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ABORDAGENS DA LOGÍSTICA NOS
SÉCULOS XX E XXI
Martha M V O C Rodrigues (UnB)
SANDRO GOMES RODRIGUES (UnB)
Francisco Eugenio Musiello Neto (UFT)
Fabricio Oliveira Leitao (UnB)
A logística tem acompanhado o dinamismo do ambiente empresarial e
gerado reflexos nas diversas áreas de gestão das empresas. Esta
pesquisa destinou-se a análise das mudanças de conceitos, termos e
abordagens da logística do século XX para oo XXI, a partir do
incremento da logística reversa no meio organizacional. O método
utilizado foi de natureza exploratória com base em livros, periódicos e
documentos no país e no exterior. No final do século XX e início do
XXI apareceram novas terminologias, abordagens e conceituações
para orientar as atividades e investigações do setor. As discussões dos
conceitos e a importância empresarial da logística no século XX
apresentavam foco apenas na logística direta e na virada para o século
XXI incorporou a mesma importância para o fluxo reverso da logística
tradicional. Novos conceitos da logística reversa são evidenciados no
século XXI e determinam uma nova visão de caráter circular, que tem
base no reprocessamento dos produtos e resíduos provenientes dos:
pós-venda ou pós-consumo. Por fim, o conceito e a abordagem da
logística passam a utilizar sistematicamente as estruturas da logística
direta e da reversa.
Palavras-chaves: Logística Reversa, Logística Direta, Pós-venda, Pós-
consumo
XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no
Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.
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Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.
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1.1
1. Introdução
O mundo tem se caracterizado nesta virada de século por transformações e mudanças
profundas cada vez mais rápidas, que exigem capacidade de compreensão, adaptabilidade e
decisões tempestivas. Assim, as organizações públicas e privadas têm a obrigação de se
adaptarem as mudanças impostas pelo ambiente extremamente dinâmico. Dessa forma, o
estudo da logística começou por uma adaptação a uma nova fase, buscando atender a
satisfação do cliente “rei”, tendo assim a preocupação com a logística empresarial (estudo da
gestão integrada, das áreas tradicionais de suprimento de materiais, finanças, produção e
marketing). A virada do século XX para o XXI foi marcada pela ênfase dada a um importante
fluxo de produtos na cadeia logística, que passou a gerar novos resultados e buscar a
sustentabilidade das empresas. Este fluxo, que é caracterizado por percorrer o sentido
contrário da “logística direta ou tradicional”, que tem seu início no cliente final em direção ao
fornecedor primário do processo produtivo originário (inteiro ou parte de seus componentes) é
definido como “logística reversa”. Leite (2005) define a logística reversa como a área da
logística empresarial que planeja, opera e controla o fluxo reverso de produtos de pós - venda e de
pós – consumo, que é considerada área de fundamental interesse estratégico empresarial.
A consideração do fluxo reverso nas empresas gerou a inclusão de novas receitas e uma
gestão focada no desenvolvimento sustentável, que contribui principalmente para o aumento
dos lucros e ganhos de imagem para as empresas, com destaque nas marcas de seus produtos.
Por conseqüência, alguns novos termos e abordagens entraram em cena na área da logística.
Logo, tornam-se relevantes os seguintes questionamentos: quais são as abordagens e termos
retratados nos estudos sobre logística a partir da década de 2000? A apresentação dos
principais termos que foram incluídos na discussão do tema logística reversa vai propiciar
uma orientação aos pesquisadores e profissionais que atuam na área de logística empresarial?
Deseja-se com este trabalho analisar os novos termos utilizados pela logística, a partir da
ênfase da nova abordagem que lhe foi atribuída e da importância dada à logística reversa no
século XXI, para orientação dos profissionais que atuam na área de logística. A comparação
dos focos da logística empresarial nos dois séculos, a partir de uma discussão teórica das suas
abordagens traz relevantes contribuições para pesquisadores e profissionais que atuam na
área.
Estudos realizados por Hu; Sheu & Huang (2002) relatam que, os custos de logística reversa
representam aproximadamente um por cento do PIB total dos Estados Unidos. Portanto, a
logística reversa tem se tornado parte integrante das ações empresariais dos atores dos
processos produtivos dos diversos setores da economia, que resulta em novas receitas e
posição competitiva para todos envolvidos na cadeia produtiva. A logística, enquanto ciência
vem evoluindo com inovações originadas em pesquisas científicas e demandas pela
sociedade, como qualquer outra ciência. Essa evolução também é impulsionada pela
concorrência das empresas que atuam na área de logística e pelo dinamismo do mercado que
conduz as empresas a novos desafios voltados para definir ou consolidar suas participações.
2. Tripé da Logística: Estoque, Localização e Transporte
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É fundamental para o estudo e planejamento da logística uma visão detalhada dos seus
principais componentes: estoques, localizações e transportes. Esse tripé representa para
Ballou (2006) o composto logístico, que tem enfoque nas estratégias de estoque, localização e
transporte. Na Figura 1 são observadas as variáveis da logística que podem ser ajustadas e
manipuladas para apoiar as ações dos gestores nas decisões gerenciais. A logística se constitui
numa série de ações que permitem ao gestor verificar: seus estoques, os padrões de consumo,
as solicitações e os solicitantes; onde estão localizados estrategicamente os fornecedores, as
indústrias de transformações e os consumidores; e como são transportados com agilidade e
integridade os produtos entre os atores da cadeia logística, para atender satisfatoriamente o
cliente.
Fonte:Ballou (2006)
Figura 1 – Composto Logístico da Logística
2.1. Estoque
Os estudos sobre os estoques das empresas visam aperfeiçoar os investimentos das mesmas
em ativos, com busca constante no equilíbrio entre os itens que são necessários armazenar por
um período de tempo, para atender pedidos e gerar continuidade no processo produtivo. Por
isso, os estoques precisam de gerenciamento para definição dos níveis adequados e
satisfatórios de materiais capazes de atender às necessidades dos clientes. De acordo com
Martins (2003), deve-se observar a definição de estoque dentro de um parâmetro gerencial,
onde o estoque tem a função de funcionar como reguladores do fluxo de negócios, onde serve
de indicador para se ter a real situação da organização. O estoque é definido como quaisquer
quantidades de bens físicos que sejam conservados, de forma improdutiva, por algum
intervalo de tempo, que visa atender a necessidade da aplicação do item estocado dentro de
um processo produtivo. No estudo da logística a definição de estoque baseia-se na maneira
pela qual eles são gerenciados, de forma que, os estoques são puxados dos pontos de
armazenagem para os pontos de consumo de acordo com as regras estabelecidas.
Apesar de ser clara a sua importância, há críticos que contestam a necessidade de manutenção
de estoques, por considerarem desnecessários e onerosos. De acordo com Ballou (2006), o
custo de manutenção de estoques pode representar de 20 a 40% do seu valor por ano e que,
embora os custos sejam altos, os sistemas operacionais podem não estar projetados para reagir
instantaneamente às solicitações dos clientes, justificando assim a necessidade de se manter
algum nível de estoque, apesar do ideal ser algo próximo de zero.
Na tentativa constante de reduzir os estoques e conseqüentemente os custos, sejam de
matérias-primas, de produtos em processos ou de produtos acabados, desenvolveram-se novas
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técnicas administrativas, como as de origem japonesa Just in time e Kanban. Just in time, na
definição de Martins & Alt (2006), é um método em que os fornecedores entregam os
suprimentos somente à medida que eles vão sendo necessários na produção ou consumo,
eliminando, de tal forma, desperdícios e reduzindo custos. Já a técnica Kanban (etiqueta ou
cartão), utiliza-se de um cartão de sinalização ou luzes cuja função é controlar os fluxos de
produção ou de transportes em uma indústria. Permite dar agilidade na entrega na hora da
produção.
Uma função importante que faz parte das ações de controle de estoque é a de planejamento,
que tem por objetivo não deixar faltar material necessário ao consumo/produção, evitando um
alto impacto na mobilização dos recursos financeiros. Segundo Bowersox & Closs (2001), os
procedimentos e parâmetros essenciais para o planejamento de estoque se concentram em três
aspectos: determinação do ponto de ressuprimento, ou seja, quando se deve pedir;
determinação do lote de compra, quanto pedir; e definição dos procedimentos de controle.
Para evitar a falta de estoque, ocasionada por uma demanda que excede as previsões, faz-se
necessário a inserção do estoque de segurança, que também, além de ser planejado, deve
seguir alguns parâmetros, como a avaliação sobre a possibilidade da falta de estoque e o
potencial de demanda durante os possíveis períodos de falta. Diversas são as ferramentas que
auxiliam o gestor na busca de tais objetivos (giro de estoque, cobertura, análise ABC,
acurácia), cabendo-lhe, portanto, com a utilização dos métodos de avaliação (custo médio,
PEPS e UEPS), fazer a escolha correta a ser executada para uma análise mais precisa.
2.2. Localização
O estudo da localização envolve as posições geográficas das empresas (locais de
armazenagem), dos fornecedores, dos clientes e dos demais atores do composto logístico. O
processo de localização, bem como as respectivas decisões sobre o tema, abrange diversos
aspectos, como a quantidade de centros de armazenagem e distribuição, os clientes a serem
atendidos por cada centro, as linhas de produtos a serem armazenadas e os canais utilizados
para o suprimento. A escolha do local influencia no valor dos investimentos a serem
realizados, tanto no presente quanto no futuro, e nos custos de produção a serem incorridos ao
longo da vida útil do projeto logístico. Desta forma, a competitividade do empreendimento
será afetada por essa decisão, tornando a situação praticamente irreversível.
A definição de localização no escopo do estudo da logística se dá em função do estudo do
custo de toda a movimentação de produtos entre os atores, os quais são destacados os
fornecedores, transformadores, atacadistas, varejistas, clientes e agentes que reprocessam
itens. Sua importância decorre dos altos investimentos envolvidos e dos profundos impactos
que as decisões de localização têm sobre os custos logísticos. Bowersox & Closs (2001)
defendem que os custos de transporte são os mais importantes e na maioria das vezes são
proporcionais ao tempo de viagem, ao peso e a distancia. Sob a visão de Ballou (2006), ao se
analisar métodos de localização é importante classificar os problemas de localização em uma
quantidade limitada de categorias como: o número de instalações, horizonte de tempo e força
direcionadora. Essa avaliação sobre a localização de fábricas e armazéns é uma decisão única
que pode ser auxiliada por ferramentas computacionais que facilitam as tarefas e o tratamento
dos dados, sendo que os dados a serem analisados consistem principalmente em definições de
mercados, produtos, redes (abrangendo os componentes dos canais), demanda dos clientes,
preço de transporte e custos variáveis e fixos.
2.3. Transporte
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Transporte, dentro do composto logístico, tem a função de executar a movimentação de
material (consumo, matéria-prima, semi-acabado e acabado), inclusive a de garantir a entrega
dos produtos aos clientes finais, independente do local contratado para entrega. Dentro das
operações logísticas o transporte representa para diversas empresas o elemento mais
importante e mais visível em termos de custos logísticos, sendo estes proporcionais ao tempo
e à distância da entrega. Tais gastos variam de acordo com a decisão de utilizar uma frota
própria ou uma transportadora terceirizada.
O estudo do transporte na logística envolve a seleção dos modais empregados, bem como o
volume de cada embarque, as rotas aplicadas nas operações e a programação, que busca
otimizar os recursos e a obtenção de resultados satisfatórios para o cliente. O objetivo da
gestão de transporte é minimizar o tempo e os custos, aumentando a satisfação dos clientes
em relação ao desempenho da entrega. Conforme Bowersox & closs (2001), o transporte
possui duas funcionalidades principais: movimentação e armazenagem de produtos.
A movimentação dos produtos pode ser feita de vários modos: aquaviário, rodoviário,
ferroviário, aeroviário e dutoviário. A escolha depende do tipo de mercadoria a ser
transportada, das características da carga, do tempo de deslocamento e, principalmente, dos
custos envolvidos. No Brasil, o modo de transporte mais utilizado é o rodoviário, sendo
justificado, na visão de Dias (2008), pela política de investimentos na área de rodovias,
implantação de indústrias automobilísticas e refinarias de petróleo, bem como pela
inacessibilidade de alguns municípios por outros meios de transporte. Outros pontos também
favorecem a escolha desse tipo de modal: a flexibilidade na operação nas diversas vias
pavimentadas ou não, a movimentação de tamanhos de cargas variadas a curtas distancias,
além da entrega consideravelmente porta-a-porta e confiável.
Na busca por um bom gerenciamento do transporte, a fim de obter diminuição dos custos,
dois princípios fundamentais são analisados por Bowersox & Closs (2001): a economia de
escala e a economia de distancia. A economia de escala é obtida quando toda a capacidade do
veículo é utilizada, haja vista que tal prática reduz o custo, principalmente quando os meios
utilizados forem o marítimo ou ferroviário, que possuem maior capacidade de carga. Já a
economia de distancia preconiza a idéia de que o custo diminui à medida que a distância
aumenta, sendo vinculada também ao aumento do tamanho da carga (economia de escala).
3. Método de Pesquisa
A Figura 2 apresenta de forma simplificada a pesquisa realizada de base qualitativa, que foi
efetivada por meio de pesquisa bibliográfica em livros, periódicos e documentos científicos,
além de documentos oficiais extraídos de congressos, sites de empresas, organismos
científicos nacionais e internacionais. Segundo Acevedo & Nohara (2007), a base qualitativa
para pesquisa é útil para determinar as razões ou os porquês e conhecer os fatores que afetam
a tendência do comportamento científico, bem como, o reflexo deste nas discussões sobre
logística empresarial direta e reversa, foco deste estudo.
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Figura 2 – Fluxograma da Metodologia
Fez-se uma análise dos conceitos de logística, com foco nas novas abordagens e importâncias
que as empresas identificaram, a partir da ênfase dada pelos gestores no tema logística
reversa. Para tanto, foram utilizadas ferramentas variadas para identificação dos termos
relevantes que passaram a ser utilizados no dia a dia por especialistas e pesquisadores dessa
temática, tais como: (i) pesquisa bibliográfica em livros especializados; (ii) pesquisa
exploratória em documentos físicos e eletrônicos de sites oficiais da área objeto da pesquisa;
(iii) levantamento do estado da arte nas décadas de 1980, 1990 e 2000; e (iv) avaliação
comparativa do termos de grande relevância nas abordagens da logística no Brasil nos Séculos
XX e XXI.
4. Logística Direta ou Tradicional
A logística é uma atividade que não obteve a devida importância no meio empresarial até
meados do século XX. Porém, por conta principalmente das empresas buscarem a
incorporação em seus negócios de mercados mais distantes, o aumento da competitividade, os
sistemas de gestão mais modernos e o redesenho constante dos seus processos, a logística
tornou-se um diferencial significativo e um fator de sucesso no meio empresarial. A logística
ganhou uma nova dimensão e envolveu a integração de todas as atividades ao longo da cadeia
produtiva: da geração de matérias-primas à entrega do produto ao cliente final, interligando
com ideal único todos os atores da chamada rede de produção. A logística deixou de ter um
enfoque operacional para adquirir um caráter estratégico nas organizações.
O grande desafio enfrentado pelos estudos de logística é tornar possível o deslocamento de
bens e serviços para serem consumidos, independente da região que são produzidos. Para
Martins & Campos (2006), a logística é responsável pelo planejamento, operação e controle
de todo o fluxo de mercadorias e informação, desde a fonte fornecedora até a chegada dos
produtos aos consumidores. Esses autores destacam alguns pontos que devem ser
considerados centrais na logística para um desempenho satisfatório, como sempre observar
com atenção a movimentação de produtos, a movimentação de informações, o tempo
utilizado, o custo gerado e o nível de serviço alcançado. Com um bom planejamento logístico
é possível atender bem a esses pontos principais, satisfazendo as necessidades dos clientes
intermediários e finais, de modo a minimizar os custos e o tempo de atendimento.
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Segundo Ballou (2007), o emprego da logística tende a otimizar os fluxos de materiais e
informações desde o ponto de origem - fornecedor até o ponto de destino final - consumidor,
buscando proporcionar níveis de serviço satisfatórios e adequados as necessidades dos
clientes/fornecedores e a um custo competitivo. Assim Lambert (1998) considera como parte
da administração logística em uma organização, vários fluxos, tais como: a previsão de
demanda, a aquisição de suprimentos, o serviço ao cliente, o processamento de pedidos, a
embalagem, o transporte, a distribuição, o controle de inventário, a armazenagem e
estocagem, a localização da unidade fabril e depósitos, a movimentação de materiais e peças
de reposição, o reaproveitamento e remoção de sucata e gestão de devoluções.
Gomes & Tortato ( 2010), em uma perspectiva mais atual e completa, consideram que a
logística tradicional faz parte de um conceito mais amplo de Supply Chain Management -
SCM. A SCM trata da integração holística dos processos de negócios abrangendo a gestão de
toda a cadeia produtiva de uma forma estratégica e integrada, abrangendo dessa forma a
logística tradicional e também o conceito de logística reversa.
Segundo Ballou (2001), a missão da logística é disponibilizar as mercadorias ou os serviços
certos, no lugar certo, no tempo certo e nas melhores condições, ao mesmo tempo em que
fornece a maior contribuição à organização. Então, é permitido afirmar que a logística
empresarial é responsável por todos os fluxos de materiais e produtos da organização,
devendo agir de forma estratégica na tomada de decisões, melhorando seus processos de
forma a atender melhor os clientes, mantendo um estreito relacionamento com os
fornecedores, devendo ser planejada, executada e controlada para que efetivamente atinja
bons resultados. As funções da logística são divididas em três áreas operacionais principais:
suprimento (matéria-prima), manufatura (operações de transformações em produtos) e
distribuição (entrega do produto acabado). A Figura 3 demonstra as partes específicas da
logística empresarial, com enfoque na administração, que apropria as três áreas: administração
de materiais (responsável por disponibilizar os insumos), administração da produção (todas as
etapas de transformação dos insumos em produtos acabados) e administração de marketing ou
mercadológica (gerencia os canais de distribuição do produto da fábrica até o cliente final).
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Fonte: Modificada de Ballou (2001); Slack, N. et al. (2008); Pozo (2002)
Figura 3 - Representação Gráfica da Logística Empresarial
A raiz da logística empresarial começa no planejamento das ações, baseado na oferta e
demanda dos produtos e serviços oferecidos pelos integrantes da cadeia, passando para a
aquisição dos insumos, compras e vendas intermediárias, produção de bens ou prestação do
serviço e distribuição ao cliente final, gerando informações em cada uma das etapas
percorridas.
5. Logística Reversa
O estudo da logística reversa tem sido abordado em diversos estudos, sendo fortemente
associada às atividades de reciclagem de produtos e dos aspectos ambientais, como se observa
em Stock (1992); Barry, Girard & Perras (1993); Kopicki, Berg & Legg (1993); Murphy,
Poist & Braunschwieg (1994); Wu & Dunn (1995); Kroon, L. & Vrijens (1995). Assim, o
estudo da logística reversa foi focado e ratificado a sua devida importância pelas
organizações, pois Wu & Dunn (1995) afirmam que houve por parte da sociedade e também,
por órgãos governamentais, uma maior cobrança no que se refere às questões ambientais, por
não poder mais desprezá-las nas atividades exercidas pelas organizações.
De acordo com Leite (2005) os primeiros estudos sobre logística reversa são encontrados nos
anos 70 e 80 tendo seu foco principal relacionado com o retorno de bens para serem
processados em reciclagem dos materiais, sendo denominados e analisados como canais de
distribuição reversos. A partir dos anos 90, pela acentuada redução de ciclo de vida dos
produtos, pela identificação de novas oportunidades competitivas através de custos e de
relacionamentos empresariais. Gallouj & Savona (2009) afirmam que inovar processos e
serviços permitem potencializar a imagem corporativa e de responsabilidade ética empresarial
positivamente.
Assim, surgiram os conceitos de logística reversa: Lambert & Stock (1981) iniciaram os
estudos das operações dos consumidores em direção aos produtores; Stock (1992) introduziu
uma nova abordagem para as pesquisas da logística reversa, com base na reutilização, reparos,
substituição de matéria-prima, disposição final dos resíduos e redução de custos de
fabricação; e Carter & Ellram (1998) definem a logística reversa como eficiência ambiental.
Enquanto a logística tradicional trata do fluxo de materiais no sentido da aquisição dos
insumos até a entrega dos produtos ao cliente final, a logística reversa trata do caminho
inverso a este, ou seja, do retorno do produto ou de parte dele (itens componentes) dos seus
pós-venda e pós-consumo, para a reinserção na cadeia produtiva original, no sentido
invertido, com os objetivos principais de reutilizá-lo após reparos técnicos, desmanchá-lo para
aproveitamento de suas peças integrantes, reciclá-lo para refazer todo o ciclo até o fornecedor
para ser aproveitado como matéria-prima secundária e descartá-lo ou incinerá-lo, por parte de
um ou mais atores pertencentes à rede produtiva (atores que fazem parte do conjunto de
empresas contribuintes para criar e deslocar o produto ao ponto de consumo). As
organizações, com o propósito de dar prioridade ao mapeamento das ações da logística
reversa, se concentram principalmente nos resultados que será alcançada de médio até longo
prazo, com benefícios para o sistema produtivo das empresas, a imagem da marca e com
especial atenção nos itens: econômico - ganho financeiro na operação; mercadológico -
diferenciação no serviço; legislação - obediência à legislação existente ou futura; e ganho de
imagem corporativa.
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Fonte: Modificada de Ballou (2006)
Figura 4 - Logística Direta e Logística Reversa
Os canais de distribuição diretos são responsáveis pelas diversas etapas que fazem com que os
bens a serem consumidos cheguem aos consumidores finais. Entretanto, os canais de
distribuição reversos partem no sentido contrário, do pós-venda ou do pós-consumo. Segundo
Leite (2003), a logística reversa engloba as diferentes formas e possibilidades de retorno do
produto após o contato com o cliente final (pós-venda ou do pós-consumo), do consumidor ao
varejista, ou a um intermediário que esteja na cadeia produtiva até o fornecedor primário ou
ao primeiro fornecedor da cadeia. Entende-se que a logística reversa tem por objetivo a
utilização de seus diversos meios, para possibilitar o retorno do produto ou parte dele,
remetendo a uma visão circular da cadeia produtiva, que é resultante do seu processo
produtivo, e visa obter ganhos para organização principalmente de ordem econômica,
ecológica e/ou legal, de acordo com o propósito das empresas ou que as mesmas buscam
atingir, conforme a Figura 4.
Segundo Leite (2003), a revalorização econômica consiste na economia de reutilização ou
comércio secundário dos bens de pós-consumo, obtendo economia devido à reutilização dos
bens ou de parte material deles no seu ciclo produtivo ou ciclo de negócio. A revalorização
ecológica busca tratar os produtos já utilizados pelo mercado de forma a proteger a sociedade
dos impactos negativos dos bens ou serviços produzidos que possam prejudicar o meio
ambiente. Já a revalorização legal ocorre quando existe legislação a ser cumprida com relação
ao tratamento dos bens de pós-consumo, sob pena de as organizações serem punidas pelo
impacto ambiental de seus produtos e embalagens.
O mercado consumidor está assumindo a cada dia uma postura de maior responsabilidade
ambiental e está passando a cobrar e pressionar cada vez mais as organizações a cumprirem
suas responsabilidades pela preservação do meio ambiente e, principalmente, a buscarem
condições de produzir com sustentabilidade. Consequentemente, a logística reversa surge
como uma das principais ferramentas de implantação do desenvolvimento sustentável,
absorvendo todas as tradicionais funções da logística, operando o “fluxo reverso” de produtos,
com origem principal no cliente final, retornando à cadeia produtiva e gerando receitas que
antes estavam desprezadas. O planejamento de uma rede de logística reversa tem grande
semelhança com o da logística tradicional, entretanto, segundo Leite (2003), em virtude do
tipo de material tratado, são necessárias certas peculiaridades para estruturar um projeto da
rede logística reversa, tais como: a definição dos objetivos da rede reversa, a decisão do nível
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de integração e o tipo de rede reversa. Num segundo momento, se faz imprescindível o
domínio das características do produto logístico, a definição do mercado final para o produto
com matérias-primas secundárias, a seleção do tipo de coleta adequada, a decisão dos locais
de coleta, a decisão do nível de integração e a localização dos centros de classificação,
consolidação, desmanche e remanufatura.
Diversos setores produtivos já utilizam a logística reversa de forma competitiva, com
destaque para os ramos automotivo e de bebidas, onde os bens do pós-consumo são
reutilizados. No caso dos veículos, as peças e componentes devolvidos ou reutilizáveis; no
caso das bebidas, os vasilhames e embalagens são reaproveitados, provando que é possível ser
mais competitivo reutilizando os materiais que antes eram descartados. As empresas investem
na logística reversa para obter diferenciação no mercado e isto se dá a partir de: sensibilidade
ecológica, imagem diferenciada, pressões legais, redução do ciclo de vida dos produtos e
redução de custos.
O propósito relevante da logística reversa é capturar produtos que passam a ter valores
significativos na cadeia produtiva, que não são identificados pela logística direta, de modo a
fluir no sentido contrário para gerar resultados importantes a um ou mais atores da cadeia.
Esta captura abrange, ainda, uma diversificação de atividades, como: processamentos de
retornos por danos, produtos sem harmonia com a sazonalidade, recall, excesso de estoques,
reciclagem, recondicionamento e remanufatura. Estas ações culminam em processos
sustentáveis da logística reversa, que reestrutura culturalmente as empresas e as realinham
com um propósito de gestão sustentável, buscando o desenvolvimento de uma proposta de
produção equilibrada com o consumo, para minimizar o impacto do lixo industrial sobre o
meio-ambiente.
Rogers & Tibben-Lembke (1999) apresentam os percentuais de retorno dos produtos vendidos
nos Estados Unidos da América, em 1998 de: diversos itens vendidos por catálogos – de 18 a
35 %; computadores – de 10 a 20%; impressoras – de 4 a 8%; peças automotivas – de 4 a 8%;
e outros produtos eletrônicos – de 4 a 5%. Foi realizado outro estudo nos EUA por uma
equipe dirigida por Rogers & Tibben-Lembke, em 1999, com mais de 150 administradores,
sobre as responsabilidades da logística reversa. Nesse estudo foram constatadas algumas
barreiras à execução desse tipo de logística, as quais são destacadas com os percentuais
atribuídos pelos gestores das empresas: menor importância para logística reversa frente às
demais atividades – 39%; política da empresa – 35%; falta de sistema de informação – 34,3%;
atividade competitiva - 33,7%; descaso da administração -26,8%; recursos financeiros –
19,0%; recursos humanos – 19,0%; e normas legais – 14,1%. Resultados contribuem para a
busca de sistematização dos processos da logística reversa nas empresas, que devem
apresentar principalmente os seguintes objetivos e propósitos: identificação dos
intermediários do fluxo reverso: quais os canais que participam deste fluxo, atribuindo as
responsabilidades e o seu grau de cooperação na cadeia; profissionalização das parcerias:
aumentar a eficiência das funções de coleta, armazenagem, manuseio, processamento e
transporte; aplicação de conceitos do planejamento da distribuição direta: estudos de
localização das instalações, aplicação de sistemas de apoio à decisão - como a roteirização e
distribuição; novos mercados para a demanda de recicláveis: com a mudança de
comportamento do consumidor, ele passará a ter uma nova percepção sobre a importância do
desenvolvimento sustentável além das legislações ambientalistas e responsabilidades; e cada
vez mais empresas multinacionais e locais estão introduzindo sistemas de gerenciamento
ambiental e obtendo certificações da norma ambiental ISO 14001.
6. Fluxo de Produtos
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Ao se estudar logística, o tema remete ao fluxo de produtos, o fluxo que ocorre desde o
momento em que é gerada a necessidade de atendimento de um bem até sua entrega ao cliente
final, bem como o fluxo que ultimamente tem gerado grande interesse empresarial, o que
ocorre de forma reversa, de uma posição de consumo até um ou mais pontos anteriores da
cadeia produtiva, em direção a matéria-prima. Este fluxo reverso tem tendência a gerar
expressivos resultados para as organizações e à medida que esteja identificado como parte da
operação do processo produtivo, com um gerenciamento no mesmo nível de prioridade das
demais atividades, terá condições de obter ganhos expressivos, não somente para a empresa
ligada diretamente a ele, mas também para os outros parceiros pertencentes a cadeia logística.
Este assunto, o fluxo reverso não é novo, mas está se tornando cada vez mais evidenciado em
boa parte das empresas que atuam principalmente com o marketing social, devido a postura
ambiental posicionar estrategicamente a imagem da marca ou da empresa junto ao
consumidor. Existem exemplos de atividades sistematizadas que são desenvolvidas por
empresas há décadas, tais como: gás de cozinha, que geralmente necessitam do botijão vazio
para fazer o reabastecimento; água em galões de 20 litros; e garrafas de refrigerante e cerveja,
que são retornáveis.
No Brasil, hoje em dia, o fluxo reverso muito comum é o da reciclagem, principalmente a
reciclagem de latas de alumínio, atividade essa que foi responsável pela classificação
internacional do país que mais recicla. Segundo dados da Associação Brasileira do Alumínio
(ABAL), a cadeia produtiva baseada na lata de alumínio para bebidas apresenta um alto grau
de reciclagem de matéria-prima, tendo sido desenvolvido meios inovadores de coleta de latas
descartadas, que permitiram chegar ao índice de 96,2% de reciclagem das latas de alumínio de
bebidas, em 2005. O país se manteve pelo quinto ano consecutivo na liderança do ranking
mundial dessa atividade. Segundo dados divulgados pela empresa Abralatas e pela ABAL, o
Brasil atingiu a marca de 127,6 mil toneladas de latas de alumínio recicladas em 2005. São
aproximadamente 9,4 bilhões de latas no ano, o que equivale a 2,6 milhões de latas recicladas
diariamente. Este número expressivo é proveniente da identificação da relevância da logística
reversa, por parte dos atores da referida cadeia produtiva e da inclusão de pessoas físicas
reconhecidas como “catadoras de latas da produção de bebidas”, que buscam esta atividade
como uma fonte de renda familiar.
Em termos financeiros, fica evidente que além dos custos de compra de matéria-prima, de
produção, de armazenagem e de estocagem, o ciclo de vida de um produto inclui também
outros custos que estão relacionados ao gerenciamento do respectivo fluxo reverso, a partir de
mecanismos de reaproveitamento de produtos, ou de resíduos deles que, ao retornar, poderão
não só reduzir custos, como também contribuir para formação de lucros.
Neste contexto, entende-se a logística reversa é o processo de planejamento, implementação e
controle do fluxo de matérias-primas, estoque em processo e produtos acabados de algum
ponto de consumo final ou intermediário até ao ponto de origem ou de fornecedores, com o
objetivo de recapturar valor ou realizar um descarte adequado dos produtos e de seus
derivados, conforme se pode observar na Figura 5.
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Fonte: Fleichmann et al. (2000)
Figura 5 - Cadeia de Recuperação de Produtos
A Figura 5 destaca como pontos importantes da rede de recuperação de produtos os seguintes:
coleta, inspeção, reprocessamento, disposição como produto acabado e redistribuição. Esses
pontos são fortalecidos por sistemas de informação que garantem o registro de cada fluxo na
cadeia, com histórico do recebimento e atendimento dos pedidos.
7. Evolução dos Termos Logísticos
A pesquisa realizada identificou uma evolução, entre as duas últimas décadas do Século XX e
a primeira década do Século XXI, dos termos mais comuns apropriados pela logística
empresarial, conforme demonstrado na Tabela 1.
Tópico Décadas 1980 e 1990 Década 2000
Logística empresarial Tradicional Direta e reversa
Serviços logísticos Produto ao cliente final Sustentabilidade
Fluxo dos produtos Comum Normal e invertido
Matéria-prima In natura (primária) Primária e secundária
Composição da matéria-
prima Nova e remanufaturada
Virgem, remanufaturada e
reciclada
Ponto final do produto Cliente final Produto circula na cadeia
produtiva – Cliente atual
Valor do produto Somente em condições de uso Condições de uso e desuso
Mercado Secundário Primário e secundário
Visão da logística Linear Circular
Tabela 1- Evolução dos termos da logística do final século XX para o início do século XXI
As novas abordagens do século XXI a respeito da logística empresarial que estão pautadas em
termos voltados para a preservação do meio ambiente. Neste novo momento, a preocupação
dos gestores não é apenas com o fluxo dos produtos na direção do consumidor final, o sentido
contrário passa a ter a mesma atenção.
Com a logística reversa, os produtos passaram a ter o seu valor recuperado após passar pelo
“cliente final” (cliente atual), percorrendo o fluxo invertido para ser reconstituído e, em
seguida, absorvido como matéria-prima secundária em um mercado chamado de primário.
Este mercado primário, que em momento anterior só trabalhava com matéria-prima primária,
passa a trabalhar, também, com matéria-prima secundária, gerando produtos com todas as
características de um bem novo originado de matéria-prima in natura.
Segundo Ballou (2007) as mudanças populacionais e de mercados, tendências econômicas,
alterações no comércio em geral e variações no preço da energia são apenas alguns fatores
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que têm e terão profundos efeitos no planejamento e gestão logística. Decisões são feitas com
base nas expectativas de cenários ambientais futuros e com conhecimento do ambiente
anterior. O ambiente logístico deverá ser moldado pelas nove forças a seguir: mudanças na
geografia de produção e consumo; aumento da segmentação de mercados; pequena
disponibilidade de capital e taxas de juros elevadas; revoluções nas tecnologias de
informação, manufatura e transporte; novas fontes e restrições de suprimentos; custos e
disponibilidade de matérias-primas; novas restrições de natureza legal; novas considerações
socioeconômicas e trabalhistas; e internacionalização de fontes e de mercados. Assim,
podemos verificar que os cenários serão mutáveis e de grande instabilidade, fazendo com que
as projeções se adaptem à velocidade que os fatos aconteçam e impactem a gestão da logística
empregada. Novos termos serão aplicados e definidos de acordo com as ações empregadas
para que a otimização dos resultados sejam de maneira eficiente e eficaz.
8. Considerações Finais
Para a logística reversa gerar resultados significativos é fundamental que todos os atores da
cadeia produtiva estejam conscientizados da importância, participem ativamente e assumam
responsabilidades pela preparação e aproveitamento dos produtos pós-venda e pós-consumo.
Essa prática envolve risco, novos custos e reestruturação das organizações envolvidas direta e
indiretamente.
Gestores centrados na qualidade de vida da população e preservação do meio ambiente estão
investindo na produção sustentável e na busca do atendimento de anseios de segmentos de
mercado “ecológicos”, mesmo antes da criação de legislação ambiental cabível. As empresas
na busca de posição estratégica procuram assumir a responsabilidade sobre o monitoramento
e o descarte dos seus produtos, de maneira a acompanhar todo o ciclo da logística. Com a
discussão apresentada cabe um questionamento: a origem do esforço empresarial para ações
de logística reversa está na: geração de nova receita, conscientização ambiental, solicitação do
consumidor, atividade de marketing, legislação em andamento ou outra necessidade?
Com a priorização da logística reversa pelo mercado e pesquisadores surgem novos termos
que orientam com novos termos ou jargões os profissionais que atuam na área.
A logística passou a ter foco circular, de maneira que o sistema é retroalimentado não
somente por informações, mas também por produtos oriundos dos: pós-venda e pós-consumo.
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