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A FORMAÇÃO DE ESTOQUES PÚBLICOS VIA MECANISMO DE PREÇO MÍNIMO RESPONDE AOS DESAFIOS DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO? GOTARDO MACHADO DE SOUZA JUNIOR (1) ; JÚNIA CRISTINA PÉRES RODRIGUES DA CONCEIÇÃO (2) ; FLAVIO BORGES BOTELHO FILHO (3) . 1.CONAB, BRASÍLIA, DF, BRASIL; 2.IPEA, BRASÍLIA, DF, BRASIL; 3.UNB, BRASÍLIA, DF, BRASIL. [email protected] APRESENTAÇÃO ORAL COMERCIALIZAÇÃO, MERCADOS E PREÇOS AGRÍCOLAS Título: O Instrumento Preço Mínimo Responde aos Desafios do Agronegócio Brasileiro? (Grupo de Pesquisa I) RESUMO O presente trabalho propôs-se a analisar, dentro dinâmica da função econômica dos mercados futuros e sob a ótica de políticas públicas a Política de Garantia dos Preços Mínimos – seus mecanismos e instrumentos, a partir da influência do valor da base e da margem sobre a formação de estoques públicos pela via da Aquisição do Governo Federal – AGF. Neste contexto constrói-se uma discussão sobre o gerenciamento de risco no processo de comercialização das firmas ou produtores na região Centro-Oeste, levando em consideração o milho produzido no Estado de Goiás. Observa-se que, após a Constituição de 1988, a criação da OMC – Organização Mundial do Comércio, o fortalecimento econômico de blocos e países, novas corporações e grupos de interesses setoriais, o Estado passa por um processo de esvaziamento decorrente da sua crise fiscal e da falta de legitimidade de políticas socialmente sustentáveis. As mudanças no padrão de intervenção, que passou de uma completa regulação estatal para uma tendência à desregulamentação, com reduzida intervenção do Estado, contribuem para o surgimento de novas formas de comercialização – que, mais inteligentes, permeiam a dinâmica e o processo de

A FORMAÇÃO DE ESTOQUES PÚBLICOS VIA MECANISMO … · CRISTINA PÉRES RODRIGUES DA CONCEIÇÃO (2) ; ... COMERCIALIZAÇÃO, MERCADOS E PREÇOS AGRÍCOLAS Título: O Instrumento

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A FORMAÇÃO DE ESTOQUES PÚBLICOS VIA MECANISMO DE PREÇO MÍNIMO RESPONDE AOS DESAFIOS DO

AGRONEGÓCIO BRASILEIRO?

GOTARDO MACHADO DE SOUZA JUNIOR (1) ; JÚNIA CRISTINA PÉRES RODRIGUES DA CONCEIÇÃO (2) ; FLAVIO

BORGES BOTELHO FILHO (3) .

1.CONAB, BRASÍLIA, DF, BRASIL; 2.IPEA, BRASÍLIA, DF , BRASIL; 3.UNB, BRASÍLIA, DF, BRASIL.

[email protected]

APRESENTAÇÃO ORAL

COMERCIALIZAÇÃO, MERCADOS E PREÇOS AGRÍCOLAS

Título: O Instrumento Preço Mínimo Responde aos Desafios do Agronegócio Brasileiro?

(Grupo de Pesquisa I)

RESUMO

O presente trabalho propôs-se a analisar, dentro dinâmica da função econômica dos mercados futuros e sob a ótica de políticas públicas a Política de Garantia dos Preços Mínimos – seus mecanismos e instrumentos, a partir da influência do valor da base e da margem sobre a formação de estoques públicos pela via da Aquisição do Governo Federal – AGF. Neste contexto constrói-se uma discussão sobre o gerenciamento de risco no processo de comercialização das firmas ou produtores na região Centro-Oeste, levando em consideração o milho produzido no Estado de Goiás. Observa-se que, após a Constituição de 1988, a criação da OMC – Organização Mundial do Comércio, o fortalecimento econômico de blocos e países, novas corporações e grupos de interesses setoriais, o Estado passa por um processo de esvaziamento decorrente da sua crise fiscal e da falta de legitimidade de políticas socialmente sustentáveis. As mudanças no padrão de intervenção, que passou de uma completa regulação estatal para uma tendência à desregulamentação, com reduzida intervenção do Estado, contribuem para o surgimento de novas formas de comercialização – que, mais inteligentes, permeiam a dinâmica e o processo de

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funcionamento do mercado. Por isso, como não faz parte da maioria dos produtores da região o gerenciamento dos riscos do negócio da firma de produção agrícola junto à BM&F – Bolsa Mercantil e de Futuros é possível que a PGPM, especialmente pela via das Aquisições do Governo Federal - AGF esteja contribuindo para essa situação persistir, pois o Estado (em seus três níveis de poder: Federal, Estadual e Municipal), em conjunto com a iniciativa privada e demais organizações não governamentais, não conseguem estabelecer um padrão de comportamento em defesa do fortalecimento do uso de instrumentos e mecanismos de gerenciamento e neutralização de riscos. Normalmente, tanto no passado como agora, a operacionalidade desses instrumentos, em especial, o AGF, considerando o caso da formação de estoques de milho no Estado de Goiás implica em média e forte correlação em relação à diferença entre o valor da base e a margem ou ambos. Corroboram para isso a falta de conhecimento técnico, acrescido de uma ausência de estratégias institucionais, que levam produtores a não operarem com mercados futuros na região, aumentando, dessa forma, o custo das transações e o risco de seus próprios negócios em relação ao mercado, especialmente, junto ao sistema financeiro nacional, aos tesouros nacional e estadual e à economia em geral.

Palavras-Chaves: Preço mínimo; Preço de commodity; Bolsa; Firma de produção agrícola; Hedge; Gerenciamento de risco; Mercado de futuros; Milho; Produtores de milho;.

ABSTRACT

To the present job it intended to study the Minimum Price Guarantee Police – PGPM in the dynamics of the economic function and the public polices, under the outlook of the possibilities of base risk consider the future marketing and under the margin of rural firms. The question considering is what´s the infuence of the base value and the margin on the mecanisms and instruments of public stocks management by the Federal Government Aquisition – AGF. In this environment we bring up the discussion of risk management of the producers commercialization process in the area of Center-west, taking into account the corn produced in Goiás State. It is observed that, after the Constitution of 1988, the creation of OMC, the economical invigoration of blocks and countries, new corporations and groups of sectorial interests, the raise State for an emptying process due to it fiscal crisis and the

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lack of legitimacy of politics socially maintainable. The changes in the intervention pattern that passed of a complete state regulation for a tendency to the deregulation with reduced intervention of the State are contributing to the appearance in new commercialization ways - that more intelligent they permeate the dynamics and the process of market operation. Therefore, it is not part of most of the producers of the area to manage them risks on the agricultural production firms business in the BM&F – Brazilian Board of Trade. In fact the PGPM – Minimum Price Guarantee Police, is an agriculture support government based on Federal Government Loans Rates - EGF or acquisition by the minimum price AGF. Actualy on the foregone and now the operation of this police has takin in the case of corn stocks into the government extend a median and strength correlation with the diference between base and margin and both. So the PGPM can response for the producers managenment behavior contributing to weaking the other mecanisms and market tools or instruments. That situation tends to persist for all that the State (in their three levels of power: Federal, State and Municipal) together with the private initiative and other no government organizations, once it doesn't get to establish a pattern of behavior in defense of the invigoration use of instruments and administration mechanisms on the risk neutralization. They corroborate for institutional absence on the lack of added technical knowledge, taking producers operate not with future markets in the area, increasing, transaction costs and in that way, the risk of their own businesses.

Word-key: Corn; Commodity price; Board of Trade; Firm of agricultural production; Futures Market; Hedge; Minimum price; Risk administration; Corn producers.

Introdução

A Política de Garantia de Preços Mínimos – PGPM, criada no Brasil pelo Decreto-Lei N° 5.212, de 21 de janeiro de 1943, teve como principal órgão responsável pela sua execução a Comissão de Financiamento da Produção – CFP, no âmbito do Ministério da Fazenda. No que concerne a instrumentalização de financiamento ou aquisição da produção nacional teve origem na Lei N° 1.506, de 19 de dezembro de 1951. Vale lembrar que o Banco do Brasil – BB, era o agente financeiro da CFP que após o Decreto-Lei N° 79, de 19 de dezembro de 1966, que instituiu normas para a fixação de preços mínimos, execução de operações de financiamento e aquisição de produtos agropecuários até a metade da década de 80 traçava os planos, programas e atividades financeiras consubstanciadas em uma conta movimento cujos limites eram atendidos à revelia de dispositivos legais de responsabilidade fiscal e social, servindo-se aos destemperos de uma economia fechada com planos e políticas econômicas mal sucedidas.

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Ressalte-se que o caráter financeiro de tais medidas, com taxas de juros subsidiadas pela via da equalização, exigiam a aprovação de autoridade monetária devido ao uso de 25% dos encaixes dos bancos no conjunto de recursos destinados ao financiamento da produção agrícola do País. Dessa forma, grande parte dessas medidas e estratégias de política é, até hoje, desenvolvida à revelia das necessidades e interesses dos principais atores do agronegócio brasileiro – o Produtor Rural ou a Firma Rural – independentemente de seu tamanho, devido às essencialidades a que os objetivos e condições do ambiente institucional levavam à apreciação do Conselho Monetário Nacional.

Após a Constituição de 1988, a criação da OMC – Organização Mundial do Comércio, o fortalecimento econômico de blocos e países, novas corporações e grupos de interesses setoriais, o Estado passa por um processo de esvaziamento decorrente da sua crise fiscal e da falta de legitimidade de políticas econômicas e socialmente sustentáveis.

As mudanças no padrão de intervenção, que passou de uma completa regulação estatal para uma tendência à desregulamentação, com reduzida intervenção do Estado, contribuem para o surgimento de novas formas de comercialização – que, mais inteligentes, permeiam a dinâmica e o processo de funcionamento do mercado. Por isso, ao manter inalterada uma Política de Garantia de Preços Mínimos – PGPM e apesar de se mostrar efetiva a prática de hedge, como instrumento de gerenciamento de risco, não faz parte da maioria dos produtores do País gerenciar os riscos do negócio da firma de produção agrícola junto à BM&F – Bolsa Mercantil e de Futuros. Essa situação tende a persistir, pois o Estado (em seus três níveis de poder: Federal, Estadual e Municipal), em conjunto com a iniciativa privada e demais organizações não governamentais, estabeleceram um trade-off cujo padrão de comportamento pode aviltar o fortalecimento no uso de instrumentos e mecanismos de gerenciamento e neutralização de riscos, especialmente, após a criação da Organização Mundial de Comércio - OMC e do advento da Globalização1. Ainda assim, os novos instrumentos públicos e privados trouxeram uma alternativa à comercialização, conseguindo amparar alguns movimentos das diferentes cadeias produtivas no que concerne aos custos de transação, especialmente, a do milho no Estado de Goiás. Estes movimentos ocorrem, ora pela via da Cédula do Produtor Rural - CPR nos contratos de equivalência produto como é o caso da soja verde no financiamento da produção, ora pela aquisição de Opções de Venda do Governo via Conab ou pela utilização de outros mecanismos como os Programas de Escoamento da Produção – PEP e/ou Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural - PEPRO.

2. Objetivo Geral

O presente trabalho tem por objetivo analisar as relações existentes entre o comportamento da margem e da base em relação à formação de estoques públicos provenientes da PGPM, em especial, das operações de Aquisições do Governo Federal - AGF, no decorrer do período de 2002 a 2006.

Para os efeitos do presente trabalho buscou-se a utilização de séries históricas nominais em virtude, ora do grau de volatilidade do preço do milho revelando

1 Quando se processa uma escolha coletiva ou individual em que se aceita ganhar menos de algo diante de maiores ganhos em algo diferente ou distinto. Em finanças a expressão pode ser usada para exprimir alguns conceitos de diversificação de carteiras. No setor produtivo as firmas, a todo momento, questionam sobre seus trade-off.

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problemas de custo de transação no processo de comercialização, ora das relações entre os objetivos da PGPM e o gerenciamento de risco por parte da firma rural ou do produtor.

A fixação de preços mínimos, a formulação de normas para a execução de operações de financiamentos para custeio, investimento, comercialização e a aquisição de produtos agropecuários tem sido a maneira pela qual a plataforma da Política de Garantia de Preços Mínimos – PGPM mantém viva a memória de mecanismos de indexação, de uma economia fechada onde formas de gerenciamento ou neutralização de riscos baseavam-se em pressupostos nem sempre factíveis com o arcabouço institucional de liberdade econômica ou com os mecanismos de livre concorrência. Não obstante, se os resultados do agronegócio são essenciais para o crescimento e desenvolvimento da economia brasileira pode-se perguntar: Na forma em que se processa a elaboração, a aprovação e a execução da PGPM via AGF, o mecanismo de preços mínimos responde aos desafios do agronegócio brasileiro?

Para responder às questões inerentes à elaboração e implementação e manutenção da PGPM nos moldes do passado, com pequenas variações de forma, optou-se por uma tentativa empírica de análise por um modelo linear múltiplo do tipo log nível levando em consideração as relações, se houver, entre a evolução dos estoques governamentais provenientes de operações em AGF, o comportamento da base e a margem considerando os preços futuros da BM&F e os preços recebidos pelos produtores de milho no Estado de Goiás, tomando-se em conta o período de 2002 a 2006, portanto, 5 anos. A pergunta subjacente refere-se ao atual desenho de política agrícola: podem os novos instrumentos do Plano Agrícola e Pecuário – PAP conviver com as recorrências do AGF em detrimento do gerenciamento de risco pelas firmas rurais?

3. Referencial Teórico: Teoria da Firma em Concorrência Perfeita

A literatura microeconômica sugere que numa economia de concorrência pura ou perfeita2 e, muitas vezes, quer exista ou não a produção sob monopólio puro, indica princípios que proporcionam um instrumental indispensável para analisar os problemas de formação de preços, produção e distribuição de recursos. Dessa forma os instrumentos de análise do monopólio e suas variações são valorosamente respeitados nos estudos de competição pura, oligopolística ou monopolística. Portanto, admitir-se-á, igualmente, que as relações das curvas de custos e suas alterações não fariam diferença essencial para os objetivos do presente estudo.

De acordo com Varian (2006) a curva de demanda pode ser derivada a partir das preferências do consumidor. No entanto é preciso saber o quão sensível é a demanda com relação às variações de preço ou renda. O autor lembra sobre a utilização da inclinação da função de demanda como medida de sua sensibilidade, ou seja, a variação na quantidade demandada dividida pela variação do preço:

Portanto, a elasticidade preço da demanda, ε, é definida como a variação percentual na quantidade dividida pela variação percentual no preço.

2 Normalmente os pesquisadores da ciência econômica recorrem às estruturas de mercado hipotético de concorrência perfeita e muitas vezes de monopólios, de modo que os modelos respondam às hipóteses ou questões a que se buscam entender.

Inclinação da Curva de Demanda = ∆q ∆p

ε = ∆q/q ∆p/p

ε = p ∆q q ∆p

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ou

Dessa forma, considerando a elasticidade de uma curva de demanda linear a elasticidade é infinita no intercepto vertical (preços), igual a 1 na metade da curva, e zero no intercepto horizontal (quantidade).

Varian (2006) também destaca as relações entre elasticidade e demanda lembrando que se um bem tiver uma elasticidade de demanda maior do 1 em valor absoluto, diz-se que este bem tem uma demanda elástica. Se a elasticidade for menor do que 1 em valor absoluto, diz-se que o bem tem uma demanda inelástica. E se a demanda do bem tiver uma elasticidade exatamente igual a -1, diz-se que se trata de uma demanda de elasticidade unitária. A curva de demanda elástica é aquela em que a quantidade procurada é muito sensível às variações de preço: a cada percentual de aumento no preço a quantidade demandada reduzirá em mais de 1%.

Como a elasticidade de demanda de um bem elástico depende, em grande parte, da quantidade de substitutos próximos a este bem, é de se esperar que sua curva de demanda seja extremamente sensível às suas variações de preços. Ressalte-se que, se um produto tiver poucos substitutos próximos, sua demanda será bastante inelástica, e este, é o caso do milho.

Mas se por um lado a receita é simplesmente o preço de um produto multiplicado pela quantidade vendida, e se o preço médio anual do milho produzido em Goiás leva a aumentos ou diminuições na quantidade vendida; a receita de um produtor ou uma firma rural pode aumentar ou diminuir. O que acontecerá depende, na verdade, da reação da demanda às variações de preço. Se a demanda cair muito quando o preço aumentar, a receita cairá. Se a demanda cair apenas um pouco quando o preço subir, então a receita aumentará. Isso indica que a direção da variação da receita tem a ver com a elasticidade da demanda. Assim, tem-se que:

Se o preço variar para p + ∆p e a quantidade variar para q + ∆q, tem-se uma nova receita onde:

Subtraindo R de R ,́ tem-se que:

Como para os valores pequenos de ∆p e ∆q, o último termo pode ser ignorado a expressão de variação da receita assume a forma:

Dessa forma, a variação da receita é aproximadamente igual à quantidade multiplicada pela variação do preço mais o preço original multiplicado pela variação

R = p.q

R´ =( p + ∆p) ( q + ∆q)

= pq + q∆p + p∆q + ∆p∆q

∆R = q∆p + p∆q + ∆p∆q

∆R = q∆p + p∆q

∆R = q + p ∆q ∆p ∆p

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da quantidade. Assim ao dividir a expressão anterior por ∆p a expressão para a taxa de variação da receita por variação do preço, será:

Quando o resultado líquido dos efeitos dessa variação for positivo, significa que:

Assim tem-se que:

Como o lado esquerdo da expressão é ε (p), que é um número negativo, a multiplicação por -1 inverte a direção da desigualdade, o que proporciona:

Portanto, a receita aumenta quando o preço sobe desde que a elasticidade da demanda seja menor do que 1 em valor absoluto. Do mesmo modo, a receita diminui quando o preço aumenta sempre que a elasticidade da demanda for maior do que 1 em valor absoluto.3

Como foi visto anteriormente,

ao dividir ambos os lados por ∆q, obtém-se a expressão da Receita Marginal - RMg:

podendo, também, a expressão ser escrita da seguinte maneira:

como 1/ε = 1/ p∆q/ q∆p então isto é igual a q∆p/ p∆q. Dessa forma:

3 Há na literatura muitas formas de se chegar á explicação da elasticidade da demanda, inclusive a de elasticidade constante, dada por ln q = ln A + ε ln p. Na verdade, o que se propõe é apenas mostrar as relações dispostas em curva de demanda de modo que se possa avaliar as relações entre a formação de estoque do Governo Federal via AGF, com o comportamento da base e da margem.

∆R = p ∆q + q(p)>0

∆p ∆p

p ∆q q ∆p

> -1

|ε( p)| < 1

∆R = q∆p + p∆q

RMg = ∆R = p + q ∆p ∆p ∆q

RMg = ∆R = p[ 1 + q∆p ]

∆p p∆q

RMg = ∆R = p( q) [ 1 + 1 ]

∆p |ε( q)|

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A utilização de p( q) e |ε( q)| , reafirmam o quanto o preço e a elasticidade dependem, normalmente, do nível de produção. De qualquer maneira se o resultado da elasticidade for indicado por um número negativo, a expressão pode ser:

Segundo Varian (2006), isso significa que se a elasticidade da demanda for -1, portanto, negativa, a receita marginal será 0 – a receita não varia quando aumenta a produção. Se a demanda for inelástica, então |ε| será menor do que 1, o que significa que 1/|ε| será maior do que 1. Portanto, 1-1/|ε| será negativo, de modo que a receita diminuirá quando aumentar a produção.

Varian (2006), lembra ainda que quando a quantidade é zero a receita marginal é igual ao preço. Isso significa que a receita adicional que se obtém com a venda da primeira unidade é exatamente igual ao preço. Mas, a partir daí, a receita marginal será menor do que o preço, uma vez que ∆p/∆q é negativo. Pois, ao decidir vender mais uma unidade de produto ter-se-á de reduzir o preço. Mas essa redução de preço diminui a receita recebida por todas as unidades de produto vendidas. Portanto, a receita adicional será menor que o preço recebido pela venda de uma unidade adicional.

Varian (2006), sugere uma análise da curva de demanda linear (inversa):

P(q) = a – bq

Note-se que a inclinação da curva de demanda inversa é constante:

Portanto, a fórmula da receita marginal passa a ser:

Onde:

= P(q) – bq

= a – bq – bq

= a – 2bq

Assim a curva de receita marginal pode ser vista na Figura 3.1. Como a curva de demanda marginal tem o mesmo intercepto vertical que a curva de demanda sua inclinação = – 2b é duas vezes mais ingrime. Dessa forma a receita marginal é negativa quando q > a/2b. A quantidade a/2b é a quantidade na qual a elasticidade é

RMg = ∆R = p( q) [ 1 - 1 ]

∆p |ε( q)|

∆p = - b ∆q

RMg = ∆R = p( q)+ ∆ p( q) q

∆p ∆ q

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igual a –1. Para qualquer quantidade maior a demanda será inelástica, o que implica que a receita marginal seja negativa.

Leftwich (1960) lembra que tudo o mais permanecendo constante, e partindo dos princípios adotados para um mercado monopolista, de modo que as curvas de custo sejam tais que a curva de Receita Marginal - RMg atinja o mínimo da curva de Custos Médios de Longo Prazo - CMLP, como na Figura 3.1. A produção que maximiza o lucro no longo prazo é x, onde o Custo Marginal de Longo Prazo – CMgLP é igual à Receita Marginal – RMg; este será, o nível de produção em que o CMgLP é mínimo. Para produzir x ao menor custo unitário, a este nível, a otimização da firma deveria levar em conta a capacidade em trabalhar e responder à produção com Custos Médios de Curto Prazo – CMCP. Neste caso os Custos Marginais de Curto Prazo – CMgCP serão iguais aos CMgLP; aos CMCP; aos CMLP e à RMg, ou seja, CMgCP = CMgLP = CMCP = CMLP = RMg, ao nível de produção X, estando a firma em equilíbrio no curto e longo prazos. O preço P, o custo médio é C e a margem de lucro (ou simplesmente margem), será em X, o espaço entre CP.

Figura 3.1

Como o preço é mínimo em C, pode-se observar a remuneração aos custos totais. No entanto, como o Governo calcula o valor do preço mínimo desconsiderando a remuneração aos custos de oportunidade, a depreciação de ativos fixos e o valor da terra, muitas vezes o preço mínimo não remunera os custos totais. Ressalte-se que a ocorrência do spillover tecnológico na gestão da firma rural no que concerne à produção de milho no Estado de Goiás, pode contribuir com externalidades negativas devido ao viés que corrobora para concentração na produção por grandes produtores que operam em economia de escala4.

Se a Receita Total – RT é igual ao Custo Marginal – CMg mais a Margem – M, então, a firma alcança seu ponto de maximização de lucros em XP. Diante disso, o ponto de minimização de receita encontra-se em C. Como RT = Pp . Qp, então:

4 O spillover ou transbordamento tecnológico normalmente contribui com externalidades positivas melhorando as relações entre o setor produtivo e o consumo. Nesse contexto é comum a redução da margem em função de ganhos do setor produtivo no uso de novos pacotes tecnológicos, em decorrência, haverá um deslocamento da curva de custos sociais para a direita devido ao ótimo de Paretto.

Quantidade de Milho 0

Preço do Milho

CMLP

Demanda (valor privado)

Oferta (custo privado)

Custo social

X

Valor do Spillover tecnológico

Equilíbrio

Ótimo

RMg

CMCP

CMgLP

CMgCP

P

C

RMg = ∂RT = p

∂Qp

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Como o lucro ou a margem, é igual a RT – CT e o Custo Total – CT é igual ao preço dos insumos - i vezes a quantidade de insumos na produção, CT = Pi . Qi então:

e como a

4. O Conceito de Hedge e a Base nos Mercados de Futuros

Leuthold et. ali. (1989) afirma que hedgear é mais uma ação de mercado, proteção, do que uma ação técnica de precisão. Segundo o autor não é possível definir hedge como uma ação isolada. Hedegear significa coisas diferentes para pessoas distintas por isso existem várias definições.

Hieronymus (1977) contribuiu com três definições: Primeiro, o processo técnico de hedging implica em tomar uma posição equivalente a uma posição oposta em ativos disponíveis ou dinheiro5. Igual em tamanho ou volume e oposta em relação ao mercado spot ou a vista, conforme o caso: comprado – long ou vendido – short no mercado futuro.

Se considerar um caso de uma operação de aquisição de grãos no mercado spot no tempo t+0, no preço So e ao mesmo tempo vender um contrato de futuros no preço Fo. Um negociador estará comprado no mercado spot e vendido no mercado futuro, o que significa uma posição hegeada. No tempo t+1 o negociador vende seu estoque em dinheiro pelo preço S1 e liqüida ou compra um contrato de futuro ao preço F1.

O resultado R, lucro ou prejuízo, da transação após a operação de hedge será representado pela mudança relativa dos dois preços, a vista e futuros, ou pela mudança na base:

R=(S1-S0)+(F0-F1) (4.1) =(S1-F1)+(S0-F0) (4.2) =B1-B0=∆B (4.3) Onde, B1 = S1 - F1 ; B0 = S0 - F0; sendo que B representa a base e a ∆B a

mudança de base. Como a base é a diferença entre o preço no mercado spot e a cotação do

contrato no mercado futuro, pode assumir valores positivos e negativos. O valor da

5 Hieronymus in Economics of Future Trading, 107.

CMg = ∂CT = Pi

∂Qi

∂RT – ∂CT = 0 Rmg – CMg = 0, então

Rmg = CMg

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base pode ser positivo, quando o preço spot da localidade estiver maior do que a cotação no mercado futuro. De outra forma, a base pode assumir um valor negativo quando o preço a vista for menor do que a cotação no mercado futuro. A variação que significa aumento na base ou seja a diferença entre o preço a vista e o futuro aumenta ocorre o enfraquecimento ou alargamento da base. Quando ocorre o contrário é chamado de fortalecimento ou estreitamento da base.

Este processo com o passar do tempo, à medida que o vencimento do contrato futuro se aproxima, os custos de carregamento diminuem devido ao fato do período de armazenagem e incidência de juros e encargos diminuírem. Por isso, no vencimento do contrato chega-se ao ponto em que a diferença entre o preço à vista e o futuro reflete tão somente os custo de transporte entre as diferenças de localidades de origem da transação e os pontos de entregas da Bolsa.

Para que haja hedge perfeito o valor da base deverá ser o mesmo da data de contratação quando do seu encerramento. Vale mencionar que isso dificilmente ocorre por que os prêmios de risco devido ao tempo de maturidade do contrato, a taxa de juros, o custo de carregamento, a localização e a qualidade do produto são características implícitas na comercialização – de acordo com Jeffrey Williams (1986), essas são variáveis que influenciam ou modificam-se ao longo do período de maturação de um contrato.

Em relação ao risco de base, é de se observar que os preços à vista e futuro se movem em direções quase semelhantes. Bem, quase porque este movimento além de não ser simultâneo, não ocorre com igual intensidade. Toda vez que os movimentos são imprevistos ou desconhecidos, provavelmente em função do conjunto de informações indisponíveis à maioria geram movimentos de imprevisibilidade os quais são normalmente definidos como risco de base.

A variabilidade, a independência e os prêmios nos mercados spot e futuros faz com que nem sempre se movam na mesma direção e proporção. Segundo Marques & Mello (1999) isto cria a possibilidade de perdas para especuladores, investidores e até hedgers.

Hull (1996) entende que quando uma operação de hedge se inicia no instante t1 e encerrada no instante t2. A partir da definição de base tem-se que: B1= p1- f1 (4.4) B2= p2- f2 (4.5)

B1 e B2 são as bases, p1 e p2 são os preços a vista e f1 e f2 são os preços futuros nos instantes t1 e t2, respectivamente. Se no instante t2, vende-se ou compra-se um ativo pelo preço do mercado a vista, ou seja, p2, o lucro ou prejuízo da posição futura será dado pela diferença entre f1 - f2. De acordo com Hull (1996), o preço efetivo que o contratante pagará ou receberá pelo ativo (P) será: p = p2 + f1 - f2 (4.6)

substituindo a equação 5 em 6, tem-se que:

p = f1+ b2 (4.7)

O risco de hedge é a incerteza associada a b2, também conhecido como risco de base, uma vez que, f1, é conhecido no instante t1, mas b2, não. Hull (1996) destaca que se b2, também fosse conhecido naquele instante, ter-se-ia um hedge perfeito.

Portanto, não existe operação perfeita, com rara coincidência, em função do risco de base. Nos casos de baixa rentabilidade de um ativo ou problemas que acarretem enfraquecimento da base, ou seja a diferença entre o preço a vista e o preço

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futuro aumente, significa que os preços a vista estão declinando em função do alargamento da base. Por isso, quanto menor for o risco de base, maior será a utilidade dos contratos futuros como instrumento e mecanismo de neutralização de riscos e de manutenção de resultados para os hedgers.

5. Os Novos Instrumentos de Financiamento e a Comercialização do Agronegócio.

Além disso, as Notas Promissórias e Duplicatas Rurais (NPR e DR) permitem que a agroindústria alavanque recursos junto ao mercado para efetuar o pagamento de aquisições aos produtores. Já o PEPRO permite ao governo garantir um patamar de preço ao produtor (preço referência), com operação semelhante ao PEP. A diferença é quanto ao pagamento do prêmio6 feito diretamente ao produtor ou à firma rural.

Ressalte-se que ao abrigo da Lei N° 11.076 de 31 de dezembro de 2004, foram criados novos instrumentos de alavancagem de crédito para a política agrícola, por meio de novos títulos de crédito especialmente desenvolvidos para financiar o agronegócio. De acordo com o Plano Agrícola e Pecuário 2006/2007 – PAP, foi regulamentada a Nota Comercial do Agronegócio – NCA, pela Instrução Normativa N° 422, de 20 de setembro de 2005, da Comissão de Valores Mobiliários – CVM, também conhecida por Agrinote.

Mencionados títulos, por um lado, podem contribuir para mudanças radicais no financiamento e refinanciamento do agronegócio brasileiro reduzindo a demanda por créditos oficiais. A idéia básica, segundo o PAP, é atrair novos investidores inclusive os pequenos poupadores até os grandes fundos de pensão no financiamento das atividades rurais como complemento aos créditos disponibilizados pelo Governo Federal.

De outro lado, a ponte para que isso seja possível conecta três títulos para o refinanciamento do agronegócio: as Letras de Crédito do Agronegócio – LCA, os Certificados do Agronegócio - CDCA e o Certificado de Recebíveis do Agronegócio - CRA. Como estes títulos estão lastreados nos títulos de pagamentos futuros por parte do produtor ou firma rural como as CPR, Notas Promissórias Rurais – NPR, Duplicatas Rurais - DR ou Contratos de Fornecimento a Exportação, popularmente conhecidos como recebíveis que, normalmente, são emitidos por produtores rurais ou cooperativas. Vale mencionar que os títulos diferenciam-se por entidade emissora: A LCA é de emissão exclusiva de instituições financeiras; O CDCA é de emissão exclusiva das empresas de agronegócio, tais como: cooperativas, supridoras de insumos à agropecuária e as que têm na produção agrícola a matéria-prima de suas atividades (agroindústrias e tradings); Já o CRA, pertence às empresas de securitização que buscarão realizar operações com investidores que desejem correr os riscos inerentes ao financiamento da produção agrícola.

No que concerne à parte da comercialização, a mencionada Lei N° 11.076, de 31 de dezembro de 2004, também criou os Contratos Privados de Opção de Venda que funciona de modo similar ao Contrato de Opção de Venda do Governo cujo objetivo de sustentar as cotações de determinado produto ou de sinalizar ao mercado uma trajetória de preços com a qual o Governo encontra-se disposto a garantir desde que a firma ou o produtor rural pague pelo prêmio exigido nos leilões da Conab. Ao

6 O prêmio normalmente é o que se paga para se usar o instrumento. No entanto, dependendo do caso, o Governo via Conab realiza leilões nos quais arrecada taxas para participação das firmas, objetivando pagar prêmios aos produtores podendo variar de acordo com os objetivos dos instrumentos.

13

final do período de vencimento do Contrato de Opção o produtor ou a firma rural poderá escolher se vende o produto ao Governo ou ao mercado. Ao negociar com este tipo de instrumento a firma está adquirindo uma espécie de seguro contra a queda de preço do produto.

O Contrato Privado de Opção de venda tem características semelhantes aos contratos do Governo. A diferença é que neste instrumento quem lança as opções é o setor privado. O detentor da opção (produtor ou cooperativa) vendida em leilões, tem o direito, mas não a obrigação de entregar o produto correspondente à empresa lançadora, a qual tem obrigação de receber o produto desde que este corresponda às especificações estabelecidas por ocasião do aviso de leilão de venda das opções. Portanto, é o lançador da opção que se expõe ao risco de ser obrigado a pagar um preço superior ao vigente no mercado.

Diante disso, a fim de limitar o risco das empresas lançadoras de Contratos Privados de Opção de Venda, o Governo criou o Prêmio de Risco de Opção Privada -PROP, recursos de subvenção que elimina até certo ponto os riscos a que se expõem tais organizações.

A mencionada Lei, também criou o Certificado de Depósito Agropecuário - CDA e Warrant Agropecuário – WA, que são títulos de crédito lastreados na produção depositada em armazéns. O CDA corresponde a promessa de entrega da mercadoria armazenada. O WA confere direitos de penhor sobre a mercadoria descrita no CDA, caracterizando-se, dessa forma, razão de identidade, pois são emitidos no mesmo momento e se referem à mesma mercadoria, sendo registrados em sistema de registro e de liquidação financeira de ativos – CETIP, autorizado pelo Banco Central.

Quanto ao Agrinote ou Nota Comercial do Agronegócio – NCA, foi regulamentada pela Instrução Normativa N° 422, da Comissão de Valores Mobiliários – CVM, cuja característica principal reside em sua estrutura de flexibilidade. Inspirada nos Commercial Papers, a Agrinote pode ser emitida pelas mais diversas instituições pertencentes ao Agronegócio desde que organizada como firma ou pessoa jurídica, podendo ter lastro em recebíveis, na produção já disponível ou a realizar ou, apenas, no bom nome da empresa ou firma emissora. Pode agregar às garantias qualquer tipo de seguro, aval bancário ou rating etc. Portanto, os recursos levantados por esta operação podem ser empregados em custeio, comercialização, exportação, programas de investimento, modernização do processo produtivo ou qualquer outra finalidade.

6. O cenário

Atualmente, o balanço de oferta e demanda mundial para o milho mantém os Estados Unidos como principais produtores, em uma área equivalente a 30,5 milhões de hectares, que produzem aproximadamente 282,2 milhões de toneladas do grão. O Brasil caminha a passos firmes e com o auxílio dos principais interessados no crescimento do plantio do milho brasileiro: o Mercado Internacional. As grandes corporações que comercializam o grão no mundo, Bunge, Cargill, ADM, acrescidas das integradoras na produção de carnes e de novos empreendedores formados a partir de parcerias tanto para a produção de etanol quanto para as indústrias de alimentos, em conjunto com grandes tradings e companhias de armazéns gerais passarão a disputar a comercialização do milho diante das novas oportunidades de negócios.

14

No momento, o suprimento mundial de milho aproxima-se de 693 milhões de toneladas para uma demanda que vem crescendo ano após ano e, dependendo do consumo e da renda dos países asiáticos, pode ultrapassar, dentro em breve, a casa dos 700 milhões de toneladas devido à demanda do etanol, dentro e fora dos EUA. O Gráfico 4.1 apresenta a evolução da produção, estoque inicial e exportações, além do suprimento mundial no período em análise.

Gráfico 4.1 20

01/0

2

2002

/03

2003

/04

2004

/05

2005

/06

2006

/07

ES

TO

QU

E IN

ICIA

L

IMP

OR

TA

ÇÃ

O

PR

OD

ÃO

SU

PR

IME

NT

O

EX

PO

RT

ÃO

ES

TO

QU

E F

INA

L

CO

NS

UM

O

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

Em

t/m

ilhõe

s

Período

Suprimento Mundial do Milho Safras 2002 a 2006

Fonte: USDA/CONABElaboração: Sugof/Digem Março 2007

Apesar de os estoques de milho encontrarem-se próximos aos de 2004, o Brasil poderá passar a figurar como um ator estratégico na condução da oferta mundial de milho logo após a China, responsável por 143, das 693 milhões de toneladas produzidas em nível global, ou 20,6% da safra mundial. Em 2007, o Brasil deve manter a mesma posição, todavia com uma produção estimada em 48 milhões de toneladas, em aproximadamente, 13,18 milhões de hectares, correspondendo a cerca de 7,0% da produção mundial.

No que concerne ao balanço de oferta e demanda brasileiro no decorrer do período em análise, o Gráfico 4.2 apresenta a evolução do suprimento nacional entre os anos de 2002 a 2006/7, inclusive.

Gráfico 4.2

15

2001

/02

2002

/03

2003

/04

2004

/05

2005

/06

2006

/07

ESTOQUE INICIAL

EXPORTAÇÃO

PRODUÇÃO

SUPRIMENTO

IMPORTAÇÃO

ESTOQUE FINAL

CONSUMO

0

10

20

30

40

50

60

Em

t/m

ilhõe

s

Período

Suprimento Interno do Milho - 2002 a 2006

Fonte: USDA/CONABElaboração: Sugof/Digem Março 2007

Apesar da transferência muitas indústrias ou integradoras de diferentes cadeias de carnes para o Estado de Goiás, a região mantém-se exportadora líquida de milho juntamente com o Estado do Mato Grosso. Além disso, embora a área plantada não tenha acompanhado o crescimento do plantio no Centro-Oeste do País, o que reduziu sua participação tanto regional quanto em nível nacional, houve expressivo crescimento da produtividade em relação à região e à totalidade do País no período.

Quadro 4.1 Comparativo de Área, Produtividade e Produção Safras 2002 a 2007

REGIÃO/UF Discriminação 2001/02 2002/03 2003/04 2004/05 2005/06(1)

Preliminar2006/07(1)

PreliminarÁrea 1.994,3 2.327,8 2.308,9 2.264,8 2.372,5 2.788,6 Produtividade 3.554 4.266 4.031 3.454 4.043 4.091 Produção 7.088,2 9.931,4 9.355,0 7.823,1 9.592,2 11.407,1 Área 746,3 715,0 676,8 605,0 662,8 782,1 Produtividade 4.549 4.873 4.983 4.653 4.660 5.167 Produção 3.394,7 3.484,3 3.372,3 2.814,8 3.088,8 4.040,8 Área 0,37 0,31 0,29 0,27 0,28 0,28Produtividade 1,28 1,14 1,24 1,35 1,15 1,26Produção 0,48 0,35 0,36 0,36 0,32 0,35Área 12.297,8 13.226,2 12.783,0 12.208,2 12.963,9 13.176,9 Produtividade 2.868 3.585 3.291 2.867 3.279 3.637 Produção 35.266,8 47.410,9 42.128,5 35.006,7 42.514,9 47.923,6 Área 0,06 0,05 0,05 0,05 0,05 0,06Produtividade 1,59 1,36 1,51 1,62 1,42 1,42Produção 0,10 0,07 0,08 0,08 0,07 0,08

FONTE: CONAB (1) Dados Preliminares: sujeitos a mudanças

%

CENTRO-OESTE

GOIÁS

%

BRASIL

No que concerne aos preços ao produtor praticados no Estado de Goiás e em relação aos preços de mercado cotados ou formados na BM&F (Grafico 4.3), pode-se verificar que a volatilidade dos preços nos três mercados: atacado ou indústria, Futuros e Recebidos pelo produtor, gera elevado grau de expectativa na formação dos preços e na alocação de recursos por parte dos atores na Cadeia Produtiva do Milho. Por isso, a necessidade de se desenvolver uma cultura que melhor atenda as dinâmicas de interação entre firmas ou produtores e o mercado. É preciso que a plataforma de políticas públicas, no Brasil, gere mecanismos e instrumentos redutores de custos de transação no âmbito da comercialização, de modo que os elos da cadeia produtiva, com um mínimo de subvenção econômica possam enfrentar os riscos de variação da base e o comportamento da demanda pela commodity milho no mundo. Ainda assim, a manutenção de altas taxas de juros e a queda no câmbio ocorrida ao longo dos últimos anos exigiu e continuará exigindo uma nova formatação na operacionalização dos negócios da firma de produção agrícola, especialmente no que tange à gestão de

16

risco, além de mudanças organizacionais que se manifestam no âmbito dessa nova formatação.

Gráfico 4.3 Evolução Média dos Preços Recebidos do Milho - GO, Atacado - SP

e Futuros da BM&F 2002 a 2006

-15,00

-10,00

-5,00

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

35,00

jan/02

abr/02

jul/02

out/02

jan/03

abr/03

jul/03

out/03

jan/04

abr/04

jul/04

out/04

jan/05

abr/05

jul/05

out/05

jan/06

abr/06

jul/06

out/06

Período

Em

R$

sc/6

0kg

Atacado SP

Futuros BM&F

Diferença (F - A)

Pr Recebidos GO

Fonte: CONABElaboração: DIGEM/SUGOFMarço de 2007

7. A Relação entre os Estoques Públicos de AGF, a Base e a Margem.

Numa tentativa empírica de busca ao conhecimento sobre os resultados da PGPM na formação de estoques públicos, procurou-se mensurar a evolução dos estoques proveniente de AGF com o comportamento da base e da margem para o produto milho, no Estado de Goiás, no decorrer do período de 2002 a 2006.

Ao iniciar as investigações sobre o assunto, pode-se perceber que, tanto a base, quanto os preços recebidos pelos produtores per si não se predispõem a explicar o comportamento dos estoques provenientes das operações de AGF embora sob a ótica dos gestores públicos ou do Governo, o comportamento desses estoques derivam diretamente do comportamento do mercado admitindo-se um ambiente de concorrência pura ou perfeita.

Neste contexto, normalmente, quando os preços recebidos encontram-se muito próximos ou abaixo do preço mínimo, a intervenção governamental via AGF tende a ocorrer de modo a atender os pressupostos da PGPM, ainda que seus resultados sejam pouco analisados no médio e longo prazos. De fato em pequenos períodos temporais quando, normalmente, ocorre escassez nas regiões demandantes de milho, o Governo promove leilões de venda de acordo com um Ponto de Liberação do Estoque – PLE, que naturalmente, comporta-se abaixo dos preços de mercado devido aos objetivos de regulação, em virtude da atenção que se dá aos elos de postura e criação nas cadeias produtivas de carnes e nas micros e pequenas agroindústrias familiares em geral, e devido às pressões de mercado.

Consoante a isto, os estoques públicos também são formados pelo exercício por parte dos produtores que adquiriram opções de venda da Conab e pelas compras da agricultura familiar. Como neste trabalho o objetivo foi procurar explicar que fatores influenciam o comportamento dos estoques provenientes das operações de AGF, buscou-se a redução do assunto ao nível estadual de um produto específico: Milho no Estado de Goiás.

Prosseguindo na investigação, apreciou-se as possibilidades de relacionamento entre o comportamento dos estoques em AGF, os preços futuros na

17

BM&F, e os preços recebidos. Novamente, não havia efetividade nas relações causa e efeito exigidas em modelagem estatística. No entanto, ao relacionar o logaritmo da evolução dos estoques com a base em Goiás e com a diferença entre os preços mínimos e os preços locais, o que se chamou de Margem, conseguiu-se a formulação de um modelo que melhor explicasse o comportamento parcial da PGPM pela via do AGF. O Gráfico 7.1 demonstra a evolução nominal do comportamento dos estoques provenientes do AGF e de Opções, os preços mínimos e os preços recebidos.

Gráfico 7.1

Formação de Estoque de Milho e o Comportamento da Média dos Preços em GO - 2002 a 2006

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

jan/0

2

mar

/02

mai/

02jul

/02

set/0

2

nov/0

2

jan/0

3

mar

/03

mai/

03jul

/03

set/0

3

nov/0

3

jan/0

4

mar

/04

mai/

04jul

/04

set/0

4

nov/0

4

jan/0

5

mar

/05

mai/

05jul

/05

set/0

5

nov/0

5

jan/0

6

mar

/06

mai/

06jul

/06

set/0

6

nov/0

6

Período

Em

R$

sc/6

0kg

0

50.000

100.000

150.000

200.000

250.000

300.000

350.000

400.000

450.000

Em

tone

lada

s

Pr Recebidos GO

PM Goiás

Estoques de Opções GO

Estoques de AGF GO

Fonte: CONABElaboração: DIGEM/SUGOFMarço de 2007

8. METODOLOGIA

8.1 Modelo Empírico

O modelo empírico utilizado para a regressão foi o Log nível sugerido por Wooldridge (1960), a seguir:

Log (Estoques AGF) = α + βbase + β margem + e

Onde:

Log (Estoques AGF) = é a quantidade média e proporcional de estoque de milho administrado pela Conab durante o ano;

βbase = é o valor médio mensal da base no Estado de Goiás;

βmargem = é a diferença média mensal do preço recebido menos o preço mínimo vigente7;

e = resíduos

O log de estoques AGF, contempla implicitamente o comportamento da relação K/U = relação de estoque – uso, variável comumente utilizada por price models que mede a influência das forças de mercados na determinação dos preços.

7 Em geral para evitar a má especificação nos modelos de regressão lineares múltiplos – RLM descritos por Wooldridge (1960) e diante das especificidades atribuídas às funções do preço mínimo – PM como variável endógena à PGPM, porém, exógena ao funcionamento do mercado e ao gerenciamento de risco da firma, optou-se por uma solução mais simples ao uso de uma variável instrumental – VI, de vez que a construção da margem pode significar uma Proxy devido à estacionariedade dos preços mínimos.

18

Conceição (2006) lembra que o sinal esperado para esta variável é negativo em função da relação que se apresenta no resultado entre o volume demandado e o volume ofertado. Se a demanda aumentar os estoques de passagem (carryover stocks) diminuem e os preços tendem a aumentar. De outra forma, se a demanda em relação a oferta diminuir, os preços de mercado tendem a cair e os estoques são formados. No entanto, no presente trabalho a mencionada variável é, exatamente, variável dependente, que pode ou não ser explicada pelo comportamento da base e da margem.

O sinal esperado para ambas as variáveis explicativas é negativo em função da relação inversa de comportamento. Isso se explica porque à medida que a base e a margem se alargam o interesse de garantia de suprimento reduz os custos de transação por parte da cadeia produtiva, revelando a função econômica dos mercados futuros (Williams 1986).

O modelo foi estimado por Mínimos Quadrados Ordinários (MQO), utilizando o pacote econométrico Statistical Package for the Social Sciences – SPSS.

8.2 Indicadores de Volatilidade

O coeficiente de variação

é um bom indicador de volatilidade. Foi utilizado por pesquisadores do Economic Research Service - ERS/USDA (1999) e por Conceição (2003).

8.3 Indicadores de Correlação

Além da aplicação do modelo empírico lognível exemplificado em Wooldridge (1960) buscou-se calcular o indicador de correlação, entre os preços recebidos e o preço mínimo de modo a propiciar comentários adicionais sobre a análise.

8.4 Dados

Os dados utilizados foram obtidos na Companhia Nacional de Abastecimento – Conab, para o período de 2002 a 2006. Os dados de preço, no período, não foram deflacionados sendo utilizados sob a forma nominal e referem-se à BM&F preços futuros, e a Conab preços recebidos pelo produtor em Goiás.

9. ANÁLISE DOS RESULTADOS

O ambiente de concorrência a que os produtores e firmas rurais estão inseridos pode ser demonstrado pela liberdade econômica na alocação de recursos e na condução da comercialização da produção. Mas, como o comportamento da oferta e demanda são fundamentais para a avaliação local da produção e dos impactos que podem ocorrer na condução de uma política de intervenção por parte do Governo, buscou-se encontrar o valor da elasticidade a partir da produção, considerando que os estoques ao preço mínimo vigente passarão para o Governo sempre que as condições de mercado tiverem comportamento de estreitamento da base e da margem, uma vez que a elasticidade é ε < 1, conforme demonstrado na Tabela 9.1.

19

Tabela 9.1 Cálculo da Elasticidade da Oferta em Goiás – 2002 a 2006

Características 2002/03 2003/04 2004/05 2005/06(1)

Preliminar2006/07(1)

Preliminar∆q 0,03 -0,03 -0,20 0,09 0,24∆p 0,4 0,2 -0,1 -0,1 -0,1q 3.484,3 3.372,3 2.814,8 3.088,8 4.040,8p 240,7 298,6 276,5 252,3 234,2ε 0,0044 -0,0152 0,2436 -0,0757 -0,1768

FONTE: CONAB (1) Dados Preliminares: sujeitos a mudanças

Normalmente, a definição sobre elasticidade de produtos ou commodities agrícolas amparam-se em jargões do tipo, a demanda dos produtos agrícolas é inelástica por definição. Bem, num ambiente fechado de concorrência pura pode-se até justificar tais comentários, no entanto, desde a criação das bolsas de mercadorias no século XVIIII, a formação de preços não depende exclusivamente da oferta e demanda presente, mas também, das expectativas futuras de suprimento. Por isso, o gerenciamento de riscos pelas firmas do agronegócio em nada difere do gerenciamento de riscos da indústria e do demais setores da economia. Ressalte-se que apesar de o produto milho no Estado de Goiás apresentar inelasticidade ao longo do período analisado há evidências que geram dúvidas sobre a eficácia da gestão das firmas rurais a partir da utilização de instrumentos que melhor atenda aos interesses da sociedade e dos produtores.

Neste contexto o modelo estimado apresentou bom ajuste conforme as Tabelas 9.2 a 9. que sintetizam os resultados encontrados.

Tabela 9.2 Resultados do Modelo 2002 a 2006

Descriptive Statistics

Mean Std. Deviation N VAR00001 5,3933 ,88702 60 VAR00002 -3,1662 1,78935 60 VAR00003 4,6292 4,28267 60

A tabela 9.2 apresenta a média e o desvio padrão da variável dependente e dos estimadores. Como a variável independente encontra-se na forma de logaritmo natural seu valor aproximado será o exp(5,3933) ou 219,939 sacas/60kg e desvio padrão 0,88702. No que concerne ao valor da base, calculado em nível, a média apresenta-se na forma negativa em, aproximadamente, R$ – 3,17 por saca/60kg e desvio padrão de 1,78935. Já a margem apresenta-se com uma média positiva de, aproximadamente, R$ 4,63 por saca/60kg e desvio padrão de 4,28267.

Portanto, os dados apresentados demonstram que no decorrer do período em análise 2002 a 2006 – 60 meses, a média de sacas adquiridas pela Conab via AGF, o valor médio da base em relação aos preços futuros negociados na BM&F e a diferença média entre o preço local e os preços mínimos estabelecidos pela PGPM, ou seja pelo Governo.

Dado estes valores o grau de volatilidade medido pelo Coeficiente de Variação apresenta os seguintes resultados: para os estoque a variabilidade foi de

20

aproximadamente, 16%, para a base foi de, aproximadamente, 57% e para o comportamento da margem foi de aproximadamente de 93%.

Tabela 9.2 Correlations

VAR00001 VAR00002 VAR00003 VAR00001 1,000 -,433 -,727 VAR00002 -,433 1,000 ,317

Pearson Correlation

VAR00003 -,727 ,317 1,000 VAR00001 . ,000 ,000 VAR00002 ,000 . ,007 Sig. (1-tailed) VAR00003 ,000 ,007 . VAR00001 60 60 60 VAR00002 60 60 60 N VAR00003 60 60 60

A correlação de Pearson r mede a intensidade dos estimadores no que concerne à capacidade de explicar o comportamento da variável dependente. De acordo com os resultados da regressão tanto a base quanto a margem variam negativamente em relação ao comportamento dos estoques decorrentes de operações em AGF no período, conforme disposto no Gráfico 9.1.

Gráfico 9.1

Evolução dos Estoques da PGPM em GoiásPeríodo 2002 a 2006

0,0000

1,0000

2,0000

3,0000

4,0000

5,0000

6,0000

7,0000

8,0000

jan/0

2

mar

/02

mai/

02jul

/02

set/0

2

nov/0

2

jan/0

3

mar

/03

mai/

03jul

/03

set/0

3

nov/0

3

jan/0

4

mar

/04

mai/

04jul

/04

set/0

4

nov/0

4

jan/0

5

mar

/05

mai/

05jul

/05

set/0

5

nov/0

5

jan/0

6

mar

/06

mai/

06jul

/06

set/0

6

nov/0

6

Período

Qua

ntid

ade

em t

-10,00

-5,00

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

Em

R$

1,00

Log AGF

Valor da Base

Margem

Fonte: CONABElaboração: DIGEM/SUGOFMarço de 2007

Dessa forma, rejeita-se Ho de vez que as variáveis são correlacionadas negativamente. Ressalte-se que o grau de intensidade da base pode ser considerado como moderado, porém, no que concerne à margem r acusa um sentido de forte correlação devido a sua proximidade a -1.

A tabela 9.3 apresenta o resumo do modelo. Como pode ser observado R² é igual a, aproximadamente, 0,574, ou seja, o modelo é consistente em até 57,4% em relação à efetividade dos seus propósitos.

21

Tabela 9.3 Model Summary(b)

R R

Square Adjusted R Square Change Statistics

Durbin-Watson

Model

R Square Change

F Change df1 df2

Sig. F Change

1 ,757(a) ,574 ,559 ,574 38,339 2 57 ,000 ,311

a Predictors: (Constant), VAR00003, VAR00002 b Dependent Variable: VAR00001

Em relação ao valor de R² ajustado, explica que em aproximadamente, 56% das vezes o comportamento da base e da margem influencia diretamente as variações ocorridas nos estoques provenientes das operações em AGF do milho em Goiás.

A estatística Durbin-Watson é um teste utilizado para se conhecer o grau de independência dos resíduos no âmbito da regressão. Tal teste baseia-se nos problemas que envolvem as séries temporais que apresentam autocorrelação positiva. As hipóteses usualmente consideradas são:

H0 : ρ = 0

H1 : ρ > 0

O teste estatístico é Onde ei = yi – ÿi e yi e ÿi são os valores observados e estimados,

respectivamente, respondendo individualmente à variável i. d torna-se menor à medida que a correlação serial aumenta. Os valores críticos superiores e inferiores, dU

e dL têm tabulações diferentes para os valores de K (número de variáveis explicativas) e n.

Se d < dL rejeita-se H0 : ρ = 0; Se d > dU não se rejeita H0 : ρ = 0; e, Se dL < d < dU o teste é inconclusivo. Como d = 0,31, K = 2 e n = 60, o teste de Durbin-Watson d = 0,31 < dL =

1,35, rejeita-se a hipótese nula de inexistência de correlação serial H0, contra a alternativa de correlação serial positiva ao nível de 1%, dado que os erros são positivamente correlacionados.

Tanto as tabelas 9.3 quanto 9.4 apresentam o valor do Test F = 38,34, aproximadamente. Mencionados valores estão acompanhados do valor de ρ = 0,000 ao nível de 1% de significância, como o valor de ρ é extremamente pequeno, o teste estatístico rejeita Ho, indicando que o comportamento da base e da margem possuem nível de significância suficiente para explicar a formação de estoques públicos pelo Governo via do AGF.

22

Tabela 9.4 ANOVA(b)

a Predictors: (Constant), VAR00003, VAR00002 b Dependent Variable: VAR00001

10. Conclusões O presente trabalho buscou conhecer mais amiúde alguns fatores que

influenciam a formação dos estoques públicos pela via do AGF de modo a que se possa, em função disso, melhor entender a dinâmica da aplicação desses instrumentos para o conjunto dos atores da sociedade na condução de uma Política Agrícola consoante aos desafios do agronegócio mundial.

Fatores como os preços internacionais, a taxa de juros e o câmbio, devem ter impacto significativo para o mercado do milho em geral. No entanto, a interferência no mercado do milho, no caso do Estado de Goiás, pode estar contribuindo para redução de outros instrumentos e para a melhoria de novas formas de organização da Política Agrícola.

A conclusão foi de que as variáveis utilizadas base e margem, responderam suficientemente bem para a obtenção de resultados satisfatórios na explicação da formação de estoque pela via do AGF. Ressalte-se que possivelmente a manutenção de uma PGPM nos moldes que se pratica no Brasil poderá reduzir a eficácia e a eficiência dos novos instrumentos de gerenciamento de riscos.

Além de responder a pergunta principal, muitas outras questões podem ser deduzidas a partir dos resultados apresentados pela solução do modelo. A otimização do gerenciamento de risco por meio de operações de hedge nas bolsas mercantis, seja no Brasil ou nos EUA, pode estar sendo prejudicada pela manutenção de uma estratégia política retrógrada. Como os custos de transação nem sempre se mostram atraentes para o gerenciamento dos riscos da firma é preciso conhecer e avaliar melhor a relação entre os mecanismos de gerenciamento dos riscos e incertezas de modo que, a compreensão de tal assunto possa traduzir-se em conhecimento aplicável. Na verdade, os produtores quando operam contratos de financiamento de custeio e investimentos, muitas vezes, de maneira implícita, incorrem em operações de hedge em virtude do uso de mecanismo equivalência produto para o pagamento e a quitação do empréstimo financeiro. No entanto, no que concerne à margem de lucro da firma rural os resultados podem revelar que o aviltamento na renda do produtor de milho no Estado de Goiás depende da eficácia dos novos instrumentos de comercialização, os quais podem ser prejudicados por meio velhos instrumentos imbricados numa cultura de se varrer para baixo do tapete as inconsistências de algumas Políticas Públicas.

Model Sum of Squares df Mean Square F Sig.

Regression 26,627 2 13,314 38,339 ,000(a)

Residual 19,794 57 ,347

1

Total 46,421 59

23

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