidas e reguladas pelos países membros. Atualmente é composto por 184 países membros com sede em Washington. O Banco Mundial é dividido em quatro organizações para atuação de acordo com objetivos específicos, mas que no fundo se complementam. Dentre elas, o BIRD - Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento é o mais ligado ao Brasil, pois atua diretamente com os governos dos países em desenvolvimento com bons antecedentes de crédito, facilitando para que adquiram credibilidade no Mercado Internacional e fazendo a intermediação entre o Mercado Financeiro Internacional. Fundo Monetário Internacional (FMI - 1945) Assume a responsabilidade de acompanhar, fiscalizar e exigir o cumprimento das medidas impostas pelo BIRD. Busca evitar que desequilíbrios nos balanços de pagamentos e nos sistemas cambiais dos países membros possam prejudicar a expansão do comércio e dos fluxos de capitais internacionais. O Fundo favorece a progressiva eliminação das restrições cambiais nos países membros e concede recursos temporariamente para evitar ou remediar

139837795 Apostila Atualidades 2013 Marcio Delgado

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    APOSTILA DE ATUALIDADES 2013 PROF. MARCIO DELGADO Atualizaes da apostila e listas de exerccios >> http://atualidadesconcursos.blogspot.com/

    O BRASIL E O MUNDO GLOBALIZADO O que Globalizao Definio Podemos dizer que um processo econmico e social que estabelece uma integrao entre os pases e as pessoas do mundo todo. Atravs deste processo, as pessoas, os governos e as empresas trocam idias, realizam transaes financeiras e comerciais e espalham aspectos culturais pelos quatro cantos do planeta. O conceito de Aldeia Global se encaixa neste contexto, pois est relacionado com a criao de uma rede de conexes, que deixam as distncias cada vez mais curtas, facilitando as relaes culturais e econmicas de forma rpida e eficiente. O que a globalizao apresenta para uma sociedade no so somente produtos, mas sim idias quanto ao mercado, democracia, educao, famlia, sexualidade, ao trabalho, lazer, etc. Esferas da Globalizao Econmica Globalizao Comercial A globalizao comercial consiste na integrao dos mercados nacionais por meio da diminuio das barreiras comerciais e, conseqentemente, do aumento do comrcio internacional. Se o crescimento do comrcio mundial der-se a uma taxa de crescimento mdia anual mais elevada do que a do PIB mundial podemos afirmar que h globalizao comercial: maior internacionalizao da produo via comrcio de bens e servios e maior grau de abertura das economias Globalizao Financeira Modificou o papel do Estado na medida em que alterou radicalmente a ao governamental, que agora dirigida quase exclusivamente para tornar possvel s economias nacionais desenvolverem e sustentarem condies estruturais de competitividade em escala global. Faz-se atravs da intercomunicao dos mercados de capitais acelerando a velocidade na alocao do capital (smart money). Se por um lado, a mobilidade dos fluxos financeiros atravs das fronteiras nacionais pode ser vista como uma forma eficiente de destinar recursos internacionais e para pases emergentes, por outro, a possibilidade de usar os capitais de curto prazo para ataques especulativos contra moedas so considerados como uma nova forma de ameaa estabilidade econmica dos pases. Globalizao Produtiva Fenmeno mundial associado a uma revoluo nos mtodos de produo que resultou numa mudana significativa nas vantagens comparativas das naes. As fases de produo de uma determinada mercadoria podem ser realizadas em qualquer pas, pois busca-se aquele que oferecer maiores vantagens econmicas. Isto tem levado a uma acirrada competio entre pases - em particular aqueles em desenvolvimento - por investimentos externos.

    Multinacionais so empresas que mantm filiais em vrios pases do mundo, comandadas a partir de uma sede situada no pas de origem.

    Transnacionais so empresas cujas filiais no seguem as diretrizes da matriz, pois possuem interesses prprios e s vezes conflitantes com os do pas no qual se originaram. Globalizao Tecnolgica A revoluo tecnolgica levou chamada economia digital e idia de que o saber o principal recurso de uma nao teramos entrado na chamada era da informao. O surgimento da Internet leva a uma mudana radical na produo e na comercializao de bens e servios, tendo efeitos tanto sobre a relao de uma empresa com seus fornecedores quanto com seus consumidores. As empresas transnacionais se aproveitam desse contexto e se fortalecem, planejando suas aes com o objetivo de vender para o mercado global. A globalizao tecnolgica no atinge toda a superfcie terrestre, embora altere a dinmica econmica e social da maior parte dos pases. Se a produo de chips e de computadores, o controle dos servios e equipamentos de telecomunicaes e a fabricao de remdios esto nas mos de algumas poucas grandes empresas multinacionais, tambm o consumo desses produtos e servios encontra-se concentrado nos pases desenvolvidos.

    Origens da Globalizao e suas caractersticas A segunda metade do sculo XIX e a primeira metade do sculo XX podem ser consideradas uma etapa da histria da humanidade de uma dinmica de transformaes significativas: o trmino das revolues burguesas, incio das revolues socialistas (Rssia em 1917); o surgimento das potncias emergentes como os EUA, o Japo e a Rssia, em concorrncia com os imprios europeus, principalmente com o Imprio britnico; os avanos tecnolgicos que aumentam a produo, a produtividade e a diversidade industrial, acelerando o consumismo com um aumento na explorao dos recursos naturais seguido de uma enorme degradao ambiental; com a formao de mercados consumidores no Terceiro Mundo; expanso e posterior esgotamento da fase neocolonial, modificando de forma drstica a forma de produo e, por conseqncia, a realidade sociocultural dos povos africanos, americanos e da sia. Ps-Segunda Guerra Mundial Conferncia de Bretton Woods (1944) Reunio cujo objetivo principal era restabelecer uma ordem monetria internacional de acordo com a nova realidade nas relaes de poder do ps-Segunda Guerra Mundial. Havia a necessidade de se definir as novas regras para regular as relaes econmicas e comerciais entre os pases. Um dos efeitos prticos do sistema Bretton Woods foi a estipulao do dlar americano com moeda internacional. Pode-se dizer que esta conferncia foi o "pontap inicial" para que fossem surgindo novas organizaes mundiais para atenderem aos interesses da superpotncia norte-americana. Banco Mundial (1944)

    No incio, tinha como misso financiar a reconstruo dos pases devastados na 2 Guerra Mundial e fortalecer o capitalismo. Hoje, sua misso o financiamentos e emprstimos aos pases em desenvolvimento. Seu funcionamento garantido por quotizaes definidas e reguladas pelos pases

    membros. Atualmente composto por 184 pases membros com sede em Washington. O Banco Mundial dividido em quatro organizaes para atuao de acordo com objetivos especficos, mas que no fundo se complementam. Dentre elas, o BIRD - Banco Internacional para Reconstruo e Desenvolvimento o mais ligado ao Brasil, pois atua diretamente com os governos dos pases em desenvolvimento com bons antecedentes de crdito, facilitando para que adquiram credibilidade no Mercado Internacional e fazendo a intermediao entre o Mercado Financeiro Internacional.

    Fundo Monetrio Internacional (FMI - 1945) Assume a responsabilidade de acompanhar, fiscalizar e exigir o cumprimento das medidas impostas pelo BIRD. Busca evitar que desequilbrios nos balanos de pagamentos e nos sistemas cambiais dos pases membros possam prejudicar a expanso do comrcio e dos fluxos de capitais internacionais. O Fundo favorece a progressiva eliminao das restries cambiais nos pases membros e concede recursos temporariamente para evitar ou remediar

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    desequilbrios no balano de pagamentos. Alm disso, planeja e monitora programas de ajustes estruturais e oferece consultoria aos pases membros.

    O Consenso de Washington e o Neoliberalismo (1989) Conjunto de medidas formulado em novembro de 1989 por economistas de instituies financeiras baseadas em Washington, como o FMI, o Banco Mundial e o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, fundamentadas num texto do economista John Williamson, e que se tornou a poltica oficial do FMI em 1990, quando passou a ser "receitado" para promover o "ajustamento macroeconmico" dos pases em desenvolvimento que passavam por dificuldades. Foi usado ao redor do mundo para consolidar o receiturio de carter neoliberal na onda mundial que teve sua origem no Chile de Pinochet nos anos 70, sob orientao dos Chicago Boys e posteriormente na Inglaterra de Margareth Thatcher e pelos Estados Unidos de Ronald Reagan nos anos 80. O FMI passou a recomendar essas medidas nos pases emergentes, durante a dcada de 90, como sendo uma frmula infalvel, destinada a acelerar seu desenvolvimento econmico. As regras bsicas do Neoliberalismo: 1. Disciplina fiscal 2. Reduo dos gastos pblicos 3. Reforma tributria 4. Juros de mercado 5. Cmbio de mercado 6. Abertura comercial 7. Investimento estrangeiro direto 8. Privatizao das estatais 9. Desregulamentao (afrouxamento das leis econmicas e

    trabalhistas e do controle de capital especulativo) A Organizao Mundial do Comrcio (OMC/WTO - 1995) Entidade internacional, hoje formada por 153 pases. Sua misso criar regras para o comrcio entre seus aderentes, segundo o princpio da liberalizao, no qual no devem existir barreiras (como impostos de importao) para a compra e a venda de produtos, no importa qual seja sua origem. Portanto, busca a reduo dos obstculos ao intercmbio comercial, a elaborao de um cdigo de normas comerciais, bem como atuar como um instrumento de ao internacional no campo do desenvolvimento do comrcio. Regras - As leis da OMC so negociadas entre seus membros. Todos tm poder de voto igual. Os acordos so feitos nas rodadas de negociao (as famosas Rodadas de Doha).

    Protecionismo - Os pases ricos gastam bilhes de dlares em subsdios e impem taxas de importao, cotas e restries. As demais naes tambm buscam proteger ramos de sua economia sensveis competio externa. Disputas enquanto no se chega a um acordo sobre os subsdios, os membros da OMC podem usar as regras j acordadas para se proteger. Se no houver um acordo, pode-se iniciar um processo. Caso

    perca, o ru deve acatar a sentena da OMC, ou sujeitar-se a retaliaes econmicas no mesmo valor do prejuzo causado. Vitrias do Brasil na OMC - Dos 25 principais processos que j iniciou, o pas teve ganho total ou parcial em todos. As maiores vitrias foram na agricultura (acar, soja, suco de laranja), pecuria (carne bovina), aviao (Embraer) e metalurgia. As Rodadas de Doha Negociaes da OMC As tentativas de reduzir as diferenas no quadro da OMC fazem-se nas rodadas de negociao, em que os membros debatem o que precisa ser feito e tentam acordos o que pode levar anos. Desde 2001, estava em curso a Rodada de Doha com previso para terminar em 2006 e cujo objetivo central reduzir os subsdios agrcolas e limitar as tarifas de importao. Acontece que os pases em litgio no conseguiram superar as diferenas, e a rodada foi suspensa em meados de julho de 2006 sem conseguir chegar a nenhum acordo.

    A rodada de Doha comeou em Doha (Qatar) em 2001, e negociaes subseqentes tiveram lugar em: Cancn (Mxico) 2003, Genebra (Sua) 2004, Paris (Frana) 2005, Hong Kong (China) 2005,e Potsdam (Alemanha) 2007. Para a rodada avanar, exigem-se concesses dos pases desenvolvidos, como um corte considervel dos subsdios agrcolas que os EUA concedem a seus produtores e uma reduo substancial nas taxas de importao que protegem os europeus da concorrncia no setor agropecurio. Na reunio de janeiro de 2007 do Frum Econmico Mundial, em Davos, na Sua, os principais pases envolvidos tentaram acertar as bases para a retomada da Rodada de Doha. As divergncias, porm, ainda se mantinham, e no havia sinal de que as negociaes pudessem recomear. Frum Econmico Mundial (FEM) x Frum Social Mundial (FSM) O FEM uma reunio anual em janeiro entre executivos-chefe das corporaes mais ricas do mundo, alguns lderes polticos nacionais (presidentes, primeiros ministros e outros) e intelectuais e jornalistas seletos - em torno de 2.000 pessoas no total - que geralmente acontece em Davos, Sua. O FEM tem status de consultor da ONU e considerado o representante das ideologias dos pases desenvolvidos (Norte). As ltimas reunies do Frum Econmico Mundial foram marcadas por manifestaes antiglobalizao, aquecimento global e crise de alimentos.

    Em seus dois mandatos, o presidente Lula compareceu trs outras vezes em Davos - em 2003, 2005 e 2007 -, levando bandeiras como o combate fome e a concluso da Rodada Doha da Organizao Mundial do Comrcio (OMC). Lula no participar do encontro em 2010 por motivos de sade, mas receber o prmio de Estadista do Ano oferecido pelo FEM. Contrapondo-se a essa posio ideolgica e a essa entidade, o FSM organizado por diversas ONGs simultaneamente com o FEM. Nele predomina a ideologia de esquerda que prega a luta contra a globalizao econmica e contra o neoliberalismo. Como consenso de parte dos movimentos que compem majoritariamente o frum, produziu-se durante o frum de 2005, em Porto Alegre, o Consenso de Porto Alegre que vai contra o Consenso de Washington. O de 2009 foi realizado em Belm, o de 2010 em Salvador e o de 2011 foi realizado em Dacar, capital do Senegal. Em 2012, o frum voltou a Porto Alegre. Cpula do G20 O Grupo dos 20 (ou G20) um grupo formado pelos ministros de finanas e chefes dos bancos centrais das 19 maiores economias do mundo mais a Unio Europia. Foi criado em 1999, aps as sucessivas crises financeiras da dcada de 1990.

    Quero entrar para histria por ter emprestado ao FMI O presidente Luiz Incio Lula da Silva afirmou que gostaria de entrar para a histria como o presidente que emprestou "alguns reais" para o Fundo Monetrio Internacional (FMI). "Voc no acha chique o Brasil emprestar dinheiro para o FMI?", disse. "Eu passei parte da minha juventude carregando faixa contra o FMI no centro de So Paulo." O Brasil j decidiu que vai colocar recursos no fundo, tornando-se credor pela primeira vez na histria. Falta, agora, definir o montante e analisar os detalhes do mecanismo, para no reduzir o valor das reservas externas.

    Fim do G-8, a consolidao do G-20 e a disparada do BRICS O debate que est sendo lanado pelas declaraes do ministro brasileiro sobre: a morte anunciada do G8; sua eventual substituio pelo G20 e se o grupo cumpriria melhor funes hoje supostamente desempenhadas pelo G8

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    Para muitos analistas e governantes, o BRIC (Brasil, Rssia, ndia e China) sero as novas potncias econmicas j nas prximas dcadas. O bloco possui, indiscutivelmente, grandes vantagens comparativas e competitivas. Ao todo, so aproximadamente trs bilhes de pessoas que precisam de solues para os principais problemas mundiais, como distribuio de renda, sade e educao. Em de 2011, o "S" foi oficialmente adicionado sigla BRIC para formar o BRICS, aps a admisso da frica do Sul (em ingls: South Africa) ao grupo.

    G20 substitui G8 nas decises sobre economia - 25/09/2009 Deciso dos lderes reunidos em Pittsburgh foi anunciada pelo governo norte-americano. O grupo dos 20 maiores pases desenvolvidos e emergentes vai se tornar o principal frum para a cooperao econmica internacional, o que significa que a partir de agora o G20 o principal frum econmico mundial. O governo norte-americano no informou, no entanto, qual ser o destino do G8, o grupo dos sete pases mais ricos do mundo, mais a Rssia, que at pouco tempo era a principal instncia decisria sobre os rumos da economia global. A China passou a ser maior parceiro comercial do Brasil Gazeta Mercantil - 04/05/2009 A China passou a ser maior parceiro comercial do Brasil em abril, ocupando o lugar dos Estados Unidos. Apesar de o crescimento do comrcio com a China ser importante para o Brasil, a perda de espao como os americanos negativa porque so eles que, tradicionalmente, so os principais compradores de produtos manufaturados brasileiros, enquanto a China concentrada suas compras em produtos bsicos. OS BLOCOS ECONMICOS NO MUNDO Com a economia mundial globalizada, a tendncia comercial a formao de blocos econmicos. Estes so criados com a finalidade de facilitar o comrcio entre os pases membros. Adotam reduo ou iseno de impostos ou de tarifas alfandegrias e buscam solues em comum para problemas comerciais. Tipos de Blocos Econmicos a) rea de Livre Comrcio Em uma rea de livre comrcio todas as restries ao comrcio dentro da regio devem ser eliminadas, tanto as tarifrias quanto as no-tarifrias. Porm, cada um dos pases membros mantm sua poltica comercial em relao ao resto do mundo. Por isso, para que uma rea de livre comrcio possa funcionar adequadamente, precisa incluir um sistema de regras de origem que defina as condies que os produtos trocados devem cumprir para desfrutar do benefcio da tarifa zero. Um artigo produzido num pas poder ser vendido noutro sem quaisquer impedimentos fiscais, respeitando-se apenas as normas sanitrias ou outras legislaes restritivas que eventualmente apaream. b) Unio Aduaneira Em uma unio aduaneira, os pases no s liberalizam o comrcio dentro da regio (rea de livre comrcio), mas adotam tambm uma poltica comercial comum para o resto do mundo. Adotam uma tarifa externa comum e normas alfandegrias e de procedimento comuns, de tal forma que os bens so tratados da mesma maneira, independentemente do ponto por onde ingressarem na unio aduaneira. No limite, uma unio aduaneira implica desaparecimento das alfndegas internas. Numa Unio Aduaneira, os objetivos so

    mais amplos, abrangendo a criao de regras comuns de comrcio com pases exteriores ao bloco. c) Mercado Comum Um mercado comum uma unio aduaneira com polticas comuns de regulamentao de produtos e com liberdade de circulao de todos os trs fatores de produo (terra, capital e trabalho) e de iniciativa. Em tese, a circulao de capital, trabalho, bens e servios entre os membros deve ser to livre como dentro do territrio de cada participante. d) Unio Econmica e Monetria Implica numa integrao econmica mais profunda, com a adoo das mesmas normas de comrcio interno e externo, unificando as economias e, num estgio mais avanado, as moedas e instituies. Principais Blocos Econmicos

    1 UNIO EUROPIA - UE A Unio Europia o mais antigo e o melhor estruturado. Sua formao resulta da necessidade dos pases da Europa Ocidental, no ps-Segunda Guerra, e s necessidades dos Estados Unidos, que atravs do Plano Marshall deu incio ao processo de conteno tendncia

    expansionista sovitica neste continente. A base de tudo se deu em 1944 quando foi criado o Benelux - Unio Econmica entre a Blgica, Holanda e Luxemburgo. Em 1952, foi criada a CECA - Comunidade Europia do Carvo e do Ao, incluindo ao Benelux, a Alemanha Ocidental (RFA), a Frana e a Itlia. Esta unio fica mais fortalecida com a formao do Grupo de Roma, em 1957, formando o MCE Mercado Comum Europeu ou CCE Comunidade Econmica Europia. Em 1948 foi criada a Organizao Europia de Cooperao Econmica (OECE) para administrar os recursos do Plano Marshall na reconstruo dos pases da Europa ocidental. Em 1961, essa organizao foi substituda pela Organizao de Cooperao e Desenvolvimento Econmico (OCDE - Tambm chamada de "Clube dos Ricos"), que tem objetivos mais amplos e rene pases de vrias partes do mundo. Em 1959/60 foi criada e implantada a AELC - Associao Europia de Livre Comrcio, unindo o Reino Unido com os pases escandinavos, mas aos poucos esses pases entraram no MCE. Nas dcadas de 60 e 70, outros membros so incorporados ao MCE, mas a geopoltica mundial, com o acirramento da Guerra Fria (EUA x URSS), impede um maior avano em sua organizao. Nas dcadas de 80/90, as mudanas internacionais, principalmente com a reduo dos riscos de uma guerra nuclear entre as superpotncias, abrem espao para que propostas mais ousadas sejam retomadas pelos pases europeus. 1986 O Ato nico Europeu. Proposta de transformao do MCE em CE - Comunidade

    Europia. 1991 Tratado de Maastricht. O tratado assinado na cidade holandesa de Maastricht estabeleceu competncias supranacionais, como o mercado nico e os fundos estruturais, alm de ampliar a noo de cidadania europia. Representou tambm um grande passo em direo unio econmica e monetria do continente, determinando que os pases-membros que cumprissem os critrios econmicos estabelecidos

    adotariam a moeda nica o Euro. Alm disso, apontou para uma maior cooperao entre os governos no que concerne poltica exterior, segurana comum, justia e aos assuntos internos. Tratado de Maastricht consagrou oficialmente a denominao Unio Europia que, a partir da, substituiu a de Comunidade Europia. A ratificao de seus

    termos foi aprovada por referendos nos diversos pases-membros, entrando em vigor em 2 de novembro de 1993.

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    1992 Tratado do Porto Os pases mais ricos priorizam seus investimentos na

    recuperao dos pases-membros mais pobres, investindo em larga escala nos pases atlnticos ou mediterrneos, como Portugal, Espanha, Grcia, centro-sul da Itlia e na Repblica da Irlanda.

    Estava avanando o pensamento neoliberal com a proposta de reduzir a capacidade de influncia do Estado na economia, diminuindo o welfare state - isto , o estado do bem estar social, provocando queda na qualidade de vida das populaes e ressurgindo o etno-xenofobismo, com a criao de grupos radicais na Europa e, com riscos da ultradireita reconquistar o poder em alguns pases membros.

    1993 - Incio de implantao do Tratado de Maastricht Livre trnsito de pessoas, mercadorias, capital e tecnologia entre

    os pases-membros. O melhor exemplo desta situao foi o elevado processo de

    migrao das regies perifricas em direo aos pases centrais, gerando uma superoferta de mo-de-obra, menos qualificada, ao mesmo tempo em que os pases centrais estavam entrando para a fase ps-urbano/industrial, onde as novas formas de produo, com novas mquinas substituindo os trabalhadores. Este foi um dos principais fatores que acabaram gerando o recrudescimento dos grupos radicais racistas e neonazistas.

    1999 - Implantao parcial do EURO - moeda nica 11 pases adotam o Euro como oficial em perodo de transio. 2002 - Adoo do Euro O Euro passa a circular como dinheiro para todos os pases-

    membros que aprovaram a troca (atualmente 17) e para os pases-satlites como Andorra, Vaticano, San Marino e Mnaco.

    Alguns pases fora da Unio Europia aderiram ao Euro. Para uma adoo formal, que implica a possibilidade de fabricar as suas prprias moedas, foi necessrio atingir um acordo. Mnaco, So Marino e Vaticano chegaram a acordo com a Unio. 2 ALCA e o NAFTA

    No final da dcada de 80 e incio de 90, o Presidente George Bush passa a defender "a iniciativa para as Amricas", com a proposta de uma rea de livre comrcio para todos os pases da Amrica, exceo de Cuba, que permaneceria sofrendo o boicote americano; a proposta de criao da ALCA - Acordo de Livre

    Comrcio para as Amricas. Este acordo foi delineado na Cpula das Amricas realizada em Miami, em 1994. A proposta do ALCA de criar uma rea de livre comrcio na Amrica, por isso bom no confundir com a idia de mercado comum, pois zona de livre comrcio no permite o livre trnsito de pessoas, capital, tecnologia e mercadorias e nem prope a unificao de tarifas e impostos entre os pases membros. Na impossibilidade de implantao rpida do ALCA, os pases Latino-Americanos mais importantes, principalmente o Brasil, contestam o contedo da proposta por no incluir questes sociais e somente econmicas; os EUA elaboram um projeto alternativo, criando o NAFTA - Mercado Livre da Amrica do Norte. O Tratado Norte-Americano de Livre Comrcio (North American Free Trade Agreement) ou NAFTA um tratado envolvendo Canad, Mxico e Estados Unidos da Amrica numa atmosfera de livre comrcio, com custo reduzido para troca de mercadorias entre os trs pases. O NAFTA entrou em efeito em 1 de janeiro de 1994 com um prazo de 15 anos para a total eliminao das barreiras alfandegrias entre os trs pases. Diferentemente da Unio Europia, a NAFTA no cria um conjunto de corpos governamentais supranacionais, nem cria um corpo de leis que seja superior lei nacional. 3 APEC A APEC (traduzido, Cooperao Econmica da sia e do Pacfico) um bloco que engloba economias asiticas, americanas e da Oceania. Sua formao deveu-se crescente interdependncia das

    economias da regio da sia-Pacfico. Foi criada em 1989, inicialmente apenas como um frum de discusso entre pases da ASEAN (Association of the SouthEast Asian Nations) e alguns parceiros econmicos da regio do Pacfico, se tornando um bloco econmico apenas em 1993, na Conferncia de Seattle, quando os pases se comprometeram a transformar o Pacfico numa rea de livre comrcio. A APEC tem vrios membros, tais como: Austrlia; Canad; Chile; China; Hong Kong; Indonsia; Japo; Coria do Sul; Mxico; Nova Zelndia; Papua New Guinea; Peru; Filipinas; Rssia; Cingapura; Taipei; Tailndia; Estados Unidos e Vietnam. 4 ASEAN

    Criada em 1967, na Tailndia, a Associao das Naes do Sudeste Asitico tem como objetivo principal assegurar a estabilidade poltica como uma maneira de acelerar o desenvolvimento no Sudeste asitico. Tm programas de

    cooperao entre os membros em diversas reas como transportes, educao e energia. Em 1992, os membros assinaram um acordo com o objetivo de eliminar as barreiras econmicas e alfandegrias. Membros: Brunei, Camboja, Cingapura, Filipinas, Indonsia, Laos, Malsia, Mianmar, Tailndia, Vietn. 5 O MERCOSUL Mercado Comum do Sul

    A Amrica Latina, desde os anos 80, assistiu ao esgotamento da industrializao por substituio de importaes e transio dos regimes autoritrios democracia. A abertura das economias nacionais, a transformao do aparelho estatal, a consolidao dos regimes

    democrticos e o encerramento da maior parte dos conflitos armados regionais ou internos no bastaram para solucionar os problemas acumulados na dcada precedente. Depois da "dcada perdida" na economia dos anos 80, os custos sociais dos ajustes estruturais dos anos 90 provocaram uma desintegrao generalizada das sociedades do subcontinente. Criado em maro de 1991 pelo Tratado de Assuno entre Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Tratava-se de uma continuidade e aprofundamento do Acercamento Brasil-Argentina, iniciado em 1986, pelos presidentes Jos Sarney e Raul Alfonsin. Atravs da integrao com os pases vizinhos, alm de benefcios econmicos mais imediatos, se reforaria a base regional como forma de incrementar a participao do Brasil e de seus parceiros platinos no plano mundial. Quando os EUA anunciaram a criao do NAFTA, o Brasil reagiu, lanando em 1993, a iniciativa da ALCSA (rea de Livre Comrcio Sul-Americana) e estabelecendo com os pases sul-americanos e africanos a Zona de Paz e Cooperao do Atlntico Sul (ZoPaCAS), numa estratgia de crculos concntricos a partir do Mercosul. O Mercosul em negociaes com a Unio Europia culminou com a assinatura do primeiro acordo interblocos econmicos, o Acordo Marco Inter-regional de Cooperao Unio Europia-Mercosul, assinado em Madrid em dezembro de 1995. Etapas de criao/implantao do Mercosul 1986 - Acordo Bilateral Brasil X Argentina Redemocratizao na Amrica Latina. Brasil - Plano Cruzado. Primeiro presidente civil, ainda eleito pelo

    colgio eleitoral, Jos Sarney, substitui o ltimo presidente militar, General Joo Batista de Figueiredo.

    Argentina - Plano Alfonsin ou Austral. O presidente civil eleito substitui o general Galtieri, responsvel pela Guerra das Malvinas.

    1991 - Tratado de Assuno Criao do Mercosul. Proposta de criar urna rea de livre trnsito de pessoas,

    mercadorias, capital e empresas no estilo europeu. No (ainda)

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    um mercado comum, funcionando primeiro como rea de livre comrcio.

    Pases-membros: Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. 1995 - Reunio de Ouro Preto (MG) O Mercosul passa a funcionar como Unio Aduaneira. Adota a TEC -Tarifa Externa Comum para as importaes. Brasil = Plano Real. Onde um real igual ou aproximadamente

    igual a um dlar, adotando o sistema de banda cambial ou cmbio fixo-flutuante.

    Argentina = Plano Cavallo (dolarizao ou paridade das moedas, um peso = um dlar) ou poltica de cmbio fixo; somente a Argentina e Hong-Kong funcionam desta forma to radical.

    1997 - Reunio de Fortaleza A Bolvia formaliza o pedido de entrada como membro, a exemplo

    do Chile, como associada ou "parceira preferencial", at tomar as medidas econmicas necessrias. Conseguem privilgios criando uma rea de livre comrcio com a Unio Aduaneira dos pases-membros do Mercosul.

    Surge a idia da moeda nica. A integrao do Mercosul aumentou em mais de 400% o comrcio

    entre os pases-membros. 1999 - Crise do Real O Brasil adota o cmbio flutuante, permitindo que o valor da

    moeda nacional oscile de acordo com a lei da oferta e da procura em relao ao dlar.

    A desvalorizao da moeda brasileira inverte a balana comercial com a Argentina, provocando um significativo dficit para a Argentina, com fuga dos investimentos e das empresas para o Brasil, aumentando as exportaes brasileiras e reduzindo as importaes dos pases vizinhos.

    O Brasil obrigado a recorrer ao FMI O que o Mercosul do ponto de vista comercial? O Mercosul hoje uma rea de livre comrcio incompleta, onde grande parte totalidade dos bens comercializada livre de tarifas. Em matria de poltica comercial externa comum, o Mercosul tambm est na metade do caminho porque, embora exista formalmente uma tarifa externa comum (caractersticas de uma Unio Aduaneira), ela tem uma srie de perfuraes que fazem com que, na prtica, nem todos os pases apliquem a mesma tarifa para um produto similar e da mesma origem. Em 1991, o Tratado de Assuno, assinado pelo Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai buscava ser um bloco econmico nos moldes de uma Unio Aduaneira, atravs da eliminao progressiva das tarifas alfandegrias entre os pases-membros e da adoo de uma tarifa externa comum (TEC) para a comercializao com os outros pases no pertencentes ao bloco. Mas at 1995, o Mercosul funcionou apenas como uma Zona de Livre Comrcio. A partir desse ano foi oficializada a constituio da Unio Aduaneira, mesmo que ainda incompleta. Junho de 2012 - Mercosul suspende Paraguai e anuncia adeso da Venezuela. Paraguai fica de fora do bloco at eleies presidenciais de abril de 2013. Venezuela entra como membro pleno do bloco comercial em 31 de julho. Israel ser parceiro comercial do Mercosul 15/03/2010 Valor Econmico O presidente Luiz Incio Lula da Silva anunciou em visita a Israel, que foi aprovado o acordo de livre comrcio entre o pas e o Mercosul. Israel o primeiro pas fora da Amrica do Sul a ter um acordo de livre comrcio com o bloco econmico. O acordo de livre comrcio entre Mercosul e Israel passa a valer a partir de 4 de abril. A expectativa, segundo empresrios, que o comrcio triplique nos prximos cinco anos. Dos 200 empresrios que participaram de um seminrio no qual Lula discursou, 80 eram brasileiros. O acordo foi comemorado pelo governo israelense.

    Os Tigres Asiticos O Japo, que saiu da segunda guerra mundial destrudo, adquiriu capacidade industrial, comercial e financeira e, na dcada de 70, ampliou sua influncia para a Coria do Sul, Taiwan, Cingapura e Hong Kong, os chamados Tigres Asiticos (ou Drages Asiticos). Mo-de-obra barata e incentivos s indstrias caracterizam os Tigres, que ampliaram suas exportaes mundialmente. Em qualquer loja possvel ver produtos made in Taiwan.

    A CRISE ECONMICA GLOBAL 2007/2012 Origens A crise no mercado hipotecrio dos EUA uma decorrncia da crise imobiliria, e deu origem, por sua vez, a uma crise mais ampla, no mercado de crdito de modo geral. O principal segmento afetado foi o de hipotecas chamadas de "subprime", que embutem um risco maior de inadimplncia. O mercado imobilirio americano passou por uma fase de expanso acelerada logo depois da crise das empresas "pontocom", em 2001. Os juros do Federal Reserve (Fed, o BC americano) vieram caindo para que a economia se recuperasse, e o setor imobilirio se aproveitou desse momento de juros baixos. A demanda por imveis cresceu, devido s taxas baixas de juros nos financiamentos imobilirios e nas hipotecas. Em 2005, o "boom" no mercado imobilirio j estava avanado; comprar uma casa (ou mais de uma) tornou-se um bom negcio, na expectativa de que a valorizao dos imveis fizesse da nova compra um investimento. As empresas financeiras especializadas no mercado imobilirio, para aproveitar o bom momento do mercado, passaram a atender o segmento "subprime". O cliente "subprime" um cliente de renda baixa, por vezes com histrico de inadimplncia e com dificuldade de comprovar renda. Esse emprstimo tem, assim, uma qualidade mais baixa --ou seja, cujo risco de no ser pago maior, mas oferece uma taxa de retorno mais alta, a fim de compensar esse risco. Em busca de rendimentos maiores, gestores de fundos e bancos compram esses ttulos "subprime" das instituies que fizeram o primeiro emprstimo e permitem que uma nova quantia em dinheiro seja emprestada, antes mesmo do primeiro emprstimo ser pago. Tambm interessado em lucrar, um segundo gestor pode comprar o ttulo adquirido pelo primeiro, e assim por diante, gerando uma cadeia de venda de ttulos. Porm, se a ponta (o tomador) no consegue pagar sua dvida inicial, ele d incio a um ciclo de no-recebimento por parte dos compradores dos ttulos. O resultado: todo o mercado passa a ter medo de emprestar e comprar os "subprime", o que termina por gerar uma crise de liquidez (retrao de crdito). Aps atingir um pico em 2006, os preos dos imveis, no entanto, passaram a cair: os juros do Fed, que vinham subindo desde 2004, encareceram o crdito e afastaram compradores; com isso, a oferta comea a superar a demanda e desde ento o que se viu foi uma espiral descendente no valor dos imveis. Com os juros altos, o que se temia veio a acontecer: a inadimplncia aumentou e o temor de novos calotes fez o crdito sofrer uma desacelerao expressiva no pas como um todo, desaquecendo a maior economia do planeta - com menos liquidez (dinheiro disponvel), menos se compra, menos as empresas lucram e menos pessoas so contratadas.

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    COMO COMEOU A CRISE 1. IMVEIS VALORIZADOS Com juros baixos e crdito farto, os preos dos imveis nos EUA tiveram forte valorizao, encorajando muturios a refinanciar suas hipotecas. Os bancos davam aos muturios uma diferena em dinheiro, utilizada para consumir.

    2. TTULOS LASTREADOS Para captar dinheiro, os bancos criaram instrumentos financeiros complexos chamados ttulos lastreados em hipotecas (uma espcie de nota promissria garantida pelas hipotecas) e venderam para investidores que tambm emitiram seus prprios ttulos lastreados nesses ttulos e passaram-nos para frente, espalhando-os por todo sistema bancrio.

    3. JUROS ALTOS E QUEDA DOS PREOS As taxas de juros comearam a subir para combater a inflao enquanto os preos dos imveis passaram a cair, fazendo com que as mensalidades da casa prpria ficassem mais caras. A inadimplncia disparou e, assim, os ttulos que eram garantidos por essas hipotecas perderam valor.

    4. PERDA DOS BANCOS Alm dos prejuzos com a inadimplncia, os bancos tiveram fortes perdas com os ttulos. Os bancos com maiores proble-mas se viram beira da falncia e precisaram da ajuda do governo americano.

    5. CRISE DE CONFIANA Instalou-se uma grave crise de confiana e os bancos no querem mais emprestar, com medo de calotes.

    Efeitos No mundo da globalizao financeira, crditos gerados nos EUA podem ser convertidos em ativos que vo render juros para investidores na Europa e outras partes do mundo, por isso o pessimismo influencia os mercados globais.

    Foi esse o efeito visto em setembro de 2007 quando o BNP Paribas francs congelou cerca de 2 bilhes de euros dos fundos de investimento citando preocupaes sobre o setor de crdito "subprime" nos EUA. Depois dessa medida, o mercado imobilirio passou a reagir em pnico e algumas das principais empresas de financiamento imobilirio e bancos passaram a sofrer os efeitos da retrao e faliram. Bancos como Citigroup, UBS e Bear Stearns tiveram prejuzos bilionrios decorrentes da crise. As duas hiptecrias possuem quase a metade dos US$ 12 trilhes em emprstimos para a habitao nos EUA; no segundo trimestre, registraram prejuzos de US$ 2,3 bilhes (Fannie Mae) e de US$ 821 milhes (Freddie Mac). J o banco Lehman Brs. vinha procurando uma fonte de crdito para poder honrar seus compromissos, mas no teve sucesso. Sem alternativa, o banco pediu concordata. O Merrill Lynch foi vendido ao Bank of America para no ter o mesmo destino. A seguradora americana AIG foi outra que quase quebrou, mas foi salva por um emprstimo de US$ 85 bilhes do Fed, em troca do controle da empresa. Conseqncias

    O PIB americano caiu 3,8% no trimestre do final de 2008. Foi o pior desempenho trimestral desde o perodo de janeiro a maro de 1982, quando a economia caiu mais de 6% - poca, como agora, o pas estava em uma recesso. A crise, e o risco para o sistema bancrio que ela representava, levou o governo americano a propor um pacote de US$ 700

    bilhes - aprovado em outubro de 2008. O pacote iria ajudar os bancos com balanos comprometidos pelo peso dos derivativos lastreados nas hipotecas "subprime". O setor automobilstico vive uma situao problemtica que consequncia direta da crise de crdito resultante dos problemas com hipotecas. A GM e a Chrysler, com quedas nas vendas devido s dificuldades dos compradores em obter financiamento, precisaram de ajuda do governo para fechar suas contas. O mercado de trabalho tambm sofre uma contrao, nos EUA e alm, causada pela crise de crdito originada nos problemas do mercado imobilirio. A taxa de desemprego nos EUA fechou 2008 em 7,2%, pior nvel desde 1993. O nmero de desempregados no pas no ano passado chegou a 2,6 milhes, maior desde o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945. Crise fortaleceu papel do Brasil no mundo Instituies como o Fundo Monetrio Internacional (FMI) prevem que o pas, ao lado de outros emergentes, se recupere da crise mais rapidamente e tambm amplie a margem de vantagem em relao ao crescimento dos pases ricos. Segundo um relatrio recente da OCDE sobre o Brasil, a relao dvida pblica/PIB deve manter-se prxima de 40% do PIB em 2009 - e depois deve cair gradualmente para 35% no mdio prazo. Os pases emergentes so grandes produtores de commodities, vistas como investimentos seguros no longo prazo. No comeo da crise, o preo de muitas commodities caiu drasticamente, afetando tambm grandes exportadores como o Brasil. No entanto, alguns preos j voltaram a subir. De dezembro at junho, o preo da soja subiu 60%. Segundo a Economist Intelligence Unit (EIU), o preo geral das commodities comercializadas pelo Brasil est crescendo no segundo semestre deste ano, graas China, que est aumentando suas importaes. O Brasil ainda tem problemas enormes em vrias reas, como terrvel infra-estrutura, um enrolado sistema tributrio que no atraente para investidores, baixos nveis de educao dos trabalhadores em geral - apesar de alguns bolses de excelncia - e servios pblicos muito pobres.

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    A Globalizao do Protesto

    O movimento de protesto que comeou na Tunsia em janeiro (de 2011) espalhou-se para o Egito, depois para a Espanha, e tornou-se global, com protestos engolfando Wall Street e cidades espalhadas pelos EUA. A globalizao e as tecnologias modernas permitem que movimentos sociais transcendam fronteiras to rapidamente como idias. E o protesto social encontrou solo frtil em toda parte: um sentimento de que o sistema fracassou e a convico de que, mesmo numa democracia, o processo eleitoral no consertar as coisas ao menos no sem uma forte presso. H um tema comum entre eles, manifestado pelo movimento Ocupe Wall Street numa frase: Somos os 99%. Esse slogan faz eco ao ttulo de um artigo que publiquei recentemente intitulado Do 1%, para o 1%, e pelo 1%, descrevendo o enorme aumento da desigualdade nos EUA: 1% da populao controla mais de 40% da riqueza e recebe mais de 20% da renda. So pessoas to ricamente recompensadas no porque tenham contribudo mais para a sociedade, mas porque so, em poucas palavras, bem-sucedidos (e por vezes corruptos) caadores de renda. Por todo o mundo, influncia poltica e prticas anticompetitivas (em geral sustentadas pela poltica) foram centrais para o crescimento da desigualdade econmica. Reforaram essa tendncia os sistemas fiscais nos quais um bilionrio como Warren Buffett paga menos impostos (como porcentagem de sua renda) que seu secretrio, ou em que especuladores, que ajudaram a derrubar a economia global, so taxados com alquotas mais baixas que os que trabalham por sua renda. Algumas pesquisas nos ltimos anos mostraram como so importantes e entranhadas as noes de justeza. Os manifestantes da Espanha, e os de outros pases, esto certos de se indignar: eis um sistema em que os banqueiros so salvos, enquanto os que eles pilharam foram deixados prpria sorte. Pior, os banqueiros esto agora de volta a suas escrivaninhas, ganhando bnus maiores do que a maioria dos trabalhadores espera ganhar em toda a vida, enquanto jovens que estudaram duro e jogaram conforme as regras no veem perspectivas de um bom emprego. O crescimento da desigualdade produto de uma espiral viciosa: os ricos caadores de renda usam sua riqueza para modelar uma legislao que protege e aumenta sua riqueza e sua influncia. Os manifestantes esto corretos quando acham que existe alguma coisa errada. Por todo o mundo, temos recursos subutilizados pessoas que querem trabalhar, mquinas que esto ociosas, prdios que esto vazios e enormes necessidades no atendidas: combater a pobreza, promover o desenvolvimento e preparar a economia para o aquecimento global, para citar apenas algumas. Nos EUA, aps mais de sete milhes de execues hipotecrias de casas nos ltimos anos, h residncias vazias e pessoas sem teto. Os manifestantes foram criticados por no terem uma agenda. Mas isso uma incompreenso do protesto, uma expresso de frustrao com o processo eleitoral. Eles so um alarme. O protesto antiglobalizao em Seattle, em 1999, no que devia ser a inaugurao de uma rodada de conversaes comerciais, chamou ateno para falhas da globalizao e das instituies e acordos internacionais que a governam. Quando a imprensa se aprofundou nas alegaes dos manifestantes, descobriu que havia mais que um gro de verdade nelas. As negociaes comerciais que se seguiram foram diferentes e o Fundo Monetrio Internacional posteriormente empreendeu reformas significativas. Ainda nos EUA, os manifestantes pelos direitos civis dos anos 60 chamaram a ateno para o racismo institucionalizado na sociedade americana. Esse legado ainda no foi superado, mas a eleio do presidente Barack Obama mostra o quanto aqueles protestos moveram os EUA. Em outro nvel, os manifestantes de hoje pedem pouco: uma chance de usar suas habilidades. Sua esperana evolucionria, no revolucionria. Mas, em outro nvel, eles esto pedindo muito: uma democracia em que as pessoas, e no os dlares, importem, e uma economia de mercado que cumpra o que supostamente deveria cumprir.

    Joseph E. Stiglitz. Ganhador do Nobel de Economia e Professor da Universidade Columbia http://blogs.estadao.com.br/radar-global/a-globalizacao-do-protesto/

    2008, o ano que ainda no terminou Nas ltimas semanas de Julho de 2011 o mundo acompanhou com os olhos fixos nos noticirios as negociaes sobre a dvida pblica norte-americana como se fossem captulos finais de uma novela que batia recordes de audincia. O presidente Barack Obama falou vrias vezes ao pblico norte-americano pedindo que fizessem presso sobre os Congressistas (Democratas e Republicanos) para que estes aprovassem uma autorizao para que o governo daquele pas pudesse se endividar ainda mais sob o risco de provocar uma moratria de propores gigantescas e repercusses globais impossveis de serem previstas. Mas quais os motivos que levaram a maior economia do mundo ficar beira de um calote e porque o mundo est passando por um processo de reduo da atividade econmica? A partir de meados de 2007, uma avassaladora crise comeou a atingir a economia de todo o planeta. Governos, empresas, bancos, financeiras, seguradoras, fundos de penso e pessoas fsicas em todo o mundo foram duramente atingidos por uma onda de rombos e prejuzos que ultrapassou 20 trilhes de dlares at o final de 2010. E, diferente das crises que ocorreram nos anos 90 e comeo dos anos 2000 em pases perifricos do capitalismo global como Mxico, Argentina e Brasil; esta atingiu o centro do capitalismo financeiro: EUA, Unio Europia e Japo. Alguns pases como China, ndia e Brasil, que juntos com a Rssia formam o BRIC (grupo dos maiores pases emergentes da atualidade), sofreram menos com a crise, mas no passaram ilesos. Para muitos economistas, essa a maior crise econmica da histria do Capitalismo e ainda no acabou. Duas dcadas de desregulamentao financeira neoliberal transformou o mercado financeiro num verdadeiro Cassino onde banqueiros e especuladores, com apoio dos governos destes pases, no apenas falsificavam balanos e relatrios como apostavam as economias de milhes de famlias sem qualquer medo de serem responsabilizados depois. Essa situao de irresponsabilidade e de fraudes contbeis ficou impossvel de ser escondida quando uma bolha especulativa em hipotecas norte-americanas de alto-risco (ttulos chamados de subprimes) explodiu no segundo semestre de 2007. Tais subprimes foram livremente negociadas sem qualquer controle por instituies financeiras do todo o mundo, principalmente nos EUA, enquanto as agncias de riscos classificavam tais operaes como totalmente confiveis. Como eram ttulos de alto-risco e com histricos de inadimplncia, assim que os primeiros calotes comearam em finais de 2006, iniciou-se um verdadeiro efeito domin. Em questo de meses, centenas de bilhes de dlares evaporaram e transformaram-se em ttulos podres, ou seja, ttulos que nunca sero pagos, pois seus valores estavam completamente fora da realidade por conta da especulao desenfreada. Essa foi a primeira fase da crise.

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    Em 2008, essa verdadeira avalanche de calotes deixou o mercado financeiro global em pnico e em semanas outras centenas de bilhes de dlares foram retiradas de negociao nas bolsas de valores e os bancos cortaram o crdito. Tal efeito manada entre os investidores e bancos fez com que os que tinham dinheiro ficassem com medo de investir (no confiavam nos balanos das empresas) ou emprestar (temiam novos calotes) e aqueles que precisavam de dinheiro para saldar suas dvidas ficaram sem opo a no ser arcar com o prejuzo. Essa crise de crdito afundou o consumo e o investimento e marcou a segunda fase da hecatombe econmica. Os resultados imediatos foram dezenas de milhes de desempregados; uma brutal queda na produo e nos investimentos privados; uma quebradeira generalizada de bancos, empresas, seguradoras, fundos de penses e milhes de famlias norte-americanas sem suas casas. Um verdadeiro caos financeiro onde ningum sabia exatamente o tamanho do rombo e quem iria pagar a conta. Para tentar debelar o incndio financeiro, os governos dos principais pases do mundo passaram a adotar medidas para reativar a economia em 2009 e 2010. Os juros foram cortados ao mximo para estimular o consumo, os prejuzos foram assumidos pelos Tesouros Nacionais e os Bancos Centrais destes paises passaram a derramar trilhes de dlares no mercado financeiro na tentativa de dar tranqilidade aos investidores e empresrios a fim de forar uma nova onda de crescimento. E esta a origem da terceira fase da crise, que comeou em 2010 e se agravou em 2011. Tal estratgia dos pases desenvolvidos foi arriscada. Os governos injetaram fbulas de dinheiro no mercado, aumentando de maneira descontrolada suas dvidas pblicas para fazer com que a roda da economia voltasse a girar. A questo que a economia ainda no voltou a crescer de maneira satisfatria e, neste caso, em vez de ajudar, o endividamento pblico ir somar-se aos outros problemas. Dentre os mais atingidos por tal tsunami de prejuzos e que adotaram essa estratgia, destacam-se os EUA, Japo e Unio Europia (sobretudo um grupo de pases da Zona do Euro conhecidos como PIIGS - Portugal, Itlia, Grcia e Espanha - Spain em ingls), pois suas dvidas pblicas chegaram a nveis alarmantes. O segundo semestre de 2011 foi dramtico. Os EUA ficaram a beira de uma moratria histrica. Grcia, bero da democracia, vive novamente uma crise marcada por protestos populares e violenta represso. A Espanha bate recordes no nvel de desemprego. Portugal, alm de receber ajuda financeira internacional, aprovou em novembro mais um oramento de austeridade durssimo para 2012. A Itlia, um dos membros do G7, viu seu folclrico e verborrgico primeiro ministro Silvio Berlusconi renunciar aps o aprofundamento da crise econmica. A Inglaterra enfrenta greves gerais de funcionrios pblicos contra medidas recessivas propostas pelo governo. O problema que a cura apontada por boa parte dos especialistas pode ser um remdio amargo demais: reduo nos salrios, reforma na previdncia social, aumento de impostos, cortes de investimentos em reas sociais e mais demisses. Este remdio pode matar o paciente ao invs de cur-lo, alm do risco da crise se transformar em uma nova epidemia na economia global. Marcio de Paiva Delgado graduado e Mestre em Histria pela UFJF e Doutorando em Histria pela UFMG http://politicarevisitada.blogspot.com/2011/12/2008-o-ano-que-nao-terminou.html Entenda o novo captulo da crise que atinge a Europa - 2012 As eleies presidenciais na Grcia e na Frana em maio de 2012 criaram um novo cenrio para a crise econmica que atinge a Europa e se reflete no Brasil e no mundo desde, pelo menos, o incio de 2011. O agravamento da condio fiscal de alguns pases reflexo da turbulncia econmica do fim de 2008, o que afeta diretamente as bolsas de valores e o dlar. A definio de Franois Hollande como vencedor da disputa pela Presidncia da Frana e o impasse quanto ao futuro poltico da Grcia fizeram ressurgir as discusses sobre a eficincia dos planos

    de austeridade para amenizar os impactos da turbulncia econmica na vida dos europeus. As prprias Bolsas de Valores so um espelho do que acontece na economia real, principalmente em situaes adversas como essas. A tendncia do lado real da economia reagir de forma negativa. Com mais cortes de gastos e menor atividade econmica, consequentemente a expectativa de crescimento econmico menor. Isso gera menos resultados para as empresas e as aes caem. Com maior instabilidade no mercado, o dlar se torna um investimento mais seguro porque o risco de o governo dos Estados Unidos quebrar praticamente nulo. Austeridade Austeridade significa, basicamente, corte de gastos pblicos por meio de redues dos salrios de servidores e de investimentos em infraestrutura e servios, por exemplo e aumento de impostos. Desde o final da crise econmica de 2008, os governos da Europa, sobretudo, passaram a se endividar mais e as empresas privadas, com a recesso econmica, passaram a deixar de recolher impostos como antes, conjuno que impactou diretamente nos cofres pblicos. Para tentar reverter este cenrio, em dezembro de 20112, 25 dos 27 pases da Unio Europeia firmaram um pacto fiscal para estimular o crescimento econmico, enfrentar a crise econmica e recuperar o prestgio do euro nos mercados internacionais. Esse pacote inclui punio para pases que registrarem saldo negativo das contas pblicas acima de 3% do seu PIB; a criao de um fundo de resgate permanente para os pases da regio em julho deste ano; e um financiamento de 200 bilhes de euros a pases endividados, a ser provido por pases europeus para o FMI (Fundo Monetrio Internacional). Situao agora Com a vitria de Hollande na Frana, um dos pases mais ricos e influentes da Unio Europeia, o futuro dos planos de austeridade foi colocado em xeque porque o socialista j se manifestou contrrio a tais medidas. Na semana passada, o presidente francs afirmou que a austeridade no pode mais ser a nica opo. Hollande defende que, em vez de os governos se focarem s em cortar gastos e elevar impostos, exista tambm um investimento especfico na economia a fim de estimular o crescimento econmico. As propostas de Hollande, porm, contrariam a poltica econmica conduzida por outro gigante da UE, a Alemanha, que governada por Angela Merckel defensora ferrenha do corte brusco dos gastos pblicos no bloco econmico. Essa discusso poltica afeta diretamente a Grcia, pas mais afetado pela crise e que vive um momento crtico ao tentar formar um novo governo depois de eleies nas quais no houve maioria eleita em nenhum partido. Por sua vez, o comportamento do mercado financeiro na Europa se reflete na bolsa brasileira, j que boa parte dos investidores estrangeira e que, diante das incertezas na Europa, podem passar a aplicar dinheiro no Pas. Com mais dlares no mercado brasileiro, maior a oferta e, portanto, maior a desvalorizao diante do real. Esse movimento reduz a competitividade das mercadorias produzidas pela indstria nos mercados internacionais, o que reduz o lucro e afetam os investimentos e o mercado de trabalho do setor. BRASIL - RELAES INTERNACIONAIS E DIPLOMACIA Secretrio-Geral Atualmente o sul-coreano Ban Ki-Moon. A organizao o mais respeitado frum de discusso e encaminhamento dos problemas mundiais, embora esteja longe de conseguir assegurar a paz no planeta, como previa sua carta de fundao, de 1945. O secretrio-geral, cargo mais importante da instituio, atua com limites, pois depende do aval das principais potncias, que detm o real poder na ONU.

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    Fundao da Onu - A ONU foi fundada aps a II Guerra Mundial e seu funcionamento est marcado pela situao da poca. No Conselho de Segurana (CS), que delibera sobre a segurana mundial e discute intervenes militares, os cinco membros permanentes - EUA, China, Federao Russa, Frana e Reino Unido -, as naes que ganharam a guerra, tm poder de veto sobre as decises. Muitos pases acham que o formato do CS ficou inadequado e defendem mudanas. Reformas no Conselho de Segurana - Entre as propostas em debate est a ampliao do nmero de pases membros no CS de 15 para 24 ou 26. Essa proposta apoiada pelo ex-secretrio-geral da ONU, Kofi Annan. O Grupo dos 4 (G-4), formado por Alemanha, Japo, Brasil e ndia, defende a idia de que haja mais seis integrantes com assento permanente: os quatro e dois representantes da frica. O Brasil e o Conselho de Segurana das Naes Unidas Desde o comeo do governo Lula, o Brasil mantm a clara inteno de propor uma mudana na estrutura do Conselho de Segurana da ONU. Alm de aumentar o nmero de participantes, o governo brasileiro busca um assento permanente. Atualmente, o Conselho formado por 15 membros, sendo que destes, 5 so membros permanentes e com direito a veto: Estados Unidos, Frana, Reino Unido, Rssia e China. Os outros 10 membros so rotativos e tm mandatos de 2 anos. Atualmente o Brasil um dos membros. O Grupo do Rio Mecanismo Permanente de Consulta e Concertao Poltica - Grupo do Rio (GRIO) - criado em 1986, no Rio de Janeiro. Dele fazem parte Argentina, Bolvia, Brasil, Chile, Colmbia, Equador, Mxico, Panam, Paraguai, Peru, Venezuela, Uruguai e um representante da Comunidade do Caribe/CARICOM. A partir da Cpula de Cartegena (2000) Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicargua e Repblica Dominicana participam do GRIO como membros plenos e individuais. O Grupo do Rio um mecanismo singularmente dotado para consultas polticas no mais alto nvel, com grande maleabilidade de procedimentos e um grau mnimo de institucionalizao. Tem sido um importante instrumento na conteno de processos que colocam em risco a ordem democrtica. Alm disso, tornou-se um foro privilegiado de concertao de posies latino-americanas e caribenhas em questes regionais e internacionais. Dilma discursa na abertura da Assemblia Geral da ONU Presidente foi a primeira mulher a fazer discurso de inaugurao do evento (21 de setembro de 2011). Em discurso, abordou questo Palestina, Crise Econmica Global e Conselho de Segurana.

    Obama anuncia programa para agilizar vistos no Brasil 19 de janeiro de 2012 O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou nesta quinta-feira o lanamento de um projeto-piloto de dois anos para agilizar a emisso de vistos para o Brasil. Turismo e emprego Em discurso na Disney World de Orlando, Obama afirmou que "a populao do Brasil adora vir Flrida, mas ns estvamos dificultando essas visitas". "Quanto mais gente visitar os EUA, mais americanos voltaro a trabalhar. simples assim", afirmou o

    presidente. A Casa Branca calcula que se o pas aumentar sua participao no mercado turstico internacional, poderiam ser criados mais de um milho de empregos na prxima dcada. A crescente classe mdia de emergentes como Brasil, China e ndia tratada como crucial nesse esquema, especialmente porque, segundo o Departamento de Comrcio, os brasileiros gastam em mdia US$ 5 mil em cada viagem aos EUA. Paraguai Golpe Branco contra Fernando Lugo junho 2012 Federico Franco assumiu o governo do Paraguai a 22 de junho de 2012, aps o impeachment de Fernando Lugo. O processo contra Lugo foi iniciado por conta do conflito agrrio que terminou com 17 mortos no interior do pas. A oposio acusou Lugo de ter agido mal no caso e de estar governando de maneira "imprpria, negligente e irresponsvel". Ele tambm foi acusado por outros incidentes ocorridos durante o seu governo, como ter apoiado um motim de jovens socialistas em um complexo das Foras Armadas e no ter atuado de forma decisiva no combate ao pequeno grupo armado Exrcito do Povo Paraguaio, responsvel por assassinatos e sequestros durante a ltima dcada, a maior partes deles antes mesmo de Lugo tomar posse. O processo de impeachment aconteceu rapidamente, depois que o Partido Liberal Radical Autntico, do ento vice-presidente Franco, retirou seu apoio coalizo do presidente socialista. A votao, na Cmara, aconteceu no dia 21 de junho, resultando na aprovao por 76 votos a 1 at mesmo parlamentares que integravam partidos da coalizo do governo votaram contra Lugo. No mesmo dia, tarde, o Senado definiu as regras do processo. Na sexta, o Senado do Paraguai afastou Fernando Lugo da presidncia. O placar pela condenao e pelo impeachment do socialista foi de 39 senadores contra 4, com 2 abstenes. Federico Franco assumiu a presidncia pouco mais de uma hora e meia depois do impeachment de Lugo. UNASUL - A Unio de Naes Sul-Americanas (UNASUL) formada pelos doze pases da Amrica do Sul. O tratado constitutivo da organizao foi aprovado durante Reunio Extraordinria de Chefes de Estado e de Governo, realizada em Braslia, em maio de 2008 e ratificada em 2011. A Unio das Naes Sul-Americanas (Unasul) uma organizao reconhecida pela ONU que tem o objetivo de facilitar as relaes entre seus 12 pases membros: Argentina, Bolvia, Brasil, Chile, Colmbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela. No se trata, porm, de um bloco como o Mercosul e a Unio Europeia. Entidades desse tipo visam apenas a integrao econmica. A Unasul, ao contrrio, uma entidade com propostas mais abrangentes. Ela tem metas polticas e estratgicas tambm, que incluem a criao de um parlamento, um conselho de defesa e um banco continental. L na frente, em um futuro ainda distante, a ideia que tudo isso acabe resultando na formao de uma grande zona de livre comrcio. Ainda assim, no d para classific-la como um bloco de interesses estritamente econmicos. Na parte econmica, a inteno da Unasul por enquanto auxiliar na convergncia dos blocos j existentes: o MERCOSUL e a Comunidade Andina de Naes. Unasul decide suspender Paraguai do bloco junho 2012 Suspenso do pas ocorreu com base no tratado constitutivo do bloco sul-americano. A suspenso ocorreu com base no tratado constitutivo Unasul. A Unasul tambm aprovou a criao de uma comisso para fiscalizar o processo eleitoral paraguaio. Mercosul suspende Paraguai e anuncia adeso da Venezuela Paraguai fica de fora do bloco at eleies presidenciais de abril de 2013. Venezuela entra como membro pleno do bloco comercial em 31 de julho.

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    O Mercosul decidiu suspender temporariamente o Paraguai at as novas eleies presidenciais do pas, em 2013, e afirmou que a Venezuela ser incorporada ao bloco como "membro de pleno direito". Alm dos pases fundadores e da Venezuela, o Mercosul tem Chile, Bolvia, Equador e Peru como pases associados. Os anncios foram feitos na cpula semestral do bloco na cidade argentina de Mendoza. O Mercosul "suspendeu temporariamente o Paraguai at que se leva a cabo o processo democrtico que novamente instale a soberania popular" no pas, disse a presidente argentina, ao lado da presidente do Brasil, Dilma Rousseff, e do presidente do Uruguai, Jos Mujica. As medidas contra o Paraguai ocorrem em resposta ao processo de impeachment do presidente Fernando Lugo, em junho de 2012 e que foi repudiado pelos pases sul-americanos. Nenhum representante do novo governo paraguaio, agora presidido por Federico Franco, ex-vice de Lugo, participou da cpula. Venezuela A Venezuela ser incorporada ao bloco em cerimnia que ser realizada no Rio de Janeiro, em 31 de julho de 2012. O processo de ingresso da Venezuela havia se iniciado em 2006, aps ser solicitado um ano antes, mas estava parado por conta da negativa do Congresso do Paraguai a ratific-lo. O presidente da Venezuela, Hugo Chvez, disse que a entrada do pas no bloco era uma "derrota para o imperialismo e as burguesias". Mais cedo, em Assuno, Federico Franco disse que, se a suspenso paraguaia se confirmasse, o pas iria buscar novos parceiros comerciais. Franco tambm prometeu manter o cronograma eleitoral no pas. BRASIL NO HAITI Brasil comanda misso da ONU para reorganizar pas O Haiti est localizado na Amrica Central insular, na parte oeste da ilha La Hispaniola. O pas apresenta o pior IDH - ndice de Desenvolvmento Humano - das Amricas e um dos piores do mundo. Possui uma populao de quase 8,6 milhes de habitantes com 96% formada por populao negra ou mestia. A ocupao europia foi feita inicialmente pela Espanha. A partir de 1697, o territrio foi dominado pelos franceses, que implantaram a agricultura canavieira com a mo-de-obra escrava vinda da frica. Embora tenha se tornado independente em 1804, o Haiti sofreu invases da Espanha e dos EUA (1915 a 1934). Papa Doc e Baby Doc Em 1957, Franois Duvalier (chamado Papa Doc) foi eleito presidente do Haiti e criou a Milcia de Voluntrios da Segurana, cujos membros, mais conhecidos como Tonton Macoutes ("bichos papes", no dialeto local), eliminaram a oposio. Iniciou-se, ento, um regime ditatorial baseado no terror, inclusive com elementos do sobrenatural: o vodu passou a ser usado para amedrontar a populao descontente e ameaar a Igreja. Com a sua morte do Papa Doc, em 1971, seu filho Jean-Claude Duvalier (ou Baby Doc) assumiu o poder e continuou com os mesmos mtodos de controle e represso. A insatisfao popular cresceu a ponto do Baby Doc ser forado a abandonar o pas em 1986. Uma junta governou o pas at as eleies de 1990, vencidas pelo padre de esquerda Jean Bertrand Aristide que sofreu um golpe de Estado e se refugiou no Canad. Muitos refugiados se dirigiram aos EUA e pases vizinhos, o que levou o governo norte-americano de Bill Clinton e a ONU a reivindicarem o retorno de Aristide ao poder. A Era Aristide Ao retornar ao Haiti, Aristide dissolveu o exrcito haitiano e governou at 1995, quando elegeu o seu sucessor: Ren Prval. Nas eleies de 2000, Aristide venceu novamente, com 92% dos

    votos, e o seu partido ganhou todas as cadeiras de deputados e senadores em disputa. Porm, em 2004 o Haiti possua cerca de 70% da sua populao desempregada, o mandato dos deputados e senadores se encerrou sem novas eleies e Aristide governava por decretos. A oposio ao seu governo aumentou e armou-se, comeou uma luta armada e Aristide deixou o pas (retirado pelos EUA, fora). Tropas da ONU No mesmo ano, a ONU enviou tropas com soldados do Chile, EUA, Canad e Frana e instalou um governo provisrio. O Conselho de Segurana da ONU instituiu a Operao Minustah para garantir a segurana e as condies estveis de modo a restabelecer um processo poltico e constitucional no pas. O comando das tropas foi confiado ao Brasil. A Operao Minustah visa ajudar o governo transitrio, na reforma de sua polcia nacional e em programas de desarmamento de grupos paramilitares e bandidos. O Brasil enviou cerca de 1.200 soldados para o Haiti e assumiu o comando das tropas das ONU (cerca de 8.360 soldados de 40 pases). O Brasil em ao no Haiti Em 2006, o general brasileiro Urano Teixeira da Matta Bacellar se suicidou. O suicdio teria sido causado pela falta de perspectiva de soluo dos conflitos internos no Haiti (pois eles deixaram de ser polticos e os problemas sociais ganharam maior importncia): desemprego em torno de 80% da populao, desestruturao social, aumento da violncia e a falta de ajuda internacional. Para o Brasil, o comando das tropas da ONU visto como uma forma de o pas pleitear um assento no Conselho de Segurana da ONU, ganhar experincia na luta contra o crime em favelas do Rio de Janeiro (o exrcito realizou uma seqncia de incurses que desmontaram as gangues de Cit Soleil - favela localizada na capital, Porto Prncipe, a rea mais violenta do Haiti) e melhorar os equipamentos militares de combate urbano (o que j ocorreu com o Cascavel e o Urutu). Venezuela Crise do adiamento posse de Chaves Janeiro de 2013

    Com o argumento de que h "continuidade administrativa" na presidncia aps a reeleio em outubro do presidente Hugo Chvez, desde 1999 no poder, a Suprema Corte da Venezuela decidiu que constitucional a prorrogao da posse do lder venezuelano. A deciso foi anunciada em meio a um acalorado debate entre o governo e a oposio sobre se a Constituio estabelece que o presidente da Venezuela, que est em um hospital em Havana com complicaes por uma infeco pulmonar aps sua quarta cirurgia relativa a um cncer, deveria tomar posse na quinta-feira, como estabelecido no texto constitucional. O vice-presidente Nicols Maduro anunciou que Chvez no poderia comparecer posse na data prevista. Chvez foi reeleito em outubro para seu quarto mandato, o que lhe permitiria ficar no poder at 2019, quando totalizaria 20 anos na presidncia. - Oposio argumenta que mandato atual de Chvez (2007-2013) termina no dia 10, quando teria de assumir obrigatoriamente para seu quarto mandato (2013-2019). Data da posse seria essa tanto

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    para a cerimnia na Assembleia Nacional quanto na Suprema Corte. Assim, autoridades (como o vice-presidente) nomeadas por Chvez em seu mandato prvio no teriam legitimidade aps essa data. Segundo a oposio, a nica forma de prorrogar a cerimnia de posse seria a Assembleia aprovar uma "ausncia temporria" de 90 dias para Chvez, perodo que poderia ser estendido por mais 90 dias e em que o lder do Congresso unicameral governaria interinamente. Para os opositores, a Suprema Corte deveria indicar uma equipe mdica para determinar a condio de sade de Chvez. - Governo diz que artigo 231 no estabelece prazo para juramento ao cargo ser feito perante Suprema Corte. Assim, diante de um imprevisto, presidente eleito poderia assumir perante essa corte a qualquer hora. Segundo o vice-presidente Nicols Maduro e o presidente da Assembleia Nacional do pas, Diosdado Cabello, Chvez j presidente h 14 anos e pode dar continuidade ao governo sem cumprir a formalidade do juramento. O governo tambm argumenta que, no caso de Chvez, aplica-se o Artigo 235 da Constituio, que obriga o presidente a pedir autorizao Assembleia Nacional para ausentar-se do pas por mais de cinco dias medida que Chvez tomou antes de embarcar para Cuba. Assim, como pediu permisso para fazer o tratamento mdico, sua ausncia no poderia ser considerada temporria nem absoluta. At ele voltar, vice permaneceria em seu lugar e no haveria mudanas no gabinete. Resumo Poltico de 2012 nas 3 Amricas O ano de 2013 comea com decises importantes na poltica e na economia das Amricas. Nos Estados Unidos, o Congresso aprovou um acordo para evitar o abismo fiscal, uma srie de medidas, como corte de gastos pblicos e aumento de impostos, que poderia levar o pas a outra recesso. Na Amrica Latina, a maior expectativa quanto sade do presidente venezuelano Hugo Chvez, que se recupera de uma cirurgia para tratamento de cncer. Ele foi reeleito pela quarta vez em 2012 e, caso no consiga ser empossado, poder ser o fim da revoluo bolivariana. Em Cuba, um dos ltimos regimes comunistas do mundo, entrar em vigor dia 14 a nova lei migratria, que acaba com as restries para que cubanos saiam da ilha. Nas duas maiores economias da Amrica do Sul, Brasil e Argentina, as atenes estaro voltadas para as finanas. A economia brasileira cresce em ritmo lento (menos de 1% previstos para 2012), enquanto na Argentina, a poltica econmica derrubou a popularidade da presidente Cristina Kirchner. J o Uruguai, que aprovou a descriminalizao do aborto, deve discutir agora o casamento gay e a legalizao da maconha. No Paraguai, a populao vai s urnas para escolher o substituto do presidente Fernando Lugo, alvo de impeachment ano passado. Poltica internacional: Eleies nos EUA e troca de presidente na China - 2013 Estados Unidos e China iniciaram em 2013 seus processos de transio de poder, cujos resultados afetam todo o mundo. Nos Estados Unidos, o democrata Barack Obama foi reeleito presidente no dia 6 (tera-feira). Foram as eleies presidenciais mais disputadas das ltimas dcadas. A expectativa agora para uma resoluo dos problemas econmicos do pas, que acumula uma taxa de desemprego de quase 8% e um dficit pblico que ultrapassa US$ 1 trilho. Na China, a troca de comando comeou com a abertura do 18o Congresso do Partido Comunista, em 8 de novembro (quinta-feira). O processo de escolha das lideranas presidente e primeiro-ministro obscuro e fechado, realizado pelo partido que governa desde 1949.

    BRASIL: ESPAO E SOCIEDADE O Brasil dividido em 3 macrorregies econmicas Centro-Sul - Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paran, So

    Paulo, Rio de Janeiro, Esprito Santo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Gois.

    Nordeste - Bahia, Pernambuco, Alagoas, Cear, Rio Grande do Norte, Paraba, Piau e Maranho.

    Amaznia - Mato Grosso, Tocantins, Par, Amap, Rondnia, Amazonas, Acre e Roraima.

    Cada macrorregio possui caractersticas distintas devido a vrios fatores, como histria, desenvolvimento, populao, economia. A regio Centro-Sul, de todas as macrorregies, a mais desenvolvida, no s economicamente, mas tambm em indicadores sociais (sade, educao, renda, mortalidade infantil, analfabetismo entre outros). As migraes internas

    Na histria das migraes internas do pas, a maioria partiu do Nordeste. Na dcada de 50 para a construo de Braslia (Candangos); entre 1950 e 1985 para as grandes cidades do Sudeste, contribuindo para a expanso urbano-industrial e a partir da dcada de 1970, para a Amaznia. Por outro lado, o maior fluxo migratrio ocorrido na histria do Brasil foi o da industrializao, que trouxe migrantes de vrias regies brasileiras para o eixo Rio-So Paulo, atrados pela grande oferta de emprego e a falta de condies nas regies de origem dos migrantes. Segundo o IBGE, a mobilidade da populao brasileira aumentou na segunda metade do sculo XX. Entre a dcada de 1940 e o final dos anos 80, aproximadamente 57 milhes de brasileiros mudaram de cidade ou regio. Durante todo o processo de povoamento do Brasil, elas tiveram um papel de destaque. No incio foram as reas marginais da zona

    aucareira nordestina, seguidos pela pecuria no agreste e serto nordestino, O passo seguinte foi o da minerao, em Minas Gerais que levou um grande contingente de pessoas para a regio. At mesmo a regio amaznica tambm foi um forte plo de atrao migratria, com o ciclo da borracha, acompanhado pela expanso cafeeira no Sudeste. A regio que menos teve migraes at este perodo foi o Sul do pas, onde os imigrantes fizeram uma colonizao diferenciada do restante do pas, mas a partir de 1970, eles foram incentivados a trabalhar em reas da regio Norte, atravs de vantagens oferecidas pelo governo. Migrao interregional O Sudeste ainda um dos principais destinos dos migrantes. Hoje em dia, o Centro-Oeste a regio que mais recebe gente. Sul e o Norte apresentam equilbrio de entrada e sada de pessoas. O Nordeste ainda a regio de maior emigrao. No entanto, de acordo com o ltimo Censo do IBGE, o padro das migraes internas mudou drasticamente e notado um fluxo de retorno regio de origem, devido as limitaes do mercado de trabalho, devido crise socioeconmica da dcada de 80, que persiste at hoje, com reduo no nmero de empregos e aumento no nmero de pessoas subempregadas. Sudeste heterogeneidade estrutural e perspectivas O crescimento industrial ocorrido na fase conhecida como milagre brasileiro, a partir do final da dcada de 60 e durante os anos 70, baseou-se fundamentalmente no padro industrial e tecnolgico anterior, com grande nfase em indstrias de bens intermedirios, altamente intensivas em recursos naturais, e de bens durveis de consumo. A existncia de variados mecanismos de incentivos estaduais e regionais e uma ampla fronteira de recursos naturais, apoiada no avano da infra-estrutura, propiciaram um processo de desconcentrao para vrias regies e estados brasileiros.

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    O crescimento agropecurio, ao contrrio, se fez com grandes transformaes estruturais e tecnolgicas, especialmente com a incorporao produtiva dos cerrados. Assim, ao lado do grande crescimento da produo de4gros nos estados do Sul do Brasil ocorreu tambm o movimento da fronteira em sentido ao Centro-Oeste. O movimento migratrio e os servios tenderam a acompanhar o crescimento industrial e agropecurio. As transformaes estruturais em curso alteraro, seguramente, o sentido regional do desenvolvimento econmico brasileiro. No Brasil, quase 40% da populao mora fora do municpio no qual nasceu As persistentes desigualdades entre as regies do Brasil so h dcadas motivo para migraes internas. Pelas contas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), 39,8% da populao, cerca de 72 milhes de brasileiros, vive fora do municpio de origem. A maioria est em idade economicamente ativa, entre 18 e 39 anos. Comparando-se os dados recentes aos do Censo de 2000, verifica-se que o volume de migrantes que circulam entre as regies do pas caiu de 5,2 milhes para 4,8 milhes, um decrscimo de 7%. O Sudeste deixou de ser o principal destino das migraes. Isso ocorre em razo do aumento de investimentos no Interior, principalmente na Regio Centro-Oeste, que passou a atrair a maioria dos migrantes brasileiros, tendo 36,3% de populao vinda de fora (veja a tabela abaixo). Segundo o IBGE, atualmente Mato Grosso o estado lder em crescimento na participao do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, resultado da expanso agrcola e da indstria. Os nmeros tambm evidenciam o avano de migrantes em direo Amaznia. No entanto, uma tendncia histrica se mantm: a regio que mais exporta migrantes ainda o Nordeste. Nordestinos totalizam 33% da populao em outras localidades do pas. Mas o Nordeste tambm vive a migrao de retorno. Entre 1999 e 2004, 714 mil nordestinos regressaram regio. Os estados onde esse movimento mais evidente so o Maranho, com um aumento de 79%, e o Rio Grande do Norte, com crescimento de 54%. O fator determinante para o retorno a desconcentrao industrial em benefcio de todas as regies do pas. Dados do Censo IBGE 2011 Dados Preliminares Palmas a capital com o maior crescimento populacional em 10 anos Segundo o IBGE, migrao justifica aumento no nmero de habitantes. So Paulo e Rio de Janeiro apresentam queda na taxa de crescimento. Palmas a capital brasileira que apresentou, entre 2000 e 2010, a maior taxa mdia de crescimento anual de populao, segundo dados do Censo Demogrfico 2010. A populao de Palmas foi a que mais cresceu entre as capitais em funo do crescimento migratrio. Como o Tocantins um estado criado recentemente, h muita migrao De acordo com o Censo 2010, na capital do Tocantins, a taxa de crescimento foi de 5,2% em dez anos. O segundo lugar, entre as capitais, ocupado por Boa Vista, em Roraima (3,55%), seguido de Macap, no Amap (3,46%). J a capital brasileira com a menor taxa mdia de crescimento anual no perodo foi Porto Alegre (0,35%), seguida por Belo Horizonte (0,59%). Cidades mais populosas As cidades de So Paulo e Rio de Janeiro, que lideram, em 2000 e 2010, o ranking dos municpios mais populosos, vm apresentando queda na taxa de crescimento, apesar do aumento populacional em nmeros absolutos. Essas duas cidades continuam sendo reas de atrao, mas no com tanto mpeto quanto h algumas dcadas. Os movimentos migratrios vm diminuindo ao longo do tempo e uma das principais causas para isso a exigncia de um nvel de escolaridade alto no mercado de trabalho das grandes metrpoles. Com isso, o imigrante tem dificuldade de se inserir e acaba optando por municpios onde a mo de obra menos qualificada.

    Percentual de idosos na populao segue em crescimento Nas ltimas dcadas, o Brasil tem registrado reduo significativa na participao da populao com idades at 25 anos e aumento no nmero de idosos. E a diferena mais evidente se comparadas as populaes de at 4 anos de idade e acima dos 65 anos. De acordo com o IBGE, o grupo de crianas de 0 a 4 anos do sexo masculino, por exemplo, representava 5,7% da populao total em 1991, enquanto o feminino representava 5,5%. Em 2000, estes percentuais caram para 4,9% e 4,7%, chegando a 3,7% e 3,6% em 2010. Enquanto isso, cresce a participao relativa da populao com 65 anos ou mais, que era de 4,8% em 1991, passando a 5,9% em 2000 e chegando a 7,4% em 2010. A Regio Norte, apesar do contnuo envelhecimento, ainda apresenta, segundo o IBGE uma estrutura bastante jovem. As regies Sudeste e Sul so as mais envelhecidas do pas Distribuio por sexo De acordo com o Censo 2010, h 96 homens para cada 100 mulheres no Brasil. A diferena ocorre, segundo o IBGE, porque a taxa de mortalidade, entre homens, superior. Mas nascem mais homens no pas: a cada 205 nascimentos, 105 so de homens. Das grandes regies, a nica que foge regra a Regio Norte, onde os homens so maioria. Isso se d por conta da migrao dessa localidade, onde h atividade de minerao para os homens. Censo 2010 contabiliza mais de 60 mil casais homossexuais O Brasil tem mais de 60 mil casais homossexuais, segundo dados preliminares do Censo Demogrfico 2010. Essa foi a primeira edio do recenseamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE) a contabilizar a populao residente com cnjuges do mesmo sexo. Nmero de moradores por domiclio cai 13,2% em 10 anos Em 2000, a mdia de moradores em domiclios particulares ocupados era de 3,8. Agora est em 3,3. Tendncia de declnio est relacionada reduo da fecundidade. (IN)JUSTIA SOCIAL NO BRASIL Racismo, Preconceito e Intolerncia no Brasil Discriminao - Os negros (pretos e pardos) representam 47,3% da populao brasileira. Na camada mais pobre da populao, eles so 66%. No topo da pirmide social, h apenas um negro para cada nove brancos. Raiz histrica - A discriminao racial vem da poca da escravido. Sua abolio, porm, no foi acompanhada de polticas para melhorar a condio de vida dos ex-escravos. Como resultado, perpetuou-se a pobreza dos negros. Condies de vida - O analfabetismo atinge 12,9% dos negros. Em mdia, eles tm dois anos de estudos a menos que os brancos. Apenas 16% chegam faculdade, e s 2% se formam. Na mdia

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    nacional, a renda dos negros equivale metade da renda dos brancos. A discriminao fica patente quando, mesmo com formao idntica e ocupando cargos equivalentes ao dos brancos, os negros recebem salrios menores. Aes afirmativas - O Brasil hoje discute o uso de cotas e polticas afirmativas para ampliar as oportunidades aos negros. Entre as medidas, est a reserva de cotas nas universidades. As medidas so polmicas: no possvel definir com exatido quem negro; alm disso, essas medidas podem provocar mais discriminao. A unanimidade entre os especialistas a necessidade de investimento macio para ampliar o acesso educao, desde o ensino bsico. STJ reconhece casamento civil entre pessoas do mesmo sexo 25 de outubro de 2011 G1 Reconhecimento na instncia superior foi feito por duas mulheres do Rio Grande do Sul que tiveram o pedido de casamento civil negado no Estado. O processo partiu de duas cidads gachas que recorreram ao STJ, aps terem o pedido de habilitao para o casamento negado na primeira e na segunda instncia. A deciso do tribunal gacho afirmou no haver possibilidade jurdica para o pedido. No recurso especial, elas sustentaram no existir impedimento jurdico para o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Afirmaram, tambm, que deveria ser aplicada ao caso a regra de direito privado de que permitido o que no expressamente proibido. O pedido aconteceu aps Supremo Tribunal Federal (STF) ter reconhecido, em maio deste ano, a unio estvel entre pessoas do mesmo sexo. Em sua deciso, o STF no deixou clara a possibilidade ou no do casamento civil, o que provocou decises diferentes de juzes de primeira instncia pelo Brasil. Intolerncia no Brasil - Pesquisa Fundao Perseu Abramo

    Concentrao de Renda Coeficiente Gini Desenvolvido pelo matemtico italiano Corrado Gini, o Coeficiente de Gini um parmetro internacional usado para medir a desigualdade de distribuio de renda entre os pases. O coeficiente varia entre 0 e 1, sendo que quanto mais prximo do zero menor a desigualdade de renda num pas, ou seja, melhor a distribuio de renda. Quanto mais prximo do um, maior a concentrao de renda num pas. O ndice Gini apresentado em pontos percentuais (coeficiente x 100). O ndice de Gini do Brasil o terceiro pior do mundo em 2010, o que demonstra que nosso pas, apesar da melhora dos ltimos anos, ainda tem uma alta concentrao de renda.

    ndice de Desenvolvimento Humano (IDH) uma medida comparativa usada para classificar os pases pelo seu grau de "desenvolvimento humano" e para separar os pases desenvolvidos (muito alto desenvolvimento humano), em desenvolvimento (desenvolvimento humano mdio e alto) e subdesenvolvidos (desenvolvimento humano baixo).Todo ano, os pases membros da ONU so classificados de acordo com essas medidas. O IDH tambm usado por organizaes locais ou empresas para medir o desenvolvimento de entidades subnacionais como estados, cidades, aldeias, etc. O ndice foi desenvolvido em 1990 pelos economistas Amartya Sen e Mahbub ul Haq, e vem sendo usado desde 1993 pelo Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento no seu relatrio anual. O IDH combina trs dimenses:

    Expectativa de vida ao nascer Anos Mdios de Estudo e Anos Esperados de

    Escolaridade PIB (PPC) per capita

    Mudana de metodologia em 2010 do IDH-ONU No antigo IDH, os pases eram classificados no intervalo de 0 a 1. Quanto mais prximo de 1, mais desenvolvido o pas. Quanto mais prximo de zero, menos desenvolvido. A partir de 2010, dividiu-se o ranking de 169 pases em quatro partes os de desenvolvimento humano muito alto so a parcela de 25% que est no topo da tabela; os de alto desenvolvimento so os 25% seguintes; os de mdio, outros 25%; e os de baixo desenvolvimento, os 25% ltimos. Segundo o relatrio, o IDH do Brasil apresenta "tendncia de crescimento sustentado ao longo dos anos". Mesmo com a adoo da nova metodologia, o Brasil continua situado entre os pases de alto desenvolvimento humano.

    Brasil ocupa 84 posio entre 187 pases no IDH 2011

    O ndice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil em 2011 de 0,718 na escala que vai de 0 a 1. O ndice usado como referncia da qualidade de vida e desenvolvimento sem se prender apenas em ndices econmicos. No ano passado, o Brasil aparecia classificado como o 73 melhor IDH de 169 pases, mas, segundo o Pnud, o pas estaria em 85 em

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    2010, se fosse usada a nova metodologia. Desta forma, pode-se dizer que em 2011 o pas ganhou uma posio no ndice em relao ao ano anterior, ficando em 84 lugar. Dilma sanciona lei que cria Comisso da Verdade 18 de novembro de 2011 A presidente Dilma Rousseff sancionou hoje a lei que permite aos cidados ter acesso a informaes pblicas e a lei que cria a Comisso da Verdade. Em cerimnia no Palcio do Planalto, Dilma destacou que essas duas leis "representam um grande avano nacional e um passo decisivo na consolidao da democracia brasileira". "A informao torna-se aberta em todas as suas instncias. A Lei de Acesso Informao, de autoria do Executivo e que foi encaminhada em maio de 2009 ao Congresso Nacional, entra em vigor em seis meses. Ela garante o acesso a documentos pblicos de rgos federais, estaduais, distritais e municipais dos trs Poderes. Comisso da Verdade A Comisso da Verdade foi criada para investigar, em dois anos, violaes de direitos humanos ocorridas entre 1946 e 1988. A comisso ser composta por sete membros, nomeados pela Presidncia da Repblica. A cracolndia no para os ingnuos Marcus Guterman - 08 de janeiro de 2012 uma pena que, quando enfim o Estado resolveu aparecer na cracolndia, a ao esteja visceralmente contaminada por interesses eleitoreiros e econmicos. Essa promiscuidade obnubila o fato de que, sim, era necessrio tomar alguma providncia para acabar com um dos smbolos mais impressionantes da patologia da sociedade paulistana que se emociona com um cachorro que apanhou de sua dona, mas no tem a mesma considerao por pessoas destitudas de sua humanidade. Hoje sabe-se que os governos estadual e municipal decidiram agir para acabar com a cracolndia porque o governo federal j planejava faz-lo e, claro, tudo isso est no contexto da eleio para a prefeitura de So Paulo. Drogas e viciados perambulando por a so um tema central para eleitores normalmente conservadores como o paulistano. Atacar o problema, mesmo com truculncia e precipitao, deve render votos preciosos. Ademais, um dos projetos mais significativos do prefeito Gilberto Kassab e de seus simpatizantes do setor imobilirio reformar justamente a regio onde fica a cracolndia. Visto dessa perspectiva, o problema claramente de higienizao social, para satisfazer eleitores e empreiteiros. Nada disso, porm, deveria descaracterizar a urgncia do problema, que de sade pblica, de segurana e de direitos os dos viciados e tambm os das pessoas comuns que no conseguem circular por uma parte de sua prpria cidade. A politizao da ao estatal na cracolndia, tanto por parte dos governantes quanto por parte de seus crticos, no ajuda a colocar o drama em sua justa dimenso. No limite, mesmo atabalhoada, a Operao Cracolndia era necessria e inadivel, e seus resultados, ainda que parciais ou mesmo eventualmente violentos, devero servir para balizar futuras aes gerando um necessrio contraponto ao discurso ingnuo segundo o qual o problema da cracolndia pode ser combatido com sopo noturno e compaixo crist. http://blogs.estadao.com.br/marcos-guterman/a-cracolandia-nao-e-para-os-ingenuos/ Pinheirinho, Cracolndia e USP: em vez de poltica, polcia! Raquel Rolnik - 23 de janeiro de 2012 Domingo, 22 de janeiro de 2012, 6h da manh, So Jos dos Campos (SP). Milhares de homens, mulheres, crianas e idosos moradores da ocupao Pinheirinho so surpreendidos por um cerco formado por helicpteros, carros blindados e mais de 1.800 homens armados da Polcia Militar. Alm de terem sido interditadas

    as sadas da ocupao, foram cortados gua, luz e telefone, e a ordem era que famlias se recolhessem para dar incio ao processo de retirada. Determinados a resistir j que a reintegrao de posse havia sido suspensa na sexta feira - os moradores no aceitaram o comando, dando incio a uma situao dramaticamente violenta que se prolongou durante todo o dia e que teve como resultado famlias desabrigadas, pessoas feridas, detenes e rumores, inclusive, sobre a existncia de mortos. Nos ltimos 08 anos, os moradores da ocupao lutam pela sua permanncia na rea. Ao longo desse tempo, eles buscaram firmar acordos com instncias governamentais para que fosse promovida a regularizao fundiria da comunidade, contando para isto com o fato de que o terreno tem uma dvida milionria de IPTU com a prefeitura. O terreno pertence massa falida da empresa Selecta, cujo proprietrio o especulador financeiro Naji Nahas, j investigado e temporariamente preso pela Polcia Federal na operao Satiagraha. No fim da semana, vrias foram as idas e vindas judiciais favorveis e contrrias reintegrao, assim como as tratativas entre governo federal, prefeitura, governo de Estado e parlamentares para encontrar uma sada pacfica para o conflito.Com o processo de negociao em curso e com posicionamentos contraditrios da Justia, o governo do Estado decide armar uma operao de guerra para encerrar o assunto. 03 de janeiro de 2012, regio da Luz, centro de So Paulo. A Polcia da Militar inicia uma ao de "limpeza" na regio denominada pela prefeitura como Cracolndia. Em 14 dias de ao, mais de 103 usurios de drogas e frequentadores da regio foram presos pela polcia com uso da cavalaria, spray de pimenta e muita truculncia. Em seguida, mais de trinta prdios foram lacrados e alguns demolidos. Esta regio objeto de um projeto de "revitalizao" por parte da prefeitura de So Paulo, que pretende conced-la "limpinha" para a iniciativa privada construir torres de escritrio e moradia e um teatro de pera e dana no local. Moradores dos imveis lacrados foram intimados a deixar a rea mesmo sem ter para onde ir. Comerciantes que atuam no maior polo de eletroeletrnicos da Amrica Latina, a Santa Efignia , assim como os moradores que h dcadas vivem ali, vm tentando, desde 2010, bloquear a implantao deste projeto, j que este desconsidera absolutamente suas demandas. 08 de novembro de 2011, 05h10 da manh, Cidade Universitria, So Paulo. Um policial aponta a arma para uma estudante de braos levantados, a tropa de choque entra no prdio e arromba portas (mesmo depois de a polcia j estar l dentro), sem deixar ningum mais entrar (nem a imprensa, diga-se de passagem), nem sair, tudo com muita truculncia. Este foi o incio do processo de desocupao da Reitoria da Universidade de So Paulo, ocupada por estudantes em protesto presena da PM no Campus. Os estudantes so surpreendidos por um cerco formado pela tropa de choque e cavalaria, totalizando mais de 300 integrantes da Polcia Militar. Depois de horas de ao violenta, so retirados do prdio e levados pres