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Anais Cienciassociais2013

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  • Presidncia Luis Eugenio Portela Fernandes de Souza Instituto de Sade Coletiva/Universidade Federal da Bahia

    Vice-PresidnciaEli Iola Gurgel Andrade Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina/Universidade Federal de Minas GeraisLaura Camargo Macruz Feuerwerker Faculdade de Sade Pblica/Universidade de So PauloMaria Ftima de Sousa Faculdade de Cincias da Sade/Universidade de BrasliaNelson da Cruz Gouveia Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina/Universidade de So PauloNilson do Rosrio Costa Escola Nacional de Sade Pblica Sergio Arouca/Fundao Oswaldo Cruz

    ConselhoLuiz Augusto Facchini Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina/Universidade Federal de PelotasLigia Bahia Instituto de Estudos em Sade Coletiva/Universidade Federal do Rio de JaneiroRosana Onocko Campos Departamento de Sade Coletiva da Faculdade de Cincias Mdicas/Universidade Estadual de CampinasEronildo Felisberto Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira Ethel Leonor Noia Maciel Programa de Ps Graduao em Sade Coletiva/Universidade Federal do Esprito Santo

    Secretaria Executiva Carlos dos Santos Silva | Secretario ExecutivoThiago Barreto Bacellar Pereira | Secretrio Executivo AdjuntoJulio Alberto Wong Un | Assessoria Tcnica

    Gerncia Administrativa Hebe Conceio da Silva Patola

    Equipe Aline Macrio Barzellai Rodrigues, Anderson Silva e Silva, Andra de Cssia Souza de Alencar, Ctia Pinheiro de Souza, Dayane Cordeiro, Janaina da Silva Hora, Jorge Luiz Lucas, Marco Aurlio Ferreira Pinto, Maria Ins Genoese, Oziete Pereira da Costa e Rosane Landskron

    Assessoria de ComunicaoVilma Reis, Flaviano Quaresma, Bruno Cesar Dias

    Abrasco Livros Inez Damasceno Pinheiro Saurin | GerenteFidel Damasceno Pinheiro, Mnica Firmino da Silva

    ComiSSo dE CinCiAS SoCiAiS E HumAnAS Em SAdE

    CoordenaoLeny Trad | UFBA

    Vice-coordenaoSandra Caponi | UFSCRoseni Pinheiro | IMS/UERJMaria Helena Mendona | ENSP/FIOCRUZ

    membrosDaniela Knauth | UFRGSDenise Martin | UNISANTOSJorge Iriart | ISC/UFBAMara Helena de Andrea Gomes | UNIFESPKenneth Rochel Camargo Jr. | IMS/UERJLuis Eduardo Batista | Instituto de Sade/SES-SPMalu Bosi | UFCMarta Verdi | UFSCNelson Filice de Barros | UnicampPerry Scott | UFPESueli Deslandes | IFF/Fiocruz

    GESto 2013-2015

  • ComiSSo orGAnizAdorA nACionAL

    PresidenteKenneth Rochel Camargo Jr.

    Vice-PresidenteRoseni Pinheiro

    membrosCarlos dos Santos SilvaDaniela Riva KnauthDenise Martin CovielloJorge Alberto Bernstein IriartLeny Trad

    Luis Eduardo BatistaLuis Eugenio Portela Fernandes de SouzaMara Helena de Andrea GomesMaria Helena MendonaMaria Lcia Magalhes BosiMarta VerdiNelson Filice de BarrosRomeu GomesSandra Noemi Cucurullo de CaponiSuely Ferreira DeslandesThiago Barreto Bacellar Pereira

    ComiSSo CiEntFiCA

    Presidente Leny Trad

    membrosAndr Luis de Oliveira MendonaDenise Martin CovielloElaine Reis BrandoIvia MaksudJorge Alberto Bernstein IriartKenneth Rochel Camargo Jr.Luis Eduardo BatistaMadel Therezinha LuzMara Helena de Andrea GomesMaria Helena MendonaMaria Lcia Magalhes BosiMartinho Braga Batista e SilvaNelson Filice de BarrosRoseni PinheiroRussel Parry ScottSandra Noemi Cucurullo de Caponi

    CoordEnAdorES doS GruPoS tEmtiCAS

    Gt1 - itinerrios teraputicos, mediaes e redes de cuidado da integralidade em SadeTatiana Coelho Lopes, Tatiana Engel Gerhardt, Juliana Lofego

    Gt2 - Saberes e prticas biomdicas e a produo de identidadesKenneth Camargo Jr., Flvio Edler, Sandra Caponi

    Gt3 - Famlia, Grupos Vulnerveis e Sade: Polticas Pblicas, modo de vida e itinerrios teraputicos Leny Trad, Andra Caprara, Lvia Fialho

    Gt4 - modelos e Prticas de Assistncia ao Parto e ao nascimento: um olhar SocioantropolgicoRosamaria Carneiro, Edemilson Campos

    Gt5 - direito Sade - integralidade, responsabilidade Pblica e diversidade na Sade ColetivaRoseni Pinheiro, Felipe Dutra Asensi

    Gt6 - Aids, Sexualidade e reproduo: Saberes e Prticas SociaisSimone Monteiro, Regina Maria Barbosa, Wilza Villela

    Gt7 - Cincias Humanas e Sociais em Alimentao, nutrio e SadeMaria Lcia Bosi, Maria Cludia Veiga Soares, Shirley Donizete Prado

    Gt8 - Corpo, Subjetividade e SadeJorge Iriart, Ligia Amparo

    Gt9 - diagnsticos psiquitricos e globalizao da sade mental: desafios atuaisRafaela Zorzanelli, Francisco Javier Guerrero Ortega

    Gt10 - identidades, Biossocialidades, Espaos Sociais e Prticas EstataisHoracio Svori, Carlos Guilherme do Valle

    Gt11 - Cincias Sociais, Abordagens interdisciplinares e Adoecimentos de Longa duraoAna Maria Canesqui, Reni Barsaglini

    Gt12 - HiV/AidS, Polticas e SubjetividadesIvia Maksud, Mnica Franch

    Gt13 - Vida, trabalho e produo de sade: vulnerabilidades e potncias em diferentes territriosElida Hennington, Deise Lisboa Riquinho

    Gt14 - Formao em Sade: desafios e perspectivas para a atuao transdisciplinar em equipesBarbara Eleonora Bezerra Cabral, Maria Elizabeth Barros

    Gt15 - Gnero, Equidade e Polticas PblicasAndra Fachel Leal, Marcia Thereza Couto

    Gt16 - Prticas mdicas indgenas e o Subsistema de Ateno Sade indgenaSlvia Guimares, Carmen Silva

    Gt17 - Sade: Prticas locais, experincias e polticas pblicasEliana Elisabeth Diehl, Rogrio Azize

    Gt18 - Anlise institucional e Sade ColetivaSolange L`Abbate, Lucia Cardoso Mouro

    Gt19 - Sade nas Prises: abordagens qualitativasMartinho Silva, Cristiane Paulin Simon, Renata Costa Moura

    Gt20 - Gnero e sexualidade: entre os direitos e a sadeSrgio Luis Carrara, Jane Russo

    ComiSSo orGAnizAdorA LoCAL

    PresidenteRoseni Pinheiro

    membrosAndr Luis de Oliveira MendonaElaine Reis BrandoIvia MaksudKenneth Rochel Camargo Jr.Maria Helena MendonaMartinho Braga Batista e Silva

    SecretriaRoberta Nascimento

  • Gt21 - Anlise de Polticas Pblicas de Alimentao, nutrio e Sade Abordagens e interfaces entre as Cincias Sociais, Humanas e a Sade ColetivaLuciene Burlandy, Monica Senna

    Gt22 - interesses conflitantes na relao entre pblico e privado na Sade ColetivaIns Rugani Ribeiro de Castro, Thiago Barreto Bacellar Pereira

    Gt23 - Humanizao da Sade - desafios terico-metodolgicos para a humanizao da pesquisa em sadeEduardo Henrique Passos Pereira, Marta Verdi, Dario Frederico Pasche,Gustavo Oliveira Nunes

    Gt24 - Gnero e Sade em projetos de desenvolvimentoRussel Parry Scott, Jorge Lyra

    Gt25 - Lutas Sociais por SadeFelipe Machado, Maria Beatriz Guimares

    Gt26 - Subjetividade, Gesto, Cuidado e Prticas em SadeRosana Onocko Campos, Marilene de Castilho S

    Gt27 - Comunicao, Sade e SociedadeJanine Miranda Cardoso, Lgia Rangel

    Gt28 - Espiritualidade, religies e SadeEymard Mouro Vasconcelos, Alexandre Brasil Fonseca

    Gt29 - Sade Coletiva e Biotica: fronteiras no debate sobre prticas de sade, sociedade e tecnologias biomdicasMarilena C. Dias Villela Correa, Suely Marinho

    Gt30 - interdisciplinaridade e participao: o que podemos aprender com as prticas de colaboraoJuarez Pereira Furtado, Hlne Laperrire

    Gt31 - Assujeitamentos, resistncias e modos de subjetivao: processos polticos e o cuidado em sadeFtima Lima, Daniela Murta

    Gt32 - direitos Humanos e Sade PblicaMiriam Ventura, Ivan Frana Junior, Dulce Ferraz

    Gt33 - direito SanitrioMaria Clia Delduque, Sueli Dallari

    Gt34 - racionalidades mdicas e prticas em sadeCharles Dalcanale Tesser, Nelson Filice

    Gt35 - Polticas Pblicas de Educao e de Sade: diversas Prticas diferentes Sujeitos o SuS em PerspectivaAlcindo Ferla, Izabella Barison Matos, Luiza Helena Dalpiaz

    SumrioSEo i - rESumoS dAS ComuniCAES orAiS

    GT1. Itinerrios Teraputicos, mediaes e redes de cuidado da integralidade em Sade 13

    GT 2. Saberes e prticas biomdicas e a produo de identidades 20

    GT3. Famlia, Grupos Vulnerveis e Sade: Polticas Pblicas, Modo de Vida e Itinerrios Teraputicos 26

    GT4. Modelos e Prticas de Assistncia ao Parto e ao Nascimento: um olhar Socioantropolgico 35

    GT5. Direito Sade - Integralidade , Responsabilidade Pblica e Diversidade na Sade Coletiva 42

    GT6. Aids, Sexualidade e Reproduo: Saberes e Prticas Sociais 52

    GT7. Cincias Humanas e Sociais em Alimentao, Nutrio e Sade 55

    GT8. Corpo, Subjetividade e Sade 66

    GT9. Diagnsticos psiquitricos e globalizao da sade mental: desafios atuais 75

    GT10. Identidades, Biossocialidades, Espaos Sociais e Prticas Estatais 83

    GT11. Cincias Sociais, Abordagens Interdisciplinares e Adoecimentos de Longa Durao 89

    GT12. HIV/AIDS, Polticas e Subjetividades 97

    GT13. Vida, trabalho e produo de sade: vulnerabilidades e potncias em diferentes territrios 106

    GT14. Formao em Sade: desafios e perspectivas para a atuao transdisciplinar em equipes 116

    GT15. Gnero, Equidade e Polticas Pblicas 127

    GT16. Prticas Mdicas Indgenas e o Subsistema de Ateno Sade Indgena 136

    GT17. Sade: Prticas locais, experincias e polticas pblicas 144

    GT18. Anlise Institucional e Sade Coletiva 154

    GT19. Sade nas Prises: abordagens qualitativas 163

    GT20. Gnero e sexualidade: entre os direitos e a sade 169

    GT21. Anlise de Polticas Pblicas de Alimentao, Nutrio e Sade Abordagens e interfaces

    entre as Cincias Sociais, Humanas e a Sade Coletiva 175

    GT22. Interesses conflitantes na relao entre pblico e privado na Sade Coletiva 178

    GT23. Humanizao da Sade - Desafios terico-metodolgicos para a humanizao da pesquisa em sade 182

    GT24. Gnero e Sade em projetos de desenvolvimento 191

    GT25. Lutas Sociais por Sade 194

    GT26. Subjetividade, Gesto, Cuidado e Prticas em Sade 200

    GT27. Comunicao, Sade e Sociedade 212

    GT28. Espiritualidade, Religies e Sade 222

    GT29. Sade Coletiva e Biotica: fronteiras no debate sobre prticas de sade, sociedade e tecnologias biomdicas 230

    GT30. Interdisciplinaridade e participao: o que podemos aprender com as prticas de colaborao 234

    GT31. Assujeitamentos, Resistncias e Modos de subjetivao: processos polticos e o cuidado em sade 247

    GT32. Direitos Humanos e Sade Pblica 253

    GT33. Direito Sanitrio 259

    GT34. Racionalidades Mdicas e prticas em sade 261

    GT35. Polticas Pblicas de Educao e de Sade: Diversas Prticas diferentes Sujeitos O SUS em Perspectiva 268

  • GT1. Itinerrios Teraputicos, mediaes e redes de cuidado da integralidade em Sade 281

    GT 2. Saberes e prticas biomdicas e a produo de identidades 288

    GT3. Famlia, Grupos Vulnerveis e Sade: Polticas Pblicas, Modo de vida e Itinerrios Teraputicos 296

    GT4. Modelos e Prticas de Assistncia ao Parto e ao Nascimento: um olhar Socioantropolgico 309

    GT5. Direito Sade - Integralidade , Responsabilidade Pblica e Diversidade na Sade Coletiva 311

    GT6. Aids, Sexualidade e Reproduo: Saberes e Prticas Sociais 321

    GT7. Cincias Humanas e Sociais em Alimentao, Nutrio e Sade 322

    GT8. Corpo, Subjetividade e Sade 334

    GT9. Diagnsticos psiquitricos e globalizao da sade mental: desafios atuais 340

    GT10. Identidades, Biossocialidades, Espaos Sociais e Prticas Estatais 344

    GT11. Cincias Sociais, Abordagens Interdisciplinares e Adoecimentos de Longa Durao 347

    GT12. HIV/AIDS, Polticas e Subjetividades 352

    GT13. Vida, trabalho e produo de sade: vulnerabilidades e potncias em diferentes territrios 356

    GT14. Formao em Sade: desafios e perspectivas para a atuao transdisciplinar em equipes 367

    GT15. Gnero, Equidade e Polticas Pblicas 380

    GT16. Prticas Mdicas Indgenas e o Subsistema de Ateno Sade Indgena 385

    GT17. Sade: Prticas locais, experincias e polticas pblicas 389

    GT18. Anlise Institucional e Sade Coletiva 396

    GT19. Sade nas Prises: abordagens qualitativas 405

    GT20. Gnero e sexualidade: entre os direitos e a sade 409

    GT21. Anlise de Polticas Pblicas de Alimentao, Nutrio e Sade Abordagens e interfaces

    entre as Cincias Sociais, Humanas e a Sade Coletiva 414

    GT22. Interesses conflitantes na relao entre pblico e privado na Sade Coletiva 418

    GT23. Humanizao da Sade - Desafios terico-metodolgicos para a humanizao da pesquisa em sade 419

    GT25. Lutas Sociais por Sade 429

    GT26. Subjetividade, Gesto, Cuidado e Prticas em Sade 431

    GT27. Comunicao, Sade e Sociedade 440

    GT28. Espiritualidade, Religies e Sade 457

    GT29. Sade Coletiva e Biotica: fronteiras no debate sobre prticas de sade, sociedade e tecnologias biomdicas 462

    GT30. Interdisciplinaridade e participao: o que podemos aprender com as prticas de colaborao 463

    GT31. Assujeitamentos, Resistncias e Modos de subjetivao: processos polticos e o cuidado em sade 472

    GT32. Direitos Humanos e Sade Pblica 473

    GT33. Direito Sanitrio 481

    GT34. Racionalidades Mdicas e prticas em sade 483

    GT35. Polticas Pblicas de Educao e de Sade: Diversas Prticas diferentes Sujeitos O SUS em Perspectiva 491

    GT1. Itinerrios Teraputicos, mediaes e redes de cuidado da integralidade em Sade 505

    GT2. Saberes e prticas biomdicas e a produo de identidades 508

    GT3. Famlia, Grupos Vulnerveis e Sade: Polticas Pblicas, Modo de vida e Itinerrios Teraputicos 511

    GT4. Modelos e Prticas de Assistncia ao Parto e ao Nascimento: um olhar Socioantropolgico 516

    GT5. Direito Sade - Integralidade , Responsabilidade Pblica e Diversidade na Sade Coletiva 518

    GT6. Aids, Sexualidade e Reproduo: Saberes e Prticas Sociais 520

    GT7. Cincias Humanas e Sociais em Alimentao, Nutrio e Sade 521

    GT8. Corpo, Subjetividade e Sade 527

    GT9. Diagnsticos psiquitricos e globalizao da sade mental: desafios atuais 531

    GT10. Identidades, Biossocialidades, Espaos Sociais e Prticas Estatais 532

    GT11. Cincias Sociais, Abordagens Interdisciplinares e Adoecimentos de Longa Durao 533

    GT12. HIV/AIDS, Polticas e Subjetividades 538

    GT13. Vida, trabalho e produo de sade: vulnerabilidades e potncias em diferentes territrios 542

    GT14. Formao em Sade: desafios e perspectivas para a atuao transdisciplinar em equipes 553

    GT15. Gnero, Equidade e Polticas Pblicas 562

    GT17. Sade: Prticas locais, experincias e polticas pblicas 567

    GT18. Anlise Institucional e Sade Coletiva 574

    GT20. Gnero e sexualidade: entre os direitos e a sade 581

    GT21. Anlise de Polticas Pblicas de Alimentao, Nutrio e Sade Abordagens e interfaces

    entre as Cincias Sociais, Humanas e a Sade Coletiva 584

    GT22. Interesses conflitantes na relao entre pblico e privado na Sade Coletiva 586

    GT23. Humanizao da Sade - Desafios terico-metodolgicos para a humanizao da pesquisa em sade 587

    GT25. Lutas Sociais por Sade 593

    GT26. Subjetividade, Gesto, Cuidado e Prticas em Sade 595

    GT27. Comunicao, Sade e Sociedade 600

    GT30. Interdisciplinaridade e participao: o que podemos aprender com as prticas de colaborao 610

    GT32. Direitos Humanos e Sade Pblica 617

    GT35. Polticas Pblicas de Educao e de Sade: Diversas Prticas diferentes Sujeitos O SUS em Perspectiva 620

    SEo ii - rESumoS doS PStErES ELEtrniCoS SEo iii - rESumoS AProVAdoS PArA PuBLiCAo

  • 13Seo I - Resumos das Comunicaes Orais

    Gt1. itinerrios teraputicos, mediaes e redes de cuidado da integralidade em Sade

    27 itinErrioS E CAminHoS dE PESSoAS QuE ConViVEm Com HiV

    Ferreira, DC; Alves, GS

    Diante a transformao histrica do HIV nos ltimos anos, de uma doena mortal para uma controlvel, pertinente conside-rar suas implicaes nas trajetrias individuais de seus portado-res. Nessa perspectiva h os caminhos que as pessoas fazem em busca de respostas a seu adoecimento e cuidado. Este estudo de carter qualitativo objetivou analisar os itinerrios e narrativas de pessoas convivendo com HIV. Os sujeitos participantes fo-ram adultos de ambos os sexos que convivem com o vrus HIV, assistidos na rede especializada de atendimento aos portadores de HIV do sistema pblico em um municpio de mdio porte no estado de Minas Gerais/Brasil. A abordagem foi atravs de entrevistas semi-estruturada, nos locais de atendimento, no per-odo de maro a junho de 2011. Para anlise dos dados elegeu-se a tcnica de anlise temtica. Das narrativas singulares, emergi-ram os itinerrios dessas pessoas que convivem com o HIV. Estes delimitaram os caminhos pelo sistema de sade, abrangendo: formas de entrada no sistema, custo, acesso, gesto do tratamen-to e relaes de vnculo. Essas questes que nortearam a orga-nizao do trabalho permitiram inferir fragilidades e fortalezas do sistema de atendimento, assim como perceber as percepes construdas pelos seus usurios ao longo deste processo. Pode--se assim observar as diversas nuances das experincias dessas pessoas e levantar a discusso sobre praticas teraputicas mais adequadas as necessidades de sade dessa populao.

    30 itinErrioS tErAPutiCoS dAS trAVEStiS dE SAntA mAriA/rS

    Souza, M.S.; Pereira, P.P.G.

    A proposta geral deste estudo apresentar os itinerrios tera-puticos de travestis de Santa Maria/RS. Durante todo o ano de 2012 acompanhamos os caminhos percorridos pelas travestis em busca de cuidados teraputicos. Trata-se de uma pesquisa etnogrfica, na qual se adotou procedimentos de observao par-ticipante, entrevistas e acompanhamento da vida cotidiana das interlocutoras. Foi possvel verificar os deslocamentos, muitas vezes inusitados, que revelaram trajetrias complexas e opes mltiplas por recursos de cuidados teraputicos. Percebeu-se que ainda h na literatura sobre o tema uma persistente opo por descrever os itinerrios de maneira a pens-los como relacio-nados ao trnsito de sujeitos pelos aparelhos oficiais de sade. No entanto, acompanhar as travestis de Santa Maria em seus itinerrios evidenciou que as trajetrias das interlocutoras des-ta pesquisa extrapolaram os servios oficiais de sade (por elas considerados insuficientes ou inadequados). A etnografia mos-trou que as travestis optam por outras formas de cuidado: das 49 travestis que fizeram parte da pesquisa, 48 frequentavam o que denominavam de casas de religio afro ou batuque. A pesquisa, inicialmente concentrada nas residncias das travestis,

    nos pontos de prostituio e nos servios de sade, acabou se di-recionando para as casas de santo. As interlocutoras indicaram sua opo em frequentar a religio afro por identific-la como espao que, sem questionar as modificaes corporais e suas op-es de sexualidade, proporcionava formas de cuidado e pro-teo. Nos terreiros de Santa Maria as travestis encontraram formas de acolhimento e incluso. Este texto busca descrever esses caminhos tortuosos, esses itinerrios de cuidados teraputi-cos adotados pelas travestis tanto pelos servios oficiais de sade quanto pelas casas de santo.

    318 AS trAJEtriAS ASSiStEnCiAiS rEVELAndo A rEdE dE AtEno SAdE doS PortAdorES dE doEnAS CArdioVASCuLArES

    Medeiros, C.R.G.; Gerhardt, T.E.

    Este estudo um recorte da Tese de Doutorado que teve como objetivo analisar a rede de ateno sade aos portadores de doenas cardiovasculares em dois municpios de pequeno porte pertencentes 16 Coordenadoria Regional de Sade/RS. um estudo de casos mltiplos comparados que utilizou como um dos mtodos a anlise da trajetria assistencial percorrida por quatro usurios, dois homens e duas mulheres adscritos s Estra-tgias de Sade da Famlia. A incluso do usurio nos processos avaliativos seja na prxis ou na pesquisa, possibilitando a in-terao democrtica entre os diversos atores envolvidos tem o potencial de qualificar o funcionamento das redes de ateno em sade, os processos de trabalho e os resultados na sade da popu-lao. Observamos obstculos importantes para a integralidade e equidade na ateno sade nestes municpios, tanto na dimen-so da integralidade vista como acesso aos nveis de densidade tecnolgica e assistncia farmacutica, quanto no cuidado em nvel de promoo, preveno e tratamento. Todos os entrevis-tados utilizam vrias formas de atendimento: pblico, privado e convnios (estes referem-se negociao entre municpios e prestadores a fim de que estes forneam descontos aos usurios). A mltipla situao observada nos fluxos induzida pela forma com que a rede se configura, no oferecendo grande parte das necessidades da populao. Os usurios so forados a pagar por seu atendimento, pois no dispem de tempo para esperar em uma fila comum, que no observa classificao de risco, apenas a ordem de chegada. A ateno igual para os desiguais, homoge-neizando a ateno, mostra a ausncia de equidade. Assim, vo se constituindo meras redes de ateno desprovidas de cuidado. Redes de cuidado so pontos integrados, unidos pelo objetivo de melhorar a vida e a sade dos usurios a partir do significado de vida e sade para estes. So redes que extrapolam parmetros meramente tcnicos sem desconsiderar a importncia destes, in-serindo-se no contexto do mundo vivido. Mas para esta tessitura necessrio, antes de tudo, conscincia e interesse dos atores en-volvidos: gestores, profissionais e usurios. Encontramos usu-rios que vo construindo suas prprias redes, de acordo com suas possibilidades, lgicas e escolhas, direcionadas pelas deficincias da rede oficial. Essas redes vo sendo normalizadas e aceitas por todos inclusive pela gesto municipal e o controle social e parecem negadas pela gesto estadual. Colocamos esta negao

  • 15Seo I - Resumos das Comunicaes Orais

    no sentido de no verificarmos ao efetiva sobre o problema, continuando a afirmar a ilegalidade da participao financeira do usurio no seu atendimento, mas sem oferecer a garantia do mesmo. Os usurios referem-se ao atendimento pblico como uma ajuda, mostrando que a sade como direito no est na conscincia das pessoas e nem na sua pauta de reivindicaes.

    504 itinErrioS tErAPutiCoS nA rEdE ASSiStEnCiAL dE SAdE dE PACiEntES AComEtidoS Por ACidEntES VASCuLArES CErEBrAiS

    Castro, M.A.; Silva, K.L.; Marques, R.M.

    Sabe-se que as doenas crnicas no transmissveis representam atualmente 50% da carga total de doena em pases de mdia e baixa renda, tais agravos por apresentarem multifatores de riscos podem ser previamente prevenidos e evitados a partir de aes de preveno e promoo da sade desenvolvidas na rede aten-o a sade. Contudo, observa-se dificuldades de acesso e nas trajetrias de cuidado de pessoas acometidas seja por condies crnicas ou agudas. Diante desta problemtica, o presente tra-balho teve como objetivo investigar os itinerrios teraputicos, na rede assistencial de sade, de pacientes com diagnstico de acidente vascular cerebrais (AVC). Trata-se de estudo descritivo--exploratrio realizado com 33 usurios que foram admitidos devido a AVC em um hospital geral de Belo Horizonte/MG. Os dados foram obtidos de entrevistas com os usurios ou fa-miliares/acompanhantes com complementao de informaes por consulta aos pronturios. Procedeu-se anlise de contedo temtico do corpus emprico a partir dos relatos apreendidos. Os resultados revelam que os itinerrios de busca por cuidado so bastante diversos e marcados pela lgica do usurio que nem sempre percorre o caminho preconizado nos protocolos. Os des-vios dos caminhos estabelecidos so resultado das dificuldades de acesso e da autonomia que o usurio exerce na busca de re-soluo dos seus problemas. As trajetrias de busca por cuidado dos usurios com diagnstico de AVC em sua totalidade foram marcadas por similitudes: a) um primeiro caminho linear, no qual os usurios relatam ter acionado o SAMU e serem encami-nhados as Unidades de Pronto Atendimento. O encaminhamen-to para o hospital a fim de realizar de exames complementares e propedutica; b) uma segunda rota caracterizada pelas idas e vindas do usurio nos servios de sade sem ter seus problemas resolvidos. Alguns usurios relataram ter procurado os servios j com os sintomas iniciais sentidos, porm no foram atendidos com a alegao que deveriam se dirigir a outro servio. So en-caminhados muitas vezes de forma informal, sem qualquer tipo de garantia de atendimento. Eles se deslocam e vo tecendo sua rede de acordo com sua lgica e condio e; c) a entrada direta no pronto-atendimento hospitalar com o inicio dos sintomas. Vale ressaltar que entre o inicio dos sintomas e a chegada ao hospital, houve relatos de trajetrias secundrias, como idas a farmcia, consulta a profissionais de sade conhecidos ou opo de no buscar nenhum atendimento at o quadro se agravar. Conclui-se que embora haja um esforo institucional no mbito do SUS para estabelecer fluxos e pactuaes entre os diferentes

    nveis de ateno para assistncia sade, os usurios a partir de suas vivncias e experincias vo tecendo sua rede de cui-dado, estabelecem os lugares e/ou at horrios de atendimento. Considera-se fundamental avanar no funcionamento da rede assistencial e relevar esses aspectos pode contribuir para melho-ria das aes em sade..

    601 A Ao dAS rEdES SoCiAiS nA EXPErinCiA dE AdoECimEnto CrniCo no rurAL: dEuS d o Frio ConFormE A rouPA QuE SE tEm

    Ruiz, E.N.F.; Gerhardt,T.E.

    O panorama atual do crescente nmero de adoecidos crnicos no mundo desperta, cada vez mais, preocupao, pois a doena crnica, tendo um curso de longa durao, por vezes incapa-citante, exige uma reordenao no viver das pessoas e do seu entorno. Nessa perspectiva, ela aparece como um objeto privi-legiado para examinar o papel das relaes sociais, ainda mais se levado em conta o rural na sua invisibilidade enquanto espao de vidas. Partindo, ento, do entendimento de que o adoecer um fenmeno multidimensional construdo pelos sujeitos em pro-cessos interacionais, o estudo foi empreendido com o objetivo de compreender a implicao que as redes sociais estabelecidas no cotidiano rural tm na experincia de adoecimento crnico. Para tanto, nos propomos a realizar anlises tendo como refe-rencial a teoria da Ddiva de Marcel Mauss. Assim, partimos do princpio de que nas interaes em torno do adoecer h bens (medicamentos, palavras, dinheiro, gestos e etc.), que carregados de dualidades e de um esprito trazem implicaes diversas para o adoecer. A pesquisa ocorreu por meio da etnografia junto a uma localidade rural de Canguu/RS. Foram gerados dados a partir da observao participante e entrevistas semi-estruturadas com dez adoecidos e alguns informanteschave (profissionais da sade e da assistncia social, lideranas comunitrias e lde-res religiosos). Foi realizada anlise orientada pela antropologia interpretativa. Como parte dos achados, apreendemos que h bens postos em circulao em diferentes encontros: nos mbitos internos localidade, com familiares e vizinhos e em mbitos externos, com servidores de politicas pblicas e trabalhadores do mercado. Encontros que, ao serem carregados de afeto, direito e solidariedade, produzem sade ao implicar no reconhecimento e respeito s necessidades que so especficas do adoecido ru-ral, e de outro lado, aparecem como produtores de sofrimento ao desrespeitar no s as necessidades biolgicas, mas a prpria identidade coletiva de adoecido do lugar-rural. No entanto, foi possvel tambm observar que o adoecido no passivo ao que lhe oferecido em termos de resposta do social. Isso significa que, ao tomar para si o sofrimento produzido pelas redes, os adoecidos so capazes de reagir. Para ilustrar tal achado trazemos a experincia de Dona Diva: Deus d o frio conforme a roupa que se tem, era a expresso que ela utilizava para se referir a sua experincia. Ou seja, se o problema apareceu ele estaria posto para ser resolvido. Analisando a situao de Dona Diva, apre-endemos que ela foi encontrando, no seu viver rural com o dia-betes, maneiras de se movimentar e movimentar o seu entorno para que ele pudesse despertar para suas necessidades. Enfim, a

    experincia de Dona Diva mostrou que as pessoas so capazes de encontrar um cuidado integral, que mesmo no sendo capaz de por fim a uma doena que crnica, possibilita uma vida me-lhor: com autoconfiana, direito respeitado e valorizao.

    623 itinErrio dE CuidAdoS dE muLHErES Com HiStriA dE SndromES HiPErtEnSiVAS nA GEStAo

    Xavier RB; Bonan C; Silva, KS; Nakano AR

    As sndromes hipertensivas na gravidez so consideradas como a primeira causa de mortalidade materna e morbidade materna grave no Brasil, existindo a necessidade de conhecer os caminhos percorridos na busca por cuidados sade nos quais esto inse-ridas as mulheres consideradas com risco reprodutivo devido hipertenso arterial durante a gravidez. O estudo teve como ob-jeto os itinerrios de cuidados sade de mulheres com histria de sndromes hipertensivas na gestao e objetivo geral recons-tituir analiticamente esses itinerrios, a partir das narrativas das mulheres. O mtodo utilizado na pesquisa foi o de histria de vida, especificamente o estudo de relatos orais. Os resultados preliminares demonstram que o modelo biomdico impera nos cuidados sade das mulheres. A condio de gestante propicia mudanas no estilo de vida e a busca por ateno sade em um repertrio de cuidados mais amplos e em especial na situao de risco (no caso as acometidas por alguma sndrome hiperten-siva), quando a mulher em decorrncia do risco mostra-se mais fragilizada e disposta a acessar outros subsistemas de cuidados. Por influncia da cultura, famlia e comunidade, percebe-se a re-corrncia simultnea, porm marginal, a diferentes recursos para o seu tratamento, como o controle alimentar, exerccio fsico, in-gesto de sucos e chs, recursos considerados por elas como efeti-vos ao controle da presso arterial. No perodo puerperal o foco dos cuidados volta-se para o recm-nascido e cuidar da prpria sade deixado voluntariamente em segundo plano, o que pode ser interpretado como uma fragmentao na trajetria do cuida-do, principalmente no manejo do risco reprodutivo. Relacionar itinerrio de cuidados e gestantes com sndrome hipertensiva relevante ao campo da sade coletiva, visto que, compreender o percurso das aes e interaes com distintos sistemas de cui-dado, contextos e condies de satisfao das necessidades em sade e os sentidos e significados dados pelas mulheres a essas experincias, possibilita aos profissionais e formuladores de po-lticas pblicas melhorarem a ateno sade em consonncia aos princpios do direito sade, dos direitos reprodutivos, da integralidade da assistncia e da promoo da sade.

    671 rEdES SoCiAiS dE PESSoAS Com CnCEr: um oLHAr SoB o PriSmA dA inFormAo E ComuniCAo Em SAdE

    Ribeiro, F. F. Marteleto, R. M.

    O objetivo geral da pesquisa identificar como se configuram e se organizam as redes sociais dos usurios com cncer de cabe-a e pescoo, com foco nas formas de comunicao, nos fluxos de informao e na apropriao de conhecimentos, enquanto

    recursos significativos para lidar com a experincia de adoeci-mento. A abordagem metodolgica utilizada foi a entrevista narrativa baseada na histria oral de vida com 3 usurios (duas mulheres e um homem) matriculados na clnica e em estgios diferentes de tratamento. Os conceitos de narrativa e de redes sociais foram utilizados na conduo das entrevistas. O roteiro de entrevista foi elaborado a partir da construo de um qua-dro de categorias empricas consideradas centrais para a com-preenso da configurao das redes sociais dos usurios. Entre os resultados encontrados percebe-se que os usurios, ainda na fase da infncia, vivenciaram o distanciamento da rede familiar, sem que isso ocasionasse o rompimento de vnculos, devido ao compromisso derivado da consanginidade e da obrigao da fa-mlia em gerar proteo; As redes de sociabilidade no ancoradas na famlia se fundamentam em trocas sociais sem obrigao de gerar proteo social, mas podem assumir um papel central no suporte diante de uma situao de adoecimento, ambas as redes tm em comum o dever de cuidar na perspectiva do no aban-dono; A circulao de informaes e sentidos nas redes tambm ocorre com base na postura dos seus membros, atravs de me-canismos de permanncia, perseverana e reconhecimento, e de exemplos que os legitimem como membros da rede e que tam-bm promovem a prpria legitimao do grupo; A religio e a f enquanto sustentao para compreender as relaes entre as redes humanas e as redes invisveis (espirituais) no sentido da ampliao da proteo e do fortalecimento da identidade para o enfrentamento do adoecimento; As narrativas como terreno de denncia sobre a demora existente entre o tempo do diagnstico e o incio do tratamento; O significado do cncer e a sua cor-relao com as condies de vida, numa busca de equilbrio e interao com outras dimenses e exigncias da vida; O ingresso na rede institucional como momento inicial de apropriao de novas informaes sobre o tratamento e as condies concre-tas para realizao do mesmo; A experincia do adoecimento se volta para a dimenso individual, como um conhecimento que pode ser compartilhado, mas ainda carecendo de uma discusso sobre os usos coletivos desse conhecimento em torno da partici-pao e do controle social em sade; O acolhimento como fator importante e decisivo no processo de interlocuo entre as redes de usurios e a rede institucional.

    674 uSo dE nArrAtiVAS PArA A ComPrEEnSo doS itinErrioS tErAPutiCoS dE uSurioS Com SoFrimEnto PSQuiCo

    Moreira, D.J; Bosi, M.L.M.

    Este trabalho faz parte do projeto de dissertao de mestrado intitulada Itinerrios teraputicos e qualidade do cuidado: expe-rincias de usurios da Rede de Ateno Psicossocial do munic-pio de Fortaleza-CE e tem como objetivo apresentar a discusso terico-metodolgica do uso de narrativas para a compreenso dos itinerrios teraputicos de usurios com sofrimento psqui-co. No estado da arte de itinerrios teraputicos verificamos que a maioria das pesquisas de cunho qualitativo utilizam entrevis-tas semi- estruturadas ou histrias de vida, da propormos esta outra forma de acessar a busca por cuidados em sade. Toda

  • Anais do VI Congresso Brasileiro de Cincias Sociais e Humanas em Sade16 17Seo I - Resumos das Comunicaes Orais

    compreenso sobre itinerrio teraputico deve por em evidncia as experincias, as trajetrias e projetos individuais formulados e elaborados dentro de um campo de possibilidades, circunscri-to histrica e culturalmente. Atravs das narrativas, as pessoas lembram o que aconteceu, colocam a experincia em uma se-quncia narrativa, encontram possveis explicaes para isso e jogam com a cadeia de acontecimentos que constroem a vida individual e social. Os relatos das experincias de doena e suas representaes so partes inseparveis das estratgias narrativas e pelas quais so descritos os comportamentos das pessoas abala-das pelo sofrimento imposto pela enfermidade. Na tentativa de construir respostas, elegemos a abordagem qualitativa por esta relacionar-se natureza ontolgica do objeto escolhido e toma-mos como foco do estudo a voz do usurio em sofrimento ps-quico de longa durao e seus familiares, a forma como ele fala de si e de sua condio de doente; como nos aborda com suas histrias de sofrimento e passa a narrar sua vida da em diante, envolvendo seu adoecimento, o enfrentamento e seu desejo de recuperao e a qualidade do cuidado recebido nos diversos dis-positivos acessados. Por tudo isso, para a produo negociada de evidncias recorremos s narrativas. A escolha dessa tcnica justifica-se por seu poder em gerar histrias, e no respostas iso-ladas a um conjunto de perguntas do entrevistador, pois esta encoraja o entrevistado a contar espontaneamente algum acon-tecimento importante de sua vida ou mesmo toda a sua histria, usando sua linguagem espontnea, at que ele mesmo indique que finalizou sua narrativa. Acrescentamos que nosso objeto de estudo tangencia a avaliao da qualidade do cuidado ofertada na Rede de Ateno Psicossocial do municpio de Fortaleza-CE e aquela deseja compreender como se realizam no cotidiano as aes dos servios. H, portanto, uma integrao entre o ob-jeto de estudo desta pesquisa e o mtodo utilizado no campo da avaliao qualitativa, explicitando sua intricada relao com as dimenses de integralidade e humanizao do cuidado nos servios de sade mental.

    765 o itinErrio tErAPutiCo dE FAmLiAS monoPArEntAiS E VuLnErVEiS Em duAS ComunidAdES dE FLoriAnPoLiS/SC

    Gelinski, Carmen Rosario Ortiz; Grisotti, Mrcia

    Este trabalho parte de pesquisa realizada junto famlias vulne-rveis com monoparentalidade feminina atendidas pela Estra-tgia Sade da Famlia (ESF) no municpio de Florianpolis. Neste trabalho investiga-se o itinerrio teraputico, em situaes de doenas, de famlias lideradas por mulheres. Mais especifica-mente, busca-se saber como feito o primeiro diagnstico da situao por parte das mulheres chefes de famlias e quais so os elementos que definem a procura por tratamento. A anlise do itinerrio teraputico dessas famlias feita luz da antropologia da sade em contraposio s abordagens propostas pela bio-medicina. Enquanto esta ltima v a doena como um processo biolgico universal, a antropologia da sade, e em especial a et-nomedicina, concebe a experincia subjetiva da doena dentro do seu contexto social e cultural. Nessa linha, o significado da

    doena, para os atores envolvidos, emergir do processo entre percepo e ao, o qual envolve escolhas/decises e negociaes por parte das pessoas que compem a famlia quanto ao que fazer. No caso das famlias monoparentais entrevistadas, perce-beu-se que essa negociao, quando existe, envolve as pessoas que daro suporte (parentes, quase sempre mes, irms, ou vizi-nhas). No entanto, na maioria das vezes, uma deciso que recai unicamente sobre a me. Percebeu-se, tambm, que a deciso a respeito do itinerrio teraputico a ser seguido est condicionada pelas informaes que essas mulheres dispem sobre dois ele-mentos: quanto ao uso/conhecimento dos medicamentos mais adequados e quanto ao tipo de unidade de sade a ser acessada (ULS, hospital, ou medicina paralela). A deciso pela medica-o e pelo tipo de unidade de sade est fortemente atrelada ao conhecimento que as usurias tm a respeito do que seria mais adequado para elas ou, em outras palavras, s informaes que as usurias dispem - fato fortemente condicionado pelas experi-ncias anteriores das mesmas. A questo a ser enfatizada que o leque de opes que elas consideram no reflete necessariamente o itinerrio teraputico pretendido pela ESF, acarretando um de-sencontro entre o itinerrio teraputico escolhido pelas famlias e aquele preconizado pelo sistema oficial de sade.

    827 CEm AnoS dE... FrAGmEntAo. EXPErinCiAS E itinErrioS tErAPutiCoS dE PortAdorES dE LEuCEmiA miELoidE CrniCA nAS CidAdES dE SALVAdor-BA, BrASiL E mEdELLn, CoLmBiA.

    Alzate, Y.A.; Trad, L.A.B.

    Apresentam-se os resultados preliminares da tese de doutorado da autora onde se analisam os itinerrios teraputicos e as ex-perincias de enfermidade de portadores de Leucemia Mieloide Crnica, nas cidades de Medelln, Colmbia e Salvador BA, Brasil. Ao recorrer ao Itinerrio Teraputico como ferramenta importante para conhecer as necessidades de sade dos sujeitos que convivem com a LMC em ambos os contextos, parte-se da comprovao de que a procura de cuidado v se condicionada pelo perfil da doena e as tecnologias existentes na atualidade para o seu tratamento (terapias medicamentosas de alto custo), o que leva aos sujeitos a acionar os sistemas de sade (pblico ou privado). A utilizao de um ou outro sistema depende da orga-nizao dos sistemas de sade em cada pas, da disponibilidade dos servios, mas principalmente das condies socioeconmi-cas dos sujeitos. Considerando a ltima questo, nesse trabalho concentram-se a discusso da construo dos itinerrios dos pa-cientes que acionam a rede pblica em ambas as cidades, ana-lisando os diferentes elementos (ou comuns) locais / regionais. O estudo de carter qualitativo baseia-se nos estudos de caso (4 sujeitos da Colmbia e 4 do Brasil), incluindo como tcnicas: entrevistas narrativas com os pacientes, entrevistas semi-estrutu-radas com familiares e profissionais de sade, observao parti-cipante e dirio de campo. Os resultados preliminares apontam como os sujeitos enfrentam, alem da incerteza e medo que colo-ca a suspeita da doena, o diagnostico, o inicio dos tratamentos e

    as negociaes de diferentes diagnsticos e significados em torno da Leucemia e da LMC em particular, as dificuldades do acesso consultas, aos medicamentos, controles e exames, no sistema de referencia e contra-referncia e a eterna e repetida fragmenta-o estrutural dos sistemas, o que faz com que o sujeito no seja visto nem tratado integralmente. Nos ltimos anos a sobrevida dos pacientes com LMC tm mudado quantitativa e qualitativa-mente, graas aos medicamentos de ltima gerao conhecidos como inibidores de tirosine quinase e que tem revolucionado o tratamento para o cncer em geral. Porm, nem todos os pacien-tes tm acesso a essa tecnologia medicamentosa e no caso de ter, evidencia-se como as questes de aderncia no esto restritas simples toma de medicao: passam por significados da vida, das relaes sociais e dos sistemas de sade. Os caminhos percorri-dos, as avaliaes e significados presentes nos relatos da experi-ncia dos pacientes, os seus familiares e de profissionais de sade sobre o seu itinerrio, so diferenciados em ambos os contextos e tocam em aspectos como: a condio socioeconmica deter-minando o uso do sistema pblico, os princpios que regem o SUS / sistema subsidiado na Colmbia, assim como a percepo do direito a sade, apresentando vises contrastantes entre a experincia dos sujeitos e a formulao desse direito constitucio-nalmente em ambos os pases.

    1036 itinErrioS tErAPutiCoS dE muLHErES Com CnCEr dE mAmA Em BuSCA dE CuidAdo: VuLnErABiLidAdE E inJuStiA.

    Lou, M.B.A.; Ribeiro, C.D.M.; Silva Junior, A.G.

    Introduo: O Cncer de mama a neoplasia mais incidente e a lder de mortalidade por cncer em mulheres brasileiras. Dificuldades no acesso ao diagnstico precoce e a demora para a confirmao dessa doena podem determinar estadiamentos mais avanados e maior mortalidade. Objetivo: Analisar o acesso de mulheres com cncer de mama ao tratamento no Instituto Nacional de Cncer atravs da compreenso de seus itinerrios teraputicos e tomando como referencial terico o princpio da Equidade e a Teoria de Justia focada nos funcionamentos bsi-cos. Mtodo: Foram entrevistadas sete mulheres, buscando des-crever e analisar os percursos traados por elas desde a descoberta do tumor at o incio do tratamento oncolgico. Resultados: O princpio constitucional da Equidade no est sendo devi-damente promovido e a populao mais vulnerada ainda est sofrendo na busca da resoluo de suas necessidades de sade. A queixa da demora na confirmao do cncer enftica nos re-latos estudados, mostrando-se ser este fator o que mais angustia essas mulheres e o principal responsvel pelo retardo no acesso ao tratamento e evoluo da doena. Concluso: O acesso ao tratamento especializado das mulheres com cncer de mama no municpio do Rio de Janeiro pouco eficaz e no atende ao prin-cpio doutrinrio da Equidade. A dificuldade de acesso inicia-se na fase de diagnstico do cncer, nos nveis primrio e secun-drio de ateno. preciso repensar a organizao dos servios e fluxos assistenciais, buscando uma efetiva regionalizao com resolutividade e equidade, garantindo um diagnstico precoce e com maiores chances de cura.

    1258 Como AVALiAr rEdES? umA ProPoStA dE AVALiAo QuALitAtiVA muLtidimEnSionAL

    Amaral, C.E.M.; Bosi, MLM

    Esse trabalho apresenta um modelo analtico-conceitual desenvolvido no Laboratrio de Avaliao e Pesquisa Qua-litativa em Sade da UFC (LAPQS) para a pesquisa e ava-liao de redes no mbito da sade coletiva. Tal construo foi motivada inicialmente pelos usos divergentes do termo rede em diferentes disciplinas, notadamente nas cincias da computao, cincias sociais, geografia, filosofia e, mais re-centemente, nas cincias da sade. Na busca de um conceito interessante aos campos da sade mental e sade coletiva, re-alizamos uma sntese de produes relevantes das disciplinas citadas, produzindo um conceito multidimensional de rede. Em seguida, realizamos um processo de reduo semntica deste conceito em dimenses observveis em campo. Dessa forma, nosso modelo abrange cinco dimenses de anlise: 1) UNIDADES MNIMAS, representando os pontos fixos a partir dos quais se estabelecem os fluxos e conexes da rede, demarcando inclusive as responsabilidades de cada unidade; 2) CONECTIVIDADE, representando a quantidade, varie-dade e recorrncia das relaes entre as unidades mnimas; 3) INTEGRAO, representando a coerncia, continuidade e complementaridade de aes na rede; 4) NORMATIVIDA-DE/AUTONOMIA, indicando o processo de construo e adeso das unidades mnimas a diretrizes clnicas e cdigos de comunicao comuns, assim como a produo de rela-es singulares de cuidado na gesto de casos complexos; 5) ASPECTOS SUBJETIVOS, incluindo protagonismos, in-teresses, sentidos, valores e vnculos afetivos existentes nas unidades e relaes da rede. Em seguida, apresentamos a apli-cao desse modelo na rede de ateno em sade mental do municpio de Fortaleza, centrando-se nos dispositivos CAPS, Hospital Psiquitrico e Estratgia Sade da Famlia. A anli-se por meio do modelo citado permitiu identificar aspectos bastante positivos para o estabelecimento da rede, dos quais ressaltamos: a existncia de linhas contnuas de cuidado en-tre dispositivos, por meio do apoio matricial junto ateno primria e a busca ativa do CAPS junto aos hospitais psiqui-tricos; a compreenso comum acerca dos perfis de demanda para cada instituio; e a possibilidade de criao de novos fluxos a partir de demandas singulares. Por outro lado, al-guns obstculos merecem destaque: divergncias acerca da pertinncia do hospital psiquitrico na rede de ateno e da capacidade resolutiva dos CAPS; dificuldade de acesso dos usurios que transitam em mais de um servio, especialmente em relao a outros servios de sade no especializados em sade mental. Conclumos que a utilizao de um modelo multidimensional permite abordar aspectos subjetivos e ob-jetivos que influenciam a criao, integrao e fragmentao de redes de ateno. Alm disso, transcende a avaliao de servios individualizados, ressaltando as qualidades de con-junto existente nos mesmos. Palavras-chave: redes de ateno sade; avaliao em sade; sade mental

  • Anais do VI Congresso Brasileiro de Cincias Sociais e Humanas em Sade18 19Seo I - Resumos das Comunicaes Orais

    1365 ESCoLHA, ACASo ou dESCASo? itinErrio tErAPutiCo dE PACiEntES QuE ABAndonArAm o trAtAmEnto PArA o HiV/AidS

    Rodrigues, M.E.C.; Maksud, I.

    O presente estudo tem como objetivo examinar o itinerrio te-raputico de pacientes que abandonaram o tratamento em um Servio de Assistncia Especializada em HIV/AIDS no Muni-cpio de Rio de Janeiro. O tema se justifica por trazer questes que se inserem no cotidiano das equipes profissionais e tem sido abordado de modo insuficiente na literatura, visto que este de-bate vem sendo adiado dentro dos Servios de Sade. A elabo-rao deste trabalho se deu por meio de pesquisa bibliogrfica e documental. Foram realizadas 12 (doze) entrevistas semiestru-turadas com pacientes e profissionais de sade. Inicialmente so apreendidas questes relativas entrada do paciente no Sistema de Sade a partir do diagnstico do HIV/AIDS. Num segundo momento, com o objetivo de compreender o significado atribu-do pelo paciente s dimenses do viver e conviver com HIV/AIDS observado o estar no Servio de Sade. O deixar o trata-mento do HIV/AIDS e o Servio de Sade so objeto de estudo no terceiro momento, com o intuito de compreender o signifi-cado do abandono e as repercusses desta deciso para o pacien-te, profissionais e servio de sade. E por fim, so elaboradas consideraes pertinentes ao tema proposto, concluindo com a viso do paciente sobre a organizao do servio e o trabalho da equipe profissional, sua percepo sobre o abandono do trata-mento e do servio e a identificao, por meio das falas desses pacientes, de quais so as possveis restries e potencialidades para aumentar a adeso ao acompanhamento ambulatorial no servio. Palavras-chave: HIV/AIDS. Abandono. Tratamento. Iti-nerrio Teraputico. Integralidade.

    2018 o nASF E A ArtiCuLAo EntrE SErVioS dE SAdE: ConStruo dE itinErrioS mAiS intEGrAiS

    Nascimento, C.M.B.; Sousa, F.O.S.S.; Albuquerque, P.C.; Lyra, A.P.P.M; Spinelli, V.B.

    O municpio de Camaragibe (PE) possui 94% cobertura pelas Equipes de Sade da Famlia (ESF) e 100% dessas so cober-tas pelo Ncleo de Apoio Sade da Famlia (NASF). Com a chegada dos NASF no territrio, houve ampliao das aes de promoo, preveno e cuidados desempenhadas rede bsica do municpio, mas tambm se fez necessrio rearranjo na assistncia dos diversos servios de referncia ambulatrio de especialida-des, CAPS, Centro de Reabilitao, entre outros para redefini-o dos papis de cada servio na rede de ateno do municpio. O objetivo deste trabalho fazer o relato de experincia sobre a atuao do NASF como apoiador das articulaes necessrias entre as ESF e os servios de referncia do municpio, reconhe-cendo-os como co-responsveis pela sade de um territrio co-mum. Desde a implantao das equipes do NASF no municpio em 2008, realizou-se uma srie de oficinas que contaram com a participao de gestores e trabalhadores de sade da ateno bsica (ESF e NASF) e dos diversos servios especializados do

    municpio. Nessas oficinas foram definidos o perfil de atendi-mento de cada servio, o fluxo assistencial dentro da rede mu-nicipal e os critrios de encaminhamento dos usurios a partir da ateno bsica. Aps alguns meses de trabalho, percebeu-se que a pactuao realizada inicialmente no atendia a necessidade de articulao dos profissionais e nem as necessidades assisten-ciais da populao. Iniciou-se ento uma srie de reunies para identificao dos rudos na comunicao entre servios. Desse processo, concluiu-se que o dilogo era ferramenta indispensvel para organizao da rede e apoio mtuo entre as equipes NASF e servios especializados. Atualmente, acontece uma reunio mensal entre equipe NASF e os profissionais dos servios de re-ferncia. Nessa reunio, so eleitos alguns casos para discusso e pactuao de aes que cada equipe realizar no cuidado dos indivduos e famlia. Alm disso, possvel debater tambm so-bre a alta dos usurios e sua contra-referncia para continuidade do cuidado pelas ESF e NASF. A instituio da reunio mensal entre as equipes visa facilitar o dialogo entre servios, o compar-tilhamento de conhecimentos teraputicos e scio-sanitrios e a formao de vnculos que permite o acionamento das equipes para o cuidado de usurios com maior necessidade clnica. A partir desta experincia podemos perceber que o NASF pode colaborar na articulao da rede de cuidados do municpio, no sentido em que reconhecem as necessidades do territrio e bus-cam articular a complementaridade das aes entre os servios, diminuindo a fragmentao do cuidado.

    2092 itinErrioS tErAPutiCoS dE uSurioS nA AtEno SAdE AuditiVA.

    Vianna, N.V.; Andrade, M.G.G.; Lima, M.C.M.P.

    Introduo: Desde a criao do SUS at o incio dos anos 2000 a Ateno Sade Auditiva apresentava carter clnico reabili-tador com nfase nos problemas j instalados. Em 2004, com a criao da Poltica Nacional de Ateno Sade Auditiva (PNA-SA), foram inseridas aes de promoo sade, preveno de problemas que cursam com alteraes auditivas e, na existncia destas, aes de (re)habilitao com o auxlio de recursos tecno-lgicos. No Estado de So Paulo, a criao da Rede de Ateno Sade Auditiva data de 2005 e alguns progressos j puderam ser sentidos, tais como aumento do nmero de servios creden-ciados e realizao de novos procedimentos incorporados pela PNASA. Cabe, no entanto, questionar sobre a integralidade do cuidado aos usurios com deficincia auditiva na rede de ser-vios de sade. Objetivo: Nesse contexto, a presente pesquisa pretendeu analisar a integralidade do cuidado no que se refe-re Ateno Sade Auditiva em um municpio da regio de Campinas. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa qualitativa, envolvendo anlise documental e entrevistas com gestores, pro-fissionais de sade e usurios dos servios, buscando reconstituir os itinerrios teraputicos (IT) destes. Foram construdas narra-tivas a partir dos IT e o conjunto do material foi submetido a anlise temtica de contedo. Resultados: Encontrou-se dificul-dades relacionadas identificao precoce das demandas auditi-vas o que tem provocado diagnsticos tardios, o que pode estar associado tanto aos problemas de acesso a ateno bsica quanto

    ao desconhecimento dos profissionais para tais questes. As difi-culdades so menores no caso de bebs, pois o municpio conta com um servio de triagem auditiva neonatal eficiente e dado prioridade de atendimento quando a perda auditiva detectada em crianas. Tambm foi encontrada dificuldade de acessar a mdia complexidade devido alta demanda e baixo nmero de profissionais. Os itinerrios mostraram que, uma vez detectada a perda auditiva, o foco da Ateno Sade Auditiva se restrin-giu colocao do aparelho, sem garantia de uma reabilitao integral do paciente por meio da terapia fonoaudiolgica. Por fim, observou-se incipiente articulao entre os servios da rede bsica e os servios de referncia, com fragmentao do cuidado e comprometimento da identificao das diversas necessidades de sade dos usurios que, muitas vezes, no se restringe colo-cao do aparelho auditivo. Consideraes: Os resultados apon-taram que so inmeros os desafios integralidade do cuidado em sade auditiva e que possveis caminhos para superao dos mesmos residem na real identificao das necessidades de sade dos sujeitos por parte dos profissionais, garantia de acesso e da articulao entre os profissionais dos distintos servios de sade.

    2219 CuidAdo Ao AdoLESCEntE Com trAnStorno mEntAL: o ContEXto FAmiLiAr E intErFACE Com o CEntro dE AtEno PSiCoSSoCiAL

    Queiroz, M. V. O.; Silva, E. M.; Vasconcelos, M.G.; Carneiro, M. da G. O.

    O cuidado como essncia da vida enseja a compreenso do ho-mem em vrias dimenses. O transtorno mental na adolescncia demanda a criao de novos dispositivos teraputicos, que pos-sam acolher e responder as necessidades complexas e abrangen-tes dos adolescentes e de seus familiares. As intervenes que incluem a famlia e a comunidade esto sendo cada vez mais valorizadas no sistema de sade. Desta forma, entende-se a ne-cessidade de estudos sobre o modo como a famlia e os servios lidam com a pessoa portadora de transtorno mental e a incluso social dos mesmos. O objetivo do estudo foi compreender o cui-dado desenvolvido pela famlia aos adolescentes com transtorno mental e sua insero em um Centro de Ateno Psicossocial--CAPSi. Utilizando pressupostos da abordagem etnogrfica, efetivou-se observao e entrevista semi-estruturada com seis mes de adolescentes com transtornos mentais atendidos no CAPSi da cidade de Iguatu, Cear. A anlise traz significaes que retratam o cotidiano das mes e do adolescente ao conviver com o adoecimento, o cuidado familiar na interface com os cui-dados profissionais, que favorecem a insero social no CAPSi. Os resultados mostram que as mes so as principais cuidadoras dos adolescentes assistidos no CAPSi; o apego e a responsabili-dade com o filho adoecido leva a doao completa em relao aos cuidados e impe s mes o descuido consigo mesmas, pois as rotinas do cotidiano, impedem de realizar outras atividades pessoais, por no terem apoio de outros membros da famlia. Diante da necessidade de cuidados contnuos as mes revelam desenvolverem habilidades para lidar com o transtorno mental;

    buscam perceber o filho em suas particularidades, desde os pri-meiros sinais e sintomas da crise, at sentimentos, expectativas em relao a escola, escolha religiosa, dvidas e transformaes corporais. As mes relataram episdios de preconceito e vio-lncia vivenciados na escola e buscam o enfrentamento de tais situaes, mas necessitam de apoio profissional desde o inicio, na aceitao da doena, na insero social estabelecendo-se uma boa comunicao com os servios. O cuidado dos adolescentes com transtorno mental assumido pelas famlias, essencialmen-te, as mes que vivenciam no cotidiano as necessidades do filho, mas orientam-se pela cultura profissional e cultura popular e pe-las experincias na interao com a pessoa cuidada, apoiando-se no apego e na responsabilidade com o filho.

  • Anais do VI Congresso Brasileiro de Cincias Sociais e Humanas em Sade20 21Seo I - Resumos das Comunicaes Orais

    Gt 2. Saberes e prticas biomdicas e a produo de identidades

    52 oS EStudoS mdiCo-LEGAiS E AS doEnAS mEntAiS. CoLmBiA PrimEirA mEtAdE do SCuLo XX

    Vsquez, M.F

    Vrios autores coincidem em assinalar que uma das principais caractersticas da psiquiatria moderna foi estender seu poder para alm do mbito asilar. Um dos primeiros passos por fora do asilo deveu-se as relaes que a medicina mental estabeleceu com outros campos, especialmente com a justia e diferentes ra-mos do poder administrativo. Bem cedo os mdicos psiquiatras foram demandados por juzes e magistrados para atuar como peritos em casos nos que se precisava conhecer o estado mental de sujeitos envolvidos em diversos crimines. A caracterizao da loucura como uma doena fez com que se criaram novas moda-lidades para administra-la, separando-a da vagncia, a mendici-dade e a criminalidade. No entanto, a medicalizao da justia significou a legitimidade da punio partindo da valorao psi-colgica da responsabilidade penal do criminoso. Assim, o pro-blema social da criminalidade est atravessado por o problema social da definio da loucura, em termos cientficos, jurdicos e administrativos. Ainda mais quando desde os estudos de Morel e Magnan e atravs dos seus conceitos de degenerao e cons-tituio se define a perversidade do doente mental, virando individuo perigoso e por isso objeto jurdico. Os estudos m-dicos legais permitem indagar sobre a maneira como se tecem as relaes entre o mdico, o jurdico e o administrativo na de-finio do criminal-louco. Neste artigo analisarmos atravs dos estudos mdico-legais do mdico legista colombiano Julio Ortiz Velsquez trs questes: em primeiro lugar, o problema da res-ponsabilidade penal dos criminosos etiquetados como doentes mentais; em segundo lugar, o papel das probas e exames pratica-dos aos sindicados e, por ltimo, o modo como se chegava at o diagnstico e classificao desses delinquentes.

    111 normALidAdE E PAtoLoGiA nA PSiQuiAtriA E nA PSiCAnLiSE: o PAPEL doS PEridiCoS CiEntFiCoS BrASiLEiroS

    Lima, Ana C. Costa; Caponi, Sandra

    Esta tese de doutorado foi apresentada e aprovada no Programa Interdisciplinar em Cincias Humanas da Universidade Federal de Santa Catarina (2012). Aborda a complexidade do campo psi, analisando o modo como a psiquiatria clnica e a psican-lise se constituem como saberes situados na fronteira entre as cincias humanas e as cincias biomdicas. O objetivo analisar as prticas discursivas da psicanlise e da psiquiatria clnica no Brasil, em seus contextos epistemolgicos, histricos e institu-cionais, a partir dos seguintes peridicos: Revista Brasileira de Psicanlise e Revista de Psiquiatria Clnica. Essas revistas so as mais antigas em seu domnio e mantm a regularidade das pu-blicaes. Ambas nasceram no perodo histrico de contestao aos valores estabelecidos no Ocidente, perodo este que coincide

    com o da ditadura no Brasil. Foram analisadas desde a primeira edio, que corresponde ao ano de 1967, no caso da Revista Brasileira de Psicanlise, e ao ano de 1972, no caso da Revis-ta de Psiquiatria Clnica, at as edies publicadas em 2009. O pressuposto inicial sobre os contedos da Revista Brasileira de Psiquiatria Clnica que o discurso da clnica psiquitrica est construdo sobre o binmio normal-patolgico, portanto, centrado no biolgico. A clnica de observao do paciente, com o objetivo de diagnose, remisso de sintomas e cura, tendo como principal teraputica a prescrio de medicamentos e de condutas adequadas. O pressuposto inicial sobre os contedos da Revista Brasileira de Psicanlise que o discurso da clnica psicanaltica est centrado no psicolgico e construdo sobre o binmio consciente-inconsciente. A clnica focada na relao de transferncia e contratransferncia, em que o terapeuta inte-gra a teraputica, que potencialmente proporciona ao paciente o olhar sobre si mesmo, por meio de uma terapia pela palavra. Uma leitura crtica dessas revistas pode nos auxiliar a entender como ocorreu a biologizao do sofrimento psquico no Brasil, a partir da dcada de 1980, e apontar os limites e as dificuldades implcitas nessa viso reducionista da subjetividade, que hoje se transformou em majoritria. O trabalho trata de contextualizar os documentos escritos no marco dos processos histricos do pas e das mudanas ocorridas nas duas reas de estudo. A anlise crtica desses discursos feita a partir dos aportes tericos de Michel Foucault e Georges Canguilhem, e da leitura de espe-cialistas atuais nesses autores, para mostrar de que modo os pro-cessos de subjetivao e normalizao do sofrimento psquico e dos comportamentos so desenvolvidos pela psiquiatria clnica e pela psicanlise no perodo estudado. A leitura das revistas evi-dencia que o discurso psiquitrico construdo em torno de uma viso biolgica do normal e patolgico limitou a complexidade epistmica inserida no campo psi pela psicanlise desde o incio do sculo passado. Palavras-chave: humanidades; psiquiatria; psicanlise; neurose; conduta.

    316 ConCiLiAndo intErESSES: AS rELAES EntrE ComrCio, imiGrAo E SAdE PBLiCA EntrE BrASiL E ArGEntinA no inCio do SCuLo XX

    Rebelo, Fernanda; Caponi, Sandra

    No comeo do sculo XX, as prticas da higiene como resposta aos ciclos epidmicos, associados s enfermidades infectoconta-giosas, eram deslocadas em direo a um conjunto de polticas de controle de endemias, agora compreendidas quase como enfermidades sociais. Na Argentina, a tuberculose era a doen-a que, no incio do sculo XX, recebia maior ateno. Era um tpico relevante de uma agenda que destacava os assuntos da higiene e do assistencialismo. No Brasil, entre 1902 e 1904, o Departamento Geral de Sade Pblica expande-se com a neces-sidade do combate s endemias rurais. Isto ocorre num marco geral de uma ideologia que se propunha definir as caractersticas determinantes das duas sociedades, rumo ao progresso e civili-zao. No entanto, no mbito da profilaxia porturia, controvr-sias com relao preveno de doenas ainda ecoavam no seio

    da comunidade mdico-cientfica. A descoberta da transmisso da clera por indivduos assintomticos, fez com que, em 1910, o Departamento Nacional de Higiene argentino impusesse um sistema de anlise bacteriolgico obrigatrio a todos os passa-geiros imigrantes provenientes de portos infectados. A clera grassava em portos italianos, de onde saiam os braos imigran-tes, disputados em especial por Brasil e Argentina. Esta determi-nao, mudava a marcha da populao imigrantes, favorecendo neste momento o Brasil. Nestes dois pases, apesar da existncia ainda de algumas controvrsias com relao s prticas da micro-biologia, o cuidado com a salubridade comeou a ser parte das garantias que o Estado oferecia populao. No bastava mais identificar germes, era necessrio dar ateno s questes sociais. A sade se fez como um espao de consenso poltico e ideolgico na legitimao da interveno estatal. O problema no era mais demarcar o territrio, mas deixar as circulaes acontecerem de forma controlada, de uma maneira que os perigos fossem anula-dos. Os Estados se afirmavam no espao dos intercmbio econ-micos, da concorrncia comercial, da circulao monetria, da concorrncia por imigrantes, do controle dos mares. As relaes entre estados so percebidas no mais sob a forma de rivalidade, mas sob a forma da concorrncia. O dispositivo diplomtico vai garantir a manuteno de uma relao de foras; a polcia vai sustentar o incremento de cada uma dessas foras, sem a ruptura do conjunto (mecanismos de segurana). Trata-se agora de fazer com que o estado no intervenha se no para regular interes-ses. No ponto de juno dessas duas tecnologias (diplomacia e polcia) deve-se colocar o comrcio, a circulao de pessoas e a segurana da populao. A liberdade de comrcio era necessria, mas eram necessrias tambm prevenes que evitassem a he-gemonia de um pas sobre o outro. Como equilibrar a balana entre interesses econmicos, polticos, cientficos, coletivos, in-dividuais com a questo da segurana da sociedade, no contexto da Amrica do Sul?

    356 AntroPomEtriA dA inFnCiA: ProduES dE SABErES E PAdrES dE normALidAdE PArA A CoLEtiVidAdE

    Garcia Jr., C.A.S.; Nascimento, P.T.A.

    O campo da antropometria compreende uma variedade de me-didas do corpo humano tais como peso, altura, pregas cutneas, circunferncias e comprimentos. O saber biomdico utiliza-se da antropometria como componente principal para a avaliao do crescimento de crianas, tendo como pressuposto que os dados antropomtricos refletem seu estado de sade geral. O presente trabalho prope-se analisar de que forma instituies produtoras de saberes acerca da sade da criana, tais como National Center for Health Statistics/Centers for Disease Control and Preven-tion (NCHS/CDC) e Organizao Mundial de Sade (OMS), normatizam o crescimento infantil, atravs de instrumentos antropomtricos, na constituio de padres de normalidade e sade. Ainda que seja consenso que o crescimento da criana compreenda um processo complexo, multifatorial e singular, apresentam-no em seus documentos oficiais como um processo previsvel e estimvel estatisticamente. Afirmam que os desvios

    da normalidade estatstica necessitam interveno precoce. Es-sas intervenes justificar-se-iam para proteger as populaes de riscos aumentados de morbimortalidade. Os parmetros antro-pomtricos das crianas serviriam, assim, como indicadores de sade de uma populao, autorizando intervenes no campo da sade pblica. Quanto mais populaes avaliadas e quanto mais seriadas essas avaliaes, mais intervenes precoces podem ser institudas. Cabe refletir em que condies h a emergncia de prticas de saber-poder existentes entre os parmetros antropo-mtricos da infncia e os indicadores de sade das populaes. A NCHS/CDC e a OMS inferem que a antropometria refle-te o estado nutricional de uma criana. Desnutridos, ou seja, aqueles com baixa estatura e/ou baixo peso assim como, crianas com sobrepeso ou obesidade, apresentariam risco aumentado de mortalidade na vida adulta. No entanto, as mesmas instituies apontam mltiplos fatores envolvidos no crescimento infantil, de doenas endcrinas e genticas violncia intra-familiar. Analisemos o seguinte cenrio: uma criana dita com baixa es-tatura pode no necessariamente apresentar um distrbio nutri-cional, seja por carncia alimentar ou por doena orgnica, mas por sua constituio gentica. Em outras palavras, uma criana de baixa estatura, filha de pais baixos, no est doente. Se os padres antropomtricos, com suas contradies, so assumidos como um marcador do estado de sade, os riscos de doenas na infncia poderiam servir de balizas para condutas na preven-o de agravos, determinando modos de operar estratgias de controle para os envolvidos com a vida infantil (profissionais de sade, pais, educadores). A previsibilidade da doena infantil posicionaria medidas de interveno para questes em curso. As intervenes objetivariam reverter problemas existentes ou regu-lar condutas? A partir de questionamentos como este, apostamos na abertura de uma interlocuo interdisciplinar sobre os saberes produzidos acerca da sade da criana.

    449 o PodEr mdiCo no ContEXto do dirEito A SAdE, CoLmBiA 1915-1948

    Gallo, scar

    Em 1941, Guillermo Soto ressaltava que a apreciao da in-capacidade em casos de acidentes de trabalho ou doenas pro-fissionais era um assunto bastante relativo. De acordo com o Dr. Soto, o juzo clnico era subjetivo e pouco satisfatrio em relao com as questes legais. Com efeito, os mdicos do trabalho e os mdicos legais, tinham a funo de julgar, de acordo com seus conhecimentos, o nexo de causalidade entre a doena e o ambiente de trabalho. Para este fim, o mdico devia considerar aspectos legislativos, etiolgicos e psicofisio-lgicos. Igualmente o mdico, ao julgar o tipo de compensao para o trabalhador, devia ir alm do conhecimento cientfico e colocar a deontologia mdica acima de qualquer presso eco-nmica ou poltica. Neste artigo se analisam fontes mdicas sobre questes como fisiologia do trabalho, fadiga profissional, risco profissional, acidentes de trabalho, doenas profissionais, etc. Entretanto, se concentra nos aspectos mdico-legais, ou seja, em aqueles documentos em que se evidenciam as tenses e debates relacionados com as indemnizaes por acidentes de

  • Anais do VI Congresso Brasileiro de Cincias Sociais e Humanas em Sade22 23Seo I - Resumos das Comunicaes Orais

    trabalho ou doenas profissionais. Sem dvida, trata-se de um horizonte muito frutfero para compreender as relaes entre prtica, saber e poder.

    648 tEoriA do diAGnStiCo E dA doEnA mEntAL. A QuE VEio A FiLoSoFiA AnGLo-AmEriCAnA dA PSiQuiAtriA?

    Sugizaki, E.; Asquidamini, F.; Seronni, G.

    Pretende-se apresentar a estratgia terica de um grupo de fil-sofos e psiquiatras que esto a propor uma filosofia da psiquia-tria atravs da coleo Perspectivas Internacionais em filosofia e psiquiatria (Ed. da Univ. de Oxford) e da revista Filosofia, psiquiatria e psicologia (fundada em 1994; Ed. da Univ. Johns Hopkins). Ao das obras coletivas coordenadas por B. Fulford (2003 e 2006) e J. Radden (2007), destaca-se o trabalho de Tim Thornton, do Instituto de Filosofia, Diversidade e Sa-de mental da Univ. de Lancashire Central (Reino Unido). Sua obra, Filosofia essencial da psiquiatria (2007), sistematiza e unifica as abordagens pertinentes a tal nova disciplina. Interes-sa destacar o antagonismo da filosofia da psiquiatria com o mo-vimento anti-psiquitrico de Thomas Szasz (alcunha que Szasz no aceita). Certo que a filosofia da psiquiatria movimenta-se em sentido inverso do de Szasz, na medida em que, no lugar de desmontar o conhecimento e as prticas psiquitricas para evidenciar o carter mitolgico da doena mental, buscar re-construir o conceito desta para fundar epistemologicamente a psiquiatria. Este af construtivo da filosofia da psiquiatria pro-duz desconfiana no leitor de Szasz, treinado em uma perspec-tiva tanto histrica quanto sociolgica das relaes entre psi-quiatria e sociedade. Mas o estranhamento ser maior no leitor de Foucault ou Castel. Na filosofia da psiquiatria de Thornton no se consegue encontrar o trabalho de histria das prticas psiquitricas; no se v relao entre medicalizao, medica-mentalizao e psiquiatrizao. A despeito disso, a filosofia da psiquiatria esfora-se por retomar a oposio conceitual entre conhecimento idiogrfico e nomottico pela qual Windelband, no final do sculo XIX, distinguia as cincias histricas das naturais e abria para as primeiras a possibilidade do conhe-cimento cientfico fundado no caso individual. Em segundo lugar, a filosofia da psiquiatria recupera a fenomenologia de K. Jaspers como herdeira de Windelband. Por tal vis, a filoso-fia da psiquiatria assume distncia em relao psicopatologia classificatria e ao Manual diagnstico e estatstico de trans-tornos mentais (DSM). Ademais, a filosofia da psiquiatria Associao Psiquitrica Mundial, propugnando o abandono da patologia classificatria em favor de uma formulao diagns-tica personalizada. neste ponto que aparece a contribuio mais original da filosofia da psiquiatria: procura-se respaldar a apreenso idiogrfica dos significados dos enunciados de quei-xa dos pacientes psiquitricos no modo como as Investigaes filosficas de Wittgeinstein compreendem o tema da exclusivi-dade dos enunciados significativos sobre contedos mentais. a paradoxal estratgia destas posies que precisa ser esclareci-da pelo adensamento da exposio das bases tericas da filoso-fia da psiquiatria.

    843 AS ConStruES CiEntiFiCAS SoBrE PArto E riSCo nA LitErAturA mEdiCo CiEntiFiCA

    Almeida, T.A.; Esposito A,T.; Brigagao, J.I.M.; Goncalves Roselane

    Introduo: A consolidao da Obstetrcia como disciplina m-dica cientfica foi marcada pela articulao das prticas e saberes com as anlises de risco advindas da epidemiologia. Assim a Obs-tetrcia no somente incorpora a noo do parto como um evento de risco como tambm passa a disseminar essa noo. Nesse sen-tido, o parto tratado como um evento arriscado necessita de aten-o e cuidados mdicos e o hospital passa a ser o local ideal para o parto. Esse processo tem mltiplos efeitos, por um lado amplia o numero de intervenes dos profissionais de sade, retira da cena do parto a famlia e a comunidade, excluiu as possibilidades de participao ativa das mulheres no parto. A nocao de risco implica nas criao de estratgias de segurana para garantir a preveno dos riscos, que por sua vez faz com que os corpos das mulheres se tornem objetos de interveno e manipulaes por parte dos profissionais de sade. Objetivo: Identificar os repertrios de risco sobre o parto e o nascimento que circulam na literatura mdico/cientfica e analisar os principais argumentos utilizados para jus-tificar a noo do parto como evento arriscado.Mtodos: Estudo qualitativo que utiliza documentos de domnio como material de pesquisa. Foi utilizado o banco de dados PUBMED e os descrito-res risco no parto em espanhol, ingls e portugus, presentes nos ttulos, resumos e palavras chave. A busca inicial identificou 59 artigos que continham os descritores. OS artigos foram lidos na integra e analisados. Resultados: Os resultados preliminares indi-cam que os textos cientficos no campo da obstetrcia disseminam a idia de que o risco esta presente no parto de diversos modos os estudos focalizaram os seguintes temas: relao entre idade da parturiente e risco; relao entre doenas infantis e tipo de parto; relao entre mortalidade materna com a via de parto; doenas anteriores da mulher com o parto; local de parto e risco de mor-talidade materna; complicaes posparto e tipo de parto; riscos associados aos partos cirrgicos. Concluso: A Obstetrcia parece ter incorporado a linguagem dos riscos de modo to intenso que quase tudo em relao ao parto pode ser associado a risco, desde a idade das parturientes at aos locais de parto. A analise permitiu identificar tambm que nos estudos medico cientficos os reper-trios sobre risco so utilizados como argumento para diversos objetivos tais como: a justificativa para o estudo, as recomenda-es/prescries de determinados comportamentos, a elaborao de programas pblicos para maternidade segura; Ou seja a lingua-gem dos riscos parece funcionar como uma estratgia poltica na racionalidade medica no campo da Obstetrcia.

    1043 o ComPortAmEnto CriminAL nA noSoLoGiA dA mEdiCinA PSiQuitriCA: oriGEnS E trAJEtriAS rECEntES

    Mitjavila, M. R.; Mathes, P.

    O trabalho apresenta uma anlise dos olhares desenvolvidos, a partir do sculo XX, pelo saber psiquitrico em torno da pro-blemtica do comportamento criminal. Metodologicamente, baseia-se na anlise de contedo das nosologias que organizam

    os principais instrumentos diagnstico nessa rea, observveis nas diferentes verses do Manual Diagnstico e Estatstico de Transtornos Mentais (DSM) e de diversas escalas de avaliao de periculosidade criminal. A psiquiatria nasceu como uma ati-vidade forense, desenvolvida por mdicos que foram chamados, a partir da segunda metade do sculo XIX, para auxiliar o Po-der Judicirio na rdua tarefa de tomar decises a respeito da responsabilidade penal e da periculosidade social de indivduos que cometeram crimes. A psiquiatria do sculo XX e do incio do sculo XXI deu continuidade a esse mandato institucional inaugurado no sculo XIX com mudanas e permanncias, tanto em termos de estrutura quanto de contedo dos seus discursos. No que se refere s permanncias, o trabalho pretende exami-nar os sedimentos histricos deixados pela teoria da degenerao de Morel e pela perspectiva lombrosiana do criminoso nato no saber psiquitrico como um legado que, ainda que em graus va-riveis e de formas diversas, tem sobrevivido at o presente. No que diz respeito ao tipo de racionalidade e s estratgias discur-sivas da medicina psiquitrica sobre a criminalidade, examinam--se o carter persistente da utilizao de categorias dicotmicas (imputabilidade/inimputabilidade, perigoso/no perigoso) e sua tendncia a se manifestar atravs de procedimentos cada vez mais padronizados. Do ponto de vista da trajetria recente das ideias psiquitricas acerca do crime e da criminalidade, destacam-se, entre outras, as seguintes caractersticas: a) transformaes nos modelos etiolgicos, caracterizadas pela progressiva perda de sig-nificado de valor explicativo dos fatores ambientais na produo do comportamento criminal e pela crescente atribuio de valor causal a fatores familiares e individuais (genticos, orgnicos, intrapsquicos) na produo de desvios comportamentais pre-cursores ou caractersticos da conduta criminosa; b) substituio do conceito de doena mental pela noo de transtorno mental como fator etiolgico e como fator constitutivo do comporta-mento criminal invertendo-se, at certo ponto, a estratgia heu-rstica que fundara a psiquiatria moderna; c) redefinio episte-molgica, tcnica e ideolgica dos parmetros atravs dos quais a psiquiatria estabelece conexes entre pertubaes mentais e comportamento criminal. Ao mesmo tempo em que, a partir das ltimas dcadas do sculo XX, a psiquiatria desenvolve fortes discusses internas a respeito do valor etiolgico da doena men-tal para explicar a criminalidade, a ingerncia do saber psiqui-trico nesse campo aumenta como resultado da introduo da noo de transtorno, noo que permite estender infinitamente suas fronteiras para medicalizar a vida social.

    1228 A doEnA mEntAL no FEminino: ASSiStnCiA E CinCiA PSiQuitriCA no rio dE JAnEiro no inCio dA dCAdA dE 1940

    Venancio, A. T. A.

    Este trabalho tem como objetivo apresentar o modo como a me-dicina-psiquitrica durante o inicio da dcada de 1940 produziu a doena mental de forma descritiva (diagnstico e prognsti-co) e normativa ( teraputica e preveno) tendo-se em vista sua manifestao no gnero feminino. Trata-se de compreender como os saberes mdico psiquitricos da poca identificavam a

    doena mental em mulheres, considerando-se tanto a descrio e discusso que faziam de categorias diagnsticas especificas e de casos clnicos, quanto as aes teraputicas que prescreviam para pacientes internadas em instituio psiquitrica. Para a realiza-o deste trabalho utilizamos como fonte de pesquisa os artigos publicados em peridico psiquitrico especializado Anais do Instituto de Psiquiatria e Jornal Brasileiro de Psiquiatria rgo de divulgao do Instituto de Psiquiatria da Universidade do Brasil, e pronturios clnicos de pacientes mulheres internadas na Colnia Juliano Moreira (Rio de Janeiro) no ano de 1940. Por meio da anlise dos artigos mdico psiquitricos busca-se observar como o conhecimento psiquitrico acadmico produ-zia, ou no, do ponto de vista normativo, uma correlao entre doena mental e gnero feminino. A pesquisa nos pronturios mdicos, por sua vez, visa compreender como na mesma poca as mulheres internadas em uma instituio psiquitrica foram diagnosticadas e tratadas em relao a sua doena mental. Des-te modo objetivou-se articular os dados encontrados indicando--se o dilogo entre conhecimento acadmico e prtica clnica psiquitrica naquele inicio dos anos de 1940. O contexto era de implantao de mudanas que foram gestadas no final dos anos 30, tanto no que se refere assistncia quanto no que se refe-re aos espaos de produo cientfica psiquitrica. No discurso cientfico analisado, as discusses que articulam doena mental, gnero e sexualidade aparecem mais presentes nos artigos que correlacionam a psiquiatria a campos de saberes especficos, em especial a endocrinologia: o funcionamento das glndulas end-crinas e dos hormnios, passveis tanto de alterar a regulao do sono, do humor e de diferentes processos metablicos, como de serem modificados por teraputicas psiquitricas. Na assistncia em reorganizao, observamos que a Colnia Juliano Moreira herdava as mulheres do Hospital Psiquitrico que ainda fun-cionava na Praia Vermelha. A identificao da patologia mental feminina acabou reunindo em grande parte mulheres brancas, solteiras, majoritariamente de idade entre 31 a 40 anos, em que os diagnsticos de esquizofrenia e de psicose manaco depressiva eram os mais empregados, assim como o tratamento com rem-dios e a praxiterapia em oficinas de costura, por exemplo. Na qualificao do caso clnico invariavelmente observa-se refern-cias natureza feminina, com a doena mental muitas vezes sen-do associada inadequao comportamental daquelas mulheres.

    1358 BioPoLtiCA E GoVErnAmEntALidAdE nA EStrAtGiA SAdE dA FAmLiA: umA introduo

    Mattos, A. L. C.

    Considerando o contexto poltico-institucional da expanso da Estratgia Sade da Famlia em seus diversos nveis de gesto no perodo 2009-2012, com foco no Rio de Janeiro, como exemplo privilegiado, procuraremos introduzir os conceitos de biopoder e governamentalidade, tal como desenvolvidos na obra de Fou-cault entre meados da dcada de 70 e inicio da dcada de 80. O objetivo enriquecer a grade conceitual que permite analisar as relaes de poder e os processos de individuao e subjetivao que perpassam as aes em torno do Sistema nico de Sade,

  • Anais do VI Congresso Brasileiro de Cincias Sociais e Humanas em Sade24 25Seo I - Resumos das Comunicaes Orais

    apresentando tanto sua pertinncia quanto suas lacunas para o caso analisado. Partiremos de uma breve exposio dos concei-tos e suas diversas formulaes, tomando partido por uma certa configurao da relao entre os conceitos: do biopoder como articulao entre uma bio-poltica e uma anatomo-poltica; da governamentalidade como conformao da prtica de governo no seio da soberania poltica. Ponto central para a analise da estratgia sade da famlia, exaltaremos as virtudes analiticas e academicas do entendimento do liberalismo como prtica go-vernamental que subjaz o biopoder, em particular para o con-texto carioca: ilumina o tipo de racionalidade que orienta as pr-ticas de governo ao mesmo tempo que permite articulaes com outras tipos de analise. Percebemos que, analogamente a manei-ra como a partir de Alma-Ata o conceito de sade ampliou-se, torna-se impossvel analisar seriamente as relaes de poder exer-cidas no mbito do SUS sem considerar que tais aes, como no caso do Rio de Janeiro, so pensadas em planejamento estrat-gicos que articulam diversas reas de atuao estatal, orientados por consultorias de mbito de atuao internacional, com fins polticos e econmicos racionalizados. Em particular nos pare-ce essencial entender, tendo a governamentalidade liberal como chave, testando seus limites, qual a sinergia e o emaranhamento de uma srie de polticas no mesmo perodo, tais como a poltica de pacificao, o Programa de Acelerao do Crescimento e o Programa Bolsa Famlia. O papel da famlia como produto e ao mesmo tempo como ponto de investimento de uma srie de prticas governamentais, estabelecendo relaes de poder e de resistncia, deve ser sublinhado, fazendo aparecer o solo a partir do qual uma srie de disputas acadmicas se levanta, e o pro-blema concreto frente ao qual uma soluo pode ser proposta. As lacunas encontram-se relacionadas a suspeitas de que talvez o pas apresente certas relaes de poder e formaes subjetivas no investigadas por Foucault, procurando suscitar um deba-te entre os pesquisadores. Existiria uma prtica governamental desenvolvimentista, coronelista, criminal ou mafiosa, para citar apenas algumas alternativas polmicas, a serem analisadas como quadro sem o qual as relaes de poder em ao aqui, em nossa contemporaneidade no poderiam ser entendidas?

    1687 oLHArES SoBrE A dor CrniCA: EXPErinCiA dE CuidAdo nA ViSo dE ProFiSSionAiS dE um AmBuLAtrio dE dor

    Castellanos, M.E.P.; Menezes, P.F.A.; Lima, M.A.G.; Palmeira, A.T.; Barros, N.F.

    A dor crnica reconhecida pela biomedicina, ao mesmo tempo em que a desafia. Isso porque ela transborda as teorias cientfi-cas que procuram explic-la (teoria das comportas, neurofisiolo-gia dos canais inicos, etc.). Essa situao conduz a uma fragili-dade ontolgica da dor crnica no saber biomdico, ao mesmo tempo em que impulsiona as prticas clnicas ao encontro das experincias de adoecimento (illness) dos seus pacientes. Assim, as clnicas de dor tm se configurado como espaos de legitima-o da dor crnica e de incorporao de prticas no biomdicas diante das insuficincias teraputicas do paradigma biomdico. Com o objetivo de identificar se a experincia de cuidado, vi-

    venciada por profissionais do ambulatrio de dor, produz des-locamentos nas concepes e valores que orientam sua prtica clnica, foram realizados dois grupos focais com profissionais de um Ambulatrio de dor crnica, no mbito da pesquisa Anlise do processo de adoecimento crnico e do autogerenciamento do cuidado em dor crnica: subsdios construo do cuidado compartilhado. Os grupos focais indicam que a prtica clnica desses profissionais fortemente influenciada pelas experincias de cuidado vivenciadas no ambulatrio de dor, deslocando-se em relao lgica do paradigma biomdico, ainda que no deixe de se reportar a ela. Identificou-se, tambm, que os profissionais assumem vises diferentes sobre a dor crnica, ainda que alguns conceitos-chave sejam compartilhados por todo o grupo. Um exemplo disso reside na impossibilidade de objetivar e localizar a dor crnica de modo totalizador (assim como a impossibilidade de elimin-la) apontada como fonte de desconforto na prtica clnica. Conclui-se que a experincia de cuidado no ambulatrio de dor interpela a perspectiva biomdica produzindo desloca-mentos nas prticas clnicas assumidas por seus profissionais. Ainda que no instaure um paradigma integrativo nas relaes de cuidado, esses deslocamentos desafiam identidades e valores profissionais tradicionalmente constitudos em contextos de for-mao e trabalho fundamentados na perspectiva biomdica.

    1774 o ProtAGoniSmo dA indStriA FArmACutiCA nA mEdiCALizAo E FArmACoLoGizAo

    Mendona, A.L.O.

    Tradicionalmente, os profissionais da rea da sade sobretudo os mdicos foram vistos como sendo um dos principais, para no dizer os nicos, atores do chamado processo de medicali-zao. Emblematicamente, na obra A Expropriao da Sade, Ivan Illich j denunciava, virulentamente, a colonizao mdi-ca da vida levada a cabo pelos mdicos, embora no deixasse de reconhecer a colaborao dos professores, laboratrios e at mesmo dos movimentos de libertao nesse processo. Em suas anlises crticas sobre a medicalizao, Foucault procurou mati-zar melhor a temtica, chamando a ateno tanto para o fato de o poder mdico no pertencer a atores especficos (por exemplo, mdicos) quanto para os aspectos positivos e negativos do refe-rido processo. Seguindo nessa direo, ainda que de modo in-dependente, Peter Conrad tem produzido uma srie de estudos sobre o tema, tendo como premissa basilar a assuno segundo a qual a medicalizao um processo em que problemas at en-to vistos como normais passam a ser tratados como doenas ou desordens mdicas. Trata-se, para ele, de um fenmeno que pode ser positivo ou negativo, dependendo do caso em questo (e.g.: a desmedicalizao da homossexualidade foi emancipat-ria, assim como o foi a medicalizao do alcoolismo). Todavia, mesmo visando a empreender uma abordagem equilibrada na sua obra-mor at aqui, The Medicalization of Society, Conrad no deixa de ter um olhar crtico sobre a exploso de novas doenas e remdios nas ltimas dcadas. E o mais importante: conquanto reconhea e enfatize a influncia de outros atores no processo de medicalizao, ele dirige sua ateno especialmente

    para a indstria farmacutica, uma vez que ela teria comeado a desempenhar um papel protagonista. Essa nova configurao do problema levou, mais recentemente, surgimento de um novo conceito, a saber: farmacologizao da sociedade. Conceito este que pode vir a contribuir, de modo profcuo, para a renovao do debate. Sem que se precise renegar a capacidade heurstica do conceito de medicalizao, a noo de farmacologizao parece apontar na direo de um olhar, ao mesmo tempo, aprofundado e ampliado sobre a questo. Com efeito, com ela, vm baila novos aspectos a serem considerados, dentre os quais se desta-cam: o novo papel da indstria (cunhado de vender doenas) no processo de redefinio de problemas de sade como sendo passveis de interveno farmacutica; novo papel das agncias reguladoras em promover inovao; a mobilizao de pacien-tes ou consumidores com relao ao uso de medicamentos; e, por ltimo, mas no menos importante, o uso de medicamentos para fins no-mdicos, e sim de melhoramento de performan-ce. O objetivo central deste estudo consiste em levar a contento uma reflexo crtica sobre o papel da indstria farmacutica no processo de medicalizao e farmacologizao da vida, dialogan-do com a literatura sobre o tema.

    1861 o tEmA do EXCESSo SEXuAL nA HiGiEnE E EuGEniA mAtrimoniAL no BrASiL (1890-1940).

    Barral, D. C.; Oliveira, C.; Meirelles, L.; Mota, S. C.

    O presente trabalho pretende averiguar como se processou o agenciamento mdico do erotismo masculino, marcado pela idia deoexcessono perodo da luta contra a Sfilis, entre 1890 e 1940, explanando o papel que a idia de excesso sexual mascu-linoteve em orientar a normalizao da famlia. Neste sentido, pretende explorar(1) a construo da idia de instinto sexual pela medicina,a idia de excesso sexual, o modo de classificao e deteco das anomalias sexuais, alm das diretrizes profilti-cas contra as mesmas durante o perodo; (2) como a produo textual sobre o assunto deve ter afetado a construo da heteros-sexualidade normativa pela delimitao do limite do impulso sexual considerado normal e pela excluso das direes que no