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A pedagoga, escritora e conferencista Heloisa Pires aborda neste livro o fascinan- te assunto da educação do homem. Educar para ser feliz traça as diretrizes do bom viver através de normas compatí- veis com os padrões do com- portamento humano. Os assuntos se desenvol- vem harmoniosamente, como a Heloisa bem sabe fazer: fa- lar e escrever de modo fácil, agradável e compreensível. Do bebê ao garoto, do garoto ao “homem feito”, o li- vro mostra como educar amo- rosamente, formando cida- dãos úteis à sociedade e ao país. Com o lançamento deste livro, a Editora Camille Flammarion prossegue no seu objetivo de oferecer ao público boas obras, que ^traduzam a filosofia espírita e ' a pureza doutrinária.

A pedagoga, escritora e conferencista Heloisa Pires Para Ser Feliz (Heloisa Pires).pdf · de nós, o amor que se irradia do fundo do centro do ser. Educarp ara ser feliz é um livro

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  • A pedagoga, escritora e conferencista Heloisa Pires aborda neste livro o fascinante assunto da educao do homem.

    Educar para ser feliz traa as d iretrizes do bom viver atravs de normas com patveis com os padres do comportamento humano.

    Os assuntos se desenvolvem harmoniosamente, como a Heloisa bem sabe fazer: falar e escrever de modo fcil, agradvel e compreensvel.

    Do beb ao garoto, do garoto ao homem feito, o livro mostra como educar amorosamente, form ando c idados teis sociedade e ao pas.

    Com o lanamento deste livro, a Editora Cam ille Flammarion prossegue no seu objetivo de o ferecer ao pblico boas obras, que traduzam a filosofia esprita e

    ' a pureza doutrinria.

  • Educar para ser feliz

    ^ A E I A 8 I L A

    c l b maF o m : 943-7735

    I* Fort * C*

    '*** d

  • 2a edio - julho de 2002 do 4 ao 5 milheiro

    Editor: Edson de Azevedo Monteiro Coordenao Editorial: Edson L.S. Monteiro Reviso: Altamirando Carneiro Arte e diagramao: Equipe Editorial

    Ficha Catalogrfica

    Pires, HeloisaEducar para ser feliz / Heloisa Pires.

    So Paulo : Editora Camille Flamarion, 2002.

    1. Educao - Finalidades e objetivos 2. Educao de crianas 3. Espiritismo - Filosofia 4. Felicidade 5. Pais e filhos I. Ttulo.

    02-3277_______________________________________ CDD-133.901

    ndices para catlogo sistemtico:1. Educao : Doutrina Esprita 133.901

    @ Copyright by, 2002

    Editora e Distribuidora Camille Flammarion Fone: 3361-5789

    Santa Ceclia - So Paulo - SP http: // www.camilleflammarion.com.br

    e-mail: [email protected]

    http://www.camilleflammarion.com.brmailto:[email protected]

  • Heloisa Pires

    Educar para ser feliz

    M A R I A S I L V A

    CamilleFlammarion

  • SumarioP re fc io ......................................................................................... 7

    1 O b e b ........................................................................................ 12

    2 O pensamento egocntrico.................................................... 16

    3 Por favor, no grite ................................................................... 22

    4 Quando nos preocupamos com a educao dos filhos? 25

    5 O exemplo dos co rvo s ............................................................ 29

    6 O exemplo dos p in g in s .........................................................36

    7 Construtivismo na fam lia ....................................................... 42

    8 Tarefas constru tiv is tas............................................................45

    9 A importncia da disciplina e do a m o r .............................. 49

    10 Problemas de ap rend izagem .............................................53

    11 Educao dos animais e dos hom ens............................. 57

    12 O encon tro .............................................................................. 62

    13 A necessidade de ser b o m ................................................66

    14 Famlia consangnea e esp iritual..................................... 70

    15 As crianas so o fu tu ro ..................................................... 72

    16 Casos ocorridos durante o Evangelho no L a r................77

  • 17 Preparao entre os chimpanzs................................... 80

    18 Cristianismo e Espiritismo.............................................. 84

    19 A opo pelos pobres...................................................... 93

    20 Educando as emoes.....................................................97

    21 Mas, afinal, o que somos?............................................. 101

    22 A formao de uma conscincia crtica......................105

    23 Transformando os educandos em guias ................. 109

    24 Inflexibilidade m en ta l...................................................... 111

    25 Obsessor..........................................................................115

    26 Reflexes sobre a histria de L in a ...............................118

    27 Saudade de Marina........................................ 122

    28 A histria de Laura .........................................................125

    29 A mulher no sculo 21 ................................................... 128

    30 A histria de M rcio...................................................... 131

    31 A histria de C ntia.........................................................135

    Bibliografia para aprofundamento..................................... 139

    Biografia Heloisa P ires.......................................................140

  • PrefcioHeloisa Pires

    Educar para ser feliz o ttulo do livro de Heloisa Pires.Bem-vindo para a cultura, esse livro abala e agita o

    pensam ento com a fora da verdade e o vento das transformaes. Sem presso. Com harmonia e muito, muito amor.

    Nele a imortalidade se apresenta como um processo contnuo de educao-caminho da felicidade. Consegue convencer-nos disso com m agnficos argum entos e excelentes ilustraes. Ousa resumir tudo em apenas duas condies. Observar a natureza e seguir as Leis do amor. Convence-nos de que esses so os objetivos essenciais da educao. E ainda nos leva, mais ou menos sutilmente, auto-avaliao do nosso comportamento, impulsionando-nos reeducao como nico recurso felicitador...

    A oradora, to querida por todos os envolvidos no > movimento esprita do Brasil e do Exterior, to admirada na vida profissional e to requerida nas am izades, se , mostra por inteiro, doando-nos seu vasto conhecimento e sua preciosa experincia de vida. Escreve no estilo sim ples, claro e agradvel, ta l com o fa la em suas palestras, porque fala com o quem est com pondo, espontaneamente, um livro em cada momento.

    Aceitao da realidade dos dias atuais, autenticidade cientfica, espiritualidade e profunda empatia humana, so qualidades pessoais da autora, novamente testificadas nesta obra.

    Parafraseando Fernando Pessoa, dizemos: - Ler este livro preciso!

    7

  • Educar para ser feliz

    Como quem est diante de um colar de pedras preciosas, pinamos algum as para de s taca r neste prefcio.

    No d e c o rre r de to d o liv ro v a m o s nos conscientizando de que as leis do amor, que incluem a justia e a caridade, esto presentes na variedade de apresentao da natureza.

    Allan Kardec diz que o Espiritismo est na natureza e que a Doutrina Esprita trata dos princpios universais.

    Natural associao nos conduz aos Prolegmenos de O Livro dos Espritos, iniciado com o desenho de um ramo de parreira e ao trecho transcrito por Allan Kardec a esse respeito, recebido atravs de muitos mdiuns:

    Pors no cabealho do livro o ram o de parreira que te desenhamos porque ele o emblema do trabalho do Criador. Todos os princp ios m ateria is que podem m elhor rep rese n ta r o co rp o e o e s p rito ne le se encontram reunidos: o corpo o ramo, e o esprito a seiva; a alma ou o esprito ligado matria o bago. O homem quintessncia o esprito pelo trabalho e tu sabes que no seno pelo trabalho do corpo que o esprito adquire conhecimentos.

    A autora nos leva a viagens aos reinos das formigas, das abelhas e dos golfinhos. Depois segue mais longe, at aos pingins, aos corvos, s guias e aos chimpanzs, mostrando que o impulso inato de ajuda existe em toda a criao divina como razes instintivas destinadas s sublimaes do amor a serem desenvolvidas pelos animais inteligentes, em seu caminho rumo angelitude.

    O bv iam en te p e rce b e m o s a d im e n s o do desvirtuamento que ns, os humanos, vimos realizando

    8

  • Helosa Pires

    contra ns mesmos, causando dificuldades, equvocos e dores. Ilustra com dezenas de casos e, para alegria nossa, nos d a certeza de que no possvel destruiras sementes de nossa filiao divina.

    Os retornos esto centrados na educao, equivalente ao trabalho na mensagem da parreira. As sementes do amor renascem, ainda que tenham ficado hibernadas por milnios, como aquelas do tmulo do fara.

    Os captulos se sucedem numa seqncia harmoniosa abordando todos os aspectos que envolvem a encarnao humana, mantendo-os interligados, desde a vida intra- uterina at a morte. Situaes difceis esto por toda parte e para tudo os recursos da educao trazem a soluo. Essa frase j tem sido dita, mas esse livro se ocupa de com o operacionaliz-la. A sua orig ina lidade , sua importncia, sua urgncia.

    O primeiro captulo nos apresenta O beb e suas i fundamentais necessidades de sobrevivncia: o leite materno a que pode ser substitudo e a presena do amor que insubstituvel. Conta, em poucas linhas, casos de desamor que ceifaram a plenitude de vida. Salienta que s a educao \ pode compensar, corrigir ou reunir as partes esfaceladas. J

    O leite da alma o am or e o leite do esprito a educao.

    O pensamento egocntrico est na natureza da criana. o campo propcio para a educao em suas vertentes de amor e de disciplina com flexibilidade equilibrada. Recorda- J nos Piaget: o construtivismo; Daniel Colleman a inteligncia emocional, incluindo a contribuio que pode ser oferecida pelas Casas Espritas em favor da construo | do homem de bem, que o homem feliz...

    9

  • Educar para ser feliz

    Por favor, no grite... um conselho do am or que ilustra cada uma de suas afirmativas de forma a termos a convico de que s o am or constri.

    interessante acentuarmos que as afirmativas no so novas. Novos so os meios de realiz-las. Este livro fornece ind icaes im portantes, m esm o diante dos confusos modismos, to impressionantemente expostos no captulo sobre A m ulher no sculo 21

    Podemos dizer de que este livro tem uma segunda parte harm oniosam ente com plementando a primeira. Heloisa comenta, com aprofundamento esprita, temas relevantes como Cristianismo e Espiritismo, A Formao de uma conscincia crtica e Inflexibilidade mental. Cada um desses captulos representam reas de oportuna e inadivel ateno para o movimento esprita em sua constante busca de aprimoramento, pela educao fonte referencial que a Doutrina dos Espritos, tal como codificada por Allan Kardec.

    H no livro, abordagens sociolgicas que levam a novas reflexes, como nos captulos A opo pelos pobres e Educando as emoes.

    A educao, diz a autora, deve ser libertadora. Da antiga idia de Deus como um cobrador que espera juros altssimos, para a certeza de que Deus amor, h decisiva libertao. Alis, todo livro um hino liberdade consciente e ao amor equilibrado.

    Q u a n to s aves fe r id a s - c ria n a s em reencarnaes difceis - Heloisa em seu campo de trabalho tanto quanto ns, no nosso, testemunhamos que a educao est ensinando-as a voar. Elas esto voando alto porque imitam, mais naturalmente que ns outros, a

  • Heloisa Pires

    natureza e expandem, mais sinceramente que a maioria de ns, o amor que se irradia do fundo do centro do ser.

    Educar para ser feliz um livro de educao, escrito por uma educadora, em linguagem dentro do mais pleno estilo didtico e literrio adequado aos nossos dias. Convida diretamente reeducao e causa impactos apresentando casustica interessantssima, dentro de uma viso holstica que interliga a natureza, os animais e os humanos pelo lao do amor.

    Isso talento, vocao, genialidade prpria s de educadores verdadeiros, certamente inspirados por outros educadores do mundo maior.

    Felicidade a minha, pelo privilgio de 1er este livro ainda nos originais, s vsperas de seu lanamento ao pblico.

    So Paulo, 07 de Maio de 2001

    Nancy Puhlmann Di Girolamo

  • Educar para ser feliz

    1

    O beb

    Herculano explica, em seus livros, que o servem Terra pela necessidade de evoluo. Permanece fechado em si mesmo antes do nascim ento, no tero da me, e algum tempo aps o nascimento. Esse perodo caracteriza a utilizao de todas as energias do beb para a adaptao ao mundo. Repetiremos: Bem trabalhado e amado pela famlia, diz Herculano, o ser vai se abrindo para o mundo, oferecendo a todos, com o uma flor, a beleza das suas ptalas coloridas e o seu perfume. O amor e o exemplo de bondade devem desenvolver o ser, o seu sistema nervoso, o seu crebro, a sua capacidade de discernimento, tomando-o um indivduo til.

    Criana mal-amada, m alpreparada, diz Herculano, permanece como um boto fechado, esturricado, nada tendo a oferecer ao mundo seno espinhos.

    Bem-trabalhado o beb apresenta um desenvolvimento incrve l no seu p rim e iro ano de v ida . Jane las da oportunidade, ou seja, clulas especiais, para a captao da realidade, se desenvolvem e permitem ao indivduo uma melhor adaptao na sociedade. A form ao do ego vai se realizando e, bem mais tarde, o jovem arbusto esplende em uma rvore frondosa que oferece ao mundo a sua sombra e seus frutos saborosos.

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  • Heloisa Pires

    Como tratar o beb?Com amor e disciplina flexveis, de acordo com as

    necessidades do recm-nascido. importante aliment-lo com leite materno, porm

    mais importante am-lo.Devemos considerar, tambm que, muitas vezes,

    a me no ter leite e ficar angustiada, cansando o beb at que ele durma, exausto e fam into, no resolve. O bom senso, o auxlio das pessoas mais experientes, das avs, e, sob re tudo , a o rien ta o do m d ico vo despertar a me na compreenso de que pode esperar a vinda do leite ou de que convm, com tranqilidade, a lim e n t -lo com m am a de ira , a c o n ch e g a n d o -o , a m o ro s a m e n te , ju n to ao p e ito . E x is te m le ite s maravilhosos que, se no possuem alguns dos elementos do leite materno, so bem-preparados por especialistas para a nutrio dos bebs. Mas sempre que possvel a me deve dar o seio para aliment-lo.

    O beb precisa de estmulos e de sossego. Precisa de tempo para espreguiar no bero, cochilar e brincar com os ps e as mos, desenvolvendo os esquemas motores. O respeito ao beb o elemento principal para o seu desenvolvimento harmonioso.

    S a c u d ir o nen , jo g - lo pa ra c im a , reve la imaturidade de um adulto que no gostaria de ser tratado dessa forma.

    Msica clssica, colocada em altura conveniente, bem-baixinha, acalma o pequeno ser.

    O caminho do meio sempre o melhor. Nem silncio total, nem barulho agressivo.

    Ao falar com o beb, utilizar um tom baixo e sereno.

  • Educar para ser feliz

    Colocar um brinquedo prprio, que no machuque, que no con tenha e lem entos tx icos, de fo rm a que ele possa m anuse-lo, para tre inar a coordenao motora.

    Vesti-lo conven ien tem en te , sem pre com roupas confortveis, que estejam de acordo com a estao. Bebs suados ou resfriados ficam irritados e irritantes.

    O sol s deve ser tom ado pela manh, comeando por alguns m inutos e nunca ultrapassando trinta minutos. Na praia, ele deve ficar em baixo do guarda-sol.

    A a lim entao deve ser dada em hora certa, para que ele crie hbitos saudveis. Forar a m am ar e dar o a lim ento de m eia em m eia hora im pedem a evoluo da disciplina. A hora da alim entao deve ser um momento de alegria para o beb e para quem o alimenta e deve faz-lo sentir-se bem, aps as refeies: no comer de mais, nem de menos.

    O pequeno ser no um brinquedo e colocar elsticos ou enfeites que puxem o cabelinho crueldade. Roupas complicadas, que apertem o pescocinho ou outras partes do corpo, no podem ser usadas.

    A cordar o beb para m ostr-lo aos parentes ou s v is itas errado. No custa nada e evita vrios traumas espera r a hora certa para ap resent-lo aos visitantes. um se r hum ano em fo rm ao que deve ser tratado com o tal.

    Preocupar-se em engord-lo, porque criana gorda mais bonita, revela incompreenso dos padres de sade e falta de respeito constituio fsica do indivduo. Na dcada de setenta j era im portante no dar nada que engordasse, excessivam ente, o beb, pois causaria problemas futuros.

    14

  • Heloisa Pires

    Parece absurdo lembrar esses detalhes, mas o que temos visto nesse meio sculo de existncia convenceu- nos da necessidade de lembrar do bvio.

    Bem-alimentado, amado, respeitado, estimulado, mas no a ponto de ficar estressado, o beb supera o perodo sensrio-motor, como diria Jean Piaget, e projeta-se em outra fase, no pr-operatrio.

    Casos

    C asolA mezinha chega loira e delicada e pega a mamadeira

    para alimentar o seu filho. O beb tenta afastar a cabea, porque no est com fome. Ela insiste, fora a mamadeira, obrigando o pequeno ser a mamar. Triunfante, levanta a mamadeira vazia, mas logo perde a alegria, porque o beb vomitou tudo.

    Ansiedade, medo, falta de prtica e de leitura sobre ; essa fase do desenvolvimento do ser geraram o problema J Se continuasse, podera causar a inapetncia e at horror , hora da mamadeira.

    Caso 2A me desce do apartamento quentinho, carregandog

    a criana pelos corredores com vento encanado, sem a proteo de um xale. Resultado: gripe, dor de ouvido, noites maldormidas.

    Caso 3A me coloca pedaos de tudo o que come na

    boquinha do beb. At macarro. O beb engasga e vomita.

    M A K I A S I L V A 15

  • Educar para ser feliz

    I I2

    O pensamento egocntrico

    Poderia ter acontecido um engasgo mais srio. Podera causar uma dor de barriga.

    O beb no um adulto; no vestir, no comer, no amor, o respeito o item primeiro.

    Piaget, analisando o desenvolvimento do pensamento, explica o desenvolvimento das crianas em suas primeiras

    g* fases de vida, quando se expressam no pensamento:a) 0 pensamento est centrado no eu; para a criana,

    w ela o incio e fim de tudo; o Sol do sistema solar.b) Afirmam certas idias e depois falam o contrrio; falta

    coerncia ao pensamento.c) So incapazes de se colocarem no lugar do outro.

    Incapazes de estabelecer relaes de reciprocidade.Piaget, analisando as crianas pequenas, classifica-as

    no estgio pr-operatrio.Diriamos que os estgios vividos permanecem em

    resduos em cada indivduo, e cabe educao extirpar o pensamento egocntrico, auxiliando o indivduo em seu desenvolvimento pleno. Dar ao pensamento a regulao de que necessita, para que o indivduo consiga superar as fases

    16

  • Helosa Pires

    de imaturidade, esplendendo em todas as suas potencialidades.Mas que educao conseguida arrancar o ser de seu

    egocentrismo? Que educao faria com que ele deixasse de se considerar o centro do Universo, compreendendo que apenas uma clula do organismo social da Terra?

    Essa educao, necessariamente, para conscientizar o indivduo da finalidade da existncia, da necessidade de caminharmos de mos dadas, apoiando-nos uns aos outros, de compreendermos a nossa origem divina e nosso futuro luminoso. Essa educao aquela que permite ao indivduo construir o seu conhecimento baseado na verdade, de modo que supere as fases vividas, utilizando a plataforma de suas experincias, para o seu desenvolvimento integral. Deve comear no lar, continuar na Casa Espiritualista que o indivduo freqenta e expressar os resultados j na escola, que continuar a impulsion-lo ao crescimento.

    Como os pais podem auxiliar a criana?

    Os pais j deveram ter atingido essa fase melhor de amadurecimento e naturalmente conseguiram, atravs do exemplo e de um trabalho de amor, auxiliar os filhos. Infelizmente, isso nem sempre acontece, e muitos pais ainda esto mergulhados no egosmo, centralizados em si mesmos e expressando-se numa Desregulao do pensamento. Um grande nmero de indivduos permanece nessa fase; dizem uma coisa hoje e se desdizem em seguida. Vivem como paves tolos, observando apenas as sombras ilusrias que produzem em uma sociedade

    17

  • Educar para ser feliz

    carente. Vivem fascinados com a capacidade de adquirir bens ou de pensar sobre os problem as existenciais do mundo. P olticos fam osos, p ro fiss iona is vencedores apenas na ho rizo n ta l, in d iv d u o s que es to ainda mergulhados no pensamento egocntrico.

    Abrim os os jo rna is e lemos, horrorizados, histrias de pais que espancam os filhos, filhos que matam os pais, de jovens que m atam m endigos. Quanta incoerncia! Quanta necessidade espiritual! O homem vai Lua e a Marte, mas no consegue contro lar o mundo interior. Do ponto de vista intelectual, consegue realizar, at com brilho, d ifceis operaes matem ticas; consegue redigir com brilhantismo, mas est engatinhando do ponto de vista do desenvolvimento das emoes.

    Daniel Golleman lembra que O Quociente Emocional Deficiente impede o desenvolvimento pleno do ser, mesmo que o intelectual seja altssimo.

    O que fazer? Como o Construtivismo pode auxiliar o I indivduo a atingir o desenvolvimento pleno na capacidade de pensar coerentemente, amorosamente, civilizadamente?

    Pais mergulhados no pensamento egocntrico - destrutivismo

    Abrindo os jorna is, deduzim os o que no deve ser feito para educar um filho. Aparecem os vrios processos de deseducao, de incapacidade de auxiliar os filhos na con s tru o po s itiva do p r p rio conhec im en to .

  • Heloisa Pires

    Inspiramonos, tambm, no livro de Luiz ngelo Dourado, As razes neurticas do crime, para analisarmos algumas atitudes que impedem o indivduo de constru ir o seu conhecimento para se expressar de forma harmoniosa na Terra.

    Nos vrios casos lidos, pais egostas, om issos, indiferentes, agem de form a destru tiva, im pedindo o desenvolvimento das crianas. Entre os casos contados por Luiz ngelo, um chamou m uito m inha ateno: os casos de Jos. Luiz encon trou-o em uma priso do Rio de Janeiro.

    Jos era um menino que desejava ser feliz, que apresentava possibilidades para um desenvolvimento harmonioso. Mas os pais no permitiram. Pai e me viviam brigando. Jos pensou que, se os pais se separassem, ele poderia v iver mais tranqilo. Mas, quando seus pa is se sep a ra ram , os p rob lem as aumentaram. Continuaram brigando, um falando mal do j outro; tentando destru ir a imagem do cnjuge, n a j realidade, estavam destruindo Jos.

    O m en ino no con seg ue , f is ica m e n te , o J desenvolvimento pleno e no recebe os estmulos de amor 1 que lhe permitiram a expresso de conhecedor no mundo, j captando a realidade sua volta e aproveitando suas percepes para construir o seu conhecimento, na arte de bem-viver, inclusive. Jos no consegue devolver uma regulao essencial ao raciocnio, como diria Piaget, porque seus pais, mergulhados em um terrvel egosmo, desequilibram , em ocionalm ente, a criana. Brigas, proibies, gritos, ameaas impedem a criana de aprender na escola o que lhe ensinado; impedem o

    I

    I

  • Educar para ser feliz

    adolescente de ter uma vida afetiva, escolar e familiar razoveis, relativamente equilibrada; impedem, depois, o adulto de ter at uma vida profissional que lhe garanta o sustento. Jos cresce confuso, perdido nas emoes desequilibradas. Casa. Pensa em matar o filho; foge de casa para no cometer o crime e mata um homem que se parece com seu pai. Acaba na priso, onde Luiz ngelo Dourado o encontra e ajuda.

    As aes terrveis que fazem do filho um fracasso ficam bem claras:

    1 ) Seja egosta; faa apenas o que deseja, machucando espiritualmente, e at fisicamente, todos sua volta.

    2) Pense apenas em voc; esquea que os outros tambm devem ser ouvidos e tm as prprias razes para agir de determinada maneira.

    3) Esquea que o seu filho precisa de sua ateno e amor e de que s pode desenvolver a auto-imagem positiva de se amar e respeitar os pais.

    4) No demonstre respeito ou considerao por ningum.5) Esquea o dilogo como forma melhor de educar.

    Grite, ameace, exija, sem dar explicaes.6) No apresente seu filho ou seu educando a Deus, a

    Jesus, a Buda, aos exemplos maiores de crescimento espiritual.7) No ensine criana o respeito aos mais velhos e aos

    ascendentes.8) Esquea o modo amoroso usado pelos chamados

    selvagens para ensinar suas crianas. Use o espancamento.9) Expresse toda a sua necessidade emocional, atravs

    de um comportamento de completo desequilbrio.

  • Heloisa Pires

    10) Alugue filmes violentos; divirta-se com programas desequilibrados, traga para casa revistas pornogrficas.

    11) Trate mal o seu cnjuge. Fale mal dos seus parentes e do cnjuge. Demonstre desrespeito total aos ascendentes e descendentes (estar criando indivduos desequilibrados, necessitados).

    Essas so algumas atitudes que faro de seu filho, ou de seu educando, um indivduo neurtico, infeliz, corrupto, cruel, criminoso. Depois no coloque a culpa do destempero de seu filho no cnjuge, na reencamao, na sociedade. O problema foi criado por voc e cabe a voc resolv-lo.

  • Educar para ser feliz

    Por favor, no grite ...

    3

    Uma m e na AACD s falava com a filha aos gritos.Um a outra m e contou-me que todo prdio sabia

    quando a filha chegava da escola, porque a me j comeava a gritar. Am ava im ensamente a filha, mas disse que no tinha pacincia com crianas. Por que tivera filhos? Desejaria um boneco virtual? No sabia que as crianas do trabalho, mas, tanto quanto as plantas gratificam-nos com a sua alegria e o seu amor? Gritar um hbito horrvel; a criana aprende s responder a gritos. O ar fica cheio de

    l tenso, o ambiente da casa desagradvel, a criana nervosa.Por favor, no grite; seu filho no surdo e se

    apresentar alguma deficincia auditiva voc vai aprender a educ-lo com amor, gestos, pacincia.

    O grito a fa lncia do processo educacional, a incapacidade no dilogo, a irracionalidade aqum dos animais ditos irracionais.

    Perguntou-me uma me:- Mas, o que fao, se meu filho no me atende?- Existe entre vocs um jogo: ele a irrita, voc berra e

    ele atende. Isso o diverte. Ele manipula voc. Brinca com seus sentimentos, percebe a sua insegurana, o seu desequilbrio emocional.

    22

  • Heloisa Pires

    - Mas, eu grito com ele h quatro anos, como vou mudar agora?

    - Sempre tempo de mudar. Converse primeiro com ele e apresente as regras do lar. Explique os horrios do banho, do jantar, do brinquedo. Firme e serenamente diga como devem viver, o que espera dele e o que ele pode esperar de voc; fale sobre seu nervosismo e explique como ele pode ajud-la. At os ces e gatos compreendem o que queremos. Modifique-se; no grite mais, por favor.

    - Mas, se ele no me obedecer?- Ele vai obedecer-lhe, se voc conseguir a expresso

    de equilbrio emocional de um educador. Mas se ele ainda no estiver preparado para a disciplina proba a televiso. Faa-o sentir que na vida todos tm direitos e deveres. Explique o papel de cada familiar e mostre como cada um cumpre o seu dever. Toda mudana exige trabalho. Mudar o seu comportamento de me desequilibrada para indivduo totalmente equilibrado requer esforo seu e dele. Tome maracujina, faa O Evangelho no Lar. V Casa Esprita; fortifique-se espiritualmente. Os seus vizinhos agradecem, o seu sistema nervoso agradece e o seu filho conseguir o desenvolvimento pleno de suas potencialidades.

    -Voc diz isso, porque no tem filhos.-No sou como voc. Criei cinco e j tenho netos. Os

    trs menores eram levadssimos, mas no os eduquei, berrando. Sabia que s o amor educa e sempre os tratei como fui tratada por meus pais, com amor, carinho.

    -E como voc chamava a ateno deles, quando erravam?

    -Conversvamos. Eu iniciava o meu dilogo elogiando- os, mostrando as muitas qualidades que tinham para,

    23

  • Educar para ser feliz

    depois, s depois, conversar sobre o erro a ser corrigido. O am biente do Lar ficava calm o, eu e o filho, felizes; orgulhava-m e do meu m odo de agir e verificava que as palavras ditas, calm am ente, com uma em isso de amor convencem , doutrinam . No assim que agimos como doutrinadores na sesso de desobsesso? J imaginou tentarmos doutrinar, berrando?

    -Eu vou tentar; se no der certo, volto aos gritos.-Certo. Mas coloque um gravador para depois ouvir os

    seus guinchos e entender porque contraproducente berrar.-Vou experimentar.Trs m eses depois reencontrei a me gritona e ela

    disse que m elhorara muito. Que s vezes ainda tinha recadas, mas pedia desculpas, pedia ajuda ao filho; orava e estava conseguindo entender o que educar. O marido agradecera o novo ambiente do Lar e o filho estava calmo, m ais a leg re , m enos ten so . M ilag re ? No,uso da razo,utilizao da capacidade de pensar, da forametal do dilogo; ligao com o Plano Espiritual Superior, atravs de uma ambincia espiritual mais harmnica.

    Se tiverdes f do tamanho de um gro de mostarda, nada vos ser im possvel , disse Jesus. Sabemos que nossos filhos so centelhas divinas, que foram criados para a luz; com o educar luzes com sombras?

    Ilum inemos nosso Lar com nossa alegria, pacincia e ligao com as energias lum inosas do Universo. necessrio crescermos espiritualmente. Amadureamos...

  • Heloisa Pires

    Quando nos preocupamos com a educao dos filhos?

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    Evolumos em equipes, em grupos. Formamos famlias unidas pelos laos do amor que, muitas vezes, se exprimem em necessidade, em desajuste aparente, em dor.

    Na verdade, em uma encarnao vrias tempestades atingem o nosso Lar, provocadas pelos desajustes que surgem atravs dos sculos, produtos de nosso egosmo e orgulho. Mas s vezes, j estamos relativamente equilibrados e recebemos em nosso Lar aqueles que caminharam conosco em vrias experincias evolutivas, e por vrios motivos permanecem marginalizados nos estgios primrios das necessidades evolutivas. Ao mais forte, lembram O Evangelho Segundo o Espiritismo e O Livro dos Espritos, cabe a tarefa de auxiliar o mais fraco. Aquele que caminhou mais tem o dever de amparar, de auxiliar o desenvolvimento daquele que inicia a sua marcha evolutiva. Observando a natureza, vemos o exemplo do amparo do mais forte para o mais necessitado em todas as sociedades animais, como nos lembra Remy Chauvin no seu livro As Sociedades Animais.

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  • Educar para ser feliz

    Na sociedade das abelhas cada indivduo cumpre as suas tarefas silenciosas, humilde e amorosamente. Levado pelo instinto, o ser age quase sempre de forma correta, exemplificando ainda em termos de inconscincia, o ama o prximo como a ti mesmo.

    Entre as abelhas, enquanto a rainha bota seus ovos com pouca possibilidade de descanso, sacrificando-se em favor da espcie, as obreiras cumprem a tarefa de tudo providenciarem, para o bem-estar e sobrevivncia dos seus pequenos bebs.

    Quando a temperatura da colmia aumenta, as obreiras colocam-se em pontos estratgicos e batem as asas para refrescarem o lar, impedindo a morte de seus bebs. Se o calor continua, saem da colmia e mesmo que do lado de fora o frio seja intenso, arriscando a vida em defesa daqueles que dependem s delas. Vivem para a comunidade, em favor dos mais necessitados.

    Como a vida na sociedade dos homens seria melhor se agssemos com relativa conscincia como as nossas irms abelhas...

    Mas o mesmo amor encontramos entre os golfinhos. Atacado por um tubaro, o golfinho lana ao ar o seu pedido de auxlio e todos os golfinhos que o ouvem nadam em seu auxlio. Sozinho, o golfinho morreria; amparado, vence o tubaro.

    E o exem plo da necessidade de cam inharmos amparando-nos vem dos vrios reinos dos animais irracionais.

    Lees, elefantes, chimpanzs convidam-nos a entender que s venceremos, dando-nos as mos na construo de uma sociedade justa, onde todos tratam o prximo como gostam de ser tratados.

  • Heloisa Pires

    Se no tempo e no espao treinamos a fraternidade, o amor, agora devemos estar aptos para, inteligentemente, exemplific-los. Deveriamos entender que s nos apoiando uns aos outros construiremos a sociedade baseada no amor e no respeito ao prximo, ao nosso irmo. E se viemos atravs dos sculos caminhando em equipes, deveriamos caminhar como famlias homogneas, nas quais cada uma visaria, como fazem as abelhas, formigas, golfinhos, lees, elefantes, ao bem-estar do seu prximo. Equipes familiares felizes, unidas, harm nicas. Fam lias sem grandes problemas que constituiram uma sociedade tranqila. Um* mundo sem guerras, sem desemprego, sem meninos de rua, sem viciados e traficantes. para isso que nascemos, morremos, renascemos, ainda, evoluindo sempre; tal a lei... PARA FAZERMOS DA TERRA UM PLANETA DE PAZ, ALEGRIA E AMOR. Embora os sadomasoquistas fiquem indignados, analisando o mundo nossa volta, entendemos como explica A Gnese, de Allan Kardec, no captulo O , BEM E O MAL, que ns criamos a maioria de nossos j males e se criamos devemos e podemos agora destru-los, atravs do amor; estamos aptos a realizar a tarefa, pois nosso irmo mais velho, Jesus, disse que se tivssemos f nada seria impossvel.

    Viemos, pois, para formarmos famlias felizes; fomos preparados no mundo espiritual, como bem explica O Livro dos Espritos, para a vitria. Todos os nossos parentes difceis, inclusive, receberam a preparao necessria para caminharem atravs do ama o prximo como a ti mesmo. O Evangelho Segundo o Espiritismo nos lembra, ainda, que no mundo espiritual escolhemos nossos companheiros de jornada para caminharmos de mos dadas, felizes, unidos, no para

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  • Educar para ser feliz

    o sofrimento e a dor, mas para a paz e o amor, s permanecem no erro, na incompreenso e desamor aqueles que fazem questo de continuarem mergulhados nos condicionamentos desequilibrados do passado.

    No podemos falar em educao entre os animais irracionais, mas em preparao para uma futura educao; atravs dos instintos o ser como que treinado para mais tarde expressar-se no ama o prximo como a ti mesmo...1

    Precisamos educar nossas crianas na compreenso da importncia de unirmos nossos esforos na construo de um mundo melhor, no qual as diferenas sejam resultados da capacidade e nunca da falta de oportunidade.

    O indivduo no-amado, ou mal-amado, ou educado sem amor, ou atravs de um amor egosta, deseducador, que estimula egosmo, contribui para a formao da terrvel sociedade que criamos, na qual o desemprego, a violncia, as doenas, impedem o homem de ser feliz...

    O Evangelho Segundo o Espiritismo mostra a importncia do exemplo, contando como uma me educa a filha para o amor, levando-a a visitar os pobres para aliviar o sofrimento dos mais necessitados.

    No O Evangelho Segundo o Espiritismo, captulo 13, Que a mo esquerda no saiba o que faz a direita, item 4, Os infortnios ocultos, encontramos a frmula que far com que aflorem nos nossos filhos o melhor do que aprenderam no tempo e no espao. S o amor educa e s praticando-o seremos felizes. Preocupada em ensinar filha a amar, essa senhora de ar distinto, de trajes simples, mas bem cuidados, usa a Razo, os atos de auxlio ao prximo realizados entre as abelhas, formigas, golfinhos, pelicanos, chimpanzs, para fortalecer esses exemplos.

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  • Heloisa Pires

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    O exemplo dos corvos

    Os corvos podem nos auxiliar na compreenso das nossas necessidades? Embora muitos considerem isso incrvel, os corvos nos exemplificam o comportamento desejvel em um casal: fidelidade, respeito, amor.

    Os pesquisadores observaram vrios casais de corvos. Verificaram que permanecem noivando por dois anos, sem unio sexual completa; diriamos que h uma unio de alma. Constroem juntos o ninho, comunicam-se atravs de uma linguagem especial, voam juntos. S aps dois anos casam e comeam a ter filhos. Os casais, em geral, logo se entendem. Os pesquisadores viram, porm, i casos especiais que mostram as diferenas individuais j existentes em matria de instinto. Um casal de corvos iniciava o noivado, e o macho escolhia o local prprio para fazer o ninho. Iniciava a construo, e a fmea, que no estava ajudando, ainda comeava a implicar, exigindo uma mudana de lugar. Pacientemente, o macho reiniciava a construo, at que a fmea interferia. De repente, o macho teve o que se podera chamar um ataque histrico, o que nunca antes fora observado entre os corvos, e exigiu que a fmea o deixasse em paz; deve ter dito poucas e boas, porque ela abaixou a cabecinha e mudou de comportamento. Acho que ele disse que arrumaria uma

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  • Educar para ser feliz

    corvinha mais racional . Juntos construram o ninho, tiveram m uitos e educados filhos e foram felizes para sempre... Assim espero...

    Outro caso interessante foi o de um casal de corvos muito unidos. Como um grande nmero de corvos, gostavam de imitar os rudos provocados pela sociedade dos animais. O corvinho escolheu o latido dos ces e a corvinha o glu... glu... dos perus. E passavam os dias voando e fazendo os rudos que imitavam. Um dia, os pesquisadores viram a corvinha desesperada, procurando o corvo amado, produzindo, para encontr-lo, o latido dos ces. Voava de rvore em rvore, usando a comunicao escolhida pelo corvo amado. Aps algum tempo, veio a resposta, e o corvo ferido escolheu a linguagem da corva amada para responder; usou o glu... glu... dos perus. Os pesquisadores curaram o corvinho e, em breve, o casal voava feliz.

    Exemplificaram a capacidade de, entre os que se ama, sintonizarem o sinal, de tal forma, que um entende a com unicao do outro e capaz de utiliz-la.

    Mais exemplos surgem no reino dos corvos.Um corvinho de olhos negros apaixonou-se por uma

    linda e esbelta corvinha. Infelizmente, a danadinha estava apaixonada pelo pesquisador humano. Em vo o corvinho a convidava para entrar no ninho que construra; ela esperava o corvinho sair e tentava fazer com que o pesquisador entrasse no ninho. Todos os observadores riam muito. O problema comeou a ficar grave, quando o corvo, irritado, comeou a agredir a fmea com bicadas terrveis.

    O pesquisador, pelo qual a fmea estava apaixonada, resolveu fazer uma viagem, para que ela conseguisse namorar o corvinho.

  • Notando a falta do pesquisador, a corvinha ficou chorosa por uns dias; com eou, depois, a prestar ateno no corvinho gentil. Notou que ele era um bom partido, capaz de conseguir alim ento saboroso para a sua fam lia. Aceitou fe liz os pedacinhos de carne que ele am adurecia ao sol. Com eou a nam or-lo e, em pouco tem po, voavam juntos, conversando sobre um futuro que, provavelmente, seria feliz.

    O pesquisador, avisado do que estava ocorrendo, voltou e notou que a corvinha no o olhava mais. Ela o olhou, apenas uma vez, para perguntar com o pudera ju lgar am ar aquele branquela enorm e e desengonado.

    Os corvos no ivaram por do is anos, casaram e tiveram muitos filhos...

    Heloisa Pires

    C onsiderando o b icho-hom em ...

    Dificilm ente, os casa is hum anos conseguem agir de forma correta, resolvendo, com o fazem os cham ados irracionais, pelo instinto, os seus problem as.

    O prim eiro casal de corvos m ostrou a necessidade do am or ex igen te , de educa rem -se um ao outro . Em um grande nm ero de casais humanos, em tudo cedem, ace itam tudo, para v ive rem bem . S apos en go lid os exp ressa m -se m ais ta rde , em d e sa ju s te s p ro fundos, que p roduzem d e s e n c o n tro s e a t se p a ra e s . O d i logo , a exp licao das d ificu ld ad es , a ex ignc ia de resp e ito e de um tra ta m e n to c iv iliz a d o ev ita m prob lem as am argos.

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  • Educar para ser feliz

    O bicho-homem no sabe ou deveria aprender a dialogar, explicando os seus desejos e necessidades. Auxiliaria o seu prximo a ficar mais educado, a evoluir.

    O pai Herculano sempre dizia que no podemos evoluir sozinhos, que est enganado quem pensa que, cedendo em tudo, est evoluindo.

    Papai dizia que uma tentativa intil de evoluir, porque expressa egosmo: Eu sou bom, eu estou evoluindo. E o outro, como fica?

    O casal de corvos, muito unidos, exemplifica a maturidade que permite a um indivduo colocar-se no lugar do outro. Esse indivduo est apto ao dilogo ou passvel de amar o prximo como a si mesmo, quando se fala no homem. Essa empatia demonstrada aos seus rudimentos, por instinto pelos corvinhos aparecer, mais tarde, no reino hominal, nos exem plos m aravilhosos de compreenso das necessidades do outro, do irmo.

    O caso da corvinha apaixonada por um ser humano lembra os indivduos mergulhados no mundo das iluses; como mulheres que julgam que a vida uma novela da televiso e no aceitam o homem bom, trabalhador, que tem ao seu lado.

    Esse caso lembra o de centenas de indivduos que destroem seus lares por causa de aventuras efmeras. Esto mergulhados na prpria imaturidade, vivendo no mundo dos sonhos, esquecendo que viver uma arte muitas vezes difcil, que exige pacincia, renncia, firmeza, amor, ou como disse o Mestre Jesus: ama o prximo como a ti mesmo...

    Quantas lies a vida nos oferece! Como crescemos, observando a Natureza...

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  • Heloisa Pires

    Histrias que a vida conta...

    Joo e Maria julgaram se amar; casaram.Joo tentou equilibrar a economia do Lar, mas Maria o

    chamou de sovina. O dinheiro no chegava nunca. Se ganhavam mais, gastavam mais. As brigas eram terrveis e Joo resolveu cederem tudo. Foram para o brejo, como diz o povo. Estouraram o cheque especial, ficaram superendividados. Joo comeou a refletir sobre a inconvenincia de dizer sempre sim. Precisou de um tratamento na Casa Esprita e um bom psiclogo, para fazer Maria compreender a necessidade de disciplinar seus gastos. Continuam lutando para pagarem as dvidas e para construrem um casamento slido, no qual os dois fazem o melhor em prol da famlia. Esto aprendendo como estabelecer limites para os filhos. Joo est compreendendo que amor expressa firmeza, disciplina, planejamento e conquista da felicidade.

    O corvinho fez a corvinha entender o comportamento j desejado rapidamente. Nos humanos, devido ao aprimoramento intelectual, tudo mais complicado, porm mais produtivo e mais consciente. Joo conseguiu construir um Larfeliz; agora est no caminho certo...

    Vtor e Vera formam um casal harmonioso. Um entende o outro, atravs do olhar. O amor profundo, veb dos sculos.O problema surgiu, quando um dos filhos cresceu e tentou expressar-se na indisciplina. Jamais um acusou o outro pela falta de educao do jovem necessitado. Sabem que, s vezes, lares felizes recebem espritos necessitados, para que, dentro da Lei do Amor, o mais forte auxilie o mais fraco; sabem tambm que as almas frgeis exigem cuidados especiais, para

  • Educar para ser feliz

    se transformarem em rvores frondosas. O filho cresceu freqentando a Casa Esprita e continua a freqent-la. Nunca questionou a importncia do Espiritismo, aprendendo com os pais que, se a escola comum indispensvel na conquista de uma profisso, a Casa Esprita o antibitico natural que vai curar as doenas da sua alma. Sente nos pais a fora da unio e do amor e, embora, provavelmente, no consiga atingir a maturidade dos irmos, hoje melhor do que ontem e amanh, dentro de suas possibilidades, atingir o desenvolvimento possvel. Com pais problemticos o jovem apresentaria dificuldades maiores.

    Problemas nos filhos exigem unio maior dentro do Lar e utilizao dos recursos que a Casa Esprita oferece: desobsesso, evangelizao, palestras, etc. .Nunca se esquecer de O Evangelho no Lar; a possibilidade de sintonia com irmos maiores que nos auxiliam em nossas dificuldades.

    Um casal de corvos mostra o mergulho desastroso do indivduo no mundo das iluses. Viemos preparados para a vitria, diz O Livro dos Espritos. No existe um indivduo que no apresente possibilidade de vitria. Mas o orai e vigiai de Jesus indispensvel, para vencermos as nossas dificuldades.

    A corvinha da histria ficou apaixonada por um humano.Quantos casais humanos impedem sua felicidade,

    mergulhando nas tentaes do mundo, iludidos quanto finalidade da reencamao! Maridos abandonam esposas e julgam encontrara realizao dos seus sonhos longe do amparo daquelas que escolheram para mes dos seus filhos. Desencontros so frutos no de necessidades reais, mas da falta de maturidade de um dos cnjuges.

    s vezes, o casal continua aparentemente unido, mas a separao de corpos e almas existe dentro do Lar.

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  • Helosa Pires

    Relembremos o senador Pblio Lntulus Cornlius, proconsul da Galilia, e sua esposa, Lvia, na histria narrada por Emmanuel no livro H Dois Mil Anos, psicografado por Francisco Cndido Xavier. O orgulhoso senador acreditou em calnias levantadas contra a sua esposa e colocou-a marginalizada dentro do Lar. No mais conversava com ela e no lhe permitia educar a prpria filha. Destruiu a famlia. Criou sofrimentos terrveis para ele mesmo. Quando resolveu conversar com a esposa ela morre, no circo junto com os cristos. O senador, com os olhos cheios de lgrimas, reconhece que outra teria sido a sua vida se atendesse ao chamado de Jesus.

    Quantos cnjuges compreendem, tarde demais, que outro seria o seu destino, se tivessem pacincia, capacidade de perdoar, compreender, exemplificar...

  • Educar para ser feliz

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    O exemplo dos pingins

    Os pingins formam uma coletividade disciplinada e feliz.Um a vez ao ano encontram-se na Antrtida. Machos e

    fm eas, que haviam m igrado para colnias diferentes, reencontram-se em meio a muita alegria. Marido e mulher encostam peito no peito e permanecem por minutos na troca energtica que os fortifica.

    O s m achos so lte iros vo procurar a sua cara- m etade . O critrio, para ser considerado um bom partido, a bo lsa que possuem para chocar os ovos; a lei igualdade de direitos, diferena de funes , brilha na expresso dos pingins.

    Depois dos reencontros e novos encontros, vm os acasalamentos. Aps algum tempo, as fmeas botam seus ovos e os entregam aos machos. Os machos colocam os ovos nas bolsas prprias e iniciam os cuidados necessrios, sacrificando-se pela coletividade. Oitocentos, quinhentos pingins, formam grandes filas, enfrentando cinqenta graus aba ixo de zero , sacrificando-se pela nova gerao. Novamente a Lei Natural: O mais forte ampara o mais fraco.

    s vezes, um a tem pestade de neve causa baixa m aior na tem peratura . Os pingins aproxim am -se uns dos outros, formando um grande corao; alegoricamente falando, d iv id indo o ca lor e perm itindo a sobrevivncia

  • Heloisa Pires

    de todos, sobretudo dos bebs pingins que, ainda, esto dentro do ovo.

    Os bebs rompem a casca do ovo graas ao auxlio de todos e so entregues s mes.

    Chega, novamente, a hora de partir; casais separam- se para um reencontro no outro ano.

    Pesquisados, os pingins provaram a sua fidelidade. Durante quinze, dezesseis anos, permanecem unidos, e a cada reencontro o macho procura a sua fmea.

    O bom humor dos pingins im pressionante. Nos reencontros eles possuem , na A ntrtida por exem plo, uns v inte e um pontos que perm item a com unicao e as demonstraes de afeto. Quando um desses pontos submerge, os p ingins saem da gua gelada alegres, b rincando . A o c o n tr r io do b ic h o -h o m e m , no acusam a Deus, nem se lam en tam . P or ins tin to , sabem que ac identes acontecem , e prob lem as s o l ingredientes da evoluo.

    Vrias lies aprendemos com os nossos irmos I pingins:

    a) O bom humor o melhor remdio tanto nas horas ] difceis como fceis.

    b) A fide lidade lei natural, que expressa o fazer ao outro o que desejam os que o outro nos faa , como disse Jesus.

    Ou: somos responsveis pelo que cativamos, como diria a raposa do livro O Pequeno Prncipe, de Antoine de Saint Exupry.

    c) Amparar os mais fracos, as novas geraes, dever de cada elemento da comunidade.

    d) Dividir as tarefas, trabalhar em equipes, sem permitir

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  • Educar para ser feliz

    que o outro seja sacrificado, Lei Natural, no criao do homem.

    e) O homem, saindo do domnio dos instintos que conduzem o ser para atos quase sempre corretos, deve aprender a cam inhar, atravs da Razo, com o respeito ao semelhante. O orgulho e o egosmo, que tantos males causam ao homem, devem ser extirpados dos coraes, a travs da com preenso de que s dando as mos construiremos um mundo melhor.

    Se o indivduo, na Terra, treinado, atravs dos sculos, para a fraternidade e o auxlio ao prximo, o hom em deveria expressar-se com muito mais dignidade nos seus relacionamentos afetivos.

    Casos de famlia dos civilizados na Terra

    O caso de Pedro e Vera.Pedro e Vera se casaram h cinco anos, julgando

    que se completariam.Pedro acorda nervoso, reclamando de tudo. Vera

    finge que dorme.Quando Pedro engoliu um leite frio e vai sair, ela

    finge que acorda naquela hora e canta a msica do Moacir Franco:

    Ei, voc a, me d um dinheiro a,Me d um dinheiro a...Pedro estoura. No h dinheiro que chegue, porque

  • Helosa Pires

    Vera recusa-se a trabalhar. Quer ter um filho. No pensa no trabalho que vai ter, nos gastos, na necessidade de ajudar Pedro nas despesas do Lar. Menina m imada, quer continuar brincando de casinha, apenas, com uma grande boneca.

    Os dois no se comunicam mais; o dilogo acabou no Lar e, ainda, egoisticamente, querem colocar um filho no meio da guerra que se estabeleceu.

    Faltam maturidade, amor, aconselhamento com especialistas, educao.

    Pedro e Vera deveram aprender com os senhores pingins que a vinda de um filho requer renncia, diviso de tarefas, sacrifcios que se expressaro na alegria de ver um beb, iluminando o Lar com o seu sorriso ou um ser mais necessitado que precisa de amor e ateno.

    O Caso de Magda e MaurcioO casal j possua trs filhos adolescentes, q u a n d

    Magda desejou uma menina. Resolveram adotar. Finalmente* encontraram uma loirinha de olhos verdes que falou alto aos | seus coraes. Levaram o beb, que estava com quinze | dias, para casa. Trs meses depois, notaram que havia 1 alguma coisa errada. Levaram a criana a vrios mdicos e descobriram que a menininha apresentava paralisia cerebral. 1 Apertaram a criana ao peito e decidiram que ela teria todo o amor e tratamento que lhe pudessem dar. Hoje a menina est com quinze anos. Anda com dificuldade, no fala, e o centro das atenes de toda a famlia. Dividiram as tarefas, as despesas e, mesmo os filhos casados, auxiliam a irm. um exemplo de maturidade, de civilidade. Dependemos uns dos outros, e quando um irmo depende um pouco mais de ns, uma alegria poder ajud-lo.

  • Educar para ser feliz

    Os nossos irm os pelicanos alimentam um irmo doente, cego ou com qualquer dificuldade. Nosso irmo com dificuldades fonte de alegria, de trocas energticas que o fortificam .

    Nossas crianas especiais so fontes de alegria e oportunidade de nos desenvolvermos na prtica do amor e na com preenso de que a Terra uma escola.

    O caso de Andria.O casal esperava com impacincia o primeiro filho.

    J apresentavam dificuldades no relacionamento. O dilogo ficara difcil. Mas o beb era esperado com ansiedade. Nasce uma linda menina, ruivinha, e o casal fica fascinado. Perdem a capacidade crtica. Desde as prim eiras expresses na Terra, a menina impe a sua vontade. Exige

    , mamadeira o dia inteiro; dorme de dia e chora noite.O casal no tem fibra para disciplinar o pequeno ser.Crescendo mais, a menina fica roxa, perde o flego

    sempre que contrariada. Manda nos pais e nos avs.Quando comea a freqentar a escola, joga-se no

    cho e berra at ser levada para casa. S aos oito anos aceita freqentar o estabelecimento de ensino. Muito inteligente, j sabe 1er e escrever, mas, emocionalmente, completamente descontrolada. Exige gritando que seus desejos sejam satisfeitos.

    Piora na adolescncia. No respeita os pais. Arruma namorados desajustados e chega casa de madrugada ou no dia seguinte. Os pais, que nunca falaram no, continuam perdidos; no sabem como agir.

    A moa casa e, aps alguns meses volta para o Lar dos pais com um filho. Continua desequilibrada, exigente, escandalosa. O filho, quando cresce, comea a imit-la.

  • Heloisa Pires

    A casa agora um inferno. Os avs no se suportam; brigam por causa da filha e do neto. Gritos, desobedincias, vida difcil. E pensar que tudo poderia ser evitado, se os pais tivessem educado a sua filha. Se entendessem a importncia da disciplina, do amor racional, da educao.

    Ainda havera tempo de melhorar o ambiente no Lar. Pai e me deveram assum ir o papel de educadores. Uma terapia com todos os membros da comunidade infeliz auxiliaria. Um tratamento psiquitrico, srio, para a moa inconseqente. E, sobretudo, o auxlio intenso ao pequeno neto. Os adultos precisam entender que amar no satisfazer todas as vontades; que am ar no , por complexo de culpa, deixar que os nossos educandos imitem potros selvagens.

    Amar preparar para a vida. fazer o possvel, para que o educando entenda que o seu direito termina onde comea o direito do outro. Amar exigir respeito, j voz no tom certo, conversa educada, porque, como dizia j meu querido professor So Marcos, diretor do Curso de Filosofia da Federao Esprita do Estado de So Paulo, a mo que d o po exige respeito. E se essa mo no educar o indivduo, ele ser um ser desagradvel, um elemento indesejado, onde quer que se expresse.

    Se amamos nossos filhos, vamos educ-los para o mundo...

    O que seria da coletividade dos pingins se cada elemento tentasse viver de forma egosta, isolado? Seria o caos e, provavelmente todos morreriam na primeira tem pestade de neve. O que assegura a vida, a continuidade, a unio, exatamente o dar as mos...

  • Educar para ser feliz

    Construtivismo na famlia

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    Sabemos das influncias que o filho recebe no tero materno. Hoje, a Cincia, atravs de alguns irmos que vencem o preconceito cientfico, aceita o mergulho, alm das barreiras do tero. O ideal seria, pois, que os pais j se estivessem conscientizados, em um sentido positivo, antes do encontro que resulta em constituio da famlia. Que os seus pais e os pais de seus pais houvessem agido sempre nesse sentido positivo, fazendo com que crculos lum ino sos fossem cresce nd o , po ss ib ilita nd o o aparecimento de indivduos melhores. Dentro da lei de solidariedade, cada ser que cresce impulsiona outros ao desenvolvimento pleno.

    Infelizmente, isso em geral no acontece. A maioria, ou pelo menos um grande nmero de casais, no est s u fic ie n te m e n te am a d u re c id o , para cum p rir o compromisso assumido com o outro e com os filhos. Brigas, discusses, tumultuam o Lar e o mundo mental da criana.

    Piaget lembra a importncia da me nas primeiras expresses do ser, na Terra, para que o amor possibilite o desenvolvimento do sistema nervoso da criana. Do crescimento emocional harmonioso depende o das vrias espcies de inteligncia. Sem o amor da me, ou de

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  • Heloisa Pires

    algum que a substitua, no haver evoluo do pensamento.

    Herculano Pires explica, no seu livro Introduo Filosofia Esprita, que graas ao amor da famlia, o educando consegue sair do seu mundinho fechado e se abrir para o mundo, como a flor se abre ao calor do sol, oferecendo a beleza de suas ptalas coloridas e o seu perfume. A criana no-amada, mas trabalhada, fica com o ego atrofiado, faminto e pode se expressar como um profissional corrupto, um indivduo cruel, um omisso incapaz de sentir a dor do prximo.

    graas ao amor da famlia que o indivduo vai adquirir a plataforma harmoniosa para a construo do seu pensamento.

    Cabe famlia propiciar ao beb as bases do amor para o seu desenvolvimento pleno. Dar o seio, ou em caso i de ausncia do leite, a mamadeira, com amor. Aconchegando 1 o beb ao peito um dos passos indispensveis para i possibilitar o construtivismo no Lar.

    Disciplinar o educando com amor, suave, mas firmemente, dando a alimentao na hora certa, respeitando J os horrios de sono da criana, conversando, civilizadam ente, sem excessos de risos e gritos, demonstrando o equilbrio emocional conseguido, so a melhor forma de desenvolver o pensamento, o raciocnio, as bases do discernimento do beb.

    Pais que no tm disciplina alguma, que do os alimentos apenas, quando a criana berra de fome; pais incapazes de ensinar o filho a no esbofete-lo no rosto; pais incompetentes no domnio das prprias emoes, sero responsveis por muitas das dificuldades intelectuais, sociais e morais dos filhos.

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  • Educar para ser feliz

    O ama o prximo como a ti mesmo, que no Lar comea pelo amor expresso aos ascendentes, avs, tios etc., a lei maior para a construo de uma famlia harmoniosa que produzir seres teis a si e sociedade.

    A prece no Lar, pelo menos uma vez por semana, com a leitura de O Evangelho Segundo o Espiritismo, as conversas edificantes, os bons filmes, a boa msica so os elementos indutores boa reao dos indivduos.

    A msica deve ser considerada como alavanca prec iosa no desenvo lv im ento dos educandos. Os neurologistas pesquisaram a importncia da msica para o aproveitamento das clulas especializadas existentes nas crianas em suas primeiras fases de desenvolvimento e descobriram que sons harmoniosos provocam a atuao dessas clulas especializadas, que captam, intensamente, a realidade exterior. A falta de estmulo produz a imploso e morte dessas clulas.

    Hoje, maternidade e paternidade so opes. O casal deve planejar, carinhosamente, a vinda dos filhos, para receb-los consciente das suas responsabilidades e com o am o r que , m esm o os n e u ro lo g is ta s reconhecem , p ropo rc ionar ao ser a construo harmoniosa da sua possibilidade de se expressar como ser que age luz da Razo.

  • Heloisa Pires

    Tarefas construtivistas

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    O cham ado se lvagem p e rm itia ao filh o o desenvolvimento pleno, deixando que ele realizasse as tarefas do cotidiano.

    A sociedade do chamado civilizado, muitas vezes, prejudica o desenvolvimento esquecendo que aprendemos fazendo. Excesso de teoria, pouca utilizao das mos na construo de tarefas teis, falta de participao dos pais na vida do filho, falta de pacincia para permitir que a criana consiga o seu desenvolvimento, participando J integralmente, da vida no Lar e aprendendo atravs do erro causam os grandes problemas da nossa sociedade atual. O sculo 20 foi difcil; James Golleman, no seu livro Comportamento Anormal, diz que poderiamos cham-lo de sculo da angstia. Falta, exatamente, a famlia atuante, auxiliando o indivduo na manipulao e no domnio da energia condensada, no que convencionamos chamar de matria densa.

    A vida sedentria das crianas em frente do computador ou da televiso; a vida inexpressiva e montona na repetio de exerccios fsicos que no lhes permitem a criatividade; a vida inexpressiva e montona na repetio de exerccios fsicos que no lhes permitem a criatividade; a vida em apartamentos que as impede de plantar, regar,

  • Educar para ser feliz

    lidar com a terra, com o que limitam a capacidade de raciocnio. As tarefas so dadas mastigadas para os filhos.

    Partimos desse raciocnio para deduzirmos quais as tarefas que podem desenvolver a criatividade e construir o raciocnio infantil.

    Um aniversrio no Lar possibilidade construtivista, se os pais permitirem criana participar intensamente.

    A criana pode pintar ou desenhar os convites; mesmo que no fiquem uniformes como os comprados, o valor muito maior, porque produto da utilizao dos recursos mentais do educando. As que j sabem escrever podem criar uma pequena mensagem.

    As crianas podem ajudar a pensar como sero o bolo, os doces; como planej-los e faz-los. Noo de tempo, espao, quantidade, nutrio, economia, planejamento com indo, meio

    I efim das tarefas permitiro aos educandos a dilatao mental.A lista dos convidados, a manufatura de pequenas

    lembranas e a arrumao da casa mostraro, tambm, que s nos desenvolvemos em equipes; a unio faz a fora.

    Um lanche para receber os amiguinhos tambm possibilidade de desenvolvimento do homem integral. Bater um bolo, auxiliar a me batendo as claras, passar manteiga no sanduche, inventar sanduches, criar menus, tirar fotografias e depois organiz-las no lbum, tudo isso permite a organizao do pensamento e a valorizao da famlia e dos amigos.

    Organizar teatrinhos, inventar dilogos, inventar histrias, fazer um jomalzinho no bairro ou no prdio de apartamentos; pegar o nibus com um grupo de amigos e ir a um museu ou um Shopping, so atividades produtivas na formao do indivduo.

  • Heloisa Pires

    Os pais precisam conversar muito e m uito com os filhos, conversas alegres, esclarecedoras, de am igos e irmos. Os laos de am or se solidificam.

    Se a re a liz a o das ta re fa s re s u lta d o da m a tu r id a d e , e la s a u x ilia m o in d iv d u o a um desenvolvimento maior.

    A rrum ara mala para uma viagem; saber que roupa levar, ajudar a escolher o lugar aonde vai passar as frias; entender a possibilidade de ir ou no a um determ inado lugar e com preender as possib ilidades econm icas da famlia fazem parte do amadurecimento do indivduo.

    Hoje, a educao , s vezes, deseducao, bitolao, impedimento ao desenvolvimento.

    A escola, que um captulo parte, considerada a nica responsvel pela educao dos filhos. Pais cansados, preocupados apenas com a sobrevivncia e j no com a vivncia, esquecem que os filhos so m u ito l mais do que vegetais e anim ais irracionais e de que as 1 crianas precisam de am or e no apenas de alimento e da informao conseguida nas escolas. Precisam de formao, de exemplificao, da famlia e de tempo para a brincadeira; o lazer, as brincadeiras, educam.

    A lguns pensam que vo fazer dos seus filhos superprofissionais e os massacram com cursos e cursos. No sobra tem po para pensar, criar, o rgan iza r o pensam ento. uma m aratona que vai c ria r filhos cansados, desanimados, estressados.

    O caminho do meio o correto. Todo excesso prejudicial. Necessrio respeitar a infncia da criana como a fase importante para a adaptao ao mundo e soc iedade . C riana am ada, respe itada , c ria tiva ,

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  • Educar para ser feliz

    provavelm ente ser um indivduo que ama, que auxilia a sociedade, que produz, que cresce, que faz crescer.

    Tarefas construtivistas so aquelas que desenvolvem o ser na capacidade de fazer; de com preender o que se faz; de usar os recursos utilizados em uma tarefa, para fac ilitar a realizao de outras tarefas.

    P re o c u p a n d o -n o s , ap enas, com a c ria o de indivduos relativamente informados, instrudos, mas no formados, no plenamente desenvolvidos na compreenso da finalidade da existncia, continuaremos a construir uma sociedade carente, desajustada, na qual cada elemento tenta viver, apenas, para ele mesmo; o egosmo, o orgulho, a incom preenso da dign idade e a indestrutibilidade

    K continuaro com a violncia, o crime, as crianas de rua, o desemprego, a dor.

    O comodismo dos pais tem dado pssimos resultados. W J preciso mudar, entender que a tarefa mais importante f r deles criar homens de bem, capazes de amar o prximo

    como a si mesmos; precisam, ento, estender esse amor a si prprios, na compreenso do nosso futuro luminoso...

  • Heloisa Pires

    A importncia da disciplina e do amor

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    Muitos pais consideram a disciplina, a estimulao racional, e as exigncias normais para com as crianas desnecessrias para o seu desenvolvimento.

    Vamos lem brar alguns casos do livro do Dr. O liver Saks, para entenderm os que funcionam os em equipes e d e p e n d e m o s uns d o s o u tro s p a ra o n o sso desenvolvimento completo. Lembremos, primeiro, o caso j que deu nome ao livro: O homem que confundiu a sua mulher com um chapu.

    O homem chega ao consultrio do neurologista, super confuso. De repente, o seu mundo parece que virou do avesso e ele perde vrios referenciais; confunde aquilo que est sua volta, mistura imagens, tenta compreender um quadro que se apresenta retalhado, est confuso, completamente diferente da realidade a qual se acostumara.

    Esse indivduo apresenta o que os neurologistas chamam de agnosia visual. O lha e no v, enxerga e no discerne.

    O homem olha fotos da famlia e no reconhece de quem so; sempre que encontra dentes grandes e um

  • Educar para ser feliz

    maxilar saliente, pensa que est diante da foto de seu irmo.O que perm ite a esse indivduo sobreviver com

    dign idade so a lguns fatores importantes.O traba lho, sen tir-se am ado e respeitado, o bom

    senso de hum or na aceitao das suas dificuldades.O traba lho : e le m sico e professor de msica. A

    h a rm o n ia na a r te lh e p e rm ite t ra n s c e n d e r as d ific u ld a d e s e en con tra r um a bssola segura para o seu m undo in te rio r; se o exte rio r est um caos, o in te r io r conserva a serenidade. Continua a trabalhar, expe , com propriedade, o que aprendeu, atravs do estudo e da experincia; respeitado, mesmo quando parece um excntrico, um ET deslocado em um mundo que no seu.

    Um ind ivduo sem tanta riqueza interior estaria perdido em meio a sua agnosia.

    O amor: o professor de msica ama e amado pela J esposa e pelos alunos. A esposa a rocha preciosa que

    o am para nos m om entos difceis. o seu apoio, a compreenso, o auxlio; mas ele tambm representa tudo isso para ela.

    O bom humor; o professor consegue rir de si mesmo nas horas difceis. Aceita as suas dificuldades, lutando, serenamente, para super-las.

    O n d e e n c o n tra e le fo r a pa ra s u p o rta r as dificuldades?

    Jos Herculano Pires nos lembra, nos seus vrios livros, a im portncia de implantarmos dentro de ns 0 Reino de Deus, que se expressa no desenvolvimento da fora interior, das possibilidades luminosas, atravs da sintonia com os melhores pensamentos, com as melhores

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  • Heloisa Pires

    mentes fsicas e extrafsicas, que se projetam na Terra.Esse ser humano maravilhoso, o professor de msica,

    encontrou a serenidade e a implantou em seu corao; esse indivduo especial no ficou amargo, nem revoltado, quando a adversidade chegou sua casa na forma de uma disfuno neurolgica. Enfrentou a doena com a classe daqueles que erguem a cabea do barro da Terra e conseguem enxergar estrelas, mesmo em noites muito escuras e cheias de nuvens.

    Para analisarmos melhora extraordinria capacidade de enfrentar dificuldades desse professor, vamos recordar o dia no qual ele confundiu a sua mulher com um chapu.

    Esse professor de msica vai conversar com o seu neurologista, o Dr. Sacks, e, ao entrar com a esposa, coloca o chapu em um porta-chapu que havia no consultrio, t Depois de explicar os seus problemas, despede-se do < mdico e procura o chapu; julga encontr-lo no rosto de sua mulher e tenta coloc-lo na sua cabea; confunde a cabea de sua mulher com um chapu.

    Outro indivduo, menos preparado, teria ficado louco. Outra esposa, menos amorosa, teria abandonado esse ser que agora muito diferente nas suas expresses de vivncia no mundo.

    Que casal especial! Como Daniel Colleman, desejamos que todos os seres humanos se expressem com essa fora.

    Com o con seg u ir fo rm ar ind iv duos fo rtes emocionalmente, capazes de manter a serenidade em meio s dificuldades inimaginveis?

    Criando esses indivduos dentro do respeito que fazem por merecer.

    Trabalhando a educao, para a extino do orgulho e

  • Educar para ser feliz

    do egosmo na face da Terra. Se o professor fosse um egosta, no estaria mergulhado na sua dor, to fechado, reclamando a sua confuso e chorando por suas dificuldades, que afastariam do seu convvio todos os que pudessem auxili- lo. Se a mulher desse professor fosse egosta, no suportaria esse homem diferente e o teria abandonado. Se os alunos pensassem s em si mesmos, teriam abandonado as aulas de msica, no suportando as dificuldades de captao da realidade exterior pelo grande professor.

    Cada um dos indivduos, envolvidos de uma forma ou de outra na agnosia do professor, agnosia que se exprime, exatamente, pela incapacidade de ver e compreender a realidade, foi capaz de dar mais importncia essncia do que forma exterior, de enxergar no outro os verdadeiros valores de considerar o professor por sua luminosidade interior, pela capacidade que ele sempre demonstrou de usar com propriedade a linguagem universal do Amor.

    Mas como conseguiremos isso com nossas crianas?A m ando-as, respe itando-as, d isc ip linando-as ,

    exem plificando a arte de bem -viver, u tilizando os recursos apresentados pelo grande Mestre Jesus de Nazar, para educar na expresso real do termo, para desenvolver potencialidades.

    O traba lho ser rea lizado, suavem ente, pelos reencamantes, dentro das possibilidades e limites de cada um. Arrumar a cama, fazer um suco, auxiliar na cozinha, receber os amigos da famlia, estudar, brincar com alegria, participar de O Evangelho no Lar, ir Evangelizao da Casa Esprita; estes so os estmulos necessrios ao pleno desenvolvimento do ser humano.

  • Heloisa Pires

    Problemas de aprendizagem

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    grande o nmero de crianas e adolescentes com dificuldades para redigir, resolver problemas e conseguir exprimir-se com criatividade.

    Decoradores exmios, passaro nos vestibulares, mas levaro uma vidinha morna, na incapacidade dos vos mais altos do pensamento.

    No foram preparados para pensar, analisar, criar.Das escolas da periferia chega um grande nmero de

    crianas e jovens lesados, psiquicamente, por uma sociedade cruel e injusta; pessoas que no conseguem 1er ou lem mal e no interpretam o que leram. A promoo autom tica um crim e, pois as possib ilidades de aprendizagem dos indivduos no permitem que os educandos refaam a fase malcompreendida. proibido repetir de ano ainda que no saiba nada. Resultado: jovens condenados ao desemprego, a subempregos, incapazes de competir com a classe privilegiada economicamente, tambm malpreparada, mas apta e com oportunidades para que decore o que lhe possibilite a perpetuao da cpula da sociedade.

    Escolas, profissionalmente, preparam jovens, para

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  • Educar para ser feliz

    trabalharem em computadores, mas os erros ortogrficos no so trabalhados. Transformam-se em profissionais pouco capazes, porque ficaram sujeitos indiferena de uma sociedade que os marginalizou pelo simples fato de terem nascido pobres, malformados intelectualmente e , s vezes, at moralmente.

    Mas, entre os privilegiados economicamente falando, surgem os malformados intelectualmente e moralmente, porque apenas a escola no d preparao para viver bem, com dignidade e com possibilidade de criar um mundo inteiro rico e confortvel.

    O problema s ser sanado com uma melhor preparao dos pais e educadores e uma reflexo sobre os objetivos desejveis para um aprimoramento social, para a construo de uma sociedade, na qual cada um cumpra os seus deveres e lute por seus direitos luz da Razo, sem violncia e sem armas.

    Em muitas escolas, inicia-se a alfabetizao no jardim de infncia, pelo desejo de impressionar os pais, no atendendo s necessidades dos pequenos de aprenderem brincando, de esperarem a maturidade, a conservao da quantidade, o desenvolvim ento da lateralidade, o discernimento das formas, para s, ento, ensinarem a 1er e escrever.

    A matemtica apresentada do mesmo modo, no permitindo a compreenso, mas uma decorao ineficaz.

    O desenvolvimento da leitura e escrita depende do amadurecimento do indivduo, para que ele goste de 1er e escrever.

    medida que os grandes educadores como Pestalozzi, Piaget, Emlia Ferreiro, Paulo Freire e outros forem mais

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  • Heloisa Pires

    bem compreendidos, outros sero o funcionamento das escolas e o comportamento dos pais educadores.

    A criana constri o seu conhecimento, atravs dos brinquedos e das brincadeiras, a lguns dos quais atravessam os sculos.

    Pular, jogar peteca, subir em rvores e construir os seus b rinq ued os com suca ta so exp e ri n c ia s indispensveis.

    P ro fesso res in esp e rie n tes , m a l-in fo rm a do s, indiferentes, incapazes, iniciam a alfabetizao em perodos inadequados ao desenvolvimento infantil, e o resultado tortura o indivduo que no gosta de 1er, que odeia livros, que tem dificuldade de pensar...

    Ou mudamos a escola ou o homem do futuro ser um rob inexpressivo...

    A criana precisa trabalhar, observar o mundo a sua volta, a Natureza, enxergando com olhos de ver, j as formas.

    Os crculos, os quadrados, os tringulos; nas coisas J feitas pelo homem as formas geomtricas so uma 1 constante: portas, bolas, almofadas, cadeiras, carros, que permitem encontrar os desenhos que possibilitaro, depois I de entender o formato das letras. Empinar uma pipa no cu muito azul ou cinza, propicia experincias magnficas s crianas: desenvolvimento espacial, sensibilidade para com a beleza das cores, certeza da confiana em suas possibilidades de controlar o corpo e os objetos a sua volta, domnio das emoes, sociabilidade etc...

    O educando deve mexer na terra, plantar e colher, mesmo em pequenos vasos. Entender a transformao da semente em planta.

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  • Educar para ser feliz

    Visitar os bichos em seu habitat, e se for impossvel, pelo menos no zoolgico.

    Acariciar pequenos animais. vivendo que o indivduo desenvolve, plenamente, o

    seu arsenal cerebral, o seu sistema nervoso, a sua capacidade de agir de forma mais racional.

    Criana amada, respeitada em suas necessidades, desenvolver as vrias inteligncias, o cognitivo, o emocional, o equilbrio, a capacidade de viver bem e com alegria.

    Acorda, usada em campeonato, para pular, para formar desenhos no cho; o pio, enrolado no barbante, atirado ao cho em crculos de tamanhos variados auxiliam na formao de imagens mentais que facilitam a aprendizagem.

    Construir castelos na areia, casas e homens com argila, tneis com peas de madeira auxiliam no desenvolvimento das clulas especializadas na captao da realidade exterior.

    Se no jardim e no pr o educando for bem trabalhado com alegria, sem ansiedade e cobranas absurdas, cumprir as etapas necessrias ao seu desenvolvimento; chegando o momento certo, dentro do seu ritmo, causar aos pais e educadores surpresas muito agradveis. E ser, pelos anos em que viver, um ser mais feliz, responsvel e criativo.

    Assim como uma rvore s d frutos no momento certo, o educando s produz, quando bem preparado; preparo que no se exprime pela possibilidade de decorar letras, slabas, palavras, mas na compreenso da finalidade do existir e do compartilhar com o outro a experincia mxima que viver...

    S o amor educa de forma a transformar o ser em um indivduo que se expressa no fermento que leveda a massa.

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  • Helosa Pires

    Educao dos animais e dos homens

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    A Lei do Am or j brilha no reino dos animais irracionais. Pesquisas realizadas com macacos resus deixaram isso bem evidente; os cientistas viram a confirmao do: S o amor constri. Fizeram a seguinte experincia: separaram os macacos de suas mes assim que nasceram e colocaram para aliment-los mes artificiais que alimentavam os pequenos. Os macacos cresceram e pareciam muito bem. Mais tarde, revelaram como haviam sido lesados; os traumas insuperveis que sofreram devido a falta da me ou de algum que a substitusse. Apresentavam-se incapazes de estabelecer um relacionamento mais intenso com os seus semelhantes., As macaquinhas foram inseminadas, mas quando os filhos nasceram, no demonstraram interesse algum pelos bebs. Os macacos criados sem amor alternavam perodos de ag ress iv idade e de apatia . No consegu iam o com portam ento normal dos seres que cam inham assessorados pelos instintos. At entre os macacos a presena de uma me amorosa indispensvel.

    A outra experincia consistiu em separar animais, j com algumas semanas, das suas mes. Os macacos

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  • Educar para ser feliz

    andavam cabisbaixos, deprim idos; quando trouxeram as m es de vo lta os pequenos an im a is voltaram a um c o m p o rta m e n to no rm a l; aos poucos fica ram mais seguros; m es e filhos, porm no se desgrudavam, tem endo nova separao.

    P e s q u is a d o re s v e r if ic a ra m que os bebs de a lg u m a s t r ib o s d a fr ic a a p re s e n ta v a m um desenvolvim ento m aior do que o apresentado pelos bebs europeus. Com o os bebs ficavam amarrados s costas das m es, a ligao m ais in tensa e a possib ilidade de ouvir o corao da me os auxiliavam no desenvolvimento neurolgico: infelizmente, aos trs anos, eram afastados das m es e entregues para as avs; o desenvolvimento e n tra v a em a tra s o , in te n s if ic a d o pe la p ss im a alim entao

    F izeram ou tra experincia com bebs: colocaram no b e r rio o som produz ido pelo corao de um indivduo calm o; os bebs dormiram tranqilos. Quando a g ravao fo i trocada por uma que trazia os sons de um c o ra o a to rm e n ta d o , os bebs entraram em desespero. Eis a importncia de emitirmos pensamentos m elhores, de educarm os as nossas emoes. Isto apa rece a com in tensidade.

    R e fle t in d o s o b re o a s s u n to , e n te n d e m o s a n e c e s s id a d e de ed uca rm os , a travs do amor, se qu iserm os form ar hom ens de bem como o apresentado pelo O Evangelho Segundo o Espiritismo.

    M as o que seria um homem de bem?O hom em de bem cam inha dentro da Lei do Amor,

    de Justia e C aridade. Jam ais se desespera, porque possui f em Deus e em si mesmo. Am a o prximo com o a ti m esm o, com o aconselhou Jesus.

  • Helosa Pires

    E quem o meu prximo?A parbola do Bom Sam aritano nos explica quem

    o nosso prximo. A m aturidade e o desenvolvim ento da c a p a c id a d e de a m a r fa z e m com que compreendamos que, s formando indivduos voltados para a pr tica do amor, podem os m ostra r-lhes o cam inho da felicidade.

    A menina atorm entada

    Madalena Freire narra uma histria que vamos interpretar, para compreendermos a necessidade do amor para com nossas crianas:

    Era uma vez uma menina que nasceu em uma favela, sendo sua me mulher de extrema humildade e muito necessitada. Um dia, a me ficou sabendo de um trabalho realizado por Madalena e resolveu dar uma olhada para verificar o que ali era feito.

    Madalena trabalhava com as crianas, quando viu uma menina estranha parada na porta. Verificou que os olhos da menina estavam escuros, vazios, poos profundos e abandonados. Nunca Madalena vira olhos assim. Levou um pedao de massinha para a menina e ela atirou ao cho. Madalena continuou a levar a massa e a menina a jogar ao cho. Um dia, a menina notou a doura nos olhos de Madalena e disse:

    -Voc sabe que minha me me jogou no lixo, quando nasci?

    E ento os o lhos profundos se encheram de desespero.

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  • Educar para ser feliz

    M eses se passaram at que a m enina com eou a olhar sem dio o m undo sua volta.

    C om o sofreu a pobre menina! Quanta dor poderia ser evitada, se a me a recebesse com amor.

    M atern idade hoje uma opo. Que sejam mes e pais, apenas, os que estiverem afins e relativamente equilibrados para acolherem as geraes mais jovens.

    Os anim ais irracionais sabem receber com zelo a sua cria...

    Uma menina chamada Luciana

    Era uma vez uma menina linda, loira e inteligente, chamada Luciana. Mas essa menina era fechada, falava

    k pouco de sua vida particular aos seus pais. Porm era amorosa e muito namoradeira. Por amor, resolveu tomara plula anticoncepcional para evitar uma gravidez. Consultou uma especialista e iniciou a ingesto do medicamento. Comeou a sentir fortes dores de cabea, mas a especialista disse que era normal. Luciana teve uma trombose cerebral e hoje est tetraplgica e muda. Os pais quase morreram de susto: pensavam que a sua doce filhinha era virgem. Felizmente, Luciana era um esprito especial e conseguiu o reequilbrio para suportar tanto sofrimento. Hoje navega pela Internet, est noiva e vai casar com um moo que a ama muito. No seu livro Sem Asas ao Amanhecer, Luciana conta a sua histria. Reflitamos sobre a importncia do dilogo en tre pa is e filh os . M u itas vezes, conhecem os, superficialmente, nossos filhos. No conseguimos enxergar

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  • Heloisa Pires

    a dor que transmitem nos olhos. s vezes, entre vrios filhos um difcil e torna-se necessrio orar, para pedirmos recursos, e assim encontrarmos um entendimento. Outra seria a histria de Luciana se ela, vtima de um erro mdico, no tivesse a fora interior para achar caminhos alternativos e continuar integrada nesse mundo louco que criamos.

    Luciana reencontrou, ainda, um Esprito que devia am- la h muito e reiniciaram, apesar das dificuldades, uma vida a dois que s pode fortific-los.

    A fora da menina veio do amor da famlia, desses elementos especiais, pai, me e irmo que formaram um campo eltrico-magntico luminoso que amparou o Esprito de Luciana, permitindo a lucidez perante tanto sofrimento. Hoje, a menina sorri; amanh, ta lvez at fale. Mas, atualmente, j expressa os seus pensamentos via computador e ilumina o mundo com o seu exemplo, humor e capacidade 1 de superar provas difceis. Que exemplo de esforo e s s a i menina nos d! Sem a famlia amorosa teria sucumbido. A 1 famlia deve ser o ncleo de formao de elemento s t indutores ao progresso.

    No momento atual, jovens do chamado primeiro mundo ] sucumbem, cometem suicdio, no resistindo ao enfrentarem I dificuldades. Necessrio formarmos indivduos especiais, * capazes de enfrentar grandes e pequenas dificuldades na compreenso de que experincias fceis ou difceis so oportunidades de desenvolvimento e de potencialidades. -

    Na nova Era que se aproxima, o Reino de Deus estar em cada Esprito, permitindo que a felicidade esteja em todos os coraes. Uma juventude amorosa lutar para a extino do egosmo, do orgulho, dos males que impedem o homem de ser feliz...

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  • Educar para ser feliz

    O encontro

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    Estaria o casal destinado, infalivelmente, um ao outro?A s grandes linhas da vida, os cam inhos m aiores

    so, em geral, planejados no mundo espiritual. Mas esse planejamento pode mudar sempre que um dos envolvidos no com prom isso espiritual ju lga r necessrio.

    M uitas vezes, um casal com binou um reencontro na Terra . O s d o is v ie ra m , com o d iz O Livro dos Espritos, de A llan Kardec, p reparados para a vitria. Um no u tiliza a sua fo ra de von tade para vencer e vo lta aos cond ic ionam en tos do passado. O hom em apresenta-se com o a lco latra , ou usa droga, ou um mulherengo, ou no gosta de trabalhar. O companheiro ou com panheira em esfo ro de evo luo pode de ixar o com prom isso para um a ou tra vez. Na pergunta, Kardec diz:

    -Mas, ento, podemos m udar as nossas provas?E os Espritos respondem:-S o desleixado permanece no mesmo ponto.Seria correto casar, escolhendo para pais ou mes

    de n o s s o s f i lh o s um in d iv d u o em p ro fu n d o desequilbrio que no se esfora para m elhorar? Claro que no tem os esses direito. O cnjuge no , apenas, o nosso amado ou amada, mas tambm o responsvel

  • Heloisa Pires

    pe los filh os que v ie rem . Tem que s a c rific a r dese jos, c a p r ic h o s , em fa v o r de um L a r r e la t iv a m e n te equilibrado para os reencarnantes. m elhor chorarm os um ms do que a vida toda ainda acom panhados pelos reencarnantes que aportaram ao nosso Lar. Se, porm, o ind iv duo esco lhe r o cam inho de esp inhos, que no cu lpe Deus, o passado ou a necess idade de evo lu ir. E v o lu i-s e t r a b a lh a n d o , c o n s t i tu in d o um L a r re la tiva m e n te a jus tad o , a u x ilia n d o o p r x im o que tam bm est em esforo de evoluo.

    Vam os im ag inar um reencon tro de a lm as irm s, de dois indivduos que realm ente se amam. Respeitam- se, no ex is tem o c im e doen tio , a descon fiana , o desejo de anu la r o parce iro . O lhos nos olhos, m os entre laadas, sentem o corao envo lto em um calor suave, gostoso, o fruto das trocas energticas de almas j afins. Em geral, atravessam a vida unidos, fortificando- j se para a vitria espiritual. Encontr-los sem pre uma alegria. Formam um Lar onde o A m or uma constante. : A u x ilia m -s e na s o lu o dos p ro b le m a s d ifc e is ; am param os que necessitam ; so felizes, estendendo a todos o seu lao de amor. s vezes, discordam , mas conseguem sempre achar um ponto comum. Recebem, s vezes, reenca rnan tes in fe lizes, que so ligados a eles pelos laos do am or ou da necessidade.

    Esses casa is a inda so raros no P laneta Terra, mas iro aum entando, m edida que o planeta evolui, at que sejam a fora m aior da Terra.

    O Espiritism o lem bra que estes so os casais constitudos pelo am or real, so os casam entos por amor.

  • Educar para ser feliz

    Alguns casais vivem relativamente bem, porque um dos cnjuges se anula, renuncia a todos os d ire itos e assume todos os deveres. Enquanto um tenta crescer, o outro perm anece com o criana m im ada, parado, em xtase, esperando a morte chegar . At seria vlido se os do is no precisassem evoluir. No podem os perder tem po precioso, nem de ixa r de aux ilia r os nossos queridos, para que entendam a im portncia do Tempo. Abandon-los clera, aos vcios, ao egosmo, sem tentar acord-los uma form a de im perfeio espiritual: Eu evoluo, ele que fique do mesmo je ito.

    So os casamentos de provao, que muitas vezes podem ser avaliados com os recursos da Casa Esprita. O Evangelho no Lar, a desobsesso, o dilogo calmo e esclarecedor auxiliam a despertar o cnjuge necessitado. O Plano Espiritual Superior, os Espritos familiares e amigos ajudam o cnjuge mais equilibrado a receber as intuies que lhe permitem ajudar o irmo doente a se educar. No dizer algo, no doutrinar, sempre que possvel, omisso. Isso vale para os filhos difceis, parentes com plicados. Esperar a hora certa, orar, preparar-se, espiritualmente, para, em seguida, agir com amor, energia e inteligncia, para fazer daquele Lar um lugar de paz, civilidade, respeito. Os anjos da guarda dos reencamantes agradecero.

    No livro Libertao, psicografado por Francisco Cndido Xavier, o instru to r lem bra a Andr Luiz a importncia da educao dispensada aos reencamantes. Educar desenvolver perfectibilidades, potencialidades.

    Muitas vezes, um dos cnjuges, por vrios fatores entre os quais complexos de culpa, vai cedendo em tudo

    e a

  • Heloisa Pires

    at que um dia no agenta mais e abandona o barco, incapaz de suportar o monstro que ajudou a criar nessa encarnao. No somos escravos do passado; temos um passado que atenuado ou extinto em nossas lembranas, para podermos evoluir. Se, pelo fato de agirmos na outra encarnao, omitirmo-nos de auxiliar os companheiros a crescerem espiritualmente, erraremos novamente.

    Alguns casamentos so difceis: os casais vo se lapidando exatamente como dois diamantes de imenso valor. Atravs do dilogo, das conversas srias, o casal vai aprendendo A arte de bem viver . Os supostos laos de dio se desfazem luz da compreenso. Essa a finalidade da Reencarnao: permitir o desenvolvimento de toda a equipe familiar.

    Um filme italiano, muito divertido, apesar do humor i negro, mostra os problemas difceis de relacionamento I familiar. O nome sugestivo: Parente Serpente. Mas 1 essa falta de com preenso e am or m ostrada no film e no pode existir em fam lias crists. Ou com eam os a : entender e praticar Jesus e Kardec ou vamos retornar 1 em piores condies.

    Yvonne Pereira, em um dos seus livros, fala dos problemas terrveis que criou para ela mesma por falta de equilbrio emocional. Conta de suas dificuldades ao reencamar, sem os Espritos com os quais tinha afinidade. Que no abandonemos nossos irmos em nome de uma evoluo egosta que seria involuo, se isso existisse.

    AMAR EDUCAR! esclarecer, usar a energia exemplificada por Jesus. Amar se preocupar com a famlia e lutar para ajudar o indivduo amado a aproveitar bem a encarnao...

  • Educar para ser feliz

    A necessidade de ser bom

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    O indivduo necessita se expressar em bondade, para sentir-se confortvel no m undo no qual se exprime. No te m p o e no espao , a trav s dos v rios re inos de desenvolvim entos percorridos, o ser expressa-se na sua bondade e no auxlio aos mais fracos da sua espcie. O desejo de transcendncia faz parte do psiquismo do ser na Terra. O excesso, porm, a vontade de se manifestar na perfe io geram as neuroses. preciso ter cuidado ao educar. No livro: O grande amigo de Deus, Taylor Caldwel im agina um Saulo atorm entado pelo desejo de perfeio. Adolescente, diz Taylor, Saulo envolve-se, amorosamente, com uma mulher que s depois descobre ser casada. Ento, entra em um processo de desequilbrio que o im pede de ser relativam ente feliz. Como o jovem apresentado por Dostoiewski em Crime e Castigo, Saulo mergulha no inferno interior e sofre terrivelmente. Mas o personagem de Crime e Castigo com etera um crime, enquanto Saulo expressara-se, apenas, em um deslize juvenil. O que leva um indivduo a exigir uma conduta inadequada ao seu desenvolvimento moral?

    Na apresentao de Taylor, o pai de Saulo era um

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  • Heloisa Pires

    hebreu m agnfico, fil so fo com preens ivo par