Alienacao Parental Da Sindrome Ao Fenomeno Juridico

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    InstitutodeCinciasJur dicas

    SamanthaBuono

    ALIENAOPARENTALDASNDROMEAOFNOMEJURDICO

    CaboFr io2008

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    SAMANTHABUONO

    ALIENAOPARENTALDASNDROMEAOFNOMEJURDICO

    Monografia de Concluso de Curso apresentada aoInstituto de Cincias Jurdicas da UniversidadeVeigadeAlmeida,comorequisitoparaobtenodottulo de BacharelemDireito.

    Orientadora:ProfRenataGranha.

    CaboFrio2008

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    SAMANTHABUONO

    ALIENAOPARENTALDASNDROMEAOFNOMEJURDICO

    Monografia de Concluso de Curso apresentada aoInstituto de Cincias Jurdicas da UniversidadeVeigadeAlmeida,comorequisitoparaobtenodottulodeBacharelemDireito.

    Aprovadaem:____/____/2008.

    BancaExaminadora:

    Prof(a).Dr(a).____________________________________________________________Professor(a) doInstitutodeCinciasJurdicasdaUVA.PresidentedaBancaExaminadora.

    Prof(a).Dr(a).____________________________________________________________Professor(a) doInstitutodeCinciasJurdicasdaUVA.MembrodaBancaExaminadora.

    Prof(a).Dr(a).____________________________________________________________Professor(a) doInstitutodeCinciasJurdicasdaUVA.MembrodaBancaExaminadora.

    Grau:___________________.

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    Aos meus grandes companheiros de turmacom quem pude compartilhar conhecimentos eemoes. Especialmente queles que meincentivaramemeapoiaramnosmomentosrduosedeincerteza.

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    AGRADECIMENTOS

    Ao meu pai, que sempre discreto coloca minha frente todos os caminhos honestos a seremseguidos. Exemplo de dedicao, fora, vontade epersistncia.

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    Ningum to pequeno que no possaensinar, nem to grande a ponto de no ter o queaprender.

    AutorDesconhecido

    nos momentos de deciso que o seudestinotraado.

    Anthony Robbins

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    RESUMO

    Aborda a sndrome da alienao parental decorrente da manipulao mental que os paisperpetram em seus filhos, traando um comportamento abusivo contra a criana e oadolescente.Analisaoinstitutododireitodefamliaesuasevoluesconstantes,assimcomoEstatuto da criana e do adolescente dando nfase aos princpios garantidores dos direitosindividuaisdacrianaedoadolescentesoboenfoquedaConstituioFederalde1988edoCdigoCivilde2002,queforamummarconasrelaesfamiliaresatuais.Expeoprincpiodaproteointegraldacrianaeoadolescente,assimcomoodomelhorinteresse.Diferenciao fenmeno da alienao parental da sndrome da alienao parental, que so asconseqncias desse fenmeno no comportamento juvenil. Salienta a importncia daidentificaoeapreciaodessasndromepelojudicirioeenumeraospossveisindciosdedemonstrao da mesma. Apresenta seus determinados nveis e quais suas conseqnciasfuturas,assimcomoseusaspectospsicolgicosdeterminantes.Definesndromedaalienaoparentaleincesto,traandodiferenasessenciaisentreosdoistiposdeabusosetambmsuasemelhana naquestopsicolgica.Enfrentaa importnciada identificaodessa sndromepelojuizesuaspossveisconseqnciassenoforrepelidarapidamente.Explicaarelevnciada dinmica entre o judicirio e uma equipe multidisciplinar do juzo para uma possvelinterveno familiar. Dispe sobre a competncia do juzo para a apreciao, abordandoquestes que possam solucionar um conflito de competncias entre a vara da infncia ejuventudeeavaradefamlia.Analisaaspossibilidadesdeomissodopoderjudiciriofrenteao desconhecimento da sndrome ou do fenmeno, assim como traa possibilidades deaplicaodemedidasjudiciaiseteraputicasnoscasosdeinstalaodasndromedaalienaoparental.

    Palavraschave: Alienao parental. Excluso parental. Sndrome da alienao parental.Fenmenodaalienaoparental.Falsasmemrias. Implantaode falsasmemrias.Direitodefamlia.Desfazimentodarelaoconjugal.

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    ABSTRACT

    ItaddressestheSyndromeofParentalAlienationarising fromthebrainwashingthatparentsperpetrated in their children, drawing an abusive behavior against children and teenagers.Analyzestheinstituteoffamilylawanditsdevelopmentslisted,aswellasStatusoftheChildand Adolescent emphasis to the principles guarantors of individual rights of children andteenagersunderthefocusoftheFederalConstitutionof1988andoftheCivilCodeof2002,whichwereamilestoneinfamilyrelationshipstoday.Exposestheprincipleoffullprotectionof children and teenagers as well as in the best interests. Differentiates Phenomenon ofparental alienation of Parental alienation syndrome, which are the consequences of thisphenomenon in juvenile behavior. Emphasizes the importance of identification andassessment of this syndrome by the judiciary and lists the possible signs of the samedemonstration. Presents its own certain levels and their future consequences, aswell as itspsychological aspects determinants.Define parental alienation syndromeof incest, drawingessential differences between the two types of abuse and also similar in psychologicalquestion.Facesthe importanceof the identificationof thissyndromebythe judgeandtheirpossible consequences if not quickly repelled. Explains the importance of the dynamicbetweenthejudiciaryandamultidisciplinaryteamofcourtforapossibleinterventionfamily.Available on the jurisdiction of the court for the assessment, addressing issues that couldresolve a conflict of competence between the childhood and youthcourt and to the familycourt. Examines the possibilities of omission of the judiciary front the ignorance of thesyndromeorof thephenomenon, aswell as outlinespossibilities forapplicationof judicialandtherapeutictreatmentincasesoftheparentalalienationsyndrome.

    Keywords: Parental Alienation. Parental exclusion. Parental alienation syndrome.Phenomenonofparental lienation.Falsememories. Implantationof falsememories.FamilyLaw.Offsetthemaritalrelationship.

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    LISTADEABREVIATURASESIGLAS

    SAPSndromedaAlienaoParental

    LISTADOSRGOSIBDFAMInstitutoBrasileirodeDireitodeFamliaAPASE Associaodepaisemesseparados

    LISTADOSDOCUMENTOSCCCdigoCivilCRFBConstituiodaRepblicaFederativaBrasileiraECA EstatutodaCrianaedoAdolescente

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    LISTADESMBOLOS

    pargrafo

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    SUMRIO

    INTRODUO.....................................................................................................11

    CAPTULO1ODIREITODEFAMLIA ..........................................................131.1AfamliaeaConstituioFederalde1988 .......................................................141.2Osprincpiosdodireitodefamlia.....................................................................161.3OEstatutodaCrianaedoAdolescenteeadoutrinadaproteointegral..........20

    CAPTULO2SNDROMEDAALIENAOPARENTAL .............................252.1Terminologia.....................................................................................................262.2IdentificaodaSndromedaAlienaoParental ..............................................272.3Aspectospsicolgicosrelevantes.......................................................................282.4DiferenasentreSndromedaAlienaoParental eincesto ...............................30

    CAPTULO3OPAPELDOPODERJUDICIRIO .........................................343.1Apreciaodasndromeearelevnciadaequipemultidisciplinardojuzo........343.2AomissodojuzofrenteaSndromedaAlienaoParental.............................36

    CAPTULO4POSSIBILIDADEDEAPLICAODASMEDIDASJUDICIAISETERAPUTICAS .........................................................................38

    CONCLUSO.......................................................................................................40

    REFERNCIAS....................................................................................................42

    GLOSSRIO ........................................................................................................44

    ANEXO .................................................................................................................45

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    INTRODUO

    DenominadapelopsiquiatranorteamericanoRichardGardner,em1985,aSndrome

    daalienaoparentalfoi identificadanosprocessosdeseparaoconjugal,especialmenteno

    momentoemquehaviaumacertadisputapelaguardado filho,ondeacrianaapresentava

    apegoexcessivoaocnjugequeobtinhaaguardaedesprezoinjustificadopelooutro.

    No primeiro captulo fez necessrio discorrer sobre o direito de famlia e seus

    princpiosparaaexposioeformaodasidiasseguintes,ouseja,paraseterumaorigem

    aotemaemquesto,assimcomoaosprincpiosdoEstatutodaCrianaedoAdolescentede

    1990,comnfasenoprincpiodomaiorinteresseedaproteointegral.

    Nosegundocaptuloabordadoofatordediferenciaoentrefenmenoesndrome.

    Estadenominaoquerestringeaanlisedamatriaapenasaocomportamentodoinfante,

    enquantoaoutraexpandeaanlisedaexclusoparentalsatitudesdetodooseiofamiliar.O

    fenmeno uma denominao posterior descoberta da sndrome devido s evolues do

    tema.

    A alienao parental ocorre como um fenmeno dentro das relaes familiares e

    consiste na exclusodeumparente (umdospais)do seio familiar,geralmenteopai, posto

    que na disputa pela guarda de filhos menores a me normalmente prevalece pelo vnculo

    afetivo.

    So diversas as causas determinantes para quem detm a guarda excluir o outro da

    convivnciafamiliar.Contudo,qualquerquesejaacausadoprogenitoralienador,seinstalada

    asndrome,asconseqnciassempreestaropresentesnacriana,mesmoquemanifestadas

    dediferentesformas.

    A problemtica da alienao parental alm de ser um abuso emocional contra o

    infante, produz efeitos determinantes na vida do progenitor alienado da relao, e muitas

    vezes at irreversveis, culminando no afastamento total do vnculo afetivo para com seu

    filho. Se verificada a alienao parental no processo de separao, ou em qualquer outro

    momento,asndromepodeserrepelidaeatmesmonoserinstaladanacriana,demodoa

    evitarasfuturasseqelasnaadolescnciaouatmesmonafaseadulta.

    Pesemuitoemevidnciaacriana,poisestanaturalmentesuscetvelimplantao

    de falsas memrias, tambm como chamada a sndrome da alienao parental,

    principalmente pelo progenitor guardio, que em quem ela convive e confia, j o

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    adolescente temmaisresistnciaessas implantaesdevidoao seugraude independncia

    mentaljconstrudo,separandoseupensamentodaqueledoprogenitorguardio,oalienador.

    Almdaalienaoparental ter comoprincipal formaocomportamentodoalienador

    dedenegriraimagemdoalienado,inculcandodefeitosdestenacriana,essefenmenopossui

    vriasoutrasformasquelevamgrausdiferentesdeafastamento,emquealgunspodemser

    reversveiseoutrosno.Attulodeexemplo,ograumximoeirreversvelohomicdio,que

    destriliteralmenteaentidadefamiliar.Oprogenitorguardiotiraavidadooutroprogenitor

    pornoconseguiralienlodarelaocomacriana,esvezespodechegaratiraravidado

    prpriofilho.

    Umaformabastantecruelecorriqueiradealienaoparental,masdegraureversvel,

    a falsa denncia de abuso sexual. O progenitor alienador induz o filho a acreditar que

    realmente aconteceuoabusoatravsdopoderdepersuaso, transformandoa lembranada

    crianaemummomentoquenoocorreu,efazadennciaparaqueavisitaregulamentadado

    outroprogenitorsejasuspensa,definitivaoutemporariamente.

    Comisso,noterceirocaptuloabordadoopapeldojudicirio,quedeveestarmuito

    atentoparaquenosejaomissonainstalaodasndrome,poisquandoverificadaatempo

    reversvelnamaioriadasvezes.Tambmhdeseperceberastnuesdiferenasentreoabuso

    real e o abuso induzido, para que se possa ter discernimento na deciso da medida a ser

    tomada, seja o afastamento do abusador ou o afastamento da sndrome, para que no se

    contribuanemcomumnemcomoutro.

    Noquartocaptuloserabordadaapossibilidadedeaplicaodasmedidasjudiciaise

    teraputicas, pois apesar do nosso ordenamento jurdico ainda no possuir norma

    regulamentadora sobre o tema os doutos magistrados j tm se posicionado e formado

    entendimentos jurisprudenciais para que se possa ver que a incidncia desse fenmeno no

    mundojurdicoreal,eassim,atentarparaarealidadedasrelaesfamiliaresatuais.

    Considerando o direito uma cincia mutvel que precisa seguir junto as mudanas

    sociais, jhumanteprojetode leiaserpropostoparaqueessefenmenosejapositivadoe

    dispostonoEstatutodaCrianaedoAdolescentecomoformadeabusocontraacriana.Este

    anteprojeto, constado no anexo, especifica instrumentos processuais destinados a inibir a

    prtica de atos de alienao parental ou atenuar seus efeitos, assim como dispe sobre o

    conceitodealienaoparental,comoojudiciriopodeidentificlaeatmesmoseportarem

    casosmaisgravesquenecessitamdeumacompanhamentomaisprofundodocaso,comuma

    equipeprpriamultidisciplinarparaavaliaespsicolgicasebiopsicosociais.

  • 13

    CAPTULO1

    ODIREITODEFAMLIA

    Acercadodireitodefamlia,devemosatentarparasuanaturezajurdica,queemsua

    essnciadedireitoprivado,contudo,comnormasdedireitopblico,poistemainterveno

    estatalnassuasrelaes,tornandoseassimumdireitoespecial.

    OqueocorrequeoPoderPblicovemcadavezmaisavanandonavidantimadas

    pessoas,poissendoafamliaabasedasociedade,cabeaoestadoasuaproteoemnomedo

    bemcomumedapazsocial.

    DeacordocomRobertodeRuggierocitadoporRobertoJooElias:

    O Estado intervm no mbito familiar no somente para fortalecer seusvnculos, mas para garantir a segurana de suas relaes, disciplinar e conduzir afamlia finalidadeprimordialaquesedestina, comoprimeirabasedasociedade.[...] O interesse da famlia sobrepese ao interesse particular. Por intermdio dointeressefamiliarhaindauminteressemaisaltoquepedeerecebeproteo:odoprprio Estado, que na conservao e na fortaleza do ncleo familiar vai buscarfora e impulso para o seu prprio desenvolvimento. Na verdade, interessa aoEstadoqueoorganismofamiliarsobreoqualrepousatodooorganismosuperiorestatal seja regulado e disciplinado em conformidade com o fim universal ecomumaqueelesedestina.1

    ConformeRobertoJooElias:

    porissoqueasnormasquedisciplinamafamliaso,emsuamaioria,deordempblica,nopodendoserderrogadaspelavontadedeparticulares[...]Certoqueasnormasdeordempblicavisamsatisfaodeexignciassociaise,porisso,asuaobrigatoriedadeabsoluta.2

    SegundoMoacirCsarPenaJr.:

    Odireitodefamlia,indubitavelmente,umdireitoespecial,decunhosocial,sujeito s constantes mutaes da famlia, e que, apesar de tratar de relaes deafeto, de questes ntimas inerentes pessoa humana, forado a permitir aaplicaodenormaspblicasapraticamentetodasasatividadesdafamlia.3

    Odireitodefamlia,apesardeserregidotambmpornormasdedireitopblico,tem

    carter personalssimo, ou seja, toda a matria regida em torno da famlia de direito

    indisponvel,sendointransferveleirrenuncivel.

    1RUGGIERO,RobertodeapudELIAS,RobertoJoo.Direitosfundamentaisdacrianaedoadolescente.SoPaulo:Saraiva,2005,p.3031.

    2ELIAS,RobertoJoo.Direitosfundamentaisdacrianaedoadolescente.SoPaulo:Saraiva,2005,p.30.3PENAJUNIOR,MoacirCsar.Direitodaspessoasedasfamlias:doutrinaejurisprudncia.SoPaulo:Saraiva,2008,p.05.

  • 14

    1.1AfamliaeaConstituioFederalde 1988.

    Afamliaoseiodasprimeirasexperinciasesensaesdoserhumano.nelaquese

    iniciaajornadadavida.4

    DeacordocomMnicaGuazzelli:Maisdoqueapenasumgrupodepessoasunidas

    peloslaosafetivos,afamliarepresentaoberoqueabraacadaumdensquandopassamos

    aexistir.5

    Antigamente a concepo de famlia era meramente um ncleo econmico e de

    reproduo,mascomarevoluofamiliarqueseiniciounosculopassadoequeestatodo

    vapor,algumasdcadasdepois,pdeseobservaroinverso,umespaodecompanheirismoe

    livre expresso de afeto, tornandose mais democrtica as relaes intrafamiliares

    estabelecidasemigualdade.6

    Nossosistemaoriginriopreviaumncleofamiliarmatrimonializado,hierarquizadoe

    patriarcal,diferentementeda legislao fundamentaldodireitode famliahoje,que superou

    essestrsmodelosantiquados.7

    Essas mudanas trouxeram uma concepo e acepo jurdica do instituto a ser

    analisadocomo instrumentodeproteodos indivduosquecompema famlia,namedida

    em que o ncleo de desenvolvimento da personalidade dos filhos e de promoo da

    personalidadedeseusintegrantes.Contudo,nosepodenegarqueacimadeserumaestrutura

    deafetoeproteo,nemsempreoquesedesencadeiadentrodelaomaisvirtuosoouafvel,

    sendotambmumlugarpropcioagravesproblemaspessoais.8

    AprincipalmudananodireitodefamliadeusecomaConstituioFederalde1988,

    que ampliou o conceito de famlia passando a proteger de forma igualitria todos os seus

    membros,assimcomoosdescendentes.Essaessnciaseencontranosartigos226,227e229

    daConstituioFederalde1988.

    Afamliacontemporneatrazopreceitodeigualdadeentreoscnjugeseaproibio

    de designao discriminatria dos filhos, estabelecendo novos papis para pais e filhos.

    4GUAZZELLI,Mnica.Afalsadennciadeabusosexual.In:DIAS,MariaBerenice(Coord.). Incestoealienaoparental: realidadesqueajustiainsisteemnover.SoPaulo:RevistadosTribunais,2007,p.113.

    5Idem.6Ibidem,p.113114.7Ibidem,p.114.8GUAZZELLI,Mnica.op.cit.,loc.cit.,p.114115.

  • 15

    SegundoRicardoLiracitadoporRosanaFachin:[...]nohpoderdospaissobreosfilhos.

    Hdeveresefaculdadesquesoinstrumentosdessesdeveres.9

    importante ressaltar os dispositivos constantes na Constituio Federal de 1988

    referentesfamlia:artigo226,caput,queprevtutelaespecialfamliaemgeraleseus1,

    3e4,quedestacamosmodelosdeentidadesfamiliares,reconhecendooparentescocomo

    fonte da famlia constitucional, como a famliamonoparental artigo227, caput,dispedo

    direitoeprincpiodaconvivnciafamiliaredaproteointegralcrianaeaoadolescentee

    seu6,quereconhecea igualdadeentreosfilhos,independentementedeorigemeoartigo

    229,queprev expressamenteodever dosparentes em linha reta emprimeiro grau,pais e

    filhos, de prestao de assistncia moral e material recproca, e dentro destes a criao e

    educaodosfilhosmenores.10

    ConformeMoacirCsarPenaJr.:

    O novomodelo de famlia, portanto, produto da constitucionalizao doordenamento jurdico, que privilegia os valores da dignidade da pessoa humana,tornando mais amplo o conceito de unidade familiar, cujo objetivo odesenvolvimento da personalidade e a busca da felicidade de cada um dos seuscomponentes.11

    Atualmente, a famlia representa um bero de afeto, igualdade, companheirismo,

    lealdade, tica e confiana entre seusmembros. produtodeunies informais, da cincia

    (inseminaoartificial),daunioentrepessoasdomesmosexo,depessoasvivendosozinhas,

    depaisoumescriandosozinhosseusfilhos,deirmandades,etc.12

    O direito de famlia, ao longo dessas transformaes, tem procurado acompanhar a

    sociedade e tutelar de formamais especfica e eficaz os interesses quemudamde foco. A

    famliaatual temvriasformasediferentesmodelos,quessopossveispela liberdadede

    escolha e igualdade comosua essncia.Emummodelomais flexvel emenos patriarcal a

    dignidadedapessoahumanaprevaleceemproldafamliaparaqueofimmaior,afelicidade,

    sejaentoatingido.

    9LIRA,RicardoapudFACHIN,Rosana.Parentescoefiliao.In:DIAS,MariaBerenicePEREIRA,RodrigodaCunha(Coord.).Direitodefamliaeo novocdigocivil.3.ed.rev.atual.eampl.BeloHorizonte:DelRey,2003,p.147.

    10GAMA,GuilhermeCalmonNogueirada.Dasrelaesdeparentesco.In:DIAS,MariaBerenicePEREIRA,RodrigodaCunha(Coord.).Direitodefamliaeonovocdigocivil.3.ed.rev.atual.eampl.BeloHorizonte:DelRey,2003,p.106.

    11PENAJUNIOR,MoacirCsar.Direitodaspessoasedasfamlias:doutrinaejurisprudncia.SoPaulo:Saraiva,2008,p.09.

    12Ibidem,p.2425.

  • 16

    1.2Osprincpiosdodireitodefamlia.

    Com a constitucionalizao do direito de famlia, os princpios constitucionais, que

    traduzem valores fundamentais, so especialmente importantes para uma interpretao que

    reflitasabedoriaesensodejustia.13

    Algunsdessesprincpiostrazemconsigoaessnciadasrelaesfamiliaresencontrada

    na valorizao do afeto, e outros so princpios gerais encontrados em outros ramos do

    direito,comoodadignidadedapessoahumana,igualdadeeliberdade.14

    No se tem um nmero certo de princpios, pois cada autor traz uma quantidade

    diferenciada. A doutrina e a jurisprudncia tm reconhecido inmeros princpios

    constitucionais implcitos, por isso difcil quantificar ou nomear todos os princpios que

    norteiamodireitodefamlia,massabesequeosprincpiosexplcitostmhierarquiasobreos

    implcitos.15

    Em ateno monogamia, tida como um princpio em diversas doutrinas, Maria

    BereniceDiasdiscordadesseentendimento,poisnose tratadeumprincpioconstitucional

    oudeestatalde famlia,massimuma regra restrita adiversosmatrimnios.Oque sedeve

    perceberqueaConstituioFederalnoacontempla,pelocontrrio,tantopermitemaisde

    um relacionamento familiar quanto tolera a traio, no permitindo que nenhum filho tido

    forado casamento seja discriminado, e ainda, nodeixandode concederefeitos jurdicos a

    umarelaofamiliarparalela.

    AindadeacordocomMariaBereniceDias:

    Pretenderelevaramonogamiaaostatusdeprincpioconstitucionalautorizaquesecheguearesultadosdesastrosos.Porexemplo,quandohsimultaneidadederelaes,simplesmentedeixardeemprestarefeitosjurdicosaumou,pior,aambosos relacionamentos, sob o fundamento de que foi ferido o dogma damonogamia,acaba permitindo o enriquecimento ilcito exatamente do parceiro infiel.Resta elecomatotalidadedopatrimnioesemqualquerresponsabilidadeparacomooutro.Essa soluo que vem sendo apontada pela doutrina e aceita pela jurisprudnciaafastasedodogmamaiorderespeitodignidadedapessoahumana,almdechegaraumresultadodeabsolutaafrontatica.16

    Oprincpiodadignidadedapessoahumanaoprincpiomaiordaconstituio,pois

    aglutinaemsitodososdireitosegarantiasfundamentaiscontidosnaConstituioFederal,e

    13PENAJUNIOR,MoacirCsar.Direitodaspessoasedasfamlias:doutrinaejurisprudncia.SoPaulo:Saraiva,2008,p.2425.PENAJUNIOR,MoacirCsar.Direitodaspessoasedasfamlias:doutrinaejurisprudncia.SoPaulo:Saraiva,2008,p.09.

    14DIAS,MariaBerenice.Manualdedireitodasfamlias.4.ed.rev.atual.eampl.SoPaulo:RevistadosTribunais,2007,p.5758.

    15Ibidem,p.57.16Ibidem,p.59.

  • 17

    porissoestpresentenosoutrosramosdodireito,indodesdeodireitovida,liberdade,at

    aodireitodeserfeliz.17

    Esse princpio considerado a primeira manifestao dos valores constitucionais

    carregadodesentimentoseemoes,justamenteporquesuaessnciadifcildesercaptura

    em palavras, impossvel uma compreenso exclusivamente intelectual do mesmo. um

    macroprincpiodoqualseextraemaliberdade,aautonomiaprivada,acidadania,aigualdade,

    asolidariedadeevriosoutrosprincpiosticos.18

    A dignidade da pessoa humana elevada a nvel constitucional provocou uma

    despatrimonializao, trazendoapersonalizaodos institutosjurdicos, colocandoapessoa

    humananocentroprotetordodireito.Odireitodefamliaestatreladoaosdireitoshumanos,

    quetemporbaseoprincpiodadignidadedapessoahumana,que,porfim,representaaigual

    dignidadeparatodasasformasdeentidadefamiliar.19

    ConformeMariaBereniceDias:Ora,sedireitodapessoahumanaconstituirncleo

    familiar,tambmdireitoseunomanteraentidadeformada,sobpenadecomprometerlhea

    existnciadigna.20

    Assim, no amparo do princpio da dignidade da pessoa humana veio o direito

    separaoeaodivrcio.21

    Um segundo princpio que advm da dignidade da pessoa humana e est atrelado

    tambmaoprincpiodaigualdade,odaliberdade.Esteprincpioinviolvel,eopapeldo

    direito, que tem como finalidade assegurar a liberdade, coordenar, organizar e limitar as

    liberdades, garantindo assim a liberdade individual, por isso liberdade e igualdade esto

    atreladas,poissexisteliberdadesehouver,emigualproporoeconcomitncia,igualdade.

    Inexistindoaigualdade,haverdominaoesujeioenoliberdade.22

    AConstituiocomainstauraodademocraciatrouxeespecialatenoliberdadee

    igualdade.Nombitofamiliaraliberdadesetraduznopoderdeescolhadequalquerparceiro

    para se constituir uma entidade familiar, e a igualdade na isonomia de tratamento entre o

    homemeamulheremrelaochefiada sociedadeconjugal, sendoobservada tambmna

    17PENAJUNIOR,MoacirCsar.Direitodaspessoasedasfamlias:doutrinaejurisprudncia.SoPaulo:Saraiva,2008,p.09.

    18DIAS,MariaBerenice.Manualdedireitodasfamlias.4.ed.rev.atual.eampl.SoPaulo:RevistadosTribunais,2007,p.59.

    19Ibidem,p.60.20Idem.21Idem.22Ibidem,p.6061.

  • 18

    unioestvel, ondeopatrimniodosquedispunhamdomesmostatus familiaeprotegido

    comonocasamento.23

    ComocitadoporMariaBereniceDias:

    A liberdade floresceu na relao familiar e redimensionou o contedo daautoridadeparentalaoconsagrar os laosdesolidariedade entrepaise filhos,bemcomoaigualdadeentreoscnjugesnoexerccioconjuntodopoderfamiliarvoltadaaomelhorinteressedofilho.24

    Umterceiroprincpiojmencionadoacimaodaigualdade,umdossustentculosdo

    Estadodemocrticodedireito.FalaremigualdadenosremeteclerefrasedeRuiBarbosa:

    Trataraiguaiscomdesigualdadeouadesiguaiscomigualdadenoigualdadereal,massim

    flagrantedesigualdade.25

    A Constituio Federal trouxe o princpio da igualdade de forma enftica,

    mencionandoonoprembulodaConstituioemseuartigo5:todossoiguaisperantea

    lei em seu inciso I, afirmando a igualdade de direitos e obrigaes entre o homem e a

    mulher, e, ainda mais adiante em seu artigo 226, 5, igualando os direito e deveres do

    homeme damulher em relao sociedade conjugal.No bastando, a igualdade alcanou

    tambmos vnculos de filiao, proibindo qualquer discriminao contra os filhos havidos

    foradarelaoconjugalouporadoo.26

    SegundoMnicaGuazzellicitadaporMariaBereniceDias: Arelaode igualdade

    nasrelaesfamiliaresdeveserpautadanopelapuraesimplesigualdadeentreiguais,mas

    pelasolidariedadeentreseusmembros,caracterizadadamesmaformapeloafetoeamor.27

    E,aindaconformeMariaBereniceDias:

    A organizao e a prpria direo da famlia repousam no princpio daigualdade de direitos e deveres dos cnjuges (CC 1.511), tanto que compete aambos a direo da sociedade conjugal em mtua colaborao (CC 1.567). Soestabelecidos deveres recprocos e atribudos igualitariamente tanto ao maridoquantomulher(CC1.566).Tambmemnomedaigualdadepermitidoaqualquerdosnubentesacresceraoseuosobr enomedooutro(CC1.5651).acentuadaaparidadedosdireitosedeveresdopaiedamenorespeitantepessoa(CC1.631)ebensdosfilhos(CC1.690).Assim,nohavendoacordo,noprevaleceavontadedenenhum deles. Devem socorrerse do juiz para a soluo dos desacordos. Comrelaoguardadosfilhos,ningumtempreferncia(CC1.584),sendoconferidadeforma indistinta a quem revelarmelhores condies para exercer: ou ao pai ou me.28

    23DIAS,MariaBerenice.Manualdedireitodasfamlias.4.ed.rev.atual.eampl.SoPaulo:RevistadosTribunais,2007,p.61.

    24Idem.25BARBOSA,RuiapudDIAS,MariaBerenice.Manualdedireitodasfamlias.4.ed.rev.atual.eampl.SoPaulo:RevistadosTribunais,2007,p.62.

    26DIAS,MariaBerenice.op.cit.,p.62.27GUAZZELLI,MnicaapudDIAS,MariaBerenice.Manualdedireitodasfamlias.4.ed.rev.atual.eampl.SoPaulo:RevistadosTribunais,2007,p.63.

    28DIAS,MariaBerenice.op.cit.,p.63.

  • 19

    Quanto ao vnculo de filiao, todos os filhos so iguais em direitos e deveres,

    merecendoatotalproteoporpartedospais,dasociedadeedoEstado,poisfilhosempre

    filho,independentementedesuaorigembiolgicaousocioafetiva.29

    Encontramosemnossoordenamentojurdicoumquartoprincpio,quetemorigemnos

    vnculos afetivos, compreendendo fraternidade e reciprocidade, gerando deveres recprocos

    entreosmembrosdeumamesmafamlia.30

    Outro princpio bastante moderno o do pluralismo das entidades familiares,

    admitindo a famlia como qualquer arranjo familiar, seja por vnculo sanguneo, seja pelo

    afetivo, no os excluindo do mbito jurdico por no serem constitudos a partir de um

    matrimnio.31

    Afamlia,qualquerquesejaasuaformaderepresentaosocial,deveserconstituda

    de relaes de afeto para que seja palco de realizaes e felicidades, baseandose na

    capacidadedecadaumdosmembrosdedarereceberamor.Tomandoporbaseesseobjetivo,

    surgiumaisumprincpionaConstituioFederal,odaafetividade,fundamentalparaqueas

    relaesna famliasejambemsucedidas,deixandodeserumcentroeconmico,religiosoe

    dereproduocomofoidurantemuitosanos,dandolugaraocompanheirismo.32

    SegundoJosLamartineC.deOliveira,FranciscoJosF.MunizePauloLuizNetto

    LbocitadosporMariaBereniceDias:

    Afamliaeocasamentoadquiriramumnovoperfil,voltadosmuitomaisarealizarosinteressesafetivoseexistenciaisdeseusintegrantes.[...]Acomunhodeafetoincompatvelcomomodelonico,matrimonializado,dafamlia.Porisso, aafetividade entrou nas cogitaes dos juristas, buscando explicar as relaesfamiliarescontemporneas.33

    Durante toda essa evoluo do direito de famlia, instaurouse uma nova ordem

    jurdica ao conceito de famlia, dando, enfim, um valor jurdico subjetivo ao afeto. Sendo

    assim, no se precisa abordar mais nada pra dizer que este o princpio fundamental

    norteadordodireitode famlia.34

    AlmdessesprincpiosdemaiorenfoqueaCartaConstitucionaldnfasetambma

    outrosdoisprincpiosmuitoimportantesaotematratado,oprincpiodaproteointegralda

    29PENAJUNIOR,MoacirCsar.Direitodaspessoasedasfamlias:doutrinaejurisprudncia.SoPaulo:Saraiva,2008,p.15.

    30DIAS,MariaBerenice.Manualdedireitodasfamlias.4.ed.rev.atual.eampl.SoPaulo:RevistadosTribunais,2007,p.6364.

    31Ibidem,p.64.32PENAJUNIOR,MoacirCsar.op.cit.,p.1011.33DIAS,MariaBerenice.op.cit.,p.68.34Idem.

  • 20

    crianaedoadolescenteeoprincpiodomelhor interessedacrianaedoadolescente,que

    serotratadosmaisespecialmentenotpicoaseguir.

    1.3OEstatutodaCrianaedoAdolescenteeadoutrinadaproteointegral.

    AConstituioFederalde1988jtraziadispositivosreferentesaosdireitosdacriana

    e do adolescente, contudo, em 1990 um microssistema veio regulamentar e tutelar esses

    direitos, estabelecendo polticas de atendimento,medidas de proteo, dispositivos de atos

    infracionais e o acesso justia, assim como os crimes e as infraes administrativas

    cometidoscontraacrianaeoadolescente.

    Combasenosdispositivos227e228daConstituioFederalde1988,oEstatutoda

    CrianaedoAdolescentetrouxeumanovarealidadebrasileiraaorespeitoscrianaseaos

    adolescentes,disciplinadoasrelaescomafamlia,asociedadeeoEstado.

    OEstatutodaCrianaedoAdolescenteveioparadeterminaraprioridadedacrianae

    do adolescente em detrimento de seu estado peculiar de pessoa em desenvolvimento,

    adotandodiretrizesconstitucionaisqueprevemadoutrinadaproteointegraleoprincpio

    domelhorinteresse,refletidosemseusartigos3,4e5.35

    Os direitos e garantias fundamentais da criana e do adolescente assegurados pela

    ConstituioFederalde1988queestodispostosespecificamentenoEstatutoso:direito

    vida,liberdadefsicaeintelectual,aonome,aocorpo,imagemedignidadealmdesses

    direitosfundamentaisdapessoahumana,acrianaeoadolescentegozamdodireitosubjetivo

    dedesenvolvimentofsico,mental,moral,espiritualesocial,preservandosesualiberdadee

    dignidade. E para garantir e efetivar esses direitos o legislador criou mecanismos como o

    dever de todos prevenir a ocorrncia de ameaa ou violao dos direitos da criana e do

    adolescente.36

    ComoprevistonoatualCdigoCivilBrasileiro (2002),osdireitosdapersonalidade

    soinalienveis,intransmissveis,imprescritveiseirrenunciveis.

    CombasenessesdireitosresguardadostantonaConstituioFederalde1988quanto

    no Estatuto da Criana e do Adolescente, este deve ser interpretado de acordo com sua

    35ISHIDA,ValterKenji.Estatutodacrianaedoadolescente:doutrinaejurisprudncia.9.ed.SoPaulo:Atlas,2008,p.13.

    36Ibidem,p.1314.

  • 21

    finalidadesocial,ouseja,proteointegraldacrianaedoadolescente,bemcomoomelhor

    oumaiorinteressedestes.37

    A doutrina da proteo integral se transparece pelo princpio do melhor ou maior

    interessedacrianaedoadolescente,centrandosenodesenvolvimentodesuapersonalidade,

    nos planos fsico, intelectual, moral, espiritual e social, em condies de liberdade e

    dignidade. E, por sua vez, o direito liberdade assegura a proteo da criana e do

    adolescentecontra toda formadeabandono,negligncia, crueldadeeexplorao,quepossa

    prejudicarsuasade,educaoedesenvolvimentofsico,intelectualoumoral.38

    Esse microssistema prev mecanismos de amparo e proteo criana e ao

    adolescente,proporcionandoefetividadedadefesadessesdireitos.

    O tambm chamado de princpio do superior interesse, previsto na Constituio

    Federalde1988enoEstatutodaCrianaedoAdolescentede1990,emseuart.6,temsua

    definio como aqueles cuidados essenciais para se viver com sade fsica, mental e

    emocional, cujos interesses inicialmentesodospais,masse negligenciadosoEstadodeve

    intervirparaassegurlos.39

    Esse princpio teve origem no instituto ingls parens patriae, onde o rei tinha a

    prerrogativadeprotegeraquelesquenopoderiamfazloemcausaprpria.40

    AConvenoInternacionalsobreDireitosdaCriana,realizadapelaOrganizaodas

    Naes Unidas (ONU) em 1989, prev que todas as aes relativas s crianas levadas a

    efeito por instituies pblicas ou privadas de bemestar social, tribunais, autoridades

    administrativasourgoslegislativos,devemconsiderar,primordialmente,ointeressemaior

    dacriana.41

    SegundoWaldyrGrisardFilho:[...]o interessedos filhosdeveprimarporcimade

    qualqueroutrointeresse,oucircunstncia,dopaioudame.42

    De acordo com a Constituio Federal de 1988 e com Estatuto da Criana e do

    Adolescentede1990, a relaoentrepaise filhoseopoderpaternalest ligado idiade

    37ISHIDA,ValterKenji.Estatutodacrianaedoadolescente:doutrinaejurisprudncia.9.ed.SoPaulo:Atlas,2008,p.10.

    38OLIVEIRA,JosFranciscoBasliode.Guarda,visitaoebuscaeapreensodefilho.RiodeJaneiro:Destaque,2000,p.5354.

    39FACHIN,Rosana.Parentescoefiliao.In:DIAS,MariaBerenicePEREIRA,RodrigodaCunha(Coord.).Direitodefamliaeonovocdigocivil.3.ed.rev.atual.eampl.BeloHorizonte:DelRey,2003,p.149.

    40PEREIRA,TniadaSilva.Daadoo.In:DIAS,MariaBerenicePEREIRA,RodrigodaCunha(Coord.).Direitodefamlia eonovocdigocivil.3.ed.rev.atual.eampl.BeloHorizonte:DelRey,2003,p.156.

    41Idem.42GRISARDFILHO,Waldyr.Guardacompartilhada:umnovomodeloderesponsabilidadeparental.SoPaulo:RevistasdosTribunais,2000,p.62.

  • 22

    proteo.Osdireitosedeverescompartilhadospelopaiepelamevisamasseguraraosfilhos

    todososcuidadosnecessriosaoseudesenvolvimentoeeducaomoraleintelectual.43

    Oobjetivodaleiprotegerointeressedacrianadeumaformageraleabstrata,jo

    do juiz fazer valer essa proteo nos casos concretos por uma avaliao individualizada,

    partindodequecadacasoumcaso.Acriananoobjetodedireitodospais,massimuma

    pessoaemcondiodedesenvolvimentoquetemdireitoproteo,assistnciaeeducao.

    De acordo com Jos Francisco Baslio de Oliveira, em matria de proteo do

    interessedomenorojuiznoficavinculadoaocritrioestritamentelegal,podendousarasua

    faculdadediscricionriaeoseupodegeraldecautela,afimdetomarasmedidasquejulgar

    cabveis,visandooquemelhorconvmcriana.44

    Para que essa proteo seja efetivada pelo do juiz existem elementos determinados

    pelajurisprudnciaaseremlevadosemconta,como,segundoEduardodeOliveiraLeite:

    Odesenvolvimentofsicoemoraldacriana,aqualidadesesuasrelaesafetivasesuainseronogruposocial,a idade,o sexo, airmandade,oapegoouaindiferenamanifestada pela criana a umde seus pais, a estabilidade da criana,comotambmascondiesquecercamospais,materiaisoumorais.45

    Aplicandoodireitoo juizdeveexaminara situao ftica,determinandoapartirde

    elementos objetivos e subjetivos qual , verdadeiramente, o interesse do menor naquela

    situaoespecfica.46

    Nasquestesrelativasguarda,oprincpioemquestooprincipalinformadorpara

    queo juiz decida quem efetivamente temmelhores condies de defender esses interesses.

    Sendo o melhor interesse da criana o objetivo, conferido ao juiz a possibilidade de,

    ausentesnospaisascondiesnecessriaspararesguardarosinteressesdomenor,determinar

    a guarda terceiros, sejam parentes comoos avs,ou no, como vizinhos, amigos ou at

    mesmoumafamliasubstituta.47

    SegundoRosana Fachin: [...] uma vez que se trata de realidade dinmica, seja ela

    provisriaoudefinitiva,aguardapodersermodificada.48

    Aplicandoomelhorinteressedacrianaojuizdeveestaratentossituaesdispostas

    principalmente nos processos de separao, no deixando passar nenhuma violao dos

    43FACHIN,Rosana.Parentescoefiliao.In:DIAS,MariaBerenicePEREIRA,RodrigodaCunha(Coord.).Direitodefamliaeonovocdigocivil.3.ed.rev.atual.eampl.BeloHorizonte:DelRey,2003,p.149.

    44OLIVEIRA,JosFranciscoBasliode.Guarda,visitaoebuscaeapreensodefilho.RiodeJaneiro:Destaque,2000,p.91.

    45LEITE,EduardodeOliveiraapudGRISARDFILHO,Waldyr.Guardacompartilhada:umnovomodeloderesponsabilidadeparental.SoPaulo:RevistasdosTribunais,2000,p.63.

    46GRISARDFILHO,Waldyr.Guardacompartilhada:umnovomodeloderesponsabilidadeparental.SoPaulo:RevistasdosTribunais,2000,p.63.

    47FACHIN,Rosana.Parentescoefiliao.op.cit.,p.148.48Ibidem,p.149.

  • 23

    interessesinfantojuvenis,estandoatentossuasnecessidadesjuntamentecomumaequipede

    psiclogoseassistentes,procurandosempreaproteodaquelesnaqualidadedepessoaem

    desenvolvimento.

    NonossoEstatutohtambmoutrosprincpiosqueestoimplcitosnosdispositivos,

    osquemaissedestacamso:oprincpiodaprevenogeraldispostonosartigos54,IaVIIe

    70, prevendo como dever de todos e do Estado assegurar criana e ao adolescente a

    preveno da ocorrncia de ameaa ou violncia desses direitos o princpio da preveno

    especial noartigo74, regulandoasdiverses e espetculospblicosdeacordocoma faixa

    etria, o local e horrio de sua realizao que se mostrem inadequados o princpio de

    atendimento integral nos artigos 3, 4 e 7, sendo direito do menor a vida, a sade, a

    alimentao, a educao, o esporte, o lazer, a profissionalizao e tantos outros que so

    necessriosaoseucompletodesenvolvimentooprincpiodagarantiaprioritrianoartigo4,

    a a d, que se baseia na preferncia tanto de proteo e socorro em quaisquer

    circunstncias como em polticas sociais pblicas adotadas pelo governo o princpio da

    proteoestatalnoartigo101,ondeoEstado,atravsdeprogramasdedesenvolvimento,visa

    a formaobiopsquica, social, familiar e comunitria oprincpioda indisponibilidadedos

    direitos do menor no artigo 27, envolvendo o direito personalssimo, indisponvel e

    imprescritveldoreconhecimentodoestadodefiliaoexercidocontraospaisouherdeiroso

    princpioda escolarizao fundamental e profissionalizao nos artigos 120,1 e124,XI,

    quesoobrigatriasepossibilitadaspelosrecursosdacomunidadeoprincpiodareeducao

    ereintegraodomenornoartigo119,IaIV,quevisafornecerorientaoeinseriromenore

    sua famlia em programa oficial ou comunitrio de auxlio e assistncia, bem como

    supervisionara freqnciaeoaproveitamentoescolaroprincpioda sigilosidadenoartigo

    143,permitindoquesejavedadaadivulgaodeatosjudiciais,policiaiseadministrativosque

    digam respeito a crianas e adolescentes a que se atribua autoria de ato infracional o

    princpiodarespeitabilidadenosartigos18,124,Ve178,sendodeverdetodosresguardara

    dignidadedacrianaedoadolescente,pondoosa salvodequalquer tratamentodesumano,

    violento, aterrorizante, vexatrio ou constrangedor, seguindo os ditames do princpio da

    dignidadedapessoahumanaoprincpiodocontraditrionosartigos171e190,garantindoa

    ampladefesaeigualdadedetratamentoemprocessosjudiciaiseadministrativosoprincpio

    da gratuidade no artigo 141, 1 e 2, pois a assistncia judiciria prestada a todos os

    menores que dela necessitem gratuita, sendo seu acesso garantido todo menor pela

    DefensoriaPblica,oMinistrioPblicoeoPoderJudicirioouqualquerdeseusrgoseo

  • 24

    princpiodocompromissonoart.32,aoqualsesujeitamtodosqueassumiremaguardaoua

    tuteladomenor,devendoresponderbemefielmenteaodesempenhodeseucargo.49

    49NOGUEIRA,PauloLcio.Estatutodacrianaedoadolescente:lein.8.069de13dejulhode1990.4.ed.rev.aum.eatual.SoPaulo:Saraiva,1998,p.1617.

  • 25

    CAPTULO2

    SNDROMEDAALIENAOPARENTAL

    ASndromedaAlienaoParentaltratadasconseqnciaspsicolgicassofridaspela

    criana como resultado da alienao parental, constituindo uma forma de abuso contra a

    crianaeoadolescente.

    Antes de adentrarmos ao tema principal so necessrios alguns esclarecimentos a

    cercadoFenmenodaAlienaoParental.

    Osestudiososdosconflitos familiares j sedeparamcomesse fenmeno,queno

    novo, mas vem sendo melhor identificado atualmente. Pode ser chamado por mais de um

    nome:fenmenodaalienaoparentalouimplantaodefalsasmemrias.50

    Elecaracterizadopelocomportamentodeumdosgenitoresparaexcluirooutroda

    relaodeconvviocomofilho,ouseja,ogenitorquedetmaguardadacrianaprocurade

    vrias maneiras afastar o filho do outro genitor que no a detm. Esse fenmeno ocorre

    freqentementenosprocessosdeseparaodoscnjuges,ondehadisputapelaguardados

    filhos.51

    SegundoMariaBereniceDias:Acrianainduzidaaafastarsedequemamaeque

    tambm a ama [...] o filho utilizado como instrumento da agressividade direcionada ao

    parceiro.52

    O fenmenose concretizaquandoospais comeam a transformar as percepes de

    seusfilhos,atravsdediversasformas,objetivandoimpedir,obstruiroudestruirsuasrelaes

    comooutrogenitor.53

    Conforme Gardner: [...] um dos genitores empreende um programa de denegrir o

    outrogenitor.54

    50DIAS,MariaBerenice.Sndromedaalienaoparental,oqueisso?JusNavigandi,Teresina,PI,ano10,n.1119,25jul.2006.Disponvelem:.Acessoem:12mar.2008.

    51BRANDES,JoelR.Alienaoparental.APASE[S.l.].NewYork LawJournal,2000.Disponvelem:.Acessoem:10maio2008.

    52DIAS,MariaBereniceDias.Alienaoparental.MariaBereniceDias[S.l.].Disponvelem:.Acessoem:10maio2008.

    53CUENCA,JoseManuelAguiar.Ousodecrianasnoprocessodeseparao:Sndromedaalienaoparental.APASE[S.l.].RevistaLexNova,out./dez.,2005.Disponvelem:.Acessoem:10maio2008.

    54GARDNER,RichardapudGROENINGA,GiselleCmara.Ofenmenodaalienaoparental.In:PEREIRA,RodrigodaCunhaMADALENO,Rolf(Coord.).Direitodefamlia:processo,teoriaeprtica.RiodeJaneiro:Forense,2008,p.124.

  • 26

    DeacordocomMariaBereniceDias:

    [...] Com o tempo, nem a me consegue distinguir a diferena entre verdade ementira. A sua verdade passa a ser a verdade para o filho, que vive com falsospersonagensdeumafalsaexistncia,implantandose,assim,falsasmemrias.55

    Assim,aalienaoparentalconsistenumamanipulaomentaldacrianapelogenitor

    guardio, implantando nela lembranas ruins que no existiram, assim como inculcando

    defeitosedesviosdecomportamentosdeformaexageradadooutrogenitor,levandoofilhoa

    concluses errneas e a rejeitar um perfil criado pelo genitor alienador para o genitor

    alienado.

    O objetivo desse comportamento excluir o genitor noguardio da convivncia

    familiarcomofilho,empenhandosedevriasformasemobteraexclusividadedacrianaou

    avinganacontraoexcnjuge.

    Nosetratadeestabeleceromaucontraobom,poisospapispodemseinverter,

    ouseja,ogenitorvtimadaalienaonoconformadocomasituaodesuaexclusopode

    tornarseoalienador,verificandose,ento,alienadoealienadornamesmapessoa.Ogenitor

    alienado da relao procura se vingar tomando o mesmo comportamento do alienador,

    estabelecendo assim uma escala de alienao mtua, resultando num crculo vicioso que

    precisaserinterrompidoparaqueodesenvolvimentosaudveleobemestardacrianasejam

    garantidos.56

    2.1Terminologia

    A alienao parental surgiu em decorrncia do estudo de sua sndrome, que foi

    primeiramenteidentificadaem1985porRichardGardner.

    O termo sndrome tem significado ambguo, ou seja, pode ser usado em dois

    sentidos:omdicoeofigurado.57

    55DIAS,MariaBerenice.Sndromedaalienaoparental,oqueisso?JusNavigandi,Teresina,PI,ano10,n.1119,25jul.2006.Disponvelem:.Acessoem:12mar.2008.

    56DARNALL,Douglas.Umadefiniomaisabrangentedealienaoparental.APASE[S.l.],2003.Traduo:PauloMarianoLopes.Disponvelem:.Acessoem:15maio2008.

    57GROENINGA,GiselleCmara.Ofenmenodaalienaoparental.In:PEREIRA,RodrigodaCunhaMADALENO,Rolf(Coord.).Direitodefamlia:processo,teoriaeprtica.RiodeJaneiro:Forense,2008,p.123124.

  • 27

    Seinterpretadasomentepelosentidomdicopodeacabarganhandoindevidamenteo

    statusdeverdademdicolegal, sendo reconhecidacomoprova incontestvel nosautosdos

    processosjudiciais.58

    Adiscusso da terminologia se d em tornodo forte apeloqueo nome sndrome

    traz,parecendoassim,umavantagempeloimpactoqueotermocausaaosleigos,contudona

    verdadeumadesvantagem,poisconfundeumfenmenocomumconceitomdicocientfico,

    podendo gerar confusesmetodolgicas, visto que a sndrome da alienao parental no

    aceitacomoumacategoriadiagnstica,ouseja,noumasndromemdicavlida.Assim,

    deveseatentarparaosentidofiguradodotermosndrome.59

    2.2IdentificaodaSndromedaAlienaoParental

    Fazsenecessriaaidentificaodasndrome porpartedosmagistradosparaqueestes

    possamrepelilasquandopresentes,nodeixandoqueseinstaledefinitivamentenosmenores.

    Segundo Giselle Cmara Groeninga: A identificao do fenmeno da alienao

    parental significa um movimento num verdadeiro resgate das funes parentais, de sua

    complementariedadeedadefesadosdireitosdapersonalidade.60

    Conforme Douglas Darnall: A sua primeira manifestao uma campanha de

    difamao contra um dos pais por parte da prpria criana, a qual no apresenta

    justificativa.61

    E,deacordocomFranoisPodevyn:

    Para sobreviver, estes filhos aprendem a manipular. Tornamseprematuramenteespertosparadecifraroambienteemocionalparafalarapenasumapartedaverdadeeporfim,enredarsenasmentiraseexprimiremoesfalsas.62

    A criana absorve todos os sentimentos negativos e ms experincias do genitor

    alienadorrelativasaoexcnjugeesesentenodeverdeproteglo,elegendooambientedo

    58GROENINGA,GiselleCmara.Ofenmenodaalienaoparental.In:PEREIRA,RodrigodaCunhaMADALENO,Rolf(Coord.).Direitodefamlia:processo,teoriaeprtica.RiodeJaneiro:Forense,2008,p.123124.

    59Idem.60Ibidem,p.137.61DARNALL,Douglas.Umadefiniomaisabrangentedealienaoparental.APASE[S.l.],2003.Traduo:PauloMarianoLopes.Disponvelem:.Acessoem:15maio2008.

    62PODEVYN,Franois.Sndromedaalienaoparental.Pailegal[S.l.],2001.Traduo:APASE.Disponvelem:.Acessoem:12mar.2008.

  • 28

    alienadorparapermanecer.Quandoargidosobreogenitoralienado,contaoquenolhefoi

    agradvelduranteavisitaaoinvsderessaltarascoisasquemaisgostou.63

    Algunscritriosmerecemserdestacados,porFranoisPodevyn64:

    a) campanhadedescrdito:estacampanhamanifestadaverbalmenteenasatitudespara

    comogenitorafastado

    b) justificativasfteis:ofilhodpretextosfteis,compoucacredibilidadeouabsurdos,

    parajustificarasuaatitude

    c) ausnciadeambivalncia:ofilhoapareceestarabsolutamentesegurodesimesmoe

    seu sentimento exprimido pelo genitor alienado mecnico e sem equvoco: raiva,

    desgosto,dio,entreoutros

    d) fenmenodeindependncia:acrianaafirmaqueningumainfluenciouequechegou

    sozinhaaestaconcluso,eoqueelarealmenteacredita.

    e) sustentao deliberada: o filho adota de uma maneira racional a defesa do genitor

    alienadordentrodoconflito

    f) ausnciadeculpa:acriananose senteculpadapordenegrirouexplorarogenitor

    alienado

    g) situaes fingidas: o filho conta casos que manifestamente no viveu, ou seja, que

    ouviufalar

    h) generalizao outros membros da famlia do alienado: a criana amplia sua

    animosidadeparaafamliaeamigosdogenitoralienado.

    2.3Aspectospsicolgicosrelevantes

    Ascrianas, entre 8 e11 anos,principalmente osmeninos, so os quemais sofrem

    comasndrome.Nessaetapadedesenvolvimento,ascrianasjentendemoquesepassaa

    sua volta mais ainda no possuem uma formao mental que as possibilite algum

    discernimento,porissosofacilmentemanipuladasemrelaoaosadolescentes,jqueestes

    possuem certo grau de discernimento e conscincia prpria, no aceitando tudo com

    facilidade.65

    63PODEVYN,Franois.Sndromedaalienaoparental.Pailegal[S.l.],2001.Traduo:APASE.Disponvelem:.Acessoem:12mar.2008.

    64Idem.65FONSECA,PriscilaMariaPereiraCorrada.Sndromedealienaoparental.2006.RevistaPediatria,SoPaulo.Trabalhodeconclusodecurso (Graduao)FaculdadedeMedicina,PontifciaUniversidadeCatlica,SoPaulo,2006.Publicadaem7ago.2006.Disponvelem:.Acessoem:12mar.2008.

  • 29

    Os meninos so a maioria, pois mais comum a alienao parental advir do

    comportamentomaterno,eestessoosquemaissofrempelaausnciadopaiquefoialienado

    darelaofamiliar.66

    Devido alienao desenvolvida, essas crianas sofrem uma distoro em sua

    personalidade,crescemsemummodelode identificaodeumcasalparental, ou seja, no

    vempaiemecomofunescomplementares.Omodeloqueelastmdeumpaialienando

    ooutrodarelaocomoumacompetioexistentepelasualealdade.Comissoosfilhosque

    viveram commodelos de pais alienadores podem perpetuar a alienao por geraes, pois

    internalizamomodelodecompetioeexclusoenoodecooperao,enxergandoumamor

    como excludente do outro. Assim sendo, o conflito de lealdade e a alienao vivida se

    refletiroemrelacionamentossociaispreconceituosose(ou)excludentes.67

    SegundoGardnercitadoporFranoisPodevyn:Ofilhoalienadotendeareproduzira

    mesmapatologiapsicolgicaqueogenitoralienador.68

    A sndrome podese desenvolver em diferentes estgios, e isto no depende dos

    esforosfeitospelogenitoralienador,massimdograudexitodeafastamentogeradoentre

    filho e alienado. Os estgios so classificados em leve, mdio e grave, cada um com seu

    comportamentoespecficoaseridentificado.

    Emseuestgioleveacampanhadedesmoralizaoeofensasporpartedoinfanteso

    discretase raras.Os sintomassomnimos,poisapersonalidadedo infante noestmuito

    afetada,ou seja,quantomais leveoestgiomaisdifcildeseperceberamanifestaoda

    sndromedaalienaoparental,porissoelasidentificadacomcertezaemseusnveismais

    avanados.69

    Noestgiomdioofilhousadeargumentosfteiseabsurdosparanorealizaravisita

    e a desmoralizao aumenta, sendo o alienador completamente bom e o alienado

    completamentemau.Os sintomasaparecemde formamoderadaeestopresentesemsua

    66FONSECA,PriscilaMariaPereiraCorrada.Sndromedealienaoparental.2006.RevistaPediatria,SoPaulo.Trabalhodeconclusodecurso (Graduao)FaculdadedeMedicina,PontifciaUniversidadeCatlica,SoPaulo,2006.Publicadaem7ago.2006.Disponvelem:.Acessoem:12mar.2008.

    67GROENINGA,GiselleCmara.Ofenmenodaalienaoparental.In:PEREIRA,RodrigodaCunhaMADALENO,Rolf(Coord.).Direitodefamlia:processo,teoriaeprtica.RiodeJaneiro:Forense,2008,p.130.

    68GARDNER,RichardapudPODEVYN,Franois.Sndromedaalienaoparental.Pailegal[S.l.],2001.Traduo:APASE.Disponvelem:.Acessoem:12mar.2008.

    69PODEVYN,Franois.Sndromedaalienaoparental.Pailegal[S.l.],2001.Traduo:APASE.Disponvelem:.Acessoem:12mar.2008.

  • 30

    maioria,contudo,serealizadaatrocadegenitoresacrianaficamaisdcilecooperativa,no

    sendotohostilquantoeranafrentedeseugenitorguardio.70

    Jnoestgiograveascrianasseapresentampsicologicamenteafetadaseperturbadas,

    expressam emoes exageradas de repulsa em relao visita do genitor alienado,

    demonstrandopnicoemestabelecercontatocomele.71

    Aidentificaonessenveltornasemaisfcildevidoevidnciadoscritriosqueso

    totalmenteclaroseperceptveis,apresentandoseforteseexagerados,estandotodospresentes

    emseumaiornvel.

    2.4DiferenasentreSndromedaAlienaoParentaleincesto

    Oincesto,queoabusosexualdentrodasrelaesfamiliares,tambmumaforma

    dealienaoparentalsefalsamentedenunciado.

    ConformeDanyaGauderercitadaporMnicaGuazzelli:

    Oabusosexualafaltadeconsentimentodomenornarelaocomoadulto.A vtima forada, fisicamente, ou coagida, verbalmente, a participar da relao,semternecessariamentecapacidadeemocionaloucognitivaparaconsentiroujulgaroqueestacontecendo.72

    A falsa denuncia de abuso sexual pode ser fruto de uma sria patologia mental ou

    alimentadapelaalienaoparental.

    SegundoGiselleCmaraGroeninga:[...]asdennciasdeabusorepresentamtambm

    umaarmaeficaznaguerraqueseestabeleceuentreospais[...].73

    Muitasvezesoafastamentodogenitornoguardiodolarnoosuficienteparao

    alienador,eassim,estevaialm,denunciandoooutroporumabusosexualcontraofilhoque

    noocorreu.maisretratadocomoumavinganacontraoexcnjuge,sacrificandooprprio

    filhodeformadireta.74

    70PODEVYN,Franois.Sndromedaalienaoparental.Pailegal[S.l.],2001.Traduo:APASE.Disponvelem:.Acessoem:12mar.2008.

    71Idem.72GAUDERER,DanyaapudGUAZZELLI,Mnica.Afalsadennciadeabusosexual.In:DIAS,MariaBerenice(Coord.).Incestoealienaoparental: realidadesqueajustiainsisteemnover.SoPaulo:RevistadosTribunais,2007,p.125.

    73GROENINGA,GiselleCmara.Ofenmenodaalienaoparental.In:PEREIRA,RodrigodaCunhaMADALENO,Rolf(Coord.).Direitodefamlia:processo,teoriaeprtica.RiodeJaneiro:Forense,2008,p.127.

    74GUAZZELLI,Mnica.Afalsadennciadeabusosexual.In:DIAS,MariaBerenice(Coord.).Incestoealienaoparental:realidadesqueajustiainsisteemnover.SoPaulo:RevistadosTribunais,2007,p.121.

  • 31

    Postoisso,deacordocomMnicaGuazzelli,diantedeumaacusaogravedessas,o

    juiz, emprol da proteo integral da criana, no temoutra alternativa, seno, nomnimo,

    suspendertemporariamenteasvisitasoureduzilasemonitorlas.75

    Sendoassim,ogenitoralienadorjobteveoquedesejava,ouseja,excluirooutroda

    convivnciafamiliarcomofilho,poismesmoqueseinicieumprocessodepercia,tantopelo

    serviosocialjudicirioquantoporpsiquiatras,otempoealimitaodocontatoestoafavor

    daquelequedenunciou,mesmosendofalsaadenncia.76

    J,segundoMariaBereniceDias,asdennciasdeabusosexualsofreqentesnesse

    estgio de alienao, visando suspenso das visitas, visto que a acusao grave e h

    dificuldadesdesecomprovla.Assim,devesedeterminararealizaodeestudosocialea

    elaboraodeperciapsicolgicaepsiquitrica,noscomofilho,mastambmcomambos

    osgenitoresparaapuraraveracidadedadenncia,ediantedaausnciadeoutrasprovas,alm

    dadennciadagenitora,nocabesimplesmenteinterromperavisitaseacabarcomocontato

    familiar.77

    Contudo,ojuiztemaobrigaodeasseguraraproteointegral,sendoassimdevese

    reverter a guarda ou suspender as visitas, determinando a realizao de estudos sociais e

    psicolgicos para verificao da veracidade dos fatos, s que esses procedimentos so

    demorados,edurantetodoesseperodorompeseaconvivnciadoalienadocomofilho.78

    A falsa denncia de abuso sexual, apesarde seruma realidade inexistente, uma

    outra forma de abuso. um abuso psicolgico extremamente perverso, que afetar o

    desenvolvimentopsquicodacriana.Almdisso,embuscadaverdadereal,oinfantepassar

    porvriosprocedimentos,dentreeles:anlisesocial,psiquitricaejudicial,enemporissoa

    certezadoocorridoseralcanada.79

    ConformeMariaBereniceDias:

    Diante da dificuldade de identificao da existncia ou no dos episdiosdenunciados,misterqueo juiz tome cautelas redobradas:devebuscar identificar apresenadeoutrossintomasquepermitamreconhecerqueestdiantedasndromedaalienaoparentalequeadenunciadoabuso foi levadaaefeitoporespritodevingana,comomeiodeacabarcomorelacionamentodofilhocomogenitor.Paraisso, indispensvel no s a participao de psiclogos, psiquiatras e assistentessociais,comseuslaudos,estudosetestes.Misterquetambmojuizsecapacitepara

    75GUAZZELLI,Mnica.Afalsadennciadeabusosexual.In:DIAS,MariaBerenice(Coord.).Incestoealienaoparental:realidadesqueajustiainsisteemnover.SoPaulo:RevistadosTribunais,2007,p.122.

    76Idem.77DIAS,MariaBerenice.Manualdedireitodasfamlias.4.ed.rev.atual.eampl.SoPaulo:RevistadosTribunais,2007,p.399.

    78DIAS,MariaBereniceDias.Alienaoparental.MariaBereniceDias[S.l.].Disponvelem:.Acessoem:10maio2008

    79GUAZZELLI,Mnica.op.cit.,p.127.

  • 32

    poderdistinguirosentimentodedioexacerbadoquelevaaodesejodevinganaaponto de programar o filho para reproduzir falsas denncias com o s intuito deafastlodogenitor.80

    Cumpreobservarasdiferenasexistentesentreorealabusoeofalsoabusoparaque

    hajaumaidentificaomenosequivocadaporpartedojudicirio.

    Segundo Jos Manuel Aguiar, quando ocorre o abuso sexual o filho lembra dos

    detalhes que aconteceram sem ajuda de ningum, principalmente do genitor alienador. As

    informaes que so passadas pelacriana somais detalhadas e emmaior quantidade os

    conhecimentos sexuais no so prprios de sua idade: ereo, ejaculao, excitao

    costumam aparecer indicadores de leses e infeces, assim como transtornos funcionais:

    sono ealimentao alterados sente culpa ou vergonha doqueocorreu costumamaparecer

    condutas voltadas ao sexo, agresses sexuais aos colegasmenores,masturbao excessiva,

    entreoutrosindicadoressexuaisapresentamalteraescomportamentais: isolamentosocial,

    mudana de conduta brusca, agressividade fsica e verbal, consumo de lcool ou drogas

    costumam apresentar desordem emocional: sentimento de culpa, depresso, baixa auto

    estima,chorosemmotivoasdennciassoprviasaseparaoeoprogenitorqueacusao

    outrodeabusocontraofilhocostumaacuslotambmdeabusoscontrasimesmo.81

    Jquandoocorreafalsadenncia,ouseja,ofenmenodaalienaoparental,ofilho

    manipuladonoviveuoqueseugenitordenunciaeprecisadeconstantes recordaes,suas

    informaessopobresemdetalhesesopoucas.Acriananotemconhecimentossexuais

    decarter fsico: sabor,dureza, texturanoapresenta indicadores sexuais nemfsicos no

    possui transtornosfuncionaisnememocionaisseupadrodecondutanosealteranomeio

    social no aparenta sentimento de culpa ou conduta de autodestruio os sentimentos de

    culpaouvergonhasoescassosouinexistentesasdennciassofeitasdepoisdaseparaoe

    ogenitorsdenunciaoabusocontraofilho.82

    Duas caractersticas relevantes devem ser ressaltadas nas falsas denncias, elas

    aparecem em crianas pequenas, que ainda no atingiram a fase escolar (at sete anos), e

    existenaseparaoouaiminnciadaseparaodocasal.83

    FranoisPodevynprevcincocritriosdediferenciao84:

    80DIAS,MariaBerenice.Manualdedireitodasfamlias.4.ed.rev.atual.eampl.SoPaulo:RevistadosTribunais,2007,p.410.

    81GUAZZELLI,Mnica.Afalsadennciadeabusosexual.In:DIAS,MariaBerenice(Coord.).Incestoealienaoparental: realidadesqueajustiainsisteemnover.SoPaulo:RevistadosTribunais,2007,p.129.

    82Idem.83Ibidem,p.130.84PODEVYN,Franois.Sndromedaalienaoparental.Pailegal[S.l.],2001.Traduo:APASE.Disponvelem:.Acessoem:12mar.2008.

  • 33

    a) recordaes do filho: que nos casos de sndromenecessita de ajudapara recordaro

    queaconteceu.Enoscasosde incesto recordacomdetalhesoquepassou,bastando

    umapalavraparaativaramemria

    b) lucidezdogenitor:noscasosde incestoogenitordeumfilhoabusado identificaos

    efeitosdesastrososprovocadospeladestruioprogressivadoslaosentreofilhoeo

    outrogenitor,etentarreduzirosabusosparasalvaguardararelao.Napresenada

    sndrome ogenitoralienadornoseimporta

    c) patologia do genitor: nos casos de incesto, um genitor que apresenta esse tipo de

    comportamentojoapresentouemoutrasfasesdavida.Noscasosdesndromenada

    parecidoocorreuantes

    d) as vtimas do abuso: nos incesto, umgenitor que acusa o outrode abuso com seus

    filhos, normalmente o acusa de abuso contra si prprio. Na sndrome o alienador

    somentesequeixadosdanosqueoalienadocausaaosfilhos

    e) omomentodoabuso:noincesto,asqueixasantecedemaomomentodaseparao, j

    noscasosdesndrometudocomeaposteriormenteaseparao.

    Essas denncias falsas predominam nos casos de filhos ainda pequenos, por serem

    maismanipulveis,sendoinduzidosaconfirmartudoqueogenitoralienadordiz.Comotema

    dapedofiliaemquesto,bastaumaleveinsinuaoacompanhadadebonsadvogadosparaque

    se suscite dvida no juiz, acarretando com isso, amedida de restrio das visitas, que o

    objetivoprimordialdoalienadornesseestgio.85

    85AGUIAR,Carla.Manipulaodosfilhoscontraospaisestacrescer.Diriodenotcias,Lisboa,Portugal,14jan.2008.Disponvelem:.Acessoem:12mar.2008.

  • 34

    CAPTULO3

    OPAPELDOPODERJUDICIRIO

    A postura do judicirio frente a esse fenmeno deve ser de represso. No poder

    simplesmenteignoraraexistnciadaalienaoparentalenquantoosdireitosdacrianaedo

    adolescente esto sendo violados dentro de seu prprio seio familiar. Cabe assim, a

    interveno Estatal para garantir a proteo desses direitos fundamentais de cunho

    constitucional.

    3.1Apreciaodasndromeearelevnciadaequipemultidisciplinardojuzo

    necessrioentenderadinmicadessasndromeparaquesepossaidentificla,tanto

    pelosmembrosfamiliaresquantopelojudicirioepsiclogo,comointuitodereconheceros

    comportamentos sintomticos para que se possa procurar tticas ao combate dessa

    disfuno.86

    SegundoPriscilaFonseca:Umavez identificadooprocessodealienaoparental,

    importantequeopoderjudicirioaborteseudesenvolvimento,impedindodessaforma,quea

    sndromevenhaaseinstalar.87

    Por Jorge Trindade: [...] importante que a sndrome de alienao parental seja

    detectada quanto antes, pois quantomais cedo ocorrer a interveno psicolgica e jurdica

    menoresseroosprejuzoscausadosemelhoroprognsticodetratamentoparatodos.88

    A apreciao pelo poder judicirio pode gerar dvidas a quem se deve recorrer, ao

    juzo de famlia ou ao juzo da infncia e juventude. Est assim, instaurado o conflito de

    competncias.

    SeguindooposicionamentodeMariaBereniceDias,devese solveresseconflitode

    competnciaidentificandoasituaoemqueseencontraacriana,ouseja,paraasquestes

    isosososommmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm

    86DARNALL,Douglas.Umadefiniomaisabrangentedealienaoparental.APASE[S.l.],2003.Traduo:PauloMarianoLopes.Disponvelem:.Acessoem:15maio2008.

    87 FONSECA,PriscilaMariaPereiraCorrada.Sndromedealienao parental.2006.RevistaPediatria,SoPaulo.Trabalhodeconclusodecurso(Graduao)FaculdadedeMedicina,PontifciaUniversidadeCatlica,SoPaulo,2006.Publicadaem7ago.2006.Disponvelem:.Acessoem:12mar.2008.

    88TRINDADE,Jorge.Sndromedaalienaoparental.In:DIAS,MariaBerenice(Coord.).Incestoealienaoparental:realidadesqueajustiainsisteemnover.SoPaulo:RevistadosTribunais,2007,p.105.

  • 35

    queenvolvemguardaeestandoosfilhoscomambosouumdosgenitores,acompetnciada

    vara de famlia j se estes possuem seus direitos violados ou ameaados, poromisso ou

    abuso dos responsveis em razo de suas condutas, a vara da infncia e juventude

    competenteapreciao.

    A maneira de encontrar uma soluo mais clara para esse conflito observar se a

    crianaestdesassistida,ouseja,mesmoquenacompanhiadospaisela tenhaseusdireitos

    violadosporomissoou abuso, ento, a competncia deslocase para o juzoda infncia e

    juventude.89

    Acompetnciadojuizadodainfnciaejuventudenoscasosdeguardaestprevistano

    artigo 98 combinado como artigo 148 doEstatuto da Criana e do Adolescente, ou seja,

    somente se a criana estiver em situao de risco ou tiver seus direitos violados ou

    ameaados,casocontrrio,aguardaserdiscutidanojuzodefamlia.

    cada vez mais comum os juzes solicitarem laudos psicossociais, contudo, o

    problema que esse tipo demedida, apesar de ser necessria para uma avaliao precisa,

    tornaoandamentodosprocessosaindamaismoroso,prolongandoosofrimentodafamlia.90

    Por Jos Manuel de Aguiar: [...] se atrasos ilegais do processo so permitidos,

    consolidandoemantendoadistnciaentreopaieseufilho,ospilaresbsicossobreosquaisa

    patologiacriadasofacilitados.91

    De acordo comMnica Guazzelli: [...] o nus da morosidade do processo recair

    exclusivamentesobreoru,mesmoqueelesejainocente.92

    Paraaverificaodaocorrnciadessefenmenosonecessriosestudospsicolgicos

    e psiquitricos, avaliaes teraputicas e estudossociais, contudo,uma correta aferiopor

    partedesses profissionais torna o procedimentomorosoe nem sempre conclusivo, fazendo

    comqueafamlia,masprincipalmenteacriana,passepormomentosdifceisemuitasvezes

    traumticos.

    89DIAS,MariaBerenice.Manualdedireitodasfamlias.4.ed.rev.atual.eampl.SoPaulo:RevistadosTribunais,2007,p.402.

    90CZEPAK,Isabel.Comopreservarosfilhosnaseparao.APASE[S.l.].OPopular,Goinia,2005.Disponvelem:Acessoem:10maio2008.

    91CUENCA,JoseManuelAguiar.Ousodecrianasnoprocessodeseparao:Sndromedaalienaoparental.APASE[S.l.].RevistaLexNova,out./dez.2005.Disponvelem:.Acessoem:10maio2008.

    92GUAZZELLI,Mnica.Afalsadennciadeabusosexual.In:DIAS,MariaBerenice(Coord.).Incestoealienaoparental: realidadesqueajustiainsisteemnover.SoPaulo:RevistadosTribunais,2007,p.122.

  • 36

    3.2A omissodojuzofrentea Sndromeda AlienaoParental

    O judicirio precisa estar atento aos indcios desse fenmeno para que no seja

    conivente nem omisso quanto a instalao de sua sndrome. Para isso preciso que os

    operadores jurdicosnodefirampleitos indevidos,e simprocuremcomcalmaobservaros

    indciosecaractersticasquedemonstramaexclusoparentalesuasndrome.

    Aconivnciadojudicirioseapresentaquando,atravsdeseusprocedimentos,enseja

    acompetioentreoscnjuges,fazendocomqueesteslutempelaguardadofilhojsabendo

    quesumpoderdetla,aoinvsdosdois.

    O conflito se apresenta no momento da avaliao para quem possui melhores

    condiesdeexerceraguarda,poisoscnjugespassamainterpretaressaescolhacomoum

    sendomelhoremais importanteeooutroconseqentementedispensvelparaaconvivncia

    com o filho. Esse sistema judicial atende as competies, pois elege um ganhador e um

    perdedor,umculpadoeuminocente,sendototalmenteinversoacompreensodanaturezada

    famlia,quedecooperaoepartilha.93

    Antes da reforma do Cdigo Civil Brasileiro, os filhos menores ficavam com o

    cnjugequenotivessedadocausaaseparao,segundaaLeidoDivrciode1977,oque

    noestmaisemvigorhoje,masapesardosavanoslegislativos,acompetioentreosex

    cnjugesaindaincentivada,poisomagistradodevedecidirquempossuimelhorescondies

    dedeteraguardadofilho,jqueestaserdeterminadasomenteemfavordeumdeles.

    OProjetodeLei nmero6350de2002, aprovado noCongressoNacional emmaio

    desteano,podevirafrearessaresistnciaporpartedosmagistradosnaaplicaodaguarda

    compartilhada,poisajudariaadiminuiresseconflitoparental,vistoquearegraagorano

    maisaguardaquesumgenitordetm,massimosdoisigualmente,notendomaisporque

    competirumcomooutropelaguarda,jqueestaserdeambos.

    Outra maneira de conivncia do judicirio a imediata suspenso das visitas do

    genitoralienadofrenteaumafalsadennciadeabusosexualsemqualquerinvestigaodos

    comportamentosaquidiscriminados,ouainda semqualqueroutraprovaanoseroenredo

    criado pelo alienador. Desse modo, a convivncia familiar com o filho cessa at que seja

    apurada a falsidade da denncia e o alienador atinge seu objetivo, pois o processo

    meticulosoeconseqentementemoroso.

    93GROENINGA,GiselleCmara.Ofenmenodaalienaoparental.In:PEREIRA,RodrigodaCunhaMADALENO,Rolf(Coord.).Direitodefamlia:processo,teoriaeprtica.RiodeJaneiro:Forense,2008,p.134135.

  • 37

    J a omisso do poder judicirio se expressa at mesmo pelo desconhecimento do

    tema ou pouca informao, deixando a famlia e a criana amerc do alienador. Como a

    anlisedessefenmenodetalhadaeaindaduvidosa,principalmentenoscasosmaisleves,os

    magistradosnemsempreestodispostosasuaverificao,eacreditandonoestaremfrentea

    uma possvel excluso ou sndrome, simplesmente no se manifestam sobre possveis

    medidasdeavaliao,deixandoqueasndromeseinstaledefinitivamenteouseagrave.

    Postoisso,prevJorgeTrindade:

    A concepo de uma magistratura de amparo, instituda de uma formaampla por juzes, promotores de justia, defensores pblicos e tcnicosespecializadosemmatriadefamliaeinfnciaejuventude,ecomtreinamentoparalidar com vtimas de abuso, poderia ser, semelhana doDefensor do Povo, uminstrumento judicial com competncia para acudir, com prontido e eficcia,crianassubmetidasalienaoparental.94

    Visto que o tema extremamente subjetivo e delicado, cumpre observar as

    caractersticas doalienador eda criana alienada parapoder identificar o fenmeno ousua

    sndrome,assimcomoprevermedidasjudiciaiscabveisderepressoaessaformadeabuso

    que rouba a inocncia dos filhos, transformandoos em fantoches, meras cpias dos

    alienadores,proporcionandoumsofrimentoprolongadoecontnuoao seudesenvolvimento,

    almdadordopaialienado.

    94TRINDADE,Jorge.Sndromedaalienaoparental.In:DIAS,MariaBerenice(Coord.).Incestoealienaoparental:realidadesqueajustiainsisteemnover.SoPaulo:RevistadosTribunais,2007,p.110111.

  • 38

    CAPTULO4

    POSSIBILIDADEDEAPLICAODASMEDIDASJUDICIAISE

    TERAPUTICAS

    Quandoverificadaasndrome,aintervenopsicoterapeutadeveseramparadaemum

    procedimentolegaledeveteroamparojudicial.95

    Na verificao de uma possvel sndrome da alienao parental, ou seja, s se em

    estgio leve, a simplesconfirmaodapatologia pelo tribunale aconversodaguarda, faz

    cessaracampanhadedescrditodogenitoralienador.96

    Javerificaosendo feita noestgiomdio, a criana apresentaumvnculomaior

    comogenitorguardio, sendoconveniente no lhe tirara guarda.Aameaadepagaruma

    multa,ouirparacadeiajpodebastarparaqueamanifestaocesse.97

    Assim,FranoisPodevynprev98:

    a) manteraguardacomogenitoralienador

    b) indicarterapeutanaintermediaodevisitasecomunicaodefalhasaotribunal

    c) estabelecer penalidade para a obstruo das visitas, como reduo da penso

    alimentcia, pagamento proporcional ao tempo das visitas suprimidas e uma breve

    reclusoaocrcere

    d) havendo desobedincia constante e reincidncia, a guarda pode passar ao outro

    genitor,almdapriso.

    No estgio grave, a melhor medida seria trocar a guarda, no sendo, contudo,

    definitiva,masdependendodocomportamentodogenitoralienador.Deveseracompanhada

    portratamentopsicolgicosehouverfaltadecooperaodacriana.99

    A resistncia dos tribunais em tomar tal medida se d pelo fato de que a falta de

    cooperaodo filho pode tornar a troca da guarda impossvel, sendomelhor no tirlodo

    genitoralienador,noimportandoseudesequilbriomental.

    Porm,quandoamedidaforaplicadaehouverresistnciadosfilhos,podesefazera

    passagemporumlugardetransio,ouseja,umlugarondeoalienadodarelaopoderse

    95PODEVYN,Franois.Sndromedaalienaoparental.Pailegal[S.l.],2001.Traduo:APASE.Disponvelem:.Acessoem:12mar.2008.

    96Idem.97Idem.98Idem.99Idem.

  • 39

    relacionarcomo filho juntamentecomoutraspessoas, semqueoalienadorestejapresente,

    tudocomofimdequehajaumaaproximaonaturaletranqila.

    Essamedida deve ser acompanhada por um terapeuta nomeado pela justia, o qual

    deve ter acesso a qualquer ajuda judicial e emitir mandados necessrios para o xito do

    programa.100

    PrevistasporPodevyn,asmedidaspossveisaseremtomadasemestgiograveso101:

    a) atransfernciadaguardaparaogenitoralienado

    b) a nomeao de um psicoterapeuta para intermediar um programa de transio da

    guardadofilho

    c) aeventualordemdeumlugardetransio.

    O programa de transio podese dar em trs lugares: na casa de amigos ou

    conhecidos,paraqueacrianamantenhaoconvviocomogenitoralienadoaospoucosnuma

    residnciacoletivadecrianas,ondehvigilnciaounumhospitalpsiquitrico,ondeagentes

    desadedevemestarfamiliarizadoscomessescasoseemcontatocomotribunal.102

    ConformePriscilaFonseca:[...]instaaomagistradodeterminaraadoodemedidas

    que permitam a aproximao da criana com o genitor alienado, impedindo assim, que o

    progenitoralienanteobtenhasucessonoprocedimentojencetado.103

    E,deacordocomGiselleCmaraGroeninga:

    As medidas relativas preveno da alienao parental implicam naaceitaodaleinosentidodasleisdacultura,dasleissociais,dasleisconstitutivasdafamlia,edasubjetividadequenoscaracterizacomosereshumanos.Pormeiodadefesa dos direitos dos pais, se d tambm a defesa dos direitos das crianas emcontarem com adultos que exeram a funo materna e paterna, para o que aconvivnciaderigor.104

    Nodireitobrasileiroaoposioeoimpedimentoaoexercciododireitodevisitas,que

    umatoclssicodeexclusodaconvivnciafamiliar,nosoconsideradoscrimes,contudo,

    apenapodervirdodescumprimentodeordemjudicialporpartedoalienador,delitoprevisto

    noartigo330 doCdigoPenal.105

    100PODEVYN,Franois.Sndromedaalienaoparental.Pailegal[S. l.],2001.Traduo:APASE.Disponvelem:.Acessoem:12mar.2008.

    101Idem.102Idem.103FONSECA,PriscilaMariaPereiraCorrada.Sndromedealienaoparental.2006.RevistaPediatria,SoPaulo.Trabalhodeconclusodecurso (Graduao)FaculdadedeMedicina,PontifciaUniversidadeCatlica,SoPaulo,2006.Publicadaem7ago.2006.Disponvelem:.Acessoem:12mar.2008.

    104GROENINGA,GiselleCmara.Ofenmenodaalienaoparental.In:PEREIRA,RodrigodaCunhaMADALENO,Rolf(Coord.).Direitodefamlia:processo,teoriaeprtica.RiodeJaneiro:Forense,2008,p.137.

    105FONSECA,PriscilaMariaPereiraCorrada.op.cit.,loc.cit.

  • 40

    CONCLUSO

    A problemtica que se enfrenta no discorrer do tema o comportamento humano

    refletidonodescumprimentodapaternidaderesponsveloudosdeveresinerentestutelaea

    faltadeprevisolegaldoassuntonoordenamentojurdico,tendoqueseranalisadoedecidido

    unicamentepelodiscernimentoeconvicesdosmagistrados,osquaissobaseadossomente

    emestudossociaisdocaso.Paraissonecessrioquehajaumestudomaisaprofundadodo

    tema visando atualizao dos magistrados e a capacitao dos profissionais que so

    necessriosparaesseestudosocial,comopsiclogoseassistentessociais,enfim,umaequipe

    multidisciplinardojuzobempreparadaparaessestiposdecaso,quesejacapazdepriorizaro

    interesse da crianae do adolescente, que superior aodos pais, observando suaproteo

    para que no sofram qualquer risco, seja mental ou fsico, inerentes a um possvel

    comportamentoabusivo.

    Comaexposiodotemaconcluisequeocernedaquestorepousasimplesmentena

    proteodadignidadedapessoahumanaenquantocriana,paraqueestapossacresceremum

    ambiente familiarsaudvelaoqual temdireito,vistoqueaSndromedaAlienaoParental

    nadamaisdoqueumabusomentalperpetradono infante, acarretandoumaafrontaa este

    princpiotoabrangenteelevadoaostatusconstitucional.

    ASndromedaAlienaoParental,comodemonstrado,aconseqnciadeumabuso

    psicolgiconacriana,norestamdvidassobreoforocompetenteapreciaodaquesto,

    qualseja,aVaradaInfnciaedaJuventude,porcaracterizarexpressaviolaoaosdireitos

    fundamentais da criana e do adolescente. O que pode gerar um possvel conflito de

    competnciasaquestodaguardanoprocessodeseparao,poisestadecididanaVarade

    Famlia.Contudo, sendo identificadoumpossvel casodealienaoparental a competncia

    deslocaseparaaVaradaInfnciaedaJuventudeemproldosmaioresinteressesdacriana,

    vistoqueadecisodaguardadependerdiretamentedasmedidasaseremtomadasparainibir

    ocomportamentoalienador.

    Alm da falta de regulamentao prpria desse comportamento parental nocivo ao

    bemestardosjovens,odesconhecimentodofenmeno,eporconseqnciadesuasndrome,

    quejamanifestaodofenmenoperpetradonoambientefamiliar,deixaosmagistrados

    vendados identificao do comportamento,por vezes bemntido, tantoda criana quanto

    dospaisouguardies,deixandoqueasndromeafeteavidadoinfantecomprometendotodo

    seucrescimento,comoaeducao,asade,osrelacionamentoseosempregosfuturosefor

  • 41

    fim, fazendo de uma criana mentalmente abusada um adulto com problemas

    comportamentaisirreversveis.

    Recentemente, foi elaborado um anteprojeto de lei, com a colaborao de

    associaeseorganizaesdeproteofamlia,paraqueessetemasejaregulamentado,as

    possveis medidas judiciais e teraputicas sejam exemplificadas e o comportamento seja

    penalizado. Esse anteprojeto tem a finalidade de evitar e repelir a sndromeou fenmeno,

    trazendodispositivosparacomplementaroEstatutodaCrianaedoAdolescenteajudandona

    suaaplicao,assimcomodescreveasndromeesuaspossveismanifestaesnacrianae

    nosguardies,easprovveismedidasquepodemser tomadaspelojudicirionocombatea

    essaquesto.

    Cumpre ressaltar quealmda inexistncia de norma especfica h tambmdoutrina

    escassa sobre o tema, assim como jurisprudncias, por isso, ainda se faz necessrio uma

    ampladiscussosobreotema,poisumdospoucosdoutrinadoresquesededicaramaexplorar

    o tema juridicamente e apliclo em suas decises foi a renomada DesembargadorMaria

    BereniceDias,queapercussoradaidentificaojurdicadessefenmenonoBrasil,apesar

    do tema j ter sidomuitoabordadonocampopsicolgicoporPodevyn,Gardner,Darnall e

    outros importantes mdicos e literrios da psicologia, assim como j vem sendo bem

    identificadaemoutrospases.

    Com isso, apesar do tema j estar mais divulgado e estudado atualmente, ainda h

    muito que se determinar, decidir, especificar e discutir, tanto na jurisprudncia como na

    doutrina e na lei, comopor exemplo,os tiposdemedidas a serem tomadas pelo judicirio

    frenteaofenmenojurdicoesuasndrome,visandorepelirsuasndrome,procurandosempre

    afastar sua instalao na criana ou no adolescente, com o fim de resguardar a proteo

    integral e omelhor interesse da criana e doadolescente, que so princpios primordiais e

    embasadoresdoEstatutodaCrianaedoAdolescenterepousadosnoprincpioconstitucional

    dadignidadedapessoahumana.

  • 42

    REFERNCIAS

    BRAGA,MariaAparecidaDiogo.CmaraaprovainclusodaguardacompartilhadadefilhosnoCdigoCivil.Cmaradosdeputados [S.l.],20maio2008.Disponvel em:.Acessoem:28maio2008.

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    BRASIL.TribunaldeJustiadoRioGrandedoSul(StimaCmaraCvel).Guarda.Superiorinteressedacriana.Sndromedaalienaoparental.Havendonaposturadagenitoraindciosda presena da sndrome da alienao parental, o que pode comprometer a integridadepsicolgicadafilha,atendemelhoraointeressedainfante,mantlasobaguardaprovisriada av paterna. Negado provimento ao agravo. Agravo de instrumento n. 70014814479.Agravante:G.S.A.Agravada:T.M.W. Interessado:M.M.W.Relatora:MariaBereniceDias.PortoAlegre,07dejunhode2006.Disponvelem:.Acessoem:12mar.2008.

    CAHALI, Yussef Said. Divrcio e separao. 9. ed. rev. e atual. So Paulo: Revista dosTribunais,2000.1392p.

    CUENCA, JoseManuelAguiar.Ouso de crianas no processode separao: sndromedaalienao parental. APASE [S. l.]. Revista Lex Nova, out./dez. 2005. Disponvel em:.Acessoem:10maio2008.

    CZEPAK,Isabel.Comopreservarosfilhosnaseparao.APASE[S.l.].Opopular.Goinia.2005. Disponvel em: . Acesso em: 10maio2008.

    DARNALL, Douglas. Conseqncias da sndrome da alienao parental sobre crianas esobreogenitoralienado. APASE[S.l.],2003.Disponvelem:.Acessoem:15maio2008.

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    DIAS,MariaBerenice.Manualdedireitodasfamlias.4.ed. rev.atual.eampl.SoPaulo:RevistadosTribunais,2007.608p.

  • 43

    DIAS, Maria Berenice. Sndrome da alienao parental, o que isso? Jus Navigandi,Teresina,PI,ano10,n.1119,25jul.2006Disponvelem:.Acessoem:10maio2008.

    DIAS,Maria Berenice PEREIRA,Rodrigo daCunha. Direito de famlia e o novo cdigocivil.3.ed.rev.atual.eampl.BeloHorizonte:DelRey,2003.360p.

    ELIAS,RobertoJoo.Direitosfundamentaisdacrianaedoadolescente.SoPaulo:Saraiva,2005.94p.

    FONSECA,PriscilaMariaPereiraCorrada.Sndromedealienaoparental.2006.RevistaPediatria, SoPaulo.Trabalhodeconclusodecurso (Graduao)FaculdadedeMedicina,PontifciaUniversidadeCatlica,SoPaulo,2006.Publicadaem7ago.2006.Disponvelem:.Acessoem:12mar.2008.

    FUJITA, JorgeShiguemitsu.Cursodedireitocivil:direitodefamlia.SoPaulo: JuarezdeOliveira,2000.228p.

    GRISARD FILHO,Waldyr. Guarda compartilhada: um novo modelo de responsabilidadeparental.SoPaulo:RevistasdosTribunais,2000.208p.

    ISHIDA,ValterKenji.Estatutodacrianaedoadolescente:doutrinaejurisprudncia.9.ed.SoPaulo:Atlas,2008.508p.

    OLIVEIRA,JosFranciscoBasliode.Guarda,visitaoebuscaeapreensodefilho.RiodeJaneiro:Destaque,2000.356p.

    PEREIRA, Rodrigo da Cunha MADALENO, Rolf. Direito de famlia: processo, teoria eprtica.RiodeJaneiro:Forense,2008.340p.

    PODEVYN, Franois. Sndrome da alienao parental. Pailegal [S. l.], 2001. Traduo:APASE. Disponvel em: .Acessoem:12mar.2008.

    SERRAAZUL,GuilhermeGiovane.Adoo,tutelaeguarda:conformeoEstatutodacrianaedoadolescente.SoPaulo:JuarezdeOliveira,2000.224p.

    SOUZA,Euclidesde.Alienaoparental,perigoeminente.BoletimJurdico,Uberaba,MG,2003.Disponvelem:.Acessoem:10maio2008.

  • 44

    GLOSSRIO

    Statusfamiliae statusfamiliar

    Parenspatriae paidafamlia(opaitinhaopodersobreosmembrosdafamlia)

  • 45

    ANEXO1ANTEPROJETODELEI

    ALIENAOPARENTAL

    Ementa:especificainstrumentosprocessuaisdestinadosainibiraprticadeatosdealienao

    parentalouatenuarseusefeitos.

    Art. 1 Considerase ato de alienao parental a interferncia na formao psicolgica da

    crianaparaquerepudiegenitorouquecauseprejuzosaoestabelecimentooumanuteno

    devnculoscomeste.

    Pargrafo nico. So formas exemplificativas de alienao parental, alm dos atos assim

    declarados pelo juiz ou constatados por percia, praticados diretamente ou com auxlio de

    terceiros:

    a)realizarcampanhadedesqualificaodacondutadogenitornoexercciodapaternidadeou

    maternidade

    b) dificultaroexercciodopoderfamiliar

    c)dificultarcontatodecrianacomgenitor

    d) dificultaroexercciododireitoregulamentadodeconvivnciafamiliar

    e)omitirdeliberadamenteagenitorinformaespessoaisrelevantessobreacriana,inclusive

    escolares,mdicasealteraesdeendereo

    f) apresentar falsa denncia contra genitor para obstar ou dificultar seu convvio com a

    criana

    g)mudardedomicilioparalocaisdistantes,semjustificativa,visandodificultaraconvivncia

    dacrianacomooutrogenitor.

    Art.2Aprticadeatodealienaoparentalferedireitofundamentaldacrianadeconvvio

    familiar saudvel, constitui abuso moral contra a criana e descumprimento dos deveres

    inerentesaopoderfamiliaroudecorrentesdetutelaouguarda.

    Art. 3 Havendo indcio da prtica de ato de alienao parental, em ao autnoma ou

    incidentalmente,ojuiz,senecessrio,determinarperciapsicolgicaoubiopsicosocial.

    1Olaudopericialterbaseemamplaavaliaopsicolgicaoubiopsicosocial,conformeo

    caso,compreendendo,inclusive,entrevistapessoalcomasparteseexamededocumentosdos

    autos.

  • 46

    2Aperciaserrealizadaporprofissionalouequipemultidisciplinarhabilitados,exigida,

    em qualquer caso, aptido comprovada por histrico profissional ou acadmico para

    diagnosticaratosdealienaoparental.

    3Operitoou equipemultidisciplinar designadapara verificar a ocorrncia de alienao

    parentalapresentar,noprazode30(trinta)dias,semprejuzodaelaboraodolaudofinal,

    avaliao preliminar com indicao das eventuais medidas provisrias necessrias para

    preservaodaintegridadepsicolgicadacriana.

    Art. 4 Declarado indcio de ato de alienao parental, a requerimento ou de ofcio, em

    qualquer momento processual, em ao autnoma ou incidentalmente, o processo ter

    tramitao prioritria e o juiz determinar, com urgncia, ouvido oMinistrio Pblico, as

    medidasprovisriasnecessriasparapreservaodaintegridadepsicolgicadacriana.

    Art.5Caracterizadosatostpicosdealienaoparentalouqualquercondutaquedificulteo

    convviodecrianacomgenitor,emaoautnomaouincidentalmente,o juizpoder,sem

    prejuzodadecorrenteresponsabilidadecivilecriminaledaamplautilizaodeinstrumentos

    processuaisaptosainibirouatenuarseusefeitos,segundoagravidadedocaso:

    a) declararaocorrnciadealienaoparentaleadvertiroalienador

    b)estipularmultaaoalienador

    c)ampliaroregimedeconvivnciafamiliaremfavordogenitoralienado

    d) determinarintervenopsicolgicamonitorada

    e)determinaraalteraodaguardaparaguardacompartilhadaousuainverso

    f) declararasuspensoouperdadopoderfamiliar.

    Art.6Aatribuiooualteraodaguardadarprefernciaaogenitorqueviabilizaoefetivo

    convvio da criana com o outro genitor, nas hipteses em que invivel a guarda

    compartilhada.

    Art. 7 As partes, por iniciativa prpria ou sugesto do juiz, doMinistrio Pblico ou do

    ConselhoTutelar, poderoutilizarsedoprocedimentodamediaopara soluodo litgio,

    antesounocursodoprocesso.

    1Oacordoqueestabeleceramediaoindicaroprazoduranteoqualpactuadaeventual

    suspenso do processo e o correspondente regime provisrio para regular as questes

    controvertidas,quenoservirdeparmetroparaeventualdecisojudicialsuperveniente.

  • 47

    2 O mediador ser livremente escolhido pelas partes, mas as Varas competentes, o

    Ministrio Pblico e o Conselho Tutelar formaro cadastros de mediadores habilitados a

    examinarquestesrelacionadasaalienaoparental.

    3EnquantonosubmetidoaoexamedoMinistrioPblicoeahomologao judicial, o

    termoqueajustaroprocedimentodemediaoouquedeleresultartervalidaderelativa.

    Art. 8 A Seo II do Captulo I do TtuloVII do Estatuto da Criana e do Adolescente

    aprovadopelaLein.8.069de13dejulhode1990,passaavigorarcomoseguinteacrscimo:

    Ar t.236........................................................................................................................................

    ...................

    Pargrafonico. Incorrenamesmapena, seo fatonoconstituir crimemais grave,quem

    apresentarelatofalsoaagenteindicadonocaputcujoteorpossaensejarrestrioaoconvvio

    decrianacomgenitor.

    Art.9Estaleientraemvigor nadatadesuapublicao.

    JUSTIFICAO

    Apresenteproposiotemporobjetivoinibircondutadealienaoparentaledeatos

    quedificultemoefetivoconvvioentrecrianaegenitor.

    A alienao parental prtica que pode se instalar no arranjo familiar, aps

    separaoconjugal,ondehfilhodocasalmanipuladoporgenitorparaque,noextremo,sinta

    raivaoudiocontraooutrogenitor.formadeabusoemocional,quepodecausarcriana

    distrbios psicolgicos (por exemplo, depresso crnica, transtornos de identidade e de

    imagem, desespero, sentimento incontrolvel de culpa, sentimento de isolamento,

    comportamentohostil,faltadeorganizao,duplapersonalidade)paraorestodavida.

    Oproblemaganhoumaiordimensonadcadade80, comaescaladadeconflitos

    decorrentesdeseparaesconjugais,eaindanorecebeuadequadarespostalegislativa.

    Aproporodehomensemulheresqueinduzemdistrbiopsicolgicorelacionado

    alienaoparentalnosfilhostendeatualmenteaoequilbrio.

    Devese coibir todo ato atentatrio perfeita formao e higidez psicolgica e

    emocional de filhos de pais separados. A famlia moderna no pode ser vista comomera

  • 48

    unidade de produo e procriao palco de plena realizao de seus integrantes, pela

    exteriorizaodosseussentimentosdeafeto,amoresolidariedade.

    A alienao parental merece reprimenda estatal porquanto forma de abuso no

    exerccio do poder familiar, de desrespeito aos direitos de personalidade da criana em

    formao.Envolveclaramentequestodeinteressepblico,anteanecessidadedeexigiruma

    paternidadeoumaternidaderesponsvel,compromissadacomasimposiesconstitucionais,

    bemcomode salvaguardarahigidezmentalde nossascrianas.O art. 227daConstituio

    Federal e o art. 3 da Lei 8.069/90 asseguram o desenvolvimento fsico, mental, moral,

    espiritualesocialdascrianaseadolescentes,emcondiesdeliberdadeededignidade.

    Assim, exigese postura firme doCongressoNacional no sentido de aperfeioar o

    ordenamento jurdicoparaque haja expressa reprimenda alienao parental ou a conduta

    queobsteoefetivoconvvioentrecrianaegenitor.Apresenteproposio,almdepretender

    introduzir definio legal da alienao parental no ordenamento jurdico, estabelece rol

    exemplificativo de condutas que dificultam o efetivo convvio entre criana e genitor, de

    forma a no apenas viabilizar o reconhecimento jurdico da conduta de alienao parental,

    massinalizarclaramentesociedadequetalmerecereprimendaestatal.

    A proposio no afasta qualquer norma ou instrumento de proteo criana j

    existente no ordenamento, mas prope ferramenta mais adequada que permita clara e gil

    interveno judicialpara lidarcomquestoespecfica,qual seja a alienaoparental, ainda

    que incidentalmente. elaborada para ser acoplada ao ordenamento jurdico e tambm

    facilitaraaplicaodoEstatutodaCrianaedoAdolescente,emcasosdealienaoparental,

    semprejuzodaamplagamadeinstrumentosegarantiasdeefetividadeprevistanoCdigode

    ProcessoCivil.

    luzdodireitocomparado,aproposioaindaestabelececomocritriodiferencial

    para a atribuio ou alterao da guarda, nas hipteses em que invivel a guarda

    compartilhada,semprejuzodasdisposiesdoCdigoCiviledoEstatutodaCrianaedo

    Adolescente,oexamedacondutadogenitorsoboaspectodoempenhoparaquehajaefetivo

    convviodacrianacomooutrogenitor.Nesteparticular,asimplesaprovaodaproposio

    ser mais um fator inibidor da alienao parental, em clara contribuio ao processo de

    reconhecimento social das distintas esferas de relacionamento humano correspondentes

    conjugalidadeeparentalidade.

    Apardesse