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ANÁLISE DA CADEIA REVERSA DO PÓS-CONSUMO DE LÂMPADAS ELETRÔNICAS FLUORESCENTES Renato de Castro Vivas (UESC ) [email protected] Aline Patricia Mano (UESC ) [email protected] A lâmpada fluorescente de pós-consumo, devido à existência do mercúrio em sua composição é considerada um resíduo perigoso, onde é exigido uma destinação final que evite a contaminação da natureza e garanta a saúde dos seres vivos. O processso mais adequado para a destinação final é a reciclagem, que recupera 98% da matéria-prima utilizada na fabricação de lâmpadas fluorescentes, possibilitando que estes materiais de pós-consumo sejam reintegrados ao processo produtivo das próprias lâmpadas ou de outros produtos. Este trabalho tem como objetivo analisar como se dá o descarte das lampâdas fluorecentes na região do eixo de Ilhéus-Itabuna na Bahia. Para realização desse estudo optou-se por uma pesquisa tipo survey realizado com três grupos distintos: consumidores finais, comerciantes e importadores de lâmpadas fluorescentes do Brasil. A análise foi realizada através de ferramentas estatísticas como a correlação e regressão linear. O resultado principal da pesquisa mostrou que de cada 100 lâmpadas consumidas na região 89 são descartadas inadequadamente enquanto que somente 11 são encaminhadas para reciclagem ou aterro especializado. Palavras-chaves: Logística Reversa, Reciclagem, Meio Ambiente XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.

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ANÁLISE DA CADEIA REVERSA DO

PÓS-CONSUMO DE LÂMPADAS

ELETRÔNICAS FLUORESCENTES

Renato de Castro Vivas (UESC )

[email protected]

Aline Patricia Mano (UESC )

[email protected]

A lâmpada fluorescente de pós-consumo, devido à existência do

mercúrio em sua composição é considerada um resíduo perigoso, onde

é exigido uma destinação final que evite a contaminação da natureza e

garanta a saúde dos seres vivos. O processso mais adequado para a

destinação final é a reciclagem, que recupera 98% da matéria-prima

utilizada na fabricação de lâmpadas fluorescentes, possibilitando que

estes materiais de pós-consumo sejam reintegrados ao processo

produtivo das próprias lâmpadas ou de outros produtos. Este trabalho

tem como objetivo analisar como se dá o descarte das lampâdas

fluorecentes na região do eixo de Ilhéus-Itabuna na Bahia. Para

realização desse estudo optou-se por uma pesquisa tipo survey

realizado com três grupos distintos: consumidores finais, comerciantes

e importadores de lâmpadas fluorescentes do Brasil. A análise foi

realizada através de ferramentas estatísticas como a correlação e

regressão linear. O resultado principal da pesquisa mostrou que de

cada 100 lâmpadas consumidas na região 89 são descartadas

inadequadamente enquanto que somente 11 são encaminhadas para

reciclagem ou aterro especializado.

Palavras-chaves: Logística Reversa, Reciclagem, Meio Ambiente

XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos

Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.

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Resumo

A lâmpada fluorescente de pós-consumo, devido à existência do mercúrio em sua composição

é considerada um resíduo perigoso, onde é exigido uma destinação final que evite a

contaminação da natureza e garanta a saúde dos seres vivos. O processo mais adequado para a

destinação final é a reciclagem, que recupera 98% da matéria-prima utilizada na fabricação de

lâmpadas fluorescentes, possibilitando que estes materiais de pós-consumo sejam reintegrados

ao processo produtivo das próprias lâmpadas ou de outros produtos. Este trabalho tem como

objetivo analisar como se dá o descarte das lampâdas fluorecentes na região do eixo de Ilhéus-

Itabuna na Bahia. Para realização desse estudo optou-se por uma pesquisa tipo survey

realizado com três grupos distintos: consumidores finais, comerciantes e importadores de

lâmpadas fluorescentes do Brasil. A análise foi realizada através de ferramentas estatísticas

como a correlação e regressão linear. O resultado principal da pesquisa mostrou que de cada

100 lâmpadas consumidas na região 89 são descartadas inadequadamente enquanto que

somente 11 são encaminhadas para reciclagem ou aterro especializado.

Palavras-Chave: Logística Reversa, Reciclagem, Meio Ambiente

1. Introdução

De acordo com Norma da ABNT 10004:2004, as lâmpadas fluorescentes de pós-consumo,

devido à existência do mercúrio que é um metal pesado, em sua composição é considerada um

resíduo tóxico, exigindo uma destinação final adequada que evite a contaminação da natureza

e garanta a saúde dos seres vivos. O processo mais adequado para a destinação final é a

reciclagem, que recupera 98% da matéria-prima utilizada na fabricação de lâmpadas

fluorescentes, possibilitando que estes materiais de pós-consumo sejam reintegrados ao

processo produtivo das próprias lâmpadas ou de outros produtos.

A implementação da cadeia reversa de pós-consumo de lâmpadas fluorescentes no Brasil,

portanto, possibilitaria a preservação do meio ambiente, o uso sustentável de recursos, o

cumprimento das leis ambientais e das normas da ABNT, além da lucratividade obtida por

meio da comercialização e compra de materiais reciclados. Porém, para que estes resultados

sejam alcançados, deve-se armazenar, manusear, movimentar e transportar adequadamente as

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lâmpadas fluorescentes de pós-consumo, evitando que se quebrem e contaminem o meio

ambiente ou que ainda causem problemas de saúde aos seres humanos.

Ao se tratar de lâmpadas fluorescentes não há muitos estudos que vislumbrem o gerenciamento

específico deste tipo de resíduo. Porém há muitas evidências que demonstram a importância do

assunto abordado evidenciado pelas seguintes constatações:

- O crescente aumento do consumo dessas lâmpadas;

- A estimativa de prazos limitados para os aterros sanitários, necessitando de novas

alternativas para o lixo domiciliar que possui esta destinação final;

- A falta de conhecimento de grande parte da população, do risco que estas lâmpadas

podem oferecer a saúde e ao meu ambiente;

- O interesse do governo em diminuir o consumo de energia elétrica no país estimulando

o uso dessas lâmpadas.

Este trabalho tem como objetivo principal realizar uma análise da cadeia de suprimentos

reversa do pós-consumo de lâmpadas no eixo Ilhéus-Itabuna.

2. Referencial teórico

2.1. Gestão da cadeia de suprimentos

De acordo com Taylor (2005) a importância econômica da distribuição, tanto do aspecto

mercadológico ou do aspecto operacional da distribuição física, revela-se para as empresas

cada vez mais determinante, pelos crescentes volumes de transação decorrentes da

globalização dos produtos e das fusões de empresas e a necessidade de se ter um produto

certo, no tempo certo, no local certo, atendendo os níveis de serviço diferenciados para

garantir à empresa seu posicionamento competitivo no mercado.

2.2. Logística reversa

De acordo com Leite (2003) a preocupação com os canais de distribuição reversos são

recentes, entende-se como cadeia de suprimentos reversa as formas e os meios em que os

produtos com muito, com pouco ou sem uso após sua venda retornão ao ciclo produtivo ou de

negócios, readquirindo novamente valor em mercados secundários pelo reuso ou pela

reciclagem de seus materiais.

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2.3. Fatores de influência na implantação das cadeias reversas.

Segundo Leite (2003) existem 3 fatores fundamentais necessários para a organização de um

canal de distribuição reverso, fatores econômicos, tecnológicos, ambientais, legislativos e

logísticos.

Dentre os fatores tecnológicos é necessário que a tecnologia esteja disponível para o

tratamento econômico dos resíduos no seu descarte, em sua captação, na separação e na

reciclagem ou processo de transformação dos resíduos em matéria-prima. Os fatores

logísticos dizem respeito à existencia de condições de organização, localização e sistemas de

transporte entre os diversos elos da cadeia de distribuição reversa: fontes primárias de

captação, centros de consolidação e adensamento de cargas dos materiais de pós-consumo,

processadores intermediários, centros de processamento de reciclagem e usuários finais desses

materiais reciclados.

Novamente de acordo com Leite (2003) os fatores ambientais são aqueles que são motivados

pela sensibilidade ecológica de qualquer agente do governo, da sociedade ou da iniciativa

privada. Iniciativas do próprio governo, pressões sociais induzindo o governo a intervenção

seletividade ecológica da sociedade no consumo de bens e preocupação e responsabilidade

ambiental das empresas poderão modificar as condições do canal reverso.

Os fatores legislativos são fatores modificadores por intervenção governamental, visando à

regulamentação, à promoção, educação e ao incentivo à melhoria do retorno dos produtos ao

ciclo produtivo, podem ser motivados como uma alternativa de redução de custos

governamentais, para a satisfação de pressões de grupos sociais ou políticos.

De acordo com Leite (2003) algumas condições são essenciais para a organização de um

canal reverso. É preciso remunerar todas as etapas da cadeia, isso deverá satisfazer

econômicamente todos os agentes em cada fase da cadeia. Os materiais reciclados deverão ter

qualidade, pois a reintegração ao ciclo produtivo deve permitir produtos com conteúdos de

reciclados economicamente aceitáveis e rendimentos industriais compatíveis nos processos.

As quantidades de reciclados devem ser suficientes e apresentar constância no tempo, de

modo que garantam atividades em escala econômica e empresarial. Também é necessário que

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haja, quatitativa e qualitativamente, mercado para os produtos fabricados com materiais

reciclados, o que refletirá na demanda desses produtos.

2.4. Lâmpadas

Segundo a Apliquim (2000) existem diversos tipos de lâmpadas para fins de iluminação. A

Figura 1 representa alguns tipos de lâmpadas utilizadas. Elas são diferenciadas em dois

grupos: a) as lâmpadas que contêm mercúrio, que são as lâmpadas fluorescentes (tubulares e

compactas) e lâmpadas de descarga (mista, vapor de mercúrio, vapor de sódio e vapor

metálico); b) e ainda as lâmpadas que não contêm mercúrio (lâmpadas incandescentes e

halogenadas/dicróicas).

Segundo a Apliquim (2000) dentre as lâmpadas que contêm mercúrio, destacam-se as

lâmpadas fluorescentes como grandes poluidoras. Existem vantagens das lâmpadas que

contêm mercúrio sobre as que não o contêm. Em relação às lâmpadas incandescentes, as

lâmpadas que contêm mercúrio têm eficiência luminosa de 3 a 6 vezes superior, têm vida útil

de 4 a 15 vezes mais longa e 80% de redução de consumo de energia. Dessa forma, elas

geram menos resíduos e reduzem o consumo de recursos naturais para a iluminação,

diminuindo dependência da termeletricidade.

2.4.1. Gestão pós-consumo das lâmpadas

Segundo Zanicheli (2005) a prática corrente de descarte de lâmpadas que predomina

amplamente é a modalidade feita diretamente no lixo. Os setores públicos e industriais são os

maiores geradores de descarte de lâmpadas tipo HID – high intensity discharge (vapor de

mercúrio, vapor de sódio, mista e multivapores metálicos) e lâmpadas fluorescentes,

respectivamente.

De acordo com Zanicheli (2005) já no ano de 2001, esse descarte passou a 80 milhões de

unidades, em virtude do plano de racionamento de energia elétrica que motivou a troca de

lâmpadas incandescentes por fluorescentes compactas mais eficientes, principalmente no setor

residencial. O foco da contaminação está localizado na Região Sudeste, que concentra 60% da

economia brasileira. Do descarte total, somente 3% têm destinação ambientalmente adequada

por meio do processo de destruição e descontaminação. Isso é feito voluntariamente por

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empresas que possuem um sistema controlado de descarte de seus resíduos e/ou por aquelas

interessadas em certificação pelas normas da série ISO 14.000.

De acordo com Zanichelli (2005) a escolha de lâmpadas que têm vantagens em termos de

economia de energia (lâmpadas de descarga) resulta na prevenção do consumo de energia

durante a sua utilização (não está considerado aqui o balanço do consumo energético

implicado em sua fabricação e pelo seu tratamento de fim de vida). É possível, assim obter-se

uma redução no consumo energético para se obter a mesma quantidade de luz (fluxo

luminoso). A estratégia de gestão dos resíduos de lâmpadas, em alguns países da Europa e nos

Estados Unidos, tem obedecido aos seguintes princípios:

- Redução da produção, em termos quantitativos e qualitativos, através da substituição

por outras fontes de iluminação que contenham menores quantidades de mercúrio e

semelhante impacto ambiental.

- Coleta seletiva, separando as lâmpadas fluorescentes das incandescentes, de modo a

prevenir a contaminação de solos e águas e riscos diretos para a saúde das pessoas

expostas ao seu manuseio;

- Valorização por reciclagem, dos materiais constituintes, sempre que técnica e

economicamente viável;

- Sujeição a tratamento prévio, podendo a sua deposição em aterro ser utilizada apenas

como último recurso.

2.4.2. Legislação sobre reciclagem de lâmpadas

O Plano Nacional Resíduos Sólidos estabelece princípios, objetivos, instrumentos, inclusive

instrumentos econômicos aplicáveis e diretrizes para a gestão integrada e gerenciamento dos

resíduos sólidos, indicando as responsabilidades dos geradores, do poder público,e dos

consumidores. Define ainda, princípios importantes como o da prevenção e precaução, do

poluidor-pagador, da ecoeficiência, da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos

produtos, do reconhecimento do resíduo como bem econômico e de valor social, do direito à

informação e ao controle social, entre outros (BRASIL, 2010b).

Podemos observar os artigos que destacam a responsabilidade compartilhada e as obrigações

na implementação da logística reversa.

De acordo com o Art. 30. É instituída a responsabilidade compartilhada. Com isso a

responsabilidade compartilhada faz dos fabricantes, importadores, distribuidores,

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comerciantes, consumidores e titulares dos serviços públicos de limpeza urbana, e de manejo

de resíduos sólidos, responsáveis pelo ciclo de vida dos produtos.Todos têm

responsabilidades: o poder público deve apresentar planos para o manejo correto dos

materiais (com adoção de processos participativos na sua elaboração e de tecnologias

apropriadas); às empresas compete o recolhimento dos produtos após o uso e, à sociedade

cabe participar dos programas de coleta seletiva (acondicionando os resíduos adequadamente

e de forma diferenciada) e incorporar mudanças de hábitos para reduzir o consumo e a

conseqüente geração (BRASIL, 2010b).

Segundo o Art. 33 do PNRS (2010). são obrigados a estruturar e implementar sistemas de

logística reversa, mediante retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, de forma

independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, os

fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de:

a) I - agrotóxicos;

b) II - pilhas e baterias;

c) III - pneus;

d) IV - óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens;

e) V - lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista;

f) VI - produtos eletroeletrônicos e seus componentes.

3. Métodos

A abrangência da pesquisa será a região do município de Ilhéus/Itabuna e entornos que se

localizam no estado da Bahia. Compreende o entorno as cidades de Itacaré, Uruçuca, Una,

Buerarema, Itajuípe, São José da Vitória, Barro Preto, Itapé e Ibicaraí todas na região sul da

Bahia. Esta região segundo o IBGE 2010 tem cerca de 500 mil habitantes.

Trata-se de uma pesquisa predominantemente descritiva. A abordagem da pesquisa é

quantitativa e qualitativa.

A pesquisa terá duas fases: a etapa de coleta de dados através de pesquisa tipo survey e a

segunda fase com a análise destes dados utilizando ferramentas estatísticas como a correlação

e regreção linear.

O survey será composto por 3 categorias diferentes, um destinado a consumidores, outro para

comerciantes de lâmpadas e por ultimo os importadores/fabricantes de lâmpadas. Serão

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enviados 500 emails/formulários com o questionário para consumidores, 60

emails/formulários para comerciantes e 5 emails/formulários para importadores e fabricantes.

4. Resultados

Com a aplicação do survey para consumidores finais obtivemos 121 questionários

respondidos dos 500 enviados por e-mail e entregues pessoalmente. Sendo que 55 foram

respondidos pelo meio eletrônico surveymonkey que é um site especializado em surveys e 66

foram respondidos in loco por meio de questionário impresso. O survey para consumidores

por meio de questionário impresso foi aplicado em locais distintos onde obtivemos um

resultado que abrangeu diversas faixas etárias, econômicas e sociais.

Com a aplicação do survey para comerciantes varejistas de lâmpadas obtivemos 16

questionários respondidos dos 60 enviados por e-mail e entregues pessoalmente através de

visita. Foi aplicado também um simples questionário para 5 empresas que importam lâmpadas

fluorescentes, a maioria da China, já que no Brasil não existe fábrica deste produto. Dessas 5

empresas importadoras de lâmpadas 3 responderam o questionário.

Consideramos um índice muito bom já que segundo BABBIE (1999), o índice médio de

respostas nesse tipo de pesquisa é de 5 %, e nesse caso o índice foi de 24,2% de

consumidores, 26,6 % do grupo dos comerciantes e 60% do grupo de importadores.

4.1. Abrangência do Survey para consumidores

Faixa etária3,31 4,13 7,44

61,16

15,70

8,26

até 18 anos

de 18 a 25 anos

26 a 35 anos

36 a 45 anos

46 a 55 anos

mais de 55

Gráfico 01: Faixa etária dos entrevistados em porcentagem. Fonte: Próprio Autor.

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Com a primeira questão do survey analisada, faixa etária dos participantes da pesquisa, foram

observadas que 3,31% dos consumidores que responderam tem a faixa de idade de até 18

anos, 61,16% tem a faixa de idade de 18 a 25 anos, 15,7% com faixa de idade de 26 a 35

anos, 8,26% com faixa de idade de 36 a 45 anos, 7,44% com faixa de idade de 46 a 55 anos e

4,13% tem a faixa de idade de mais de 55 anos.

Faixa de renda6,61

23,14

37,19

31,40

Menos de R$ 500,00

De R$ 501,00 a 1000,00

De R$ 1001,00 a 4000,00

Acima de R$ 4000,00

Gráfico 02: Faixa de renda dos entrevistados em porcentagem. Fonte: Próprio Autor.

Com a segunda questão do survey analisada, faixa de renda dos participantes da pesquisa,

foram observadas que 31,4% dos consumidores que responderam tem a faixa de renda menor

que 500 reais, 37,19% tem a faixa de renda de 501 a 1000 reais, 23,14% com faixa de renda

de 1001 a 4000 reais e 6,61% com faixa de renda acima de 4000 reais.

Escolaridade7,44

35,54

48,76

8,26

Ensino Fundamental

Ensino Médio

Superior

Pós-Graduação

Gráfico 03: Escolaridade dos entrevistados em porcentagem. Fonte: Próprio Autor.

Com a terceira questão do survey analisada, faixa de escolaridade dos participantes da

pesquisa, foram observadas que 7,44% dos consumidores que responderam, tem o nível de

ensino fundamental, 35,54% tem o nível de ensino médio, 48,76% tem o nível de ensino

superior e 8,26% tem o nível de pós-graduação. Foram considerados nos resultados o status

de “cursando” o nível atual do participante.

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4.2. Destino final da lâmpada fluorescente na região de Ilhéus-Itabuna.

Abaixo segue um fluxograma da cadeia reversa da lâmpada fluorescente descartada pelo

consumidor na região do eixo de Ilhéus-Itabuna.

Figura 1: Fluxograma da Cadeia reversa da lâmpada fluorescente descartada pelo consumidor. Fonte: Próprio

Autor.

Com a análise da oitava questão do survey destinado aos consumidores obtivemos os

seguintes resultados, 81,82 % dos consumidores de lâmpadas fluorescentes descartam o

material com defeito ou quebrado no lixo comum, 9,92% dos consumidores responderam que

devolvem o material aonde foi comprado, 4,13 % dos consumidores armazenam no próprio

domicílio e 4,13 % dos consumidores encaminham para a reciclagem. Um resultado um tanto

assustador, pois quase 82% do material que é altamente tóxico pro meio ambiente está sendo

descartado na natureza. Isso reflete a falta de conhecimento da população sobre o assunto da

reciclagem e sobre os perigos que este tipo de resíduo pode oferecer ao meio ambiente e a

saúde dos seres vivos. Entre os consumidores que descartam adequadamente o material, os

que enviam para reciclagem e devolvem para loja, 60% ao menos estão na graduação e 72%

estão acima de 35 anos. Isso demonstra que existe uma tendência das pessoas com maior nível

de escolaridade e maior idade se preocuparem mais com o meio ambiente e com a sua própria

saúde.

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Figura 2: Fluxograma da cadeia reversa a partir do comerciante. Fonte: Próprio Autor.

Já no grupo dos comerciantes observou-se que, 62,5 % dos comerciantes enviam as lâmpadas

defeituosas, quebradas e devolvidas pelos consumidores para a fábrica, 18,75 % dos

comerciantes descartam em lixo comum, 12,50 % dos comerciantes armazenam na própria

loja e 6,25% dos comerciantes enviam diretamente para industria de reciclagem. Um

resultado que também chama a atenção pois profissionais da área deveriam dar uma maior

atenção ao descarte correto deste tipo de material e não foi o caso, pois quase 30% dos

comerciantes não encaminham o material para o destino correto. Talvez haja

desconhecimento por parte desses profissionais, ou simplesmente descaso com o meio

ambiente e saúde pública.

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Figura 3: Fluxograma da cadeia reversa realizada pelas importadoras de lâmpada. Fonte: Próprio Autor.

Analisando o survey aplicado junto aos importadores de lâmpadas fluorescentes obtivemos os

seguintes resultados, 66,67% dos importadores enviam as lâmpadas defeituosas devolvidas

para a reciclagem e 33,33 % dos importadores enviam as lâmpadas para aterros

especializados. Um resultado satisfatório pois 100% do material poluente está sendo

encaminhado para seu local correto. No entanto apesar dos importadores de lâmpadas darem o

destino correto ao resíduo, as empresas não orientam os comerciantes e consumidores sobre o

perigo da exposição a este tipo de resíduo, pois a maior parte das lâmpadas não retornam as

empresas importadoras.

Figura 4: Fluxograma do resultado geral da cadeia reversa do pós-consumo das lâmpadas fluorescentes. Fonte:

Próprio Autor.

Com o fluxograma acima, podemos observar que de 100 lâmpadas descartadas pelo

consumidor final apenas 11 lâmpadas são recicladas ou direcionadas para aterro

especializado. Enquanto que 89 lâmpadas são descartadas em lixo comum ou armazenadas em

locais inadequados.

4.3. Análises de Correlação Simples e Regressão Linear

4.3.1. Faixa de Escolaridade pelo Conhecimento do perigo da Exposição

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Gráfico 04: Porcentagem dos participantes do survey que conhecem os perigos da exposição as substâncias

tóxicas da lâmpada fluorescente pela sua escolaridade. 1.Ensino Fundamental, 2. Ensino Médio, 3. Graduação, 4.

Pós-Graduação. Fonte: Próprio Autor.

Tabela 01: Quantidade de consumidores com conhecimento e sem conhecimento de acordo com o nível de

escolaridade

Nivel de

Escolaridade

Porcentagem

dos que tem

conhecimento

Porcentagem

dos que nao

tem

conhecimento

1 33 77

2 51 49

3 31 69

4 40 60

Fonte: Próprio Autor.

Calculando a correlação simples no Excel do Nivel de Escolaridade pela porcentagem dos

que tem conhecimento temos:

Correlação simples realizada no software Excel 2010 = - 0,11651 (Correlação negativa fraca)

Fazendo a correlação simples das duas variáveis Escolaridade pela quantidade em

percentagem dos que conhecem os perigos, podemos observar que a correlação é fraca, ou

seja, a escolaridade não tem muita relação com o conhecimento desses perigos de exposição.

Tanto os participantes do Ensino Fundamental quanto dos Graduados e Pós-Graduados, não

tem conhecimento desses perigos de exposição. Uma surpresa, pois a falta de conhecimento

no assunto é quase unânime. Tal fato pode ser explicado pela falta de informação passada

pelos fabricantes e falta conhecimento global do tema abordado.

Calculando a regressão linear no Excel do Nivel de Escolaridade pela porcentagem dos que

tem conhecimento temos:

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Tabela 02: Resultados da regressão linear

Inclinação (m) 0,002043

Interceptação (b) 2,420838

Correlação (r) -0,11651

R² 0,013575

Erro Padrão 1,181951762

y= 2,420838 + 0,002043x

Fonte: Próprio Autor

Assim sendo isso significa que apenas 1,357% das variações de escolaridade são explicadas

pela porcentagem da quantidade dos que conhecem os perigos da exposição, enquanto que o

restante (98,653%) não são explicadas.

4.3.2. Faixa de Renda pelo Conhecimento do perigo de Exposição

Gráfico 05 : Porcentagem dos participantes do survey que conhecem os perigos da exposição as substâncias

tóxicas da lâmpada fluorescente pela sua faixa de renda. Fonte: Próprio Autor.

Calculando a correlação simples no Excel da Faixa de Renda pela porcentagem dos que tem

conhecimento temos:

Correlação simples realizada no software Excel 2010 = 0,910936 (Correlação positiva forte)

Fazendo a correlação simples das duas variáveis Faixa de Renda pela quantidade em porcento

dos que conhecem os perigos, podemos observar que a correlação é forte, ou seja, a faixa de

renda tem muita relação com o conhecimento desses perigos de exposição. Isso demonstra

que quanto maior a faixa de renda maior o conhecimento sobre o assunto abordado.

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Calculando a regressão linear no Excel do Faixa de Renda pela porcentagem dos que tem

conhecimento temos:

Tabela 03: Resultados da regressão linear

Inclinação (m) 0,059272

Interceptação (b) -0,908129

Correlação (r) 0,910936

R² 0,862244898

Erro Padrão 0,524890659

y= -0,908129 + 0,059272x Fonte: Próprio Autor.

Assim sendo isso significa que 86,224% das variações de faixa de renda são explicadas pela

porcentagem da quantidade dos que conhecem os perigos da exposição, enquanto que o

restante (13,78%) não são explicadas.

4.3.3. Conhecimento do perigo de Exposição pelo tipo de Descarte do Consumidor

Gráfico 06 : Número dos participantes do survey que conhecem os perigos da exposição e os tipos de descarte de

cada um deles. DL= Descarte no Lixo, DC=Devolve onde Comprou, AC=Armaneza em Casa, ER= Envia para

Reciclagem Fonte: Próprio Autor.

Como podemos observar no gráfico a maioria dos participantes tanto com conhecimento tanto

sem conhecimento descartam o material no lixo. Isso demonstra que no Brasil está faltando

conscientização da população para o descarte correto dos resíduos perigosos. O descarte

correto como o envio para reciclagem e a devolução ao comerciante são alternativas viáveis

para o descarte correto, os entrevistados com conhecimento sobre o assunto foram a maioria

que responderam estas duas alternativas.

5. Conclusão

XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos

Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.

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Com a pesquisa realizada, podemos perceber que a região do eixo de Ilhéus-Itabuna na Bahia

está muito longe do ideal, quando se trata do tratamento e reciclagem das lâmpadas

fluorescentes, tanto por parte dos importadores, quanto do governo e consumidores, 89% das

lâmpadas fluorescentes defeituosas/quebradas vão para o lixo comum ou estão armazenadas

inadequadamente, enquanto que apenas 11% das lâmpadas tem o seu destino ideal que é a

reciclagem ou o encaminhamento para aterros especializados, confirmando a primeira

hipótese do trabalho. Isso se deve ao desconhecimento da população, negligência do governo

e dos fabricantes desse produto. Pelas análises realizadas o conhecimento sobre o tema está

relacionado com a escolaridade e a faixa de renda da população, quanto maior a faixa de

renda e escolaridade maior a quantidade de pessoas com conhecimento sobre o assunto,

contudo não existe uma conscientização para o tema abordado. Sendo assim seria viável uma

ação conjunta com os fabricantes(importadores), comerciantes, consumidores e governo para

realizar a logística reversa completa e adequada para os resíduos das lâmpadas fluorescentes

na região. Uma legislação coerente e fiscalização rigorosa para este tipo de descarte, além da

conscientização da população com campanhas seria o papel do governo. A disponibilização

da tecnologia necessária para a coleta e reciclagem do material para os consumidores por

parte das empresas, pesquisas de novas tecnologias podem tornar viáveis e baratear os

processos de reciclagem, tornando o processo auto sustentável e também a conscientização

por parte da população.

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