Acessibilidade Para Poucos Um Estudo de Caso Dos Bares e Restaurantes Da Orla de Icoaraci Em Belémpa

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Leitura sobre o inserção de acessibilidade na orla de icoaraci

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ACESSIBILIDADE PARA POUCOS: UM ESTUDO DE CASO DOS BARES E RESTAURANTES DA ORLA DE ICOARACI EM BELM-PA

Joyce Karoline da Silva Ferreira

Taiane Rocha Baia

RESUMO

O presente artigo fez uma anlise dos empreendimentos do setor de bares e restaurantes localizados na Orla de Icoaraci em Belm-PA ao cumprimento das leis e normas de acessibilidade e dentro desta discusso mostra a importncia da incluso de pessoas com mobilidade reduzida e deficincias (PcD) no setor turismo gastronmico. A falta de planejamento estrutural e organizacional dos empreendimentos e a falta de qualificao dos seus funcionrios influenciam diretamente no faturamento desses bares e restaurantes que restringem seu pblico. Sem a devida importncia o setor turstico perde uma clientela que no Brasil chega a 45,6 milhes de pessoas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE).

PALAVRAS-CHAVE: Acessibilidade; turismo; bares e restaurantes.1 INTRODUOOs alimentos e as bebidas fazem-se presentes em qualquer local conveniente da necessidade biolgica de comer e beber do ser humano. Logo, este o principal argumento para relevncia do setor de bares e restaurantes. Porm, a acessibilidade para o setor que estamos estudando, assim como para a urbanizao um problema. Segundo o artigo 5 da Constituio Federal todos os cidados brasileiros tm o direito de ir e vir, ou seja, qualquer pessoa, livre ou no de deficincia ou mobilidade reduzida, deve ter o direito de poder chegar facilmente a qualquer lugar. O interesse por essa pesquisa surgiu a partir da reflexo da importncia da acessibilidade em bares e restaurantes que atendem no apenas o turista, mas tambm a populao local que hoje em dia utiliza muito mais desses servios, principalmente, para as principais refeies, como o caf da manh e almoo.Objetivou-se neste estudo verificar a hiptese de que no temos acessibilidade em bares e restaurantes localizados nos pontos tursticos de Belm, como a Orla de Icoaraci local escolhido para o foco da pesquisa. J que este um local bastante visitado no apenas pela atrao gastronmica da regio, mas tambm pela riqueza do artesanato marajoara fabricado em Icoaraci.A metodologia adotada requereu pesquisas bibliogrficas nas categorias de anlises do turismo gastronmico, turismo acessvel e documentos oficiais como a Lei n 7.405, Lei n 10.048/2000 e Lei n 10.098/2000 e a NBR 9050/2004. Utilizando estes materiais como subsdios argumentativos que fazem da falta de acessibilidade o problema de pesquisa de grande relevncia para as discusses acadmicas e do mercado turstico. Em seguida observao em campo, entrevistas semiestruturadas com os responsveis pelos empreendimentos e registros fotogrficos foram feitos no perodo de 7 e 8 de abril de 2014. importante ressaltar que 19 empreendimentos foram observados no dia 7 de abril (domingo) todos estavam em funcionamento e com grande pblico; no dia 8 de abril destinado as entrevistas 9 estavam abertos; e desses 6 responsveis pelos empreendimentos se recusaram a participar da entrevista.Em meio s discusses apresentadas pretende-se sensibilizar e subsidiar uma possvel reflexo para o Estado e seus gestores, profissionais, discentes e docentes de reas afins do Turismo, a planejar cautelosamente o trade turstico, em especial o setor de alimentos e bebidas, com olhos atentos para os que necessitam desta devido suas limitaes fsicas, mentais, auditivas e/ou visuais, e apresentar algumas aes que possam minimizar a pssima situao em que se encontra esse local de grande circulao de pessoas, moradores e turistas, dando-os mais conforto e um bom atendimento.2 REFERNCIAL TERICO2.1 Orla de IcoaraciO Distrito de Icoaraci um dos oito distritos que pertencem ao Municpio de Belm, que capital doestadodoPar. Localiza-se aproximadamente 20km do Centro da capital estadual. Icoaraci est localizada prxima daIlha do Maraj. Osbairrosguas Negras, Agulha, Campina de Icoaraci,Cruzeiro, Maracacuera,Paracuri, Parque Guajar, Ponta Grossa e Tenon compe o distrito, segundo o IBGE. A base de sua economia se faz pela pesca, a comercializao da Cermica Marajoara, que a atrao mais forte neste local e se faz presente por quiosques ou pequenas lojas ao longo da orla, entre outras atividades, como o servio de alimentos e bebidas.

Banhada pela Baia do Guajar a Orla de Icoaraci (Figura 1) possui aproximadamente 1,5 Km de extenso e tem um grande diferencial turstico. Na orla temos tambm a Praia do Cruzeiro que devido ao turismo de massa que teve forte influncia neste local, acabou ficando bastante deteriorada e sofrendo muitos impactos ambientes, entre estes pode-se ressaltar a poluio, a destruio da mata ciliar da praia, etc.

Icoaraci tambm conhecida como "Vila Sorriso" e destaca-se pelas exposies da cermica na Praa So Sebastio (Ver Figura 2 e Figura 3), situada na orla, onde possvel perceber que os visitantes podem usufruir de servios presentes nos bares e restaurantes desta pesquisa, vasta gastronomia composto pela tpica culinria paraense (manioba, tacac, pato-no-tucupi, pizza de camaro com tucupi, vatap, caruru, entre outros), com destaque para as caldeiradas, seja nos restaurantes, seja nos quiosques que circundam a Praia do Cruzeiro, podendo ainda se deliciar com uma simples gua de coco ao se apreciar o pr do sol, sugerida pelo prprio nome tupi Ico-araci(onde o sol repousa).Figura 1: Orla de Icoaraci

Fonte: FERREIRA, Joyce. 2014. Arquivo Pessoal. Figura 2: Feira do Artesanato na Orla de Icoraci

Fonte: FERREIRA, Joyce. 2014. Arquivo Pessoal.

Figura 3: Cermica Marajoara

Fonte: FERREIRA, Joyce. 2014. Arquivo Pessoal.

2.2 Turismo gastronmico versus Turismo acessvelOs alimentos eram adquiridos apenas para a sobrevivncia como uma das grandes necessidades humanas. Porm, com as grandes mudanas que foram surgindo, com os novos modos e padres da sociedade advindas da globalizao, repassadas pelo homem atravs das colonizaes, com os meios de comunicao e o turismo, esse pensamento comeou a se modificar, e o alimento passou a ser sinnimo de prazer. As pessoas comearam ter motivos diferentes fazer turismo, com isso percebeu-se que seria possvel criar um novo segmento de mercado, o turismo gastronmico. Onde qualquer pessoa poderia ter maior contato com a gastronomia local, com os cheiros, temperos, sabores e o modo de fazer de acordo com os costumes da regio, podendo conhecer a cultura atravs da gastronomia. Reunir-se a mesa para fazer as refeies um habito repassado no leito familiar, todavia um ritual que vem se perdendo na correria dos dias atuais. H quem alegue deste problema para reunir familiares e amigos apreciarem a culinria em uma viagem, e assim unir o prazer de estar com os entes queridos e uma boa comida, segundo Collao (2007, p. 01):O turismo e a gastronomiaselaram sua relao ao longo do sculo XX, quando o hbito de viajar incorporou-se no perodo de descanso. As frias e os meios de transporte mais eficientes fizeram com que os deslocamentos se tornassem comuns, resultando em um intenso fluxo de pessoas, circulando de um lado a outro. Nesse ir e vir mais freqente, o contato com novas paisagens, culturas e sabores despertou interesses variados em torno do evento turstico, e assim foi que a gastronomia ganhou lugar, sobretudo ao atrair um segmento de viajantes interessados em estimular seus sentidos atravs da experimentao da cozinha do Outro. Embora j fosse prtica anteriormente,Culinary Tourismou turismo culinrio (tambm gastronmico) adquiriria essa nomenclatura somente no final dos anos 1990 (Long, 2004). O que mudou, a partir de ento, foi a importncia atribuda gastronomia na viagem, sempre uma forma de experincia de contato com a diversidade cultural.

O Turismo gastronmico est crescendo muito em vrios estados brasileiros. O Brasil que rico no apenas em biodiversidade, mas tambm em sabores que se diversificam de norte a sul. Esses estados vm inovando na sua culinria e alguns criaram os chamados Roteiros Gastronmicos para incentivar cada vez mais os turistas a conhecer a culinria local. Porm nem s da inovao da culinria sobrevive este segmento do turismo, mas tambm porque tem um pblico quer conhecer os locais atravs dela. Esta possibilidade se concretiza, pois em alguns locais possvel conhecer desde a coleta dos ingredientes forma de preparo e a degustao, a melhor parte aquela em que voc sente prazer em experimentar algo novo, diferente e extico.A gastronomia estcada vezmais presente no turismo brasileiro. O nmero de viajantes que arrumam as malas com destino a um dos mais de duzentos festivais gastronmicos que ocorrem todo ano pelo pas cada vez maior. Os gastos com alimentao esto entre as principais despesas dos turistas brasileiros, atrs apenas do transporte, deacordo coma ltima Pesquisa de Turismo Domstico do Ministrio do Turismo (2012). (BRASIL, 2014, p. 01).

Tudo isso porque hoje as pessoas esto procurando coisas novas, diferentes e o turismo gastronmico vem inovando nos cheiros, sabores e temperos, incentivando as pessoas no s comer bem, mas tambm sentir prazer em comer e at mesmo saber a forma exata de preparo dos pratos. E essa nova clientela alm de exigente diversificada, jovens e idosos, homens e mulheres, com e sem deficincias.O turismo acessvel um segmento do turismo que busca a incluso de pessoas com limitaes, sejam essas temporrias ou permanentes. Existe um pblico especfico para este tipo de turismo que no s podem como devem usufruir de todo e qualquer espao sejam esses pblicos ou privados, assegurados pela Constituio Brasileira no s pelo direito de ir e vir como todos, mas tambm de utilizar de forma igual os espaos, como se pode reforar com o fragmento abaixo:

Se por um lado os receptivos tursticos no Brasil, de modo em geral, ainda demonstram srias lacunas na acessibilidade das instalaes e no atendimento com hospitalidade da pessoa com deficincia ou mobilidade reduzida, por outro temos a Constituio Brasileira, que afirma que toda pessoa com deficincia deve ter as mesmas oportunidades na sociedade e alcanar a sua independncia social e econmica para integrar-se plenamente na sociedade, como parte de um processo em defesa da cidadania e do direito incluso social da pessoa com deficincia (BRASIL, 2009, p. 26).Ainda pode-se perceber que muitos locais no se importam ou desconhecem as normas de adaptao para as Pessoas com Deficincia (PcD). Muitas vezes o que importa para os proprietrios de bares, restaurantes, hotis e outros, o lucro. Este que obtm sem precisar adaptar locais para PcDs e acaba sendo utilizado somente por pessoas que no possuem limitaes.

Para que a acessibilidade acontea necessrio sensibilizar, incentivar e mobilizar os proprietrios de bares, restaurantes e outros empreendimentos, destacando a importncia da incluso dessas pessoas que possuem limitaes, que por direito so asseguradas e tem o direito de usufruir dos espaos de lazer e muitos outros de forma igualitria e com segurana como todas as outras pessoas.

Sabe-se que adaptar estes locais custa caro e que por este fato muitos proprietrios acabaram tendo uma forte resistncia para adaptar o local. Muitos acabam pensando que o investimento no ser compensado, e acabam excluindo a possibilidade de incluir as pessoas com limitaes como novos clientes.

Infelizmente em Belm, percebe-se que as polticas de acessibilidade ainda encontram-se com um forte desrespeito e descaso. Entretanto no se pode negar que j houve um pequeno avano em alguns setores, tais como: caladas adaptadas, bares, restaurantes e hotis mais acessveis, porm ainda muito pouco e espera-se que futuramente estes moradores e turistas possam ser levados mais a srio para mudar um pouco mais essa realidade que se encontra.

Turismo Acessvel , portanto, o termo tcnico para definir a possibilidade e condio do portador de deficincia alcanar e utilizar, com segurana e autonomia, edificaes e equipamentos de interesse turstico (BRASIL, 2009, p. 27).

Portanto, para uma melhor incluso dessas pessoas deve-se mudar este pensamento excludente ainda presente na sociedade, pois com isso o turismo acabar crescendo cada vez mais. Devido a um maior interesse que ser manifestado pelos PcDs e estes por sua vez podero usufruir com segurana e autonomia dos atrativos tursticos adaptados.

2.3 Leis e normas de acessibilidade para o setor de bares e restaurantes

Alm da Constituio Federal que garante aos cidados brasileiros direitos iguais h diversas leis especficas que certificam direitos s pessoas com deficincia. Em 1985 a Lei n 7.405 tornou-se obrigatrio o uso do Smbolo Internacional de Acesso (SIA) em todos os locais e servios que permitam sua utilizao por pessoas com deficincia, porm o uso do SIA e utilizado de forma inadequada, conforme a legislao possvel verificar em quais locais deve-se utilizar a sinalizao.

Art 2 - S permitida a colocao do smbolo em edificaes; I - que ofeream condies de acesso natural ou por meio de rampas construdas com as especificaes contidas nesta Lei; II - cujas formas de acesso e circulao no estejam impedidas aos deficientes em cadeira de rodas ou aparelhos ortopdicos em virtude da existncia de degraus, soleiras e demais obstculos que dificultem sua locomoo;III - que tenham porta de entrada com largura mnima de 90 cm (noventa centmetros);IV - que tenham corredores ou passagens com largura mnima de 120 cm (cento e vinte centmetros);V - que tenham elevador cuja largura da porta seja, no mnimo, de 100 cm (cem centmetros); e VI - que tenham sanitrios apropriados ao uso do deficiente.No se deve colocar a sinalizao sem as devidas orientaes bsicas. preciso segui-las e d este direito ao PcDs de usufrurem de qualquer espao como todos. E os bares e restaurantes no esto isentos desta obrigao.

Em 2004 obteve-se mais um avano na histria da incluso, foi aprovado o Decreto n. 5.296, que regulamentou as Leis n 10.048/2000, que trata da prioridade de atendimento, e n 10.098/2000 que estabelece normas gerais e critrios bsicos de acessibilidade para pessoas com deficincia ou com mobilidade reduzida.

Neste mesmo ano a ABNT editou a NBR 9050/2004 que estabelece quais os critrios tcnicos devem ser obedecidos no desenvolvimento de projetos arquitetnicos e urbansticos, em edifcios de uso pblico, bem como instalaes e adaptaes de edificaes, mobilirio, espaos e equipamentos urbanos. Em 2006 o Ministrio do Turismo lanou o Manual de Orientaes Turismo e Acessibilidade, baseado nos critrios estabelecidos pela NBR 9050/2004, citada anteriormente, com o objetivo de orientar o setor turstico para a promoo da acessibilidade e incluir as pessoas com deficincia e com mobilidade reduzida na atividade. Esta normativa estabelece as condies necessrias para as edificaes, como bares e restaurantes, atenderem PcDs, como observa-se na figura 4 que mostra qual a rea adequada para o deslocamento das cadeiras de roda.Figura 4: rea para deslocamento de cadeira de rodas

Fonte: ABNT, NBR 9050/2004.Sobre os direitos dos portadores de deficincia visual em 2005 foi aprovada a Lei n. 11.126 que estabelece o direito da pessoa ingressar e permanecer em ambientes de uso coletivo acompanhado de co- guia. E o no cumprimento desta lei implica em multa e interdio.

Segundo o Ministrio do Turismo, desde o lanamento do Plano Nacional de Turismo 2007/2010 Uma Viagem de Incluso vem trabalhando para transformar o turismo em um importante mecanismo de desenvolvimento econmico do Brasil e um grande indutor de incluso social. Estimulando o consumo de produtos tursticos por PcDs, clientes potenciais, sejam eles turistas com deficincia ou mobilidade reduzida, quer sejam idosos, crianas, gestantes, entre outros.

3 PRINCIPAIS RESULTADOSCom o interesse de investigar a acessibilidade nos bares e restaurantes da Orla de Icoaraci em Belm-PA observou-se os empreendimentos no dia de maior circulao de pessoas e em outro dia, caracterstico pela tranquilidade e menor nmero de clientes (constatado durante a observao), entrevistou-se os responsveis pelos estabelecimentos em funcionamento.

A pesquisa constatou que nenhum dos 19 estabelecimentos do setor de alimentos e bebidas localizados na Orla de Icoaraci so cadastrados no sistema de prestadores de servios tursticos (CADASTUR) e, segundo as entrevistas realizadas, apenas 10% deles so cadastrados na Associao Brasileira de Bares e Restaurantes (ABRASEL), conforme o quadro 1. Em entrevista o estabelecimento 17 apresentou desconhecimento sobre a ABRASEL, e em fala de um dos entrevistados observamos a falta de comprometimento e seriedade quando disse que associado porqu tem que ser. Quadro 1 Bares e restaurantes da Orla de Icoaraci Associados ABRASELEmpreendimentos associados ABRASEL

SIM10%

NO5%

NO RESPONDERAM32%

ESTABELECIMENTOS SEM FUNCIONAMENTO53%

Fonte: FERREIRA, Joyce. 2014.O cdigo de Conduta da ABRASEL inspirado e fundamenta-se nos seguintes valores e principios constitucionais:

I - Sustentabilidade Ambiental; II - Responsabilidade Social; III - Respeito s Diferenas; IV - Valorizao Cultural; V - Respeito ao Cliente; VI - Qualidade de Vida; VII - Profissionalismo; VIII - Associativismo; IX - Transparncia; X - Saudabilidade; XI - Honestidade; XII - Democracia. (ABRASEL, s/d, p.6, grifo nosso)Porm, segundo a pesquisa, mesmo 10% dos estabelecimento sendo associados a ABRASEL nenhum desses mostraram conhecimento ao cdigo de tica da Associao (Ver Quadro 2). O que nos faz refletir sobre a fidedignidade da respota dada na primeira pergunta ou total desinteresse em ter um bom atendimento e profissionalismo.Quadro 2 Sobre o conhecimento do cdigo de tica da ABRASELVoc tem conhecimento do cdigo de tica da ABRASEL?

SIM0%

NO16%

NO RESPONDERAM31%

EMPREENDIMENTOS SEM FUNCIONAMENTO53%

Fonte: FERREIRA, Joyce. 2014.Com o foco na pesquisa sobre a acessibilidade no foi encontrado pela observao nenhum dos estabelecimentos com total enquadramento as leis e normas de acessibilidade. Pode-se verificar isto nas fotos (Ver figura 5, figura 6 e figura 7). Onde no bar e restaurante 6 pode-se observar na entrada uma rampa de acesso, sem nenhum corrimo e nem sinalizao ttil, aps a rampa verfica-se o pequeno espao entre as mesas e muitos degraus dentro do estabelecimento, inclusive na entrada dos banheiros e dentro deles nenhum era adaptado para pessoas com mobilidade reduzida e deficincia. No estabelecimento 17 foi constatado tambm a mesma realidade, rampa de acesso na entrada, mas no banheiro nada era adaptado. Conforme a entrevista 16% tem conhecimento das leis e normas, porm a observao evidenciou a falta acessibilidade nesses locais.Figura 5 Vista da entrada do bar e restaurante 6 da Orla de Icoaraci

Fonte: FERREIRA, Joyce. 2014. Arquivo Pessoal.Figura 6 Degraus dentro do bar e restaurante 6

Fonte: FERREIRA, Joyce. 2014. Arquivo Pessoal.Figura 7 Banheiro no adaptado

Fonte: FERREIRA, Joyce. 2014. Arquivo Pessoal.Durante as entrevistas perguntamos aos responsveis pelos empreendimentos como eles qualificam seus estabelecimentos. 10% considera o local acessvel, 5% pouco acessvel e nenhum deles se considera no acessvel, conforme o quadro 3. Os demais no foram entrevistados devido o no funcionamento ou recusaram-se a responder. Este resultado mostra a discrepancia da realidade observada. Quadro 3 Grau de acessibilidade dos estabelecimentos da Orla de IcoaraciComo voc considera seu empreendimento?

ACESSVEL 10%

POUCO ACESSVEL5%

NO ACESSVEL0%

NO RESPONDERAM32%

EMPREENDIMENTOS SEM FUNCIONAMENTO53%

Fonte: FERREIRA, Joyce. 2014.

Com as entrevistas procurou-se saber tambm sobre a qualificao dos funcionrios. Conforme o quandro 4 somente 10% dos estabelecimentos ofereceram qualificao aos funcionrios. Durante as entrevistas somente um sinalizou ter interprete de lngua brasileira de sinais (LIBRAS) e nenhum deles cardpio em braille. Deixando claro que a pergunta anterior sobre a caracterizao dos empreendimento como acessveis, pouco acessveis ou no acessveis (Ver quadro 3) no condiz com a realidade encontrada.Quadro 4 Qualificao dos funcionriosOs funcionrios so qualificados para o atendimento de pessoas com deficincia?

SIM10%

NO5%

NO RESPONDERAM32%

EMPREENDIMENTOS SEM FUNCIONAMENTO53%

Fonte: FERREIRA, Joyce. 2014.

CONSIDERAES FINAISConcluiu-se com esta pesquisa que a Orla de Icoaraci em Belm-PA apresenta um grande potencial turstico devido riqueza de sua cermica. Fato que motiva vrios turistas/clientes a visitarem o local, e como todo ser humano necessita de comer e beber, acarreta tambm o aumento do uso dos servios de alimentos e bebidas. A gastronomia paraense um segmento que vem ganhando vrios admiradores tambm. Uma culinria com elementos africanos, indgena, portugueses e outros, frutos como o aa e o cupuau, fazem parte do cardpio de qualquer restaurante na cidade, agradando a populao local consumidora e turistas curiosos.

Porm a realidade do setor encontra-se em uma precria situao. Pois no atende a todo o tipo pblico. Pessoas com deficincias e/ou mobilidade reduzida, pessoas em cadeiras de rodas, idosos, gestantes, deficientes auditivos, visuais ou metais, encontram grandes dificuldades em utilizar os estabelecimentos da Orla de Icoaraci. Todo ser humano no est livre de ser uma pessoa com deficincia. Ela pode ser temporria ou permanente, logo, deve-se olhar para esta questo com empatia, no apenas uma sensibilizao com o prximo, um estado em que todos podem passar um dia. A acessibilidade um direito assegurado todos. Porm os rgos competentes no fiscalizam as leis que esto em vigor. Os proprietrios destes estabelecimentos tambm no esto conscientes de que um bom negcio adaptar os bares e restaurantes incluindo assim novos clientes. A acessibilidade ainda est longe das estruturas e dos atendimentos adequados que os portadores de deficincias necessitam. Porm, todos, como membros da sociedade, deveriam construir este futuro juntos. Com isso apontamos que a criao de projetos de parceria da Secretaria de Turismo (SETUR-PA) e a Coordenadoria Municipal de Turismo (BELMTUR) com o intuito de promover o turismo atravs de um plano interpretativo para a Orla de Icoaraci criado por discentes da Universidade Federal do Par (UFPA), oportunizando a estes um campo para atividade extensionista e extracurricular.Associao Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), o Servio Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) tambm em parceria com a UFPA, em especial a Faculdade de Turismo (FACTUR), poderiam organizar oficinas de qualificao na rea da hospitalidade, oferecendo tambm um curso intensivo de um novo idioma e a linguagem de sinais, atravs do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Tcnico e Emprego (Pronatec) do Governo Federal.O Servio Brasileiro de Apoio s Micro e Pequenas empresas (Sebrae) em conjunto com a Abrasel poderiam criar cartilhas e aes educativas com o objetivo incentivar os proprietrios a adaptarem seus estabelecimentos conforme a legislao e as normas da ABNT, para que seus estabelecimentos no sejam notificados legalmente.Espera-se que com este estudo possa subsidiar uma sensibilizao, reflexo em relao questo da acessibilidade como direito do cidado brasileiro de usufruir de servios de alimentos e bebidas com o devido respeito transformando o Brasil em um pas acessvel todos. REFERNCIAS

ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS. NBR 9050: Acessibilidade a edificaes, mobilirio, espaos e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro: ABNT, 2004. Disponvel em: . Acesso em: 19 abr. 2014.

ASSOCIAO BRASILEIRA DE BRASES E RESTAURANTES. Cdigo de Conduta das empresas do setor de alimentos e bebidas fora do lar. S/d. Disponvel em: < www.abrasel.com.br/index.php/codigo-de-conduta.html>. Acesso de 18 abr. 2014.

BRASIL. Constituio (1988). Constituio da Repblica Federativa do Brasil. Promulgada em 5 de outubro de 1988. Disponvel em: . Acesso de 18 abr. 2014.______. Ministrio do Turismo. Disponvel em: . Acesso em: 07 abr. 2014.

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______. Decreto n 5.296, de 02 de dezembro de 2004. Dispe sobre a Regulamentao das Leis nos10.048 e 10.098, que d prioridade de atendimento s pessoas que especifica, e estabelece normas gerais e critrios bsicos para a promoo da acessibilidade das pessoas portadoras de deficincia ou com mobilidade reduzida, e d outras providncias. Disponvel em: . Acesso em: 19 abr. 2014.

______. Lei n 7.405, de 12 de novembro de 1985. Dispes sobre oSmbolo Internacional de Acesso em todos os locais e servios que permitam sua utilizao por pessoas portadoras de deficincia e d outras providncias. Disponvel em: . Acesso em: 19 abr. 2014.

______. Lei n 11.126, de 27 de junho de 2005. Dispes sobre o direito do portador de deficincia visual de ingressar e permanecer em ambientes de uso coletivo acompanhado de co-guia.Disponvel em: . Acesso em: 19 abr. 2014.

COLLAO, Janine. Turismo e gastronomia: uma viagem pelos sabores do mundo. Disponvel em: < www.slowfoodbrasil.com/textos/alimentacao-e-cultura/140-turismo-e-gastronomia-uma-viagem-pelos-sabores-do-mundo>. Acesso em: 18 abr. 2014.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA. Censo Demogrfico 2010: Caractersticas gerais da populao, religio e pessoas com deficincia. 2010. Disponvel em: . Acesso em: 18 abr. 2014. Alunas de Graduao da Universidade Federal do Par- UFPA, ICSA/FACTUR, cursando o 7 semestre de Bacharelado em Turismo.

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