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LUCIANO KOENIG DE CASTRO A ALÍQUOTA DE ISS DE CURITIBA E A EVASÃO DE EMPRESAS DE COMUNICAÇÃO PARA OS MUNICÍPIOS DA SUA REGIÃO METROPOLITANA. CURITIBA OUTUBRO 2012

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 LUCIANO KOENIG DE CASTRO

A ALÍQUOTA DE ISS DE CURITIBA E A EVASÃO DE EMPRESAS DE COMUNICAÇÃO PARA OS MUNICÍPIOS DA SUA REGIÃO METROPOLITANA.

CURITIBA OUTUBRO 2012

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LUCIANO KOENIG DE CASTRO

A ALÍQUOTA DE ISS DE CURITIBA E A EVASÃO DE EMPRESAS DE COMUNICAÇÃO PARA OS MUNICÍPIOS DA SUA REGIÃO METROPOLITANA.

Dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Políticas Públicas e Desenvolvimento do Programa Multidisciplinar de Mestrado Acadêmico em Políticas Públicas e Desenvolvimento da FAE Centro Universitário. Orientador: Prof. Dr. Antoninho Caron

CURITIBA OUTUBRO 2012

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Dedico esse trabalho à minha amada esposa Paula que me amparou e me incentivou a realizar este sonho, meus queridos filhos Luciano Filho e Luísa, meus tesouros e também a minha Mãe Diane e meu honrado pai Edson, grande tributarista, pelo incentivo e suporte que deram. Vocês foram decisivos para a conclusão deste trabalho.

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AGRADECIMENTOS

Este estudo foi possível graças à colaboração de indivíduos e instituições que ao

longo dos anos fizeram parte do meu desenvolvimento pessoal, profissional e

espiritual.

À FAE - Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Políticas Públicas e

Desenvolvimento que proporcionou o acesso a um conjunto significativo de

informações e conhecimentos interdisciplinares que permitiram ampliar a minha

visão sobre o objeto de estudo.

Aos professores Lafaiete, Belmiro, Osmar, Nilson, Faria, Sieglinde, José Edmilson,

Lis, Cleverson e Valdir pela gentileza de nos agraciar com suas visões,

interpretações e conhecimentos de mundo.

Ao Sr. Agostinho e D. Terezinha, pela força e amparo nesses anos.

Em especial ao professor Dr. Antoninho Caron, pela sabedoria, paciência e

dedicação com que orientou-me. Um grande mestre e amigo que aprendi a seguir e

admirar. Serei eternamente grato.

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"O conhecimento e a informação são os recursos estratégicos para o desenvolvimento de qualquer país. Os portadores desses recursos são as pessoas."

Peter Drucker

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RESUMO

CASTRO, Luciano Koenig. A alíquota de ISS de Curitiba e a evasão de empresas de

comunicação para os municípios da sua região metropolitana. 2012. 96 f.

Dissertação de Mestrado - Programa de Pós-Graduação interdisciplinar em Políticas

Públicas e Desenvolvimento da FAE - Centro Universitário Franciscano - Curitiba.

A exigência dos impostos sempre foi vista como uma forma de repressão aos

cidadãos e como a única forma de custear o estado em todas as esferas

governamentais. Esta insatisfação gerou guerras e revoluções e mudou política e

geograficamente o mundo. Apesar disso, o estado como promotor de benfeitorias e

bem estar social, precisa deste tipo de cobrança para sustentar-se e distribuir de

uma forma mais igualitária as riquezas geradas por uma nação. Saúde, segurança,

estudo e estruturas são custeadas pelos contribuintes, através do governo e,

originam uma corrente, que se bem estruturada, pode promover maior crescimento.

O governo brasileiro, apesar de gerar benefícios aos seus cidadãos, não o faz de

uma forma eficiente. Descasos, falta de estrutura, falta de competência e até mesmo

corrupção, trazem ao nosso país, índices de países pobres, apesar de uma

economia rica e crescente.

Na contrapartida desses números pífios, existe por parte dos governos, um apetite

cada vez maior por arrecadação. O brasileiro destina 1/3 de sua força de trabalho

anual para pagar imposto e não observa a contrapartida social que lhe é devida e

estes números só pioram quando o assunto é o setor produtivo. O repasse de

impostos por parte do empresariado é cada vez maior e de alguma forma prejudicam

a concorrência em comparação a outras nações. O nosso Custo Brasil é muito alto e

está afetando diariamente nossas empresas.

Curitiba, não foge a regra e promove em seus impostos a maior alíquota da sua

Região Metropolitana. Isso faz com que empresas aqui instaladas , procurem outros

municípios, para poder sobreviver, diminuindo o setor produtivo da Capital e muitas

vezes promovendo a sonegação empresarial.

Palavras-chave: Impostos; Sonegação; Evasão, Alíquota; Custo Brasil; ISS; ISSQN.

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ABSTRACT

CASTRO, Luciano Koenig. The rate of ISS of Curitiba and the evasion of yours

communication businesses for the cities of its metropolitan region. 2012. 96 f.

Dissertation - Graduate Program in Public Policy and interdisciplinary development of

FAE - Franciscan University Center - Curitiba.

The requirement of taxes has always been seen as a form of repression and citizens

as the only way to fund the state in all spheres of government. This dissatisfaction

led to wars and revolutions and changed the world politically and geographically.

Nevertheless, the state as a promoter of improvements and social welfare needs of

this type of recovery to sustain itself and distribute in a more egalitarian wealth

generated by a nation. Health, safety, and study structures are borne by taxpayers,

through the government, and give rise to a current, which is well structured, can

promote further growth.

The Brazilian government, despite generating benefits to their citizens, do not it

efficiently. Negligence, lack of infrastructure, lack of competence and even

corruption, bring to our country, rates of poor countries, despite a rich and growing

economy.

In contrast those meager numbers there by governments, a growing appetite for

storage. The Brazilian intended third of its workforce to pay annual taxes and does

not observe the social counterpart due to it and these numbers only get worse when

it comes to the productive sector. The transfer tax on the part of the business is

growing and somehow detrimental to competition compared to other nations. Our

Brazil cost is very high and is affecting our daily business.

Curitiba is no exception to the rule and promotes their taxes on the highest tax rate of

its metropolitan area. This makes companies installed here, seek other

municipalities, in order to survive, reducing the productive sector of the Capital and

often promoting corporate tax evasion.

Keywords: Taxes, Tax Evasion, Evasion, Tax Rate, Cost Brazil; ISS; ISSQN.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 - ÍNDICE DE PERCEPÇÃO DA CORRUPÇÃO – 2011 ........................................................ 46

FIGURA 2 - A CURVA DE LAFFER ....................................................................................................... 49

FIGURA 4 - EDIFÍCIO DE MANDIRITUBA QUE ABRIGA MAIS DE 200 EMPRESAS .......................... 56

FIGURA 5 - MAPA DE LOCALIZAÇÃO DE CANOAS NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL .......... 63

FIGURA 6 - SITE ZOCPRINT ............................................................................................................... 70

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 - PREFERÊNCIA DA POPULAÇÃO BRASILEIRA ENTRE PAGAR OU NÃO IMPOSTOS E

SUA CONTRAPARTIDA GOVERNAMENTAL - 2010 .................................................................. 31

GRÁFICO 2 - PREFERÊNCIA DA POPULAÇÃO DO NORTE E CENTRO-OESTE BRASILEIRO

ENTRE PAGAR OU NÃO IMPOSTOS E SUA CONTRAPARTIDA GOVERNAMENTAL - 2010 .. 31

GRÁFICO 3 - REVISÃO DA MEDIDA DE REDUÇÃO DE IPI. ............................................................... 32

GRÁFICO 4 - CORRUPÇÃO EM IMPOSTOS E TAXAS ....................................................................... 43

GRÁFICO 5 - FREQUÊNCIA DE COBRANÇA DE PROPINA POR SERVIÇO PÚBLICO ..................... 44

GRÁFICO 6 - EMPRESAS ASSEDIADAS A CONTRIBUIR EM CAMPANHAS ELEITORAIS .............. 45

GRÁFICO 7 - ARRECADAÇÃO DOS PRINCIPAIS TRIBUTOS FEDERAIS (EXCLUSIVE IPI DE

AUTOMÓVEIS), POR GRUPOS DA CADEIA AUTOMOBILÍSTICA – JANEIRO A JUNHO DE

2009 .............................................................................................................................................. 47

GRÁFICO 8 - IMPOSTOS X CRESCIMENTO DO PIB .......................................................................... 50

GRÁFICO 9 - COMPARAÇÃO ENTRE A ALÍQUOTA DE ISSQN E A ARRECADAÇÃO DESTE

IMPOSTO NO MUNICÍPIO DE CANOAS ..................................................................................... 65

GRÁFICO 10 - ANOS DE ATUAÇÃO DAS EMPRESAS DE COMUNICAÇÃO NO MERCADO ............ 72

GRÁFICO 11 - FATURAMENTO BRUTO MÉDIO ANUAL DAS ORGANIZAÇÕES .............................. 73

GRÁFICO 12 - TOTALIDADE DAS ORGANIZAÇÕES POR IDADE E FATURAMENTO BRUTO ANUAL

(MILHÕES) ................................................................................................................................... 74

GRÁFICO 13 - NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS NAS ORGANIZAÇÕES .............................................. 75

GRÁFICO 14 - CLIENTELA DAS EMPRESAS PESQUISADAS POR DOMICÍLIO FISCAL ................. 76

GRÁFICO 16 - RAZÃO DA ADOÇÃO DO DOMICÍLIO FÍSICO DAS EMPRESAS PESQUISADAS ..... 78

GRÁFICO 17 - DOMICÍLIO FISCAL DAS ORGANIZAÇÕES PESQUISADAS ..................................... 79

GRÁFICO 18 - DOMICÍLIO FISCAL DAS ORGANIZAÇÕES COM FATURAMENTO BRUTO DE ATÉ

R$ 2,5 MILHÕES E ATÉ 10 FUNCIONÁRIOS .............................................................................. 80

GRÁFICO 19 - MOTIVO DA IMPLANTAÇÃO DO DOMICÍLIO FISCAL NA REGIÃO METROPOLITANA

DE CURITIBA ............................................................................................................................... 81

GRÁFICO 20 - SUA ORGANIZAÇÃO JÁ SONEGOU OU DEIXOU DE PAGAR IMPOSTOS? ............. 82

GRÁFICO 21 - SONEGAÇÃO POR IDADE DA EMPRESA .................................................................. 83

GRÁFICO 22 – PRINCIPAIS MOTIVOS DE SONEGAÇÃO .................................................................. 84

GRÁFICO 23 - SONEGAÇÃO FISCAL POR FATURAMENTO BRUTO ANUAL ................................... 85

GRÁFICO 24 - RELAÇÃO ENTRE SONEGAÇÃO E ALÍQUOTAS DE IMPOSTOS .............................. 86

GRÁFICO 25 - SE VOCÊ PUDESSE PAGAR MENOS IMPOSTOS EM OUTRAS CIDADES, VOCÊ

MUDARIA SEU DOMICÍLIO FISCAL PARA LÁ? .......................................................................... 87

GRÁFICO 26 - SE VOCÊ PUDESSE PAGAR MENOS IMPOSTOS EM OUTRAS CIDADES, VOCÊ

MUDARIA SEU DOMICÍLIO FISCAL PARA LÁ? (EMPRESAS COM DOMICÍLIO FISCAL NA

RMC) ............................................................................................................................................ 88

GRÁFICO 27 - COM A EVENTUAL REDUÇÃO DOS IMPOSTOS, VOCÊ INVESTIRIA EM: ................ 89

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GRÁFICO 28 – EVOLUÇÃO DA ARRECADAÇÃO DE ISS EM CANOAS, MANDIRITUBA E CURITIBA

(2006 – 2010) ................................................................................................................................ 90

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LISTA DE TABELAS TABELA 1 – SÍNTESE DA METODOLOGIA ......................................................................................... 25 TABELA 2 - REALOCAÇÃO DE RECURSOS ADVINDOS DA ECONOMIA EM REDUÇÃO DE

IMPOSTOS – 2010 ....................................................................................................................... 30 TABELA 3 - PRINCIPAIS TRIBUTOS E IMPOSTOS DO BRASIL E SUA ARRECADAÇÃO - 2011 ...... 33 TABELA 4 - ESTIMATIVA DE RECEITA DOS PRINCIPAIS TRIBUTOS – BASE 2010 ........................ 38 TABELA 5 - NORMAS EDITADAS DIARIAMENTE PARA FINS DE TRIBUTAÇÃO - 2010 ................... 39 TABELA 6 - QUADRO RANKING FINAL DOS 30 PAÍSES PESQUISADOS E O IRBES ...................... 40 TABELA 7 - INDÍCIOS DE SONEGAÇÃO POR PORTE DA EMPRESA ............................................... 59 TABELA 8 - REDUÇÃO DAS ALÍQUOTAS DE ISSQN EM CANOAS DE 2009 A 2012 ........................ 64 TABELA 9 – ARRECADAÇÃO DE ISS DE CURITIBA, CANOAS E MANDIRITUBA (2010) ................. 89

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS  BIRD Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento CIDE Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico CNPJ Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas COFINS Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social CPF Cadastro de Pessoas Físicas CPMF Contribuição Provisória sobre a Movimentação ou Transmissão de

Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira CSSL Contribuição Social Sobre Lucro Líquido FGTS Fundo de Garantia sobre Tempo de Serviço FUNDAF Fundo Especial de Desenvolvimento e Aperfeiçoamento das

Atividades de Fiscalização GPPI Grupo Permanente de Política Industrial IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ICMS Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e

Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação

IDH Índice de Desenvolvimento Humano II Imposto sobre Importação INSS Instituto Nacional do Seguro Social IOF Imposto sobre Operações Financeiras IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada IPI Imposto sobre Produtos Industrializados IPTU Imposto Territorial Único IR Imposto de Renda IRBES Índice de Retorno de Bem Estar à Sociedade ISS Imposto Sobre Serviços ISSQN Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza ITR Imposto Territorial Rural PASEP Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público PIB Produto Interno Bruto PIS Programa de Integração Social RAIS Relação Anual de Informações Sociais RG Registro Geral RMC Região Metropolitana de Curitiba SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas TCU Tribunal de Contas da União          

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 16

1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA ........................................................................ 16

1.2 ESPECIFICAÇÃO DO PROBLEMA .............................................................. 17

1.3 OBJETIVOS ................................................................................................... 18

1.3.1 Objetivo geral ............................................................................................ 18

1.3.2 Objetivos específicos ................................................................................ 18

1.4 HIPÓTESES .................................................................................................. 19

1.5 JUSTIFICATIVA ............................................................................................. 19

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO ...................................................................... 20

2. PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS .............................................................. 20

2.1 PLANO DE PESQUISA ................................................................................. 21

2.2 CLASSIFICAÇÃO, PROCEDIMENTOS E CONDIÇÕES GERAIS DA

PESQUISA ............................................................................................................. 21

2.3 LIMITAÇÃO DA PESQUISA .......................................................................... 24

2.4 COLETA DE DADOS ..................................................................................... 24

2.5 SÍNTESE DA METODOLOGIA ...................................................................... 25

3. BASES TEÓRICAS ............................................................................................... 26

3.1 BREVE HISTÓRICO DO IMPOSTO .............................................................. 26

3.2 O BRASILEIRO PAGA MUITO IMPOSTO .................................................... 29

3.3 A CARGA TRIBUTÁRIA BRASILEIRA .......................................................... 33

3.4 O APETITE GOVERNAMENTAL POR TRIBUTOS ...................................... 38

3.5 A REFORMA ADMINISTRATIVA .................................................................. 41

3.6 A INSTITUIÇÃO DA CORRUPÇÃO .............................................................. 42

3.7 REDUZINDO OS IMPOSTOS ....................................................................... 46

3.8 MAIS IMPOSTO, MAIS SONEGAÇÃO, MENOS ARRECADAÇÃO ............. 51

3.9 A GUERRA FISCAL E A EVASÃO DE EMPRESAS ..................................... 53

3.10 TENTANDO EVITAR O INEVITÁVEL .......................................................... 57

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS ........................................................ 59

4.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 59

4.2 O ESTUDO DE CANOAS, RIO GRANDE DO SUL ....................................... 62

4.3 CASO DE CURITIBA E REGIÃO METROPOLITANA ................................... 65

4.3.1 Introdução ................................................................................................. 65

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4.3.2 Percepção dos empresários de Curitiba e região metropolitana sobre o

tema ................................................................................................................. 66  

4.4 TABULAÇÃO DOS DADOS DE CURITIBA E RMC ...................................... 71

4.5 COMPARAÇÃO HISTÓRICA DA ARRECADAÇÃO DE ISS DE CANOAS E A

RMC ...................................................................................................................... 89

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES ............................................ 91

5.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 91

5.1.1 Objetivo geral ............................................................................................ 92

5.1.2 Objetivos específicos ................................................................................. 92

5.1.3 Análise das hipóteses levantadas ............................................................. 94

5.2 RECOMENDAÇÕES ..................................................................................... 96

6. REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 98

                                           

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1. INTRODUÇÃO

1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA  

Os seres humanos possuem, independentemente de credo, cor ou classe

social necessidades e desejos. Essas necessidades dos homens são objetos de

estudo da economia, quando eles, através de ações econômicas, procuram obter os

bens e serviços necessários para sua sobrevivência.

Para atender as necessidades de seus cidadãos, o Estado em todas as suas

esferas, precisa de tributos, para fomentar a igualdade de seu povo e o seu fim

social, que é fornecer saúde, segurança, lazer, educação e o bem estar de sua

população, além de atrair, reter, estimular investimentos, nascimento e crescimento

de empresas, com o objetivo de gerar trabalho, renda, receitas e desenvolvimento

econômico e social.

Para que o principal objetivo do Estado seja alcançado, é necessário que os

efeitos da arrecadação de impostos, que estão ligados a economia e contribuintes,

sejam captados e aplicados de forma eficaz. Deste modo, uma carga tributária

exagerada pode inibir o setor produtivo, que desestimulado não produzirá a

totalidade de empregos e de riquezas que podem ser gerados, causando assim,

grandes problemas sociais e econômicos.

O Brasil em todas as esferas de seu poder executivo, possui uma relação

desigual entre a tributação, arrecadação e a contrapartida para seus contribuintes e

cidadãos. Possuímos uma das maiores cargas tributárias mundiais, com cerca de

35% do PIB direcionado a impostos taxas e afins (AMARAL, ONELIKE, AMARAL, &

STEINBRUCH, 2011), mas isso não assegura, muitas vezes, os recursos sociais de

que a população necessita e os que existem, geralmente, não atingem a qualidade

esperada, muitas vezes por falta de competência, outras vezes por corrupção e

desvio de recursos públicos.

Outro ponto que afeta diretamente essa desigualdade de aplicação dos

recursos públicos é a alta alíquota que o país adota. Este percentual desestimula a

implantação de novos negócios, implementando um gigante mercado informal,

estimulando a sonegação e a fuga de investimentos em direção a áreas menos

exigentes ou benéficas em incentivos fiscais. Isso pode ser encarado como uma

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forma de proteção, pelos empresários nacionais em um mercado tão competitivo e

globalizado.

Neste panorama, a cidade de Curitiba adota a mesma política de impostos

locais que o âmbito federal, pois possui a maior alíquota de ISS da sua região

metropolitana. Em contrapartida seus municípios vizinhos funcionam como

verdadeiros paraísos fiscais, com porcentagens próximas ou equivalentes ao mínimo

previsto em lei, cerca de 2%, deste mesmo imposto, catalisando um exército de

empresas legais e até mesmo fantasmas em seus endereços.

Esta política, adotada pela capital paranaense, ao invés de impulsionar a

economia e gerar contrapartidas sociais a sua população, desestimula novos

empreendedores a instalarem-se em seu território.

1.2 ESPECIFICAÇÃO DO PROBLEMA

Com o avanço da globalização e o aumento cada vez maior da tecnologia, as

organizações não enfrentam somente delimitações físicas de concorrência. Uma

organização em qualquer parte do mundo pode interferir no comportamento de seus

clientes e consequentemente influencia-lo na tomada de decisão de compra. Com

esse paradigma instalado, a sobrevivência organizacional passou de ser uma

perspectiva local para ser mundial.

Na medida em que o mercado parte para vislumbrar horizontes universais e

as políticas locais não acompanham essa tendência, as organizações, por motivo de

sobrevivência, procuram subterfúgios para conseguir resistir a este panorama. O

empreendedor sofre com um ambiente difícil e as organizações já estabelecidas ou

a estabelecerem-se precisam constantemente repensar seus papéis, suas

estratégias e seus modus operandi para proporcionar a longevidade e a sua saúde

financeira.

Uma das formas mais frequentes e menos indicadas para as empresas

conseguirem bons resultados em um panorama tão competitivo é a sonegação ou a

migração para espaços geográficos com mais incentivos fiscais. Embora essas

práticas sejam ilegais e as multas e as penas sejam altas, constantemente as

organizações recorrem a esses procedimentos para almejarem maiores lucros pois,

os benefícios aparentam ser maiores que os riscos.

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Dentro deste perfil, as organizações estabelecidas em Curitiba, não fogem a

regra geral e partem para a ilegalidade fiscal. O mercado local está cada vez mais

competitivo e as altas alíquotas implantadas pela prefeitura municipal tornam, muitas

vezes, inviável os negócios locais. A prefeitura adota os impostos mais altos em

comparação aos outros municípios da Região Metropolitana de Curitiba e as

empresas de comunicação são taxadas com as maiores alíquotas de toda a região.

Deste modo, o problema norteador deste estudo é: Como as altas alíquotas adotadas pela Prefeitura Municipal de Curitiba impactam na evasão das organizações prestadoras de serviço de comunicação de seu território?

1.3 OBJETIVOS  

1.3.1 Objetivo geral  

Analisar o impacto da alíquota do ISS do município de Curitiba na evasão das

empresas prestadoras de serviço de comunicação para a sua Região Metropolitana.

1.3.2 Objetivos específicos

• Compreender a imposição dos impostos e o comportamento de repulsa

dos mesmos durante a história.

• Entender de que forma a redução dos impostos seria benéfica aos

cofres públicos.

• Estudar a influência da carga tributária na decisão dos empresários de

investir em Curitiba ou em outros municípios de sua Região

Metropolitana.

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1.4 HIPÓTESES    

• Os altos encargos fixados às organizações, fazem com elas

soneguem.

• Uma redução efetiva dos impostos, fará com que o panorama de

sonegação reverta-se.

• As diferenças de cargas tributárias entre municípios da região

metropolitana de Curitiba provoca atração de investimentos para os

municípios com menores tributos e expulsa dos investimentos dos

municípios com maiores cargas tributárias.

 

1.5 JUSTIFICATIVA

Cada dia mais, os impostos influenciam na forma de gestão da organização.

Em um país em que mais de 35% do PIB é destinado a manutenção da máquina

governamental, as organizações tornaram-se pouco competitivas no cenário

internacional. A concorrência está presente nas organizações de uma forma muito

mais ampla e pequenos fragmentos dos faturamentos das instituições que são

destinados a pagamento de impostos, podem fazer a diferença entre o sucesso e

fracasso das empresas. Este panorama precisa ser revisto e modificado, pois, o

setor produtivo, responsável pelo sustento do estado e seus cidadãos.

Com a pesquisa realizada, pretende-se mostrar que as políticas de

arrecadação precisam de ser mais amigáveis as organizações para que a mola

mestra da economia, o setor produtivo, seja implementado e não reprimido. Isso

acontece naturalmente através da diminuição da sonegação.

Este estudo está vinculado com a linha de pesquisa de Políticas Públicas e

Desenvolvimento, pertencentes ao programa de mestrado da FAE – Centro

Universitário. Pretende-se também que o presente desmistifique a relação entre

arrecadação e tributação como sendo algo sempre diretamente proporcional.

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1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO

Este trabalho está dividido em cinco capítulos. No primeiro capítulo é

apresentado o tema, problema, objetivos e a justificativa que norteiam a pesquisa.

Os procedimentos metodológicos estão no segundo capítulo, composto por

caracterização da pesquisa, plano de coleta de dados, etapas, procedimentos, plano

de análise de dados e condições gerais da pesquisa.

No terceiro capítulo estão à base teórica, que resgata temas ligado: aos

impostos, suas formas e consequências. Neste capítulo também é apresentado a

corrupção como elemento inerente a tributação organizacional e a guerra fiscal

como ferramenta de arrecadação.

O quarto capítulo aborda a apresentação do estudo de caso do município de

Canoas no Rio Grande do Sul e sua redução de alíquotas de impostos municipais,

bem como a tabulação e compreensão da pesquisa realizada em empresas de

comunicação na Grande Curitiba.

E o quinto e último capítulo trata das considerações sobre os dados da

pesquisa, sua análise e consequente encaminhamento e recomendações para

futuras tomadas de decisão governamentais e para estudos posteriores.

2. PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS    

O presente capítulo tem por finalidade expor os procedimentos metodológicos

utilizados na realização desta pesquisa e conceituá-lo teoricamente, definindo as

direções das etapas investigativas, métodos e naturezas gerais da pesquisa.

Para (GIL, 2002), pesquisa é definida como o procedimento racional e

sistemático que tem como objetivo levantar respostas aos problemas propostos.

O trabalho proposto pode ser definido como uma pesquisa científica por

apresentar-se como um conjunto de atividades ordenadas e lógicas que, com maior

segurança e economia, permite alcançar o objetivo, traçando o caminho a ser

seguido, amparando as decisões do pesquisador (LAKATOS & MARCONI, Técnicas

de Pesquisa, 2005). Para isso, utiliza métodos, técnicas e abordagens para

examinar como o uso excessivo de um imposto pode transformar-se em instrumento

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colaborativo para a sonegação do mesmo ou até a expulsão dos meios produtivos

de sua área de abrangência.

2.1 PLANO DE PESQUISA

Este estudo tomou como base, o levantamento de informações relevantes ao

problema de pesquisa, para isso levantou-se:

a) Informações Primárias, em por meio de questionários de pesquisa aplicados em 43

empresários de comunicação da grande Curitiba. Além de uma pesquisa de caráter

exploratório ao tema por meio de entrevistas em profundidade com 4 empresários da

área de estudo.

b) Informações secundárias, por meio de acesso a sites e associações que

desenvolvem estudos no setor tributário nacional.

c) Avaliação bibliográfica, conforme indicação do professor orientador.

d) Estudo de caso, para consolidação das percepções levantadas.

O estudo de caso foi realizado no município Rio Grandense do Sul de

Canoas, pela importância dele na região, pelo seu PIB, quarto colocado na região

sul do Brasil, Mandirituba e Curitiba na Região Metropolitana de Curitiba, pela

relevância ao tema proposto.

2.2 CLASSIFICAÇÃO, PROCEDIMENTOS E CONDIÇÕES GERAIS DA PESQUISA

(GODOY & SILVA, 2006), defendem que uma pesquisa social pode ser

qualitativa ou quantitativa. Os primeiros trazem uma mistura de procedimentos de

cunho racional e intuitivo, capazes de contribuírem para uma melhor compreensão

dos fenômenos. O segundo trabalha com estatísticas e regras. Eles diferem-se

quanto a forma e a ênfase, porém se complementam.

A presente pesquisa, pode ser classificada, de acordo com sua natureza,

como qualitativa, pois procura de forma detalhada a compreensão do tema proposto

por meio dos resultados das percepções levantados pelos empresários de

comunicação de Curitiba e sua Região Metropolitana, bem como da forma como as

variáveis situacionais interferem na tomada de decisão dos mesmos. Nesse tipo de

processo, nem tudo pode ser quantificado.

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(GODOY & SILVA, 2006), sugere que neste cenário, não se buscam

regularidades mas a compreensão dos atos dos agentes envolvidos. “Ao ocupar-se

das formas simbólicas, a visão qualitativa passa a interessar-se não pela sua

gramática ou estrutura interna, mas pelo seu caráter comunicativo de mediador e

formador das experiências e das necessidades sociais.”

(GIL, 2002) explica que é possível classificar a pesquisa em três grandes

grupos: exploratórias, descritivas e explicativas.

• As exploratórias, são:

“...investigações de pesquisa empírica cujo objetivo é a formulação de questões ou de um problema, com tripla finalidade: desenvolver hipóteses, aumentar a familiaridade do pesquisador com um ambiente, fato ou fenômeno, para realização de uma pesquisa futura mais precisa para modificar e clarificar conceitos.” (LAKATOS & MARCONI, Técnicas de Pesquisa, 2005)

• As pesquisas explicativas têm como preocupação central identificar os

fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos

fenômenos. (GIL, 2002)

• Por fim, as pesquisas descritivas, por sua vez, têm como objetivo

principal, a descrição das características de determinada população ou

fenômeno e são, juntamente com as exploratórias, as que

habitualmente realizam os pesquisadores sociais preocupados com a

atuação prática. (GIL, 2002)

Segundo essa orientação, a pesquisa em questão, classifica-se quanto aos

objetivos como exploratória, pois tem por finalidade, estudar as percepções de um

grupo de empresários de Curitiba e região sobre a ação dos impostos em suas

organizações, e como estes impostos fomentariam decisões de caráter estratégico

como sonegação, elisão fiscal e até mesmo mudança de área geográfica de

atuação.

Para (LAKATOS & MARCONI, 2005), pesquisas exploratórias tem como

principal finalidade esta abordagem. Eles descrevem: “Estudos exploratórios são investigações de pesquisa empírica cujo objetivo é a formulação de questões ou de um problema, com tripla finalidade: desenvolver hipóteses, aumentar a familiaridade do pesquisador com um ambiente, fato ou fenômeno, para realização de uma pesquisa futura mais precisa para modificar e clarificar conceitos.”

Do ponto de vista técnico, Gil (2002) classifica uma pesquisa como:

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bibliográfica, documental, experimental, levantamentos, ex-post facto, além de

pesquisa ação, pesquisa participante e estudo de caso.

Para (GODOY A. S., 1995), o estudo de caso analisa profundamente um

objeto, pois, visa o exame detalhado de um ambiente, sujeito ou situação particular.

O seu objetivo principal é analisar intimamente uma ou mais unidades sociais. Para

isso, o pesquisador pode, para descrever determinado fenômeno, optar pelo estudo

de situações típicas ou até mesmo não-usuais.

O estudo de caso tem se tornado estratégia preferida para responder o “como

e “por quê” da ocorrência de certos fenômenos. Principalmente quando há pouca

possibilidade de controle sobre eventos estudados e quando o foco de interesse são

fenômenos atuais, que só poderão ser analisados dentro de um contexto de vida

real.

Godoy, explica ainda que, o estudo de caso, adota um enfoque exploratório e

descritivo e o pesquisador geralmente utiliza uma variedade de dados coletados em

diferentes momentos e possui como técnica a observação e a entrevista. Em geral

seus relatórios são em estilo mais informal, narrativo e ilustrado, com fotos

desenhos, colagens ou qualquer outra forma que facilite na transmissão do caso.

Quando envolve dois ou mais sujeitos, duas ou mais instituições, podemos

falar em casos múltiplos. E é utilizado para descrever mais de um sujeito,

organização ou evento.

O papel do pesquisador, quando coleta os dados, deve ser claro para os

entrevistados e não deve ser confundido com elementos que inspecionam, avaliam

ou supervisionam as atividades. Ele deve ser neutro e esta posição deve ser nítida

para ambos, para não haver distorções dos números obtidos. Esses elementos

devem ser levantados no local onde esses eventos ocorrem naturalmente, incluindo

entrevistas, observações, análise de documentos e se necessário, medidas

estatísticas.

Godoy, mostra que as entrevistas, em geral possui um aspecto mais informal,

mas em situações específicas, possui um caráter formal. Devem ser gravadas ou

anotadas e a análise deve ser realizada durante os vários estágios da pesquisa,

para facilitar o entendimento da mesma.

Dentro deste parâmetro, esta pesquisa caracteriza-se como estudo de caso

múltiplo, pois, levanta em um pequeno grupo de empresas a ação real de variáveis

situacionais determinadas pela imposição de tributos a elas.

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2.3 LIMITAÇÃO DA PESQUISA

Uma vez que o universo de empresas que contribuem com o Imposto Sobre

Serviço é praticamente infinito, a utilização de uma delimitação ao município de

Curitiba e sua região, deve-se a conveniência e facilidade de levantamento de dados

pela aproximação geográfica do entrevistador. O objeto de estudo, empresas de

comunicação e áreas correlatas, foi escolhido por motivos relevantes, como:

• Uma migração maior deste tipo de atividade de espaços físicos para

espaços digitais;

• Distorções em relação a ocupação geográfica da região metropolitana

por este tipo de organização;

• À área de comunicação é imposta a maior alíquota de ISS possível por

lei;

• Um conhecimento profundo da área de comunicação pelo

entrevistador, visto que atua nesta há mais de 20 anos, conhecendo a

maior parte dos empresários da Grande Curitiba.

Dando um foco mais apropriado para esta pesquisa, um dos requisitos para

trabalhos acadêmicos, este se restringirá aos objetivos geral e específicos desta

pesquisa.

2.4 COLETA DE DADOS

As fontes para coletas dos dados, foram baseadas nas seguintes referencias. Os

questionários de pesquisa (conforme modelo em anexo), entrevistas de

profundidade, jornais e revistas da área, sites como IBGE e IPPUC, publicações de

autores renomados, artigos, teses e dissertações.

As entrevistas de profundidade, realizadas com 4 empresários abordaram a

delimitação do objetivo desta pesquisa com um caráter mais informal, levantando

percepções e sentimentos do grupo com relação ao tema. Estas pesquisas

formataram um modelo de questionário de pesquisa que foi previamente testado e

proposto na sequência a um número maior de pessoas.

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Os questionários de pesquisa forma aplicados a 43 empresários de

comunicação de toda Região Metropolitana de Curitiba. Estes empresários foram

escolhidos por conveniência, pois são pessoas do círculo de relacionamento do

pesquisador e optaram por responder os questionários com a presença do mesmo.

Com base nesses dados, pode-se levantar um grupo de indicadores que

puderam facilitar o entendimento da possível causa e solução dos objetivos desta

pesquisa.

2.5 SÍNTESE DA METODOLOGIA TABELA 1 – SÍNTESE DA METODOLOGIA

CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ORGANIZAÇÃO DA PESQUISA

METODOLOGIA E TIPO DA PESQUISA

QUALITATIVA EXPLORATÓRIO

OBJETO EMPÍRICO

EMPRESAS DE COMUNICAÇÃO DE CURITIBA E REGIÃO METROPOLITANA

MÉTODO ESTUDO DE CASO MÚLTIPLO

QUANTIDADE DE CASOS

2 casos, no caso da RMC são realizadas 43 entrevistas

FONTE PARA COLETA DE DADOS

PESQUISA BIBLIOGRÁFICA E DOCUMENTAL, ENTREVISTAS E APLICAÇÃO DE QUESTIONÁRIOS DE PESQUISA

UNIDADE DE ANÁLISE

ATORES SOCIAIS

ANÁLISE DE DADOS

ANÁLISE DOCUMENTAL E DE CONTEÚDO

CRITÉRIO DA SELEÇÃO DA AMOSTRA

POR CONVENIÊNCIA

PERSPECTIVA TEMPORAL

CORTE TRANSVERSAL E LONGITUDINAL

ENFOQUE DA OBSERVAÇÃO

ATUAÇÃO DA ALIQUOTA DE IMPOSTO NAS ORGANIZAÇÃO E SUA INFLUÊNCIA NA TOMADA DE DECISÃO ESTRATÉGICA EMPRESARIAL.

FONTE: O AUTOR, ADAPTADO DE (CARON & CUNHA, 2008)

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3. BASES TEÓRICAS

Neste capítulo se apresenta a revisão bibliográfica sobre os principais temas

abordados neste estudo, estabelecendo os alicerces para as discussões

necessárias com a realidade empírica detectada na pesquisa.

3.1 BREVE HISTÓRICO DO IMPOSTO

A fricção ou antagonismo entre as esferas públicas e privadas foi intensificada desde início pelo fato de que... o Estado vive da renda produzida pela esfera privada para propósitos privados e que tiveram de ser desviados destes propósitos pela força política. (SCHUMPETER, Joseph A; P. 198)

Para Schumpeter, renomado pensador liberal, a existência de um Estado está

fadada aos propósitos privados para existir, ou seja, sem participação e

financiamento de sua população, o estado não existe, pois o estado em si não gera

recursos, simplesmente os administra. O Estado não é fim em si mesmo e tem por

principal finalidade promover a realização das expectativas humanas em busca da

finalidade comum, ou seja, da realização do bem comum. (DEL VECCHIO, 1957).

Por esse motivo, defende (KEYNES, 1992) que o mais importante para o governo

não é fazer o que os indivíduos estão fazendo, mas fazer aquelas coisas que deixam

de ser feitas. Esta ideia Keynesiana reforça a participação dos estado como gerador

de bem estar social aonde os cidadão não possuem recurso para tal e também

como propulsor econômico e patrocinador de estruturas necessárias ao

desenvolvimento. Deste modo, torna-se o a iniciativa privada fomentadora do Estado

na sua perspectiva de melhorar a vida de seus cidadãos, assim, este “repasse” de

recursos é realizada por meio de impostos e taxas.

Nesse contexto, outro ponto a ser discutido é o crescimento das despesas

públicas, a medida que um país e seu setor privado desenvolve-se. A chamada “Lei

de Wagner1 cita que "(...) à medida em que cresce o nível de renda em países

industrializados, o setor público cresce sempre a taxas mais elevadas, de tal forma

que a participação relativa do governo na economia cresce com o próprio ritmo de

crescimento econômico do país." (BIRD, 1970, p. 70). Esta relação faz com que o

                                                                                                               1  Adolph Wagner, estudou o comportamento das despesas públicas e formulou a denominada “Lei de Wagner  

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estado, cada vez mais, retire do setor privado uma quantidade maior de recursos

para sustentar-se, gerando muitas vezes, um pesado fardo para o setor produtivo

agir e existir.

Embora esse tema pareça bastante atual, o imposto é presente na vida das

sociedades desde muito tempo atrás. Os Sumérios há seis mil anos atrás, já

descreviam em suas escritas cuneiformes o pagamento de impostos, pois

destinavam parte da produção agrícola de seus alimentos ao governo e, além disso,

trabalhavam cerca de cinco meses no ano para o rei, com serviços variados como

limpeza dos canais da cidade e até mesmo servindo ao exército. (POWELSON,

1989). Desde o Egito antigo, segundo (ADAMS, 1993, p. 407), o Faraó dava poderes

a seus escribas para cobrarem impostos dos camponeses e muitas vezes a forma

de cobrança era violenta e cruel, da mesma forma, “Roma” retirava de seus

territórios conquistados grandes quantias de riquezas para sustentar-se, gerando a

revolta de seus invadidos pela forma constrangedora e opressora de cobrança. A

forma de cobrança de “Roma” a seus dominados foi tão efusiva que, no ano 100

a.C., já era considerada o maior império terrestre, chegando ao ponto de suspender

a cobrança de tributos dos seus cidadãos. Com a expansão do império, um novo

modelo de negócio formou-se no sistema tributário romano, eles terceirizaram a

cobrança dos impostos vendendo os direitos de cobrança aos publicanos2 que por

sua vez, acresciam suas comissões a cobrança. Por incrível que pareça, calcula-se

que menos de 10% do PIB romano era cobrado em impostos, ou seja, o fardo

imposto aos seus dominados era relativamente pequeno, isso porque seus gastos

eram limitados a poucas ações, como sustentar o exército e melhorar a

infraestrutura da cidade. Isso demonstra uma das características dos impostos, o

valor recebido deve ser calculado em função do gasto governamental e não da

percepção do que é justo tirar de cada cidadão.

Historicamente, a Bíblia é cheia de relatos de pagamento de impostos, em I

Reis 12:3-4, o povo de Israel pede ao rei Roboão, filho do rei Davi, que lhes

reduzissem os jugos impostos por seu pai: “3 E mandaram chamá-lo. Então ele e

toda a assembleia de Israel foram ao encontro de Roboão e disseram: 4 Teu pai

colocou sobre nós um jugo pesado, mas agora diminui o trabalho árduo e este jugo

                                                                                                               2  Publicano é o nome dado aos coletores de impostos nas províncias do Império Romano. São divididos em gerais (responsáveis pela renda do império, frente ao Imperador) e delegados. (representante dos publicanos gerais em cada provincia). (BUCKLAND, 1981)  

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pesado, e nós te serviremos.” (BÍBLIA, 2001) Aliás o povo judeu sempre resistiu ao

pagamento de impostos e os publicanos eram igualados às prostitutas e aos

pecadores, como descreve Marcos 2:13-16, Mateus 9:9-12 e Lucas 5:27-30.

Outro relato histórico interessante, deu-se através da expansão do Islamismo,

no início do século VII, por entre os cristãos (Povo do Livro), não pelos ideais de

Maomé, mas pela isenção de impostos que os “convertidos” ao Alcorão gozavam no

meio do crescente império Árabe pelo oriente. (GARRATY & GAY, 1981)

Na Idade Média, na Inglaterra, os impostos eram cobrados pelos Senhores

Feudais para defender as terras de invasões inimigas, mas o uso de exércitos

profissionais foi instituído pela realeza e, assim, o dever de proteger as terras

inglesas foi transferido para o estado, que assim procurou cobrar impostos para

sustentá-lo. (ADAMS, 1993)

Para Adams, os impostos se multiplicaram a partir do conceito de nação,

surgindo assim as teorias econômicas e novas formas de arrecadação. Com o

crescente comércio entre nações as mercadorias teriam que ser taxadas, pois o

vínculo das tarifas sobre cidadãos ou produção não mais serviam em mercadorias

vindas de outros lugares, para isso, criou-se o imposto sobre mercadorias,

importação e exportação. Após a Revolução Industrial e o Iluminismo, um filósofo

chamado François Quesnay divulgou suas ideias de liberdade econômica dos

indivíduos, até na cobrança de impostos. Estes ideais inspiraram Adam Smith e o

seu liberalismo, posto em seu livro “A Riqueza das Nações”. Para ele a sociedade

deveria operar livremente, com a mínima intervenção do estado.

Estes acontecimentos respingaram nas colônias inglesas. Em meados de

1770, a Inglaterra havia taxado a sua colônia em vários itens como açúcar, selo (que

acompanhavam todos os documentos oficiais) e alojamentos (que obrigavam aos

americanos o pagamento dos alojamentos das tropas inglesas). Além destes, a lei

do Chá obrigava a compra do produto diretamente da Companhia das Índias

Orientais, evitando-se assim os intermediários na colônia, o que gerou revolta entre

os cidadãos americanos. O estopim deste episódio foi a “festa do chá”, na qual a

carga de chá de um navio inglês foi jogado diretamente ao mar desencadeando

retaliações da coroa em forma de impostos, as chamadas “leis Intoleráveis” pelos

americanos. Estes acontecimentos precipitaram a declaração de independência

americana. (ABRIL, 1995)

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No Brasil, a coroa portuguesa sempre explorou os recursos naturais a

extração mineral e vegetal e a cobrança de impostos. Eles foram fomentadores de

Portugal por muitos anos e a diminuição destes recursos era rapidamente corrigida

através de normas impositivas. Uma das mais conhecidas deve-se a extração de

ouro. Portugal exigia a quinta parte (20%) de cada quantidade de ouro extraída em

nossas cidades mineradoras. Com a diminuição de arrecadação e a preocupação

com a sonegação, o rei de Portugal em 1750, fez que se retirasse o quinto

diretamente das casas de fundição. Este ouro era levado a Portugal em navios

chamados “Naus dos Quintos”, que saíam em direção a colônia, que até então era

terra de banidos da coroa. Este termo tornou-se conhecido em Portugal, que

mandavam os desafetos para o “quinto dos infernos”. (MOIOLI, 2004)

O Quinto desencadeou a “inconfidência Mineira” que foi o ponto de partida

para a independência nacional.

O desafeto do povo pelo imposto, não foi privilégio da inconfidência mineira,

outras grandes revoltas nacionais tinham como baseamento o alto imposto cobrado

pelos governantes, como foi o caso da Revolução Farroupilha, federalista, entre

outras. (Bueno, 2003)

3.2 O BRASILEIRO PAGA MUITO IMPOSTO

Para (Almeida, 2010), a população brasileira de todas as classes sociais e

níveis de escolaridade, sabem que pagam muitos impostos e gostariam que fossem

mais baixos, para aumentarem seu poder de compra.

Almeida cita que em pesquisa realizada em março de 2009, que o brasileiro

consumiria mais se a carga tributária fosse menor no país, ou seja, além do

descontentamento da população com relação aos impostos cobrados, ela estaria

disposta a aumentar seu consumo com o residual dessa redução de alíquota. Em

questionário de pesquisa quantitativa, o autor perguntou aos seus entrevistados: “Se

não tivesse que pagar impostos ou se os impostos fossem mais baixos, você

aumentaria o consumo de ...?”

O resultado mostra com clareza a intenção da população em realocar seus

ganhos em outras modalidades de produtos ou serviços se houvesse a eventual

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redução de impostos, esta intenção é demonstrada na tabela abaixo.

TABELA 2 - REALOCAÇÃO DE RECURSOS ADVINDOS DA ECONOMIA EM REDUÇÃO DE IMPOSTOS – 2010

% SIM NÃO NS/NR

Alimentos 81 17 2

Produtos de Saúde 70 27 2

Higiene 68 29 3

Vestuário 68 29 3

Habitação 59 38 3

Serviços Pessoais 53 45 3

Telefonia 50 48 3

Energia 44 53 3

Combustível 40 56 4

Serviços Bancários 37 60 3 FONTE: (Almeida, 2010)

Almeida defende em outro ponto de seu questionário, que a redução dos

impostos, mesmo gerando menos contrapartida governamental, é preferida entre a

população brasileira, ou seja, a população prefere contar com mais dinheiro no bolso

e pagar pelos serviços que realmente usar. O Brasil lida diariamente em maior

quantidade com três serviços públicos: saúde, educação e segurança pública e os

maiores gastos da união são baseados nesses três serviços, então o

questionamento do entrevistado, baseado nessas premissas, foi “É melhor menos

impostos, mais dinheiro no bolso e a chance de que os filhos estudem em uma

escola particular? O resultado final contou com os seguintes números:

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GRÁFICO 1 - PREFERÊNCIA DA POPULAÇÃO BRASILEIRA ENTRE PAGAR OU NÃO IMPOSTOS E SUA CONTRAPARTIDA GOVERNAMENTAL - 2010

 FONTE: (Almeida, 2010)

Esta relação fica ainda mais destoante quando a pesquisa é tabulada apenas

para moradores da região norte e centro-oeste do país:

GRÁFICO 2 - PREFERÊNCIA DA POPULAÇÃO DO NORTE E CENTRO-OESTE BRASILEIRO ENTRE PAGAR OU NÃO IMPOSTOS E SUA CONTRAPARTIDA GOVERNAMENTAL - 2010

FONTE: (Almeida, 2010)

15%  

32%  53%  

Não sabe, Não respondeu

O governo cobra mais impostos, a renda da sua família fica a mesma que é hoje e os seus filhos estudam em uma escola pública.

O governo cobra menos impostos, a renda da sua família aumenta em 100 reais e com esse dinheiro os seus filhos passam a estudar em uma escola particular

6%  

32%  

62%  

Não sabe, Não respondeu

O governo cobra mais impostos, a renda da sua família fica a mesma que é hoje e os seus filhos estudam em uma escola pública. O governo cobra menos impostos, a renda da sua família aumenta em 100 reais e com esse dinheiro os seus filhos passam a estudar em uma escola particular

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Essa tendência de valores vai se sucedendo em relação aos outros serviços

básicos estatais, ou seja, prefere-se mais dinheiro na mão para pagar um plano de

saúde em detrimento a manter o imposto nos mesmos níveis e “ganhar” o benefício

da união e assim sucessivamente.

O descontentamento da população com os impostos cobrados é tão

eloquente, que mesmo medidas que parecem passar despercebidas da grande

massa, são notadas de forma expressiva. Em maio de 2009 a redução de IPI para

produtos como automóveis, geladeiras, fogões, maquinas de lavar e tanquinho foi

adotada para fomentar a indústria em tempos difíceis, como veremos a seguir. Para

(Almeida, 2010), 80% dos brasileiros perceberam e entenderam a medida como uma

redução da fatia do governo sobre o produto que eles compram. A pesquisa ainda

complementa este dado com a pergunta “O que o governo deveria fazer daqui a três

meses?” em relação à revisão da medida de redução de IPI. O resultado mostrou

claramente a ledice populacional com a medida tomada, pois apresenta a intenção

de continuidade e ampliação da mesma, assim pode-se verificar.

 GRÁFICO 3 - REVISÃO DA MEDIDA DE REDUÇÃO DE IPI.

 

FONTE: (Almeida, 2010)

32%  

63%  

2%  3%  

Manter a redução de impostos que já foi feita para esses produtos

Reduzir mais os impostos destes produtos

Voltar o que era antes, aumentando os impostos para o governo ter mais recursos para os programas sociais Não sabe / Não respondeu

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3.3 A CARGA TRIBUTÁRIA BRASILEIRA

Como á possível perceber, os tributos estão distribuídos integralmente entre

as áreas de atuação da sociedade, dos remédios aos médicos, do papel ao livro, do

salário às compras. Ou seja, a população repassa uma grande parte de seus

esforços para o governo, que possui um dos maiores “apetites” mundiais para captar

dinheiro da população nacional. Este apetite é dividido em todas as esferas

governamentais, mas em conjunto somam mais de 35% do PIB brasileiro (AMARAL,

ONELIKE, AMARAL, & STEINBRUCH, 2011), ou seja, mais de um terço de tudo que

é produzido e ganho pelos cidadãos, destina-se ao governo. Fazendo um paralelo

com os dias do ano, os brasileiros receberiam os dividendos de seu trabalho em

meados de abril. Até então, trabalhariam para pagar tributos.

Baseado nos conceitos constitucionais e do Código Tributário Nacional, os

principais tributos e impostos vigentes no país são:

 TABELA 3 - PRINCIPAIS TRIBUTOS E IMPOSTOS DO BRASIL E SUA ARRECADAÇÃO - 2011  

TRIBUTO/IMPOSTO LEGISLAÇÃO (Quando genérica)

Adicional de Frete para Renovação da

Marinha Mercante – AFRMM

Lei 10.893/2004

Contribuição á Direção de Portos e Costas

(DPC)

Lei 5.461/1968

Contribuição ao Fundo Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico - FNDCT

Lei 10.168/2000

Contribuição ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE),

também chamado "Salário Educação

Decreto 6.003/2006

Contribuição ao Funrural Lei complementar Nº 11 - de 25 de maio de 1971

- DOU de 26/05/1971

Contribuição ao Instituto Nacional de

Colonização e Reforma Agrária (INCRA)

Lei 2.613/1955

Contribuição ao Seguro Acidente de

Trabalho (SAT)

Lei 8.212/1991

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Contribuição ao Serviço Brasileiro de Apoio a Pequena Empresa (Sebrae)

Lei 8.029/1990

Contribuição ao Serviço Nacional de

Aprendizado Comercial (SENAC)

Decreto-Lei 8.621/1946

Contribuição ao Serviço Nacional de

Aprendizado dos Transportes (SENAT)

Lei 8.706/1993

Contribuição ao Serviço Nacional de

Aprendizado Industrial (SENAI)

Lei 4.048/1942

Contribuição ao Serviço Nacional de

Aprendizado Rural (SENAR)

Lei 8.315/1991

Contribuição ao Serviço Social da Indústria

(SESI)

Lei 9.403/1946

Contribuição ao Serviço Social do Comércio

(SESC)

Lei 9.853/1946

Contribuição ao Serviço Social do

Cooperativismo (SESCOOP)

art. 9, I, da MP 1.715-2/1998

Contribuição ao Serviço Social dos

Transportes (SEST)

Lei 8.706/1993

Contribuição Confederativa Laboral (dos

empregados)

Art. 8, inciso IV, da Constituição Federal

Contribuição Confederativa Patronal (das empresas)

Art. 8, inciso IV, da Constituição Federal

Contribuição de Intervenção do Domínio

Econômico – CIDE Combustíveis

Lei 10.336/2001

Contribuição de Intervenção do Domínio

Econômico – CIDE Remessas Exterior

Lei 10.168/2000

Contribuição para a Assistência Social e

Educacional aos Atletas Profissionais - FAAP

Decreto 6.297/2007

Contribuição para Custeio do Serviço de

Iluminação

Emenda Constitucional 39/2002

Contribuição para o Desenvolvimento da

Indústria Cinematográfica Nacional –

CONDECINE

art. 32 da Medida Provisória 2228-1/2001 e Lei

10.454/2002

Contribuição para o Fomento da

Radiodifusão Pública

art. 32 da Lei 11.652/2008

Contribuição Sindical Laboral Artigo 578 da CLT

Contribuição Sindical Patronal Artigo 578 da CLT

Contribuição Social Adicional para

Reposição das Perdas Inflacionárias do

Lei Complementar 110/2001

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35

FGTS

Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS)

Lei Complementar 70/1991

Contribuição Social sobre o Lucro Líquido

(CSLL)

Lei nº 7.689/1988

Contribuições aos Órgãos de Fiscalização

Profissional (OAB, CRC, CREA, CRECI,

CORE, etc.)

Art. 149, da CF/88

Contribuições de Melhoria: asfalto,

calçamento, esgoto, rede de água, rede de

esgoto, etc.

Fundo Aeroviário (FAER) Decreto Lei 1.305/1974

Fundo de Combate à Pobreza Art. 82 da EC 31/2000

Fundo de Fiscalização das

Telecomunicações (FISTEL)

Lei 5.070/1966 com novas disposições da Lei

9.472/1997

Fundo de Garantia por Tempo de Serviço

(FGTS)

Lei 8.036/1990

Fundo de Universalização dos Serviços de

Telecomunicações (FUST)

Art. 6 da Lei 9.998/2000

Fundo Especial de Desenvolvimento e

Aperfeiçoamento das Atividades de Fiscalização (Fundaf)

Art.6 do Decreto-Lei 1.437/1975 e art. 10 da IN

SRF 180/2002

Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico

das Telecomunicações (Funttel)

Lei 10.052/2000

Imposto s/ Circulação de Mercadorias e

Serviços (ICMS)

Lei Complementar 87/1996

Imposto sobre a Exportação (IE) Decreto-lei nº. 1.578/77

Imposto sobre a Importação (II) Art.153, I, da Constituição Federal

Imposto sobre a Propriedade de Veículos

Automotores (IPVA)

Imposto sobre a Propriedade Predial e

Territorial Urbana (IPTU)

Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural

(ITR)

Lei 9.393/1996

Imposto sobre a Renda e Proventos de

Qualquer Natureza (IR - pessoa física e

jurídica)

Decreto nº 3.000/1999

Imposto sobre Operações de Crédito (IOF) Art.153, V, da Constituição Federal

Imposto sobre Serviços de Qualquer

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36

Natureza (ISS)

Imposto sobre Transmissão Bens Inter-Vivos (ITBI)

Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e

Doação (ITCMD)

INSS Autônomos e Empresários Art. 17 da Lei 8029/90

INSS Empregados Art. 17 da Lei 8029/90

INSS Patronal Art. 17 da Lei 8029/90

IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) Decreto 7212 de 15/06/2010

Programa de Integração Social (PIS) e Programa de Formação do Patrimônio do

Servidor Público (PASEP)

Lei Complementar 07/70 e Lei Complementar

08/70

Taxa de Autorização do Trabalho

Estrangeiro

Ordem de Serviço/GM/CGIG/ Nº 03/07

Taxa de Avaliação in loco das Instituições de

Educação e Cursos de Graduação

Lei 10.870/2004

Taxa de Avaliação da Conformidade Lei 12.545/2011 - art. 13

Taxa de Classificação, Inspeção e

Fiscalização de produtos animais e vegetais

ou de consumo nas atividades agropecuárias

Decreto-Lei 1.899/1981

Taxa de Coleta de Lixo

Taxa de Combate a Incêndios

Taxa de Conservação e Limpeza Pública

Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental Lei 10.165/2000

Taxa de Controle e Fiscalização de Produtos

Químicos

Lei 10.357/2001, art. 16

Taxa de Emissão de Documentos (níveis

municipais, estaduais e federais)

Taxa de Fiscalização da Aviação Civil - TFAC Lei 11.292/2006

Taxa de Fiscalização da Agência Nacional de

Águas – ANA

Art. 13 e 14 da MP 437/2008

Taxa de Fiscalização CVM (Comissão de

Valores Mobiliários)

Lei 7.940/1989

Taxa de Fiscalização de Sorteios, Brindes ou

Concursos

Art. 50 da MP 2.158-35/2001

Taxa de Fiscalização de Vigilância Sanitária Lei 9.782/1999, art. 23

Taxa de Fiscalização dos Produtos Controlados pelo Exército Brasileiro - TFPC

Lei 10.834/2003

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37

FONTE: (PORTAL-TRIBUTÁRIO, 2011)

Esta infinidade de tributos, arrecada anualmente aos cofres públicos, valores

que superam R$ 1,2 trilhões de reais3, ou seja, cada brasileiro pagou aos cofres

públicos em média R$ 6.600,00 em impostos e taxas. O brasileiro já nasce pagando

diariamente R$ 18,00 em impostos e evidentemente não enxerga os retornos sociais

que deveriam ser a contrapartida deste tipo de cobrança. A tabela que segue

apresenta os 18 mais significativos tributos, com a estimativa de receita de cada

                                                                                                               3  Dados de 2010.  

Taxa de Fiscalização dos Mercados de Seguro e Resseguro, de Capitalização e de

Previdência Complementar Aberta

Art. 48 a 59 da Lei 12.249/2010

Taxa de Licenciamento Anual de Veículo Art. 130 da Lei 9.503/1997

Taxa de Licenciamento, Controle e

Fiscalização de Materiais Nucleares e

Radioativos e suas instalações

Lei 9.765/1998

Taxa de Licenciamento para Funcionamento

e Alvará Municipal

Taxa de Pesquisa Mineral DNPM Portaria Ministerial 503/1999

Taxa de Serviços Administrativos – TSA –

Zona Franca de Manaus

Lei 9.960/2000

Taxa de Serviços Metrológicos Art. 11 da Lei 9.933/1999

Taxas ao Conselho Nacional de Petróleo

(CNP)

Taxa de Outorga e Fiscalização Art. 11, inciso I, e artigos 12 e 13, da Lei

9.427/1996

Taxa de Outorga - Rádios Comunitárias Art. 24 da Lei 9.612/1998 e nos art. 7 e 42 do

Decreto 2.615/1998

Taxa de Outorga - Serviços de Transportes

Terrestres e Aquaviários

Art. 77, incisos II e III, a art. 97, IV, da Lei

10.233/2001

Taxas de Saúde Suplementar Lei 9.961/2000, art. 18

Taxa de Utilização do SISCOMEX Art. 13 da IN 680/2006

Taxa de Utilização do MERCANTE Decreto 5.324/2004

Taxas do Registro do Comércio (Juntas

Comerciais)

Taxas Processuais do Conselho

Administrativo de Defesa Econômica - CADE

art. 23 da Lei 12.529/2011

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38

uma das fontes de arrecadação (RIZZO, 2011):

 TABELA 4 - ESTIMATIVA DE RECEITA DOS PRINCIPAIS TRIBUTOS – BASE 2010  

TRIBUTO (Base 2010) R$

CIDE – Combustíveis 7.102.000.000,00

COFINS – Contribuição Seguridade Social 124.273.000.000,00

CPMF – Contribuição Sobre Movimentação Financeira 47.837.000.000,00

CSSL – Contribuição Social Sobre Lucro Líquido 49.142.000.000,00

FGTS – Fundo de Garantia Sobre Tempo de Serviço 61.481.000.000,00

FUNDAF 534.000.000,00

ICMS 236.995.000.000,00

IR – Imposto Sobre Renda 225.952.000.000,00

II – Imposto Sobre Importação 14.810.000.000,00

INSS 228.805.000.000,00

IOF – Imposto Sobre Operações Financeiras 10.377.000.000,00

IPI – Imposto Sobre produtos Industrializados 42.477.000.000,00

ITR – Imposto Territorial Rural 229.000.000,00

Outros Tributos Estaduais 99.690.000.000,00

PIS/PASEP 32.931.000.000,00

Previdências Estaduais 28.845.000.000,00

Previdências Municipais 5.507.000.000,00

Outros Tributos Municipais 53.014.000.000,00

BRASIL 1.270.000.000.000,00 FONTE: (RIZZO, 2011)

3.4 O APETITE GOVERNAMENTAL POR TRIBUTOS

Embora o número de tributos nacional seja enorme, não existe vontade

política para que isso se reverta. No que diz respeito a melhora do sistema de

faturamento governamental, os parlamentares de todas as esferas trabalham e

aprovam uma infinidade de emendas. No dia 05 de outubro de 2010, a constituição

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39

brasileira fez 22 anos e neste período, foram editadas 249.124 normas relacionadas

a tributação (AMARAL G. L., 2010), ou seja mais de 31 emendas por dia. Este

eficiente trabalho parlamentar, não resume-se ao congresso, mas a todas as casas

legislativas nacionais, como pode-se verificar:

TABELA 5 - NORMAS EDITADAS DIARIAMENTE PARA FINS DE TRIBUTAÇÃO - 2010

 

QUANTIDADE DE NORMAS EDITADAS POR DIA ESFERA GERAIS TRIBUTÁRIAS Federal 19 4 Estadual 136 10 Municipal 362 17

517 31 FONTE: (AMARAL G. L., 2010)

Este dado mostra claramente como o estado trabalha para arrecadar cada

vez mais de sua população uma quantidade enorme de dinheiro, para alimentar sua

ineficiência, pois, embora o volume de tributos seja bastante grande, isso não se

reverte em bem estar social para os nossos compatriotas. Para (OLENIKE,

AMARAL, AMARAL, & STEINBRUCH, 2012), entre os 30 países com maior carga

tributária no mundo, o Brasil é o que possui o pior retorno dos valores arrecadados

em prol da sociedade, ficando atrás inclusive de países da América Latina como

Argentina e Uruguai.

Para defender este dado, OLENIKE, et al., criaram um índice de

nomenclatura IRBES (Índice de Retorno de Bem Estar à Sociedade), que é

resultado da somatória da carga tributária, ponderada percentualmente pela

importância deste parâmetro, com o IDH4, ponderado da mesma forma.

O resultado final deste estudo, mostra esta discrepância, como podemos

verificar na tabela:

                                                                                                               4  O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é uma medida comparativa de riqueza, alfabetização, educação, esperança de vida, natalidade e outros fatores para os diversos países do mundo. É uma maneira padronizada de avaliação e medida do bem-estar de uma população, especialmente bem-estar infantil. O índice foi desenvolvido em 1990 pelo economista paquistanês Mahbubul Haq, e vem sendo usado desde 1993 pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - PNUD, em seu relatório anual.  (OLENIKE, AMARAL, AMARAL, & STEINBRUCH, 2012)  

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40

TABELA 6 - QUADRO RANKING FINAL DOS 30 PAÍSES PESQUISADOS E O IRBES

DESCRIMINAÇÃO INDICE DE RETORNO AO BEM ESTAR DA SOCIEDADE

RANKING ANO 2010 ANO 2011

ÍNDICE OBTIDO

RESULTADO

30 PAÍSES DE MAIOR TRIBUTAÇÃO

C.T SOBRE O PIB

IDH IRBES RANKING

AUSTRÁLIA 25,90% 0,929 164,18 1º ESTADOS UNIDOS 24,80% 0,910 163,83 2º CORÉIA DO SUL 25,10% 0,897 162,38 3º JAPÃO 26,90% 0,901 160,65 4º IRLANDA 28,00% 0,908 159,98 5º SUIÇA 29,80% 0,903 157,49 6º CANADÁ 31,00% 0,908 156,53 7º NOVA ZELÂNDIA 31,30% 0,908 156,19 8º GRÉCIA 30,00% 0,861 153,69 9º ESLOVÁQUIA 28,40% 0,834 153,23 10º ISRAEL 32,40% 0,888 153,22 11º ESPANHA 31,70% 0,878 153,18 12º URUGUAI 27,18% 0,783 150,30 13º ALEMANHA 36,70% 0,905 149,72 14º ISLÂNDIA 36,30% 0,898 149,59 15º ARGENTINA 29,00% 0,797 149,40 16º REPÚBLICA TCHECA 34,90% 0,865 148,39 17º REINO UNIDO 36,00% 0,863 146,96 18º ESLOVÊNIA 37,70% 0,884 146,79 19º LUXEMBURGO 36,70% 0,867 146,49 20º NORUEGA 42,80% 0,943 145,94 21º ÁUSTRIA 42,00% 0,885 141,93 22º FINLÂNDIA 42,10% 0,882 141,56 23º SUÉCIA 44,08% 0,904 141,15 24º DINAMARCA 44,06% 0,895 140,41 25º FRANÇA 43,15% 0,884 140,52 26º HUNGRIA 38,25% 0,816 140,37 27º BÉLGICA 43,80% 0,886 139,94 28º ITÁLIA 43,00% 0,874 139,84 29º BRASIL 35,13% 0,718 135,83 30º CARGA TRIBUTÁRIA 2010 - PROVISIONAL - FONTE OCDE IDH 2011 - PREVISÃO- FONTE PNAD – ONU FONTE: (OLENIKE, AMARAL, AMARAL, & STEINBRUCH, 2012)     A metodologia deste estudo, para (OLENIKE, AMARAL, AMARAL, &

STEINBRUCH, 2012), é o ranking em ordem crescente do valor calculado ao IRBES

de cada país. Quanto maior o índice, melhor o retorno da carga tributária à

população.

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41

O IRBES é decorrente da somatória do valor numérico relativo à carga tributária do país, com uma ponderação de 15%, com o valor do IDH, que recebeu uma ponderação de 85%, por entendermos que o IDH elevado, independentemente da carga tributária do país, é muito mais representativo e significante do que uma carga tributária elevada, independentemente do IDH. Assim sendo, entendemos que o IDH necessariamente deve ter um peso bem maior para a composição do índice. (OLENIKE, AMARAL, AMARAL, & STEINBRUCH, 2012).

Outro ponto importante destes números de tributos e alíquotas é a evidente

diminuição da competitividade de nossos produtos em eventuais exportações pela

excessiva carga tributária que compõe o preço final deles. Este custo que foi

debatido pelo Grupo Permanente de Política Industrial – GPPI, formalizou o conceito

do Fator Brasil, depois renomeado “Custo Brasil” (CAMPOS, 2002).

3.5 A REFORMA ADMINISTRATIVA

Para (CASTOR, 1999), dentre outros fatores que fazem do país pouco

competitivo no cenário produtivo internacional, a burocracia institucionalizada em

nosso território; o chamado capitalismo à brasileira (que precisa do governo para

criar barreiras alfandegárias e tributárias, outorgar licenças de funcionamento e

alvarás, controlar fluxo de capitais e repatriação de lucros); a geoestratégia

inadequada (que em detrimento de um funcionamento mais inteligente do território

nacional, adotou modais de transportes que não condizem com seu tamanho e

recursos naturais); fazem, junto com os já tradicionais suspeitos de implementarem

o custo Brasil, uma sucessão de erros estratégicos que dificultam a expansão da

produção para o exterior. Um exemplo claro disso é o Déficit Previdenciário. O

salário de um trabalhador brasileiro agrega em seus custos diretos, alíquotas que

somadas atingem 102,6%, sendo que disso menos de 50% vão para o bolso do

trabalhador. Ou seja um trabalhador em outra parte do planeta em geral ganha mais

e o seu custo para a organização em que trabalha é menor, o que desonera os

custos de produção e implementa a economia com mais dinheiro circulando. Os

impostos assim, ao mesmo tempo em que fomentam o estado e a máquina pública,

prejudicam diretamente o aumento de produção, pois diminuem a demanda

internacional pelos produtos e serviços, fazendo do Brasil um dos países mais caros

do mundo. O custo de vida do Brasil superou em 2011 o americano, sendo o maior

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42

dos países em desenvolvimento. Este fato deve-se a taxa cambial desequilibrada e

um número enorme de impostos que adota-se aqui. (DANTAS, 2012).

Fica claro que os impostos financiam a máquina pública e que em

contrapartida este financiamento não se reverte em benefícios à população. (LEITE,

2012), cita que a falta de administração pública de recursos é evidente em várias

situações e as causas dominantes são o desperdício e ineficiência inclusive na

arrecadação e combate a informalidade.

Algum esforço para reverter esta situação apresentou-se em formato de lei. A

Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) do governo do presidente Fernando Henrique

Cardoso, estabelece normas de responsabilidade em sua gestão fiscal para as

esferas governamentais. De forma mais ampla ela restringe:

a) Limites máximos às despesas com pessoal na ordem de 50% da receita

líquida para a união e 60% de estados e municípios;

b) Proibição de refinanciamento das dívidas estaduais e municipais pela

união;

c) Proibição de “herança” de dívida de uma gestão de mandato a outro sem

respectivos valores em caixa para saldar o débito. (KHAIR, 2000)

Essa medida, juntamente com o programa de ajuste fiscal, foram

responsáveis pelo saldo dos governos estaduais que passou de negativa para

positivo. Em 1995, dos 27 estados da união, apenas 4 apresentavam resultado

positivo nas contas públicas, já em 2006 este número alcançou 22 estados.

(MATIAS-PEREIRA, 2010)

3.6 A INSTITUIÇÃO DA CORRUPÇÃO

Evidentemente uma legislação adequada e uma consequente fiscalização

eficiente reduzem os custos governamentais e podem preparar o país para um uso

mais inteligente dos recursos de seus cidadãos, mas, talvez, o maior problema

nacional possa ser, além do grande número de tributos, o desvio de recursos

públicos através da corrupção.

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43

Segundo (MATIAS-PEREIRA, 2010), os dados do TCU 5 , em 2005,

demonstram, só em obras paradas e inacabadas no país, um desperdício de 15

bilhões de reais, ou seja, o dobro que o estado investe em infraestrutura

anualmente. Isto significa pagar mais para obter menos. É dinheiro do contribuinte,

custodiado ao estado sendo desperdiçado de forma massiva e sem preocupação.

Percebe-se que este problema que abrange os níveis governamentais, reflete

nos custos organizacionais de todos os tipos de empresas. Para (OSTRONOFF,

2002) o simples uso de algum tipo de serviço públicos, como as licenças, geram

uma gama de aportes financeiros que, em detrimento de um serviço de qualidade,

financia uma máquina que supostamente gera benefícios as organizações. “Taxas”

de agilização e subornos de todo o tipo, fazem dos funcionários públicos uma nova

fonte de esgotamento financeiro às organizações. Vejamos o gráfico:

GRÁFICO 4 - CORRUPÇÃO EM IMPOSTOS E TAXAS  

 FONTE: (OSTRONOFF, 2002)

                                                                                                               5 TCU – Tribunal de Contas da União.

Já  foi  solicitada  a  pagar  propina  

48%  

Não  foi  solicitada  a  pagar  propina  

52%  

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44

A pesquisa aponta um índice alarmante. Cerca de 48% das empresas

pesquisadas pela Transparência Brasil, já foram solicitadas a pagar propinas de

alguma espécie (TRANSPARENCY INTERNACIONAL, 2011). A pesquisa aponta

também que os funcionários públicos corruptos agem em várias esferas

administrativas, como verifica-se:

GRÁFICO 5 - FREQUÊNCIA DE COBRANÇA DE PROPINA POR SERVIÇO PÚBLICO

 

FONTE: (OSTRONOFF, 2002)

  (OSTRONOFF, 2002), descreve que, além das propinas, que para algumas

organizações passam a ser contabilizadas como despesa fixa, uma grande parte

das empresas nacionais já foram compelidas a contribuir de alguma forma em

campanhas eleitorais. Cerca de 70% das empresas responderam ao questionário da

Transparência Brasil, afirmando que este tema é frequente em suas organizações

(TRANSPARENCY INTERNACIONAL, 2011).

0   1   2   3   4  

Raramente    Muito  Frequente  

Privatizações  

Impostos  e  taxas  

Comérico  exterior  

Judiciário  

Licitações  públicas  

Polícia  

Permissões  e  Liscalizações  

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45

GRÁFICO 6 - EMPRESAS ASSEDIADAS A CONTRIBUIR EM CAMPANHAS ELEITORAIS

 

FONTE: (OSTRONOFF, 2002)    

Como levantado, 100% das instituições financeiras, 100% das indústrias e

51% dos prestadores de serviços já tiveram algum tipo de dissabor com esta

questão.

Estas pontos tão delicados fazem do país um catalisador de problemas às

empresas que aqui trabalham e geram riquezas, pois em seus controles contábeis e

fiscais, precisam sempre de uma fuga dos controle habituais para financiar uma

máquina governamental que deturpa seus próprios limites. Dentro deste panorama,

o Brasil ocupa o 72º lugar em 182 países menos corruptos, atrás de países latinos

como Uruguai e Chile e até mesmo de países pobres como Botsuana na África e

Omã no Oriente médio, como apontado na figura1.

0%  

10%  

20%  

30%  

40%  

50%  

60%  

70%  

80%  

90%  

100%  

Industrias   Instituições  Linanceiras   Prestadores  de  Serviço  

100%   100%  

51%  

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46

 FIGURA 1 - ÍNDICE DE PERCEPÇÃO DA CORRUPÇÃO – 2011

 

FONTE: (TRANSPARENCY INTERNACIONAL, 2011)

3.7 REDUZINDO OS IMPOSTOS

Apesar desta trágica realidade, de impostos, taxas e má administração do

bem público nacional, o governo pode reduzir os impostos e mesmo assim conseguir

uma arrecadação pertinente com seu papel de fomentador de políticas sociais que

mantenham sua população em estados aceitáveis de desenvolvimento e condições

humanas?

A resposta pode estar em um episódio ocorrido no Brasil em 2009, a redução

do IPI6 em toda linha de automóveis, eletrodomésticos da linha branca e bens de

capital. Neste ano, o governo brasileiro, em resposta a um cenário de extrema crise

internacional, resolveu mudar a forma como cobrava este imposto e reduziu de

forma eloquente a alíquota deste. A dúvida era se essa redução faria uma rotura nas

finanças públicas federais devido à falta de aportes financeiros vindos da cobrança

do tributo. Segundo nota técnica do (IPEA, 2009) esta redução, junto com outras

políticas de desoneração de impostos como novas alíquotas de IR7 e redução das

                                                                                                               6  Imposto sobre produtos industrializados.  7  Imposto de renda.  

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alíquotas de IOF8, gerou um resultado positivo direto e indireto. O gráfico abaixo

mostra como houve uma ampliação de arrecadação perceptível com a medida de

redução de IPI nas áreas em que contemplava.

GRÁFICO 7 - ARRECADAÇÃO DOS PRINCIPAIS TRIBUTOS FEDERAIS (EXCLUSIVE IPI DE AUTOMÓVEIS), POR GRUPOS DA CADEIA AUTOMOBILÍSTICA – JANEIRO A JUNHO DE 2009

 

FONTE: (IPEA, 2009)

Os benefícios da redução de IPI não foram sentidos apenas na arrecadação

de impostos, mas também em outras esferas da cadeia econômica nacional, como o

próprio relatório do IPEA contemplou:

Mesmo com a desoneração do IPI e a recuperação das vendas de automóveis, o emprego na cadeia automobilística manteve tendência de redução ao longo do primeiro semestre de 2009. Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho e Emprego (Caged/MTE) revelam, entretanto, que houve desaceleração desse processo. Em janeiro e fevereiro, ocorreu redução de 22.688 empregos formais na cadeia automobilística; em maio e junho, a perda foi de 3.838 empregos. Contudo, é possível inferir que sem a redução das alíquotas do IPI, o desempenho do emprego na cadeia automobilística teria sido pior. (IPEA, 2009)

                                                                                                               8  Imposto sobre operações financeiras.  

Fabricação  de  automóveis   Outros  grupos   Total  

5042  

4270  

9312  

4321  

3732  

8053  

Receita  prevista  com  desoneração  de  IPI   Receita  prevista  sem  desoneração  de  IPI  

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O relatório ainda ressalta a importância do IPI reduzido para manutenção do

nível de emprego na economia, pois, além dos benefícios sociais incontestáveis,

contribui para elevar a receita previdenciária e evitar despesas com seguro-

desemprego.

Para (Almeida, 2010), o tipo de ação tomada neste episódio, ajudou, junto

com outras políticas adotadas, o país a contornar sem grandes sobressaltos os

piores momentos da crise financeira mundial de 2008-20099, agindo de forma

massiva na proteção do nosso setor produtivo e social. Aliás, este tipo de decisão

política realizada pelo estado afeta diretamente a economia e dita os caminhos

estratégicos tomados pelas organizações, função claramente governamental. Para

(DALTON, 1960):

À medida que o estado se tornou um agente econômico preponderante no atendimento das necessidades individuais e coletivas, as finanças públicas converteram-se na economia política da atualidade, considerando que a maior parcela das decisões econômicas é concebida no âmbito da política, enquanto seus efeitos ocorrem no âmbito econômico.

Mas, se a redução do IPI, nesse episódio, facilitou o fortalecimento

econômico das organizações envolvidas e, de certa forma, ampliou a arrecadação

governamental em impostos e ampliação dos contribuintes com o poder de compra e

geração de riquezas, não seria astuto manter esta política e até mesmo amplia-la?

Este tema foi mostrado em um artigo em 1978 por Jude Wanniski intitulado,

“impostos e rendimentos na Curva de Laffer. ” (LAFFER, 2004)

A ideia básica atrás da relação entre alíquotas de imposto e seus rendimentos

é que as mudanças nas alíquotas dos impostos têm dois tipos de efeitos: o efeito

aritmético e o efeito econômico.

• O efeito aritmético sugere que se as alíquotas de imposto são

abaixadas, os rendimentos de imposto serão abaixados pela

diminuição na taxa. O reverso é verdadeiro para um aumento das

                                                                                                               9 A crise econômica de 2008, também chamada de Grande Recessão, é um desdobramento da crise financeira internacional precipitada pela falência do tradicional banco de investimento estadunidense Lehman Brothers, fundado em 1850. Em efeito dominó, outras grandes instituições financeiras quebraram, no processo também conhecido como "crise dos subprimes". (WESSEL, 2010)

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taxas.

• O efeito econômico, entretanto, reconhece o impacto positivo que a

redução de imposto tem no trabalho, na saída e no emprego e desse

modo na própria base fiscal. Isso oferece incentivos para aumentar

estas atividades e gerar mais dividendos às organizações e

consequentemente ao próprio governo. Aumentar as alíquotas de

imposto tem o efeito econômico oposto, penalizando a participação nas

atividades taxadas, causando um desestímulo a produção.

A Curva de Laffer pode ser demonstrada através de um gráfico:

FIGURA 2 - A CURVA DE LAFFER

 FONTE: (WESSEL W. J., 2010)

Wessel explica a curva:

No eixo horizontal, está a alíquota do imposto sobre a renda e, no eixo vertical, está a receita dos impostos, o total de impostos coletados por ano. Sabemos que, se a alíquota do imposto for zero, o imposto coletado será zero. Também podemos dizer que, do mesmo modo, se a alíquota for 100%, não será coletada nada de impostos. Por que isso? Com uma alíquota de 100% o governo está levando embora tudo o que você ganha, então, por que trabalhar? Se ninguém trabalha, então, nenhum imposto é coletado. Assim, temos dois pontos no gráfico: nenhum imposto coletado tanto com alíquota de 0% (ponto A) como com a de 100% (ponto C). À medida que a alíquota do imposto se eleva acima de 0%, o governo começa a coletar mais dinheiro de impostos(indo de A ao ponto B).

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Mas com certa alíquota, que não precisa estar no meio dos dois pontos, elevar o imposto levará as pessoas a reduzir bastante o trabalho (e outras atividades sujeitas ao imposto) e o valor de impostos coletados começará a se reduzir. Isto é mostrado no, segmento de B a C. Com a alíquota de imposto T, a maioria dos impostos (D) é coletada. (WESSEL W. J., 2010)

A Curva de Lafer mostra que a redução de impostos é fundamental para

reduzir os dissabores que o excesso de cobrança de impostos impõe ao setor

produtivo e consequentemente à sociedade.

Podemos verificar isso se compararmos a alíquota de impostos com o

crescimento do PIB. Para (MENDES, 2007), se colocarmos as duas grandezas em

um gráfico, à medida que cresce a quantidade de impostos cobrados, diminui-se a

riqueza gerada pelo setor produtivo. Assim, termos algo parecido com uma cruz,

como observamos no gráfico abaixo:

GRÁFICO 8 - IMPOSTOS X CRESCIMENTO DO PIB

 

FONTE: (MENDES, 2007)

Assim para o Brasil voltar a crescer, a redução de impostos é uma

necessidade. Além disso, (MENDES, 2007), defende que, uma alíquota muito alta

estimula a sonegação/evasão fiscal, que inevitavelmente, transforma as atividades

produtivas tão corruptas quanto o governo que os cobra. Isso gera um desconforto

social, pois até mesmo os mais bem intencionados empresários acabam, em algum

%  

ANOS  

IMPOSTOS  

CRESCIMENTO  DO  PIB  

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momento, sonegando para poderem ser competitivos com os produtos oriundos de

outras regiões ou de nações com um “custo país” menor.

3.8 MAIS IMPOSTO, MAIS SONEGAÇÃO, MENOS ARRECADAÇÃO

(MONTEIRO, 2005), mostra como uma alíquota de ISS de apenas 5%, pode

inviabilizar uma empresa. O seu estudo, baseia-se em uma agência de comunicação

ou agência de publicidade10 na cidade de Recife. Em geral, junto com empresas de

consultoria, entre outras, as agências são taxadas com a maior alíquota que um

município pode realizar e não podem ser enquadradas no simples, conforme

resolução CGSN nº 6, de 18 de junho de 2007.

Uma agência de publicidade e propaganda, segundo (MONTEIRO, 2005),

possui como modus operandi, basicamente dois tipos de serviços.

O primeiro é a realização dos planos e matérias e na elaboração de peças e

materiais que serão utilizados nas campanhas publicitárias de seus clientes.

O segundo é a simples intermediação de fornecedores de materiais de

comunicação ou correlatos, a seus clientes. Nessa intermediação, podem

apresentar-se serviços como os de veículos de divulgação, empresas de pesquisa

de mercado, clipping11, entre outras. Por esse trabalho de aproximação, que é um

serviço prestado pela agência de publicidade, a agência cobra honorários que

variam de 5% a 15% da fatura emitida pela terceira empresa. Essas emitem suas

notas, mas não remetem diretamente a empresa compradora, encaminham-nas para

as agências para efetuarem a cobrança junto aos clientes.

As agências, em seguida, encaminham as notas fiscais emitidas pelas

empresas prestadoras de serviço (terceirizados), juntamente com suas próprias

                                                                                                               10  Agência de Propaganda é a pessoa jurídica especializada nos métodos, na arte e na técnica publicitários, que, através de profissionais a seu serviço, estuda, concebe, executa e distribui propaganda aos Veículos de Divulgação, por ordem e conta de clientes anunciantes, com o objetivo de promover a venda de mercadorias, produtos e serviços, difundir ideias ou informar o público a respeito de organizações ou instituições a que servem. (MONTEIRO, 2005)  11  Clipping é o recorte de uma notícia, informação ou comentário que interessa a alguém. Pessoas físicas e jurídicas desejam cada vez mais manter arquivo específico de notícias, segundo variados critérios e necessidades, classificadas por assunto, segmento ou outro ponto de vista, processadas e analisadas dentro de modernas ferramentas de mensuração e valoração, sejam quantitativas ou qualitativas. E contam com profissionais e empresas especializadas para executar essas tarefas. (ABEMO, 2012)  

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notas fiscais, onde são discriminados:

a) a quantia relativa ao serviço da terceirizada, que também emite

uma nota fiscal ao cliente;

b) o valor denominado honorário da agência, relativo ao percentual

acertado entre as partes.

Este é o mecanismo de emissão de notas fiscais, cobrança e faturamento

adotado pelo setor, segundo as normas da legislação especial que disciplinam as

atividades das agências de propaganda e publicidade.

Quando o cliente executa a fatura total da nota fiscal da agência, ela repassa

os valores que cabem às empresas prestadoras de serviço, ficando somente com os

honorários da agência.

A agência, por haver atuado como intermediária no recebimento do valor da

empresa terceirizada, sofrerá uma tributação extra, como explicado a seguir:

Uma Agência recebe R$ 100 mil de um Cliente, dos quais: a) Repassa R$ 90 mil para terceiros, empresas que promovem pesquisas; b) Fica efetivamente com R$ 10 mil relativos aos honorários pela preparação e intermediação dos serviços.

A agência, ao invés de recolher R$ 500,00 (quinhentos reais) como valor do ISS (5%) sobre a sua receita efetiva de R$ 10 mil, recolheria R$ 5.000,00 (cinco mil reais = 5% sobre o total que ingressou de R$ 100 mil); enquanto isto, a terceira prestadora de serviços, no caso do exemplo, encarregada das pesquisas, também recolheria 5% sobre o que auferisse através do repasse efetuado pela Agência; isto é: pagaria mais R$ 4.500,00 de ISS.

Em suma: para serviços que foram efetivamente remunerados na base de

R$ 100 mil, e sobre os quais deveria receber 5%, ou seja, R$ 5.000,00, o Município irá receber R$ 9.500,00, caracterizando-se, como pode-se chamar, inequívoco enriquecimento ilícito, bis in idem, ou bitributação (neste caso quando houver também a cumulação com incidência tributária por outro ente federativo).

Para que se tenha uma ideia desse entendimento absurdo: nesse caso, a

Agência, que, no final, recebeu honorários de R$ 10.000,00 (dez mil reais), iria pagar, apenas de ISS, 50% (cinquenta por cento) dessa receita: o valor de R$ 5.000,00. E isto fora as demais incidências tributárias diretas a que estará sujeita, como PIS-COFINS, CSSL e Imposto de Renda. (MONTEIRO, 2005)

Este mecanismo, mostra como é injusta a tributação nacional. Para se ter

uma ideia, seguindo o mesmo raciocínio, em um município em que a alíquota fosse

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de 2%, o repasse aos cofre públicos desta agência de publicidade seria de apenas

R$ 3.800,00, que apesar de continuar injusto, seria mais aceitável.

Provavelmente este tipo de descalabro, conduz o proprietário de qualquer

meio produtivo a reagir com o uso de algum tipo de elisão fiscal12 ou até mesmo

sonegação para poder sustentar-se.

3.9 A GUERRA FISCAL E A EVASÃO DE EMPRESAS

Um tipo muito comum de elisão fiscal é a evasão de organizações para

localidades com menor tributação ou mesmo incentivos governamentais. Este

movimento é conhecido como Guerra fiscal.

“(...) a guerra fiscal é um caso de uma classe geral de fenômenos que emergem quando iniciativas políticas (o uso de benefícios e iniciativas fiscais) dos governos subnacionais adquirem conotações negativas e geram efeitos econômicos perversos em decorrência do caráter insuficiente ou conjunturalmente inoperante do quadro político-institucional que regula os conflitos federativos, o qual se revela incapaz de garantir um equilíbrio mínimo entre interesses locais de forma a evitar efeitos macroeconômicos e sociais perversos.” (CAVALCANTI & PRADO, 1998)

O conceito deixa claro que por iniciativas políticas, uma esfera

governamental, em detrimento de outra, pratica algum tipo de benefício para atrair

organizações econômicas ou geradoras de benefícios fomentadores de recursos

governamentais para si. Ou seja, existe um comércio de benefícios para atrair

empresas para seus territórios, e as organizações, como visto acima, acabam sendo

atraídas para tal.

Tomando-se por base o exemplo das empresas prestadoras de comunicação,

na qual incidem, além dos impostos federais e estaduais (quando utilizado), o

imposto ISS ou ISSQN, a guerra fiscal não é diferente.

Em geral, o ISS é devido ao município em que se localiza o estabelecimento

da empresa geradora. O recolhimento somente é feito ao município no qual o

serviço foi prestado (Artigo 3º da Lei complementar 116/2003) quando os serviços

                                                                                                               12  Elisão fiscal se define como a atividade preventiva que estuda "a priori" os atos e negócios jurídicos que o agente econômico (empresa, instituição financeira, cooperativa, associação etc.) pretende realizar. Sua finalidade é de obter a maior economia fiscal possível, reduzindo a carga tributária para o valor realmente devido por lei. (SOUZA, 2005)  

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são caracterizados por sua efetivação no estabelecimento do cliente, por exemplo:

segurança, limpeza, construção civil, entre outras.

(NASCIMENTO, 2010), em artigo para a Gazeta do Povo, em Curitiba, mostra

como a guerra fiscal está presente em nível municipal, tendo como estudo de caso a

capital paranaense e sua região metropolitana.

Ele cita como a proliferação de empresas e prestadores de serviços que

transferem suas sedes fiscais da capital – onde a alíquota média do ISS é de 5% –

para municípios vizinhos que praticam o índice mínimo permitido de 2%, utilizando-

se de endereços de fachada, enquanto suas atividades permanecem sendo

executadas em Curitiba.

Um exemplo latente é a cidade de Mandirituba. Segundo a prefeitura

municipal, sua população é de 20.645 moradores, sendo dividido em 12.525

residentes na área rural e 7.398 habitantes urbanos (CENSO 2007). Se tomarmos

como exemplo as empresas de comunicação instaladas em Mandirituba, este

pequeno e pacato município da Região Metropolitana de Curitiba, possui uma das

maiores concentrações “per capta” do país no segmento.

Conforme o (IBGE, 2010), o município de Mandirituba ocupa a 73º posição no

ranking de número de empresas de comunicação com um total de 223

organizações. Isso perfaz uma média de uma empresa de comunicação para cada

33 habitantes urbanos da cidade. Uma média assustadora e que mostra que a

guerra fiscal está presente no dia a dia das tomadas de decisão das organizações.

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FONTE: (IBGE, 2010)

A propósito, a Região metropolitana de Curitiba, possui uma grande

concentração de empresas de comunicação, muitas vezes de forma anormal em

comparação ao seu PIB ou até mesmo sua população, como se pode perceber na

figura a seguir:

(NASCIMENTO, 2010), defende que:

Mandirituba é apenas um dos municípios da RMC alçados à condição de verdadeiros paraísos fiscais. Uma análise dos dados das finanças públicas das cidades do entorno de Curitiba mostra que, nos últimos 8 anos, a arrecadação de ISS desses municípios cresceu em um ritmo 2,5 vezes maior do que na capital. Entre 2002 e 2009 a receita tributária de Curitiba com serviços aumentou 121%, enquanto nos municípios vizinhos o crescimento foi de quase 300%. Um resultado disso é a forte dependência da receita do ISS em algumas cidades próximas à capital. Em Balsa Nova, por exemplo, 80% de toda a arrecadação de impostos e taxas provém do tributo cobrado sobre a prestação de serviços. Quatro Barras e Quitandinha também cobram o mínimo permitido na alíquota do ISS.

Ele anda cita que em um prédio da cidade de Mandirituba, com quinze salas,

abriga-se uma grande quantidade de empresas:

FIGURA 3 - NÚMERO DE EMPRESAS DE COMUNICAÇÃO NA MALHA MUNICIPAL DO PARANÁ

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Um prédio comercial de quatro andares e 15 salas, situado ao lado da prefeitura de Mandirituba, na região metropolitana de Curitiba (RMC), é um símbolo da guerra fiscal entre os municípios pela receita do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS). Para efeitos fiscais, o número 26 da Rua Augusto Dissenha abriga, em apenas 15 salas, um próspero centro de negócios, com mais de 200 empresas como madeireiras, agências de turismo, consultorias, escritórios de contabilidade, editoras, produtoras de vídeo, assessorias em comércio exterior e empreiteiras. Na prática, entretanto, apenas uma autoescola, um consultório de dentista e algumas outras poucas atividades comerciais funcionam normalmente no prédio, enquanto as outras salas permanecem fechadas durante o horário comercial. Essa situação é resultado da proliferação de empresas e prestadores de serviços que transferem suas sedes fiscais da capital – onde a alíquota média do ISS é de 5% – para municípios vizinhos que praticam o índice mínimo permitido de 2%, utilizando-se de endereços de fachada, enquanto suas atividades permanecem sendo executadas em Curitiba. (NASCIMENTO, 2010)

FIGURA 4 - EDIFÍCIO DE MANDIRITUBA QUE ABRIGA MAIS DE 200 EMPRESAS

 

FONTE: VALTERCI SANTOS/ GAZETA DO POVO Provavelmente a guerra fiscal desencadeia, devido ao excesso de ISS

cobrado pela capital paranaense, uma evasão de organizações para a sua região

metropolitana. Segundo dados do IBGE, cerca de 23% das empresas de

comunicação estão na região metropolitana de Curitiba, número que não condiz com

o crescimento populacional, tão pouco, com os dados do PIB de cada município

desta região paranaense.

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3.10 TENTANDO EVITAR O INEVITÁVEL

A prefeitura Municipal de Curitiba, tenta de alguma forma tornar essa prática,

menos convencional, através de medidas político-fiscais que os inibam.

Uma delas é a exigência, para prestadores de serviço de outros domicílios

fiscais, um cadastro na prefeitura da capital. (figura 5)

FIGURA 1 – CADASTRO DE PRESTADORES DE OUTROS MUNICÍPIOS

 

FONTE: PREFEITURA MUNICIPAL DE CURITIBA

Esta medida exige um mínimo de documentação para cadastrar a empresa

de outro município em Curitiba, ou seja, a medida evita, mas não acaba com a

fraude, tendo em vista que esses documentos para o cadastro são de fácil

levantamento. Em resumo, o comerciante precisa de:

• Cartão CNPJ:

- Contrato Social e alterações;

- RAIS dos dois últimos exercícios anteriores ao atual;

- Faturas de telefone dos últimos meses;

- Última fatura de energia elétrica;

• A etapa seguinte é entregar ou enviar pelo correio à Secretaria de Finanças

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cópias autenticadas dos seguintes documentos, junto com o formulário

impresso:

- RG e CPF do sócio responsável pelo pedido de inscrição;

- CNPJ;

- Instrumento de constituição;

- Lançamento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU);

- Recibo de entrega da Relação Anual de Informações Sociais (Rais);

- Contrato de locação com firma reconhecida dos signatários;

- Faturas dos últimos seis meses de pelo menos um telefone, em que

conste o endereço da pessoa jurídica;

- Última conta de energia elétrica, em que conste o endereço da pessoa

jurídica;

- Fotografias datadas do estabelecimento, das instalações internas, da

fachada e do detalhe da rua e do número;

- Comprovante de endereço atualizado do sócio responsável;

- Procuração, com firma reconhecida, acompanhada dos documentos

pessoais do procurador.

Como punição, as empresas não cadastradas, serão descontadas de 5% do

total da nota fiscal, diretamente na fonte, ou seja, o cliente desta empresa desconta

a referida porcentagem e paga uma guia de ISS na prefeitura de Curitiba com o

respectivo valor (Prefeitura Municipal de Curitiba).

Uma medida paliativa, pois a briga está apenas começando. A era digital é

uma realidade e já interfere na vida das pessoas e influencia seu comportamento e

modo de vida. O e-commerce13 irá integrar o mundo virtualmente e os produtos e

serviços não terão fronteiras (RODRIGUES, 1998) e os governos que ancoram suas

estratégias de arrecadação baseadas na tarifação de produtos ou serviços não

estão preparados para esse novo panorama.

                                                                                                               13  O e-commerce pode assim ser definido como o conjunto das transações comerciais de produtos e serviços efetuadas através da Internet ou de outros meios digitais. Portanto, trata-se de um processo equivalente ao comércio tradicional, mas utilizando diferentes meios. (HORTINHA, 2001)  

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4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS

4.1 INTRODUÇÃO

Enquanto a União arrecada em tributos quase 40% do seu PIB, os municípios

não arrecadam nem 4% do PIB municipal. De ISS, por exemplo, a arrecadação dos

municípios não chega a 2%. Em 2005, a maior arrecadação nacional de ISS foi

Goiânia (1,8% do PIB) e a menor, em Macapá (0,4%). Em São Paulo, a arrecadação

de ISS foi na média de 1,5%. (DERZI, 2007)

Esses dados fazem parte do 2º Relatório da Comissão Permanente de

Simplificação e Revisão da Legislação Tributária apresentados durante o XI

Congresso Internacional da Associação Brasileira de Direito Tributário (ABRADT).

Este baixíssimo índice de arrecadação deve-se principalmente a sonegação e

a elisão fiscal. Segundo (Amaral, Olenike, Steinbruch, & Amaral, 2009), cerca de

25% das organizações, que deveriam participar da arrecadação deste imposto

municipal, declaram sonegar. Índice somente menor que os de INSS (27,75%),

ICMS (27,14%) e o imposto de renda (26,64%). Os indícios deste tipo de crime

chegam a 65% em empresas de pequeno porte e reduzem com o aumento de porte

da organização, como na tabela abaixo:

 TABELA 7 - INDÍCIOS DE SONEGAÇÃO POR PORTE DA EMPRESA

INDÍCIOS DE SONEGAÇÃO % QUANTIDADE POR PORTE DAS EMPRESAS

PEQUENO PORTE 64,65%

MÉDIO PORTE 49,05%

GRANDE PORTE 26,78% FONTE: (Amaral, Olenike, Steinbruch, & Amaral, 2009)

Por ser um processo passível de fiscalização, as sonegações são crimes

perigosos para as organizações e ocorrem das mais diversas formas, como:

a) Venda sem nota; venda com “meia” nota; venda com “calçamento” de

nota; duplicidade de numeração de nota fiscal Além do risco da interceptação no trânsito das mercadorias, surge o problema do produto do recebimento das vendas nestas condições. Depósitos em conta

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corrente da empresa, do sócio ou pessoa ligada são facilmente detectáveis pelo fisco através da quebra legal do sigilo bancário, o que está em voga atualmente. A constatação de "furo" nos estoques, através de levantamento físico-quantitativo, evidencia a prática da sonegação fiscal. A verificação do conhecimento de frete que acompanha a mercadoria permite ao fisco constatar se há divergência de valores entre aquele e a nota fiscal.

b) “Compra” de notas fiscais

Principalmente as prefeituras efetuam comparações de documentos lançados em uma empresa com o valor efetivamente registrado na emitente do documento. A Receita Federal levanta através dos seus controles a situação da emitente, pois caso haja alguma irregularidade (CNPJ cancelado, falta de declaração, etc.) ela glosará a despesa. Nos casos de dúvidas sobre a efetiva aquisição do bem, mercadoria ou serviço pela empresa, ainda pode ser exigido o comprovante do efetivo pagamento. Ex.: duplicata quitada, recibo, cópia do cheque ou mesmo através de microfilme do cheque compensado, quando ocorrer à quebra do sigilo bancário. Precauções: obter informações sobre o fornecedor de bens ou serviços junto ao fisco federal (www.receita.fazenda.gov.br), estadual (www.sintegra.gov.br) e municipal; na prestação de serviços formalizar contrato, que é o instrumento usual de garantia das partes. Contudo, a empresa deve avaliar os seguintes aspectos: · Irá pagar por um documento que pode ser "frio" acarretando um desembolso; · Uma empresa que "vende" notas, não o faz somente uma única vez, ou seja, ocorre quase sempre o que se chama de derrame de notas frias. Caso a empresa emitente ou uma terceira empresa seja fiscalizada ocorrerá uma imediata correlação. Ex.: Com o bloco da BRASILJET e EPC (empresas de Paulo César Farias, tesoureiro da campanha presidencial de Fernando Collor) ocorreu imediata ligação com as empresas que receberam aquelas notas.

c) Passivo fictício ou saldo negativo de caixa Presume-se a omissão de receita, cabendo ao contribuinte o ônus da prova contrária. Costuma-se "fabricar" contratos de mútuos nessas ocasiões para registrar a entrada de numerários através de empréstimos fictícios, em substituição à receita. Ocorre que, em muitos casos, o mutuante, principalmente quando pessoa física, não possui recursos disponíveis para contratar qualquer empréstimo, o que é facilmente comprovável através do exame da declaração de renda ou da movimentação bancária daquele.

d) Acréscimo patrimonial a descoberto (do sócio) Também caracteriza omissão de receita da empresa quando ocorre acréscimo patrimonial do sócio, sem que este possua recursos disponíveis, desde que a empresa seja sua única fonte de renda.

e) Deixar de recolher tributos descontados de terceiros Na condição de sujeito passivo, também constitui crime tributário não recolher os tributos descontados ou retidos de terceiros. Ex.: IR-Fonte, INSS (parte do empregado), contribuição sindical, ISS-fonte, ICMS – Substituição, PIS, COFINS E CSLL retidos, etc. Além de ocorrer a sonegação, há ainda outro ponto da maior relevância, que é a existência da APROPRIAÇÃO INDÉBITA prevista no Código Penal (art. 168).

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f) Saldo de caixa elevado Constitui distribuição disfarçada de lucros ao sócio a existência de saldo de caixa elevado, desnecessário em relação à movimentação financeira da empresa, ou sem motivo que possa justificá-lo. É recomendável a contabilização em separado dos cheques pré-datados, cheques em cobrança e vales. Justifica-se o saldo elevado de caixa relativo ao produto da venda do(s) último(s) dia(s) do ano, principalmente quando ocorrem feriados.

g) Distribuição disfarçada de lucros Inúmeras são as situações que podem caracterizar a distribuição disfarçada de lucros em negócios entre a empresa e sócios ou pessoas ligadas (acionistas, dirigentes, participantes de lucros, seus parentes ou dependentes), dentre os quais destacaremos os mais significativos: · Alienação de bem ou direito ao sócio ou pessoa ligada por valor NOTORIAMENTE inferior ao de mercado; · Aquisição de bem ou direito de sócio ou pessoa ligada por valor NOTORIAMENTE superior ao de mercado; · Aluguel ou serviços pagos a sócio ou pessoa ligada cujos valores excedam aos praticados pelo mercado em situações similares; · Empréstimos a sócios ou pessoas ligadas em condições prejudiciais à empresa, ou com vantagens não praticadas normalmente pelo mercado; · Multas exorbitantes ou perda de sinal de negócio previstas em contrato, não cumprido, com sócios ou pessoas ligadas; · Pagamento de despesas particulares de sócios; OBS.: Efetuada nas condições supra mencionadas, mesmo que não acarrete vantagem a qualquer das partes, ocorrerá distribuição disfarçada de lucro. O fisco se ocupa deste tópico, pois há reflexos na pessoa jurídica e nas pessoas físicas.

h) Doações irregulares Doações efetuadas a entidades não habilitadas ou cujo valor do comprovante seja superior ao efetivamente doado.

(Amaral, Olenike, Steinbruch, & Amaral, 2009)

Para os autores, os contratempos com esses tipos de procedimentos são

altíssimos, assim como altíssimas são as multas que podem advir da sonegação.

Em média a punição em forma de multas pode chegar a 225% do valor devido (Lei

nº 9.532/97 – art. 70), além da caracterização de crime com pena de até

indisponibilidade de bens dos sócios.

Mas se por um lado a sonegação é combatida com altas penas, por outro, os

empresários parecem que fazem valer a máxima que os benefícios valem os riscos.

Somente a fiscalização, ou a possível punição aos atos de sonegação, não inibem o

empresariado de tomar atitudes ilegais perante a desproporcionalidade dos atos

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governamentais em relação a impostos, suas alíquotas e a contrapartida para a

sociedade.

Quando esta relação parece ser mais honesta e menos abusiva, a economia

privada parece repensar os riscos das suas operações fraudulentas e naturalmente

migram do status quo, para um momento mais participativo nas contas públicas.

4.2 O ESTUDO DE CANOAS, RIO GRANDE DO SUL

Podemos verificar este fato no município sul-rio-grandense de Canoas. Este

município foi escolhido para este estudo, pois pratica, na contramão do senso

comum, uma política de tributação inversa ao natural, reduzindo as alíquotas ao

invés de aumenta-las para melhorar a tributação. Outo ponto relevante da escolha,

foi o fato de o município ser importante para a região em que se localiza.

Com população estimada pelo IBGE em 324 025 habitantes (dados censo

2010), possui uma economia forte, sendo o segundo PIB do Rio Grande do Sul e o

quarto da região sul do Brasil com R$ 16.444.476.000,0014.

                                                                                                               14  Produto Interno Bruto dos Municípios 2004-2008. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.  

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FIGURA 5 - MAPA DE LOCALIZAÇÃO DE CANOAS NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

FONTE: CÍCERO HENRIQUE RODRIGUES

Em 2009, para ampliar a receita sobre os impostos municipais, que estavam

em queda sucessiva, o prefeito Canoense, amparado pela lei municipal 5392/2009

fez a primeira de uma série de reduções de alíquota do ISSQN para as empresas

instaladas em seu território.

A alíquota base de ISSQN que era na maioria dos casos de 3% e podiam

chegar até a 5%, foram padronizados em 2,75%, ou seja, uma redução de 5% a

8,3% na alíquota cobrada do setor produtivo municipal na época. Com isso, grande

parte do setor empreendedor de Canoas foi beneficiado. A exceção estaria apenas

em casos onde a regulamentação sobre a tarifa é federal, como por exemplo,

prestadores de serviços financeiros.

A medida mostrou resultados bastante positivos. Para se ter uma ideia, a

arrecadação no exercício anterior a medida de redução (entre junho de 2008 e junho

de 2009) foi de R$ 40.000.000. No período seguinte, após a redução implementada

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pelo executivo municipal, a arrecadação chegou a R$ 47.800.000,00, ou seja,

mesmo com uma redução de 8% na alíquota, que passou a 2,75%, a arrecadação

foi 17,9% maior.

Em janeiro de 2011, outro corte da alíquota foi efetuado e a redução passou

de 2,75% para 2,50% (uma redução de 9%). Novamente a os valores conseguidos

com a cobrança deste imposto, sofreram um crescimento nominal de 47,92%, sendo

que o crescimento real (descontando a inflação com base no IPCA), foi de 38,41%.

As medidas mostraram-se tão eficientes que um novo corte foi estabelecido

em janeiro de 2012. A alíquota reduziu de 2,50% para 2,25%, sob o decreto 696/11.

Ou seja, no período de 2009 a 2012, a redução acumulada chegava a 25% da carga

tributária, como podemos observar na tabela abaixo (SALDANHA, 2011):

TABELA 8 - REDUÇÃO DAS ALÍQUOTAS DE ISSQN EM CANOAS DE 2009 A 2012

DATA ALIQUOTA

2009 (1º semestre) 3% a 5%

2009 (2º semestre) 2,75%

2010 2,75%

2011 2,50%

2012 2,25% FONTE: (SALDANHA, 2011) O que percebe-se nesses dados é que com a diminuição da alíquota de

ISSQN, o município de Canoas conseguiu uma implementação em sua receita

oriunda deste imposto. Com um olhar mais atento, podemos verificar que este

comportamento assemelha-se muito ao estudo de Laffer, em sua “Curva”, como

visto anteriormente.

Para essa comparação, simplesmente acrescentou-se os valores para da

alíquota de 0%, que evidentemente traria um retorno aos cofres públicos de R$ 0,00.

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GRÁFICO 9 - COMPARAÇÃO ENTRE A ALÍQUOTA DE ISSQN E A ARRECADAÇÃO DESTE IMPOSTO NO MUNICÍPIO DE CANOAS

 FONTE: O AUTOR

Com essa comparação, temos um momento ideal de arrecadação, que está

entre os 2% e 2,5%. Se a prefeitura utilizasse uma alíquota maior para implementar

seu faturamento, certamente diminuiria sua arrecadação, pelo desincentivo a

produção ou até mesmo pela compensação do seu setor produtivo municipal pelas

perdas oriundas dessas altas cobranças, através sonegação.

4.3 CASO DE CURITIBA E REGIÃO METROPOLITANA  

4.3.1 Introdução    Curitiba, com 1.751.907 habitantes15, possui o maior PIB da região sul e é

responsável pela 4a maior economia municipal brasileira (IBGE I. B., 2010). O setor

de serviço destaca-se na Metrópole curitibana, pois, em sua área possui todo o tipo

de empresas como universidades, hospitais, clínicas, oficinas, entre outras.

Dentro deste panorama, Curitiba possui as maiores alíquotas de ISS da

região, podendo ser de até 5% do faturamento bruto de serviço (CURITIBA). Essa                                                                                                                15 CENSO 2010, IBGE

 $-­‐        

 $10,00    

 $20,00    

 $30,00    

 $40,00    

 $50,00    

 $60,00    

 $70,00    

0,00%   0,50%   1,00%   1,50%   2,00%   2,50%   3,00%   3,50%  

Arrecadação  (Milhões)  

Aliquota  de  ISSQN  

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carga de impostos, em comparação ao municípios da RMC, pode promover a

evasão das organizações e fomentar, de alguma forma, a sonegação dos impostos.

Se tomar como exemplo o caso de Mandirituba, o mesmo imposto possui

alíquota de 2% (MANDIRITUBA). Essa diferença, que chega a ser de mais de 100%,

causa um certo mal estar no empresariado curitibano, como pode-se verificar nos

dados levantados em entrevistas e questionários aplicados em 43 proprietários de

organizações da área de comunicação em toda a RMC.

 

4.3.2 Percepção dos empresários de Curitiba e região metropolitana sobre o tema.  

Durante os dias 20, 21 e 22 de dezembro de 2011, realizou-se uma pesquisa

exploratória ao tema impostos e sonegação com quatro empresários da área de

comunicação em Curitiba e Região metropolitana.

Esta pesquisa serviu de embasamento para a realização de um questionário

que foi posteriormente aplicado em 43 empresários de comunicação na RMC. Para

tal, as entrevistas de profundidade tiveram um caráter sigiloso, pois tratava de um

tema delicado e algumas declarações tomaram um caráter de confissão a

ilegalidade.

Para evitar os transtornos oriundos deste tipo de situação os nomes foram

substituídos por números.

Durante as entrevistas, o tema impostos versus contrapartida governamental

foi assunto recorrente e parecia ser unanimidade entre os entrevistados, vale

ressaltar que o senso comum entre eles é que o empresário é pagador de impostos

e não um agente de recolhimento.

Segundo o empresário N1, esta relação de desigualdade entre impostos e

investimentos públicos, seria evidente. “(...) o governo é o meu maior sócio,(...), para

ele eu pago a maior parte do que faturo e não recebo nada em troca (...) eu pago um

“oceano” de impostos e tenho que matricular meus filhos em escola particular, pois o

ensino público é muito ruim, tenho que pagar plano de saúde pois a previdência é

muito ruim, tenho que fazer seguro do carro, da casa, de tudo porque não temos

segurança (...) o governo nos presta serviços muito ruins e cobra caro por isso...”.

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Para N2, esta visão é contundente “(...) eu trabalho feito um escravo e o

governo tem a coragem de me chamar de sonegador? Ele não faz nada para mim,

só me tira grana. Se eu precisar de estradas, tenho que pagar, se eu precisar de um

documento, tenho que pagar, se eu precisar de qualquer coisa, tenho que pagar (...)

imposto para que afinal?”, evidentemente falando sobre taxas e pedágios, que são

uma espécie de bitributação entre o IPVA e o valor cobrado nas cancelas.

N3 é ainda mais incisivo que os outros entrevistados ao comentar essa

relação: “Governo “Tudo pelo Social” (risos) (...) ou seja, tiram de quem trabalha

para entregar aos que não fazem nada (...) ou seja meu dinheiro vira palanque

eleitoral (...) e mensalões e dinheiros em cueca, jatinhos presidenciais novos e por aí

vai (...) aí o criminoso sou eu que faço girar a economia e gero empregos. Um

funcionário meu custa o dobro que seu salario. Aí fica fácil fazer campanha (...)

quero ver é trabalhar com honestidade e enxugar esta máquina inchada e cheia de

corruptos (...) prefiro dar dinheiro para meu filho do que dar para essa corja (...)”.

esta revolta parece embasada em um sentimento de falta de respeito ao contribuinte

e aos cidadãos que participam ativamente da economia com a má aplicação dos

recursos públicos.

Outro ponto importante levantado entre os empresários são as alíquotas que

o governo impõe ao setor produtivo. A percepção entre todos os quatro

entrevistados é de que os impostos no Brasil são extorsivos e tiram de

competitividade qualquer empresa nacional em relação aos outros países.

Para N2 “(...) O governo exagera nos impostos (...) Meu amigo, sou pequeno

empresário e se for pagar tudo o que preciso, não sobra quase nada (...) O governo

fica com 1/3 do meu lucro e quando retiro meu pró labore incidem mais impostos (...)

não sei onde eles querem chegar com isso (...)”

O empresário N3 comenta que a carga tributária é muito alta e inviabiliza as

organizações nacionais “(...) é muito imposto, se eu pagar tudo fica impossível

competir com os outros (...) será que os governantes não enxergam isso? Tenho

clientes meus que estão imprimindo (material gráfico) no Uruguai, sai mais barato

para eles fazer lá do que aqui (...)”. “O pior é que o governo, ao mesmo tempo que

incentiva a ilegalidade, penaliza quem tem uma empresa montada (...) meu irmão

tem uma loja no centro de Curitiba e próximo a ele existem uma série de camelôs

que vendem praticamente os mesmos produtos por um preço menor, vindos do

Paraguai sem impostos, sem nota, sem aluguel, sem nada (...) para eles pode para

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mim não (...) ou seja são dois pesos e duas medidas. Até tento trabalhar sério mais

se continuar assim, vou “chutar o balde” e cair na ilegalidade” afirmou N4.

Outra constatação encontrada durante as entrevistas, foi o evidente caminho

irregular para resolver os problemas oriundos da fiscalização. “(...) volta e meia

aparece um desgraçado de um fiscal querendo morder (...) não estão nem aí para o

que eu pago ou não, querem apenas morder (...) aliás já tenho separado uma verba

para dar aos fiscais (...) mesmo assim vale a pena, pois pago menos com eles de

que com impostos (...)” declarou N4. Este panorama foi visto nos capítulos

anteriores e premiam o país com uma colocação desastrosa no relatório da

“Transparência Internacional”. Ou seja, o risco de ser fiscalizado é menor do que o

ônus do pagamento de imposto, propriamente dito. Parece que com essas alíquotas,

o governo promove a corrupção e depois participa dela por meio de recolhimento

ilícito de propinas. Uma espécie de via de mão única na qual o estado corrupto

promove a sonegação e depois desfruta dos dividendos deste lucro ilícito.

A constatação é alarmante e prova que a vontade política de mudança

depende também da vontade de evitar-se a corrupção, um intrincado sistema de

favorecimentos e de seus meios de sustenta-lo.

Se o panorama de redução de impostos fosse realmente implantado,

poderíamos almejar um horizonte mais qualificado na relação estado, setor

produtivo. Para N3., “ (...) se cobrassem menos impostos, conseguiria sair do medo

eterno de ficar na mão desse povo (fiscais governamentais), pois, o que eles

cobram também é abusivo (...) Se não valesse a pena o risco, não arriscaria (...)

preferia ficar tranquilo sem sonegar, mas é praticamente impossível.”

Segundo N2., “ (...) já estou passando da idade de ficar com gastrite toda vez

que chega um fiscal na empresa (...) queria tudo certinho para ficar tranquilo, mas

com esses impostos, ou sonego ou não sobrevivo (...) para se ter uma ideia, não

consigo fornecer nem mesmo ao governo, pois suas licitações possuem um preço

tão baixo, que se eu pagasse os impostos não conseguiria fazer o serviço (...)”.

Um outro ponto importante foi levantado pelo Sr. N4. “(...) sabe (...) gostaria

de investir mais na minha empresa e de contratar mais. Fico em uma região da

cidade de classe “C” e “D” e vejo que esse pessoal precisa de empregos e uma vida

melhor, mas, com o que o governo me “assalta”, chega a ser impossível. Aí sonego,

mas não invisto, pois tenho que guardar grana para pagar multas ou para a propina

(...) além do que, sai caro demais um funcionário. O salário base para este setor gira

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em torno de R$ 1.200,00 e para manter um funcionário com esse salário, tenho

desembolsar mais de R$ 2.000,00 por mês, sem contar que inevitavelmente entram

no ministério do trabalho (justiça do trabalho) e levam uma grana, do nada (...)

mesmo que eu pague tudo certinho, eles arrumam uma testemunha não sei da onde

e o juiz nos obriga a “fazer um acordo” (...) Aliás, justiça do trabalho no Brasil é

palhaçada! (...)”.

O que pode-se levantar, é que a elisão fiscal também é frequente neste meio.

Muitas vezes para não sofrerem com dessabores da fiscalização, e manter-se

competitivos no mercado, as empresas procuram brechas na legislação e tomam

atitudes drásticas com a mudança de seu domicílio fiscal.

Aliás este tipo de ação está tomando corpo no mundo dos prestadores de

serviço de comunicação, pois, com o advento da internet e a implementação de

ferramentas de alto volume de informação, as concorrências ultrapassam barreiras. “

(...) Minha empresa está em Pinhais e atendo Curitiba do mesmo jeito, sem

problemas (...) aqui a alíquota é menor e a prefeitura facilita as coisas. Gravo com

locutores16 de todo o Brasil, por internet e forneço material para todo lugar. Assim

como eu conheço muita gente que faz o mesmo. Tem gente que possui a empresa

em Curitiba e lança nota por outros municípios (...) isto está cada vez mais comum.

Aliás, até a fiscalização é mais branda (risos) (...)”, comenta o empresário N2.

“Não adianta os governantes barrarem as organizações, hoje mando um

projeto, um leiaute17, uma campanha inteira por e-mail (...) assim como eu, o mundo

todo está fazendo o mesmo (...) eles ficam presos a localização das empresas e isso

não existe mais (...) além do que muita gente já não pedem nota mesmo, preferem

desconto (...) minha empresa pode estar em qualquer lugar e atender qualquer lugar

(...) quando eles pedem nota (clientes), forneço a da minha empresa em

Mandirituba, vale a mesma coisa (...) lá o imposto (ISS) é de 2% e em Curitiba 5%, é

quase 3 vezes maior (...) um absurdo”, relata N1.

Pode-se verificar nesses depoimentos, que isso que acontece no âmbito

municipal tornar-se-á frequente se alguma medida não for tomada por parte dos

governantes. Essas medidas não podem, de maneira nenhuma, forçar o empresário

a contribuir por meio de maior alíquota e fiscalização, pois, se isso acontecer

poderemos aumentar o panorama de irregularidades advindas do setor produtivo,                                                                                                                16    Profissionais que utilizam a voz para locuções comerciais.  17  Diagramação de textos ou arte gráfica para impressão.  

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pois, em uma visão mais ampla, poderemos dizer que em breve, as organizações

não terão fronteiras físicas. Tudo será virtual.

Um caso típico disso está em uma empresa de impressão de São Paulo,

Capital, que faz sua comunicação via internet no site de relacionamentos Facebook,

a ZOCPRINT. FIGURA 6 - SITE ZOCPRINT

 FONTE: HTTP://WWW.ZOCPRINT.COM.BR

Este site entrega em todo Brasil em até 4 dias úteis e com preços bastante

competitivos e algumas vezes até gratuitamente. E além disso agrega serviços como

montagem do leiaute dos produtos (cartões, santinhos de campanha política,

carimbos, etc.) sem custos e on-line. (ZOCPRINT, 2012). Ou seja as barreiras para

produtos de comunicação já inexistem e as prefeituras devem perceber que ao invés

de sobrecarregar os empresários, devem traze-los para colaboração por meio de

medidas inteligentes.

Como o município de Canoas no Rio Grande do Sul, as medidas passam por

uma colaboração mútua entre governo e contribuintes. O governo deve aliar-se ao

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seu setor produtivo e aumentar a competitividade de suas organizações atraindo-as

para seu território, para assim, através do aumento do volume de negócios

realizados, aumentar a arrecadação geradas por tributos. Isso não está acontecendo

em Curitiba e os reflexos desta política poderão ser sentidos a médio e longo prazo

de forma negativa na Capital do Paraná.

4.4 TABULAÇÃO DOS DADOS DE CURITIBA E RMC

Para perceber de forma mais clara como funciona a cabeça dos empresários

de comunicação em Curitiba e Região Metropolitana, realizou-se um questionário de

pesquisa, em anexo, com quarenta e três empresários de comunicação. Essas

pesquisas foram aplicadas entre o período de fevereiro a abril de 2012 e foram

coletadas pessoalmente.

A fim de saber o perfil demográfico das organizações, algumas questões

foram elaboradas no início do questionário. Essas questões ampararam um

cruzamento dos dados e a compreensão maior das variantes do mercado em

estudo.

A primeira questão referia-se a idade de atuação de mercado. Este

levantamento torna-se relevante pois o índice de sobrevivência das organizações

varia conforme elas avançam no seu tempo de vida comercial. Segundo o

(SEBRAE, 2008):

“Com respeito às empresas registradas na Junta Comercial do Estado de

São Paulo, entre 2000 e 2005, verifica-se que a taxa de mortalidade é de 27% para empresas até um ano, 38% para empresas até dois anos, 46% para empresas até três anos e 50% para empresas até quatro, 62% para empresas até cinco anos e 64% para empresas até seis anos de atividade.”

Das empresas pesquisadas, a grande maioria está em funcionamento entre 0

e 5 anos, ou seja, possuem uma idade crítica para o estabelecimento de novos

mercados ou abertura dos mesmos.

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GRÁFICO 10 - ANOS DE ATUAÇÃO DAS EMPRESAS DE COMUNICAÇÃO NO MERCADO

FONTE: O AUTOR

Outro fator relevante levantado durante a pesquisa, foi o faturamento bruto da

organização. Este tipo de valor determina o tamanho da empresa e pode ser

decisivo nas políticas gestacionais internas das mesmas.

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GRÁFICO 11 - FATURAMENTO BRUTO MÉDIO ANUAL DAS ORGANIZAÇÕES

 FONTE: O AUTOR

Percebe-se que todas as organizações pesquisadas possuem faturamento

bruto anual de até R$ 6.000.000,00, o que as caracteriza como empresas de micro a

pequeno porte. (Lei complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006).

Em uma análise inicial, verifica-se que 100% das empresas pesquisadas com

2 anos ou menos de atividade, tinham faturamento bruto médio de até R$

2.500.000,00 ao ano. Este número mudou quando comparado com as organizações

com mais tempo de vida.

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GRÁFICO 12 - TOTALIDADE DAS ORGANIZAÇÕES POR IDADE E FATURAMENTO BRUTO ANUAL (MILHÕES)

 Fonte: O autor

Pode-se perceber é que a medida em que as organizações ficam mais

velhas, tendem a aumentar o faturamento. Partindo das primícias deste dado, uma

gestão governamental eficiente e colaborativa, deve promover a sobrevida das

organizações em seu território, pois assim, existe a possibilidade de crescimento

financeiro e aumento da contribuição aos cofres públicos. Esse valor em 8 anos

pode aumentar 2,5 vezes, ou seja não compensa ao governo onerar as empresas no

ciclo inicial de vida, pois em médio prazo a arrecadação. pode ser mais que dobrada

Em geral, as organizações de comunicação possuem um alto número de

funcionários, pois, além do pessoal operacional, possui uma grande estrutura

hierárquica e uma série de setores.

Esse tipo de constatação é observada no gráfico a seguir.

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GRÁFICO 13 - NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS NAS ORGANIZAÇÕES

 FONTE: O AUTOR

A grande maioria das organizações pesquisadas contam com até 10

funcionários. Este fato deve-se principalmente a condição de microempresa, mas, o

número de organizações com 10 ou mais funcionários é bastante grande. Isso ser

considerado pelas gestões municipais como algo relevante e positivo, pelo alto

número de empregos gerados no município e implementação da economia local.

Estas organizações atendem principalmente clientes localizados em Curitiba,

mas, a pesquisa mostrou que o número de clientes em outros municípios é grande,

mostrando evidente transação entre as organizações da região metropolitana de

Curitiba.

Provavelmente o motivo deste tipo de resultado deva-se a elisão fiscal entre

as organizações do setor e a troca de serviço entre elas.

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GRÁFICO 14 - CLIENTELA DAS EMPRESAS PESQUISADAS POR DOMICÍLIO FISCAL

 FONTE: O AUTOR

A elisão fiscal é recorrente durante a pesquisa. Nota-se que quase que a

totalidade das empresas pesquisadas possui domicílio em Curitiba.

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77

Este domicílio físico, deve-se principalmente a localização geográfica, que

evidentemente fica próximo ao mercado de atuação das organizações, como visto

acima.

FONTE: O AUTOR

GRÁFICO 15 – LOCALIZAÇÃO DAS EMPRESAS PESQUISADAS

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GRÁFICO 16 - RAZÃO DA ADOÇÃO DO DOMICÍLIO FÍSICO DAS EMPRESAS PESQUISADAS

 

FONTE: O AUTOR

Embora estas organizações estejam instaladas invariavelmente em Curitiba,

quando o assunto é domicílio fiscal, a situação toma uma outra proporção. Cerca de

um terço das organizações possuem domicílio fiscal fora de Curitiba.

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79

GRÁFICO 17 - DOMICÍLIO FISCAL DAS ORGANIZAÇÕES PESQUISADAS  

 FONTE: O AUTOR

Este gráfico comparado ao gráfico que demonstra a localização das

organizações, mostra um forte indício de elisão fiscal. Mas a comparação fica mais

evidente quando tomamos por base as empresas de menor porte. Mais de 40%

dessas organizações possuem domicílio fiscal na Região Metropolitana, embora

estejam instaladas em Curitiba.

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GRÁFICO 18 - DOMICÍLIO FISCAL DAS ORGANIZAÇÕES COM FATURAMENTO BRUTO DE ATÉ R$ 2,5 MILHÕES E ATÉ 10 FUNCIONÁRIOS

 FONTE: O AUTOR O principal motivo das organizações possuírem domicílio fiscal fora de

Curitiba, segundo a pesquisa, é a menor alíquota adotada pelos municípios vizinhos

a capital.

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GRÁFICO 19 - MOTIVO DA IMPLANTAÇÃO DO DOMICÍLIO FISCAL NA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA

 FONTE: O AUTOR

A elisão fiscal é contundente nesse perfil organizacional e as empresas que o

fazem, sabem que de alguma forma isso é ilegal. Quando perguntado ao mesmo

grupo de entrevistado acima se eles já haviam sonegado, todos responderam

positivamente o questionário. Aliás pesquisa mostrou-nos que a sonegação é prática

comum entre as empresas de comunicação.

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GRÁFICO 20 - SUA ORGANIZAÇÃO JÁ SONEGOU OU DEIXOU DE PAGAR IMPOSTOS?

 FONTE: O AUTOR

Mais da metade dos entrevistados já sonegaram ou deixaram de pagar algum

imposto. Este número é alarmante e prova que o sistema de tributação possui

problemas e que a fiscalização é ineficiente. Principalmente em municípios em que

isso, politicamente, não é interessante.

As empresas, a medida em que ficam mais velhas tendem a sonegar menos

impostos, provavelmente, pelas dificuldades iniciais inerentes a este ciclo de vida

organizacional.

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GRÁFICO 21 - SONEGAÇÃO POR IDADE DA EMPRESA

 FONTE: O AUTOR

Os motivos desses números alarmantes de sonegação fiscal passam,

principalmente, pela melhora da competitividade. Ou seja, as empresas acabam

operando de forma ilegal para manter-se no mercado. Com o advento da

globalização e das facilidades tecnológicas, a competitividade tornou-se ponto

conclusivo para as estratégias organizacionais, fato que não ocorria tão

incisivamente a 50 anos. O ponto é que os governantes não acompanharam essa

tendência mundial e, em detrimento de seu setor produtivo, achacam os cofres

empresariais e fomentam uma tendência de falência ou sonegação.

0%  

20%  

40%  

60%  

80%  

100%  

120%  

0  a  2  anos   2  a  5  anos   5  a  10  anos  

Sonegação  por  idade  da  empresa    

Sonegação  

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GRÁFICO 22 – PRINCIPAIS MOTIVOS DE SONEGAÇÃO

FONTE: O AUTOR

Com o passar do tempo, as organizações tendem a inverter esta situação,

pois, existe menor incidência de sonegação em empresas de maior porte. Isto pode

ser observado na gráfico a seguir.

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GRÁFICO 23 - SONEGAÇÃO FISCAL POR FATURAMENTO BRUTO ANUAL

 FONTE: O AUTOR

Evidentemente, o tamanho da organização influencia decisivamente na

estratégia de sonegar ou não determinado imposto. Isso deve-se ao alto índice de

controle empresarial que deve ser adotado nas grandes organizações e muitas

vezes este controle passa invariavelmente pela emissão de documentação fiscal.

Isso mais uma vez prova que os incentivos devem ser mais vigorosos em

organizações em ciclo de vida inicial. Ou seja, a política de incentivos e a redução

de carga tributária são necessárias para estabelecer uma economia municipal forte

em curto e médio prazo.

Se existisse um incentivo maior com a efetiva redução das alíquotas fiscais,

os empresários inverteriam esse processo de irregularidade tenderiam a regularizar-

se perante o governo. O gráfico a seguir mostra de forma decisiva esta relação entre

redução das alíquotas e sonegação.

0%  

20%  

40%  

60%  

80%  

100%  

até  R$  2,5  de  R%  2,5  a  R$  6  

Faturamento  bruto  anual  (mulhões)  

Sonegação  eCiscal  por  faturamento  bruto  anual(milhões)  

Não  sonegou  

Já  sonegou  

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GRÁFICO 24 - RELAÇÃO ENTRE SONEGAÇÃO E ALÍQUOTAS DE IMPOSTOS

 FONTE: O AUTOR

90% dos empresários pesquisados, afirmaram que acreditam que existiria

uma real contenção da sonegação se as alíquotas fossem reduzidas. Além disso,

uma grande parte das organizações pesquisadas mudariam seu domicílio fiscal para

Curitiba, se as alíquotas fossem mais amigáveis.

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GRÁFICO 25 - SE VOCÊ PUDESSE PAGAR MENOS IMPOSTOS EM OUTRAS CIDADES, VOCÊ MUDARIA SEU DOMICÍLIO FISCAL PARA LÁ?

 FONTE: O AUTOR

Este número é surpreendente se tomarmos como base as empresas que

possuem domicílio físico em Curitiba e domicílio fiscal na Região Metropolitana de

Curitiba.

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GRÁFICO 26 - SE VOCÊ PUDESSE PAGAR MENOS IMPOSTOS EM OUTRAS CIDADES, VOCÊ MUDARIA SEU DOMICÍLIO FISCAL PARA LÁ? (EMPRESAS COM DOMICÍLIO FISCAL NA RMC)

 FONTE: O AUTOR

93% das empresas pesquisadas notadamente praticam a elisão fiscal por

meio de instalação fiscal nos municípios vizinhos a Curitiba e estariam dispostos a

regularizar esta situação. Para isso a contrapartida da prefeitura municipal de

Curitiba com a redução de suas alíquotas seria condição cinequanon.

A aplicação dos eventuais residuais da redução dos impostos municipais,

teriam uma contrapartida no reinvestimento organizacional, o que fomentaria um

crescimento do faturamento e também da contribuição aos cofres públicos.

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GRÁFICO 27 - COM A EVENTUAL REDUÇÃO DOS IMPOSTOS, VOCÊ INVESTIRIA EM:

 FONTE: O AUTOR

A reaplicação de recursos em estruturação organizacional, mesmo que

isolada, já implementaria o faturamento municipal. Se contarmos que além desta

variável, a redução da sonegação e da elisão fiscal seria fomentada, colocaria a

política de redução de alíquotas como política pública eficiente para gerar recursos

ao município e seus cidadãos.

4.5 COMPARAÇÃO HISTÓRICA DA ARRECADAÇÃO DE ISS DE CANOAS E A RMC

   

Para verificar como as alíquotas de ISS influenciaram as cidades deste

estudo desde 2006 até o ano de 2010, um comparativo entre Mandirituba, Curitiba e

Canoas, foi realizado.

TABELA 9 – ARRECADAÇÃO DE ISS DE CURITIBA, CANOAS E MANDIRITUBA (2010)

2010 ISS CURITIBA R$546.523.791,74 ISS CANOAS R$59.286.900,00 ISS MANDIRITUBA R$2.953.120,30

FONTE: (IBGE I. B., 2010)

Com a eventual redução dos impostos, você investiria em:  

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Embora o Município de Curitiba seja, evidentemente, o que mais capta

recursos (tabela 09), uma análise mais apurada deve considerar o crescimento da

arrecadação de impostos e não seus números absolutos. Para tal, adotou-se um

confronto do aumento do ISS, tendo como base o ano de 2006 como parâmetro

geral (0%). Neste gráfico fica claro que o município de canoas vinha amargando

uma redução de arrecadação desde 2007 e que políticas públicas eficientes

deveriam ser adotadas. Provavelmente esse foi o motivo gerador da redução de

alíquotas como estratégia. O que mostrou-se bastante eficiente, logo na

implantação. Em 2009, os números já foram bastante expressivos e em 2010 o

aumento foi ainda mais significativo.

Mandirituba, que apesar de pequeno, possui um grande número de empresas

de prestação de serviços, sempre registrou um crescimento da arrecadação de ISS

acima do de Curitiba, ficou em igualdade numérica de crescimento apenas em 2009.

Após este período, observou-se que o crescimento de arrecadação voltou a

patamares melhores do que os da capital paranaense.

Em contrapartida, Curitiba, vem desacelerando o crescimento da arrecadação

de ISS desde 2007.

GRÁFICO 28 – EVOLUÇÃO DA ARRECADAÇÃO DE ISS EM CANOAS, MANDIRITUBA E CURITIBA (2006 – 2010)

FONTE: (IBGE I. B., 2009), (IBGE I. B., 2010), (CURITIBA), (MANDIRITUBA)

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Este gráfico deixa claro a posição do crescimento da arrecadação, e aponta

que Curitiba é a cidade que menos cresce em termos de arrecadação de ISS no ano

de 2010 entre os municípios estudados, embora seja o que possui maior percentual

deste imposto. Canoas após as políticas adotadas de redução das alíquotas do

imposto sobre serviço, desponta como um dos municípios com maior crescimento

proporcional deste tipo de imposto e assim inverte uma tendência que poderia ser

prejudicial as contas públicas municipais. Mandirituba, por sua vez, preserva a

cômoda posição de um crescimento forte e duradouro em arrecadação de ISS,

mesmo sendo o de menor número de habitantes. Esta posição privilegia seus

moradores, pois, a relação arrecadação de ISS/população urbana chega a ser 28%

maior que a de Curitiba (IBGE I. B., 2010).

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES    

5.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS    

 Partindo-se das primícias dos dados levantados, existe uma repulsa generalizada

aos impostos por parte dos empresários pesquisados. Muitas vezes por parte das

altas alíquotas, muitas vezes pela falta de concordância com a aplicação final dos

recursos públicos e em outras pela resistência advinda da necessidade de aumentar

o seus lucros. De uma forma mais abrangente, os empresários não gostam dos

tributos e quando os recebem e repassam aos cofres públicos, não concordam com

seu destino.

As organizações, em sua maioria, precisam sobreviver e observam a

concorrência adentrar em sua área de atuação, capturando seus clientes. Como os

impostos fazem parte dos custos de seus produtos e serviços, altos impostos

refletem necessariamente em altos preços, tornando inviáveis suas atividades.

Cada vez mais, as empresas procuram lugares mais atrativos para

estabelecerem-se, além disso os domicílios físicos estão desconectando-se dos

domicílio fiscais através da elisão fiscal. Com o advento do comércio eletrônico este

tipo de fronteira passou a ser irrelevante.

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O referencial teórico deste estudo ampara estas observações e trás a tona

uma questão que deve ser revista pelos governantes de forma cuidadosa.

Respondendo aos objetivos propostos neste estudo:  

5.1.1 Objetivo geral  

“Analisar o impacto da alíquota do ISS do município de Curitiba na evasão

das empresas prestadoras de serviço de comunicação para a sua Região

Metropolitana”.

Os altos impostos impactam de forma negativa as empresas de Curitiba e

estimulam a evasão destas para sua região metropolitana. Principalmente as

organizações no seu ciclo de vida inicial. E esta situação, embora desconfortável e

perigosa, tende a continuar pois os benefícios compensam os riscos. Em

contrapartida, esses municípios, verdadeiros “paraísos fiscais”, não pretendem

modificar esta conjuntura, pois entendem que esse tipo de fraude é benéfica para

suas economias (NASCIMENTO, 2010).

Mas as empresas estão dispostas a reverter esse quadro, desde que uma

contrapartida por parte dos governantes seja implementada, a redução efetiva dos

impostos. Isso traria um aumento natural de arrecadação pela redução da

sonegação, da ilegalidade e pela instalação e crescimento de organizações em seu

território. Este fato foi visto claramente no município de Canoas no Rio Grande do

Sul.

Outro fato relevante é que com a redução dos impostos e consequente

redução dos preços de bens e serviços, o consumo seria implementado, gerando

postos de trabalho, o que trariam maior consumo, tornando este ciclo virtuoso

favorável para o estado e suas organizações.

5.1.2 Objetivos específicos

5.1.2.1 Compreender a imposição dos impostos e o comportamento de repulsa dos

mesmos durante a história.

 

O imposto sempre foi parte da história mundial, desde os tempos mais

remotos. Cidades e nações foram levantadas pela cobrança de impostos e

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revoluções e guerras foram realizadas pelo mesmo motivo. De maneira geral a

população sempre relutou para pagar impostos para seus governantes e este

quadro não é diferente atualmente. O brasileiro paga muito imposto e gostaria de

pagar menos. Isso fomenta uma espécie de repulsa institucionalizada na população

aos tributos, que percebe que apesar de participarem com 1/3 do PIB em impostos e

taxas, não recebem, muitas vezes, a contrapartida governamental de forma

satisfatória.

5.1.2.2 Entender de que forma a redução dos impostos seria benéfica aos cofres

públicos.

Uma redução de impostos seria saudável ao estado, na medida em que os

custos para sonegar ou ficar na ilegalidade em um panorama de muitos impostos,

compensam os riscos da ação punitiva governamental. O estudo mostrou que os

municípios que possuem alíquota menor, catalisam maior número de empresas

anualmente que os que não o fazem. O crescimento da arrecadação de impostos é

significativamente maior nas cidades que adotaram reduzir alíquota de impostos e

essa tendência parece ser irreversível, na medida em que a concorrência está cada

vez mais acirrada devido a globalização.

Os concorrentes das empresas não dividem mais o mesmo espaço

geográfico, estão em outras cidades, em países vizinhos ou até do outro lado do

mundo. Uma arte pode ser criada nos Estados unidos, aprovada em Curitiba, para

um cliente do interior do estado e enviada para impressão na China, por

computador, sem demora ou problemas.

Desta forma, como defende (LAFFER, 2004), uma redução de impostos

poderia reverte esta tendência e implementar, de forma benéfica, um crescimento

de arrecadação ao estado.

5.1.2.3 Estudar a influência da carga tributária na decisão dos empresários de

investir em Curitiba ou em outros municípios de sua Região Metropolitana.

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A carga tributária, deve e, entra nas estratégias empresariais, pois afeta

diretamente no preço final dos produtos ou serviços e consequentemente na

competitividade da organização perante seus pares.

Como o número de impostos cobrados no país geralmente é expressivo,

colocando o Brasil como uma das nações de custos operacionais mais elevados no

mundo, qualquer redução de custos é bem vinda.

Curitiba possui a maior alíquota de ISS de sua região e este cenário faz com

que, cada vez mais, empresários procurem os municípios da RMC para instalarem-

se. Esta estratégia pode ser observada claramente na pesquisa realizada. As

empresas estão, em detrimento a Capital, instalando-se em municípios onde as

alíquotas sejam mais amigáveis. Isso faz com que o crescimento de arrecadação de

ISS em Curitiba, por exemplo, seja menor do que em Mandirituba. Esta decisão está

baseada, segundo os empresários pesquisados, desde sobrevivência da

organização até discordância do uso do dinheiro público pelo governo.

5.1.3 Análise das hipóteses levantadas

Foram construídas três hipóteses, que nortearam os estudos deste trabalho.

Elas facilitaram e mostraram de forma clara como seria a forma de ação e

abordagem das pesquisas. Para tal, forma-se a necessidade de confirmar ou não

essas hipóteses e construir a linha de raciocínio da conclusão tomada. São elas:

5.1.3.1 Os altos encargos fixados às organizações, fazem com elas soneguem.

Esta hipótese é confirmada em dois momentos do trabalho. Um por

intermédio do estudo de Laffer, que mostra que se houvesse 100% de alíquota de

impostos, a arrecadação governamental seria zero, pois, ninguém trabalharia

livremente somente para pagar impostos. Este estudo indica, também, que uma

redução de impostos, poderia ser benéfica aos cofres públicos, como aconteceu no

município de Canoas no Rio Grande do Sul.

Em seguida, a pesquisa realizada com 43 empresários de comunicação da

RMC, mostrou que os altos encargos fixados as organizações, faz com que elas

diminuam consideravelmente a competitividade entre empresas semelhantes em

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outras localidades, botando em risco a sua sobrevivência. Por esse motivo,

conforme o estudo, a indicação de que os altos encargos fomentam, de alguma

forma, a sonegação é verdadeira e pode ser considerada como estratégia de

políticas públicas.

5.1.3.2 Uma redução efetiva dos impostos, fará com que o panorama de sonegação

reverta-se.

Esta hipótese ficou bastante evidente na pesquisa, pois, além da reversão do

quadro de diminuição de arrecadação do município de Canoas, invertendo a

tendência de queda, somente com a tributação mais branda, os entrevistados foram

absolutamente contundentes. 90% dos entrevistados acreditam que a sonegação

diminuiria com a redução efetiva dos impostos na RMC18.

5.1.3.3 As diferenças de cargas tributárias entre municípios da região metropolitana

de Curitiba provoca atração de investimentos para os municípios com menores

tributos e expulsa dos investimentos dos municípios com maiores cargas tributárias.

Esta hipótese fomentou uma análise comparativa do crescimento de

arrecadação de Mandirituba em comparação a Curitiba. Ela confirmou-se devido ao

quadro de crescimento bastante alto dos depósitos em cofres públicos advindos do

ISS na cidade da RMC. A capital, por sua vez, possui taxas de crescimento

geralmente inferior.

Este dado é visto de forma mais contundente na pesquisa com os

empresários de Curitiba e RMC, quando 91% afirmam que possuem endereços

físicos em Curitiba por motivos de localização19 e em contra partida, 42% dos micro

                                                                                                               18 GRÁFICO 24 - RELAÇÃO ENTRE SONEGAÇÃO E ALÍQUOTAS DE IMPOSTOS 19 GRÁFICO 16 - RAZÃO DA ADOÇÃO DO DOMICÍLIO FÍSICO DAS EMPRESAS PESQUISADAS

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empresários citaram possuir domicílio fiscal nos arredores de Curitiba 20 , pelo

pagamento menor de impostos21.

Este número poderia ser revertido, pois 93% dos entrevistados que possuem

o domicílio fiscal nas cidades ao redor de Curitiba, mudariam sua situação e

implantariam suas organizações na capital paranaense se os impostos fossem mais

amigáveis22.

5.2 RECOMENDAÇÕES

Evidentemente as recomendações passam por uma revisão detalhada da

arrecadação de impostos em Curitiba e da necessidade de implementação ou não

dela em futuros trabalhos.

Se o município possui as contas equilibradas, pode ser estratégico manter as

alíquotas como estão para deixar para um momento oportuno uma mudança. Outro

ponto a ser levantado é, com o retorno das empresas para Curitiba, qual seria o

impacto da redução de arrecadação nos municípios da grande Curitiba, pois,

notadamente esta região é menos desenvolvida e precisa de uma maior atenção por

parte dos governos estaduais e federais.

Finalmente uma revisão fiscal no município deve ser criteriosa pois impacta no

dia a dia de milhões de pessoas e na forma como os munícipes participam do bem

público.

Para uma ação eloquente uma estratégia de implementação gradativa deve

ser tomada, para isso, sugere-se que se trabalhe-se as mudanças em fases, sendo:

Fase 01 – Benefícios de redução de alíquotas para empresas em instalação

no município. Análise desses resultados.

Fase 02 – Benefícios de redução de alíquotas para empresas de até 6 anos,

mediante regularização fiscal. Análise desses resultados.

Fase 03 – Padronização das alíquotas de ISSQN. Análise desses resultados.

                                                                                                               20 GRÁFICO 18 - DOMICÍLIO FISCAL DAS ORGANIZAÇÕES COM FATURAMENTO BRUTO DE ATÉ R$ 2,5 MILHÕES E ATÉ 10 FUNCIONÁRIOS 21 GRÁFICO 19 - MOTIVO DA IMPLANTAÇÃO DO DOMICÍLIO FISCAL NA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA  22 GRÁFICO 26 - SE VOCÊ PUDESSE PAGAR MENOS IMPOSTOS EM OUTRAS CIDADES, VOCÊ MUDARIA SEU DOMICÍLIO FISCAL PARA LÁ? (EMPRESAS COM DOMICÍLIO FISCAL NA RMC)

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Fase 04 – Redução gradativa de 0,25% das alíquotas a cada 12 meses até

atingir os níveis praticados na RMC. Análise desses resultados.

Fase 05 – Anistia fiscal com cobrança reduzida de juros e correção para

regularização de dívidas fiscais. Análise desses resultados.

Além das recomendações práticas, sugere-se estudos posteriores sobre os

reflexos destas ações e também uma abordagem em relação a tributação trabalhista

e suas consequências no mercado informal nacional.

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6. REFERÊNCIAS

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2012, disponível em ABEMO - Associação brasileira das empresas de

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Almeida, A. C. (2010). O dedo na ferida: menos impostos, mais consumo. Rio de

Janeiro, RJ, Brasil: Record.

AMARAL, G. L. (05 de outubro de 2010). Quantidade de Normas Editadas no Brasil: 22 anos da constituição federal de 1988. IBPT - Instituto Brasileiro de

Planejamento Tributário , pp. 01-07.

Amaral, G. L., Olenike, J. E., Steinbruch, F., & Amaral, L. M. (05 de março de 2009).

Estudo sobre sonegação fiscal das empresas brasileiras. IBPT , pp. 1-16.

__________, G. L., ONELIKE, J. E., AMARAL, L. F., & STEINBRUCH, F. (24 de

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ANEXO – QUESTIONÁRIO DE PESQUISA

01) A QUANTOS ANOS SUA ORGANIZAÇÃO ATUA NO MERCADO?[ ] DE 0 A 2 ANOS[ ] DE 2 A 5 ANOS[ ] DE 5 A 10 ANOS[ ] ACIMA DE 10 ANOS

02) QUANTOS FUNCIONÁRIOS TRABALHAM EM SUA ORGANIZAÇÃO?[ ] ATÉ 10[ ] DE 10 A 50[ ] DE 50 A 250[ ] ACIMA DE 250 FUNCIONÁRIOS

03) QUAL O FATURAMENTO BRUTO MÉDIO ANUAL DE SUA ORGANIZAÇÃO (EM R$ MILHÕES)?[ ] ATÉ 2,5/ANO[ ] DE 2,5/ANO A 6/ANO[ ] DE 6/ANO A 30/ANO[ ] DE 30/ANO A 150/ANO[ ] ACIMA DE 150/ANO

04) QUAL A MÉDIA DO NÚMERO DE CLIENTES DE SUA EMPRESA?[ ] ATÉ 5 CLIENTES[ ] DE 5 A 10 CLIENTES[ ] DE 10 A 50 CLIENTES[ ] ACIMA DE 50 CLIENTES

05) A MAIORIA DE SEUS CLIENTES SÃO:[ ] DE CURITIBA[ ] DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA[ ] DE OUTRAS CIDADES DO PARANÁ[ ] DE OUTROS ESTADOS[ ] DE OUTROS PAÍSES

06) SUA ORGANIZAÇÃO ESTÁ IMPLANTADA EM:[ ] CURITIBA[ ] REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA

7) ESTE DOMICÍLIO FOI IMPLANTADO POR:

[ ] LOCALIZAÇÃO[ ] FACILIDADES POLÍTICAS[ ] IMPOSTOS MAIS BAIXOS[ ] OUTRO, CITE: __________________________________________________________________________________

08) SEU DOMICÍLIO FISCAL ESTÁ EM:[ ] CURITIBA[ ] REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA

09) ESTE DOMICÍLIO FISCAL FOI IMPLANTADO POR:[ ] LOCALIZAÇÃO[ ] FACILIDADES POLÍTICAS[ ] IMPOSTOS MAIS BAIXOS[ ] OUTRO, CITE: __________________________________________________________________________________

10) SUA ORGANIZAÇÃO JÁ SONEGOU OU DEIXOU DE PAGAR IMPOSTOS:[ ] SIM[ ] NÃO

11) (SE SIM NA Q.10) QUAL O PRINCIPAL MOTIVO DE SONEGAÇÃO FISCAL:[ ] MAJORAR O LUCRO[ ] MELHORAR COMPETITIVIDADE[ ] DISCORDÂNCIA DA APLICAÇÃO DO RECURSO PÚBLICO[ ] FALTA DE ÉTICA GOVERNAMENTAL[ ] FALTA DE RECURSOS[ ] OUTRO, CITE: __________________________________________________________________________________

12) VOCÊ ACREDITA QUE COM IMPOSTOS MENORES EXISTIRIA MENOS SONEGAÇÃO:[ ] SIM[ ] NÃO

13) SE VOCÊ PUDESSE PAGAR MENOS IMPOSTOS EM OUTRAS CIDADES, VOCÊ MUDARIA SEU DOMICÍLIO FISCAL PARA LÁ?[ ] NÃO[ ] SIM, SE FOSSE EM CURITIBA[ ] SIM, SE FOSSE PRÓXIMO A CURITIBA[ ] SIM, SE O POTENCIAL DE MERCADO LOCAL FOSSE INTERESSANTE[ ] OUTRO, CITE: __________________________________________________________________________________

14) COM A HIPÓTESE DE O GOVERNO REDUZIR O IMPOSTO, VOCÊ INVESTIRIA MAIS EM (INDICAR O PRINCIPAL):[ ] AMPLIAÇÃO DA ESTRUTURA DA ORGANIZAÇÃO[ ] AMPLIAR OS POSTOS DE TRABALHO[ ] APLICAR EM OUTRAS ATIVIDADES[ ] POUPAR O EXCEDENTE FINANCEIRO PARA DIFICULDADES[ ] USAR EM BENEFÍCIOS PESSOAIS[ ] INVESTIR EM ATIVIDADES FILANTRÓPICAS[ ] OUTRO, CITE: __________________________________________________________________________________

PESQUISA DE OPINIÃOSr entrevistado, esta pesquisa é destinada a uma dissertação de mestrado sobre políticas públicas e desenvolvimento e deseja compreender os fenómenos de evasão de empresas de consultoria empresarial e comunicação e situações de guerra fiscal em Curitiba e sua região metropolitana. Por ser um assunto delicado, não pediremos a sua identificação. Desejamos, assim, que as questões sejam respondidas de forma fidedigna. Contamos com sua compreensão.