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AMÁLGAMA DE PRATA

INTRODUÇÃO

Características com o baixo custo, auto-selamento, longevidade, facilidade de manipulação, desempenho clínico satisfatório das restaurações, além do comportamento inerte frente aos tecidos bucais, fizeram do amálgama o material mais utilizado no mundo para restaurações diretas.

Entretanto, como todos os materiais o amálgama apresenta desvantagens que limitam sua aplicação, especialmente para grandes reconstruções, como falta de adesividade, pouca resiliência que possibilita proteção adicional ao remanescente dental, cor incompatível com a do órgão dental, baixa resistência à tração, associação ao mercúrio, entre outras.

Para que estas taxas sejam mantidas, recomenda-se que os resíduos desse material bem como a remoção das restaurações das cavidades sejam realizados de forma criteriosa, pois o vapor de mercúrio é que apresenta comprovada toxicidade. Assim, é conveniente que os resíduos sejam depositados em potes com água tampados e que a remoção dos amálgamas antigos seja feita sob intensa refrigeração.

Além desses cuidados, outros requisitos devem ser respeitados, como por exemplo:

Armazenamento: em potes fechados hermeticamente;

Cápsula alto cobre: manipulação mais segura, pois a dosagem do material é correta e não se entra em contato direto com o mercúrio;

Evitar o contato do mercúrio com a pele (uso de luvas);

Polimento criterioso: usar pastas ou géis para polimento a fim de não promover superaquecimento da restauração evitando evaporação de mercúrio.

INDICAÇÕES

Pelo seu baixo índice de desgaste (1 a 2µm/ano) e sua capacidade auto-selante (deposição de óxidos), podemos notar que este material é melhor indicado em cavidades de classes I e II de molares e pré-molares. Entretanto, em cavidades de classe V onde a estética não é fator principal (Ex.: terço cervical da face vestibular do 2° molar superior), podemos indicar o amálgama de prata, pois esse apresentará melhor lisura de superfície dificultando a retenção de placa bacteriana.

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PROPRIEDADES

O desempenho clínico do amálgama de prata está vinculado a suas propriedades, composição e manipulação profissional, sendo que as propriedades de maior relevância do ponto de vista clínico são:

Tempo clínico e facilidade de técnica: um amálgama de prata triturado adequadamente apresenta um tempo de trabalho em torno de quatorze minutos e a técnica de confecção pode ser considerada simples;

Baixo custo: comparado com os outros materiais restauradores diretos, é o que apresenta menor custo;

Baixo índice de desgaste: o índice de desgaste do amálgama é em torno de 2 a 3 µm/ano. Como comparativo, podemos citar a resina composta que tem um desgaste médio anual em torno de 10 µm/ano;

Estabilidade dimensional: após a trituração da limalha com mercúrio, há algumas alterações volumétricas. Contudo, ligas de composição bem balanceada oferecem como resultado final um material estável colaborando para a manutenção da integridade marginal;

Auto-Selamento: com o passar do tempo, há uma corrosão do material. Essa corrosão libera óxidos metálicos que se depositam na interface dente/restauração promovendo um selamento mediato;

Resistência à compressão: um amálgama condensado adequadamente confere uma resistência à compressão na ordem de 50 a 80 mil libras/polegada quadrada, sendo suficiente para resistir às cargas mastigatórias;

Longevidade clínica: é o material restaurador direto que apresenta o maior tempo de longevidade clínica (± 12 anos).

Falta de adesão: é um material que é contido na cavidade por meio de princípios mecânicos. Por outro lado, se apresentasse propriedades adesivas poderíamos economizar estrutura dental no momento do preparo cavitário removendo somente tecido cariado;

Cor: comparado com as resinas compostas, não possui nenhuma qualidade estética;

Flow/Creep: correspondem ao escoamento do amálgama em função de seu próprio peso. O Flow é medido logo após a amalgamação com a cristalização incompleta. O Creep é medido após sete dias. Portanto, quanto menor o Creep melhor o desempenho clínico do material;

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Baixa resistência à tração: como não é um material adesivo, fica evidente que não possua resistência à tração.

Como já foi citado anteriormente, o amálgama de prata possui como uma de suas características principais a longevidade clínica. Comparando com os outros materiais ele só leva desvantagem em relação ao ouro, cuja longevidade clínica pode ultrapassar os vinte anos. Materiais como resinas compostas e cimentos de ionômero de vidro apresentam longevidade clínica praticamente igual á metade da longevidade do amálgama.

PREPARO CAVITÁRIO

Para que a restauração em amálgama apresente um bom desempenho, não podemos negligenciar no ato do preparo cavitário. Algumas considerações devem ser feitas e alguns detalhes observados:

Preparos conservadores: nestes tipos de preparo temos uma menor área restaurada e conseqüentemente menor infiltração;

Contato dente/restauração: deve-se evitar que o contato do dente antagonista localize-se na interface dente/material restaurador, pois poderão ocorrer pequenas fraturas que levarão à infiltração;

Ângulo axio-pulpar: em restauração de classe II, o arredondamento do ângulo áxio-pulpar é de extrema importância, pois com essa manobra há dissipação de forças na região evitando possíveis fraturas;

Profundidade da parede pulpar: a parede pulpar deve sempre localizar-se a uma profundidade tal que permita uma espessura considerável de amálgama conferindo resistência a esta restauração;

Proteção do esmalte sem suporte dentinário: em regiões de perda dentinária, porém com preservação do tecido adamantino, devemos primeiramente utilizar um material que tenha condições de dissipar forças sofridas nessa região. Como o amálgama possui um módulo de elasticidade muito superior ao do dente, o material mais adequado seria o cimento de ionômero de vidro;

Cavo-superficial “reto” e regularizado: a eliminação de prismas de esmalte incompletos nessa região deve ser observada a fim de que não restem regiões de pouca espessura podendo levar às pequenas trincas que teriam como conseqüência infiltrações.

MATRIZES E CUNHAS

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As restaurações de classe II sempre necessitam da adaptação do conjunto porta matriz/matriz com o objetivo de proporcionar o Contorno anatômico do dente, além de facilitar o restabelecimento do contato com o dente vizinho e, ainda, proteger o periodonto (STURDEVANT, 1986).

Para que as matrizes possam desempenhar essas funções, devem apresentar algumas características como:

Flexibilidade;

Rigidez - para permitir a inserção e condensação do amálgama;

Possibilitar um contato justo com as paredes laterais e gengivais;

Obs: A escolha da matriz depende da altura da crista marginal transversal, devendo ficar 1 mm acima.

Além das matrizes, as cunhas de madeira são consideradas indispensáveis, sempre que uma cavidade de classe II for restaurada com amálgama. Com formato triangular, as cunhas de madeira devem ser posicionadas na mesma orientação das ameias, pois assim evitam-se deformações no contorno da matriz. Suas principais funções são evitar o extravasamento de amálgama durante a condensação, promovendo proteção periodontal. Além disso, proporciona ligeiro afastamento dos dentes, compensando a espessura da matriz. Ainda, auxilia na fixação do conjunto matriz/porta-matriz, evitando o seu deslocamento durante a realização da restauração (FICHMAN & SANTOS, 1982).

TRITURAÇÃO

Consiste na mistura das partículas de liga metálica com mercúrio resultando em uma massa homogênea para que ocorram reações químicas propiciando a cristalização do amálgama. A amalgamação estará correta quando a massa apresentar aspecto liso e homogêneo.

A trituração pode ser feita de maneira manual (gral e pistilo) ou mecânica (amalgamadores) onde a proporção é, normalmente, 1:1 em peso. Entretanto hoje se dá preferência às ligas em cápsulas que já vêm pré-dosadas.

Contudo, situações de subtrituração ou supertrituração de ligas convencionais podem gerar alguns efeitos indesejáveis. Um amálgama subtriturados apresentar-se-á como uma massa opaca, não coesiva e quando removido do amalgamador parecerá esfarelado e texturizado. Concorda-se, contudo, que a subtrituração é menos desejável do que a supertrituração, pois a primeira está associada a desempenho clínico reduzido, pois diminui a resistência à compressão e a massa se desprende no ato da escultura. Entretanto a supertrituração tende a aumentar os valores do creep e cristalização, diminuindo assim a resistência da restauração.

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Quando a massa amalgamada estiver triturada, o excesso de mercúrio deve ser removido. Com auxílio de um pano de linho faz-se uma torção dessa massa de maneira que o mercúrio saia pelos poros do tecido permitindo um aumento da resistência desse material ( creep; flow), diminuindo a fase gama dois e, portanto, mais resistente à corrosão. É importante ressaltar que esse excesso de mercúrio deve ser depositado em recipientes com água ou soluções de hiposulfito.

CONDENSAÇÃO

A condensação correta é um fator primordial para que restaurações em amálgama tenham sucesso. Problemas como má adaptação do material às paredes da cavidade podem resultar da negligência no ato da condensação.

Essa manobra tem como objetivos principais a adaptação do material às paredes da cavidade, eliminação de porosidades, eliminação do excesso de mercúrio e compressão da matriz para a obtenção de um contato interproximal firme. A adaptação às paredes da cavidade é importante porque um amálgama mal adaptado pode causar infiltração cujo efeito será irritação pulpar e/ou cárie. A presença de poros enfraquece o material mecanicamente e cria áreas de corrosão levando à perda da restauração (BINDSLEV & MJÖR, 1990).

Técnica:

- Inserir o material na cavidade com auxílio do porta-amálgama;

- Compressão da massa em direção às bissetrizes dos ângulos utilizando a seqüência de condensadores do menor para o maior;

- Pressão de condensação: liga convencional = 2,8 Kg

Liga esférica = 0,8 Kg

- Condensação com excesso de 1 a 1,5 mm acima do ângulo cavo-superficial para facilitar a brunidura não removendo material que será necessário para a escultura;

- Brunidura pré-escultura: é executada com brunidor ovalado de bom tamanho com o qual se condensa e bruni-se o material de encontro às margens, removendo-se concomitantemente o material excedente que é rico em mercúrio e mantendo excesso de material para a escultura.

ESCULTURA

Manobra destinada à devolução das características anatômicas ao elemento dental sendo responsável pela boa funcionalidade deste no sistema mastigatório.

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A escultura deve ser rasa e funcional devendo ser iniciada na oportunidade do “grito do amálgama”. Com esculpidores de lâmina reta devem-se demarcar as cristas marginais e os sulcos longitudinais e transversais para, na seqüência, apoiar o esculpidor nas vertentes das cúspides promovendo o corte do amálgama em direção ao centro cúspide-a-cúspide.

Em restaurações de classe II deve-se começar a escultura pela vertente externa das cristas marginais. Com explorador número 5, inclinado a 45° entre restauração e matriz, fazem-se movimento de vestibular para a lingual acompanhando a curvatura do dente. Em seguida definem-se as vertentes internas das mesmas cristas e então se segue a escultura como mencionada acima.

BRUNIMENTO PÓS-ESCULTURA (ALISAMENTO)

Manobra destinada à melhoria do vedamento pelo alisamento superficial principalmente nas regiões de margens. Executado com um brunidor menor com pequena pressão diminui a porosidade superficial aumentando a lisura.

POLIMENTO

Executado somente após a cristalização final do amálgama. Com isso indica-se o polimento de 24 a 48 h após a confecção da restauração.

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