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AEE: Aspectos legais e orientação pedagógica

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  • ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO

    Priscila Turchiello

    Sandra Suzana Maximowitz Silva

    Tas Guareschi

    RESUMO

    O objetivo desse artigo discorrer acerca das atuais diretrizes da modalidade de ensino da Educao Especial, bem como do servio oferecido por ela, o Atendimento Educacional Especializado (AEE). Alm disso, essa anlise pretende contribuir na compreenso da operacionalizao do Atendimento Educacional Especializado em escolas e instituies do territrio brasileiro e dos sujeitos considerados pblico alvo do AEE, contemplando a implantao das salas de recursos multifuncionais e a organizao do projeto poltico pedaggico (PPP) na perspectiva inclusiva. PALAVRAS-CHAVE: Educao especial; ensino; necessidades especiais.

    CONTEXTUALIZANDO O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO

    Por muito tempo a Educao Especial organizou seus servios de forma

    substitutiva ao ensino comum, ou seja, atuou como um sistema paralelo de

    ensino. Assim, o lcus da escolarizao de alunos considerados pblico alvo

    dessa modalidade de ensino situava-se, em grande parte, em espaos

    separados e considerados especializados, como classes, escolas e

    instituies especiais. Esses locais foram institudos como os mais adequados

    ao ensino de sujeitos que supostamente no se beneficiariam do ensino

    comum destinado aos demais alunos.

    No final da dcada de 80, por meio do paradigma da incluso, inicia-se

    um movimento com base no princpio de igualdade de oportunidades nos

    sistemas sociais, incluindo a instituio escolar. Esse movimento no mbito

    educacional tem como preceitos o direito de alunos com deficincia

    frequentarem a escola regular e a valorizao da diversidade, de forma que as

    diferenas passem a ser parte do estatuto da instituio e todas as formas de

    construo de aprendizagem sejam consideradas no espao escolar.

  • Nos ltimos anos as polticas pblicas brasileiras tm organizado a

    modalidade de ensino da Educao Especial a partir da perspectiva da

    Educao Inclusiva. De acordo com essa perspectiva a escolarizao dos

    sujeitos considerados pblico alvo da Educao Especial deve ocorrer no

    ensino comum. A Educao Especial oferece apoio e servios, de carter

    complementar e/ou suplementar, que visam garantir a participao e a

    construo da aprendizagem desses alunos na escola regular.

    Em 2008, a publicao da atual Poltica Nacional de Educao Especial

    na perspectiva da Educao Inclusiva, cujo preceito de que todas as crianas

    e adolescentes devem ser matriculados no ensino comum, independentemente

    de suas necessidades educacionais especficas, intensificou o movimento de

    incluso. Com base nessa perspectiva, dispositivos normativos passaram a

    vigorar, com o intuito de fundamentar e assegurar a incluso escolar. No que

    se refere a esses dispositivos analisaremos, neste artigo, documentos que

    tratam das diretrizes da modalidade de ensino da Educao Especial e do

    servio oferecido por ela, o Atendimento Educacional Especializado (AEE).

    importante considerar, para uma melhor compreenso da atual poltica

    de Educao Especial, que importantes documentos nacionais e internacionais

    antecederam e fundamentaram esse documento. Neste texto, propomos a

    apreciao de quatro marcos legais a fim de delinear, brevemente, a forma

    como as polticas pblicas foram sendo pensadas e construdas em direo

    educao inclusiva.

    Consideraremos como dispositivo inicial de anlise a Constituio da

    Repblica Federativa do Brasil, promulgada em 1988. A opo por iniciar a

    discusso por esse documento legal se d por ser a lei maior de nosso pas,

    sendo que todos os dispositivos normativos devem estar em consonncia com

    o disposto na Constituio Federal.

    A Constituio Federal assegura, no Artigo 5, o princpio de igualdade

    na Repblica Federativa do Brasil, dispondo que: Todos so iguais perante a

    lei, sem distino de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos

    estrangeiros residentes no Pas a inviolabilidade do direito vida, liberdade,

    igualdade, segurana e propriedade [...] (BRASIL, 1988, p.2).

    No que tange educao a Constituio Federal garante, no Artigo 205,

    que a educao direito de todos os cidados e dever do Estado e da famlia.

  • Art. 205. A educao, direito de todos e dever do Estado e da famlia, ser promovida e incentivada com a colaborao da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exerccio da cidadania e sua qualificao para o trabalho (BRASIL, 1988, p.85).

    Alm de assegurar o direito de todos educao a Constituio Federal

    estabelece ainda, no Artigo 206, inciso I, a igualdade de condies para o

    acesso e a permanncia na escola. A oferta do AEE pelo Estado assegurada

    no Art. 208, inciso III. De acordo com o disposto nesse inciso esse atendimento

    deve ser oferecido preferencialmente na rede regular de ensino (BRASIL,

    1988).

    preciso compreender que o Atendimento Educacional Especializado

    difere do ensino escolar comum, sendo institudo como um servio oferecido

    pela modalidade de ensino da Educao Especial. Nesse sentido, o AEE

    organizado com vistas eliminao de possveis barreiras ao acesso,

    permanncia e aprendizagem no ensino comum.

    A Constituio Federal garante, portanto, o direito educao a todos os

    alunos, com base no princpio de igualdade, assegurando ainda o Atendimento

    Educacional Especializado, quando se fizer necessrio. Assim, todo aluno tem

    direito de estar matriculado no ensino regular e a escola tem o dever de

    matricular todos os alunos, no devendo discriminar qualquer pessoa em razo

    de uma deficincia ou sob outro pretexto.

    A Declarao Mundial de Educao para Todos, aprovada em Jomtien,

    Tailndia, em 1990 (BRASIL, 1990), o segundo documento a ser olhado

    neste texto. Essa declarao tem como objetivo garantir o atendimento s

    necessidades bsicas de aprendizagem de todas as crianas, jovens e adultos.

    Em seu Artigo 3 a Declarao trata da universalizao do acesso educao

    e do princpio de equidade. Especificamente em relao educao dos

    alunos com deficincia, o documento afirma que so necessrias medidas para

    garantir a igualdade de acesso desses sujeitos ao sistema educativo.

    A fim de prosseguirmos nossa anlise, buscando delinear a forma como

    as polticas pblicas articularam-se em direo educao inclusiva

    importante fazermos uma breve apreciao da Declarao de Salamanca,

    promulgada em 1994 (BRASIL, 1994). Esse documento reafirma o

  • compromisso com a proposta de Educao para Todos, reconhecendo a

    necessidade e a importncia de oferecer uma educao de qualidade para

    todos os alunos com deficincia no sistema de ensino regular.

    O princpio orientador da estrutura de ao em Educao Especial dessa

    poltica o de que as escolas [...] deveriam acomodar todas as crianas

    independentemente de suas condies fsicas, intelectuais, sociais,

    emocionais, lingusticas ou outras (BRASIL, 1994, p.3). Conforme podemos

    perceber, a Declarao de Salamanca evidencia, em seu princpio orientador, o

    desafio da educao inclusiva lanado s escolas, no intuito de que devem

    acolher e ensinar a todos os alunos.

    O ltimo documento a ser analisado a fim de embasar a discusso

    acerca das atuais diretrizes da Educao Especial a Conveno sobre os

    direitos das pessoas com deficincia. Essa conveno foi ratificada pelo Brasil

    atravs do Decreto N 186/2008, que aprova o texto da Conveno e seu

    Protocolo Facultativo assinados em Nova Iorque, em 30 de maro de 2007, e

    do Decreto N 6.949/2009, que promulga a Conveno e seu Protocolo

    Facultativo (BRASIL, 2009).

    A Conveno sobre os direitos das pessoas com deficincia tem como

    propsito promover, proteger e assegurar o exerccio pleno e equitativo de

    todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por todas as pessoas

    com deficincia e promover o respeito pela sua dignidade inerente (BRASIL,

    2009, p.3).

    Em relao educao o Artigo 24 dessa Conveno reconhece o

    direito educao sem discriminao e com igualdade de oportunidades para

    as pessoas com deficincia em um sistema educacional inclusivo. Nesse artigo

    consta ainda que os Estados Partes devero assegurar que:

    a. As pessoas com deficincia no sejam excludas do sistema educacional geral sob alegao de deficincia e que as crianas com deficincia no sejam excludas do ensino fundamental gratuito e compulsrio, sob a alegao de deficincia; b. As pessoas com deficincia possam ter acesso ao ensino fundamental inclusivo, de qualidade e gratuito, em igualdade de condies com as demais pessoas na comunidade em que vivem; c. Adaptaes razoveis de acordo com as necessidades individuais sejam providenciadas; d. As pessoas com deficincia recebam o apoio necessrio, no mbito do sistema educacional geral, com vistas a facilitar sua efetiva educao; e

  • e. Efetivas medidas individualizadas de apoio sejam adotadas em ambientes que maximizem o desenvolvimento acadmico e social, compatvel com a meta de incluso plena (BRASIL, 2009, p.14).

    Esse documento afirma, portanto, o direito de todos os alunos

    frequentarem o ensino regular, no podendo haver discriminao em razo de

    alguma deficincia. possvel perceber tambm, que garantido o direito ao

    apoio necessrio, no mbito do sistema educacional geral, para facilitar a

    aprendizagem dos sujeitos com deficincia.

    Aps a breve anlise desses documentos, que buscam assegurar o

    direito de todos os alunos frequentarem o ensino comum e receberem o

    atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de

    ensino, iremos tratar acerca da atual Poltica Nacional de Educao Especial

    na perspectiva da Educao Inclusiva, publicada em janeiro do ano de 2008, e

    dos dispositivos de carter normativo que seguiram a sua promulgao.

    O presente artigo tem como objetivo discorrer acerca da modalidade de

    ensino da Educao Especial, do Atendimento Educacional Especializado, dos

    sujeitos a quem esse atendimento se destina e da operacionalizao desse

    servio em escolas e instituies a partir de uma anlise das atribuies do

    professor do AEE e da gesto da escola inclusiva, especialmente no que diz

    respeito implementao da sala de recursos multifuncionais e da organizao

    do Projeto Poltico Pedaggico (PPP) na perspectiva inclusiva. Para tanto,

    analisaremos documentos e referenciais que possibilitem a compreenso das

    atuais diretrizes da Educao Especial no Brasil.

    A EDUCAO ESPECIAL E O ATENDIMENTO EDUCACIONAL

    ESPECIALIZADO (AEE)

    A Poltica Nacional de Educao Especial na perspectiva da Educao

    Inclusiva (2008b) vem reafirmar o direito de todos os alunos educao no

    ensino regular, objetivando combater o paralelismo da Educao Especial ao

    ensino comum, sendo essa instituda como uma modalidade de ensino.

    O texto desse documento define a Educao Especial como sendo:

    [...] uma modalidade de ensino que perpassa todos os nveis, etapas e modalidades, realiza o atendimento educacional especializado,

  • disponibiliza os recursos e servios e orienta quanto a sua utilizao no processo de ensino e aprendizagem nas turmas comuns do ensino regular (BRASIL, 2008b, p.10).

    Assim, a Educao Especial considerada transversal, atuando desde a

    Educao Infantil at o Ensino Superior, e realiza o Atendimento Educacional

    Especializado. Esse atendimento definido na poltica da seguinte forma:

    O atendimento educacional especializado tem como funo identificar, elaborar e organizar recursos pedaggicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participao dos alunos, considerando suas necessidades especficas. As atividades desenvolvidas no atendimento educacional especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum, no sendo substitutivas escolarizao. Esse atendimento complementa e/ou suplementa a formao dos alunos com vistas autonomia e independncia na escola e fora dela (BRASIL, 2008b, p.10).

    Com base nessa definio, possvel perceber que o Atendimento

    Educacional Especializado oferecido aos alunos de forma complementar e/ou

    suplementar ao ensino regular, considerando suas necessidades especficas.

    Evidencia-se, assim, que esse atendimento no substitui o ensino comum.

    Dessa forma, o AEE caracteriza-se por um conjunto de atividades,

    recursos pedaggicos e de acessibilidade, oferecidos de forma complementar

    ou suplementar escolarizao dos alunos pblico alvo da Educao Especial,

    matriculados nas classes comuns do ensino regular. Esse atendimento pode

    ser realizado individualmente ou em pequenos grupos, em turno contrrio ao

    da escolarizao. O AEE precisa ser oferecido no contraturno para que os

    alunos no tenham sua frequncia no ensino comum dificultada ou impedida.

    Em relao aos objetivos do AEE o Decreto N 7.611/2011 dispe:

    Art. 3o So objetivos do atendimento educacional especializado:

    I - prover condies de acesso, participao e aprendizagem no ensino regular e garantir servios de apoio especializados de acordo com as necessidades individuais dos estudantes; II - garantir a transversalidade das aes da educao especial no ensino regular; III - fomentar o desenvolvimento de recursos didticos e pedaggicos que eliminem as barreiras no processo de ensino e aprendizagem; e IV - assegurar condies para a continuidade de estudos nos demais nveis, etapas e modalidades de ensino (BRASIL, 2011, p.2).

  • Assim, o Atendimento Educacional Especializado institudo como um

    servio que opera na oferta de recursos de acessibilidade que visam a

    participao e a aprendizagem dos alunos pblico alvo da Educao Especial

    no ensino comum. O professor do AEE trabalha com o intuito de eliminar

    barreiras de aprendizagem e assegurar as condies para a continuidade nos

    estudos desses alunos.

    Uma questo importante a ser pontuada diz respeito ao grupo de

    sujeitos que poder frequentar e ser matriculado no Atendimento Educacional

    Especializado. A Educao Especial por um tempo organizou seus servios de

    forma que todos os alunos com necessidades educacionais especiais1 eram

    atendidos por essa modalidade de ensino. A partir da Poltica Nacional de

    Educao Especial na perspectiva da Educao Inclusiva e dos documentos

    com carter normativo que se seguiram, como a Resoluo CNE/CEB N

    4/2009 e o Decreto N 7.611/20112, foi delimitado o pblico alvo da Educao

    Especial. A Resoluo CNE/CEB N 4/2009, que institui as Diretrizes

    Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educao

    Bsica modalidade Educao Especial, define em seu Artigo 4 os alunos a

    quem se destina o Atendimento Educacional Especializado:

    I Alunos com deficincia: aqueles que tm impedimentos de longo prazo de natureza fsica, intelectual, mental ou sensorial. II Alunos com transtornos globais do desenvolvimento: aqueles que apresentam um quadro de alteraes no desenvolvimento neuropsicomotor, comprometimento nas relaes sociais, na comunicao ou estereotipias motoras. Incluem-se nessa definio alunos com autismo clssico, sndrome de Asperger, sndrome de Rett, transtorno desintegrativo da infncia (psicoses) e transtornos invasivos sem outra especificao. III Alunos com altas habilidades/superdotao: aqueles que apresentam um potencial elevado e grande envolvimento com as reas do conhecimento humano, isoladas ou combinadas: intelectual, liderana, psicomotora, artes e criatividade (BRASIL, 2009a, p.1).

    1 De acordo com a Declarao de Salamanca (...) o termo "necessidades educacionais especiais" refere-se a todas aquelas crianas ou jovens cujas necessidades educacionais especiais se originam em funo de deficincias ou dificuldades de aprendizagem. Muitas crianas experimentam dificuldades de aprendizagem e portanto possuem necessidades educacionais especiais em algum ponto durante a sua escolarizao (BRASIL, 1994, p.3). 2 O Decreto 7.611, de 17 de novembro de 2011, revogou o Decreto N 6.571/2008, que institua

    o duplo financiamento do FUNDEB. Conforme a Nota Tcnica N 2/2011/MEC/SECADI/DPEE, essa medida se deu porque o atual Decreto incorporou todo o contedo do Decreto anterior.

  • Portanto, os textos legais definem claramente quem so os alunos que

    devem frequentar o Atendimento Educacional Especializado. Esses textos

    normatizam que o AEE deve atender a um grupo especfico de alunos e no

    mais todos os alunos com necessidades educacionais especiais. Portanto, os

    sujeitos com transtornos funcionais especficos, como Transtorno de Dficit de

    Ateno e Hiperatividade, Dislexia, Atraso no Desenvolvimento

    Neuropsicomotor, Dificuldades de Aprendizagem e outros, no so

    considerados alunos pblico alvo da Educao Especial.

    significativo salientar que o AEE garantido por lei, porm esse

    atendimento no obrigatrio. No sendo obrigatrio, o aluno com deficincia,

    transtornos globais do desenvolvimento ou altas habilidades/superdotao e

    sua famlia podero optar ou no pelo atendimento. Portanto, o AEE no deve

    ser adotado de forma obrigatria ou como condio para o acesso ao ensino

    comum (FVERO, 2007, p. 20).

    Em relao s matrculas do alunado pblico alvo da Educao

    Especial, o Decreto N 7.611/2011, que dispe sobre o Atendimento

    Educacional Especializado e d outras providncias, afirma em seu Artigo 8

    que o Decreto N 6.253/20073 passa a vigorar com a seguinte redao:

    Art. 9 A. Para efeito da distribuio dos recursos do FUNDEB, ser admitida a dupla matrcula dos estudantes da educao regular da rede pblica que recebem atendimento educacional especializado. 1

    o A dupla matrcula implica o cmputo do estudante tanto na

    educao regular da rede pblica, quanto no atendimento educacional especializado. 2

    o O atendimento educacional especializado aos estudantes da

    rede pblica de ensino regular poder ser oferecido pelos sistemas pblicos de ensino ou por instituies comunitrias, confessionais ou filantrpicas sem fins lucrativos, com atuao exclusiva na educao especial, conveniadas com o Poder Executivo competente, sem prejuzo do disposto no art. 14. (NR) Art. 14. Admitir-se-, para efeito da distribuio dos recursos do FUNDEB, o cmputo das matrculas efetivadas na educao especial oferecida por instituies comunitrias, confessionais ou filantrpicas sem fins lucrativos, com atuao exclusiva na educao especial, conveniadas com o Poder Executivo competente. 1

    o Sero consideradas, para a educao especial, as matrculas na

    rede regular de ensino, em classes comuns ou em classes especiais de escolas regulares, e em escolas especiais ou especializadas. 2

    o O credenciamento perante o rgo competente do sistema de

    ensino, na forma do art. 10, inciso IV e pargrafo nico, e art. 11,

    3 Esse Decreto dispe sobre o Fundo de Manuteno e Desenvolvimento da Educao Bsica

    e de Valorizao dos Profissionais da Educao FUNDEB, regulamenta a Lei n 11.494, de 20 de junho de 2007, e d outras providncias.

  • inciso IV, da Lei no 9.394, de 1996, depende de aprovao de projeto

    pedaggico. (NR) (BRASIL, 2011, p.3).

    A partir da leitura do Art. 9 compreende-se que os alunos com

    deficincia, transtornos globais do desenvolvimento e altas

    habilidades/superdotao, matriculados no ensino regular e no Atendimento

    Educacional Especializado, recebero recursos do Fundo de Manuteno e

    Desenvolvimento da Educao Bsica e de Valorizao dos Profissionais da

    Educao (FUNDEB) por cada matrcula, ou seja, recebero verba dupla. O

    inciso 2o afirma que o Atendimento Educacional Especializado poder ser

    oferecido tanto pelos sistemas pblicos de ensino quanto por instituies

    comunitrias, confessionais ou filantrpicas sem fins lucrativos. Os recursos de

    cada ano sero distribudos de acordo com o Censo Escolar/MEC/INEP do ano

    anterior (BRASIL, 2011).

    Em seguida, o Artigo 14 afirma que as instituies com atuao

    exclusiva na Educao Especial tambm recebero recursos do FUNDEB

    pelas matrculas efetivadas. No inciso 1 h a declarao de que sero

    consideradas, alm das matrculas na rede regular de ensino, as matrculas

    nas classes e escolas especiais (BRASIL, 2011).

    Essa afirmao poderia parecer contrria ao que vnhamos articulando

    at o momento em relao s diretrizes da Educao Especial ou ao que os

    dispositivos normativos promulgaram de 2008 a 2010. No entanto,

    interessante esclarecer que o Decreto N 7.611/2011 apenas transcreve o

    Artigo 14 do Decreto N 6.253/2007 (que dispe sobre o FUNDEB). Por sua

    vez, o decreto anterior (Decreto N 6.571/2008), que dispunha sobre o AEE e

    foi revogado pelo Decreto N 7.611/2011, apenas citou o Artigo 14 sem

    transcrever seu contedo. Portanto, no h nenhuma inovao acerca do

    financiamento do FUNDEB em relao Educao Especial.

    A Nota Tcnica MEC/SECADI/DPEE N 62/2011, que traz as

    orientaes aos Sistemas de Ensino sobre o Decreto N 7.611/2011, afirma

    que no h nenhum retrocesso em relao Poltica Nacional de Educao

    Especial na perspectiva da Educao Inclusiva com a promulgao desse

    Decreto. A referida Nota Tcnica esclarece, ainda, em relao ao apoio

    financeiro s instituies privadas filantrpicas que atuam na Educao

    Especial:

  • O apoio financeiro s instituies especializadas mencionadas, referente ao atendimento de pessoas que no esto matriculadas no ensino regular, destina-se, especialmente, quelas que se encontram fora da faixa etria obrigatria, em razo de um processo histrico de excluso escolar (BRASIL, 2011a, p.3).

    Portanto, o apoio financeiro referente aos alunos que no esto

    matriculados no ensino regular seria destinado queles que no esto na faixa

    etria obrigatria de frequncia escola, ou seja, que no possuam de 4 a 17

    anos de idade. A Nota Tcnica MEC/SECADI/DPEE N 62/2011 declara que o

    apoio financeiro para melhorar as condies de acesso e permanncia dos

    alunos com deficincia, transtornos globais do desenvolvimento e altas

    habilidades/superdotao nas escolas de ensino regular tem sido ampliado

    desde 2003 (BRASIL, 2011a).

    O Decreto N 7.611/2011, alm de garantir o cmputo duplo das

    matrculas, assegura tambm apoio tcnico e financeiro para ampliar aes

    relacionadas oferta do Atendimento Educacional Especializado. Dentre essas

    aes esto o aprimoramento do AEE j ofertado, a implantao das salas de

    recursos multifuncionais, a formao de professores para o AEE e para a

    educao inclusiva, a promoo da acessibilidade nas escolas e a distribuio

    de recursos para a acessibilidade.

    possvel observar que entre as aes propostas para ampliar a oferta

    do AEE est a implantao das Salas de Recursos Multifuncionais. Os textos

    legais demarcam, desde o ano de 2008, a Sala de Recursos Multifuncionais na

    escola comum como o local preferencial para a realizao do Atendimento

    Educacional Especializado. De acordo com o Artigo 5 da Resoluo CNE/CEB

    N 4/2009:

    O AEE realizado prioritariamente, na sala de recursos multifuncionais da prpria escola ou em outra escola de ensino regular, no turno inverso da escolarizao, no sendo substitutivo s classes comuns, podendo ser realizado, tambm em centro de atendimento educacional especializado da rede pblica ou de instituies comunitrias, confessionais ou filantrpicas sem fins lucrativos, conveniadas com a Secretaria de Educao ou rgo equivalente dos Estados, Distrito Federal ou dos Municpios (BRASIL, 2009a, p.2).

  • Compreendemos desse fragmento da Resoluo que o AEE deve ser

    realizado, prioritariamente, na Sala de Recursos Multifuncionais da escola em

    que o aluno com deficincia, transtornos globais do desenvolvimento e altas

    habilidades/superdotao est matriculado no ensino comum. Caso a escola

    no tenha a sala e o professor especializado em AEE, esse atendimento pode

    ser realizado em outra escola de ensino regular ou, ainda, em Centros de

    Atendimento Educacional Especializado.

    importante que o Atendimento Educacional Especializado seja

    oferecido na prpria escola sempre que possvel, pois essa oferta possibilita

    uma maior interlocuo entre o professor do AEE e os professores do ensino

    comum. Assim, as necessidades educacionais dos alunos podem ser

    discutidas no dia a dia escolar e com todos que atuam no ensino regular e/ou

    educao especial, aproximando esses alunos dos ambientes de formao

    comum a todos (ROPOLI et al., 2010, p.18). Essa proximidade beneficia o

    processo de aprendizagem do aluno, pois o professor do AEE poder

    acompanhar ativamente a escolarizao desse sujeito, bem como os recursos

    pedaggicos e de acessibilidade utilizados. Alm disso, esse profissional

    poder atuar de forma mais efetiva junto ao professor do ensino comum,

    oferecendo o suporte necessrio ao ensino do aluno.

    A sala de recursos multifuncionais, lcus preferencial do AEE, o

    espao fsico que contm mobilirios, recursos pedaggicos e de

    acessibilidade e materiais didticos para atender s necessidades

    educacionais especficas dos alunos com deficincia, transtornos globais do

    desenvolvimento e altas habilidades/superdotao.

    Com o objetivo de apoiar as redes pblicas de ensino na organizao do

    Atendimento Educacional Especializado complementar ou suplementar

    escolarizao e fortalecer o processo de incluso educacional, o Ministrio da

    Educao instituiu o Programa Implantao de Salas de Recursos

    Multifuncionais, por meio da Portaria N 13, de 24 de abril de 2007 (BRASIL

    2008a).

    Para a implantao das Salas de Recursos Multifuncionais em

    estabelecimento pblicos de ensino necessrio que a Secretaria de

    Educao tenha aderido ao Compromisso Todos pela Educao e elaborado o

    Plano de Aes Articuladas (PAR), sendo que nesse plano dever constar a

  • apresentao da demanda de salas de recursos multifuncionais da rede de

    ensino. necessrio, ainda, o registro no Censo Escolar MEC/INEP de

    matrculas no ensino comum de alunos com deficincia, transtornos globais do

    desenvolvimento e altas habilidades/superdotao. Em contrapartida, caber

    Secretaria de Educao disponibilizar o professor para atuao no AEE e o

    espao fsico adequado para a instalao dos equipamentos das Salas de

    Recursos Multifuncionais. Atendendo esses critrios, caber aos gestores dos

    sistemas de ensino indicar as escolas a serem contempladas (BRASIL, 2010c).

    Os equipamentos, materiais e recursos de acessibilidade das Salas de

    Recursos Multifuncionais so organizados nas composies de Tipo I e Tipo II.

    As Salas de Recursos Multifuncionais de Tipo I possuem os seguintes itens:

    dois computadores, dois estabilizadores, impressora multifuncional, roteador

    wireless, teclado com colmeia, mouse com entrada para acionador, acionador

    de presso, notebook, software para comunicao aumentativa e alternativa,

    bandinha rtmica, domin de associao de ideias, material dourado, tapete

    alfabtico encaixado, esquema corporal, memria de numerais, sacolo

    criativo, quebra cabeas superpostos - sequncia lgica, alfabeto mvel e

    slabas, caixa ttil, kit de lupas manuais alfabeto Braille, domin ttil, memria

    ttil, plano inclinado suporte para livro, uma mesa redonda, quatro cadeiras

    para a mesa redonda, duas mesas para computador, uma mesa para

    impressora, armrio de ao e quadro branco (BRASIL, 2010c).

    Por sua vez as Salas de Recursos Multifuncionais de Tipo II so

    constitudas dos mesmos itens das salas de Tipo I com o acrscimo de

    recursos de acessibilidade especficos para o atendimento educacional

    especializado de alunos cegos. Esses recursos especficos so: impressora

    Braille pequeno porte, scanner com voz, mquina de datilografia Braille, duas

    regletes de mesa, quatro punes, dois soroban, dois guias de assinatura,

    globo terrestre ttil, kit de desenho geomtrico, calculadora sonora, uma caixa

    de nmeros e duas bolas com guizo (BRASIL, 2010c).

    Nas salas de recursos multifuncionais os professores do AEE podero

    organizar seus atendimentos, sempre no turno inverso ao do ensino regular,

    avaliando as necessidades especficas de cada aluno. Aps essa avaliao, o

    professor, conhecendo os recursos pedaggicos e de acessibilidade, pensar

    caso a caso quais estratgias utilizar.

  • Tendo em vista as diferentes estratgias e aes organizadas no espao

    da sala de recursos multifuncionais, consideramos pertinente abordar,

    brevemente, os recursos de acessibilidade e as atividades que podero ser

    realizadas no Atendimento Educacional Especializado, com base nos dados e

    orientaes disponibilizados no Educacenso (EDUCACENSO, 2011).

    Evidentemente que os recursos citados no presente texto no esgotam todas

    as alternativas de trabalho com os alunos pblico alvo da Educao Especial,

    mas sinalizam algumas possibilidades.

    No Atendimento Educacional Especializado de alunos com surdez o

    professor ter por finalidade o ensino da Lngua Brasileira de Sinais (LIBRAS),

    o ensino da Lngua Portuguesa na modalidade escrita, o ensino em LIBRAS, a

    produo e adequao de materiais didticos e pedaggicos com base em

    imagens.

    No Atendimento Educacional Especializado de alunos com cegueira, o

    professor da sala de recursos multifuncionais dever ensinar o Sistema Braille

    e o uso de tecnologias de informao e comunicao acessveis, disponibilizar

    materiais didticos e pedaggicos acessveis (udio-livro, livro digital acessvel,

    textos em formato digital e materiais tteis), ensinar a tcnica do soroban e

    trabalhar a orientao e mobilidade no contexto escolar. Alm disso, o

    professor do AEE ser o responsvel pela transcrio de material em tinta para

    o Braille.

    A partir do ingresso de um aluno com baixa viso na sala de recursos

    multifuncionais o professor do AEE dever proporcionar o uso e o ensino de

    recursos pticos e no pticos, materiais didticos e pedaggicos acessveis,

    materiais com contraste visual e ampliao de fontes, conforme a necessidade

    do aluno, entre outros recursos.

    Caso um aluno com deficincia fsica venha frequentar a sala de

    recursos multifuncionais, o professor do AEE poder, dependendo das

    necessidades especficas desse sujeito, utilizar recursos de comunicao

    alternativa e aumentativa (pranchas de comunicao e vocalizadores portteis)

    que contemplem alternativas para os alunos que no possuem fala ou

    possuem uma fala de difcil compreenso. O professor deve avaliar, ainda, a

    necessidade de utilizar recurso de Tecnologia Assistiva como livros digitais,

    software para leitura, acesso ao computador por meio de ponteira de cabea,

  • acionadores, livros com caracteres ampliados, facilitadores de escrita,

    engrossadores de lpis, plano inclinado, tesoura adaptada, entre outros.

    No Atendimento Educacional Especializado do aluno surdocego o

    professor ir avaliar quais recursos de comunicao podero ser utilizados e

    ensinar o uso de Braille, Lngua de Sinais, alfabeto digital, Braille ttil ou escrita

    na mo, conforme as necessidades especficas desse aluno. Alm disso, o

    professor do AEE dever disponibilizar materiais didticos e pedaggicos

    acessveis.

    Para o atendimento na sala de recursos de alunos com deficincia

    intelectual o professor ir prever aes especficas sobre os mecanismos de

    aprendizagem de conceitos e de desenvolvimento. O professor do AEE dever

    produzir materiais didticos e pedaggicos, tendo em vista as necessidades

    especficas desses alunos em sala de aula do ensino regular, promovendo sua

    interao escolar e social.

    E ainda, no Atendimento Educacional Especializado para alunos com

    altas habilidades/superdotao o professor dever prever atividades de

    enriquecimento curricular articulando, com instituies de ensino superior, o

    desenvolvimento e a promoo da pesquisa, das artes, dos esportes, entre

    outras aes especficas.

    At o presente momento tratamos da Sala de Recursos Multifuncionais

    como lcus preferencial do AEE. No entanto, A Resoluo CNE/CEB N 4/2009

    prev, no Artigo 5, que o Atendimento Educacional Especializado pode ser

    realizado tambm em outro espao: nos Centros de Atendimento Educacional

    Especializado (BRASIL, 2009a). Essa Resoluo e a Nota Tcnica

    SEESP/GAB N 9/2010 (BRASIL, 2010) so os documentos que orientam a

    organizao desses espaos. De acordo com esses materiais os Centros de

    Atendimento Educacional Especializado devero oferecer esse atendimento

    aos alunos pblico alvo da Educao Especial de forma no substitutiva ao

    ensino comum.

    Os Centros de Atendimento Educacional Especializado devero ser

    conveniados Secretaria de Educao, submetendo sua proposta de AEE,

    prevista no Projeto Poltico Pedaggico do Centro, aprovao desse rgo. A

    efetivao do convnio depender do parecer da Secretaria de Educao que

    analisar a proposta do Centro e as demandas de sua rede de ensino.

  • Uma vez aprovada a proposta de oferta do AEE no Centro de

    Atendimento Educacional Especializado pela Secretaria de Educao e

    autorizado seu funcionamento pelo Conselho de Educao do Sistema de

    Ensino, esse Centro dever matricular alunos pblico alvo da Educao

    Especial. Alm disso, o Centro dever prover apoio s escolas regulares em

    que esto matriculados os alunos para facilitar o processo de construo de

    aprendizagem desses sujeitos.

    Uma questo importante a ser pontuada quando tratamos acerca da

    incluso escolar de alunos pblico alvo da Educao Especial a demanda de

    profissionais de apoio. A fim de garantir o pleno acesso, a participao e a

    aprendizagem de alunos com deficincia e transtornos globais do

    desenvolvimento na escola poder, em alguns casos, ser necessrio que o

    sistema de ensino disponibilize esse profissional de apoio para esses sujeitos.

    A Nota Tcnica SEESP/GAB N 19/2010 trata da organizao das

    atribuies do profissional de apoio. A necessidade de um profissional de apoio

    deve ser avaliada caso a caso, tendo em vista a atual Poltica Nacional de

    Educao Especial na perspectiva da Educao Inclusiva (2008b). A demanda

    desse profissional se justifica quando a necessidade especfica do estudante

    pblico alvo da educao especial no for atendida no contexto geral dos

    cuidados disponibilizados aos demais estudantes (BRASIL, 2010b, p.2).

    De acordo com a Nota Tcnica os profissionais de apoio so

    necessrios para promoo da acessibilidade e para atendimento a

    necessidades especficas dos estudantes no mbito da acessibilidade s

    comunicaes e da ateno aos cuidados pessoais de alimentao, de higiene

    e locomoo (BRASIL, 2010b, p.1). Os profissionais tradutor e o intrprete de

    Libras e o guia-intrprete para alunos surdocegos so exemplos de

    profissionais de apoio para promover acessibilidade s comunicaes.

    Os profissionais de apoio responsveis pelos cuidados de alimentao,

    higiene e locomoo sero necessrios queles alunos que ainda no realizam

    essas atividades com independncia. Os professores do ensino regular e do

    AEE precisam trabalhar de forma articulada com o profissional de apoio,

    visando sempre a independncia e a autonomia do aluno a fim de que esse

    profissional possa ser, se possvel, gradativamente retirado.

  • importante ressaltar que o profissional de apoio no o responsvel

    pelo ensino desses alunos, uma vez que o professor da turma que possui

    essa responsabilidade. Sendo assim, o profissional de apoio no deve ter como

    funo desenvolver atividades pedaggicas diferenciadas com os alunos com

    deficincia ou transtornos globais do desenvolvimento, enquanto o professor da

    sala de aula trabalha com os demais alunos.

    Vimos discutindo at o momento a modalidade de ensino da Educao

    Especial e do servio oferecido por essa modalidade, o Atendimento

    Educacional Especializado. Tratamos sobre o conceito de AEE, sobre os

    alunos considerados pblico-alvo desse atendimento e sobre os espaos em

    que realizado. Para dar continuidade a nossa anlise, no intuito de contribuir

    para a compreenso do AEE, discorreremos acerca do encaminhamento dos

    alunos a esse atendimento e da avaliao realizada pelo professor na Sala de

    Recursos Multifuncionais.

    O encaminhamento de alunos para o Atendimento em Sala de Recursos

    Multifuncionais poder acontecer por meio do gestor do sistema de ensino ou

    atravs da prpria escola. Quando o gestor do sistema de ensino procurado

    pela famlia ou por algum rgo (Conselho Tutelar, Promotoria, entre outros)

    para incluir um aluno com transtorno global do desenvolvimento, com

    deficincia ou altas habilidades/superdotao, o responsvel pelo setor

    pedaggico na rea de Educao Especial realiza o seu encaminhamento para

    uma escola pblica mais prxima de sua residncia, bem como, para o AEE no

    contraturno, preferencialmente, na prpria escola. Caso a escola no possua

    organizado o servio de AEE, o aluno poder ser encaminhando para o AEE de

    outra escola ou de algum Centro de AEE, conforme referimos anteriormente.

    Por sua vez, no encaminhamento feito pela escola , geralmente, o

    professor do ensino regular que ao perceber as dificuldades do aluno frente

    aprendizagem, entra em contato com o professor do AEE. Em algumas

    situaes o contato tambm pode se estabelecer com a equipe pedaggica

    escolar (superviso, coordenao e/ou orientao educacional), a qual deve

    repassar as informaes para o professor do AEE da escola. Ressalta-se a

    importncia de solicitar ao professor da sala de aula um parecer descritivo do

    aluno especificando suas dificuldades, potencialidades, relao com os objetos

  • de conhecimento e interao com os colegas/professor, as quais ocasionaram

    o seu encaminhamento para o AEE.

    Diante dessas circunstncias, o professor do AEE, ao receber o

    encaminhamento do aluno, deve realizar a sua avaliao considerando uma

    diversidade de aspectos que possam auxili-lo na compreenso das

    necessidades e potencialidades do aluno que interferem no seu processo de

    escolarizao. Dentre os instrumentos de avaliao importante destacar o

    roteiro de entrevista com a famlia ou responsvel, cuja estrutura flexvel e

    dever ser construdo de acordo com a necessidade de cada caso e de cada

    instituio. Nesse sentido, podemos investigar dados como: antecedentes pr,

    ps e peri-natais, aspectos do desenvolvimento psicomotor, da linguagem,

    scio-afetivo, da escolarizao, bem como, sua rotina diria e aspectos que

    envolvam a compreenso de

    como o aluno se comporta em casa do ponto de vista da comunicao e da interao com os familiares, em que situaes ele manifesta atitudes de autonomia e de dependncia e como a famlia se relaciona com ele, ou seja, se h manifestao de superproteo ou de abandono (...) quais as expectativas da famlia em relao ao aluno na escola e fora dela (GOMES; POULIN; FIGUEIREDO, 2010, p.14).

    Nesse momento, so coletados dados referentes histria de vida do

    aluno, sendo que esse referencial inicial possibilita ao professor do AEE

    agregar demais contatos que auxiliaro na coleta de informaes acerca de

    possveis atendimentos que o aluno possua ou tenha recebido. Assim, a busca

    de informaes amplia-se do meio familiar para outros profissionais

    especializados.

    Tambm devem se constituir como dados da avaliao a interao com

    o aluno em sala de recursos e a sua observao em diferentes ambientes e

    em diferentes momentos. Por exemplo, [...] a organizao e gesto da sala de

    aula, o recreio, as brincadeiras, as atividades realizadas na biblioteca e no

    laboratrio de informtica (GOMES; POULIN; FIGUEIREDO, 2010, p.10).

    De posse das informaes coletadas, o profissional do AEE dever

    analis-las, desenvolvendo um estudo de caso do aluno para definir, no caso

    de no possuir diagnstico clnico que comprove ser aluno pblico alvo do

  • AEE, se aluno do AEE ou se deve ser encaminhado para outros servios de

    apoio.

    Ressalta-se que todos os procedimentos necessrios para definir se o

    aluno ser atendido na sala de recursos multifuncionais devem ser seguidos

    minuciosamente, pois em muitos casos, em virtude de algumas barreiras

    escolares e situaes especficas, determinados alunos encontram dificuldades

    em seu processo de escolarizao. No entanto, preciso que fique claro que

    tais dificuldades nem sempre esto relacionadas presena de uma

    deficincia, transtornos globais do desenvolvimento ou altas

    habilidades/superdotao. Essa considerao importante, pois muitos

    encaminhamentos de alunos ao AEE so

    decorrentes dos processos de ensino que no so flexibilizados. Evidentemente, a sada para evitar esses riscos no se encontra na defesa do diagnstico clnico, pois, mesmo com a existncia desses diagnsticos, os equvocos de encaminhamento constituem algo comum na educao especializada no Brasil (BAPTISTA, 2011, p.67).

    Portanto, quando so observadas essas dificuldades, cabe ao professor

    do AEE orientar o professor da sala comum, juntamente com a equipe

    pedaggica da escola, a partir do estudo de caso que realizou, a buscarem

    alternativas e estratgias didtico metodolgicas que possibilitem o

    atendimento das necessidades desse aluno, tendo a preocupao de no estar

    definindo, a partir dessa dificuldade, uma posio de no aprendiz por parte do

    aluno.

    Ao constatar que o aluno encaminhado que no possui diagnstico

    clnico, apresenta indicativos de deficincia, transtornos globais do

    desenvolvimento ou altas habilidades/superdotao, o professor do AEE

    dever elaborar um parecer pedaggico justificando que o aluno pertence ao

    pblico alvo do AEE. Entre os aspectos que podem ser descritos no parecer

    pedaggico podemos sinalizar os do desenvolvimento, decorrentes da histria

    de vida do aluno e indicativos que caracterizem suas necessidades,

    habilidades e atitudes nas reas: social, afetiva, cognitiva e psicomotora. No

    parecer tambm poder constar os dias e horrios que o aluno receber o AEE

    e o apoio em sala de aula no ensino comum, bem como, sugestes que visem

    a aprendizagem e o desenvolvimento do aluno.

  • Assim, o aluno poder ter efetivada sua matrcula e, consequentemente,

    seu atendimento no AEE. Outro aspecto a ser considerado que o Censo

    Escolar exige que os dados registrados possam ser comprovados. Assim,

    segundo orientaes do Educacenso (EDUCACENSO, 2011), a matrcula do

    aluno no AEE poder ser efetivada baseada tanto no diagnstico clnico quanto

    no parecer pedaggico elaborado pelo professor do AEE.

    Enfatiza-se que o estudo de caso realizado, no tem apenas a funo de

    definir se o aluno ou no pblico alvo do AEE e, portanto, deve ser realizado

    com todo aluno encaminhado para esse atendimento. Atravs desse estudo

    poder ser construdo o perfil do aluno que orientar a elaborao do seu plano

    de atendimento individualizado, definindo as decises acerca da preveno ou

    soluo das dificuldades apresentadas ou ainda das aes que devem ser

    promovidas em favor de melhores condies para o desenvolvimento do aluno

    (GUIN, 2004, p. 275). Nesse sentido, esse plano traa aes a serem

    desenvolvidas para atender as necessidades e potencialidades do aluno,

    proporcionando-lhe o acesso ao ambiente e aos conhecimentos escolares de

    forma a garantir a autonomia e a participao na escola e fora dela, bem como,

    o prosseguimento aos nveis mais elevados de ensino.

    Das consideraes at aqui apresentadas sobre a avaliao do aluno

    realizada pelo professor do AEE, podemos entender que essa uma tarefa

    complexa que deve contemplar os seguintes aspectos: sala de recursos

    multifuncionais, sala de aula, famlia e demais profissionais envolvidos no

    processo de incluso do aluno.

    O PROFESSOR DO ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO E

    SUAS ATRIBUIES

    No decorrer do artigo buscamos evidenciar como se d a implementao

    e organizao do Atendimento Educacional Especializado (AEE) nas escolas

    brasileiras, a partir dos dispositivos legais que vm posicionando a oferta do

    servio especializado em educao como possibilidade de garantir a ampliao

    das condies de desenvolvimento da incluso educacional de alunos com

    deficincia, transtornos globais do desenvolvimento e altas

  • habilidades/superdotao no ensino comum. Alm disso, procurou-se abordar

    de que maneira os servios da Educao Especial e as Salas de Recursos

    Multifuncionais (SRM) tm sido gestados pelo Ministrio da Educao no que

    diz respeito garantia de acesso e permanncia do pblico alvo do AEE nas

    escolas.

    Dando continuidade s referncias a respeito desse tema, consideramos

    fundamental analisar de que maneira o trabalho desenvolvido pelos

    professores do Atendimento Educacional Especializado tem sido pensado e

    que atribuies esto relacionadas ao desempenho dessa funo.

    Primeiramente, constitui-se como fundamental esclarecer quais

    exigncias, em termos de formao, configuram a atuao do professor no

    AEE. Para tanto, recorremos s orientaes legais e polticas que permeiam a

    organizao de servios educacionais especializados no Brasil. De acordo com

    o Art.12. da Resoluo CNE/CEB N 4/2009, que Institui Diretrizes

    Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educao

    Bsica, modalidade Educao Especial, Para atuao no AEE, o professor

    deve ter formao inicial que o habilite para o exerccio da docncia e formao

    especfica para a Educao Especial (BRASIL, 2009a, p.03).

    A partir das consideraes apontadas pela Resoluo, entendemos que

    para a atuao no Atendimento Educacional Especializado o professor precisa

    apresentar formao inicial em cursos de licenciatura, dentre esses os cursos

    de graduao especficos como as Licenciaturas em Educao Especial e em

    Pedagogia, com habilitao especfica. E, alm da formao inicial, a

    legislao assinala a possibilidade de formao continuada a partir de cursos

    de especializao e aperfeioamento na rea da Educao Especial. Tais

    aspectos, relacionados s possibilidades de formao, podem ser visualizados

    no trecho que segue:

    Para atuar no AEE, os professores devem ter formao especfica para este exerccio, que atenda aos objetivos da educao especial na perspectiva da educao inclusiva. Nos cursos de formao continuada, de aperfeioamento ou de especializao, indicados para essa formao, os professores atualizaro e ampliaro seus conhecimentos em contedos especficos do AEE, para melhor atender a seus alunos (ROPOLI et al., 2010, p.28).

  • Observamos que se constitui como necessria a oferta, por parte do

    Governo, de cursos de formao inicial e continuada para os professores, com

    o objetivo de contemplar os pressupostos da Educao Especial na perspectiva

    da educao inclusiva. Contudo, cabe ressaltar que os aspectos relacionados

    formao exigida para atuao no AEE no so claramente definidos pelos

    documentos norteadores da poltica de incluso, sendo necessrio considerar a

    especificidade de cada regio, estado ou municpio. Para Baptista (2011, p.64),

    Pode-se supor que essa formao especfica ser bastante diversificada,

    considerando as potencialidades de formao e os quadros existentes nos

    diferentes estados brasileiros.

    Ainda de acordo com Baptista (2011, p.71), cabe considerar que:

    um dos avanos relativos formao desses educadores o reconhecimento de que, apesar da necessidade de conhecimentos acerca de instrumentos, cdigos e linguagens, o conhecimento geral acerca da educao e da Educao Especial deveria ser aquele primordial na formao do educador das pessoas com deficincia.

    Apontadas as consideraes a respeito da formao dos professores

    para o AEE, passamos a questionar quais as aes a serem desenvolvidas por

    esse profissional no contexto da escola inclusiva? Como se configuram as

    atribuies do professor do AEE para a poltica de incluso? De que maneira

    esse professor estar organizando seu trabalho, buscando atender instituio

    de servios educacionais especializados na escola? So muitos os

    questionamentos que permeiam a atuao desse professor, o que requer com

    urgncia uma reconfigurao da gesto das polticas de Educao e Educao

    Especial, tanto nos estados e municpios quanto nas escolas.

    Nesse texto no temos a inteno de abordar a totalidade de olhares

    possveis acerca da atuao dos professores do Atendimento Educacional

    Especializado, mas realizar apontamentos que consideramos significativos

    para compreender a institucionalizao dessa funo no contexto educacional

    inclusivo.

    Dessa maneira, tomamos mais uma vez como referncia o texto da

    Resoluo CNE/CEB N 4/2009 quando define as aes a serem

    desempenhadas pelo professor do AEE:

  • Art. 13. So atribuies do professor do Atendimento Educacional Especializado: I identificar, elaborar, produzir e organizar servios, recursos pedaggicos, de acessibilidade e estratgias considerando as necessidades especficas dos alunos pblico-alvo da Educao Especial; II elaborar e executar plano de Atendimento Educacional Especializado, avaliando a funcionalidade e a aplicabilidade dos recursos pedaggicos e de acessibilidade; III organizar o tipo e o nmero de atendimentos aos alunos na sala de recursos multifuncionais; IV acompanhar a funcionalidade e a aplicabilidade dos recursos pedaggicos e de acessibilidade na sala de aula comum do ensino regular, bem como em outros ambientes da escola; V estabelecer parcerias com as reas intersetoriais na elaborao de estratgias e na disponibilizao de recursos de acessibilidade; VI orientar professores e famlias sobre os recursos pedaggicos e de acessibilidade utilizados pelo aluno; VII ensinar e usar a tecnologia assistiva de forma a ampliar habilidades funcionais dos alunos, promovendo autonomia e participao; VIII estabelecer articulao com os professores da sala de aula comum, visando disponibilizao dos servios, dos recursos pedaggicos e de acessibilidade e das estratgias que promovem a participao dos alunos nas atividades escolares (BRASIL, 2009a, p.03).

    Com base no artigo acima, pretendemos desenvolver o debate sobre a

    atuao do professor, tomando como fio condutor nossas impresses e

    vivncias no contexto escolar. Sendo assim, cabero nesse texto ressalvas,

    outras leituras e interpretaes tendo em vista a diversidade de contextos e

    realidades educacionais do pas.

    Analisando as atribuies do professor do AEE definidas pela

    Resoluo, torna-se possvel referenciar trs conjuntos de aes que, para o

    Governo, caracterizam a atuao desse professor no contexto inclusivo: o

    trabalho desenvolvido com o aluno na sala de recursos multifuncionais (incisos

    I, II, III e VII); o acompanhamento das aes em sala de aula comum, dos

    professores e famlias (incisos IV, VI, VIII) e o estabelecimento de parcerias

    com outros profissionais, servios e instituies (inciso V).

    O primeiro conjunto de aes apontado diz respeito ao trabalho centrado

    no aluno, organizao pedaggica e funcional do Atendimento Educacional

    Especializado e definio de recursos, estratgias e servios que atendam s

    necessidades dos alunos. Com isso, conforme j dito, entendemos a sala de

    recursos multifuncionais como o lcus dessas intervenes, j que este espao

  • tem sido organizado para criar as condies de desenvolvimento desse mbito

    de abordagem.

    Cabe ao professor do AEE realizar uma avaliao minuciosa das

    necessidades e potencialidades dos alunos atendidos, para com isso apontar

    os servios, recursos e estratgias consideradas pertinentes a cada situao.

    Tendo em vista esta ao, o plano de Atendimento Educacional Especializado

    se configura como o documento norteador do trabalho a ser desenvolvido com

    o aluno, visto que:

    Os planos de AEE resultam das escolhas do professor quanto aos recursos, equipamentos, apoios mais adequados para que possam eliminar as barreiras que impedem o aluno de ter acesso ao que lhe ensinado na sua turma da escola comum, garantindo-lhe a participao no processo escolar e na vida social em geral, segundo suas capacidades. Esse atendimento tem funes prprias do ensino especial, as quais no se destinam a substituir o ensino comum e nem mesmo a fazer adaptaes aos currculos, s avaliaes de desempenho e a outros. importante salientar que o AEE no se confunde com reforo escolar (ROPOLI et al., 2010, p. 23).

    Para a definio do plano de AEE o professor precisa ter clareza das

    necessidades dos alunos a serem atendidos e reconhecer suas habilidades,

    pois preciso entender que alunos que apresentam um mesmo diagnstico

    no, necessariamente, solicitem a mesma forma de interveno, j que cada

    sujeito nico e apresenta maneiras particulares de se relacionar com o

    ambiente, processar informaes e produzir conhecimentos. Assim, o tipo de

    atendimento a ser organizado para cada aluno, o perodo e a frequncia de

    cada atendimento, bem como os recursos e servios a serem ofertados devem

    ser definidos tomando como referncia a subjetividade de cada aluno e os

    objetivos traados no plano de atendimento.

    As colocaes a respeito das aes pedaggicas no AEE so claras e

    pontuais no que se refere aos objetivos desse atendimento, j que no se

    configuram como substitutivas daquelas empreendidas no espao da sala de

    aula comum e no intencionam a realizao de reforo escolar.

    Tendo como fio condutor do trabalho a participao dos alunos pblico-

    alvo da Educao Especial no contexto escolar e social, busca-se o

    desenvolvimento das capacidades e potencialidades dos alunos, atentando s

    suas necessidades. O que se pretende a complementao/suplementao da

  • formao do aluno para que sejam criadas as condies para o

    acompanhamento dos ensinamentos das turmas comuns em que se encontram

    includos.

    O professor do AEE precisa acompanhar a trajetria acadmica dos

    alunos no ensino regular, identificando suas necessidades e habilidades para

    com base nesses dados definir as estratgias e recursos pedaggicos

    pertinentes, e assim o tipo e a frequncia dos atendimentos.

    Nesse sentido, consideramos coerente sinalizar os conhecimentos,

    reas, recursos, habilidades e competncias que ganham enfoque no trabalho

    organizado e desenvolvido pelo professor do AEE:

    Sistema Braille: definio e utilizao de estratgias

    metodolgicas para que o aluno aprenda a fazer uso desse sistema ttil

    de leitura e escrita.

    Autonomia no ambiente escolar: desenvolvimento de

    atividades, que podem contar com o apoio de tecnologias assistivas,

    possibilitando aos alunos que se beneficiem dos bens, servios e

    espaos da escola.

    Uso de recursos pticos e no pticos: ensino da

    funcionalidade e das possibilidades de uso dos recursos pticos e no

    pticos, bem como na definio de estratgias para promover a

    acessibilidade em atividades que envolvem a leitura e a escrita.

    Exemplos de recursos pticos: lupas manuais ou de apoio, lentes

    especficas bifocais, telescpios, dentre outros, que possibilitam a

    ampliao de imagem. Exemplos de recursos no-pticos: iluminao,

    plano inclinado, contrastes, ampliao de caracteres, cadernos de pauta

    ampliada, caneta de escrita grossa, lupa eletrnica, recursos de

    informtica, dentre outros, que favorecem o funcionamento visual.

    Desenvolvimento dos processos mentais: organizao de

    atividades que promovam o desenvolvimento das estruturas cognitivas

    facilitadoras da aprendizagem, contemplando os mais diversos campos

    do conhecimento para a promoo da autonomia e independncia dos

    alunos em diferentes situaes.

  • Orientao e mobilidade: ensino de tcnicas e

    desenvolvimento de aes que primam pela ampliao das

    competncias de orientao e mobilidade, possibilitando a construo

    de conhecimentos sobre os diferentes espaos e ambientes, facilitando

    a locomoo dos alunos.

    Lngua Brasileira de Sinais LIBRAS: ensino da Libras

    com enfoque no desenvolvimento de estratgias pedaggicas para a

    aquisio de suas estruturas gramaticais e aspectos lingusticos.

    Uso da comunicao alternativa e aumentativa CAA:

    realizao de atividades que expandam a comunicao, buscando

    atender s necessidades comunicativas de fala, leitura ou escrita dos

    alunos. Exemplos: cartes de comunicao, pranchas de comunicao

    com smbolos, pranchas alfabticas e de palavras, vocalizadores, o

    computador - quando utilizado como ferramenta de voz e comunicao.

    Enriquecimento curricular: organizao de prticas

    pedaggicas que suplementam o currculo comum, objetivando o

    aprofundamento e a expanso das diversas reas do conhecimento.

    Estas estratgias podem ser concretizadas por meio do

    desenvolvimento de habilidades, da articulao dos servios realizados

    na escola e fora dela e da proposio de projetos de trabalho que

    contemplem remas diversificados.

    Uso do Soroban: definio de estratgias que permitam

    aos alunos o desenvolvimento de habilidades mentais e do raciocnio

    lgico matemtico.

    Usabilidade e funcionalidades da informtica acessvel:

    ensino das funcionalidades e do uso da informtica como recurso de

    acessibilidade informao e comunicao, que promove a autonomia

    do aluno. Exemplos de recursos desse carter: leitores de tela e

    sintetizadores de voz, ponteiras de cabea, teclados alternativos,

    acionadores, softwares para a acessibilidade.

    Lngua Portuguesa na modalidade escrita: desenvolvimento

    de atividades e estratgias de ensino da lngua portuguesa na

    modalidade escrita para alunos surdos (EDUCACENSO, 2011).

  • Tendo em vista a amplitude de aes voltadas ao atendimento das

    necessidades dos alunos com deficincia, transtornos globais do

    desenvolvimento e altas habilidades/superdotao no contexto escolar, o

    professor do AEE precisa gestar sua atuao em parceria com o professor da

    sala comum, com a famlia e demais profissionais j que o trabalho

    desenvolvido transcende o espao da sala de recursos multifuncionais. Dessa

    maneira, precisa estar previsto no Projeto Poltico Pedaggico da escola o

    acompanhamento das aes em sala de aula comum e a interlocuo com

    professores, gestores e famlias, que dizem respeito ao segundo conjunto de

    aes do professor do AEE apontado nesse texto.

    Ao pensarmos a proposta de educao inclusiva entendemos que seus

    objetivos vo alm das estratgias voltadas ao aluno, pois envolvem o contexto

    da escola regular como um todo e seus diferentes atores, imprimindo uma

    mudana de concepes e olhares para a deficincia, para a atuao da

    educao especial e, especialmente, para a participao dos sujeitos com

    deficincia na sala de aula comum. Nesse eixo, o estabelecimento de

    aproximaes e relaes entre professores do AEE, professores da sala

    comum, gestores e famlias se faz fundamental para que as propostas

    pedaggicas sejam reconhecidas, contempladas e apoiadas por todos, visando

    o desenvolvimento dos alunos.

    Cabe ao professor do AEE, ao prever a utilizao de recursos

    pedaggicos e de acessibilidade, acompanhar como se d sua aplicabilidade e

    funcionalidade nos demais espaos da escola, principalmente na sala de aula

    comum, pois o uso de determinadas estratgias pode ser significado e

    entendido de diferentes maneiras pelos demais profissionais que se relacionam

    com os alunos, bem como no atender s necessidades desses. Portanto, a

    orientao e o contato direto so importantes para a avaliao das aes e a

    definio de mudanas e revises necessrias dos planos traados.

    O professor da sala de aula informa e avalia juntamente com o professor do AEE se os servios e recursos do Atendimento esto garantindo participao do aluno nas atividades escolares. Com base nessas informaes, so reformuladas as aes e estabelecidas novas estratgias e recursos, bem como refeito o plano de AEE para o aluno (ROPOLI et al., 2010, p.26).

  • preciso, tambm, que a escola e o professor do AEE olhem para a

    famlia dos alunos atendidos como parceira no desenvolvimento da proposta

    inclusiva, j que ela ter condies de repassar informaes acerca da histria

    de vida dos sujeitos, de suas condies sociais, econmicas, culturais e de

    desenvolvimento e da atuao dos alunos fora da escola. Acreditamos que

    relaes de cooperao entre famlia e escola contribuem para o

    desenvolvimento da aprendizagem dos alunos e potencializam as estratgias

    de ensino.

    Alm disso, as famlias tambm precisam ser orientadas sobre o uso de

    recursos, pois compreendemos que muitos deles precisam ser utilizados fora

    do contexto da escola. Podemos aqui destacar o uso de recursos de

    acessibilidade que contribuem para a orientao, mobilidade e comunicao

    dos alunos, qualificando suas relaes familiares e sociais. Para tanto,

    precisam ser previstos encontros, reunies, visitas, conversas e entrevistas que

    possibilitem a troca de informaes.

    O terceiro conjunto de aes que apontamos, relacionado s atribuies

    do professor do AEE, diz respeito ao estabelecimento de parcerias com outros

    profissionais, servios e instituies que contribuam para o atendimento das

    necessidades do aluno e promovam seu desenvolvimento. Sabemos que

    existem vrios fatores que interferem na efetivao desses contatos,

    principalmente, o tempo disponibilizado ao professor para procurar outros

    profissionais, visitar as instituies e servios, tendo em vista seu envolvimento

    na escola. Mas, consideramos importante que seja previsto no Projeto Poltico

    Pedaggico da escola este tempo, e que o professor do AEE tenha condies

    para buscar essas parcerias, caracterizando a interdisciplinaridade do

    Atendimento Educacional Especializado.

    As diferentes Secretarias de Estado e Municpio (Educao, Sade,

    Assistncia Social, Esportes, Cultura, Planejamento entre outras) e demais

    segmentos sociais, pblicos e privados, podem ter suas aes articuladas s

    da escola promovendo a melhoria das condies pessoais, educacionais e

    sociais dos alunos atendidos no AEE. Muitos dos alunos que ocupam os

    bancos escolares apresentam a necessidade de complementao de servios

    para que os objetivos educacionais sejam atingidos, como por exemplo,

    atendimentos clnicos na rea da sade.

  • Diante do apontamento das inmeras aes que caracterizam a atuao

    dos professores do Atendimento Educacional Especializado na escola comum,

    tornou-se possvel vislumbrar a complexidade das articulaes necessrias em

    termos de gesto, para que se efetivem os objetivos educacionais e sociais da

    incluso. Nesse sentido, pensamos que os documentos elaborados na escola

    criam as condies para materializar a poltica inclusiva, definindo o

    planejamento e a execuo de aes necessrias. Nesse sentido, optamos por

    fazer referncia a dois dos documentos que consideramos imprescindveis

    nessa esteira, sendo eles o Plano de Atendimento Educacional Especializado e

    o Projeto Poltico Pedaggico.

    De acordo com o Art. 9 da Resoluo CNE/CEB N 4/2009 que Institui

    Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na

    Educao Bsica, modalidade Educao Especial:

    A elaborao e a execuo do plano de AEE so de competncia dos professores que atuam na sala de recursos multifuncionais ou centros de AEE, em articulao com os demais professores do ensino regular, com a participao das famlias e em interface com os demais servios setoriais da sade, da assistncia social, entre outros necessrios ao atendimento (BRASIL, 2009a, p.2).

    A partir do exposto no artigo acima, percebe-se que a elaborao do

    plano de AEE contempla as articulaes que se fazem necessrias na escola

    para que sejam atendidas as necessidades especficas dos alunos pblico-

    alvo, tendo em vista a organizao das estratgias pedaggicas e de recursos

    e atividades. Mas, o que deve constar nesse plano? Que descries e

    informaes se fazem pertinentes para sua elaborao e execuo?

    Buscaremos, de maneira simplificada, expor alguns dos aspectos a

    serem contemplados e descritos no plano de AEE com a inteno, no de criar

    um modelo fechado e nico, mas orientar sua elaborao.

    Dados de identificao do aluno: contm as referncias do

    aluno como nome, data de nascimento, filiao, endereo, telefone para

    contato, turma que frequenta na escola, nome do professor, perodo de

    ingresso na escola e alguma outra anotao que se faa significativa.

    Histrico de vida do aluno: apresenta consideraes

    pertinentes sobre a vida do aluno desde seu nascimento at os dias

  • atuais, atravs da realizao de entrevista familiar. Torna-se significativo

    que a partir da conversa com os pais seja possvel reconhecer de que

    maneira esses representam a escola e a vida escolar do aluno, bem

    como suas expectativas com relao ao desenvolvimento e a

    escolarizao do filho com deficincia, transtornos globais do

    desenvolvimento ou altas habilidades/superdotao.

    Motivos do encaminhamento: importante que o professor

    do AEE registre as razes que motivaram o encaminhamento do aluno

    para o Atendimento Educacional Especializado. Para tanto, precisa

    realizar entrevista com o(s) professor (es), gestores da escola e a famlia

    objetivando a obteno de dados a respeito das problemticas

    enfrentadas pelo aluno em situaes de aprendizagem. Alm das

    entrevistas, constituem-se como aes significativas a realizao de

    observaes na sala de aula comum e nos demais espaos da escola

    frequentados pelos alunos, atentando para as interaes do aluno com

    colegas e professores, as relaes com as abordagens pedaggicas

    propostas e para a organizao e gesto da sala de aula pelo professor

    (ROPOLI et al., 2010).

    Avaliao pedaggica na Sala de Recursos Multifuncionais:

    para a definio dos objetivos do plano, uma etapa significativa a

    realizao da avaliao pedaggica pelo professor do AEE. A partir da

    avaliao so identificadas as necessidades especficas e as

    habilidades do aluno, bem como caractersticas do desenvolvimento e

    funcionamento cognitivo, da linguagem, dos estilos e ritmos de

    aprendizagem, do desenvolvimento motor e dos comportamentos e

    atitudes do aluno em situao de aprendizagem escolar. Essas

    informaes, junto s obtidas com os demais profissionais, possibilitaro

    ao professor melhor compreender cada caso e ento definir as

    estratgias de ao necessrias.

    Objetivos do plano de AEE: definem as aes a serem

    empreendidas para o atendimento das necessidades e desenvolvimento

    do aluno, considerando suas habilidades e caractersticas individuais.

    Organizao dos atendimentos: informa o perodo em que

    sero realizados os atendimentos, a frequncia semanal e o tempo de

  • atendimento para cada aluno, se o atendimento ser realizado

    individualmente ou em pequenos grupos, bem como outras informaes

    que se faam necessrias.

    Previso de atividades, recursos e materiais a serem

    desenvolvidos e utilizados nos atendimentos: tendo como referncia os

    objetivos do plano e as caractersticas do aluno, o professor do AEE

    poder estar indicando, previamente, as atividades, recursos e materiais

    que sero utilizados no decorrer dos atendimentos para atender s

    necessidades do aluno e possibilitar seu desenvolvimento. A indicao

    desses aspectos no determina que o plano esteja restrito a eles, sendo

    significativo avali-los, rev-los, ampli-los ou substitu-los sempre que

    necessrio.

    Descrio de parcerias para complementao dos

    atendimentos e aprimoramento de aes: possibilita a previso de

    relaes intersetoriais necessrias para o atendimento do aluno no AEE

    em interface com outras reas do conhecimento e profissionais. Podero

    aqui estar sendo pensadas parcerias no apenas para o atendimento do

    aluno, mas tambm para a organizao, produo e desenvolvimento de

    recursos e materiais.

    Definio de orientaes a outros profissionais da escola e

    famlia: importante que o professor do AEE trace um plano de trabalho

    para a realizao de encontros, conversas, entrevistas e, especialmente,

    orientaes aos profissionais da escola e de fora dela, envolvidos com o

    aluno, bem como sua famlia.

    Avaliao do plano de AEE e resultados obtidos: a

    avaliao do plano deve ser permanente e concomitante a sua

    execuo. O professor do AEE precisa definir tambm uma forma de

    registro dessa avaliao, descrevendo as aes, recursos e servios

    utilizados no AEE, na sala de aula comum e nos demais ambientes da

    escola e da famlia. Alm disso, No registro, devero constar as

    mudanas observadas em relao ao aluno no contexto escolar: o que

    contribuiu para as mudanas constatadas; repercusses das aes do

    plano de AEE no desempenho escolar do aluno (ROPOLI et al., 2010,

    p.48).

  • Reestruturao do plano: considerando que a avaliao do

    plano ocorre durante toda a sua efetivao, torna-se fundamental que

    sejam registradas as reestruturaes que se fizeram ou faro

    necessrias para o atendimento das caractersticas dos alunos. Essa

    ao poder ser realizada durante o processo de desenvolvimento do

    plano, ou ao final dele, quando se passa a pensar sobre as aes que

    sero propostas posteriormente.

    Conforme j havamos sinalizado anteriormente, o que apresentamos

    aqui no se constitui como uma forma nica de pensar e elaborar o plano de

    Atendimento Educacional Especializado, pois cada professor e escola tero

    condies de definir quais aspectos devem ser aqui includos ou ampliados,

    tendo em vista suas realidades.

    Apresentadas as consideraes acerca do plano de AEE, perguntamo-

    nos sobre sua previso no espao da escola. Assim, como as demais aes

    que caracterizam a implementao do AEE, o plano precisa ser contemplado

    no Projeto Poltico Pedaggico da escola, que define a estrutura e organizao

    escolar, traando objetivos e metas a serem executados por todos aqueles que

    circulam nesse espao, isto , toda a comunidade escolar.

    Em conformidade com a Resoluo CNE/CEB N 4/2009, art. 10, o

    Projeto Poltico Pedaggico - PPP da escola de ensino regular deve

    institucionalizar a oferta do AEE, prevendo na sua organizao:

    I - Sala de recursos multifuncionais: espao fsico, mobilirios, materiais didticos, recursos pedaggicos e de acessibilidade e equipamentos especficos; II - Matrcula no AEE de alunos matriculados no ensino regular da prpria escola ou de outra escola; III - Cronograma de atendimento aos alunos; IV - Plano do AEE: identificao das necessidades educacionais especficas dos alunos, definio dos recursos necessrios e das atividades a serem desenvolvidas; V - Professores para o exerccio do AEE; VI - Outros profissionais da educao: tradutor intrprete de Lngua Brasileira de Sinais, guia-intrprete e outros que atuem no apoio, principalmente s atividades de alimentao, higiene e locomoo; VII - Redes de apoio no mbito da atuao profissional, da formao, do desenvolvimento da pesquisa, do acesso a recursos, servios e equipamentos, entre outros que maximizem o AEE (BRASIL, 2009a, p.2).

  • Entendemos que cabe escola, na elaborao do PPP, delinear a

    organizao e institucionalizao do AEE, atentando para a necessidade de

    abertura da sala de recursos multifuncionais, a realizao da matrcula dos

    alunos com deficincia, transtornos globais do desenvolvimento e altas

    habilidades/superdotao no AEE, a disponibilizao das informaes sobre

    como sero organizados os atendimentos, a exigncia de elaborao do plano

    de AEE para que todos os envolvidos com o aluno tenham conhecimento do

    que est sendo trabalhado, a atuao de professor qualificado para o AEE e

    outras reas, a formao dos professores para a educao inclusiva, bem

    como garantir condies para o estabelecimento de parcerias que contribuam

    para o desenvolvimento do AEE.

    Torna-se importante esclarecer que nas situaes j apontadas, em que

    no h na escola a sala de recursos multifuncionais, o PPP precisa prever o

    atendimento dos alunos no AEE em outra escola, que seja prxima, ou em

    Centros de Atendimento Educacional Especializado, sempre no contraturno do

    horrio em que o aluno frequenta a sala comum, realizando o

    acompanhamento das aes.

    Diante do exposto, percebe-se o quanto a elaborao do PPP constitui-

    se como fundamental para a garantia das aes que se fazem necessrias

    implementao e funcionamento do AEE na escola, pois preciso que a

    comunidade escolar, de maneira conjunta, possa pensar a respeito das

    diferentes interfaces envolvidas com a proposta de educao inclusiva adotada

    pelo pas. O Projeto Poltico Pedaggico o instrumento por excelncia para

    melhor desenvolver o plano de trabalho eleito e definido por um coletivo

    escolar; ele reflete a singularidade do grupo que o produziu, suas escolhas e

    especificidades (ROPOLI et al., 2010, p.10).

    Da mesma maneira que nos posicionamos em relao ao plano de AEE,

    gostaramos nesse momento de sinalizar alguns aspectos que consideramos

    importantes para se pensar o PPP da escola, dessa forma optamos por

    apresentar as consideraes presentes na Nota Tcnica SEESP/GAB N

    11/2010 que trata das Orientaes para a institucionalizao da Oferta do

    Atendimento Educacional Especializado AEE em Salas de Recursos

    Multifuncionais, implantadas nas escolas regulares, intencionando no definir

    esta organizao como nica, mas como uma possibilidade para se pensar a

  • elaborao do PPP das escolas. De acordo com a Nota Tcnica, compem o

    PPP os seguintes dados e referncias:

    1. Informaes Institucionais 1.1 Dados cadastrais da escola 1.2 Objetivos e finalidades da escola 1.3 Ato normativo de autorizao de funcionamento da escola 1.4 Cdigo do Censo Escolar/INEP 2. Diagnstico local Dados gerais da comunidade onde a escola se insere. Com relao aos alunos matriculados no AEE, descrever sobre esse grupo populacional na comunidade. 3. Fundamentao legal, poltico e pedaggica Referenciais atualizados da poltica educacional, da legislao do ensino e da concepo pedaggica que embasam a organizao do PPP da escola. Com relao ao AEE, indicar os referenciais da educao especial na perspectiva da educao inclusiva que fundamentam sua organizao e oferta. 4. Gesto 4.1 Existncia de cargos de direo, coordenao pedaggica, conselhos deliberativos; forma de escolha dos gestores e representantes dos conselhos; 4.2 Corpo docente e respectiva formao: nmero geral de docentes da escola; o nmero de professores que exercem a funo docente; a formao inicial dos professores para o exerccio da docncia (normal de nvel mdio, licenciatura); a carga horria e o vnculo de trabalho dos professores (servidor pblico, contrato de trabalho, cedncia, outro); Com relao ao(s) docente(s) do AEE, informar o nmero de professores, carga horria, formao especfica (aperfeioamento, graduao, ps-graduao), competncias do professor e interface com o ensino regular; 4.3. Profissionais da escola no docentes: nmero geral de profissionais que no exerce a funo docente; formao desses profissionais; carga horria e vnculo de trabalho; funo exercida na escola (administrativa, educacional, alimentao, limpeza, apoio ao aluno, tradutor intrprete, guia intrprete, outras). 5. Matrculas na Escola Identificao das matrculas gerais da escola, por etapas e modalidades, sries/anos, nveis ou ciclos; dos participantes em programas e aes educacionais complementares e outras. Com relao aos alunos pblico alvo da educao especial, alm das matrculas em classes comuns do ensino regular informar as matrculas no AEE realizado na sala de recursos multifuncionais (Anexos I e II). A escola que no tiver sala de recursos multifuncionais dever constar, no Projeto Poltico Pedaggico, a informao sobre a oferta do AEE em sala de recursos de outra escola pblica ou em centro de AEE. 6. Organizao da Prtica Pedaggica da Escola 6.1. Organizao curricular, programas e projetos desenvolvidos na escola: descrio de objetivos, carga horria, espaos, atividades, materiais didticos e pedaggicos, entre outros integrantes da proposta curricular da escola para a formao dos alunos. 6.2. Avaliao do ensino e da aprendizagem na escola: descrio da concepo, instrumentos e registro dos processos avaliativos dos alunos e estratgias de acompanhamento do processo de escolarizao;

  • 6.3 Formao continuada no mbito da escola e/ou do sistema de ensino: descrio da formao na escola (organizao, parcerias e outros); participao em cursos de formao continuada (extenso, aperfeioamento ou ps-graduao), carga horria, modalidade (presencial ou distncia), nmero de professores/cursistas da escola. 6.4 Com relao aos alunos pblico alvo da educao especial, informar a organizao da prtica pedaggica do AEE na sala de recursos multifuncionais: a) Atividades e recursos pedaggicos e de acessibilidade, prestados de forma complementar a formao dos alunos pblico alvo da educao especial, matriculados no ensino regular; b) Articulao e interface entre os professores das salas de recursos multifuncionais e os demais professores das classes comuns de ensino regular; c) Plano de AEE: identificao das habilidades e necessidades educacionais especficas do aluno; planejamento das atividades a serem realizada avaliao do desenvolvimento e acompanhamento dos alunos; oferta de forma individual ou em pequenos grupos; periodicidade e carga horria; e outras informaes da organizao do atendimento conforme as necessidades de cada aluno; d) Existncia de espao fsico adequado para a sala de recursos multifuncionais; de mobilirios, equipamentos, materiais didtico-pedaggicos e outros recursos especficos para o AEE, atendendo as condies de acessibilidade; 7. Infra-estrutura da escola: Descrio do espao fsico: existncia e nmero de salas de aula, sala de professores, sala de informtica, sala multimeio, salas de recursos multifuncionais e outras; de laboratrio de informtica, de cincias e outros; de biblioteca; de refeitrio; de ginsio, quadra de esportes e outras instalaes desportivas; de sanitrios feminino e masculino, para alunos e professores/profissionais, para pessoas com deficincia ou com mobilidade reduzida; de mobilirios; de equipamentos; e demais recursos. 8. Condies de acessibilidade na escola: Descrio das condies de acessibilidade da escola: arquitetnica (banheiros e vias de acesso, sinalizao tctil, sonora e visual); pedaggica (livros e textos em formatos acessveis e outros recursos de TA disponibilizados na escola); nas comunicaes e informaes (tradutor/intrprete de Libras, guia intrprete e outros recursos e servios); nos mobilirios (classe escolar acessvel, cadeira de rodas e outros); e. no transporte escolar (veculo rebaixado para acesso aos usurios de cadeira de rodas, de muletas, andadores e outros) (BRASIL, 2010a, p.5-7).

    O que expomos a respeito do PPP ser um documento cuja elaborao

    precisa ser pensada em conjunto, por toda a comunidade escolar,

    compreendido ao se analisar a amplitude de aspectos que permeiam a

    definio dos objetivos e metas da escola. Para que se possam traar ideias

    acerca das aes escolares em determinada comunidade, fundamental que

    primeiramente a conheamos e analisemos suas necessidades, j que a escola

    entendida como um mecanismo para a promoo de mudanas sociais.

  • Embora a escola no seja independente de seu sistema de ensino, ela pode se articular e interagir com autonomia como parte desse sistema que a sustenta, tomando decises prprias relativas s particularidades de seu estabelecimento de ensino e da sua comunidade (ROPOLI et al., 2010, p.13).

    Nesse sentido, a escola tem condies para prever as aes e

    articulaes indispensveis para atender s necessidades de sua clientela,

    considerando as especificidades dos alunos que frequentaro o AEE em

    consonncia com as demais propostas da escola.

    CONCLUSO

    As discusses empreendidas nesse texto constituram-se a partir de

    articulaes que se tornaram possveis para ns no decorrer das leituras dos

    documentos que tratam, de maneira mais especfica, da operacionalizao do

    Atendimento Educacional Especializado em nosso pas.

    Intencionamos olhar para as normativas legais e polticas, buscando

    compreender de que forma o Governo tem pensado aes e estratgias que

    criam as condies para a oferta do AEE nas escolas e Centros de

    Atendimento Educacional Especializado, articulando aes com diferentes

    setores da prpria instituio escolar, assim como de outros rgos.

    Entendemos que o Atendimento Educacional Especializado um servio

    prestado pela Educao Especial e gestado pelo Governo como possibilidade

    de garantia do atendimento das necessidades de aprendizagem dos alunos

    com deficincia, transtornos globais do desenvolvimento e altas

    habilidades/superdotao includos na escola comum. Para tanto, as aes do

    AEE devem estar articuladas com a totalidade da escola, envolvendo seus

    diferentes atores.

    [...] observa-se o destaque quanto potencialidade do atendimento em sala de recursos como um suporte que tende a contribuir para a permanncia do aluno no ensino comum, assim como ocorre o destaque acerca da necessidade de investimentos na qualificao desses espaos, principalmente no que se refere s possveis articulaes entre as aes do educador especializado e aquelas do professor de sala aula comum (BAPTISTA, 2011, p.66).

  • Tendo em vista estes aspectos, tornou-se fundamental que no decorrer

    do texto apontssemos as atribuies das escolas, gestores das secretarias e,

    especialmente, do professor do AEE para que o trabalho articulado dos

    diferentes setores crie as condies para a implementao do Atendimento

    Educacional Especializado. Compreendendo que sua oferta no se constitui

    como substitutiva s aes desempenhadas no espao da sala comum, bem

    como no configuram reforo escolar.

    Ao sinalizarmos a importncia de determinadas questes para a

    funcionalidade do AEE no contexto escolar, no buscamos definir formas

    nicas de organizao e gesto da incluso e do atendimento especializado na

    escola, mas dar possibilidades para que os leitores desse artigo possam em

    conjunto com seus colegas e escolas pensarem nas aes que se fazem

    necessrias e coerentes s suas realidades.

    REFERNCIAS

    BAPTISTA, Claudio Roberto. Ao Pedaggica e Educao Especial: a sala de recursos como prioridade na oferta de servios especializados. Rev. Bras. Ed. Esp., Marlia, v.17, p.59-76, Maio-Ago. 2011. BRASIL. Constituio da Repblica Federativa do Brasil. Braslia: Imprensa Oficial, 1988.

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  • Facultativo, assinados em Nova Iorque, em 30 de maro de 2007. Braslia: MEC, 2008. ______. Decreto N 6.571, de 17 de setembro de 2008. Dispe sobre o atendimento educacional especializado, regulamenta o pargrafo nico do art. 60 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e acrescenta dispositivo ao Decreto no 6.253, de 13 de novembro de 2007. Braslia: MEC, 2008a. ______. Poltica Nacional de Educao Especial na perspectiva da Educao Inclusiva. Braslia: MEC/SEESP, 2008b. ______. Decreto N 6.949, de 25 de agosto de 2009. Promulga a Conveno sobre os Direitos das Pessoas com Deficincia e de seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova Iorque, em 30 de maro de 2007. Braslia: MEC, 2009. ______. Resoluo CNE/CEB n.4/2009. Institui Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educao Bsica, modalidade Educao Especial. Braslia: MEC/CNE/CEB, 2009a. ______. Nota Tcnica SEESP/GAB/N9/2010. Orientaes para a organizao de Centros de Atendimento Educacional Especializado. Braslia: MEC/SEESP/GAB, 2010.

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