A reinvenção da loja

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  • 8/4/2019 A reinveno da loja

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    A reinveno da loja

    Marcos Gouva de Souza ([email protected]), diretor-geral

    da GS&MD Gouva de Souza

    A loja deixou de ser apenas um ponto de venda (PDV) paraincorporar inmeros outros papis no cenrio multicanal. Ao sairdo espao fsico tradicional ocupado nos shoppings e nas ruaspara se virtualizar na internet, nos celulares, na televiso, nocinema ou mesmo em outros destinos, a loja tradicional assume

    outras funes para continuar sendo destino e oferecer muitomais que produtos e servios aos consumidores.

    Um exemplo marcante o que a Tesco criou na Coria do Sul,onde implantou numa estao de metr uma loja virtual onde osconsumidores podem ler com seus celulares os cdigos QR dosprodutos que esto expostos, obter mais informaes, compararpreos e, se interessados, comprar os produtos, que soposteriormente entregues em casa ou no escritrio.

    Mas esse apenas um exemplo, talvez mais atual e extremo, dasopes que se criaram para que os consumidores comprem onde,quando e como quiserem num cenrio no qual ahiperconvenincia tornou-se fator crtico e o mais relevante noprocesso de deciso de onde comprar, como foi mostrado napesquisa apresentada pela GS&MD Gouva de Souza durante o14 Frum de Varejo da Amrica Latina, realizado em So Paulo

    nos dias 20 e 21 de setembro.Consumidores modernos, nos mercados mais maduros, tm muitomais alternativas, acesso, informao, variedade, preos,servios, atendimento e orientao para ajud-los a comprar. Sno tm mais tempo e, por conta disso, se tornamcrescentemente demandantes de mais convenincia para ajud-

    mailto:[email protected]:[email protected]
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    los em suas compras. E foi essa demanda que liderou a respostadireta dada por clientes que deixavam lojas de departamentos,eletrodomsticos, farmcias e supermercados no estudoapresentado. Mais do que preo e variedade, a convenincia foi o

    fator decisivo da escolha, entendida como a facilidade de acesso;a proximidade fsica; e a possibilidade de entrar, comprar e sairrapidamente.

    Esse comportamento mais presente e determinante em grandesmetrpoles de mercados consumidores tambm maduros, emque o tempo se torna um fator cada vez mais crtico, o queexplica por que grandes formatos, como supercenters ehipermercados, tm enfrentado crescentes dificuldades para sereinventarem. Muitos deles se tornaram inconvenientes.

    Em mercados emergentes, em especial em pases e regies ondea expanso do consumo mais recente, como ndia, China, fricado Sul ou mesmo regies brasileiras recm-incorporadas novageografia do consumo, a situao diversa: variedade,promoes e percepo de preos mais baixos so fatores quecrescem de importncia, e basta uma visita a superlotadas

    grandes lojas em Mumbai, Xangai ou no Centro-Oeste, Norte ouNordeste do Brasil para termos a constatao desse fato.

    Mas independente de onde se encontre a loja, o PDV tem sereinventado para oferecer mais e competir com alternativas maisconvenientes, em especial todas aquelas que so digitais. E assimser medida que as novas geraes, em especial a Y e a Z,aumentem sua participao no cenrio de consumo, incorporandoum comportamento multicanal, multitarefa e multifacetado na

    sua relao com produtos, marcas e servios.

    Mais do que um PDV, a loja se transforma num Ponto deExperincia (PDE), proporcionando emoes e sentimentos que seincorporam aos produtos e servios, como na Stew Leonards ouna Build-A-Bear Workshop. Se transforma tambm em Ponto de

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    Integrao (PDI), quando o local no qual desenvolvimento,produo, distribuio e comercializao convergem sob controlenico, como ocorre com as lojas da Zara, Nike ou Nespresso, ouno Brasil com a Riachuelo.

    As lojas tambm se transformam em Ponto de Aprendizagem(PDA), passando a ser locais onde os consumidores vo comprar,ou receber, ensinamentos sobre produtos, como fazem ossupermercados Dominicks nos Estados Unidos, oferecendo cursospagos sobre vinhos, alimentao saudvel e outros; ou como faza REI, tambm por l, oferecendo aulas pagas de prticasesportivas, como montanhismo, escalada e ciclismo, algumasministradas por seus prprios funcionrios.

    Igualmente podem se transformar em Pontos de Servios (PDS),um dos aspectos mais discutidos no evento, ao oferecerem todauma gama possvel de servios aos clientes, independentes ouintegrados aos produtos, aumentando o valor percebido epermitindo maior rentabilidade. Em especial os serviosfinanceiros e os de convenincia. Hoje estamos no incio de umciclo que vai transformar o varejo. Em vez de vender o purificador

    de gua, oferecer a gua pura. Em vez da tinta para pintar, oimvel pintado com a garantia do varejista. E nesse jogo aumentao espao para a ao direta de marcas e fornecedores,oferecendo a soluo completa para o consumidor, como aUnilever j ensaia com sua operao piloto no Brasil com ospurificadores de gua, em ao totalmente diversa de suatradicional estratgia de atuao.

    Com as mudanas de hbitos as lojas tambm se transformam

    em Pontos de Consumo (PDC), em especial de alimentos, porconta do crescimento da participao da alimentao fora do lar,fazendo com que muitos super e hipermercados incorporem reasdestinadas ao consumo no prprio local, como o recente projetoPlanet do Carrefour, que agora se expande na Europa. Mas nos: o Monoprix na Frana redesenhou suas lojas a ponto de criar

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    um mdulo compacto (Monop) em que a alimentao na prprialoja ocupa um espao ainda maior.

    Os exemplos se sucedem, mas todos eles convergem para uma

    mesma realidade: a loja no e nunca mais ser a mesmaconcepo pura do passado. Ela avanar cada vez mais comocatalisadora de outras oportunidades, demandas e necessidades,como ao para ocupar novos papis ou como reao aocrescimento do varejo digital.