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ADMINISTRAÇÃO, CIÊNCIA E NEGÓCIOS

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Imagens da capa: https://pixabay.com/pt/dna-dupla-h%C3%A9lice-modelo-sulco-menor-694798/

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Ademir Menin Ivan Vieira da Silva

José Francisco de Assis Dias (Organizadores)

ADMINISTRAÇÃO, CIÊNCIA E NEGÓCIOS

Livro produzido com apoio do

Instituto Cesumar de Ciência, Tecnologia e Inovação (ICETI)

Primeira Edição E-book

Toledo - PR 2017

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Copyright 2017 by

Organizadores EDITORA:

Daniela Valentini CONSELHO EDITORIAL:

Prof. Daniel Eduardo dos Santos - UNICESUMAR Prof. José Beluci Caporalini - UEM

Prof. Lorella Congiunti – PUU - Roma REVISÃO FINAL: Prof. Ronaldo de Oliveira

CAPA, DIAGRAMAÇÃO E DESIGN: Editora Vivens Ltda.

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

Rosimarizy Linaris Montanhano Astolphi Bibliotecária CRB/9-1610

Todos os direitos reservados aos Organizadores.

Editora Vivens, O conhecimento a serviço da Vida!

Rua Pedro Lodi, nº 566 – Jardim Coopagro Toledo – PR – CEP: 85903-510; Fone: (45) 3056-5596

http://www.vivens.com.br; e-mail: [email protected]

Administração, ciência e negócios. / organizadores,

A238 Ademir Menin, Ivan Vieira da Silva, José

Francisco de Assis Dias. – 1. ed. e-book –

Toledo, PR: Vivens, 2017.

134 p.

Modo de Acesso: World Wide Web:

<http://www.vivens.com.br>

ISBN: 978-85-92670-34-4

1. Administração - ciência. 2. Gestão do

conhecimento. 3. Planejamento - administração. 4.

Controle de estoque. 5. Administração financeira.

CDD 22. ed. 658

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ................................................................... 11 I - ANÁLISE DA CIENTIFICIDADE DA ADMINISTRAÇÃO: APROXIMAÇÕES E DISTANCIAMENTOS A PARTIR DAS PERSPECTIVAS DE KARL POOPER E THOMAS KUHN Rocio Del Pilar Lopes Cabana Josiane Barbosa Gouvea Eliana Cunico................................................................................ 13 1.1 INTRODUÇÃO ................................................................. 15 1.2 KARL POPPER E A FALSEABILIDADE DAS TEORIAS CIENTÍFICAS ...................................................... 19 1.3 A PERSPECTIVA PARADIGMÁTICA DE THOMAS KUHN..................................................................... 23 1.4 O POSICIONAMENTO DA ADMINISTRAÇÃO NA PERSPECTIVA DOS CRITÉRIOS DE DEMARCAÇÃO DA CIÊNCIA ........................................... 26 1.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................... 34 REFERÊNCIAS ........................................................................ 38 II - PLANO DE NEGÓCIOS: .............................................. 41 UMA FERRAMENTA DE GESTÃO Alberto Augusto Ribeiro Paiva Euda Márcia Dias Paiva Ivan Vieira da Silva.......................................................................41 2.1 INTRODUÇÃO ................................................................. 42 2.2 A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO PARA O EMPREENDEDOR ............................................... 43

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2.2.1 O plano de negócios: conceito e finalidade ............ 45 2.2.2 Aspectos do negócio: fatores internos e externos.. 46

2.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................... 48 REFERÊNCIAS ........................................................................ 49 III - CONTROLE DE ESTOQUE DE MATÉRIA PRIMA NA AGRO INDUSTRIAL DE TOLEDO Gesiane Coltro Vieira da Silva Ivan Vieira da Silva Euda Márcia Dias Paiva ...............................................................51 3.1 INTRODUÇÃO ................................................................. 52 3.2 ADMINISTRAÇÃO .......................................................... 54

3.2.1 Administração de recursos materiais ........................ 55 3.2.2 Controle de estoque .................................................... 57

3.3 NÍVEIS DE ESTOQUES ................................................. 58 3.3.1 Estoque Mínimo ......................................................... 59 3.3.2 Estoque Máximo ......................................................... 61 3.3.3 Estoque de segurança ................................................. 63 3.3.4 Rotatividade ................................................................. 65 3.3.5 Tempo de reposição e ponto de pedido .................. 66 3.3.7 Armazenagens dos produtos ..................................... 71 3.3.8 Funções DE ARMAZENAGEM ............................ 73 3.3.9 Necessidades DE ESPAÇO FÍSICO ...................... 75

3.4 METODOLOGIA ............................................................. 76 3.5 APRESENTAÇÃO DOS DADOS ................................. 78 3.6 INTERPRETAÇÕES DOS RESULTADOS ................ 84

3.6.1 Métodos e controle de estoque de matéria prima .. 84 3.6.2 Rotatividade ................................................................. 88 3.6.3 Estoque mínimo e estoque máximo......................... 89

3.7 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................... 90 REFERÊNCIAS ........................................................................ 92

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IV - GESTÃO DO ORÇAMENTO DE CAIXA EM UM CENÁRIO DE ALTA DA INFLAÇÃO: UM ESTUDO DE CASO EM UMA COOPERATIVA DE SERVIÇOS BANCÁRIOS Joscimar Edmundo Borth Eliana Cunico Silvana Anita Walter .................................................................... 95 4.1 INTRODUÇÃO ................................................................. 97 4.2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................ 99

4.2.1 Teoria contingencial ................................................... 99 2.2 A INFLAÇÃO E OS IMPACTOS NO ORÇAMENTO DE CAIXA ................................................ 101 4.3 METODOLOGIA DA PESQUISA ............................. 108 4.4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ....................................................................... 112 4.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................ 122 REFERÊNCIAS ...................................................................... 124

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APRESENTAÇÃO Com alegria apresentamos aos acadêmicos de Gestão

do Conhecimento e Educação esta obra que recolhe trabalhos oriundos de pesquisa interdisciplinar formando um corpo harmonioso entorno do problema da administração, ciência e negócios.

No primeiro capítulo, as professoras Rocio Del Pilar Lopes Cabana, Josiane Barbosa Gouvea e Eliana Cunico trabalharam uma análise da cientificidade da administração: aproximações e distanciamentos a partir das perspectivas de Karl Pooper e Thomas Kuhn, onde abordaram os seguintes temas: Karl Popper e a falseabilidade das teorias científicas; a perspectiva paradigmática de Thomas Kuhn; o posicionamento da administração na perspectiva dos critérios de demarcação da ciência.

No segundo capítulo, os professores Alberto Augusto Ribeiro Paiva, Euda Márcia Dias Paiva e Ivan Vieira da Silva trabalharam uma ferramenta de gestão (plano de negócios), onde abordaram a importância do planejamento para o empreendedor: o plano de negócios: conceito e finalidade; aspectos do negócio: fatores internos e externos. No terceiro capítulo, os professores Gesiane Coltro Vieira da Silva, Ivan Vieira da Silva e Euda Márcia Dias Paiva trabalharam o controle de estoque de matéria prima na agroindustrial de Toledo, onde abordaram os temas: administração e níveis de estoque.

No quarto capítulo, Joscimar Edmundo Borth, as professoras Eliana Cunico e Silvana Anita Walter trabalharam a gestão do orçamento de caixa em um cenário de alta da inflação: um estudo de caso em uma cooperativa de serviços bancários, apresentando importantes considerações.

Boa leitura! Os Organizadores

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I ANÁLISE DA CIENTIFICIDADE DA

ADMINISTRAÇÃO: APROXIMAÇÕES E DISTANCIAMENTOS A PARTIR DAS

PERSPECTIVAS DE KARL POOPER E THOMAS KUHN

Rocio Del Pilar Lopes Cabana*

Josiane Barbosa Gouvea** Eliana Cunico***

* Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Administração da Universidade Estadual de Maringá na Área de Concentração: Organizações, Empreendedorismo e Mercado. Mestre em Administração pela Universidade Estadual de Maringá na linha de pesquisa Organizações e Estratégia. Graduada em Administração pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Licenciada em Educação Artística com habilitação em artes plásticas pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Tatuí - São Paulo. ** Aluna de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Administração da UEM - Universidade Estadual de Maringá. Mestre em administração pela mesma instituição, na linha de pesquisa de Organizações e Estratégia. Especialista em Assessoria Executiva pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Unioeste e em Docência no Ensino Superior pela Faculdade Sul Brasil - FASUL. Graduada em Administração pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Câmpus de Marechal Cândido Rondon). Atuei como docente no curso de Administração e Ciências Contábeis da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Unioeste, bem como em instituições privadas de ensino superior. Atualmente trabalho como docente no Instituto Federal do Paraná - Campus Umuarama. Meus interesses de pesquisa estão voltados à área dos estudos organizacionais em temas relações raciais e diversidade, cotidiano, história, memória, representações sociais e discursos a partir de análises qualitativas. *** Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Administração da UEM - Universidade Estadual de Maringá. Mestre do Programa PPGA - Universidade Nove de Julho. Docente na área de Gestão dos cursos de Graduação e Pós-graduação do Centro Universitário FAG - Toledo (2012) e da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Unioeste - M.C. Rondon (2015). Possui Graduação em Administração pela UNIOESTE (2007), especialização em Administração Financeira, Contábil e Controladoria

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RESUMO

No presente ensaio teórico objetivamos analisar comparativamente os critérios de demarcação do conhecimento científico propostos por Karl Popper e Thomas Kuhn, trazendo à tona suas aproximações e distanciamentos em relação ao campo da Administração. Defendemos que o aporte desses estudiosos é valioso para o caminhar epistêmico dos estudos administrativos. Porém, devido às marcantes diferenças entre as ciências sociais e as ciências naturais, observamos que as demarcações científicas propostas por Popper e Kuhn ainda conformam um plano reduzido do conhecimento humano e, portanto, não podem ser considerados como pontos de referência para a demarcação definitiva das ciências de cunho social. Foi possível apreender, através da pesquisa realizada, que muito embora esteja a Administração em processo de solidificação no âmbito científico, não se pode descaracterizá-la enquanto ciência. A contingência do campo exige, no entanto, a sua sustentação a partir de diferentes paradigmas, concomitantemente. Dessa forma, são necessários novos olhares que possibilitem envolver, tanto os aspectos objetivos, subjetivos, materiais e existenciais dos fenômenos humanos e sociais. Consideramos que o presente estudo apresenta contribuições importantes ao campo, uma vez que possibilita a ampliação da reflexão acerca da cientificidade da Administração, tema sobre o qual pairam questionamentos, tendo em vista ser ela multiparadigmática.

PALAVRAS-CHAVE: Administração; critérios de demarcação; ciência; múltiplos paradigmas.

pela FASUL (2010). Coordena atualmente os Trabalhos de Conclusão de Curso em Administração Centro Universitário FAG - Toledo. Atua como Professora Orientadora no Programa Patronato de Toledo - Extensão Unioeste - SETI - SESP e Governo do Paraná.

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1.1 INTRODUÇÃO

O que é o conhecimento? Podemos nós, seres

humanos, ter acesso ao conhecimento total da realidade que nos cerca? Sabe-se que essa busca tem sido uma constante na história da humanidade. A Ciência tem sido uma das formas que os sujeitos encontraram para ter possibilidade de se apropriar de tais respostas. Desta forma, a busca pelos critérios de demarcação que definem o conhecimento científico como tal, é objetivo constante de epistemólogos da ciência nas mais diversas partes do mundo, desde a antiguidade clássica. Isso se dá uma vez que os mesmos visam distinguir a ciência de conhecimentos pseudocientíficos ou metafísicos.

Rorty (1994, p. 19), salienta que “conhecer é representar acuradamente o que está fora da mente”, mas será que o nosso conhecimento do mundo se reduz a nossa “representação” dele? Para Chalmers (1993, p.24), por sua vez, esta distinção é clara: “o conhecimento científico é conhecimento confiável porque é conhecimento provado objetivamente”. Porém, onde se encontram todos os outros fenômenos que não podem ser provados objetivamente? Destarte, existe uma grande inquietação contemporânea: como distinguir o que é conhecimento científico do que não é? Quais são os critérios que o definem como tal?

Este ensaio tem por objetivo analisar comparativamente os critérios de demarcação do conhecimento científico propostos por Karl Popper e Thomas Kuhn, trazendo à tona suas aproximações e distanciamentos com o campo da Administração a fim de responder a tais questionamentos.

Propor critérios de demarcação visando distinguir o conhecimento científico do senso comum não é uma proposição nova. Conforme salientam Schmidt e Santos (2007), desde a antiguidade essa busca vem sendo construída.

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Platão no seu livro V da República distinguia episteme e doxa. A episteme para este filósofo estaria relacionada ao surgimento das verdades necessárias e fundamentais. Já a doxa estaria num plano intermediário entre conhecimento e ignorância caracterizando-se pela sua relatividade (Platão, 2000).

Aristóteles, por sua vez, na sua obra Analíticos Posteriores, conforme aponta Pessoa (2010), apresenta a sua concepção do método científico, defendendo que a investigação científica se inicia com o conhecimento de que certos acontecimentos ocorrem ou que certas propriedades coexistem, e por meio de um processo de indução tais observações conduzem a um princípio explicativo. Uma vez estabelecido este princípio pode levar, por dedução, de volta as observações particulares de onde se partiu para outras afirmações a respeito dos acontecimentos ou propriedades.

Os céticos também se detiveram no estudo acerca da possibilidade de conhecer a realidade que nos cerca. O ceticismo mostrou-se desde a antiguidade até os dias atuais como um assunto profundo, obtuso, e problematizador das certezas humanas. Na interpretação de Bayle, segundo Smith (2007) dois aspectos filosóficos estariam na origem do ceticismo. Por uma parte, o ceticismo seria produto de uma distinção que a filosofia traçou, desde o seu início, entre o ser e o aparecer, o que nos remeteria a estarmos sempre beirados na areia do aparecer, em oposição ao inatingível reino do ser. Por outra parte, a clássica distinção epistemológica entre conhecimento e crença, ligada a ideia de que o filósofo não crê ou opina, mas só sabe ou conhece, o que remeteria ao filósofo ou sábio estar condenado a suspender o juízo.

Além da pretensão de atingir uma compreensão geral da natureza, segundo Williams (2008, p. 115), existem outras preocupações epistemológicas ligadas com questões céticas como são os problemas de demarcação, vinculados ao “escopo e aos limites do conhecimento humano” e os

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problemas de método relacionados com as formas de obter conhecimento. Rosenberg (2012, p. 48) defende que “os progressos na filosofia da ciência muitas vezes constituem-se na construção de contraexemplos para análises, definições ou explicações, e então revisões da definição para aceitá-los”.

Estudiosos do chamado Círculo de Viena, por sua vez, também propuseram critérios que pudessem demarcar o conhecimento científico. Segundo Neves (2002), essa escola propunha uma divisão clara entre fatos empíricos demonstráveis pela verificabilidade e os princípios metafísicos. Para esse conjunto de pesquisadores os enunciados deveriam ser submetidos aos princípios da verificabilidade empírica.

Popper e Kuhn, por sua vez, propuseram novas maneiras de entender a ciência e distingui-la do saber não científico, com o objetivo de solucionar o problema “da distinção entre afirmações das ciências empíricas, ou afirmações científicas, e outras afirmações de caráter religioso, metafísico ou simplesmente pseudocientífico” (MASSONI, 2011, p. 15-16). Popper (1902 - 1994) foi um filósofo austríaco, naturalizado britânico, atraído desde cedo pela epistemologia e pela ciência. No meio social e cultural em que habitava se desenvolveu o Círculo de Viena, tendo a possibilidade de dialogar com seus representantes, e tecer suas críticas.

Por sua vez, Kuhn (1922- 1996) foi um físico estadunidense, interessado na história e na filosofia da ciência. Suas considerações sobre o desenvolvimento científico partiram de suas concepções do próprio treino científico e do seu interesse na Filosofia da Ciência. Nos seus estudos despertou a atenção à sociologia da comunidade científica. Assim, ambos foram contemporâneos, vivenciaram os períodos críticos do século XX, configurados como períodos de guerra, fato que repercute diretamente na vida de Popper, tendo ele que emigrar para a Austrália (1937-1946).

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Tanto Popper quanto Kuhn tinham como referência

às áreas das ciências naturais, em especial a física (Popper, por exemplo, considera a física teórica moderna a mais cabal concretização do que acredita ser a ciência empírica). Ambos escrevem os seus manuscritos mais relevantes numa etapa inicial de suas trajetórias acadêmicas, possibilitando esclarecer, dialogar, e rebater as críticas às suas proposições.

No transcurso deste ensaio defendemos que o aporte desses estudiosos é valioso para o caminhar epistêmico dos estudos administrativos. Porém, devido às marcantes diferenças entre as ciências sociais e as ciências naturais, observamos que as demarcações científicas propostas por Popper e Kuhn ainda conformam um plano reduzido do conhecimento humano e, portanto, não podem ser considerados como pontos de referência para a demarcação definitiva da ciência. Dessa forma, são necessários novos olhares que possibilitem envolver, tanto os aspectos objetivos, subjetivos, materiais e existenciais dos fenômenos humanos e sociais. Destarte, como é possível então chegar a respostas a respeito da cientificidade da Administração?

Compreendemos a relevância em discutir esse assunto, uma vez que assim como Paes de Paula (2016), consideramos o debate acerca da escolha de uma única abordagem epistêmica em detrimento de outra, uma guerra paradigmática, que não culminará em um só vencedor. Isso significa que concordamos com a ideia de que múltiplos estudos vêm sendo desenvolvidos no campo, dotados de distintas contribuições, ajustadas às abordagens epistêmicas e organizadas com métodos distintos. Isso ocorre, pela necessidade de aderência a cada realidade pesquisada. Ora, se somos convergentes em reconhecer a presença de problemas multiparadigmáticos - sejam eles quantitativos, subjetivos, sociais, econômicos, relacionais, estruturais, existenciais - no campo da Administração, por que não aceitar distintas

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abordagens capazes de compreender tais problemas e, a partir destes, produzir ciência?

A fim de compreender a abordagem proposta, estruturamos o presente estudo em quatro seções. Além desta introdução, as duas primeiras seções apresentam a proposta dos critérios de demarcação de Popper e Kuhn a fim de diferenciar o conhecimento científico do que os autores consideram ser pseudociência. A seguir, abordamos o posicionamento da Administração a partir das propostas de demarcação científica mencionadas. Por fim, são tecidas as considerações finais acerca do estudo desenvolvido.

1.2 KARL POPPER E A FALSEABILIDADE DAS TEORIAS CIENTÍFICAS

Diferenciar ciência de pseudociência é preocupação

central no pensamento de Karl Popper. Já no início de suas reflexões o autor apresenta o que considera ser o problema da demarcação ao afirmar que se “trata do problema de estabelecer um critério que nos habilite a distinguir entre as ciências empíricas, de uma parte, e a matemática e a lógica, bem como os sistemas metafísicos, de outro” (Popper, 2007, p. 35). Considera relevante distinguir os aspectos lógicos do pensamento científico, ou seja, a análise do método das ciências empíricas (método científico ou não científico) não sendo importante para sua perspectiva aspectos externos a isto, como são os fatores psicológicos e sociais. Ao propor a sua teoria, Popper desafiou o sistema até então estabelecido, posicionando-se contrário inclusive ao Círculo de Viena, escola da qual fazia parte, diz Matos (2009).

A fim de estabelecer os critérios de demarcação, portanto, Popper (2007), apresenta uma proposição que vai de encontro ao anteriormente proposto, qual seja, a crítica à lógica da indução, através da qual o conhecimento é obtido através da experiência. Para o autor, essa crítica se sustenta

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uma vez que a lógica indutiva não proporciona, convenientemente, sinal diferenciador do caráter empírico, não metafísico, de um sistema teórico; em outras palavras, consiste em ela não proporcionar adequado “critério de demarcação” (Popper, 2007, p.34-35). Para Popper, portanto, a descrição de uma experiência ou de um experimento não pode dar respostas universais.

Diante disso, o autor afirma ser a dedução lógica a maneira adequada de se estabelecer uma teoria, uma vez que essa poderia ser submetida a provas. Assim, expõe o que viria a ser o ponto fundamental de sua teoria, qual seja, a possibilidade de falseamento de um enunciado. De acordo com o pensamento popperiano não pode existir na ciência nenhum enunciado que não se possa testar, e, portanto, nenhum enunciado que não seja refutável, através do falseamento. O autor salienta, portanto, que “deve ser tomado como critério de demarcação não a verificabilidade, mas a falseabilidade” (Popper, 2007, p. 42). Assim para esse filósofo “o objetivo da ciência não é a obtenção de enunciados irrevogavelmente verdadeiros” (Popper 2008, p.39). Importante enfatizar, porém, que isso não significa dizer que todo enunciado científico precise ser testado previamente, mas espera-se que demonstre capacidade para tal.

Desta forma, para Popper, uma teoria pode ser considerada válida até que seja refutada e, consequentemente, substituída por outra. Logo, só pode ser considerada científica a teoria passível de ser posta à prova. A ciência aqui é vista como provisória e não imutável, na qual se possa lidar com conceitos de verdadeiro ou falso. Popper admite que a ciência se constitui através de constantes formulações de hipóteses e comparação destas com a realidade. É importante compreender, como afirma Neves (2002, p. 145), que para Popper “somente a refutabilidade de uma teoria pode ser provada, nunca a sua veracidade absoluta”. Assim para lidar com eventuais vieses empíricos, vale expor que Popper fala

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sobre probabilidades para as proposições: não podemos chegar a uma conclusão em virtude apenas de nossos casos colhidos, pois eles são finitos e podemos ter coletado, por ventura, apenas aqueles que sustentam nosso pensamento. Desta forma, uma proposição segue como não refutada até que uma nova tome seu lugar ao explicar o que era explicado e ir além, tal como o reducionismo, movendo o conhecimento para mais perto da verdade, ainda que não a atingindo (CURD & COVER, 1998).

A partir de tais proposições é possível perceber que para Popper a ciência é um princípio interminável (Neves, 2002). O conhecimento científico, portanto, deve ser constantemente testado, a fim de que se possa garantir o progresso da ciência, assim o “objetivo do método empírico é de selecionar o sistema que se revele, comparativamente, o melhor, expondo-o a mais violenta luta pela sobrevivência” (Popper, 2008, p. 44). Popper (2007) sustenta, que a ciência não é definitiva, quando afirma que o cientista deve estar sempre aberto a alterar ou rejeitar a sua própria inspiração.

Logo, Karl Popper, critica os métodos utilizados até então para demarcar o saber científico - baseados na verificabilidade - e propõe a falseabilidade ou possibilidade de refutação como únicos critérios de demarcação aceitáveis. Destarte, abandona a ideia de que as teorias podem ser tidas como verdadeiras através de experiências observativas (Chalmers, 1993). Sendo uma teoria considerada válida até que seja refutada por outra que supra as lacunas deixadas pela primeira (Popper, 2007). Desta forma, Popper (2007) considera que por maior que seja o número de observações em relação a um evento particular, isso não permite a generalização, uma vez que há sempre a possibilidade de fatos ainda não observados virem a contradizer a conclusão. Para Chalmers (1993), os argumentos dedutivos são considerados válidos, tendo em vista que se a premissa do argumento é verdadeira, sua conclusão também o será. Nesta abordagem,

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portanto, o progresso da ciência se dá por conjecturas e refutações (Popper, 2007). Na perspectiva falseacionista, segundo Chalmers (1993, p. 91), a aceitação da teoria é sempre tentativa. A rejeição da teoria pode ser decisiva.

Embora as ideias de Popper sejam largamente conhecidas, elas não são universalmente aceitas. A perspectiva falseacionista de Popper foi criticada por estudiosos como Putnam (1992), por exemplo. Para este autor, o modelo proposto por Popper não se diferencia do indutivismo como o mesmo propõe. Para Putnam (1992), teoria implica em predição, se a predição é falsa, a teoria é falsificada; por outro lado, se há um número relativamente grande de predições, a mesma é confirmada. Esta perspectiva de análise, de acordo com o autor, aproxima os modelos indutivista e hipotético-dedutivo.

Assim como Popper, outro autor foi igualmente importante para a demarcação do pensamento científico. Thomas Kuhn também procurou em seus estudos identificar quais os critérios que definem o conhecimento científico. Kuhn, ainda que aponte críticas a Popper, reconhece que o desenvolvimento do conhecimento científico deve debater a forma como a ciência tem sido praticada e, desse modo, defende que a ciência reflete um desenvolvimento histórico (Curd & Cover, 1998). No que se refere à crítica à Karl Popper, Kuhn (2013) aponta que a verdade é ilusória, e que a ciência é reflexo de contextos culturais, políticos, econômicos e tecnológicos, configurando paradigmas nos quais os cientistas se encontram inseridos, e por meio dos quais são capazes, conjuntamente, de decidir sobre como boas teorias são escolhidas e aceitas pela comunidade científica. Kuhn, portanto, partiu da compreensão histórica do desenvolvimento científico, como pode-se observar na próxima seção.

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1.3 A PERSPECTIVA PARADIGMÁTICA DE THOMAS KUHN

A proposta apresentada por Thomas Kuhn defende

que a ciência é uma sucessão de paradigmas que são incomensuráveis entre si (KUHN, 2013). Em outras palavras, Kuhn enxerga o desenvolvimento científico como uma “sucessão de períodos ligados à tradição e pontuados por rupturas não-cumulativas” (Kuhn, 1998a, p. 255). Para este estudioso, portanto, uma nova teoria nunca, ou quase nunca, é um mero incremento ao que já é conhecido. Em seus estudos Kuhn deixa explícito que a visão que se tinha de ciência tradicional não se ajustava à forma como - acreditava ele - a mesma nasce e se desenvolve ao longo do tempo.

Diante disso, o autor apresenta a sua teoria na qual dispõe que o desenvolvimento típico de uma disciplina científica se dá através do que poderíamos chamar de um processo que envolve a fase pré-paradigmática, ciência normal, um ambiente de crise que origina a revolução que, consequentemente, abre um novo período de ciência normal que se mantém até que uma nova crise seja percebida. São, portanto, as crises que possibilitam as quebras de paradigmas existentes para a aceitação de um novo (Kuhn, 2013). Para compreendermos esta perspectiva de análise, entende-se ser necessário que dois conceitos sejam aqui detalhados, quais sejam, o de ciência normal e paradigma.

Ciência normal para Kuhn (2013, p. 71) “significa a pesquisa firmemente baseada em uma ou mais realizações científicas passadas”. Na ciência normal, a atividade do cientista está dirigida para a articulação dos fenômenos e teorias fornecidas por um paradigma já existente que guia as atividades desenvolvidas por uma determinada comunidade científica. A execução de tais atividades, dentro do processo de ciência normal, é definida por Kuhn (2013), como sendo a resolução de quebra-cabeças, que ocorrem sem que se

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percebam grandes impactos na comunidade científica em que são desenvolvidas. Assim diferentemente da perspectiva de Popper na qual o trabalho do cientista é elaborar teorias e pô-las a prova, para Kuhn é a resolução de quebra-cabeças. Destarte entendemos que o cientista popperiano está mais vinculado com o processo de construção e desconstrução de teorias, já o cientista kuhniano por estar socializado num determinado paradigma, tem maiores dificuldades para assimilar o novo, precisando muitas vezes da persuasão para ser convencido.

O paradigma, por sua vez, apesar de estar estritamente relacionado à ciência normal (Kuhn, 2013), apresenta outra característica. Consiste em um conjunto de propriedades fundamentais sobre um objeto da ciência. Está vinculado à ideia de revolução científica, através da qual um modelo teórico vigente é substituído por outro, uma vez que o paradigma vigente não mais consegue responder às necessidades de determinada comunidade científica.

Com a perda da confiança no paradigma vigente, alternativas são revistas por membros da comunidade científica. Instala-se um período de discussões e divergências sobre os fundamentos da ciência. Kuhn (2000) atribui a esse período o termo crise. Durante a crise o paradigma não é abandonado enquanto não surgir um outro que se revele superior a ele.

Tal circunstância estabelece, então, as revoluções científicas, em que uma crise científica é dada em função da ciência normal vigente, devido a erros ou lacunas não atendidas e culminando em uma ciência extraordinária que vem a corresponder à demarcação do novo paradigma científico. Tal movimento é cíclico, e novas crises podem ocorrer durante a sua vigência - vindo a ocasionar novas mudanças paradigmáticas - e, mesmo que se observe um longo período sem a observação de crises científicas, não é possível dizer que o paradigma vigente é imutável, apenas que

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não há outro mais bem aceito na comunidade científica (Curd & Cover, 1998).

Para Kuhn (2013), portanto, a ciência não é um empreendimento cumulativo, no qual se dá um progresso constante em direção a uma verdade absoluta (assim tanto Popper como Kuhn rejeitam a ideia da obtenção de certezas). Este progresso ocorre apenas dentro da ciência normal, durante o período em que um determinado paradigma é aceito pela comunidade científica. No entanto, a partir do momento em que há a ruptura com o paradigma existente e a aceitação de um novo, têm-se a revolução científica. Quando esta revolução ocorre, diz Massoni (2011, p. 18), “é como se o cientista usasse “lentes inversoras” e, olhando para o mesmo conjunto de objetos ele os vê totalmente transformados”.

Kuhn, de forma semelhante a Popper, também observa o problema da indução ao afirmar:

se pudermos aprender a substituir a evolução-a-partir-do-que-sabemos pela evolução-em-direção-ao-que-queremos-saber, diversos problemas aflitivos poderiam desaparecer nesse processo. Por exemplo, o problema da indução deve estar situado em algum ponto desse labirinto. (KUHN, 2008, p. 214)

Quanto à objetividade da ciência diferentemente de

Popper que só leva em consideração aspectos lógicos do método, Kuhn, acreditam ser necessário ir além dos critérios objetivos (precisão, consistência, abrangência, simplicidade e fecundidade) e considerar também os fatores externos como são os aspectos psicológicos, sociológicos e contextuais (Kuhn, 1998b, p. 95).

Partindo, portanto, de um olhar diferenciado, Kuhn (1998a p.256) acredita que “os membros de uma comunidade científica constituem a única audiência e são os únicos juízes do trabalho dessa comunidade”. Ou seja, são eles que

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afirmarão se uma teoria é válida o não. Além disto, este estudioso estabelece como critério para a validação de um sistema científico a aplicabilidade do paradigma aceito na resolução dos problemas graves na ciência.

Dentre suas muitas contribuições Kuhn demonstra a relevância da comunidade científica no desenvolvimento da ciência, assim ele afirma: “O conhecimento científico como a linguagem, é intrinsecamente a propriedade comum de um grupo ou então não é nada. Para entendê-lo precisamos conhecer as características essenciais dos grupos que o criam” (Kuhn, 1998a, p.257).

Até aqui, segundo o apresentado, podemos ver que ambas as perspectivas mesmo diferentes na maioria das suas afirmações, contribuem para um saber mais aprofundado sobre o que é ciência. Entre seus muitos legados, Popper estimula nos cientistas a humildade do pesquisador, pois é justamente no trabalho de criar e testar arduamente suas teorias que florescerá uma ciência mais refinada, mas não por isso absoluta. Por sua vez, Kuhn também nos estimula, nos chama a continuar observando, estudando e analisando além dos critérios objetivos da ciência, aqueles que se encontram quase imperceptíveis, mas fazem parte do cotidiano do fazer ciência. Diante do exposto, pode a Administração ser considerada ciência? Como posicioná-la a partir de tais teorias? É o que nos propomos a discutir na seção que segue.

1.4 O POSICIONAMENTO DA ADMINISTRAÇÃO NA PERSPECTIVA DOS CRITÉRIOS DE DEMARCAÇÃO DA CIÊNCIA

Sabemos que, conforme nos apresenta Matos (2009),

definir os critérios de demarcação que poderiam estabelecer o que é científico ou não, determinou o pensamento filosófico desde o século XIX até meados do século XX. Diante de tais pesquisas, quando abordamos o tema de critérios de

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demarcação para a ciência, este nos parece ser de fácil compreensão, uma vez que tais perspectivas apresentam critérios claros que separam o conhecimento científico do não científico. Isto se dá porque os debates relativos à demarcação estavam vinculados às chamadas ciências “duras” ou naturais (Matos, 2009). No entanto, ao tratarmos do assunto na área da Administração, nos dá a impressão que tais critérios escapam por entre os dedos. Parece-nos ser a Administração um terreno movediço, no qual diferentes perspectivas teóricas são utilizadas a fim de explicar determinados fenômenos que compõem a área.

Como salienta Burrel (1999), a área é vista como uma “Torre de Babel”, uma vez que coexistem nela conhecimentos advindos de diversos campos de pesquisa, por vezes até mutuamente excludentes. Muitos estudiosos questionam até mesmo se, ao falarmos da Administração estamos tratando de uma área científica. Para Matos (2009), este questionamento é legítimo, tendo em vista a natureza do saber administrativo, que se utiliza de conhecimentos de diversas áreas a fim de compor o seu corpo teórico. No entanto, pode-se perceber que, ao ingressarmos neste campo de análise, estão em jogo a existência de muitas perspectivas.

A partir disso, se mostra muito frequente a ideia de abordar a Administração através de uma oposição entre ciência ou arte. No entanto, para Matos (2009), tal oposição não faz sentido, tendo em vista que a noção do que seja ciência e arte foram alteradas significativamente no decorrer do tempo, através dos conceitos estabelecidos. De acordo com o autor, a ciência é também arte, sendo esta atestada pelas práticas científicas. Entendemos, no entanto, que apesar de ciência e arte se aproximarem em alguns momentos, os significados dos termos não podem ser igualados.

Outro aspecto fundamental para essa dificuldade de demarcação da ciência na Administração é que diferente da física ou da matemática, o seu objeto de estudos são os seres

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humanos, inseridos nos ambientes organizacionais, com todas as suas individualidades e características peculiares. Portanto, conforme afirma Matos (2003, p. 61), “a aplicação do pensamento popperiano inspira uma necessária “viagem” da epistemologia à produção de teoria para uso prático das organizações”. Assim, estudar a ação humana exige não apenas análise e falseabilidade de teorias, mas um encontro com a realidade e as necessidades humanas, envolvidas em relações de modificação constante.

Desta forma, faz-se necessária uma renovação permanente, não apenas dos conceitos e teorias, mas da própria natureza das ciências sociais, campo no qual se encontra a Administração. Giddens (2001) apresenta tal realidade ao afirmar que na atualidade há necessidade de uma síntese renovada dos limites das ciências sociais, suas teorias e componentes teóricos. Não há, portanto, a possibilidade do conhecimento objetivo e da neutralidade do cientista, como exigido nas ciências naturais.

Esta tentativa de enquadramento da Administração em uma perspectiva científica vem sendo objeto de estudo de pesquisadores da área durante muito tempo. Sabe-se que no decorrer do século XX a área foi estabelecida com uma forte influência do positivismo. Entendemos que isto se deu em virtude deste paradigma ser largamente vinculado às ciências naturais. Logo, na ânsia de ser reconhecida como científica, a Administração procurou enquadrar-se a esta concepção. Neste sentido, Matos (2003) apresenta que em seu início as atividades administrativas eram executadas a partir de instrumentalização prática. Tais ações garantiram o aumento da produtividade. No entanto, não se poderia determinar ações diferenciadas para cada caso específico, o que levou à construção das primeiras teorias administrativas, tendo em vista que a forte instrumentalização da Administração, gerou inúmeras críticas no ambiente acadêmico.

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Estas críticas se deram tendo em vista que conforme

salientam Alvesson e Willmott (1992), a Administração é um fenômeno que envolve características políticas, culturais e ideológicas. Neste contexto, os sujeitos devem ter voz, uma vez que não são máquinas. Assim, para Matos (2003, p. 62) “o desenvolvimento do conhecimento passa, cada vez mais, da solução individual à formulação teórica”. Porém o que mais observamos no campo da Administração é a aplicação do indutivismo como método de pesquisa. Neste sentido Matos (2003), assinala que a indução consolidada como método no século XIX e primeiras décadas do século XX, sustentou a sociologia funcionalista, afluente da maior parte da Teoria Organizacional corrente. Desta forma, o que menos se observa na Administração é a prática do falseamento das teorias, ou seja, a substituição de uma teoria por outra que melhor atenda às necessidades. Portanto, somos chamados a refutar e aprimorar constantemente as nossas teorias. E neste sentido Shareff (2007) observa a relevância da abordagem popperiana como uma alternativa para ajudar a incrementar a baixa eficácia das teorias organizacionais e das práticas gerenciais.

Partindo-se da concepção de ciência para Kuhn, tem-se a visão de que para o campo ser considerado científico faz-se necessária a consolidação de um paradigma. Esta condição não é realidade no campo da Administração, uma vez que a mesma é composta por conhecimentos advindos de diversas áreas, como citado anteriormente. Considera-se, portanto, estar a Administração em um período que, ao utilizarmos o conceito de Kuhn, pode ser chamado de pré-paradigmático. No período pré-paradigmático temos uma multiplicidade de escolas em competição, torna-se muito difícil encontrar provas de progresso, a não ser no interior das escolas (Kuhn 1998a, p.205). A possibilidade de o campo da Administração assim como de qualquer outro que trate sobre seres humanos, chegar a consolidar um paradigma, é muito perigoso, tendo

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em vista que a diversidade dos fenômenos desta natureza não pode tender a ser reduzidos a um único ou pouquíssimos paradigmas. Pois, nesse caso, apresenta-se o risco de excluir ou menosprezar muitos aspectos relevantes do ser humano.

Estas abordagens de Popper e Kuhn, apresentam, no campo científico, muita legitimidade. Entretanto, como vimos, estão vinculadas às ciências naturais. Assim, por mais que possamos extrair muitos aspectos aplicáveis às ciências sociais, percebemos rapidamente que precisamos de outras abordagens para definir o que é ciência quando se trata das diferentes formas de relacionamentos sociais entre os seres humanos.

Santos (1988) em certo sentido aborda essa tarefa. Para ele o modelo mecanicista que vigora nas ciências naturais foi trazido para as ciências sociais. Porém este foi assumido de duas formas, assim se tem duas vertentes: a primeira (dominante), constitui em aplicar, na medida do possível ao estudo da sociedade todos os princípios epistemológicos e metodológicos que presidiam o estudo da natureza; e, a segunda, constitui em reivindicar para as ciências sociais um estatuto epistemológico próprio com base na especificidade do ser humano e sua distinção polar em relação a natureza. Salientamos que o autor não defende nenhuma destas abordagens. Para ele a segunda abordagem não se desvincula totalmente do modelo mecanicista, pois acredita que essa fronteira que se estabelece “entre o estudo do ser humano e o estudo da natureza não deixa de ser prisioneira do reconhecimento da prioridade cognitiva das ciências naturais, pois, se por um lado, se recusam os condicionantes biológicos do comportamento humano, pelo outro usam-se argumentos biológicos para fixar a especificidade do ser humano” (p. 54).

Segundo Santos (1988) pode-se reconhecer a primeira vertente nos esforços de muitos estudiosos que partem do pressuposto que as ciências sociais são uma aplicação de um modelo de conhecimento universalmente válido, sendo

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possível estudar os fenômenos sociais como se fossem naturais. Mesmo acreditando que existem diferenças entre estes, assinalam que se pode chegar lá (a obter a compatibilidade de cientificidade das ciências naturais). Neste sentido, Santos (1988, p.53) menciona Ernest Nagel, em The Struture of Science, o qual apresenta alguns obstáculos que as ciências sociais possuem em relação às ciências naturais:

[...] as ciências sociais não dispõem de teorias explicativas que lhes permitam abstrair do real para depois buscar nele, de modo metodologicamente controlado, a prova adequada; as ciências sociais não podem estabelecer leis universais porque os fenômenos sociais são historicamente condicionados e culturalmente determinados; as ciências sociais não podem produzir previsões fiáveis porque os seres humanos modificam o seu comportamento em função do conhecimento que sobre ele se adquire; os fenômenos sociais são de natureza subjetiva e como tal não se deixam captar pela objetividade do comportamento; as ciências sociais não são objetivas porque o cientista social não pode libertar-se, no ato de observação, dos valores que informam a sua prática em geral e, portanto também a sua prática de cientista.

Mas, Nagel acredita, segundo Santos (1988), que estes

obstáculos são superáveis que não é uma tarefa fácil, justificando desta forma o atraso das ciências sociais em comparação às ciências naturais. Kuhn (1998) também enxerga este atraso, pois considera que as ciências sociais se encontram ainda num período pré-paradigmático, como exposto anteriormente. Por parte dos teóricos da Administração, conforme salienta Paes de Paula (2014), há um certo receio justamente no sentido de os pesquisadores em ciências sociais abandonarem o conceito de paradigma em seus estudos. O temor está no fato de que isso possa fazer com que os seus campos de atuação sejam considerados pré-

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paradigmáticos e, portanto, não científicos. A autora retoma, novamente, a abordagem de que o conceito de paradigma kuhniano, cabe às ciências naturais, no entanto, encontra dificuldade para ser utilizado em campos como a administração.

Ainda assim, Burrel e Morgan (1979) propuseram o que entenderam ser um modelo paradigmático para a Administração. A proposta dos autores consiste em determinar em quatro quadrantes os paradigmas administrativos que consistiam em funcionalista, interpretativista, humanista radical e estruturalista radical. Para os autores, tais paradigmas estariam inter-relacionados e poderiam abranger a infinita gama de possibilidades de estudos da Administração. De acordo com Caldas (2005), o objetivo da determinação de paradigmas para a área seria a sugestão de que a partir deles o campo poderia crescer em reflexividade e riqueza à medida que os diferentes paradigmas pudessem se reconhecer e dialogar e, a partir disso, encontrar caminhos alternativos ao funcionalismo - abordagem estabelecida à época - para assim desenvolver o campo da Administração.

No entanto, conforme salienta Caldas (2005), a abordagem paradigmática apresentada por Burrel e Morgan sofreu intensas críticas, uma vez que, para muitos pesquisadores da área, esta separação criou uma clara segregação entre as diferentes possibilidades de estudos na Administração. Desta forma, ao invés de promover o diálogo entre as áreas, como esperavam os autores, o que ocorreu foi o contrário. Muitos teóricos, argumentam, inclusive que a abordagem apresentada teria promovido a anarquia no campo e que este deveria ater-se a um único paradigma dominante, diz Caldas (2005).

A segunda vertente apresentada por Santos (1988, p.53), por sua vez, “reivindica para as ciências sociais um estatuto metodológico próprio”. Os obstáculos assinalados

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são, para esta vertente, “intransponíveis”. O argumento principal é que ação humana é radicalmente subjetiva. O comportamento humano não é fácil de desvendar, não pode ser descrito e explicado baseando-se nas suas características exteriores e objetiváveis, pois o mesmo ato externo pode ter sentidos de ação distintos.

Compartilhamos das afirmações de Santos (1988) quando aponta a existência das duas vertentes, mas não consideramos que esta segunda vertente seja minimizada, pois acreditamos que a subjetividade é sim um dos alicerces que suporta a nossa humanidade. Nossa mente, nossa consciência, nossas ideias, nossos sentimentos, nossas identificações, nossos conflitos, nossas memórias... elas não são indispensáveis em nosso ser? E se somos capazes de conhecer estes processos, como fazer isto? Uma coisa é certa, a forma não será a mesma que a utilizada com os elétrons, ou, com as células.

Não se trata de polarizar as ciências sociais conferindo ênfase apenas nos aspectos subjetivos, e deixar as ciências naturais com os aspectos objetivos. Mas sim trata-se de considerar que nas ciências sociais existe uma maior necessidade de compreensão dos aspectos subjetivos, não obstante existem muitos aspectos humanos e sociais que podem ser conhecidos de forma objetiva. Não se trata de criar uma cisão entre as ciências naturais e sociais, pois como vimos o refino cada vez mais apurado dos métodos das ciências naturais outorgam muitas contribuições para o estudo das ciências sociais, o perigo está em homogeneizar os fenômenos sociais e os naturais. Destarte, muitos legados podem ser extraídos das ciências naturais, mas precisamos de outra forma de enxergar a ciência para nos submergir nos fenômenos sociais.

No entanto, Paes de Paula (2014) sugere a possibilidade de teorias que ultrapassem a ideia de que a evolução do conhecimento ocorre apenas através de rupturas

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e dicotomias e se passe a uma perspectiva de conhecimento sociológico que se desenvolve a partir da integração de interesses cognitivos. Porém, acreditamos que a existência de rupturas, no sentido de uma fragmentação de abordagens não é um empecilho para o caminhar das ciências sociais, acaso nossas sociedades não são plurais? Então porque esse interesse tão forte em homogeneizar? Acaso não podemos aceitar que vivemos no meio das diferenças? Assim, entendemos que a integração tem de ser procurada na medida em que isto seja possível. Para tanto, como existem diversas formas de vivenciar e experimentar a realidade, assim também é possível que existam diversas formas de compreendê-la e registrá-las enquanto científicas.

1.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pensar a cientificidade da Administração a partir dos

critérios de demarcação propostos por Karl Popper e Thomas Kuhn, nos remete a perceber que não há no referido campo de estudos qualquer consenso a respeito de como deve se posicionar diante dos constantes questionamentos que são feitos relativos à sua cientificidade. Entendemos que isso se dá uma vez que estamos tratando de um campo de estudos recente, se compararmos com as áreas das ciências naturais, por exemplo. Logo, trata-se de um campo ainda em construção e em busca de consolidação. É fato, portanto que a Administração tem ainda um longo caminho a percorrer a fim de alcançar uma posição que lhe permita responder aos questionamentos que lhe são impostos com maior propriedade. Em nosso entendimento, no entanto, isso não faz com que a mesma seja descaracterizada enquanto ciência, ainda que as múltiplas teorias que a compõem dificultem posicioná-la a partir de um único paradigma.

Muitos esforços foram empreendidos no decorrer do tempo para que esta proposta fosse possível, principalmente

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a partir das perspectivas positivistas e funcionalistas. No entanto, ao ter como foco de seus estudos os sujeitos com as suas individualidades, sempre haverá fatores que impeçam esta restrição de definir um único paradigma como efetivo para a Administração. Isso se dá em virtude da proposta do campo, que não se restringe a um conhecimento universal, mas está em um campo contingente, no qual as mudanças são constantes. Neste sentido, entendemos que um cuidado se torna fundamental, uma vez que muito embora a perspectiva apresentada seja verdadeira, não se pode também cair no relativismo, no qual tudo é aceito. Critérios são necessários para determinar o conhecimento científico ainda que não vinculado a um paradigma único, como é o caso da Administração. Tais critérios admitidos podem ser ora generalizáveis, ora indutivos ou dedutivos, mesmo sem desprender-se da cientificidade.

Consideramos que estudos desta natureza são fundamentais para a consolidação do campo da Administração, uma vez que contribuem para a discussão de pontos que a podem aproximar ou distanciar do que é considerado científico em termos de conhecimento. Entendemos, portanto, que trazer tais temas para debate, ainda que não esgotem as possibilidades de argumentação e contra argumentação, possibilita que o tema seja debatido no campo e que promova reflexões entre os pesquisadores.

Enfatizando que tanto as perspectivas objetivistas e subjetivistas são complementares, é possível trabalhar cientificamente sem relegar nenhuma dessas amplas dimensões do conhecimento. Além disso, dado que o foco maior nas ciências naturais se encontra nos aspectos objetivos, é de suma relevância propor outros modos de fazer ciência que envolvam também o lado subjetivo do ser humano. Afinal, como se poderia obter melhores índices de desenvolvimento econômico sem conjuntamente avaliar como estes afetam o desenvolvimento social? Essas e outras

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lutas da Administração, claramente vão além das demarcações até agora existentes do que se considera científico.

Em nossa percepção, portanto, a realidade na qual se encontra a Administração exigirá cada vez mais dos pesquisadores da área, um posicionamento firme no sentido de consolidar a área enquanto conhecimento científico. Diante das discussões apresentadas é importante salientar que procurar identificar os diferentes pressupostos que, ao longo da história, foram desenvolvidos para distinguir o conhecimento científico de outras formas de conhecer não pressupõe a busca pelo modelo que seja mais adequado, ou, que traga uma abordagem de conhecimento estático. O que se entende como necessário é a apreensão de tais possibilidades e, à medida em que nos aprofundamos, temos a possibilidade de agregar mais uma peça na compreensão humana deste conhecimento.

Sabe-se que esta é uma questão controversa, uma vez que a Administração não é considerada uma ciência pura, tampouco encontra critérios fortes de demarcação como ciência aplicada. No entanto, tem-se percebido um avanço no processo de buscar a sua cientificidade. O que se identifica, no entanto, é que estas tentativas são ainda incipientes e não conseguiram alavancar a Administração ao status de ciência. Por outro lado, a possibilidade de analisar a área a partir deste prisma, pode ser vista como um avanço.

Assim, ao refletir sobre a possibilidade de escolher um caminho único para os estudos da Administração, indagamos ao nosso leitor sobre como seria pensar no campo dado o fim de todas as linhas de pesquisa não positivistas? Ou ainda, o abandono imediato de todas as pesquisas que não propõe novos paradigmas? A recusa iminente por parte de todos os periódicos, a artigos que não apresentem hipóteses falseáveis? Uma última reflexão nos leva a pensar como seria a inexistência de revistas onde nossos pares pudessem publicar suas pesquisas de base indutivista? No caso de você ter

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pensado ou imaginado qualquer uma dessas perguntas como absurda, nosso dever foi cumprido, por entendermos que a proposta de aceitação multiparadigmática, foi compreendida. Aos que concordam com alguma dessas indagações, sugerimos que repensem alguns princípios, partindo da reflexão de quais características ou o que torna uma pesquisa interessante?

Outrossim, sabemos que os paradigmas fortalecem a ciência e tem seu lado positivo. No entanto, a partir do momento em que se pensa encaixar a Administração em um único paradigma, em nosso entendimento, estamos limitando a ciência. É necessário um constante movimento de aproximação e distanciamento, de conversação e até mesmo confronto, entre diferentes paradigmas que compõem a área e buscam explicar a realidade. Desta maneira, enquanto se tem nas ciências naturais a intenção de busca pela unidade, através da qual um único paradigma vigente, ou o falseamento de teorias estabelecidas, pode ser capaz de explicar a realidade, nas ciências sociais - campo no qual está inserida a Administração - o movimento é oposto. No entanto, este movimento, em nossa concepção, não a invalida enquanto ciência.

Consideramos, portanto, que a Administração como ciência está apenas iniciando seu caminho pelo túnel dos questionamentos epistêmicos. Importa, em nosso entendimento, ressaltar o quanto estudos objetivos e subjetivos foram capazes de contribuir para os diferentes tipos de arranjos organizacionais, atribuindo-nos a possibilidade de ter argumentos para justificar o uso de diferentes abordagens em nossas pesquisas. A luz da chegada talvez não seja da obtenção de verdades absolutas, mas sim, o clarear de conhecimentos legitimados.

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II

PLANO DE NEGÓCIOS: UMA FERRAMENTA DE GESTÃO

Alberto Augusto Ribeiro Paiva*

Euda Márcia Dias Paiva** Ivan Vieira da Silva***

RESUMO

O planejamento é essencial para qualquer atividade empresarial. Devido a essa necessidade, o empreendedor deve recorrer às ferramentas que relacionem os recursos que dispõe aos seus objetivos. Além disso, é necessário que conheça suas

* Cursou ensino médio profissional em Publicidade no Colégio Objetivo (1984). Formado em Administração pela Fundação Universidade de Tocantins (2012). Especializado em MBA Gestão Empresarial pela UNICESUMAR (2017). Empregado público da Petrobrás Distribuidora S/A há 33 anos - (desde julho de 1984). Atualmente Gerente de Operações e Logística (unidade operacional de Maringá). Auditor e Coordenador na Petrobrás das ISOs 9001, 14001 e OHSAS 18001, que são certificados de qualidade, meio ambiente, saúde e segurança ocupacional. ** Possui graduação em Pedagogia - UDF Centro Universitário (1999). Bacharelado em Direito pela UNIEURO (2008); Advogada com registro na OAB/DF sob o n. de 29229. Pós-graduação em Psicopedagogia pela Universidade Candido Mendes (2003) Habilitação em Português pela FGF (2013), com programa especial de formação pedagógica. Atualmente é professora - Secretaria de Educação do Distrito Federal. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Tecnologia Educacional e, também na área Jurídica no ramo de direito familiar, cível, trabalho e previdenciário. *** Mestrando do Programa de Pós-graduação em Gestão do Conhecimento nas Organizações – Centro Universitário Cesumar (Unicesumar) - Maringá – PR – Brazil. Email: [email protected]

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limitações. O plano de negócios age como um documento em que se estejam relacionados os aspectos internos e externos ao negócio que possam interferir nas atividades da empresa. Estes fatores devem ser analisados e identificados de alguma forma, como a Análise SWOT, que avalia as qualidades positivas e negativas do negócio. O plano de negócios deve servir como direcionador do negócio, auxiliando o administrador a reconhecer as limitações do empreendimento, os recursos que precisa, a visão e a missão da empresa de forma realista.

PALAVRAS-CHAVE: Planejamento, Empresa, Empreendedorismo, Administração, Análise.

2.1 INTRODUÇÃO

Planejar é algo essencial em todo empreendimento.

Seja em grandes empresas ou em pequenos negócios, é importantíssimo que o empreendedor tenha os seus objetivos e suas finalidades claros no decorrer de suas atividades, bem como os recursos que dispõe e sua visão de futuro. Assim, o plano de negócios surge como uma ferramenta que traz ao administrador todas as nuances que um empreendimento possui em sua essência. Um documento que determine seus recursos, metas e limitações.

Entretanto, apesar de eficaz e bastante defendido por diversos estudiosos, não são todos os empreendedores que conhecem ou dominam o plano de negócios e suas vantagens. Devido à essa deficiência de informação, justificam-se os crescentes estudos no âmbito do empreendedorismo, para que o plano de negócios seja cada vez mais aplicado no momento de formação das empresas e que haja maior longevidade nos empreendimentos.

O presente artigo, feito em forma de pesquisa bibliográfica, tem por objetivo rever os conceitos de plano de

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negócios e evidenciar sua importância, relacionando as principais vantagens que um planejamento bem feito pode trazer a um empreendimento, como aumentar sua produtividade.

A principal contribuição que o presente estudo busca trazer é o auxílio direcionado a pequenos e médios empreendedores no sentido de planejar seu negócio, trazendo conceitos que ajudem na tomada de decisões assertivas, contribuindo para um gerenciamento de recursos mais eficiente.

Este artigo divide-se em dois tópicos. O primeiro busca trazer à luz da importância do planejamento e como o empreendedor pode se beneficiar com um plano de negócios: um documento que oficialize os objetivos e a visão do administrador. A segunda parte deste trabalho evidencia a análise de fatores internos e externos do empreendimento como parte fundamental do planejamento, colocando em foco a Análise SWOT como uma ferramenta de diagnóstico eficiente.

2.2 A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO PARA O EMPREENDEDOR

É um fato conhecido que toda e qualquer atividade a

ser realizada, principalmente no âmbito empresarial, necessita de planejamento e estudos de viabilidade ostensivos, a fim de evitar problemas de execução e, principalmente, investimentos desnecessários.

O planejamento denota não só uma necessidade intrínseca ao desenvolvimento empresarial, como sua correta execução representa a diferença entre um administrador ordinário e um empreendedor competente. Segundo Dornelas:

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Outro fator que diferencia o empreendedor de sucesso do administrador comum é o constante planejamento a partir de uma visão de futuro. Esse talvez seja o grande paradoxo a ser analisado já que o ato de planejar é considerado uma das funções básicas do administrador desde os tempos de Fayol, como já foi abordado na visão processual das atividades do administrador. Então, não seria o empreendedor aquele que assume as funções, os papéis e as atividades do administrador de forma complementar a ponto de saber utilizá-los no momento adequado para atingir seus objetivos? Nesse caso, o empreendedor estaria sendo um administrador completo, que incorpora as várias abordagens existentes sem se restringir a apenas uma delas e interage com seu ambiente para tomar as melhores decisões (DORNELAS, 2011, p. 25).

A visão de futuro à qual Dornelas está se referindo

remete imediatamente ao plano de negócios, uma ferramenta de grande importância na instalação de qualquer empreendimento.

Ao elaborá-lo, o empreendedor deve ter sempre em mente a sua visão de como a empresa deverá estar em determinado tempo e também a missão desta na sociedade, afinal, a empresa deve ter um objetivo e algo que a identifique perante os clientes e a concorrência.

Porém, o empreendedor muitas vezes se depara com o seguinte questionamento: por que fazer um plano de negócios? O autor relaciona várias razões, como por exemplo: (i) entender e estabelecer diretrizes para o seu negócio; (ii) gerenciar de maneira mais eficaz a empresa, tomando decisões acertadas; e (iii) também para conseguir recursos internos e externos à empresa.

Segundo sua obra, o plano de negócios aumenta em 60% (sessenta por cento) a probabilidade de sucesso dos negócios, evidenciando-se ainda mais as vantagens que um planejamento bem feito pode trazer a um empreendimento.

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O aumento desta probabilidade de sucesso não deve

ser ignorado, assim como a possibilidade de maior eficácia no gerenciamento das decisões. Além disso, empresas que possuem seus objetivos melhor definidos através do plano de negócios possuem um documento que comprova suas intenções e finalidades. Porém, o que se questiona é de que maneira deve ser estruturado um plano de negócios. Aspectos estes que serão explorados nos seguintes tópicos. 2.2.1 O plano de negócios: conceito e finalidade

Existem diversas definições sobre o significado do

conceito de plano de negócios. Em uma definição mais abrangente, o Plano de Negócios é definido como um “instrumento que visa estruturar as principais concepções e alternativas para uma análise correta de viabilidade do negócio pretendido” (PORTAL EDUCAÇÃO, 2015, online).

Dornelas também define o plano de negócios como “um documento que sintetize e explore as potencialidades de seu negócio, bem como os riscos inerentes a esse mesmo negócio”. (Dornelas, 2014, p. 2)

Porém, não existe apenas um tipo de plano. Ele pode ser feito de diversas formas, de acordo com sua finalidade e, principalmente, com as necessidades do público-alvo. Para o autor, há três tipos principais de planos de negócios:

• Plano de Negócios Completo: é utilizado quando se pleiteia uma grande quantidade de dinheiro, ou se necessita apresentar uma visão completa do seu negócio. Pode variar de 15 a 40 páginas mais material anexo;

• Plano de Negócios Resumido: é utilizado quando se necessita apresentar algumas informações resumidas a um investidor, por exemplo, com o objetivo de chamar sua atenção para que ele lhe requisite um plano de negócios completo. Deve mostrar os objetivos macros do negócio, investimentos, mercado, e retorno sobre o investimento

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e deverá focar as informações específicas requisitadas. Geralmente varia de 10 a 15 páginas.

• Plano de Negócios Operacional: é muito importante para ser utilizado internamente na empresa pelos diretores, gerentes e funcionários. É excelente para alinhar os esforços internos em direção aos objetivos estratégicos da organização. Seu tamanho pode ser variável e depende das necessidades específicas de cada empresa em termos de divulgação junto aos funcionários. (Dornelas, 2014, p. 6.)

Existem, ainda, formas mais simplificadas, como o

Modelo Canvas, que lida com os aspectos mais básicos do negócio de forma bem objetiva. Este modelo, por exemplo, lida com elementos como: com o que a empresa lida, com quem, como e quanto na forma de um quadro de fácil visualização (SEBRAE, 2015).

2.2.2 Aspectos do negócio: fatores internos e externos

Uma das informações mais relevantes que devem estar

no plano de negócios é a chamada Análise SWOT. SWOT (em inglês: Strenghts, Weaknesses, Oportunities and Threats) ou FOFA (em português: Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças), é uma relação de características que lida com os fatores internos e externos ao negócio. (NAKAGAWA, 2016)

Nestes pontos, as Forças e Fraquezas classificam-se como “fatores internos", enquanto as Oportunidades e Ameaças encontram-se no âmbito externo. Como fatores internos, portanto, os pontos fortes e fracos podem ser controlados e manejados de acordo com as políticas empresariais e investimentos em áreas estratégicas da instituição (NAKAGAWA, 2016). Por exemplo, uma deficiência no setor de expedição pode ser considerada uma fraqueza, enquanto que uma boa divulgação dos produtos significa um ponto forte.

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Já os fatores externos, representados pelas

oportunidades e ameaças, não podem ser controlados pela empresa, mas variam ao sabor do mercado e dos acontecimentos que afetem a instituição. Como exemplo, pode-se citar a valorização da moeda como uma oportunidade, enquanto a inflação pode ser considerada uma ameaça.

É importante lembrar, porém, que muitas vezes uma análise SWOT que evidencie em demasiado os pontos negativos (fraquezas ou ameaças) pode desencorajar um negócio ou investimento.

Apesar de útil em diversas situações, a Análise SWOT pode ser uma ferramenta venenosa para muitos negócios nascentes, em especial, os mais inovadores. Se alguns grandes empreendedores tivessem feito a Análise SWOT no início de seus empreendimentos, provavelmente não tomariam a decisão de continuar. Walt Disney, por exemplo, não teria vislumbrado quase nenhum ponto forte (ele nem desenhava tão bem) e nenhuma grande oportunidade (desenhos animados eram um nicho de mercado se comparados aos grandes filmes épicos de Hollywood). O negócio tinha vários pontos fracos (não tinha dinheiro ou acesso aos grandes distribuidores) e um monte de ameaças não previstas (como o roubo do personagem Coelho Oswald). Da mesma forma, Henry Ford não teria criado uma empresa para fabricar a “carruagem sem cavalos”. Depois que os negócios fazem sucesso, esses empreendedores são chamados de visionários, mas no início, eram considerados ingênuos (NAKAGAWA, 2016, p. 2).

Este fato, entretanto, não pode ser utilizado como

desculpa para não ser realizada a referida análise ou um plano de negócios realista. Compreender a realidade do negócio evita preocupações tardias com dinheiro mal investido,

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dívidas excessivas ou falta de recurso, que causam o fechamento de muitas empresas, inclusive nos primeiros anos. 2.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Planejar é, não só uma atividade essencial para sucesso

de uma empresa, como um fator determinante em seu desenvolvimento, de acordo com as necessidades do mercado em que ela se insere. Um planejamento eficaz também determina a diferença entre um empreendedor eficaz e um administrador comum.

Saber as limitações e conhecer os objetivos da empresa são fatores primordiais na correta administração dos recursos. Os aspectos internos e externos da empresa devem ser sempre levados em consideração no planejamento, já que deixar margem ao acaso pode ocasionar problemas muito graves de desempenho.

Portanto, o plano de negócios consiste em uma ferramenta de grande importância na oficialização da missão e visão da empresa, auxiliando o empreendedor a estabelecer metas e conhecer a realidade que domina o mercado em que se insere o negócio.

Sendo assim, o que é possível considerar a partir destes fatos é que o plano de negócios não é apenas um documento meramente burocrático, mas um meio de gerenciar os recursos desde a formação da empresa, considerando metas e limitações do negócio, em busca de um crescimento conciso, perene e eficaz.

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REFERÊNCIAS

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III

CONTROLE DE ESTOQUE DE MATÉRIA PRIMA NA AGRO INDUSTRIAL DE TOLEDO

Gesiane Coltro Vieira da Silva* Ivan Vieira da Silva**

Euda Márcia Dias Paiva*** RESUMO Este trabalho tem como objetivo analisar o processo de controle de estoque de matéria prima de ração para aves, visando aprimorar o controle e armazenagem dos produtos na área de Recursos Materiais. Pretendeu-se descrever o processo de controle de estoque, identificar os níveis de estoques, os métodos existentes e apresentar a forma de armazenagem dos produtos, verificar a necessidade de

* Possui graduação em ADM – UNIPAR campos Toledo (2012). Corretora de imóveis com o Creci: 29624, tem experiencia na área bancaria trabalhou como Estagiaria no Banco do Basil de (2011 a 2012); correspondente imobiliário para a Caixa Econômica Federal de (2013 a 2015) e atualmente exerce a função de Corretora de imóveis. ** Mestrando do Programa de Pós-graduação em Gestão do Conhecimento nas Organizações – Centro Universitário Cesumar (Unicesumar) - Maringá – PR – Brazil. Email: [email protected] *** Possui graduação em Pedagogia - UDF Centro Universitário (1999). Bacharelado em Direito pela UNIEURO (2008); Advogada com registro na OAB/DF sob o n. de 29229. Pós-graduação em Psicopedagogia pela Universidade Candido Mendes (2003) Habilitação em Português pela FGF (2013), com programa especial de formação pedagógica. Atualmente é professora - Secretaria de Educação do Distrito Federal. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Tecnologia Educacional e, também na área Jurídica no ramo de direito familiar, cível, trabalho e previdenciário.

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melhoria e analisar as informações obtidas pela entrevista por meio da pesquisa. Esta pesquisa tem como objetivo geral analisar o processo de controle de estoque de matéria prima de ração para aves da empresa em estudo. O estudo se dará através de uma pesquisa exploratória, descritiva, qualitativa e quantitativa. As fontes de dados foram primárias e secundárias e o instrumento de pesquisa foi uma entrevista semiestruturada com questionário formulado pela acadêmica para melhor conhecimento do funcionamento da empresa em estudo. Nestes estudos realizados pode-se identificar que a empresa não possui um sistema de localização e endereçamento dos produtos, todas as matérias primas estão armazenadas de forma aleatória, pois a localização é insuficiente para indicar o local de cada produto não facilitando o trabalho de funcionários ou de outro setor que venha necessitar de alguma matéria prima deste armazém. Através da coleta de dados e entrevista realizada com o responsável pelo setor de armazenagem, verificou-se a necessidade de implantação de técnicas de localização e endereçamento eletrônicos, para facilitar o sistema de trabalho e agilizar o processo de produção.

PALAVRAS-CHAVE: Controle de estoque, armazenagem e matéria prima.

3.1 INTRODUÇÃO

A administração de materiais visa à garantia de

existência de estoques, de modo organizado, mantendo os itens essenciais para suprir as demandas e as necessidades dos consumidores.

O controle de estoque é o procedimento utilizado para fiscalizar, registrar entradas e saídas de produtos e mercadorias da empresa. É um conjunto de atividades que asseguram o suprimento de materiais necessários ao

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funcionamento da organização, fornecendo um nível satisfatório de serviço, no tempo correto, na quantidade necessária, na qualidade requerida e pelo melhor preço.

Para Ballou (1993, p. 204) “devemos sempre ter o produto de que você necessita, mas nunca podemos ser pegos com algum estoque”.

O estoque representa uma armazenagem de mercadorias com previsão de uso futuro, com o objetivo de atender a demanda, a fim de minimizar os gastos e maximizar os lucros, pois o mesmo em excesso pode gerar danos e perdas. A grande importância de manter o estoque organizado vem da boa administração e maneira correta para mantê-lo em dia, a organização na estocagem dos seus produtos contribui para o crescimento da empresa, de modo a satisfazer consumidores e colaboradores.

Para que uma organização realize seus objetivos e alcance suas metas da melhor maneira possível, é necessário que mantenha seu nível de estoque em dia, sem excesso para não gerar danos e prejuízos e que não falte matéria prima em estoque a fim de atender com satisfação seus clientes.

Com isso é necessário que os membros desta área tenham o compromisso e a satisfação para realizar as atividades com eficiência e eficácia, o que só é possível através de uma correta administração de recursos materiais.

Para que isso aconteça à organização deve adequar sua forma para manter seu nível de estoque em dia, acompanhando sua equipe, conforme as mudanças acontecem e por dentro das novidades, isto é, a empresa ganha e a satisfação dos clientes aumentam, proporcionando benefícios para a sociedade, para o colaborador e para a organização.

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3.2 ADMINISTRAÇÃO

A administração necessita de um amplo

conhecimento e a aplicação correta de princípios técnicos a fim de realizar as atividades com eficiência e eficácia. E abrange as seguintes áreas: Recursos Humanos, Marketing, Produção e Finanças.

Para Daft (2010, p. 433), “a administração de recursos humanos são atividades empreendidas para atrair, desenvolver e manter uma força de trabalho eficaz dentro de uma organização”.

Procura encontrar, atrair e reter pessoas de que a empresa precisa, a gestão de recursos humanos começa antes mesmo da pessoa ser contratada e vai até o desligamento dela, está diretamente relacionada à melhora da efetividade dos funcionários nas empresas, sendo responsável por treinamentos, bonificações e salários implicando no melhoramento motivacional do funcionário.

. “O marketing envolve a identificação e a satisfação das necessidades humanas e sociais”. Kotler (2006, p. 4).

O objetivo básico do Marketing é manter a ligação da empresa com seus clientes, pesquisa as necessidades e tendências de mercado identificando o interesse dos consumidores a fim de vender sem esforços e com sucesso, de acordo com a satisfação de cada um. “A administração da produção é a gestão do processo de conversão que transforma insumos, tais como matéria prima e mão de obra, em resultados na forma de produtos acabados e serviços” (DAVIS, 2008, p. 24).

Trata da maneira pela qual as organizações produzem bens e serviços, acompanhando todo o processo desde o início até chegar ao consumidor final. Sua ênfase está no trabalho em equipe que facilita a montagem e acabamentos dos produtos, cada funcionário faz sua parte assim objetivando para um bom resultado.

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Segundo Groppelli (2006, p. 3), “finanças são a

aplicação de uma série de princípios econômicos e financeiros para maximizar a riqueza ou o valor total de um negócio”.

É o conjunto de atividades visando gerir as finanças de uma empresa ou organização, são os investimentos avaliados e escolhidos para aplicação dos recursos disponíveis, é a identificação e escolha de alternativas de fontes e recursos para financiamentos, acompanhamento e controle dos resultados financeiros da empresa.

Segundo Lacombe (2006, p. 3), “a essência do papel do administrador é a obtenção de resultados por meio de terceiros, do desempenho da equipe que ele supervisiona e coordena”.

Identifica o papel do gestor administrativo sua essência e a sua capacidade de gestão com as pessoas, lidera, acompanha e orienta o trabalho dos colaboradores a fim de obter bons resultados, para a empresa o colaborador e o consumidor.

3.2.1 Administração de recursos materiais

Segundo Pozo (2004, p. 39), “a boa administração de

materiais significa coordenar a movimentação de suprimentos com as exigências de produção”.

A boa administração de materiais diz respeito a produzir somente o necessário, na hora certa, no local correto obtendo o mínimo de custo e maximizando os lucros, de modo que a empresa saia ganhando, assim como o cliente sairá satisfeito toda a vez que solicitar deste serviço.

Segundo Martins (2006, p. 4): A administração dos recursos materiais engloba a seqüência de operações que tem seu início na identificação do fornecedor, na compra do bem, em seu recebimento, transporte interno e acondicionamento, em seu transporte

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durante o processo produtivo, em sua armazenagem como produto acabado e, finalmente, em sua distribuição ao consumidor final.

Isso demonstra que a administração de materiais

segue seu trabalho mantendo constantemente a organização dos seus produtos desde a chegada a empresa até chegar ao consumo final, é um conjunto de atividades desenvolvidas dentro da empresa, de forma centralizada com os materiais necessários para o desempenho e realização das atividades.

O objetivo dos recursos materiais são os componentes utilizados para manter em dia o seu estoque, da melhor maneira possível para atender as necessidades tanto da empresa como dos clientes, adquirindo materiais de acordo com as necessidades, constituindo de maneira adequada e organizada os materiais existentes na organização:

Administração de recursos materiais é manter um ambiente interno na empresa, onde os materiais organizados têm como finalidade atingir os objetivos do grupo com o menor custo de tempo, dinheiro e desconforto”. (FILHO, 2006, p. 15)

A finalidade da administração de recursos materiais é

atingir os objetivos da melhor maneira possível, com redução de custos, ao menor tempo, atendendo no ambiente interno de maneira satisfatória e adequada para que os produtos cheguem aos consumidores na hora certa, na quantidade correta e com custos acessíveis.

Segundo Martins (2006, p. 115)

Recursos materiais são os itens ou componentes que uma empresa utiliza nas suas operações do dia a dia, na elaboração do seu produto final ou na execução do seu objetivo social. Como tal são adquiridos regularmente, constituindo os estoques da empresa.

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Os recursos materiais são componentes utilizados

para operações do dia a dia das organizações, é fundamental para chegar ao objetivo final ou na execução do seu objetivo social, são formados ou constituídos por estoques adquiridos pela empresa, a fim de atender o ambiente interno e também externo de maneira correta, na quantidade exata e ao menor custo dando acesso a várias pessoas e empresas de pequeno porte que solicitam e necessitam deste material para auxilio e continuidade dos seus objetivos finais.

3.2.2 Controle de estoque

Controle de estoque é utilizado para registrar,

fiscalizar as entradas e saídas de produtos e mercadorias da empresa, deve ser utilizado tanto para matéria prima quanto para mercadorias produzidas e vendidas.

Segundo Pozo (2004, p. 38), “a função principal da administração de estoque é maximizar o uso dos recursos envolvidos na área logística da empresa, e com grande efeito dentro do estoque”.

A administração de estoques está diretamente ligada à área de logística da empresa com o objetivo de maximizar o uso dentro desta área, permanecendo e utilizando apenas de administrar os estoques gerando efeitos positivos dentro da empresa.

A área de logística está ligada diretamente ao setor de estoques, elas se complementam ganhando forças e crescendo cada vez mais perante o mercado.

Para Ballou (1993, p. 205), as principais finalidades do estoque são:

a) Melhoram o nível de serviço;

b) Incentivam economias na produção;

c) Permitem economias de escala nas compras e no transporte;

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d) Agem como proteção contra aumentos de preços;

e) Protegem a empresa de incertezas na demanda e no tempo de ressuprimento;

f) Servem como segurança contra contingências.

O objetivo do controle de estoques é evitar a falta de

material sem que esta resulte em excesso, as reais necessidades da empresa, definir os níveis de estoques a serem mantidos de forma pratica e objetiva a fim de obter os melhores resultados possíveis, controlando as compras, o consumo as vendas e os níveis de estoques, pois são os estoques e as compras que representam as entradas e saídas, permitindo a maximização dos lucros e a minimização dos gastos.

Segundo Stevenson (2001) “o objetivo global do gerenciamento de estoques é manter o custo de manutenção dos estoques dentro dos limites permitidos, com o objetivo de alcançar um nível de serviço satisfatório”.

Para que o resultado seja satisfatório e de qualidade, é necessário manter os custos de acordo com os limites oferecidos pelo setor de gerenciamento de estoques, seu objetivo é alcançar o nível satisfatório de serviço, atendendo de maneira adequada e objetiva a fim de buscar melhorias para o setor, para a empresa e para o cliente.

3.3 NÍVEIS DE ESTOQUES

Segundo Dornier (2007, p. 639)

manter o estoque excessivo pode ter o efeito de diversas faltas de insumos, devido ao elevado número de referências (dificuldade de obter a quantia correta de estoque) e ao baixo nível de renovação de estoque.

As diversas faltas de insumos geram estoques em

excesso, devido a dificuldades na hora de obter a quantia

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correta do produto, que na maioria das vezes essa quantia torna-se elevada demais, deixando estoque parado e o seu nível de renovação é baixo, quando não há estoque parado no armazém o nível de renovação é grande, pois a cada compra e venda seu estoque se renova.

Segundo Bertaglia (2006, p. 367) “o processo orientado para a demanda reduz o nível de estoques e atende melhor o cliente”.

O estudo dos níveis de estoques dos produtos da empresa é que possibilita ao gerente traçar sua linha de ação com relação ao planejamento, ele analisa a melhor maneira para utilizar os níveis de estoques a fim de chegar ao objetivo final, dando ênfase a eficiência e a eficácia. Os níveis de estoques dividem-se em:

a) Estoque mínimo b) Estoque máximo c) Estoque de segurança d) Rotatividade e) Tempo de reposição e ponto de pedido f) Curva dente de serra

3.3.1 Estoque mínimo O estoque mínimo é a quantidade necessária que deve

manter -se a fim de atender as necessidades tanto da empresa quanto dos consumidores, prevenindo de qualquer eventualidade ou emergência (falta) provocada por consumo anormal ou atraso de entrega.

Segundo Dias (1997, p. 63), “estoque mínimo é a quantidade mínima que deve existir em estoque, que se destina a cobrir eventuais retardamentos no ressuprimento, objetivando a garantia do funcionamento ininterrupto e eficiente do processo produtivo, sem o risco de faltas”.

Atender as necessidades tanto dos colaboradores

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como dos consumidores, mantendo o mínimo de estoque possível, sem sobras ou gastos excessivos, tendo em mente que não pode faltar produto para alguma eventualidade ou falta por falta de entrega no prazo correto.

Fórmula simples para cálculo de estoque mínimo E.Mn = C x K Onde: E.Mn = estoque mínimo C = consumo médio mensal K = fator de segurança arbitrário com o qual se deseja garantia contra um risco de ruptura. Segundo Mayer (1992) “o estoque mínimo não tem

como objetivo permitir que a empresa adquire produtos em lotes econômicos, sua função é manter os estoques em dia e atender demandas inesperadas”.

A função do estoque mínimo não é comprar ou produzir o mínimo possível para atender a demanda, mas na essência para cobrir pedidos inesperados, não deixando sobras em estoques, mas atendendo de maneira adequada sem a falta de produtos para satisfazer seu consumo tanto interno como externo até a chegada ao consumidor final de maneira eficaz, sempre dando bons retornos e resultados, que são os esperados após a produção e vendas destes materiais.

Segundo Baroni (1998, p.219) “estoque mínimo é a menor quantidade física que pode ser admitida para qualquer um dos materiais que na empresa integram a programação de estoques”.

O estoque mínimo é a menor quantidade física admitida para qualquer material existente dentro do estoque, de maneira correta sem que falte material em estoque para atender a demanda, e que os pedidos de materiais integrados a empresa sejam suficientes para cobrir eventuais pedidos que não fossem programados.

Segundo Bowersox (2008) “o estoque mínimo tem

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como objetivo gerenciar e reduzir o estoque ao nível mais baixo possível, a fim de alcançar as metas desejadas”.

O objetivo do estoque mínimo é reduzir ao nível mais baixo possível para atingir os objetivos desejados, mantendo o equilíbrio para que não falte matéria prima em estoque, para atender as necessidades da empresa e atender de modo satisfatório os clientes, sem atrasos ou falta de produtos e ao menor custo possível, tanto para a empresa quanto para os consumidores.

3.3.2 Estoque máximo

O estoque máximo é a quantidade máxima mantida

em estoque para atender aos pedidos solicitados, não podendo ser de maneira exagerada não havendo sobras deste material em estoque, pois material parado gera a empresa gastos desnecessário.

Segundo Pozo (2004, p.65), estoque máximo:

É o resultado da soma do estoque de segurança mais o lote de compra. O nível máximo de estoque é normalmente determinado de forma que seu volume ultrapasse a somatória da quantidade do estoque de segurança com o lote em um valor que seja suficiente para suportar variações normais de estoque em face de dinâmica de mercado, deixando margem que assegure, a cada novo lote, que o nível máximo de estoque não cresça e onere os custos de manutenção de estoque.

É a quantidade máxima de material a ser mantido em

estoque de um determinado produto, o estoque máximo serve para manter o controle, a fim de não exceder os custos de manutenção. Deve ser controlado de maneira adequada para que não sobre material e que não gere custos ou danos anormais, considerando que produto parado não gera lucros, mas sim prejuízos.

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A fórmula para calcular o estoque máximo

Emax = ES + LC

Exemplo: qual é o estoque máximo de uma peça cujo

lote de compra é de 1.000 unidades e o estoque de segurança é igual á metade do lote de compra?

Emax = ES + LC Emax = (1.000 : 2) + 1.000 Emax = 500 + 1.000 = 1.500 unidades Segundo Fonseca (1999). “estoque máximo é a

quantidade maior que é permitida ou a quantidade possível, dentro da empresa que atenda às necessidades”.

O estoque máximo é a quantidade de volume de estoque possível ou permitido que atenda às necessidades da empresa, sem exageros para não gerar gastos desnecessários, mas que a quantidade seja suficiente para atender a demanda com equilíbrio e satisfação, que ambos, empresa e consumidor sejam beneficiados de forma correta em relação ao material disponibilizado para consumo.

Segundo Fusco (2003, p.144)

estoque máximo é um nível superior de controle que ao ser ultrapassado, provoca uma análise da situação, geralmente assume um valor pré-determinado acima do resultado da soma da quantidade por ordem.

O controle do estoque máximo deve ser mantido ao

nível de atendimento, caso ultrapasse o limite desejado provoca uma análise da situação, assim, sua quantidade por ordem está acima do valor determinado pela empresa, gerando gastos excessivos para o setor e para a organização, podendo afetar também os consumidores finais, que pagará mais caro pelo produto.

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Controle de estoque de matéria prima... 63

3.3.3 Estoque de segurança

O Estoque de segurança é o estoque mantido como

uma forma de suprir a demanda do mercado, porque muitas vezes a previsão de demanda ou de vendas não é sempre condizente com a venda realizada dentro de um tempo, ou seja, pode ser que vende mais ou menos em um determinado período mesmo que seja feito a previsão.

Segundo Pozo (2004, p. 66), estoque se segurança: Também conhecido por estoque mínimo ou estoque reserva, é uma quantidade mínima de peças que tem que existir no estoque com a função de cobrir as possíveis variações do sistema, que podem ser: eventuais atrasos no tempo de fornecimento (TR) por nosso fornecedor, rejeição do lote de compra ou aumento na demanda do produto. Sua finalidade não é afetar o processo produtivo e, principalmente, não acarretar transtornos aos clientes por falta de material e, conseqüentemente, atrasar a entrega de nosso produto ao mercado.

Sua finalidade é manter o processo produtivo em dia

sem atrasos e sem falta de material para não ocorrer eventuais transtornos, atendendo as necessidades de acordo com as previsões, a fim de realizar as atividades de maneira eficaz atendendo as ofertas e demandas conforme as necessidades.

Segundo Stevenson (2001, p.484)

se for necessário um estoque de segurança, as quantidades nos pedidos planejados podem ser aumentadas, segundo as quantidades do estoque de segurança para os componentes de importância crítica.

As quantidades de materiais solicitadas podem ser

maiores na hora de fazer o pedido, as matérias primas a mais são para complementar o estoque de segurança, lembrando

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que não pode ser exagerado, apenas segurança, pois estoques parados geram perdas e danos à empresa.

Segundo Pozo (2004)

o estoque de segurança adota uma situação cômoda que possa suprir toda e qualquer variação do sistema; porém, isso implicará custos elevadíssimos e que talvez a empresa possa não suportar.

O estoque de segurança vem com a necessidade de

suprir as variações obtidas pelo sistema, portanto para levantar estas necessidades implica em um custo elevadíssimo para a empresa, o que talvez ela não tenha capacidade de manter, pois nem todas as organizações dispõem de custos extras para deixar tudo em ordem da melhor maneira possível.

Segundo Mayer (1992, p.263) “na determinação do estoque de segurança a ser mantido, a empresa toma conhecimento do fato de que, à medida em que ele aumenta, certos custos decrescem e outros aumentam”.

Ao ponto que os estoques aumentam seus custos também aumentarão se mantidos os estoques de maneira correta sem sobras seus custos serão menores, portanto o estoque de segurança vem para manter o equilíbrio dos materiais em estoque, que eles atendam as demandas conforme os pedidos solicitados, e que não fique material parado em estoque, é este que gera gastos excessivos.

Segundo Bertaglia (2006)

o estoque de segurança tem como objetivo proteger a empresa contra imprevistos na demanda e no suprimento, atrasos na entrega de materiais e produtos ou aumentos inesperados no consumo podem gerar falta de produto, vindos de grandes transtornos, prejudicando a empresa e o consumidor que usufruem destes produtos.

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A função do estoque de segurança é manter a empresa

protegida dos imprevistos no suprimento e na demanda dos produtos, evitam que os atrasos dos materiais prejudicam suas entregas, pois os consumidores ao solicitar dos materiais desta empresa já recebem a data que poderão usufruir destes produtos, e o consumidor como sempre tem a razão e a empresa também não pode perder seus clientes o que gera danos e prejuízos à organização.

Para calcular o nível de estoque de segurança utiliza-se o Método de Grau de Risco para aperfeiçoar os recursos disponíveis e minimizar os custos envolvidos, onde:

ES = C x K

ES = Estoque de Segurança C = Consumo Médio no período K = Coeficiente de grau de atendimento Exemplo: Uma empresa necessita definir o Estoque

de Segurança de determinado produto que tem uma demanda média mensal de 600 unidades e, para tanto, o gerente de logística definiu um grau de risco de 35%, nesse caso, qual seria o estoque de segurança?

ES = C x K ES = 600 x 0,35 ES = 210 unidades

3.3.4 Rotatividade Rotatividade é a quantidade de vezes que o estoque

gira ao ano, representa um parâmetro fácil para a comparação de estoque entre as empresas que possuem o mesmo ramo de atividade.

Segundo Pozo (2004, p.47) “a rotatividade é expressa por meio da quantidade que o valor de estoque gira ao ano,

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ou seja, o valor investido em estoque ou sua quantidade de peças que atenderá um determinado período de tempo”.

A fórmula para calcular a rotatividade é uma relação existente entre o consumo anual e o estoque médio do produto.

Rotatividade = consumo médio anual estoque médio Expressa a rotatividade no inverso de unidade de

tempo ou vezes por dia, mês ou por ano, conforme a empresa necessitar que seu estoque girasse. Por exemplo, se o consumo anual de um item for de 900 unidades e o seu estoque médio de 100 unidades seu giro será de 9 vezes, ou seja, seu estoque girou 9 vezes ao ano.

R = 900 = 9 vezes 100 Segundo Dias (1997, p.78) “o grande mérito do índice

de rotatividade do estoque é que ele representa um parâmetro fácil para a comparação de estoques, entre empresas do mesmo ramo de atividade e entre classes de material de estoque”.

A rotatividade de estoque representa um parâmetro fácil para comparar seus estoques, seu grande mérito é levar as organizações de maneira pratica e organizada a forma que seus materiais mantidos em estoque sejam controlados desde a entrada até a saída destes produtos, assim sabe-se a quantidade inicial e a quantidade demandada aos seus consumidores.

3.3.5 Tempo de reposição e ponto de pedido

Em virtude da importância e utilização o tempo de

reposição deve ser determinado de modo fácil e real, pois as variações durante o tempo podem alterar a estrutura do

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sistema de estoques, existem determinados fornecedores ou produtos que determinam o tempo de reposição com certeza.

Segundo Dias (1993, p.58) “uma das informações básicas de que se necessita para calcular o estoque mínimo é o tempo de reposição, isto é, o tempo gasto desde a verificação de que o estoque precisa ser reposto até a chegada efetiva do material no almoxarifado da empresa”.

O tempo de reposição é essencial para calcular o estoque mínimo, desde a verificação de que o estoque precisa ser reposto até sua chegada ao almoxarifado da empresa, é fundamental para repor os materiais caso ocorra algum problema durante o decorrer na produção ou até que chegue ao consumidor final, verifica-se o tempo até que o produto seja reposto da forma correta e tudo se normalize conforme previsto durante seu período de produção.

Segundo Pozo (2004) “ponto de pedido é a quantidade de peças que temos em estoque e que garante o processo produtivo para que não sofra problemas de continuidade, enquanto aguardamos a chegada do lote de compra, durante o tempo de reposição, quer dizer que quando um determinado item de estoque atinge seu ponto de pedido deve-se fazer o ressuprimento de seu estoque, colocando-se um pedido de compra”.

O ponto de pedido é a quantidade de itens estocados que garante o processo produtivo em dia sem qualquer problema para seguir a produção, quando o saldo disponível estiver abaixo ou igual à determinada quantidade a atingir o ponto de pedido necessita de um novo suprimento.

Segundo Arnold (2006, p.319) “quando a quantidade de um item cai para um nível pré-determinado, denominado ponto de pedido, emite-se um pedido”.

Quando um item passa a ser chamado de ponto de pedido, sua quantidade está baixa necessitando emitir um novo pedido, assim, dando a devida sequência na produtividade para os próximos pedidos a serem realizados,

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mantendo o equilíbrio para não parar a linha de produção, e atender as necessidades da organização dos colaboradores e dos consumidores com eficiência e eficácia durante o processo produtivo até sua chegada ao armazém e aos consumidores finais.

Segundo Ballou (1993, p.219)

Tempo de reposição, conhecido também como método de estoque mínimo, objetiva manter investimento ótimo em estoques, ou seja, caso o estoque esteja muito elevado, os custos de sua manutenção serão excessivos. Caso seja muito baixo, podem-se perder vendas ou ocasionar frequentes paradas na produção.

O tempo de reposição também é conhecido como

método de estoque mínimo, mantém um nível de investimento considerado ótimo pela sua atuação na empresa, caso o estoque esteja em alta sua manutenção será elevada, seus gastos serão excessivos pelo fato de manter estoque parado, e pessoas para controlar este material, mas se o estoque estiver em baixa pode ocasionar paradas na produção, atrasando pedidos e desequilibrando a linha de produção, que para normalizar levará tempo e custos altos, excedendo os gastos planejados para o período, até podendo prorrogar estes gastos para outros períodos.

Para o cálculo de tempo de reposição e ponto de pedido utiliza-se a seguinte fórmula (Pozo 2004):

O tempo de reposição é composto de três elementos, conforme dados apresentados.

1. Tempo para elaborar e confirmar o pedido junto ao fornecedor;

2. Tempo que o fornecedor leva para processar e entregar-nos o pedido;

3. Tempo para processar a liberação do pedido em nossa fábrica.

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TR = 1 + 2 + 3

Para calcular o ponto de pedido utiliza-se a fórmula

abaixo:

PP = (C x TR) + ES

Onde: PP = Ponto de Pedido

C = Consumo normal da peça TR = Tempo de Reposição ES = Estoque de Segurança

Exemplo: Determinada peça é consumida em 2.500

unidades mensalmente e sabemos que seu tempo de reposição é de 45 dias. Então, qual é seu ponto de pedido (PP), uma vez que seu estoque de segurança é de 400 unidades?

PP = (C x TR) + ES C = 2.500 unidades por mês TR = 45 dias = 1,5 meses ES = 400 unidades PP = (2.500 x 1,5) + 400 PP = 3.750 + 400 PP = 4.150 unidades

3.3.6 Curva dente de serra A curva dente de serra é indispensável nas atividades

de gestão de estoques, em especial para aplicação dos métodos de reposição por quantidades fixas e por revisões periódicas, pois possibilita as relações matemáticas necessárias para compreender as atividades de reposição dos estoques.

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Segundo Dias (1993, p.56)

A representação da movimentação (entrada e saída) de uma peça dentro de um sistema de estoque pode ser feita por um gráfico em que a abscissa é o tempo decorrido (t), para o consumo, normalmente em meses, e a ordenada é a quantidade em unidades desta peça em estoque no intervalo do tempo (t).

Este gráfico é chamado dente de serra, conforme

mostra a figura abaixo:

Figura 1: Curva dente de serra Quantidade

Consumo Reposição

Tempo (t) Fonte: Dias 2003 p. 55.

Como se vê o estoque iniciou em 140 unidades, foi sendo consumido durante determinado tempo (janeiro a junho)

140

Janeiro Junho

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até chegara “zero” no mês de junho. Estamos supondo que este consumo tenha sido igual e uniforme mensalmente. Inicialmente, quando esse estoque chegou a zero, deu entrada no almoxarifado uma quantidade de 140 unidades, fazendo com que ele retornasse à posição anterior. (DIAS, 1993)

Na pratica levando em consideração que estas condições não

ocorrem com uma frequência, e através de um sistema devem-se criar meios que absorvam as eventualidades, determinando que uma quantidade fique de reserva para assim diminuir o risco de ficar com o estoque a zero durante algum período, podendo atender a demanda no prazo determinado e nas condições adequadas.

3.3.7 Armazenagens dos produtos

A armazenagem é o local onde estoca a matéria prima,

os produtos em andamento e os produtos acabados, os itens são armazenados em locais específicos no armazém ou no centro de distribuição, em prateleiras, tanques, estantes, estrados ou até mesmo acondicionados no solo, muitas vezes sobre protetores de umidade.

Segundo Dias (1993, p.135)

A armazenagem é um método adequado para estocar matéria prima, peças em processamento e produtos acabados permite diminuir os custos de operação, melhorar a qualidade dos produtos e acelerar o ritmo dos trabalhos. Além disso, provoca diminuição nos acidentes de trabalho, redução no desgaste dos demais equipamentos de movimentação.

Constituída por um planejamento de funções de

recepção, descarga, carregamento, arrumação e conservação de matérias-primas, produtos acabados ou semi-acabados. Quando envolve mercadorias, apenas produz resultados, nas

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existências em trânsito, com o objetivo de lhes acrescentar valor. É a melhor solução para as empresas com enfoque nos custos. E na prática isto só é possível se tiver em conta todos os fatores que influenciam os custos de armazenagem, a fim de manter a integridade em seu ambiente oferecendo facilidade na entrega dos produtos.

Segundo Bertaglia (2006) “após o recebimento, os itens são armazenados em locais específicos no armazém ou no centro de distribuição, em prateleiras, estantes, tanques, estrados ou até mesmo acondicionados no solo, muitas vezes sobre protetores de umidade, a armazenagem adequada possibilita uma boa utilização do espaço, dos recursos operacionais, além da otimização do tempo e mão de obra para localização dos produtos no interior do armazém”.

A armazenagem passa por um amplo planejamento, considerando as necessidades que se deseja oferecer aos clientes, esses itens são distribuídos e armazenados em prateleiras, estrados ou em locais próprios para cada tipo de material ali estocado, alguns produtos são acondicionados no solo, mas na proteção da umidade, dependo do produto longe do sol e do calor, mantendo todos os cuidados necessários para cada produto desde sua chegada ao armazém até sua distribuição aos consumidores.

Segundo Gurgel (2008, p.345) “a armazenagem convive com a necessidade de ocupação volumétrica e a necessidade de acessibilidade de todos os itens armazenados”.

A armazenagem requer espaço e organização a fim de manter a integridade em seu ambiente, oferecendo facilidade na entrega dos produtos, cada produto requer um espaço e um ambiente diferenciado, cada um de acordo com suas necessidades, alguns produtos requerem maior espaço, já outros necessitam de cuidados especiais quanto ao ambiente precisam de proteção quanto ao calor e a umidade, seu objetivo é chegar ao consumidor do mesmo jeito que foi produzido, dependo do tempo que permaneceu no estoque.

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Segundo Ballou (1993)

a armazenagem continua sendo uma boa opção para atender e localizar as necessidades, usos, alternativas e espaço físico, para melhorarem a coordenação entre a oferta e demanda, podendo assim diminuir seus custos.

A armazenagem localiza as necessidades e alternativas

para manter seus produtos seguros, em locais adequados de acordo com as necessidades de cada um, seu espaço físico suporta todo e qualquer material ali armazenado, antes que o material esteja pronto na linha de produção, seu espaço já está sendo preparado para receber todo pedido, organizado facilitando assim a saída deste produto, deixando organizado para receber o próximo material, e de modo organizado a empresa consegue diminuir seus gastos. 3.3.8 Funções de armazenagem

As armazenagens são maneiras como as empresas

usam seus espaços para armazenar seus produtos, enquanto eles permanecem na empresa, as formas de armazenagem são várias, para cada produto é um tipo de armazenagem diferente, as empresas usam de maneira adequada para atingir os objetivos logísticos.

Segundo Ballou (1993, p.155) ”Como os armazéns podem ser aproveitados para atingir os objetivos logísticos?”.

As funções da armazenagem vêm para facilitar e agilizar os produtos desde a entrada até a saída destes materiais, com isso a empresa ganha tempo e os colaboradores trabalham num ambiente organizado facilitando a entrega dos produtos aos consumidores.

Depósitos prestam quatro classes principais de serviços ao usuário, chamado de funções da armazenagem. O projeto da facilidade geralmente reflete a natureza dos serviços que

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esta desempenha. Esses serviços são abrigo de produtos, consolidação, transferências e transbordo e agrupamento. (Ballou, 1993, p.158)

• Abrigo de produtos: talvez o uso mais óbvio da armazenagem seja a guarda de estoques, gerados pelo desbalanceamento entre oferta e demanda.

• Consolidação: a estrutura das tabelas de frete, especialmente quando contém reduções substanciais para grandes lotes, influencia o modo pelo qual depósitos são usados para a movimentação de produtos.

• Transferências e transbordo: uma das formas mais populares do uso de depósitos é desagregar ou fracionar quantidades transferidas em grandes volumes para as quantidades menores demandadas pelos clientes.

• Agrupamento: um uso especializado para depósitos é o agrupamento de itens de produtos.

As quatro principais classes de serviço ao usuário

trazem proteção para as mercadorias, refletindo o tempo no qual se espera que os produtos permaneçam guardados, na consolidação os produtos são carregados ao mesmo tempo, são levados a um armazém, onde as cargas são agregadas e transportadas em um único carregamento até o destino final, economizando no transporte a nas entregas. Na transferência e transbordo quanto maior o lote menor será o custo unitário do transporte, o agrupamento são produtos com linha extensa são produtos em grande quantidade e com menor custo, assim os clientes compram a linha completa e a um custo inferior ao preço de mercado.

Segundo Coronado (2001) “a função da armazenagem pode ser voltada a garantia das qualidades depositadas em determinado local, mantém o abrigo dos produtos garantindo

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proteção e outros serviços associados, cuja gestão está sob a subordinação de um único indivíduo”.

A subordinação da armazenagem está sobre um único funcionário, que se responsabiliza pelos cuidados necessários de acordo com cada material ali estocado, garantindo a qualidade no local e nos materiais que estão sob seus cuidados, requer do subordinado treinamento e avaliação constante do seu trabalho para que não ocorram transtornos no decorrer do seu trabalho, um descuido qualquer pode trazer grandes prejuízos, não só para a empresa, mas também para os consumidores. 3.3.9 Necessidades de espaço físico

As empresas utilizam os estoques para melhorarem a

coordenação entre oferta e demanda, a fim de diminuir os custos, baseando-se na ideia de ajustar o suprimento e a demanda no tempo e na quantidade, de forma que os produtos cheguem justamente quando são necessários.

Segundo Ballou (1993, p.152)

se as demandas pelos produtos da empresa forem conhecidas com exatidão e se as mercadorias puderem ser fornecidas instantaneamente, teoricamente não há necessidade para manter espaço físico para o estoque.

Se os produtos forem de acordo com as demandas

não há necessidade de manter espaço físico para armazenar os materiais, sendo assim, depois de fabricados são diretamente enviados os consumidores finais, o que possibilita um menor nível de estoque, pois estoque parado gera custos excessivos, e se produzidos de acordo com a demanda não há necessidade de material estocado, economizando tempo, espaço e dinheiro.

Segundo Pozo (2004)

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as empresas usam estoques para melhorar a coordenação entre a oferta e a demanda, resultante das dificuldades de estabelecer fortes parcerias a fim de reduzir os custos entre a empresa, os fornecedores e o próprio mercado.

Os estoques são utilizados a fim de equilibrar a oferta

e a demanda dos produtos, o que dificulta a relação entre parceiros, fornecedores e o próprio mercado, para manter a oferta e demanda no mesmo nível de atividade, exige-se muito dos colaboradores, seja na propaganda, no prazo de venda, e no preço ofertado aos consumidores, muitas vezes a oferta é maior que a demanda ou vice versa, muitas vezes quem ganha é o consumidor pelo fato do pagamento a prazo sem juros, assim a empresa também ganha, pois demandando todos os produtos não há necessidade de utilização de espaço físico. 3.4 METODOLOGIA

O estudo foi do tipo pesquisa exploratória que

segundo Mattar (1996, p. 81), “ajuda no desenvolvimento ou criação de questões de pesquisa relevantes para o objetivo pretendido”. Quando o pesquisador não possui conhecimento suficiente para elaborar a pesquisa, ele utiliza desta para maior entendimento e compreensão para chegar ao objetivo final.

As fontes de dados foram primárias e secundárias. Segundo Andrade (2010, p. 28), ”as fontes primárias

são constituídas por obras ou textos originais, material ainda não trabalhado, sobre determinado assunto”. São informações colhidas diretamente com o responsável da área de recursos materiais da empresa e alguns artigos. Segundo Marconi (2008, p. 161), “os dados secundários são a imprensa em geral e obras literárias. Pesquisas bibliográficas, internet, artigos e registros fornecidos pela empresa”.

O instrumento de pesquisa de dados foi uma

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entrevista semiestruturada que segundo Roesch (2006) o pesquisador deve seguir um conjunto de questões previamente definidas, feita através de uma entrevista informal. Este tipo de entrevista é utilizado para delimitar as informações desnecessárias, obtendo assim um direcionamento para alcançar os objetivos.

A apresentação dos dados foi de forma descritiva e com tabelas que segundo Kaimen et al. (2008, p. 37), na forma descritiva a exposição dos dados é feita em forma de texto, tabular os resultados são apresentados em tabelas com intuito de resumir as informações e facilitar a compreensão dos dados, os resultados são expostos através de figuras ou imagens.

A análise foi de forma qualitativa quantitativa. Quantitativa segundo Staw (1993 apud ROESCH, 2006, p. 154),

na análise quantitativa não se reconhece os métodos qualitativo de pesquisa como algo independente do paradigma positivista, mas como uma fase que precede o teste de hipóteses. Nesse sentido argumenta-se que pesquisa qualitativa e seus métodos de coleta e análise são apropriados para uma fase exploratória da pesquisa.

Quantitativa segundo Roesch (2006, p. 130), se o

propósito do projeto implica medir relações entre variáveis (associações ou causa-efeito) ou avaliar o resultado de algum sistema ou projeto recomenda-se utilizar preferentemente o enfoque da pesquisa quantitativa e utilizar a melhor estratégia de controlar o delineamento da pesquisa para garantir uma interpretação dos resultados.

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3.5 APRESENTAÇÃO DOS DADOS

De acordo com a entrevista realizada com o gerente e

responsável pelo estoque da empresa em pesquisa da Agroindustrial de Toledo para a obtenção de dados relevantes ao trabalho em estudo foi obtido os seguintes resultados:

A princípio o mesmo foi questionado sobre o controle de estoque de matéria prima de ração para aves, dizendo que os estoques são controlados desde a entrada pela balança, quando chegam os caminhões são pesados e daquele produto será coletado uma pequena amostra para analise, após analise esse produto são levados para o setor de armazenagem é conferido com a nota fiscal e são produzidos relatórios que serão repassados para o próximo setor. O responsável pelo controle de estoque considera os serviços prestados de boa qualidade, sendo demonstrado pela satisfação dos consumidores.

A empresa contém uma balança que controla as entradas e as saídas de matéria prima para produção de ração, o responsável confere com as notas fiscais se os produtos chegaram corretamente e se as saídas estão de acordo com os pedidos.

Em relação aos níveis de estoque a empresa trabalha com o estoque máximo, sempre há matéria prima em estoque, seus estoques são suficientes para cobrir quaisquer eventualidades, pelo fato de algumas matérias prima terem o prazo de validade curto seu giro é alto. O controle é rigoroso, pois a cada saída de produto há uma nova entrada de matéria prima, o trabalho é considerado de qualidade, pois seus estoques estão sempre em dia e são organizados para facilitar o manuseio dos produtos.

O setor de estoque de matéria prima conta com um espaço amplo e organizado o que facilita na realização e movimentação dos produtos. Os produtos não possuem endereçamento, pois são poucas as matérias primas, seu

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controle é realizado por lotes e os colaboradores são orientados para a realização das atividades de armazenagem.

O setor de armazenagem conta com o apoio de paletes de madeira, serve para proteger as matérias primas contra umidade, trazendo grandes benefícios às matérias primas e ao setor, diminui danos aos produtos, pois não estão em contato com o chão, a estocagem e movimentação das cargas se dão de forma rápida e eficaz, com melhor aproveitamento vertical da área de estocagem.

O setor de armazenagem conta também com a estocagem em agranel, onde o milho e a soja são estocados de acordo com as suas necessidades, se a umidade do produto for alta o agranel por si só faz a secagem, o setor de armazenagem recebe as matérias primas e até serem utilizadas elas permanecem no agranel, trazem grandes beneficios, pois comportam uma grande quantidade de produtos utilizando pouco espaço.

Os big bags são sacos grande de polipropileno com alças para serem transportados por empilhadeira, utilizam apenas paletes para proteger do chão a partir da segunda pilha não necessita de palete, comportam até duas toneladas, proporcionando maior rapidez nos processos de empacotamento, expedição, carga e esvaziamento, traz benefícios reduzindo o espaço no armazém.

O setor de armazenagem conta também com o apoio de sacos que armazenam grandes quantidades de matérias primas, ocupam pouco espaço, pois é armazenado de forma vertical, com o apoio de paletes que facilitam o transporte e com a ajuda da empilhadeira o trabalho é rápido e eficaz carregando uma grande quantidade ao mesmo tempo.

Para cada matéria prima é criado um lote de entrada, no armazém os produtos são separados, os ensacados ficam juntos, os big bags ficam de outro lado e assim por diante, tudo para facilitar o manuseio e controle dos produtos. O responsável pelo setor está satisfeito com os resultados

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80 Administração, ciência e negócios

obtidos, as metas são cumpridas e a satisfação dos colaboradores é de grande satisfação tanto no setor quanto na organização como um todo.

Para facilitar o armazenamento e manuseio das matérias prima o setor conta com a ajuda de uma empilhadeira e de paletes de madeira, para que os produtos não tenham contato com a umidade, tudo para agilizar o processo produtivo e manter a organização do ambiente. A empilhadeira utilizada para transporte dos materiais é suficiente para atender as necessidades do setor, o funcionário que utiliza a empilhadeira é instruído pelo responsável nas atividades, tanto que os resultados são satisfatórios, toda a vez que o caminhão descarrega a matéria prima à empilhadeira já se encontra a disposição.

Os produtos ficam armazenados por aproximadamente dez dias, o consumo é alto, os produtos são produzidos respeitando a entrada em estoque sempre a garantir a validade dos produtos, a organização e controle dos estoques são eficientes pois nunca aconteceu de um produto perder a data de validade dentro do setor. As matérias primas dentro do armazém são separadas por produtos, os farelos são armazenados em a granel, alguns produtos são ensacados por quilo e alguns são big bag em sacolão por toneladas.

A empresa controla as entradas e saídas de matéria prima através de softwares, notas fiscais e planilhas manuais, as entradas iniciam-se pelo setor da balança onde anotam qual o produto a placa do caminhão e o peso, após passar pelo setor da balança destina-se a matéria prima para o setor de estoque armazenagem, o responsável pelo setor confere os produtos e destina os mesmos dentro do armazém, às saídas são de acordo com os pedidos que vão recebendo e atendendo sempre pelos primeiros a serem pedidas, as saídas são registradas pelo sistema para onde foi e quem registrou a saída no estoque.

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Controle de estoque de matéria prima... 81

Os componentes utilizados para fabricar as rações são

comprados, na empresa apenas juntam os componentes necessários para fabricar cada tipo de ração. A empresa fabrica seis tipos de ração sendo elas:

a) Ração pré-inicial;

b) Ração inicial;

c) Ração crescimento 1;

d) Ração crescimento 2;

e) Ração abate;

f) Ração caipira. Os componentes utilizados para cada tipo de ração

são: Para ração pré-inicial, utiliza-se:

a) Milho;

b) Farelo de soja;

c) Calcário fino calcítico 38%;

d) Farinha de carne bovina;

e) Farinha de hemácias (sangue);

f) Oledo de aves;

g) Sal moído;

h) Glúten de milho 60% (protenose);

i) Quirera de arroz

j) Núcleo FC pré-inicial lopei

k) Metionina liquida aliment 88%;

l) Lisina liquida 64%. Ração inicial utiliza-se:

a) Milho;

b) Farelo de soja;

c) Calcário fino calcitico 38%;

d) Farinha de carne bovina;

e) Farinha de hemácias (sangue);

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82 Administração, ciência e negócios

f) Farinha de vísceras;

g) Oledo de aves;

h) Sal moído;

i) Núcleo FC inicial lopei;

j) Metionina liquida aliment 88%;

k) Lisina liquida 64%. Ração crescimento 1utiliza-se

a) Milho;

b) Farelo de soja;

c) Calcário fino calcitico 38%;

d) Farinha de vísceras;

e) Oledo de aves;

f) Sal moído;

g) Núcleo FC crescimento 1 lopei;

h) Metionina liquida aliment 88%;

i) Lisinha liquida 64%. Ração crescimento 2 utiliza-se:

a) Milho;

b) Farelo de soja;

c) Calcário fino calcitico 38%;

d) Farinha de carne bovina;

e) Farinha de pena;

f) Farinha de vísceras;

g) Oledo de aves;

h) Sal moído;

i) Núcleo FC crescimento 2 lopei;

j) Metionina liquida aliment 88%;

k) Lisina liquida 64%;

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Controle de estoque de matéria prima... 83

l) Oxitetraciclina 70%. Ração abate utiliza-se:

a) Milho;

b) Farelo de soja;

c) Calcário fino calcitico 38%;

d) Farinha de vísceras;

e) Oledo de aves;

f) Sal moído;

g) Núcleo FC abate lopei;

h) Metionina liquida aliment 88%;

i) Lisina liquida 64%. Ração caipira utiliza-se:

a) Milho; b) Farelo de soja; c) Calcário fino calcitico 38%; d) Farinha de carne bovina; e) Sal moído; f) Glúten de milho 60%

(protenose); g) Quirera de arroz h) Núcleo FCP pré-inicial caipira; i) Metionina liquida aliment

88%; j) Lisina liquida 64%.

As técnicas e recursos utilizados no setor de estoque e armazenagem são suficientes para atender as necessidades do setor, cada um controla sua parte e quando necessário um ajuda ao outro. Durante a realização das atividades de controle de estoque não encontram dificuldades, pois o controle é feito diariamente e os colaboradores são treinados conforme a necessidade de cada um.

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84 Administração, ciência e negócios

3.6 INTERPRETAÇÕES DOS RESULTADOS 3.6.1 Métodos e controle de estoque de matéria prima

O processo de controle de estoque de matéria prima

é realizado por notas fiscais, planilhas e ficha de controle de lote, alguns controles são realizados pelo computador através do sistema da empresa, mas ainda alguns controles são realizados de forma manual podendo ocorrer erros e gerando transtornos tanto a organização quanto aos colaboradores.

Para o controle da matéria prima o setor de armazenagem utiliza uma ficha de controle de lote quando a ficha está com a placa de NÃO, quer dizer que a matéria prima não está sendo utilizada, mas quando a placa está em SIM quer dizer que a matéria prima está em uso. A ficha de controle de lote utilizada pelo setor é feita de forma manual podendo haver erros, pois o ser humano está sujeito a errar a qualquer momento. Se a empresa utilizar um controle de lote informatizado ela não corre o risco de erros, caso o colaborador esqueça de virar a placa os danos poderão ser grandes, já no sistema automatizado as possibilidades de erros são mínimas pois o sistema não erra quem manda os comandos ao sistema é o ser humano mas neste caso o sistema acusa possíveis erros, esses são os métodos utilizados para manter o controle de estoque em dia.

O processo de controle de estoque de matéria prima para aves será apresentado no período de 01/06/2012 até 31/08/2012 como demonstra nas tabelas a seguir.

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Controle de estoque de matéria prima... 85

Ficha de controle de estoque de matéria prima.

Mês junho de 2012

Descrição Un. Estoques Entradas Produção Saídas

Ração pré-inicial Kg 0 18.370 674.500 687.380

Ração inicial Kg 77.900 146.185 3.097.500 3.294.155

Ração crescimento 1 Kg 0 3.720 3.507.500 3.510.220

Ração crescimento 2 Kg 0 36.530 6.347.500 6.190.040

Ração abate Kg 127.900 380.420 4.162.500 4.577.420

Ração caipira Kg 0 0 18.000 18.000

Total 205.035 585.755 18.059.500 18.544.705

Tabela 1: Ficha de controle de estoque de matéria prima, mês junho 2012. Fonte: Coleta de dados.

Na ficha de controle de estoque de matéria prima do

mês de junho de 2012, (tabela 1) a ração que mais foi consumida foi a ração crescimento 2, houve uma maior demanda, mantendo também um consumo maior, pois a quantidade de pedidos foi maior para este produto.

A ração pré-inicial, ração inicial, ração crescimento 1 e ração abate, tiveram um consumo maior que a demanda pois havia sobra de matéria prima em estoque do mês anterior. A ração caipira consumiu a quantidade demandada, não houve sobra em estoque, mas se o consumidor solicitar um pedido de última hora, a empresa não terá deste produto a disposição para oferecer, podendo prejudicar tanto a empresa quanto o consumidor.

Para o mês de junho o consumo total foi menor, pelo fato de ser o início do inverno, as aves estão se adaptando as mudanças climáticas e assim consumindo menos ração, quando já estão adaptadas ao clima mais frio, o consumo passa a ser maior, pois precisam da ração para manter seu corpo em equilíbrio e aquecido.

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86 Administração, ciência e negócios

Ficha de controle de estoque de matéria prima.

Mês julho de 2012

Descrição Un. Estoques Entradas Produção Saídas

Ração pré-inicial Kg 5.530 42.060 655.000 690.080

Ração inicial Kg 26.665 84.480 3.467.500 3.519.770

Ração crescimento 1 Kg 1.000 131.130 3.895.000 4.027.130

Ração crescimento 2 Kg 193.990 36.020 5.952.500 6.154.080

Ração abate Kg 78.400 311.190 4.325.000 4.675.960

Ração caipira Kg 0 90 140.000 139.920

Total 305.585 604.970 18.435.000 19.206.940

Tabela 2: Ficha de controle de estoque de matéria prima, mês julho 2012. Fonte: Coleta de dados.

Na tabela 2, a ração mais vendida foi a ração

crescimento 2, é o produto mais solicitado não só no mês de julho como também no trimestre analisado, seu saldo em estoque foi alto, pois no mês anterior vendeu bastante e mesmo assim houve sobra de produto, a saída foi maior que o produzido, mas foi compensado pelo produto que estava em estoque, nestes casos deve-se cuidar com sobras de produto, pois podem gerar gastos excessivos. A ração caipira foi a menos consumida, não havia saldo em estoque, pois as matérias primas estavam em falta por motivos de atraso na entrega, atendendo uma pequena quantidade de pedidos.

A ração pré-inicial consumiu mais que a demanda, mas somando os estoques e a entrada ainda restaram 12.510kg para o mês seguinte. A ração inicial, ração crescimento 1 e a ração abate mantiveram-se em equilíbrio o que foi produzido, foi consumido sobrando pouco produto para o início do mês seguinte, são as rações que tem bastante pedidos, pois no mês de julho o clima é frio e o consumo torna-se ainda maior.

O consumo total de ração para o mês de julho foi maior, pois as temperaturas são baixas e as aves precisam se

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Controle de estoque de matéria prima... 87

alimentar mais para manter a nutrição do corpo e diminuir o nível de desconforto que neste período é grande, também bebem mais água, o que facilita na digestão da ração consumida, quanto mais consomem água mais sentem a necessidade de consumir a ração, pois assim conseguem manter a temperatura ideal do corpo. Quanto maior o consumo de alimento, menor será a temperatura crítica inferior em função do calor fornecido ao animal pelo alimento, possibilitando-o suportar temperaturas efetivas ambientais mais baixas.

Ficha de controle de estoque de matéria prima.

Mês agosto de 2012

Descrição Un. Estoques Entradas Produção Saídas

Ração pré-inicial Kg 12.510 23.040 687.500 723.050

Ração inicial Kg 58.875 74.390 2.962.000 3.379.580

Ração crescimento 1 Kg 0 79.870 3.762.500 3.842.370

Ração crescimento 2 Kg 28.430 122.640 6.350.000 6.501.070

Ração abate Kg 38.630 219.950 4.155.000 4.411.600

Ração caipira Kg 170 1.650 210.000 211.820

Total 138.615 521.540 18.415.000 19.069.490

Tabela 3: Ficha de controle de estoque de matéria prima, mês agosto 2012. Fonte: Coleta de dados.

No mês de agosto de 2012 a ração crescimento 1

iniciou sua produção com estoque 0, pois no mês de julho o que foi produzido foi a mesma quantidade consumida, seguindo o mês de agosto que também a demanda foi igual ao consumo, não gerando gastos excessivos por estarem com produto parado em estoque, mas também não tem produto em estoque para cobrir pedidos fora do tempo.

A ração caipira foi a que teve menos consumo, por ser um mês com muito vento e frio as rações mais consumidas

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88 Administração, ciência e negócios

são as rações inicial, ração crescimento 1, ração crescimento 2 e ração abate. Por terem um consumo maior a ração inicial teve o consumo maior que o produzido, jogando para o próximo mês os 284,315kg que faltaram para este mês.

A ração pré-inicial no trimestre analisado teve uma quantidade de consumo bem próximo um do outro, devido aos pedidos que são sempre da mesma quantidade, variam apenas os quilos que são pedidos a mais ou a menos, que são destinados aos pintinhos ainda bem pequenos e que consomem pouca ração, conforme vão crescendo, trocam o tipo da ração e aumentam o consumo.

3.6.2 Rotatividade

A rotatividade é uma relação existente entre o

consumo trimestral e o estoque médio do produto, que neste caso será calculado no período de junho a agosto de 2012. A fórmula da rotatividade foi apresentada pelo autor no item 3.4.4.

Rotatividade dos materiais

Meses de junho, julho e agosto.

Descrição Quantidade de giros no trimestre

Ração pré-inicial 20 vezes

Ração inicial 43 vezes

Ração crescimento 1 52 vezes

Ração crescimento 2 45 vezes

Ração abate 12 vezes

Ração caipira 193 vezes

Total 365 vezes

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Controle de estoque de matéria prima... 89

Tabela 4: Rotatividade dos materiais. Fonte: Coleta de dados.

A quantidade de rotação para todas as rações é alta,

representa um parâmetro fácil para comparar seus estoques, seu grande mérito é levar a organização de maneira prática e organizada a forma que seus materiais mantidos em estoque sejam controlados desde a entrada até a saída destes produtos, indica a velocidade da renovação do estoque, quanto maior for o resultado, maior será o giro do estoque.

Quanto maior for o giro dos estoques, menor será o custo do produto, a empresa compra em quantidades maiores e pelo menor preço podendo repassar os produtos por um custo menor, mesmo vendendo a um preço menor a empresa continua ganhando, pois, seus custos também foram menores, beneficiando a empresa e o consumidor.

O produto em estoque foi vendido e renovado por produtos novos como apresenta na tabela 4, o giro foi alto e os produtos em estoques foram vendidos, no estoque entraram produtos novos, sendo bom para a empresa, pois os produtos não perdem a data de validade por ficar muito tempo armazenado.

3.6.3 Estoque mínimo e estoque máximo

A empresa utiliza o estoque máximo para manter os

produtos no armazém, mas durante o acompanhamento das atividades no armazém, o setor trabalha com o estoque máximo apenas para matéria prima e não para produtos acabado, o produto acabado é feito apenas por pedido, se algum pedido for de última hora a empresa não terá produto para fornecer, para produto acabado o estoque é o mínimo, e para matéria prima o estoque é máximo sempre tendo alguma quantia em estoque.

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90 Administração, ciência e negócios

Os colaboradores não utilizam fórmulas para

controlar o estoque mínimo nem o estoque máximo, apenas olham para os estoques e sabem a que nível se encontra, e então sabem se este é bom ou não.

A armazenagem dos produtos, cada matéria prima tem seu local próprio, mas não é localizado possui apenas a ficha de controle de lote, somente os colaboradores do setor sabem o local de cada produto, mas esta ficha é insuficiente para localizar os produtos dentro do armazém, serve apenas para os colaboradores se localizarem na hora de utilizar estes produtos.

O setor de armazenagem não apresenta um sistema de localização e endereçamento dos produtos, pelo fato de terem poucas matérias primas cada colaborador sabe onde está localizado tal produto, mas se uma pessoa de fora entrar no setor não saberá o local de cada matéria prima, sendo necessário elaborar um planejamento apropriado de estocagem, havendo claramente a localização e endereçamento de cada produto facilitando o desempenho do trabalho, para cada matéria prima separar um local específico com o devido endereço e localizado por ordem alfabética ou ordem numérica, os mais utilizados devem ficar mais próximos à saída e assim por diante.

3.7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho foi guiado pelo objetivo geral de

analisar o processo de controle de estoque de matéria prima de ração para aves, visto por ser um objetivo abrangente. Com base nas informações obtidas através da pesquisa a empresa em estudo da Agroindustrial, pode-se identificar a importância na área de materiais, especificamente o de processo de controle de estoque. Na empresa o controle dos estoques é realizado em parte por sistema computadorizado e outro manual através de fichas.

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Controle de estoque de matéria prima... 91

Os métodos utilizados pela empresa para controlar

seus estoques, tanto na entrada do produto como na saída, no momento há necessidade de melhorias, a empresa consegue controlar e produzir, mas não e eficaz e pode haver erros, pois uma grande parte do controle é realizada sem a ajuda do sistema eletrônico, podendo ocorrer divergências quando passa de um colaborador para o outro, desta forma o processo poderá ser insuficiente. Avaliando os níveis de estoque, percebe-se que a empresa utiliza do estoque mínimo e do estoque máximo, para as matérias primas o nível de estoque é máximo sempre tem em estoque, já para o produto acabado o nível de estoque é mínimo atendendo apenas os pedidos feitos com antecedência, mas se o consumidor quiser um produto de última hora nem sempre a empresa terá para oferecer.

Pode-se concluir nos estudos realizados que o sistema de identificação e localização dos produtos da empresa é feito manualmente e os produtos estão armazenado de forma aleatória, pois a localização é insuficiente para indicar o local de cada produto não facilitando o trabalho de funcionários de outro setor que venha necessitar de alguma matéria prima deste armazém.

Através da coleta de dados e entrevista realizada com o responsável pelo setor de armazenagem, verificou-se a necessidade de implantação de técnicas de localização e endereçamento eletrônicos, para facilitar o sistema de trabalho, auxiliar o processo de produção. Desta forma o processo de armazenagem dos produtos seria mais eficaz e todos teriam acesso rápido aos produtos, controle de matéria prima, agilizar compras e logística de armazenamento.

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92 Administração, ciência e negócios

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IV

GESTÃO DO ORÇAMENTO DE CAIXA EM UM CENÁRIO DE ALTA DA INFLAÇÃO: UM ESTUDO DE CASO EM UMA COOPERATIVA DE SERVIÇOS

BANCÁRIOS

Joscimar Edmundo Borth* Eliana Cunico**

Silvana Anita Walter***

* Licenciado em Geografia pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (2010) e acadêmico do terceiro ano de Administração da Unioeste. ** Doutoranda do Programa de Pós Graduação em Administração da UEM - Universidade Estadual de Maringá. Mestre do Programa PPGA - Universidade Nove de Julho. Docente na área de Gestão dos cursos de Graduação e Pós-graduação do Centro Universitário FAG - Toledo (2012) e da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Unioeste - M.C. Rondon (2015). Possui Graduação em Administração pela UNIOESTE (2007), especialização em Administração Financeira, Contábil e Controladoria pela FASUL (2010). Coordena atualmente os Trabalhos de Conclusão de Curso em Administração Centro Universitário FAG - Toledo. Atua como Professora Orientadora no Programa Patronato de Toledo - Extensão Unioeste - SETI - SESP e Governo do Paraná. *** Professora Curso de Administração e do Mestrado Profissional em Administração da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE). Foi professora dos Programas de Pós-Graduação em Administração (PPGAD) - Curso de Mestrado em Administração - e Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis e Administração (PPGCC) - Curso de Doutorado em Ciências Contábeis e Administração da Universidade Regional de Blumenau (FURB), Blumenau (SC) no período de 2010 a 2013. Doutora em Administração pela PUCPR - Curitiba. Mestra em Administração: Gestão Moderna de Negócios, pela FURB - Blumenau (SC). Especialista e Graduada em Administração pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE). Atua na linha de pesquisa de Estratégia e Sustentabilidade (UNIOESTE). Professora e Coordenadora no Curso de Administração na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE). Leciona disciplinas de Métodos e Técnicas de Pesquisa, Metodologia da Pesquisa Qualitativa e Estratégias Organizacionais. Estuda preferencialmente Strategy as Practice aliada a

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96 Administração, ciência e negócios

RESUMO O orçamento de caixa é uma ferramenta da administração, capaz de gerar dados financeiros que auxiliam na tomada de decisões. O resultado desta ferramenta é impactado por diversos fatores, um deles é a inflação que consiste no aumento do valor de um determinado produto/serviço em certo tempo. Este estudo objetiva analisar como a inflação impactou na gestão do orçamento de caixa em uma cooperativa de crédito e serviços bancários, situada no oeste do Paraná e em São Paulo, a Sicredi Aliança PR/SP, e quais as dificuldades foram percebidas em situações de significativas alterações no ambiente financeiro. Para a análise foi realizada pesquisa documental, com o orçamento e resultado do Balanço de 2015, a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) de 2015 e o Relatório de Produtos e Serviços de 2015. Foram também realizadas entrevistas com colaboradores e um contador da cooperativa. Como principais resultados, foi percebido que a inflação impactou nos resultados dos orçamentos de forma indireta, como um dos indexadores da taxa SELIC, que influencia nos juros praticados pela instituição. Na percepção dos colaboradores, os serviços que mais tiveram impacto da inflação foram os

Teoria Institucional e, Metodologias de Pesquisa e de Ensino em Administração e Contabilidade. Desenvolve pesquisas utilizando tanto métodos quantitativos (regressão equações estruturais e outras técnicas multivariadas) e de análise de redes sociais, como qualitativos com apoio de software (ATLAS ti). Na área de Ensino e Pesquisa é Líder do Tema de Formação do Professor e do Pesquisador da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Administração (ANPAD), tendo recebido prêmios na Área de Educação e Pesquisa. Avaliadora de eventos e periódicos científicos. Autora de diversos artigos publicados em periódicos, capítulos de livros e trabalhos apresentados em eventos. É Bolsista Produtividade CNPq Nível 2 e é coordenadora de projeto de pesquisa financiado pelo CNPq. E-mail: [email protected]

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Gestão do orçamento de caixa... 97

empréstimos e financiamentos, pois a maioria dos associados da cooperativa apresentavam instabilidade financeira.

PALAVRAS-CHAVE: Administração Financeira; Serviços; Política Monetária. 4.1 INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, o Brasil tem sido marcado pelo

elevado grau de mudanças e impactos no âmbito político, social e econômico (LASTRES et al., 2002). Tais mudanças refletem principalmente na economia por meio da taxa de inflação, que pode ser definida como um aumento do nível dos preços, responsável por ocasionar uma variação da equivalência monetária ao longo do tempo (COUTO; CASTRO; FERREIRA, 2009).

De acordo com a visão da teoria contingencial, a organização possui necessidades de adequação quanto aos fatores contingenciais e por consequência de mudanças do ambiente externo (DONALDSON, 1998). O papel fundamental das instituições consiste em estruturar interações políticas, econômicas e sociais, de maneira a influenciar o aumento da produtividade e consequentemente, o desenvolvimento por meio do aumento de retornos financeiros (NORTH, 1991). Na concepção da Nova Economia Institucional (NEI), as “regras do jogo” disciplinam as ações coordenadas e desta forma declaram a competitividade e a eficiência de um sistema institucional. Tais regras são representadas pelo papel que as instituições exercem, complementadas pela intervenção do Estado, denominados como mecanismos de regramento. (NORTH, 1991). Um dos objetivos dessa forma de organização é a possibilidade de tratar incertezas.

Em 2015, o Brasil apresentou a maior inflação desde 2002, chegando a 10,67% no ano (BACEN, 2016). O

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percentual atingido é extremamente preocupante para a economia, especialmente para cooperativas financeiras, responsáveis por gerenciar recursos de seus cooperados. Muitas empresas aparentemente saudáveis fecharam as suas portas, por não serem capazes de identificar problemas com antecedência, com ausência de um monitoramento adequado à seus orçamentos presentes em ambientes de elevadas mudanças (HORNGREN et al., 2004). Os orçamentos possuem informações importantes para a administração das empresas, pois são instrumentos utilizados nos processos de tomada de decisões (GARRISON; NOREEN; BREWER, 2007).

Além disso, a inflação é um dos fatores que atrapalha a gestão de uma empresa (SANTOS, 2002), o que exige que seu monitoramento deva ser mensal ou trimestral, adiantando dificuldades e/ou possibilidades (CREPALDI, 2012). Incerteza ainda maior está na gestão de caixa, a qual é afetada intensamente por alterações no poder de compra da moeda (CARDOSO, 2012; MAGRO; LAVARDA, 2015).

Os problemas não surgem apenas pelo fato de que as organizações são dependentes do ambiente, mas, pela ausência de confiabilidade. Assim, a oferta de recursos torna-se mais ou menos receptível quando há mudanças (PFEFFER; SALANCIK, 2003). Para aumentar as chances de cumprir seus objetivos, as empresas procuram realizar orçamentos, responsáveis por nortear suas ações e buscam atualizá-los constantemente, devido à ausência de controle sobre algumas variáveis macroeconômicas e temporais (CARDOSO, 2012; MAGRO; LAVARDA, 2015).

Diante desta situação exposta, surge a seguinte questão responsável por conduzir esta pesquisa: Como a inflação impacta na gestão do orçamento de caixa e quais dificuldades são percebidas em situações de significativas alterações?

Nessa perspectiva, a proposta desse estudo consiste em analisar como a inflação impacta a gestão do orçamento

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de caixa e quais dificuldades são percebidas em situações de significativas alterações no ambiente financeiro. Para consecução deste objetivo foram seguidas as seguintes etapas: identificou-se o orçamento de caixa orçado e o realizado para o ano 2015, além de se verificarem ações que impactaram em mudanças na aplicação do orçamento e compreender se as alterações necessárias foram impactadas por efeitos do aumento da taxa de inflação.

Além desta introdução, este trabalho contém a segunda seção que apresenta o referencial teórico sobre abordagem contingencial, inflação e orçamento de caixa; a terceira seção é composta pela apresentação dos procedimentos metodológicos utilizados na condução da pesquisa. A quarta seção apresenta e analisa os resultados encontrados, e os discute sob a perspectiva da teoria contingencial. E na quinta e última seção, são tecidas as considerações finais, limitações da pesquisa e sugestões para continuidade do estudo.

4.2 REVISÃO DE LITERATURA

A revisão da literatura está dividida em duas seções, a

primeira aborda a teoria contingencial e a segunda da inflação e os impactos no orçamento de caixa.

4.2.1 Teoria Contingencial

A administração é fruto de estudos a mais de um

século. Com o passar do tempo ela foi analisada sob óticas diferentes, surgindo a escola clássica, a das relações humanas, a comportamentalista, a contingencial, a teoria geral dos sistemas e a neoclássica (CARAVANTES; CARAVANTES; KLOECKNER, 2005). Cada uma destas possui a sua contribuição. Este artigo utiliza da abordagem contingencial

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por entender que ela é capaz de sustentar a visão do fenômeno a ser aqui estudado.

A base desta abordagem é que não existe uma estrutura organizacional que seja efetiva em todas as organizações, sendo que a otimização da estrutura será variável, levando em conta alguns fatores, como: a) tecnológico; b) econômico; c) político; d) demográfico; e) ecológico: f) cultural; g) concorrentes (ALPERSTEDT; EVANGELISTA, 2011). Assim, a melhor opção é contingenciar estes fatores (DONALDSON, 1998). Neste artigo, observa-se necessidade de adequação por conta de fatores prioritariamente econômicos.

A teoria contingencial está pautada sobre dois pilares, o primeiro diz que não existe uma melhor maneira de organizar e o segundo que certa forma de organizar não será eficaz em todas as situações (CARAVANTES; CARAVANTES; KLOECKNER, 2005; JUNIOR; CARVALHO, 2009). Em suma, situações diferentes, exigem práticas diferentes. Assim, essa teoria indica o tipo de estruturas que podem ser possíveis respostas à cenários diversos. Cabe aos gestores a tomada da decisão adequada às suas necessidades (SILVA, 2001).Existem seis fatores que exercem influência no processo da tomada de decisão: ambiente organizacional, estratégia organizacional, tecnologia, organizações e seus níveis, homem complexo e estratégias organizacionais (ARAUJO, 2004)

Por meio desta gama de variáveis é que a empresa irá avaliar a melhor maneira de adequar-se, buscando obter os melhores resultados. A teoria contingencial busca diminuir o grau de incerteza, para que as tarefas sejam realizadas da melhor forma, por uma hierarquia centralizada (indicadas para empresas inseridas em ambientes estáveis) ou uma estrutura participativa e flexível (em ambientes de incertezas de suas tarefas) (DONALDSON, 1998).

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Dessa forma, propomos avaliar o fenômeno da

inflação e seus reflexos na previsão e na concretização dos orçamentos da empresa. A inflação é um fator macroeconômico, essa que tem influência na microeconomia. A cooperativa de serviços bancários trabalha com a captação e repasse de dinheiro, tendo como base, que o recurso financeiro tem seu valor alterado com o tempo. Tais organizações precisam analisar as várias incertezas de mercado para definir metas, ações e taxas a serem aplicadas. Tais incertezas fazem parte do que é avaliado na teoria contingencial, que mostra como a organização deve ser modulada para atender as necessidades do ambiente e das tarefas que dela decorrem.

2.2 A INFLAÇÃO E OS IMPACTOS NO ORÇAMENTO DE CAIXA

A história mostra que o mau funcionamento do

mecanismo monetário pode acarretar em duas situações: o aprofundamento de crises de produção e de emprego e em problemas de inflação (SENNA, 2010). Tem-se como conceito base, que a inflação é o aumento no índice do preço (JOHNSON, 1976). Sobretudo, ela impacta no aumento persistente dos preços em geral, ocasionando na contínua perda do poder aquisitivo da moeda (BRAGA, 1989). Em suma a moeda vale apenas pelo que pode comprar (SENNA, 2010). A inflação é medida em um determinado período de tempo, sendo o aumento do valor inicial para com o valor final o índice em questão (MAZINI, 2012). As causas estão diretamente ligadas às políticas fiscais e monetárias, que modificam as demandas, mas não modificam a oferta agregada no mesmo momento e na mesma proporção (FRIEDMAN, 1969; MAZINI, 2012).

A literatura ainda apresenta duas causas clássicas da inflação: a primeira está relacionada com a demanda, quando

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existe excesso desta para com os bens e serviços em relação à oferta; a segunda causa é a de custo, que é ocasionada pela elevação dos custos de produção, em que o aumento do custo de determinados insumos são repassados ao preço do produto (VASCONCELLOS; LUQUE; CARMO, 1998; SANDRONI, 1999).

O regime de metas para inflação foi instituído em 1999 no Brasil. Ele é definido pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e cabe ao BACEN (Banco Central) executar as políticas necessárias para o cumprimento desta meta. Quem calcula o índice de inflação é o IPCA (índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) que é vinculado ao IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) (CABRAL, 2013). No ano de 2015 a inflação no Brasil foi de 10,67% a.a. (BACEN, 2016), o maior valor desde 2002, devendo gerar atenção de gestores, já que os resultados da empresa são impactados por este índice. A seguir, a Figura 1 mostra a evolução do índice da inflação nos últimos cinco anos.

Figura 1: Índice da inflação no Brasil de 2011 à 2015. Adaptado: IBGE (2016).

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Conforme evidenciado na Figura 1, o ano com maior

inflação foi o de 2015, quando atingiu a marca de 10,67% a.a. Em 2011 o valor foi de 6,5% a.a., em 2012 o índice foi o menor dos últimos anos, atingindo 5,84% a.a., em 2013 foi de 5,91% a.a. e em 2014 o valor apresentado foi de 6,4% a.a., apresentando um aumento em relação ao ano anterior.

Alguns itens tiveram impacto para o aumento da inflação em 2015. O IBGE (2016) apontou os principais vilões desse aumento, sendo eles: a) energia elétrica; b) gasolina; c) etanol; d) botijão de gás; e) tomate; f) açúcar cristal; g) cebola. Os três itens com maior variação foram a cebola, que aumentou 60,61%, a energia elétrica, com um aumento de 51%, e o tomate, com 47,45% de variação. Outro fator que contribuiu foi a valorização do dólar, principalmente dos produtos importados. Segundo o Banco Central ele iniciou ano com a cotação de R$2,69 e terminou com R$3,90; a variação de 45% foi a maior dos últimos anos.

Os índice de juros praticados pelas instituições bancárias acompanharam a tendência do mercado, e aumentaram suas taxas em 2015, subindo 14,1 pontos, passando de 49,6% para 63,7% (BACEN, 2016). Acompanhando este aumento seguem os juros do cheque especial, cartão de crédito e crédito consignado.

O IBGE se utiliza de uma complexa fórmula matemática para apresentar o valor da inflação de um ano, ele monitora a variação do preço de mais de vinte e dois mil produtos e serviços variados em regiões diferentes e de diversas faixas de renda. Mas a complexidade do cálculo está ligada a seguinte questão, se um produto tiver um aumento significativo de preço, a tendência de mercado é que sua demanda caia, pois o consumidor busca produtos alternativos ou compra menos, assim a inflação não atinge todos de forma homogênea, desta forma, a inflação do período é o resultado entre a variação de preço e de demanda.

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O índice em questão pode impactar de três formas nas

empresas, a primeira é quando a empresa acompanha a desvalorização do dinheiro com o aumento do preço, não sofrendo diminuição do poder aquisitivo; a segunda ocorre quando a empresa não aumenta seus preços de forma proporcional ao aumento dos custos, diminuindo assim seu poder aquisitivo; e a última situação é quando ela aumenta seus preços acima da inflação, aumentando assim o seu poder aquisitivo (FRANCISCHTTI; PADOVEZE; FARAH, 2006).

A inflação é um fator complexo que está ligado a diversas variáveis, como a política e a climática, assim a sua previsão se torna difícil, o que dificulta a gestão de uma empresa (SANTOS, 2002). Para diminuir erros de previsão o monitoramento deve ser mensal ou trimestral, procurando adiantar dificuldades e/ou possibilidades (CREPALDI, 2012). A inflação é uma fonte geradora de incertezas na economia, já que instabiliza as condições gerais da atividade econômica, impactando nas atividades produtivas de curto, médio e principalmente, nas de longa duração (PAULA, 1997).

Em momentos de inflação elevada, como no final da década de 1980 e início de 1990, quando chegou em 89 % ao mês, existem situações peculiares para os gestores das empresas, pois tarefas tradicionais como o conhecimento da situação patrimonial ou a tomada de decisões são afetadas pela inflação, e causavam dificuldades para a contabilidade, gerando impacto na qualidade da informação contábil (MACHLINE, 1966, ARAÚJO; LUCINI, 2006). Para lidar com situações como estas, existem algumas metodologias de formações de cenários que são complexos, estes moldam um “futuro possível”, e para estes são elaboradas estratégias. É relevante que nas organizações, especialmente no nível decisório estratégico, que se desenvolva e cultive um processo de análise e reflexão permanente das tendências do ambiente, observando mudanças em outros cenários, já delineados ou

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não, possibilitando assim um planejamento (CARAVANTES; CARAVANTES; KLOECKNER, 2005).

O planejamento financeiro é uma ferramenta importante das operações das empresas, pois ela fornece um mapa para a orientação, coordenação e o controle dos passos que a empresa irá realizar para alcançar os seus objetivos. Existem dois aspectos fundamentais do processo de planejamento financeiro, o primeiro é o planejamento de caixa, que envolve a elaboração de um orçamento de caixa da empresa, e o segundo é o planejamento de lucros, que envolve a elaboração de demonstrações proforma (GITMAN, 2004).

O orçamento é uma das etapas do processo de planejamento estratégico, em que é estimado e determinado a melhor relação entre resultados e despesas, para atender as necessidades, características e objetivos da empresa no período vindouro. Assim, o orçamento abrange todas as áreas da empresa em que é necessária a alocação de algum recurso financeiro (TAVARES, 2000; SUAVE et al., 2013).

O planejamento do orçamento se baseia no cálculo das receitas e gastos. O mesmo tem por objetivo controlar o fluxo de caixa, os resultados e a situação patrimonial da empresa para que sejam alcançados. O seu controle é realizado por meio da comparação dos relatórios e do orçamento (LUNKES, 2010; CARNEIRO; MATIAS, 2011). O orçamento é projetado para o período de um ano, geralmente o ano contábil e realizado no ano anterior a sua execução, assim é um instrumento de planejamento de curto prazo. Para planejamentos de longo prazo é utilizado o planejamento estratégico (CARNEIRO; MATIAS, 2011).

Buscar que o sistema orçamentário seja eficaz é um dos fatores que levam as empresas a alcançarem suas metas. A melhoria da eficiência está ligada a geração de compromisso, alinhamento entre os níveis da organização, a adoção de procedimentos detalhados e abrangentes na elaboração, a análise das variações e a tomada de ações

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corretivas (UMAPATHY, 1987; KING; CLARKSON; WALLACE, 2010; SUAVE et al., 2013). Para que as correções sejam realizadas, os gestores devem acompanhar as variáveis exógenas e verificar os resultados financeiros. O principal objetivo do controle financeiro é fornecer informações sobre o recebimento e pagamento de caixa da empresa, propiciando dados relevantes sobre as movimentações de entrada e saídas de caixa neste período (BARBIERI, 1995). Em suma, o controle mostra se a empresa está conseguindo alcançar o que foi orçado para o período.

Existem duas maneiras de lidar com a incerteza no orçamento de caixa. A primeira é elaborar diversos orçamentos, baseados em cenários otimistas, prováveis e pessimistas. A segunda maneira é por meio da simulação. (GITMAN, 2004). As incertezas do ambiente são cada vez mais numerosas e complexas (CARDOSO, 2012). É importante enfatizar que as incertezas são eventualmente confundidas com as mudanças. As incertezas são determinadas pela capacidade da organização prever situações para um período e uma mudança pode ser previsível (PFEFFER; SALANCIK, 2003).

Assim, a inflação impacta nos resultados esperados, principalmente quando falamos em uma cooperativa de serviços bancários, pois ela afeta o sistema contratual. O elevado grau de incerteza na economia agrava as condições de riscos nos termos e prazos dos contratos e aumentar as taxas de seus serviços é uma maneira da cooperativa se precaver. Não existe uma indexação perfeita, assim as empresas prezam pela sua liquidez e buscam aplicar seus recursos em prazos mais curtos (PAULA, 1997).

Um fator que incide mudanças em uma instituição financeira é a taxa SELIC (Sistema Especial de Liquidação e Custódia). A taxa SELIC é a taxa média ajustada dos financiamentos diários apurados na SELIC (BACEN, 2015). Esta taxa é considerada básica para a economia brasileira,

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determinando a taxa de juros (ASSAF NETO, 2006). Ela é utilizada nas operações entre bancos, influenciando assim os juros de toda economia (MACHADO; PONTILI, 2008). O tamanho da dívida pública, a oferta de crédito, o nível de inflação, entre outros índices sofrem impacto direto desta taxa (ASSAF NETO, 2006). O impacto ocorre também no nível dos preços e atividade da economia (MENDONÇA; DEZORD; CURADO, 2005). Por tamanha importância, cabe ao Banco Central do Brasil (Bacen) estabelecer a taxa Selic no Brasil.

No Brasil existe uma meta para a taxa Selic, sua fixação é um instrumento de política monetária, que pode incentivar ou travar a demanda na economia (FEBRABAN, 2005). Cabe ao Banco Central buscar formas desta meta ser cumprida. Caso a expectativa da inflação for superior ou inferior ao que foi definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) o Comitê de Política Monetária (COPOM) pode adequar a taxa SELIC (FEBRABAN, 2005). Ligado a essa taxa existe o Certificado de Depósito Interbancário (CDI), que é um instrumento usado pelas instituições financeiras para a troca de recursos e o CDI de um dia, conhecido como “over”, que é utilizado como um indexador, e representa a média das taxas diárias que as instituições financeiras praticaram em suas transações (FEBRABAN, 2005).

Como se pôde observar, a inflação apresenta incerteza ao mercado, gerando divergências entre os resultados e orçamentos das empresas. Como a parte financeira da empresa está diretamente ligada ao planejamento e execução das ações da organização, torna-se relevante observar este índice. Para avaliar o fenômeno da inflação e seus reflexos na previsão e concretização dos orçamentos foi escolhida a abordagem contingencial, pois ela leva em conta as variáveis ambientais, como a inflação.

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4.3 METODOLOGIA DA PESQUISA

A presente pesquisa foi estruturada em três fases, a

decisória, a construtiva e a redacional. Na fase decisória, se refere à escolha do tema, a

definição e a delimitação do problema de pesquisa (SILVA; MENEZES, 2005), definiu-se um corte transversal do ano de 2015 por ser um ano em que a inflação apresentou o maior índice na última década (IBGE, 2016). Para a aplicação foi escolhida uma cooperativa de serviços bancários, pois estas trabalham com recursos financeiros consideráveis, pagando e recebendo pela ação do dinheiro no tempo. Foi selecionanada a cooperativa de serviços bancários Sicredi Aliança PR/SP que atua no Paraná e São Paulo, com sede na região oeste paranaense, na cidade de Marechal Cândido Rondon, Paraná. A instituição possui relevância no âmbito local e concordou em ceder o orçamento previsto para 2015 e os resultados do mesmo período. Assim, além do impacto da inflação buscou-se identificar as dificuldades que esta gerou para a instituição neste período.

A segunda etapa do planejamento da pesquisa foi a fase construtiva, remetendo-se a construção de um plano de pesquisa e à sua execução (SILVA; MENEZES, 2005). Nesta fase foi identificada a natureza da pesquisa e as suas etapas, tendo caráter qualitativo e classificando-se como explicativa com a captação dos dados.

A pesquisa é possui uma abordagem qualitativa, que considera a existência uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, cuja compreensão passa pela interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados (SILVA; MENEZES, 2005). Raupp e Beuren (2006) afirmam que este tipo de pesquisa contribui para o esclarecimento de questões superficialmente abordadas e que não foram contempladas de modo satisfatório anteriormente. Estudos deste gênero são capazes de descrever a complexidade de determinado

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problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos vividos por grupos sociais (RICHARDSON, 1999).

Quanto aos objetivos esta pesquisa caracteriza-se como descritiva, pois visa descrever, relatar e comparar fenômenos e, quanto aos procedimentos de coleta de dados caracteriza-se como de levantamento (RAUPP; BEUREN, 2009).

Quanto aos procedimentos, o artigo classifica-se como estudo de caso. Este tipo de pesquisa é caracterizado pelo estudo de um ou poucos objetos (GIL, 1999). O estudo de caso permite uma investigação para compreender os fenômenos e seus significados (YIN, 2001). Tal tipologia caracteriza-se como aplicada para avaliar ou descrever situações metodológicas dinâmicas em que o elemento humano está presente (MARTINS, 2008).

No estudo de caso existem casos únicos ou casos múltiplos (YIN, 2001). Optou-se por um caso único, pois a cooperativa de serviços bancários escolhida possui relevância no âmbito regional e concordou em ceder dados e entrevistas. O estudo de caso único é uma pesquisa que trata especificamente de uma realidade, concentrando-se sobre suas características (RAUPP; BEUREN, 2006), e o foco aplicado foi o de conhecer características intrínsecas da organização que foram objetivamente afetadas pela inflação.

Realizou-se uma pesquisa documental no dia 13 de junho de 2016, quando foram repassados os dados da instituição financeira. A pesquisa documental se baseia em materiais que ainda não receberam um tratamento analítico ou que podem ser reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa (GIL, 1999). A análise de documentos é uma técnica valiosa de abordagem qualitativa, que pode ser utilizada para complementar informações obtidas em outras fontes (GODOY, 1995).

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Os dados foram repassados em relatório digital por

um dos contadores da instituição após aprovação da diretoria, sendo então disponibilizados para esta pesquisa. Foram coletadas informações, por meio de uma pesquisa documental, referente aos valores orçados e realizados do ano de 2015. Os relatórios repassados foram o Balanço de 2015, a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) de 2015 e o Relatório de Produtos e Serviços de 2015. Os dados foram transferidos para o software Microsoft Office Excel, uma ferramenta que pode ser utilizada para criar e analisar planilhas eletrônicas, como uma forma de sistematizar as principais alterações entre o planejado e o executado.

Ao término da análise dos dados foi realizada uma entrevista com um dos contadores da instituição, visando identificar quais dos itens analisados sofreram o impacto da inflação. A entrevista foi realizada no dia 17 de agosto de 2016, com um roteiro semi-estruturado, que continha perguntas formuladas com base na análise dos documentos fornecidos na fase anterior. A entrevista foi realizada com o intuito de obter uma compreensão maior sobre os dados fornecidos.

Além do contador foram entrevistados os colaboradores que trabalharam diretamente com os clientes no ano de 2015. Foi entrevistado um colaborador que trabalha com consórcios, financiamentos e empréstimos para pessoa física; um que trabalha com consórcios, financiamentos e empréstimos para pessoa jurídica; um que trabalha com o cartão de crédito e de débito; um colaborador que trabalha com a filiação de novos associados e um colaborador que trabalha no caixa. As entrevistas foram realizadas no dia 26 de agosto de 2016, com base em um roteiro semi-estruturado com foco na percepção dos colaboradores, sobre as dificuldades e facilidades em sua área de atuação, durante o ano de 2015.

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A entrevista visa à obtenção de informações de um

entrevistado sobre determinado assunto ou problema (SILVA; MENEZES, 2005). Existem dois tipos de entrevista, a estruturada, com roteiro previamente estabelecido, e a não-estruturada, que não possui uma rigidez de roteiro, possibilitando assim explorar mais e melhor algumas questões (SILVA; MENEZES, 2005). Para este artigo se utilizou um roteiro estruturado. Nessa fase da pesquisa buscou identificar os itens que sofreram impactos da inflação e por conta disso, desviaram seus resultados da meta traçada. Foram realizadas entrevistas por meio de e-mail diretamente com os colaboradores da empresa, que foram fornecidos por ela.

Para a última etapa de captação de dados foi realizada uma pesquisa em jornais, revistas e sites especializados visando obter informações do mercado financeiro de 2015 que evidenciem ou apontem o motivo da variação dos índices orçados e realizados pela instituição financeira.

A terceira etapa da pesquisa foi a fase redacional, que se refere à análise dos dados obtidos e a organização destes para a elaboração do relatório final (SILVA; MENEZES, 2005). Nesta fase buscou-se triangular os dados, sendo os três critérios: a pesquisa documental, com o orçamento previsto e o realizado de 2015 e notícias publicadas em revistas e jornais que afetaram os serviços prestados; entrevista com o contador da cooperativa e uma entrevista com os colaboradores da linha de frente da organização, abrangendo todas as áreas de venda de produto e serviços financeiros da cooperativa. A seção seguinte do artigo aborda os resultados da pesquisa, estes que foram realizadas seguindo os passos descritos nesta seção.

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4.4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

O Sicredi é uma instituição financeira cooperativa

com mais de três milhões de investidores associados, que veem no cooperativismo de crédito uma alternativa para o fortalecimento econômico das suas atividades e das suas comunidades. Identificou-se que a Cooperativa Sicredi possui em seu portfólio mais de cem produtos e serviços, com destaque para os cartões, concessão de crédito, investimentos, seguros, conveniência, consórcios, cobrança, câmbio e previdência.

Hoje o Sicredi possui mais de 3,3 milhões de associados, 1.500 pontos de atendimento em vinte estados, atendendo 1.083 municípios e em 223 destes é a única instituição financeira. Possui 121 cooperativas de crédito filiadas, divididas em cinco centrais regionais, uma confederação, uma fundação e um banco cooperativo, que estão presentes em dez estados do Brasil (SICREDI, 2016). A expressividade a importância dessa cooperativa no cenário financeiro nacional, foi um dos pontos que inspirou o desenvolvimento do caso, atendendo a exigência de relevância para o estudo de caso único (YIN, 2001).

A marca Sicredi foi implementada no dia 10 de julho de 1992, em decisão de todas as cooperativas do Rio Grande do Sul, aonde se unificou a identidade de todas as cooperativas do Sistema em representação ao Sistema de Crédito Cooperativo. Mas sua origem é antiga e se mistura com a origem do cooperativismo no Brasil, que ocorreu em 28 de dezembro de 1902, quando surgiu a primeira cooperativa de crédito do Brasil no município de Nova Petrópolis, Rio Grande do Sul. Em 27 de outubro de 1980 foi constituída a Cooperativa Central de Crédito do Rio Grande do Sul, fruto da união de nove cooperativas de crédito, inclusive a que fora fundada em 1902. No Paraná as primeiras

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cooperativas de crédito rural surgiram 1981 no oeste paranaense.

Das 121 cooperativas de crédito, este trabalho foca em uma delas, a Sicredi Aliança PR/SP. Com sede na cidade de Marechal Cândido Rondon, Paraná, abrange as cidades paranaenses de Quatro Pontes, Mercedes, Guaíra, Pato Bragado, Entre Rios do Oeste, São José das Palmeiras e Santa Helena, desde 2014 atua no estado de São Paulo nas cidades de Barretos, Orlândia, Bebedouro, Jaboticabal, Monte Alto, São Joaquim da Barra, Ituverava, Guaíra, Pitangueiras e Morro Agudo.

No ano de 2015 o Sicredi Aliança PR/SP possuía quase trinta mil associados, mais de cem milhões de patrimônio líquido, realizando mais de 378 milhões de reais em operações de crédito durante o período. Um valor considerável das movimentações de 2015 se refere ao crédito rural, que foi instituído pelo decreto nº 58.380, de 10 de maio de 1966. Possui a finalidade de financiamento das atividades de custeio das despesas normais de cada ciclo produtivo, a comercialização da produção ou investimento em bens e/ou serviços que sejam necessários por vários ciclos produtivos (MINISTÉRIO DA FAZENDA, 2016).

Para a safra de 2014/2015 o governo disponibilizou 156,1 bilhões de reais para financiamento. Para a safra de 2015/2016 o ministério da fazenda disponibilizou 187,7 bilhões de reais, valor 20% maior que o anterior (MINISTÉRIO DA FAZENDA, 2016). Tais valores foram disponibilizados a população por meio dos bancos ou cooperativas de crédito. (MINISTÉRIO DA FAZENDA, 2016). A carteira de Crédito Rural e Direcionados do Segmento Agro representa 45,9% da carteira total da instituição (SICREDI, 2016).

Depois de analisada a parte financeira, foi realizada uma entrevista com o contador e com colaboradores que trabalharam diretamente com os clientes no período de 2015.

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Foram analisados os resultados financeiros que mais sofreram alteração, seja para mais ou menos e buscou-se identificar os impactos da inflação nestes resultados.

O primeiro item analisado foi o de “Empréstimos” que está registrado no passivo, sendo assim valores que a empresa buscou para disponibilizar aos associados, que superou em 69,74% o valor orçado. A alteração é fruto dos recursos que a cooperativa buscou no mercado financeiro para aplicar nas atividades, principalmente de Crédito Rural, que possui uma demanda elevada. A Sicredi é o elo entre os produtores e os recursos disponibilizados pelo Ministério da Fazenda junto a outras instituições financeiras, os valores cobrados por estes serviços são repassados aos donos dos recursos. A inflação neste caso age de forma indireta, o aumento do dólar (muitos produtos utilizados na agricultura são importados) e aumento dos preços de produtos, como o etanol, acabam elevando o custo da produção, que leva os produtores a se utilizarem do Crédito Rural para viabilizar a produção.

Em períodos de alta inflação a cooperativa precisa captar recursos, que acabam sendo mais caros, por conta da elevação da taxa SELIC. Dessa forma, os contratos que já haviam sido firmados tem suas taxas de juros mantidas. Isso prejudica o planejamento orçado como meta, uma vez que a Sicredi teve que “custear” a diferença entre o juro acordado com seus cooperados e o juro que pagou para captar o recurso no mercado, nos meses subsequentes.

O segundo item observado é o “Outras Obrigações”, que sofreu um aumento de 32,06% em relação ao orçado. O grupo é composto por diversos subgrupos e contas, dentre elas se destaca as obrigações fiscais (IRPJ, CSLL, INSS, ISS e FGTS, que são retidos na fonte), provisão de férias e décimo terceiro dos colaboradores e valores referentes a movimentação dos associados com cartão de crédito (debitados das contas e que serão repassados à outras

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instituições). O item em questão apresentou o resultado pelo aumento do uso e não em virtude da inflação.

O terceiro item avaliado foram as “Despesas de Captação”, que teve aumento de 22% do valor orçado. O item sofre impacto dos depósitos e empréstimos, ambos com resultado superior ao orçado e que são afetados pela taxa SELIC, já que depósitos a prazo são remunerados e um dos valores levados em conta para a remuneração é a taxa SELIC. Assim, o aumento do valor se dá por alguns motivos, dentre eles o número superior dos depósitos e empréstimos, com um valor maior para remunerar e com a taxa SELIC maior, por motivos como a inflação, o valor remunerado foi maior que o esperado.

O quarto item analisado foi o de “Despesas Diretas”, que ficou abaixo do esperado, alcançando 78% do valor orçado. O valor se deu pelo Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF). O Sicredi oferece serviços em que incide o IRRF, que são as contas em que são depositados os rendimentos do trabalho assalariado pagos por pessoas físicas ou jurídicas os rendimentos do trabalho não assalariado pago por pessoa jurídica, os rendimentos de aluguéis e royalties pagos por pessoa jurídica e rendimentos pagos por serviços entre pessoas jurídicas, tais como os de natureza profissional, serviços de corretagem, propaganda e publicidade (RECEITA FEDERAL, 2016). O resultado inferior ao orçado não está ligado à inflação.

O quinto item analisado foi o de “Despesas Operacionais”, com um aumento de 14% ao do valor orçado. Neste item se encontra dados já apresentados na “Despesa de Captação”, em que os depósitos e empréstimos aumentaram e com isso os valores a serem remunerados sofreram impacto do aumento dos depósitos e empréstimos. O impacto da inflação neste caso é indireto e está ligado a variação da taxa SELIC e do impacto desta nas taxas de juros praticados pela instituição.

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O item “Outras Despesas Variáveis” foi o que sofreu

maior aumento entre o orçado e realizado, sendo o valor realizado 552% superior ao orçado. Neste item estão inseridas despesas não recorrentes, de difícil previsão, como as despesas com fraudes, com ações de danos morais e provisão de passivos contingentes. Assim, este item não sofreu impacto da inflação.

A “Sobra Não Operacional” foi o valor que apresentou maior variação, com (-) 6.502% de variação. No item, está o pagamento de juros ao capital dos associados. O valor realizado foi superior ao esperado, assim o impacto do aumento dos depósitos e aumento dos juros praticados, pelo impacto da taxa SELIC, foi determinante pra o resultado apresentado. O resultado evidencia que não existe uma indexação perfeita (PAULA, 1997). Dessa forma, o impacto da inflação, neste caso, foi indireto.

Outro item analisado foi o de “Cartão”, que atingiu 81,59% do orçado. Questionada pelo resultado a instituição informou que inicialmente trabalhava com uma bandeira de cartão de crédito e passou a trabalhar com duas bandeiras durante 2015. Contudo, nos resultados foram apresentados somente dados referentes a bandeira mais antiga, não apresentando os dados da nova bandeira, comprometendo o item à uma análise mais complexa.

O próximo item analisado foi o de “Cobranças”, que apresentou um valor 12% superior ao orçado. Neste item se encaixam os boletos de cobrança que a Sicredi oferece aos seus associados, que emitem as cobranças aos seus clientes através da cooperativa, no processo a instituição cobra uma taxa. Assim o valor realizado foi resultado do aumento dos serviços prestados na emissão destes boletos, e não por impacto da inflação.

Durante o ano de 2015, além dos itens destacados, a inflação teve um impacto mais significativo nos índices da Poupança e do Certificado de Depósito Interbancário (CDI),

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este ligado à taxa SELIC. A Sicredi trabalha com projeções das taxas SELIC, CDI e Poupança, visando diminuir o impacto da inflação durante o exercício. As projeções dos índices são realizadas pela área de finanças do Banco Sicredi S/A situado em Porto Alegre.

As projeções focam na CDI, que é um instrumento utilizado pelas instituições financeiras para a troca de recursos (FEBRABAN, 2005). A CDI é ligada a taxa SELIC, que por meio dos valores praticados podem incentivar ou travar a demanda da economia, cabe ao Banco Central buscar cumprir as metas estipuladas pelo CMN e/ou adequadas pelo Copom (FEBRABAN, 2005). Esta taxa é considerada básica para a economia brasileira, determinando a taxa de juros (ASSAF NETO, 2006).

O produto principal gerador de receitas da Cooperativa é o Crédito aos associados. As taxas de empréstimos são atreladas à taxa SELIC que, por sua vez, sofre influência da inflação. Por outro lado, a Cooperativa também é grande captadora de Recursos dos associados, cuja remuneração é atrelada à taxa SELIC. Portanto, a Cooperativa sofre tanto impacto positivo como negativo de forma indireta da inflação. O impacto positivo ocorre pelo aumento da taxa praticada nos empréstimos de recursos, que sofrem alteração conforme a taxa SELIC. O Impacto negativo direto ocorre devido à Cooperativa captar recursos dos associados e os remunerar a taxas vinculadas à SELIC. Por exemplo, ao depositar um valor X no Sicredi e aplicado no Sicredinvest, a instituição pagará juros de 90% do CDI. Quando a taxa SELIC subir, o CDI automaticamente subirá e o cliente passará a receber mais rendimento e com isso, a despesa de captação do Sicredi aumentará.

A inflação também impacta na Cooperativa quanto aos reajustes feitos pelos fornecedores de serviços e produtos, porém as variações são previstas durante o planejamento anual e ficaram dentro do esperado.

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Outro dado analisado foi a percepção dos

colaboradores da linha de frente, que possuem um contato direto com os clientes, ouvindo causas do uso ou não dos serviços oferecidos pelo Sicredi. O primeiro entrevistado foi um colaborador que trabalhou com consórcio, financiamentos e empréstimos, tanto para pessoa física como para jurídica. A percepção foi de que no ano de 2015 ocorreu um aumento na procura de financiamentos e empréstimos. Os principais motivos estão ligados à baixa capacidade de pagamento e as restrições encontradas em outras empresas. Dentre os serviços prestados as pessoas físicas, os solicitantes demonstravam sinais de instabilidade financeira, o que aumenta o risco de inadimplência nestas operações. A inflação impactou na procura deste produto, pois com a baixa capacidade de quitar seus compromissos, os empréstimos foram uma das opções mais procuradas pelas pessoas e empresas para resolver seus problemas financeiros.

Outro colaborador entrevistado foi o que trabalha com a filiação dos novos associados. Para estes houve um aumento na carteira de associados em virtude do seu atendimento diferenciado e foco nas necessidades dos seus associados. Os principais motivos da procura deste serviço foram às restrições encontradas nas outras empresas do segmento. Ressaltamos que a empresa possui relevância regional e que possui parcerias com diversas empresas, que acabam vinculando o pagamento do salário de seus colaboradores a contas desta instituição. A inflação pouco impacta na abertura de novas contas, ela impacta diretamente nos rendimentos dos recursos dos associados.

Outro colaborador entrevistado trabalhou em 2015 com a venda de cartão de crédito e débito. Este percebeu que houve um aumento na venda deste serviço, principalmente em virtude da nova bandeira de cartão oferecida. Os principais motivos da procura deste serviço foram à baixa capacidade de pagamento e restrições a este serviço em outras

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empresas. Na percepção deste colaborador a inflação não impactou na venda dos produtos.

Outro profissional entrevistado foi o que trabalhou no caixa. O serviço em questão apresentou um número estável, apesar de que pagamento via smartphones, internet e caixas eletrônicos apresentaram aumento no período. Assim, o principal motivo da procura deste serviço está ligada a dificuldade do uso da tecnologia. A percepção do colaborador foi de que a inflação não impactou nos resultados dos serviços por ele prestados.

No geral, a procura pelos serviços apresenta impacto da inflação de diferentes formas. O maior impacto ocorre quanto aos empréstimos e financiamentos e o menor ocorre na abertura de novas contas e no pagamento de contas.

No ano de 2015 o Sicredi recebeu uma homenagem, pela terceira vez, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), como o agente financeiro com maior volume de operações de investimento contratadas no âmbito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) no ano agrícola 2015/2016. No total foram mais de onze mil operações, que totalizaram mais de 567 milhões de reais. (SICREDI, 2016)

Além da homenagem, o Sicredi ficou entre as dez principais instituições financeiras e as maiores consultorias do país no Prêmio Broadcast Projeções 2015, conquistando o oitavo lugar na categoria Top 10 Geral, que considera as instituições que realizaram as projeções do cenário macroeconômico que mais se aproximaram da realidade. São avaliadas previsões econômicas de sete indicadores: inflação medida pelo IPCA e pelo IPG-M (Índice Geral de Preços de Mercado), taxa básica de juros (SELIC), taxa de câmbio (R$/US$), Produto Interno Bruto (PIB), balança comercial e relação entre dívida pública e PIB (SICREDI, 2016).

Ainda no ano de 2015, o Sicredi ganhou uma premiação do Banco Central, ficando na quinta colocação

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anual da projeção de curto prazo da taxa SELIC, a única representante do segmento de cooperativismo de crédito no ranking. Além de estar no top 5 anual, o Sicredi obteve destaque em diversos relatórios mensais, inclusive liderando este dado em alguns meses. O ranking de curto prazo avalia a precisão das projeções com defasagem de um mês em relação á publicação do indicador nos últimos seis meses (BACEN, 2016).

Tal conquista foi enfatizada por Alexandre Englert Barbosa, Superintendente de Economia e Riscos do Banco Cooperativo Sicredi, pois considera o ano de 2015 como um ano atípico, com um programa econômico instável. O resultado mostra que a instituição foi capaz de prever o cenário com uma margem de variação bem estreita as mudanças na parte política e econômica durante os 12 meses do ano (SICREDI, 2016).

Já o aumento dos recursos disponíveis para o crédito rural do ano de 2015 não acompanharam o aumento dos custos, conforme o portal de notícia G1 (2016). Mesmo com o aumento de 20% do valor disponibilizado, os gastos com a produção foram mais elevados, sendo que somente no mês de junho os gastos sofreram um aumento de 12% nos gastos para produção. Os aumentos ocorreram principalmente pelo aumento do dólar, que encarece o valor dos produtos relacionados à produção agrícola, usados desde o processo de plantio até o da colheita.

O BACEN informou que no ano de 2015 aumentaram os juros cobrados pelos bancos nos empréstimos para pessoas físicas, excluindo o crédito imobiliário e rural. Em 2014 os juros bancários foram de 49,6% ao ano e em 2015 houve um aumento de 14,1%, chegando a 63,7% ao ano (BACEN, 2016). Com o aumento das taxas de juros bancários, ocorreu uma elevação do chamado “spread bancário”, que é a diferença entre o que os bancos pagam pelos recursos e quanto cobram de seus clientes. Em 2014 o

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“spread” nas operações com pessoas físicas somava 37,3 pontos percentuais, avançando em 2015 para 48 pontos, um aumento de 10,7 pontos (BACEN, 2016).

Em 2015 houve um aumento também nos juros do cheque especial, subindo de 201% ao ano para 287% ao ano, além disso, os juros do cartão de crédito aumentaram de 331,6% em 2014 para 431,6% em 2015 (BACEN, 2016). Acompanhando a tendência a taxa de inadimplência total subiu de 4,3% em 2014 para 5,3% em 2015 (BACEN, 2016). Já o Sicredi apresentou resultados inferiores a média nacional, em 2014 o índice de inadimplência foi de 1,99% e em 2015 houve um aumento, alcançando 2,40% (SICREDI, 2016).

Na captação da poupança, a aplicação mais tradicional do Brasil, fechou o ano de 2015 com 656 bilhões de reais, 53 bilhões a menos que no ano anterior, o pior resultado para uma série histórica do Banco Central a partir de 1995 (BACEN, 2016). A diminuição do valor tem duas causas principais: a primeira está ligada ao fato de que, na prática, o dinheiro investido está perdendo valor (os rendimentos anuais da poupança foram de 8,15%a.a, valor inferior a inflação do mesmo período, que chegou a 10,67%a.a), o segundo motivo está ligado à crise econômica, a população possui menos recursos para investir, resultado da alta inflação, aumento do desemprego e queda dos rendimentos dos trabalhadores (G1, 2016).

Ao contrário do mercado, a Sicredi apresentou em 2015 um aumento no volume de depósito em poupança, com um aumento de 14,8%, segundo Edson Georges Nassar, CEO do Banco Cooperativo da Confederação e Fundação Sicredi, o resultado somente foi possível, pois “o Sicredi construiu pilares sólidos, com foco na governança, gestão de pessoas e geração de valor”, ele ainda enfatiza que os resultados alcançados em 2015 mostram a evolução como instituição da empresa (SICREDI, 2016).

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4.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base na questão de pesquisa que norteou o

desenvolvimento deste artigo, a saber: Como a inflação impacta na gestão do orçamento de caixa e quais dificuldades são percebidas em situações de significativas alterações? É possível constatar que no caso da empresa estudada, os impactos foram realmente significativos e afetaram o planejamento, de modo que muitas das atividades da Cooperativa Sicredi foram afetadas pela alta da inflação no ano de 2015.

Os objetivos foram cumpridos uma vez que se buscou orçamentos e resultados do período contábil de 2015, ano de maior inflação no Brasil desde 2002, do qual se identificou as principais divergências encontradas. Depois foram realizadas entrevistas com um contador e com cinco colaboradores que trabalharam diretamente com os associados. Assim o objetivo de compreender as alterações entre o orçado e realizado e a percepção dos colaboradores quanto ao impacto da inflação em seu trabalho, foi esclarecida e confirmada.

Destaca-se que os itens que sofreram um impacto não planejado, incidente por conta da alta da inflação, foram as contas de “Empréstimos”, Despesas de Captação”, “Despesas Operacionais” e “Sobra Não Operacional”. Em todos os casos a inflação impactou de forma indireta. Isso se deu por conta do reflexo da inflação na taxa SELIC, que ao sofrer elevado crescimento, impactou em muitos aspectos da economia e das atividades financeiras da população.

Quanto aos colaboradores, os serviços que mais tiveram impacto da inflação foram os empréstimos e financiamentos, pois a maioria dos associados da cooperativa apresentavam instabilidade financeira. Os serviços de abertura de novas contas e de capacidade de pagamento dos clientes foram os que perceberam menor impacto do índice.

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Ainda durante o ano de 2015 as previsões da

instituição sobre a economia nacional receberam algumas menções importantes. A primeira foi a quinta colocação na projeção de curto prazo da taxa SELIC, única representante do segmento de cooperativismo de crédito no ranking, prêmio este que foi recebido do Banco Central do Brasil. A segunda menção foi uma homenagem do BNDES, recebida pela Cooperativa Sicredi pela terceira vez consecutiva, eleita como o agente financeiro com maior volume de operações de investimento contratadas no âmbito do PRONAF. A terceira menção recebida trata da oitava colocação no Prêmio Broadcast Projeções 2015, em que é levado em consideração as instituições que realizaram projeções do cenário macroeconômico, e que mais se aproximaram da realidade projetada.

Finalmente, o estudo foi pautado nas demonstrações financeiras do ano de 2015. Os itens apresentam resultados anuais. Como sugestão para pesquisas futuras, poderiam ser utilizados relatórios detalhados com um acompanhamento mensal das projeções e realizações da cooperativa; buscar a percepção dos clientes e motivos que os levaram a procurar os serviços da instituição, verificar se estes estavam relacionados com a inflação, e verificar como a inflação impacta nas demais cooperativas de crédito da região.

Uma continuidade deste estudo é altamente recomendada, pois o índice da inflação impacta de forma direta na economia e nos resultados das empresas. O fato de compreender como ela age e suas múltiplas facetas, representa um maior preparo dos profissionais para realizar previsões de possíveis cenários e orçamento da empresa e como um conhecimento que historicamente pode produzir referência para futuras decisões.

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OS ORGANIZADORES

ADEMIR MENIN é Mestre em Filosofia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma-PUG (2013). Especialista em Letras (Estudos Linguísticos e Literários) pela Universidade Estadual do Norte do Paraná-UENP (2010). Graduado em Filosofia pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná-UNIOESTE (1995). Graduado em Teologia pela Pontifícia Universidade Urbaniana de Roma-PUU (1999). Atualmente é professor de Filosofia Moderna e Contemporânea na Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE.

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IVAN VIEIRA DA SILVA é graduado em Matemática pela Universidade Paranaense – UNIPAR (2006); é especialista em Matemática Financeira e Estatística pela Universidade Paranaense – UNIPAR (2008); é especialista em Gestão Escolar pela FAESI - DINÂMICA (2016); é especialista em Transtornos Globais de Desenvolvimento pela FAESI - DINÂMICA (2016) e Mestrando em Gestão do Conhecimento nas Organizações pelo Centro Universitário Cesumar – UNICESUMAR (2017-2018). Atualmente é professor no Centro Universitário Fundação Assis Gurgacz – FAG . Publicou: No livro “Conhecimento, Gestão e Educação” (2017, ISBN: 978-85-92670-24-5) os capítulos: - “Aprendizagem de Asperger: conceituação e intervenções na aprendizagem”; - “O papel da gestão no processo de ensino aprendizagem de alunos com distúrbio do processamento auditivo central”.

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JOSÉ FRANCISCO DE ASSIS DIAS é Professor Adjunto da UNIOESTE, Toledo-PR; professor do Mestrado em Gestão do Conhecimento nas Organizações, na UNICESUMAR; pesquisador do Grupo de Pesquisa “Educação e Gestão” e do Grupo de Pesquisa “Ética e Política”, da UNIOESTE, CCHS, Toledo-PR. Doutor em Direito Canônico pela Pontifícia Universidade Urbaniana, Cidade do Vaticano, Roma, Itália; Doutor em Filosofia também pela mesma Pontifícia Universidade; Mestre em Direito Canônico também pela mesma Pontifícia Universidade Urbaniana; Mestre em Filosofia pela mesma Pontifícia Universidade; Especialista em Docência no Ensino Superior pela UNICESUMAR; Licenciado em Filosofia pela Universidade de Passo Fundo – RS; Bacharel em Teologia pela UNICESUMAR. Pesquisador do Instituto Cesumar de Ciência, Tecnologia e Inovação (ICETI). E-mail: [email protected]

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