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Vera Lúcia do Amaral Psicologia da Educação DISCIPLINA A Psicologia da adolescência Autora aula 05

A Psicologia Da Adolescência

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Apostila A Psicologia Da Adolescência

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  • Vera Lcia do Amaral

    Psicologia da EducaoD I S C I P L I N A

    A Psicologia da adolescncia

    Autora

    aula

    05

  • Aula 05 PsicologiadaEducaoCopyright 2007 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorizao expressa da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

    Governo Federal

    Presidente da RepblicaLuiz Incio Lula da Silva

    Ministro da EducaoFernando Haddad

    Secretrio de Educao a Distncia SEEDCarlos Eduardo Bielschowsky

    Universidade Federal do Rio Grande do Norte

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    Vice-Reitorangela Maria Paiva Cruz

    Secretria de Educao a DistnciaVera Lcia do Amaral

    Secretaria de Educao a Distncia- SEDIS

    Coordenadora da Produo dos MateriaisMarta Maria Castanho Almeida Pernambuco

    Coordenador de EdioAry Sergio Braga Olinisky

    Projeto GrficoIvana Lima

    Revisores de Estrutura e LinguagemEugenio Tavares BorgesJnio Gustavo BarbosaThalyta Mabel Nobre Barbosa

    Revisora das Normas da ABNT

    Vernica Pinheiro da Silva

    Revisoras de Lngua Portuguesa

    Janaina Tomaz CapistranoSandra Cristinne Xavier da Cmara

    Revisora TipogrficaNouraide Queiroz

    IlustradoraCarolina Costa

    Editorao de ImagensAdauto HarleyCarolina Costa

    Diagramadores

    Bruno de Souza MeloDimetrius de Carvalho Ferreira

    Ivana LimaJohann Jean Evangelista de Melo

    Adaptao para Mdulo MatemticoAndr Quintiliano Bezerra da SilvaKalinne Rayana Cavalcanti Pereira

    Thasa Maria Simplcio Lemos

    Imagens UtilizadasBanco de Imagens Sedis

    (Secretaria de Educao a Distncia) - UFRNFotografias - Adauto HarleyStock.XCHG - www.sxc.hu

    Amaral, Vera Lcia do. Psicologia da educao / Vera Lcia do Amaral. - Natal, RN: EDUFRN, 2007.208 p.: il.

    Contedo: A psicologia e sua importncia para a educao A inteligncia A vida afetiva: emoes e sentimentos Crescimento e desenvolvimento A psicologia da adolescncia A formao da identidade: alteridade e estigma Como se aprende: o papel do crebro Como se aprende: a viso dos tericos da educao Estratgias e estilos de aprendizagem: a aprendizagem no adulto A dinmica dos grupos e o processo grupal A famlia A escola como espao de socializao Sexualidade A questo das drogas Os meios de comunicao de massa.

    1. Psicologia. 2. Psicologia educacional. 3. Didtica. I. Ttulo.

    ISBN: 978-85-7273-370-0

    CDU 159.9RN/UF/BCZM 2007/49 CDD 150

    Diviso de Servios Tcnicos

    Catalogao da publicao na Fonte. UFRN/Biblioteca Central Zila Mamede

  • Aula 05 PsicologiadaEducao

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    Apresentao

    Dando continuidade discusso sobre o desenvolvimento humano, nesta aula, vamos observar o indivduo no estgio em que geralmente o encontramos no Ensino Mdio: a adolescncia. Vamos fazer um breve passeio pela histria para ver como surge esse conceito e vamos conhecer suas caractersticas fsicas e comportamentais.

    ObjetivosConhecer o conceito de adolescncia, diferenciando-o de puberdade.

    Conhecer as caractersticas psicolgicas da adolescncia.

    Discutir a adolescncia enquanto fenmeno universal.

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    Atividade 1

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    2.

    Adolescncia, como surge?

    Na aula 4 (Crescimento e desenvolvimento), vimos que Piaget prope como a ltima das fases do desenvolvimento, o perodo das operaes formais, que se inicia por volta dos 12 anos de idade. Nesta fase, o pensamento atingiu a maturidade do seu desenvolvimento, o indivduo torna-se capaz de operar a partir de conceitos abstratos, sendo, assim, capaz de abstrair e generalizar idias. Concomitantemente a esse desenvolvimento no plano mental, h tambm um crescimento orgnico acentuado, com modificaes fisiolgicas, sobretudo dos rgos da reproduo e dos caracteres sexuais secundrios.

    Pela idade, pelas caractersticas fsicas e mentais, fica claro para ns que estamos nos referindo a uma fase do desenvolvimento que costumamos chamar adolescncia. Mas, ser que a adolescncia somente isso?

    Para voc, o que o adolescente? Cite a seguir 5 caractersticas que voc considera tpicas do adolescente.

    Voc considera que essas caractersticas so comuns a todos os adolescentes? Justifique.

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    Discutindo um pouco da Histria

    No incio dos anos 60 do sculo XX, Phillippe Aris, historiador francs, lana na Frana o livro A histria social da infncia e da famlia, um marco no estudo do conceito de infncia e adolescncia. Para ele, at o final do sculo XVIII no havia uma concepo de infncia como uma etapa distinta na evoluo das pessoas; uma criana era apenas um adulto em miniatura. Assim, elas participavam normalmente de todas as atividades familiares, fosse o nascimento de uma criana, a morte de um parente, fossem as atividades cotidianas.

    A partir do incio do sculo XIV, com todas as mudanas sociais trazidas pela Revoluo Industrial, comea tambm a ocorrer uma mudana nessa concepo. A instituio de leis que reguladoras do trabalho e a responsabilizao dos pais pela escolarizao dos filhos foram fatores importantes para a constituio de uma nova mentalidade sobre a famlia. As crianas passaram a ser excludas do mundo do trabalho e das responsabilidades e, com isso, foram se separando do mundo dos adultos, surgindo o conceito de infncia como um perodo do desenvolvimento com caractersticas prprias.

    A distino entre crianas e adultos faz surgir a percepo de que h um perodo intermedirio, com caractersticas tambm particulares: a adolescncia. Segundo Aris, por volta de 1890 h um enorme interesse por essa fase da vida, que se torna tema literrio e tema de preocupao dos educadores e polticos. De acordo com o autor, a adolescncia passa a ser caracterizada como um emaranhado de fatores de ordem individual, por estar associada maturidade biolgica, e de ordem histrica e social, por estar relacionada s condies especficas da cultura na qual o adolescente est inserido.

    Assim, para Aris, os conceitos de infncia e de adolescncia so invenes da sociedade industrial. Mas, a partir da, entendidos como fases da vida, esses temas passam a ser objeto de estudos dos especialistas, provocando o aparecimento de polticas sociais e educacionais e a consolidao da psicologia do desenvolvimento como rea de conhecimento.

    Os conceitos de adolescncia e puberdade

    Segundo a Organizao Mundial de Sade (OMS), a adolescncia um perodo da vida no qual acontecem diversas mudanas fsicas, psicolgicas e comportamentais, que comea aos 10 e vai at os 19 anos. No Brasil, para o Estatuto da Criana e do Adolescente (ECA), ela comea aos 12 e vai at os 18 anos, provavelmente para coincidir com a maioridade penal brasileira. Mas, que mudanas fsicas, psicolgicas e comportamentais seriam essas?

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    A primeira mudana observada, geralmente, diz respeito s mudanas fsicas. o perodo de um acelerado crescimento da estatura. O corpo do adolescente muda to rpido e to radicalmente que no d tempo para que ele se acostume com as modificaes. O mais comum encontrarmos adolescentes com posturas desengonadas, movimentos pouco harmoniosos dos braos e pernas, resultando num caminhar fora do ritmo.

    Figura Grfico mostra o crescimento que ocorre na adolescncia

    Ao lado desse crescimento, uma srie de outras modificaes orgnicas comea a acontecer, com caractersticas que variam entre meninas e meninos. Comeam a aparecer os chamados caracteres sexuais secundrios: nas meninas, o surgimento das mamas; nos meninos, o aumento dos testculos; em ambos, o desenvolvimento dos pelos pubianos. A partir dessas modificaes orgnicas, comea uma fase chamada puberdade. A puberdade, ento, no o mesmo do que adolescncia, mas ocorre dentro da adolescncia, e marca, organicamente, o incio da preparao do sujeito para a procriao. A idade do incio da puberdade tambm varia em funo do sexo: nos meninos, ocorre em torno dos 12 aos 14 anos; nas meninas, entre os 10 e os 13 anos.

    Assim, a puberdade marcada pelas caractersticas fsicas descritas a seguir.

    1. Nos meninos: modificao no timbre da voz; aumento da largura dos ombros; aparecimento de pelos no rosto, axilas e regio pubiana; crescimento do pnis e testculos; e o surgimento da primeira ejaculao.

    2. Nas meninas: desenvolvimento das glndulas mamrias; aumento dos quadris; aparecimento de pelos na regio pubiana; e o surgimento da primeira menstruao, chamada menarca.

    Essas caractersticas, apesar de serem universais e de acontecerem em todos os seres humanos, podem sofrer variaes, sendo aceleradas, retardadas e at interrompidas,

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    dependendo de fatores ambientais, estresse, m nutrio, atividade fsica intensa. Por exemplo, a desnutrio pode retardar a menarca em meninas e a prtica de atividade fsica intensa, como o trabalho infantil, pode acelerar esse processo. So conhecidos os estudos que mostram o surgimento da menarca aos 9 anos de idade em meninas habitantes de regies de clima quente e, por outro lado, aos 15 anos em meninas que habitam regies de clima frio.

    Todas essas mudanas na anatomia e na fisiologia so, geralmente, acompanhadas de mudanas comportamentais. A puberdade, como marca orgnica, identificada pelo mundo dos adultos como o momento em que o adolescente precisa comear a assumir outro papel social, o que implica novas responsabilidades e posturas frente vida. Como essas mudanas ocorrem de uma forma muito rpida, o adolescente pode se sentir bastante confuso, cheio de dvidas e ansiedades com relao ao que a sociedade espera dele.

    Essa pode ser, ento, uma fase marcada por perdas: ele perde seu corpo infantil e tem que passar a conviver com um corpo novo que ele ainda no sabe manejar muito bem; perde dos pais a proteo e o amparo dispensados na infncia; perde a identidade e o papel dentro da famlia na qual mantinha uma relao de dependncia natural. Essas perdas, dependendo do suporte dado pela estrutura social e familiar, podem ser vivenciadas como uma grande crise, que os autores costumam chamar de crise da adolescncia.

    As caractersticas psicolgicas da adolescncia

    Mauricio Knobel um dos estudiosos dessa questo. Ele definiu uma sndrome normal da adolescncia, como uma representao esquemtica do fenmeno. A definio de uma normal anormalidade, para ele, no significa que est identificando algo patolgico, mas serve somente para facilitar a compreenso desse perodo da vida. Vamos analisar agora as suas caractersticas psicolgicas.

    Sndrome

    Sndrome um termo usado na Medicina para definir um conjunto de sintomas que caracterizam uma doena. O contraditrio na definio de Knobel ele usar o termo para caracterizar algo normal e no patolgico.

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    1. Busca de si mesmo e da identidade Todas as modificaes corporais e as expectativas da sociedade com relao ao jovem levam-no a perceber que est vivenciando uma situao nova, a qual muitas vezes vivida com ansiedade pelo desconhecimento de que rumo tomar. A experincia de ter um corpo em mutao leva a conflitos com a auto-imagem, fazendo com que ora sinta orgulho ora sinta vergonha do prprio corpo. Apesar de todas essas modificaes, o adolescente precisa dar uma continuidade a sua personalidade, ou seja, precisa saber quem ele , em que est se transformando, para assim reconstruir sua identidade. Os jovens passam horas e horas em frente ao espelho e comparam-se uns aos outros, buscando um padro de normalidade e aceitao. Tais situaes requerem momentos de isolamento e a assuno de identidades transitrias, ocasionais ou circunstanciais, no sentido de entender a sua intimidade e, assim, desenhar a sua prpria identidade. Sobre a complexidade desse processo de identificao estudaremos mais detidamente na prxima aula.

    2. Tendncia grupal A busca da identidade no adolescente faz com que ele recorra, como comportamento defensivo, busca pela uniformidade, que pode lhe fornecer segurana e auto-estima. A partir da surge o esprito de grupo. No grupo, h um processo massivo de identificao coletiva. Basta olhar para um grupo de adolescentes: as vestimentas so semelhantes, o modo de falar (s vezes, criando um idioma prprio), os lugares freqentados, os interesses, tudo absolutamente semelhante. Neste momento, o jovem se identifica muito mais com seu grupo do que com os familiares. No grupo, ele sente-se reforado e apoiado em suas ansiedades. Da porque a vivncia grupal de fundamental importncia. O grupo se constitui na transio necessria entre o mundo familiar e o mundo adulto.

    Figura 2 a tendncia grupal prprio da adolescncia

    3. Necessidade de intelectualizar e fantasiar A realidade impe ao adolescente a necessidade de renunciar ao corpo infantil e proteo familiar. Isso pode ser vivido como uma experincia de enorme desamparo e impotncia, que o obriga a recorrer ao pensamento para compensar essas perdas. O adolescente, ento, tende a fugir para seu mundo interior, como uma forma de buscar um reajuste emocional, e nessa tentativa de encontro consigo mesmo comea a demonstrar preocupaes de ordem tica, moral, social. Neste momento, pode desenvolver grandes teorias sobre o mundo, nas quais vai misturar justificativas concretas com idias fantasiosas infantis.

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    4. Crises religiosas A conduta do jovem pode ir do total atesmo at comportamentos religiosos to engajados que podem cursar do misticismo at o fanatismo. Entre essas condutas, h uma grande variedade de posies religiosas e mudanas muito freqentes, tudo isso concordando com as mudanas e flutuaes do seu prprio mundo interno. A questo da religiosidade emerge como decorrncia dos questionamentos do adolescente sobre sua identidade, em uma tentativa de responder questes como quem sou, o que estou fazendo aqui, qual o meu papel na vida.

    5. Deslocamento temporal A vivncia temporal dos adolescentes pode ser observada em situaes que provavelmente j presenciamos: h um trabalho escolar para ser feito e ele se envolve em outro tipo de atividade; a me insiste com a urgncia do tempo e ele responde que d tempo, o trabalho pra... amanh. Outra situao seria uma festa marcada para um ms depois, para a qual ele insiste em providenciar uma roupa porque est em cima da hora. As urgncias do adolescente so to grandes quanto o deixar para depois. Predomina uma viso sincrtica do mundo, ou seja, uma viso indiferenciada dos aspectos que constituem a realidade que se quer compreender, a percepo do todo sem, porm, se compreender os seus aspectos constitutivos. O adolescente no possui ainda as caractersticas adultas de delimitar e discriminar, o que s vai adquirindo lentamente ao longo do seu desenvolvimento. medida que vai elaborando suas perdas, comea a surgir o conceito de tempo, que implica as noes de passado, presente e futuro.

    6. Evoluo sexual do auto-erotismo heterossexualidade Observa-se no adolescente uma oscilao entre a atividade do tipo masturbatria e o comeo dos exerccios genitais, que se inicia se forma basicamente exploratria at evoluir para a verdadeira genitalidade procriativa. Ao aceitar a sua genitalidade, o adolescente comea a busca por um par. a fase das grandes e definitivas paixes, que representa todos os aspectos dos vnculos intensos e frgeis das relaes interpessoais do adolescente. A curiosidade sexual pode se manifestar pelo interesse por revistas pornogrficas e mesmo por experincias de ordem homossexual. O exibicionismo e o voyerismo se manifestam nas vestimentas, nas maquiagens das meninas, nas atitudes durante jogos e festas. Comeam os contatos superficiais, depois profundos e mais ntimos, que preenchem a sua vida sexual.

    7. Atitude social reivindicatria Tais atitudes muitas vezes se configuram em respostas s restries impostas pela sociedade. Elas so a consolidao do que vem ocorrendo no pensamento. As intelectualizaes e fantasias conscientes que se reforam nos grupos fazem com que essas atitudes se transformem em pensamento ativo, em uma verdadeira ao social, poltica, cultural. Muitas vezes, as perdas so vividas como no sendo deles, mas da sociedade, dos seus pais, de sua famlia. O resultado que descarregam toda sua revolta nessas figuras e podem vir a desenvolver atitudes destrutivas, quando as perdas no so bem elaboradas. Essa particular caracterstica do adolescente aproveitada, em muitos casos, por certas seitas e grupos polticos ou religiosos para arregimentar seguidores.

    Exibicionismo e Voyerismo

    Exibicionismo e voyerismo so manifestaes da sexualidade caracterizadas por obteno de prazer sexual pela exibio dos rgos sexuais ou pela observao de outras pessoas, respectivamente. So consideradas patolgicas quando essas so as nicas maneiras de se obter prazer sexual.

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    8. Contradies sucessivas em todas as manifestaes de conduta A conduta do adolescente est dominada pela ao, sendo esta a sua forma mais tpica de expresso. Mas, o adolescente no pode manter uma linha de conduta rgida, permanente, mesmo que tente. Ele tem uma personalidade, no dizer de Spiegel, esponjosa, ou seja, permevel, absorvente, que recebe e tambm projeta tudo enormemente. Isso faz com que no possa ter uma conduta linear, o que s observado em situaes patolgicas, como no autismo e nas neuroses. Na verdade, o mundo adulto que no suporta as contradies dos adolescentes, no aceita suas identidades transitrias e exige deles uma atitude adulta para a qual ainda no esto capacitados.

    9. Separao progressiva dos pais Esta uma das perdas fundamentais que o adolescente necessita assumir internamente e que pode gerar uma ansiedade muito intensa. Muitas vezes, os pais no aceitam e negam o crescimento dos filhos, dificultando mais ainda a resoluo dessa ansiedade. Da a importncia da internalizao por parte dos adolescentes de boas imagens parentais, com papis bem definidos, sem ambigidades ou encobrimentos. Algumas vezes, os pais transmitem uma imagem de personalidades pouco consistentes, forando o adolescente a buscar identificao com outras imagens adultas, como dolos do esporte ou do cinema, ou mesmo com figuras negativas que prejudicam mais ainda sua formao. Um exemplo disso a organizao criminosa do trfico de drogas, que alicia jovens e at crianas para o mundo da criminalidade.

    10. Constantes flutuaes do humor Alm das modificaes hormonais que j influenciariam as modificaes do humor, o sentimento bsico de ansiedade e depresso acompanha a adolescncia, sobretudo devido s perdas que sofre. A maneira como o adolescente as elaborar determinar a maior ou menor intensidade dessas flutuaes. A realidade nem sempre satisfaz suas aspiraes, resultando em sentimentos de frustrao e solido. Mas, da mesma maneira que se sente isolado do mundo, um gesto simples pode fazer com que se sinta a mais feliz das criaturas.

    Figura 3 As flutuaes de humor so outra caracterstica desta fase

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    Atividade 2

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    A adolescncia um acontecimento universal?

    Na atividade 1 perguntamos se voc considerava as caractersticas que citou como comuns a todos os adolescentes. O que estvamos querendo saber era a sua opinio sobre a universalidade do acontecer adolescente. Agora que voc leu sobre a caracterizao da adolescncia feita por Mauricio Knobel, sua opinio continua a mesma?

    Reflita um pouco sobre os adolescentes que voc conhece, observe-os por alguns dias, converse com alguns deles. Em seguida, tente listar quais das caractersticas descritas por Knobel voc conseguiu observar nesses adolescentes.

    Se voc puder, observe e converse com adolescentes de diferentes classes sociais. Anote a seguir que caractersticas voc pde observar, diferenciando pelas classes sociais.

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    No incio desta aula, quando discutimos o conceito de puberdade, dissemos que esse era um fenmeno universal, apesar de ter sofrido variaes. Ou seja, as modificaes na estrutura corporal, a exploso hormonal, o surgimento dos caracteres sexuais secundrios podem variar conforme a idade em que surgem, mas vo acontecer em todos os seres humanos, marcando organicamente a transio entre a infncia e a vida adulta. No entanto, quando se discute o conceito de adolescncia, sobretudo, se a entendemos como uma poca caracterizada pelos aspectos descritos anteriormente, as divergncias entre os autores aparecem.

    De uma maneira geral, a Psicologia tem, em suas teorias, naturalizado o fenmeno psquico, ou seja, apresenta-nos como se fizesse parte da natureza humana, como se fosse algo de que somos dotados desde o nascimento. Observe como Knobel descreve a adolescncia, sem nenhuma preocupao em contextualiz-la no seu tempo histrico, na sua cultura, nas relaes com a sociedade. Seria possvel imaginar um adolescente que desde a sua infncia j assume responsabilidades designadas para adultos por exemplo, aqueles que ajudam seus pais no roado passar por toda essa crise qual nos referimos?

    Ana Bock (1999) realizou um estudo interessante com psiclogos da cidade de So Paulo, observando o significado que eles do ao fenmeno psicolgico de uma maneira geral. Para ela, a viso desses psiclogos sobre o homem a seguinte:

    O homem, colocado na viso liberal, pensado de forma descontextualizada, cabendo a ele a responsabilidade por seu crescimento [...] Um homem que dotado de capacidades e possibilidades que lhe so inerentes, naturais. Um homem dotado de uma natureza humana que lhe garante, se desenvolvida adequadamente, ricas e variadas possibilidades. A sociedade apenas o lcus de desenvolvimento do homem. vista como algo que contribui ou impede o desenvolvimento dos aspectos naturais do homem. Cabe a cada um o esforo necessrio para que a sociedade seja um espao de incentivo ao seu desenvolvimento. As condies esto dadas, cabe a cada um aproveit-las. (BOCK, 1999, p. 27).

    Com relao adolescncia, Bock (2004) fez um outro estudo observando textos publicados sobre esse tema, os quais visavam orientar pais e professores na difcil tarefa de educar os jovens. O objetivo era analisar o conceito de adolescncia subjacente a essas publicaes. Ela conclui que a adolescncia, tal como apresentado nesses textos, no tem gnese social, ou seja, nenhuma de suas caractersticas constituda nas relaes sociais e culturais.

    Assim, ao se pensar a problemtica da adolescncia no se toma qualquer questo social como referncia. A falta de polticas para a juventude em nossa sociedade, a desqualificao e inadequao das atividades escolares para a cultura jovem, o sentimento de apropriao que os pais tm, em nossa sociedade, com relao aos filhos, as contradies vividas, a distncia entre o mundo adulto e o mundo jovem, a impossibilidade de autonomia financeira dos jovens que ou no trabalham ou sustentam a famlia, nenhuma destas questes tomada como elemento importante para compreender a forma como se apresenta a adolescncia em nossa sociedade. As relaes familiares so as nicas que aparecem nos textos e so fator de influncia sobre a adolescncia, mas no a constituem. (BOCK, 2004, p.38).

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    Temos defendido nesta disciplina a viso do homem enquanto um ser scio-histrico, ou seja, como aquele que pela sua atuao no mundo o transforma e por ele transformado. Nessa perspectiva, a adolescncia vista como uma construo social que tem repercusses na subjetividade do sujeito, e no como um perodo natural do desenvolvimento. A compreenso que a adolescncia uma criao do homem. Os fatos sociais vo surgindo nas relaes sociais e com isso vo apresentando repercusses psicolgicas. Assim, comea-se a dar significados sociais a esses fatos. A adolescncia um desses fatos sociais que ganharam significado social. Para compreend-la, preciso, ento, que retomemos seu processo social, para depois compreend-la na forma como acontece para os jovens.

    Conclumos com um trecho do trabalho de Bock (2004):

    No h nada de patolgico; no h nada de natural. A adolescncia social e histrica. Pode existir hoje e no existir mais amanh, em uma nova formao social; pode existir aqui e no existir ali; pode existir mais evidenciada em um determinado grupo social, em uma mesma sociedade (aquele grupo que fica mais afastado do trabalho), e no to clara em outros grupos (os que se engajam no trabalho desde cedo e adquirem autonomia financeira mais cedo). No h uma adolescncia como possibilidade de ser; h uma adolescncia como significado social, mas suas possibilidades de expresso so muitas. (BOCK, 2004, p.42).

    Baseando-se na sua resposta atividade 1, que tipo de comparao voc pode fazer entre o que voc entendia por adolescncia e o que voc passou a entender acerca desse perodo da vida, destacando os diversos aspectos envolvidos no crescimento do ser humano, como o meio ambiente, a famlia e as questes biolgicas do indivduo?

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    Resumo

    Auto-avaliaoRetome a atividade 2 e, luz das concepes apresentadas por Ana Bock, faa uma anlise das observaes dessa autora sobre a universalidade do conceito de adolescncia.

    RefernciasARIS, P. Histria social da infncia e da famlia. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986.

    BOCK, A. M. B. Aventuras do Baro de Munchhausen na psicologia. So Paulo: Cortez; EDUC, 1999.

    BOCK, Ana Mercs Bahia. A perspectiva scio-histrica de Leontiev e a crtica naturalizao da formao do ser humano: a adolescncia em questo. Cad. CEDES, v. 24, n. 62, p. 26-43, abr. 2004. Disponvel em: . Acesso em: 20 jul. 2007.

    KNOBEL, M. El sindrome de la adolescencia normal. In: ABERASTURY, A.; KNOBEL, M. La adolescencia normal. Buenos Aires: Paidos, 1977.

    Nesta aula, discutimos os conceitos de puberdade e adolescncia, aprendendo a diferenci-los. Vimos tambm as caractersticas psicolgicas da adolescncia, na viso de um dos seus tericos. Finalizamos com a discusso sobre a existncia da adolescncia como um fenmeno universal.

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