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1 Aprender para fazer & Fazer aprendendo PLANEJAMENTO, ORGANIZAÇÃO E EXECUÇÃO PLANEJAMENTO, ORGANIZAÇÃO E EXECUÇÃO PLANEJAMENTO, ORGANIZAÇÃO E EXECUÇÃO PLANEJAMENTO, ORGANIZAÇÃO E EXECUÇÃO DE CERIMONIAL DE EVENTOS DE CERIMONIAL DE EVENTOS DE CERIMONIAL DE EVENTOS DE CERIMONIAL DE EVENTOS Professor: Augusto Cesar

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Aprender para fazer &

Fazer aprendendo

PLANEJAMENTO, ORGANIZAÇÃO E EXECUÇÃO PLANEJAMENTO, ORGANIZAÇÃO E EXECUÇÃO PLANEJAMENTO, ORGANIZAÇÃO E EXECUÇÃO PLANEJAMENTO, ORGANIZAÇÃO E EXECUÇÃO DE CERIMONIAL DE EVENTOSDE CERIMONIAL DE EVENTOSDE CERIMONIAL DE EVENTOSDE CERIMONIAL DE EVENTOS

Professor: Augusto Cesar

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APRESENTAÇÃO

LANEJAMENTO, ORGANIZAÇÃO E EXECUÇÃO DE CERIMONIAL DE EVENTOS é o resultado de uma ampla

pesquisa bibliográfica de obras nacionais e estrangeiras aliada a muitos anos de experiência adquiridos

como Chefe do Cerimonial da Universidade Federal Rural da Amazônia, como Subchefe e Mestre de

Cerimônias do Cerimonial da Governadoria do Estado do Pará e como docente da Universidade do Estado do Pará

na disciplina de mesmo nome sem esquecer a atuação como cerimonialista (planejamento, organização e execução

de cerimonial em eventos) em eventos no meio público e privado.

Este trabalho deve ser visto como auxiliar no dia a dia de quem trabalha com eventos e também

para aquelas pessoas que necessitam conhecer algumas regras de cerimonial e etiqueta para melhorar seu

desempenho profissional. Não queremos ser o dono da verdade, mas que o conteúdo que ora apresentamos, sirva

de auxílio para a execução de um bom cerimonial. Leia, pesquise, pergunte e tire suas próprias conclusões.

Não se deve esquecer nunca que as regras de cerimonial procuram se adequar ao momento, a

época e ao lugar, com isto querendo dizer que o que é bom para uma cerimônia no Rio Grande do Sul, poderá não

ser em um Estado da Região Norte. Tenha bom senso, esta sim uma característica que deve estar presente em

todos aqueles que enveredam para a realização de eventos.

AGORA, TENHAM UMA BOA LEITURA.

Augusto Cesar

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3 PERFIL PROFISSIONAL DE AUGUSTO CESAR DE LIMA SANTOS

(91) 3279-4908 / 99828013 - [email protected] / [email protected]

QUALIFICAÇÕES

− Há 19 anos exerço atividades ligadas à cerimonial, protocolo e etiqueta em eventos

institucionais, sociais, empresariais e universitários.

− Trabalhei no planejamento, organização, coordenação e execução das solenidades de

transmissão de cargo dos governadores Almir Gabriel e Simão Jatene.

− Trabalhei nas gestões dos governadores Almir Gabriel e Simão Jatene, no planejamento,

organização, coordenação e execução das visitas dos presidentes Fernando Henrique Cardoso,

Luiz Inácio Lula da Silva e do Primeiro-Ministro de Portugal a época Mário Soares à quando

de suas visitas protocolares ao Estado do Pará, de Embaixadores estrangeiros, de Ministros de

Estado, de Chefes de Estado e de Governo além da visita de presidentes de instituições

nacionais e estrangeiras como BIRD, BID, Banco Mundial.

− Trabalhei no planejamento, organização, coordenação e execução das solenidades de outorga da Medalha da “Ordem do

Mérito Grão Pará”, na gestão do governador Almir Gabriel.

− Treinei e implantei o cerimonial das prefeituras municipais de Canaã dos Carajás e Santarém, além de treinar e reciclar

a equipe do cerimonial da Prefeitura Municipal de Belém. O mesmo trabalho foi feito no cerimonial da SESPA e da

SEDUC nas gestões dos governadores Almir Gabriel e Simão Jatene.

− Ministrei cursos sobre Etiqueta Empresarial, Atendimento ao Cliente, Planejamento e Organização de Cerimonial em

Eventos e Cerimonial Universitário nas principais instituições da capital paraense tais como UFPA, UEPA, UFRA,

ESMAC, Tribunal de Contas dos Municípios, Governadoria do Estado do Pará, Casa Militar da Governadoria,

Secretaria de Administração do Estado, Secretaria de Saúde do Estado, Secretaria de Educação, Escola de Governo do

Pará, Justiça Federal no Pará, Associação dos Municípios Araguaia-Tocantins, Companhia Vale do Rio Doce,

Supermercados Formosa.

− Presto (ei) consultoria em Cerimonial e Eventos, Etiqueta Empresarial e Atendimento a Clientes para as instituições

UFPA, UEPA, UNAMA, CESUPA, IESAM, ESAMAZ, ESMAC, Faculdade de Castanhal, Embrapa Amazônia

Oriental, Prefeitura de Marituba, Justiça Federal no Pará, Tribunal de Contas do Estado do Pará, Tribunal de Contas dos

Municípios, Câmara Municipal de Belém, Câmara Municipal de Ananindeua, Faculdade do Pará, Valeverde Feiras &

Eventos, Associação Brasileira de Odontologia – Seção do Pará, Gazeta Mercantil, Empresas de Eventos sediadas na

capital.

− Participei no planejamento, organização, coordenação e execução da inauguração dos principais logradouros da cidade e

do seu entorno como as pontes que compõem a Alça Viária iniciando pela “Fernando Henrique Cardoso” e inauguração

da 13ª turbina da Usina de Tucurui (as duas com a presença do presidente Fernando Henrique Cardoso), Inauguração da

Orla do Maçarico (Salinas), Instituto de Segurança Pública do Estado (IESP) em Marituba, Obras da Macro-drenagem

da Bacia do Uma, Estádio Olímpico do Pará (Mangueirão), Estação das Docas, Parque da Residência, Instituto de

Gemas São José Liberto, Terminal de Passageiros do Aeroporto Internacional de Belém, Complexo Feliz Luzitânia

(Igreja de Santo Alexandre, Forte do Castelo e Casa das Onze Janelas), enquanto Chefe, Subchefe e Mestre de

Cerimônias do Cerimonial da Governadoria do Estado nas gestões dos governadores Almir Gabriel e Simão Jatene.

EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL − Exerço a função de Chefe do Cerimonial da Universidade Federal Rural da Amazônia e da Universidade do Estado do

Pará.

− Sou professor da disciplina Etiqueta Empresarial e Planejamento, Organização e Execução de Cerimonial de Eventos

para o curso de Secretariado Executivo Trilíngue da Universidade do Estado do Pará.

− Sou professor da disciplina Etiqueta Empresarial e Planejamento, Organização e Execução de Cerimonial de Eventos

para o curso de Turismo da ESAMAZ.

− Sou sócio da empresa Tribuna Assessoria em Eventos.

− Exerci a função de Chefe (no exercício), Subchefe e Mestre de Cerimônias da Governadoria do Estado do Pará, nas

gestões dos governadores Almir Gabriel e Simão Jatene.

− Exerci a chefia dos escritórios da SUDHEVEA (Superintendência do Desenvolvimento da Borracha) em Ituberá (BA),

Maratayses e Vitória (ES).

FORMAÇÃO ACADÊMICA − Engenheiro Agrônomo, graduado pela Universidade Federal Rural da Amazônia.

− Pós-Graduação em Heveicultura pela Universidade Federal Rural da Amazônia.

− Concluinte do curso de MBA em Cerimonial, Protocolo, Etiqueta em Eventos Institucionais pelo Instituto de Estudos

Superiores da Amazônia - IESAM.

OUTRAS INFORMAÇÕES RELEVANTES − Faço parte do membro do Comitê Nacional do Cerimonial Público e membro fundador do Fórum Nacional Permanente

de Mestres de Cerimônias.

− Sou orientador de Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) na Universidade do Estado do Pará.

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UMA PRIMEIRA PALAVRA

om o objetivo de facilitar o convívio entre as pessoas em determinadas ocasiões e criar uma atmosfera agradável, o Cerimonial se estabeleceu em nossa sociedade como conseqüência natural da própria evolução humana. É nesta seara que o cerimonialista planta sua semente no trabalho diário de organizar, planejar,

assessorar, executar solenidades, cerimônias, visitas, eventos.

É uma atividade gratificante, sem dúvida, mas que requer, principalmente, bom senso, planejamento, organização, vivacidade. Trabalha-se muito, sem feriados ou finais de semana, com horários rígidos para o início das atividades e sem a menor possibilidade de garantir quando serão encerrados os serviços.

Vocação. Não se pode esquecer esta palavra quando se exerce esta profissão. Sacerdócio – dirão outros. Com as duas, têm-se um grande profissional, com certeza. Não se pode esquecer isso nas tarefas do dia-a-dia, mesmo quando o tablado para ser montado chegar depois da entrada da autoridade principal do evento. Nestes momentos, o cerimonialista que exerce a profissão por vocação e faz do seu ofício um sacerdócio, terá jogo de cintura suficiente para resolver com maestria o problema.

Aliás, administrar problemas e vaidades é um dos ossos do ofício. Outro: acostumar-se com a antiga prática de se colocar a culpa no cerimonial em tudo que dá errado.

O cerimonialista deve ter sempre na sua agenda palavras como sensibilidade, honra, nobreza e dignidade, criatividade, elegância de caráter, cortesia, hospitalidade, postura interior, temperança, humildade, simplicidade, bom gosto.

Ser cerimonialista requer doses diárias de preocupação com os detalhes. Cerimonial é a arte de descobrir a beleza que vem de dentro. Das coisas e das pessoas.

A profissão de cerimonialista é vista como uma profissão que tem glamour, porém inclui o conhecimento e aplicação de tantos detalhes que a tornam exaustiva. Exige raciocínio rápido e uma formação cultural sólida, com conhecimento e aplicação de outros idiomas e, principalmente, percepção para estabelecer respeito e criar um entendimento de consenso essencial.

O Chefe do Cerimonial por sua vez, precisa ter habilidades gerenciais de um EMPRESÁRIO, o charme e a energia de um VENDEDOR e a sensibilidade e a sabedoria de um DIPLOMATA.

A IMPORTÂNCIA DO CERIMONIAL E DO CERIMONIALISTA

vida é feita de pequenos grandes detalhes. São esses preciosismos que fazem a diferença e marca, de forma indelével, a personalidade das pessoas e/ou contribuem na construção de imagens públicas, por um lado; por outro, distinguem posturas sociais e políticas de personagens e organizações em suas relações

representativas, sejam elas agências governamentais ou corporações privadas. Daí a necessidade de atentar para uma perfeita elaboração de rituais de cerimoniais logísticos numa sociedade onde a imagem pública constitui um fator preponderante de prestígio, credibilidade e liderança. E o cerimonialista como não poderia deixar de ser é o profissional responsável por planejar soluções e executar ações voltadas ao encontro de aspirações políticas que contribuam na consolidação de cenários institucionais favoráveis, que permeiem intercâmbios variados ou fortaleçam processos interativos. Nesse sentido, o cerimonial passa a ser um elemento estratégico a serviço da construção e consolidação de imagens públicas, apoiadas na credibilidade e aceitação social das ações e realizações desenvolvidas.

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5 Num mundo em que o tempo real reflete, cada vez mais, o fator diferencial da organização que pensa no

futuro e age no presente, o ritual do cerimonial constitui, portanto, um elemento singular do cotidiano institucional, funcionando como aspecto de excelência no funcionamento dessas estruturas. Nesse sentido, a informação privilegia um novo padrão de como as organizações devem funcionar nas economias globais, ao aproximar culturas distintas, que muitas vezes encontram-se alicerçadas em rituais religiosos rígidos, mas que transacionam entre si. O cerimonial não só contribui para ordenar precedências entre autoridades nas suas relações de importância em solenidades oficiais, como serve para regular intercâmbio entre diferentes agências governamentais e organizações privadas. O cerimonial funciona ainda como instrumento de regulação para estabelecer as posturas e condutas mais adequadas nas relações comerciais entre delegações de países estrangeiros, na promoção de programas culturais e na realização de competições esportivas regionais, nacionais e internacionais. O cerimonial também se encontra presente no cotidiano de nossas vidas impondo rituais nas relações em família, trabalho, particulares e sociais, por exemplo.

Na atualidade, portanto, o cerimonial assume um papel de extrema relevância ao traduzir glamour e agregar distinção, prestígio e poder às nossas relações com agentes de governo e com os segmentos organizados da sociedade. A partir da precedência se informa a todos que naquele acontecimento encontram-se autoridades e personalidades mais importantes e que são distinguidas através da hierarquia do rito do cerimonial. Há também a disposição pública de diferentes símbolos nacionais e corporativos que exibidos obrigatoriamente a partir de uma ordem de precedência, seja normativa, histórica ou isonômica.

Outros cuidados importantes no planejamento de uma solenidade residem na disposição de uma mesa de honra ou na organização de uma sessão de trabalho em um congresso, seminário ou grupo de trabalho interno. Como se exibir retratos numa galeria de honra de dirigentes, quem falar primeiro quem discursar por último, como se dispor assinaturas por sua precedência em documentos de protocolos de intenções ou ainda como apresentar talheres, louças e cristais a uma mesa. Apresentar-se bem em público, com distinção e discrição, faz parte de um extenso cardápio de procedimentos, que demonstra educação esmerada, bom nível cultural e amplo domínio de regras de etiqueta. Assim, pessoas e organizações, que buscam transmitir sempre uma imagem pública singular, devem apoiar-se na orientação de profissionais especialistas em cerimoniais apropriados, que dominem informações técnicas corretas sobre a adoção de procedimentos em diferentes circunstâncias. O cenário do cerimonialismo é rico em circunstâncias e detalhes, que fazem de um acontecimento ser sucesso ou desastre. Em cerimonial não se improvisa, quando muito é permitida uma nova interpretação para aquele ato, tomando-se sempre o aspecto técnico como bom e fiel conselheiro.

Outro aspecto a ser considerado no espaço de ação do cerimonial é que essa atividade vem se expandindo largamente, se considerarmos que o mundo do tempo real impõe novas formas de se relacionar, por um lado; enquanto, por outro, expõe imagens e conceitos públicos diante de cenários competitivos permanentes, onde somente os que melhor se apresentarem terão a oportunidade de conquistar parcelas interessantes de um certo mercado ou consolidar uma posição de empatia junto a um grupo de interesse.

Não devemos esquecer também que o cerimonial é uma forma objetiva de comunicação dirigida, onde a intenção constitui um elemento-chave na elaboração de estratégias ajustadas aos objetivos institucionais e corporativos das agências governamentais e/ou organizações privadas. A essa reflexão acrescentamos o significado estratégico que o cerimonial oferece com seu cardápio de soluções àqueles personagens que desejam obter prestígio, espaço e poder em relação com a sociedade, quer seja no campo político-partidário, no político-profissional, o reconhecimento social ou mesmo atender a um caráter de sua vaidade pessoal.

O êxito de um evento depende, em grande parte, de sensibilidade e do sentido de profissionalismo como é conduzido em todas as suas etapas. Necessariamente todas! Não se concebe, portanto, amadorismos, empirismos,

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6 improvisações e as sistematizações ao longo das etapas de concepção, implementação e realização do evento. Um planejamento criterioso e objetivo de um acontecimento, portanto, pode significar reverter uma tendência desfavorável e incômoda à credibilidade pessoal ou institucional, agregando-lhe valor e prestígio responsivo às suas atitudes públicas ou particulares.

O cerimonial envolve não só o relacionado com nossas aspirações mais amplas, mas também o nosso cotidiano mais íntimo. Aquele do dia-a-dia que tem início quando acordamos, levantamos, fazemos as higienizações pessoais, tomamos o desjejum, executamos as primeiras decisões no lar, saímos para o trabalho, desenvolvemos nossas atividades profissionais, almoçamos só ou acompanhado, prosseguimos em nossos compromissos de trabalho ou os sociais, assim por diante. Concretamente, não se pode exercer a cidadania em sua plenitude, se não temos todo um cuidado com os atos que praticamos rotineiramente.

Somos, rigorosamente, fruto de vários momentos em que nos vimos obrigados a incorporar rituais de cerimoniais ao caráter de nossas pessoalidades, ou ainda por conveniências circunstanciais. A Bíblia contém uma passagem que diz: “Diga-me com quem andas que direi que és”. E o cerimonial apresenta essa propriedade: dizer publicamente qual é seu caráter, qual o seu nível cultural, como você age em seus diferentes momentos. O cerimonial está cada vez mais permeando nossas vidas, nossas formas de agir, de decidir, sob a vigilância de uma sociedade atenta e fiscalizadora.

Dentro dessa ótica de raciocínio, enfatizamos nossa posição sobre a importância da presença do cerimonial em nossas relações particulares e naquelas praticadas nas extensões da convivência social harmônicas. Em todos os momentos de nossas vidas há sempre um rito a ser cumprido e quando ele não é observado, certamente cometemos equívocos ou infringimos regras sociais instituídas.

Incorporamos a essa visão a necessidade de se observar o processo de evolução da cultura, tanto no tempo histórico, como na sua dinâmica de mudanças e incorporação de valores sociais, tenham eles raízes antropológicas, econômicas, políticas ou religiosas. Pois, são os bons costumes uma fonte valiosa de valores que o tempo poderá determinar como elemento de incorporação ao rito social, um padrão de comportamento cultural de uma sociedade. Acrescenta-se ainda que o rito do cerimonial evolui a partir da incorporação das regras de etiqueta a um procedimento de conduta social. As regras de etiqueta, portanto, constituem a base para estudo e formatação do rito do cerimonial. São essas regras de etiqueta que, num primeiro momento, abastecem com informações culturais as interpretações que irão ser aplicadas como base metodológica para se estabelecer o conjunto de cerimônias que usa numa corte ou numa estrutura institucional de governo. Esses elementos culturais constituem-se, assim, nas formas cerimoniosas de trato entre particulares em suas diferentes maneiras de se relacionarem durante as solenidades públicas, acontecimentos sociais ou encontros privados.

A etiqueta fornece a base do argumento técnico-político para a interpretação e aplicação do rito do cerimonial. Ela compreende dados como regras, normas, estilos e uma boa base de bom senso e lógica na formatação das posturas cerimoniais. No Brasil, as normas do cerimonial público e a ordem geral de precedência estão definidas pelo Decreto Presidencial 70.274, de 09.03.72, que regula todas as presenças de autoridades federais em solenidades públicas ou particulares. A partir dessa norma federal todas as demais manifestações solenes realizadas em território brasileiro devem observar as interpretações nela contida e promover seus ajustes, bem como executar pelo princípio da isonomia suas próprias regras normalizadoras. Isto é válido tanto para agentes de Poderes distintos ou níveis estruturais de governos federal, estadual e municipal -, como em aplicações em outras esferas privadas, aonde se venha a estabelecer um formato próprio de cerimonial público.

Dúvidas que possam suscitar interpretações diferenciadas cabe, como determina esta lei, ao cerimonialista a decisão de se aplicar um dado procedimento. Isso quer dizer que em cerimonial não existem improvisações. O

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7 cerimonialista tem sempre a solução técnica, política e profissional que a solenidade requer. Ser profissional dessa atividade impõe, obrigatoriamente, o domínio de informações técnicas precisas, bom senso, sensibilidade política, nível cultural abrangente e segurança na condução da solenidade.

O ritual do cerimonialismo constitui um elemento fundamental para se entender uma cultura. O formato do cerimonial estabelece uma série de procedimentos que permite estudar ou interpretar procedimentos sobre posturas praticadas numa sociedade. Concretamente, podemos afirmar que o cerimonial revela a intimidade de um povo. Ele é o retrato dessa sociedade. Não importa o grau de simplicidade ou de complexidade existente. Se essa comunidade, tenha ou não uma fundamentação religiosa.

Nenhum grupo social organizado sobrevive sem estar alicerçado num rito de cerimonial. Esta assertiva é válida para todas as organizações sociais, quer sejam estudadas num tempo histórico distante, quer o tempo estejam no presente, ou ainda esse tempo funcione num futuro qualquer. O culto ao cerimonial está sim permanentemente vivo nas organizações sociais, como fundamentação de sua própria existência.

Através das normas instituídas no cerimonial processa-se uma ordem de precedência pela qual se percebe quem é mais importante nessa sociedade. Quem manda em quem e quem obedece a quem. Também os valores antropológicos, econômicos, políticos e religiosos estão presentes no ordenamento desses princípios normalizadores dos ritos.

No caso brasileiro, o Presidente da República é a pessoa mais importante que há. Nenhuma solenidade, à qual o Presidente confirme presença, tem início sem que chegue ao local dessa ocorrência e sem que tome o lugar que lhe é reservado protocolarmente. Ele sempre preside os atos a que comparece. Também nenhuma autoridade se faz representar, quando da presença do Presidente da República a um acontecimento. Salvo em casos especiais, disciplinados em regulamentos específicos. A partir dessa norma, todos os cerimoniais são ordenados, tomando por valor de aplicação o princípio de isonomia. Esse critério aplica-se aos Poderes da República e às instâncias de Governo - federal, estadual e municipal. Nada acontece, portanto, de uma forma aleatória. E sim com base numa fundamentação técnica e criteriosa, onde cada momento, cada decisão ou postura tenha uma sustentação de valor agregado.

A organização dos cerimoniais públicos nas organizações privadas é normalizada tomando-se por argumento o que o decreto federal 70.274, que disciplina as normas do cerimonial público e ordem geral de precedência, estabelece na sua seqüência interpretativa. Contudo, o Comitê Nacional do Cerimonial Público - CNCP inicia um debate para se promover alguns ajustes no texto normativo. Um dos questionamentos à norma instituída prende-se ao fato que a sociedade civil constitui a base da organização social, além da introdução de situações protocolares não existentes à época da aprovação do decreto. O que equivale intuir que o cerimonial é uma atividade dinâmica, porém fundamentado em valores e tradições.

O cerimonial naturalmente agrega valor a um ato solene, além de traduzir glamour. A leitura social desses aspectos atribui uma maior ou menor importância ao acontecimento. Por exemplo, quem prestigiou ou deixou de marcar presença nesse fato. Aparentemente, um aspecto circunstancial, porém de grande relevância, quer pela leitura da expressividade, seletividade dos convidados ou mesmo massivo. Um casamento pode ser marcante na vida de um casal ou um simples registro no tempo. Um show marca indelevelmente a imagem de um artista ou, quando vaiado, incorpora uma mancha difícil de apagar no seu currículo de apresentação. Um político que não atrai público em suas apresentações tem vida pública curta ou nunca terá chances em pleitos majoritários. Ninguém consegue se destacar como liderança empresarial, sem que alicerce um discurso consistente e posturas socialmente desejadas. Os cuidados com o cerimonial contribuem ainda com argumentos sólidos na formulação de imagens públicas positivas e na construção de conceitos sociais desejados.

A credibilidade é, necessariamente, um elemento imprescindível na obtenção de respeito e de reconhecimento. O desejo de se destacar, tanto pode ser um valor de vaidade pessoal, como fazer parte de uma ampla e elaborada estratégia de comunicação e marketing. Daí a importância que vem assumindo o estudo do marketing de relacionamento, uma abordagem de relações públicas no esforço de conciliar interesses, interagir

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8 emoções, aproximarem pessoas e/ou organizações, como contribuir na eliminação de obstáculos, tornando as relações mais iguais.

Portanto, o cerimonial é um instrumento singular muito valioso para relegá-lo a um plano secundário na estratégia comunicacional das estruturas das agências de governo e das organizações privadas ou ainda no projeto de afirmação de imagens públicas pessoais. A solenidade é um fato jornalístico por excelência, se bem explorado. Você e sua instituição podem ser notícia de destaque, caso adicione ao fato bons temperos, excelentes molhos e aromas irresistíveis. O alimento com sabor inigualável e sempre mais intensamente consumido. Os chefs reconhecidos em sua capacidade criadora e os restaurantes renomados circulam com naturalidade pelo noticiário. E o noticiário jornalístico agrega notoriedade, prestígio e credibilidade.

Num mundo de velocidades e alta competitividade nunca se despreze a oportunidade de ser notícia de destaque no veículo de prestígio. Desde que não venha sê-lo por um ângulo de abordagem pejorativo. Quem se torna notícia constitui-se numa fonte e/ou referência sobre aquilo que está sendo tratado. Por essa circunstância, adquire-se confiança nesse conteúdo de discurso. Nossa ênfase sobre a importância que o cerimonial assume nos diferentes momentos da vida social, apóia-se na sua presença obrigatória, por um instrumento estratégico de comunicação que permeia todas formas de relações na sociedade, atribuindo-lhes visibilidade e transparência nas ações. Por que as corporações modernas preocupam-se em incorporar ao seu universo organizacional Códigos de Conduta Ética? Por que essas mesmas estruturas se vêem brigadas a revelar seus comprometimentos com ações que interferem com o equilíbrio no meio ambiente? Por que dispensar atenção especial ao cliente? Retornamos, então, à questão do marketing de relacionamento e a necessidade de práticas responsivas nas posturas públicas e nas atitudes sociais. Planejar e programar eventos, portanto, contribuem nesse esforço geral, para consolidar posições e conquistar espaços num mundo em permanente transformação.

As pessoas gostam e curtem tudo aquilo que é glamoroso, que se apresenta com certo toque de sutileza no agir. Acrescentamos certa dose de elegância nas formalidades de formatos dos rituais. A composição desses momentos funciona como imagens sociais a serem seguidas, copiadas. Mostram retratos de tendências num tempo qualquer dessa própria sociedade. Até mesmo como oferta de novos ícones. Ícones esses que molda o perfil da sociedade num dado tempo histórico.

Voltemos ao cerimonial que funciona também como instrumento de registro de formalidades. Uma instituição cultua suas tradições através de relatos e registros de suas rotinas. Assim, uma instituição pode ser mais rica em valores do que outra que foi capaz anotar e guardar passagens com certo significado, para serem relatadas num futuro. O mesmo se diz que uma nação é pobre de valores institucionais e culturais, quando seus dirigentes e cidadãos não tiveram a percepção de história. E destruíram momentos do seu passado. São nações que têm poucos relatos a fazer para seus filhos, já que boa parte da sua vida foi destruída. De onde vem o orgulho nacional, se não do culto aos valores e tradições?

O brasileiro ao escolher torcer por um clube esportivo cultua e orgulha-se das conquistas que essa agremiação fez ao longo dos tempos. Uma organização empresarial é admirada por um conjunto de empreendimentos e realizações promovidas ao longo de sua trajetória de existência. Temos aqui dois cenários distintos, porém ambos encontram-se fundamentados no orgulho a uma identidade. Funcionam como ícones de seus aficionados e devotos. Assim, o reconhecimento público e o crédito de confiança funcionam como o argumento de aceitação social e de prestígio institucional desses valores adquiridos. Todo esse patrimônio, conquistado ao longo do tempo, é transmitido através de relatos feitos ao longo dos tempos. Sem a adoção de medidas eficazes preservativas desse patrimônio, está-se destruindo a história institucional e a cultura da entidade.

E o rito do cerimonial atua estrategicamente para institucionalizar feitos e realizações no âmbito das organizações, agregando-lhes valores culturais e prestígios políticos. Num mundo de competições acirradas e busca de melhores soluções de oportunidades não se pode relegar a um plano secundário um instrumento tão poderoso de propagação e projeção da imagem pública positiva da organização. O cerimonial é, portanto, um instrumento

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9 estratégico poderosíssimo de comunicação institucional a serviço de soluções objetivas do marketing corporativo. As agências governamentais e as organizações corporativas que abdicarem desse apoio certamente terão que investir recursos financeiros mais substanciais com resultados nem sempre os mais expressivos.

Outra abordagem a ser particularmente considerada no cerimonial é a arte no receber. Ser, antes de qualquer coisa, um singular anfitrião. Esse aspecto incorpora ao perfil pessoal reconhecimento e destaque a quem recebe com finesse e glamour. Incorporar agentes e executivos com esse perfil agrega prestígio à entidade a que esteja vinculado. Podemos ainda ressaltar que posturas dessa natureza conferem a seus detentores uma carteira de relações importantes que lhe permite abrir portas e iniciar conversações com vistas a encaminhamento de soluções e superação de impasses, através de negociações saudáveis às organizações.

Como proceder a ordem de precedência nas organizações privadas? É possível a estrutura privada adotar normas de cerimonial próprias? Claro que sim. E deve adotá-las, para mostrar publicamente suas posturas rituais. No caso das organizações privadas, não há um procedimento rígido a ser cumprido. Entretanto, os critérios adotados no cerimonial público são o caminho natural para a implantação de normas organizacionais. Por exemplo, o presidente do Conselho de Administração e seus membros têm precedência sobre a diretoria executiva dessa empresa.

UM POUCO DE HISTÓRIA E TIPIFICAÇÃO DO CERIMONIAL

origem do cerimonial remonta à época em que o homem passa a viver comunitariamente, constituindo o que chamamos de grupo social ou sociedade (Período Neolítico/ Pedra Polida entre 10.000 e 3600 a.C.). Já nesses grupos, se verifica uma hierarquia e pré-requisitos próprios de cada posição ocupada pelos indivíduos.

Encontramos, assim, regras de comportamento humano, leis, estatutos, cânones, diretrizes de vida devidamente formalizadas. É o período em que surgem os primeiros sistemas de vida comunitária.

Na Antigüidade Oriental ou Idade Antiga, quando os homens adotam os agrupamentos por povos, nações, raças e línguas, desenvolvem-se a prática das cerimônias.

Das civilizações orientais, ou mais propriamente do Egito Antigo, nos vem os primeiros rituais com características de cerimonial. Ali o poder concentrava-se nas mãos do Faraó, que dirigia o país como um verdadeiro deus. As cerimônias incluíam tanto a vida do governante quanto a da Corte, indo até as honras póstumas. O cerimonial civil se confundia com o cerimonial religioso, ambos rigorosos em todos os detalhes. Até o próprio banho matinal do Faraó, com “água sagrada”, simbolizava um novo nascimento diário e era realizado por dois sacerdotes com máscaras de deuses. O cerimonial se seguia com a ida do Faraó ao Templo, já simbolicamente investido com os poderes dessas duas divindades, para romper o lacre de argila da porta do Templo de RA, representando a abertura do céu. Os representantes do Faraó, caracterizados como diplomatas, tinham prerrogativas, privilégios e imunidades.

Na China, século VII a.C. encontramos o “Livro de Etiqueta e Cerimonial” (I–LI), “O Cerimonial da Dinastia Chou” (Chou Li) e “Notas sobre Cerimonial” (Li–Chi), que retratam as principais cerimônias da sociedade chinesa. O “Hi-Chi” continha ensinamentos de Confúcio e comentários sobre cerimonial de três dinastias: a dinastia Hsia, que valorizava a lealdade, a dinastia Yin, que valorizava a realidade e a dinastia Chou, que valorizava o ornamento.

O primeiro desses livros, o I–Li, foi traduzido para o inglês e publicado em Londres em 1917. Esse trabalho detalha e valorizam ações e gestos, criando sensibilidade em tudo que se relaciona à honra, nobreza e dignidade, princípios da cultura chinesa há mais de 3000 anos. Não eram simples regras vazias, pois continham um profundo sentido ético. Embora estivessem descritos em detalhes nesse livro os torneios de arqueiros, os valores maiores

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10para os chineses eram o autocontrole, a perfeição dos movimentos e o conhecimento das regras do cerimonial da competição, em vez da própria competição.

Sem dúvida, os chineses foram os grandes mestres do cerimonial e enalteceram o respeito mútuo. Tinham grande consideração e respeito pela hierarquia, ao ritual e a vestimenta. Eles observavam um rigoroso cerimonial em vários aspectos da vida como: casamento, maioridade do jovem aos 20 anos (o qual recebia o Chapéu), maioridade da jovem aos 15 anos (a qual era penteada adequadamente), banquetes.

Consideravam que a expressão do sentimento, controlada pelo protocolo, disciplinava as paixões, e sua falta poderia liberar a arrogância e a crueldade, comprometendo o convívio. Deveria assim, haver ordem, oriunda dos costumes e não das leis. A hierarquia era modelo de comportamento e a cortesia formava a sabedoria que, por sua vez, conduzia ao poder. A desordem era considerada como conseqüência da desobediência das regras do cerimonial. Dessa forma, tudo deveria ser realizado com normas pré-estabelecidas e rígidas.

Na Antiguidade Ocidental, Grécia e Roma Antiga, o cerimonial estava intimamente ligado às crenças da época. O funeral, o repasto e o casamento possuíam regras básicas de cerimonial.

Para o funeral, na firme crença de que o homem continuava vivendo mesmo sepultado, enterravam-se com ele objetos necessários à continuidade da vida: deixava-se alimento e derramavam-se vinho sobre o túmulo. Mas não bastava sepultar o corpo. Era necessário seguir ritos tradicionais e pronunciar fórmulas determinadas.

O repasto era o ato religioso presidido por um determinado deus. Era iniciado e finalizado por orações. Antes de comer e beber espalhava-se alimentos e bebidas no altar. Desse modo, a refeição era compartilhada pelo homem e pelo deus que presidia o ato.

A união conjugal tinha também imenso valor e nela intervinha a religião. A cerimônia, composta de ritos de grande significação, era presidida por um deus doméstico, embora também fossem invocados os deuses do Olimpo.

Na Idade Média, o cerimonial foi acrescido de grande ostentação e teve destaque nas Cortes feudais, não só na Itália, como na Áustria, Espanha e França, especialmente nos combates entre cavalheiros.

As regras a serem seguidas pelos reis e suas Cortes, desde o seu despertar, foram compiladas pela Corte austríaca com grande refinamento e seguidas por outras Cortes européias, especialmente nas monarquias dos séculos XV e XVII.

Na época dos reis de nome Luiz, na França, a etiqueta foi ainda mais apurada a partir do cerimonial de vestir do rei e da rainha. Nesse período, as luvas foram objeto de rigorosas normas, alteradas com o decorrer dos tempos, mas algumas conservadas até hoje.

Nos império chinês e otomano do século XV, ocorriam freqüentes atritos, pois estes povos consideravam os Estados europeus inferiores e seus representantes como vassalos ou devedores de tributos. Ao se defrontarem com o imperador, eles teriam de se prostrar para prestar-lhe submissão. Nos Palácios da Turquia, era grande o rigor do cerimonial, inclusive no harém do Sultão, com as mulheres divididas em categorias e dirigidas pela mãe do Sultão.

É interessante lembrar ainda que, em certas cerimônias antigas realizadas em países do continente asiático, foi adotada a postura (por ocasião

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11da visita de uma tribo a outra), de os embaixadores mostrarem as mãos, girando-as para que o anfitrião observasse as palmas e os dorsos. Essa atitude obrigatória significava a demonstração de que o visitante chegava desarmado e vinha em missão de paz. O anfitrião também mostrava as mãos e os braços para provar que não tinha armas. Desse gesto originou-se o “aperto de mãos”, comportamento social de grande importância em todas as reuniões nos dias atuais.

Não devem ser desprezadas, ainda, as contribuições advindas do Cerimonial da Santa Sé (Igreja Católica), no qual a apresentação de credenciais dadas pelos embaixadores no Vaticano se iniciava com uma visita, recebida no local de sua hospedagem, de um Camareiro Secreto e outro Honorário, ambos de capa e espada, seguindo daí, outros atos de grande pompa.

Com as alterações introduzidas por João XXIII, os camareiros de capa e espada foram substituídos por “Gentilhomens” de Sua Santidade e vários outros rituais foram alterados ou suprimidos, tendo seus passos sido adequados à atualidade. Mesmo assim, o Cerimonial da Santa Sé ainda é considerado bastante rigoroso.

Conforme destaca o Professor Marcílio Reinaux, a Bíblia insere, em alguns de seus livros, aspectos que indicam o uso rigoroso do cerimonial em diferentes ocasiões. Da mesma forma, podemos encontrar na premissa de Cristo: “A quem honra, honra”, as normas relativas à ordem de precedência.

A afirmativa “Daí a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”, mesmo tratando de tributos, nos alerta para o lugar de honra que deveria ser dado a César na Terra, que no mundo romano tinha a maior precedência.

Das grandes festividades medievais às recepções palacianas requintadas do período absolutista e da monarquia representativa, o cerimonial se desenvolveu e se aperfeiçoou e chegou ao Brasil, inicialmente através da Coroa Portuguesa (até o período da Independência), e posteriormente através da Inglaterra e da França.

HISTÓRIA DO CERIMONIAL NO BRASIL

Cerimonial se define através de um percurso histórico desde seu aparecimento, há 40.000 anos até os dias de hoje. O Cerimonial surge e se faz presente em todas as manifestações de arte e literatura da história.

No Brasil, o cerimonial público se processou em três etapas. Na época colonial, as condições privilegiadas em que se instaurou o ciclo do açúcar em Pernambuco, região de maior produção agrícola e industrial do mundo, permitindo que as normas do cerimonial se sobrepusessem às leis e aos tribunais.

No segundo período, o do império, vigorou o protocolo francês como em todas as cortes européias, com as influências austro-alemãs que trouxeram as duas esposas de Dom Pedro I, dona Leopoldina de Beauharnais de Lorraine e dona Amélia de Leuchtenberg.

Nas cortes européias, o francês era a língua usual e também na sociedade carioca, falado inclusive nas lojas mais elegantes, nos teatros, nas confeitarias e nos lares cariocas da alta sociedade, principalmente na hora do chá, erigindo-se em traços de distinção e refinamento cultural.

A terceira etapa da história de nosso cerimonial marca a ruptura violenta entre o Império e a República. A Corte era centro do cerimonial de estado, imperial e cortesão; a Marinha era o padrão do cerimonial militar, aristocrático e de raízes britânicas; a igreja católica, o centro do cerimonial religioso.

A República aboliu a Corte e entrou em conflito com a Marinha que culminou no massacre da Escola Naval e na sublevação da Armada. Os Presidentes militares e civis tinham origem numa burguesia provinciana e poucos sabiam de cerimonial. A única instituição que herdara o cerimonial Imperial era o Ministério das Relações Exteriores ou Negócios Estrangeiros e, a partir daí, por décadas e décadas, o Itamaraty exerceu o monopólio do

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12cerimonial diplomático e palaciano. Desde então, as várias personalidades diplomáticas oriundas da monarquia introduziam regras e precedentes britânicos.

No retrospecto histórico do cerimonial, é notória a distância entre o alto poder supremo representada pelos sacerdotes, juízes e reis em relação ao público que não tem acesso a esse território de poder. E é por isso que muitas pessoas julgam que o cerimonial é um fenômeno de alta sociedade, de grupos fechados, de privilégio de origem fidalga. Ainda hoje, isso é muito bem representado pela sociedade aristocrática carioca em relação à nova sociedade emergente, considerada “sem berço”.

A atual sociedade é produto de toda essa evolução histórica, muito bem explicada pelo Embaixador Augusto Estelita Lins. Hoje, o cerimonial, principalmente o cerimonial social, enfoque do presente trabalho, atende a todas as classes sociais, sendo necessária a, sua, presença no planejamento, organização e execução de qualquer tipo de evento, no de nível simples, elegante, requintado e de gala.

EVENTO – UM INSTRUMENTO DE RELACIONAMENTO NA ANTIGUIDADE E NA IDADE MÉDIA

ntes mesmo que se falasse em eventos, o homem percebeu que tinha algumas possibilidades que poderiam ser utilizadas em benefício próprio – a convivência com seus pares e parceiros, o diálogo e a capacidade de deslocamento pelos mais diversos motivos. Era a origem dos eventos.

Considerando o evento em seu conceito atual, podemos registrar como primeiro evento os Jogos Olímpicos da Era Antiga, realizados em 776 a.C., em Olímpia. Era um evento com caráter religioso, realizado de quatro em quatro anos, com força para suspender até os combates bélicos que aconteciam na época. O sucesso dos encontros foi tão grande que outras cidades gregas, como Corinto, começaram a utilizar o mesmo esquema, visando oferecer atrações a seus habitantes.

Os Jogos Olímpicos tiveram sucesso durante mil anos; foram suspensos ao final do século XVIII e retornaram em 1896, sendo Atenas a sede da primeira versão da Era Moderna. As Olimpíadas atualmente representam uma fonte de recursos para o país promotor, incrementando o turismo, o transporte, a hotelaria e o setor de prestação de serviços, como a comunicação, a segurança, o setor médico-hospitalar, dentre outros.

Semelhante ao Carnaval de hoje em dia, teve sua origem na Antiguidade, em 500 a.C. as Festas Saturnálias, que objetivavam não só o lazer, como também representações de anseios, esperanças e folclore das regiões. O primeiro evento com caráter informativo aconteceu em 377 a.C. em Corinto, e foi denominado Congresso, embora com as características de uma Assembléia – reunião de todos os delegados das cidades gregas, que elegeram Felipe, o generalíssimo da Grécia nas lutas contra a Pérsia. Em 56 a.C foi registrado o último evento da Antiguidade, a Conferência de Luca, também com as características de uma Assembléia da atualidade. O evento objetivava reconciliar dois rivais – Pompeu e Crasso, sob a coordenação de César e foi realizado no norte da Itália, em Luca. Com o objetivo da Conferência atingido, César fortaleceu o poder do Triunvirato e terminou derrubando o Senado.

É necessário que se ressalte que a Antiguidade contribuiu para o embrião dos eventos de hoje, com a difusão do espírito de hospitalidade, de organização, da necessidade da infra-estrutura logística e da segurança nas estradas. Com o declínio da Era Antiga, surge a Idade Média e o Cristianismo, com menor importância para o setor de eventos. A falta de segurança nas estradas impossibilitou o deslocamento das pessoas, e estagnou o segmento de eventos de um lado, mas por outro lado impulsionou o surgimento de mapas das estradas, roteiros, divulgação sobre regiões e impressões sobre locais. O Guia de Estradas, de Charles Estiene e, Of Traves, de Francis Bacon, destacam-se neste campo.

Dois tipos de eventos de grande importância na atualidade marcaram essa época – os de caráter religioso – concílios e representações teatrais – e os de caráter comercial – feiras. A insegurança das cidades não atingia esses eventos, pois o público dos concílios eram os membros do clero, considerados autoridade máxima e, por

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13isso, livres de atentados; e o público das feiras eram os mercadores que pagavam tributos ao clero para garantir sua segurança.

O concílio – nome que se dá até hoje à reunião eclesiástica – era a reunião de membros do clero com o objetivo de estudar, debater e discutir temas relacionados à doutrina e aos dogmas da Igreja Católica. Eram eventos utilizados como forma de força, de poder. As representações teatrais – que deram origem ao teatro atual foram produzidas visando quebrar a monotonia dos rituais da missa, alguns muito longos e cansativos. A encenação de uma passagem dava vida à cena e facilitava a compreensão do público assistente. Com o passar do tempo, o teatro religioso foi ganhando fama e atraindo pessoas e as Igrejas tornaram-se pequenas para sua apresentação. Daí, a encenação em ruas, praças públicas e finalmente em anfiteatros.

As feiras foram os eventos mais importantes da Idade Média e tinham o mesmo conceito das atuais – eram a exposição de produtos cultivados ou manufaturados pelos expositores, visando a conquista de clientes. Com conceitos primitivos, montagem não tão adequada, os eventos já eram o alvo dos povos da Antiguidade e da Idade Média, como forma de relacionamento, de entrosamento, de lazer e, mais do que tudo, como uma positiva e rentável forma de negócios. EVENTO – O AVANÇO DA ERA INDUSTRIAL

Idade Média caracterizou-se por dois tipos de eventos – os de caráter religioso e os de caráter comercial. Neste último setor, as feiras tiveram o seu destaque no setor e tinham o mesmo conceito das atuais – era a exposição de produtos cultivados ou manufaturados pelos expositores, visando à conquista de clientes. A

troca e a venda dos produtos são originárias dessa época, e todas as sanções e proibições eram suspensas, visando o incremento dos negócios durante a sua realização. A feira mais antiga data de 427, na região de Champagne, França, famosa pelas realizações e pelas riquezas geradas. O apogeu da França quanto às feiras foi até o Reinado de Felipe IV, com a retração dessa atividade, pela cobrança de altos impostos e taxas.

Em 1211, a Inglaterra interessa-se pelo evento e lança a Feira de Stourbridge, concessão dada pelo Rei John. Nos séculos XV e XVI as feiras, na França, não alcançaram a antiga repercussão, mas outros países começaram a se interessar por esse evento lucrativo. A Alemanha lançou, em 1628 a Feira de Leipzig, famosa até hoje. O declínio da Idade Média trouxe de volta a segurança nas estradas e a possibilidade dos deslocamentos. Com isso, surgiram as viagens dos artesãos que expunham seus produtos (embrião das feiras), dos poetas e músicos, que faziam apresentações individuais ou em grupos (embrião dos shows) e dos artistas que exibiam todo o tipo de trabalho – pintura, escultura (início das exposições). Data dessa época, também, a troca de conhecimentos entre os viajantes (princípio dos cursos e treinamentos).

As viagens cada vez mais constantes motivaram não só a preocupação com a segurança nas estradas, mas também o surgimento de locais para hospedagem – albergues, estalagens (embrião dos hotéis) e a melhoria dos meios de transporte – carruagens com conforto e segurança. Esses tópicos deram um incremento ao aparecimento cada vez maior do turismo.

O surgimento da Revolução Industrial alterou completamente o quadro dos eventos – a economia manual foi substituída pela mecanizada, o vapor e outras fontes de energia, como a combustão, substituíram o trabalho humano e animal, aconteceu à revolução nos transportes e meios de comunicação. Toda essa evolução demandava estudos e pesquisas e foi eminente o aparecimento dos eventos técnicos, ligados às ciências exatas e sociais; e científicos, ligados a área da saúde e da natureza. Dependendo do objetivo do encontro foram surgindo os mais diferentes tipos de evento – mesa-redonda, debate, seminário, fórum, painel.

O primeiro congresso científico de que se tem conhecimento foi na área da medicina e aconteceu em Roma, em 1681. Quanto aos eventos técnicos, destaca-se o Congresso de Viena, que aconteceu em 1815, após a derrota de Napoleão. As conclusões desse Congresso são à base da diplomacia internacional; a partir daí estabeleceu-se a precedência entre os diplomatas. O Congresso durou meses e estudou, também, a redistribuição dos territórios da era pós Napoleão.

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14Entre a Primeira e Segunda Guerra Mundial registrou-se um declínio no setor destacando-se, somente, a

Conferência da Paz, em 1919, em Paris, na qual foram decididos os termos de paz para a Primeira Guerra Mundial. Após o período das duas Guerras surgiram às grandes feiras, com destaque especial para a Alemanha e as exposições, sobressaindo-se nesse campo a França, todas implantadas em recintos adequados, com infra-estrutura de apoio logístico e operacional e capacidade para alojar milhares de pessoas e veículos, em seus auditórios e estacionamentos. Os macros ou megaeventos começam a se sobressair cada vez mais, e o destaque da atualidade, junto com as Olimpíadas, é a Copa do Mundo – competição esportiva no segmento do futebol entre vários países, envolvendo o aspecto político, econômico e social.

A primeira Copa do Mundo foi sediada no Uruguai em 1930 e a última, em 2002 com a Coréia e o Japão sediando os jogos. O Brasil, atualmente (2003) é pentacampeão nessa modalidade de esporte. Os avanços do Século XX – meios de transporte (automóvel, seguido pelo avião), comunicação (rádio, televisão e no final do século a comunicação eletrônica) foram a mola propulsora do desenvolvimento dos eventos, transformando-os em uma fonte econômica e social capaz de gerar empregos e movimentar a economia. E o que espera o setor para o Século XXI? E o que apresentaremos no próximo artigo, com os números provando uma realidade muitas vezes desprezada pelos empresários – o profissionalismo no segmento dos eventos.

OS EVENTOS NO BRASIL

xistem poucos registros de eventos realizados no Brasil antes da chegada da Família Real, em 1808. Tem-se conhecimento de algumas feiras, no estilo das realizadas na Idade Média, em locais abertos e com a exposição das mercadorias. Eram ligadas a acontecimentos religiosos e, por isso, ocorriam geralmente aos domingos, com

destaque para a exibição de personagens típicos – os poetas, o contador de histórias, o malabarista, o cego contador de casos ou cantor, o engolidor de fogo. O Rio de Janeiro se sobressaiu nesse campo. Em 1840 aconteceu ainda no Rio de Janeiro, o primeiro evento realizado em espaço especial – o Baile de Carnaval, realizado Hotel Itália; era o início dos bailes de carnaval que, atualmente, são apresentados também em espaços abertos e contribuem para a difusão do Brasil internacionalmente.

Quanto aos eventos científicos e técnicos, o Brasil não possuía nenhuma experiência e, para adquiri-la começou a participar das grandes feiras internacionais, como a Exposição Universal da Antuérpia (1886), Exposição Universal de Paris (1889) e Exposição Universal Colombiana de Chicago (1893). Nos moldes atuais, a primeira feira a realizar-se no Brasil foi a Exposição Nacional, no Pavilhão de Feiras da Praia Vermelha. Em 1922, aconteceu a Exposição Internacional do Centenário da Independência, no Palácio das Festas, Rio de Janeiro, tornando esse Estado o precursor dos eventos no Brasil e sendo essa Exposição o marco decisivo para a era atual dos eventos.

A partir da década de 20, o Brasil recebeu um incremento nos locais para eventos, principalmente os hotéis, com destaque para o Copacabana Palace (1923); o Parque Balneário e o Atlântico Hotel, estes dois últimos em Santos, SP; o Quitandinha Hotel (Petrópolis, RJ), e o Grande Hotel Araxá (MG), entre outros. Cabe lembrar que nessa época os hotéis eram destinados ao turismo de lazer e os eventos não se constituíam em seus objetivos comerciais; entretanto não podemos desprezar o pioneirismo desses espaços e sua visão de futuro, que somente concretizou-se quatro décadas depois.

O turismo de negócios e, conseqüentemente, o evento como produto da comunicação direta só é reconhecida pelo empresariado no Brasil a partir de meados da década de 60, com a criação da Alcântara Machado Feiras e Promoções, pioneira no setor. O investimento no setor inicia-se e surgem as primeiras entidades de classe, objetivando consolidar o segmento – em 1977, a Associação Brasileira das Empresas de Eventos (nome atual) – ABEOC; a Associação Brasileira de Centros de Convenções, Exposições e Feiras – ABRACCEF e, em 1983, o São Paulo Conventions and Visitors Bureau, entidade com o objetivo de captar eventos para o Estado de São Paulo, incrementando o turismo de eventos. Embora os eventos ainda não tenham sido reconhecidos como a ferramenta da comunicação dirigida de maior retorno para os empresários, o Brasil investiu nos últimos anos e espera-se para o Século XXI um incremento, tanto em quantidade e qualidade dos eventos como em investimento. Seguem alguns números da ABEOC que são representativos:

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15− O número de eventos é cada vez maior, com um incremento médio anual de 7%;

− O Brasil realiza 50 mil eventos por ano, não considerando os mini ou micro eventos, geralmente acontecimentos internos das organizações, sem registro oficial em órgãos competentes, que somados atingem cerca de 320 mil eventos/ ano;

− Os eventos geram negócios superiores a R$ 30 bilhões;

− A bienal internacional do livro recebe 1.500.000 visitante /ano, em média;

− A FENASOFT recebe 1.000.000 visitantes/ ano;

− A UD recebe 600.000 visitantes/ ano.

A divisão por espaço para a realização de eventos pode ser compreendida da seguinte forma:

− 51% - Centros de Convenções

− 22% - Hotéis

− 15% - Universidades

− 12% - Outros.

De conformidade com a sua tipologia, os congressos representam a vanguarda, no Brasil. Em relação aos países das Américas, o Brasil ocupa a terceira posição no setor, vindo após os Estados Unidos e o Canadá, e em relação às cidades americanas destacam-se o Rio de Janeiro e São Paulo, entre as dez primeiras classificadas.

AS ORIGENS DO CERIMONIAL

base e a origem do cerimonial se encontram, porém, na etiqueta que é prodigalizada pelo povo mais humilde, da parte de cada um, em proveito dos parentes de sangue e de adoção, dos vizinhos ou mesmo de viajantes e

mendicantes, no exercício das três missões fundamentais de cerimonial que consistem em promover a cortesia, a solidariedade e a hospitalidade.

O exercício destas metas pode começar por atos tão simples e modestos como saudar com um bom-dia, oferecer uma xícara de café, um biscoito ou um prato de arroz com feijão.

Nas classes mais abastadas ou sofisticadas, esses atos fundamentais podem assumir uma feição tão artificial e de tal grau de requinte que apenas mascaram e dissimulam que no fundo existe uma total falta de carinho e real interesse pelos seus semelhantes, a não ser o de obter lucro financeiro e vantagens corporativas.

Na base do povo, entretanto, onde quase todos são de algumas formas carentes, indefesos e desesperançados, a cordialidade, a solidariedade e a hospitalidade envolvem uma questão de sobrevivência diária. Com este contorno quase épico, é nos pequenos gestos de linguagem simbólica e nas poças e sinceras palavras, que se encontram a essência e a síntese do cerimonial.

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16CERIMONIAL: UNIDADE FIM OU UNIDADE MEIO?

elson Speers1 entende que inserida em um universo, uma pessoa física ou jurídica, para conviver com o “outro”, deverá dizer do respeito que tem pelo “espaço” dele.

Para que isso seja dito, há todo um processo de comunicação a ser desenvolvido. Caberia ao Cerimonial desenvolver este processo, que será efetuado em função daquele que está inserido no universo.

Nelson entende que cerimonial é uma “UNIDADE MEIO”. Quem deve comunicar, dizer ao “outro”, é a pessoa física ou jurídica. Esta recorre ao cerimonial para fazê-lo.

Num todo, a comunicação é da pessoa física ou do titular da pessoa jurídica que a representa nesse todo, em um ato. São estes que têm que conviver no universo. O cerimonial é meramente um instrumento para a execução da indispensável comunicação. Ele é que sabe como fazê-la. Ele é uma unidade meio. E assim, quem o representa é o seu chefe, o “Chefe do Cerimonial”. Todos os demais que compõem a equipe são colaboradores.

Destaque-se entre estes o Mestre de Cerimônias. Ele é totalmente dirigido, guiado, orientado pelo Chefe do Cerimonial a quem serve, mas falará sempre em nome da pessoa física ou jurídica inserida no universo.

Observar esse raciocínio é evitar confusões, das quais a mais comprometedora será quando o Mestre de Cerimônias falar na primeira pessoa, em seu próprio nome, deixando a entidade ou a pessoa física que representa inteiramente sem comunicação com o “outro” ou os “outros” com que convive. Ela, pessoa, está sendo excluída do verdadeiro e indispensável respeito ao “espaço” alheio.

Ao ocorrer tal coisa em um ato, em uma cerimônia, ela estará sendo comprometedora ou pelo menos inócua.

O REFINAMENTO DO CERIMONIAL NA EUROPA

a França, dois casamentos de reis com princesas italianas, Henrique II com Catarina de Médicis e Henrique IV com Maria de Médicis, transformam o cerimonial. Além de se meterem na política, causando inclusive as invasões francesas no Brasil devido à perseguição contra os protestantes, elas introduzem na corte francesa

a alegria, os divertimentos, os trajes, a culinária, o uso de talheres, os serviços seguidos de pratos diversos em ordem, as taças de cada bebida, a conversação graciosa. A partir de Maria de Médicis, a corte está preparada com Luiz XIII para o grande reinado de Luiz XIV, no qual o cerimonial atingiu o máximo de refinamento.

A corte de Luiz XIV, não só se faz notável por reunir a nata da cultura e da política do reino. Nela, cada ato da vida diária, por menor ou mais íntimo que seja, possui um cerimonial. Num texto relativo ao “réveil du roil” (o despertar do rei) se aprende que, alguns minutos antes do despertar, começam a chegar aos aposentos do rei em Varsailles, os nobres encarregados de cada tarefa: cumprimentar o rei, retirar as cobertas, ajuda-lo a se despir, a usar o urinol, a limpar-se, a lavar o rosto, a vesti-lo, a perfumá-lo. Tudo era previsto e realizado com todas as minúcias, e assim continuava durante todo o dia.

Embora com menos esplendor, esse cerimonial prossegue nas Cortes de Luiz XV e Luiz XVI, servindo seus excessos para insuflar a reação popular na Revolução Francesa. Daí em diante, em todos os países se manifesta a tendência de simplificar o cerimonial e de desbastá-lo dos brilhos faiscantes e dos exageros de cenário e coreografia. No entanto, durante o império de Napoleão I, o rigor do cerimonial foi utilizado pelo monarca para acentuar sua posição de precedência e de superioridade sobre os demais soberanos.

1 NELSON SPEERS é professor, autor do livro “Cerimonial para Relações Públicas” e Consultor do CNCP

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17A CHEGADA DO CERIMONIAL NO BRASIL

cerimonial brasileiro se inicia no dia do descobrimento de nossa terra. Os portugueses haviam estabelecido regras para serem cumpridas quando da descoberta de novas terras, com a finalidade de marcar historicamente sua presença e assegurar a posse para a coroa. Nesses solenes atos de posse, associavam-

se ritos religiosos com a presença de cléricos. No Brasil, poucos dias depois da chegada, celebra-se, então, uma missa onde se associam como assistentes os indígenas, e nada mais surrealistas se pode imaginar do que aquela cerimônia onde o público está nu em pêlo, enquanto os atores usam pesadas roupas inadequadas ao clima.

O cerimonial brasileiro se apresenta em três grandes períodos: a colônia, a corte e a república.

No primeiro, o cerimonial obedece aos costumes da metrópole portuguesa e o seu cerimonial profundamente enraizado nas estruturas sociais luso-espanholas em harmonia com os ritos e liturgias católicos.

O grande cerimonial de corte foi trazido por Dom João VI que, tendo criado as primeiras instituições de ensino superior e militar, também poderia ser considerado o iniciador dos cerimoniais, hoje chamado de universitário e militar. As Cortes da época tinham como padrão o cerimonial de Versailles com variações e tradições locais, porém a língua oficial das Cortes era o francês, que assim permaneceu durante todo o império marcando a cultura carioca, onde o francês era usado no comércio de mais alto nível e nos cafés das senhoras.

Quando a república dissolveu a corte e elevou ao poder personalidades de formação militar ou políticos muito educados, porém provincianos, provocou-se um vácuo no cerimonial nacional. Uma instituição havia permanecido, contudo, intocada: o Ministério dos Negócios Estrangeiros, o Itamaraty. O fato de tê-lo chefiado por muitos anos um monarquista e barão do império, garantiu a continuidade de rigorosas práticas protocolares que, desde o império e por gosto do próprio imperador, vinham já sofrendo modificações devidas ao protocolo britânico. Essas duas correntes – francesa e inglesa – continuam a ser determinantes em todas as questões de cerimonial brasileiro. Saliente-se que o Brasil é o único país do continente com mais de 500 anos de cerimonial ininterrupto.

O CERIMONIAL NO BRASIL

o Brasil de nossos dias, pode-se dizer que o cerimonial apresenta uma tipificação própria podendo ser classificado em:

− CERIMONIAL PÚBLICO, que compreende o cerimonial ligado ao poder público e engloba o Cerimonial da Presidência da República, do Judiciário, Castrense (militares), Diplomático, Legislativo e Cerimonial do Executivo (dos estados e municípios). Para que seja caracterizado como cerimonial oficial e público, é necessário que ocorram duas situações:

1. A primeira condição é que se cumpra um ato oficial, pois sem o caráter oficial não existe cerimonial público. Exemplifica-se: o batizado do filho do governador, do prefeito ou do presidente da instituição não constitui ato de cerimonial oficial e institucional, enquanto numa monarquia cristã o batizado do primogênito do rei se realiza em cerimônia oficial em virtude de uma relação oficial e pública que é a sucessão hereditária (manutenção do regime e da dinastia). Por conseguinte, um cerimonial montado sem nenhum caráter oficial se torna uma cerimônia vazia, gratuita, tão somente hedonista.

2. Como segunda situação para que exista cerimonial oficial e público, é necessário que os atores (tanto os protagonistas como os coadjuvantes) do ato estejam atuando enquanto autoridades, dispostas em ordem de precedência, o mesmo acontecendo com os atuantes que devem estar cumprindo tarefas inerentes ao cumprimento dos deveres de ofício.

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− CERIMONIAL PRIVADO, que se refere à ação desenvolvida no serviço de relações públicas das empresas particulares, órgãos da iniciativa privada e mesmo instituições sociais (igrejas, escolas, sindicatos, hospitais) que com as normas consuetudinárias da sociedade, aliadas à base legal do Cerimonial Público, criou e desenvolveu formas específicas de cerimonial, como: cerimonial religioso, cerimonial de Corte, empresarial, artístico, corporativo, esportivo, religioso e cerimonial universitário, dentre outros.

CERIMONIALCERIMONIALOficialOficial

CastrenseCastrense(militar)(militar)

LegislativoLegislativo

ExecutivoExecutivo

JudiciárioJudiciário

DiplomáticoDiplomático

Não oficialNão oficial

UniversitárioUniversitário

CorporativoCorporativo

ArtísticoArtístico

EmpresarialEmpresarial

EsportivoEsportivo

ReligiosoReligioso

Constelação do cerimonialConstelação do cerimonial

CONCEITOS DE CERIMONIAL E PROTOCOLO

CERIMONIAL é o conjunto de normas que se estabelece com a finalidade de ordenar corretamente o desenvolvimento de qualquer ato público ou não, que necessite, pelas suas características e importância, de formalidade ou formalização. Diz-se também que o cerimonial é a “ARTE DE ADMINISTRAR A VAIDADE ALHEIA”.

O PROTOCOLO codifica as regras que regem o Cerimonial e cujo objetivo é dar a cada um dos participantes, as prerrogativas, privilégios e imunidades a que tem direito.

FUNÇÕES DO CERIMONIAL

Distinguem-se, no cerimonial, diferentes funções:

− A função ritual – é a mais importante, pois, além dos gestos e preceitos, horários, privilégios e símbolos do poder, incluem o disciplinamento das precedências.

− A função semiológica – trata da linguagem formal a serem utilizadas, as formas de tratamento e cortesia, de redação e expressão oficial e diplomática.

− A função legislativa – codifica as regras e preceitos em normas referentes ao protocolo e ao cerimonial.

− A função gratuita – trata da frivolidade, da festividade, da atividade lúdica, dos prazeres que podem descaracterizar a etiqueta.

− A função pedagógica – enfoca os aspectos relacionados à civilização e à cultura.

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19UMA CERIMÔNIA EM UM ÓRGÃO PÚBLICO E NA EMPRESA PRIVADA...

− Serve para atrair a atenção do público e da imprensa para a instituição, divulgando seus serviços e projetos;

− É um excelente instrumento de marketing da instituição;

− Quando bem planejada e executada, cria um conceito positivo para a instituição que o promove, tornando-a conhecida da comunidade;

− Integra a instituição à comunidade e/ou a seu público;

− Corrige e esclarece concepções errôneas sobre suas atividades, políticas e objetivos;

− Busca apoio para programas e projetos a serem implantados.

ETAPAS DE UMA CERIMÔNIA

O “ANTES”: corresponde ao PLANEJAMENTO e a ORGANIZAÇÃO - Depois de conhecida a temática do evento, confeccionar o projeto e organizar a parte operacional e financeira. Estão envolvidos nesta etapa, além do Mestre de Cerimônias, a equipe de apoio da instituição ou órgão público.

O “DURANTE”: corresponde a ADMINISTRAÇÃO, COORDENAÇÃO, CONTROLE E EXECUÇÃO do evento ou cerimônia - É o dia “D”. O Mestre de Cerimônias deve estar no mínimo 1 hora antes no local do evento para fazer a checagem final. Nesta etapa, estão envolvidos tanto a equipe de apoio como o Mestre de Cerimônias, cabendo a este uma responsabilidade maior, pois terá que conduzir a cerimônia atrás de uma tribuna.

O CERIMONIAL COMO ATIVIDADE ADMINISTRATIVA

odo evento transmite uma gama variada de informações além daquelas oralmente expressas. A recepção, o local, a forma de tratamento e a condução dos trabalhos conferem ao acontecimento maior ou menor distinção.

Cada evento é um acontecimento único e especial. Este trabalho tem por objetivo servir como uma ferramenta norteadora para aqueles que estejam envolvidos na realização de eventos, sem a pretensão de esgotar o assunto. Pelo contrário, foi concebido para orientar e permitir as adaptações necessárias.

A ORGANIZAÇÃO DE EVENTOS: PLANEJAMENTO E LOGÍSTICA

sucesso de um evento está intimamente ligado ao grau de elaboração de seu planejamento e organização. Quanto maior for o empenho dos organizadores nesta etapa, maiores serão as possibilidades de se atingir os objetivos e metas esperadas. Isto faz com que a previsão detalhada das principais variáveis relacionadas ao

evento, abordadas no planejamento, seja um instrumento valioso para os organizadores e um guia seguro para o desenvolvimento da atividade e sua posterior avaliação.

Um evento caracteriza-se por ser uma atividade momentânea em que não há possibilidade de ser refeita. As mudanças feitas de última hora demonstram falta de organização, comprometem e sempre são percebidas pelos participantes.

Por sua transparência e dinâmica própria, os eventos acabam refletindo a imagem de seus organizadores. Dessa forma, os que acontecem na sua instituição reproduzem para os participantes o conceito e o grau de organização da própria instituição, o que torna imprescindível o zelo no momento de sua elaboração.

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20Administrativamente, qualquer evento ou cerimônia para que tenha o alcance que se espera,

necessariamente divide-se nas seguintes etapas:

PLANEJAMENTO

ompreende o ato de prever ações e recursos que envolvem os eventos que serão realizados. Segundo o Professor Marcílio Reinaux, para uma cerimônia se desenvolver na mais perfeita ordem é necessário, em primeiro lugar, que seja feito um minucioso planejamento. Nada deve ser feito de improviso. Falhas são

prejudiciais e acarretam sérios problemas posteriores.

A expressão “errar é humano” deve ser banida das áreas do cerimonial, para que não seja justificativa de qualquer falha que se venha a cometer. O cerimonial não deve falhar, e só o planejamento poderá contribuir para que tudo corra bem. “Prevenir é melhor que remediar” tem sido um bom exemplo a ser seguido. O Mestre de Cerimônias deve prever todos os fatores possíveis que poderão influir na concretização da cerimônia. Fazendo isto, ele estará preparado no momento em que tal fato ocorrer: Ex - outro local para realização do evento, mais cadeiras, guarda-chuva, recursos audiovisuais extras, extensão elétrica, etc.

As primeiras decisões a serem tomadas para a realização de um evento devem contemplar alguns pré-requisitos necessários, como: a definição dos objetivos da equipe que irá coordenar e colaborar com o evento, o público a que se destina a data e o local, além dos principais recursos que serão utilizados para a sua execução.

Essas definições devem constar de um projeto, o primeiro passo para a realização do evento. É o documento que irá formalizar a intenção da instituição em realizá-lo.

As etapas do planejamento são bem simples e devem ser as mais objetivas e claras possíveis.

ORGANIZAÇÃO

Compreende o ato de dispor de maneira adequada os recursos materiais, financeiros e humanos necessários ao desenvolvimento do evento ou cerimônia.

A etapa seguinte à elaboração é a aprovação do projeto do evento consiste na sistematização das fases da organização. Nesse momento, são previstas em detalhes todas as providências necessárias para o êxito do evento.

A organização de um evento pode ser percebida no comportamento de seus organizadores. Gesticulação em excesso, correria ou alteração da voz são sinais de que o evento pode estar fugindo do controle.

ADMINISTRAÇÃO

Consiste no gerenciamento da cerimônia com a necessária distribuição das tarefas. Aqui vale lembrar o ditado popular “Manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Ele ilustra o que representa a administração para o cerimonial, pois, nesta, o comando e a expedição de ordens são fundamentais. É importante que o Chefe do Cerimonial desenvolva uma administração democrática, na qual a participação dos envolvidos seja o ponto principal.

COORDENAÇÃO

É indispensável para o sucesso do evento, pois este envolve diversos grupos ou setores que devem trabalhar sintonizados: montagem, recepção, vídeo e som, alimentação, acompanhamento aos participantes. O perfeito entrosamento desses grupos é que dá a sincronia necessária ao êxito da cerimônia.

C

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21LOCAL DO EVENTO

Saiba dimensionar o seu evento. Espaços vazios demais sugerem “fracasso”, ao passo que espaços lotados podem gerar desconforto e demonstrar a inadequação do espaço para o tipo de evento.

PARTICIPANTES

A seleção dos participantes deve ser cuidadosa e obedecer ao critério de afinidade com o tipo de evento a ser realizado.

Inicialmente deve-se elaborar um mailing list2 dos participantes que contenha: nome, cargo, instituição que representa, endereço completo, telefone, fax, e-mail para confirmação, se for o caso.

ESTRATÉGIA DE COMUNICAÇÃO

A estratégia de comunicação a ser definida e executada depende dos objetivos e da amplitude dos eventos. Ela pode ser local, nacional e internacional e deve abranger os vários segmentos de públicos.

O contato inicial com os participantes ocorre conforme o tipo de evento a ser realizado: vários meses antes do evento, se for o caso de um congresso ou seminário ou mesmo uma semana antes do evento, se for o caso de uma sessão solene. Se o participante precisar ser estimulado a comparecer ao evento, o material de divulgação deve despertar o seu interesse. Os veículos de comunicação mais indicados para o público potencial são: convite, carta-convite, cartazes, folders explicativos, jornal do evento e mala direta.

Os instrumentos de comunicação para os participantes precisam ter uma identidade visual definida, a fim de garantir a unidade das várias peças de comunicação que poderão ser produzidas.

A imprensa também é um público especial que deve receber atenção durante os eventos, considerando seu grande potencial como formadora de opinião. Antes do evento, a mídia deve ser informada a respeito dos objetivos

2 MAILING LIST – relação de nomes e endereços para envio de correspondência, publicações e material informativo.

DEFINIÇÃO DO LOCAL

NECESSIDADE DO EVENTO

CARACTERÍSTICA DO PÚBLICO

CONFORTO DOS PARTICIPANTES

FACILIDADE DE ACESSO ESTACIONAMENTO ESPAÇOS DE APOIO

CONFECÇÃO DO MATERIAL DE DIVULGAÇÃO

DEFINIÇÃO DAS MENSAGENS E PEÇAS

A SEREM PRODUZIDAS

DISTRIBUIÇÃO DO MATERIAL

PARTICIPANTESCONVIDADOS ESPECIAIS E

AUTORIDADES

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22e atividades propostas. O melhor instrumento para isso é o press release3, que deve ser enviado para as redações dos veículos de comunicação selecionados.

Durante o evento, pode-se distribuir aos jornalistas um “kit de imprensa” contendo informações completas a respeito do acontecimento. Sugere-se que sejam convidados os principais jornalistas que fazem a cobertura de temas relacionados ao propósito do evento.

PROGRAMAÇÃO DAS ATIVIDADES

Com base na definição do projeto, é preciso detalhar todas as atividades que serão desenvolvidas durante o evento, assim como prever os horários de início e de término das mesmas e os recursos humanos e materiais necessários.

Em alguns eventos é preciso contar com a participação de palestrantes, expositores ou moderadores. Nesses casos, deve-se tomar uma série de providências extras:

� Contatar os palestrantes selecionados para checar seu interesse em participar do evento e sua disponibilidade em relação à data e horários estabelecidos;

� Enviar ofício para formalizar o convite, após a concordância do palestrante;

� Receber a confirmação por escrito do palestrante;

� Incluir o palestrante definitivamente na programação do evento;

� Entrar em contato para definir o tipo de recurso audiovisual necessário, solicitar resumo do currículo e enviar o programa oficial do evento;

� Verificar com o palestrante a possibilidade de distribuir resumo da palestra aos participantes;

� Enviar passagem, reservar hotel e alimentação, conforme o caso;

� Definir se haverá pagamento dos palestrantes.

TRANSPORTE

De acordo com o tipo de evento, é preciso montar estrutura especial para o transporte dos convidados e participantes. Conforme o número de convidados que forem utilizar o serviço de transporte, pode-se solicitar microônibus ou carros da própria instituição. Se essa alternativa não for suficiente, deve-se contratar empresa especializada.

Convém providenciar a recepção, no aeroporto, para alguns convidados especiais que vêm de outros estados ou países.

3 PRESS RELEASE – texto informativo distribuído à imprensa como sugestão para a divulgação de um determinado evento.

Quando aceito, o evento é divulgado gratuitamente entre as notícias.

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23RECURSOS AUDIOVISUAIS

Após o estabelecimento da programação, é preciso definir todos os equipamentos que serão utilizados e providenciar a reserva com as áreas responsáveis ou propor o aluguel do material.

São considerados recursos audiovisuais os equipamentos que auxiliam o palestrante durante a apresentação, como: retroprojetor, projetor multimídia, vídeo, projetor de slides, flip chart4, quadro branco entre outros.

São recursos de sonorização: microfones, música ambiente, gravação, etc.

A tradução simultânea é indicada para eventos em que o palestrante ou os participantes não domine o idioma português. É preciso estar atento à necessidade de solicitar a permissão dos tradutores para quaisquer reproduções dos conteúdos traduzidos.

Todos os equipamentos devem ser testados antes do evento. As falhas são bastante comuns e derivam de problemas com os próprios equipamentos ou problemas no fornecimento de energia. É aconselhável que todo organizador tenha uma alternativa planejada para o caso de ocorrer falha no momento do evento.

RECURSOS HUMANOS

A realização de um evento envolve muitas pessoas e áreas da instituição. O trabalho de cada equipe deve ser definido e todas precisam atuar em sintonia para que o resultado final seja satisfatório. Neste caso, a falha de qualquer membro de uma equipe pode comprometer todo andamento do evento.

A formação dos grupos de trabalho deve se iniciar pela definição das tarefas e atividades de cada um deles.

Grupo de apoio administrativo

Responsável pela secretaria do evento: envio de ofícios, convites e programas. Confirmação de presença dos participantes e convidados especiais. Definição, em conjunto com os outros grupos, dos materiais necessários e providências para sua aquisição externa. Elaboração do mailing dos participantes. Controle orçamentário.

Grupo de apoio operacional

Responsável pela execução de tarefas específicas durante o evento, como: limpeza, segurança, técnica, engenharia, copa, serviço de intérprete.

4 FLIP CHART – trata-se de recurso gráfico composto por um conjunto de folhas de papel ou bloco colocado sobre um

cavalete. As folhas são conectadas no topo para que possam ser viradas

TESTAR TODOS OS EQUIPAMENTOS ANTES DO

EVENTO

CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS DE TERCEIROS

DEFINIR QUAIS RECURSOS AUDIOVISUAIS SERÃO

UTILIZADOS

DEFINIR RECURSOS DE SONORIZAÇÃO

DEFINIR SUPORTE DE ILUMINAÇÃO ESPECIAL

PREVER TRADUÇÃO SIMULTÂNEA

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24Grupo de apoio à recepção

Responsável pela recepção de autoridades convidadas, dos participantes e acompanhamento de todo evento. A recepção deve ficar a cargo de recepcionistas especializados. Dependendo do evento, os recepcionistas poderão atuar na secretaria do evento, realizando inscrições, distribuindo material e fornecendo informações.

O dimensionamento da quantidade de pessoas envolvidas em cada um dos grupos de apoio depende diretamente do tamanho do evento a ser realizado.

Antes do evento é importante que os organizadores se reúnam com cada grupo de apoio para que as atividades sejam esclarecidas e, se for o caso, para realizar treinamento específico – isto é recomendado, principalmente, para o grupo de recepção e secretaria.

HOSPEDAGEM E ALIMENTAÇÃO

Em casos específicos, para convidados especiais, é possível oferecer hospedagem e alimentação aos mesmos. É preciso definir o número de convidados e o período de permanência.

EXECUÇÃO

Esta fase compreende o desenvolvimento do próprio evento, desde a abertura até o encerramento. É importante que a equipe organizadora acompanhe e monitore todas as atividades planejadas. Durante o evento podem ocorrer situações que não foram previstas no planejamento. Nesses casos, a equipe organizadora deve ter controle sobre a situação e resolver questões inesperadas com bom senso e rapidez.

TREINAMENTO DE PESSOAL

Definir o local de atuação e os responsáveis pelas equipes de apoio e detalhar as atividades que serão executadas.

Simular situações que possam ocorrer durante o evento para treinamento das equipes envolvidas.

AUTORIZAÇÃO DAS ATIVIDADES

É preciso definir, para a equipe de apoio, quem são os responsáveis pelo evento e qual o limite de responsabilidade e autonomia de decisão de cada componente da equipe organizadora.

Em casos imprevistos, a decisão deve ser tomada com rapidez pelo responsável direto pela atividade ou tarefa.

MONITORAMENTO DAS ATIVIDADES

Embora a delegação das funções esteja definida, é importante que o responsável controle permanentemente todas as ações planejadas, observe os horários de início e término das atividades e o fornecimento de informações.

AVALIAÇÃO

Durante o evento é importante que sejam desenvolvidas algumas técnicas de avaliação das atividades realizadas. A equipe organizadora deve decidir qual é o momento mais apropriado e quais os instrumentos que serão adotados (questionário, clipping5, depoimentos dos participantes, etc.).

RELATÓRIO FINAL

Para que o evento esteja completo, ao seu final, é imprescindível que seja elaborado um relatório de avaliação. Neste documento, que não precisa ser extenso, deve constar um breve resumo das atividades planejadas e seus posteriores desdobramentos. A elaboração deste relatório permite aos organizadores a

5 CLIPPING – conjunto de recortes de jornais e revistas sobre determinado assunto. Os recortes são reunidos em um livro ou

arquivo.

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25possibilidade de identificar os aspectos positivos a serem reforçados em outra oportunidade e também os aspectos negativos e pontos fracos que merecem aprimoramento.

O planejamento contempla, na medida do possível, todas as variáveis que envolvam a realização do evento. No entanto, é possível que algumas ações, no momento de sua execução, exijam adaptações para se tornarem realizáveis. Na avaliação final pode-se perceber qual foi a amplitude do planejamento e sua adequação nas questões relativas a recursos humanos, apoio logístico e orçamento.

Os principais resultados devem ser disponibilizados para as áreas envolvidas, a fim de que sejam realizadas avaliações individuais por áreas específicas.

PÓS-EVENTO

Concluído o evento, é recomendável agradecer às pessoas e/ou instituições que colaboraram para a sua realização.

CONTROLE

A organização de um evento implica a realização de diferentes e numerosas atividades. Dessa forma, recomenda-se que os organizadores elaborem um check list completo, contendo todas as tarefas a serem executadas, com a descrição de cada passo, setor ou pessoa responsável e o prazo final para execução. Esse instrumento permite um controle maior das ações a serem operacionalizadas.

Cada evento requer a realização de um check list próprio, que obedeça exigências específicas. Para facilitar a divisão de tarefas, o check list pode ser dividido em duas etapas: pré-evento, para as ações que devem ser realizadas antes do evento; e ao término do evento.

Através do controle, que na prática compreende o check-list, a equipe do cerimonial verifica se os recursos alocados estão dispostos de maneira correta, se não há falha a ser corrigida. O controle compreende também o período da pós-realização, quando se descreve, através de relatório, os acontecimentos relacionados à realização do evento, com a finalidade de melhorar uma ação futura. Quanto maior um check-list, menor a possibilidade de insucesso do evento. Todas as tarefas prescritas deverão ter ao lado o responsável pela concretização da mesma. Com todas as tarefas previstas no check-list realizadas muito antes do início do evento, sobra tempo e mão-de-obra para resolver os problemas que sempre surgem durante o mesmo. Por exemplo:

CHECK-LIST PARA UM JANTAR/COQUETEL I) LOCAL E DATA PARA O EVENTO • Confirmação por escrito • Contratação de serviços buffet • Contratação de músicos • Contratação da decoração • Contratação de manobristas • Contratação de porteiros • Contratação de recepcionistas • Convites • Programa oficial • Presentes para homenageados II) DECORAÇÃO • Do Salão 1. Setas indicativas 2. Som 3. Iluminação 4. Arranjos florais 5. Cestos de lixo 6. Cinzeiros 7. Mesas de apoio 8. Livro de ouro

• DO PALCO 1. Painéis ou faixas 2. Iluminação 3. Tribuna para oradores 4. Som do microfone

CHECK-LIST PARA UM CONGRESSO/FÓRUM

I) PARTE TÉCNICA/CIENTÍFICA • Comissão organizadora • Fixar data e local • Chamadas para trabalhos • Confecção • Expedição • Cartazes • Confecção • Expedição • Inscrição de trabalhos • Aprovação de trabalhos • Comunicação para os autores • Recebimento de originais • Convites oficiais • Confirmação de convites • Programa definitivo • Confecção • Expedição • Editoração da coetânea • Impressão da coetânea • Entrega da coletânea • Formação de mesa • Palestra de abertura • Sessões técnicas • Visitas técnicas

CHECK-LIST PARA UMA CONVENÇÃO I) PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES DE ADMINISTRAÇÃO • Informar oficialmente a realização • Solicitar aos responsáveis o número de

participantes • Determinar período • Preparar lista de participantes • Elaborar programa • Redigir convite/programa/orientação • Enviar aos gerentes programa detalhado • Solicitar adiantamento de despesas • Dividir os participantes por grupos • Enviar aos participantes pasta com material • Contratar hotel • Enviar ao final carta de agradecimento II) PREPARAÇÃO DO MATERIAL PARA CONVENÇÃO • Encomendar pastas • Montar pastas • Arranjar e preparar filmes • Preparar crachás • Arranjar bandeiras do Brasil e do Estado da

Convenção • Definir e arranjar equipamentos áudio visuais • Contratar alimentação • Disponibilizar ou não cigarros, charutos, etc • Arranjar abridores de garrafa, cinzeiros,

guardanapos

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265. Água para orador 6. Arranjos florais 7. Espaço para músico III) ESTACIONAMENTO • Contratação de empresa especializada • Policiamento nas redondezas • Segurança dos automóveis IV) RECEPÇÃO • Recepcionistas • Uniformes/Trajes • Mesas de apoio • Controle • Crachás V) IMPRENSA • Jornalistas Convidados • Kit de imprensa • Press releases • Fotos VI) REGISTRO DE EVENTO • Equipe de fotografia • Equipe de filmagem VII) PRIMEIROS SOCORROS • Caixa de Pronto - Socorro • Nome de Médicos de Plantão • Nome de Hospitais de Emergência VIII) PESSOAL DE SERVIÇO • Chefia • Recepcionistas • Segurança interna/externa • Manobristas • Porteiros • Eletricista • Encarregado do som • Encarregado da iluminação • Plantonista dos sanitários • Encarregada de chapelaria IX) DIVERSOS • Checar Sanitários – papel toalha/sabonete/etc • Checar chapelaria – tickets • Telefone e fichas • Balcão de informações • Guarda - chaves • Crachás

II) SECRETARIA • Lista pré - inscritos • Crachás • Montagem de pastas • Material de escritório • Carimbos • Fichas para inscrição no local • Programa • Envio do material • Montagem da secretaria III) SERVIÇOS DE TERCEIROS • Vender patrocínio • Verificação do local • Contrato • Audiovisual • Projetor • Retroprojetor • Vídeo • Gravação • Computadores, impressoras • Telefones, fax • Recepcionistas • Segurança • Café, água, etc • Refeições • Coquetel • Jantar • Hospedagem • Traslados • Passeio turístico • Decoração • Fotógrafo • Faixas • Pastas/blocos • Crachás • Certificados IV) PÓS EVENTO • Despacho da sobra do material • Pagamento de serviços • Relação final de inscrições • Faturamento • Cartas de agradecimento

• Arranjar quadro-negro, giz, flip-charter, etc • Preparar material para decoração III) PREPARAÇÃO DE ASSUNTOS A SEREM TRATADOS • Determinar os assuntos • Determinar os fins a serem atingidos • Determinar tônica principal da convenção • Criar slogan para convenção • Preparar tema do discurso de apresentação • Preparar discurso de despedida IV) PROVIDÊNCIAS DE ADMINISTRAÇÃO A SEREM TOMADAS NO LOCAL • Pedir orçamentos do hotel • Reserva dos apartamentos • Informar ao hotel a data e horário de chegada

dos convencionais • Prever possibilidade de uso da piscina, sauna e

outras facilidades do hotel • Acertar jantar de encerramento • Escolher e preparar sala de demonstração • Determinar sequência de lugares dos

participantes na mesa • Contratar fotógrafo • Decorar salas de trabalho da convenção • Informar e convidar imprensa • Determinar os horários das refeições • Levantar preferências alimentares dos

convencionais • Prepara lisa de distribuição dos apartamentos • Informar lista de participantes ao hotel • Distribuir as pastas nas salas de trabalho • Entregar crachás • Realizar atividades de integração, lazer e

convivência social conforme programa • Escolher quem fará a recepção no local de

chegada • Não esquecer a foto do grupo de convencionais • Emitir relatório ao final • Realizar debates internos sobre a convenção

Outro exemplo de check list:

ATIVIDADES GERAIS SESSÃO SOLENE LANÇAMENTOS VISITAS OFICIAIS INAUGURAÇÃO CONGRESSO

Reservar o local x x - x x Definir a programação x x x x x Definir lista de convidados x x x x x Relacionar convidados especiais x x x x x Elaborar e expedir convites x x - x x Solicitar apoio do serviço médico x x x x x Solicitar guarda de honra - - x - - Recepcionistas para informações - - - - x Recepcionistas para o local do evento - x - x x Apoio para receptivo de autoridades x x x x x Tradutor - - x - x Intérprete - - x - - Assessoria de imprensa x x x x x Operador técnico (som/luz) x x x x x Apoio de copa - x x x x Apoio de limpeza - x x x x Apoio de segurança x x x x x Apoio de manutenção - x x x x Mestre de Cerimônias - X - X X Apoio de contínuo - X - X x Solicitar banda de música da PM/BM/Guarda Municipal x x x x x

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MATERIAL GRÁFICO SESSÃO SOLENE LANÇAMENTOS VISITAS OFICIAIS INAUGURAÇÃO CONGRESSO

Ficha de inscrição para os participantes - - - - x Folhetos - x - x x Programa - - - - x Pasta - - - - x Certificado de participação - - - - x Cartaz - x x x Credencial para estacionamento x x x x x Crachá de identificação x x x x x

MATERIAL PARA A IMPRENSA SESSÃO SOLENE LANÇAMENTOS VISITAS OFICIAIS INAUGURAÇÃO CONGRESSO

Solicitar divulgação na imprensa x x x x x Preparar press-kit x x x x x Fotos x x x x x Montar sala de imprensa x x x x x

PROGRAMAÇÃO VISUAL SESSÃO SOLENE LANÇAMENTOS VISITAS OFICIAIS INAUGURAÇÃO CONGRESSO

Placas de sinalização x x - x x Faixas e banners - x - x x Painéis fotográficos - x - x x

DIVULGAÇÃO SESSÃO SOLENE LANÇAMENTOS VISITAS OFICIAIS INAUGURAÇÃO CONGRESSO

Mala direta - x - x x Cartazes - x - x x Imprensa local e internacional x x x x x Mapa de distribuição do material de divulgação - x - x x

RECURSOS FÍSICOS SESSÃO SOLENE LANÇAMENTOS VISITAS OFICIAIS INAUGURAÇÃO CONGRESSO

Local para o evento x x x x x Local para a secretaria - - - - x Local para o coffee-break - - - - x Local para informações - - - - x Estacionamento x x x x x Copa/cozinha x x x x x

RECURSOS HUMANOS SESSÃO SOLENE LANÇAMENTOS VISITAS OFICIAIS INAUGURAÇÃO CONGRESSO

Coordenadores de área x x x x x Recepcionistas para a secretaria - - - - x

RECURSOS MATERIAIS SESSÃO SOLENE LANÇAMENTOS VISITAS OFICIAIS INAUGURAÇÃO CONGRESSO

Projetor de slides - - - - x Retroprojetor - - - - x Vídeo e televisão - - - - x Projetor multimídia - - - - x Tela para projeção de imagens - - - - x Microfones com e sem fio - x - x x Amplificadores - x - x x Aparelho/sistema de som x x - x x Gravação - - - - x Equipamento de tradução simultânea - - x - x Computadores - - - - x Impressoras - - - - x Rádios comunicadores - - - x x Máquinas copiadoras - - - - x Laser point - - - - x Notebook - - - - x Questionário de avaliação - - - - x Papel - - - - x Telefone - - - - x Fax - - - - x Mastro x x x x x Bandeiras x x x x x Stands - - - - x Praticável para imprensa x x x x x Material de copa - - - - x Decoração floral x x x x x Guarda-chuva x x x x x Tapetes x - x - - Tribuna - x - x x

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CERIMONIAL SESSÃO SOLENE LANÇAMENTOS VISITAS OFICIAIS INAUGURAÇÃO CONGRESSO

Mesa para receptivo - x - x x Livro de presença - x x x x Lista de confirmações x x - x x Reserva de lugares x x x x x Mapa de distribuição de autoridades nos lugares x x x x x Nominatas x x - x x Mapa de composição da mesa oficial x x - x x Roteiro do locutor x x - x x Colocação de bandeiras x x x x x Hino Nacional x - x x x

PÓS-EVENTO SESSÃO SOLENE LANÇAMENTOS VISITAS OFICIAIS INAUGURAÇÃO CONGRESSO

Relatório final x x x x x Prestação de contas - x - x x Ofícios de agradecimento às áreas envolvidas x x x x x Registro fotográfico em vídeo e em jornal x x x x x Impressão dos anais - - - - x Emissão de certificados - - - - x

Depois de todas estas etapas, só resta agora a realização do evento ou cerimônia. Não se deve esquecer que “quem se esmera no planejamento, descansa na execução”.

NA PREPARAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE UM EVENTO OU CERIMÔNIA, NÓS...

− Divulgamos o show:

Corresponde ao planejamento do evento – a idéia inicial, o esboço do mesmo.

− Armamos o circo:

Aqui se entra na fase de organização – é a fase de distribuição das etapas e tarefas

− Apresentamos o show:

É a execução do evento propriamente dita – o “Dia D”.

− Desarmamos o circo:

Encerrado o evento, recolher todo o material e equipamentos utilizados.

− Enrolamos a lona:

Ao final do evento devem ser expedidas correspondências de agradecimento às entidades ou pessoas que patrocinaram e apoiaram o evento - confecção do relatório final.

− E não esquecer:

a. Somos os primeiros a chegar e os últimos a sair.

b. O evento, independente do seu tamanho, objetivo ou forma de realização, tem a característica da versatilidade, sendo necessários criatividade, planejamento, controle e muito bom senso.

c. O evento deve promover a Instituição e não a Comissão Organizadora.

d. O sucesso do evento certamente garantirá o reconhecimento dos organizadores.

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29e. Boas relações com a imprensa garantirão uma boa divulgação do evento.

f. O momento, o ambiente ou a presença de pessoas importantes deve ser aproveitado para abrilhantar ou colaborar para o sucesso do evento.

g. Destacar a participação e reconhecer a contribuição das pessoas que integraram a equipe para o sucesso do evento, além de justo, é simpático, e garantirá adesão às futuras atividades.

TIPOS DE MESAS PARA REUNIÕES FORMAIS

MESA IMPERIAL OU CLÁSSICAModelo francês•Dá prioridade à localização das janelas, que em princípio, determina a localização da cabeceira. No caso de não haver janelas, é importante a entrada do pessoal de serviço.•O anfitrião senta-se, no centro da mesa, de costas para a parede e olhando a janela.•As cabeceiras estão situadas no meio das bandas largas. As cabeceiras estando próximas favorecem a conversação entre os convidados de maior hierarquia.•O anfitrião se sentará na cabeceira principal e a segunda presidência corresponderá à dona da casa.•Em alguns casos, os anfitriões podem ceder uma das cabeceiras, colocando nela o convidado de honra.•Quando estiver presente um Chefe de Estado, ele sempre ocupará a presidência.•É a distribuição mais adequada para reuniões (jantares, almoços) oficiais e privados.•Em caso de negociações, facilita a conversa entre os presidentesdas delegações.•Os convidados de segundo nível ficam relegados a um papel passivo.•As mulheres nunca ficam nas pontas.•Deve-se evitar usar as pontas.•A alternância de sexos é uma regra fundamental.•Jamais sentar marido e mulher juntos, que que se socializem.

PRESIDÊNCIAS

Conversação ativa- cabeceira da mesa -

Conversação secundária (passiva)

Conversação secundária (passiva)

•A prioridade será dada pela entrada dos convidados, sendo a localização das janelas secundária.•O anfitrião senta-se em um extremo da mesa olhando sempre para a entrada dos convidados.•As presidências estão situadas nas pontas. Existem dois pólos de conversação ativa.•É indicada para reuniões mais íntimas com grupo reduzido de convidados.•São mais animadas porque existem dois pólos de conversação e os convidados do segundo nível não se sentem relegados.•Não deve haver mais de 24 pessoas.•Quando são Chefes de Estado, o casal é Chefe de Estado (nunca um casal normal).

Conversação secundária (passiva)

PRESIDÊNCIA Conversação ativa

PRESIDÊNCIA Conversação ativa

Modelo inglêsMESA IMPERIAL OU CLÁSSICA

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MESA PRESIDENCIAL

•Quem preside está situado em uma só cabeceira.

•Sua característica principal é que não pode haver

convidados diante da presidência.

•Este tipo de cabeceira é usado para grandes banquetes ou

reuniões por sua flexibilidade e a relativa facilidade para

organizar as precedências, principalmente quando

concorrem muitos convidados.

PRESIDÊNCIA

PR

ESI

NC

IA

O CONVITE

Ao fazer um convite, informal ou cerimonioso, o anfitrião estará revelando suas habilidades, seu grau de segurança e seu estilo.

Todo convite deve indicar data, hora, local e traje. É obrigatório informar o traje em eventos onde há autoridades. Os convites podem ser feitos de forma verbal, com clareza e objetividade, e por escrito, o que requer rigor no prazo. Recomenda-se o mínimo de quinze dias para a distribuição dos convites de eventos empresariais. Se não houver tempo hábil para a remessa do convite impresso, é preferível fazer uso da agilidade do fax e do e-mail. Outra alternativa é o serviço de motoboy, que dá agilidade e segurança a entrega.

Deverão ser feitos de forma cuidadosa em papel de boa qualidade. O convidado, ao ler um convite, deverá saber prontamente para o que está sendo convidado, qual o traje, local, hora e dia do evento. Quando necessário, deve-se registrar número de telefone para que o convidado registre sua presença.

Folder não é convite. Para autoridades, além do folder, é necessário enviar o convite.

A empresa/instituição propriamente dita não convida pessoas para eventos, pois é impessoal e demonstra certa frieza e distância. Sempre que possível, sobretudo nos acontecimentos solenes, é melhor evitar tal uso. Quem faz o convite é o presidente/gestor da empresa.

Vale lembrar que é pouco elegante três ou mais pessoas fazerem o convite. Muito espaço é ocupado com seus nomes e os de suas empresas/cargos ou funções. O convite fica “pesado”.

Primar pelo objetivo, redação e estética, usar papel de boa qualidade e enviar convite dentro do prazo refletem a boa organização da empresa. No convite devem estar bem claro as seguintes informações:

− Quem convida; − A quem convida; − Para que convida; − Traje / RSVP.

Observações:

− Atentar para as formas de tratamento;

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31− Não se usa a palavra “convite”. É redundante já que no corpo do mesmo necessariamente deverá

constar esta palavra;

− Convites para altas personalidades, e de um modo geral, usa-se “tem a honra de convidar” e não “prazer em convidar”;

− Solenidade: “honra”. Cerimônia: “prazer”;

− Convite para grandes recepções deve constar o traje. Especificar equivalente para os militares;

− Convites devem ser enviados com 15 dias de antecedência;

− Não se convidam e nem se assentam pessoas inimigas próximas;

− Uma recusa não deve motivar insistência.

− Quando constar o RSVP, responder em 24 horas; e o que significa R.S.V.P.?

R.S.V.P. vem do francês: "respondez s`il vous plait", que significa "responda, por favor". A pessoa que enviou o convite deseja saber se você vai aceitá-lo ou não, ou seja, ela quer saber se você vai comparecer ao evento. As regras de etiqueta seguidas na maioria das culturas ocidentais diz que ao receber um convite formal por escrito, você deve responder imediatamente, se possível no mesmo dia. Do ponto de vista prático, este procedimento é muito importante para anfitriões que estão planejando um jantar, um casamento ou uma recepção, pois precisam saber quantas pessoas estarão presentes e a quantidade de comida e bebida que devem providenciar. Ainda mais importante é a delicadeza de responder a alguém que foi tão gentil em convidá-lo, mesmo que seja só para pedir desculpas pelo não comparecimento ao evento.

Alguns convites de casamento já vêm com um cartão de resposta, que você pode enviar de volta assim que recebê-lo. Outros vêm com o número de telefone do anfitrião para que você possa telefonar dando sua resposta, embora a etiqueta diga que um convite por escrito requeira uma resposta também por escrito. Atualmente, os convites costumam vir com uma anotação no final indicando que você só deve responder caso não possa comparecer ao evento. Isso significa que ele conta com sua presença, a menos que você o informe o contrário.

Você deve estar se perguntando por qual motivo usam-se as iniciais de uma frase em francês em um convite escrito em outro idioma. Você poderia dizer que os franceses "inventaram" a etiqueta, embora isso fosse simplista, uma vez que regras de etiqueta sempre existiram nas civilizações. Na verdade, um diplomata italiano, Conte Baldassare Castiglione, escreveu o primeiro livro sobre comportamento adequado entre a nobreza no século XVI. No entanto, muitas das práticas de etiqueta ocidental vêm da corte francesa do Rei Luís XIV no final do século XVII e início do XVIII. Em Versailles, seu palácio, Luís XIV mantinha regras de comportamento para a corte escritas no que os franceses chamavam de "bilhetes" ou "etiquetas". Os bilhetes eram cartazes fixados nas paredes do palácio ou convites para eventos da corte com as regras de comportamento impressas no verso. Especialistas contam diferentes versões para a origem disso. Além disso, o francês era a língua do refinamento e da alta sociedade no século XIX nos Estados Unidos. Judith Martin, autora de livros de etiqueta e colunista de um jornal, conhecida como "Srta. Boas Maneiras" acha que "R.S.V.P." é uma forma educada de lembrar as pessoas de algo que já deveriam saber: ao receber um convite, devemos dar um retorno.

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Cadê o endereço do batalhão??????

PRONOMES DE TRATAMENTO

Ao fazer um convite, enviar uma carta, uma petição, um cumprimento, e na conversação em um evento social onde se encontram autoridades, é comum a pessoa se perguntar qual o pronome de tratamento que deve empregar em meio às dezenas de expressões que se convencionou considerarem as mais respeitosas.

Definidos no âmbito das Boas Maneiras, os pronomes de tratamento são palavras que exprimem o distanciamento e a subordinação em que uma pessoa voluntariamente se põe em relação a outra, a fim de agradá-la e ensejar um bom relacionamento. Porém, seu emprego abusivo poderá afetar negativamente a dignidade da pessoa que os emprega; é o que se chama sabujice.

O Aurélio define os pronomes de tratamento como "palavra ou locução que funciona tal como os pronomes pessoais". Os gramáticos, por sua vez, ensinam que esses pronomes são da terceira pessoa, substituindo o "tu" da segundo pessoa.

Isto é fácil de entender. A base desses pronomes são certos qualificativos como: Excelentíssimo, Reverendo, Magnífico, Eminente, etc. As formas pronominais diretas e indiretas, respectivas a esses exemplos são: Vossa Excelência, Sua Excelência, Vossa Reverendíssima, Sua Reverendíssima, Vossa Magnificência, Sua Magnificência, e Vossa Eminência, Sua Eminência. Usando-as, não se fala diretamente com a pessoa, mas, estando em sua presença, dirige-se a ela representada por aquilo que ela tem de notável; uma qualidade que é tomada pelo substantivo (ou nome) respectivo.

Por exemplo, a uma pessoa bela, pode-se dizer "Vossa Beleza gostaria de sentar-se ao meu lado?" dirigindo-se à sua beleza, como se dissesse "Ela, a tua beleza, gostaria de sentar-se ao meu lado?". Poderia também falar a respeito dela a uma terceira pessoa dizendo: "Sua Beleza já se foi!", ou "Sua Beleza está de mau

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33humor". Quando se reconhecem na pessoa excelsas virtudes e excelência moral, fala-se dela: "Sua Excelência deu-me uma ordem" (a excelência dela deu-lhe uma ordem).

Mas a questão, do ponto de vista gramatical, é um pouco complicada. Afinal, por que se diz "Vossa Excelência" e não "Tua Excelência" como segunda pessoa do singular? Ocorre que um modo de reconhecer ou afirmar com mais ênfase é empregar os pronomes no plural, substituindo "tu" por "vós", "tua" por "vossa", etc. Assim é na prece "Vós sois o Todo Poderoso", em lugar de "Tu és o Todo Poderoso".

Quando se diz "Vossa Excelência", diz-se que, além de reconhecer na pessoa a sua excelência moral, também reconhece-se a grandeza de sua virtude. Então o significado "Ela, a tua excelência" passa a ser "Ela, a vossa (grandiosa) excelência". O verbo fica na terceira pessoa do singular porque a concordância é feita com a qualidade "excelência" e não com o pronome possessivo "Vossa". Mas é importante lembrar que, por hábito, "seu" e "sua" são empregados naturalmente em lugar de "teu" e "tua", e "vosso" e "vossa" em muitas regiões do Brasil. Resulta disso certa tendência ao emprego incorreto da fórmula mais suave de tratamento direto "Sua Excelência", em lugar de "Vossa Excelência", como em "Sua Excelência me permite?".

VOCÊ. Ao tempo dos governos por "Direito Divino", os cargos eram considerados sagrados e toda autoridade representava a autoridade divina. Então, o povo comum preferiu de modo mais prático, enaltecer uma qualidade nos poderosos que lhe interessava mais de perto: a "misericórdia" ou "mercê" das autoridades. Daí dirigir-se o povo às pessoas mais importantes por "Vossa Mercê". O pronome "Você" é uma contração da alocução "Vossa Mercê", e é por essa razão que é usado como terceira pessoa, pois a concordância dá-se com uma qualidade que representa a pessoa poderosa, sua magnanimidade ou "Mercê".

RESPEITO AO CARGO. Penso que é uma falsa idéia considerar os pronomes de tratamento como necessários para manifestar respeito pelo cargo público que uma pessoa ocupa. Esses cargos, em uma democracia, são conferidos pelo povo e nenhum deles representa autoridade sobre pessoas; representam apenas responsabilidade pelo cumprimento da Lei no setor específico da autoridade respectiva.

Porém, quando a autoridade pública tende a ser aterrorizante, o medo é, com certeza, um fator no inconsciente coletivo que leva ao excesso de frases e cumprimentos laudatórios em que a subserviência é uma defesa e a sabujice uma estratégia. No Estado Moderno, onde existe verdadeiramente Justiça e os funcionários do Poder são corretos, os cidadãos não precisam temer a arbitrariedade, e por isso o tratamento não enfrenta nenhuma barreira e pode dispensar perfeitamente estas formas fantasiosas e ultrapassadas de tratamento com origem nos círculos da tirania por direito divino e nos meios oficiais corruptos.

O respeito pelo cargo de uma autoridade, ou pela autoridade mesma, ou pela pessoa que exerce a autoridade, consiste em respeitar a Lei por cujo cumprimento ela é responsável, e não em chamá-la de "excelentíssima".

O EMPREGO DE "SENHOR". Como dito, os pronomes de tratamento são expressões do distanciamento e da subordinação em que uma pessoa voluntariamente se põe em relação à outra, a fim de agradá-la e ensejar um relacionamento cortês. O principal pronome de tratamento, consagrado universalmente e o único que as pessoas comuns devem usar como necessária manifestação de respeito, não importa a quem estejam se dirigindo, é "Senhor/Senhora" usando-se sempre o tratamento direto. A expressão "Vossa Senhoria", pela razão acima exposta já emprestaria uma ênfase desnecessária à superioridade e, no meu entender, deveria ser evitada.

O homem comum, mesmo quando se dirige ao Presidente da República, ou quando fala dele, não deve utilizar mais que "Senhor Presidente" e "O Senhor Presidente". Então seria perfeitamente polido o tratamento na frase: "Senhor Presidente, o Senhor pode conceder-me uma audiência?", e o mesmo é válido para o tratamento com qualquer autoridade, inclusive juízes, reitores, deputados e senadores.

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34É de notar, e isto é muito importante, que também no tratamento que se dá ao reitor de uma

universidade pode ser obrigatório o emprego daqueles anacrônicos pronomes de tratamento apenas para os professores e funcionários da universidade, que são seus subordinados, e para a burocracia, se a universidade for federal, estadual ou municipal. No caso de se tratar de uma universidade particular, apenas se o seu Conselho Universitário criar um Protocolo contendo tal determinação estaria o seu corpo docente obrigado a empregar o pronome "Magnífico Reitor" ou "Vossa Magnificência". Portanto, nesse caso, se você quer chamar o seu reitor de Magnífico com propriedade, apresse a aprovação do Protocolo da sua Instituição estabelecendo tal preciosismo.

Os alunos das universidades tanto públicas quanto privadas, quando dirigem seus requerimentos ao Reitor, não estão obrigados a tratá-lo por "Vossa Magnificência" nem a endereçar sua petição "Ao Magnífico Reitor" uma vez que não pertencem à Instituição, apenas a freqüentam. O tratamento que devem dar ao Reitor é apenas "Senhor Reitor".

O EMPREGO DE "DOUTOR". A palavra "Doutor" tem dois únicos significados e, conseqüentemente, deveria ser empregada somente nos casos a eles pertinentes: "médico", por tradição, ou um determinado grau de estudo universitário obtido em uma especialização além do bacharelado.

O emprego indevido de "Doutor" é comum entre a gente mais humilde e sem instrução, e por funcionários mal preparados, que associam a palavra Doutor a um status social ou a um nível de autoridade superior ao seu. Essas velhas divisões não são condizentes com a democracia. É necessário lembrar que não existe lei que obrigue uma pessoa comum a tratar outra por Doutor. Esse tratamento só é obrigatório nos meios acadêmicos para aqueles que fizeram defesas (antigamente pública), de tese. Tão pouco um tratamento discriminatório desse tipo poderá ser um dever de Civilidade ou de Boas Maneiras. Quando estabelecer um novo relacionamento, limite-se ao uso de "Senhor", e não utilize "Doutor", exceto numa relação profissional, se assim desejar, caso esteja sob os cuidados de um profissional formado.

CAMARADA, COMPANHEIRO, IRMÃO. Os círculos e organizações privadas podem criar o seu protocolo para observância entre seus membros, e assim acontece com a Igreja, com uma empresa, com partidos políticos, ou um simples clube esportivo. É uma posição da filosofia socialista que todas as pessoas são parte do Estado e por isso as formas de tratamento discriminatórias não são cabíveis. O mesmo pode acontecer por parte de denominações religiosas que desejam enfatizar entre os fieis a noção de igualdade perante o sagrado. Nesses casos, o tratamento indireto é parecido com os anteriormente vistos, mas não é feito com base em uma qualidade da pessoa, mas com respeito à sua condição de igual, expressa por substantivos como "Camarada,", "Companheiro", "Irmão", etc; por exemplo: "O Irmão está satisfeito?", "O Camarada me permite?".

PROBLEMAS DO CERIMONIAL. Nos círculos fechados da diplomacia, do clero, da burocracia governamental, do judiciário, etc., ainda existe o emprego codificado (são obrigatórios por Lei) de pronomes de tratamento laudatório, hierarquizados pela importância oficialmente atribuída a cada cargo (maior importância: Excelentíssimo Senhor; menor importância, Senhor, etc.).

A Presidência da República Federativa do Brasil editou em 1991 um minucioso manual com todos os tons obrigatórios para o trato oficial em todos os níveis, federal, estadual ou municipal, com o emprego de "Excelentíssimo", "Magnífico", "Santíssimo" "Eminência Reverendíssima" ou, no mínimo "Senhor". Diz o manual que é por tratar-se de "tradição". É claro então que o manual está transformando essa "tradição" em norma a ser obedecida. Porém, essas normas não podem ser obrigatórias para o cidadão comum, e devem ser entendida como normas de Protocolo, obrigatórias apenas entre os próprios burocratas, e no trato oficial com autoridades estrangeiras e da Igreja, que muito as apreciam e exigem.

Note-se que existem três formas:

a) Apenas o qualificativo utilizado no endereçamento. Ex.: Ao Magnífico Reitor da Universidade do Gama;

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35b) O tratamento direto, com ênfase, como na frase: "Vossa Excelência, o que me ordena?", ou simples: "Sua Excelência, o que me ordena?";

c) O tratamento indireto, quando falamos a um terceiro a respeito da autoridade: "Sua Excelência, o Ministro, me fez portador dessa mensagem congratulatória".

CONCLUSÃO. É sem dúvida uma questão que interessa à Filosofia Moral, o fato de alguém, - por força de lei ou de normas, ou simples tradição, - ser obrigado, ou de alguma forma coagido a empregar expressões laudatórias como "Digníssimo", "Excelentíssimo" "Ilustríssimo", ou a se ajoelhar ou se curvar, obrigatoriamente, diante de uma pessoa. Por significar uma discriminação, esse constrangimento afeta a igualdade de tratamento garantida na Declaração dos Direitos Humanos.

A boa tendência em Boas Maneiras é guardar a tradição. Porém, devido às novas formas de comunicação, o tratamento entre os cidadãos tornou-se bastante simples. O que Boas Maneiras prescrevem é que se manifeste respeito com propriedade e simplicidade, sem exageros. Porém, mesmo nas democracias mais liberais e cultas, enquanto houver pessoas que não se reconheçam como indivíduos comuns e acreditem que o tratamento cerimonioso que empregarem, com cuidadosa discriminação em vários graus de adequação e propriedade, será prova de seu refinamento e superioridade social, o cacoete laudatório haverá de continuar.

A ORDEM DE PRECEDÊNCIA

A precedência é o “X” da questão. É à base do cerimonial e de todo processo de planejamento, elaboração e execução da cerimônia ou de um evento.

No mundo oficial e nas relações internacionais, é preciso, além da prática das regras de boas maneiras, uma regulamentação mais rígida do lugar que as pessoas, com cargos públicos ou não, ocupam numa reunião formal. São estabelecidas precedências, e é dado o tratamento que de direito essas pessoas, merecem em decorrência de título/cargo/função exercida.

A observância do protocolo é o cerne de um cerimonial. O pesquisador francês Pierre Lascoumes, interessado em regras jurídicas e em costumes ligados a sua aplicação, refere-se ao protocolo como trânsito do poder. “Sem o protocolo, todas as recepções oficiais e ocasiões de encontro entre destacadas personalidades políticas, culturais e econômicas – que são ou acreditam ser – seriam ocasiões de disputas incessantes”, escreve Lascoumes.

Se alguém de posição social mais elevada ou mais idosa sente-se desconsiderado por não ser distinguido entre os lugares de honra, pode-se avaliar o que representa para um Secretário de Estado estar posicionado abaixo dos seus direitos. Mas isso acontece. No tempo dos Kennedy na Casa Branca, durante um banquete, o Embaixador da França se retirou, enquanto serviam a sopa, em protesto ao lugar que lhe fora designado à mesa. Há convidados igualmente ofendidos que usam uma forma mais ponderada de protesto: viram o prato para baixo. É um jeito de criticar o anfitrião pela desconsideração, sem atingir os convidados e o anfitrião.

Precedência é identificar, reconhecer a primazia de uma hierarquia sobre outra hierarquia. Desde a antiguidade e em diversas partes do mundo, tem sido objeto de estudos, decretos que versam sobre as normas e praxes, cuja falta de acatamento tem provocado desavenças e gafes, gerando constrangimento entre as partes envolvidas.

UM POUCO DE HISTÓRIA SOBRE A PRECEDÊNCIA

− A História conta que dois enviados, um de Gênova e um de Brandenburgo, lutaram no quarto do Rei de Versailles, porque nenhum queria dar ao outro a precedência para a primeira audiência.

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36− Há ainda a história de dois embaixadores que se encontraram cara a cara sobre uma ponte em

Praga e lá ficaram o dia inteiro, porque ambos acreditavam que o dar ao outro a precedência de passar primeiro seria levar seu país à desgraça.

− Ao entrevistarem-se na Ilha dos Faisões, em 1600, os monarcas da França e Espanha, a sala de reuniões foi dividida ao meio e cada rei ficou numa metade, com seu séquito, sem ter que ceder a direita ou à frente ao outro.

− Em 1659, durante as deliberações que levaram ao Tratado dos Pirineus, o enviado de Felipe IV, Luiz de Haro e o representante de Luiz XIV, Cardeal Mazarino, entraram na sala de conferências, cada um por uma porta e colocaram-se frente a frente, ficando a metade da sala para cada um.

− Para a entrevista do arquiduque José e o representante da Baviera, foi sugerido que andassem pela sala enquanto discutiam, para que nenhum, ao sentar-se, desse a direita para o interlocutor. É verdade que andando, um ficava à direita na ida e o outro na volta. Havia, sim, uma alternância.

− Certa feita, em uma Rua de Haya (1657), a carruagem do embaixador espanhol Esteban de Gamarra e a do embaixador francês, Marquês de Thou, ficaram frente a frente. Ambos queriam passar mais perto da paliçada que protegia, nessa rua, aos pedestres, partindo do princípio de que numa calçada o lugar de honra é mais perto da parede. Para garantir este propósito dispusera cada um, sua guarda. Ia haver cruenta batalha. O Burgomestre da cidade correu a solucionar o problema Ia de carruagem a carruagem, e afinal conseguiu que o espanhol concordasse em não se desviar, seguindo em frente por sobre o local que seria derrubada a paliçada. O francês foi enfrente com archotes (a noite tinha chegado), todo ufano, considerando-se vencedor.

− Esse incidente acirrou os ânimos entre Espanha e França. A 30 de setembro de 1661 houve, em Londres, outro sério incidente. Era tradição, na corte de Saint James, que à chegada de um chefe de missão o rei deveria mandar sua carruagem para conduzir o enviado a sua residência, acompanhado de pomposo séquito. Era também tradição que os chefes de missão dos países amigos acorressem a participar do cortejo com suas carruagens de gala. Nessa data, chegara o enviado da Suécia. Iniciado o cortejo, eis que chega a carruagem do embaixador francês, conde d´Estrades, com 150 homens, e chega o embaixador espanhol, barão de Vateville, com outros tantos homens, e ambos desejavam colocar-se imediatamente depois da carruagem do recém-chegado. Houve luta. No início os franceses levaram a melhor, mas depois os espanhóis reagiram. Houve mortes. O rei Sol rompe com Felipe IV. Este apresentou desculpas, mas estava vingado o incidente de Haya.

− Por ocasião do casamento da princesa do Brasil, o Marquês de Pombal, José Carvalho e Melo, avisou as potências estrangeiras que a precedência seria regulada pela antigüidade dos representantes no país, exceção feita ao Núncio Apostólico e ao representante do Imperador. Todos aceitaram, mas o Chanceler da França, não. O Conde de Merle, embaixador francês, compareceu com uma atitude marcial, que demonstrava que defenderia o direito pela força. Lord Kinnout, embaixador da Inglaterra, que por antigüidade teria a precedência, recorreu à fleuma britânica e conseguiu evitar sério incidente.

− O Congresso de Viena realizado em 1815 serviu de estrutura para toda diplomacia moderna. Prevaleceu, no mesmo, a idéia do Marquês de Pombal, que preconizava a precedência dos representantes diplomáticos, em razão da data de chegada ao país. Subscreveram o acordo a 19 de março os ministros plenipotenciários que assinaram o Tratado de Paris: Áustria, Espanha, França, Grã-Bretanha, Portugal, Prússia, Rússia e Suécia.

− No ramo da diplomacia, ressaltamos dois casos em que o princípio da ordem alfabética foi torcido para beneficiar uma nação: o primeiro relata haver os Estados Unidos da América comparecido com este nome na Conferência da Liga das Nações, em Haya, e o que lhe valeu uma precedência correspondente a letra “E” (estados) e ao voltar a nova reunião exigiu fosse chamado “Amerique Etates

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37Unid´s”. E ainda o caso da China, que também em reunião do Conselho de Segurança da ONU, exigiu que fosse chamada de “China, República Socialista da”.

Não raro, em grandes reuniões internacionais, surgem comentários ressentidos de alguns participantes, muitos se tornando públicos pela imprensa. Ao investigarem-se as causas, nota-se que os mesmos muitas vezes não advêm do tema objeto da conferência, encontro ou reunião, e sim, freqüentemente, pela inobservância das normas de precedência, o que acaba refletindo o despreparo dos profissionais responsáveis pelo evento. Sobretudo o profissional que assina o cerimonial do evento.

A precedência normalmente é atribuída a uma autoridade em razão do cargo ou função que ela ocupa, e deve ser aplicada com uma posição de destaque em cerimônias, reuniões, posses e outros eventos. Ressalte-se que a cada cerimônia um trabalho de “pesquisa” deverá ser desenvolvido. Para cada cerimônia haverá uma situação a ser estudada.

Outra questão é que nem sempre o protocolo é seguido à risca. Quando isto acontece, chama-se “quebra de protocolo”. Um exemplo muito comum, é quando uma autoridade vem representando outra que possui uma importância maior e não compreende que pela ordem de precedência, não ocuparia o mesmo lugar da pessoa que está representando.

Algumas vezes tornam-se situações delicadas e constrangedoras, pois o representante pode não aceitar o lugar que lhe é de direito e querer exigir o lugar da pessoa a que vem representando (sua precedência é aquela que ele próprio tem direito e não a de quem está representando). Nesse momento, o Chefe do Cerimonial, com seu conhecimento de protocolo, deverá ser direto e explicar que o lugar é aquele, pois a pessoa não pode passar por cima de pessoas de maior influência, que estão ali presentes.

Outro item importante para se destacar, é o fato do cerimonial não ser uma coisa rígida, pois cada país possui sua tradição. Um exemplo é que no Japão, o luto é representado pelo branco, já aqui no Brasil, é o preto. Uma noiva no Japão veste-se de vermelho, aqui no Brasil, de branco. Logo, as diferenças culturais devem ser observadas e levadas em consideração ao organizar um evento, para que não haja gafes tanto no protocolo como no cerimonial.

Em resumo, sobre a ordem de precedência:

− Ordena e disciplina oficialmente o cerimonial;

− Estabelece hierarquia e procedimentos;

− Decreto Lei Nº 70.274, de 9 de março de 1972 (sempre a mão);

− Precedência do Presidente da República ou Vice-Presidente;

− Os Ex-Presidentes da República (Chefes de Estado) terão seu lugar na ordem de precedência logo após o Presidente do Supremo Tribunal Federal, desde que não exerçam qualquer função pública. Neste caso, a sua precedência será determinada pela função que estiverem exercendo;

− Os Ex-Vice-Presidentes da República passarão logo após os antigos Chefes de Estado, desde que não exerçam qualquer função pública. Neste caso, a sua precedência será determinada pela função que estiverem exercendo;

− A Primeira Dama tem seu lugar logo abaixo do Presidente, Governador ou Prefeito. Entretanto, é preciso analisar bem se deverá ou não comparecer à cerimônia – existem casos que sua presença é obrigatória. Ex: quando uma autoridade superior ou convidada especial estiver acompanhada da esposa;

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38− Em 1815, o Congresso de Viena, na Áustria, estabeleceu a estrutura para toda a diplomacia

moderna. Prevaleceu a idéia que preconizava a precedência dos representantes diplomáticos em razão da data de chegada (apresentação das credenciais) no país;

− A Santa Sé (Vaticano) precede esta ordem, pela sua condição de Estado e Chefe de Igreja;

− Precedência do Governador do Estado ou Vice-Governador;

Para melhor compreendermos o valor de um critério fundamental no estabelecimento da ordem geral de precedência, partiremos dos critérios que servem de base na formulação da precedência entre os estados federativos brasileiros e do Distrito Federal. A Bahia é o primeiro estado na precedência, porque sediou a primeira capital do Brasil, quando da instituição dos Governos Gerais. Segue o Rio de Janeiro pelo mesmo motivo histórico. E como explicar, que na seqüência, sucede o estado do Maranhão? Por outro fato de nossa História Colonial: a divisão do território colonial em dois espaços administrativos por ocasião da União Ibérica. O Estado do Brasil e o Estado do Maranhão. O quarto estado federativo na precedência é o Pará. Para proteger a Amazônia das incursões estrangeiras, bem como facilitar o processo de colonização dessa área territorial, Portugal instalou o Grão-Ducado do Pará. Todas essas soluções institucionais político-administrativas são mais elevadas que o princípio da historicidade das Capitanias Hereditárias, adotadas pelo Rei D. João. Assim, somente a partir da quinta precedência federativa adota-se o critério histórico das Capitanias Hereditárias. A seguir o fato orientador é o do movimento das Entradas e Bandeiras. Finalmente, chegamos à História mais recente: a elevação dos Territórios Federais ao nível de Estados da Federação Nacional. E assim por diante.

Também a precedência histórica entre os ministérios observa critérios da nossa História Nacional. Por que Justiça? Pela razão simples. Junto com o Governador Tomé de Souza veio nomeado pelo Rei de Portugal um Ouvidor Geral, que tinha como incumbência distribuir a Justiça na Colônia. Daí a explicação técnica do por que o Ministério Justiça precede a todo restante do Gabinete. Marinha e Exército, vinham na seqüência, até a criação do Ministério da Defesa, que incorporou essa solução histórica, já que as prerrogativas das Forças Armadas foram incorporadas nessa nova formulação institucional.

Devemos entender que numa exposição pública de bandeiras dos estados brasileiros, o critério de precedência adotado será o da precedência histórica entre os próprios estados. Numa ordem de grandeza de ordem de precedência, o Pavilhão Nacional terá a posição primeira, seguindo-se a do estado, após o município e demais bandeiras organizacionais. Caso o órgão tenha o patamar de representação regional não se exibe a bandeira do município. Assim sendo, a ordem entre os estados da federação fica: BA, RJ, MA, PA, PE, SP, MG, GO, MT, RS, CE, PB, ES, PI, RN, SC, AL, SE, AM, PR, AC, MS, RO, AP, RR, TO, DF.

− O Distrito Federal, sede do Governo Federal, não tem características jurídicas e estrutura organizacional de Estado, sendo, portanto, o último na lista de precedência;

− No Legislativo, a precedência dos parlamentares é determinada pela ordem de criação da Unidade Federativa a que pertençam e, dentro da mesma Unidade sucessivamente, pela data da diplomação ou pela idade. Pela dificuldade de se obter estes dados, também se aceitam a ordem alfabética;

− Precedência do Prefeito Municipal da capital do Estado;

− Precedência entre prefeitos municipais é determinada pelo número de habitantes de cada município;

− Outras precedências: idade, sexo, posição social.

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39CRITÉRIOS GERAIS DE PRECEDÊNCIA

Além dos critérios fixados pela Ordem geral de Precedência, definida pelo Decreto nº 70.274/72 para cerimônias oficiais do governo, é possível o emprego de outros critérios, que podem variar conforme a ocasião, a relevância da situação e as autoridades e personalidades envolvidas. A escolha do melhor critério para se estabelecer a precedência leva em consideração aspectos subjetivos como o ambiente social, o contexto político e, principalmente, o bom senso.

Um princípio geral de precedência, estipulado pelas normas de cortesia e etiqueta, e adotado pela maioria das culturas, estabelece que o mais velho passa à frente do mais jovem, as mulheres precedem os homens e os adultos precedem as crianças.

Entre os critérios de precedência mais adotados, encontram-se:

� Critério cultural: é dada a precedência conforme o grau de conhecimento acadêmico e cultural pelo qual a personalidade é reconhecida, bem como pelo destaque que possui em seu meio social.

� Critério de idade: a precedência é definida de acordo com a idade das personalidades presentes, o mais idoso precede o mais jovem. Este critério é utilizado normalmente para estabelecer a precedência entre pessoas do mesmo nível e categoria.

� Critério de antiguidade: a data de criação de organizações e órgãos públicos é usada para estabelecer a precedência entre pessoas jurídicas, bem como de unidades administrativas.

� Critério de ordem alfabética: é o critério mais simples e objetivo, podendo ser empregado no ordenamento de pessoas, organizações e estados. É muito comum, por exemplo, em eventos esportivos internacionais, que reúnem delegações de vários países. O critério de ordem alfabética pode ser empregado em conjunto com outros critérios, como o do rodízio periódico, atualmente adotado por vários organismos internacionais.

PRECEDÊNCIA NA ASSINATURA DE CONTRATOS

Em cerimônias de assinatura de contratos, acordos e tratados, a primeira assinatura é do representante da instituição favorecida em termos financeiros ou técnicos, e em seguida assina o concedente.

É usual, também, os dois representantes assinarem o contrato ao mesmo tempo. Para tanto, deve-se providenciar dois originais do contrato (colocados preferencialmente em pastas de couro) que serão apresentados às autoridades por duas pessoas da organização e do cerimonial do evento, que têm, ainda, a função de mostrar às autoridades onde assinar e rubricar. Após a primeira assinatura, elas recolhem as pastas, trocando-as em ato contínuo, e colhem novamente as assinaturas.

A colocação de rubricas em todas as páginas não é usual. No entanto, quando exigidas, são apostadas posteriormente, para não prolongar o evento. Outro detalhe importante diz respeito às canetas a serem utilizadas: devem ser de boa apresentação e boas condições de uso, sendo apresentadas às autoridades ao mesmo tempo em que se indica o local da assinatura.

COMPOSIÇÃO DE LUGARES

Em eventos, temos a participação de inúmeras autoridades e personalidades nacionais e estrangeiras e outros convidados especiais.

O planejamento e a definição do local que cada convidado irá ocupar não é tarefa simples. Envolve um conjunto de formalidades e requer conhecimento de normas específicas, atenção e bom senso do organizador. Se não for uma decisão bem embasada, desconsiderar a precedência devida a determinado convidado, pelo cargo ou função que exerce, em benefício de outro, pode causar sérios constrangimentos e comprometer o resultado do evento.

Como fonte de consulta, recomenda-se ter sempre em mãos subsídios legais para orientar o trabalho: Decreto nº 70.274/72 e a Lei nº 5.700, de 1º de setembro de 1971, que rege os símbolos nacionais.

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40DEFINIÇÃO DA PRECEDÊNCIA

A primeira etapa para definir os lugares deve ser a elaboração de uma lista com os principais dados de todos os convidados que confirmaram presença. Esta lista deve ser a mais completa possível.

• Identifique o nome do convidado;

• Certifique-se da função que exerce e a instituição que representa;

• Verifique se é uma autoridade civil, militar ou eclesiástica;

• Se virá acompanhado ou não;

• Se estará representando alguma autoridade ou instituição.

A segunda etapa consiste em definir a precedência a que cada convidado faz jus, o que deve ser feito com base no Decreto nº 70.274/72.

Segue-se, então, para a definição dos lugares na mesa oficial do evento. Não basta distribuir os convidados apenas considerando as normas gerais de precedência. É preciso identificar outros indicativos de precedência:

• Quem irá presidir mesa?

• Quem será o anfitrião?

• Há convidado de honra ou homenageado?

• Há algum representante?

DISPOSIÇÃO DAS AUTORIDADES NA MESA OFICIAL DE UM EVENTO

As definições dos termos mesa diretora, mesa principal, mesa oficial e mesa de honra são muito próximas. Todas se referem à mesa composta por um número ímpar ou par de pessoas que irão conduzir a cerimônia. O termo mesa de honra é o mais utilizado quando a mesa é formada basicamente por autoridades.

Os convidados devem ser distribuídos à mesa a partir do centro, que será ocupado por quem irá presidir a cerimônia. Os demais convidados serão dispostos nos assentos à direita e à esquerda do presidente, a partir do centro, com base na ordem de precedência identificada.

Outra forma de compor a mesa, usada principalmente quando está presente o Presidente da República, é iniciar do convidado de menor precedência até chegar à maior autoridade. Alguns governos estaduais também usam esta forma de compor a mesa. Justifica-se para que esta autoridade não fique esperando os demais e também destacar o mesmo.

Nem todas as autoridades que compõe a mesa precisam fazer pronunciamentos. O ideal é que no máximo cinco pessoas façam uso da palavra. Isso deve ser negociado entre os organizadores, conforme o objetivo do evento, sem deixar de considerar também a posição da maior autoridade no evento.

NOMINATA

É a relação das autoridades presentes na cerimônia. Pode ser feita na forma de lista ou cartões individuais com nome, cargo/função/entidade e, ainda, os dados do representante, quando houver.

Caberá a equipe do receptivo solicitar às autoridades e convidados que irão compor a mesa o preenchimento da nominata e a assinatura no livro de presença, quando houver.

As nominatas poderão ser lidas tanto pelo Mestre de Cerimônias quanto pela maior autoridade, sempre respeitando a ordem hierárquica decrescente.

EM CASO DE ATRASOS

Atrasos são inevitáveis. Se a autoridade prevista para compor a mesa não chegar a tempo, sugere-se a abertura da cerimônia com os presentes. Para evitar situações desagradáveis, reserve uma cadeira fora da mesa.

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41Se a participação dessa pessoa for fundamental para o evento, tão logo ela se apresente, poderá ocupar o assento, fora da ordem de precedência.

Há situações nas quais a autoridade em atraso é de alta hierarquia e, nesses casos, não é aconselhável ferir a precedência. Recomenda-se, então, reservar uma cadeira próxima à mesa e, no momento de sua chegada, solicitar gentilmente aos demais membros que abram um espaço para recebê-lo. Esta situação deve ser evitada, mas é importante estar preparado.

PRONUNCIAMENTOS

A ordem de pronunciamentos deve ser da menor para a maior autoridade. Sugere-se, entretanto, consultar a maior autoridade para checar a sua disponibilidade de tempo. Se o tempo disponível for muito restrito, a ordem dos discursos poderá ser adaptada.

LUGARES DE HONRA NA PLATÉIA

A reserva de áreas nobres na platéia, além de oferecer um tratamento diferenciado às autoridades e convidados de honra presentes à solenidade, permite composições de emergência. Essas áreas localizam-se nas primeiras filas próximas à mesa principal, sendo os assentos mais ao centro reservados para as autoridades de maior nível hierárquico.

PRECEDÊNCIA NAS UNIVERSIDADES

1. Chanceler; 2. Reitor; 3. Presidente do CRUB ou Presidente da Associação das Universidades; 4. Universidade Federal

Entre as universidades federais, para desempatar: data da fundação, tempo do Reitor na universidade, idade do Reitor, ordem alfabética.

5. Universidade Estadual; 6. Universidade Municipal; 7. Universidades Particulares.

PRECEDÊNCIA NAS FORÇAS ARMADAS

Grupos Marinha Exército Aeronáutica

Oficiais Generais

Almirante Marechal Marechal-do-Ar

Almirante-de-Esquadra General-de-Exército Tenente-Brigadeiro-do-Ar

Vice-Almirante General-de-Divisão Major-Brigadeiro-do-Ar

Contra-Almirante General-de-Brigada Brigadeiro

Oficiais Superiores

Capitão-de-Mar-e-Guerra Coronel Coronel

Capitão-de-Fragata Tenente-Coronel Tenente-Coronel

Capitão-de-Corveta Major Major

Oficiais Intendentes Capitão-Tenente Capitão Capitão

Oficiais Subalternos

Primeiro-Tenente Primeiro-Tenente Primeiro-Tenente

Segundo-Tenente Segundo-Tenente Segundo-Tenente

Guarda-Marinha Aspirante Aspirante

Graduados

Suboficial Subtenente Suboficial

Primeiro Sargento Primeiro Sargento Primeiro Sargento

Segundo Sargento Segundo Sargento Segundo Sargento

Terceiro Sargento Terceiro Sargento Terceiro Sargento

Cabo Taifeiro-Mor / Cabo Cabo / Taifeiro-Mor

Marinheiro Taifeiro Primeira Classe Soldado/Taifeiro Primeira Classe

- Taifeiro Segunda Classe Taifeiro Segunda Classe

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42PRECEDÊNCIA NO CORPO CONSULAR

− Cônsules de Carreira: 1. Decano do Corpo Consular (Cônsul de Carreira que está a mais tempo no Estado); 2. Cônsul-Geral; 3. Cônsul; 4. Cônsul Adjunto; 5. Vice-Cônsul; 6. Agente Consular. − Cônsules Honorários: 1. Cônsul Geral Honorário; 2. Cônsul Honorário; 3. Vice-Cônsul Honorário; 4. Agente Consular Honorário.

O PODER LEGISLATIVO

O Poder legislativo é o encarregado de exercer a função legislativa do Estado, função esta que consiste em regular as relações dos indivíduos entre si e com o próprio Estado, mediante a elaboração de normas jurídicas. Através do poder legislativo fazem-se as leis para sempre ou para determinada época, bem como se aperfeiçoam ou ab-rogam as que já se acham feitas. No poder legislativo, a Câmara dos Deputados representa a totalidade dos cidadãos composta de representantes populares em número proporcional aos habitantes ou de eleitores. É a assembléia democrática por excelência. O Senado tem, no sistema presidencial, feição menos popular sendo a assembléia dos estados, que se fazem nela representar em termos de paridade política cabendo a cada Estado igual número de senadores. A competência das duas casas no presidencialismo é instituída pela Constituição do País.

O PODER LEGISLATIVO NO BRASIL

No Brasil, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário são os Poderes da União. Cada Poder tem sua atuação estabelecida na Constituição, sem impedir que a interação entre eles ocorra de maneira independente e harmônica. O Poder Legislativo no Brasil é organizado em um sistema bicameral e exercido pelo Congresso Nacional que é composto pela Câmara dos Deputados, representando o povo brasileiro, e pelo Senado Federal, que representa as unidades da federação (Estados e Distrito Federal). Portanto, a Constituição fixa a representação nas duas Casas do Congresso Nacional, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal. Esse modelo bicameral confere às duas Casas autonomia, poderes, prerrogativas e imunidades referentes à sua organização e funcionamento em relação ao exercício de suas funções. Não há hierarquia entre a Câmara dos Deputados e o Senado Federal. As duas Casas possuem a mesma importância na organização do Poder Legislativo Brasileiro.

O Poder Legislativo Brasileiro tem como principal função legislar. Além disso, outra importante função é a de fiscalizar os Poderes da União em termos contábeis, financeiros, orçamentários, operacionais e patrimoniais, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas. O Congresso Nacional e suas Casas funcionam de forma organizada, tendo os seus trabalhos coordenados pelas respectivas Mesas. Em geral, a Mesa da Câmara dos Deputados e a do Senado Federal é presidida por um representante do partido majoritário em cada Casa, com mandato de dois anos. Além do presidente, a Mesa é composta por dois vice-presidentes e quatro secretários. As normas que disciplinam o processo legislativo estão contidas na Constituição Federal, no Regimento Interno de cada uma das Casas e no Regimento Comum do Congresso Nacional.

A CÂMARA DOS DEPUTADOS

A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do povo, eleitos em cada Estado e no Distrito Federal pelo sistema proporcional. Hoje são 513 deputados. Cabe-lhe dispor sobre as matérias de competência legislativa da União, além de exercer a fiscalização dos atos do Poder Executivo. É também de sua competência

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43autorizar, com a aprovação de dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado. Além disso, a Câmara tem a competência privativa para elaborar e modificar o seu Regimento Interno.

Diferentemente de alguns órgãos da administração pública, a Câmara dos Deputados é um colegiado. Essa observação torna-se importante ao nos referimos ao processo de tomada de decisão. Em termos de comparação, o Poder Executivo Federal, representado pelo Presidente da República, toma as decisões individualmente, pois os Ministros são apenas seus auxiliares. Já a Câmara dos Deputados toma a maioria de suas deliberações mediante o conjunto ou parte da totalidade dos Deputados Federais. São órgãos políticos da Câmara dos Deputados: a Mesa Diretora; o Colégio de Líderes (Lideranças); as Comissões; a Procuradoria Parlamentar; e a Ouvidoria Parlamentar.

A Mesa, na qualidade de Comissão Diretora, é o órgão que possui, entre outras atribuições, a competência de dirigir todos os serviços da Câmara. É responsável pela direção dos trabalhos legislativos e dos serviços administrativos da Casa, sendo composta por sete membros: Presidente, dois Vice Presidentes e de quatro secretários. A Mesa conta ainda com quatro Suplentes de Secretários. O Presidente é o representante da Câmara quando ela se pronuncia coletivamente e o supervisor dos seus trabalhos e da sua ordem.

Os órgãos componentes da estrutura política da Casa são os mais ligados à atividade-fim sendo eles a Secretaria-Geral da Mesa; a Diretoria Legislativa; as Consultorias Legislativas de Orçamento e Fiscalização; o Departamento de Comissões; o Centro de Documentação e Informação e Departamento de Taquigrafia, Revisão e Redação. O Plenário é considerado a instância máxima para as decisões da Câmara dos Deputados. Trata-se de reunião plena dos Parlamentares, pois nesse recinto devem estar presentes todos os 513 Deputados Federais para procederem as mais diversas discussões e deliberações.

A FINALIDADE DO PROTOCOLO E CERIMONIAL NO LEGISLATIVO - O CERIMONIAL POLÍTICO

O Cerimonial no Legislativo certamente é uma atividade política, e, portanto podemos considerá-lo dentro do conceito de Cerimonial Político. Segundo o professor Mário Mesquita da Universidade Nova de Lisboa em Portugal, no seu artigo “Legitimação política e acontecimentos cerimoniais”, “O cerimonial político é um instrumento, entre outros, de legitimação do poder que serve para reforçar ou suprir lacunas de mecanismos constitucionais como seja o mandato conferido pelo eleitorado aos seus representantes. Inscrevendo os gestos de poder em liturgias provenientes de outras eras, introduz-se um placebo que permite colmatar, ao menos em parte, as insuficiências e as imperfeições da representação democrática”.

Baseado nisso e na nossa experiência, acreditamos em primeiro lugar que o cerimonial político é um instrumento que visa legitimar as ações políticas do legislativo, um dos pilares da nossa democracia. É sem dúvida um instrumento importante para a aproximação da instituição ao povo. Como povo, consideramos todos entre os membros da sociedade, as elites, os operários, os empresários, os intelectuais, os analfabetos, todos sem exceções. Podemos considerar o Cerimonial político como um instrumento de inclusão social que impõe respeito aos menos privilegiados, ou seja, as relações de poder com as relações de respeito à pessoa humana.

Devemos considerar que a atividade política no sistema democrática requer um olhar atento aos processos de fortalecimento da população frente a uma participação política mais efetiva. Ao falarmos de cerimonial político não nos referimos somente a solenidades e cerimônias ligados a fatos históricos puramente de sentimento nostálgico, ou de atos políticos como posses de agentes políticos, uma espécie de prolongamento da tradição nas estruturas de poder contemporâneas. Falamos em eventos que visam tornar público as suas ações, que muitas vezes não são compreendidas pelo público nos rituais tradicionais do processo legislativo. Quantas vezes nos

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44deparamos com cobranças ao legislativo de ações que fogem a sua finalidade? Quantas vezes presenciamos grupos tomando para si a autoria de ações exclusivas do legislativo?

Nos dias de hoje, expressões como, “parlamento”, “partido político”, “opinião pública” e “eleições”, entre outras, passam a integrar o vocabulário da sociedade, estando presentes em desde pautas jornalísticas, até conversas informais diárias. Esse fenômeno permite a visibilidade dos acontecimentos e das atitudes de governantes, políticos e instituições políticas. A Professora da PUC do Rio Grande do Sul, Souvenir Maria Graczyk Dornelles divulgou em 2002 um trabalho intitulado, “O Espaço das Relações Públicas no Cenário da Comunicação Política” em que afirmou: “O que temos observado é que nunca o termo cidadania foi tão empregado e valorizado nos discursos de educadores, pesquisadores, empresários, governantes e políticos, conduzindo-nos a perceber que, da intensidade do exercício dessa cidadania dependerá, muitas vezes, os rumos das esferas pública e privada. Como conseqüência, cresce a importância de um trabalho que valorize a postura cívica e o entendimento do efetivo papel social de cada indivíduo na preservação da vida em sociedade”. Dessa afirmação podemos concluir que o cerimonial, por meio de solenidades e cerimônias ou visitas oficiais, poderá apresentar a instituição ou as atividades da instituição à sociedade, ao povo e ao cidadão, para assim motivar e provocar reações positivas, mudar comportamentos e, receber apoio e estimular a participação de todos, captando o apoio dos diversos públicos envolvidos nos eventos.

Maria Helena Weber, no seu livro “Comunicação e espetáculos da política”, publicado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, afirma que “a política contemporânea exige visibilidade e promoção dos projetos políticos“.

DIRETRIZES PARA O DESENVOLVIMENTO DO CERIMONIAL POLÍTICO NO LEGISLATIVO

O profissional de cerimonial que desempenha suas atividades no Legislativo deve considerar que suas atividades têm como objetivo e finalidade de assegurar ou exprimir a coesão e a identidade da sociedade com o legislativo e estruturar as relações sociais entre a instituição e o povo. Busca e associar a instituição a determinados valores e conceitos consagrados, pela opinião pública, despertar interesse do povo nas atividades do legislativo Os eventos devem referendar atos de cidadãos ou membros da sociedade que contribuíram para engrandecimento da nação. Sendo assim os eventos poderão contribuir para a consolidação de uma imagem favorável da instituição que por sua vez poderá fortalecer o intercâmbio com o povo e reforçar a sua interação.

Segundo Mário Martins, “Em teoria, nas sociedades democráticas, correspondentes ao domínio racional-legal, os mecanismos de representação deveriam ser suficientes para estabelecer a legitimidade política. Só a imperfeição ou a crise desses mecanismos explicam a necessidade de recurso à simbólica política, através da recriação de rituais anteriores à laicização do poder”. Todas as instituições democráticas desejam obter prestígio, espaço e poder em relação à sociedade, e ao reconhecimento social. E a atividade do cerimonial político certamente será um grande reforço para alcançar esses objetivos. Ao organizar cerimônias e solenidades o cerimonial, poderá mobilizar o público para ações positivas em relação ao trabalho do legislativo, conquistando, assim, espaço, prestígio e respeito na fixação de conceitos públicos e pessoais. A estratégia do cerimonial político deverá envolver os convidados de uma programação por inúmeros estímulos, abrangidas e motivadoras do contato mais próximo.

As cerimônias ou solenidades que visam reforçar um fato emergente assumem característica de campanhas de sustentação. Mudar uma situação implica em uma alteração sensível de práticas ou valores, como por exemplo, mudar o comportamento dos eleitores no momento do voto visando à diminuição de votos nulos e brancos nas eleições gerais. A organização da cerimônia deverá demonstrar toda a deferência que é devida aos convidados desde a elaboração do itinerário até a importância simbólica da presença de cidadão comum.

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45A maior participação pública e popular nas solenidades e cerimônias é fundamental. Como define o

Embaixador Augusto Estelita Lins no seu livro Evolução do Cerimonial Brasileiro: “Crescente é a tendência para a simplicidade na apresentação dos eventos e no tratamento das personalidades. Observa-se ainda mais preocupação em associar às solenidades todas as pessoas presentes e fazê-las representar em diversos atos, de tal modo que uma quantidade maior de participantes assuma o papel de protagonistas, antigamente restrito a um pequeno número de autoridades cheias de empáfia e arrogância”.

Nos eventos deve ser considerada a presença dos formadores de opinião. Quando falamos em formador de opinião, nos referimos àquele cidadão de maior informação e instrução, que ocupa um papel significativo na sociedade em que está inserido; que tem força de influência, que consegue divulgar suas opiniões e obter adeptos às suas idéias. São empresários, jornalistas, políticos, universitários, líderes de sindicatos, associações, religiosas, entre outros. Como líderes de opinião, consideramos também os partidos políticos, movimentos sociais e grupos de interesse. Não devem ser esquecidos, em razão de sua representação, altos funcionários do governo, juízes e magistrados, empresários, intelectuais, ídolos esportivos, artistas.

Diante disso o cerimonial no legislativo não contribui apenas para ordenar precedências entre autoridades nas suas relações de importância em solenidades oficiais. Também serve para regular intercâmbio entre diferentes dos governos nacionais e estrangeiros e a sociedade, agregarem distinção, prestígio e poder às nossas relações com agentes políticos os agentes públicos e todos os segmentos organizados da sociedade.

A homologação de títulos e condecorações serve para mostrar que o legislativo reconhece e apóia o cidadão nas suas atividades individuais que beneficiam a nação. As leis mesmo aprovadas, promulgadas e referendadas são inexistentes para a sociedade se não forem apresentadas. Por isso, cerimônias como as de apresentação de projeto de leis de iniciativa do legislativo, depois de sancionadas pelo executivo, são organizadas para levar ao público a importância de seus efeitos.

Outros exemplos são as cerimônias que apresentam os resultados de Comissões Parlamentares de Inquérito, que, muitas vezes, como dizemos popularmente, “acabam em pizza”, ou seja, para a população não são levadas até o seu fim. As cerimônias de entrega de projetos de lei de iniciativa popular visam estimular a participação do povo na melhoria do bem estar da Nação.

A IMPORTÂNCIA DA MÍDIA PARA O CERIMONIAL LEGISLATIVO

Os fatos marcantes da instituição, convertidos em eventos especiais ou excepcionais, podem gerar sensação e ser motivo para notícia. Representam oportunidades de intercâmbio e de convivência. Eventos de comemorações como aniversário da instituição, metas e marcos histórico logrados pela Casa, celebrações religiosas, concursos e prêmios: tipicamente os de valorização de grupos sociais, homenagens: placas, retratos, inaugurações, sessões solenes, posses, outorga de condecorações e ainda lançamentos de livros entram na listagem dos eventos que têm para a instituição, para a sociedade um significado peculiar, que venham essencialmente trazer benefícios a todos.

Devemos observar ainda que o cerimonial no legislativo não se restringe somente ao publico presencial, deve ter o formato de um evento midiático ou seja deverá ter a linguagem adequada aos meios de comunicação. Segundo o Prof. Mário Mesquita : “As grandes emoções coletivas congregam-se em volta das telecerimônias”.

A mídia, o rádio, a televisão e o jornal moderno, onde as notícias são transmitidas quase instantaneamente, transformam os eventos políticos que antigamente eram somente presenciados por poucos, em eventos de multidões e serão um dos poucos espaços onde será possível congregar, num espírito comunitário, o grande público nacional ou internacional. O modelo presencial da retórica antiga – o orador e o seu auditório, a multidão e os seus chefes - articula-se com o dispositivo ritual alargado: o rádio e os seus ouvintes, a televisão e os seus telespectadores.

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46Segundo Souvenir Maria Graczyk Dornelles: “....os políticos de hoje são dependentes da mídia, ou seja,

a política precisa da mídia; contudo, a mídia também necessita da política e dos políticos, pois esses surgem como assunto presente e sempre expressivo para a comunicação midiatizada da contemporaneidade..”

Cresce a importância de um trabalho legislativo que valorize a postura cívica e o entendimento do efetivo papel social de cada indivíduo na preservação da vida em sociedade. Nesse contexto, as atividades de cerimonial podem auxiliar diretamente no processo de formação de uma opinião pública favorável, facilitando e favorecendo as relações entre a sociedade e o legislativo.

O verdadeiro estadista torna-se lembrado por sua obra, ética, coerência ideológica, senso de realidade, competência e, sobretudo, pela implementação de políticas públicas eficazes na transformação positiva de uma nação. E não há política pública de fato eficiente sem a devida transparência. Os cidadãos percebem as instituições muito além dos valores e missões fundamentais. A construção da imagem institucional é desenvolvida a partir do que comunica o cotidiano. As solenidades e cerimônias políticas são emotivas e mobilizadoras. As cerimônias do legislativo constituem, afinal, as exceções às situações rotineiras de tomadas de posse ou datas comemorativas. Devem corresponder a algo de excepcional, os eventos sendo únicos e especiais induzindo a mudança de atitude não só do público presente, mas daqueles que acompanham o evento pelos jornais, pela televisão e por outros meios de comunicação.

Os eventos criam o fato para o espectador como, por exemplo, uma solenidade de entrega de condecorações a aqueles que foram colaboradores de forma direta ou indireta na redação de um projeto de lei oferecendo opiniões e subsídios. No evento, personagens importantes da formulação do projeto dariam seu depoimento e seriam por sua vez homenageados pela instituição. Certamente concederá mais credibilidade ao texto uma vez que um simples cidadão poderá se identificar com a pessoa homenageada.

O QUE SE DEVE EVITAR NO CERIMONIAL LEGISLATIVO

Devemos evitar que cerimoniais oficiais sejam eventos faraônicos ou hollywoodianos, deixamos isso para os eventos sociais privados. As solenidades não devem demonstrar ostentação e poder excessivos. Não se deve relacionar requinte e bom gosto com ostentação. Segundo Embaixador Estelita Lins: “A vida é feita de pequenos grandes detalhes. São esses preciosismos que fazem a diferença e marcam, e contribuem na construção de imagens públicas. Daí a necessidade de atentar para uma perfeita elaboração de rituais de cerimoniais logísticos numa sociedade onde a imagem pública constitui um fator preponderante de prestígio, credibilidade e liderança.”

Não se deve organizar cerimônias vazias, sem significado, de exibição e mera finalidade de divertimento e lazer. É preciso evitar o uso recursos oficiais para festas particulares do agente político tais como batizados, casamentos, aniversários que não tenham relação com a finalidade do Poder Legislativo. Devemos lembrar que o Estado não tem dinheiro, ele usa o dinheiro da sociedade, recolhidas por meio de impostos, e o reverte em serviços públicos em benefício de todos.

Devem-se evitar, na organização do cerimonial do Legislativo, ações individuais do parlamentar resultando na autopromoção, no marketing eleitoral e partidário. Reforçamos que os eventos não devem ser organizados visando apresentar o apoio a grupos de interesse privado, mas sempre em apoio ao interesse público. Excluem-se assim dos atos oficiais, todos aqueles que apenas envolvem interesses pessoais dos dirigentes e de sua vida privada ou familiar, como também os que visam a interesses extemporâneos ou secundários da instituição, não envolvendo a comunidade.

O CAMINHO A SER SEGUIDO

Assim sendo, qual é o caminho que se devem seguir quando da organização do cerimonial no Legislativo? Devemos deixar de lado a idéia de que cerimonial e protocolo são meramente instrumentos de rituais teatrais e de glamour para pensarmos num instrumento importante para a consolidação do papel do legislativo no cenário democrático do Estado. Cerimonial político expressa consciência social e ética com compromisso social. Apesar das

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47aparentes “firulas” como dos cortes de fitas com tesouras de prata, os rapapés dos discursos e dos elogios aos membros das elites. Todo cerimonial pode se adaptar para servir a finalidades políticas, já que podemos afirmar que o cerimonial é uma arma política, não é uma exibição gratuita e vazia de sentidos práticos. Deverá ser um instrumento de poder e não uma arma de poder. Não devem ser permitidas às regras de protocolo funcionem como barreiras de exclusão social.

O Cerimonial Legislativo deverá ter consistência social e ética com a participação significativa do público sem a exibição do luxo excessivo nas solenidades. A dimensão da autoridade com a precedência, não infere dimensão de autoridade pelo cargo que cada um ocupa, mas pelos valores e princípios da sociedade. Algumas autoridades dão mais valor à posição que ocupam do que ao poder real de seus cargos e funções. O evento se parece às vezes com o teatro; fantasioso, e muitas vezes irreal.

Uma das condições para existir cerimonial é que a solenidade tenha uma motivação, uma finalidade, um significado para a comunidade, para o bem comum e é claro para o público presente. É preciso considerar o público, não só como assistente passivo, mas como participante, dando-lhe um lugar a um representante seu nas mesas de presidência da solenidade. Ao cerimonial oficial competem os atos do legislativo que deve envolver interesses reais da instituição e ter como finalidade imediata o bem comum da comunidade que dele participa e é por ele afetada em sua globalidade.

Com grande razão o Embaixador Estelita Lins apresenta em seus textos a afirmativa que: ..”a atividade do cerimonial é sempre orientada para fins construtivos e acompanhada de padrões éticos que têm como referências a harmonização das políticas de cada área em que ele se exerce, a convivência pacífica dos homens em relações de amor, amizade e afeto, guardando resíduos de vivência espiritual e comunicação sobrenatural que ainda são visíveis nos acenos às origens do grupo, à reverência a Deus e à crença em ideais mais elevados sob os ângulos cultural, estético e ético, com o que se propiciam práticas sociais refinadas que distinguem as pessoas que representam papéis sociais nos mais altos níveis.”

AS NORMAS DE CERIMONIAL E PROTOCOLO NO BRASIL E SUA APLICAÇÃO NO LEGISLATIVO.

E quanto à execução prática dos conceitos que nos referimos até agora no legislativo brasileiro? No Brasil, desde a proclamação da República o Ministério das Relações Exteriores exerceu o monopólio do cerimonial diplomático e da Presidência da República, tendo em vista que era a única instituição que herdara o cerimonial imperial. Esse monopólio naturalmente passou para todas as esferas do cerimonial político e privado. Na tradição e na história, a diplomacia nunca representou os interesses de um povo, ela sempre representa os interesses específicos dos Chefes de Governo ou de Estado de um País.

Com a promulgação da Constituição Brasileira em 1988, batizada de “Constituição Cidadã”, é devolvido os poderes do legislativo e a participação do povo nas decisões do destino do país por meio das eleições diretas. Em 1989 é aprovado o Regimento Interno da Câmara dos Deputados visando adaptar o seu funcionamento e processo legislativo à nova Constituição. O regimento da Câmara tem caráter político, processual e administrativo em âmbito interno, somente sendo eficaz perante parlamentares, funcionários e demais agentes políticos e públicos que se relacionam com a Câmara ou com o processo legislativo. O regimento é também norma jurídica e, portanto, passa a fazer parte do ordenamento jurídico brasileiro.

Como vimos anteriormente no Brasil, os poderes são independentes e harmônicos entre si. Com isso como é possível que o Ministério das Relações Exteriores tenha a representatividade no cerimonial do Legislativo e mais especificamente no cerimonial da Câmara dos Deputados, sendo ele próprio subordinado a outro poder, ao poder executivo? E ainda mais, ser o árbitro do cerimonial do país? Outro agravante é de que a única norma em vigor no país que trata do cerimonial público brasileiro seguido fielmente pelo Ministério das Relações Exteriores data de 1972, o Decreto nº 70.274, que aprova as Normas do Cerimonial Público e Ordem Geral de Precedência do Poder Executivo. É evidente a defasagem dos normativos em vigor, instituídos ainda à época do terceiro governo militar e, portanto, guardando pouca compatibilidade com os dias atuais.

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48Mas não é só. Mencionados normativos, concebidos em pleno regime de exceção, emprestam à ordem

de precedência pouco valor aos congressistas aos parlamentares, privilegiando sobremodo burocratas e tecnocratas, em detrimento de autoridades legitimamente eleitas pelo escrutino popular. Registrem-se, igualmente, outras distorções, como o fato de as disposições do decreto haverem sofrido adaptações oficiais ou oficiosas, que permitiram, ainda, acomodar situações individuais de pessoas, cargos e funções do Executivo, que, na época, gozavam de grande estima do governo. Um exemplo evidente é de que o referido decreto dispõe no mesmo nível de precedência o presidente de um banco estatal e prefeitos de cidades de mais de um milhão de habitantes e ainda dispõe os membros da academia brasileira de letras junto com os deputados estaduais.

A CRIAÇÃO DAS NORMAS DE CERIMONIAL E PROTOCOLO NA CÂMARA DOS DEPUTADOS

Até o ano de 2003, a Câmara dos Deputados não dispunha de normas que norteassem as atividades do cerimonial da instituição. Mas em janeiro de 2003, o Presidente da Câmara na época Deputado Efraim Morais hoje Senador da República pelo estado da Paraíba, dando um ponto final às dúvidas em relação às questões de Protocolo e Cerimonial da Casa, assinou ato da Mesa que aprova as normas do Cerimonial da Câmara dos Deputados e a ordem geral de precedência, que deverão ser observadas nas solenidades e cerimônias oficiais realizadas em sua sede, na Capital Federal, no Palácio do Congresso Nacional e seus anexos, institucionalizando a atividade na Casa. A Casa deixou de ter como única referência para a execução das atividades de Cerimonial o Decreto Lei 70.274, e assim desvinculou-se do monopólio do Ministério das Relações Exteriores. Obviamente, o Ministério das Relações Exteriores permanece ainda um dos parceiros privilegiados e respeitados pela Casa e na participação nas atividades de cerimonial e protocolo ainda é desejada. A linha geral do texto das normas foi baseada no princípio de que todo poder estatal deverá atuar sempre de conformidade com as regras jurídicas vigentes. Respeitando rigorosamente a hierarquia das normas, que vão desde regulamentos, decretos e leis ordinárias, ao regimento comum do Congresso Nacional, ao regimento interno da Câmara até a lei máxima e superior, que é a Constituição

Na sua elaboração foi levado em consideração o critério do interesse público acima do interesse privado, o interesse coletivo acima do interesse particular. A vontade popular, o sufrágio, que é o poder que se reconhece ao cidadão de participar direta ou indiretamente na soberania, isto é, na gerência da vida pública. As normas foram baseadas na finalidade máxima da Casa, a representação popular. Procurou-se resgatar o papel do Presidente da Câmara nas cerimônias e solenidades oficiais visto que é segundo substituto do Presidente da República, ou terceiro na sucessão da Presidência da República. Não foi considerado o cargo de Presidente do Congresso Nacional visto que não consta tal cargo ou função na Constituição de 1988 ou no regimento comum do Congresso Nacional. O Poder Legislativo possui somente dois Presidentes, o da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Nas normas, a importância dos Deputados Estaduais, dos Prefeitos, e dos vereadores foi resgatada.

Foi definida também uma grande questão controversa para os cerimonialistas brasileiros: A ordem dos órgãos do poder judiciário que com a extinção do Tribunal Federal de Recursos e com a criação do Tribunal de Contas da União órgão auxiliar do Legislativo, e do Superior Tribunal de Justiça, não ficou bem clara a ordem de precedência entre eles. Ficou definida então a seguinte ordem: Presidente do Superior Tribunal de Justiça, Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Presidente do Tribunal Superior do Trabalho, Presidente do Superior Tribunal Militar Presidente do Tribunal de Contas da União e o Presidente do Tribunal Regional Federal.

Foi definido também que o Presidente da Câmara é quem preside as cerimônias ou solenidades da Casa, mesmo com a presença do Presidente da República a quem é conferido lugar de honra. Outra questão controversa solucionada com a aprovação do ato da mesa foi a ordem de precedência entre os Deputados. A precedência entre os Deputados, ainda que suplentes, é determinada pelo critério de maior representação popular, na seguinte ordem: membro da Mesa Diretora, líder, deputado de maior para menor bancada, deputado com o maior número de legislaturas, data da diplomação, parlamentar com a maior idade e, por último, pela ordem alfabética.

Antes da norma, o critério era simplesmente pela ordem de criação da Unidade Federativa a que pertenciam e pela data de diplomação ou pela idade. Podemos observar que a norma reafirma a importância dos líderes

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49partidários e dos partidos, já que os Líderes da Maioria, da Minoria, dos Partidos e dos Blocos Parlamentares do Governo constituem o Colégio de Líderes, que exerce a importante função de colaborar com a Mesa Diretora na definição das prioridades legislativas. Ele constitui um dos mais importantes órgãos de discussão e de negociação política em relação às proposições em tramitação na Casa, especialmente no que diz respeito à inclusão das matérias que irão à votação em Plenário. Nele se busca o consenso entre os partidos políticos. O dever dos Partidos é de se converterem na força condutora do destino da coletividade democrática. Alguns aspectos das Normas de cerimonial e protocolo ora em vigor deixam clara a nova concepção do cerimonial legislativo, uma instituição soberana, independente e de inclusão social.

O CERIMONIAL DO LEGISLATIVO EM APOIO À DIPLOMACIA PARLAMENTAR

Outro fator emergente no cerimonial do legislativo ou do cerimonial político é o apoio à Diplomacia Parlamentar. A necessidade da integração dos parlamentos é antiga e temos como referência a União Inter-Parlamentar, organismo internacional com sede em Genebra criada em 1889, portanto mais antigo que a Organização das Nações Unidas. Podemos ainda citar o Parlatino, nosso anfitrião. A União Parlamentar hoje é observadora oficial das Nações Unidas para o diálogo mundial entre os parlamentos, visando a paz, a cooperação entre os povos e o firme estabelecimento da representatividade da democracia, e na defesa dos direitos humanos.

A diplomacia parlamentar do mundo moderno deixou de ser uma atividade de simples trocas de cortesia para uma atividade mais efetiva em relação às grandes questões mundiais. De acordo com a nova tendência mundial, todo país deverá compartilhar as suas experiências para o fortalecimento da democracia parlamentar assegurando sua independência, liberdade e soberania. Um dos principais esforços no sentido de desenvolver atividades de diplomacia parlamentar é o esforço de se manter relações amistosas com a comunidade internacional. Além disso, um dos importantes tópicos da diplomacia parlamentar visa reafirmar um dos temas internacionais mais importantes no mundo atual, a paz mundial, segurança, armas nucleares, acordos, globalização, pluralismo cultural, saúde, alimentação e o terrorismo.

A criação de grupos de amizade entre parlamentos é uma das formas de se permitir que o legislativo se relacione com o mundo. Para que se torne mais eficiente e efetivo, o cerimonial certamente deverá desempenhar um papel importante nessa atividade. Na organização de visitas oficiais e viagens oficiais de parlamentares, é importante que se prepare uma agenda visando não somente visitas de cortesia, onde o assunto principal seja as belezas naturais do país ou a meteorologia. Deve-se tomar o evento como uma oportunidade para se conhecer o funcionamento do parlamento do país amigo e outros aspectos como as suas tradições políticas, sua economia e sua cultura.

Além disso, é importante, no decorrer das visitas, proporcionar oportunidades para que se estude o perfil dos parlamentares, seus partidos políticos e sua performance. Conhecer aspectos do governo do país como a sua organização e seus planos anuais, além de preparar programas de intercâmbio entre os membros do parlamento e outras autoridades. É claro que não devemos nos esquecer que todas essa atividades deverão ser preparadas em conjunto com o Ministério as Relações Exteriores. Com o fenômeno da globalização é importante que nos dias atuais se conheçam os hábitos e as práticas de protocolo e de cerimonial estrangeiros, para evitarmos constrangimentos.

É imperativo que tenhamos pleno conhecimento da situação quando usamos as regras de protocolo para que não se confunda simpatia com informalidade e cortesia com intimidade. Não podemos nos esquecer da Convenção de Vienna de 18 de abril de 1961, que definiu as regras do Protocolo Diplomático. É o cerimonial da Casa Legislativa que deverá decidir sobre a organização e execução dos eventos dentro de suas dependências. A dignidade do país deverá ser respeitada, assim como da instituição. A soberania do órgão deverá ser respeitada e igualmente a sua cultura. As comunidades internacionais apóiam a idéia de que as regras de Protocolo e de Cerimonial devem ser adaptadas à realidade de seu país.

PRECEDÊNCIA NO LEGISLATIVO

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501. Senadores; 2. Deputados Federais; 3. Deputados Estaduais; 4. Vereadores.

PRECEDÊNCIA NO JUDICIÁRIO

1. Presidente do Tribunal de Justiça; 2. Juiz de Direito da Comarca onde se realiza a

cerimônia; 3. Presidente do Tribunal Regional Eleitoral 4. Procurador Geral da República no Estado; 5. Procurador Geral do Estado; 6. Presidente do Tribunal Regional do Trabalho; 7. Presidente do Tribunal de Contas; 8. Presidente do Tribunal de Alçada; 9. Desembargadores do Tribunal de Justiça; 10. Juizes do Tribunal Regional Eleitoral; 11. Juizes do Tribunal Regional do Trabalho; 12. Juiz Federal; 13. Juizes do Tribunal de Contas; 14. Juizes de Direito; 15. Procurador Regional do Trabalho; 16. Auditores do Tribunal de Contas; 17. Promotores Públicos.

PRECEDÊNCIA NA IGREJA CATÓLICA FORA DO VATICANO

Em uma igreja, o lugar de honra é à direita do altar. É ai que fica a Bandeira Nacional. No lado oposto, ou seja, à esquerda, ficará a Bandeira da Santa Sé.

Os primeiros bancos juntos ao altar-mor, à direita de quem entra, são de maior relevo. A partir do término do altar, a nave principal é um todo distinto no qual consideramos lado direito a área à direita do centro geométrico para aquele que entra no templo e, naturalmente, lado esquerdo o outro lado. Esse mesmo critério é o utilizado para um auditório.

A precedência será então:

1. Cardeal Primaz; 2. Cardeal; 3. Núncio Apostólico; 4. Internúncios Apostólicos; 5. Patriarcas, Arcebispos, Bispos; 6. Pronatários Apostólicos; 7. Prelado Doméstico; 8. Camareiro Secreto; 9. Arcediados; 10. Arciprestes; 11. Chantres; 12. Cônegos; 13. Vigários Episcopais; 14. Vigários e Sacerdotes (Pároco);

Precedência do Presidente do Tribunal de Justiça, com o Presidente da República a sua direita, no lugar de honra, quando de um cerimônia do Poder Judiciário.

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5115. Diáconos e Religiosos. Em resumo, a precedência na igreja católica será a seguinte

− Núncio apostólico; − Cardeais; − Bispos; − Monsenhores; − Cônegos; − Padres e presbíteros; − Diáconos. Observações:

− A expressão “Dom” é reservada a Bispos e Beneditinos; − Frei é reservado ao membro de ordens (não congregações) religiosas; − Os Bispos assinam antecedendo o nome por uma cruz como símbolo de humildade, pois a cruz em

grego significa PITOKOS, ou seja, pobre.

PRECEDÊNCIA NOS CONSELHOS E ORDENS DE PROFISSIONAIS

A ordem de precedência entre os Conselhos e Ordens de profissionais foi estabelecida a partir da instituição de suas entidades de fiscalização e controle da prática profissional em suas áreas. Esta norma não se aplica para Sindicatos de categorias profissionais e empresariais.

1. Ordem dos Advogados do Brasil; 2. Conselho de Engenharia, Arquitetura e Agronomia; 3. Conselho de Contabilidade; 4. Conselho de Economia; 5. Conselho de Química; 6. Conselho de Assistentes Sociais; 7. Conselho de Medicina; 8. Conselho de Farmácia; 9. Ordem dos Músicos do Brasil; 10. Conselho de Biblioteconomia; 11. Conselho de Corretores de Imóveis; 12. Conselho de Odontologia; 13. Conselho de Estatística; 14. Conselho de Representantes Comerciais; 15. Conselho de Administração; 16. Conselho de Profissionais de Relações Públicas; 17. Conselho de Psicologia; 18. Conselho de Enfermagem; 19. Conselho de Fisioterapia e Terapia Ocupacional; 20. Conselho de Nutricionista; 21. Conselho de Fonoaudiologia; 22. Conselho de Museologia.

PRINCÍPIO DA DIREITA, A ORDEM LATERAL E A ORDEM LINEAR DE PRECEDÊNCIA

O lugar de honra é aquele que se situa à direita da pessoa de maior hierarquia no local onde se realiza o evento.

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52 À direita, desde os tempos antigos, era a posição preferida. Na antiga Roma previam-se bons ou maus augúrios observando-se se uma ave dirigia-se para a direita (bom) ou para a esquerda (ruim).

Em termos de ordem lateral, ou seja, pessoas sentadas, paradas ou ainda que caminhem na mesma linha, será o lugar de honra (quando duas pessoas), a que se situar à direita da outra.

Entende-se que quando há mais pessoas, o anfitrião ou o dono da casa, numa disposição lateral, se situa ao centro, que é tão somente o centro geométrico de onde parte a precedência. O lugar de honra é aquele à sua direita, seja andando, parada ou sentada. Segue-se depois o lugar à esquerda, depois o seguinte à direita e assim por diante.

É freqüente o convidado de honra ter hierarquia superior ao anfitrião e dar-se a ele o centro. Cabe o anfitrião ficar à esquerda, caso contrário avocaria a si a posição principal.

Quando em linha indiana, a pessoa de mais alta posição vai à frente e a ela seguem os demais, por precedência. Deve-se ter atenção, entretanto, para o caso de cortejos formais, quando a pessoa de maior hierarquia cerra a fileira e o componente de menor hierarquia estará à frente (cortejo de casamento, posse de reitor).

Em uma calçada, cabe ao de hierarquia inferior ficar mais próximo do meio fio, reservando a parte ao lado da parede ao mais importante (autoridade, senhora, pessoa mais velha).

O representante do Governador do Estado não preside a cerimônia/evento a que comparecer, cabendo-lhe o lugar de honra que é à direita de quem preside.

MULHERES, MARIDOS E PRECEDÊNCIAS – O PAPEL DA PRIMEIRA DAMA

Uma pergunta habitual precisa ser urgentemente esclarecida: qual o protocolo destinado às primeiras-damas? Termo convencionado para se designar a esposa do Prefeito, do Presidente da República e dos Governadores de Estado, essas senhoras têm presença relevante em suas cidades, influindo na construção da imagem e conceito da administração dos maridos Prefeitos. Mas, que é o papel real delas perante a administração?

A esposa do Governador (Prefeito) pode comparecer a qualquer solenidade, devendo, entretanto, utilizar o bom senso para analisar cada evento e "sentir" a necessidade e a importância de sua presença e participação. Caso a autoridade visitante esteja acompanhada da esposa, sua presença faz-se obrigatória; com a visita desacompanhada sua presença é uma cortesia. Nas cerimônias, principalmente sociais e religiosas, que pedirem sua presença à mesa, seu lugar será sempre à esquerda do Governador (Prefeito), deixando o lado direito para a autoridade de maior hierarquia.

Em eventos estilo plenário, com a composição de mesa diretora, não é necessário que tenha assento, exceto se estiver ligada diretamente ao objetivo do evento, ou se ocupar algum cargo na administração, como secretária estadual (municipal), por exemplo.

Os cumprimentos protocolares embaraçam quem não conhece as regras, acostumados com a precedência feminina determinada pela etiqueta social. E aí, fica a dúvida: quem chega cumprimenta primeiro a esposa do Prefeito? Nada disso: a autoridade é sempre cumprimentada em primeiro lugar e, em seguida, a Primeira Dama. E os termos esposa e mulher? Quando utilizar um e outro? O Prefeito apresenta sua mulher e cumprimenta a esposa da autoridade. Ou seja, o termo mulher designa a própria esposa: "Esta é minha mulher e aquela é a esposa do Presidente da Câmara Municipal".

O protocolo das refeições segue o mesmo dos cumprimentos: a autoridade visitante é a primeira a ser servida, seguida do Governador (Prefeito) e, por último, sua esposa. Presentes outras autoridades, a precedência

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53é hierárquica. A presença da Primeira Dama deve ser sentida, mas de forma leve, delicada, com classe e muita etiqueta. Seu traje, sempre discreto - estilo passeio ou passeio completo - não deve ter nenhum item exagerado - decotes, fendas, transparências. Elegância, antes de tudo. Caso a visita estenda-se por toda à tarde, deve-se preparar para a acompanhante uma programação de cunho social, como visita a entidades filantrópicas, creche, asilo. Um chá da tarde, com as senhoras da sociedade do município deve encerrar o programa, ocasião em que a visitante poderá conhecer a vida e os problemas municipais. Sabemos que não é fácil ser a Primeira Dama; responsabilidade, presença, exposição de imagem, podem confundi-la. Entretanto, temos certeza de que a mulher deste início de século sabe melhor do que ninguém exercer esse papel.

Comentários:

Em eventos poderemos encontrar situações distintas para a composição de mesas, tais como almoços, jantares, palestras ou debates, mesas de reuniões, de trabalho ou de negócios.

Quando se tratar de eventos em auditórios, considera-se a primeira fileira da platéia como extensão da mesa principal, sendo reservada para pessoas ou personalidades importantes que, por serem numerosas, não tenham lugar à mesa principal.

A mesa principal é formada a partir da pessoa mais importante, o dono da casa, com os demais integrantes colocados à direita e à esquerda do anfitrião, sendo o lado direito reservado ao convidado mais destacado. O critério de direita/esquerda é relativo ao centro da mesa e não em relação ao auditório.

Quando o evento incluir autoridades civis e militares, eclesiásticas, representantes de empresas ou entidades de classe, deverão ser observadas alguns critérios a fim de evitarem-se situações conflitantes:

− Com a presença do Chefe do Executivo (Presidente da República ou Governador do Estado), caberá a este o centro da mesa, colocando-se o anfitrião à sua direita;

− Com a presença de ambos, o primeiro ocupará o centro, o segundo ficará à sua direita e o anfitrião à sua esquerda;

− As pessoas que irão fazer uso da palavra estarão compondo a mesa desde o início dos trabalhos. Caso isso não seja possível, ocuparão a primeira fila no auditório;

− Quando uma comitiva possui vários representantes e seu chefe faz parte da mesa oficial, os demais membros poderão ficar na primeira fileira, previamente reservadas;

− A formação oficial da mesa, resolvida com antecedência, deve ser seguida conforme o planejamento. Caso alguém se considere prejudicado por não estar incluído, sugere-se colocá-lo na primeira fileira;

− A mulher que estiver investida de algum cargo, tanto público como privado, terá o mesmo tratamento dispensado aos homens de igual posição, sendo colocada no lugar que lhe pertence por direito.

− Uma senhora não fica na ponta de mesa de honra, ainda que sua situação hierárquica seja mais baixa que o cavalheiro que sentar depois dela. Com a presença de homem ocupante de cargo com a mesma hierarquia, a mulher terá precedência sobre ele;

− Até em assinatura de documentos (contratos, convênios, etc.), existe lugar de honra. A pessoa mais importante fica à direita do papel, e assina primeiro;

− Todos os membros da mesa, inclusive mulheres, aguardam que o anfitrião (ou a pessoa mais importante, caso do Presidente da República ou o Governador do Estado) sente primeiro.

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54− Quando entre os componentes de uma mesa, houver estrangeiros que não dominem a língua do

país, pode-se sair da hierarquia rígida. Colocar ao lado do visitante uma pessoa que fale o mesmo idioma facilita muito a comunicação, e pode eliminar a presença de um intérprete atrás das pessoas sentadas.

− Numa cerimônia empresarial, a colocação dos lugares à mesa intercala autoridades e empresários, de acordo com as precedências e a hierarquia, mantendo-se o núcleo essencial. É o bom senso, no entanto, que resolve os pequenos acertos, peculiares a cada situação. O diretor-presidente preside a mesa e, na marcação dos lugares, são levados em conta laços afetivos, idade e posição social dos convidados, seguindo também a política de empresa.

− Qual a precedência do marido de uma ministra numa mesa de honra? A mesma das esposas das autoridades. Se o marido, porém, tiver alta função pública, terá a precedência correspondente a ela.

O PAPEL DO MESTRE DE CERIMÔNIAS

Nascido em tempos remotos, à figura do Mestre de Cerimônias se confunde com a história do cerimonial. Rituais e cerimônias faziam parte da rotina do homem primitivo. Temor ao desconhecido, necessidade de acreditar em algo, solidão, disputa pelo poder, tudo se transformava em cerimônias de adoração, de oferta.

Nobres à frente, súditos atrás, assessores ao lado, o anunciador destas solenidades estava sempre em destaque. Era o início da figura do Mestre de Cerimônias.

Encontramos sua presença entre os gregos, três mil anos a.C., anunciando as fases das reuniões que aconteciam nos anfiteatros. Mil anos a.C., a China e o Japão utilizavam o Mestre de Cerimônias para a narração dos torneios de arco e flecha. Já nessa época, ele utilizava a força e o ritmo da voz para destacar as equipes mais importantes, calçado num conceito de poder e nobreza.

Na Roma antiga, ele surge na figura do chefe dos trombeteiros que, sobre seu cavalo, após o toque das trombetas, anunciava a passagem do Imperador ou as medidas reais como aumento de taxas, maior submissão, proibições e sanções.

Em nossa era, aparece a figura do ARAUTO. Vestido de acordo com os costumes da época anunciava a entrada dos convidados em festas da nobreza batendo três vezes um bastão sobre um batente, produzindo um som alto e seco.

Assim, foi se firmando a figura do Mestre de Cerimônias. Sempre em posição de destaque, iniciando e conduzindo as fases de uma solenidade/cerimônia, hoje diríamos que é uma das pessoas mais importantes para a implantação de um evento, pois a partir de sua presença “as coisas acontecem”.

Em hipótese alguma estamos desprezando os outros integrantes da organização do evento – o chefe do cerimonial/coordenador de equipe, os recepcionistas, os operadores de equipamentos específicos, tradutores, manobristas, pessoal de serviços gerais. Cada um tem sua função específica na organização do evento. Por isso o Mestre de Cerimônias não deve ser confundido com o Chefe do Cerimonial. E isso é o que vemos sempre, resultando num acúmulo de funções para este último e comprometendo o sucesso do evento.

O Chefe do Cerimonial ou Coordenador de Eventos é responsável pelo planejamento, coordenação e organização do evento em todas as suas fases, além do protocolo de implantação com as precedências e tratamentos de acordo com a legislação específica, planejando o roteiro da solenidade. Neste momento, entra o Mestre de Cerimônias que, a partir deste roteiro, produzirá o script final, anunciando as fases do evento.

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55É impossível para o Chefe do Cerimonial ser o Mestre de Cerimônias, pois o primeiro tem tantos

detalhes para verificar que necessita, volta e meia, sair da tribuna para resolver os percalços que acontecem durante o evento. Esse corre-corre resultaria em uma ansiedade natural, comprometendo a fase mais bela do evento: a sua implantação.

O MESTRE DE CERIMÔNIAS: DIFERENÇAS PARA O LOCUTOR

Qualquer cerimônia seja protocolar ou festiva, pode ser conduzida de duas maneiras: por um Mestre de Cerimônias ou por um Locutor.

Desde que possua uma boa voz, tenha uma boa postura e tenha uma boa dicção, qualquer pessoa pode ser um locutor, mas para ser um Mestre de Cerimônias, é preciso preencher além destes, mais alguns requisitos.

A diferença está em que um Mestre de Cerimônias planeja, organiza e executa a cerimônia, e um locutor somente lê o roteiro escrito por outra pessoa. Já na empresa pública e privada, o Mestre de Cerimônias pode executar todas as fases do evento: ele planeja, organiza e executa.

Planejar uma cerimônia é transformar uma idéia ou proposição em um projeto minucioso que seja perfeitamente executável. Toda cerimônia, por menor que seja, tem que ter um planejamento em que conste início, meio e fim da mesma, constando todos os meios materiais e financeiros que a tornarão exeqüível.

Organizar uma cerimônia é executar na prática aquela idéia ou proposição. É juntar os meios físicos e financeiros necessários para concretizar um evento. É verificar o local onde será realizado, providenciar transporte, água, café, ornamentação e todos os outros itens pertinentes à cerimônia. Um Mestre de Cerimônias pode atuar como locutor/animador, mas um locutor dificilmente atuará como um Mestre de Cerimônias.

GAFES COMETIDAS POR LOCUTORES

A atriz Malu Maeder, por exemplo, há muitos anos, foi convidada para o encerramento do Fest Rio na condição de “Mestre de Cerimônias”, ao lado do ator Denis Carvalho. Cometeu tantas falhas que virou notícia no Jornal do Estado do Paraná. Malu Maeder iniciou o evento já anunciando o prefeito do Rio de Janeiro, na época Marcelo Alencar, como o presidente da

Assembléia Legislativa. Em seguida, justificou o erro dizendo que “estava no script” e logo depois, confundiu-o com o deputado – na época – Eduardo Chiahy. E na entrega de uma das premiações, a atriz apressou-se tanto que não deu tempo para o homenageado agradecer. Tendo que, depois, chamar-lhe novamente ao palco para um “replay” da homenagem.

Outro exemplo está nos erros da atriz Luana Piovani como mestre de cerimônias do evento Toshiba Planet Cool Awards, em dezembro de 2005. A atriz chegou uma hora atrasada e conseguiu chamar muito mais atenção para si do que para o evento – o que está errado.

QUEM DEVE SER O MESTRE DE CERIMÔNIAS? QUAIS CARACTERÍSTICAS PRECISA TER?

Precisa ter conhecimento, treinamento e aperfeiçoamento de sua função; necessita saber o que faz como sair de imprevistos, como se dirigir e conquistar a platéia sem aparecer. Sim, sem aparecer, porque mesmo conduzindo o acontecimento, existem os anfitriões, os convidados especiais, os conferencistas e a platéia. São estes os donos do evento.

Vaidade, prepotência e arrogância não fazem parte das funções do Mestre de Cerimônias. Também humildade excessiva, timidez, medo do público e pânico não combinam com ele.

Diz o estudo da oratória que para o bom orador “não basta apenas falar com elegância, é preciso persuadir e convencer”. E conta ainda que “a diferença entre os dois maiores oradores que o mundo conheceu,

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56Demóstenes e Cícero (Roma, ano 106 a.C.) era que, quando Cícero discursava, o povo exclamava: “Que maravilha”, e quando Demóstenes falava, o povo seguia em marcha.”

É isso que um bom Mestre de Cerimônias precisa ter: determinação e entusiasmo, que convença a platéia, que está apresentando aquilo que corresponde às suas expectativas, complementado por clareza e objetividade, utilizando, acima de tudo, aquilo que temos de mais forte: o dom da palavra.

CARACTERÍSTICAS NECESSÁRIAS:

− Boa voz:

Sendo o principal instrumento de trabalho do Mestre de Cerimônias, o mesmo deve cuidar bem da mesma sempre e, principalmente, antes das cerimônias. Deve saber dosar a entonação, para que a mesma não “exploda” no microfone.

− Boa leitura:

Conhecer as regras de português é básico nesta função, uma vez que terá que fazer o roteiro da cerimônia. A leitura deverá ser pausada, e durante a mesma o Mestre de Cerimônias deverá ter o domínio de toda platéia e da mesa oficial, levantando esporadicamente a vista durante o ato de condução da cerimônia.

− Boa aparência e saber trajar-se com elegância:

No caso dos homens, devem sempre manter os cabelos bem cortados e penteados, barba feita, terno nas cores básicas (preto, azul marinho e cinza claro ou escuro), gravata ajustando-se ao padrão do terno e camisa, sapatos limpos e engraxados combinando com o terno, perfume discreto. Já para as mulheres, uma roupa discreta, com estampas discretas, vestido com alças é desaconselhável, assim como vestido ou saia muito curta. Pintura discreta condizente com a cor da pele. Cabelos bem penteados, e quando muito volumosos, a preferência é prendê-los. Devem-se usar brincos e acessórios discretos, que não façam “barulho”.

− Postura (ser discreto):

O Mestre de Cerimônias ou o coordenador da equipe deve ter uma postura condizente com sua posição de responsável pelo evento. Deve ter o controle total da situação sem que em nenhum momento ele se faça notar ostensivamente. Seus gestos devem ser discretos. Deve falar baixo com a equipe de apoio e as autoridades presentes. Nunca dar ordens e sim solicitar que alguma coisa seja feita. Andar sempre ereto e mesmo com pressa, seus passos devem ser firmes e elegantes.

− Ser educado (conhecer as normas básicas de etiqueta):

Etiqueta e protocolo são partes integrantes de toda cerimônia. O descaso no uso das boas maneiras suscita o desrespeito. É muito fácil desrespeitar-se uma autoridade ou um colega, mesmo sem maldade, mas pela ausência de boas maneiras ou desconhecimento delas. Boas maneiras são o lastro do Cerimonial. O sorriso, o gesto, a cortesia, a palavra amiga, o convite, o aperto de mão, muito obrigado, por favor, a retribuição, o agradecimento, ou um simples olhar generoso, nunca foram tão necessários quanto hoje.

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57− Conhecer as normas do cerimonial e a ordem de precedência:

Este item separa o Mestre de Cerimônias do locutor e define um bom coordenador de equipe. É também o seu “Calcanhar de Aquiles”, pois se não tiver um domínio completo da mesma, seu trabalho está fadado ao insucesso, deixando-o nas mãos dos participantes do evento e dos componentes da mesa oficial, que passarão a comandar a cerimônia. Deve ter sempre à mão o Decreto 70.274 para dirimir qualquer dúvida no caso de Ordem de Precedência. O domínio das Normas do Cerimonial e a Ordem de Precedência adquirem-se estudando e realizando cerimônias: é treinando que se adquire experiência. Nem sempre poderemos aplicar rigorosamente o que dispõe o Decreto 70.274. Em algumas situações, devemos levar em consideração a “precedência política” do momento. O Mestre de Cerimônias ou o coordenador de equipe deve cientificar o presidente da mesa o que prediz o Protocolo e a Ordem de Precedência e deixar para o mesmo que a acate ou não. O ônus do erro será dele. Nas universidades, centros universitários, faculdades integradas, faculdades, institutos superiores e escolas superiores, a precedência fica da seguinte forma: Reitor, autoridade mais importante obedecendo-se a hierarquia (federal, estadual, municipal), Presidente do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (CRUB), Presidente da Associação Nacional das Universidades Particulares (ANUP), Presidente da Associação Brasileira de Mantenedores (ABM).

− Ter iniciativa:

É a vivência da realização de várias cerimônias e o conhecimento que vai proporcionar ao Mestre de Cerimônias e a equipe ter muita iniciativa para solucionar problemas durante o transcorrer de uma solenidade. Depende dos dois o sucesso do evento.

− Os encargos do cargo:

Todo Mestre de Cerimônias e equipe funcionam como um “telhado de vidro” para tudo que der errado no evento, pois embora “a falha do som” não tenha sido provocada pelos mesmos, a estes será imputado o erro. Um Mestre de Cerimônias ou coordenador de equipe, sempre está sujeito a vacilos e pequenos erros durante uma solenidade, pois tem que lidar com muitas variáveis ao mesmo tempo e está de frente para o público. Depois de cometer a falha, não adianta pedir desculpas. Às vezes as desculpas chamam mais atenção ao erro. Uma forma de minimizar a possibilidade de erros é promover um rigoroso planejamento e organização da solenidade, além de possuir uma equipe de apoio bastante coesa e capaz.

Deve chegar no mínimo 1 hora antes do início do evento. Só deve se retirar depois que todas as autoridades já o tiverem feito e tiver recolhido todos os paramentos que serviram para ornamentar e concretizar o evento (bandeiras, copos, depósito de água, arranjos, marcação de cadeiras reservadas, microfones).

É preciso “planejar” o improviso:

Um bom Mestre de Cerimônias tem que ser versátil, criativo, possuir um bom senso apurado, raciocínio rápido e controle emocional, pois nenhuma cerimônia, por mais planejada que seja não escapará dos problemas de última hora. Neste momento é que o Mestre de Cerimônias tem que mostrar todo o seu conhecimento e “jogo de cintura”. Isto se torna necessário, pois se trabalha com uma virtude muito delicada do ser humano: a vaidade.

COMPETÊNCIAS DO MESTRE DE CERIMÔNIAS

EM QUALQUER CERIMÔNIA, O MESTRE DE CERIMÔNIAS É O PRIMEIRO A CHEGAR E O ÚLTIMO A SAIR.

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58− Fazer o roteiro e o script da cerimônia e submetê-lo ao superior:

Antes de chegar ao local da cerimônia, o script (contém todas as palavras que serão proferidas pelo Mestre de Cerimônias), uma via, deverá estar na mesa oficial, em frente ao lugar que será ocupado pela autoridade que irá presidir a mesma, porém, somente com os pontos principais. O roteiro da cerimônia já deve estar pronto, e devidamente informado à autoridade que irá presidir e conduzir o evento.

− Relação das autoridades convidadas e presentes:

O Mestre de Cerimônias deverá ter em mãos uma relação das autoridades que foram convidadas e confirmadas, assim como aquelas que estão presentes no evento. Quando solicitado, deverá apresentar a mesma à autoridade maior do evento.

− Preencher as nominatas por ordem de precedência:

O Mestre de Cerimônias deve ter amplo conhecimento do Decreto 70.274 que disciplina a Ordem Geral de Precedência. De posse das nominatas das autoridades presentes, deve apresentá-las na precedência à autoridade que preside a cerimônia, a quando do seu pronunciamento. Aconselha-se que outro membro da equipe fique com esta responsabilidade, o que dará maior liberdade ao Mestre de Cerimônias.

− Checar o local da cerimônia:

Chegando ao local do evento com antecedência, o Mestre de Cerimônias e a equipe devem checar:

Som e Imagem:

Microfones da mesa oficial e da tribuna, de pé ou “girafa”, fios estendidos pelo palco e salão, distribuição das caixas de som, microfone de plenário, música ambiente, fitas para gravação, fitas de música ambiente, fita com o Hino Nacional e o do Estado, operador de som de plantão, telões, data-show, equipamento de filmagem, fotografia e vídeo. Na execução de um evento, a equipe de Cerimonial poderá encontrar as seguintes situações:

Equipamento de som instalado - Ao chegar ao local do evento, deve-se procurar o responsável pelo som e onde fica a mesa de áudio. Testar todos os microfones: tribuna, microfone de mesa e microfone de salão. A voz do Mestre de Cerimônias deve ter uma boa saída na aparelhagem de som. Caso isto não esteja ocorrendo, deve solicitar ao operador de som que proceda aos ajustes necessários, ajustando o agudo (voz fina) ou o grave (voz grossa).

Equipamento de som ainda será instalado - Fazer uma avaliação das necessidades do som: potência, nº de caixas, disposição no ambiente. O som deve ser instalado com as caixas distribuídas em mais de um local. Solicitar no mínimo dois microfones em campo aberto. Quando o microfone não for de lapela, ele deve ficar na direção da boca.

Tribuna:

Posição alinhada com a mesa oficial, ver a sustentabilidade, posição do microfone, iluminação direcionada.

Arranjo floral:

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59Sempre abaixo do nível da mesa, para não encobrir a autoridade. Devem ser discretos, e a distribuição dos mesmos pelo ambiente, sempre verificada.

Mesa oficial:

Verificar se é de tamanho suficiente para a proposta de composição de mesa, a sua localização em relação à plenária e ao palco, a toalha utilizada, seu estado físico, a precedência par/ímpar (centro geométrico) direita do centro (lugar de honra), as recepcionistas necessárias.

Centro geométrico

Mesa Oficial

1 3 5 7 92468

Lado direito Lado esquerdoMESA ÍMPAR

Mesa Oficial

2 4 6 81357

MESA PAR

COMPOSIÇÃO DE MESA OFICIAL

− Bandeiras:

A bandeira brasileira só vai “a meio pau” por ordem do Presidente da República, a do Estado por ordem do Governador do Estado e a do município por ordem do Prefeito. O mesmo acontecerá com a da Universidade que só irá a meio pau por ordem do Reitor. A determinação da maior autoridade implica em que as inferiores acompanhem. Não ocorre o mesmo quando a situação é ao contrário.

Nacional, estadual, municipal, do promotor do evento, distribuição na panóplia. Em um dispositivo de bandeiras (panóplia) em que, além de bandeiras estrangeiras, participa a estadual, ela deverá estar logo após a estrangeira de primeira prioridade. Caso participe também a municipal, esta ficará em última prioridade ou penúltima, se houver uma da empresa que será a última. Exemplo de ordem de bandeiras de acordo com o Decreto 70.274 em diversas situações:

PARÁRIO DE JANEIRO MARANHÃOBAHIA

Ordem constitucional das bandeiras

PARÁBAHIA RIO DE JANEIROMARANHÃO

Ordem das bandeiras em cerimônias/eventos no Pará

PLATÉIA

PALCO

1 2 3 4

1

23 45

Ordem das bandeiras

BOLÍVIAESTADOS UNIDOS ARGENTINAPARÁ

BOLÍVIAARGENTINAPARÁBELÉM

Ordem das bandeiras em cerimônias/eventos no Pará, com presença de embaixadores estrangeiros

Ordem das bandeiras em cerimônias/eventos no Pará, com presença de embaixadores estrangeiros e o prefeito de Belém

PALCO

123 45

123 45

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ARGENTINA PARÁBELÉM

ORDEM DAS BANDEIRAS EM CERIMÔNIAS/EVENTOS NO PARÁ, COM PRESENÇA DE EMBAIXADORES ESTRANGEIROS E O PREFEITO DE BELÉM

PARÁRIO DE JANEIRO BAHIA

PALCO

CENTRO GEOMÉTRICO

Ordem das bandeiras em cerimônias/eventos no Pará, com presença de outros estados brasileiros

Forma correta de hastear a Bandeira do ParáDE CABEÇA PARA BAIXO HASTEAMENTO CORRETO

Disposição de bandeiras nos mastrosBANDEIRAS EM 3 MASTROS – HASTEAMENTO CORRETO

Fachada do prédio

A disposição da Bandeira Nacional é em relação ao centro geométrico da panóplia e não em relação ao tamanho do mastro.

BANDEIRAS EM 3 MASTROS – HASTEAMENTO INCORRETO

Fachada do prédio

Disposição de bandeiras nos mastros

BANDEIRAS EM 3 MASTROS – HASTEAMENTO INCORRETO

Fachada do prédio

Disposição de bandeiras nos mastros

BANDEIRAS EM 3 MASTROS – HASTEAMENTO INCORRETO

Fachada do prédio

Disposição de bandeiras nos mastros

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BANDEIRAS EM 3 MASTROS – HASTEAMENTO CORRETO

Fachada do prédio

Disposição de bandeiras nos mastros

Disposição de bandeiras nos mastrosBANDEIRAS EM 2 MASTROS

Fachada do prédio

LEI N. 5.700 LEI N. 5.700 -- DE 1DE 1ºº DE SETEMBRO DE 1971DE SETEMBRO DE 1971Art. 22o. Art. 22o. Quando distendida e sem mastro, colocaQuando distendida e sem mastro, coloca--se a Bandeira de modo que o se a Bandeira de modo que o lado maior fique na horizontal e a estrela isolada em cima, não lado maior fique na horizontal e a estrela isolada em cima, não podendo ser podendo ser ocultada, mesmo parcialmente, por pessoas sentadas em suas imediocultada, mesmo parcialmente, por pessoas sentadas em suas imediaaçções.ões.

Como hastear a Bandeira NacionalComo hastear a Bandeira Nacional

Panóplia

− Hino Nacional Brasileiro:

Após a composição da mesa, em cerimônias cívicas, instrumental, vocal ou mecânico (ver normas no Decreto 70.274).

DUVIDAS SOBRE O HINO NACIONAL BRASILEIRO

Muito se fala, mas pouco se prova. Poucos conhecem o Decreto 5.700 que rege os Símbolos Nacionais. Vamos discutir a seguir as principais questões sobre o Hino Nacional Brasileiro e associar as mesmas com o Decreto citado.

Comenta-se muito que cerimonial é criatividade e bom senso. Cerimonial é mais do que isso, é antes e acima de tudo, o fiel acatamento da legislação, convenções internacionais, normas e regras aliadas ainda à cultura, tradições e costumes, que influem diretamente na organização do cerimonial de um evento. Uma das práticas errôneas, uma invencionice, que grassa nas cerimônias pelos diversos rincões do país, surgido não se sabe de onde e nem como, “é voltar-se (autoridades e público) na direção da Bandeira Nacional, por ocasião da execução do Hino Nacional”. Essa prática, além de não encontrar respaldo legal, sugere que a Bandeira Nacional é mais importante que o Hino Nacional e, portanto tem precedência sobre este.

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62O Hino Nacional, juntamente com a bandeira, as armas e o selo, são símbolos que representam a nação

brasileira, a pátria que amamos e respeitamos. Os símbolos nacionais são pares, não há precedência e muito menos hierarquia entre eles; todos, isoladamente ou em conjunto são símbolos da nação, expressando o espírito cívico dos brasileiros.

Constitui-se violação de culto ao Hino Nacional, virar-se na direção da Bandeira Nacional durante a execução do Hino Nacional, exceto nos casos previstos na lei em que a Bandeira Nacional é o símbolo cultuado.

Durante o período monárquico e a República Velha, muito pouco se regulamentou sobre a forma e apresentação dos símbolos nacionais. Com o advento do Estado Novo surge o pensamento de dar-se padrão nacional a forma e apresentação dos símbolos nacionais; pensamento este, que culminou com a publicação do Decreto-Lei nº 4.545 de 04 de setembro de 1942. A atual Lei nº 5.700, de 1º de setembro de 1971, nada mais é do que o aperfeiçoamento e atualização daquele Decreto-Lei.

A Constituição brasileira (§ 1º Art 13) estabelece que são quatro os símbolos nacionais da República do Brasil, a bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais. Autoriza ainda os Estados, o Distrito Federal e os Municípios terem seus próprios símbolos.

As Armas Nacionais e o Selo Nacional não têm o apelo popular da Bandeira Nacional e do Hino Nacional, o seu uso é quase que restrito aos órgãos oficiais, por isso mesmo as violações de uso são poucas e quando existem são pouco notadas. Não existe cerimonial de culto às Armas Nacionais e ao Selo Nacional. Estes símbolos dignificam repartições públicas, oficializam publicações e documentos do Governo, autenticam atos e validam diplomas dos estabelecimentos de ensino.

O símbolo nacional de maior apelo popular é sem dúvida a bandeira, seguida do hino. A bandeira é um símbolo forte, marcante, como diz Coelho Neto, “é um pano é uma nação, como a cruz é um madeiro e é toda uma fé”. A bandeira é o símbolo mais lembrado e enaltecido por escritores, poetas e a mídia.

A bandeira é símbolo tão forte e marcante, que por vezes é usada em manifestações populares com o descontentamento da atuação imperialista de outra nação; não tendo como se opor e impotentes diante do poderio bélico e econômico mostram seu repúdio violando a bandeira. É o que se constata atualmente no Oriente Médio, onde as bandeiras israelense e norte americana são pisoteadas e queimadas em praças públicas pretendendo-se com esse gesto atingir Israel e Estados Unidos.

A bandeira brasileira, visualmente muito bonita, heráldicamente representativa e poética também, é a marca do brasileiro no mundo. Para Alexandre Vollner, a bandeira “é a marca de um povo”. Apesar de a Bandeira Nacional atender melhor o orgulho e ufanismo pátrio, essa aparente precedência sobre os demais símbolos não encontra amparo na legislação.

A legislação atual, que tem como fundamento principal a Lei nº 5.700 de 1º de setembro de 1971, complementada em parte pelo Decreto nº 70.274, de 09 de março de 1972, não esgota e nem esclarece totalmente o uso e culto aos símbolos nacionais, especialmente à Bandeira Nacional e ao Hino Nacional. Falta regulamentação dos pormenores prescrito no Art. 43 da citada Lei. Para os militares esses pormenores estão regulamentados através do Decreto nº 2.243, de 03 de junho de 1997. Para os integrantes da sociedade civil ainda não houve qualquer regulamentação dos ditos pormenores, exceto para os estabelecimentos de ensino. Quando a legislação é omissa, a controvérsia é certa.

O Hino Nacional Brasileiro, considerado um dos mais líricos do mundo foi composto por Francisco Manuel da Silva, provavelmente em 1831. Durante a monarquia foi adotado por consenso popular e não por ato oficial, sendo oficializado depois da proclamação da República pelo Decreto nº 171 de 20 de janeiro de 1890. A letra de Joaquim Osório Duque Estrada, escrita em 1909, foi adotada oficialmente, com pequenas modificações efetuadas

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63pelo próprio autor, na véspera do centenário da independência do Brasil pelo Decreto nº 15.671, assinado pelo Presidente da República Epitácio Pessoa.

O lirismo abstrato do Hino Nacional reúne poesia e música como símbolo da nação brasileira sendo mais fácil a percepção para as pessoas que dominam a linguagem musical. Para os brasileiros “cegos” é o único símbolo nacional perceptível, portanto, mais abrangente que os demais símbolos. Fora dos casos previstos no Art. 25 da Lei nº 5.700, o Hino Nacional não é coadjuvante da Bandeira Nacional nas cerimônias; os profissionais que fazem cerimoniais devem ter o cuidado de não passar ao público essa falsa impressão.

As violações de uso e culto dos símbolos nacionais são constantes, cometidas por insuficiências de formação e informação, desconhecimento ou interpretação equivocadas da legislação e outras ainda por falta de regulamentação. As mais grosseiras violações são sem dúvida ao Hino Nacional. Não quanto a sua realização, pois geralmente é executado por músicos sob a direção de um competente maestro, mas no culto em cerimônias onde não é lhe dado o devido destaque. Cabe, pois aos cerimonialistas resgatar o valor do Hino Nacional como manda a legislação.

A Lei nº 5.700, de 1º de setembro de 1971 e suas alterações, dispõe sobre a forma e a apresentação dos símbolos nacionais, a exemplo da Constituição Federal, estabelece que são símbolos nacionais, a Bandeira Nacional, o Hino Nacional, as Armas Nacionais e o Selo Nacional. Vejamos o que nos ensina do Hino Nacional.

Art. 25. Será o Hino Nacional executado:

I – Em continência à Bandeira Nacional e ao Presidente da República, ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal, quando incorporados; e nos demais casos expressamente determinados pelos regulamentos de continência ou cerimônias de cortesia internacional;

II – Na ocasião do hasteamento da Bandeira Nacional, previsto no parágrafo único do art 14.

§ 1º A execução será instrumental ou vocal de acordo com o cerimonial previsto em cada caso.

§ 2º É vedada a execução do Hino Nacional, em continência, fora dos casos previstos no presente artigo.

§ 3º Será facultativa a execução do Hino Nacional na abertura de sessões cívicas, nas cerimônias religiosas a que se associe sentido patriótico, no início ou no encerramento das transmissões diárias das emissoras de rádio e televisão, bem assim para exprimir regozijo público em ocasiões festivas.

§ 4º Nas cerimônias em que se tenha de executar um Hino Nacional Estrangeiro, este deve, por cortesia, preceder o Hino Nacional Brasileiro.

Art. 30. Nas cerimônias de hasteamento ou arriamento, nas ocasiões em que a Bandeira se apresentar em marcha ou cortejo, assim como durante a execução do Hino Nacional, todos devem tomar atitude de respeito, de pé e em silêncio, os civis do sexo masculino com a cabeça descoberta e os militares em continência, segundo os regulamentos das respectivas corporações.

Parágrafo único. É vedada qualquer outra forma de saudação.

Art. 43. O Poder Executivo regulará os pormenores de cerimonial referentes aos Símbolos Nacionais.

Assim dos incisos I e II do artigo 25 extrai-se que são apenas seis as circunstâncias legais em que o Hino Nacional se presta para reverência:

I. Em continência à Bandeira Nacional;

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64II. Em continência ao Presidente da República;

III. Em continência ao Congresso Nacional incorporado;

IV. Em continência ao Supremo Tribunal Federal incorporado;

V. Nas cortesias internacionais;

VI. Por ocasião do hasteamento semanal obrigatório da Bandeira Nacional nas escolas (parágrafo único do art. 14).

Das seis situações, apenas duas são reverência a Bandeira Nacional, uma em continência (inciso I) e a outra por ocasião da cerimônia cívica semanal dos estabelecimentos de ensino (inciso II), regulamentada no Dec. nº 4.835, de 8 de setembro de 2003. Portanto para grande parte das solenidades do dia a dia dos cerimonialistas, das seis circunstâncias resta uma, “quando o Hino Nacional é executado em continência à Bandeira Nacional” (inciso I) .

A polêmica, talvez esteja na falta de entendimento do conceito de “continência”. Para o mestre Aurélio continência é o cumprimento do militar. Este conceito está corroborado na legislação militar. É pela continência que o militar manifesta respeito e apreço, não só a outro militar, mas também aos símbolos nacionais, à tropa formada, à autoridades e aos civis de suas relações. Embora a legislação não diga claramente, obviamente a execução da continência implica em o saudante voltar-se na direção do saudado.

O Hino Nacional é executado, em continência, apenas nas cinco situações previstas no inciso I do artigo nº 25. O parágrafo 2º deste artigo veda taxativamente a execução do Hino Nacional, em continência, fora destas cinco situações. Do parágrafo 3º deduzimos que o Hino Nacional pode ser executado, e nesta circunstância reverenciado em ocasiões festivas de regozijo público. É o culto ao Hino Nacional nas diversas solenidades que diariamente acontecem no país.

O artigo nº 30 prescreve os procedimentos de respeito devidos à Bandeira Nacional e ao Hino Nacional. Mais uma vez se observa não haver precedência entre estes dois símbolos. Aliando-se o texto deste artigo com o parágrafo único, pode-se deduzir que durante a execução do Hino Nacional não é permitida a saudação com palmas, mas não proíbe as palmas após a execução.

O Decreto nº 70.274, de 09 de março de 1972 e suas alterações, disciplina as normas do cerimonial público e a ordem geral de precedência, acrescenta muito pouco ao que está prescrito na Lei nº 5.700. Para a Bandeira repete quase que literalmente o que está na Lei. Para o Hino, quase nada, reafirma que nas cerimônias em que se tenha de executar Hino Nacional estrangeiro, este precederá, por cortesia, o Hino Nacional brasileiro. O caput do Artigo nº 20 acrescenta:

Art. 20. A execução do Hino Nacional só terá início depois que o Presidente da República houver ocupado o lugar que lhe estiver reservado, salvo nas cerimônias sujeitas a regulamentos especiais.

O que chama a atenção neste Decreto é a relação muito estreita do cerimonial público civil com o cerimonial militar. Apenas para se ter uma noção dessa proximidade, em seis situações o Decreto remete os procedimentos a serem adotados nas cerimônias ao “cerimonial militar”, em muitas ainda induz e em outras tantas associa o cerimonial civil ao militar.

Os procedimentos do cerimonial militar estão regulamentados no Decreto nº 2.243, de 03 de junho de 1997, conhecido no meio castrense como RCONT ou R-2 (regulamento de continências). Abaixo os dispositivos deste documento legal que podem, em muitas situações serem comuns aos civis e militares, embora prescritos para os militares:

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65Art. 1º Este Regulamento tem por finalidade:

Parágrafo único. As prescrições deste Regulamento aplicam-se às situações diárias da vida castrense, estando o militar de serviço ou não, em área militar ou em sociedade, nas cerimônias e solenidades de natureza militar ou cívica.

Este parágrafo único prescreve que o militar deve acatar o regulamento de continências fora da caserna, inclusive nas cerimônias e solenidades civis.

Art. 15. Têm direito à continência:

I – a Bandeira Nacional:

a) ao ser hasteada ou arriada diariamente em cerimônia militar ou cívica;

b) por ocasião da cerimônia de incorporação ou desincorporação, nas formaturas;

c) quando conduzida por tropa ou contingente de Organização Militar;

d) quando conduzida em marcha, desfile ou cortejo, acompanhada por guarda ou organização civil, em cerimônia cívica;

II – o Hino Nacional, quando executado em solenidade militar ou cívica;

XII – as Bandeiras e os Hinos das Nações Estrangeiras nos casos dos incisos I e II deste artigo;

O presente dispositivo deixa claro que a Bandeira Nacional (inciso I) e o Hino Nacional (inciso II) estão nivelados, ambos têm direito à continência. Observa-se no inciso I, letras: a), b), c) e d) as situações em que a Bandeira tem direito à continência. O cerimonial prescrita que o Hino Nacional será executado por ocasião do hasteamento ou arriamento da Bandeira Nacional (letra “a” do inciso I), e nesta ocasião direito a continência do militar, do civil, atitude de respeito, de pé e em silêncio, (Art. nº 30 da Lei nº 5.700). Para os casos previstos nas letras b), c), d) e e) há previsão de continência mas não de execução do Hino Nacional. O inciso II prescreve que o Hino Nacional tem direito à continência quando executado em solenidade militar ou cívica, portanto de uma abrangência maior do que a Bandeira. Note-se que as continências para a Bandeira se limitam a cinco situações, enquanto o Hino Nacional tem direito à continência em todas as solenidades militares e cívicas em que for executado.

Igual preceito é estendido às Bandeiras e Hinos das Nações Estrangeiras (inciso XII). O cerimonial olímpico e os eventos esportivos internacionais têm suas próprias regras, de acordo com convenções internacionais.

Art. 24. Todo militar faz alto para a continência a Bandeira Nacional, ao Hino Nacional e ao Presidente da República.

§ 1º Quando o Hino Nacional for tocado em cerimônia religiosa, o militar participante da cerimônia não faz a continência individual, permanecendo em atitude de respeito.

§ 2º Quando o Hino Nacional for cantado, a tropa ou militar presente não faz a continência, nem durante a sua introdução, permanecendo na posição de “sentido” até o final de sua execução.

O caput deste artigo determina que o militar deve parar para saudar a Bandeira Nacional, o Hino Nacional e o Presidente da República. Observe-se novamente o tratamento isonômico dado aos dois Símbolos. Oportunas e acertadas as prescrições dos parágrafos 1º e 2º, note-se que não manda voltar-se para a direção da Bandeira Nacional.

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66Art. 25. Ao fazer a continência ao Hino Nacional, o militar volta-se para a direção de onde vem a música, conservando-se nessa atitude enquanto durar sua execução.

§ 1º Quando o Hino Nacional for tocado em cerimônia à Bandeira ou ao Presidente da República, o militar volta-se para a Bandeira ou para o Presidente da República.

§ 2º Quando o Hino Nacional for tocado em cerimônia militar ou cívica, realizada em ambiente fechado, o militar volta-se para o principal local da cerimônia (...)

O artigo 25 e parágrafos orientam claramente para que direção o militar deva voltar-se nas diversas situações. Seria cômico se nessas circunstâncias o civil participante do evento tivesse procedimento diferente. Chama atenção o parágrafo 2º, parece que este dispositivo esclarece grande parte das dúvidas sobre a polêmica em questão. A conclusão que se chega com base neste parágrafo, que durante a execução do Hino Nacional em solenidade com composição de mesa de honra realizada em ambiente fechado, sem hasteamento da Bandeira Nacional, o público volta-se para a mesa de honra e os componentes da mesa apenas se levantam tomando atitude de respeito. Ninguém se volta para a Bandeira, muito menos as autoridades da mesa. Em hipótese nenhuma os componentes da mesa podem dar as costas ao público. Seria um desrespeito das autoridades para com um dos elementos essências da nação (povo), em favor de um dos símbolos dessa nação.

Art. 90. O Hino Nacional pode ser cantado em solenidades oficiais.

§ 1º Neste caso, cantam-se sempre as duas partes do poema, sendo que a banda de música deverá repetir a introdução do Hino após o canto da primeira parte.

§ 3º Nas solenidades em que seja previsto o canto do Hino Nacional após o hasteamento da Bandeira Nacional, esta poderá ser hasteada ao toque de marcha batida.

A prescrição acima faculta a execução vocal do Hino Nacional nas solenidades, porém sempre as duas partes. Do parágrafo 3º deduz-se que numa mesma solenidade pode-se reverenciar, tanto a Bandeira como o Hino em momentos distintos; mais um indicativo de que quando o culto é dirigido ao Hino Nacional, ninguém deve voltar-se para a Bandeira, já cultuada por ocasião do seu hasteamento.

Como os pormenores de cerimonial referentes aos Símbolos Nacionais a que faz referência o artigo nº 43 da Lei nº 5.700 para os civis ainda não foram regulamentados, o Decreto nº 70.274, mistura o cerimonial civil e militar, estabelecendo procedimentos que podem ser comuns a civis e militares e o RCONT (regulamento de continências dos militares) aprovado pelo Decreto nº 2.243, em alguns aspectos se caracteriza pela assimilação de comportamentos consagrados pela sociedade civil e adotados como preceitos pelos militares, é oportuno e perfeitamente viável, valer-se o cerimonial destes ensinamentos legais para adotar procedimentos comuns de cerimonial em solenidades. Não se pode estabelecer para uma mesma solenidade, mesmo que civil, procedimentos distintos para civis e militares.

Outro ensinamento que o cerimonial pode buscar na caserna, agora na doutrina, é o conceito de ambiente fechado (local coberto), a que se refere o parágrafo 2º, do Artigo 25 do RCONT e ambiente aberto. Para efeito de cerimonial considera-se ambiente fechado ou local coberto, gabinetes, templos, repartições civis e militares, refeitórios, teatros, auditórios, salas de reuniões, quartos e salas; são ambientes abertos ou assim considerados, locais de circulação ou de espera (saguões, pérgulas, etc.), praças públicas, pátios internos, estádios, complexos esportivos, ginásios de esporte, mesmo que total ou parcialmente cobertos.

É importante a percepção clara deste conceito, uma vez que nas cerimônias realizadas em ambiente fechado não existe cerimonial de hasteamento ou arriamento da Bandeira Nacional. Nas cerimônias em ambiente fechado, o dispositivo da Bandeira deve estar pronto. Caso haja execução do Hino, a reverência é ao Hino Nacional.

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67CONCLUSÃO

Como a Lei nº 5.700 ordena que o Hino Nacional seja executado em continência à Bandeira Nacional (inciso I do Art. 25), o Decreto nº 2.243 (RCONT) complementa que a execução em continência será por ocasião do hasteamento ou arriamento em cerimônia cívica ou militar (letra a, inciso I do Art. 15) e nos demais casos previstos (letras b, c, d, e, inciso I do Art. 15) em que a Bandeira tem direito à continência, não há execução do Hino Nacional, a conclusão legal que se chega é que, em uma só circunstancia a Bandeira Nacional recebe continência com execução do Hino Nacional, é por ocasião do seu hasteamento ou arriamento quando todos os presentes, autoridades, público civil e militar voltam-se na direção da Bandeira Nacional enquanto durar a execução do Hino. Nas demais solenidades e cerimônias de natureza civil ou militar em que houver execução do Hino Nacional (sem cerimonial de hasteamento ou arriamento), a reverência é ao Hino Nacional. A Lei nº 5.700(§ 2º do Art. 25), proíbe enfaticamente a execução do Hino Nacional em continência, fora dos casos acima citados.

Nas cerimônias em que é executado o Hino Nacional em ambiente aberto (com a Bandeira já hasteada) todos se voltam (em atitude de respeito, de pé e em silêncio), para a direção de onde vem a música. Em ambiente fechado, todos se voltam para o principal local da cerimônia, mesmo tendo no ambiente um dispositivo de Bandeira Nacional.

O Hino Nacional pode ser executado por banda de música, (civil ou militar), orquestra, coral, cantor(es), gravação, etc... com canto ou não de todos os presentes, conforme previsto no cerimonial do evento.

Os textos legais, muito técnicos, redigidos juridicamente e em linguagem heráldica, são de difícil compreensão para a maioria dos brasileiros. Populares em suas manifestações cívicas, não usarem e cultuarem os símbolos nacionais na forma da lei é compreensível, não se pode aceitar o mesmo de autoridades e cerimonialistas. As violações se multiplicam desde os altos escalões da República, às pequenas escolas do interior do país. Conciliando-se a legislação, a doutrina, as normas protocolares e as práticas cerimonialísticas, seguem pequenos lembretes que podem ser úteis na administração da polêmica em questão:

− Quando o Hino Nacional for executado em continência à Bandeira Nacional (caso do hasteamento) todos se voltam na direção da Bandeira Nacional;

− Quando o Hino Nacional for executado em continência ao Presidente da República, todos se voltam na direção do Presidente;

− Quando for executado em continência ao Congresso Nacional incorporado ou ao Supremo Tribunal Federal incorporado, todos se voltam para os Presidentes dos respectivos poderes;

− Quando o Hino Nacional, precedido por Hino Nacional Estrangeiro, for executado em continência a um Chefe de Estado Estrangeiro ou um Embaixador Estrangeiro, todos se voltam para a autoridade estrangeira;

− Quando o Hino Nacional for executado em cerimônia realizada em ambiente aberto ou assim considerado, sem o hasteamento da Bandeira Nacional, todos se voltam para a direção de onde vem a música;

− Quando o Hino Nacional for executado em cerimônia realizada em ambiente fechado todos se voltam para o principal ponto da cerimônia. Ninguém se volta para dispositivos de bandeiras, banda de música, coral ou cantor;

− Em hipótese nenhuma os componentes do local de destaque (ex: mesa de honra) dão as costas ao público durante a execução do Hino Nacional;

− Nas cerimônias religiosas, em que for executado o Hino Nacional, todos permanecem em atitude de respeito, levantando-se os que estiverem sentados;

− O Hino Nacional será executado em honra a Bandeira Nacional, somente nas cerimônias em ambientes abertos ou assim considerados e mesmo assim só quando houver hasteamento ou arriamento.

O conhecimento do assunto estudado não resolve por si só a polêmica em questão. É necessária boa vontade dos cerimonialistas em quebrar esse paradigma onde vigora essa prática ilegal. A sugestão é que inicialmente com discrição, as autoridades e público sejam orientados pelo cerimonial do evento, se necessário, através do mestre de cerimônias. Se a orientação discreta não resolver que seja de forma enfática e direta.

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68Essa polêmica com certeza não teria criado corpo, se o artigo nº 40 da Lei nº 5.700, de 1º de

setembro de 1971, fosse respeitado quando diz que ninguém poderá ser admitido no serviço público sem que demonstre conhecimento do Hino Nacional, conhecer não só o poema e a música, mas o uso e culto que lhe é devido como Símbolo Nacional.

a) Toca-se antes ou depois de outro hino? O que diz o Decreto

Art. 25º (Decreto 5.700) - Será o Hino Nacional executado:

Parágrafo Terceiro - Será facultativa a execução do Hino Nacional na abertura de sessões civis, nas cerimônias religiosas a que se associe sentido patriótico, no início ou no encerramento das transmissões diárias das emissoras de rádio e televisão, bem assim para exprimir regozijo público em ocasiões festivas.

Parágrafo Quarto - Nas cerimônias em que se tenha de executar um Hino Nacional Estrangeiro, este deve, por cortesia, preceder o Hino Nacional Brasileiro.

Resposta: o Decreto é claro - antes do Hino Nacional só pode tocar um hino estrangeiro.

b) Pode-se tocar outro hino sem tocar o nacional?

Os Decretos 5.700 e o 70.274 não fazem nenhuma referência quanto a executar um hino estadual ou municipal sem executar antes o Hino Nacional. A opção de se executar sempre o Hino Nacional junto a outro hino, é apenas uma questão de precedência.

− Cadeiras:

Verificar se o número é suficiente para a proposta de mesa, ter sempre cadeiras extras para autoridades de última hora, e observar o estado físico das mesmas.

− Copos e água:

Os copos deverão ser, sempre que possível, de vidro, e em número superior aos dos componentes da mesa. A água deverá ser colocada nos copos antes que a cerimônia inicie. Durante, somente quando solicitado.

− Esclarecer ao presidente do evento as normas do cerimonial e protocolo:

Sempre que o Mestre de Cerimônias verificar que as normas do protocolo e da precedência serão quebradas, deverá esclarecê-las ao presidente da mesa. O ônus da quebra é do mesmo.

SITUAÇÕES DESATINANTES

Pessoas que não são “mesáveis” pensam que são

− Um Mestre de Cerimônias nunca escapará desta situação, pois lida com a vaidade das pessoas. Todos querem estar em evidência e a mesa oficial lhes proporciona isso.

− Estando a autoridade maior de um determinado órgão ou instituição à mesa, não tem porque seu subalterno também ter direito à mesma. Cada caso é um caso.

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69− Uma mesa deve ser composta com as pessoas que tiverem ligação direta com o evento.

− A mulher que estiver investida em algum cargo, tanto público quanto privado, terá o mesmo tratamento dispensado aos homens de igual posição, sendo colocada no lugar que lhe pertence por direito.

− Uma senhora não fica na ponta de uma mesa de honra, ainda que a situação hierárquica seja menor que a do cavalheiro que sentar depois dela. Com a presença de homem ocupante de cargo com a mesma hierarquia, a mulher terá precedência sobre ele.

− Antes de iniciar a solenidade, o Mestre de Cerimônias deve levar a proposta de mesa ao presidente para que este possa avaliá-la.

− Em mesa composta não se mexe, pois estará se alterando a Ordem de Precedência da mesma.

Todos os “mesáveis” querem discursar

− Atuando no meio político e de instituições públicas, o Mestre de Cerimônias sempre terá pela frente esta situação, pois é durante o discurso que o “mesável” expõe suas idéias.

− Antes de iniciar a solenidade, o Mestre de Cerimônias deve submeter ao presidente da mesa sua proposta de pronunciamentos.

− A palavra nunca deve ser franqueada pelo Mestre de Cerimônias, só pelo presidente da mesa (mesmo assim deve ser orientado que tal atitude não é aconselhável, pois nesse caso, todos terão o direito de falar o que quiserem).

− Depois que a maior autoridade se pronunciar ninguém poderá falar.

A autoridade que irá presidir o evento chega atrasada.

− No repasse do cerimonial à autoridade que irá presidir o evento, deve-se deixar bem claro o início da cerimônia e que ela deverá receber e ciceronear os convidados presentes.

Autoridade “sugere” modificações momentos antes do início da solenidade.

− É “normal” que determinadas autoridades desconheçam completamente as Normas de Protocolo e queiram mudar completamente aquilo que já foi minuciosamente definido por ele e pelo cerimonial. Neste caso, deve-se mostra os riscos que se corre fazendo as alterações previstas de última hora e que o ônus do erro será o insucesso do evento.

− Uma forma de diminuir este risco é na véspera do evento, repassar todo cerimonial com a autoridade que irá presidir o evento, bem como com a equipe que irá trabalhar no mesmo.

Os mesáveis esquecem que tem um cerimonial e resolvem agir por conta própria

− Dentro do item vaidade, alguns mesáveis acham que “entendem” de cerimonial e como também se sentem superiores, resolvem mudar a cerimônia de acordo com seus interesses.

− Toda e qualquer modificação no cerimonial deve ter o conhecimento e anuência do presidente do evento.

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70O arranjo floral à frente da mesa cobre a autoridade principal.

− Deve-se ter um cuidado todo especial para os decoradores, pois os mesmos só se preocupam em enfeitar o ambiente sem levar em consideração o caráter da cerimônia em questão, a disposição dos participantes do evento no ambiente, posição da tribuna, acesso ao palco ou mesa de honra.

− Os arranjos florais devem ser colocados em frente à mesa de honra, ao nível do chão, de tal forma que a parte superior do arranjo fique no nível da mesa.

− A quantidade de arranjos e sua composição devem ser discretas de forma a não concorrer com evento.

O hino começa de onde não devia.

− Chegando mais cedo ao local do evento, o Mestre de Cerimônias deve cientificar-se pessoalmente da posição de início do hino na fita cassete (ou faixa em que se localiza).

− O Decreto 70.274 proíbe qualquer manifestação musical antes do Hino Nacional Brasileiro, a exceção de um hino estrangeiro, que o antecederá por cortesia.

− Sempre que for possível, deve-se iniciar a solenidade (Congresso, Simpósio, Encontros, Mesas Redondas) com o Hino Nacional Brasileiro, para dar o caráter oficial ao evento e elevar o civismo dos participantes. O Hino do Estado e/ou do município pode encerrar a solenidade.

− Pode-se prescindir da execução do Hino Nacional Brasileiro. Em seu lugar, executa-se o do Estado, encerrando com o hino do município. Prescindindo também o do Estado, inicia-se com o do município.

Autoridades demais provocam a falta de cadeiras na mesa de honra

− Mesmo tendo repassado antes o cerimonial com a pessoa que irá presidir a cerimônia, a mesma, durante a abertura do evento, poderá querer incluir mais alguma autoridade na mesa de honra.

− Primeiramente o Mestre de Cerimônias deve alertá-la para a questão da precedência. Depois, se mesmo assim ele mantiver a posição de colocar a pessoa na mesa, devem-se providenciar outras cadeiras.

− Sabendo que esta é uma possibilidade costumeira das autoridades que desconhecem as Normas do Protocolo e de Precedência, deve-se sempre ter perto da mesa de honra, cadeiras sobressalentes.

− Sempre que possível deve-se evitar número par de autoridades na composição da mesa.

− A mesma observação se faz para colocar autoridades fora do limite físico da mesa, pois neste caso, não terá como escrever suas observações e se for servido água e café, estes poderão ficar misturados com os demais.

Disposição das Bandeiras

− O Decreto 70.274 preconiza que as bandeiras dispostas na panóplia não deverão ficar encobertas pela mesa de honra. Em alguns ambientes de trabalho isto fica difícil de fazer. Então as mesmas deverão ficar centralizadas atrás da mesa ou suspensas pela maior dimensão.

− Observar a precedência das bandeiras conforme o prescrito no Decreto 70.274.

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72A UNIVERSIDADE E O CERIMONIAL UNIVERSITÁRIO

Como instituições que têm como principal objetivo promover a educação a nível superior em todos os campos do conhecimento humano, às Universidades também compete à responsabilidade da preservação dos valores históricos e tradicionais da cultura como um todo.

No ensino superior e, principalmente, em suas instituições de ensino, além da estrutura e dos atos legais, assume grande relevância o Cerimonial Universitário, que envolve um histórico, uma tipologia, uma terminologia e uma caracterização.

O Cerimonial Universitário, ramo específico do cerimonial, corresponde ao conjunto de aspectos formais de um ato público que ocorre no ambiente universitário (universidades e demais instituições de ensino superior), numa seqüência própria, observando-se uma ordem de precedência (Reitor, Pró-Reitores, etc.), elementos sígnicos (brasão, bandeira, estandarte, selo, medalha, hino), uma indumentária própria (vestes talares reitoral, doutoral, professoral, capa acadêmica) e o cumprimento de um ritual (atos de posse do Reitor, Pró-Reitores, Chefes de Departamentos, Instalação de Colegiados, Aula Magna, Concessão de Títulos, Colação de Grau, etc).

O Cerimonial Universitário contribui para a preservação da instituição, na evolução do processo histográfico, permanecendo inalterado por gerações seguidas, os valores intrínsecos dos seus símbolos, visão sígnica e pelo conteúdo institucional, infenso à passagem das administrações reitorais: O HOMEM PASSA, A INSTITUIÇÃO PERMANECE.

ORIGENS

Como ramo específico do cerimonial, o Cerimonial Universitário tem, nas suas origens, íntima ligação com aquele e com o aparecimento das universidades no período medieval.

Pode-se, pois, determinar a Idade Média (século XI) como marco inicial dessa atividade. Surgem nesse período, as primeiras “universitas” ou “universius”, que configuram um conjunto de escolas e faculdades dotadas de um novo estilo de ensino no mundo medieval, cujas raízes estão ligadas às aulas de medicina de Constantino substituindo as escolas monásticas, que ensinam conhecimentos em ensino superior de caráter científico e tecnológico, aliados a valores culturais locais, nacionais e universais. Datam dessa época, conforme já mencionado, as aulas de medicina dadas por Constantino, bem como a Escola de Direito Canônico (1158) de Frederico I (o Barba Roxa), que conferia privilégios especiais aos estudantes.

É interessante destacar que, com o aparecimento das primeiras universidades (Bolonha – 1158, Paris – 1170, Salamanca – 1218, Pádua – 1222, Nápoles – 1224, Coimbra – 1290, Pisa – 1343), surge, também, a figura do “Rector Scholariorum”, Chanceler da Instituição que a dirige com todos os poderes.

O “Rector Scholariorum” (1200), inicialmente o Chanceler da Instituição e, mais tarde, o Reitor, foi reconhecido, no século XIV, juntamente com as universidades, pela Bula Papal “Studia Generalia” do Papa Inocêncio VI.

Alguns fatos, relacionados às escolas superiores no Brasil no século XIX, merecem destaque:

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73− O surgimento da Universidade de Paris em 1170, que estabeleceu o estudo de lógica nos graus de

Bacharel, Licenciado e Doutor, tornou-se centro de excelência de estudos superiores em Sociologia, Lógica, Teologia e Direito Canônico passando, depois, a ser designada de Universidade de Sorbone (1180).

− A criação, em 1425, de renomadas universidades inglesas como Oxford e Cambridge.

− O aparecimento da Universidade de Salamanca, em 1218, na Espanha, e da famosa Universidade de Coimbra, 1290, em Portugal, onde se formaram os pouquíssimos brasileiros que, até o Primeiro Império, tiveram acesso ao ensino superior e das quais as universidades brasileiras herdaram o cerimonial adotado, principalmente, os relativos ao ritual dos atos acadêmicos, a heráldica e ao brasonário.

− A preocupação com a criação de universidades na América Espanhola.

A UNIVERSIDADE DE COIMBRA

Para avaliar-se o grau de cultura atingido pelos brasileiros no século XIII, basta dizer que a reforma da Universidade de Coimbra, determinada pelo Marquês de Pombal, foi executada pelo brasileiro Francisco de Lemos Faria Coutinho, que assumiu o cargo de Reitor daquela tradicional instituição em 11 de setembro de 1772.

A Universidade de Coimbra, fundada em 1290, faz história com o mais escorreito cerimonial universitário da Europa, na preservação do valor das tradições históricas com o acentuado uso dos símbolos reitorais e com o permanente exercício do cerimonial universitário por mais de setecentos anos. É dela que as universidades brasileiras herdaram o cerimonial, a heráldica e o brasonário, bem como o ritual de todos os atos acadêmicos.

AS UNIVERSIDADES NO BRASIL

Portugal não incrementou a implantação e a criação de universidades nos países descobertos e por ela colonizados. A Espanha, ao contrário, fomentou a criação de universidades nos países latino-americanos como: Santo Domingo (1358), Lima (1551), México (1553), Córdoba (1613), Bogotá (1622), Cuzco (1692), Havana (1728), Santiago do Chile (1738).

No Brasil colonial, tínhamos, de um lado, apenas o ensino dado pelos jesuítas que visava no início, à catequização e, posteriormente, a preparação de sacerdotes e, de outro, algumas poucas aulas régias (aulas avulsas dadas por leigos a serviço de Portugal). As universidades começaram tardiamente em relação ao processo de colonização. No século XVI, a América Espanhola já tinha 6 universidades e na nossa dependência eram 19.

Enquanto colônia, o Brasil não teve universidades. Até a independência, apenas três mil brasileiros haviam feito cursos superiores (isto é, nos meados do século passado), nas universidades européias, principalmente em Coimbra, Portugal, Toulouse e Montpelier, na França e em Oxford e Cambridge, na Inglaterra. Portanto, a nossa cultura superior ainda está no seu segundo século de vida apenas.

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74 As ações do Marquês de Pombal, que constituíram na perseguição aos jesuítas e na vinda da família real para o Brasil, apressaram a mudança do quadro do ensino brasileiro. A primeira permitiu a entrada de ordens religiosas como os beneditinos, dominicanos, franciscanos e agostinianos com suas aulas próprias, e a segunda, face a necessidade de ocupação da ociosidade da Corte, facilitou o surgimento de aulas e cursos de Artes e Música, cursos militares, cursos para os servidores da Coroa, aulas avulsas de Direito e de Medicina que deram origem às primeiras universidades (São Paulo e Pernambuco com o curso de Direito em 1827).

Na ordem cronológica, podemos destacar datas que marcam o início de algumas escolas de nível superior no Brasil, a saber:

− Escola Agrícola de Minas, em Juiz de Fora (1869); − Escola Politécnica do Rio (1874); − Escola de Minas, em Ouro Preto (1875); − Escola de Agronomia, na Bahia (1877); − Escola Superior do Rio de Janeiro (1920); − Universidade de São Paulo (1934); − Reconhecimento da autonomia da Universidade de São Paulo (1945); − Reconhecimento da autonomia da Universidade de Pernambuco (1953).

O desenvolvimento do ensino de nível superior, em todos os campos do conhecimento humano como objetivo das universidades, condicionou, também, a responsabilidade de preservação dos valores históricos e tradicionais da cultura da qual faz parte o Cerimonial Universitário.

Nas universidades européias, com o surgimento, no século XI, do “Rector Scholariorum” (Chanceler ou Reitor) autoridade suprema da Universidade, estabeleceu-se o cerimonial universitário com:

− Uma ordem de precedência: Chanceler, Reitor, Doutor, Professores, etc.

− Uma indumentária própria: Compreendendo as vestes talares – reitoral, doutoral, professoral e capa acadêmica.

− Elementos sígnicos: Brasão, bandeira, estandarte, selo, medalha, hino.

− Conjunto de rituais: Diferentes tipos de posses, instalação de colegiados, aula magna, concessão de títulos honoríficos.

Na Europa do século XIII, primou a Universidade de Coimbra pela preservação dos valores e das tradições históricas, pela utilização adequada dos símbolos reitorais e pelo efetivo exercício do cerimonial, fato que se estendeu por mais de setecentos anos.

A Universidade de Coimbra (Portugal), onde se desenvolveu o mais escorreito cerimonial europeu foi, pois, o local indicado para as universidades brasileiras buscarem o seu modelo.

Assim, ainda hoje, todo cerimonial universitário brasileiro está ligado ao modelo de Coimbra, sendo raras as instituições brasileiras que adotam o modelo inglês ou americano.

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75A FIGURA DO “RECTOR SCHOLARIORUM”

No Egito, Índia, Palestina, Grécia e Roma, existiram corporações ou grêmios fundados em vínculos gentílicos ou territoriais, pressuposta a divisão do trabalho. Dentro destes, se distinguiram natural e necessariamente pelo grau de experiência os “Magister”, “Discipuli” e “Laborantes”.

A posição do mestre era preponderante, daí o nome “Magisterium” ou “Maestranza” conferido a todo grupo dedicado ao ofício.

Em Roma e Ravena existiam verdadeiras escolas: “Schola Piscatorum”, “Schola Hortolanurum”, “Schola Pistorum”. Não faltava também, a escola de Direito para a formação de “Advocati, Iudicis, Notaris et Carudici”. Cada escola era dirigida pelos “Magistri”, como nos “collegia” da Roma antiga.

Esses mestres possuíam também, o título de Reitor (inicialmente o Chanceler da Instituição e depois “Rector Scholariorum”, surgida por volta do século XI), denominação que mais tarde passaria aos eleitos para dirigirem as universidades.

A POSSE DO MAGNÍFICO REITOR

No século XVIII, a posse do Reitor revestia-se de grande pompa e circunstância.

Na véspera da posse, o eleito retirava-se para uma casa de campo nos arredores da cidade. No dia, postado em carruagem ricamente ornamentada, precedido e seguido de grande cortejo composto de todos os docentes em ordem de hierarquia (doutores, mestres, graduados) e familiar, seguia para uma igreja para depois dar entrada pública na cidade.

O cortejo seguia depois em marcha pelas ruas da cidade em direção ao pátio interno da universidade, precedido por clarins para anunciar a chegada do mesmo.

Chegando ao lugar da solenidade, depois do cortejo posicionar-se em lugar apropriado, o eleito ajoelhava-se em frente ao emissário do Rei que lia em seguida o termo de posse. O Reitor proferia o juramento ainda ajoelhado, com a mão direita sobre uma bíblia. Seguia-se depois 3 dias de festas.

SÍMBOLOS UNIVERSITÁRIOS (ELEMENTOS SÍGNICOS E LOGOMARCAS)

No Cerimonial Universitário, além da ordem de precedência, da indumentária e dos rituais, temos os elementos sígnicos, ou seja, um conjunto de componentes que traduzem a tradição, o espírito universitário e toda a simbologia que envolve a universidade ou outra instituição de ensino superior.

Os elementos sígnicos representativos das instituições de ensino superior (brasão, bandeira, estandarte, selo, medalha e hino), não devem ser confundidos com as logomarcas das mesmas, pois estas são os símbolos que refletem a marca de mercado sem ligação com a heráldica (ciência que estuda as regras de composição, descrição e interpretação dos brasões, a tradição, a cultura e os costumes universitários).

Como são relativamente recentes, justifica-se o porquê de grande parte das instituições de ensino superior brasileiras, erroneamente, confundirem suas logomarcas com seus elementos sígnicos. Destacando a importância

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76desses elementos, convém lembrar que eles surgem ou são criados quando a própria instituição começa a existir, devendo a sua criação constituir os primeiros atos acadêmicos.

Nas solenidades universitárias, onde os rituais adquirem enorme importância, destacam-se os elementos sígnicos externos (do país, estado ou município), e os elementos sígnicos internos (da instituição de ensino superior).

ELEMENTOS SIMBÓLICOS DA HERÁLDICA6 (BRASÃO D’ARMAS, ESCUDO, BANDEIRA, ESTANDARTE GALHARDETE, FLÂMULAS)

Além dos atos legais que oficializam os elementos simbólicos da instituição, os elementos simbólicos do mérito e os elementos simbólicos de honrarias, há que se considerar a importância que assume a heráldica com sua simbologia e significados próprios quando das respectivas elaborações.

A heráldica, ciência que estuda as regras de composição, descrição, simbologia e interpretação dos brasões e escudos, remonta aos povos primitivos onde o clã, o culto aos antepassados e a hierarquia (vestuário, adornos e armas) estabelecida pelos chefes, determinavam os totens. Em Roma e na Grécia adquire forma (águia bicéfala, simbolismo da Loba) e estilo (dórico, jônico), sendo, entretanto, no período medieval com as cruzadas (séculos XII e XIII), que assume o caráter heráldico.

HISTÓRIA DOS BRASÕES

Os brasões parecem algo moderno e medieval, mas já se encontravam vestígios deles na antigüidade. As civilizações antigas levavam, em seus momentos solenes, insígnias e estandartes. Os romanos adotavam emblemas pessoais ou de família, como Júlio César que adotou a borboleta e o caranguejo; o emblema de Pompeu era um leão carregando uma espada; o da família Corvino era um corvo. Estes emblemas eram pintados nos escudos, como diz o escritor Tácito: "Scuta lectissima coloribus distinguunt".

Os brasões modernos de cores e figuras estabelecidas surgiram no decurso do século XI em diante, especialmente por ocasião das Cruzadas na Terra Santa (1096-1270). Acredita-se que a necessidade de distinguir os guerreiros, suas formações em campo, de dividi-los, de distingui-los enfim dos inimigos, porquanto todos eles estavam cobertos de armaduras, está na origem dos brasões. Cada cavaleiro ou grupo de homens em formação escolheu cores, desenhos e figuras que os aplicavam no escudo. O primeiro desenho foi, sem dúvida, a cruz. Depois, cada um deu asas à sua imaginação, criando uma diversidade de emblemas que se tornou a origem verdadeira e própria da heráldica. Este uso foi depois introduzido nos torneios de cavaleiros e nas festas, tornando-se tradição. Após o período das Cruzadas, o brasão era um privilégio que só podia ser concedido pelos Reis ou pelos Príncipes e também pelo Papa. As famílias nobres adotaram seus brasões mediante pedido à autoridade que os concedia e começa a arte e

6 Chama-se Heráldica, a arte de formar e descrever Brasões de Armas, também designada Armaria ou Arte do Brasão. Teve seu princípio por volta do século XII, contudo sua origem vem a ser mais remota do que se pensa. Os símbolos pessoais e familiares são antiquíssimos e com eles veio a Heráldica, quando eles foram utilizados dentro dos escudos de combate. Esta Arte esteve ativa até o final do século XVIII, quando a febre política da República, um movimento novo que tomava conta do mundo desde a queda da Bastilha na França, extinguiu, por vezes a fio de espadas, o Ofício de Brasonaria. Muitos Mestres D'Armas foram assassinados, famílias inteiras eram banidas por continuarem ostentando seus Brasões nas soleiras de suas casas e Armoriais, livros que continham os Registros Brasonários desde o século XII, foram queimados em praça pública. Tudo isso porque os republicanos temiam que através desses símbolos o povo continuasse ligado à Monarquia ou até mesmo, reivindicasse a sua volta. Sob a constante ameaça das lâminas republicanas foi fácil impedir que isso acontecesse. Alguns clãs, no entanto, conseguiram fazer com que a Tradição da Brasonaria ficasse viva até os dias de hoje. Ocultaram os Armoriais em seus porões, alguns foram embalados em baús de madeira tratada, ou de louças e enterrados em suas Quintas. Outros, na clandestinidade, conseguiram passar de Mestre para Discípulo e de pai para Filho a Arte da Heráldica.

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77o esmero de criá-los e reproduzi-los. Fato sucessivo, as cidades também adotaram um emblema específico, imitando o escudo ou o brasão. Em seguida, o estandarte foi adotado por sociedades, confraternidades, instituições e outros grupos sociais. Depois as famílias dos mercadores e outras ricas decidiram cada uma, adotar seu brasão.

Para ter uma idéia a respeito, a República de Florença, que tinha estabelecido que somente as artes maiores pudessem ter um escudo próprio, em 1293, para contentar os desejos dos artesãos menores, concedeu também a eles tal direito. Por artes maiores, se entendia as sete profissões de maior prestígio: juiz, tabelião, mercador, banqueiro, fabricante de tecidos de lã e de seda, médico, peleteiro. As artes menores eram divididas em 17 grupos e compreendiam desde o açougueiro até o hoteleiro, desde o sapateiro ao fabricante de armas, do padeiro ao seleiro, do alfaiate ao tecelão...

Desta maneira, o uso do brasão que tinha começado com os Cavaleiros e com os Cruzados, se estendeu às famílias nobres, depois às famílias influentes e ricas, a organizações e, finalmente, a todas as profissões (bem entendido, às famílias desses profissionais). O brasão se tornou um emblema típico da sociedade medieval, surgido do desejo de ter um símbolo característico da família. Mesmo que nem todos o usassem, sabe-se que a grande maioria das famílias possuía um deles. Desde que fossem nobres ou ricas ou se dedicassem a uma atividade livre ou liberal.

O QUE OS BRASÕES REPRESENTAM: NOBRES E NOBRES OU RICOS E NOBRES

Em todo histórico explicativo que acompanha os brasões se lê que todos os troncos familiares eram "nobres", que pertenciam à "nobreza". Tal afirmação parece um tanto estranha e leva a crer que todos os cepos familiares gozassem de um grau de nobreza e, portanto, que não existiam famílias ou núcleos familiares pobres durante a Idade Média. Por essa razão, torna-se necessário entender o que queria dizer "nobre" ou possuir um grau de "nobreza" na sociedade medieval.

Como efeito, existiam dois tipos de nobres e dois tipos de nobreza na época medieval, época em que surgiram e se difundiram os brasões familiares. O primeiro tipo de nobre e de nobreza era aquele que ainda hoje persiste nos vocabulários de todas as línguas, isto é, o nobre de sangue azul, a condição de nobreza que provinha das famílias reais, principescas e dos senhores feudais que dominavam a cena histórica e política de então. Estes nobres eram em reduzido número e compunham as famílias e a Corte dos reis, dos príncipes, dos duques, dos condes, dos marqueses, dos viscondes. Tanto o título de nobre, quanto o grau de nobreza, neste caso, era hereditário e podia ser ampliado através de nomeações restritas à vontade e às decisões dos soberanos medievais.

O segundo tipo de nobre e a segunda classe de nobreza da Idade Média correspondiam à casta privilegiada dos ricos, dos grandes proprietários, dos capitães, dos mercadores, de todos aqueles que tinham conseguido atingir um nível de vida elevado ou que tinham feito fortuna em moeda corrente. De fato, na Idade Média, não se encontra a palavra "rico" nos textos, porquanto era logo chamado de "nobre", pelo simples fato de ter dinheiro ou ser dono de latifúndios. Em outras palavras, sendo "rico" era automaticamente dito "nobre". Perdendo, porém, a fortuna e o dinheiro caíam em desgraça perante a comunidade política e era, em conseqüência, classificado na casta dos pobres. A sociedade medieval se dividia, pois, em somente duas castas ou classes: nobres e pobres. Cavaleiros e exércitos estavam a serviço dos nobres.

Por esta razão, portanto, se fala sempre de nobre e de nobreza na história dos brasões familiares. Um pobre era simplesmente pobre, não tendo nenhum direito, exceto aquele da vida e o de trabalhar como escravo para os nobres. Um nobre era sempre nobre se fazia parte de uma família real ou feudal, mas podia ser eventualmente nobre aquele cidadão que tivesse acumulado riquezas no sentido estrito e comensurável de riqueza em dinheiro e em bens que pudessem ser transformados em ouro, prata e moeda. Neste último tipo de nobre e de nobreza são classificados capitães de exércitos, aventureiros, mercenários, cavaleiros, mercadores, padres, monges, banqueiros, juízes, magistrados, tabeliães, tecelões, cambistas, médicos, farmacêuticos, peleteiros, açougueiros,

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78sapateiros, ferreiros, coureiros, construtores, vinhateiros, padeiros, mercadores de óleo, mercadores de seda e linho, couraceiros, fabricantes de espadas, seleiros, madeireiros... Estes nobres eram também chamados patrícios.

Para os primeiros, a nobreza era um direito de sangue e era hereditária e eterna. Para os segundos, a nobreza era adquirida, dependia das fortunas no banco ou no cofre e podia ser ocasional e efêmera. Os primeiros eram sempre nobres e pertenciam à nobreza. Os segundos eram nobres se eram ricos e pertenciam à nobreza enquanto durasse a fortuna. Um falido caía de classe, perdia o título de nobre que, em tal caso, era sinônimo de rico e voltava a fazer parte da casta dos pobres. Somente os nobres por serem ricos ou os ricos ditos nobres podiam falir, porquanto um pobre era um eterno falido, um eterno pobre que tinha somente o direito à vida e ao trabalho, quando trabalho houvesse e quando o nobre lhe concedesse.

Em conclusão, quando se diz nobre ou família pertencente à nobreza na descrição dos brasões, deve-se entender geralmente o segundo tipo de nobre e não o primeiro. De fato, o título hereditário de nobre era restrito a poucas famílias, enquanto o título de nobre exclusivo de um cidadão rico não era hereditário e persistia até que este fosse verdadeiramente rico.

HISTÓRIA DOS BRASÕES DE FAMÍLIA

Os nomes de família (surnames, cognomi, apellidos) surgiram da necessidade de identificação das pessoas em geral durante a Idade Média. Até então, a alta nobreza, por razões de sucessão, utilizavam alguma forma de identificação de filiação. Imitando os costumes de pessoas proeminentes ou para diferenciação das famílias, os homens mais comuns passaram a utilizar como sobrenome as designações dos seus ofícios ou habilidades, de lugares de origem, de suas condições sócio-economicas, de plantas ou animais ou, ainda, referentes aos nomes próprios devido à filiação, vassalagem, exércitos, ou que, de outro modo, relacionava a origem da pessoa a algum personagem.

Foi só a partir dos séculos XV e XVI, que os nomes de família passaram a ser sistematicamente registrados, normalmente nas igrejas de batismo. Pesquisar a árvore genealógica até essa época é uma possibilidade de documentação, para épocas anteriores as dificuldades se multiplicam.

Em 1564, o Concilio de Trento ordenou que as paróquias registrassem cada individuo com seu próprio nome e o respectivo sobrenome. Desde então cada um de nossos ancestrais vem transmitindo o nome de família a seus descendentes, definindo e registrando os graus de parentescos.

O sobrenome tornou-se um patrimônio familiar, por gerações e gerações, identificando uma linhagem com suas características próprias, físicas e comportamentais. A descendência, a linhagem, não pode ser compreendida apenas pelas razões de sangue (genética), o cenário histórico enriquece, justifica, explica e, especialmente torna a historia unida à saga de cada um de nossos ancestrais, tenham sido eles proeminentes ou não. As linhagens podem ser identificadas por arvores genealógicas e pelos registros da origem do sobrenome.

Muitas vezes, encontra-se o mesmo sobrenome, bem como escudos e brasões de armas referentes ao sobrenome de família que possuímos, entretanto não se pode afirmar que essas pessoas sejam algum ancestral direto e muito menos que tenhamos o direito de usar oficialmente as insígnias heráldicas que possamos encontrar sem uma pesquisa apurada de nossas origens.

Na idade do Cavalheirismo, durante a Idade Media, o brasão era prático e serviu para a mesma função, tanto no campo de batalha como em torneios, ou seja, identificar seu senhor. Na confusão da batalha o cavaleiro era coberto por sua armadura, da cabeça ao dedo do pé, com seu capacete cobrindo a face, os únicos meios de identificação para seus amigos ou inimigos eram suas insígnias pintadas em seu escudo e bordadas em sua surcoat (espécie de blusa que cobria o peito da armadura) e sua Crista (quando havia), estes surcoats ou mantos eram freqüentemente

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79rasgados fora na batalha, assim o escudo e a Crista que novamente era individual a cada cavaleiro, pressa ao capacete, identificavam o cavaleiro em toda a confusão da batalha.

Estas insígnias de cada cavaleiro eram normalmente atribuídas por um rei, porem não foram raros os casos de famílias com algum poder social que simplesmente adotaram armas para o seu clã. Muitas foram as famílias que se agraciaram com um brasão de armas que os representa-se, que identificavam o valor e nobreza de tal família.

Dos brasões e escudos tipo pele de animal (que deram origem aos pergaminhos) até os brasões e escudos feitos de metal, a heráldica teve enorme desenvolvimento, chegando aos nossos dias.

A premiação reforça a auto-estima, fortalece a imagem perante a sociedade, é instrumento de retribuição de valores.

Brasão d’Armas da Universidade

O Brasão ou Escudo é a “marca” fundamental de uma instituição, inapagável pelas suas características heráldicas, tendo como finalidade primacial a perenização da imagem voltada para os fundamentos sócio-filosóficos da Entidade, seja pública ou privada. O Brasão d’Armas é a chamada “ponta-de-lança” da heráldica e por ele cria-se o Colar, a Medalha e a Bandeira institucionais.

Colar do Mérito Universitário

O Colar do Mérito no modelo “Comendador” é a maior honraria institucional da Universidade, e destina-se ao reconhecimento do Mérito no exercício salutar de agraciar pessoas físicas e/ou jurídicas, nacionais e/ou estrangeiras, públicas e/ou privadas, que a qualquer tempo tenham prestado relevantes serviços à instituição.

Medalha do Mérito Universitário

Esta medalha no modelo “Cavaleiro”, é a maior honraria institucional da universidade de caráter interno e destina-se ao reconhecimento do Mérito no exercício salutar de agraciar professores e/ou funcionários exclusivamente da universidade que a qualquer tempo durante toda a vida funcional, tenham prestado relevantes serviços à instituição.

Láurea Acadêmica

A Láurea, no modelo “Cavaleiro” é uma honraria representada por uma Medalha de Mérito e nos seus fundamentos tem as mesmas características da Medalha do Mérito Universitário, sendo que se destina exclusivamente a alunos da instituição. A referida Láurea é a maior distinção para o corpo discente, e é uma honraria de caráter interno institucional, e destina-se ao reconhecimento do mérito exclusivamente referente ao período compreendido no total de qualquer dos cursos da universidade, como um perfil da longa jornada estudantil.

Bandeira da Universidade

A bandeira é o símbolo maior da instituição. Aposta nos mastros, em panóplias, em gabinetes ou hasteada, desfraldada, levada em desfiles cívicos, evoca a imagem e a memória institucional, perenizando as tradições que sempre se aliam a um sentimento de civismo e acendrado amor à instituição. Tem grande e forte conotação sígnica, exercendo grande influência na sociedade, ocupando o papel e os espaços semióticos, sumamente importantes e indispensáveis nas solenidades e cerimônias oficiais de qualquer instituição. A bandeira de uma

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80instituição, ao ser desfraldada pela primeira vez, precisa ser “batizada” com um cerimonial específico e protocolo próprio. Do ritual protocolar, consta a leitura do juramento a ser proferido por uma “madrinha” e/ou “padrinho” (ou os dois).

ELEMENTOS SIMBÓLICOS DO MÉRITO E HONRARIAS

− Vestes talares reitoral (beca, samarra, capelo, colar, bastão), doutoral (beca, samarra, capelo), professoral (beca), capa acadêmica;

− Colar com a medalha e o broche (insígnias do reitor e dos doutores);

− Medalha e o pergaminho (honrarias dadas nas cerimônias de mérito universitárias a professores ou benfeitores do ensino);

− Láurea acadêmica (que se destina a distinguir os alunos pelo aproveitamento no curso e pela assiduidade);

− Troféu (premia universitários que se destacaram em competições esportivas).

A indumentária é um tópico muito importante nas cerimônias universitárias. Sua utilização compreende as vestes talares ou togas, assim chamadas por constituírem longas vestimentas à altura dos calcanhares (talão ou parte traseira do calçado), cujas origens remontam à época romana e ao traje eclesiástico.

As vestes talares diferenciam-se normalmente pelos complementos e pelas cores ligadas à posição hierárquica e ao grau de saber. Assim, o Chanceler ou o Reitor (veste reitoral), além da beca preta ou branca, portam também a samarra, o capelo e o cinto na cor branca, além do colar e do bastão, podendo, na cerimônia, ser substituído pelo martelo.

Os doutores (veste doutoral) usam a beca preta ou de outra cor, além da samarra, do capelo, do cinto e tem os pequenos punhos cobertos por renda, na cor relativa à sua área de conhecimento. Os professores usam apenas a beca preta e o cinto na cor da respectiva área de conhecimento.

A capa acadêmica nas universidades européias e especialmente em Coimbra, é própria dos universitários. No cerimonial universitário brasileiro, especialmente nas escolas particulares, tem sido utilizada a beca preta pelos representantes discentes e representantes do corpo técnico-administrativo e, geralmente, na cor cinza pelos mantenedores que participam dos colegiados.

As vestes universitárias é importante salientar, apresenta denominações diferentes em determinadas regiões do Brasil. No sul e no sudeste, o birrete ou o capelo, corresponde ao que nas outras regiões se chama de musseta ou samarra por causa do capuz com que era composta a capa originalmente usada no século XVIII, na Espanha. Assemelha-se a murça (chapéu cardinalício) ou capinha que os doutores usam nas sessões solenes.

O mesmo acontece com o “mitre de chaminés” (capelo ou birrete), que no sul e sudeste é chamado de borla, devido ao tufo redondo de fios entrelaçados que apresenta no topo do chapéu universitário e por influência do termo “tomar ou receber a borla” que equivalia ao “ato de doutorar-se”.

BECA

Capa negra (ou de outra cor), de tecido diverso, preferencialmente cetim, veludo, seda, ou similar. É composta de torsal e borla (ornato de madeira ou outro material, em forma de bola, revestido de seda, cetim ou veludo com fios pendentes, preso por torsal que envolve a pala e/ou gola da veste)

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que forma os alamares (cordão de requife ou de metal trançado que guarnece e abotoa a frente das vestes talares) na cor da área de conhecimento de quem a usa. Com tarja nas palas também na cor específica, dupla manga, franja e botões, sem gola e com longos costais.

SAMARRA

A Samarra (mangas largas e duplas) complementar das vestes talares reitorais, d(batina ou túnica) próprias do Cerimonial Universitário. dita chimarra ou simarra. Insígnia e paramento da autoridade reitoral, chancelaria universitária. Reservada para uso exclusivo dos reitores, chanceleres e doutores. Remonta ao cerimonial multisecular da Colenda Universidade de Coimbra da qual as universidades brasileiras herdaram as tradições do Protocolo Acadêmico. As Samarras são específicas nas cores das áreas do conhecimento: Ciências Humanas, Ciências Exatas e da natureza, Ciências da Saúde. A Samarra Branca é indicativa da abrangência de todo o conhecimento humano (representa o suprae uso partem de uma antiga vestimenta campesina européia, feita de velocino ou tecido especial como a seda ou o veludo e a púrpura. Na Idade Média era confeccionada de pele de carneiro, tratada até alcançar grande alvura. A Samarra é usada por cima sobrepeliz. No Cerimonial Universitário a Samarra é de uso exclusivo do Reitor e dos doutores, na cor branca pelo Reitor e nas cores específica pelos doutores.

CAPELO

Também chamado de hotte, mitretem o simbolismo idêntico ao da Samarra, ou seja, a somatória do conhecimento humano. É o mesmo que a coifa, ou espécie de pequeno dossel. Chapéu cardinalício ou da nobreza. Cobertura do Reitor e Chanceleres acadêmico e usado com exclusividade pelos reitores (na cor brancaconhecimento específico) nas solenidades oficiais, acadêmicooutorga de grau, títulos honoríficos, láureas e outras honrarias universitárias. O capelo é indicativo (insígnia) dos poderes temporais e inerentecardinalícia, papal.

COLAR REITORAL

O Colar Doutoraluniversitárias e os demais órgãos da universidade na sua tríplice missão de ensinar, pesquisarinsígnias privativas do Reitor. Compõesustenta um medalhão (usualmente de 70 mm de diâmetro por 5 mm de espessura), preferencialmente em ouro ou bronze dourado, contendo as manchas sígnicas da instituição nome com o numeral de data no verso. É de uso exclusivo do Reitor nas solenidades oficiais universitárias, na presença de Chefes de Estado. No ato da transferência do cargo de Reitor, o que

que assume o cargo, simbolizando a transferência do poder universitário.

quife ou de metal trançado que guarnece e abotoa a frente das vestes

talares) na cor da área de conhecimento de quem a usa. Com tarja nas palas também na cor específica, dupla manga, franja e botões, sem gola e com longos costais.

as largas e duplas) é uma vestimenta talares reitorais, doutorais e cardinalícias

próprias do Cerimonial Universitário. Também Insígnia e paramento da autoridade

Reservada para uso exclusivo Remonta ao cerimonial multi-

secular da Colenda Universidade de Coimbra da qual as universidades brasileiras herdaram as tradições do Protocolo

icas nas cores das áreas do conhecimento: Ciências Humanas, Ciências Exatas e da natureza, Ciências da Saúde. A Samarra Branca é indicativa da abrangência

representa o supra-sumo do conhecimento (público e notório saber)e uso partem de uma antiga vestimenta campesina européia, feita de velocino ou tecido especial como a seda ou o veludo e a púrpura. Na Idade Média era confeccionada de pele de carneiro, tratada até alcançar grande alvura. A

ma sobrepeliz. No Cerimonial Universitário a Samarra é de uso exclusivo do Reitor e dos doutores, na cor branca pelo Reitor e nas cores específica pelos doutores.

hotte, mitre de cheminnés. O Capelo na cor branca idêntico ao da Samarra, ou seja, a somatória do conhecimento

É o mesmo que a coifa, ou espécie de pequeno dossel. Chapéu cardinalício ou da nobreza. Cobertura do Reitor e Chanceleres acadêmico e usado com exclusividade pelos reitores (na cor branca) e doutores (na cor da área de conhecimento específico) nas solenidades oficiais, acadêmico-administrativas, outorga de grau, títulos honoríficos, láureas e outras honrarias universitárias. O capelo é indicativo (insígnia) dos poderes temporais e inerentes do Reitor (Chanceler e/ou doutores), autoridade

Colar Doutoral é o símbolo da união e da integração que une as unidades universitárias e os demais órgãos da universidade na sua tríplice missão de ensinar, pesquisar e estender serviços à comunidade. É uma das insígnias privativas do Reitor. Compõe-se de uma corrente em ouro que sustenta um medalhão (usualmente de 70 mm de diâmetro por 5 mm de

preferencialmente em ouro ou bronze dourado, contendo as s sígnicas da instituição (universidade): o brasão no anverso e o

nome com o numeral de data no verso. É de uso exclusivo do Reitor nas solenidades oficiais universitárias, na presença de Chefes de Estado. No ato da transferência do cargo de Reitor, o que sai coloca o colar no Reitor

que assume o cargo, simbolizando a transferência do poder universitário.

81quife ou de metal trançado que guarnece e abotoa a frente das vestes

talares) na cor da área de conhecimento de quem a usa. Com tarja nas palas também na cor específica, dupla

sumo do conhecimento (público e notório saber). Sua tradição e uso partem de uma antiga vestimenta campesina européia, feita de velocino ou tecido especial como a seda ou o veludo e a púrpura. Na Idade Média era confeccionada de pele de carneiro, tratada até alcançar grande alvura. A

ma sobrepeliz. No Cerimonial Universitário a Samarra é de uso exclusivo do Reitor e dos

s do Reitor (Chanceler e/ou doutores), autoridade

é o símbolo da união e da integração que une as unidades universitárias e os demais órgãos da universidade na sua tríplice missão

É uma das se de uma corrente em ouro que

sustenta um medalhão (usualmente de 70 mm de diâmetro por 5 mm de preferencialmente em ouro ou bronze dourado, contendo as

(universidade): o brasão no anverso e o nome com o numeral de data no verso. É de uso exclusivo do Reitor nas solenidades oficiais universitárias, na presença de Chefes de Estado. No

sai coloca o colar no Reitor

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82BASTÃO REITORAL

É também um dos símbolos do poder temporal do Reitor. É constituído de uma peça em madeira de lei, entalhada com o brasão da instituição e/ou gravado em metal. É composto de punho ou fuste, ponta e castelo.

COMENDAS E TÍTULOS HONORÍFICOS UNIVERSITÁRIOS

Tem-se que a universidade é uma casa de méritos subsistindo nas suas ações, trabalho, tradições pelo salutar e justo exercício do cometimento do mérito e, como tal, precisam ser ressaltados e propagados na busca de se alcançar dois objetivos básicos: praticar a justiça e servir de exemplo. As comendas, láureas, títulos honoríficos estão assim determinados:

− Láurea acadêmica; − Título de “Professor Emérito”; − Título de Professor “Honoris Causa”; − Título de “Doutor “Honoris Causa”; − Graduação; − Pós-Graduação; − Especialização; − Mestrado; − Doutorado; − Pós-Doutorado; − Mérito Acadêmico; − Mérito Universitário; − Medalhas “Fulano de Tal”; − Ordem do Mérito: Oficial da Ordem e Cavaleiro da Ordem; − Mérito Administrativo; − Medalha do Mérito; − Bastão do Mérito.

Ressalte-se que todas estas láureas e títulos universitários somente têm validade oficial se tiverem regulamento e consubstanciação em pergaminho, diploma, medalha, broche, colar, troféu, atos, portarias, ou decretos.

AS CORES REPRESENTATIVAS UNIVERSITÁRIAS

Nas universidades do mundo todo, as cores representativas são apenas três: vermelho, azul e verde. A cor branca é no Brasil, a cor exclusiva do Chanceler ou Reitor da Instituição de Ensino Superior. Simboliza a concentração do conhecimento de todas as áreas: o saber supremo, o público e notório saber.

As cores na universidade representam os reinos da natureza e conseqüentemente as áreas de conhecimento humano: reino animal, reino vegetal e reino mineral.

A cor AZUL representa o reino mineral, o conhecimento ligado às ciências exatas e da natureza. A cor VERMELHA representa o reino animal, o conhecimento ligado as ciências jurídicas e sociais, e a cor VERDE representam o reino vegetal e o conhecimento às ciências da saúde.

Sobre a utilização das cores nas vestes universitárias, méritos e honrarias, é importante ressaltar que o interesse pela comercialização de produtos aliado ao desconhecimento das pessoas, têm propiciado o exercício da criatividade que satisfaz o ego pessoal. Assim, a cada curso, tenta-se associar uma cor específica, o que é

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83incorreto, pois as cores se referem às três áreas de conhecimento já mencionadas, e não a cada curso isoladamente.

No decorrer dos tempos, a tradição e os costumes estenderam as cores representativas do saber aos graus acadêmicos e aos graduandos, relacionando-as às pedras preciosas dos anéis de grau. Estabeleceu-se, assim, uma correlação entre as pedras preciosas e os respectivos cursos. É essa relação que se tenta, erroneamente, transferir para as vestes talares.

Entretanto, a importância assumida na relação entre as pedras preciosas e os cursos, não deve ser ignorada, merecendo, pois, a especificação referente a alguns cursos, a saber:

CURSO PEDRA PRECIOSA Administração de Empresas Turmalina rosa Advogado Rubi Agrimensor Safira azul Arquiteto Safira azul Assistente Social Ametista Auxiliar de Enfermagem Turmalina verde Bacharel em Letras Ametista Bacteriologista Esmeralda Bibliotecário Safira azul Bioclínico Turmalina verde Biologista Água marinha Biólogo Safira azul Biomédico Esmeralda Bioquímico Topázio Cientista Social Esmeralda Comunicação Social Safira azul Contabilista Turmalina rosa Contador Safira azul Dentista Granada Economista Água marinha Educação Física Safira azul Engenheiro Agrônomo Safira azul Engenheiro Civil Safira azul Engenheiro Eletricista Safira azul Engenheiro Eletrotécnico Safira azul Engenheiro Mecânico Safira azul Engenheiro Metalúrgico Safira azul Engenheiro Químico Safira azul Farmacêutico Topázio Físico Safira azul Fisiólogo Ametista Fisioterapeuta Esmeralda Geógrafo Ametista Geólogo Safira azul Historiador Ametista Informática Safira azul Jornalista Rubi Matemático Safira azul Médico Esmeralda Médico Veterinário Esmeralda Militar (curso superior) Ônix Músico Safira azul Naturalista Safira azul Nutricionista Ametista Obstetra Esmeralda Podólogo Safira azul Patólogo Safira azul Professor (Magistério) Turmalina verde

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84Propagandista Safira azul Psicólogo Esmeralda Publicitário Safira azul Químico Safira azul Químico Industrial Safira azul Radiologista Safira azul Relator Público Safira azul Secretariado Turmalina rosa Sociólogo Turmalina verde Telecomunicador Safira azul Teólogo Ametista Zootecnista Esmeralda

Alguns cursos de nível médio usam anéis de grau e escolhem as pedras preciosas pela analogia dos cursos superiores. Observe-se que as cores predominantes das pedras preciosas, indicativas dos anéis de grau, são aquelas das áreas do conhecimento, ou seja: vermelho, azul e verde, com algumas variações.

TIPOS DE CERIMÔNIAS

Internas:

São aquelas realizadas em ambientes fechados, tais como auditórios, teatros, salas de aula: colação de grau, posse de Reitor, posse de diretores de centros, congressos, simpósios, seminários, mesas redondas, palestras, semanas festivas, lançamento de obras literárias, inauguração de galeria de fotos, assinatura de convênios.

Externas:

São as cerimônias realizadas em ambientes abertos, fora de prédios ou qualquer outro tipo de construção: inauguração de obras tais como prédios, estradas, ruas, monumentos, entrega de viaturas, lançamento de pedra fundamental, visitas, dias de campo, feiras agropecuárias, festas cívicas, festivais.

SOLENIDADES NAS UNIVERSIDADES: POSSE E TRANSMISSÃO DE CARGO NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR

Nas Universidades, Centros Universitários, Faculdades Integradas e Isoladas, Institutos e Escolas Superiores, deve haver atos específicos para posse, transmissão de cargo dos diversos membros e instalação dos seus diversos órgãos. Um esclarecimento sobre esses diversos atos é oportuno.

A posse é um ato da mantenedora, normalmente previsto no Regimento Geral da Instituição de Ensino Superior, através do qual o empossado assume perante a Instituição o direito ao cargo. Não é, necessariamente, um ato público.

A transmissão do cargo representa, por outro lado, o exercício no cargo por parte da pessoa que tomou posse. Esse ato representa que a pessoa empossada, a partir daquele instante, passa a exercê-lo com todas as competências e atribuições a ele inerentes. Sobre a posse e a transmissão de cargo convém ainda salientar:

− A posse é um ato da Mantenedora e a transmissão de cargo é ato que implica na presença do Reitor que sai (exceto na posse inicial) e do Reitor que é empossado.

− A posse e a transmissão de cargo devem ser seqüências no mesmo dia ou em dias diferentes.

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O Magnífico Reitor e Chanceler da Universidade de Oxford caminhando em comitiva para o ato de investidura.

− A posse pode ser dada em cerimônia reservada da Mantenedora ou na mesma cerimônia de transmissão de cargo, precedendo esta.

− A cerimônia de transmissão de cargo (Reitor) será pública, recebendo o novo Reitor o símbolo do poder universitário (medalha com fita) e o símbolo do conhecimento maior (vestes talares, o bastão e o martelo) que lhe dão a autoridade para governar.

− No ato de transmissão de cargo, dar-se-á também a posse dos novos Pró-Reitores.

− A presença do Reitor que deixa o cargo não é obrigatória na cerimônia de posse, devendo estar presente, porém, na transmissão de cargo.

Investidura no cargo de Reitor - roteiro básico:

− RECEPÇÃO AOS CONVIDADOS − ABERTURA − PRESIDÊNCIA E COMPOSIÇÃO DA MESA

REITOR QUE ESTÁ SAINDO PRESIDE A CERIMÔNIA. TER CUIDADO COM A

PRECEDÊNCIA. − ENTRADA DO CORTEJO DE HONRA COM O NOVO REITOR

Fazem parte do cortejo, professores indicados pelo novo Reitor com a mesma titulação deste e de preferência da mesma área de atuação, aluno e funcionários da instituição. Todos deverão sentar em cátedras separas da mesa principal. A cadeira do novo Reitor deve ser destacada.

− ABERTURA DA SOLENIDADE

− EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO − PRONUNCIAMENTO DO REITOR QUE SAI − TRASLADO E APOSIÇÃO DAS VESTES TALARES E INSÍGNIAS REITORAIS –

TRANSMISSÃO DE CARGO. As vestes são trasladadas enquanto o Mestre de Cerimônias relata o significado de cada uma. O Reitor que sai “veste” o novo Reitor. Ao final, este ocupa o lugar central da mesa oficial e o Reitor que sai passa para o seu lado direito, ocupando o lugar de honra.

− ASSINATURA DO LIVRO DE INVESTIDURA − POSSE DO VICE-REITOR E PRÓ-REITORES

Todos assinarão o livro de posse − PRONUNCIAMENTO DO NOVO REITOR − APRESENTAÇÃO CULTURAL − ENCERRAMENTO.

POSSE DE OUTRAS AUTORIDADES - ROTEIRO BÁSICO:

− ABERTURA − COMPOSIÇÃO DA MESA OFICIAL

Máxima atenção neste momento: a autoridade que está deixando o cargo, politicamente, ainda está no exercício e neste caso preside a cerimônia ou senta no lado direito da autoridade que presidir. O que assumirá o cargo é chamado na precedência mas procura-se colocá-lo à esquerda da autoridade que presidirá a cerimônia (mídia).

− PRONUNCIAMENTO DA AUTORIDADE QUE DEIXA O CARGO − LEITURA DO TERMO DE POSSE (OU SIMILAR)

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86Ao término, a autoridade que sai e a que está assumindo, trocam aperto de mão (pode ser atrás da mesa oficial) simbolizando a transmissão do cargo e mudam de lugar: quem assume senta à direita da autoridade que preside o que sai à esquerda.

− PRONUNCIAMENTO DE QUEM ESTÁ ASSUMINDO − PRONUNCIAMENTO DA MAIOR AUTORIDADE − ENCERRAMENTO SEGUIDO (OU NÃO) DE COQUETEL

COLAÇÃO DE GRAU, OUTORGA DE GRAU SUPERIOR, IMPOSIÇÃO DE GRAU SUPERIOR OU DE TÍTULO DE DOUTOR

É a principal solenidade acadêmica-administrativa de uma instituição de ensino superior. É nela que a universidade entrega à sociedade seu produto mais acabado: profissionais de nível superior dos mais variados cursos.

Para o aluno da instituição e para seus familiares, a Colação de Grau (nós não nos formamos, quem se forma é militar) assume aspecto de evento muito importante como cerimônia pública.

Na realidade, para a instituição de ensino é uma cerimônia simples que pode ser realizada na própria reitoria ou diretoria da escola, por seu dirigente principal, podendo repetir-se quantas vezes for necessária até atingir o total de colandos.

É a entrega de diploma que, para a instituição tem importância como cerimônia pública, pois, através dela, a Universidade ou Faculdade apresenta à sociedade os novos diplomados e, portanto, futuros profissionais.

Não são poucas, entretanto, as instituições que utilizam esse momento também para a colação de grau, dando a solenidade um duplo sentido: conferir em público o grau acadêmico e apresentar os novos profissionais à comunidade externa.

Exatamente por isso é que a colação de grau e entrega de diplomas como cerimônia pública, constituem-se num momento de magnitude da instituição de ensino, quando dirigentes, professores e funcionários, pais e alunos, extrapolam seus sentimentos para provar que a grande missão de ensinar foi cumprida e o esforço valeu à pena.

Esta cerimônia pode ser coletiva ou individual, no que diz respeito à imposição do grau. O que vai determinar um ou outro é o número de estudantes a serem graduados e a orientação do Reitor.

Roteiro básico:

1. ABERTURA PELO MESTRE DE CERIMÔNIAS 2. COMPOSIÇÃO DA MESA OFICIAL

Tem direito assento à mesa além do Reitor, Vice-Reitor, Pró-Reitores, Diretores de Centros, Coordenadores de Curso, os Paraninfos, Patronos e Nomes de Turmas. Presidentes de Diretórios e Centros Acadêmicos não tem direito a assento à mesa.

3. ENTRADA DOS ACADÊMICOS (OPCIONAL, DEPENDENDO DO NÚMERO DE ALUNOS) Os acadêmicos entrarão com seus respectivos paraninfos posicionados ao seu lado direito.

4. DECLARAÇÃO DE ABERTURA DA SOLENIDADE PELO REITOR OU SEU REPRESENTANTE

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87“Com os poderes que me são conferidos pela República Federativa do Brasil, declaro aberto esta solenidade de Outorga de Grau Superior dos concluintes do curso de ........... da Universidade ...............”

5. EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO 6. DISCURSO DO ORADOR DA TURMA DE GRADUANDOS DO DIA

Se houver mais de um curso (turma) graduando naquele dia, entre os mesmos deverá ser feito um sorteio para escolher um representante que falará pelos colandos daquele dia.

7. JURAMENTO PROFISSIONAL POR CURSO 8. IMPOSIÇÃO DE GRAU PELO REITOR, POR CURSO

“Com os poderes que me são conferidos pela República Federativa do Brasil, Outorgo o Grau Superior de .......................... aos concluintes do curso de ........... da Universidade ...............”

9. ENTREGA DO ANEL DE GRAU, CAPELO E DIPLOMA Este ato poderá ser individual ou coletivo. O reitor poderá entregar para todos individualmente ou somente para o aluno laureado (se houver) e os padrinhos de cada colando executarão o mesmo ato no local onde os demais colandos estiverem assentados.

10. DISCURSO DO PARANINFO Da mesma forma que o discurso do Orador da Turma, deverá haver sorteio para que somente um dos paraninfos de todos os cursos (turmas) colandos daquele dia se pronuncie.

11. DISCURSO DO REITOR OU SEU REPRESENTANTE 12. APRESENTAÇÃO À SOCIEDADE 13. ENCERRAMENTO

Entre os itens 5 e 9 nenhum outro ato poderá ser incluído. Poderá haver manifestações culturais (coral, voz e violão) depois do ato de outorga de grau.

Juramento do representante da turma Juramento colandos (sem beca) na platéia

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AULA MAGNA

Incorretamente denominada de “Aula Inaugural”, a Aula Magna é uma solenidade cuja conferência é prerrogativa do Reitor ou Chanceler da Universidade ou também do Diretor da Instituição de Ensino Superior. Somente ele pode proferir. Por isso é que se chama Magna que vem de magnífico.

Em concordando, o Reitor poderá convidar uma autoridade para proferi-la, preferencialmente pessoa de público e notório saber.

O conferencista da Aula Magna não entra no recinto com a chamada da composição da mesa. Aguarda em outra sala até que uma Comissão de Honra (composta por membros que possuem conhecimento específico na área do conferencista), designada pelo presidente da mesa o adentre no recinto.

Na ocasião, é obrigatório o uso das vestes talares pelos componentes da mesa e pelo convidado, caso este seja professor.

Ao entrar no recinto, o conferencista é encaminhado à cátedra (cadeira de espaldar alto no meio de outras duas, nas quais se sentam os dois membros da Comissão de Honra) sendo saudado de pé pelos integrantes da mesa e o público.

Recomenda-se que a Aula Magna seja revestida de caráter festivo. Antes da fala do convidado é interessante que haja números musicais, canto de coral ou, ainda, apresentações artísticas.

Roteiro básico:

− COMPOSIÇÃO DA MESA − DECLARAÇÃO DE ABERTURA DA SOLENIDADE PELO REITOR/DIRETOR − APRESENTAÇÃO CULTURAL (CORAL, VOZ E VIOLÃO, TECLADO) − ENTRADA DO CONFERENCISTA

O mesmo vem ladeado pela comissão de honra cujos membros devem ser chamados com a indicação de seus respectivos cargos e títulos. Em sendo professores, é obrigatório o uso de becas

Entrega do anel de grau pelo paraninfo

Outorga de Título de Doutor em Música em Oxford

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89talares. Todos os membros da mesa também deverão estar embecados. O conferencista é levado para a cátedra (cadeira com espaldar alto no meio de outras duas onde tem assentos os membros da comissão de honra). O conferencista deve ser recebido por todos de pé.

− SAUDAÇÃO PANEGÍRICA AO CONFERENCISTA Pequeno discurso por uma pessoa previamente escolhida que apresenta também um currículo resumido do conferencista.

− PROFERIMENTO DA AULA MAGNA − AGRADECIMENTOS PELO REITOR − ENCERRAMENTO SEGUIDO DE COQUETEL (OPCIONAL)

ENTREGA DE TÍTULOS E CONDECORAÇÕES

O título de cidadania é uma homenagem feita para uma pessoa em função de sua relevância na comunidade. É algo oficial, feito por um órgão legislativo. Todo título de cidadania é municipal.

A entrega de um título de cidadania ou honraria é realizada durante uma sessão solene, que é o ato oficial de uma casa legislativa ou de qualquer outro órgão oficial. Normalmente, ocorre no salão nobre das Câmaras Municipais, e existe um programa protocolar, que é seguido rigorosamente. Dependendo do número de presentes, o mais indicado é que a sessão dure cerca de uma hora, incluindo abertura, execução do hino nacional (ou dos hinos nacionais) e, a partir daí, cada pessoa fará o seu discurso.

A organização para este evento precisa ser planejada com antecedência. O acompanhamento dos preparativos é feito pelas secretárias, tanto de quem convida como de quem é convidado. Durante este período, é decidido, pelas secretárias e pelo órgão oficial responsável pelo evento, o interesse de ambas as partes, a lista de convidados, detalhes da hospedagem, duração da visita do convidado e o cardápio do almoço ou jantar (opcional). É importante verificar também se o convidado tem alergia a algum tipo de comida, quais lugares pretende visitar e se será feita uma troca de presentes entre o anfitrião e o convidado. Esta preparação também vale para os eventos não-oficiais realizados em empresas.

As Instituições de Ensino Superior costumam estabelecer certos méritos e honrarias aos seus profissionais, àqueles elementos da comunidade externa que prestaram relevantes serviços à instituição e à causa da educação e até mesmo aos seus alunos pela vida acadêmica destacada. As formas mais comuns de méritos e honrarias nas instituições de ensino superior são: Título de Professor Emérito, Título de Professor “Honoris Causa”, Título de “Doutor “Honoris Causa”, Graduação, Título de Benemérito, Láurea acadêmica, Mérito Acadêmico, Mérito Universitário, Medalhas “Fulano de Tal”, Ordem do Mérito: Oficial da ordem e Cavaleiro da Ordem, Mérito Administrativo, Medalha do Mérito, Bastão do Mérito. Por serem cerimônias públicas e oficiais normalmente convocadas pelo Conselho Universitário ou pela Congregação, as sessões de entrega de títulos e condecorações obedecem a um ritual onde as medalhas, os pergaminhos e as vestes tem significado importante.

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90Roteiro básico:

− RECEPÇÃO AOS CONVIDADOS − ABERTURA − COMPOSIÇÃO DA MESA

É aconselhável o uso de recepcionistas dispostas atrás da mesa, para que não haja problemas com o assento das autoridades de acordo com a precedência.

− SAUDAÇÃO AO(S) HOMENAGEADO(S) A saudação (discurso panegírico) deve ser feita pelo anfitrião ou por uma pessoa com título ou posição hierárquica equivalente ou superior ao(s) homenageado(s). Pode ser também uma pessoa que tenha muita afinidade com o(s) mesmo(s) (amigo, membro da família).

− LEITURA DO DECRETO OU PORTARIA (FEITO PELO MESTRE DE CERIMÔNIAS) − ENTREGA DO TÍTULO OU CONDECORAÇÃO

Se forem agraciados instituições, pessoas físicas e “port morten”, a ordem de entrega será: primeiro as instituições, depois as “post morten” seguida das pessoas físicas (iniciando pela de maior hierarquia). A entrega poderá ser feita pelos membros da mesa ou em alguns casos, pode-se dar a honra a um membro da família do homenageado.

− PRONUNCIAMENTOS Um dos agraciados fala em nome dos demais (discurso gratulatório). Quando estiver previsto outro pronunciamento, o agraciado é o último a falar (salvo se estiver presente uma alta autoridade estadual ou federal – Governador do Estado, Ministros).

− ENCERRAMENTO SEGUIDO DE COQUETEL (OPCIONAL).

“PORTRAIT” / GALERIA / BUSTOS / PLACAS

É comum, principalmente nas Instituições de Ensino Superior mais antigas, a inauguração de busto (geralmente colocado à frente da porta principal do edifício ou da parte interior na entrada), de placa (colocada à frente do local a ser inaugurado, sendo às vezes utilizada para homenagear pessoas, e, nesse caso, de preferência em parede próxima ao local que lembre o homenageado) e de “Portrait” (colocado na galeria dos retratos para homenagear os Reitores, Chanceleres, Diretores e Presidentes de instituições que deixam o cargo, podendo ser colocado também no gabinete do dirigente principal).

Roteiro básico:

− RECEPÇÃO AOS CONVIDADOS − ABERTURA − SAUDAÇÃO DO ANFITRIÃO AO HOMENAGEADO

A saudação pode ser feita por uma pessoa com título ou posição hierárquica equivalente ou superior ao homenageado. Pode ser também uma pessoa que tenha muita afinidade com o mesmo (amigo, membro da família).

− DESCERRAMENTO DO PANO Fica a critério do homenageado e do anfitrião quem irá descerrar o pano. Deve-se ter o máximo de cuidado à quando da colocação do pano que irá cobrir a foto. Ele deve estar preso de tal forma que seja possível retirá-lo com facilidade. Jamais se deve usar bandeiras.

− DISCURSO DO HOMENAGEADO − ENCERRAMENTO − COQUETEL

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91LANÇAMENTO DE PEDRA FUNDAMENTAL

A quando do lançamento de uma obra de vulto, como um prédio público ou privado, pode-se fazer o “Lançamento da Pedra Fundamental” daquela obra, que consistirá de uma urna de madeira (ou de metal) com boa vedação, onde será colocado tudo o que for relacionado com a mesma, tais como: jornais do dia, planta civil e arquitetônica, documento com as assinaturas dos responsáveis pelo empreendimento (pergaminho), fotos, etc.

Roteiro básico:

− RECEPÇÃO AOS CONVIDADOS. − ABERTURA − ASSINATURA DOS PERGAMINHOS

Deverá ser assinado por todas as autoridades presentes. − COLOCAÇÃO DA URNA

Deverá ser providenciado com antecedência, um caixote de concreto onde será colocada a urna. Este local terá que ser determinado pela equipe de engenharia para que não se interponha na construção dos alicerces da obra.

− VEDAÇÃO DA CAIXA É muito importante que a caixa seja bem vedada para evitar infiltrações e danifique aquele ato histórico.

− PRONUNCIAMENTOS − ENCERRAMENTO.

Vista geral da área

Descerramento de placa

Urna

Colocação de documentos na urna

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92

Colocação da urna no local definitivo

Lacre da urna

Lançamento de Pedra Fundamental

Lacre da

urna

LANÇAMENTO DE LIVROS (OBRAS LITERÁRIAS)

Por ser um lugar gerador de conhecimentos científicos, a academia produz uma gama muito grande de publicações técnicas, científicas e culturais. O local onde será feito o lançamento das obras, poderá ser o mais descontraído possível. Esta não é uma cerimônia formal e nem protocolar. Nestes casos, adota-se a seguinte seqüência:

Roteiro básico:

− RECEPÇÃO AOS CONVIDADOS. − ABERTURA − SAUDAÇÃO AO AUTOR

Poderá ser uma pessoa indicada pelo(s) autor(es). Poderá ser o dirigente maior da instituição. − APRESENTAÇÃO DA OBRA PELO AUTOR − AUTÓGRAFO DA OBRA SEGUIDO DE COQUETEL

Como esta é uma cerimônia festiva, sugere-se uma atividade cultural (teclado e voz, números musicais, etc.).

CERIMÔNIA “IN MEMORIAN”

São cerimônias realizadas para homenagear pessoas que passaram por essa existência e que, pelas ações e obras em favor da instituição e de um modo geral, tiveram seus nomes lembrados.

Corresponde à homenagem póstuma. Nessas ocasiões permite-se o traslado com a bandeira da instituição e um breve discurso laudatório junto à tumba.

A cerimônia também pode ser realizada algum tempo após o passamento e, neste caso, pode traduzir-se na entrega de um pergaminho, uma placa ou mesmo na inauguração de um busto estando presente membros da família do homenageado. Neste caso, suas obras devem ser ressaltadas.

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93CONGRESSO, PALESTRA, SIMPÓSIO, CONFERÊNCIA

Neste tipo de evento, a programação técnica-científica é feita pela comissão organizadora e de um modo geral segue-se o seguinte roteiro:

Roteiro básico:

− RECEPÇÃO AOS CONVIDADOS. − ABERTURA − COMPOSIÇÃO DA MESA

No caso de abertura oficial, compõe-se a mesa com as autoridades presentes.

− ABERTURA OFICIAL PELO ANFITRIÃO − EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL.

Usa-se principalmente para Congressos e Simpósios. − PRONUNCIAMENTOS − INÍCIO DA PARTE TÉCNICA: PALESTRA, SIMPÓSIO OU CONFERÊNCIA

Se isto ocorrer depois de uma abertura protocolar de um Congresso, recomenda-se descompor a mesa para que se dê início a parte técnica do evento. Deve-se compor a mesa somente com um coordenador e um secretário. Este coordenador fará a apresentação do conferencista através da leitura de um curriculum resumido do mesmo.

− ENCERRAMENTO O coordenador da mesa agradece ao conferencista, entrega seu diploma/certificado e encerra a solenidade.

− NÚMEROS MUSICAIS, FOLCLÓRICOS E/OU COQUETEL.

Abertura de eventos técnicos-científicos

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94ASSINATURA DE CONVÊNIOS (PROTOCOLOS) DE COOPERAÇÃO

É feito entre instituições nacionais ou internacionais. O roteiro da cerimônia deve ser baseado no documento a ser assinado de onde serão retirados os convenentes e os objetivos do termo a ser assinado.

Roteiro básico:

− RECEPÇÃO AOS CONVIDADOS. − ABERTURA

Feita pelo Mestre de Cerimônias, esclarecendo o motivo daquele evento.

− COMPOSIÇÃO DA MESA Se houverem vários conveniados além dos institucionais, deve-se escolher um para compor a mesa (no caso de prefeituras, escolas, instituições particulares).

− PRONUNCIAMENTO DA IMPORTÂNCIA DO ATO Deve ser feito por uma pessoa indicada pelo promotor do evento. Independe da hierarquia. É um pronunciamento eminentemente técnico.

− LEITURA DA MINUTA Feita pelo Mestre de Cerimônias, constando os objetivos do convênio.

− ASSINATURAS Deve-se avaliar com bastante critério técnico e político, no caso de vários conveniados, a necessidade de todos assinarem os convênios durante a cerimônia. Caso não seja possível, o conveniado que já compõe à mesa, assinará por todos os outros. Os demais assinarão antes do início da cerimônia ou ao término desta. Quanto as testemunhas, devem ser submetidas à autoridade maior e/ou aos convenentes.

− PRONUNCIAMENTOS Além dos protocolares, fará uso da palavra um dos conveniados (Ex: aquele que já tem assento à mesa). Neste caso iniciará os pronunciamentos.

− ENCERRAMENTO.

INAUGURAÇÕES

Nas Instituições, um grande número de obras é construída tendo em vista a adequação das necessidades da mesma. Dependendo da importância (um laboratório, grande auditório, um novo departamento, etc.), é interessante que seja realizada uma cerimônia de inauguração para que seja dado conhecimento a toda comunidade, tanto interna como externa.

Se o número de inaugurações for grande, as mesmas podem ser concentradas no mesmo dia e os pronunciamentos a serem feitos naquela de maior vulto ou que tenha as melhores condições de conforto.

Roteiro básico:

− RECEPÇÃO AOS CONVIDADOS Recomenda-se estarem presentes 30 min antes do início da cerimônia.

− HASTEAMENTO DE BANDEIRAS

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Cuidado especial para evitar obstáculos (nó) ou que alguma fique fora de seu devido lugar (precedência) e/ou de c

− DESCERRAMENTO DO PANO DE PLACA E

Não se usam bandeiras para cobrir placas. Atentar para uma boa fixação do pano.− DESENLAÇAR DE FITA SIMBÓLICA

Minutos antes do início da cerimônia, deveserá inaugurado. O laço poderá ter duas ou mais pontas.

− BENÇÃO DAS INSTALAÇÕES Feita por um pároco.

− VISITA ÀS INSTALAÇÕES O dirigente maior juntamente com o responsável técnico do local, conduzirá os demais convidados pela obra esclarecendo as possestá todo equipado e as portas devidamente abertas, posição correta de fotos oficiais.

− PRONUNCIAMENTOS Em local pré-determinado, com som instalado e testado. Recomendaautoridades dispostas num elevado (em torno de 50 cm de altura)

− ENCERRAMENTO SEGUIDO DE COQUETEL

Cuidado especial para evitar obstáculos (nó) ou que alguma fique fora de seu devido lugar (precedência) e/ou de cabeça para baixo.

DE PLACA E/OU... Não se usam bandeiras para cobrir placas. Atentar para uma boa fixação do pano.

MBÓLICA Minutos antes do início da cerimônia, deve-se retirar todas as pessoas de dentro do ambienserá inaugurado. O laço poderá ter duas ou mais pontas.

O dirigente maior juntamente com o responsável técnico do local, conduzirá os demais convidados pela obra esclarecendo as possíveis dúvidas. Verificar a colocação da placa. Atentar se o prédio está todo equipado e as portas devidamente abertas, posição correta de fotos oficiais.

determinado, com som instalado e testado. Recomendaautoridades dispostas num elevado (em torno de 50 cm de altura)

DE COQUETEL.

Desenlaçar de fita

95Cuidado especial para evitar obstáculos (nó) ou que alguma fique fora de seu devido lugar

Não se usam bandeiras para cobrir placas. Atentar para uma boa fixação do pano.

se retirar todas as pessoas de dentro do ambiente que

O dirigente maior juntamente com o responsável técnico do local, conduzirá os demais convidados Verificar a colocação da placa. Atentar se o prédio

está todo equipado e as portas devidamente abertas, posição correta de fotos oficiais.

determinado, com som instalado e testado. Recomenda-se colocar as principais

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ABERTURA DE FEIRAS E/OU EXPOSIÇÃO

Roteiro básico:

− RECEPÇÃO AOS CONVIDADOS. − HASTEAMENTO DE BANDEIRAS. − DESENLAÇAR DE FITA

É errado dizer-se “desenlace” de fita. − VISITA AS INSTALAÇÕES

Os responsáveis pelos stands deverão estar presentes aos mesmos à quando da visita. − SUBIDA AO PALANQUE (OPCIONAL). − PRONUNCIAMENTOS (OPCIONAL). − ENCERRAMENTO SEGUIDO DE SHOW.

Descerramento de placa fora do local definitivo

Inauguração da Alça Viária

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VISITA A OBRAS E INSTALAÇÕES

O que diferencia uma inauguração de uma visita é que na primeira tudo está pronto para funcionar ao fim da cerimônia (funcionários contratados, máquinas, equipamentos e móveis no local). No segundo caso, visita a obras, a mesma pode estar em fase de conclusão e/ou esteja faltando os móveis e equipamentos. De qualquer forma, é aconselhável que o dirigente (engenheiro) da empresa construtora esteja no local para dar as explicações necessárias.

Roteiro básico:

− CHEGADA DAS AUTORIDADES AO LOCAL − VISITA

Verificar a arrumação e limpeza do local. Os responsáveis deverão ser avisados com antecedência. Abertura do local 1 h antes da chegada. Todas as portas deverão estar abertas.

ENTREGA DE VEÍCULOS / EQUIPAMENTOS

Este tipo de cerimônia pode ser dividida em duas partes: a parte protocolar poderá ser realizada em um auditório e a entrega de veículos/equipamentos na parte externa deste. Outra situação a ser avaliada é concentrar tudo em um só local. Neste caso, deverá ser providenciado um palanque ou praticável para dispor as principais autoridades.

Roteiro básico:

− RECEPÇÃO AOS CONVIDADOS − ABERTURA − PRONUNCIAMENTO DA IMPORTÂNCIA DO ATO

Deve ser feito por uma pessoa indicada pelo promotor do evento − OUTROS PRONUNCIAMENTOS PREVISTOS

Aconselha-se que uma pessoa que irá receber a viatura/equipamentos se pronuncie em nome dos demais.

− ENTREGA DE VEÍCULOS Deve-se ter o cuidado de dispor os veículos de tal forma que propicie uma boa imagem para a imprensa. As chaves deverão estar devidamente etiquetadas (nº das placas dos veículos) e dispostas em um busselê na ordem em que serão entregues. Os veículos (se forem carros), deverão estar com suas portas destravadas e limpos (lavados no dia anterior) e identificados para onde se destinam. Atentar com a quantidade de combustível nos mesmos.

Busselê - dispositivo amolfadado onde se colocam objetos que serão entregues para outrem (comendas, medalhas, espadins, chaves de veículos, etc).

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98ORGANIZAÇÃO DE EVENTOS CIENTÍFICOS E PEDAGÓGICOS

Os eventos ou encontros científicos, também denominados congresso, seminário, simpósio, colóquio, etc., têm por finalidade reunir profissionais e especialistas de uma determinada área de atuação para transmissão de informações de interesse comum aos participantes. As informações são transferidas oralmente, de maneira formal ou informal, e, via de regra, reunidas e disseminadas aos participantes através de documento específico. Os eventos podem ser realizados, de acordo com a importância e a abrangência do assunto tratado, de pequenos encontros de especialistas até congressos internacionais reunindo um grande número de participantes. Assumem um papel de grande importância no processo da comunicação na medida em que a transmissão de idéias e fatos novos cheguem ao conhecimento da comunidade de maneira mais rápida que aquelas veiculadas pelos meios formais de comunicação, como o documento impresso.

Esses eventos são considerados meios altamente eficientes de comunicação oral do conhecimento, tendo em vista o ritmo crescente de desenvolvimento da ciência. Podem ocorrer sob o nome de congressos, seminários, reuniões, encontros, simpósios, jornadas e outros, sendo definidos como “estruturas formais que propiciam o encontro de pessoas com interesses comuns numa determinada área do conhecimento, com o objetivo de intercâmbio e/ou comunicação”.

Tal intercâmbio e/ou comunicação se dão de maneira informal, direta e de certa maneira, até previsível. Para alguns autores, os congressos “constituem-se em uma oportunidade para o pesquisador e a comunidade interessada, trocarem experiências com os seus pares e atualizar-se em relação aos progressos da sua área.” Os objetivos de cada evento científico é que definem as atividades a serem realizadas. Geralmente o cenário econômico, político e social define o tema e os sub-temas das principais atividades que compõem o evento dentre as atividades, destacasse as comunicações livres ou sessões técnicas, onde são relatadas as experiências, os estudos teóricos e os resultados de pesquisas.

As comunicações apresentadas nestes encontros são publicadas nos anais – publicações geradas a partir dos eventos e visam à maior disseminação dos trabalhos nele apresentados. Os anais são considerados publicações não convencionais, ou seja, constituem-se num tipo de literatura que não se encontra disponível através dos canais comerciais. Alerta ainda que, não estando, portanto, disponíveis para aquisição através do mercado livreiro, apresentam divulgação limitada aos sindicatos, associações profissionais e conselhos regionais. Apresentam ainda limitação geográfica de distribuição, face às pequenas tiragens, geralmente esgotando-se na distribuição aos participantes dos eventos. Vale ressaltar que os anais eram publicados anteriormente apenas em mídia impressa, e hoje, com os avanços das tecnologias da informação e da comunicação podem ser encontrados em mídia eletrônica digital.

As comunicações são divulgadas nos anais de duas formas: texto completo da comunicação e/ou, somente o resumo. Mesmo sendo apresentados somente os resumos, não se pode deixar de enaltecer a importância dos eventos científicos, uma vez que permitem que novas idéias sejam discutidas e avaliadas, através da transferência oral. Os resumos em anais são considerados os documentos apresentados em eventos científicos, sob a forma de comunicação, revelando concisamente o conteúdo de trabalhos técnico-científicos. ASSEMBLÉIA

Definição: Reunião de pessoas que possuem igualdade ou semelhança de situação, delegações representativas de grupos, estados, países etc. estando ligadas pelo mesmo interesse e que tenham sido previamente convocadas para deliberar sobre questões relativas ao objeto da convocação. Sua característica principal é colocar em debate assuntos de grande interesse de grupos, classes ou determinadas regiões. O desenvolvimento dos trabalhos tem como peculiaridade à colocação das delegações em lugares pré-estabelecidos. As conclusões são submetidas à votação, transformando-se em recomendação da assembléia. Apenas as delegações

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99oficiais têm direito a voto, o que não impede de serem aceitas inscrições de observadores interessados na matéria, mas que funcionem unicamente como ouvintes.

Organização e desenvolvimento: A convocação é feita por quem de direito, através de meio de difusão, com a devida antecedência, devendo constar da convocação, a ordem do dia. A primeira chamada é feita em horário e com número de pessoas determinado; a segunda chamada, após 30 (trinta) minutos, com qualquer número. São eleitos o presidente e o secretário dentre os presentes, com exceção do atual dirigente, os quais assumem a direção dos trabalhos. Os assuntos em pauta são discutidos por todos e votam apenas os delegados. As conclusões são submetidas à apreciação da platéia e transformadas em recomendações da assembléia.

Duração: Aproximadamente 60 (sessenta minutos), prorrogáveis, quando necessário.

Documento: Ata lavrada pelo secretário e assinada por todos os presentes.

BRAINSTORMING (tempestade cerebral)

Definição: O objetivo consiste em desenvolver e exercitar a imaginação criadora, a inovação para encontrar novas soluções a um problema. Entende-se por "imaginação criadora" a capacidade de estabelecer novas relações entre fatos ou integrá-los em uma maneira distinta. Utiliza-se do cérebro para estimular a produção livre de idéias com vistas à solução de problemas. Grupos de pessoas devidamente orientadas põem-se a emitir idéias sobre uma questão, que vão sendo intercambiadas e aperfeiçoadas sem juízo prévio de valor. Compreendem, entretanto, duas etapas, passando logo depois para uma parte avaliativa. É a fase de criação e depois a de julgamento.

Desenvolvimento: Nestas reuniões grupos de pessoas convenientemente orientadas, põem-se a emitir idéias livremente sobre uma questão. Desta forma as idéias iniciais estimulam e favorecem o surgimento de outras, de modo que vão se multiplicando e se integrando. O resultado será uma apreciável quantidade de soluções viáveis. Compreendem duas etapas: A primeira, criativa e a segunda, avaliativa. Na primeira não se admite qualquer tipo de censura e/ou crítica às idéias apresentadas. Um membro do grupo encarrega-se de coletar as idéias, submetendo-as a triagem e exame crítico sobre a viabilidade. A fase de julgamento procede a de criação

CICLO DE PALESTRAS

Definição: É um tipo de reunião derivado da conferência, tendo como diferença básica o fato de poder estar vinculado a uma série de palestras pronunciadas por professores e especialistas na matéria a ser abordada. Em geral a assistência é homogênea e foi previamente selecionada, estando preparada para participar de uma seqüência de reuniões que objetivam atingir a um fim predeterminado.

COLÓQUIO Definição: É uma reunião de especialistas para debater assuntos de interesse particular.

Desenvolvimento: O coordenador do evento organiza as atividades convidando os expositores e realiza a convocação geral da comunidade especializada.

Duração: De três a cinco dias, podendo variar, dependendo do tamanho do grupo.

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100 Documento: Anais

CONFERÊNCIA

Definição: É o tipo de reunião informativa que visa a um público específico, sobre determinado assunto técnico, artístico, científico ou literário, que demonstra familiaridade com o assunto abordado, onde um conferencista mostra um resultado de estudo ou pesquisa levando ao conhecimento da platéia a evolução e o estado atual do assunto, expondo toda a sua experiência na qualidade de convidado especial. É comum a figura do moderador. As perguntas acontecem somente por escrito e devidamente identificadas, bem ao final da exposição.

Desenvolvimento: O presidente da mesa apresenta o conferencista. As informações devem apresentar os seguintes tópicos: Introdução, objetivos, corpo da conferência ou texto discorrendo sobre as idéias, conclusão ou resumo dos pontos abordados.

Duração: Em torno de duas horas

Documento final: Anais

CONGRESSO

Definição: São reuniões promovidas por entidades associativas, entidades de classe ou associações visando a debater assuntos que interessem a um determinado seguimento profissional. Podem ser científicos ou técnicos, de âmbito local, regional, nacional ou internacional. Realizado como um conjunto de atividades, como mesas-redondas, palestras, conferências, apresentação de trabalhos, cursos, mini-cursos, oficinas/workshop; os cursos incluídos no congresso, com duração igual ou superior a 8 horas devem, também, ser registradas e certificadas como curso. Algumas dessas atividades podem ser realizadas isoladamente. Os congressos internacionais podem ser de uma determinada região (congressos latino-americanos, congressos norte-americanos etc.) ou de âmbito mundial, quando há representantes de todos os continentes. Os congressos podem ter várias sessões de trabalho: mesas-redondas, conferências, simpósios, temas livres, comissões, painéis, cursos, etc.

Desenvolvimento: As sessões de trabalho são divididas em várias atividades como: Mesa Redonda, Conferência, Simpósio, Tema Livre, Comissões, Painéis, Cursos, etc. Os temas podem ser: oficial, desenvolvendo com a participação de todos os congressistas, e as sessões de temas livres reservadas para grupos menores, com interesse em assuntos comuns.

Duração: De três a cinco dias

Documento final: Anais (podendo ser impresso ou eletrônico)

CONVENÇÃO

Definição: Reunião promovida por entidades empresariais e/ou científicas para reunir profissionais de setores distintos de determinada organização, ou congregando os seus integrantes, submetendo-os a certos estímulos coletivos, para que possam agir em defesa da Instituição promotora. Umas são convenções de vendas que reúnem os vendedores, distribuidores, revendedores, representantes, com o objetivo de promover um produto, mostrar todas as suas características e usos, para que os participantes possam efetuar os seus trabalhos com o

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101 conhecimento do produto. Outros tipos de convenções são as de congraçamento, as comemorativas, as de fim de ano, etc. Todas buscam a integração das pessoas pertencentes a uma determinada empresa, submetendo-as a certos estímulos coletivos para que possam agir em defesa dos interesses dessa.

Duração: Variável

Documento Relatório

CURSO

Definição: É um conjunto articulado de atividades pedagógica de caráter teórico e/ou prático, planejadas e organizadas de maneira sistemática, ministradas por especialistas no assunto, visando à aprendizagem de conhecimentos e habilidades dentro de uma área específica.

Duração: Variável, alguns são definidos por regulamento, desde horas até anos, dependendo da natureza e dos objetivos

Documento final: Certificado

DEBATE

Definição: Quando duas ou mais pessoas ou grupos antagônicos apresentam suas opiniões, esclarecendo à platéia os pontos principais de sua proposta de ação.

Desenvolvimento: O coordenador faz as apresentações e inicia o debate, permitindo defesa e réplica a cada lado, de acordo com as normas estabelecidas inicialmente

Duração: Sessenta minutos no máximo

Documento final: Divulgação nos meios de difusão

ENCONTRO

Definição: É uma intercomunicação direta entre pessoas que expõem um tema, questão ou problema para um auditório, fornecendo informações diversas para que os espectadores possam refletir sobre o assunto exposto.

Desenvolvimento: Através de uma convocação feita pelo organizador, os participantes do encontro devem se conhecedores do tema e manter um diálogo vivo durante todo o tempo, interessante, com flexibilidade de recursos didáticos como: diapositivos, gráficos, fotografias, fitas gravadas, vídeos, etc., apresentando suas posições individuais.

Duração: Variável

Documento Final: Relatório

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102 ESTUDO DE CASOS

Definição: É uma apresentação sucinta, bastante comum na área médica, onde a situação ou caso é relatado ao grupo por um dos participantes e o grupo procura a solução mais adequada a partir dos relatos. Surgem várias soluções e o grupo acaba elegendo a forma mais convincente. O caso é apresentado com a solução que lhe foi dada, cabendo ao grupo analisá-la criticamente.

Desenvolvimento: O coordenador apresenta o caso e determina o tempo para seu estudo, que depende da sua complexidade. Existem dois tipos: Caso-análise e Caso-problema. No Caso-análise, o grupo especifica o problema, levantando várias alternativas de solução, buscando entender as variáveis que interferem no caso. No Caso-problema, o grupo tenta chegar a uma melhor solução com dados já obtidos.

Duração: Não deve ultrapassar três horas.

Documento final: Relatório

FORUM

Definição: É um tipo menos técnico de reunião cujo principal objetivo é conseguir a participação de um público numeroso, que deve ser motivado. Permite obter as opiniões de um grupo acerca de um tema, chegando a conclusões gerais e estabelecer os diversos enfoques dados a um mesmo fato. Reunião baseada na busca da participação intensa da platéia, preferencialmente numerosa. Um coordenador levanta o tema de interesse geral e busca a opinião da coletividade. Ocorre debate livre até que conclusões possam ser retiradas. Tem se tornado popular devido à necessidade de se sensibilizar a população para os problemas sociais existentes, como, por exemplo, o Fórum de Proteção ao Menor Abandonado. Geralmente é em um grande recinto com um coordenador que levanta um problema de interesse geral em busca da participação da coletividade. O debate é livre e as opiniões são colhidas pelo coordenador, que apresenta uma conclusão que representa a da maioria. Depois de aprovada, transforma-se no objetivo a ser perseguido pelo grupo, orientando seu comportamento.

Desenvolvimento: Deve ser realizado em recinto amplo, tendo um coordenador que levante um tema de interesse geral, buscando a participação coletiva com debates livres cujas opiniões são escolhidas pelo coordenador, ao considerar o grupo esclarecido, apresenta a conclusão. Uma vez aprovada, a conclusão passará a ser o objetivo a ser perseguido pelo grupo

Duração: No máximo 90 minutos

Documento final: Relatório

JORNADA

Definição: São reuniões realizadas periodicamente para determinados grupos de profissionais, para discutir assuntos não usualmente apresentados em congressos, temas mais amplos e da atualidade, ou que são de interesse da comunidade. Difere do congresso pela abrangência menor, sendo organizada por grupos de uma determinada região, em épocas não coincidentes.

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103 Desenvolvimento: Uma comissão escolhida para a organização da jornada, determina a hora e o local. As atividades incluídas na programação poderão ser: Conferências, mesas-redondas, simpósios, temas livres, painéis e cursos.

Duração: De três a cinco dias

Documento final: Anais

MESA-REDONDA Definição: É uma reunião clássica, e consiste em um grupo de especialistas, sustentando pontos de vistas divergentes ou contraditórios sobre o mesmo tema, o qual expõe ao grupo em forma sucessiva. É preparada e conduzida por um coordenador, que pode ser denominado presidente e funciona como elemento moderador, orientando a discussão para que ela se mantenha em torno do tema principal. Os participantes geralmente são especialistas que apresentam seus pontos de vista sobre o tema, com tempo-limite para a exposição. Após as exposições, os participantes são levados a debater entre si os vários pontos de suas teses, podendo haver a participação dos presentes na forma de perguntas. O êxito da mesa-redonda depende do coordenador, que tem a missão de conduzir os trabalhos de forma a atingir os objetivos.

Desenvolvimento: O moderador orienta a discussão para que ela permaneça em torno do tema principal. Os participantes, geralmente especialistas, apresentam seus pontos de vista, sendo destinado a cada um, um limite de tempo para exposição. Após as exposições, iniciam-se os debates, podendo haver a participação dos presentes sob a forma de perguntas, oralmente ou pela forma escrita.

Duração: De 60 a 90 minutos

Documento final: Resumo em anais

PAINEL

Definição: Vários especialistas poderão expor suas opiniões sobre um determinado assunto, diante de um auditório, de maneira dialogada, em tom de conversa, de troca de idéias, mesmo expondo opiniões diversas apreciando perspectivas diferentes. Reunião essencialmente questionadora, em que é resumido para um grande grupo o teor de apresentações feitas por pequeno grupo, ficando este disposto de preferência em mesa de semicírculo com o presidente ao centro. A participação não visa à solução completa do assunto. O público é expectador.

Desenvolvimento: O coordenador reúne-se antecipadamente com os participantes para elaborar um roteiro. Cada membro fará uma breve exposição, acompanhada de debates, com uma síntese final pelo coordenador. O número de expositores varia de três a oito membros, dispostos frente a frente, para a manutenção do diálogo. Poderão ser autoridades ou especialistas, interessados no mesmo assunto ou pessoa de pessoas antagônicas.

Duração: De 30 a 90 minutos

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104 PRÉ-CONGRESSO / CONGRESSO SATÉLITE

Definição: São reuniões prévias de especialistas pertencentes a uma associação científica, para discussão dos temas que serão apresentados no congresso.

Desenvolvimento: Tais reuniões podem ocorrer na mesma localidade em que o evento maior será realizado ou em local próximo. O congresso satélite pode acontecer após o congresso, congregando sub-especialidades, para avaliação dos trabalhos e propostas de linhas de ação.

Duração: De um a dois dias

Documento: Relatório

SEMINÁRIO

Definição: É uma seqüência concentrada de atividades com o fim específico de desenvolver capacidades, conhecimento e aprendizagem por meio do trabalho de treinadores especializados. A idéia é somar informações e experiências, não chegar à conclusão ou resultado. Consiste numa exposição oral para participantes que possuam algum conhecimento prévio do assunto a ser debatido. Envolve a aprendizagem do espírito científico, do trabalho em grupo e da habilidade reflexiva. É uma reunião de um grupo de estudos que centraliza debates de assuntos expostos pelos participantes. Trata-se de uma exposição oral para participantes que possuam algum conhecimento prévio do assunto a ser debatido. A sessão divide-se em três partes: fase de exposição, fase de discussão, fase de conclusão.

Desenvolvimento: Consiste em três fases:

• Exposição: Quando um participante, previamente escalado, relata a pesquisa realizada e leva a sua contribuição ao grupo;

• Discussão: Quando o assunto é debatido em todos os aspectos; • Conclusão: Quando o coordenador, polarizando as opiniões dominantes, submete as

recomendações finais à aprovação do grupo.

Duração: Variável, sendo geralmente feita em uma única sessão.

SIMPÓSIO

Definição: É um tipo derivado da mesa-redonda, porém de alto nível, com a participação de especialistas de renome, os quais apresentam aspectos diferentes ou especiais sobre determinados assuntos sob a direção de um moderador. A diferença fundamental entre simpósio e mesa-redonda e que no simpósio, os expositores não debatem entre si. Os especialistas desenvolvem partes de um mesmo tema, e posteriormente entre si desenvolvem uma segunda fase de debate. O coordenador do simpósio apresenta os especialistas, introduz os tópicos de cada assunto e sumaria as exposições feitas. As perguntas, os debates e as respostas são efetuados diretamente ao participante da platéia, o qual deve participar ativamente dos trabalhos. É utilizado para estudar problemas complexos.

Desenvolvimento: O organizador escolhe o tema, seleciona os expositores, podendo ser de três a seis pessoas. O coordenador inicia o simpósio com uma introdução, seguido pela apresentação do tema de cada expositor, com

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105 tempo limitado de 15 a 20 minutos. Após as disposições, o coordenador faz um resumo das principais idéias, abrindo assim o debate geral.

Duração: De um a três dias

TELECOFERÊNCIA

Definição: Conferência realizada à distância através do computador, com transmissão de textos e/ou imagens dos participantes.

Desenvolvimento: Os interessados são comunicados do evento, reunindo-se em auditórios ou participando individualmente.

Duração: Variável

WORKSHOPS

Definição: Evento em que um grupo de pessoas com interesses ou problemas comuns, desenvolvem uma atividade prática, com a finalidade da transferência de conhecimentos e a solução de problemas. Participam especialistas competentes e o benefício é a discussão grupal.

Desenvolvimento: O coordenador compõe uma comissão de planejamento e defini os especialistas consultores e os assessores dos grupos de trabalho. Os participantes são divididos em equipes com objetivos determinados. Cada grupo tem seu local adequado, materiais de trabalho e um instrutor-assessor. O programa pode incluir estudo individual, consulta bibliográfica, palestras por instrutores e especialistas consultores, discussão em pequenos grupos e em plenário, exercícios práticos, redação de trabalhos, relatórios e atividades de avaliação, saídas de campo e até mesmo realização de pesquisas.

Duração: Variável de um dia a semanas.

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106 CAUSOS DE CERIMONIAL

1. ENTREGA DE MEDALHA NA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA – 10 pessoas do cerimonial em fila entregavam a medalha para o agraciado que estava sentado (em vez do Presidente da Assembléia).

2. ENTREGA DE PRÊMIOS NA ASSEMBLÉIA PARAENSE CAMPESTRE – Mestre de cerimônia chamava os agraciados e não checou antes aqueles que estavam presentes. Então chamava um nome e ninguém levantava. Depois disse no microfone que a culpa era do cerimonial (organização) do evento.

3. MESTRE DE CERIMÔNIA SEM PROPOSTA DE MESA – Governador estava chegando e quando consultado o MC não tinha ainda a proposta de mesa e nem de pronunciamentos.

4. SERVIR ÁGUA ENQUANTO O PALESTRANTE ESTÁ SE PRONUNCIANDO – entregou a água pela frente da mesa e depois colocou na tribuna, entornando o copo em cima dos papéis do palestrante.

5. ENTROSAMENTO DA EQUIPE – Cameraman entrega pastilha para o governador sem que as pessoas percebam (Servidores do Estado)

6. ENCONTRO DE JUÍZES DE TODOS OS ESTADOS NO TJE – serviram água no plenário, que não possuía espaço para passagem dos garçons. O recolhimento era de mão em mão.

7. PRESIDENTE DO EVENTO LEVA ROTEIRO DO MC – após discursar na Tribuna, o presidente do evento leva junto o roteiro do MC.

8. DURANTE ENTREGA DE CHAVES AS MESMAS CAEM NO CHÃO – após a entrega de algumas chaves, começa a chover, e o responsável pelas chaves tropeça, deixando as mesmas caírem no chão, misturando tudo.

9. MC ACERTA ORDEM DE PRONUNCIAMENTOS E REITORA COLOCA MAIS UM – depois de acertado com a reitora os pronunciamentos e devidamente anunciado pelo MC, a mesma pede que outra autoridade também fale. A gafe dela foi para o jornal como se o MC fosse o causador da mesma.

10. FISCALIZAR O PALANQUE ANTES – 7 de setembro em Belém, o palanque começou a tombar (responsabilidade SEDUC e Bombeiros).

11. GOVERNADOR QUER FALAR COM DOM ZICO – MC estava em um barco, passa para um bote e depois para o rebocador onde estava Dom Zico, para passar seu celular para o mesmo falar com o Governador.

12. MESA PERTO DA BEIRA DO PRATICÁVEL – Quando o MC chega, em cima da hora para realizar a cerimônia, verifica que a mesa está muito perto da beira do praticável.

13. PANO DE PLACA CAI MOMENTOS ANTES DO GOV CHEGAR – inauguração do posto do DETRAN da 1º de dezembro: o pano de placa mal fixado cai segundos antes do gov chegar.

14. MC ENGOLE EMPADA – terminada a cerimônia na JUCEPA, o MC pega uma empada e o Gov. vem em sua direção.

15. SERVIÇO À FRANCESA OU À AMERICANA – em Bragança, uma pessoa do cerimonial pergunta para a cozinheira se o almoço vai ser à francesa ou à americana, e ela responde: não, vai ser primeiro servido o camarão!

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107 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 1. AMY VANDERBILT, O Livro Completo de Etiqueta de 2. ANDRÉ MAZZUCATTO, Seminário Especial sobre Cerimonial e Protocolo na Administração Pública. 3. AUGUSTO CESAR DE LIMA SANTOS, Curso sobre Cerimonial Universitário. 4. AUGUSTO ESTELITA LINS, Etiqueta, Protocolo e Cerimonial. 5. AUGUSTO ESTELITA LINS, Evolução do Cerimonial Brasileiro. 6. BÁRBARA VIRGÍNIA, Poder pode, mas... não deve. 7. CÉLIA RIBEIRO, Boas Maneiras e Sucesso nos Negócios. 8. CÉLIA RIBEIRO, Casamento & Etiqueta. 9. CÉLIA RIBEIRO, Etiqueta na prática. 10. CLÁUDIA MATARAZZO, Etiqueta sem frescura. 11. CLÁUDIA MATARAZZO, Gafe não é pecado. 12. CLÁUDIA MATARAZZO, Negócios, negócios, etiqueta faz parte. 13. CLAUDINE DE CASTRO, A nova etiqueta 14. CLEUZA G. GIMENES CESCA, Organização de Eventos – Manual para planejamento e execução 15. CERIMONIAL, Órgano de Difusión del Círculo de Cerimonial de la Província de Buenos Aires. 16. CENTRO DE PRODUÇÕES TÉCNICAS, Etiqueta para o sucesso pessoal. 17. CENTRO DE PRODUÇÕES TÉCNICAS, Treinamento de recepcionistas. 18. CENTRO DE PRODUÇÕES TÉCNICAS, Treinamento de secretárias. 19. DAVID ROBINSON, Etiqueta no Trabalho. 20. ELIZETE FERRAZ, Cerimonial, Protocolo e Etiqueta, Centro de Estudos Aplicados ao Desenvolvimento Profissional

Ltda. 21. ESTER PROENÇA SOARES & MARIA FELÍCIA DA CÂMARA FALCÃO, A mesa: arranjo e etiqueta. 22. FÁBIO ARRUDA, Sempre, Às Vezes, Nunca. 23. FÁBIO ARRUDA, Chique & Útil: como organizar e como freqüentar eventos. 24. FELÍCIA MAIA, Etiqueta e Boas Maneiras. 25. FERNANDO DE BARROS, Manual da Elegância. 26. FLÁVIO BENEDICTO VIANA, Universidade: Protocolo, Rito e Cerimonial. 27. GERSON VINADÉ, Planejamento e Organização de Eventos. 28. GILDA FLEURY MEIRELLES, Protocolo e Cerimonial. 29. GLÓRIA KALIL, Chic Homem. 30. GLÓRIA KALIL, Chic Mulher. 31. GLÓRIA KALIL, Chic érrimo: moda e etiqueta em novo regime. 32. J. B. OLIVEIRA, Como promover eventos – Cerimonial e Protocolo na prática. 33. JAMES C. HUNTER, O Monge e o Executivo – uma história sobre a essência da liderança. 34. JAMES C. HUNTER, Como se tornar um líder servidor – os princípios da liderança. 35. LOURDES BUZAGLO, Etiqueta. 36. LLOYD C. FINCH, Cortesia ao telefone e atendimento ao cliente. 37. LUIZ CARLOS ZANELLA, Manual de Organização de Eventos. 38. MARCÍLIO REINAUX, Curso Especial de Oratória. 39. MARCÍLIO REINAUX, Curso Especial sobre Planejamento e Organização do Cerimonial e Eventos das

Universidades. 40. MARCÍLIO REINAUX, Planejamento e Organização do Cerimonial Público. 41. MARIA APARECIDA A. ARAÚJO, Etiqueta empresarial: ser educado é... 42. MARIA DE LOURDES DE FARIA MARCONDES WOLFF, Guia: Cerimonial do Casamento. 43. MARIA IRIS TEIXEIRA DE FREITAS, Cerimonial e Etiqueta: ritual das recepções. 44. MARIELZA ANDRADE, O Cerimonial nas Empresas: facilidades para o dia-a-dia. 45. MARY MITCHELL E JOHN CORR, Tudo sobre Etiqueta nos Negócios. 46. MARTHA CALDERARO, Etiqueta e Boas Maneiras. 47. MARYLENE ROCHA DE SOUZA, Curso sobre Protocolo e Cerimonial Públicos. 48. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO, Normas sobre correspondências e Atos oficiais.

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108 49. NELSON SPEERS, Cerimonial para Relações Públicas. 50. NELSON SPEERS, Cerimonial para Relações Públicas 2ª Edição 3 volumes. 51. NELSON SPEERS, A Universidade e o Cerimonial. 52. NELSON SPEERS, Cerimonial para Municípios. 53. NELSON SPEERS, Cartilha do Cerimonial de Conduta. 54. NELSON SPEERS, Cerimonial de Conduta. 55. NELSON SPEERS, Cerimonial - Manual. 56. NELSON SPEERS, Relações Públicas para Clientes e Profissionais. 57. OLENKA RAMALHO LUZ, Introdução ao Cerimonial e Protocolo. 58. PETER POST, Do que as mulheres gostam – etiqueta essencial para homens 59. PEGGY E PETER POST, Manual Completo de Etiqueta nos Negócios. 60. PUBLIFOLHA, Como Gerenciar equipes. 61. REBECCA L. MORGAN, Como acalmar clientes irritados. 62. RICHARD F. GERSON, A excelência no atendimento ao cliente. 63. RICHARD CARLSON, Não faça tempestade em copo d’água no trabalho. 64. ROBERT HELLER, Como gerenciar equipes. 65. ROBERTO TEIXEIRA DA COSTA E SUSANNA SANCOVSKY, Nem só de marketing... Postura e comportamento no

mundo corporativo. 66. ROBERT HELLER, Como se comunicar bem. 67. ROSANA FA GONÇALVES, Postura Profissional: comportamento pode pesar mais que desempenho 68. SUZANA DOBLINSKI, Será que pega bem? 69. VITÓRIO TAKESHI EGASHIRA, O que passa pela minha cabeça.