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A ANÁLISE EVOLUTIVA DA QUALIDADE DE VIDA URBANA NA PORÇÃO SUL DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ATRAVÉS DE PRÁTICAS DE
GEOPROCESSAMENTO
EIXO TEMÁTICO 1 – TÉCNICA E MÉTODOS DE CARTOGRAFIA, GEOPROCESSAMENTO E SENSORIAMENTO REMOTO, APLICADAS AO PLANEJAMENTO E GESTÃO AMBIENTAIS. BIBIANA MARTINI – ALUNA DE MESTRADO DO PROGRAMA DE GEOGRFIA FÍSICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – SP – [email protected] AILTON LUCHIARI – DOCENTE DO DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – SP – [email protected] RESUMO Na atualidade a discussão sobre a qualidade de vida se tornou uma questão de extrema importância, principalmente no meio urbano, um meio geralmente caracterizado por pequenas porções do espaço com condições ambientais e sociais muito desiguais. Este tema é bastante rico para a ciência geográfica porque trata da interface entre a sociedade e seu território, ou seja, considerando para tal tanto os aspectos sociais e econômicos (como uma sociedade se organiza) quanto os físicos-territoriais e ambientais, para melhor se desenvolver em dado território. Como principal objetivo tem-se “a análise evolutiva da qualidade de vida urbana na porção sul do município de São Paulo nas décadas de 1990 e 2000”. O embasamento metodológico enfoca o mecanismo de análise, tanto evolutiva quanto comparativa. O método de análise considera o todo (a qualidade de vida urbana) e suas partes componentes (as variáveis de análise entre elas: os dados de infra-estrutura urbana - rede geral de esgoto, abastecimento de água, coleta de lixo, e também aspectos relacionados à educação, renda, áreas verdes, entre outros ). Vale salientar ainda que esta análise tenha como base os dados censitários e como recorte os setores censitários sobrepostos às Zonas Residenciais Homogêneas Z.R.H; associando com isso os dados sócio-econômicos da população à realidade da expansão urbana do município de São Paulo. Os resultados apresentam algumas observações interessantes: primeiramente foi possível avaliar que as porções do espaço com melhor índice de qualidade de vida urbana (em sua maioria) estão mais próximas do centro da cidade. E também que as condições de infra-estrutura básica apresentam porcentagens consideradas razoáveis e que acompanham o eixo de desenvolvimento da malha urbana, ou seja, a cidade se expande e, posteriormente, os serviços vão sendo atendidos, porém com intervalos de tempo significativos. Palavras – Chaves: Qualidade de Vida – Zonas Residenciais Homogêneas – Dados Censitários
EVOLUTIONARY ANALYSIS OF URBAN LIFE QUALITY IN THE SOUTH OF SÃO PAULO CITY THROUGH GEOPROCESSING PRACTICE
Currently the decision about the quality of life has become a matter of major importance, especially in the urban environment, which generally characterized by small portions of space with very dissimilar environmental and social conditions. This topic is very important for the geographical science because it deals with the interaction of society and its territory, in other words, considering both social and economic aspects (how a society is organized) and physical-territorial and environmental, for a better territory development. Our main purpose is “the evolutionary analysis of the urban life quality in the south of São Paulo city in the 1990 and 2000 decades”. As a basement methodological both evolutionary and comparative analysis mechanism is used the method of analysis considered as a whole ( variable analyses: urban data infrastructure, general sewage network, water supply, collection of garbage, aspect related to education, incomes, green areas and others). Its also worth point out that this analysis has the brazilian census database and the clipping
of census trats over the homogeneous residential areas Z.R.H; combine the socio-economic data of population to the reality of the urban expansion of São Paulo. As a result ( partial) not only it was possible to evaluate that the portion of space with better indice of urban life quality are located near downtown, but also that the basic unrban infrastructure was considered reasonable and that they follow the axis of development of the urban network, that is, as the urban areas grows, the urban services are provided afther a significant period of time. Key – Words: Quality of life – Homogeneous Residential Zones – Census Data
INTRODUÇÃO
O estudo da qualidade de vida urbana tem-se tornado um tema bastante considerado por
diversas áreas do conhecimento e, portanto, muito veiculado por meios de comunicação o que tornou a
temática popular e amplamente discutida. Na atualidade a discussão sobre a qualidade de vida se
tornou uma questão de extrema importância, principalmente no meio urbano, um meio geralmente
caracterizado por pequenas porções do espaço com condições ambientais e sociais muito diferentes e
desiguais entre si.
Dentro da realidade urbana este índice se tornou um forte indicador considerado na escolha da
localização de novas moradias, o que, conseqüentemente, valoriza ou não o preço da terra urbana. Este
fato pode ser bem observado na figura a seguir (FIGURA 1) onde representa a taxa geométrica de
crescimento durante a década de 1990 (recorte temporal desta pesquisa). Podemos observar o
crescimento da taxa geométrica principalmente nos distritos da porção sul do município de São Paulo,
como Grajaú e Parelheiros (em vermelho mais escuro). Sendo assim, ao analisarmos a temática de
qualidade de vida dentro das zonas urbanas, torna-se necessário salientar algumas bases teóricas sobre
o espaço urbano, tanto quanto dos atributos considerados para a elaboração dos índices de qualidade de
vida, neste caso especifico, da qualidade da vida urbana.
FIGURA 1. TAXA GEOMÉTRICA DE CRESCIMENTO ANUAL POR MUNICÍPIO E
DISTRITOS – PERÍODO 1991 a 2000
FONTE: AILTON LUCHIARI, 2008
As áreas urbanas, principalmente, os grandes centros urbanos dos países em desenvolvimento
caracterizam-se por uma enorme concentração populacional em busca de melhores condições de vida.
Segundo Corrêa (1993) o espaço urbano “constitui-se, em um primeiro momento de sua apreensão, no
conjunto de diferentes usos da terra justapostos entre si. Tais usos definem áreas (...) distintas em
termos de forma e conteúdo social, de lazer e, entre outras, aquelas de reserva para futura expansão”.
Deve-se salientar ainda que este espaço é dado por uma organização espacial da própria cidade
e que o espaço urbano é caracterizado por ser simultaneamente fragmentado e articulado, sendo que
cada setor mantém relações espaciais com os demais, cada qual na sua devida proporção.
No caso específico desta pesquisa que trata de uma porção da RMSP, pode-se considerar que ”o
processo de urbanização de uma metrópole inserida no contexto das cidades globais - como é o caso de
São Paulo, caracterizada por uma urbanização fragmentada e excludente”, (MARCONDES, 1999).
Á partir deste pressuposto pode se concluir que o espaço das cidades é fortemente dividido em
áreas segregadas, refletindo e reproduzindo a complexa estrutura social em classes, ou seja, cada zona
apresenta características próprias quanto às vantagens que valorizam cada uma delas de maneira
diferenciada, sejam vantagens relacionadas à localização ou a infra-estrutura. Vantagens essas que são
traduzidas no valor e preço da terra urbana, sendo assim essa desigualdade espacializada evidencia e
reproduz a estrutura social das cidades e, conseqüentemente, da sociedade.
Desse modo, estaria implícita a relação entre segregação e a possibilidade de apropriação de
vantagens econômicas dentro do ambiente urbano e também da pressão exercida pelas camadas sociais
mais favorecidas, nas esferas do poder, para a orientação dos investimentos públicos. Sendo assim, em
princípio, a segregação se dá por um padrão básico de centro e periferia, ou seja, no centro estão as
classes mais favorecidas servidas da melhor infra-estrutura, serviços, lazer, localização e todos os
fatores que valorizam uma localidade e na periferia estão a população das classes mais carentes e
desprovidas destas benfeitorias.
A distância dos setores centrais e a inexistência ou insuficiência da rede viária e do transporte
público indicam o grau e o teor da segregação. Estes fatores devem ser considerados ao analisarmos a
qualidade de vida nas distintas zonas das grandes metrópoles. Ainda sob este ângulo Meyer (2004)
afirma que nas periferias em especial temos um alto grau de desarticulação e até mesmo um
rompimento da continuidade urbana: “nas zonas periféricas, distintos padrões de ocupação do solo
urbano, juntamente com a natureza da acessibilidade ou do sistema viário em particular, tiveram papel
específico na configuração de áreas desestruturadas, destituídas de equipamentos públicos e
desarticuladas do conjunto estruturado da cidade”.
Vale salientar ainda que esta porção do município, juntamente, com a porção oeste delimita o
quadrante sudoeste que, por sua vez, direciona o vetor de maior expansão da malha urbana da cidade.
Fato este que exige, não anteriormente como também posteriormente ao adensamento da área urbana, a
instalação de infra-estrutura e serviços que possibilitem o desenvolvimento da área e atenda aos
interesses das populações residentes.
Esta pesquisa tem uma grande importância para as análises no campo da Geografia, não só pela
área analisada como também pela temática apresentada. A área escolhida para o estudo é a porção sul
do município de São Paulo, um recorte definido cartograficamente pelo mosaico de quatro imagens de
satélite IKONOS II que recobrem porções significativas de três distritos, Cidade Dutra, Grajaú e
Parelheiros (FIGURA 2.).
Para elaborar essa análise é necessário considerar alguns atributos que juntos proporcionam um
melhor índice de qualidade de vida, qualidade esta que compreendemos ser a satisfação das condições
básicas para o bom desenvolvimento da vida humana. Alguns desses atributos que estão citados a
seguir são muito bem observáveis tanto nas imagens de satélite quanto nos dados censitários. São as
características desse tipo de dados e instrumentos de análise que nos permitem observar tais atributos,
como: área verde, renda, infra-estrutura (abastecimento de água, saneamento básico, coleta de lixo,
etc.), tamanho dos lotes, pavimentação, entre outros.
Ao avaliarmos a qualidade de vida da área de estudo, pretendemos associar esses dados com a
realidade da expansão urbana e a especulação imobiliária para servir de fonte de informações para o
planejamento municipal e metropolitano. Auxiliando no reconhecimento e possíveis soluções de
problemas destas populações juntamente com os órgãos públicos responsáveis. Sendo assim é de
extrema valia esta pesquisa associando dados censitários a outros dados sistematizados provenientes de
instrumentos de Geoprocessamento que contemplam a análise espacial na temática de expansão
urbana.
MATERIAL E MÉTODOS
Para a elaboração desta pesquisa alguns dados são essenciais e, a seguir, serão apresentados
esses dados e as ferramentas utilizadas para analisá-los.
A principal base de dados deste trabalho se reporta aos dados censitários do IBGE de 1991 e de
2000, disponibilizados em arquivo digital. Esses dados serão analisados sob a perspectiva dos setores
censitários, considerando a área de estudo sob o recorte destes setores. A partir desta base de dados
estão selecionados alguns dados mais relevantes como os atributos relacionados à infra-estrutura
urbana, a educação, a renda, entre outros dados que serão elaborados sinteticamente seguindo
metodologias especificas.
Os dados censitários provenientes do censo do IBGE têm uma abrangência bastante grande de
dados, dados estes muito variados e valiosos, mesmo porque tratam sobre diversos tipos de grupos de
dados. Para avaliar os dados censitários é necessário, primeiramente, considerar suas características.
No caso dos dados do censo do IBGE que é um censo de periodicidade decenal, de ordem demográfica
e seus dados são coletados por amostragens e aplicações de questionários, mais tarde os dados são
tratados de forma a resultar em informações.
Para uma melhor compreensão dos dados considerados nesta pesquisa e como estes foram
associados e interpretados dentro da temática proposta é importante compreender como os dados
obtidos em estatísticas públicas (através da observação de eventos da realidade) se transformam em
indicadores sociais. Segundo Jannuzzi (2006)
“um indicador social é uma medida em geral quantitativa dotada de significado social
substantivo, usado para substituir, quantificar ou operacionalizar um coletivo social
abstrato (...) é um recurso metodológico, empiricamente referido, que informa algo sobre
um aspecto da realidade social ou sobre mudanças que estão se processando na mesma (...)
eles são expressos como taxas, proporções, médias, índices, distribuição por classes e
também por cifras absolutas”.
A melhor organização desses dados depende de certa classificação já que são dezenas de dados,
provenientes de diferentes fontes que devem ser organizados em centenas de variáveis, para mais tarde
serem interpretados. Para tal, os indicadores sociais são classificados em áreas temáticas da realidade
social a que se referem. É claro que muitos indicadores sociais podem ser classificados em mais de
uma temática e, por sua vez, podem ser classificados ainda como indicadores objetivos (quantitativos)
ou subjetivos (qualitativos).
Os indicadores sociais objetivos – são referentes a ocorrências concretas ou dados empíricos da
realidade social, construídos a partir de estatísticas públicas disponíveis, já os indicadores subjetivos –
correspondem a medidas construídas a partir da avaliação dos indivíduos em relação a diferentes
aspectos da realidade. No caso desta pesquisa, os dados considerados são objetivos e se enquadram
principalmente nas seguintes temáticas; demografia, educação, habitação, infra-estrutura urbana e
renda.
Para a elaboração das analises pretendidas serão utilizados alguns instrumentos técnicos, como
softwares de Geoprocessamento, de análise estatística alem de dados de Sensoriamento Remoto
orbital. Esses instrumentos serão indicados a seguir:
Software Arc GIS 9.2,
Software MINITAB 13.0,
Imagens IKONOS II,
Fotografias aéreas (quando necessárias para observações em trabalhos de campo).
Vale salientar que as imagens de satélite IKONOS II foram utilizadas num trabalho anterior de
análise da expansão do uso da terra sobre a mesma área de estudo. Trabalho este que teve como
resultado um mapa de uso da terra e sobre este mapa é que as análises espaciais serão elaboradas sobre
o recorte de cada um dos setores censitários e, posteriormente, serão elaboradas as análises estatísticas.
Todo esse procedimento será realizado para as duas datas citadas anteriormente e,
posteriormente, seus resultados serão comparados e avaliados com o intuito de vislumbrar se a área de
estudo foi beneficiada ou não e, conseqüentemente, avaliar como o índice de qualidade da vida urbana
se comportou neste intervalo de tempo.
Durante todo o processo a pesquisa será subsidiada por saídas de campo para observação e
servir de apoio para a interpretação dos dados. Serão também realizados registros fotográficos para
auxiliar ainda mais na interpretação dos dados, permitindo as correções necessárias, posteriormente, já
nos exercícios em laboratório e gabinete.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados são analisados a partir da interpretação do uso da terra sobre as imagens de
satélite de alta resolução - IKONOS II - (FIGURA 3.) e sua correlação com os dados provenientes do
censo. Cada grupo de indicadores sociais é representado por cartogramas e mapas temáticos que são
por sua vez associados (como overlays - em ambiente de SIG, neste caso utilizamos, principalmente, o
software Arc GIS) sobre o mapa de uso da terra. Mapa este que em sua área urbana é classificada em
Z.R.H. - Zonas Residenciais Homogêneas, segmentadas em manchas de alto, médio e baixo padrão
urbano.
Segundo Kurkdjian (1986), a análise das classes de uso residencial para definir os setores
residenciais homogêneos (nesta pesquisa, em particular, denominadas zonas residenciais homogêneas)
que caracterizam o espaço residencial a partir das variáveis possíveis de serem analisadas nos produtos
disponíveis. O intuito é de que seja possível avaliar de maneira bastante satisfatória a expansão e
disposição do padrão urbano na área de estudo através destas zonas. Foram identificadas doze Z.R.H.
Isto feito é analisado cada um dos setores censitários com seus respectivos indicadores sociais
mais representativos em associação com o uso da terra. As variáveis do Censo consideradas mais
importantes são representadas em cartogramas específicos para que posteriormente essas
representações sejam associadas para comporem o índice de qualidade da vida urbana.
Como já citado anteriormente, todos esses procedimentos são efetuados para as duas datas
consideradas nesta pesquisa para que na conclusão desta obtenha-se a realidade da qualidade da vida
urbana nos dois momentos considerados. E também que se compare o desenvolvimento não só do
índice de qualidade da vida urbana como também de suas variáveis mais importantes para que se possa
avaliar as variáveis que tem mais participação na formulação do índice, se apresentando de forma mais
representativa.
Os dados censitários provenientes do censo do IBGE 1990 e 2000 servem para obtermos um
panorama da situação populacional da área de estudo, assim como os dados relacionados à infra-
estrutura. Diante destes dados, pode-se fazer algumas inferências bastante válidas para este estudo.
Vale salientar que os dados foram analisados, primeiramente segundo os distritos, considerando os
distritos de Cidade Dutra, Grajaú e Parelheiros, distritos que tem certas porcentagens (mais ou menos
representativas) no recobrimento da área estudada.
Posteriormente, maior atenção foi dada aos dados apresentados por setores censitários, com o intuito
de analisar como os setores se organizam e se dispõem dentro da área de estudo. Esses dados estão
estruturados em uma seqüência de atributos da área de estudo, de população, de domicílios e de
responsáveis por domicílios. Primeiramente temos os atributos da área de estudo relacionados à área
(em Km2) ) de cada um dos distritos, porém vale salientar que são consideradas apenas as porções
inseridas dentro da área de estudo e não os distritos em suas totalidades.
ATRIBUTOS DA ÁREA DE ESTUDO DISTRITO
CIDADE DUTRA
GRAJAÚ
PARELHEIROS
TOTAL
ÁREA*
(EM KM 2)
5,10
57,40
93,50
156Km2
ÁREA
(PORCENTAGEM)
3,26%
36,79%
59,95%
100%
FONTE: IBGE, CENSO 2000 – ORGANIZACÃO: BIBIANA MARTINI, 2008 * NDICE RELACIONADO AO RECORTE DA ÁREA DE ESTUDO – APENAS A PORÇÃO DE CADA DISTRITO DENTRO DA ÁREA DE
ESTUDO
Os atributos de população que nos apresenta uma característica interessante, porém já
esperados, consistem na grande expansão e no acúmulo do contingente populacional nesses distritos.
Em especial (mais de 100%) em Grajaú que é o distrito localizado mais próximo do centro da cidade
de São Paulo. Além do crescimento populacional na área de estudo em geral, observa-se, ainda, um
fator em comum entre todas as três localidades que é a proporção entre homens e mulheres que se
mantém próximo a metade da população correspondendo a cada um dos gêneros.
ATRIBUTOS DE POPULAÇÃO
CIDADE CIDADE
DISTRITO DUTRA
(1990)
DUTRA
(2000)
GRAJAÚ
(1990)
GRAJAÚ
(2000)
PARELHEIROS
(1990)
PARELHEIROS
(2000)
POPULAÇÃO
*
(NÚMERO
ABSOLUTO)
153.395
191.389
134.783
333.436
64.843
102.836
HOMENS /
MULHERES
(NÚMERO
ABSOLUTO)
76.639 /
76.756
92.014 /
99.375
59018 /
75765
163.165 /
170.271
32.536 /
32.307
51.225 /
51.611
HOMENS /
MULHERES
(PORCENTAGEM)
49,96% -
50,04%
48,07% -
51,93%
43,78% -
56,22%
48,93% -
51,07%
50,17% -
49,83%
49,81% -
50,19%
FONTE: IBGE, CENSO 1990 e 2000 – ORGANIZACÃO: BIBIANA MARTINI, 2009 * ÍNDICE RELACIONADO AOS DISTRITOS EM SUA TOTALIDADE
Os dados censitários relacionados ao atributo domicílio são bastante relevantes e nos proporciona uma
gama grande de considerações. Primeiramente devemos citar o tipo de aquisição que pode ser tanto
próprio quanto alugado. É importante atentar que se somadas as porcentagens das duas classes de
atributos não obtemos cem por cento. Isso ocorre porque existem outras classes de atributos
intermediárias entre as apresentadas aqui, porém consideramos estas as mais representativas, mesmo
porque juntas representam em todos os distritos mais que três quartos da totalidade dos domicílios.
Outro aspecto que deve ser comentado é o aumento no número de domicílios quando
compararmos o intervalo censitário de dez anos. Apenas no distrito de Grajaú esse aumento não se
apresenta, porém o índice se mantém praticamente inalterado, não apresenta redução. E ainda podemos
observar que a maioria dos domicílios, nas duas datas, figura como próprios e apresentam entre as
datas e entre os distritos algumas variações, porém em nenhum dos casos são muito díspares, apenas
no índice associado aos domicílios alugados no distrito de Parelheiros que para o ano de 2000 se
reduziu abruptamente em mais de 10%.
ATRIBUTOS DE DOMICÍLIOS – TIPO DE AQUISIÇÃO
DISTRITO
CIDADE
DUTRA
(1990)
CIDADE
DUTRA
(2000)
GRAJAÚ
(1990)
GRAJAÚ
(2000)
PARELHEIROS
(1990)
PARELHEIROS
(2000)
TOTAL DE
DOMICÍLIOS
(NÚMERO
ABSOLUTO)
39.717
51.689
45.051
44.510
16.771
26.259
PRÓPRIO
(NÚMERO
ABSOLUTO –
PORCENTAGEM)
25.359 –
63,84%
31.928 –
61,76%
27.699 –
61,48%
30.997 –
69,64%
10.420 –
62,13%
19.995 –
76,14%
ALUGADO
(NÚMERO
ABSOLUTO –
PORCENTAGEM)
8.410 –
21,17%
8.674 –
16,78%
10.997 –
24,41%
13.123 –
29,48%
3.916 –
23,34%
2.372 –
9,03%
FONTE: IBGE, CENSO 1990 e 2000 – ORGANIZACÃO: BIBIANA MARTINI, 2009
Os dados referentes à infra-estrutura nos permitem uma consideração bastante importante, em
todos os índices analisados a porcentagem de atendimento destes serviços é sempre maior no distrito
de Cidade Dutra, mediano em Grajaú e sempre inferior no distrito de Parelheiros. O abastecimento de
água é razoável com todos os distritos tendo mais de 50% dos domicílios abastecidos por rede geral de
água em ambas as datas. A rede geral de esgoto tem uma representação muito distinta tanto entre os
distritos quanto entre as datas.
Por exemplo, o distrito de Cidade Dutra tem indicadores superiores aos demais, sendo que no
ano de 2000 alcança valores superiores a 90% dos domicílios atendidos por rede geral de esgoto. Os
outros dois distritos, além de apresentarem valores bastante inferiores (chegando a 19% em Parelheiros
no ano 2000) ainda apresentam uma característica curiosa. Seus indicadores sofreram forte redução no
intervalo de um decênio, chegando a “diminuir a proporção” em aproximadamente 60% de domicílios
com esgotamento sanitário. Isso colocado podemos avaliar que isso se dá pelo crescimento
populacional e, conseqüente, aglomeração de população e criação de maior número de domicílios,
porém sem boas condições de infra-estrutura urbana.
Os dados associados a coleta de lixo são altos nos três distritos e também nos três as taxas
sofreram crescimento no intervalo de tempo analisado atingindo valores superiores a 98%, no caso dos
dados censitários para o ano 2000 no distrito de Cidade Dutra.
ATRIBUTOS DE DOMICÍLIOS – INFRA-ESTRUTURA
DISTRITO
CIDADE
DUTRA
(1990)
CIDADE
DUTRA
(2000)
GRAJAÚ
(1990)
GRAJAÚ
(2000)
PARELHEIROS
(1990)
PARELHEIROS
(2000)
REDE DE
ÁGUA (NÚMERO
ABSOLUTO –
PORCENTAGEM)
32.492 –
81,80%
50.693 -
98,07%
41.674 –
92,50%
39.962 -
89,78%
15.322 –
91,36%
15.592 –
61,71%
REDE DE
ESGOTO (NÚMERO
ABSOLUTO –
PORCENTAGEM)
24.570 -
61,86%
45.526 –
88,07%
41.459 -
92,02%
13.414 -
30,13%
9.460 –
56,40%
4.811 –
19,04%
COLETA DE
LIXO (NÚMERO
ABSOLUTO –
PORCENTAGEM)
35.588 -
89,60%
50.938 –
98,54%
41.888 -
92,97%
42.539 –
95,57%
15.701 –
93,61%
24.055 –
95,21%
FONTE: IBGE, CENSO 1990 e 2000 – ORGANIZACÃO: BIBIANA MARTINI, 2009
Nesta seqüência de raciocínio, é importante avaliar também os atributos dos responsáveis por
domicílios ou, também conhecidos como chefes de famílias. Considerando os números relacionados ao
gênero do responsável podemos ressaltar que a grande maioria dos responsáveis são homens acima de
70% dos casos, porém comparando-se as datas as porcentagens representativas das mulheres como
responsáveis por domicílios vem aumentando rapidamente, em alguns distritos na taxa de 10%.
ATRIBUTO DE RESPONSÁVEIS POR DOMICÍLIOS – NÚMEROS ABSOLUTOS /
GÊNERO
DISTRITO
CIDADE
DUTRA
(1990)
CIDADE
DUTRA
(2000)
GRAJAÚ
(1990)
GRAJAÚ
(2000)
PARELHEIROS
(1990)
PARELHEIROS
(2000)
TOTAL DE
RESPONSÁVEIS
(NÚMERO
ABSOLUTO)
40.119
51.091
42.904
43.943
18.379
24.972
HOMENS /
MULHERES
(NÚMERO
ABSOLUTO)
33.497 /
6.622
36.869 /
14.222
30.035 /
12.869
33.595 /
10.348
15.723 /
2.656
19.640 /
5.332
HOMENS /
MULHERES
(PORCENTAGEM)
83,505 /
16,50%
72,17% /
27,83%
70,00% /
30,00%
76,46% /
23,54%
85,55% /
14,45%
78,65% /
21,35%
FONTE: IBGE, CENSO 1990 e 2000 – ORGANIZACÃO: BIBIANA MARTINI, 2009
Ainda considerando a temática dos indicadores representativos dos responsáveis por domicílios
podemos citar a escolaridade e renda. No quesito escolaridade houve uma expansão dos índices no
intervalo de tempo estudado (exceto no distrito de Grajaú), porém nada muito expressivo, cerca de 5%.
Os índices que são bastante díspares é a relação do atributo escolaridade entre homens e mulheres que
apresenta a população masculina com maior quantidade de indivíduos alfabetizados.
ATRIBUTO DE RESPONSÁVEIS POR DOMICÍLIOS - ESCOLARIDADE
DISTRITO
CIDADE
DUTRA
(1990)
CIDADE
DUTRA
(2000)
GRAJAÚ
(1990)
GRAJAÚ
(2000)
PARELHEIROS
(1990)
PARELHEIROS
(2000)
TOTAL DE
RESPONSÁVEIS
ALFABETIZADOS
(NÚMERO
ABSOLUTO)
35.857
51.091
42.239
39.283
16.063
22.000
HOMENS /
MULHERES
(NÚMERO
ABSOLUTO)
30.490 /
5.367
36.869 /
14.222
29.672 /
12.567
30.522 /
8.761
14.035 /
2.028
17.626 /
4.374
HOMENS /
MULHERES
(PORCENTAGEM)
85,03% /
14,97%
72,16% /
27,84%
70,24% /
29,76%
77,69% /
22,31%
87,37% /
12,63%
80,12%/
19,88%
FONTE: IBGE, CENSO 1990 e 2000 – ORGANIZACÃO: BIBIANA MARTINI, 2009
Por fim comentamos sobre a análise da renda dos responsáveis por domicílios. Esses indicadores
são um tanto distintos no que diz respeito a coleta dos dados censitários. Para o ano de 2000 houve a
coleta não só de total de responsáveis sem renda como também da sua repartição entre homens e
mulheres. Para o ano 1990 apenas temos os dados de total de responsáveis, por isso só poderemos
comparar o rendimento neste tipo de indicador.
E em todos os distritos podemos observar um grande aumento no índice de rendimento de
responsáveis por domicílios se compararmos o intervalo entre as datas, de dez anos. Esses valores
sofreram aumento de mais de 15% e atinge a mais alta proporção no distrito de Grajaú.
ATRIBUTO DE RESPONSÁVEIS POR DOMICÍLIOS – RENDIMENTO
DISTRITO
CIDADE
DUTRA
(1990)
CIDADE
DUTRA
(2000)
GRAJAÚ
(1990)
GRAJAÚ
(2000)
PARELHEIROS
(1990)
PARELHEIROS
(2000)
TOTAL DE
RESPONSÁVEIS
SEM RENDA
(NÚMERO
ABSOLUTO –
2107 –
5,25%
418 –
18,45%
1203 –
2,80%
9.179 –
20,88%
1202 –
6,54%
5.513 –
22,07%
PORCENTAGEM)
FONTE: IBGE, CENSO 1990 e 2000 – ORGANIZACÃO: BIBIANA MARTINI, 2009
CONCLUSÕES
Esta pesquisa tem como objetivo principal tratar da questão urbana em especial a qualidade de
vida nestas áreas de expansão urbana situadas na periferia das grandes cidades, neste caso específico, o
município de São Paulo e sua franja sul de expansão.
Primeiramente, diante dos dados pesquisados e analisados pode-se concluir que esta zona apesar
de ser Área de Proteção aos Mananciais, o que deveria garantir certa preservação e regulamentação,
não está sendo bem protegida e/ou fiscalizada. Isso deveria ser estabelecido ao menos aos
empreendimentos realizados após o ano de 1976 (ano de promulgação da lei de Proteção aos
Mananciais, lei 898 de 18/12/75). Diante da realidade observada pode-se concluir que esta situação
não está muito bem sistematizada já que observa-se (tanto na interpretação das imagens IKONOS II
quanto em campo) que na área existem muitos loteamentos irregulares.
Estes loteamentos que (mais tarde, muitas vezes, são regularizados pelo poder público devido à
pressão popular) se expandem e se organizam formando bairros (tanto populares quanto de alto
padrão) e vão urbanizando a área. Conseqüentemente, atraem e necessitam de infra-estrutura como
vias de circulação, transporte público, saneamento básico, abastecimento de água, distribuição de luz,
presença de comércio, bancos e tantos outros serviços públicos e privados que ajudam a estruturar
qualquer ambiente urbano.
Dentro da interpretação da área de estudo feita diretamente na tela do computador (“on-screen”)
através de imagens de satélite, as Z.R.H. – Zonas Residenciais Homogêneas foram retiradas à partir da
segmentação da classe “área_residencial” (neste caso, a mancha urbana como um todo). É importante
avaliar que a área urbana é muito segmentada, principalmente quanto mais se aproxima do centro da
cidade. Fato este que permite considerar esta área como uma das porções de franco crescimento de São
Paulo seguindo o eixo sudoeste de expansão da cidade, citado anteriormente.
Associado a este processo de interpretação, avaliou-se também os dados censitários,
primeiramente num recorte por distritos em uma escala maior e (mais adiante os dados do censo por
setores censitários serão também tratados). Isto posto pode-se, mais uma vez, corroborar a
consideração feita anteriormente que à medida que nos afastamos do centro a uma infra-estrutura é
pior, ainda com a presença de um menor número de domicílios e também um menor número de
residentes. Fato este que caracteriza os vazios urbanos ainda maiores, ou seja, porções de terra cada
vez maiores entre um pequeno centro de ocupação e outros esperando ser necessários e,
conseqüentemente, valorizados.
Porém, esses dados quando comparados em sua análise evolutiva apresentam tanto um
crescimento quanto um adensamento populacional bastante significativo no intervalo censitários de
dez anos. O que nos leva a concluir que esses distritos estão atraindo população para áreas
relativamente próximas ao centro e que vão preenchendo os vazios urbanos e atraindo também e,
consequentemente, toda uma infra-estrutura urbana e serviços. O que é também reforçado pelo
aumento do número de domicílios, muito significativos tanto em Cidade Dutra quando em Parelheiros.
Isto posto, podemos comentar sobre os dados relacionados à infra-estrutura urbana. Dados estes
que são tão valiosos na elaboração dos índices de qualidade de vida. Os valores apresentados são
bastante díspares tanto em relação aos distritos entre si quanto entre as datas. Podemos concluir que o
adensamento populacional, principalmente, proporciona que a maioria dos índices tenham uma
redução em sua abrangência. Ou seja, à medida que a população aumenta e as necessidades a serem
atendidas também aumentam e os serviços municipais não acompanham esse crescimento no mesmo
ritmo.
Diante dos dados relacionados aos responsáveis por domicílios podemos concluir que tanto na
tabela que considera o gênero do responsável quanto a tabela de escolaridade temos uma tendência de
poucas alterações tanto em relação às datas quanto ao compararmos os distritos entre si. Apenas na
tabela que apresenta os dados de rendimento temos um acréscimo significativo no número absoluto de
responsáveis por domicílios sem rendimento nominal. Fato este que nos leva a crer que as populações
situadas nestas franjas de expansão urbana (neste caso em especial, a zona sul do município de São
Paulo) estão sofrendo um empobrecimento em escala espacial localizada porém numa escala temporal
muito curta.
Sendo assim, como conclusões e/ou resultados preliminares temos que os dados relacionados aos
distritos sofreram alterações que levam os índices de qualidade de vida urbana a sofrerem alterações
significativas. É importante salientar que como esta pesquisa não está concluída os índices de
qualidade de vida urbana podem ainda ser alterados (tanto para melhor quanto para pior), ao
considerarmos outros aspectos como percentual de área verde, as Z.R.H; os recortes por setores
censitários e ainda os diferentes pesos atribuídos a cada um destes índices.
Estes são dados importantes (e servem como exemplo) que devem ser avaliados pelos órgãos
responsáveis para poder melhor planejar suas áreas de atuação, garantindo assim ao poder público
maior arcabouço. Arcabouço este possibilite um melhor planejamento destas áreas e como soluções á
questão urbana no município de São Paulo, em especial à temática da expansão urbana nas periferias
das grandes metrópoles.
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