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Castelo Branco Científica - Ano II - Nº 03 - janeiro/junho de 2013 - www.castelobrancocientifica.com.br 1 Faculdade Castelo Branco ISSN 2316-4255 AFETIVIDADE NA ESCOLA: UM ELEMENTO IMPORTANTE QUE DEVE SER REPENSADO NA EDUCAÇÃO INFANTIL RITA DE CASSIA MARQUEZINI 1 RESUMO Como a afetividade deve ser repensada na educação infantil? Como é vista a afetividade pelo olhar do educador? Como é o olhar dos pais? O que pode ser feito para melhorar? Quem é o sujeito e o objeto a serem estudados nessa questão? Wallon, entre outros teóricos, ajuda a questionar sobre a importância da afetividade, sobre como ela deve ser trabalhada na Edu- cação Infantil, e também dialoga sobre o desenvolvimento que a criança tem a partir das transformações que ocorrem no seu cotidiano, revelando traços importantes de caráter e personalidade, contribuindo para a prática docente. PALAVRAS–CHAVE: Afetividade. Repensada. Olhar. 1 Graduanda em Pedagogia da Faculdade Castelo Branco.

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AFETIVIDADE NA ESCOLA: UM ELEMENTOIMPORTANTE QUE DEVE SER REPENSADO NA

EDUCAÇÃO INFANTIL

RITA DE CASSIA MARQUEZINI1

RESUMO

Como a afetividade deve ser repensada na educação infantil? Como é vista a afetividade pelo olhar do educador? Como é o olhar dos pais? O que pode ser feito para melhorar? Quem é o sujeito e o objeto a serem estudados nessa questão? Wallon, entre outros teóricos, ajuda a questionar sobre a importância da afetividade, sobre como ela deve ser trabalhada na Edu-cação Infantil, e também dialoga sobre o desenvolvimento que a criança tem a partir das transformações que ocorrem no seu cotidiano, revelando traços importantes de caráter e personalidade, contribuindo para a prática docente.

PALAVRAS–CHAVE: Afetividade. Repensada. Olhar.

1 Graduanda em Pedagogia da Faculdade Castelo Branco.

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INTRODUÇÃO

A afetividade deve ser pensada e repensada, ser vista com um olhar mais crítico e objetivo, oportunizando “caminhos” mais fáceis de serem tra-balhados, sendo assim um elemento desencadeador e importante para a formação crítica e social de toda pessoa. Em se tratando de crianças na primeira etapa do ensino, que é a Educação Infantil, é mais relevante ainda. A educação contemporânea está cada vez mais atribulada e com muitas dificuldades de saber o que deve ser feito na escola, qual é o papel do edu-cador e qual é o papel dos pais diante dessa temática.O olhar sobre a afetividade na Educação Infantil vem à tona, atualmente, pela questão dos valores, que pouco a pouco estão sendo perdidos com a correria das famílias, que estão sempre em busca do conforto e de uma vida mais digna, mas, às vezes, estão deixando de lado os valores princi-pais e primordiais dentro de casa que são o afeto, o carinho e o amor. Com isso, pouco a pouco, o afeto está cada vez mais raro, e o que vemos nas escolas são crianças querendo atenção, às vezes de uma maneira diferente que acabam prejudicando o outro, mas talvez seja a única forma que estão encontrando para receber a atenção e o “afeto” que tanto desejam.Entretanto, a criança é estudada desde o princípio, sendo o sujeito central de suas ações, é ela juntamente com sua família que estabelece laços de afetividade, de amor e compreensão.Com tais estudos e pesquisas que envolvam a afetividade, a moral e os valores, queremos destacar nesse artigo como a educação está sendo veiculada em nosso país. Se conseguíssemos observar cada escola de nosso país, veríamos como está a relação professor e aluno, a família, a comunidade e principalmente a escola.Muitas vezes, nós pensamos a afetividade apenas como um carinho que deve ser dado ao aluno, sim é também, mas o seu significado vai muito além do que nós conseguimos enxergar.

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O termo afetividade refere-se a um conjunto de estados afetivos, sentimentos, emoções, e paixões de um indivíduo. Constitui a base da vida psíquica, por meio da qual se edificam as relações humanas, assim como todos os vínculos que unem o indivíduo a seu meio (MONTOYA et al, 2007, p. 25).

Na primeira etapa da educação, a criança necessita de uma atenção ainda maior, pois irá começar uma nova etapa de sua vida em que aprenderá a ser autônoma, a ser social, a aprender as regras e as normas através de brincadeiras e de músicas.Assim, a afetividade é fundamental para o aprendizado de uma criança, e está diretamente ligada às sensações internas e morais, possibilitando um maior enriquecimento na relação professor e aluno, este identificando-se com a sociedade na sua própria construção como pessoa.

São muitas as relações que se podem estabelecer entre escola e edu-cação moral. Essas relações dependem de o que entendemos por moral e de como vemos as possibilidades de uma educação nela arraigada. Podemos considerar a moral como um sistema de regras, normas ou princípios que definem o que é bom ou mau, certo ou errado numa cultura. [...] considerar como moral os sentimentos que temos por outras pessoas em determinadas situações, por exemplo, sentimentos de compaixão, de solidariedade, de piedade, de altruís-mo (MONTOYA et al, 2007, p. 45).

A presente pesquisa mostra que através da afetividade a criança, na edu-cação infantil, começa a revelar suas primeiras transformações sociais, cognitivas e morais, identificando-se como sujeito desse processo, que é construído a partir das experiências vividas em seu cotidiano. Assim, essa temática é como um colaborador, sendo de grande importância no processo educativo da criança.

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AFETIVIDADE: OLHARES NA EDUCAÇÃO INFANTIL

A afetividade na educação infantil é muito importante para o pleno desen-volvimento da criança, assim ela deve ser vista com olhar crítico e objeti-vo, baseando-se numa educação de valores, estabelecendo uma relação de reciprocidade entre escola, família e a própria criança.

A descentração afetiva é, pois, correlativa da descentração cogniti-va, não porque uma domine a outra, mas porque ambas se produ-zem em função do mesmo processo. Ao mesmo tempo que a criança apresenta condições (intelectuais) de centrar a atenção em um obje-to fora dela mesma, distinguindo o eu-mundo, ela adquire condições (afetivas) de amar este objeto exterior (GOULART, 1983, p. 57).

A partir de uma educação construída com respeito, compreensão, auto-nomia e afeto, a criança torna-se o sujeito e não apenas um objeto a ser estudado. Ela começa a fazer parte da sociedade, relacionando-se com a comunidade, com a escola, interagindo com outras crianças, havendo as-sim o aprendizado mútuo.No olhar do educador a criança precisa da afetividade para desenvolver-se na oralidade, na formação de valores, no raciocínio e no seu cognitivo. A partir desses fundamentos, a criança possibilita ser o sujeito que desen-volve uma série de dúvidas sobre o comportamento. Algumas são mais “carentes” e assim desenvolvem o seu senso afetivo mais apurado, promo-vendo a interação com as outras crianças, e já outras são mais “afastadas” não se deixando envolver e adquirir o espírito afetivo, por motivos que geralmente vivem no cotidiano de suas casas.

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Segundo Iris Barbosa Goulart2 (1983), em sua obra que destaca os funda-mentos da teoria Piagetiana:

A obra de Piaget nos ajuda a compreender a sequência de desen-volvimento do modelo de mundo que uma criança vai construindo ao longo de cada período de sua vida; nos ajuda também a com-preender os “erros” cometidos pelas crianças, percebendo-os como resultados de uma maneira particular de interpretar a realidade, a partir do mundo que se tem. É esse modelo particular de mundo da criança e não do professor que se tem de levar em conta quando se realiza o ensino. Além disso, a construção de novos modelos, mais evoluídos, só é possível graças à atividade do próprio aluno, que é agente de seu desenvolvimento (GOULART, 1983, p. 16).

2 Graduada em psicologia e pedagogia; Especialista em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas – FGV; Mestra em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG e Doutora em Psicologia pela Pontifícia Uni-versidade Católica de São Paulo – PUCSP. Atualmente é Professora do curso de Mestrado Profissional em Administração da FEAD, em Belo Horizonte. É organi-zadora e autora de diversos livros, entre os quais Psicologia do trabalho e gestão de recursos humanos: estudos contemporâneos, organizado juntamente com Jader dos Reis Sampaio e publicado em 1998; e Psicologia Organizacional e do traba-lho: teoria, pesquisa e temas correlatos, publicado em 2002; Temas de Psicologia e Administração, publicado em 2006. Além destes, tem quatro livros publicados sobre a teoria de Jean Piaget.

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Só é possível haver uma interação, quando há mais de duas pessoas, assim é o ensino, não há ensino sem alunos, sem pessoas para aprender e poder compartilhar suas vivências ou seu conhecimento de mundo. A afetividade deveria ter esse olhar dentro da sala de aula, é claro que não podemos ser me-ros “amigos” e sim educadores, devemos ter muito cuidado com esta questão de aproximação e propor limites, para que tenhamos o devido respeito.Na Educação Infantil essa educação deve ser repassada para estes alunos na maneira mais lúdica e dinâmica possível, pois alguns ainda não detêm a linguagem e ainda não estão com coordenação motora apurada, assim a afetividade é trabalhada pelos professores com muita dedicação, utilizando músicas, brincadeiras, jogos, e o próprio corpo do aluno para auxiliar no entendimento da atividade.

WALLON E SEUS ESTUDOS SOBRE AFETIVIDADE

Com os estudos e pesquisas relacionados à afetividade não se poderia dei-xar de citar Henri Wallon, um dos maiores estudiosos na área, que levantou hipóteses e dedicou-se a conhecer a infância e a levar as emoções para dentro da sala de aula.

Na psicogenética de Henri Wallon, a dimensão afetiva ocupa lugar central, tanto do ponto de vista da construção da pessoa quanto do conhecimento. Ambos se iniciam num período que ele denomina impulsivo-emocional e se estende ao longo do primeiro ano de vida. Neste momento a afetividade reduz-se praticamente às manifestações fisiológicas da emoção, que constitui, portanto, o ponto de partida do psiquismo (LA TAILLE; OLIVEIRA; DANTAS, 1992, p. 85).

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Dentre alguns estudos que estão diretamente ligados à teoria de desenvolvi-mento de Henri Wallon, destaca-se Abigail Alvarenga Mahoney3 que com-pleta sua pesquisa nos fazendo um convite a conhecer um pouco da vida dele.Mahoney (2008) aborda em suas pesquisas que Henri Wallon nasceu e viveu na França entre 1879 e 1962, e que durante esse período o mundo foi abalado pelas duas guerras mundiais. Sendo assim, Wallon teve parti-cipações importantíssimas nas duas guerras, sendo que na primeira parti-cipou como médico e na segunda do movimento da Resistência contra os invasores nazistas. Com isso, a crença de Wallon só crescia, começou a ter olhares na educação, que consequentemente era “carente”, revelando ideais como a necessidade de a escola assumir valores de solidariedade, de justiça social, de antirracismo para a reconstrução de uma sociedade mais justa e democrática. “Sua trajetória acadêmica revelou sólida formação em filosofia, medicina, psiquiatria, áreas que configuraram seu interesse em psicologia” (MAHONEY et al, 2008, p. 10).Wallon apresenta a teoria da sequência de estágios que aponta para duas ordens de fatores: os orgânicos e os sociais, que irão constituir as condições em que as atividades de cada estágio aparecem (MAHONEY et al, 2008).

3 Professora titular do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Educação da PUC-SP; Coordenadora do Grupo de Estudos “Henri Wallon: Psicólogo e Educador”.

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[...] Será no mergulho do organismo em dada cultura, em determi-nada época, que se desenvolverão as características de cada estágio. A interação entre esses fatores define as possibilidades e os limites dessas características [...] Cada configuração cria novas possibilida-des, novos recursos motores, afetivos, cognitivos que se revelam em atividades que, ao mesmo tempo que convivem com as atividades adquiridas anteriormente, preparam a mudança para o estágio se-guinte (MAHONEY et al, 2008, p. 12).

As teorias que Wallon apresenta para entender melhor o desenvolvimen-to da criança são os estágios que estão classificados em Impulsivo Emo-cional, Sensório-Motor e Projetivo, Personalismo, Categorial, Puberdade e Adolescência. Na primeira fase do Estágio Impulsivo Emocional (im-pulsiva que é de 0 a 3 meses) predomina a exploração do próprio corpo, com movimentos desajeitados, e já na segunda fase (emocional que é de 3 a 12 meses), consegue reconhecer as emoções e a diferenciá-las como o medo, a alegria, a raiva e outras. No Sensório-Motor e Projetivo (1 a 3 anos), a criança começa a desenvolver a exploração concreta do espaço físico, conseguindo agarrar, sentar, apontar, e é auxiliada pela fala que é acompanhada por gestos. No Personalismo (3 a 6 anos) exploração de si mesmo, descobre que é diferente dos outros seres, começa a usar as ex-pressões eu, meu, não muitas vezes. No Categorial (6 a 11 anos) já entende a diferença entre o eu e o outro, dá condições estáveis para a exploração mental do mundo físico mediante atividades em grupos. Na Puberdade e Adolescência (11 anos em diante), a criança consegue explorar a si mesmo, com questionamentos, atitudes autônomas e ao mesmo tempo apóia-se no outro, contrapondo-se aos valores tal como são interpretados pelos adultos com os quais se relaciona (MAHONEY et al, 2008).Com essas teorias, Wallon quer nos orientar a conhecer melhor as crian-ças, propiciar espaços mais adequados, entender suas dificuldades e que

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cada fase de sua vida tem um momento de descoberta, cada uma ajuda a progredir para a próxima. Entender quais são as atividades que melhor se adequam a cada estágio/fase.Portanto, é através da história, dos momentos que o nosso mundo viveu que a educação é cada dia mais “modelada”, a cada momento histórico e a cada prática realizada em nossas escolas, a educação vai sendo transfor-mada. Por isso, não podemos deixar nossas práticas somente na teoria, pois elas acabam tornando-se “velhas” e “antigas”.Assim, Mahoney (2008) afirma que essa teoria é indispensável para a cons-trução do conhecimento do professor, pois possibilita que o profissional analise todas as teorias de Wallon e as evidencie como um facilitador para entender a totalidade do indivíduo.

A outra razão é o interesse profundo de Wallon pela educação, como um dos campos que pode se enriquecer com os conhecimentos ge-rados pela psicologia e, ao mesmo tempo, fornecer conhecimentos que podem ser incorporados pela psicologia, a qual, por sua vez, deve também manter estreitas relações com os conhecimentos pro-duzidos pela biologia e pela sociologia. Ao incorporar esses conhe-cimentos à formação de professores, o autor sugere posturas mais abrangentes por incluir em suas decisões não só as considerações relativas ao aspecto cognitivo, mas também seu impacto sobre o motor e o afetivo (MAHONEY et al, 2008, p. 10).

Enriquecimento de valores, moral, conhecer o seu público alvo, são alguns conhecimentos que propiciam um maior entendimento ao professor, e as-sim possibilita a levá-los em prática e realizá-los dentro da sala de aula com os alunos. O professor deve desencadear algumas questões que con-sidera necessárias e que propiciam um maior desempenho dos alunos em

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sala de aula, propor aulas mais dinâmicas que estabelecem vínculos com a realidade deles, trabalhar com brincadeiras cantadas que possibilitem tanto a coordenação motora, o cognitivo e principalmente o afetivo, que irão reforçar ainda mais a amizade e a interação dos alunos na escola.Contudo, Wallon acredita que a afetividade deve ter olhares mais abran-gentes na educação, na família, na sociedade em geral e na comunidade onde a escola está inserida. Essa parceria deve existir sempre, para man-ter um ambiente acolhedor e propiciar um aprendizado acondicionado de amor, afeto, compreensão e muito carinho, para tornar os sujeitos dessa pesquisa verdadeiros cidadãos, mostrando que a primeira etapa da educa-ção é a que revela os primeiros caminhos para uma vida saudável.

MÚSICAS/BRINCADEIRAS/AFETIVIDADE

Lição do amigo

Olha meu amigo, eu vou te ensinarA fazer amizade, é muito gostoso,

Você vai gostar!Ponha o braço pra frente

Estenda as mãosAperte bem firme

Agora você é meu amigãoOlha meu amigo, eu vou te ensinarA dar um sorriso, é muito gostoso,

Você vai gostar!

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Ponha um dedo no rostoEstique pra trás

Agora abra a bocaÉ muito bonito, assim que se faz

Olha meu amigo, eu vou te ensinarA dar um abraço, é muito gostoso,

Você vai gostar!Abra bem os seus braços

Igualzinho um aviãoAperte bem firme

Pra que seu amigo não fuja mais nãoOlha meu amigo, eu vou te ensinarA dar um beijinho, é muito gostoso,

Você vai gostar!Prepare sua bocaFazendo biquinho

Encoste no rosto do seu companheirinhoCom muito carinho.

(Letra e composição Maycon Leal)

O Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (RCNEI) é um do-cumento que auxilia o professor e toda a equipe gestora da escola a traba-lhar os eixos temáticos da melhor maneira possível com as crianças. Nele há todos os eixos a serem trabalhados na Educação Infantil, bem como seus objetivos e conteúdos.

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Pesquisadores e estudiosos vêm traçando paralelos entre o desenvol-vimento infantil e o exercício da expressão musical, resultando em propostas que respeitam o modo de perceber, sentir e pensar, em cada fase, e contribuindo para que a construção do conhecimento dessa linguagem ocorra de modo significativo. O trabalho com Música pro-posto por este documento fundamenta-se nesses estudos, de modo a garantir à criança a possibilidade de vivenciar e refletir sobre questões musicais, num exercício sensível e expressivo que também oferece condições para o desenvolvimento de habilidades, de formulação de hipóteses e de elaboração de conceitos (RCNEI, 1998, p. 48).

A Educação Infantil possui seis Eixos Temáticos que são o Movimento, a Música, Artes Visuais, Linguagem Oral e Escrita, Natureza e Sociedade e Matemática. É através desses eixos que podemos trabalhar a afetividade com as crianças.Com a música já mencionada, o professor da Educação Infantil pode tra-balhar os eixos temáticos Música, Movimento e Linguagem Oral e Escrita, desenvolver a afetividade, os valores morais, o cognitivo e a coordenação motora. Pode utilizar o próprio corpo da criança como objeto e o amigo para poder fazer a brincadeira cantada. É muito importante desenvolver brincadeiras que estabelecem vínculos de amizade e compreensão, per-mitindo que elas mantenham contato, conhecendo e explorando o próprio corpo através da música. A afetividade na Educação Infantil é mais um desafio a ser ultrapassado, essa etapa da educação requer muito cuidado, disponibilidade, criativida-de, compreensão, carinho, atenção e afeto. As dinâmicas mais utilizadas na educação infantil são as músicas e as brincadeiras que levam as crianças a interagirem umas com as outras, possibilitando um maior aprendizado.

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A afetividade, nesta perspectiva, não é apenas uma das dimensões da pessoa: ela é também uma fase do desenvolvimento, a mais ar-caica. O ser humano foi, logo que saiu da vida puramente orgânica, um ser afetivo. Da afetividade diferenciou-se, lentamente, a vida racional. Portanto, no início da vida, afetividade e inteligência es-tão sincreticamente misturadas, com o predomínio da primeira (LA TAILLE; OLIVEIRA; DANTAS, 1992, p. 90).

Na sala de aula, a relação de afetividade é um dos princípios fundamentais para se ter um bom desempenho, pois está presente no processo de apren-dizagem da criança, no qual professor e aluno devem estar em constante interação. O professor deve manter essa relação com as crianças através de abraços, elogios, brincadeiras e músicas que facilitam o contato corporal e afetivo uns com os outros.A afetividade é um estado psicológico que pode ser trabalhado desde cedo na criança, pois ajuda a desenvolver o seu senso cognitivo, seus sentimen-tos, desejos, interesses, tendências, valores, emoções e outros, que são tão essenciais para que a criança desenvolva-se socialmente. [...] O sorriso infantil, reforçado pelo sorriso do parceiro, torna-se instrumento de troca ou contágio e, logo, de diferenciação das pessoas e coisas (GOULART, 1983, p. 56).Iris Barbosa Goulart (1983) traz à tona um dos comportamentos da crian-ça, que pode ser trabalhado no eixo Movimento que a acompanha desde o nascimento, aproveita-se esse eixo para desafiar os seus limites, a desen-volver o equilíbrio e assim expressar suas emoções, seus desejos e suas satisfações, propiciando espaços mais lúdicos, dinâmicos e de interação, para que ela possa brincar, dançar, conhecer e descobrir-se, propiciando a exploração de suas ações e de seus possíveis reflexos.

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[...] Através da linguagem no brinquedo e outras atividades, desde a fase pré-escolar elas exercitam a defesa dos seus direitos e vão aos poucos aprendendo a argumentar para defender seus pontos de vista (GOULART, 1983, p. 65).

O professor deve desenvolver brincadeiras utilizando a imaginação e a criatividade das crianças, como o faz de conta, levando alguns objetos para a escola, para que eles construam sua própria brincadeira ou brinquedo.Trabalhar a afetividade na Educação Infantil requer muito trabalho e dis-posição, este assunto é muito complexo e pode ser trabalhado de diversas maneiras, através de músicas, brincadeiras, jogos, com movimento, que fazem a criança sentir-se pertencente a um mundo que ela está descobrin-do. O professor deve estabelecer essa relação com a criança com muita seriedade, indicando os melhores caminhos que elas devem seguir para se tornarem verdadeiros cidadãos.

OLHAR CINEMATOGRÁFICO NA AFETIVIDADE

Matilda é um filme de comédia, produzido nos Estados Unidos da América (EUA) no ano de 1996. É dirigido por Danny DeVito (Harry Wormwood), que faz o papel de pai da Matilda, e estrelado por Mara Wilson e pela Em-beth Davidtz, que interpreta a professora Jenny Honey. Esse filme conta a história de uma criança que não recebe nenhum tipo de afeto dentro de casa, desde que nasceu não recebeu nenhum carinho e nenhuma atenção. Matilda é uma menina esperta, com apenas quatro anos já sabia ler, sempre autônoma, vai até à biblioteca pública e pega livros em-prestados para poder ler. Os pais nunca perceberam essa “genialidade” na menina, até que mandam Matilda para a escola. Ao chegar lá, a professora Jenny Honey a recebe com todo carinho e atenção, mas a diretora é repug-

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nante e não deixa a professora ministrar as aulas do jeito dela, e se ela vê que tem algo de diferente, colorido, que deixa o ambiente mais alegre para dar as aulas, a diretora rasga e joga fora. Assim, Matilda acaba ajudando a professora a se livrar dessa diretora, mantendo uma relação saudável e duradoura, ambas sentiam-se muito bem, com a companhia da outra. Até que um dia, elas conseguiram livrar-se dessa diretora e os pais de Matilda tiveram que se mudar para bem longe, para fugir da polícia, então como Matilda era muito esperta já estava com a papelada da adoção toda pronta, foi adotada pela professora Honey e daí para frente ficaram sempre juntas, mantendo a verdadeira relação de mãe e filha.

A criança inicia sua vida em uma situação de total dependência do meio externo. Em consequência de sua inaptidão prolongada, mos-tra-se incapaz de resolver suas próprias necessidades para sobrevi-vência, necessitando do meio social para interpretar, dar significado e trazer respostas a elas. Suas reações de bem-estar e mal-estar irão inicialmente se manifestar mediante descargas motoras indiferen-ciadas (MAHONEY et al, 2008, p. 19).

O filme nos mostra como a relação professor e aluno é importante na vida da criança, pois alguns alunos não recebem a devida atenção em casa e procu-ram um pouco desse afeto e carinho na escola, fazendo assim, com que essa relação seja mais forte. A afetividade está presente em todos os momentos de nossa vida, mas é durante a infância que temos que dar mais atenção, pois nessa fase a criança ainda é muito dependente dos adultos, assim Wallon compreende muito bem essa fase de desenvolvimento infantil.

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É-lhes indispensável uma assistência a todos os instantes. É um ser cujas reações têm todas as necessidades a ser completadas, compen-sadas. Incapaz de efetuar algo por si só, é manipulado por outrem, e é nos movimentos do outro que tomarão forma as primeiras atitudes (WALLON apud MAHONEY et al, 2008, p. 20).

Entretanto, alguns questionamentos são necessários durante esta pesquisa e essa relação da afetividade na educação infantil, como no filme “Matil-da”, lembram o afeto, a compreensão, como um verdadeiro professor deve agir com seus alunos. O professor de educação infantil deve cuidar, zelar e educar as crianças, como se fossem seus próprios filhos, dar a atenção que merecem quando fazem algo de novo e contar para a família as coisas novas que aprenderam durante a aula. Esse filme nos faz questionar como nós futuros professores devemos impor limites para esses alunos? Como devemos nos comportar diante de diversas situações? A resposta desses questionamentos traz à tona Paulo Freire4 que dizia que o ser humano é inacabado, está em constante aprendizagem e que o conhecimento vem através de nossas experiências, de nossas atitudes e de nossa realidade.

4 Paulo Reglus Neves Freire (Recife, 19 de setembro de 1921 — São Paulo, 2 de maio de 1997) foi educador e filósofo brasileiro. É Patrono da Educação Brasileira.

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Outro saber necessário à prática educativa, e que se funda na mes-ma raiz que acabo de discutir – a da inconclusão do ser que se sabe inconcluso –, é o que fala do respeito devido a autonomia do ser do educando. Do educando criança, jovem ou adulto. Como educador, devo estar constantemente advertido com relação a este respeito que implica igualmente o que devo ter por mim mesmo. Não faz mal repe-tir a afirmação várias vezes feita neste texto – o inacabamento de que nos tornamos conscientes nos fez seres éticos. O respeito à autonomia e à dignidade de cada um é um imperativo ético e não um favor que podemos ou não conceder uns aos outros. [...] Saber que devo respeito à autonomia e à identidade do educando exige de mim uma prática em tudo coerente com este saber (FREIRE, 2009, p. 59-61).

Assim, os estudos a respeito da afetividade são necessários à pratica do-cente e ajudam a entender a fundo o desenvolvimento da criança, seus conceitos, seus desejos, o que as atrai, o que pensam, e a entender quem realmente é o sujeito e o objeto desta pesquisa, que tanto aguçam o nosso conhecimento de mundo. A criança é carregada de valores, experiências, conhecimento de mundo, já nasce inserida numa cultura e seus conceitos vão depender das vivências, dos familiares que pouco a pouco vão ser pas-sadas para essa criança.

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Para Piaget, conhecer significa apreender o real, o meio. O meio significa tudo aquilo que não se refere ao sujeito ele mesmo, abran-gendo o meio físico e também social. Assim, buscando encontrar explicações sobre como o ser humano conhece esse mundo, Piaget formulou uma teoria do conhecimento que, muito mais do que ex-plicar os reflexos e resultados desse ato de conhecer, busca, na ver-dade, compreender o processo do vir a ser conhecido, que implica no desenvolvimento lógico do sujeito, nas transformações mentais do sujeito inerentes ao conhecimento dos diferentes conteúdos, se-jam eles físicos ou lógico-matemáticos. [...] o conhecimento parte da ação do sujeito sobre o meio. Porém, ressalta que esta ação se relaciona com a significação que o sujeito atribui ao objeto de co-nhecimento, o qual decorre dos esquemas cognitivos que tem ao seu dispor num momento determinado de sua vida (MONTOYA et al, 2007, p. 63-64).

Assim, é a educação, sempre a procura de explicações, nossos teóricos abordam temas que nos fazem refletir sobre ela. Há várias teorias que nos fazem refletir uma prática docente mais digna, a conhecer a criança, suas dificuldades, mas esquecemos que ela é moldada a cada dia, pois ela é o reflexo dos adultos, por isso que nessa fase, todos nós devemos ter cuidado com o que falamos, com nossas ações e principalmente com nossas atitu-des referentes à sala de aula e à escola.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em sua teoria psicológica, Wallon estuda a pessoa completa: analisa--a em seus domínios afetivo, cognitivo e motor de forma integrada, mostrando como se dá, no transcorrer do desenvolvimento, a interde-pendência e a predominância desses diferentes conjuntos. Como sua abordagem é psicogenética, o estudo da criança é fundamental, pois é nessa fase inicial de desenvolvimento que a maior parte dos processos psíquicos tem origem (MAHONEY et al, 2008, p. 71).

Acerca de todo o trabalho, foi refletida a afetividade na educação infantil que trouxe à tona um assunto que preocupa a maioria dos educadores e pesquisa-dores da área. Assim, a afetividade foi abordada por alguns teóricos e pesqui-sadores que buscam orientar e refletir junto à prática docente na atualidade. Contudo, percebemos que não conseguimos trabalhar a afetividade individual-mente, mas sim com a cognição e a moral, visando um mesmo objetivo que é a aprendizagem. A afetividade está totalmente ligada à psicologia, ao estudo das emoções, sentimentos, o que ela é e como desenvolver esse processo com a criança na escola. Tudo o que foi pesquisado e estudado, contribuirá para uma prática docente apoiada na relação entre professor e aluno em que o afeto está sempre presente, tanto dentro da sala de aula, quanto na comunidade.A aprendizagem é o resultado disso tudo, através de todo esse processo cons-truído no cotidiano da sala de aula, modificando a maneira como atuamos no mundo. Ou seja, o conhecimento é adquirido a todo momento, cabe a cada um de nós refletir sobre ele e assim utilizá-lo para compreender a educação infantil.Pensemos que a educação é o olhar do futuro! Não podemos abandonar este olhar! Precisamos entender que a afetividade é uma das primeiras for-mas da criança se comunicar e é através dela, criança, que a escola começa a perceber as primeiras demonstrações da falta do afeto.

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Com esta pesquisa, podemos perceber que cabe à escola, principalmente ao professor, essa interação com o aluno, essa função social, mostrando que a responsabilidade é grande frente a tantos desafios e obstáculos que estão surgindo na educação brasileira, mas devemos pensar e repensar a afetividade na educação infantil com olhares mais abrangentes, compre-ender o aluno como um todo, em suas questões familiares e assim auxiliar e propiciar uma interação social e intelectual mais saudável, promovendo um ambiente mais acolhedor, cooperativo e estimulante, elaborando brin-cadeiras, jogos, danças, apresentações, músicas que estimulem o movi-mento e a emoção que favoreçam o seu desenvolvimento.

Moldado simultaneamente pelas variações produzidas tanto no am-biente como nas vísceras e na atividade própria do individuo, o tô-nus é de fato constituído para favorecer uma base material à vida afetiva (WALLON apud MAHONEY et al, 2008, p. 26).

Através do presente artigo, constatou-se que a afetividade na educação in-fantil possibilita um maior desenvolvimento moral, autônomo e cognitivo, auxiliando e contribuindo também para uma infância mais saudável, enten-dendo que a afetividade não deve ser limitada apenas com manifestações de carinho físico ou elogios, mas sim identificar o verdadeiro sentido de seu significado para a aprendizagem de uma criança. Esse olhar crítico perante esse assunto traz outras discussões, mas o que este tema ajuda a dar enfoque é ao desenvolvimento psicomotor, cognitivo e afe-tivo da criança, pois é na escola que ela passa o seu maior tempo e o profes-sor precisa entender mais este assunto, para assim entender a necessidade e se atentar às dificuldades e às atitudes que elas apresentam, colaborando com o sucesso pessoal, profissional e social desses alunos futuramente.

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REFERÊNCIAS

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. 40. ed. São Paulo, SP: Paz e Terra, 2009.

GOULART, Iris Barbosa. Piaget: Experiências Básicas para Utilização pelo Professor. 16. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.

LA TAILLE, Yves de; OLIVEIRA, Marta Kohl de; DANTAS, Eloysa. Pia-get, Vygotsky, Wallon: Teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo, SP: Summus, 1992.

MAHONEY, Abigail Alvarenga; ALMEIDA, Laurinda Ramalho (Org.). Henri Wallon: Psicologia e Educação. 8. ed. São Paulo, SP: Loyola, 2008.

MONTOYA, Adrián O. Dongo. (Org.). Contribuições da psicologia para a educação. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2007.

RCNEI. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil / Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamen-tal. — Brasília: MEC/SEF, 1998. Disponível em <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/volume3.pdf>. Acesso em: 22 agosto 2012.