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ANÁLISE DA CADEIA REVERSA DO
PÓS-CONSUMO DE LÂMPADAS
ELETRÔNICAS FLUORESCENTES
Renato de Castro Vivas (UESC )
Aline Patricia Mano (UESC )
A lâmpada fluorescente de pós-consumo, devido à existência do
mercúrio em sua composição é considerada um resíduo perigoso, onde
é exigido uma destinação final que evite a contaminação da natureza e
garanta a saúde dos seres vivos. O processso mais adequado para a
destinação final é a reciclagem, que recupera 98% da matéria-prima
utilizada na fabricação de lâmpadas fluorescentes, possibilitando que
estes materiais de pós-consumo sejam reintegrados ao processo
produtivo das próprias lâmpadas ou de outros produtos. Este trabalho
tem como objetivo analisar como se dá o descarte das lampâdas
fluorecentes na região do eixo de Ilhéus-Itabuna na Bahia. Para
realização desse estudo optou-se por uma pesquisa tipo survey
realizado com três grupos distintos: consumidores finais, comerciantes
e importadores de lâmpadas fluorescentes do Brasil. A análise foi
realizada através de ferramentas estatísticas como a correlação e
regressão linear. O resultado principal da pesquisa mostrou que de
cada 100 lâmpadas consumidas na região 89 são descartadas
inadequadamente enquanto que somente 11 são encaminhadas para
reciclagem ou aterro especializado.
Palavras-chaves: Logística Reversa, Reciclagem, Meio Ambiente
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
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Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
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Resumo
A lâmpada fluorescente de pós-consumo, devido à existência do mercúrio em sua composição
é considerada um resíduo perigoso, onde é exigido uma destinação final que evite a
contaminação da natureza e garanta a saúde dos seres vivos. O processo mais adequado para a
destinação final é a reciclagem, que recupera 98% da matéria-prima utilizada na fabricação de
lâmpadas fluorescentes, possibilitando que estes materiais de pós-consumo sejam reintegrados
ao processo produtivo das próprias lâmpadas ou de outros produtos. Este trabalho tem como
objetivo analisar como se dá o descarte das lampâdas fluorecentes na região do eixo de Ilhéus-
Itabuna na Bahia. Para realização desse estudo optou-se por uma pesquisa tipo survey
realizado com três grupos distintos: consumidores finais, comerciantes e importadores de
lâmpadas fluorescentes do Brasil. A análise foi realizada através de ferramentas estatísticas
como a correlação e regressão linear. O resultado principal da pesquisa mostrou que de cada
100 lâmpadas consumidas na região 89 são descartadas inadequadamente enquanto que
somente 11 são encaminhadas para reciclagem ou aterro especializado.
Palavras-Chave: Logística Reversa, Reciclagem, Meio Ambiente
1. Introdução
De acordo com Norma da ABNT 10004:2004, as lâmpadas fluorescentes de pós-consumo,
devido à existência do mercúrio que é um metal pesado, em sua composição é considerada um
resíduo tóxico, exigindo uma destinação final adequada que evite a contaminação da natureza
e garanta a saúde dos seres vivos. O processo mais adequado para a destinação final é a
reciclagem, que recupera 98% da matéria-prima utilizada na fabricação de lâmpadas
fluorescentes, possibilitando que estes materiais de pós-consumo sejam reintegrados ao
processo produtivo das próprias lâmpadas ou de outros produtos.
A implementação da cadeia reversa de pós-consumo de lâmpadas fluorescentes no Brasil,
portanto, possibilitaria a preservação do meio ambiente, o uso sustentável de recursos, o
cumprimento das leis ambientais e das normas da ABNT, além da lucratividade obtida por
meio da comercialização e compra de materiais reciclados. Porém, para que estes resultados
sejam alcançados, deve-se armazenar, manusear, movimentar e transportar adequadamente as
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lâmpadas fluorescentes de pós-consumo, evitando que se quebrem e contaminem o meio
ambiente ou que ainda causem problemas de saúde aos seres humanos.
Ao se tratar de lâmpadas fluorescentes não há muitos estudos que vislumbrem o gerenciamento
específico deste tipo de resíduo. Porém há muitas evidências que demonstram a importância do
assunto abordado evidenciado pelas seguintes constatações:
- O crescente aumento do consumo dessas lâmpadas;
- A estimativa de prazos limitados para os aterros sanitários, necessitando de novas
alternativas para o lixo domiciliar que possui esta destinação final;
- A falta de conhecimento de grande parte da população, do risco que estas lâmpadas
podem oferecer a saúde e ao meu ambiente;
- O interesse do governo em diminuir o consumo de energia elétrica no país estimulando
o uso dessas lâmpadas.
Este trabalho tem como objetivo principal realizar uma análise da cadeia de suprimentos
reversa do pós-consumo de lâmpadas no eixo Ilhéus-Itabuna.
2. Referencial teórico
2.1. Gestão da cadeia de suprimentos
De acordo com Taylor (2005) a importância econômica da distribuição, tanto do aspecto
mercadológico ou do aspecto operacional da distribuição física, revela-se para as empresas
cada vez mais determinante, pelos crescentes volumes de transação decorrentes da
globalização dos produtos e das fusões de empresas e a necessidade de se ter um produto
certo, no tempo certo, no local certo, atendendo os níveis de serviço diferenciados para
garantir à empresa seu posicionamento competitivo no mercado.
2.2. Logística reversa
De acordo com Leite (2003) a preocupação com os canais de distribuição reversos são
recentes, entende-se como cadeia de suprimentos reversa as formas e os meios em que os
produtos com muito, com pouco ou sem uso após sua venda retornão ao ciclo produtivo ou de
negócios, readquirindo novamente valor em mercados secundários pelo reuso ou pela
reciclagem de seus materiais.
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2.3. Fatores de influência na implantação das cadeias reversas.
Segundo Leite (2003) existem 3 fatores fundamentais necessários para a organização de um
canal de distribuição reverso, fatores econômicos, tecnológicos, ambientais, legislativos e
logísticos.
Dentre os fatores tecnológicos é necessário que a tecnologia esteja disponível para o
tratamento econômico dos resíduos no seu descarte, em sua captação, na separação e na
reciclagem ou processo de transformação dos resíduos em matéria-prima. Os fatores
logísticos dizem respeito à existencia de condições de organização, localização e sistemas de
transporte entre os diversos elos da cadeia de distribuição reversa: fontes primárias de
captação, centros de consolidação e adensamento de cargas dos materiais de pós-consumo,
processadores intermediários, centros de processamento de reciclagem e usuários finais desses
materiais reciclados.
Novamente de acordo com Leite (2003) os fatores ambientais são aqueles que são motivados
pela sensibilidade ecológica de qualquer agente do governo, da sociedade ou da iniciativa
privada. Iniciativas do próprio governo, pressões sociais induzindo o governo a intervenção
seletividade ecológica da sociedade no consumo de bens e preocupação e responsabilidade
ambiental das empresas poderão modificar as condições do canal reverso.
Os fatores legislativos são fatores modificadores por intervenção governamental, visando à
regulamentação, à promoção, educação e ao incentivo à melhoria do retorno dos produtos ao
ciclo produtivo, podem ser motivados como uma alternativa de redução de custos
governamentais, para a satisfação de pressões de grupos sociais ou políticos.
De acordo com Leite (2003) algumas condições são essenciais para a organização de um
canal reverso. É preciso remunerar todas as etapas da cadeia, isso deverá satisfazer
econômicamente todos os agentes em cada fase da cadeia. Os materiais reciclados deverão ter
qualidade, pois a reintegração ao ciclo produtivo deve permitir produtos com conteúdos de
reciclados economicamente aceitáveis e rendimentos industriais compatíveis nos processos.
As quantidades de reciclados devem ser suficientes e apresentar constância no tempo, de
modo que garantam atividades em escala econômica e empresarial. Também é necessário que
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haja, quatitativa e qualitativamente, mercado para os produtos fabricados com materiais
reciclados, o que refletirá na demanda desses produtos.
2.4. Lâmpadas
Segundo a Apliquim (2000) existem diversos tipos de lâmpadas para fins de iluminação. A
Figura 1 representa alguns tipos de lâmpadas utilizadas. Elas são diferenciadas em dois
grupos: a) as lâmpadas que contêm mercúrio, que são as lâmpadas fluorescentes (tubulares e
compactas) e lâmpadas de descarga (mista, vapor de mercúrio, vapor de sódio e vapor
metálico); b) e ainda as lâmpadas que não contêm mercúrio (lâmpadas incandescentes e
halogenadas/dicróicas).
Segundo a Apliquim (2000) dentre as lâmpadas que contêm mercúrio, destacam-se as
lâmpadas fluorescentes como grandes poluidoras. Existem vantagens das lâmpadas que
contêm mercúrio sobre as que não o contêm. Em relação às lâmpadas incandescentes, as
lâmpadas que contêm mercúrio têm eficiência luminosa de 3 a 6 vezes superior, têm vida útil
de 4 a 15 vezes mais longa e 80% de redução de consumo de energia. Dessa forma, elas
geram menos resíduos e reduzem o consumo de recursos naturais para a iluminação,
diminuindo dependência da termeletricidade.
2.4.1. Gestão pós-consumo das lâmpadas
Segundo Zanicheli (2005) a prática corrente de descarte de lâmpadas que predomina
amplamente é a modalidade feita diretamente no lixo. Os setores públicos e industriais são os
maiores geradores de descarte de lâmpadas tipo HID – high intensity discharge (vapor de
mercúrio, vapor de sódio, mista e multivapores metálicos) e lâmpadas fluorescentes,
respectivamente.
De acordo com Zanicheli (2005) já no ano de 2001, esse descarte passou a 80 milhões de
unidades, em virtude do plano de racionamento de energia elétrica que motivou a troca de
lâmpadas incandescentes por fluorescentes compactas mais eficientes, principalmente no setor
residencial. O foco da contaminação está localizado na Região Sudeste, que concentra 60% da
economia brasileira. Do descarte total, somente 3% têm destinação ambientalmente adequada
por meio do processo de destruição e descontaminação. Isso é feito voluntariamente por
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empresas que possuem um sistema controlado de descarte de seus resíduos e/ou por aquelas
interessadas em certificação pelas normas da série ISO 14.000.
De acordo com Zanichelli (2005) a escolha de lâmpadas que têm vantagens em termos de
economia de energia (lâmpadas de descarga) resulta na prevenção do consumo de energia
durante a sua utilização (não está considerado aqui o balanço do consumo energético
implicado em sua fabricação e pelo seu tratamento de fim de vida). É possível, assim obter-se
uma redução no consumo energético para se obter a mesma quantidade de luz (fluxo
luminoso). A estratégia de gestão dos resíduos de lâmpadas, em alguns países da Europa e nos
Estados Unidos, tem obedecido aos seguintes princípios:
- Redução da produção, em termos quantitativos e qualitativos, através da substituição
por outras fontes de iluminação que contenham menores quantidades de mercúrio e
semelhante impacto ambiental.
- Coleta seletiva, separando as lâmpadas fluorescentes das incandescentes, de modo a
prevenir a contaminação de solos e águas e riscos diretos para a saúde das pessoas
expostas ao seu manuseio;
- Valorização por reciclagem, dos materiais constituintes, sempre que técnica e
economicamente viável;
- Sujeição a tratamento prévio, podendo a sua deposição em aterro ser utilizada apenas
como último recurso.
2.4.2. Legislação sobre reciclagem de lâmpadas
O Plano Nacional Resíduos Sólidos estabelece princípios, objetivos, instrumentos, inclusive
instrumentos econômicos aplicáveis e diretrizes para a gestão integrada e gerenciamento dos
resíduos sólidos, indicando as responsabilidades dos geradores, do poder público,e dos
consumidores. Define ainda, princípios importantes como o da prevenção e precaução, do
poluidor-pagador, da ecoeficiência, da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos
produtos, do reconhecimento do resíduo como bem econômico e de valor social, do direito à
informação e ao controle social, entre outros (BRASIL, 2010b).
Podemos observar os artigos que destacam a responsabilidade compartilhada e as obrigações
na implementação da logística reversa.
De acordo com o Art. 30. É instituída a responsabilidade compartilhada. Com isso a
responsabilidade compartilhada faz dos fabricantes, importadores, distribuidores,
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comerciantes, consumidores e titulares dos serviços públicos de limpeza urbana, e de manejo
de resíduos sólidos, responsáveis pelo ciclo de vida dos produtos.Todos têm
responsabilidades: o poder público deve apresentar planos para o manejo correto dos
materiais (com adoção de processos participativos na sua elaboração e de tecnologias
apropriadas); às empresas compete o recolhimento dos produtos após o uso e, à sociedade
cabe participar dos programas de coleta seletiva (acondicionando os resíduos adequadamente
e de forma diferenciada) e incorporar mudanças de hábitos para reduzir o consumo e a
conseqüente geração (BRASIL, 2010b).
Segundo o Art. 33 do PNRS (2010). são obrigados a estruturar e implementar sistemas de
logística reversa, mediante retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, de forma
independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, os
fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de:
a) I - agrotóxicos;
b) II - pilhas e baterias;
c) III - pneus;
d) IV - óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens;
e) V - lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista;
f) VI - produtos eletroeletrônicos e seus componentes.
3. Métodos
A abrangência da pesquisa será a região do município de Ilhéus/Itabuna e entornos que se
localizam no estado da Bahia. Compreende o entorno as cidades de Itacaré, Uruçuca, Una,
Buerarema, Itajuípe, São José da Vitória, Barro Preto, Itapé e Ibicaraí todas na região sul da
Bahia. Esta região segundo o IBGE 2010 tem cerca de 500 mil habitantes.
Trata-se de uma pesquisa predominantemente descritiva. A abordagem da pesquisa é
quantitativa e qualitativa.
A pesquisa terá duas fases: a etapa de coleta de dados através de pesquisa tipo survey e a
segunda fase com a análise destes dados utilizando ferramentas estatísticas como a correlação
e regreção linear.
O survey será composto por 3 categorias diferentes, um destinado a consumidores, outro para
comerciantes de lâmpadas e por ultimo os importadores/fabricantes de lâmpadas. Serão
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enviados 500 emails/formulários com o questionário para consumidores, 60
emails/formulários para comerciantes e 5 emails/formulários para importadores e fabricantes.
4. Resultados
Com a aplicação do survey para consumidores finais obtivemos 121 questionários
respondidos dos 500 enviados por e-mail e entregues pessoalmente. Sendo que 55 foram
respondidos pelo meio eletrônico surveymonkey que é um site especializado em surveys e 66
foram respondidos in loco por meio de questionário impresso. O survey para consumidores
por meio de questionário impresso foi aplicado em locais distintos onde obtivemos um
resultado que abrangeu diversas faixas etárias, econômicas e sociais.
Com a aplicação do survey para comerciantes varejistas de lâmpadas obtivemos 16
questionários respondidos dos 60 enviados por e-mail e entregues pessoalmente através de
visita. Foi aplicado também um simples questionário para 5 empresas que importam lâmpadas
fluorescentes, a maioria da China, já que no Brasil não existe fábrica deste produto. Dessas 5
empresas importadoras de lâmpadas 3 responderam o questionário.
Consideramos um índice muito bom já que segundo BABBIE (1999), o índice médio de
respostas nesse tipo de pesquisa é de 5 %, e nesse caso o índice foi de 24,2% de
consumidores, 26,6 % do grupo dos comerciantes e 60% do grupo de importadores.
4.1. Abrangência do Survey para consumidores
Faixa etária3,31 4,13 7,44
61,16
15,70
8,26
até 18 anos
de 18 a 25 anos
26 a 35 anos
36 a 45 anos
46 a 55 anos
mais de 55
Gráfico 01: Faixa etária dos entrevistados em porcentagem. Fonte: Próprio Autor.
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Com a primeira questão do survey analisada, faixa etária dos participantes da pesquisa, foram
observadas que 3,31% dos consumidores que responderam tem a faixa de idade de até 18
anos, 61,16% tem a faixa de idade de 18 a 25 anos, 15,7% com faixa de idade de 26 a 35
anos, 8,26% com faixa de idade de 36 a 45 anos, 7,44% com faixa de idade de 46 a 55 anos e
4,13% tem a faixa de idade de mais de 55 anos.
Faixa de renda6,61
23,14
37,19
31,40
Menos de R$ 500,00
De R$ 501,00 a 1000,00
De R$ 1001,00 a 4000,00
Acima de R$ 4000,00
Gráfico 02: Faixa de renda dos entrevistados em porcentagem. Fonte: Próprio Autor.
Com a segunda questão do survey analisada, faixa de renda dos participantes da pesquisa,
foram observadas que 31,4% dos consumidores que responderam tem a faixa de renda menor
que 500 reais, 37,19% tem a faixa de renda de 501 a 1000 reais, 23,14% com faixa de renda
de 1001 a 4000 reais e 6,61% com faixa de renda acima de 4000 reais.
Escolaridade7,44
35,54
48,76
8,26
Ensino Fundamental
Ensino Médio
Superior
Pós-Graduação
Gráfico 03: Escolaridade dos entrevistados em porcentagem. Fonte: Próprio Autor.
Com a terceira questão do survey analisada, faixa de escolaridade dos participantes da
pesquisa, foram observadas que 7,44% dos consumidores que responderam, tem o nível de
ensino fundamental, 35,54% tem o nível de ensino médio, 48,76% tem o nível de ensino
superior e 8,26% tem o nível de pós-graduação. Foram considerados nos resultados o status
de “cursando” o nível atual do participante.
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4.2. Destino final da lâmpada fluorescente na região de Ilhéus-Itabuna.
Abaixo segue um fluxograma da cadeia reversa da lâmpada fluorescente descartada pelo
consumidor na região do eixo de Ilhéus-Itabuna.
Figura 1: Fluxograma da Cadeia reversa da lâmpada fluorescente descartada pelo consumidor. Fonte: Próprio
Autor.
Com a análise da oitava questão do survey destinado aos consumidores obtivemos os
seguintes resultados, 81,82 % dos consumidores de lâmpadas fluorescentes descartam o
material com defeito ou quebrado no lixo comum, 9,92% dos consumidores responderam que
devolvem o material aonde foi comprado, 4,13 % dos consumidores armazenam no próprio
domicílio e 4,13 % dos consumidores encaminham para a reciclagem. Um resultado um tanto
assustador, pois quase 82% do material que é altamente tóxico pro meio ambiente está sendo
descartado na natureza. Isso reflete a falta de conhecimento da população sobre o assunto da
reciclagem e sobre os perigos que este tipo de resíduo pode oferecer ao meio ambiente e a
saúde dos seres vivos. Entre os consumidores que descartam adequadamente o material, os
que enviam para reciclagem e devolvem para loja, 60% ao menos estão na graduação e 72%
estão acima de 35 anos. Isso demonstra que existe uma tendência das pessoas com maior nível
de escolaridade e maior idade se preocuparem mais com o meio ambiente e com a sua própria
saúde.
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Figura 2: Fluxograma da cadeia reversa a partir do comerciante. Fonte: Próprio Autor.
Já no grupo dos comerciantes observou-se que, 62,5 % dos comerciantes enviam as lâmpadas
defeituosas, quebradas e devolvidas pelos consumidores para a fábrica, 18,75 % dos
comerciantes descartam em lixo comum, 12,50 % dos comerciantes armazenam na própria
loja e 6,25% dos comerciantes enviam diretamente para industria de reciclagem. Um
resultado que também chama a atenção pois profissionais da área deveriam dar uma maior
atenção ao descarte correto deste tipo de material e não foi o caso, pois quase 30% dos
comerciantes não encaminham o material para o destino correto. Talvez haja
desconhecimento por parte desses profissionais, ou simplesmente descaso com o meio
ambiente e saúde pública.
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Figura 3: Fluxograma da cadeia reversa realizada pelas importadoras de lâmpada. Fonte: Próprio Autor.
Analisando o survey aplicado junto aos importadores de lâmpadas fluorescentes obtivemos os
seguintes resultados, 66,67% dos importadores enviam as lâmpadas defeituosas devolvidas
para a reciclagem e 33,33 % dos importadores enviam as lâmpadas para aterros
especializados. Um resultado satisfatório pois 100% do material poluente está sendo
encaminhado para seu local correto. No entanto apesar dos importadores de lâmpadas darem o
destino correto ao resíduo, as empresas não orientam os comerciantes e consumidores sobre o
perigo da exposição a este tipo de resíduo, pois a maior parte das lâmpadas não retornam as
empresas importadoras.
Figura 4: Fluxograma do resultado geral da cadeia reversa do pós-consumo das lâmpadas fluorescentes. Fonte:
Próprio Autor.
Com o fluxograma acima, podemos observar que de 100 lâmpadas descartadas pelo
consumidor final apenas 11 lâmpadas são recicladas ou direcionadas para aterro
especializado. Enquanto que 89 lâmpadas são descartadas em lixo comum ou armazenadas em
locais inadequados.
4.3. Análises de Correlação Simples e Regressão Linear
4.3.1. Faixa de Escolaridade pelo Conhecimento do perigo da Exposição
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Gráfico 04: Porcentagem dos participantes do survey que conhecem os perigos da exposição as substâncias
tóxicas da lâmpada fluorescente pela sua escolaridade. 1.Ensino Fundamental, 2. Ensino Médio, 3. Graduação, 4.
Pós-Graduação. Fonte: Próprio Autor.
Tabela 01: Quantidade de consumidores com conhecimento e sem conhecimento de acordo com o nível de
escolaridade
Nivel de
Escolaridade
Porcentagem
dos que tem
conhecimento
Porcentagem
dos que nao
tem
conhecimento
1 33 77
2 51 49
3 31 69
4 40 60
Fonte: Próprio Autor.
Calculando a correlação simples no Excel do Nivel de Escolaridade pela porcentagem dos
que tem conhecimento temos:
Correlação simples realizada no software Excel 2010 = - 0,11651 (Correlação negativa fraca)
Fazendo a correlação simples das duas variáveis Escolaridade pela quantidade em
percentagem dos que conhecem os perigos, podemos observar que a correlação é fraca, ou
seja, a escolaridade não tem muita relação com o conhecimento desses perigos de exposição.
Tanto os participantes do Ensino Fundamental quanto dos Graduados e Pós-Graduados, não
tem conhecimento desses perigos de exposição. Uma surpresa, pois a falta de conhecimento
no assunto é quase unânime. Tal fato pode ser explicado pela falta de informação passada
pelos fabricantes e falta conhecimento global do tema abordado.
Calculando a regressão linear no Excel do Nivel de Escolaridade pela porcentagem dos que
tem conhecimento temos:
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Tabela 02: Resultados da regressão linear
Inclinação (m) 0,002043
Interceptação (b) 2,420838
Correlação (r) -0,11651
R² 0,013575
Erro Padrão 1,181951762
y= 2,420838 + 0,002043x
Fonte: Próprio Autor
Assim sendo isso significa que apenas 1,357% das variações de escolaridade são explicadas
pela porcentagem da quantidade dos que conhecem os perigos da exposição, enquanto que o
restante (98,653%) não são explicadas.
4.3.2. Faixa de Renda pelo Conhecimento do perigo de Exposição
Gráfico 05 : Porcentagem dos participantes do survey que conhecem os perigos da exposição as substâncias
tóxicas da lâmpada fluorescente pela sua faixa de renda. Fonte: Próprio Autor.
Calculando a correlação simples no Excel da Faixa de Renda pela porcentagem dos que tem
conhecimento temos:
Correlação simples realizada no software Excel 2010 = 0,910936 (Correlação positiva forte)
Fazendo a correlação simples das duas variáveis Faixa de Renda pela quantidade em porcento
dos que conhecem os perigos, podemos observar que a correlação é forte, ou seja, a faixa de
renda tem muita relação com o conhecimento desses perigos de exposição. Isso demonstra
que quanto maior a faixa de renda maior o conhecimento sobre o assunto abordado.
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Calculando a regressão linear no Excel do Faixa de Renda pela porcentagem dos que tem
conhecimento temos:
Tabela 03: Resultados da regressão linear
Inclinação (m) 0,059272
Interceptação (b) -0,908129
Correlação (r) 0,910936
R² 0,862244898
Erro Padrão 0,524890659
y= -0,908129 + 0,059272x Fonte: Próprio Autor.
Assim sendo isso significa que 86,224% das variações de faixa de renda são explicadas pela
porcentagem da quantidade dos que conhecem os perigos da exposição, enquanto que o
restante (13,78%) não são explicadas.
4.3.3. Conhecimento do perigo de Exposição pelo tipo de Descarte do Consumidor
Gráfico 06 : Número dos participantes do survey que conhecem os perigos da exposição e os tipos de descarte de
cada um deles. DL= Descarte no Lixo, DC=Devolve onde Comprou, AC=Armaneza em Casa, ER= Envia para
Reciclagem Fonte: Próprio Autor.
Como podemos observar no gráfico a maioria dos participantes tanto com conhecimento tanto
sem conhecimento descartam o material no lixo. Isso demonstra que no Brasil está faltando
conscientização da população para o descarte correto dos resíduos perigosos. O descarte
correto como o envio para reciclagem e a devolução ao comerciante são alternativas viáveis
para o descarte correto, os entrevistados com conhecimento sobre o assunto foram a maioria
que responderam estas duas alternativas.
5. Conclusão
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Com a pesquisa realizada, podemos perceber que a região do eixo de Ilhéus-Itabuna na Bahia
está muito longe do ideal, quando se trata do tratamento e reciclagem das lâmpadas
fluorescentes, tanto por parte dos importadores, quanto do governo e consumidores, 89% das
lâmpadas fluorescentes defeituosas/quebradas vão para o lixo comum ou estão armazenadas
inadequadamente, enquanto que apenas 11% das lâmpadas tem o seu destino ideal que é a
reciclagem ou o encaminhamento para aterros especializados, confirmando a primeira
hipótese do trabalho. Isso se deve ao desconhecimento da população, negligência do governo
e dos fabricantes desse produto. Pelas análises realizadas o conhecimento sobre o tema está
relacionado com a escolaridade e a faixa de renda da população, quanto maior a faixa de
renda e escolaridade maior a quantidade de pessoas com conhecimento sobre o assunto,
contudo não existe uma conscientização para o tema abordado. Sendo assim seria viável uma
ação conjunta com os fabricantes(importadores), comerciantes, consumidores e governo para
realizar a logística reversa completa e adequada para os resíduos das lâmpadas fluorescentes
na região. Uma legislação coerente e fiscalização rigorosa para este tipo de descarte, além da
conscientização da população com campanhas seria o papel do governo. A disponibilização
da tecnologia necessária para a coleta e reciclagem do material para os consumidores por
parte das empresas, pesquisas de novas tecnologias podem tornar viáveis e baratear os
processos de reciclagem, tornando o processo auto sustentável e também a conscientização
por parte da população.
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