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A travesti, como qualquer outra usuária dos serviços de saúde, deve ser tratada com respeito. Infelizmente, nem sempre isso acontece. É comum que elas se queixem, por exemplo, de: Respeito • Humilhações por recepcionistas e profissionais de saúde; • Descaso, pressa e até recusa no atendimento; • Dificuldade no acompanhamento médico dos problemas mais específicos das travestis (mastologia, tratamento hormonal etc.) • O preconceito e a discriminação podem fazer com que a travesti se distancie do serviço de saúde. Para não passar por situações constrangedoras, ela pode abrir mão de se cuidar e apelar para a automedicação e soluções domésticas pouco seguras. O serviço de saúde, na maioria das vezes, só é procurado em situações de emergência. • O profissional de saúde pode e deve contribuir no combate a todos os tipos de violação de direitos humanos, como a discriminação praticada contra as travestis. Ele deve promover práticas sociais e institucionais que não permitam a estigmatização e marginalização das pessoas por motivo de sexo, orientação sexual e/ou identidade de gênero. A TRAVESTI TEM DIREITO A UM BOM ATENDIMENTO NO SERVIÇO DE SAÚDE OLHE, OLHE DE NOVO E VEJA ALÉM DO PRECONCEITO ABRIL/10

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A travesti, como qualquer outra usuária dos serviços de saúde, deve ser tratada com respeito. Infelizmente, nem sempre isso acontece. É comum que elas se queixem, por exemplo, de:

Respeito

• Humilhações por recepcionistas e profi ssionais de saúde;

• Descaso, pressa e até recusa no atendimento;

• Difi culdade no acompanhamento médico dos problemas mais específi cos das travestis (mastologia, tratamento hormonal etc.)

• O preconceito e a discriminação podem fazer com que a travesti se distancie do serviço de saúde. Para não passar por situações constrangedoras, ela pode abrir mão de se cuidar e apelar para a automedicação e soluções domésticas pouco seguras. O serviço de saúde, na maioria das vezes, só é procurado em situações de emergência.

• O profi ssional de saúde pode e deve contribuir no combate a todos os tipos de violação de direitos humanos, como a discriminação praticada contra as travestis. Ele deve promover práticas sociais e institucionais que não permitam a estigmatização e marginalização das pessoas por motivo de sexo, orientação sexual e/ou identidade de gênero.

A TRAVESTI TEM DIREITO A UM BOM ATENDIMENTO NO SERVIÇO DE SAÚDE

OLHE, OLHE DE NOVO E VEJA ALÉM DO PRECONCEITO

AB

RIL/10

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BOMBADEIRAS

Assim são conhecidas as travestis e mulheres que, clandestinamente, vendem

serviços de aplicação de silicone.

REDUÇÃO DE DANOS

É uma estratégia de saúde pública que busca a prevenção das consequências

danosas à saúde que decorrem de determinadas práticas – como o uso de drogas

ou a aplicação de silicone - sem interferir na oferta ou no consumo. O princípio

fundamental é o respeito à liberdade de escolha de cada cidadão.

Oriente sempre para o uso de seringas descartáveis. No caso das travestis, é importante evitar o compartilhamento também na aplicação de hormônios e silicone.

É dever do profi ssional de saúde tratar todos os usuários do serviço de saúde com equidade, respeitando as diferenças e adotando posturas éticas.

Atenção:

• Trate a travesti pelo seu nome social, o nome feminino que ela escolheu e adotou.

• Permita que a travesti use o banheiro feminino, ela se sente mais à vontade assim. Em algumas Unidades de Saúde isso já acontece e é menos complicado do que parece.

• Quando o atendimento à travesti disser respeito às doenças sexualmente transmissíveis (DST), é importante:

∙ Avaliar, junto com ela, as situações que possam signifi car uma maior vulnerabilidade para o HIV, hepatites virais e outras DST, como: prática sexual sem preservativo; compartilhamento de agulhas e seringas (seja para o uso de drogas injetáveis quanto no processo de aplicação de silicone e hormônios.

∙ Ressaltar a importância do preservativo como principal instrumento na prevenção das DST.

∙ Caso identifi cadas situações de risco, estimular a realização do teste anti-HIV, de sífi lis e das hepatites B e C, discutindo as implicações do resultado em cada caso. Esses testes devem ser feitos sempre respeitando o sigilo e a confi dencialidade, acompanhados de sessões de aconselhamento.

∙ Lembrar àquelas que estão em tratamento antirretroviral do HIV que os medicamentos não previnem novas infecções.

Silicone

A busca das formas femininas é um ideal para a maioria das travestis. A necessidade de alterar seu próprio corpo é tão intensa que muitas recorrem à injeção de silicone industrial, o que pode colocar suas vidas em risco. O procedimento, na maior parte dos casos, é feito por “bombadeiras”, de forma clandestina e sem as condições ideais de biossegurança.

O que pode ser feito para reduzir os danos dessa prática?

• Os profi ssionais dos serviços de saúde devem dialogar com a usuária quanto aos riscos relacionados ao uso do silicone industrial, enfatizando que a sua utilização é imprópria para uso humano. Alguns riscos desse uso são: deformação física, câncer e até infecção generalizada, que pode provocar a morte.

• Também devem ser dadas orientações sobre os cuidados que devem ser tomados quando da aplicação: atenção às condições de higiene, uso de agulhas e seringas descartáveis, alimentação leve e repouso. Atenção: é contraindicada a administração de qualquer outra substância injetável nos locais em que o silicone foi aplicado.

• É importante acompanhar a saúde da paciente com silicone. Ecografi as, mamografi as, exames dermatológicos, radiografi as, entre outros, podem identifi car problemas e reações alérgicas, a tempo de realizar um tratamento menos traumático.

Profi ssional de saúde,faça sua parte

Hormônios

Assim como o silicone, os hormônios também são utilizados para tornar a aparência física mais feminina. A utilização geralmente começa na adolescência e raramente é realizada com assistência médica.

As travestis reivindicam o direito de acompanhamento médico para uma terapia hormonal, principalmente do especialista em endocrinologia. A comunidade médica ainda reluta em supervisionar o tratamento hormonal em travestis. Apesar disso, o assunto deve ser discutido entre a equipe da unidade de saúde e é importante entender essa demanda como uma questão de saúde, devendo ser encarada sem preconceitos.

E lembre-se: esses procedimentos são adequados para qualquer paciente, independentemente de idade, cor, aparência física, identidade de gênero ou orientação sexual. Um bom aconselhamento, que ajude o paciente a entender a doença e torne o seu tratamento mais e� ciente é direito de todos.