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COMISSÃO SAÚDE E MEIO AMBIENTE DA ASSEMBLEIA

LEGISLATIVA DO RIO GRANDE DO SUL

Composição:

Subcomissão para tratar da implantação do Cadastro Ambiental Rural - RDI 21/2016

Relatora

Liziane Bayer- PSB

Titular

Elton Weber- PSB

Titular

Edson Brum- PMDB

Titular

Pedro Pereira- PSDB

Titular

João Reinelli- PV

Titular

Edegar Pretto- PT

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Prefácio

Ao aceitar o encargo de relatora da Subcomissão do Cadastro Rural Ambiental –

CAR, feito pelos meus colegas da Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Assembleia

Legislativa, o fiz com o sincero proposito de contribuir para uma proposta de solução ao

angustiante tema que aflige milhares e milhares de proprietários rurais do Estado, que

veem o prazo legal para apresentação, 5 de maio de 2016, chegar e ainda não

conseguiram confeccioná-lo.

Recebida a missão, com a assessoria técnica me dediquei ao tema e pude até em

contato com agricultores e proprietários rurais de várias regiões, lembrar um pouco da

minha infância em Cerro Baltazar, interior de São Pedro do Sul, quando a minha família

se dedicava a agricultura, e ver que os problemas que lá enfrentávamos ainda são

praticamente os mesmos de hoje, dificuldades de toda ordem para a produção primária.

Foram reuniões, em Caxias do Sul, Rio Pardo e Santa Maria, onde estive

pessoalmente e em Santa Rosa e Bagé pelo meu colega Dep. Elton Weber, sub-relator

e, por último, em Porto Alegre com a Secretária Ana Pellini da Secretaria do Ambiente e

Desenvolvimento Sustentável do Governo do Estado, pude, através delas perceber a

preocupação de todos a que se chegasse a um bom termo no enfrentamento da

questão.

O Cadastro Ambiental Rural é tema que se discute no Brasil inteiro, não havendo

como negar sua importância para todos nós, porque é através dele que se fará uma

radiografia completa das propriedades rurais brasileiras, que sustentam, com a sua

produção de alimentos, a todos nós, será uma ferramenta a mais para que se produzam

políticas públicas em favor da produção primária.

Por outro lado, não há como se negar as dificuldades na elaboração do cadastro,

já que inúmeras são as pequenas propriedades rurais que não podem e não tem

condições de arcar com os custos da sua confecção.

No balanço entre o binômio necessidade-capacidade é que a Subcomissão vem

propor alternativas e, neste compasso, entendemos ter contribuído, pelo que agradeço

a indicação da Relatoria e da assessoria técnica que nos ajudou, para que ao fim e ao

cabo, pudéssemos apresentar à Comissão de Saúde e Meio Ambiente o presente

trabalho que espero seja útil no encaminhamento de soluções para a relevante questão

do Cadastro Ambiental Rural.

Liziane Bayer

Deputada Estadual

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SUMÁRIO

SUMÁRIO ............................................................................................................................................... 4

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 6

2 A ORIGEM DO CADASTRO AMBIENTAL RURAL - CAR ..................................................................... 8

3 O CAR NO ÂMBITO DO CÓDIGO FLORESTAL FEDERAL DE 2012 ...................................................... 9

3.1 O CAR no Rio Grande do Sul ............................................................................................. 11 3.1.1 PERGUNTAS FREQUENTES SOBRE O CAR ........................................................................................ 12

3.1.1.1 O CAR já está em funcionamento? ........................................................................................ 12

4 QUANTO AOS PROCEDIMENTOS DE CADASTRAMENTOS JUNTO AO CAR .................................... 17

5 OS PRINCIPAIS ASPECTOS E CARACTERISTICAS DO CAR ............................................................... 20

6 O MÓDULO DE CADASTRAMENTO AMBIENTAL RURAL – CAR ..................................................... 21

6.1 ETAPA 1: DADOS DO CADASTRANTE ............................................................................................. 22 6.2 ETAPA 2: DADOS DO IMÓVEL ...................................................................................................... 23 6.3 ETAPA 3: DADOS DA DOMINIALIDADE ........................................................................................... 24 6.4 ETAPA 4: DOCUMENTAÇÃO ........................................................................................................ 24

6.4.1 Quando for proprietário ................................................................................................... 24 6.4.2 Quando for posseiro ........................................................................................................ 27

7 GEOREFERENCIAMENTO .............................................................................................................. 28

7.1 Área do Imóvel ................................................................................................................ 29 7.2 Cobertura do Solo ........................................................................................................... 30

7.2.3 Área rural consolidada por supressão de vegetação nativa para uso alternativo do solo. ............ 32 7.2.5 Pousio ...................................................................................................................................... 34

8 INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES DO CAR ............................................................................... 42

9 CAPACITAÇÕES E TREINAMENTOS DO CAR .................................................................................. 43

10 CAR NO BRASIL E NO ESTADO ...................................................................................................... 44

11 AUDIÊNCIAS PÚBLICAS ................................................................................................................ 46

CALENDÁRIO DAS AUDIÊNCIAS PÚBLICAS ..................................................................................................... 46 10.1 - 1ª AUDIÊNCIA PÚBLICA EM CAXIAS DO SUL ................................................................................... 46 10.2 - 2ª AUDIÊNCIAS PÚBLICA EM RIO PARDO....................................................................................... 50 10.3 - 3ª AUDIÊNCIAS PÚBLICA EM SANTA MARIA ................................................................................... 53 10.4 4º AUDIÊNCIA PÚBLICA DE SANTA ROSA......................................................................................... 55 10.5 5º AUDIÊNCIAS PÚBLICA EM BAGÉ ................................................................................................ 58

AUDIÊNCIA DA SUBCOMISSÃO DO CAR – CADASTRO AMBIENTAL RURAL ........................................... 58

BAGE – RS, 11 DE ABRIL DE 2016. ......................................................................................................... 58

LOCAL – SINDICATO DOS TRABALHADORES RURAIS DE BAGÉ-RS. ........................................................ 58

10.6 REUNIÃO COM SECRETÁRIA DE ESTADO DE AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (SEMA). ............ 60

12 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES .............................................................................................. 62

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LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Página inicial do CAR ............................................................................................... 21

Figura 2 - dados do cadastrante .............................................................................................. 22

Figura 3 - Dados do imóvel ...................................................................................................... 23

Figura 4 - Descrição de acesso ao imóvel ................................................................................. 23

Figura 5 – Dados dos proprietários do imóvel .......................................................................... 24

Figura 6 – Documentação do imóvel ....................................................................................... 25

Figura 7 – Tipo de documentação comprobatória de propriedade ........................................... 26

Figura 8 – Informações relevantes caso seja proprietário e o imóvel tenha alguma

comprovação de propriedade do item da figura 7. .................................................................. 26

Figura 9 – tipos de documentação caso seja posseiro. Ex.: Termo de autodeclaração .............. 27

Figura 10 – Primeira etapa do georreferenciamento ............................................................... 28

Figura 11 – As 5 etapas do georreferenciamento .................................................................... 29

Figura 12 Polígono delimitando a área do imóvel .................................................................... 30

Figura 13 infraestruturas públicas ........................................................................................... 35

Figura 14 Tipos de APP's ......................................................................................................... 36

Figura 15 - Informações complementares ............................................................................... 42

Figura 16 – Extrato do CAR por Regiões do Brasil – Jan/2016 .................................................. 44

Figura 17 - Calendário das audiência públicas do CAR no RS .................................................... 46

Figura 18 Composição da mesa da audiência pública de Caxias do Sul ..................................... 50

Figura 19 Audiência pública de Santa Maria ............................................................................ 55

Figura 20 - Audiência Pública de Santa Rosa ............................................................................ 58

Figura 21 - Audiência Pública de Bagé ..................................................................................... 60

Figura 22 - Reunião com secretária de Estado de Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Ana

Pellini. ..................................................................................................................................... 60

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1 INTRODUÇÃO

Desde sua promulgação o Código Florestal Brasileiro passou por várias alterações

significativas. A legislação que instituiu o primeiro código em 1934 através do Decreto

Nº 23.793, e, que estabeleceu, entre outros pontos, o conceito de florestas protetoras,

embora semelhante ao atual conceito de Áreas de Preservação Permanente (APP’s), não

previa as distâncias mínimas para a proteção de mananciais hídricos.

Já o “Novo Código Florestal Lei 4.771 de 1965,” estabeleceu limitações ao direito de

propriedade no que se refere ao uso e exploração do solo e das florestas. O texto criou

a previsão para Áreas de Preservação Permanente (APP’s), e, posteriormente, após

alteração feita em 1986, para áreas de Reserva Legal (RL), embora esta previsão já

estivesse presente no decreto de 1934, em seu artigo 23, de que nenhum proprietário

de terras, cobertas de matas, poderia abater mais de três quartas partes da vegetação

existente. As medidas provisórias de 1996, a primeira de uma série de medidas

provisórias editadas para alterar o código, restringiu a abertura de novas áreas em

florestas. As MPs, embora não tenham aumentado a área de reserva legal, passaram a

permitir o desmatamento de apenas 20% nas regiões de floresta. Dois anos depois, o

código passa a incorporar a Lei de Crimes Ambientais (9.605/98), transformando

diversas infrações administrativas em crimes. A mudança permitiu que os órgãos de

fiscalização ambiental pudessem aplicar pesadas multas aos infratores. E, a partir da MP

2.080/00, a reserva legal em áreas de floresta passou a ser de 80% na Amazônia Legal.

Em 2001, as MP’s 2.166/67, redefiniram os conceitos de reserva legal e de área de

preservação permanente. Pelo texto, o tamanho mínimo da reserva legal passou a

depender do tipo de vegetação existente e da localização da propriedade. No bioma

Amazônia, o mínimo é de 80%. No Cerrado Amazônico, 35%. Para as demais regiões e

biomas, 20%. No caso das Áreas de Preservação Permanentes - APP’s, o novo texto

passou a considerar a faixa marginal dos cursos d’água cobertos ou não por vegetação,

e, nas pequenas propriedades ou posse rural familiar, ficou definido que podem ser

computados no cálculo da área de reserva legal os plantios de árvores frutíferas

ornamentais ou industriais.

Com a publicação em 22 de julho de 2008 do Decreto 6514/2008, que foi assinado pelo

então Ministro do Meio Ambiente, Sr. Carlos Minc, com o objetivo de regulamentar as

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infrações e sanções administrativas ao Meio Ambiente, previstas na Lei de Crimes

Ambientais (9.605/98), as alterações feitas por medidas provisórias e reeditadas

inúmeras vezes e não cumpridas pela maioria dos produtores brasileiros, tornou-se

então crime ambiental, passível de multa e punições administrativas. O presente

decreto (6.514/2008), previa em seu art. 55, pena de multa pela não averbação da

Reserva Legal (RL). Desta forma, a legislação colocou na ilegalidade milhões de

agricultores. A partir de então desencadeou-se uma série de decretos que postergaram

a entrada em vigor da presente exigência legal. Vale ressaltar que o Decreto 6.514 de

2008 revogou o Decreto 3.179, de 1999, que foi o primeiro a impor sanções pela não

averbação da Reserva Legal. Cinco meses antes, em 28 de fevereiro de 2008, uma

decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN), anunciada por meio da Resolução

(3.545), já havia colocado em polvorosa o setor agrícola. A medida estabelecia que

bancos públicos e privados deveriam exigir, para concessão de crédito rural,

documentação comprobatória de regularidade ambiental. Essa medida tinha como

principal objetivo conter o aumento do desmatamento na Amazônia – uma antiga

demanda de ambientalistas.

Com a edição do Decreto (6.514/2008), houve um aumento das ações de fiscalização

dos órgãos ambientais e da emissão de milhares de autos de infração, bem como, ações

mais enérgicas do Ministério Público contra agricultores cobrando os passivos

ambientais. Fatores como esses desencadearam a movimentação dos representantes

do Setor Agrícola no Congresso Nacional, que propuseram uma revisão geral do Código

Florestal. Essa revisão visava introduzir mudanças relativas ao conceito e à

obrigatoriedade de manter a Reserva Legal (RL) e, aproveitando a oportunidade,

garantir a manutenção de atividades agrícolas em Áreas de Preservação Permanente

(APP), largamente utilizadas no país para a produção de alimento.

Em 10 de Setembro de 2009, o Governo Federal Institui o Programa Federal de Apoio à

Regularização Ambiental de Imóveis Rurais, denominado “Programa Mais Ambiente”,

instituído pelo DECRETO Nº 7.029, DE 10 DE DEZEMBRO DE 2009. O Programa Mais

Ambiente, que institui o Cadastro Ambiental Rural, veio de demanda do Grito da Terra

de 2007. O programa tinha o objetivo de formular políticas públicas e garantias para que

a regularização ambiental e Subprogramas destinados à regularização ambiental

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voltados para a Educação Ambiental, Assistência Técnica Rural – ATER, Produção e

Distribuição de Mudas e Sementes e a Capacitação de agricultor familiar e o

empreendedor familiar rural, conforme estabelecido na Lei no11.326, de 24 de julho de

2006, e os povos e comunidades tradicionais, conforme disposto no Decreto no 6.040,

de 7 de fevereiro de 2007, todos fundamentados no desenvolvimento rural sustentável.

E, em 25 de maio de 2012, após tramitar durante 13 anos no congresso foi sancionado

a Lei 12.651, que dispõe sobre a proteção da vegetação nativa; altera as Leis nos 6.938,

de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e 11.428, de 22 de

dezembro de 2006; revoga as Leis nos 4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de 14

de abril de 1989, e a Medida Provisória no 2.166-67, de 24 de agosto de 2001; e dá

outras providências.

2 A ORIGEM DO CADASTRO AMBIENTAL RURAL - CAR

Instituído, inicialmente, pelo DECRETO Nº 7.029, DE 10 DE DEZEMBRO DE 2009, o

Programa Federal de Apoio à Regularização Ambiental de Imóveis Rurais, denominado

“Programa Mais Ambiente”, foi o primeiro instrumento do Poder Executivo Federal para

esta finalidade. Este programa tinha como objetivo promover e apoiar a regularização

ambiental de imóveis, com prazo de até três anos para a adesão dos beneficiários,

contados a partir da data da publicação deste Decreto. O Programa consistia em

instrumentos e subprogramas os quais iriam articular ações e iniciativas federais

destinadas à regularização ambiental. A adesão seria feita pelo beneficiário junto ao

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA ou

qualquer órgão ou entidade vinculada ao Programa pelos instrumentos previsto nesta

legislação.

Com a adesão ao “Programa Mais Ambiente”, o proprietário ou possuidor não seria

autuado com base nos artigos 43, 48, 51 e 55 do Decreto no 6.514 de 2008, que dispunha

sobre as infrações e sanções administrativas ao meio ambiente, estabelecia o processo

administrativo federal para apuração destas infrações.

É importante destacar que o Decreto 6.514/2008 contém dispositivos direcionados

especificamente à proteção da reserva legal, um dos principais instrumentos adotados

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no âmbito da proteção à flora. Reserva legal é a parte do imóvel rural em que fica vedado

o corte raso da vegetação, nos termos do art. 1º, § 2º, inciso III, c.c. o art. 16 do Código

Florestal, com a redação dada pela MP 2.166-67/2001. O percentual de reserva legal

varia de 20 a 80%, de acordo com a região do País e o tipo de vegetação. O artigo 55 do

Decreto 6.514/2008, estabelecia penalidade específica para aquele que deixa de averbar

a reserva legal, podendo resultar em ilícitos que se constituía em infrações

administrativas ambientais em multas que poderiam variar de R$ 500,00 (quinhentos

reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais).

Entretanto, a averbação cartorial da Reserva Legal, não era o principal objetivo do

presente instrumento, mas sim, regulamentar o Capítulo VI da Lei no 9.605, de 12 de

fevereiro de 1998, dispunha sobre as sanções penais e administrativas derivadas de

condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Até a entrada em vigor da Lei de Crimes

Ambientais (LCA), a tutela penal da flora estava concentrada na Lei nº 4.771 de 1965

(Código Florestal Federal).

3 O CAR NO ÂMBITO DO CÓDIGO FLORESTAL FEDERAL DE 2012

O Cadastro Ambiental Rural – CAR, foi criado pela Lei 12.651 de 2012, e tem por

finalidade estabelecer normas gerais sobre a proteção da vegetação, áreas de

Preservação Permanente e as áreas de Reserva Legal, a exploração florestal, o

suprimento de matéria-prima florestal, o controle da origem dos produtos florestais e o

controle e prevenção dos incêndios florestais, e, prevê instrumentos econômicos e

financeiros para o alcance de seus objetivos. No âmbito do Sistema Nacional de

Informação sobre Meio Ambiente - SINIMA, o CAR, foi criado pelo artigo 29 da presente

lei, e se constitui em uma base de dados estratégica para o controle, monitoramento e

combate ao desmatamento das florestas e demais formas de vegetação nativa do Brasil,

bem como, para planejamento ambiental e econômico dos imóveis rurais.

O Cadastro Ambiental Rural – CAR, é um registro eletrônico, obrigatório para todos os

imóveis rurais, que tem por finalidade integrar as informações ambientais referentes à

situação das Áreas de Preservação Permanente - APP, das áreas de Reserva Legal, das

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florestas e dos remanescentes de vegetação nativa, das Áreas de Uso Restrito e das

áreas consolidadas das propriedades e posses rurais do país.

O CAR manter-se-á como um registro público eletrônico gratuito onde as informações

georreferenciadas dos imóveis serão disponibilizadas junto à Secretarias de Meio

Ambiente dos Estados. O Cadastro será feito exclusivamente via internet onde o

proprietário da área poderá optar em fazê-lo pessoalmente em casa através do seu

computador, sem ajuda nenhuma, ou poderá solicitar ajudar de terceiros, como por

exemplo, de técnicos ou mesmo do seu sindicato o qual tem vinculação. Caso o

proprietário da área queira a ajuda de terceiros, um técnico ou mesmo uma entidade

de classe para ajuda-lo, estes serviços poderão ser cobrados.

O DECRETO Nº 7.830, DE 17 DE OUTUBRO DE 2012, que dispõe sobre o Sistema de

Cadastro Ambiental Rural, o Cadastro Ambiental Rural, estabelece normas de caráter

geral aos Programas de Regularização Ambiental, de que trata a Lei no 12.651, de 25 de

maio de 2012, e dá outras providências, estabelece em seu artigo 21 os condicionantes

para entrada em vigor do CAR, conforme segue:

Art. 21. Ato do Ministro de Estado do Meio Ambiente estabelecerá a data a partir da qual o CAR será considerado implantado para os fins do disposto neste Decreto e detalhará as informações e os documentos necessários à inscrição no CAR, ouvidos os Ministros de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Desenvolvimento Agrário.

O capítulo sexto (VI) da Lei 12.651 de 2012, em seu parágrafo primeiro do artigo 29,

estabelece que a inscrição do imóvel rural no CAR deverá ser feita, preferencialmente,

no órgão ambiental municipal ou estadual. No mesmo artigo, porém no parágrafo

terceiro, estabelece que a inscrição no CAR será obrigatória para todas as propriedades

e posses rurais, devendo ser requerida no prazo de 1 (um) ano contado da sua

implantação, prorrogável, uma única vez, por igual período por ato do Chefe do Poder

Executivo.

Vale ressaltar que DECRETO Nº 8.235, DE 5 DE MAIO DE 2014, que estabelece normas

gerais complementares aos Programas de Regularização Ambiental – PRA, dos Estados

e do Distrito Federal, destaca em seu § 5º, que, realizada a inscrição no CAR, os

proprietários ou os possuidores de imóveis rurais com passivo ambiental relativo às

APP’s, RL e áreas de uso restrito, poderão proceder à regularização ambiental mediante

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adesão aos PRA dos Estados independentemente de contratação de técnico

responsável.

É necessário ressaltar ainda, que o § 1º do Art. 6º do Decreto 7.830/2012, deixa claro

que as informações lançadas no sistema do CAR são de responsabilidade do declarante,

mesmo que parcialmente, sejam falsas, enganosas ou omissas, o proprietário incorrerá

em sanções penais e administrativas.

3.1 O CAR no Rio Grande do Sul

No Rio Grande do Sul o cadastro Ambiental Rural foi instituído pelo DECRETO Nº 52.431,

DE 23 DE JUNHO DE 2015, que dispõe sobre a implementação do Cadastro Ambiental

Rural e define conceitos e procedimentos para a aplicação da Lei Federal nº 12.651, de

25 de maio de 2012, no Estado do Rio Grande do Sul.

A Secretaria do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – SEMA – que é o órgão gestor

do Sistema Estadual de Proteção Ambiental – SISEPRA, conforme a Lei nº 10.330, de 27

de dezembro de 1994, levou em consideração a necessidade de regulamentar a

inscrição dos imóveis rurais, localizados em zona urbana ou rural, no Cadastro Ambiental

Rural no Estado do Rio Grande do Sul e a autorização para supressão de vegetação nativa

para uso alternativo do solo, tanto em relação ao Bioma Mata Atlântica, quanto ao

Bioma Pampa. O Poder Executivo levou em conspiração ainda a Lei Federal nº 11.428,

de 22 de dezembro de 2006, que instituiu o jurídico próprio para o Bioma Mata Atlântica

e em seu Decreto Federal nº 6.660, de 21 de novembro de 2008, que regulamentou seus

dispositivos. O Estado precisou levar em consideração ainda, para fins de cadastramento

dos imóveis rurais no CAR, o disposto no inciso XIV do art. 14, inciso VII do art. 51 e inciso VI

do art. 155, todos da Lei nº 11.520, de 3 de agosto de 2000, em que determina o banhado

como área de preservação permanente – APP. O Estado tinha ainda que definir a fisionomia

vegetal do Bioma Pampa e determinar as características dos remanescentes de vegetação

nativa e que representa 66% do território gaúcho. Para tanto, o Estado levou em

consideração o inciso XVI do § 1º do art. 251 da Constituição do Estado do Rio Grande

do Sul, em que prevê a incumbência do Estado de valorizar e preservar o Pampa Gaúcho,

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sua cultura, patrimônio genético, diversidade de fauna e vegetação nativa, garantindo-

se a denominação de origem. Para tanto, o Decreto Estadual deveria ter a incumbência,

para fins do Cadastro Ambiental Rural, no Bioma Pampa, de observar as peculiaridades

e a realidade fito fisionômica, bem como regulamentar o uso sustentável e de baixo

impacto destas áreas no Bioma Pampa. E ainda, se ater ao disposto no Decreto Federal

nº 7.830, de 17 de outubro de 2012, e na Instrução Normativa 02/2014 do Ministério do

Meio Ambiente.

3.1.1 Perguntas frequentes Sobre o CAR

3.1.1.1 O CAR já está em funcionamento?

Sim. O Sistema de Cadastro Ambiental Rural - SiCAR, que alimentará a base de dados

nacional – CAR, conforme previsto no artigo 21 do Decreto 7.830/2012, está vigente. O

CAR implantando nacionalmente para que todos os requisitos formais previstos na nova

lei ambiental (Lei 12.651/2012) sejam cumpridos. A inscrição no CAR deverá ser

requerida no prazo de 1 ano contado a partir da publicação da IN n° 2/14 do MMA, que

ocorreu no dia 5 de maio de 2014. Esse prazo poderá ser prorrogado por mais um ano,

por ato do chefe do Poder Executivo Federal. O prazo final para a inscrição do imóvel

rural no CAR é 05 de maio de 2016.

3.1.1.2 Quem deve se inscrever no CAR?

Todas as propriedades ou posses rurais devem ser inscritas no CAR. Isso independe da

situação de suas terras: com ou sem matrícula, registros de imóveis, ou transcrições. O

intuito do CAR é a regularização ambiental, e não a regularização fundiária.

3.1.1.3 Quais as vantagens em fazer o cadastro?

O CAR facilitará a vida do proprietário rural que pretende obter licenças ambientais, pois

a comprovação da regularidade da propriedade acontecerá por meio da inscrição e

aprovação do CAR e o cumprimento no disposto no Plano de Regularização Ambiental,

que será em breve instituído. Com isso, não haverá mais a necessidade de

procedimentos anteriormente obrigatórios, como a averbação em matrícula de

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Reservas Legais no interior das propriedades. Todo o procedimento para essa

regularização poderá ser feito online. Além disso, só poderão obter crédito agrícola

aqueles proprietários que inscreveram suas propriedades no CAR.

3.1.1.4 Para que serve o CAR?

O CAR é a principal ferramenta prevista na nova lei ambiental para a conservação do

meio ambiente, a adequação ambiental de propriedades, o combate ao desmatamento

ilegal e o monitoramento de áreas em restauração, auxiliando no cumprimento das

metas nacionais e internacionais para manutenção de vegetação nativa e restauração

ecológica de ecossistemas.

3.1.1.5 Quais as consequências de uma propriedade ou posse não estar inscrita no CAR?

Caso uma propriedade ou posse não esteja inscrita no CAR até o limite do prazo, seu

proprietário ou posseiro poderá sofrer sanções como advertências ou multas, além de

não poder mais obter nenhuma autorização ambiental ou crédito rural. Ademais,

somente com o CAR será possível aderir, em breve, ao Programa de Regularização

Ambiental, que permitirá obter o uso consolidado de Áreas de Preservação Permanente

que já estavam sendo utilizadas em 22 de julho de 2008, conforme os critérios da Lei.

3.1.1.6 Existe um cadastro único para todo o Brasil?

Cada Estado pode ter seu próprio sistema de cadastro ambiental rural. Assim, as

propriedades ou posses localizadas em estados com sistema próprio devem ser

cadastradas apenas no sistema estadual.

Posteriormente, todos os cadastros estaduais integrarão o Sistema Nacional de

Cadastro Ambiental Rural - o SiCAR, que ficará sob responsabilidade do Ministério do

Meio Ambiente e do Ibama.

3.1.1.7 Somente o proprietário ou posseiro pode fazer o cadastro de sua área?

Não. O sistema permite que um representante faça a inscrição da propriedade ou posse

de outra pessoa.

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3.1.1.8 No caso de apenas inserir os dados repassados pelo proprietário ou posseiro, é

necessário que eu possua uma procuração?

Caso o proprietário ou posseiro deseje, pode pedir para que alguém opere o sistema.

3.1.1.9 É necessário contratar um técnico para fazer o CAR?

O CAR é declaratório, de responsabilidade do proprietário ou possuidor rural, e não é

necessária a contratação de um técnico para a inscrição da sua propriedade ou posse.

No entanto, conforme o Decreto Federal 7.830/2012, o órgão ambiental poderá,

durante a validação do Cadastro, que será realizada posteriormente, solicitar

documentação complementar caso seja verificada necessidade de comprovação técnica

de alguma informação declarada.

3.1.1.10 O arrendatário, o comodatário e o parceiro devem se inscrever?

Não. As obrigações previstas no Código Florestal são de natureza real. A relação jurídica

estabelecida pelos contratos de arrendamento, de comodato ou de parceria é de

natureza obrigacional (Art.2°, § 2°, Lei n° 12.651/2012).

3.1.1.11 Em nome de quem deve ser feita a inscrição do imóvel rural pertencente

a espólio?

O imóvel rural que na data da sua inscrição pertencer a espólio deve ser inscrito em

nome do de cujus (falecido cujos bens estão em inventário), e o inventariante deve ser

inscrito como representante legal. No lugar da procuração deve ser anexada cópia da

nomeação do inventariante. O de cujus deve ser inscrito como pessoa física, com o nome

completo e CPF (não inscrever com os dizeres "espólio de").

3.1.1.12 Quem deve inscrever o imóvel rural compreendido em programa oficial

de reforma agrária caracterizado com assentamento?

3.1.1.13 Se o assentamento for de responsabilidade do Governo Federal e os

títulos registrados em nome da União, a inscrição é de responsabilidade do Incra;

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3.1.1.14 Se o assentamento for de responsabilidade do Governo Federal e os

títulos registrados em nome dos assentados com cláusulas ou condições

resolutivas não cumpridas, a inscrição é de responsabilidade do Incra;

3.1.1.15 Se o assentamento for de responsabilidade do Governo Federal e os

títulos registrados em nome dos assentados com cláusulas ou condições

resolutivas cumpridas (titulação plena) a inscrição é de responsabilidade de cada

assentado; e

3.1.1.16 Se o assentamento for de responsabilidade do Governo Estadual, neste

caso, devem aguardar orientação dos estados quanto à inscrição no CAR.

3.1.1.17 As propriedades e posses rurais localizadas no interior de Unidades de

Conservação da Natureza devem ser inscritas?

Sim. As propriedades e posses rurais, mesmo que afetadas por unidades de conservação

da natureza, devem realizar a inscrição no CAR (Art.29, Lei n°12.651/2012, art.2°, I, da

Lei n° 9.985/2000).

3.1.1.18 Minha propriedade tem uma área que é registrada em matrícula e outra

que é somente uma posse. As áreas são contínuas. É considerada uma única

propriedade para fins de CAR? Terei que fazer um único cadastro no SiCAR?

Sim. Como se trata de área contínua de mesmo proprietário, é considerada um único

imóvel, que deverá ter um único cadastro no SiCAR.

3.1.1.19 Como é a inscrição no SiCAR no caso de imóvel rural localizado em mais

de um Estado?

Quando o imóvel rural tiver seu perímetro localizado em mais de um Estado da

federação, a inscrição no SiCAR deve ser feita no cadastro do Estado que contemple a

maior área do imóvel.

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3.1.1.20 Imóvel rural pertencente a estrangeiro deve ser inscrito?

Sim. A lei n° 12.651/2012 não faz distinção quanto à nacionalidade do titular do imóvel

rural.

3.1.1.21 Posso propor, no SiCAR, que a minha Reserva Legal esteja na Área de

Preservação Permanente?

Sim. Com a nova Lei é possível o cômputo de áreas de preservação permanente para o

cálculo de Reserva Legal, independentemente do tamanho da propriedade, desde que

sejam atendidos os requisitos previstos no artigo 15 da Lei 12.651/2012: a APP deve

estar em processo de restauração e não pode mais haver nova conversão para uso do

solo (ex.: desmatamento para implantação de lavoura) na propriedade rural. Todas as

propostas inseridas no SiCAR passarão por análise do órgão ambiental.

3.1.1.22 Como cadastrar Reserva Legal (RL) de compensação no SiCAR?

Para cadastrar a Reserva Legal de compensação no SiCAR, os declarantes devem

inscrever as duas propriedades envolvidas no cadastro. Na propriedade onde há o

excedente de Reserva, o declarante deve indicar a área que está compensando a

Reserva Legal de outra propriedade.

3.1.1.23 Com a inscrição no CAR minha propriedade já está regularizada

ambientalmente?

De acordo com a Lei 12.651/2012, a inscrição da propriedade ou posse no CAR é o

primeiro passo para a sua regularização ambiental. Posteriormente, deverá cumprir as

outras obrigações quanto à regularização: a princípio, o proprietário deverá restaurar

todas as suas APP’s conforme delimitadas pelo Art. 4º da Lei 12.651/2012

(obrigatoriedade instituída pelo Artigo 7º da mesma Lei) e instituir a sua Reserva Legal.

No entanto, caso faça adesão ao Programa de Regularização Ambiental e cumpra os

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compromissos nele estabelecidos, o proprietário poderá continuar utilizando parte das

APP’s que tem uso consolidado, conforme previsto no Artigo 61-A da Lei 12.651/2012.

O Cadastro Ambiental Rural é uma importante ferramenta de gestão ambiental. O

Serviço Florestal Brasileiro disponibiliza regularmente documentos com informações

sobre o andamento desta política, com um panorama da situação nacional. O Boletim

Informativo traz dados sobre o cadastramento em diferentes esferas: por região, estado

e município.

4 QUANTO AOS PROCEDIMENTOS DE CADASTRAMENTOS JUNTO AO CAR Como foi apresentado no capítulo anterior o CAR é obrigatório para todos os imóveis rurais do

Brasil. No entanto, há uma diferença de informações que serão prestadas pelos pequenos

produtores rurais e aqueles que detém até 4 módulos fiscais dos demais produtores. O artigo

29 que institui o CAR no âmbito do Código Florestal Federal descreve as informações

fundamentais, conforme segue:

Art. 29. É criado o Cadastro Ambiental Rural - CAR, no âmbito do Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente - SINIMA, registro público eletrônico de âmbito nacional, obrigatório para todos os imóveis rurais, com a finalidade de integrar as informações ambientais das propriedades e posses rurais, compondo base de dados para controle, monitoramento, planejamento ambiental e econômico e combate ao desmatamento.

§ 1o A inscrição do imóvel rural no CAR deverá ser feita, preferencialmente, no órgão ambiental municipal ou estadual, que, nos termos do regulamento, exigirá do proprietário ou possuidor rural: (Redação dada pela Lei nº 12.727, de 2012).

I - identificação do proprietário ou possuidor rural;

II - comprovação da propriedade ou posse;

III - identificação do imóvel por meio de planta e memorial descritivo, contendo a indicação das coordenadas geográficas com pelo menos um ponto de amarração do perímetro do imóvel, informando a localização dos remanescentes de vegetação nativa, das Áreas de Preservação Permanente, das Áreas de Uso Restrito, das áreas consolidadas e, caso existente, também da localização da Reserva Legal.

§ 2o O cadastramento não será considerado título para fins de reconhecimento do direito de propriedade ou posse, tampouco elimina a necessidade de cumprimento do disposto no art. 2o da Lei no 10.267, de 28 de agosto de 2001.

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Para o registro no CAR dos imóveis rurais referidos no inciso V do caput do art. 3º da Lei

no 12.651, de 20121, ou seja, a agricultor familiar e empreendedor familiar rural, será

observado procedimento simplificado, nos termos de ato do Ministro de Estado do

Meio Ambiente, no qual será obrigatória apenas a identificação do proprietário ou

possuidor rural, a comprovação da propriedade ou posse e a apresentação de croqui

que indique o perímetro do imóvel, as Áreas de Preservação Permanente e os

remanescentes que formam a Reserva Legal2.

Quanto a definição do inciso V do caput do artigo 3º, da Lei 12.651 de 2012, define como

pequena propriedade ou posse rural familiar aquela explorada mediante o trabalho

pessoal do agricultor familiar e empreendedor familiar rural, incluindo os

assentamentos e projetos de reforma agrária, e que atenda ao disposto no art. 3º da Lei

no 11.326, de 24 de julho de 2006.

Para maior compreensão vejamos como a Lei 11.326 de 2006 define como pequena

propriedade rural ou posse rural familiar:

Art. 3º - Para os efeitos desta Lei, considera-se agricultor familiar e empreendedor familiar rural aquele que pratica atividades no meio rural, atendendo, simultaneamente, aos seguintes requisitos:

I - não detenha, a qualquer título, área maior do que 4 (quatro) módulos fiscais;

II - utilize predominantemente mão-de-obra da própria família nas atividades econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento;

III - tenha percentual mínimo da renda familiar originada de atividades econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento, na forma definida pelo Poder Executivo; (Redação dada pela Lei nº 12.512, de 2011)

IV - dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua família.

§ 1o O disposto no inciso I do caput deste artigo não se aplica quando se tratar de condomínio rural ou outras formas coletivas de propriedade, desde que a fração ideal por proprietário não ultrapasse 4 (quatro) módulos fiscais.

1 V, do Art. 3º da LEI 12.651 DE 25 DE MAIO DE 2012, define: Pequena propriedade ou posse rural familiar: aquela explorada mediante o trabalho pessoal do agricultor familiar e empreendedor familiar rural, incluindo os assentamentos e projetos de reforma agrária, e que atenda ao disposto no art. 3º da Lei no 11.326, de 24 de julho de 2006; 2 Art. 8º do DECRETO Nº 7.830, DE 17 DE OUTUBRO DE 2012

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§ 2o São também beneficiários desta Lei:

I - silvicultores que atendam simultaneamente a todos os requisitos de que trata o caput deste artigo, cultivem florestas nativas ou exóticas e que promovam o manejo sustentável daqueles ambientes;

II - aqüicultoresaquiculturas que atendam simultaneamente a todos os requisitos de que trata o caput deste artigo e explorem reservatórios hídricos com superfície total de até 2ha (dois hectares) ou ocupem até 500m³ (quinhentos metros cúbicos) de água, quando a exploração se efetivar em tanques-rede;

III - extrativistas que atendam simultaneamente aos requisitos previstos nos incisos II, III e IV do caput deste artigo e exerçam essa atividade artesanalmente no meio rural, excluídos os garimpeiros e faiscadores;

IV - pescadores que atendam simultaneamente aos requisitos previstos nos incisos I, II, III e IV do caput deste artigo e exerçam a atividade pesqueira artesanalmente.

V - povos indígenas que atendam simultaneamente aos requisitos previstos nos incisos II, III e IV do caput do art. 3º; (Incluído pela Lei nº 12.512, de 2011)

VI - integrantes de comunidades remanescentes de quilombos rurais e demais povos e comunidades tradicionais que atendam simultaneamente aos incisos II, III e IV do caput do art. 3º. (Incluído pela Lei nº 12.512, de 2011)

§ 3o O Conselho Monetário Nacional - CMN pode estabelecer critérios e condições adicionais de enquadramento para fins de acesso às linhas de crédito destinadas aos agricultores familiares, de forma a contemplar as especificidades dos seus diferentes segmentos. (Incluído pela Lei nº 12.058, de 2009)

§ 4o Podem ser criadas linhas de crédito destinadas às cooperativas e associações que atendam a percentuais mínimos de agricultores familiares em seu quadro de cooperados ou associados e de matéria-prima beneficiada, processada ou comercializada oriunda desses agricultores, conforme disposto pelo CMN. (Incluído pela Lei nº 12.058, de 2009).

Ainda quanto ao procedimento simplificado, o artigo 55 da Lei no 12.651, de 2012,

estabelece de forma mais clara as informações necessárias para o cadastramento,

conforme segue:

Art. 55. A inscrição no CAR dos imóveis a que se refere o inciso V do art. 3o observará procedimento simplificado no qual será obrigatória apenas a apresentação dos documentos mencionados nos incisos I e II do § 1o do art. 29 e de croqui indicando o perímetro do imóvel, as Áreas de Preservação Permanente e os remanescentes que formam a Reserva Legal.

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A inscrição no CAR dos imóveis a que se refere o inciso V do art. 3º observará

procedimento simplificado no qual será obrigatória apenas a apresentação dos

documentos mencionados nos incisos I e II do § 1o do art. 29 e de croqui indicando

o perímetro do imóvel, as Áreas de Preservação Permanente e os remanescentes

que formam a Reserva Legal.

5 OS PRINCIPAIS ASPECTOS E CARACTERISTICAS DO CAR

No Rio Grande do Sul a inscrição será feita em uma plataforma eletrônica disponível no

sitio www.car.rs.gov.br. O sistema que está disponibilizado na internet é destinado à

inscrição no CAR, bem como à consulta e acompanhamento da situação de regularização

ambiental dos imóveis rurais.

Além de atender as prerrogativas legais prevista em lei, o CAR possibilitar o

planejamento ambiental e econômico do uso e ocupação do imóvel rural. A inscrição

pode vir acompanhada de compromissos futuros de regularização ambiental, quando

for o caso, que é pré-requisito para regularização ambiental, previstos nos Programas

de Regularização Ambiental – PRA, e acesso à emissão das Cotas de Reserva Ambiental

e demais benefícios e de Apoio e Incentivo à Preservação e Recuperação do Meio

Ambiente, assim como uma condição indispensável para ter direito de ser beneficiário

de Pagamento por serviços Ambientais - PSA. Além disso, é requisito indispensável para

acessar outras políticas públicas como o Cadastro de usuário de água que leva dispensa

de outorga quando for o caso. Ressalta-se ainda, que as exigências vinculadas ao CAR

não param por aí, outras, definidas pela Lei 12.651/12, são:

5.1 Possibilidade de regularização das APP e/ou Reserva Legal vegetação natural

suprimida ou alterada até 22/07/2008 no imóvel rural, sem autuação por infração

administrativa ou crime ambiental;

5.2 Suspensão de sanções em função de infrações administrativas por supressão

irregular de vegetação em áreas de APP, Reserva Legal e de uso restrito, cometidas

até 22/07/2008.

5.3 Obtenção de crédito agrícola, em todas as suas modalidades, com taxas de juros

menores, bem como limites e prazos maiores que o praticado no mercado;

5.4 Contratação do seguro agrícola em condições melhores que as praticadas no

mercado;

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5.5 Dedução das Áreas de Preservação Permanente, de Reserva Legal e de uso

restrito base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural-ITR,

gerando créditos tributários;

5.6 Linhas de financiamento atender iniciativas de preservação voluntária de vegetação

nativa, proteção de espécies da flora nativa ameaçadas de extinção, manejo florestal

e agroflorestal sustentável realizados na propriedade ou posse rural, ou recuperação

de áreas degradadas; e

5.7 Isenção de impostos para os principais insumos e equipamentos, tais como: fio de

arame, postes de madeira tratada, bombas d’água, trado de perfuração do solo,

dentre outros utilizados para os processos de recuperação e manutenção das Áreas

de Preservação Permanente, de Reserva Legal e de uso restrito.

6 O MÓDULO DE CADASTRAMENTO AMBIENTAL RURAL – CAR

Figura 1 – Página inicial do CAR

Fonte: MMA, 2016

O Cadastro Ambiental Rural (CAR), instituído pela Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012,

foi regulamentado pelo Decreto nº 7.830/2012, e está disponível em uma plataforma

digital de forma gratuita a todos os proprietários de imóveis rurais do Brasil.

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Em termos práticos, o CAR consiste em informações pessoais do cadastrante, que

poderá ser o mesmo do proprietário caso ele mesmo faça o cadastro, ou, um técnico

que será o facilitador para o preenchimento do CAR.

O cadastro é composto por seis (06) etapas, sendo que cinco delas são meramente

informativas, ou seja, preenchimento de documentos do proprietário ou posseiro e

documentação da titularidade da propriedade e uma de georreferenciamento.

6.1 Etapa 1: Dados do cadastrante

Figura 2 - dados do cadastrante

Fonte: MMA, 2016

A primeira parte consiste basicamente em informações do cadastrante. Esta parte pode

ser preenchida com as informações do proprietário, caso seja ele quem está lançando

as informações, ou, poderá ser com os dados do técnico ou do facilitador que está o

auxiliando. Vale ressaltar que o fornecimento das informações é de total e absoluta

responsabilidade do proprietário da área.

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6.2 Etapa 2: Dados do imóvel

Figura 3 - Dados do imóvel

Fonte: MMA, 2016

A segunda parte será preenchida com as informações do imóvel, nas quais deverão

constar as seguintes informações: nome do imóvel (que poderá ser o mesmo nome do

proprietário); o Município (onde está localizado o imóvel); CEP; e uma pequena

descrição de como chegar até ao imóvel, exemplo:

Figura 4 - Descrição de acesso ao imóvel

Ainda é necessário informar a localização do imóvel (se está em zona urbana ou rural),

neste aspecto é importante frisar que o cadastro é para todos os imóveis rurais

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independente da sua localização, ou seja, mesmo um imóvel em perímetro urbano, mas

que desenvolva atividade agrossilvipastoril é necessário fazer o CAR.

As informações seguintes serão para o recebimento de correspondências como o

endereço da casa do proprietário (caso ele não more sobre a áreas que está sendo

cadastrada), e um e-mail para receber correspondência relativas ao andamento do seu

cadastro.

6.3 Etapa 3: dados da dominialidade

Figura 5 – Dados dos proprietários do imóvel

Fonte: MMA, 2016

Esta etapa consisti em informar o domínio do imóvel, ou seja, quem é, ou, quem são os

proprietários do imóvel que está sendo declarado. Vale salientar que, nesta etapa,

poderemos acrescentar um ou mais proprietários do imóvel em questão. Este requisito

é válido inclusive quando se tratar de condomínios ou quando estiver em espólio.

6.4 Etapa 4: Documentação

6.4.1 Quando for proprietário

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Figura 6 – Documentação do imóvel

Fonte: MMA, 2016

Na etapa da documentação o usuário deverá informar os documentos que comprovem

a propriedade do imóvel. Primeiramente o usuário deve escolher no campo

“Propriedade ou Posse” a opção desejada.

Caso o usuário escolheu o campo “Propriedade”, deverá informar, obrigatoriamente, os

campos que possuem asterisco, e os demais campos complementares que julgar

necessário.

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Figura 7 – Tipo de documentação comprobatória de propriedade

Fonte: MMA, 2016

Figura 8 – Informações relevantes caso seja proprietário e o imóvel tenha alguma comprovação de propriedade do item da figura 7.

Fonte: MMA, 2016

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6.4.2 Quando for posseiro

Figura 9 – tipos de documentação caso seja posseiro. Ex.: Termo de autodeclaração

Fonte: MMA, 2016

Para o caso em que o usuário escolheu no campo “Propriedade ou Posse” a opção

“Posse”, deverá informar, obrigatoriamente, os campos que possuem asterisco (nome

da posse, área do imóvel e tipo de documento que comprove que ele é posseiro daquela

área), e, os demais campos complementares que julgar necessário.

Caso o posseiro não tenha nenhum documeto que comprove a dominialidade daquela

área ele pode fazer um autodeclaração no proprio corpo do sistema em que se delcara

posseiro do imóvel.

Vale ressaltar que o termo de autodelaração não serve em hipótese alguma para fins de

titularização da área ou mesmo direito sobre o mesmo. Ou seja, o CAR não lhe dará o

reconhecimento de posse do imóvel. Esta previsão está no § 2º do Artigo 29 da Lei

12.651 de 2012, conforme segue:

Art. 29 - Art. 29. É criado o Cadastro Ambiental Rural - CAR, no âmbito do Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente - SINIMA, registro público eletrônico de âmbito nacional, obrigatório para todos os imóveis rurais, com a finalidade de integrar as informações ambientais das propriedades e posses rurais, compondo base de

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dados para controle, monitoramento, planejamento ambiental e econômico e combate ao desmatamento.

(...)

§ 2o O cadastramento não será considerado título para fins de reconhecimento do direito de propriedade ou posse, tampouco elimina a necessidade de cumprimento do disposto no art. 2o da Lei no 10.267, de 28 de agosto de 2001.

7 GEOREFERENCIAMENTO

Figura 10 – Primeira etapa do georreferenciamento

Nesta penultima etapa do cadastro o proprietário ou posseiro deverá delimitar a sua

propriedade atravé do georreferenciamento do perímetro do imóvel, ou seja, a

delimitação das divisas da propriedade, a delimitação dos remanescentes de vegetação

nativa, das áreas de preservação permanente, das áreas de uso restrito, das áreas

consolidadas e da reserva legal. Após a validação das informações inseridas, é gerado

um relatório da situação ambiental do imóvel, podendo considerá-lo regular em relação

às áreas de interesse ambiental ou, caso possuam algum passivo, serão consideradas

pendentes de regularização.

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Essa etapa será utilizada pelo usuário para realizar a demarcação da área do imóvel e

das características físicas do mesmo. Essa demarcação será realizada por meio de um

georreferenciamento, ou seja, pela demarcação do imóvel em um mapa.

O georreferenciamento do imóvel é composto por 5 (cinco) passos a serem executados

pelo usuário, que são as seguintes:

1 2 3 4 5

Figura 11 – As 5 etapas do georreferenciamento

7.1 Área do Imóvel

Este é o primeiro passo do georreferenciamento no cadastro ambiental rural. Nesta

etapa o proprietário irá identificar a área total corresponde ao total do imóvel que está

sendo cadastrado. É considerada como sendo o conjunto de propriedades ou posses

distribuídas de forma contínua, pertencentes a um ou mais proprietários ou possuidores

rurais. Eventualmente a área declarada constante nos documentos podem não

corresponder com o desenho elaborado, já que algumas áreas foram obtidas com

instrumentos sem precisão, o que não impede a conclusão do registro no CAR. No

entanto, deve ser evitado o desenho sobre áreas de outros imóveis rurais, evitando

sobreposições, já que as declarações no CAR não geram benefício fundiário e no

processo de análise o registro poderá ser suspenso.

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Figura 12 Polígono delimitando a área do imóvel

7.2 Cobertura do Solo Nesta etapa o proprietário irá identificar as áreas no interior do imóvel rural, que são constituídas

por áreas de pousio, áreas consolidadas e remanescentes de vegetação nativas e área rural com

atividade pastoril (PAMPA) e área rural consolidada com uso alternativo do solo (PAMPA).

Estas duas últimas áreas a serem demarcadas são exclusivas para os proprietários em que suas

propriedades estão localizadas no bioma Pampa.

O DECRETO ESTADUAL Nº 52.431, DE 23 DE JUNHO DE 2015, que dispõe sobre a

implementação do Cadastro Ambiental Rural e define conceitos e procedimentos para a

aplicação da Lei Federal nº 12.651, de 25 de maio de 2012, no Estado do Rio Grande do Sul.

Legislação específica que trata da cobertura do solo, traz em seu artigo 5ª características

específicas de definições para a cobertura do solo no Bioma Pampa. Veja as duas mais

significativas:

Art. 5º No que se refere ao Bioma Pampa, para fins de inscrição dos imóveis no CAR, entende-se por:

I – área rural consolidada por supressão de vegetação nativa para uso alternativo do solo: área com ocupação antrópica preexistente a 22 de julho de 2008, em que houve o corte, a destruição, o desenraizamento, a dessecação, a desvitalização por qualquer meio, ou qualquer outra prática que promova a conversão do uso do solo, com a exclusão das espécies nativas do ambiente,

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com a finalidade de introduzir edificações, benfeitorias ou atividades agrossilvipastoris, admitida, neste último caso, a adoção do regime de pousio;

II – área rural consolidada por supressão de vegetação nativa com atividades pastoris: área com ocupação antrópica preexistente a 22 de julho de 2008, com atividades pastoris em que se manteve parte da vegetação nativa; e

7.2.1 Área rural consolidada3

É uma área de imóvel rural com ocupação antrópica preexistente a 22 de julho de

2008, com edificações, benfeitorias ou atividades agrossilvipastoris, admitida, neste

último caso, a adoção do regime de pousio.

7.2.2 Área rural consolidada por supressão de vegetação nativa com atividades

pastoris.4

3 IV, art.3º da LEI Nº 12.651, DE 25 DE MAIO DE 2012. 4 II, art. 5º do DECRETO ESTADUAL Nº 52.431, DE 23 DE JUNHO DE 2015

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Área com ocupação antrópica preexistente a 22 de julho de 2008, com atividades

pastoris em que se manteve parte da vegetação nativa. Vale ressaltar que o parágrafo

único do Artigo 5º do DECRETO ESTADUAL Nº 52.431, DE 23 DE JUNHO DE 2015, indica

que a presença de espécies herbáceas forrageiras de ciclo de vida anual ou perene

introduzidas na vegetação nativa campestre, bem como de espécies exóticas na

vegetação nativa campestre não a descaracteriza como área rural consolidada por

supressão de vegetação nativa com atividades pastoris para fins de cadastramento no

CAR.

O legislador lembra ainda que a atividade pastoril, em sistema extensivo, sobre área

de remanescente de vegetação nativa ou área rural consolidada por supressão de

vegetação nativa com atividades pastoris, fora de Área de Preservação Permanente

e de Reserva Legal, desde que não envolva supressão de vegetação nativa para

uso alternativo do solo, ficam dispensadas de autorização do órgão estadual

competente do SISNAMA. O Decreto indica que a atividade pastoril sobre área de

remanescente de vegetação nativa ou área rural consolidada por supressão de

vegetação nativa com atividades pastoris, em Áreas de Preservação Permanente e

de Reserva Legal, também não necessitam de anuência do órgão ambiental

competente desde que o proprietário adote boas práticas ambientais e tenha

realizado a inscrição no CAR.

7.2.3 Área rural consolidada por supressão de vegetação nativa para uso alternativo

do solo5.

No que se refere ao Bioma Pampa, para fins de inscrição dos imóveis no CAR, o artigo

5º do DECRETO Estadual Nº 52.431, DE 23 DE JUNHO DE 2015, entende-se por área

com ocupação antrópica preexistente a 22 de julho de 2008, em que houve o corte, a

destruição, o desenraizamento, a dessecação, a desvitalização por qualquer meio, ou

qualquer outra prática que promova a conversão do uso do solo, com a exclusão das

5 I, art.5º do DECRETO Estadual Nº 52.431, DE 23 DE JUNHO DE 2015

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espécies nativas do ambiente, com a finalidade de introduzir edificações, benfeitorias

ou atividades agrossilvipastoris, admitida, neste último caso, a adoção do regime de

pousio.

7.2.4 Remanecentes de Vegetação nativa

7.2.4.1 Remanescente de vegetação nativa no Bioma Mata Atlantica6

Área de remanescente de vegetação nativa - área com vegetação nativa em estágio

primário ou secundário avançado de regeneração.

O próprio enunciado da Resolução 423 do CONAMA de 12 DE Abril de 2010, que dispõe

sobre parâmetros básicos para identificação e análise da vegetação primária e dos

estágios sucessionais da vegetação secundária nos Campos de Altitude associados ou

abrangidos pela Mata Atlântica, define que o parágrafo único do art. 2º da Lei no 11.428,

de 22 de dezembro de 2006, definiu que somente os remanescentes de vegetação

nativa terão seu uso e conservação regulada pela referida lei da Mata Atlântica, não

interferindo em áreas já legalmente ocupadas com agricultura, cidades, pastagens e

florestas plantadas ou outras áreas desprovidas de vegetação nativa. Sendo assim, a

Resolução CONAMA define:

Art. 5º Não se caracteriza como remanescente de vegetação de Campos de Altitude a existência de espécies ruderais nativas ou exóticas em áreas já ocupadas com agricultura, cidades, pastagens e florestas plantadas ou outras áreas desprovidas de vegetação nativa, ressalvado o disposto no art. 5º da Lei no 11.428, de 2006.

Já o Artigo 5º da Lei no 11.428, de 2006, que dispõe sobre a utilização e proteção da

vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica, e dá outras providências, referenda que

vegetação primária ou a vegetação secundária em qualquer estágio de regeneração do

Bioma Mata Atlântica não perderão esta classificação nos casos de incêndio,

desmatamento ou qualquer outro tipo de intervenção não autorizada ou não licenciada.

6 IV, do art. 2º do DECRETO Nº 7.830, DE 17 DE OUTUBRO DE 2012.

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Já o Decreto Estadual Nº 52.431, DE 23 DE JUNHO DE 2015, determina que o Estado do

Rio Grande do Sul adota o Sistema Nacional de Cadastro Ambiental – SiCAR – como o

Sistema de Cadastro Ambiental Rural oficial, com objetivo de cadastrar e controlar as

informações dos imóveis rurais, localizados em zona urbana ou rural, referentes ao seu

perímetro e à sua localização, aos remanescentes de vegetação nativa, às áreas de

interesse social, às áreas de utilidade pública, às Áreas de Preservação Permanente, às

áreas de uso restrito, às áreas rurais consolidadas e às Reservas Legais, observados os

dispositivos legais específicos da Agricultura Familiar7.

7.2.4.2 Remanescente de vegetação nativa no Bioma Pampa

O Decreto Estadual Nº 52.431 de 2015, que dispõe sobre a implementação do Cadastro

Ambiental Rural, e, define conceitos e procedimentos para a aplicação da Lei Federal nº

12.651, de 25 de maio de 2012, no Estado do Rio Grande do Sul, estabelece em seu

artigo 5º, que no que se refere ao Bioma Pampa, para fins de inscrição dos imóveis no

CAR, entende-se por área de remanescente de vegetação nativa: área coberta por

vegetação nativa dos tipos florestal, campestre, ou qualquer outra fisionomia vegetal,

sem ocupação antrópica preexistente a 22 de julho de 20088.

7.2.5 Pousio

Segundo o novo conceito estabelecido pela lei 12.651/12, em seu inciso XXIV, do artigo 3º, a

prática de do pousio é interrupção temporária de atividades ou usos agrícolas, pecuários ou

silviculturais, por no máximo 5 (cinco) anos, para possibilitar a recuperação da capacidade de

uso ou da estrutura física do solo;

7 II, do Art. 1º DECRETO ESTADUAL Nº 52.431, DE 23 DE JUNHO DE 2015 8 Art. 5 do DECRETO ESTADUAL Nº 52.431, DE 23 DE JUNHO DE 2015

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7.3 Servidão Administrativa

A servidão administrativa corresponde às áreas ocupadas por estradas, outras obras públicas

que recortam o interior do imóvel rural. A descrição destas áreas é fundamental para que se

obtenha o cálculo da área líquida do imóvel rural, o que dará condições de projetar a área

necessária a ser mantida como dispositivo da Reserva Legal. O georreferenciamento pode ser

classificado como “Infraestrutura Pública”, “Utilidade Pública” ou “Reservatório para

Abastecimento ou Geração de Energia”.

Figura 13 infraestruturas públicas

7.4 Áreas De Preservação Permanentes (APP) E Áreas De Uso Restrito

As Áreas de Preservação Permanentes - APP’s, são área protegida, coberta ou não por

vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a

estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo

e assegurar o bem-estar das populações humanas. O Legislador estabeleceu estas áreas como

sendo aquelas destinadas à proteção da diversidade biológica associadas aos mananciais

hídricos, ao relevo e às áreas especiais de grande relevância ambiental. As APP’s são definidas

por parâmetros dimensionais que devem ser respeitados no desenho individual de cada APP’s

existente no interior do imóvel.

Nesta etapa do georreferenciamento você deve classificar ainda as áreas de uso restrito. Nas

áreas de uso restrito de inclinação entre 25° e 45°, serão permitidos apenas o manejo florestal

sustentável e o exercício de atividades agrossilvipastoris, bem como a manutenção da

infraestrutura física associada ao desenvolvimento das atividades, observadas boas práticas

agronômicas, sendo vedada a conversão de novas áreas, excetuadas as hipóteses de utilidade

pública e interesse social.

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Figura 14 Tipos de APP's

Nascente e

olho d’água

Curso d’água

Declividade acima 45º

Topo de Morro Borda dos tabuleiros Chapadas

Restingas

Banhado

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O artigo 4º da Lei 12.651/2012, define como Área de Preservação Permanente, em zonas rurais

ou urbanas, as seguintes áreas:

Art. 4º Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou urbanas, para os efeitos desta Lei: I - as faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente, excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular, em largura mínima de: (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012). a) 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de menos de 10 (dez) metros de largura; b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura; c) 100 (cem) metros, para os cursos d’água que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura; d) 200 (duzentos) metros, para os cursos d’água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura; e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos d’água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros; II - as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura mínima de: a) 100 (cem) metros, em zonas rurais, exceto para o corpo d’água com até 20 (vinte) hectares de superfície, cuja faixa marginal será de 50 (cinquenta) metros; b) 30 (trinta) metros, em zonas urbanas; III - as áreas no entorno dos reservatórios d’água artificiais, decorrentes de barramento ou represamento de cursos d’água naturais, na faixa definida na licença ambiental do empreendimento; (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012). IV - as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer que seja sua situação topográfica, no raio mínimo de 50 (cinquenta) metros; (Redação dada pela Lei nº 12.727, de 2012). V - as encostas ou partes destas com declividade superior a 45°, equivalente a 100% (cem por cento) na linha de maior declive; VI - as restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues; VII - os manguezais, em toda a sua extensão; VIII - as bordas dos tabuleiros ou chapadas, até a linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais; IX - no topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de 100 (cem) metros e inclinação média maior que 25°, as áreas delimitadas a partir da curva de nível correspondente a 2/3 (dois terços) da altura mínima da elevação sempre em relação à base, sendo esta definida pelo plano horizontal determinado por planície ou espelho d’água adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota do ponto de sela mais próximo da elevação; X - as áreas em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação; XI - em veredas, a faixa marginal, em projeção horizontal, com largura mínima de 50 (cinquenta) metros, a partir do espaço permanentemente brejoso e encharcado. (Redação dada pela Lei nº 12.727, de 2012). § 1o Não será exigida Área de Preservação Permanente no entorno de reservatórios artificiais de água que não decorram de barramento ou represamento de cursos d’água naturais. (Redação dada pela Lei nº 12.727, de 2012).

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§ 2o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 12.727, de 2012). § 3o (VETADO). § 4o Nas acumulações naturais ou artificiais de água com superfície inferior a 1 (um) hectare, fica dispensada a reserva da faixa de proteção prevista nos incisos II e III do caput, vedada nova supressão de áreas de vegetação nativa, salvo autorização do órgão ambiental competente do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA. (Redação dada pela Lei nº 12.727, de 2012). § 5o É admitido, para a pequena propriedade ou posse rural familiar, de que trata o inciso V do art. 3o desta Lei, o plantio de culturas temporárias e sazonais de vazante de ciclo curto na faixa de terra que fica exposta no período de vazante dos rios ou lagos, desde que não implique supressão de novas áreas de vegetação nativa, seja conservada a qualidade da água e do solo e seja protegida a fauna silvestre. § 6o Nos imóveis rurais com até 15 (quinze) módulos fiscais, é admitida, nas áreas de que tratam os incisos I e II do caput deste artigo, a prática da aquicultura e a infraestrutura física diretamente a ela associada, desde que: I - sejam adotadas práticas sustentáveis de manejo de solo e água e de recursos hídricos, garantindo sua qualidade e quantidade, de acordo com norma dos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente; II - esteja de acordo com os respectivos planos de bacia ou planos de gestão de recursos hídricos; III - seja realizado o licenciamento pelo órgão ambiental competente; IV - o imóvel esteja inscrito no Cadastro Ambiental Rural - CAR. V - não implique novas supressões de vegetação nativa. (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012). § 7o (VETADO). § 8o (VETADO). § 9o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012). Art. 5º Na implantação de reservatório d’água artificial destinado a geração de energia ou abastecimento público, é obrigatória a aquisição, desapropriação ou instituição de servidão administrativa pelo empreendedor das Áreas de Preservação Permanente criadas em seu entorno, conforme estabelecido no licenciamento ambiental, observando-se a faixa mínima de 30 (trinta) metros e máxima de 100 (cem) metros em área rural, e a faixa mínima de 15 (quinze) metros e máxima de 30 (trinta) metros em área urbana. (Redação dada pela Lei nº 12.727, de 2012). § 1º Na implantação de reservatórios d’água artificiais de que trata o caput, o empreendedor, no âmbito do licenciamento ambiental, elaborará Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno do Reservatório, em conformidade com termo de referência expedido pelo órgão competente do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, não podendo o uso exceder a 10% (dez por cento) do total da Área de Preservação Permanente. (Redação dada pela Lei nº 12.727, de 2012). § 2º O Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno de Reservatório Artificial, para os empreendimentos licitados a partir da vigência desta Lei, deverá ser apresentado ao órgão ambiental concomitantemente com o Plano Básico Ambiental e aprovado até o início da operação do empreendimento, não constituindo a sua ausência impedimento para a expedição da licença de instalação. § 3º (VETADO). Art. 6o Consideram-se, ainda, de preservação permanente, quando declaradas de interesse social por ato do Chefe do Poder Executivo, as

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áreas cobertas com florestas ou outras formas de vegetação destinadas a uma ou mais das seguintes finalidades: I - conter a erosão do solo e mitigar riscos de enchentes e deslizamentos de terra e de rocha; II - proteger as restingas ou veredas; III - proteger várzeas; IV - abrigar exemplares da fauna ou da flora ameaçados de extinção; V - proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico, cultural ou histórico; VI - formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias; VII - assegurar condições de bem-estar público; VIII - auxiliar a defesa do território nacional, a critério das autoridades militares. IX - proteger áreas úmidas, especialmente as de importância internacional. (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).

7.5 As APP’s no âmbito do Código Florestal Estadual – Lei 11.520/2000

A lei Estadual nº 11.520 de 03 de agosto de 2000, que institui o código Estadual de Meio

Ambiente do Rio Grande do Sul, reconhece que além das áreas integrantes do Sistema Estadual

de Unidades de Conservação, são também objeto de especial proteção os estuários, as lagunas,

os banhados e a planície costeira. Para tanto, o presente código Estadual de Meio Ambiente

destaca em seu artigo 155 da seguinte forma:

Art. 155 - Consideram-se de preservação permanente, além das definidas em legislação, as áreas, a vegetação nativa e demais formas de vegetação situadas: I - ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água; II - ao redor das lagoas, lagos e de reservatórios d'água naturais ou artificiais; III - ao redor das nascentes, ainda que intermitentes, incluindo os olhos d'água, qualquer que seja a sua situação topográfica; IV - no topo de morros, montes, montanhas e serras e nas bordas de planaltos, tabuleiros e chapadas; V - nas encostas ou parte destas cuja inclinação seja superior a 45 (quarenta e cinco) graus; VI - nos manguezais, marismas, nascentes e banhados; ...

Desta forma, os banhados são considerados como áreas de preservação permanentes.

Como não havia regulamentação pela legislação federal, o Poder Executivo Estadual

emitiu um decreto com vista ao cumprimento das disposições da Lei Federal nº

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12.651/2012, e à Constituição Federal de 1988 que em seu artigo 23 que determina que

é competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios

proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas. Sempre

tendo em vista a competência suplementar dos Estados em legislar concorrentemente

sobre florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos

recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição.

Assim o Estado emitiu o DECRETO Nº 52.431, DE 23 DE JUNHO DE 2015, que dispõe

sobre a implementação do Cadastro Ambiental Rural e define conceitos e

procedimentos para a aplicação da Lei Federal nº 12.651, de 25 de maio de 2012, no

Estado do Rio Grande do Sul. Considerando que o inciso XIV do artigo 149 da Lei

11.520/2000, não deixa claro a delimitação de banhado havia a necessidade de uma

regulamentação desta matéria para inserção da mesma no CAR. Sendo assim, o Decreto

Estadual 52.431 de 2015, determina que para fins de cadastro banhado se definirá da

seguinte forma:

Art. 6º Para fins de cadastramento dos imóveis rurais no CAR, consideram-se Banhados (inc. XIV do art. 14, inc. VII do art. 51 e inc. VI do art. 155, todos da Lei nº 11.520, de 3 de agosto de 2000) as extensões de terra que apresentem de forma simultânea as seguintes características: I - solos naturalmente alagados ou saturados de água por período não inferior a 150 dias ao ano, contínuos ou alternados, excluídas as situações efêmeras, as quais se caracterizam pelo alagamento ou saturação do solo por água apenas durante ou imediatamente após os períodos de precipitação. II – ocorrência espontânea de no mínimo uma das espécies de flora típica abaixo relacionadas: a) Junco (Schoenoplectus spp., Juncus spp.); b) Aguapé (Eichhornia spp.); c) Erva-de-Santa-Luzia ou marrequinha (Pistia stratiotes); d) Marrequinha-do-Banhado (Salvinia sp.); e) Gravata ou caraguatá-de-banhados (Eryngium pandanifolium); f) Tiririca ou palha-cortadeira (Cyperus giganteus); g) Papiro (Cyperus papyrus); h) Pinheirinho-da-água (Myriophyllum brasiliensis); i) Soldanela-da-água (Nymphoides indica); j) Taboa (Typha domingensis); k) Chapeu-de-couro (Sagittaria montevidensis); e l) Rainha-das-lagoas (Pontederia lanceolata). Parágrafo único. A ocorrência regular de uma ou mais das espécies da fauna abaixo relacionadas auxilia na caracterização de banhados: a) Jacaré-de-papo-amarelo (Caiman latirostris);

9 Art. 14, XIV - banhados: extensões de terras normalmente saturadas de água onde se desenvolvem fauna e flora típicas; (lei Estadual 11.520/2000).

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b) Tachã (Chauna torquata); c) Garça-branca-grande (Ardea alba); d) Frango-d’água (Gallinula spp.); e) Caramujo ou aruá-do-banhado (Pomacea canaliculata); f) Gavião-caramujeiro (Rostrhamus sociabilis); g) Jaçanã (Jacana jacana); h) Marreca-de-pé-vermelho (Amazonetta brasiliensis); i) Cardeal-do-banhado (Amblyramphus holosericeus); j) João-grande (Ciconia maguari); k) Nútria ou ratão-do-banhado (Myocastor coypus); e l) Capivara (Hydrochoerus hydrocoerus).

7.6 Reserva Legal (RL)

São áreas no interior do imóvel rural que serão instituídas voluntariamente, temporária ou

perpetuamente, para conservação dos recursos naturais. O georreferenciamento neste passo

pode ser classificado como Reserva Legal Proposta, Reserva Legal Averbada, Reserva Legal

Aprovada e não Averbada.

Segundo o artigo 12 do Código Florestal Federal, todo imóvel rural deve manter área

com cobertura de vegetação nativa, a título de Reserva Legal, sem prejuízo da aplicação

das normas sobre as Áreas de Preservação Permanente, observados os seguintes

percentuais mínimos em relação à área do imóvel, excetuados os casos previstos no art.

68 desta Lei. No Rio Grande do Sul a áreas de Reserva Legal será de 20%, exceto para as

pequenas propriedades rurais ou posses rurais e áreas de até 4 módulos fiscais que

poderão seguir o disposto no artigo 67 da mesma lei conforme segue:

Art. 67. Nos imóveis rurais que detinham, em 22 de julho de 2008, área

de até 4 (quatro) módulos fiscais e que possuam remanescente de

vegetação nativa em percentuais inferiores ao previsto no art. 12, a

Reserva Legal será constituída com a área ocupada com a vegetação

nativa existente em 22 de julho de 2008, vedadas novas conversões

para uso alternativo do solo.

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8 INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES DO CAR

Fonte: MMA, 2016

Figura 15 - Informações complementares

Esta etapa apresenta um questionário com aproximadamente 10 perguntas objetivas

onde o usuário fornecerá algumas informações específicas sobre o imóvel. O usuário

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deverá responder cada uma das perguntas exibidas nesse questionário selecionado as

opções “Sim” ou “Não”. Em algumas perguntas, caso a opção de resposta selecionada

tenha sido “Sim”, o sistema irá apresentar novos campos complementares que deverão

ser preenchidos pelo usuário.

9 CAPACITAÇÕES E TREINAMENTOS DO CAR

Como o objetivo de verificar a baixa adesão ao CAR por parte dos produtores rurais,

houve a preocupação de averiguar de que forma ocorreu o apoio por parte das

entidades na divulgação e fomento ao cadastramento. Ao me debruçar sobre o assunto,

pude constatar que entidades como a Federação dos Trabalhadores na Agricultura no

Rio Grande do Sul – FETAG/RS, assim como a Federação da Agricultura do Rio Grande

do Sul (FARSUL), buscaram capacitar seu funcionários e técnicos dos sindicatos através

do Sistema SENAR-RS para servir de facilitadores e auxiliar à produtores rurais no

cadastramento de suas propriedades. Entre 2014 e 2015 o Sistema SENAR/RS realizou

662 cursos do CAR e foram capacitados 7.085 técnicos e funcionários de Sindicatos.

SENAR-RS / CADASTRO AMBIENTAL RURAL (2014 – 2016*)

Ação Nº de Eventos Nº Participantes

Curso - Cadastro Ambiental Rural 662 7.085

Oficinas (feiras) 259 7.812

Seminários (palestras )palestras) 133 5.457

TOTAL 1.054 20.354

Tabela 1 Dados levantados até abril/2016*

Fonte: Divisão Técnica – SENAR-RS.

A EMATER por sua vez estará cadastrando em torno de 41.000 beneficiários das

chamadas públicas.

A Secretaria de Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, através de seu corpo

técnico, capacitou, até a presente data, 692 servidores municipais em seis (6) regiões

do estado.

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10 CAR NO BRASIL E NO ESTADO

Tabela 2- Extrato do CAR no Brasil- Jan/2016

Fonte: Serviço Florestal Brasileiro (SFB) – MMA, 2016

Figura 16 – Extrato do CAR por Regiões do Brasil – Jan/2016

Fonte: Serviço Florestal Brasileiro (SFB) – MMA, 2016

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Tabela 3 – Extrato Geral do CAR no Brasil

Fonte: Serviço Florestal Brasileiro (SFB) – MMA, 2016

Tabela 4 - Extrato do CAR no RS

Fonte: Serviço Florestal Brasileiro (SFB) – MMA, 2016

Desde o início dos trabalhos da Subcomissão do Cadastro Ambiental Rural (CAR)

houve o cuidado de acompanhar o desenvolvimento do cadastramento no Brasil junto

ao Ministério do Meio Ambiente e do Serviço Florestal Brasileiro.

Quando foi instituída a Subcomissão pela Comissão de Saúde e Meio Ambiente

da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, em 24 de fevereiro de 2016

o Estado possuía apenas 10,40% do seu território cadastrado. Diante desses números,

com menos de três meses para expirar o prazo final de cadastramento no Brasil, a

deputada Liziane Bayer e o deputado Elton Weber, objetivaram a identificação dos

aspectos que dificultavam o avanço do cadastramento no Estado naquele momento na

última posição no quesito território cadastrado.

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Diante desse cenário a subcomissão buscou ouvir e fiscalizador as ações

institucionais para compreender os entraves e auxiliar para acelerar o cadastramento.

11 AUDIÊNCIAS PÚBLICAS

Calendário das audiências Públicas

Figura 17 - Calendário das audiência públicas do CAR no RS

10.1 - 1ª Audiência Pública em Caxias do Sul

Local: Câmara de Vereadores de Caxias do Sul – Rua Alfredo Chaves, 1323

Data: 14 de março de 2016

Horário: 14 horas

Na tarde desta segunda-feira (14/03), no anfiteatro da Câmara Municipal de Caxias do

Sul, foi realizada uma reunião conjunta da Comissão de Agricultura, presidida pelo

vereador Raimundo Bampi/PSB, e da Subcomissão para Tratar do CAR, cuja relatora é a

deputada Estadual Liziane Bayer/PSB. Ao abrir os trabalhos, a deputada deu boas-vindas

à todos em especial as entidades que representavam os interesses dos agricultores em

um tema tão importante.

Uma maior participação do Poder Executivo Federal e Estadual no fomento e na

implementação do Cadastro Ambiental Rural (CAR) foi o que o deputado estadual Elton

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Weber (PSB) defendeu na primeira reunião da subcomissão criada pela Comissão de

Meio Ambiente da Assembleia Legislativa para tratar das dificuldades de implantação

do CAR no Estado. Weber enfatizou que mesmo em Caxias do Sul, onde a mobilização

de prefeitura, entidades e sindicatos de trabalhadores rurais garantiu apoio técnico e

jurídico ao agricultor, a adesão não ultrapassa os 60% das propriedades. O deputado

voltou a defender a prorrogação do prazo, que vence em 5 de maio no país. “Os

agricultores e agricultoras não fizeram o CAR porque não queriam, mas porque haviam

dúvidas, existem dúvidas até hoje, o produtor não é técnico. ”.”

O deputado federal Heitor Schuch (PSB) também defendeu novo prazo. Lembrou que na

terça-feira (15), Schuch estaria reunido com a ministra do Meio Ambiente, Izabella

Teixeira, manifestando essa necessidade. “No momento, tramitam dois projetos pela

prorrogação do CAR, em dois anos, sendo um de autoria da Câmara dos Deputados;

outro, do Senado. O problema é que, na Câmara Federal, as comissões estão paradas”,

lastimou. Ele apresentou um projeto de lei que prevê mais dois anos para a adesão.

Schuch compartilhou outra preocupação, envolvendo quatro ações diretas de

inconstitucionalidade (ADIN) sobre o atual Código Florestal. Disse que três ADIN

partiram da Procuradoria-Geral da República (PRG) e do Partido Socialismo e Liberdade

(PSOL). Anunciou que no dia 18 de abril, o Supremo Tribunal Federal (STF) promoveria

audiência sobre o tema. Alertou para os riscos de se perderem avanços ligados ao

próprio código em vigor e ao CAR.

O secretário do Meio Ambiente, Adivandro Rech, enfatizou que, em Caxias, o processo

está avançado na comparação com outros municípios gaúchos. Ele ressaltou que Caxias

tem 4.262 imóveis rurais (Censo - IBGE 2010), possui 43% de área de vegetação nativa e

apresenta ainda 24% de remanescentes florestais maiores que 3 hectares. “Foram

concluídos até o momento 3.714 cadastros, que se encontram em fase de emissão.

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Tabela 5 - CAR de Caxias do Sul em relação as classes de uso do solo

Fonte: Secretaria de Meio Ambiente de Caxias do Sul, 2016

Tabela 6 – Remanescentes de vegetação nativa de Caxias do Sul

Fonte: Secretaria de Meio Ambiente de Caxias do Sul, 2016

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Tabela 7 – Perfil do CAR dos Proprietários rurais de Caxias do Sul

Fonte: Secretaria de Meio Ambiente de Caxias do Sul, 2016

Mesmo assim, o secretário admitiu que uma ampliação daquele prazo facilitaria o

andamento do trabalho. De acordo com Adivandro, a Prefeitura investiu R$ 1,4 milhão

para custear o CAR, ainda que, segundo ele, alguns produtores tenham optado por pagar

o cadastro. Ressaltou que, em termos de florestamento, só 1% das propriedades terão

que recuperar áreas. Comemorou o fato de que mais de 43% das parcelas de solo dos

imóveis rurais já serem formadas pelo que chamou de áreas vegetadas.

O vereador Raimundo Bampi (PSB/Caxias do Sul) apoiou a prorrogação do prazo. Apesar

de saudar o bom andamento do CAR, em Caxias, lamentou o fato de o Rio Grande do

Sul ser o mais atrasado no cadastramento em comparação com outros estados.

A deputada Liziane Bayer considerou modelo o trabalho feito em Caxias do Sul. Para ela

a metodologia utilizada precisa ser amplamente divulgada para que mais municípios

vejam no CAR uma oportunidade de conhecer melhor as potencialidades de cada um.

Mesmo assim, Liziane reconhece que apesar de todo o esforço e investimento feito o

município não conseguirá concluir o cadastro até 5 de maio”.

Além do vereador Raimundo Bampi/PSB, presidente, integram a Comissão de

Agricultura, Agroindústria, Pecuária e Cooperativismo os vereadores Arlindo

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Bandeira/PP, Daiane Mello/PMDB e Gustavo Toigo/PDT. Bandeira, secretário municipal

da Agricultura, Araí Horn, e autoridades do setor rural prestigiaram a reunião.

Lideranças do setor agrícola fizeram coro comum pela ampliação do prazo para a

concretização do Cadastro Ambiental Rural (C.A.R.). O encerramento nacional do

processo está previsto para o próximo dia 5 de maio.

A deputada Liziane lembrou da próxima reunião da subcomissão ocorre na segunda-

feira (21), durante a EXPOAGRO AFUBRA 2016, em Rincão Del Rey, em Rio Pardo. Bayer

ressaltou que no total serão cinco audiências. Os próximos debatem ocorrerão em Santa

Maria, Santa Rosa, Bagé e Porto Alegre.

Figura 18 Composição da mesa da audiência pública de Caxias do Sul

10.2 - 2ª Audiências Pública em Rio Pardo

Audiência pública sobre Cadastro Ambiental Rural (CAR)

Local: Auditório Central da 16ª EXPOAGRO AFUBRA, Rincão Del Rey

Município: Rio Pardo

Horário: 14 horas

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O coordenador da 16ª EXPOAGRO AFUBRA, Marco Antônio Dornelles reclamou dos altos

custos para realização do Cadastro Ambiental Rural (CAR), questionou quais as sanções

que serão aplicadas aos agricultores que não realizarem o cadastro e disse que apenas

cerca de 1 mil dos 100 mil associados à AFUBRA fizeram o cadastro na Região Sul.

O secretário de Desenvolvimento, Pesca e Cooperativismo, Tarcísio Minetto manifestou

preocupação com as restrições na liberação de crédito que podem sofrer os agricultores

que não realizarem o cadastro.

A diretora Administrativa da EMATER-RS, Silvana Dalmas explicou que a empresa está

realizando o cadastro gratuito de 41 mil produtores que participam de programas do

governo federal. Ela também relatou que a EMATER estuda expandir o número de

agricultores que poderiam ser beneficiados pela gratuidade.

O representante da FARSUL, Ivo Lessa falou sobre as dificuldades no preenchimento,

envio e recebimento dos recibos de adesão ao Cadastro Ambiental Rural (CAR). Ele

apresentou números sobre a adesão no Rio Grande do Sul. Teriam sido 158 mil cadastros

realizados de um total de 441 mil propriedades rurais. E disse que uma prorrogação de

dois anos do prazo não será suficiente.

O presidente do STR Santa Cruz, Renato Goerck citou diversos exemplos de medidas

obrigatórias por lei que depois não deram em nada como a exigência de Kit de Primeiros

Socorros e de extintor de incêndio nos carros. Relatou ainda que nem com horas extras

os funcionários do STR se chegaria ao percentual de 30% de adesões até 5 de maio. E

disse que a posição da FETAG-RS é de prorrogação do prazo por mais 12 meses a partir

de 5 de maio.

O deputado federal Heitor Schuch relatou o encontro com a ministra Izabella Teixeira,

que não acenou com a possibilidade de revogação do prazo. Disse que o grupo de

parlamentares foi recebido com “pedras nas mãos” e que há dificuldade de qualquer

negociação em Brasília devido a intensa crise política em torno do governo de Dilma

Rousseff. Por isso, o deputado coleta assinaturas de todos os partidos para que o PL de

sua autoria seja apresentado direto no Plenário sem passar pelas comissões. O projeto

prevê a prorrogação do prazo por dois anos.

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O produtor Alceu Mergen, de Arroio do Tigre, se manifestou favorável a prorrogação do

prazo. Já o produtor Lauro Baum, do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Lajgeado,

disse que na região do Vale do Taquari apenas 20% dos agricultores fizeram o cadastro

e que não haverá como cumprir o prazo de 5 de maio.

O produtor Adílio Schuch, de Candelária, apresentou dados de que apenas 11% da área

foi cadastrada em sua região e pediu a regularização fundiária. Também cobrou que o

dever e a responsabilidade são da União.

Hilário Gottsselig, secretário da Agricultura de Santa Catarina apresentou dados sobre a

adesão ao CAR em seu estado. Segundo ele, até o início de março 73% dos imóveis rurais

haviam feito o cadastro ou 68% da área. Ele disse que agora os produtores estão

recuperando áreas degradadas para fins de certificação. Naquele estado, houve o

envolvimento de sindicatos, cooperativas e prefeituras com a Epagri como mobilizadora,

além do envolvimento de 1,4 mil monitores treinados. Ele disse que não há penalidade

para quem não aderir até 5 de maio, mas alertou que todas as infrações anteriores ao

Código Florestal voltam a existir.

O deputado estadual Elton Weber, proponente da Subcomissão Manifestou

preocupação com as 4 ADINS que se encontram no Supremo Tribunal Federal. Elas

questionam o Código Florestal Brasileiro e, se aprovadas, causarão um retrocesso. Para

o deputado, não pode haver confusão de poderes. Se o Congresso Nacional aprovou o

Novo Código Florestal ele deve ser cumprido. O parlamentar também disse que o

cadastro é inédito, complexo e que o governo não cumpriu com sua parte de prestar

apoio técnico e jurídico de forma gratuita ao produtor. Ele também lembrou que há

outra luta pela frente, o pagamento por serviços ambientais prestados pelo governo.

A deputada estadual Liziane Bayer, relatora e presidente da Subcomissão disse estar

preocupada com o esgotamento do prazo e lembrou que esse trabalho, de acordo com

a Lei nº 12.651, de 2011, deveria ser gratuito, o que não ocorreu de acordo com os

relatos em Caxias e na EXPOAGRO. Ela disse ainda que devido à necessidade e

emergência de fazer o cadastro, as pessoas, muitas desesperadas, muitas vezes estão

pagando um preço bem salgado. E que estão sendo exploradas.

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O deputado estadual Pedro Pereira falou sobre as dificuldades de implantação do CAR

e criticou o governo federal em casos de corrupção. E a deputada Zilá Breitenbach

ressaltou sobre as dificuldades de implantação do CAR.

10.3 - 3ª Audiências Pública em Santa Maria

Audiência da Subcomissão do CAR – Cadastro Ambiental Rural Santa Maria – RS, 28 de março de 2016.

Local – Sindicato dos Trabalhadores Rurais Horário: 14 horas

As 14 horas, a deputada Liziane Bayer deu por iniciados os trabalhos, cumprimentou a

todos em especial o colega deputado Elton Weber, e em seguida compôs a mesa oficial.

Celio Fontana – Presidente do STR Santa Maria, Jair Wouters – coordenador Regional

Sindical de Santa Maria, Hermes Tascheto – Coordenador Regional da SDR, Mário G

Grutzacher – Vice Presidente da Seletron, José Solon – Coordenador da Regional Sindical

da 4ª COLONIA, engenheiro Mallmann da Fepam. Em seguida convidou o Presidente

Celio Fontana, para fazer as suas considerações. Com 4 mil propriedades rurais no

município e mesmo com 3 profissionais trabalhando, o prazo é insuficiente para a

execução dos trabalhos. Em seguida o coordenador regional de Santa Maria, Jair

Wouters que também representou a FETAG-RS, expôs as dificuldades para a execução

do cadastro, devido a problemas de imagens de satélite bem como as dificuldades de

apoio governamental, com exceção da chamada pública da EMATER, a qual atendeu uma

pequena parte dos agricultores familiares. Ele expôs a necessidade de prorrogação do

prazo e disse que já está havendo restrições aos agricultores que comercializam para o

Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel. O coordenador regional da SDR,

Hermes Tascheto expôs que inicialmente os produtores estavam receosos em fazer o

cadastro, mas a medida em que os trabalhos iniciaram houve a procura para fazer o

mesmo. Ele manifestou preocupação com o Bioma Pampa, que trouxe dúvidas e

problemas de interpretação da legislação e retirou a necessidade de ampliação do prazo

que vence em 05 de maio deste ano.

O representante da CERTEL, Mario Grutzmacher, lembrou as dificuldades de agricultores

que tem suas propriedades em áreas de relevo muito dobradas ou com declividade, e

disse que isso poderá trazer problemas futuros. O coordenador da regional 4ª Colônia,

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José Solon, lembrou que a discussão sobre o Bioma Pampa atrasou muito os trabalhos,

e manifestou preocupação quanto à forma como o cadastro é feito. O engenheiro

Mallmann disse que o cadastro é uma ferramenta importante para o planejamento

sustentável da propriedade e mesmo da região. Ele lembrou que a região tem forte

presença da cultura do arroz irrigado, e que o CAR é condição para emissão do

licenciamento ambiental da atividade. Lembrou ainda que apareceram oportunistas,

técnicos cobrando valores absurdos para fazer o cadastro, e que a participação das

entidades é fundamental. Em seguida o deputado Elton Weber, disse que o motivo dessa

Subcomissão ter surgido foi exatamente a preocupação manifestada por produtores e

dirigentes quanto a necessidade de ampliar o prazo para que todas as propriedades

fossem cadastradas. Falou da luta para a alteração da legislação ambiental e do novo

Código Florestal Brasileiro, que trouxeram importante avanço em relação as

peculiaridades da agricultura familiar. Proponente da subcomissão, Weber resumiu a

preocupação manifestada por todos os que o antecederam e reiterou a necessidade de

ampliação do prazo para o CAR, de forma que todos os proprietários possam atualizar

seus cadastros atualizados sem dificuldades na contratação do crédito rural ou restrições

na participação de políticas públicas. Em seguida, a palavra foi colocada disposição dos

presentes na audiência. O Sr. Almir Rebello, da Associação Amigos da Terra de

Tupanciretã, disse que até o momento apenas 4% dos cadastros do município foram

feitos, falou da importância da FETAG-RS na mudança do Código Florestal Brasileiro e da

necessidade de ampliar o prazo para fazer o cadastro. José Carlos Minuzzi, presidente

do STR da Jaguari, manifestou a preocupação com as restrições ao crédito rural e ao

Programa Nacional do Biodiesel, para os agricultores familiares. O presidente do STR de

Nova Palma, Sr. Pedro, falou da preocupação com as áreas dobradas, e da forma rígida

com que os órgãos ambientais (Patrulha Ambiental) abordam os agricultores do

município, com caráter punitivo e não educacional ou de orientação ambiental. O Sr.

Aureliano do STR São Francisco de Assis, falou da ausência do poder público responsável

pela assistência técnica e jurídica para os agricultores familiares, com exceção de poucas

famílias atendidas pela chamada pública da EMATER. O agrônomo Érico de Tupanciretã,

falou sobre divergências, inclusive entre os profissionais do SENAR, responsáveis pelo

treinamento dos técnicos que executam o cadastro, em relação ao pós CAR. O presidente

do STR de São Sepé, o Sr. Giovani falou sobre da preocupação com as ADIN’s, bem como,

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o decreto do Executivo gaúcho, que estão questionando o Código Florestal, para ele uma

tentativa do Judiciário e o Executivo legislar. O Sr. Samuel do STR de Santiago, manifestou

preocupação com a visualização das divisas que não são nítidas e que podem causar

problemas futuros. O Sr. Delcimar Borin lembrou que grande parte dos agricultores tem

idade avançada e encontra dificuldades para identificar divisas e outras questões

previstas no CAR, e complementou: o cadastro poderia vir acompanhado de um

programa de regularização fundiária. Para finalizar, a deputada Liziane Bayer,

apresentou de forma resumida os encaminhamentos da audiência, tendo como

destaque a necessidade de prorrogação do prazo para adesão ao CAR.

Figura 19 Audiência pública de Santa Maria

10.4 4º Audiência Pública de Santa Rosa

Audiência da Subcomissão do CAR – Cadastro Ambiental Rural

Santa Rosa – RS, 4 de abril de 2016.

Local – Centro Administrativo do Parque de Eventos

As 14 horas, o deputado Elton Weber deu por iniciados os trabalhos, cumprimentou a

todos e convidou as seguintes lideranças para a composição da mesa oficial: O

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presidente do STR de Santa Rosa Sr. Nelson Delavalli, a coordenadora da regional

sindical Grande Santa Rosa, Sra. Genoveva Meinerz Hass, o representante da FETAG-RS,

SR. José Ribeiro Prestes, o representante da regional Missões I, Sr. Osvaldino Lucca, e o

representante do deputado Federal Heitor Schuch, Sr. Anselmo Piovesan. Em seguida, a

parlamentar fez uma rápida explanação dos trabalhos da subcomissão do CAR, e sobre

o cenário estadual. Dando sequência, o Sr. Nelson Delavalle, falou da preocupação com

o prazo e da necessidade de prorrogação, uma vez que não é possível terminar o

cadastro de todas as propriedades até a data prevista. A coordenadora regional Sra.

Genoveva M Haas, explanou um pouco sobre a realidade regional, e que mesmo com o

esforço dos sindicatos, o prazo previsto não permitirá o término dos trabalhos. Falou da

preocupação com os possíveis problemas que os produtores possam vir a sofrer caso

não consigam cadastrar as suas propriedades em tempo hábil, e que muitas vezes há

dúvidas sobre o cadastro. O Sr. Osvaldino Lucca manifestou preocupação com as

restrições no crédito rural para o produtor que não cadastrar suas propriedades até o

prazo determinado. Reiterou que a EMATER fez aproximadamente 200 cadastros, mas

que este número é insignificante diante do total das propriedades de Santo Ângelo, e

que, até o momento, apenas 40% das propriedades do município Ângelo foram

cadastradas, totalizando 20% da área rural. O chefe de gabinete do deputado Federal

Heitor Schuch, Sr. Anselmo Piovesan, falou da luta e da importância das alterações

conquistadas através do novo Código Florestal, em especial nas áreas de Preservação

Permanente e da isenção da averbação da reserva legal para a agricultura familiar, mas

reiterou que o Rio Grande do Sul, é o estado com menor percentual de cadastros feitos

no país. Para ele, mesmo com esforço talvez não seja possível chegar a 50% dos

cadastros finalizados até o dia 05 de maio de 2016, data final para adesão. Na sequência,

o representante da FETAG, Sr. Jose Ribeiro Prestes, falou que há parlamentares

divulgando nas rádios locais, informações distorcidas sobre a prorrogação do prazo, o

que vem causando problemas e dúvidas junto aos agricultores. Falou que houve ações

do Ministério Público em municípios da região, cobrando a assinatura de Termos de

Ajuste de Conduta (TAC), muitas vezes em desacordo com o que prevê o novo Código

Florestal. Na sequência, o deputado Elton Weber fez algumas explicações sobre as

ADIN’s em curso, que questionam artigos da Lei. 12.651, e da importância de manter os

avanços conquistados através do Novo Código Florestal, e da dificuldade enfrentada até

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agora na busca pela prorrogação do prazo. Dando sequência foi aberta a inscrição e o

pronunciamento dos participantes: O Sr. Itálico Cielo, presidente do STR de Tuparendi,

falou que o cadastro ambiental rural veio para beneficiar e regularizar as propriedades

da agricultura familiar, e que seja garantida a possibilidade para que os agricultores

possam continuar fazendo o CAR após o encerramento do prazo, mesmo que não haja

prorrogação. O Sr. Albertino Duarte Pacheco, presidente do STR de Tucunduva, disse

que a entidade que representa foi uma das primeiras a iniciar os trabalhos na região, e

que a chamada pública da EMATER, que fez o cadastro de forma gratuita para uma

pequena parcela dos produtores, colocou as demais entidades em uma situação

delicada, já que os agricultores cobram tratamento igualitário. O Sr. Vilson representado

o STR de Porto Lucena, colocou da dificuldade da entidade montar uma estrutura para

fazer o cadastro, e questiona a qualidade dos cadastros devido a diversidade de

profissionais envolvidos. A Sra. Elaine Cavalli, presidente do STR de Alecrim, reiterou que

se houver prorrogação ela deve ser, no máximo, de 6 meses, como forma de pressionar

os agricultores a fazer a sua parte.

Encaminhamentos - a) Que a prorrogação não seja necessariamente por lei, mas que o

Ministério do Meio Ambiente garanta que o programa ficará aberto para que os

agricultores possam fazer o cadastro mesmo após 05 de maio de 2016. Que a exigência

do cadastro para fins de acesso ao crédito e outros programas seja um incentivo para

que agricultor procure regularizar-se. b) Que as entidades e os produtores tomem

cuidado com informações distorcidas muitas vezes veiculadas por meios de

comunicação. c) Que a proposta seja unificada a nível de Estado e do MSTTR para que

possamos ter o mesmo entendimento. Em seguida o parlamentar agradeceu a todos e

encerrou a audiência.

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Figura 20 - Audiência Pública de Santa Rosa

10.5 5º Audiências Pública em Bagé

Audiência da Subcomissão do CAR – Cadastro Ambiental Rural

BAGE – RS, 11 de abril de 2016.

Local – Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bagé-RS.

As 14 horas, o deputado Elton Weber deu por iniciados os trabalhos, cumprimentou a

todos e convidou as seguintes lideranças para a composição da mesa oficial. O

presidente do STR de Bagé e Presidente da Federação dos Assalariados Rurais do Rio

Grande do Sul – FETAR-RS Sr. Nelson Wild, o coordenador da regional sindical Fronteira

Sr. Milton Brasil, o diretor da FETAG-RS SR. Joao Rui Dias, o representante do Sindicato

Rural de Bagé, Sr. Cléber Zulianem o representante da EMATER Regional Sr. Rodolfo

Perkes, o representante do deputado Federal Heitor Schuch, Sr. Anselmo Piovesan, e o

representante da Farsul Sr. Eduardo Condorelli.

Em seguida foi feita uma rápida explanação dos trabalhos da subcomissão do CAR e

sobre o cenário a nível de Estado. Dando sequência, o Sr. Nelson Wild, discorreu sobre

as dificuldades e dúvidas que os agricultores tem em relação ao CAR, sobre os

questionamentos do Ministério Público, a insegurança jurídica e a capacitação dos

profissionais do STR de Bagé que fazem o trabalho do cadastro para seus associados.

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Wild reiterou a necessidade de prorrogação de prazo para que os trabalhos possam ser

executados com os devidos cuidados e que os agricultores possam deixar suas

propriedades legalizadas. O Sr. Milton Brasil, falou das peculiaridades do Bioma Pampa,

disse que os trabalhos foram retomados há 30 dias em função de uma ação judicial

envolvendo o Bioma Pampa, e acrescentou a necessidade de prorrogação de prazo, uma

vez que a maioria dos municípios tem menos de 10% dos cadastros efetuados. O Sr. João

Rui Dias lembrou que o Rio Grande do Sul está em atraso em relação aos demais estados

brasileiros, e na região da Fronteira e no Sul do Estado, inclusas no Bioma Pampa o atraso

é ainda maior. Foram citados índices locais de preenchimento do cadastro até aquela

data. Na região de Lavras do Sul, a adesão é de 10%, em Bagé, de 6,8%, já em Pinheiro

Machado não passa de 5%. O Sr. Cléber Zuliane, falou do trabalho do Sindicato Rural em

relação ao preenchimento e reiterou a necessidade de ampliação do prazo. O Sr.

Anselmo Piovesan, falou sobre os avanços do Novo Código Florestal, em especial para as

propriedades familiares, das ADIN’s que questionam os artigos da Lei do Código

Florestal, e da preocupação com a perda de benefícios obtidos. O Sr. Eduardo Condorelli,

falou que o cadastro foi desde o início de interesse dos produtores rurais como forma de

fazer valer os benefícios obtidos com a nova lei do código florestal, e que desde o início

das discussões o prazo para fazer o CAR era de 5 anos, mas que posteriormente o prazo

foi reduzido para 2 anos, prorrogável por mais um ano. Ele explicou que existem dois

caminhos para a prorrogação, sendo a primeira por lei, o que é demorado, ou Medida

Provisória, que passa a valer assim que publicada. Falou que existem 205 mil cadastros

feitos até esta data, mas que por mais que queiramos não conseguiremos terminar os

trabalhos até o dia 05 de maio de 2016, e que corremos o risco de perder todos os

avanços obtidos, a partir de 06 de maio. O Sr. Rodolfo Perkes, falou que a EMATER,

assumiu compromisso de realizar 32 mil cadastros no Estado para o público das

chamadas públicas, e que, na região, são aproximadamente 800 famílias dentro da

chamada pública. Contudo, até o momento a entidade conseguiu efetuar apenas 200

cadastros. Disse ainda que a liminar envolvendo o Bioma Pampa prejudicou muito os

trabalhos e que é necessário ampliar o prazo. O deputado estadual Elton Weber

ressaltou que todas os relatos seguem no mesmo sentido sobre a necessidade de

prorrogação do prazo e que a discussão do Bioma Pampa atrasou o trabalho na região.

Em seguida, passou a palavra aos presentes, e todos os pronunciamentos foram no

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sentido da necessidade de ampliar o prazo de cadastramento.

Figura 21 - Audiência Pública de Bagé

10.6 Reunião com Secretária de Estado de Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

(SEMA).

Figura 22 - Reunião com secretária de Estado de Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Ana Pellini.

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Tendo em vista que a última audiência pública do CAR prevista para o dia 18 de abril,

em Porto Alegre, não aconteceu devido à incertezas e as manifestações em relação ao

impeachment da presidência da República Dilma Rousseff, a subcomissão do CAR

decidiu ouvir a Secretária de Estado de Ambiente e Desenvolvimento Sustentável –

SEMA, Ana Pellini. Ela frisou a importância de manutenção e divulgação do cadastro

ambiental rural, ferramenta importante de gestão para o Estado. Ana frisou ainda que

outras ações como outorga d’água e dispensa da mesma estão umbilicalmente ligadas

ao CAR. A secretária lembrou ainda que o teve inúmeras dificuldades de implementar o

Decreto Estadual, que deu o start ao cadastramento no Estado, devido a aspectos

específicos do Rio Grande do Sul em relação a sua legislação e até mesmo a falta de uma

regra específica para o Bioma Pampa. Ana Pellini lembrou que no Bioma Mata Atlântica

não houve grande conflitos em relação ao preenchimento do CAR tendo em vistas que

as regras para este bioma estavam estabelecidas desde 2006 com a promulgação da Lei

11.428/2006 e como o decreto regulamentador (Decreto 6.660/2008), que dirimiram

quaisquer dúvidas.

A deputada Liziane Bayer lembrou à secretária que os objetivos das audiências públicas

foram alcançados uma vez que as instituições das mais diversas esferas foram ouvidas.

Bayer acrescentou que a maioria das entidades que se manifestaram foram no sentido

de buscar mais tempo para o cadastramento uma vez que faltara pouco para atingir a

meta.

O deputado Elton Weber lembrou a secretária que todas as conversas iniciaram pelo

esclarecimento de que não estava em discussão fazer ou não o CAR, e sim, as

dificuldades de atender as exigências legais e burocráticas e os prazos determinados.

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12 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

À primeira vista o CAR parecia de simples adesão, mas, na prática, o enquadramento das

propriedades frente a legislação é muito mais complexo uma vez que cada propriedade

apresenta características específicas que precisam ser observadas.

Desde a aprovação e instalação da subcomissão do CAR na Comissão de Saúde e Meio

Ambiente na Assembleia Legislativa, em fevereiro deste ano, tive a oportunidade de

ouvir centenas de produtores, técnicos e entidades de classe ligadas ao meio rural em

cinco audiências públicas no Estado. Tive a preocupação de realizar os debates em

diversos pontos do território gaúcho justamente para que se pudesse compreender as

dificuldades de cada região. Provavelmente nenhum tema tenha na atualidade tanta

repercussão e interesse por parte do meio rural quanto esse.

A maioria dos relatos demonstraram um ponto de convergência: a complexidade de

preenchimento do Cadastro Ambiental Rural (CAR).

Vale ressaltar que mesmo o CAR sendo auto declaratório aos moldes do Imposto de

Renda. Ou seja, bastaria baixar o programa disponível em www.car.rs.gov.br e seguir os

passos do sistema.

A abordagem inicial foi justamente com intuito identificar os gargalos e entender as

etapas de preenchimento do CAR. O primeiro entrave foi a complexidade de

interpretação do arcabouço jurídico da legislação ambiental para atender as demandas

do cadastro. Ficou constatado que, mesmo para os mais de sete mil pessoas que se

submeteram às capacitações do sistema do CAR através do SENAR/RS, ainda há muitas

dúvidas em relação a interpretação da legislação. Muitas dessas dúvidas são em relação

a complexidade de aplicação da legislação em seus dispositivos permanentes e

transitórios, mas principalmente pela sua dinâmica singular de sua aplicação sobre as

propriedades. Ou seja, não há uma regra única e geral. A legislação se apresenta de

forma diferente de acordo com cada propriedade em que ela será aplicada.

Outro aspecto relevante sobre o Sistema CAR, levantado na maioria das audiências, são

em ralação a baixa resolução e qualidade das imagens. Segundo relatos isto está

prejudicando e dificultando a localização das pequenas propriedades e muitas vezes

inviabilizando a localização precisa da divisas das mesma. Este fator tem levado

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produtores, técnicos e facilitadores a recorrerem a outro sistema, o Google Earth, para

localizar e delimitar as propriedades.

Na primeira audiência pública, em Caxias do Sul, observamos um aspecto que serviu de

balizador para as demais reuniões. Estou me referindo ao modelo implantado de Caxias

do Sul em que decidiu, desde o início do CAR no Brasil, contratar uma equipe de técnicos

habilitados e capacitados para proceder com as inscrições das áreas rurais do município

no sistema Nacional – SiSCAR. Com recursos próprios do Fundo de Meio Ambiente do

município, Caxias do Sul fez diversas reuniões preparatórias de esclarecimento e

sensibilização dos proprietários sobre a função do cadastro. No entanto, mesmo com

todo o aparato financeiro, técnico e institucional da prefeitura o município frisou na

audiência pública que a prorrogação do prazo ajudaria para a conclusão dos trabalhos.

Outros aspectos também precisam ser considerados. Além da complexidade de

interpretação da legislação, em especial a Lei Nº 12.651, de 25 de maio de 2012, que

instituiu o Novo Código Florestal, e o Decreto Nº 7.830, de 17 de outubro de 2012, que

dispõe sobre o Sistema de Cadastro Ambiental Rural, o Cadastro Ambiental Rural e

estabelece normas de caráter geral aos Programas de Regularização Ambiental, de que

trata a Lei no 12.651, de 25 de maio de 2012, acrescenta-se o Decreto Nº 8.235, de 5 de

maio de 2014, que estabelece normas gerais complementares aos Programas de

Regularização Ambiental dos Estados e do Distrito Federal, de que trata o Decreto no

7.830, de 17 de outubro de 2012, institui o Programa Mais Ambiente Brasil, e dá outras

providências. Não bastasse esse emaranhado, o Ministério do Meio Ambiente lançou,

em 06 de maio de 2014, a Instrução Normativa Nº 2, que dispõe sobre os procedimentos

para a integração, execução e compatibilização do Sistema de Cadastro Ambiental Rural-

SICAR e define os procedimentos gerais do Cadastro Ambiental Rural (CAR). Foi este

instrumento que deu o pontapé inicial no prazo de um ano para a inscrição do CAR,

prorrogável por mais 12 meses. Entretanto, o Rio Grande do Sul precisava ainda emitir

um decreto estadual que regulamentasse as especificidades do Estado, principalmente

sobre dois aspectos já abordados no relatório referentes ao enquadramento dos

remanescentes de vegetação nativa no Bioma Pampa e as áreas área especialmente

protegida de acordo com o Código Estadual de Meio Ambiente, denominadas de

banhados. Para chegar a um denominador comum houve, segundo relatos de entidades

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que participaram da construção da legislação, muita divergência em relação aos

conceitos a serem utilizados. E, somente em 23 de junho de 2015, o Estado publicou o

Decreto Nº 52.431, de 23 de junho de 2015, que dispõe sobre a implementação do

Cadastro Ambiental Rural e define conceitos e procedimentos para a aplicação da Lei

Federal nº 12.651, de 25 de maio de 2012, no Rio Grande do Sul. Ou seja, o Estado ficou

13 meses sem que houvesse a definição de parâmetros para que os produtores

iniciassem o cadastramento. Além dos parâmetros técnicos que precisavam ser

definidos e incorporados em legislação específica, o Estado precisava acrescentar estes

novos conceitos em seu cadastro. Esta tarefa coube a Universidade Federal de Lavras,

responsável pelo desenvolvimento do software do CAR e por sua manutenção.

Além disso, as entidades não puderam iniciar as capacitações sem que o módulo de

cadastramento estivesse pronto. Por sua vez a Promotoria de Justiça de Defesa do Meio

Ambiente de Porto Alegre ingressou no dia 20 de julho de 2015, com ação civil pública

contra o Estado com o objetivo de assegurar a proteção jurídica para o Bioma Pampa.

Segundo as promotoras Anelise Monteiro Steigleder e Josiane Camejo e o promotor

Alexandre Saltz, integrantes do Núcleo de Proteção ao Bioma Pampa, a ação foi ajuizada

para contestar interpretação feita pelo Decreto Estadual 52.431/2015. O MP questiona,

entre outros pontos, que a distinção feita pelo governo do Estado entre as áreas rurais

consolidadas por supressão de vegetação nativa por atividade pecuária e as áreas

remanescentes de vegetação nativa. E, em 10 dezembro de 2015 a Juíza Nadja Mara

Zanella, da 10ª Vara da Fazenda da Fazenda Pública do Foro da Tristeza, em Porto Alegre,

concedeu liminar contra o decreto estadual.

Observou-se ainda, que, além da insegurança jurídica estabelecida sobre o CAR no Rio

Grande do Sul a partir da liminar da Juíza Nadja Mara Zanella, a ausência de sinal de

Internet no meio rural, corroborou para inviabilizar o cadastramento em muitas regiões.

Este entrave na prestação de serviço levou a Assembleia Legislativa a criar uma outra

subcomissão para averiguar o alcance desses serviços.

Desde o início dos trabalhos da subcomissão pude observar que houve um incremento

de 1 milhão de hectares cadastrados. De acordo com dados do Boletim Informativo

Serviço Florestal Federal, emitido em março de 2016, o Estado alcançou 19,29% de área

cadastrada. Contudo, o tempo restante para realizar o CAR é exíguo.

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Diante das asseverações apresentadas, e, levando-se em consideração os aspectos

técnicos, jurídicos e laborais que abarcam a realização do CAR, sugiro que esta casa se

manifeste a favor da prorrogação do prazo do CAR. Tenho convicção que prorrogação

no prazo não acarretará prejuízos ambientais e muito menos comprometerá à gestão

por parte do Poder Executivo. No entanto, os produtores do Rio Grande do Sul terão

mais tempo para lançar as informações de suas propriedades no Cadastro Ambiental

Rural (CAR) sem que sofram infrações ou mesmo sanções administrativas como a perda

das garantias transitórias estabelecidas no Código Florestal Federal. Reforço estes

aspecto por entender que uma não prorrogação penalizaria justamente aqueles que

ficaram a quem das burocracias que impediram o start inicial do CAR no estado.

E, e por reconhecer a legitimidade da Assembleia Legislativa em buscar a melhor

alternativa para a sociedade gaúcha, sugiro a internalização o Decreto 52.431/2012, que

dispõe sobre a implementação do Cadastro Ambiental Rural e define conceitos e

procedimentos para a aplicação da Lei Federal nº 12.651, de 25 de maio de 2012, no

Estado do Rio Grande do Sul, em especial sobre o Bioma Pampa, para aprofundar e

ampliar o debate em torno do tema

Esta é a nossa recomendação.

Porto Alegre, 25 de abril de 2016.

Deputada Estadual Liziane Bayer – PSB

Relatora

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EXPEDIENTE

Proposição: RDI 21/ 2016

Proponente: DEPUTADO ELTON WEBER

Relatora: DEPUTADA LIZIANE BAYER

Situação: Entrada em 17/02/2016

Tramitação: CAM - envio em 02/03/2016

Número do processo: 20057.01.00/16-2

Assunto: subcomissão Cadastro Ambiental Rural - CAR propriedade bioma pampa mata

atlântica – Comissão de Saúde e Meio Ambiente - CSMA.

Ementa: Requer a criação de uma Subcomissão para tratar da implantação do Cadastro

Ambiental Rural - CAR, no âmbito da Comissão de Saúde e Meio Ambiente.

Assessoria Técnica: Alexandre Scheifler

Assessoria Parlamentar: Airton José Hochscheid

Jornalista: Patrícia Meira