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1 1. INTRODUÇÃO A auditoria surgiu como conseqüência da necessidade de confirmação dos registros contábeis, em virtude do aparecimento das grandes empresas e da taxação do imposto de renda, baseado nos resultados apurados em balanços. Sua evolução ocorreu paralelamente ao desenvolvimento econômico, que gerou as grandes empresas, formadas por capitais de muitas pessoas, que têm na confirmação dos registros contábeis a proteção ao seu patrimônio. Como consequência, as demonstrações contábeis passaram a ter importância muito grande para os futuros investidores. Assim, como medida de segurança contra a possibilidade de manipulação de informações, passou-se a exigir que essas demonstrações fossem examinadas por um profissional independente da empresa e de reconhecida capacidade técnica, surgindo assim a figura do auditor externo ou independente. A auditoria independente das demonstrações contábeis constitui o conjunto de procedimentos técnicos, que tem por objetivo capacitar o auditor a emitir um parecer sobre a adequação com que estas representam a posição patrimonial e financeira, o resultado das operações, às mutações do patrimônio líquido e as origens e aplicações de recursos da entidade auditada, consoante as Normas Brasileiras de Contabilidade e legislação específica no que for pertinente. O produto final da auditoria das demonstrações contábeis é o parecer do auditor. Sua emissão reflete o

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Parecer de Auditoria

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1. INTRODUOA auditoria surgiu como conseqncia da necessidade de confirmao dos registros contbeis, em virtude do aparecimento das grandes empresas e da taxao do imposto de renda, baseado nos resultados apurados em balanos. Sua evoluo ocorreu paralelamente ao desenvolvimento econmico, que gerou as grandes empresas, formadas por capitais de muitas pessoas, que tm na confirmao dos registros contbeis a proteo ao seu patrimnio.Como consequncia, as demonstraes contbeis passaram a ter importncia muito grande para os futuros investidores. Assim, como medida de segurana contra a possibilidade de manipulao de informaes, passou-se a exigir que essas demonstraes fossem examinadas por um profissional independente da empresa e de reconhecida capacidade tcnica, surgindo assim a figura do auditor externo ou independente.A auditoria independente das demonstraes contbeis constitui o conjunto de procedimentos tcnicos, que tem por objetivo capacitar o auditor a emitir um parecer sobre a adequao com que estas representam a posio patrimonial e financeira, o resultado das operaes, s mutaes do patrimnio lquido e as origens e aplicaes de recursos da entidade auditada, consoante as Normas Brasileiras de Contabilidade e legislao especfica no que for pertinente.O produto final da auditoria das demonstraes contbeis o parecer do auditor. Sua emisso reflete o entendimento do auditor acerca dos dados que examinou, de uma forma padro e resumida, que d, aos leitores, em geral, uma noo dos trabalhos que realizou e, principalmente, o que concluiu. O CFC, atravs da Resoluo n. 820/97 e alteraes posteriores, estabeleceu o modelo padro do parecer dos auditores independentes, que deve ser adotado no Brasil pelas auditorias independentes.Assim, este trabalho, de forma sucinta e objetiva, procura evidenciar a forma de redao do parecer-padro, relatando sua origem, evoluo, finalidade, estrutura e, por fim, apresentam os quatro tipos de pareces existentes, atualmente em vigor no Brasil, relatando suas principais caractersticas e exemplificando cada parecer.

2 . MTODO DE PESQUISAO uso do mtodo facilita a sistematizao dos objetivos pretendidos, auxiliando atravs da pesquisa a alcanar os objetivos pretendidos.O instrumento de coleta de dados utilizado para a elaborao deste trabalho foi a pesquisa bibliogrfica, realizada em livros, dissertaes, artigos, e, em especial, nas Normas Brasileiras de Contabilidade.

3. CONCEITOO Parecer dos Auditores Independentes o documento mediante o qual o auditor expressa sua opinio, de forma clara e objetiva, sobre as demonstraes contbeis nele indicadas. (NBC T 11, item 11.3.1.1)Conforme Attie (1998, p. 67), o parecer de auditoria o instrumento pelo qual o auditor expressa sua opinio, em obedincia s normas de auditoria, sobre as demonstraes financeiras.O parecer representa o produto final do trabalho do auditor, ele o instrumento pelo qual o auditor d conhecimento aos usurios da informao contbil, do resultado do seu trabalho expresso, por meio da opinio contida no parecer.

4. FINALIDADEO Parecer de Auditoria tem a finalidade de informar ao seu(s) usurio(s) o seguinte:a) o trabalho realizado;b) a extenso abrangida pelo trabalho;c) a forma de sua realizao;d) os fatos relevantes observados;e) as concluses chegadas.Para atingir esta finalidade, a opinio final do auditor deve estar baseada em fatos concretos, devidamente comprovveis, atravs dos papis de trabalho, e em uma consubstanciada anlise desses fatos, com total imparcialidade e independncia.

5. ESTRUTURAO parecer emitido pelo auditor independente compe-se, basicamente, de trs pargrafos:a) o referente identificao das demonstraes contbeis e definio das responsabilidades da administrao e dos auditores;b) o relativo extenso dos trabalhos; ec) o que expressa a opinio sobre as demonstraes contbeis.O parecer deve identificar as demonstraes contbeis sobre as quais o auditor est expressando sua opinio, indicando, outrossim, o nome da entidade, as datas e perodos a que correspondem.O parecer de exclusiva responsabilidade do auditor, diferentemente das demonstraes contbeis, que da administrao, cuja informao deve ser evidenciada no incio do parecer.Na parte relativa extenso dos trabalhos o auditor declara se o exame foi efetuado de acordo com as Normas Brasileiras de Auditoria em vigor (NBC T 11), fazendo uma descrio concisa dos principais trabalhos executados.No pargrafo de opinio o auditor expressa se as demonstraes contbeis representam adequadamente, em todos os aspectos relevantes, a posio patrimonial e financeira da entidade auditada, de acordo com as prticas contbeis adotadas no Brasil.

6. RESPONSABILIDADE, DATA E LOCALO auditor deve mencionar, no seu parecer, as responsabilidades da administrao e as suas, evidenciando que:a) a administrao responsvel pela preparao e pelo contedo das demonstraes contbeis, cabendo ao contabilista que as assina a responsabilidade tcnica; eb) o auditor responsvel pela opinio que expressa sobre as demonstraes contbeis objeto dos seus exames.O auditor deve, no seu parecer, declarar se o exame foi efetuado de acordo com as normas de auditoria.Na data do parecer, o dia deve corresponder ao de concluso dos trabalhos na entidade auditada, objetivando informar ao usurio que foi considerado o efeito, sobre as demonstraes contbeis e sobre o parecer, de transaes e eventos ocorridos entre a data de encerramento do perodo a que se referem as demonstraes contbeis e a data do parecer.O parecer deve ser datado e assinado pelo contador responsvel pelos trabalhos, e conter seu nmero de registro no Conselho Regional de Contabilidade.Caso o trabalho tenha sido realizado por empresa de auditoria, o nome e o nmero de registro cadastral no Conselho Regional de Contabilidade tambm devem constar do parecer.

7. TIPOS DE PARECERES DE AUDITORIAExistem basicamente quatro tipos de pareceres de auditoria:1. Parecer sem ressalvas ou limpo;2. Parecer com ressalvas;3. Parecer adverso;4. Parecer com negativa de opinio ou negativa de parecer.

7.1 PARECER LIMPO OU SEM RESSALVAS emitido quando o auditor aplicou todos os procedimentos de auditoria na extenso que julgou necessrio e no encontrou qualquer fato que pudesse influenciar na opinio a ser emitida. Este parecer deve ser emitido tambm de acordo com a NBC.O auditor emite um parecer sem ressalvas, limpo ou padro, nas seguintes circunstncias: Quando os exames so efetuados de acordo com as normas de auditoria geralmente aceitas; Quando as demonstraes financeiras foram elaboradas de acordo com os princpios fundamentais de contabilidade; Quando os princpios contbeis aplicados com uniformidade e; Quando as demonstraes financeiras contm todas as exposies informativas necessrias.Crepaldi (2007, p.182) ressalta que, O parecer sem ressalva implica afirmao de que, em tendo havido alteraes em procedimentos contbeis, os efeitos delas foram adequadamente determinados e revelados nas demonstraes contbeis. Nesses casos, no requerida nenhuma referncia no parecer.Em quaisquer circunstncias que tenham efeito relevante nas demonstraes financeiras, seja por discordncia ou por limitao na extenso do trabalho, o auditor no deve emitir parecer sem ressalva.Este procedimento tambm cabvel quando ocorrer incerteza em relao a fatos relevantes e quando houver demonstraes financeiras que no foram auditadas.

Modelo de Parecer Sem Ressalva:

PARECER DOS AUDITORES INDEPENDENTES

DESTINATRIO

(1) Examinamos os balanos patrimoniais da Empresa ABC, levantados em 31 de dezembro de 19X1 e de 19X0, e as respectivas demonstraes do resultado, das mutaes do patrimnio lquido e das origens e aplicaes de recursos correspondentes aos exerccios findos naquelas datas, elaborados sob a responsabilidade de sua administrao. Nossa responsabilidade a de expressar uma opinio sobre essas demonstraes contbeis.

(2) Nossos exames foram conduzidos de acordo com as normas de auditoria e compreenderam:(a) o planejamento dos trabalhos, considerando a relevncia dos saldos, o volume de transaes e o sistema contbil e de controles internos da entidade;(b) a constatao, com base em testes, das evidncias e dos registros que suportam os valores e as informaes contbeis divulgados; e(c) a avaliao das prticas e das estimativas contbeis mais representativas adotadas pela administrao da entidade, bem como da apresentao das demonstraes contbeis tomadas em conjunto.

(3) Em nossa opinio, as demonstraes contbeis acima referidas representam adequadamente, em todos os aspectos relevantes, a posio patrimonial e financeira da Empresa ABC em 31 de dezembro de 19X1 e de 19X0, o resultado de suas operaes, as mutaes de seu patrimnio lquido e as origens e aplicaes de seus recursos referentes aos exerccios findos naquelas datas, de acordo com as prticas contbeis adotadas no Brasil.

Local e dataAssinaturaNome do auditor-responsvel tcnicoContador N. de registro no CRCNome da empresa de auditoriaN. de registro cadastral no CRC

O auditor no deve emitir parecer sem ressalva quando existir qualquer das circunstncias seguintes, que, na sua opinio, tenham efeitos relevantes para as demonstraes contbeis:

a) discordncia com a administrao da entidade a respeito do contedo e/ou forma de apresentao das demonstraes contveis;b) limitaes na extenso do seu trabalho.

O parecer sem ressalva implica afirmao de que, em tendo havido alteraes em procedimentos contbeis, os efeitos delas foram adequadamente determinados e revelados nas demonstraes contbeis. Nesses casos, no requerida nenhuma referncia no parecer.

Enfim, o parecer sem ressalva emitido quando o auditor conclui, sobre todos os aspectos relevantes, que:

a) as demonstraes contbeis foram preparadas de acordo com os Princpios Fundamentais de Contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade; eb) h apropriada divulgao de todos os assuntos relevantes s demonstraes contbeis.

8. CONSIDERAES FINAISQuando o auditor emite seu parecer sobre demonstraes contbeis do ano corrente e do ano anterior, deve avaliar o impacto, sobre estas ltimas, de circunstncias e eventos de que eventualmente tome conhecimento ao examinar as demonstraes do exerccio atual. Dependendo da relevncia desse impacto, o auditor deve avaliar a necessidade de emitir parecer, sobre aquelas demonstraes contbeis, diferente do anteriormente emitido.Quando as demonstraes contbeis so divulgadas de forma comparativa com as do exerccio anterior e h mudana de auditores, surge a questo do tratamento dos pareceres relativos aos dois exerccios.A entidade auditada pode optar por publicar o parecer relativo ao atual exerccio e tambm o parecer dos que examinaram o exerccio anterior. Nesse caso, o auditor do exerccio corrente referir-se- em seu parecer somente s demonstraes contbeis do exerccio que examinou.Todavia, nada impede a divulgao somente do parecer relativo ao ltimo exerccio. Neste caso, o auditor deve mencionar nele que as demonstraes contbeis do exerccio anterior foram examinadas por outros auditores, referindo a data do parecer destes, expressando as eventuais ressalvas, seus efeitos e possveis reflexos no exerccio atual.Quando o auditor aceita o parecer de outros auditores, por no ter evidncias que indiquem restries aos seus trabalhos e concluses, deve destacar no seu parecer a diviso de responsabilidades.O auditor deve emitir parecer com ressalva ou absteno de opinio quando concluir, baseado nos procedimentos recomendados, que o trabalho dos outros auditores no pode ser utilizado e que no pode aplicar procedimentos adicionais suficientes com relao s demonstraes contbeis da controlada e/ou coligada ou ao item sobre o qual os outros auditores emitiram parecer.O Parecer de Auditoria o documento, pelo qual, o auditor utiliza para se comunicar com os usurios dos seus servios, onde ele destaca certos aspectos dos trabalhos desenvolvidos no decorrer de seus exames, bem como relata as suas concluses a respeito da entidade auditada, conforme observado no decorrer deste artigo.

9. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Auditoria: Um Curso Moderno e Completo. 5 ed. So Paulo: Atlas, 1996.

ARAJO, Francisco Jos de. Compreenso do parecer do auditor independente no Brasil. Revista Brasileira de Contabilidade do CFC. Braslia, Ano XXXII, n. 139, p. 71-81, mai/jun. 2003.

ATTIE, William. Auditoria: conceitos e aplicaes. 3 ed. So Paulo: Atlas, 1998.

CARDOZO. Jlio Srgio de Souza. Relatrios e Pareceres de Auditoria. So Paulo: Atlas, 1987.

SOUZA, Benedito Felipe de; PEREIRA, Ansio Candido. Auditoria Contbil: abordagem prtica e operacional. So Paulo: Atlas, 2004.

SANTOS, Edson Carlos dos. Pareceres de Auditoria. Trabalho (Mestrado). Centro Universitrio lvares Penteado da Fundao Escola de Comrcio lvares Penteado. So Paulo: UniFECAP, 2004.OLIVEIRA, Lus Martins de; DINIZ FILHO, Andr; GOMES, Marliete Bezerra Curso Bsico de Auditoria, So Paulo, Atlas, 2. edio, 2008.

PEREZ JUNIOR, Jose Hernandez; FERNANDES, Antonio Miguel, RANHA, Antonio, CARVALHO, Jos Carlos Oliveira Auditoria das Demonstraes Contbeis, So Paulo, FGV Editora, 1. edio, 2007.

10. ANEXOS