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Agenda BAHIA * 3 - Agronegócio ILUSTRAÇÃO: MORGANA MIRANDA Novo clima na economia Em busca de um planeta mais sustentável, especialistas defendem no seminário uma série de ações rumo à economia verde PATROCÍNIO TRADE PATROCÍNIO GLOBAL REALIZAÇÃO APOIO INSTITUCIONAL APOIO

Agenda bahia 2011 - Agronegócio

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Caderno impresso pelo jornal Correio* sobre os assuntos abordados no 3º evento do Agenda Bahia. tema relacionado: Agronegócio

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AgendaBAHIA*

3 - Agronegócio

ILUSTRAÇÃO:M

ORGANAMIRANDA

Novo clima

na economiaEm busca de um planeta mais sustentável,especialistas defendem no seminário umasérie de ações rumo à economia verde

P A T R O C Í N I O T R A D EP A T R O C Í N I O G L O B A L

R E A L I Z A Ç Ã OA P O I O I N S T I T U C I O N A L A P O I O

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2 |CORREIOSalvador, domingo, 18 de setembro de 2011 agronegócio*

agronegócio*

Diretor de redação: Sergio Costa ([email protected]) Edição: Rachel Vita ([email protected]) Reportagens Luciana Rebouças ([email protected]), Luiz

Francisco ([email protected]), Maria José Quadros ([email protected])Design:MorganaMiranda ([email protected]) Tratamento de imagens Raniere

Borja Oliveira (raniere.oliveira@redebahia. com.br) e Erlanney Rocha ([email protected])

expediente

MARINA SILVA

Emdebate

Vantagens- Clima e solo na Bahia favorá-veis à agricultura- Amplo território para a interiori-zação da agroindustrialização, res-peitando as características de cadaregião- Posição geográfica estratégicapara exportação dos produtosproduzidos e fabricados noestado

DesafiosComoavançar

*ECONOMIA CLIMÁTICA-Definir ações emetas para uma agenda sustentávelde transição para a economia verde- Entre elas, comprometimento com a redução de ga-ses do efeito estufa, como CO2- Gestão ecoeficiente- Investimento em inovação para reduzir impactos nomeio ambiente- Investimento namobilidade pública. Uso de bio-combustível nos ônibus*INDUSTRIALIZAÇÃO:- Investimento em infraestrutura e na in-teriorização da agroindustrialização

Economia a favor do planetaAgenda Bahiadebate ações ecria pacto porBahia sustentável

Rachel Vita

Nopróximoano, as atençõesdomundoestarãovoltadasparao Brasil, onde será realizada aConferência das Nações UnidasSobre o Desenvolvimento Sus-tentável, a Rio + 20. O terceiroseminário doAgendaBahia de-bateu na última quarta-feiraações essenciais para o país e,sobretudo,paraoestadobaianotrilharemumcaminhorespon-sável na transição para umaeconomia verde.

No Bahia + 20: Por uma

Agenda Sustentável, os espe-cialistasdefenderamadefiniçãodemetas para que o estado sejavanguarda e aproveite as opor-tunidadescriadascomaRio+20eoutrosgrandeseventosespor-tivos a fim de atrair novos in-vestimentos e promover seucrescimento. Crescimento complanejamento para um desen-volvimento sustentável.

Nestecaderno,sobreosemi-nário Agronegócio, com focoem Economia Climática e In-dustrialização, você saberá oque está sendo feito e pensadonopaísenomundoparareduziras emissões de gases do efeitoestufa, os impactos no meioambiente e, assim, proteger oplaneta.Eaindaasoportunida-des comaagroindustrialização.Nodia27, temmaisAgendaBa-hia: Turismo e aCopade 2014.

Agenda Bahia reuniu seis pa-lestrantes e nove debatedores.Confira as principais açõesapontadas pelos executivos eespecialistas para EconomiaClimática e Industrialização.* ECONOMIA CLIMÁTICA

- Redução dos gases de efeito estufa- Ações sustentáveis tanto em empresas quantona sociedade civil que visem equilíbrio econômi-co, social, cultural e ambiental-Mobilidade urbana- Tratamento do lixo e dos resíduos* INDUSTRIALIZAÇÃO:- Resolver os gargalos na infraestrutura para o es-coamento da produção, impactando no custo dasempresas- Atender à demanda por alimentos da cres-cente populaçãomundial demodo sus-tentável

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CORREIO

| 3Salvador, domingo, 18 de setembro de 2011agronegócio*

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*Planeta sustentávelPresidente daVeracel defendeecoeficiência paraatender demanda

Luiz Francisco

Diante do grande cresci-mento populacional registra-do nos últimos anos, o dire-tor-presidente da Veracel,Antonio Sergio Alipio, disseque as pessoas e as empresasterão de adotar a ecoeficiênciapara atender toda a demandapelo consumo. “Teremos derepensar a engenharia dosprocessos produtivos, reduziro consumo de insumos, reci-clar e reutilizar os materiais”,afirmou o executivo, em suapalestra no terceiro semináriodo Agenda Bahia, no auditóriodaFederaçãodas IndústriasdoEstado da Bahia (Fieb).

De acordo com aONU (Or-ganizaçãodasNaçõesUnidas),no próximo mês o mundo vaiatingir amarca de 7 bilhões depessoas. “O nosso grande de-safio é conservar a qualidadede vida e, ao mesmo tempo,deixarparaasgerações futurasumplanetamais sustentável”,disseAntonioAlipio,quetam-bém é presidente da Associa-çãoBrasileiradeProdutoresdeFlorestas Plantadas (Abraf).

AntonioAlipio lembrouqueos 7 bilhões de habitantes doplaneta precisam de uma in-fraestrutura básica para vivercomdignidade.“Todosneces-sitam de lazer, transporte,água, alimentos, moradia,educação, emprego e renda”.Ao mesmo tempo, a explosãodemográfica traz muitos im-pactos negativos. “Vamosconvivermaiscomlixo,polui-ção, aquecimento global, de-gradação ambiental, refugia-dos ambientais e desigualda-des sociais”, afirmou. “É evi-dentequeosdesafiossãomuitograndes, mas, como sou oti-mista, acredito que o mundopodemelhoraremtodososas-pectos. Temos de fazer a nossaparte, issoéomais importantenessemomento”.

Comoexemplodecontrastesocial, Antonio Sergio Alipiolembrouqueentre2e3bilhões

de pessoas em todo o mundotêmnamadeiraaprincipalouaúnica fontede energia emsuasresidências. “Isso é inacredi-tável, ainda mais se levarmosem consideração as grandestransformações tecnológicasregistradas nas últimas déca-das”, acrescentou.

Naopiniãodopresidente daVeracel, o setor de florestasplantadas no Brasil é umexemplo de sustentabilidade.“Nonossopaís, 100%dopapelproduzido vem de florestasplantadas. É importante lem-brar também que o plantio deárvores é amelhor alternativapara fazer o sequestro deCO2”, disse Alipio.

O diretor-presidente daVeracel deu mais dois exem-plosdesustentabilidadedose-tor para os participantes doAgenda Bahia – o tema do se-minário foi Agronegócios.“Depois de muitas pesqui-sas, conseguimos reutilizar40% da água empregada nafabricação de celulose e depapel e somosautossuficien-tes emenergia elétrica, o quesignifica de forma conscien-te e equilibrada”.

Oportunidade- Buscar gestão ecoeficiente: repensar enge-

nharia de processos, reduzir consumo de insu-mos, reutilizarmateriais no próprio processo ereciclar e gerar produtos para outras cadeias donegócio- Os 6,3milhões de hectares de florestas plantadasabsorvem 1 bilhão de toneladas de CO2/ano- Floresta de alimentos é oportunidade para aMata Atlântica, com o plantio de inhame,man-dioca, palmito juçara e tambémprodução demel de abelhas nativas

- Estímulo da agricultura familiarnas florestas de eucalipto

A Bahia é uma ilhanesse planeta embelezas naturais ecapacidadeempreendedora.Temos quepreservá-la etransformá-la emterritório mellhor

COMO GERIRECOSSISTEMAS

1Medir, gerenciar emitigar riscos eimpactos

2Melhorar a tomada de

decisão assegurando aavaliação corporativa

dos ecossistemas paraquantificar riscos eoportunidades de negócios

3Inovar o

desenvolvimento denovos mercados com

foco em serviços para oecossistema e em produtos etecnologias ecoeficientes

4Estimular fornecedores

e compradores a adotarmelhores práticas

5Parcerias para discutirproblemas locais

6Promover

regulamentação atual eflexível para a proteção

dos ecossistemas

100%do papel produzido no Brasilvem de florestas plantadas

6,3mide hectares de florestasplantadas absorvem 1 bilhãode toneladas de CO2/ano

ROBSONMENDES

Olhe para os lados. Seja qual for a direção escolhida, você vai ver os serviços

na área de infraestrutura que a Uranus2 oferece. Sempre com qualidade,

Sinalização Vertical/Obras/Trânsito Mídia Exterior/Administração de Concessão de Mídia

Plotagens, Plantas de Engenharia P&B e Color, Implantação de Equipamento de Cópia e Plotter na Obra.

Plotagem de Transportes Públicos Lançamentos Imobiliários

A Uranus2 está em todos

os pontos da cidade.

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CORREIO

| 5Salvador, domingo, 18 de setembro de 2011agronegócio*

Hora de acelerarGrandes eventoscriam chancespara negóciossustentáveis

Maria José Quadros

O Brasil pode dar um im-pulsoàsuaagendaambientaleconseguir implementar ne-gócios sustentáveis. A avalia-ção é do consultor em GestãoAmbiental Claudio Langone,coordenador da Câmara deMeio Ambiente e Sustentabi-lidade da Copa de 2014 doMi-nistério do Esporte. “O Brasilestará sendo observado portodo o mundo”, disse ele, aofalar em sua palestra sobreEconomia Verde: Novas Ma-neiras de Fazer Negócio, noAgenda Bahia. “A discussão éseconseguimosacelerar epu-lar alguns passos em tornodessa dinâmica”, questiona.

Entre fins de maio e iníciode junho de 2012, o país vai

abrigar a Rio+20, conferênciamundialparadiscutirasques-tões ligadas à economia verdeeaodesenvolvimentosusten-tável. Esse é o primeiro dosgrandes eventos a serem rea-lizados no país nos próximoscinco anos: em 2013, haverá aCopa das Confederações, se-guida da Copa do Mundo, em2014. Em 2015, será a vez daCopa América e, em 2016, aOlimpíada.

MOBILIDADE Langone cha-mou a atenção para duasquestões básicas que o Brasilainda não resolveu: a da mo-bilidade nas grandes emédiascidades e a questão da desti-nação final dos resíduos.

“Estamos vivendo quaseum colapso, não só nas gran-des cidades,mas tambémna-quelas situadas nas regiõesmetropolitanas e as de portemédio, devido ao aumento dafrota de carros particulares aumnívelque‘aprópria indús-tria automobilística não vaimais conseguir vender carro

semantido esse padrão’”.A solução óbvia para isso,

acentuou Langone, é o inves-timento em transporte públi-co. E aí ele vê uma oportuni-dade para o país, e para a Ba-hia, avançar em termos desustentabilidade. “Vamosusardieselnonovotransportepúblico ou mudar para o bio-disel, que não é poluente?”,indaga.

Na questão dos resíduos,especificamente da destina-ção final do lixo urbano, elesugeriu a criação de normasregulatórias - por exemplo,até 2014, nenhuma cidadebrasileirapoderá ter lixão-oupremiação por performance.Isso aconteceria, de acordocom a sugestão, mediante acriação de linhas de financia-mento especiais do BNDES,para projetos sustentáveis dedestinação final do lixo.

EXEMPLOS Langone citouPituaçu, em Salvador, comoexemplo do que deve aconte-cer nos 12 estádios que estão

sendo reformados ou cons-truídos.Ousodaenergia solaradotado pelo estádio baianodeve ser copiado pelos outrosestádios.Osestádiosestãotri-turando o próprio entulho ereutilizando na obra.

O especialista disse que asconstruções devemseguir umpadrão mínimo de sustenta-bilidade e, para isso, o Brasiladotou ummodelo de certifi-cação.

Na área de promoção dosprodutosbrasileirosresultan-tes da economia verde, comoos orgânicos, Langone vê ex-celentes oportunidades. Paraaproveitá-las, ele acha que oBrasil deverá determinar quesejam vendidos e tambémoferecidos em hotéis, restau-rantes e lojas, indodesdepro-dutos de higiene a alimentos eaté a cachaça usada para fazera caipirinha. “Temos queaproveitar essa janela deoportunidades, porque have-ráumpúblico já acostumadoaconsumir esses produtos e apagarmais por isso”, disse.

O Brasilpoderiachegar noano que vem,na Rio + 20,com umconjunto deiniciativas quetrariam umanova dinâmicapara o país

Desafios- Desenvolver trans-porte público, comcombustível verde;- Dar destinação final aolixo das cidades;- Definir qual padrão idealde consumo- “NoMinha CasaMinhaVida, o governo incenti-vou a construção deenergia solar. Mas aomesmo tempo deu

isenção para chu-veiro elétrico”,

criticou

Comoavançar- Investir no transportepúblico sustentável;- Estabelecer prazos paraque as administrações pú-blicas solucionem a questãodos lixões das cidades;- Estimular negócios gera-dos pela economia verde- Incentivar energiaslimpas e produtos or-gânicos

ROBSONMENDES

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MuitoalémdomeioambienteEmpresa paraser sustentávelprecisa de açõesem diversas áreas

Luciana Rebouças

Serumaempresa sustentá-vel não é apenas ter uma pos-tura de cuidados com o meioambiente, mas também en-volve preocupações com aquestão social, com o atendi-mentoaos clientes, aos forne-cedores, análise dos concor-rentes, dos bancos e segura-doras, dentre outros critérios.Na sua apresentação, Susten-tabilidade e ResponsabilidadeSocial Corporativa nas Em-presas, o vice-presidente daCâmaradeComércio Interna-cional (CCI) e presidente daComissãodeDesenvolvimen-to Sustentável e Energia daCCI,MarceloVianna, lembrouqueoscuidadoscomasusten-tabilidade já mudaram muitonos últimos anos.

Segundo ele, antigamente,quando uma grande empresacomprava um terreno, inclu-sive no meio da floresta, sepreocupavamaiscomotama-nho do que com o impactoambiental. “Hoje, temos umavisão diferente do que é estecontrole ambiental”, alerta.

TRABALHO ESCRAVO Mar-celo Vianna revela que as em-presas hoje sãomais cuidado-sas em emitirem seus relató-rios de sustentabilidade e osconsumidores também estãomais atentos sobre os produ-tos e serviços que estão con

tratando. Porém, os cuidadostambém se dão dentro dasempresas. Também consul-tor, Vianna lembra que, re-centemente, uma empresaalemãqueria comprar produ-tosdeumaempresabrasileira,mas umaONG também alemãchamou a atenção da compa-nhia para um fato: a empresabrasileira estava vinculada aotrabalho escravo. Conclusão,o negócio não foi fechado.

“Eles compravam carvãode uma carvoaria em que ho-mens, mulheres e filhos aju-davam a carregar carvão”,contaVianna.Dentrodospro-cedimentos internacionais,uma empresa não pode con-tratar crianças, o que se con-figuracomotrabalhoinfantileescravo. Neste ponto, Viannachama a atenção que as nor-mas e os padrões postos sãointernacionais e as empresasbrasileiras precisam seguiressas regras para competir nomercado global.

O especialista tambémlembra que há outras exigên-cia das instituições financei-ras signatárias dos Princípiosdo Equador, que prevê oatendimento e cumprimentode normas e padrões ambien-tais. Um exemplo é se a em-presa seguir padrões susten-táveis, ela pode conseguir de10% a 20% de descontos emum financiamento. “Os ban-cos são corresponsáveis pelodinheiro que estão empres-tando e, por isso, as empresastêm que cumprir legislaçõesnacionais e internacionais”,afirma Vianna. Atualmente,67 instituiçõesbancáriasde23países são signatárias desseacordo.

Os bancossãocorrespon-sáveis pelodinheiro queemprestam e,por isso, asempresastêm quecumprirlegislações

Desafios- As empresas terem postura sustentável de acor-dos com padrões nacionais e internacionais- Divulgar relatórios de sustentabilidade etrabalhar com transparência- Aproveitar potencialidades do país

respeitando o ambiente

RETORNO

IMEDIATO

67instituições bancárias de 23países são signatárias doPrincípio do Equador

20%é o percentual que uma em-presa pode ter de desconto emfinanciamentos caso seja sus-tentável

ROBSONMENDES

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ROBSONMENDES

Pacto pela BahiaEspecialistasdefendem metaspara economiaclimática na região

Luiz Francisco

Os quatro debatedores queencerraramoseminárioAgen-daBahia,naquarta-feira,têmamesma opinião: a Rio+20(Conferência das Nações Uni-

das sobre DesenvolvimentoSustentável),queserárealizadano ano que vem, pode benefi-ciaraBahiaseoestado,asocie-dadecivileosempresáriossou-berem aproveitar as oportuni-dades.

Respondendo a uma per-gunta do moderador SergioCosta, diretor de redação doCORREIO, Antonio Sergio Ali-pio, diretor-presidente da Ve-racel, Leonardo Genofre, pre-sidente daAbaf,MarceloVian-na, vice-presidente daCâmara

de Comércio Internacional, eClaudio Langone, diretor daParadigma, afirmaram que aBahia precisa aproveitar asoportunidades que serão cria-das pela Rio+20 e por outrosgrandes eventos esportivos.

“Essa é uma oportunidaderara, talvez única, para a Bahiaatrair novos investimentos edarumgrandesaltoemseude-senvolvimento”,disseAntonioAlipio. Para Claudio Langone,nesse momento devem serapresentados projetos que têm

condições de serem identifica-dosnessa transiçãopara a eco-nomia verde. O debate Bahia +20: Por uma Agenda Sustentá-vel,doAgendaBahia,visouini-ciar uma discussão no estadosobre ações que poderão serapresentadas naRio+20.

Marcelo Vianna defendeuque a Bahia precisa diagnosti-car os seus problemas e resol-vê-los. “O momento é este. Atendência é o país atrair novosnegóciospor causados eventosque serão realizados aqui nos

próximosanos.ABahia, então,precisa ter a capacidade de seinserir nesse contexto e apro-veitar a chance”, acrescentou.

Leonardo Genofre lembrouqueoestadotemgrandepoten-cial de resposta ao sequestrodecarbono, reduzindo o impactodoefeitoestufa,atravésdasflo-restasplantadas.Langonecon-cluiuquenestemomentoéne-cessárioavançar.“Éprecisoteralgumprejuízoparasechegaraum modelo de transição paraeconomia verde”, disse.

Chance para a Bahia ser protagonista

Presidente da Abaf, Leonardo Ge-nofre afirmouque a Bahia precisa as-sumir o papel de protagonista paraaproveitar as oportunidades que aConferência Rio+20 vai proporcionarao Brasil. “É preciso reunir as cadeiasprodutivas,oestado,asociedadecivile definirmetas e compromissos. Semisso (a Bahia) não vai para lugar ne-nhum”, afirmou.

Genofre também defendeu inves-timentos em infraestrutura no estadoe disse que os pequenos produtoresprecisam participar dos projetos dedesenvolvimento sustentável como

parceiros. “Preservar (o meio am-biente) não é algo apenas para entrarno mercado internacional, mas umnegócio em si”, disse.

Segundo o presidente da Abaf, “osucessodaBahiaprecisavirà luz”.“Oestado precisa mostrar a sua cara. ABahia pode ter posições e diretrizespróprias em relação ao desenvolvi-mentosustentável”,acrescentou.Emsua opinião, os eventos esportivos e aRio+20,que serão realizadosnoBrasilnospróximosanos,vãocolocaropaísemumaposiçãodedestaque. “Temosde aproveitar esta oportunidade”.

Mais valor sustentável para os produtos

Diretor da Paradigma e coorde-nador das Câmaras Sustentáveis daCopa de 2014 do Ministério do Es-porte,ClaudioLangoneafirmouquea Bahia precisa agregar valor à ca-deia produtiva para ganhar maisrespeitonacomunidadeinternacio-nal. “O que serve para a Bahia servepara o Brasil. Estamos em um pro-cesso de transformações muito rá-pidas. Ou conseguimos nos anteci-paràs tendênciasouvamosdecaro-na”, observou.

Para ele, a Bahia é um estado“muito pujante” no país. E deve

criar linhasalternativasparasedes-tacar no cenário internacional, es-pecialmentenestemomentodedis-cussão da Rio+20. “No cacau, porexemplo, como podemos agregarvalor? Com comércio justo, sendobom e orgânico. Vale também parafruticultura, etc”, revelou.

Segundo Claudio Langone, quefoi vice-ministro do Meio Ambien-te, faltam “projetos interessantes”sobre desenvolvimento sustentá-vel: “Em vez de projetos, convive-moscomuma frotaque emitemuitapoluição”.

Atenção às pequenas emédias empresas

Outro participante do debate,MarceloViannadissequeas empre-sas precisam seguir os requisitosnacionais e internacionais para seconsolidarnomercado sustentável,que está cadavezmais competitivo.“Não existe meio-termo. Ou a em-presa é sustentável ou não é”, disseVianna, que é vice-presidente daCâmara de Comércio Internacional(CCI). Segundo Marcelo Vianna, aspequenas emédias empresas preci-sam receber uma atenção especialdas autoridades.

“OBrasil eamaiorpartedomun-

donão são feitosdegrandes empre-sas”, acrescentou o executivo, quetambém é presidente da Comissãode Desenvolvimento Sustentável eEnergia da CCI.

Viannadisse, ainda, que aRio+20vai abrir muitas oportunidades noBrasil. “As empresas que estiverempreparadas certamente vão colherresultadosexcepcionais,porquese-remos observados por empresáriose chefesdeEstadodeváriospaíses”,disse Vianna. “A alternativa, por-tanto, é investir em produtos sus-tentávels”.

Tecnologia a favor domeio ambiente

O diretor-presidente da Veracel,Antonio Sergio Alipio, afirmou, du-ranteodebate,queaRio+20éagran-de oportunidade para o Brasil reafir-mar ao mundo que tem tecnologia,expertise e eficiência em gestão am-biental. “Temos problemas de in-fraestrutura, é verdade, mas, aomesmo tempo, sabemos trabalharcom muita eficiência a questão am-biental”, afirmou.

Alipiotambémdissequeossetorespúblico e privado precisam operarem conjunto para identificar os ca-minhos que devem ser seguidos. “A

sociedade evoluiumuito e as exigên-ciassãobemmaioresdoqueháalgunsanos. Quem tem metas a cumprir edeseja um mundo melhor para aspróximas gerações precisa estar sin-tonizado com esta nova onda”, disseodiretor-presidentedaVeracel, em-presaqueinvestiuUS$1,2bilhãoparaimplantar a sua unidade na Bahia.

SegundoAntonio SergioAlipio, oseventos internacionais que vãoacontecer no Brasil até 2016 vão“mudar a cara”dopaís. “Quemsou-ber surfar nesta ondade empreendi-mentos vai se destacarmuito”.

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*Grãosemalta

Demandamundiale biocombustíveisdisparam preçosinternacionais

Maria José Quadros

O milho, a soja e outrosgrãos negociados em bolsasvão permanecer com preçosaltosaindapormuitotempo.Eacausanãoéapenasoaumen-to do consumomundial, mas,emgrandeparte, o surgimen-to de uma nova demanda, ados biocombustíveis deriva-dos daqueles produtos.

A previsão é do economistaAlexandre Mendonça de Bar-ros, da MB Agro, que há anosse dedica à análise da econo-mia agrícola no mundo. Eleabriu o terceiro seminário doAgenda Bahia, na quarta-fei-ra, com palestra sobre o temaCrise Mundial e seus Efeitosnos Mercados Agrícolas e naIndustrialização.

Mendonça de Barros enu-merou os fatores que desa-guaram no ciclo de alta dospreços das commodities agrí-colas a partir de 2008.O cres-cimento da população mun-dial, hoje em cerca de sete bi-lhões de pessoas, com previ-são de chegar a nove bilhõesdentro de nove anos, é umadelas. Mais do que isso, a taxade urbanização - isto é, depessoasquedeixamocampoevão morar nas cidades - temcrescido em todo o mundo,notadamente na Ásia, o quemuda o perfil do consumo deprodutos alimentares.

“As pessoas nãomudam sódeambiente,mudamtambémde hábitos, de dieta. Estácomprovadoqueessadietavainadireçãodaproteínaanimal,do frango e dos suínos, quenão são mais do que milho esoja usados nas rações”, co-mentou.

Alémdisso,háumfatorno-vo, os biocombustíveis. Esteano, 120milhões de toneladasde milho - quase um sexto daproduçãomundial-serãouti-lizados pelos Estados Unidosparaaproduçãodeetanol, se-gundo o economista. “Cadavezqueumamericanoacelera

seu carro está indo emborauma asa ou uma coxa de fran-go”, comparou.

A cana-de-açúcar, princi-pal fonte de etanol no Brasil,não sofre grande competiçãocomomilho.Masopaísutilizasoja para a produção de com-bustível. O cálculo é de que10% da produção queime nosmotores brasileiros. “O Oestebaianoganhatambémpor issouma grande importância pelasafradesoja”,disseMendonçade Barros. Segundo ele, o usodepartedogrãoparacombus-tível não é problema, porquesobra o farelo, “uma proteínavegetal que vira proteína ani-mal edáaopaísumaboacom-petitividade”.

Por fim, a desvalorizaçãodo dólar, provocada pelomaudesempenho da economiaamericana, gerou mais umnovofatordealtaetambémdevolatilidade dos preços.Com a moeda fraca, diversosinvestidores que têm dólarcomeçaram a procurar ativoscom potencial para subir na-quela moeda. Com isso, osfundos de investimento di-versificaram o seu portfólio,investindonas bolsas demer-cadorias. “Não temnada a vercom agricultura, é um inves-timento especulativo”, disse.Foi assimque, quando eclodiua crise de 2008, os preços dosgrãosdispararamemChicago.Com a quebra do banco Leh-

man Brothers, fundos saíramda Bolsa e o preço da soja des-pencou.

Enfrentar esse novo cená-rioéumdesafioaserencaradopelos produtores brasileiros,disse o economista. Por suasexcelentes condições para aagricultura e o nível alcança-do pelo agronegócio, ele achaque o Brasil tem uma granderesponsabilidadenaproduçãode alimentos para omundo.

Mas o especialista lembraque a área plantadanoBrasil éa mesma de 1984 e a precáriainfraestrutura atrapalha acompetitividade. “Aí a gentepercebe por que o Brasil nãoganha tanto nos mercados”,alerta.

PRODUÇÃO DEBIOCOMBUSTÍVEL

10milhões de toneladas desoja são esmagadas paracombustível no Brasil

120milhões de toneladas serãotransformadas em biocom-bustíveis nos EUA

60milhões de toneladas équanto produz o Brasil,terceiro maior produtor

O Brasil temcondiçõesprivilegiadaspara aagricultura.Suaresponsa-bilidade émuito grandena produçãode alimentospara o mundo

Desafios-Bahia tem posicionamento geográfico, clima e solo espetaculares. Mas pre-cisa, segundo AlexandreMendonça de Barros, construir uma logísticapara ter a ligação entre produção e escoamento-Apesar de ter rebanho relevante, o estado possui poucos frigorí-ficos-Fruticultura será grande diferencial nomundo. Bahia

pode aproveitar essa oportunidade

MARINA SILVA

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CORREIO

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Umnovoolhar parao cacauGrão orgânicoganha destaqueem mercadointernacional

Luciana Rebouças

Quinta geração de produ-tores de cacau, Diego Badaróbuscoudiferencialnocampoehoje colhe frutos em merca-dos internacionais. “Ograndesegredo do chocolate está nocuidado com os grãos”, acre-dita Badaró, sócio da AmmaChocolates, em palestra, du-rante o Agenda Bahia. O em-presário apostou também na

produção orgânica para pro-duzir um produto de pontapresente em restaurantes deParis e de Nova York.

Para Badaró, os investi-mentosnocacaubaianoaindasão muito pequenos e eleexemplifica o que seria ideal.“Se investirem US$ 1 bilhão(R$ 1,72 bi) poderiam gerar100 mil empregos e preservarmais de 100 mil hectares deflorestanaregião”,estima.Is-toporque, a lavouracacaueiratem na floresta o seu hábitatnatural e convive perfeita-mente com a vegetação.

Presente tambémno semi-nário,o secretáriodeAgricul-tura, Irrigação e ReformaAgrária(Seagri),EduardoSal-

les, garantiu, após palestra deBadaró, que o governo vai in-vestir R$ 6 milhões em pro-gramaparapesquisarumaso-lução definitiva para a vas-soura-de-bruxana região ca-caueira. “Corremos atrás daagroindustrialização da re-gião e já inauguramos três in-dústrias. Mas também avan-çamos na questão da pesqui-sa”, disse.

Badaró ainda reforça que énecessáriooinvestimentopa-ra o país transformar o cacauem produto final. “A lavouraque hoje movimenta US$ 410milhões (R$ 705 mi) tem po-tencial de US$ 2 bilhões(R$ 3,44 bi) se transformar ocacau em produto final”, diz.

Desafios- Agregar valor ao cacau na transforma-ção do fruto em chocolate para a Bahiaexportar o produto final- Investir mais na lavoura cacaueira parapreservar a floresta, já que o cultivo temque ser realizado namata nativa- Pesquisar técnicas de resistência àsdoenças, como vassoura-de-bru-xa, para não perder as planta-ções como na década de 90

MARINA SILVA

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MARINA SILVA

Celeiro domundoBrasil pode virarmaior exportadorde alimentos, mascarece de infra

Luciana Rebouças

Preocupação com a in-fraestrutura atual da Bahia,para a partir de uma melhoradessa situação, as empresas

começarem a se interessarmais na agroindustrializaçãodo estado. Esse foi o principalponto discutido no debate“Estratégias para a industria-lização vitoriosa”. O media-dorVicenteMattos,vice-pre-sidente da Federação das In-dústrias do Estado da Bahia(Fieb), iniciou o debate lem-brando que o estado vive umaoportunidade ímpar, com re-corde de safras e crescimentoeconômico, mas precisa in-

dustrializar para agregarmaisvalor aos produtos.

Mattosperguntouaosecre-tário da Agricultura, EduardoSalles, um dos debatedores, oque falta à Bahia para deslan-char neste setor. Salles admi-tiu que é precisomais investi-mento em infraestrutura.Maso governo aposta no georefe-renciamento para buscar in-dústrias para cada região.Questionado por uma per-gunta da plateia, Salles não

soube explicar por que o esta-do não tem um polo têxtil jáque bate recorde em algodão.

O ex-embaixador do Brasilna China, Luiz Augusto deCastro Neves, alertou para oinvestimento em tecnologia.“O Brasil pode se transformarno celeiro do mundo. Deve-mos aproveitar as vantagenscomparativas e investir emnossas necessidades”, disse.

Para o secretário EduardoSalles, outraquestão tempre-

judicado o desenvolvimentoem todo o país: a proibição devendade terras aos estrangei-ros, desde o ano passado. “ABahia está perdendo milhõesde dólares neste setor daagroindústria”, disse.

Também participaram dodebate Fernando Vieira, eco-nomista do BNDES, PedroTassi, presidente da Ciob, eDiego Badaró, presidente daAmma Chocolate. Abaixo, osprincipais pontos do debate.

Semvergonha de commodity

Para o ex-embaixador do Brasil no Japão ena China, Luiz Augusto de Castro Neves, temque saber como aproveitar as oportunidades eminimizar os riscos quando se trata da China.“Podemosnostransformar,comumaboadosede otimismo, no celeiro domundo”, acredita.Segundoele, oBrasil nãodeve tervergonhadeexportar alimentos, comono tempoemque seachava que esta era uma característica de paí-ses subdesenvolvidos. Neves ainda deu oexemplo de uma empresa na Finlândia, pio-neira na área de florestas plantadas, exporta-dorademadeira: “Hoje, ela éamadeireiraNo-kia, que produz madeiras e outros produtos,como celulares, mundialmente conhecidos”.

Busca de oportunidades

Diego Badaró, sócio da empresa de choco-lates finos Amma Chocolates e cultivador decacau, avalia que a Bahia precisa agregar va-lor ao cacau e implantar fábricas para desen-volver produtos finais, como fez com o cul-tivodasoja.Paraele,aChinanãoéumaamea-ça, mas uma oportunidade. Em março desteano, Badaró esteve em viagem com o secre-tário da Agricultura, Eduardo Salles, na Chi-na. Outra novidade é o Salão do Chocolate,referência na França. “Ano que vem, em ju-lho,SalvadorreceberápelaprimeiravezoSa-lão. É a nossa oportunidade de mostrarmosaos investidoresestrangeirosquetemos,aquina Bahia, omelhor cacau domundo”, diz.

Pela interiorização da indústria baiana

ABahia temenormepotencial naárea do Agronegócio, mas as em-presasaindaexportamdaquiapenasa matéria-prima. É essa a visão doempresário Pedro Tassi, presidentedo Centro das Indústrias do OesteBaiano(Ciob).Segundoele,oestadotem condições naturais especiaispara o plantio,mas falta a “integra-ção do estado” para favorecer a in-teriorização da indústria. Tassiexemplificou com situação enfren-tada por ele na véspera do evento.

“Quando saio de Barreiras paraSalvador de avião preciso pegar um

voo até Brasília e depois outro paracá”, disse. Foi consenso entre todososdebatedores, inclusiveo secretá-rioEduardoSalles,quefaltainfraes-trutura, principal fator de entravepara os negócios no estado.

Tassi elogiou os projetos da Se-cretaria da Agricultura para incen-tivaraagroindustrializaçãoentreospequenosempresários,masfezumaressalva:“ABahiatempotencialpa-ra ser maior, mas precisamos deuma política estruturante e não sóparaaregiãoOeste,comoparatodasas outras”.

Restrição a estrangeiro: perda de recursos

O secretário da Agricultura, Irri-gação e Reforma Agrária (Seagri),EduardoSalles,dissequeaBahiavi-ve recordes de safras em diversasculturasequeogovernodoestadosepreocupa em como e em que áreaspodem ser incentivadas a agroin-dustrialização. “Estamos entre osquatro maiores produtores do paísnamaioria dos produtos agrícolas”,informa.

O secretário admitiu que entre osentravesparaaindustrializaçãoestáa infraestrutura precária, mas res-saltou outro ponto: a proibição da

venda de terras a estrangeiros. Se-gundo ele, a Bahia perde investi-mentosporcontadeumadecisãodaAdvocacia Geral da União (AGU),em vigor desde agosto de 2010.

“Hoje, o país e a Bahia são a bolada vez nesta área de alimentos, eperdemos investimentos nos seto-resda laranja, papel e celulose, soja,etc. Milhões diariamente”, disse.Salles também contou que existeumaempresadepapelecelulosequedeseja investir 3 bilhões de euros naBahia,masonegócionãoavançaporcausa dessa insegurança jurídica.

Rastrear os alimentos

Fernando Antonio Batista Vieira, econo-mista do BNDES, informou que o banco temum grande interesse em conceder financia-mentos àspequenas empresasque trabalhemcomoAgronegócio.“Agregarvaloremoder-nizar se refletemnovalor final destes produ-tos”, ponderou. Para o economista, questõesde inovação, como a rastreabilidade dos ali-mentos, que indica de onde veio aquele pro-duto, sãonovasdemandasdos consumidoresquenecessitaramde investimentos por partedoempresário.Vieira tambémlembrouqueoBNDES tem linhas especiais para as empresasque têm um pressuposto de sustentabilidadee preservação com omeio ambiente.

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CORREIO

| 13Salvador, domingo, 18 de setembro de 2011agronegócio*

Olhos bemabertosPara embaixador,a China traz maisoportunidadesdo que ameaças

Maria José Quadros

Para muita gente, o socia-lismo de mercado praticadopela China, que tem levado opaís a crescer durante muitotempo a taxas de 10 por centoao ano, é ummodelo nomíni-mo intrigante. Afinal, comoumpaís socialista se insere nomercado com tanto sucesso,importando de todos os can-tos do planeta, agregando va-lor e exportando para omun-do inteiro?

Para o ex-embaixador doBrasil na China e no Japão,LuizAugustodeCastroNeves,não há enigma a decifrar:quando se trata de negócios, aChina é a-ideológica e prag-mática. “A China percebeucomoninguémofenômenodaglobalização,comoumfatodavida. O que eles praticam é omais deslavado capitalismo”,disse ele, em palestra no ter-ceiro seminário do AgendaBahia, sobre o tema China:Oportunidades e Ameaças.

Diferentemente do Brasil,cuja estratégia industrial estávoltada para o aumento doconsumo, a industrializaçãochinesa foiquase todadirigidapara fora. Por isso, apesar dosenormes volumes produzi-dos, ainda há déficits em seumercado interno. Essa políti-ca procura integrar cadeiasprodutivas da Ásia e de paísesde outros continentes. Há se-tores, como a indústria auto-mobilística, queutilizampro-dutos fornecidos por mais de10 países diferentes.

CastroNevesvêaChinaco-mouma economiamais aber-ta que a do Brasil e, principal-mente, muito mais competi-tiva. As acusações de concor-rência desleal e a recente im-posição de barreiras a algunsprodutos chineses, na suaopinião, são herança do inícioda industrialização brasileira,quenasceusobosignodopro-tecionismoedocrédito subsi-diado pelo governo.

“Na China, há 42 empresasbrasileiras operando e a guer-ra fiscal entre as provínciaspara atrair investimentos es-trangeiros é feita abertamen-te. Nos anos 60, nem a Coreianem aChina possuíam indús-tria automobilística. Hoje, osdois têmmarcas próprias”.

“Elesvãocomforça.Antes,a presença brasileira eramaior do que a da China noBrasil.Hoje, isso se inverteu”,revelou. Ele salientou que o

segredo da China não estáapenas nas taxas de juros bai-xos, na moeda superdesvalo-rizada em relação ao dólar, namão de obra barata e em umacarga tributária que é ameta-de da brasileira. Está princi-palmente na infraestruturaque o país conseguiu implan-tar para alavancar sua econo-mia.

Castro Neves disse que ex-celentes estradas, portos, ae-roportos e toda uma infraes-

truturamodernapara atenderao comércio internacional fa-zem a diferença.

“A ação da China no mer-cado internacional foi benéfi-caparaoBrasil.Elevouospre-çosdascommoditiesedebensde capital. Isso permite, in-clusive, a modernização doparque industrial brasileiro”.

Para o embaixador, o Brasilnão deve encarar a China co-mo uma ameaça, tampoucoapenas como uma oportuni-

dade. A seu ver, trata-se deum parceiro comercial im-portante quandoos interessesdos dois países convergemparaomesmoponto.Foradis-so, há de tornar-se competi-tivo para fazer frente aos pro-dutoschineses.Oembaixadorentendequeessaéagrande li-ção: investir na competitivi-dadeéaúnica saída.Osefeitosdiretos da China no Brasil?“Foram bons e maus. Osmaiores perdedores foram ossetores protegidos. No geral,nos beneficiamos muito. OAgronegóciofoiograndeven-cedor”, avalia.

Oportunidade- Exportação de commoditiesminerais e

agrícolas- A China quer investir em outros setores, co-mo siderurgia e bens de consumo. “Deve virumamontadora de automóveis para cá”, disse- Para empresas brasileiras na China. CastroNeves citou o exemplo de gaúchos que abri-ram, em uma província, uma fábrica decalçados: “Lá, tem nove churrascarias,Centro de Tradições Gaúcha e até chi-nês tomando chimarrão”

O Brasil tem burocracia,infraestrutura precária, alta taxade juros e tributos, câmbiovalorizado. Nossos problemasnão têm a ver com a China

Ameaças- Infraestrutura: portos, ferrovias,aeroportos, estradas e parques indus-triais eficazes, reduzindo o impacto nocusto de produtos- Carga tributária: metade da brasileira- Cópia de peças e dos produtos. Castro Nevescontou uma história que ilustra a situação. Umbrasileiro queria comprar o carroMuralhada China,mas tinha receio de não achar pe-ça no Brasil quando retornasse ao país.Um vendedor disse: “Não se preocupe. Ésó o senhor procurar uma loja daToyota. As peças, por uma incrívelcoincidência, são iguais”

MARINA SILVA

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14 |CORREIOSalvador, domingo, 18 de setembro de 2011 agronegócio*

VIP*

O CEO da RedeBahia, DanteIacovone, abriu oseminário sobreAgronegócio doAgenda Bahia

Luiz Alberto Albuquerque,diretor-executivo de mídiaimpressa e internet da RedeBahia; Alexandre Mendonça deBarros, da MB Agro; DanteIacovone, Carlos Magalhães,diretor da TV Bahia, Paulo Sobral(Rede Bahia); Marcelo Vianna,vice-presidente da ICC; eWilson Andrade, diretor daAbaf

FOTOS: MARINA SILVA

COMPROMISSO COM O FUTURO.

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CORREIO

| 15Salvador, domingo, 18 de setembro de 2011agronegócio*

José Mascarenhas,presidente da Fieb;Antonio Carlos Júnior,presidente da RedeBahia; e Dante Iacovone,em momento dedescontração

Darcles Andrade, daPetrobras, ouve PauloSobral, da Rede Bahia

O embaixador LuizAugusto de CastroNeves com WilsonAndrade (Abaf)

Mendonça de Barros,Rachel Vita,editora-executiva deconteúdo do AgendaBahia, e EduardoSalles, secretário deAgricultura

Fernando Antonio Batista Viana e Dimmy Lustosa deAndrade, do BNDES, e os diretores da Rede Bahia, CarlosMagalhães e Maurício Fonseca, na plateia do Agenda Bahia

MARINA SILVA

Georges Humbert,advogado, com AdelinoNeto, da Veracel

ROBSONMENDES

MARINA SILVA

MARINA SILVA

MARINA SILVA

MARINA SILVA

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