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1 2ª Fase Constitucional XXXIII Exame Direito Constitucional Profa. Dra. Caroline Müller Bitencourt Prof. Dr. Janriê Rodrigues Reck

2ª Fase Constitucional XXXIII Exame

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2ª Fase Constitucional XXXIII Exame

Direito Constitucional Profa. Dra. Caroline Müller Bitencourt Prof. Dr. Janriê Rodrigues Reck

Page 2: 2ª Fase Constitucional XXXIII Exame

2

SUMÁRIO

1 TIPOS DE ESTADO .......................................................................................................... 9

1.1 Estado Liberal ............................................................................................................... 10

1.1.1 Núcleos do liberalismo ............................................................................................. 10

1.1.2 Conquistas ................................................................................................................. 10

1.1.3 Transição do Estado liberal ao Estado social ......................................................... 10

1.2 Estado Social ................................................................................................................. 11

1.2.1 Núcleos do Estado Social .......................................................................................... 11

1.2.2 Conquistas ................................................................................................................. 11

1.2.3 Estado social no Brasil .............................................................................................. 12

1.3 Neoliberalismo .............................................................................................................. 12

2 FORMAS DE GOVERNO ................................................................................................... 12

3 SISTEMAS DE GOVERNO ............................................................................................... 13

3.1 Presidencialismo ......................................................................................................... 13

3.2 Parlamentarismo ......................................................................................................... 14

4 FORMAS DE ESTADO ..................................................................................................... 14

4.1 Principais formas ......................................................................................................... 14

5 CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES .......................................................................15

5.1 Conceito ........................................................................................................................15

5.1.1 Quanto ao conteúdo ..................................................................................................15

5.1.2 Quanto à forma ......................................................................................................... 16

5.1.3 Quanto ao modo de elaboração ............................................................................. 16

5.1.4 Quanto à origem ...................................................................................................... 16

5.1.5 Quanto à extensão (classificação apresentada por Bonavides) .......................... 16

5.1.6 Quanto à estabilidade ............................................................................................... 17

5.1.7 Elementos ................................................................................................................... 17

6 SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO ................................................................................. 17

7 PODER CONSTITUINTE .................................................................................................. 18

7.1 Conceito ....................................................................................................................... 18

7.2 Titularidade .................................................................................................................. 18

7.3 Preâmbulo .................................................................................................................... 18

7.4 Divisões ........................................................................................................................ 18

7.4.1 Poder constituinte originário .................................................................................. 18

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3

7.4.2 Poder constituinte derivado ................................................................................... 19

8 CONSTITUIÇÃO ............................................................................................................... 21

8.1 Fenômenos que envolvem uma nova constituição ................................................. 21

8.2 Estrutura da Constituição .......................................................................................... 22

8.3 Princípios fundamentais e objetivos da República: ................................................ 23

8.4 Eficácia das normas constitucionais ........................................................................ 24

8.4.1 Normas de eficácia plena ........................................................................................ 24

8.4.2 Normas constitucionais de eficácia contida ........................................................ 24

8.4.3 Normas constitucionais de eficácia limitada ........................................................ 24

9 DIREITOS FUNDAMENTAIS ........................................................................................... 25

9.1 Aspectos importantes sobre os direitos fundamentais .......................................... 25

9.2 Características dos direitos fundamentais .............................................................. 27

9.3 Eficácia ........................................................................................................................ 27

9.4 Sujeitos de direitos fundamentais ............................................................................ 27

9.5 Distinção de direitos humanos e fundamentais ...................................................... 28

9.6 Relação dos direitos fundamentais com os tratados internacionais .................... 28

9.7 Garantias dos direitos fundamentais ....................................................................... 29

9.8 Limitação dos direitos fundamentais ....................................................................... 29

10 DIREITOS FUNDAMENTAIS EM ESPÉCIE ..................................................................... 33

10.1 Direito à vida .............................................................................................................. 33

10.2 Direito à Igualdade .................................................................................................... 34

10.3 Direito à Liberdade ................................................................................................... 35

10.3.1 Liberdade de expressão ........................................................................................ 36

10.3.2 Liberdade de manifestação do pensamento ...................................................... 36

10.3.3 Liberdade de informação ...................................................................................... 37

10.3.4 Liberdade religiosa ................................................................................................ 38

10.3.5 Liberdade de profissão ......................................................................................... 41

10.3.5 Liberdade de locomoção ...................................................................................... 42

10.3.6 Liberdade de reunião ........................................................................................... 42

10.3.7 Liberdade de associação ..................................................................................... 44

10.4 Proteção à intimidade e vida privada ..................................................................... 45

10.5 Proteção do domicílio ............................................................................................. 46

10.6 Proteção ao sigilo das comunicações ................................................................... 46

10.6.1 Proteção de dados ................................................................................................. 47

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4

10.7 Proteção à propriedade ........................................................................................... 49

10.8 Propriedade imaterial ............................................................................................... 52

10.8.1 Propriedade intelectual ......................................................................................... 52

10.9 Garantias Constitucionais ........................................................................................ 53

11 DIREITOS SOCIAIS ........................................................................................................ 55

12 DIREITOS DE NACIONALIDADE .................................................................................... 56

13 DIREITOS POLÍTICOS .................................................................................................. 60

13.1 Capacidade eleitoral................................................................................................. 60

13.1.1 Capacidade eleitoral ativa ...................................................................................... 61

13.1.2 Capacidade eleitoral passiva ................................................................................. 61

13.2 Inelegibilidades ......................................................................................................... 61

13.2.1 Inelegibilidades Absolutas ..................................................................................... 61

13.2.2 Inelegibilidades Relativas ...................................................................................... 62

13.3 Perda e suspensão dos direitos políticos ............................................................... 66

13.3.1 Perda ........................................................................................................................ 66

13.3.2 Suspensão............................................................................................................... 66

14 PARTIDOS POLÍTICOS .................................................................................................. 67

15 PRINCÍPIOS .................................................................................................................... 71

15.1 Princípio da legalidade ............................................................................................... 71

15.2 Princípio da reserva legal ......................................................................................... 72

15.3 Princípio do devido processo legal ......................................................................... 72

15.4 Princípio da inadmissibilidade de provas ilícitas ................................................... 72

16 ORGANIZAÇÃO DO ESTADO FEDERAL BRASILEIRO ................................................. 73

16.1 Conceito ..................................................................................................................... 73

16.2 Composição ............................................................................................................... 74

16.3 Entes federativos ....................................................................................................... 75

16.3.1 União Federal .......................................................................................................... 75

16.3.2 Estados-Membros .................................................................................................. 76

16.3.3 Municípios .............................................................................................................. 76

16.3.4 Distrito Federal ....................................................................................................... 76

16.4 Autonomia dos estados na federação .................................................................... 77

16.5 Procedimentos para alteração de estados – membros e municípios .................. 77

16.5.1 Procedimentos para alteração de estados - membros ....................................... 78

16.5.2 Procedimentos para alteração de municípios .................................................... 79

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5

17 REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIA ................................................................................ 80

17.1 TIPOS DE COMPETÊNCIA........................................................................................... 81

17.1.1 Competência comum .............................................................................................. 81

17.1.2 Competência exclusiva .......................................................................................... 81

17.1.3 Competência privativa ........................................................................................... 81

17.1.4 Competência concorrente ..................................................................................... 82

17.2 Esquema de repartição de competências .............................................................. 82

17.2.1 Competência da União Federal ............................................................................. 82

17.2.2 Competência dos Estados - membros ................................................................. 83

17.2.3 Competência dos Municípios................................................................................ 83

17.2.4 Competência do Distrito Federal .......................................................................... 84

18 INTERVENÇÃO .............................................................................................................. 85

18.1 Conceito ..................................................................................................................... 85

18.2 Quem poderá intervir? .............................................................................................. 85

18.3 Intervenção federal ................................................................................................... 86

18.4 Intervenção estadual ................................................................................................ 88

18.5 Ação Direta Interventiva ........................................................................................... 89

19 PROCESSO LEGISLATIVO ............................................................................................ 91

19.1 Emendas constitucionais .......................................................................................... 92

19.2 Leis complementares e Leis Ordinárias .................................................................. 94

19.3 Medidas Provisórias .................................................................................................. 96

19.4 Decretos .................................................................................................................... 101

19.5 Leis Delegadas ......................................................................................................... 102

20 SEPARAÇÃO DE PODERES ........................................................................................ 104

20.1 PODER LEGISLATIVO .............................................................................................. 104

20.1.1 Conceito ................................................................................................................ 106

20.1.2 Funcionamento e estruturas internas do poder legislativo ............................. 107

20.1.3 Atribuições do legislativo .................................................................................... 110

20.1.3.1 Atribuições fiscalizatória ................................................................................... 110

20.1.3.2 Atribuições de julgamentos .............................................................................. 110

21 TRIBUNAL DE CONTAS ................................................................................................. 111

21.1 Quem será fiscalizado e em quais dimensões? ..................................................... 112

21.2 Critérios de nomeação ............................................................................................. 112

21.3 Resumo ...................................................................................................................... 113

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21.4 Competência ............................................................................................................ 113

21.5 Postura do STF após súmula ................................................................................... 115

22 IMUNIDADE PARLAMENTAR ....................................................................................... 116

22.1 Imunidade material .................................................................................................. 117

22.2 Imunidade formal ..................................................................................................... 118

22.3 Foro privilegiado ...................................................................................................... 118

23 PODER EXECUTIVO .................................................................................................... 123

23.1 Vacância ................................................................................................................... 124

23.1.1 Hipóteses de vacância ......................................................................................... 124

23.2 Funções do chefe do executivo ............................................................................. 125

23.3 Ministros e Ministérios ........................................................................................... 126

24 CRIME DE RESPONSABILIDADE ................................................................................ 126

24.1 Natureza dos crimes de responsabilidade ............................................................ 127

24.2 Fases do processo ................................................................................................... 127

24.3 Responsabilidade penal do Presidente da República .......................................... 127

24.3.1 Foro privilegiado ................................................................................................... 127

24.3.2 Quando o presidente poderá ficar suspenso de suas funções? ..................... 128

24.4 Impeachment de Prefeitos Municipais ................................................................. 128

24.5 Competência ........................................................................................................... 129

24.5.1 Competência legislativa ...................................................................................... 129

24.5.2 Competência nos casos de improbidade administrativa ................................ 130

24.6 Jurisprudência ........................................................................................................ 130

25 PODER JUDICIÁRIO .................................................................................................... 134

25.1 Órgãos do Poder Judiciário .................................................................................... 134

25.2 REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS ......................................................................... 134

25.3 Garantias da Magistratura ...................................................................................... 136

25.4 Competência dos tribunais .................................................................................... 137

26 CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA - EMENDA nº 45/2004 ................................. 138

27 FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA ........................................................................... 139

27.1 Ministério Público .................................................................................................... 139

27.1.1 Garantias institucionais e impedimentos ........................................................... 139

27.2 Advocacia Pública ................................................................................................... 140

27.3 Advocacia ................................................................................................................ 140

27.4 Defensoria Pública .................................................................................................. 140

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7

28 ORDEM ECONÔMICA E SOCIAL ............................................................................... 140

28.1 Ordem econômica e financeira ............................................................................. 140

28.2 Ordem social ........................................................................................................... 144

28.2.1 Competência ........................................................................................................ 145

29 DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS ................................ 151

30 DIREITO ADMINISTRATIVO CONSTITUCIONAL ....................................................... 153

30.1 Princípios da administração pública ..................................................................... 153

30.1.1 Princípio da legalidade ........................................................................................ 153

30.1.2 Princípio da Supremacia do interesse público ................................................. 155

30.1.3 Princípio da Publicidade ..................................................................................... 155

30.1.4 Princípio da Igualdade/isonomia ....................................................................... 156

30.1.5 Princípio da Impessoalidade ............................................................................... 157

30.1.6 Princípio da Moralidade administrativa .............................................................. 157

30.1.7 Princípio da Razoabilidade e Proporcionalidade .............................................. 158

30.1.8 Princípio da motivação ....................................................................................... 159

30.1.9 Princípio da eficiência ......................................................................................... 160

30.1.10 Princípio da Presunção de legitimidade e veracidade ................................... 160

30.2 Organização da administração pública ................................................................ 161

30.2 .1 Centralização ou descentralização ................................................................... 162

30.3 Administração pública direta ................................................................................ 162

30.3.1 O que é um órgão? .............................................................................................. 163

30.3.2 Hierarquia ............................................................................................................ 163

30.3.3 Classificação dos órgãos ................................................................................... 164

30.3.4 Competência ....................................................................................................... 164

30.3.5 Personalidade judiciária ..................................................................................... 165

30.3.6 Criação de órgãos públicos ............................................................................... 165

30.3.7 Hierarquia e competência .................................................................................. 166

30.4 Administração pública indireta............................................................................. 168

30.4.1 Entes da Administração Pública ......................................................................... 169

30.4.2 Controle administrativo das entidades da administração indireta ................. 172

30.5 Servidores públicos ................................................................................................ 172

30.5.1 Diferença entre cargo, emprego e função ......................................................... 173

30.5.2 Regime jurídico do servidor em sentido amplo ................................................ 173

30.5.3 Remuneração dos servidores ............................................................................. 174

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30.5.3.1 Teto remuneratório do serviço público .......................................................... 174

30.5.4 Processo administrativo disciplinar ................................................................... 175

30.5.5 Aposentadoria dos servidores públicos ............................................................ 175

30.6 Improbidade administrativa ................................................................................... 176

30.6.1 Elementos do ato de improbidade administrativa ............................................ 176

30.6.2 Sanções cabíveis .................................................................................................. 176

30.6.3 Procedimentos ..................................................................................................... 177

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 178

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1 TIPOS DE ESTADO São tipos de Estado e suas principais características:

LIBERAL

SOCIAL

NEOLIBERAL

Estado omisso

Estado interventivo Estado mínimo

Sociedade livre

Sociedade assistida Sociedade autônoma

Economia de mercado nacional

Intervenção estatal na economia

Economia de mercado global

A desigualdade é natural

Redução da desigualdade social

Aceitação da desigualdade

Função do Estado: segurança

Função do Estado: bem-estar social

Função do Estado: garantias mínimas

Direito natural

Direito nacional-social

Direito internacional Lex mercatória

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1.1 Estado Liberal Características do Estado liberal: → Surge a partir da revolução francesa e estadunidense; → Burguesia tomada como classe dos não-nobre e dos não-clero, e, ricos e pobres; → Revolta contra a noção de estamento e comemoração da liberdade individual; → O Estado deveria limitado, contido pelos direitos naturais. Não deveria intervir da autonomia dos cidadãos; → Papel do Estado, assim, é mínimo, pois não podendo interferir na autonomia dos cidadãos, deve apenas ater-se aos serviços principais de criação de normas mínimas para o cumprimento dos contratos, organizar os exércitos e a chancelaria, bem como oferecer segurança interna, além de órgãos capazes de julgar as contendas.

1.1.1 Núcleos do liberalismo

→ Núcleo moral: liberdade e dignidade individuais. Garantir-se-iam tais liberdades através de leis gerais e abstratas iguais para todos. Igualdade e liberdade formais; → Núcleo político-jurídico: ideia de consentimento individual para os atos de governo (voto), representação, soberania popular, constituição limitativa dos poderes do Estado; → Núcleo econômico: individualismo ou livre iniciativa ou livre mercado. Liberdade total na circulação dos fatores de produção. Laissez Faire Laisser Passez.

1.1.2 Conquistas São conquistas do Estado liberal: → Fim da escravidão em geral; → Fim dos privilégios nobiliárquicos; → Governos representativos; → Liberdades econômicas; → Maior comércio internacional; → Liberdade de imprensa; → Existiam políticas públicas sociais, mas de caráter meramente emergenciais e assistenciais. Existia também atuação do Estado na economia, porém mais tímida.

1.1.3 Transição do Estado liberal ao Estado social → Revolução industrial; → Primeiros problemas trabalhistas; → Repressão aos movimentos coletivos; → Reconhecimento dos movimentos coletivos; → Surgimento de centros urbanos; → Críticas de Marx; → Atuação de Bismarck;

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→ Progressiva atuação do Estado nas áreas social e econômica; → Constatação da insuficiência das ideias de liberdade e igualdade formais; → Primeira Guerra Mundial; → Crise de 1929; → New Deal; → Segunda Guerra Mundial; → Doutrinas sociais da Igreja (Rerum Novarum – 1891); → Revoluções socialistas Russa e Mexicana, em 1917 e 1919, respectivamente; → Constituição de Weimar, em 1919; → Utilitarismo reflexivo das elites, i.e., vão-se os anéis, ficam os dedos.

1.2 Estado Social

O Estado social, também conhecido como Estado de bem-estar social ou Welfare State, é um Estado que intervém na economia, dirigindo-a e planificando-a.

A distribuição de bens não é mais uma questão apenas de mercado, mas sim de Estado, o qual passa a ser um instrumento de busca da felicidade para toda a nação. O papel do Estado é, assim, de forte atuação, através de serviços públicos. De um Estado abstencionista, passa-se a um Estado intervencionista.

1.2.1 Núcleos do Estado Social → Núcleo moral: Apenas a não-intervenção na esfera de liberdade e a não-intervenção não garantem que isto passe a existir. São necessários serviços públicos para que as pessoas possam realmente gozar de sua liberdade. A igualdade não pode ser mais formal, mas sim material, i.e., devem existir serviços públicos que garantam a liberdade a todos. Existência de normas prestacionais, concessoras de direitos; → Núcleo político-jurídico: ideia de coletivo. Estado continua a preservar a liberdade individual, todavia, é acrescida uma preocupação social; → Núcleo econômico: intervencionismo estatal. Keynesianismo. O Poder Público é atuante na economia, regulamentado a concorrência, o regime de preços, e os direitos mínimos.

1.2.2 Conquistas São conquistas do Estado social: → Direitos trabalhistas; → Direito à educação primária; → Direitos previdenciários; → Direitos do consumidor; → Direitos da criança e do adolescente; → Direitos do idoso; → Assistência social voltada à emancipação; → Direitos da concorrência;

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→ Proteção contratual; → Igualdade material, i.e., tratamento dos desiguais como desiguais, e não como iguais. Ex.: tributos, ônus da prova, etc.

1.2.3 Estado social no Brasil → A partir da década de 1930; → Apareceu fortemente na Constituição de 1934, especialmente em se tratando de direitos dos trabalhadores; → Por que a implantação do Estado social não fora completa no Brasil? → Busca de bem-estar social sem modificação da cultura aristocrática, sem serviços públicos impessoais e, principalmente, sem democracia.

1.3 Neoliberalismo

→ Ideologia estritamente econômica, praticamente sem preocupações políticas; → Redução do papel do Estado; → Entrega dos setores antes vinculados ao Estado à iniciativa privada. Regime privado no que antes era serviços públicos; → Contenção dos gastos públicos; → Argumento de que existe alta tributação; → Fundo moral: Robert Nozick, em seu famoso Anarquia, Estado e Utopia: tirar de um para dar a outro é observar a pessoa com meio, e não como fim em si mesmo; → O processo de organização e estruturação do Estado responde pela existência de três configurações institucionais, estabelecidas como três distintos regimes jurídicos.

2 FORMAS DE GOVERNO

AS CLASSIFICAÇÕES PROPOSTAS abaixo foram extraídas da obra: SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros Editores.

Governo1 é o conjunto das funções pelas quais, no Estado, é assegurada a ordem

jurídica. É o modo pelo qual o poder se organiza e se distribui entre governantes e governados, tendo como base o nível de intervenção da população no governo. Este elemento estatal apresenta-se sob várias modalidades, quanto à sua origem, natureza e composição, do que resultam as diversas formas de governo. → Quanto à sua origem: de direito ou de fato; → Quanto ao seu desenvolvimento: legal ou despótico; → Quanto à extensão do poder: absolutista ou constitucional.

1 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 36. ed. São Paulo: Malheiros, 2013.

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→ Governo de direito: é aquele que foi constituído de conformidade com a lei fundamental do Estado, sendo, por isso, considerado como legítimo perante a consciência jurídica da nação; → Governo de fato: é aquele implantado ou mantido por via de fraude ou violência; → Governo legal: é aquele que, seja qual for a sua origem, se desenvolve em estrita conformidade com as normas vigentes de direito positivo. Subordina-se ele próprio aos preceitos jurídicos, como condição de harmonia e equilíbrio sociais; → Governo despótico: ao contrário do governo legal, é aquele que se conduz pelo arbítrio dos detentores eventuais do poder, oscilando ao sabor dos interesses e caprichos pessoais; → Governo constitucional: é aquele que se forma e se desenvolve sob a égide de uma Constituição, instituindo a divisão do poder em três órgãos distintos e assegurando a todos os cidadãos a garantia dos direitos fundamentais, expressamente declarados; → Governo absolutista: é o que concentra todos os poderes num só órgão. A classificação proposta por Aristóteles – e a opção pelo governo do meio: Monarquia Tirania Normais Aristocracia Anormais Oligarquia Democracia Demagogia

3 SISTEMAS DE GOVERNO

O sistema de governo indica a forma e o conteúdo da divisão orgânica de poder, que irá sofrer variações em conformidade com o sistema escolhido, no caso: presidencialista ou parlamentarista.

3.1 Presidencialismo

O Presidente da República acumula as funções de Chefe de Estado (pessoa jurídica de direito público externo, i. e, em relação aos Estados estrangeiros), a de Chefe de Governo e Chefe da Administração Pública (pessoa jurídica de direito público interno). Todas as funções do Presidente da República estarão descritas na Constituição a partir do art. 84 da CF.

É importante dizer que sua permanência no poder não depende da confiança do Poder Legislativo, nem mesmo para sua investidura, cumprindo mandato por tempo determinado, que, no caso brasileiro, é de 4 anos, permitida uma recondução por igual período.

Os ministros de Estado são simples auxiliares do Presidente da República que têm poder para nomeá-los e exonerá-los a qualquer tempo, chamamos de cargos ad nutum, exigindo-se apenas que sejam maiores de 21 anos, no caso brasileiro.

O eventual plano de governo, mesmo quando aprovado por lei, depende exclusivamente da coordenação do Presidente da República, que o executará ou não, apenas apresenta prestações de contas financeiras ou orçamentárias ao Poder Legislativo.

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É sistema típico das Repúblicas. O Poder Legislativo (no nosso caso, Congresso Nacional, Assembleias

Legislativas, Câmara Distrital e Câmaras de Vereadores) não está sujeito à dissolução e não é Parlamento no sentido estrito, pois seus membros (embora chamados parlamentares) são eleitos pelo povo e por um período fixo de mandato;

As relações entre o Poder Executivo e o Legislativo são mais rígidas, prevalecendo o princípio da separação de poderes independentes e autônomos, embora possam ser harmônicos.

Presidente da República e os parlamentares são eleitos democraticamente pelo sufrágio universal.

3.2 Parlamentarismo

Em grande maioria, decorre das monarquias constitucionais, como no caso europeu.

Duas são as principais figuras do Poder Executivo: um Chefe de Estado (pessoa jurídica de Direito Público Externo), normalmente exercido pelo Monarca ou pelo Presidente da República, e um Chefe de Governo exercido por um Primeiro Ministro ou Presidente do Conselho de Ministros.

O Primeiro Ministro é indicado ou mesmo nomeado pelo Presidente da República, mas sua investidura definitiva bem como sua permanência posterior no cargo, dependem da confiança da Câmara dos Deputados e às vezes até do próprio Senado.

A aprovação do Primeiro Ministro e do seu Conselho de Ministros pela Câmara de Deputados se faz pela aprovação de um plano de governo a eles apresentado, de modo que a Câmara assume a responsabilidade de governo aprovando o plano e empenhando-se pelo mesmo perante o povo.

O governo é responsável ante o Parlamento (Câmara dos Deputados), o que significa que o governo depende de seu apoio e confiança para governar, ou seja, o Parlamento é responsável perante os eleitores, de sorte que a responsabilidade política se realiza do governo para com o Parlamento e deste para com o povo. Assim, se o Parlamento retirar a confiança no governo, ele cai, exonera-se, porque não tem mandato, mas apenas investidura de confiança.

O governo é assim exercido por um corpo coletivo orgânico de modo que as medidas governamentais implicam a atividade de todos os Ministros e seus ministérios.

4 FORMAS DE ESTADO

Critério territorial, tendo como referência a existência e o conteúdo do regime de descentralização político-administrativa de cada Estado, indicando a existência de um Estado Unitário ou Federal. Parte da composição geral do Estado, a estrutura do poder, sua unidade, distribuição e competências no território do Estado. 4.1 Principais formas

ESTADO UNITÁRIO ESTADO FEDERAL

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Não possui poder constituinte decorrente, ou seja, não pode fazer uma Constituição local, podendo, apenas, fazer um Estatuto local que precisará ser aprovado por órgão central.

Possui poder decorrente, podendo, assim, elaborar sua própria Constituição sem precisar pedir autorização ao governo federal.

Não é prevista nenhuma participação específica das regiões autônomas.

Os Estados federados participam, através de seus representantes, na elaboração e revisão da Constituição Federal.

No Estado unitário, não existe qualquer segunda Câmara Parlamentar de representação das regiões autônomas ou cuja composição seja definida em função delas.

No Estado Federal, existe uma segunda Câmara Parlamentar, cuja composição é definida em função dos Estados federados (Câmara dos Deputados).

ESTADO CONFEDERAL ESTADO FEDERAL

Surgiu através de pacto, de um tratado. Surgiu por meio de uma Constituição. É uma união que permite que a qualquer momento seja quebrado o pacto e que um dos Estados se retire da Confederação.

É uma união indissolúvel dos Estados-Membros. Não há direito de secessão.

Permite ao pacto o direito de nulificação pelo qual o Estado pode opor-se às decisões do órgão central.

O Estado-Membro, por atuar nas decisões do Estado Federal através dos senadores, não admite discrepância em relação às suas decisões.

5 CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES 5.1 Conceito

Considerada sua lei fundamental, seria, então, a organização dos seus elementos essenciais: um sistema de normas jurídicas, escritas ou costumeiras, que regula a forma do Estado, a forma de seu governo, o modo de aquisição e o exercício do poder, o estabelecimento de seus órgãos, os limites de sua ação, os direitos fundamentais do homem e as respectivas garantias; em síntese, é o conjunto de normas que organiza os elementos constitutivos do Estado.

As classificações propostas a seguir foram extraídas da obra: SILVA, José Afonso.

Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros Editores.

5.1.1 Quanto ao conteúdo → Constituição material: é tida como um conjunto de normas constitucionais escritas ou costumeiras, inseridas ou não em um texto único, que regulam a estrutura do Estado, a organização de seus órgãos e os direitos fundamentais. Refere-se apenas às matérias

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essencialmente constitucionais, ou seja, aquelas que dizem respeito aos elementos constitutivos do Estado, ou seja: o povo, o território, o governo e a finalidade. → Constituição formal: é aquela contida em um documento solene estabelecido pelo poder constituinte e somente modificável por processos e formalidades especiais previstos no próprio texto constitucional. 5.1.2 Quanto à forma → Constituição escrita: é aquela sistematizada em um texto escrito, elaborado por um órgão constituinte ou imposta pelo governante, contendo, em regra, todas as normas tidas como fundamentais sobre a estrutura do Estado, a organização dos poderes constituídos, seu modo de exercício e limites de atuação e os direitos fundamentais. As Constituições formais serão sempre por escritas, pois apresentam normas constantes em um texto único. → Constituições codificadas: são aquelas que se acham contidas inteiramente num só texto, com os seus princípios e disposições sistematicamente ordenados e articulados em títulos. → Constituições legais: são formadas por textos esparsos ou fragmentados - entretanto, todos escritos. Ex.: a Constituição francesa de 1875. → Constituição não escrita (ou costumeira ou ainda consuetudinária): é a aquela cujas normas não constam de um documento único e solene, baseando-se, principalmente, nos costumes, na jurisprudência, em convenções e em textos escritos esparsos. Ex.: Constituição Inglesa. 5.1.3 Quanto ao modo de elaboração → Constituição dogmática: é a elaborada por um órgão constituinte, em que sistematiza os princípios (dogmas) fundamentais da teoria política e do direito dominantes em uma época certa. Deverá obrigatoriamente ser escrita. → Constituição histórica: produto da formação histórica, dos fatos sociopolíticos, que se cristalizam como normas fundamentais da organização de determinado Estado. Deverá obrigatoriamente ser costumeira. 5.1.4 Quanto à origem → Constituições populares (ou democráticas ou promulgadas): são aquelas que se originam de um órgão constituinte composto de representantes do povo, eleitos para o fim de as elaborar e estabelecer. Ex.: as Constituições brasileiras de 1891, 1934, 1946 e 1988. → Constituições outorgadas: são as impostas pelo governante, sem a participação popular. Ex.: Constituições brasileiras de 1824, 1937, 1967 e 1969. 5.1.5 Quanto à extensão (classificação apresentada por Bonavides)

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→ Constituição concisa ou breve: abrange apenas princípios gerais ou regras básicas de organização e funcionamento do Estado. Em regra geral, é uma Constituição material, isto porque apresenta a matéria constitucional, em sentido estrito. Ex.: Constituições americanas, francesas de 1946, as chilenas de 1833 e 1925 e a dominicana de 1947. → Constituição prolixa: traz matéria alheia ao Direito Constitucional propriamente dito e, ainda, preocupa-se em regulamentar os assuntos que tratam, deixando a legislação ordinária pouco deste papel. Ex: Constituição brasileira de 1988. 5.1.6 Quanto à estabilidade → Constituição rígida: é somente alterável mediante processos, solenidades e exigências formais especiais, diferentes e mais difíceis que os de formação das leis ordinárias ou complementares. Esse é o caso da Constituição Brasileira, pois ela só se altera mediante processo de emenda constitucional - art. 60 da CF. → Constituição flexível: é a que pode ser livremente modificada pelo legislador segundo o mesmo processo de elaboração das leis ordinárias. → Constituição semirrígida: é a que contém uma parte rígida e uma flexível. 5.1.7 Elementos

Por sua generalidade, revela em sua estrutura normativa as seguintes categorias: → Orgânicos: se apresentam nas normas que regulam a estrutura do Estado e do poder. → Limitativos: se manifestam nas normas que consubstanciam o elenco dos direitos e garantias fundamentais; limitam a ação dos poderes estatais e dão a tônica do Estado de Direito (individuais e suas garantias, de nacionalidade, políticos). → Socioideológicos: consubstanciados nas normas socioideológicas, que revelam a caráter de compromisso das constituições modernas entre o Estado individualista e o social intervencionista; → De estabilização constitucional: consagrados nas normas destinadas a assegurar a solução dos conflitos constitucionais, a defesa da constituição, do Estado e das instituições democráticas; → Formais de aplicabilidade: são os que se acham consubstanciados nas normas que estatuem regras de aplicação das constituições, assim, o preâmbulo, o dispositivo que contém as cláusulas de promulgação e as disposições transitórias, assim, as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.

6 SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO

→ Rigidez e supremacia constitucional: A rigidez decorre da maior dificuldade para sua modificação do que as demais; dela emana o princípio da supremacia da constituição, colocando-a no vértice do sistema jurídico.

→ Supremacia da Constituição Federal: por ser rígida, toda autoridade só nela encontra fundamento e só ela confere poderes e competências governamentais; exerce, suas atribuições nos termos dela; sendo que todas as normas que integram a ordenação

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jurídica nacional só serão válidas se se conformarem com as normas constitucionais federais.

Em síntese, a atual Constituição brasileira é: formal, escrita, dogmática, promulgada, rígida, analítica ou dirigente e prolixa.

7 PODER CONSTITUINTE 7.1 Conceito

Poder constituinte é a máxima expressão da soberania popular - elemento fundamental para a criação de um Estado”. Observação: o poder constituinte só é exercitado em situações muito especiais.

Pode ser considerado como o poder de elaborar ou como o poder de atualizar a Constituição mediante a criação ou o acréscimo, a supressão ou ainda a modificação de normas constitucionais. 7.2 Titularidade

Parágrafo único do art. 1º da Constituição: TÍTULO I - Dos Princípios Fundamentais: Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

7.3 Preâmbulo

Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático. 7.4 Divisões 7.4.1 Poder constituinte originário

É também conhecido como poder inicial, inaugural, cuja função é CRIAR UM ESTADO NOVO, diverso do que vigorava em decorrência da manifestação do poder constituinte que o precedeu. Subdivisão: a) Histórico, o verdadeiro poder constituinte originário, estruturado pela primeira vez;

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b) Revolucionário: seriam os posteriores ao histórico, rompendo por completo com a antiga ordem e instituindo uma nova Características: → Formal: é um ato de criação propriamente dito, e atribui roupagem constitucional a um complexo normativo; → Material: o material diz o que é constitucional, materializa e sedimente o que é uma constituição. → Inicial: inaugura uma nova ordem; → Autônomo: terão autonomia para a instituição de uma nova ordem. → Ilimitado juridicamente: não tem que se preocupar com o direito anterior; → Incondicionado e soberano: não tem que se submeter a qualquer forma prefixada de manifestação; → Poder de fato e poder político: caracterizado como uma energia, uma força social, tem sua natureza como pré-jurídica. Formas de Expressão: → Outorga: caracterizada pela expressão unilateral do agente revolucionário; → Assembleia nacional constituinte: nasce com a deliberação da representação popular.

O BRASIL NÃO ADMITE DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMAS CONSTITUIÇÕES ORIGINÁRIAS, JUSTAMENTE POR SEREM FRUTO DO PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO.

Decisão do STF:

A eficácia das regras jurídicas produzidas pelo poder constituinte (redundantemente chamado de "originário") não está sujeita a nenhuma limitação normativa, seja de ordem material, seja formal, porque provém do exercício de um poder de fato ou suprapositivo. Já as normas produzidas pelo poder reformador, essas têm sua validez e eficácia condicionadas à legitimação que recebam da ordem constitucional. Daí a necessária obediência das emendas constitucionais às chamadas cláusulas pétreas. [ADI 2.356 MC e ADI 2.362 MC, rel. p/ o ac. min. Ayres Britto, j. 25-11-2010, P, DJE de 19-5-2011.]

7.4.2 Poder constituinte derivado

É denominado como instituído, constituído, secundário ou de segundo grau;

Importante

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O poder constituinte derivado é criado e instituído pelo poder constituinte originário;

É um poder limitado; Sua atuação é condicionada pelo Poder Constituinte originário.

Subdivisão: a) Poder constituinte derivado reformador:

Tem em capacidade de modificar a Constituição, por meio de um procedimento específico;

Tem natureza jurídica, delimitado juridicamente; Suas manifestações aparecem em forma de emendas constitucionais (art. 59, I e

art. 60); O poder de reforma por meio de emendas pode em geral se manifestar a qualquer

tempo, sofrendo limites materiais, circunstanciais, formais e algumas vezes temporais. Este poder consiste em alterar pontualmente uma determinada matéria constitucional, adicionando, suprimindo, modificando alínea(s), inciso(s), artigo(s) da Constituição;

Exemplos: No art. 60 parágrafos 4º e incisos, tem-se as cláusulas pétreas; Também há impossibilidades de emendar à constituição na vigência do Estado de defesa, de sítio e intervenção federal. b) Poder constituinte derivado decorrente:

Também é derivado do originário e por ele limitado, também é jurídico e encontra seus parâmetros estabelecidos pelo originário;

Sua missão é a de estruturar as Constituições dos Estados-membros – competência que decorre da capacidade de auto-organização (característica dos sistemas federativos);

Intervém para exercer uma tarefa de caráter nitidamente constituinte, tem um caráter de complementaridade com relação à Constituição Federal;

Com relação ao âmbito de abrangência do território dos Estados-membros, o exercício do poder constituinte derivado decorrente, foi concebido às Assembleias legislativas, conforme estabelece o art. 11 dos ADCT. c) Poder constituinte derivado revisor:

Também é limitado e condicionado, tem natureza jurídica e foi criado pelo constituinte originário;

Não se trata necessariamente de um poder, mas de um processo de revisão que está limitado pelo poder originário.

O art. 3º do ADCT determinou que a revisão constitucional aconteceria após 5 anos da promulgação constitucional, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso nacional, em sessão unicameral;

A revisão poderia se dar numa única vez, não podendo passar por uma segunda produção de efeitos;

O limite material do poder de revisão é o mesmo derivado do poder constituinte reformador, qual seja, as cláusulas pétreas do art. 60, parágrafo 4º e incisos, da Constituição Federal.

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d) Poder constituinte derivado difuso (técnicas de decisão a exemplo da interpretação conforme a Constituição):

Pode ser caracterizado como um poder de fato, que se manifesta por meio das mutações constitucionais – ou seja, por meio da hermenêutica jurídica;

Se, por um lado, as mudanças implementadas pelo poder Constituinte derivado reformador significam algo real, formal, palpável por meio de emendas constitucionais, o poder constituinte difuso faz suas transformações de modo espontâneo e informal, ou seja, através de um verdadeiro poder de fato, decorrente das transformações sociais, políticas e econômicas.

O texto é o mesmo, mas o sentido que lhe é atribuído é outro. PELO FATO DE AS EMENDAS CONSTITUCIONAIS DECORREM DA ATUAÇÃO DO PODER CONSTITUINTE DERIVADO, AS EMENDAS ENCONTRAM LIMITAÇÕES FORMAIS E MATERIAIS, PORTANTO, EMENDAS CONSTITUCIONAIS PODEM SER DECLARADAS INCONSTITUCIONAIS.

8 CONSTITUIÇÃO 8.1 Fenômenos que envolvem uma nova constituição

RECEPÇÃO: é o fenômeno pelo qual se recepciona toda a legislação infraconstitucional (obviamente anterior à Constituição) que for materialmente compatível com a ordem constitucional. O BRASIL ADOTA A RECEPÇÃO MATERIAL, SENDO ASSIM, NÃO IMPORTANDO A FORMA- A ESPÉCIE NORMATIVA, mas sim SEU CONTEÚDO:

“Nesse contexto, a questão central consiste em saber quando o advento de um novo Texto Constitucional acarreta a revogação de uma norma infraconstitucional anterior. Em resposta, cumpre ter em vista que a nova ordem constitucional inaugurada sempre recebe a normatividade infraconstitucional que lhe é perfeitamente compatível, ainda que tal acolhimento possa ocorrer a partir de uma nova “roupagem normativa”, originando, pois, o fenômeno da recepção, segundo o qual a legislação infraconstitucional produzida antes da instalação de uma nova Constituição será considerada acolhida pelo novel Texto Magno, continuando, por princípio de economia e segurança legislativa, a viger no âmbito próprio de sua atuação ordinária” (REIS, Fredrie, p. .21)

REPRESTINAÇÃO: ocorre quando uma legislação infraconstitucional revogada sob

a égide da Constituição anterior é revigorada pela nova ordem constitucional. No plano constitucional no Brasil não é possível, já no plano infraconstitucional sim;

Importante!!

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“No que concerne à repristinação , ou seja, a possibilidade de restauração da eficácia da norma revogada pela perda de vigência da norma revogadora, não nos parece que o mero advento de um novo texto constitucional tenha o condão de restaurar a eficácia de lei ordinária revogada pela Constituição anterior. E por quê? Basicamente em virtude do fato de tal procedimento instilar grande insegurança nas relações jurídicas, cujos efeitos já se consolidaram, tornando, portanto, impróprio o retorno à situação antecedente. (SILVA NETO, 2009, p. 146)”.

DESCONSTITUCIONALIZAÇÃO: ocorreria quando a nova ordem constitucional

receberia a ordem anterior, mas dando-lhe status de norma infraconstitucional. Não é admitida no direito brasileiro. Obs: admite-se como excepcionalidade de a Constituição fizer de forma expressa, tal como ocorreu em relação ao art .34 do ADCT. “Fenômeno pelo qual as normas da Constituição anterior, desde que compatíveis com a nova ordem, permanecem em vigor, mas com o status de lei infraconstitucional. Ou seja, as normas da Constituição anterior são recepcionadas com o status de norma infraconstitucional pela nova ordem.” (LENZA, 2012, p. 202-203)”. 8.2 Estrutura da Constituição

Preâmbulo: Não tem força normativa – STF: em decorrência da palavra “Deus”:

Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.

Preâmbulo da Constituição: não constitui norma central. Invocação da proteção

de Deus: não se trata de norma de reprodução obrigatória na Constituição estadual, não tendo força normativa". (ADI 2.076, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 15-8-02, DJ de 8-8-03)

Normas constitucionais: 1) princípios; 2) regras (distinção de grau) (Características do Constitucionalismo pós-guerra, que inseriu os princípios com força normativa nas Constituições – destaque ao PRINCÍPIO DA DIGNIDADE HUMANA);

Corpo (títulos, capítulos, artigos, incisos, alíneas);

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Atos das Disposições Constitucionais Transitórias (alguns mantêm aplicabilidade até hoje).

8.3 Princípios fundamentais e objetivos da República:

Lembrando que princípios tem caráter deontológico, ou seja, estão no campo do dever ser, possuindo força normativa. Apesar de sua maior abstração no âmbito da interpretação e aplicação, os mesmos são também são diretamente aplicáveis. ÁVILA, 2013.

Importante também referir que o Brasil adota a ideia da força normativa das normas Constitucionais, ou seja, todas as normas gozam de alguma eficácia constitucional.

Art. 1º da CF: A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. Art. 2º da CF: São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

Art. 3º da CF: Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Art. 4º da CF: A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: I - independência nacional; II - prevalência dos direitos humanos; III - autodeterminação dos povos; IV - não-intervenção; V - igualdade entre os Estados; VI - defesa da paz;

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VII - solução pacífica dos conflitos; VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; X - concessão de asilo político. Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.

8.4 Eficácia das normas constitucionais Classificação de José Afonso da Silva obra Curso de Direito Constitucional Positivo. 8.4.1 Normas de eficácia plena

Normas constitucionais de eficácia plena e aplicabilidade direta, imediata e integral são aquelas normas da Constituição que, no momento em que esta entra em vigor, estão aptas a produzir todos os seus efeitos, independentemente de norma integrativa infraconstitucional. Como regra geral, criam órgãos ou atribuem aos entes federativos competências. Não têm a necessidade de ser integradas. Aproximam-se do que a doutrina clássica norte-americana chamou de normas autoaplicáveis.

José Afonso da Silva (Curso de direito constitucional positivo) destaca que as normas constitucionais de eficácia plena “... são as que receberam do constituinte, normatividade suficiente à sua incidência imediata. Situam-se predominantemente entre os elementos orgânicos da constituição. Não necessitam de providência normativa ulterior para sua aplicação. Criam situações subjetivas de vantagem ou de vínculo, desde logo exigíveis”. SARLET, 2013; SILVA, 2012. 8.4.2 Normas constitucionais de eficácia contida

As normas constitucionais de eficácia contida ou prospectiva têm aplicabilidade direta e imediata, mas possivelmente não integral. Embora tenham condições de, quando da promulgação da nova Constituição, produzir todos os seus efeitos, poderá a norma infraconstitucional reduzir a sua abrangência.

Ao contrário do que ocorre com as normas constitucionais de eficácia limitada, como será visto no item seguinte, em relação às quais o legislador infraconstitucional amplia o âmbito de sua eficácia e aplicabilidade, no tocante às normas constitucionais de eficácia contida, percebe-se verdadeira limitação (restrição) à eficácia e à aplicabilidade. SARLET, 2013; SILVA, 2012. 8.4.3 Normas constitucionais de eficácia limitada

São aquelas normas que, de imediato, no momento em que a Constituição é promulgada, não têm o condão de produzir todos os seus efeitos, precisando de uma lei

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integrativa infraconstitucional. São, portanto, de aplicabilidade mediata e reduzida, ou, segundo alguns autores, aplicabilidade diferida.

Nesse sentido, José Afonso da Silva, em sede conclusiva, observa que referidas normas têm, ao menos, eficácia jurídica imediata, direta e vinculante já que: a) estabelecem um dever para o legislador ordinário; b) condicionam a legislação futura, com a consequência de serem inconstitucionais as leis ou atos que as ferirem; c) informam a concepção do Estado e da sociedade e inspiram sua ordenação jurídica, mediante a atribuição de fins sociais, proteção dos valores da justiça social e revelação dos componentes do bem comum; d) constituem sentido teleológico para a interpretação, integração reaplicação das normas jurídicas; e) condicionam a atividade discricionária da Administração e do Judiciário; f) criam situações jurídicas subjetivas, de vantagem ou de desvantagem. SARLET, 2013; SILVA, 2012.

ATENÇÃO! As normas definidoras de direitos e garantias fundamentais têm aplicação direta e imediata.

As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais, de acordo com o art.

5º, § 1, da CF/88, têm aplicação imediata. Assim, podemos concluir que as normas de eficácia plena e contida possuem a referida aplicabilidade imediata, não acontecendo o mesmo com as normas de eficácia limitada, que, normalmente, precisam de lei integrativa infraconstitucional para produzir integralmente aos seus efeitos.

9 DIREITOS FUNDAMENTAIS 9.1 Aspectos importantes sobre os direitos fundamentais

As três dimensões ou gerações de direitos fundamentais (Obras: Ingo Sarlet, Paulo Bonavides, Curso de Direito Constitucional):

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1ª Dimensão

Os direitos fundamentais de primeira dimensão denominados como os direitos civis, individuais e políticos surgiram consoantes às ideias iniciais de constitucionalismo, marcado pelo ascendente crescimento do pensamento individualista característico do Estado liberal burguês. Referem-se ao direito de liberdade dos cidadãos frente ao Estado. Sua esfera de atuação é definir a área de domínio do Poder Público, e a área de domínio individual, que não deve sofrer interferência do Estado, apenas o Estado tem a função de guardião desses direitos. Por isso são denominadas liberdades negativas e exigem do Estado à abstenção, a não interferência. Ex.: direitos à vida, à liberdade, à propriedade e à igualdade perante a lei. SARLET, 2013.

2ª Dimensão

Os direitos de segunda dimensão são os econômicos, sociais e culturais. Surgiram frente ao impacto causado pela industrialização e os graves problemas econômicos e sociais que acompanharam este processo, podendo-se perceber que apenas o reconhecimento formal dos direitos de igualdade e de liberdade não é suficiente para garanti-los aos cidadãos. Para tanto, exigiu-se do Estado uma posição efetiva para minimizar os problemas sociais, daí seu caráter de dimensão positiva. Caberá ao Estado outorgar aos cidadãos prestações de cunho assistencial, propiciando saúde, educação, trabalho e outros. É a passagem das liberdades formais abstratas para as liberdades materiais concretas. Além do caráter de direitos de cunho positivo, que é sua principal característica, trata também das liberdades sociais, que envolvem a vida em sociedade, tais como: liberdade sindical, direito de greve, direitos dos trabalhadores. SARLET, 2013.

3ª Dimensão

A terceira dimensão de direitos, sob a influência das disparidades de condições entre países, nações desenvolvidas e outras subdesenvolvidas, desperta a necessidade humanitária, voltada aos rumos da humanidade como um todo, centra-se na razão da existência do ser humano, enquanto gênero, não apenas como indivíduo ou uma pequena coletividade. É uma nova preocupação concernente ao ser humano no sentido relacional, em consonância com outros seres humanos, sem barreiras físicas e econômicas. A essência desse direito está num sentimento voltado ao bem-estar universal. Obviamente, fala-se dos direitos de terceira dimensão como direitos de solidariedade, fraternidade – sua titularidade é

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indeterminada- de todos. Ex.: paz, direito das gerações futuras à proteção ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. SARLET, 2013.

9.2 Características dos direitos fundamentais → Inalienabilidade: a impossibilidade de transferência e de abdicação destes direitos, não importando se é a título gratuito ou oneroso; → Imprescritibilidade: os direitos fundamentais não se perdem, nem possuem decurso de prazo, podendo ser invocados a qualquer momento; → Irrenunciabilidade: não podem ser objeto de renúncia por parte de seu titular; inviolabilidade, não podem ser desrespeitados por autoridades públicas ou normas infraconstitucionais; → Universalidade: abrange todos os direitos dos indivíduos, sem qualquer tipo de distinção; → Efetividade: o poder público deve atuar no sentido de garantir esses direitos; interdependência, apesar de serem autônomos estão diretamente ligados para atingirem suas finalidades; → Complementaridade: não devem os direitos fundamentais ser interpretados isoladamente, eles completam-se entre si. 9.3 Eficácia EFICÁCIA IRRADIANTE (HORIZONTAL X VERTICAL) Os direitos fundamentais têm sua incidência de forma direta tanto nas relações do Estado/cidadão (vertical), bem como em relação aos particulares (horizontal), sendo que ambos estão direta e imediatamente vinculados à realização dos direitos fundamentais, mesmo que em diferentes graus de vinculação, quando reclamados frente à jurisdição na tutela destes direitos. Muito embora, o fato de se reconhecer a vinculação direta e imediata dos particulares aos direitos fundamentais não implica sua aplicação na mesma proporção nas relações privadas quanto ocorre nas relações entre Estado e cidadão (vertical), visto que os particulares são detentores do princípio da autonomia privada (e também detentores de direitos fundamentais) Trata-se de identificar contra quem os direitos fundamentais são exercidos: → ESTADO: "eficácia direta contra o Estado") - Via de regra; → TERCEIROS: outros particulares ("eficácia horizontal" ou "indireta" ou "eficácia perante terceiros, que não o Estado".

O efeito dos direitos fundamentais no âmbito privado é diverso e, sob certo

aspecto, menos energético do que aquele verificado nas relações com o Poder Público, Direito fundamental x autonomia privada. (MENDES, 2013)

9.4 Sujeitos de direitos fundamentais

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→ SUJEITO PASSIVO: Por excelência é o Estado, contudo, terceiros também poderão figurar o polo passivo (chamamos de eficácia horizontal); → SUJEITO ATIVO: A leitura literal do caput do art. 5º levaria a pensar que são titulares os BRASILEIROS e ESTRANGEIROS RESIDENTES. Contudo, cabe lembrar que, pela teoria da compatibilidade, ESTRANGEIROS NÃO RESIDENTES E PESSOA JURÍDICA podem ser titulares de direitos fundamentais, desde que compatíveis. Exemplo 1: a proteção da propriedade de uma empresa; Exemplo 2: um estrangeiro não residente poderá impetrar habeas corpus. 9.5 Distinção de direitos humanos e fundamentais Note-se que o texto constitucional atual, no seu parágrafo terceiro, diz que SOMENTE OS TRATADOS INTERNACIONAIS EM MATÉRIA DE DIREITOS HUMANOS QUE TIVEREM A VOTAÇÃO QUALIFICADA (3/5 em 2 turnos em 2 casas) TERÃO FORÇA DE EMENDA CONSTITUCIONAL – LOGO, FORÇA DE CONSTITUIÇÃO. Sendo assim, é possível dizer que há tratados internacionais em matéria de direitos humanos que não serão considerados direitos fundamentais (pois estes estão na Constituição). Ante a dogmática do texto constitucional, parece que a Constituição pretende sim adotar tal distinção que terá implicações práticas relevantes no âmbito da hierarquia e proteção dessas normas no ordenamento jurídico brasileiro. Distinção proposta na obra do prof. Ingo Wolfgang Sarlet (A eficácia dos direitos fundamentais):

A diferenciação tem consequências de ordem prática, especialmente no que diz respeito à interpretação e aplicação das normas de direitos fundamentais e/ou direitos humanos.

9.6 Relação dos direitos fundamentais com os tratados internacionais

Art. 5°, § 2°, CF 1988 diz que "Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte".

Como se vê, a Constituição, em seu art. 5°, §2°, institui um sistema constitucional aberto - não excluindo outros decorrentes dos tratados internacionais em matéria de direitos humanos. O catálogo dos direitos elencados no art. 5º é exemplificativo, não é taxativo, exaustivo, pois encontra-se direitos fundamentais esparsos na Constituição

Art. 5º, § 3º da CF: "Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais“.

Ou seja, após a EC/45 de 2004, os tratados internacionais aprovados com a votação acima, equiparam-se às normas de direitos fundamentais, justamente por ser considerados o nível de uma emenda constitucional. - Força de norma supralegal: o caso do depositário infiel

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O fato é que a Constituição, no seu art. 5º, LXVII, prevê a prisão civil em caso de inadimplemento de prestação alimentícia e em caso de depositário infiel.

A CF já dispõe, no parágrafo 2º do artigo 5º, que os direitos e garantias nela expressos “não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte”.

Nesse sentido, existe o Pacto de São José da Costa Rica que o Brasil ratificou em 1992, que não prevê a prisão civil de depositário infiel, contrariando dispositivo constitucional expresso. Após grande embates entre as teorias unista (dizendo que todo tratado quando ratificado ganhou status de emenda constitucional – que não era a corrente adotada pelo STF) e dualista (que dizia que os tratados internacionais entrariam com força de lei ordinária - ou seja, inferior a Constituição - que era até então a posição adotada pelo STF), surge a EMENDA CONSTITUCIONAL 45/2004, que acrescentou um parágrafo 3º ao artigo 5º da CF para dispor que esse status (a equiparação a dispositivo constitucional) somente será alcançado se o Congresso Nacional ratificar o respectivo tratado ou convenção, por votação em dois turnos, em duas casas do congresso, com maioria de três quintos. Contudo, como o tratado era anterior à emenda, a decisão do STF foi no sentido de considerar os tratados anteriores a 2004 com força de norma supralegal. (BONAVIDES, 2016) SÚMULA VINCULANTE DO STF N. 25 Consequência: no Brasil fica proibida a prisão civil do depositário infiel EM QUALQUER UMA DE SUAS MODALIDADES 9.7 Garantias dos direitos fundamentais

Aplicação direta e imediata OS DIREITOS FUNDAMENTAIS SÃO CLÁUSULAS PÉTREAS, NÃO PODEM SER

ABOLIDOS DA CONSTITUIÇÃO EM HIPÓTESES ALGUMA.

Art. 60, §4ºda CF I - Forma Federativa; II - Voto secreto, direto universal e periódico; III - Separação de Poderes; IV- Direitos e garantias individuais.

9.8 Limitação dos direitos fundamentais

DIREITOS FUNDAMENTAIS ESTÃO SUJEITOS A LIMITES E RESTRIÇÕES

Sempre está presente a máxima da otimização no sentido de máxima de garantia e proteção dos direitos fundamentais nos estados democráticos, mas DIREITOS FUNDAMENTAIS NÃO SÃO ABSOLUTOS, PODERÃO SOFRER RELATIVIZAÇÕES FACE AO DIREITO FUNDAMENTAL DE OUTREM.

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Limitações internas, que dizem respeito ao próprio direito, por assim dizer, nascem juntamente com o direito.

Entre muitos os exemplos a serem arrolados, pode-se citar o art. 5º, XI, XII e XIII, da Constituição Federal, que trata dos casos em que se restringe/limita direitos como a inviolabilidade do domicílio, o sigilo de correspondência, o livre exercício do trabalho (mediante a imposição de certas exceções ao exercício ilimitado destes determinados direitos).

EXEMPLO:

É livre a locomoção no território nacional, EM TEMPO DE PAZ

Todos têm direito a voto, desde que possuam a idade constitucionalmente exigida;

É livre a manifestação do pensamento, VEDADO O ANONIMATO!

ATENÇÃO! As limitações poderão aparecer de forma expressa no texto constitucional (essas chamamos de limitações expressas), ou as mesmas poderão ser dispostas em normas infraconstitucionais (chamadas de limitações não expressas): 1) por reserva legal: caso em que a Constituição autoriza a limitação a um direito fundamental. Ex.: liberdade de profissão (onde a Constituição autoriza criar limitações ao seu exercício); ou 2) cláusula geral, quando aquela conduta é considerada proibida por outras disposições legais. Ex.: a liberdade de expressão não comporta proferir incitar a violência, pois é ilícito. LOGO, NÃO HÁ DIREITO FUNDAMENTAL QUE POSSA SER INVOCADO PARA NOS PROTEGER DE ALGO ILÍCITO. Proporcionalidade Restrições de ordem externa, ou seja, espécies de “limitações” práticas que serão analisadas nos casos em concreto, pois a redução deste conteúdo de direito fundamental se realiza por força de algo que lhe é exterior ao seu próprio conteúdo, situações fáticas as quais poderão exigir certas restrições. (ÁVILA, Humberto, Teoria dos Princípios, 2013) ATENÇÃO PARA OS TRÊS PASSOS:

ADEQUAÇÃO: dever de adequação do meio - exige que no caso concreto se verifique se o fim é legítimo, se era o meio mais adequado, apto, útil e idôneo, no sentido de atingir a finalidade pretendida;

NECESSIDADE: dever de necessidade do meio - onde se exige a adoção do meio menos gravoso, que a utilização deste meio proporcionou menos

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desvantagens e afetação a um direito fundamental, seus resultados trazem menores prejuízos;

PROPORCIONALIDADE EM SENTIDO ESTRITO: que é a análise da relação custo/benefício, obtida através da análise entre o resultado obtido pelo emprego do meio eleito e a afetação desvantajosa dele decorrente aos direitos fundamentais. Ex.: a própria legítima defesa – dano moral.

POSSIBILIDADE DE RESTRIÇÃO A DIREITOS FUNDAMENTAIS DESCRITAS NA CONSTITUIÇÃO: O CASO DO ESTADO DE DEFESA E ESTADO DE SÍTIO:

ESTADO DE DEFESA ESTADO DE SÍTIO Casos legitimadores (art. 136, caput, da CF) – Preservação ou restabelecimento, em locais restritos e determinados, da ordem pública ou da paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza

Casos legitimadores (art. 136, I e II, da CF) I - comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa; II - declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira

Presidente ouve o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional (art. 136, caput, da CF)

Presidente ouve o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional (art. 137, caput, da CF)

Presidente edita diretamente decreto de estado de defesa (art. 136, caput, da CF), que tem vigência imediata; após edição Presidente submete em 24 horas, ao Congresso Nacional, o decreto para aprovação por maioria absoluta, relatando os motivos determinantes para tanto (art. 136, § 1º, da CF)

Presidente solicita autorização ao Congresso Nacional para decretar estado de sítio (art. 137, da CF), relatando os motivos determinantes para tanto; Congresso decide por maioria absoluta (art. 137, § único, da CF)

Em caso de recesso, Congresso se reúne em 5 dias (art. 136, § 5º, da CF)

Em caso de recesso, Presidente do Senado convoca o Congresso Nacional para se reunir em 5 dias (art. 138, § 2º, da CF)

Congresso decide sobre ratificação do decreto em 10 dias (art. 136, § 6º, da CF), se rejeitada cessa o estado de defesa (art. 136, § 7º, da CF)

Congresso Nacional precisa autorizar previamente, por maioria absoluta, a decretação (art. 137, § único, da CF)

Decreto determina: (i) tempo de duração; (ii) áreas abrangidas; (iii) medidas adotadas, nos termos e nos limites de uma lei ordinária (art. 136, § 1º, da CF)

Decreto indica: (i) tempo de duração; (ii) as normas necessárias a sua execução; (iii) garantias constitucionais que ficarão suspensas, e, depois de publicado, o Presidente da República designará (iv) o executor das medidas específicas e (v) as áreas abrangidas (art. 138, caput, da CF)

Medidas passíveis de adoção, "dentre outras" (art. 136, § 1º, da CF): I - restrições aos direitos de: a) reunião, ainda que exercida no seio das associações; b) sigilo de correspondência;

Medidas passíveis de adoção (art. 137, I, da CF): I - obrigação de permanência em localidade determinada; II - detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns; III - restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações, à

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c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica; II - ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na hipótese de calamidade pública, respondendo a União pelos danos e custos decorrentes

prestação de informações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei (excluída a difusão de pronunciamentos de parlamentares efetuados em suas Casas Legislativas, desde que liberada pela respectiva Mesa – art. 139, § único, da CF); IV - suspensão da liberdade de reunião; V - busca e apreensão em domicílio; VI - intervenção nas empresas de serviços públicos; VII - requisição de bens → Art. 137, II, da CF: Cabe ao próprio decreto indicar discricionariamente quais direitos serão restringidos, e como esses direitos serão restringidos

Na vigência do estado de defesa: I - a prisão por crime contra o Estado, determinada pelo executor da medida, será por este comunicada imediatamente ao juiz competente, que a relaxará, se não for legal, facultado ao preso requerer exame de corpo de delito à autoridade policial; II - a comunicação será acompanhada de declaração, pela autoridade, do estado físico e mental do detido no momento de sua autuação; III - a prisão ou detenção de qualquer pessoa não poderá ser superior a dez dias, salvo quando autorizada pelo Poder Judiciário; IV - é vedada a incomunicabilidade do preso.

Tempo de duração do estado de defesa não será superior a trinta dias, podendo ser prorrogado uma vez, por igual período, se persistirem as razões que justificaram a sua decretação (art. 136, § 2º, da CF)

O estado de sítio, no caso do art. 137, I, não poderá ser decretado por mais de trinta dias, nem prorrogado, de cada vez, por prazo superior; no caso do inciso II, poderá ser decretado por todo o tempo que perdurar a guerra ou a agressão armada estrangeira (art. 138, § 1º, da CF)

Congresso Nacional permanece funcionando enquanto vigorar o estado de defesa (art. 137, § 6º, da CF)

Congresso Nacional permanecerá em funcionamento até o término das medidas coercitivas (art. 138, § 3º, da CF)

Art. 140 da CF: A Mesa do Congresso Nacional, ouvidos os líderes partidários, designará Comissão composta de cinco de seus membros para acompanhar e fiscalizar a execução das medidas referentes ao estado de defesa (...)

Art. 140 da CF: A Mesa do Congresso Nacional, ouvidos os líderes partidários, designará Comissão composta de cinco de seus membros para acompanhar e fiscalizar a execução das medidas referentes (...) ao estado de sítio.

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Art. 141 da CF: Cessado o estado de defesa (...), cessarão também seus efeitos, sem prejuízo da responsabilidade pelos ilícitos cometidos por seus executores ou agentes. Parágrafo único. Logo que cesse o estado de defesa ou o estado de sítio, as medidas aplicadas em sua vigência serão relatadas pelo Presidente da República, em mensagem ao Congresso Nacional, com especificação e justificação das providências adotadas, com relação nominal dos atingidos e indicação das restrições aplicadas.

Art. 141 da CF: Cessado (...) o estado de sítio, cessarão também seus efeitos, sem prejuízo da responsabilidade pelos ilícitos cometidos por seus executores ou agentes. Parágrafo único. Logo que cesse o estado de defesa ou o estado de sítio, as medidas aplicadas em sua vigência serão relatadas pelo Presidente da República, em mensagem ao Congresso Nacional, com especificação e justificação das providências adotadas, com relação nominal dos atingidos e indicação das restrições aplicadas.

10 DIREITOS FUNDAMENTAIS EM ESPÉCIE 10.1 Direito à vida

É o direito à existência, o direito de estar vivo, de lutar pelo viver, engloba o direito de defender a própria vida, bem como o de permanecer vivo. Um exemplo é permitido a legítima defesa, sendo possível que em norma da defesa de sua própria vida, seja possível tirar a vida do outro.

Nesta dimensão, engloba-se o direito à integridade física e moral: isso pois o corpo constitui um bem vital que é necessário a manutenção da vida humana. Ex:. da doação de órgãos.

Vedação à tortura: Art. 5º, inciso III, da CF. OBS: Constitucionalmente, não se tem positivado quando inicia a vida humana, não há previsão expressa, muita embora a legislação ordinária incline-se para diferentes tendências. Ex.: CC direito do nascituro, CP, quando da concepção. Nem mesmo o final está previsto pela Constituição, embora seja indicada pela lei de doação de órgãos e tecidos – utilizando-se o fim da proteção jurídica do direito à vida a morte encefálica.

Proibição da pena de morte: a Constituição que dê primazia ao direito à vida

torna incongruente a aplicação da pena de morte. Observação: no entanto, a Constituição admite no caso de guerra declarada (art. 84, XIX e art. 5º, XLVII, a).

Proibição de aborto: o Código Penal assegura o direito à vida desde sua

concepção, prevendo apenas duas hipóteses em que se torna permitido: em caso de risco de vida à mãe e em caso de estupro. Na decisão do Supremo Tribunal Federal ADPF 54, admitiu-se o “aborto”, em se tratando de feto diagnosticado com Anencefalia.

Proibição da eutanásia: conhecida como homicídio piedoso, ou “morte bela”, é

não admitida no direito constitucional pátrio. Direito de viver com dignidade (sentido positivo): implica que os poderes

públicos realizem políticas públicas em detrimento e em benefício da dignidade de todos

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cidadãos. Para exemplo, tem-se as políticas públicas de saúde. Outra abordagem deste conteúdo pode ser dada referindo-se a proibição à tortura, que traz um dispositivo próprio na Constituição.

ATENÇÃO: Integridade física e uso de algemas SÚMULA VINCULANTE 11 Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado. 10.2 Direito à Igualdade CONSTITUIÇÃO DE 1988: MATERIAL X FORMAL Art. 5º, I – Homens e mulheres são iguais perante a lei em direitos e obrigações.” “nos termos desta Constituição” – pois, em certos casos, será admitida uma diferenciação em face das condições materiais diferenciadas – reconhecendo uma história de desigualdade e as condições físicas diferenciadas. Ex.: licença maternidade (art. 7º, VIII, da CF); aposentadoria (art. 40, parágrafo 1º, I, a e b + art. 201, parágrafo 7º, ambos da CF); dispensa do serviço militar para as mulheres em tempos de paz.

Cabem outras diferenças decorrentes de normas infraconstitucionais? Lei nº 9.029/95 proibindo atestados de gravidez para fins de admissão no emprego; Lei nº 10.714/2003 – telefone para denúncia; Lei Maria da Penha, cotas sociais e raciais, prazo para aposentadoria, etc.

Questão da distinção de idade, peso, altura para concursos públicos: Regra geral: é inconstitucional a limitação de idade, pois fere o princípio da isonomia. Exceção: quando a natureza da atividade exigir. SÚMULA 683 do STF: limite de idade só se justifica quando em razão da natureza da atividade” e deverá atender CRITÉRIOS DA PROPORCIONALIDADE para justificar em razão da atividade. Ex.: provas de títulos, exigência de escolaridade, altura mínima em concursos de segurança pública, etc. TESE IMPORTANTE DE REPERCUSSÃO GERAL DO STF; ‘Inexiste direito dos candidatos em concurso público à prova de segunda chamada nos testes de aptidão física, salvo contrária disposição editalícia, em razão de circunstâncias pessoais, ainda que de caráter fisiológico ou de força maior, mantida a validade das provas de segunda chamada realizadas até 15/5/2013, em nome da segurança jurídica.’ RE 837311 O surgimento de novas vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo, durante o prazo de validade do certame anterior, não gera automaticamente o direito à nomeação dos candidatos aprovados fora das vagas previstas no edital, ressalvadas as hipóteses de preterição arbitrária e imotivada por parte da administração, caracterizada por comportamento tácito ou expresso do Poder

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Público capaz de revelar a inequívoca necessidade de nomeação do aprovado durante o período de validade do certame, a ser demonstrada de forma cabal pelo candidato. Assim, o direito subjetivo à nomeação do candidato aprovado em concurso público exsurge nas seguintes hipóteses: I Quando a aprovação ocorrer dentro do número de vagas dentro do edital; II Quando houver preterição na nomeação por não observância da ordem de classificação; III Quando surgirem novas vagas, ou for aberto novo concurso durante a validade do certame anterior, e ocorrer a preterição de candidatos de forma arbitrária e imotivada por parte da administração nos termos acima. SÚMULA VINCULANTE 44 Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público. É possível dizer que a Constituição de 1988 admite

desigualdades conhecidas como positivas, ou seja, tratar de forma desigual os desiguais com intuito de promover a igualdades. É vedado tratamento meramente discriminatórios, com intuito de propagar a desigualdade. Em vista de tais questões, o Brasil atua com a promoção de políticas públicas, trata de ações afirmativas e discute tais questões no âmbito da justiça distributiva. Ex.: ADPF 186 (sobre a constitucionalidade de cotas raciais no ingresso ao ensino superior no brasil foi considerada constitucional!

DECISÃO DO STF IMPORTANTE SOB A ÓTICA DA IGUALDADE FOI A QUESTÃO DOS TRANSGÊNERO – STF RE- RE 670422 O transgênero tem direito fundamental subjetivo à alteração de seu prenome e de sua classificação de gênero no registro civil, não se exigindo, para tanto, nada além da manifestação de vontade do indivíduo, o qual poderá exercer tal faculdade tanto pela via judicial como diretamente pela via administrativa; II) Essa alteração deve ser averbada à margem do assento de nascimento, vedada a inclusão do termo 'transgênero'; III) Nas certidões do registro não constará nenhuma observação sobre a origem do ato, vedada a expedição de certidão de inteiro teor, salvo a requerimento do próprio interessado ou por determinação judicial; IV) Efetuando-se o procedimento pela via judicial, caberá ao magistrado determinar de ofício ou a requerimento do interessado a expedição de mandados específicos para a alteração dos demais registros nos órgãos públicos ou privados pertinentes, os quais deverão preservar o sigilo sobre a origem dos atos. 10.3 Direito à Liberdade

DICA

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10.3.1 Liberdade de expressão Engloba tanto a manifestação do pensamento (art. 5º, incisos IV, da CF) quanto o direito à informação (art. 5º, inciso XIV c/c art. 220 – comunicação social, ambos da CF). Inclui faculdades diversas: comunicação do pensamento, ideias, informações, expressões não verbais.

Artigo 5ºda CF IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

Direito de Resposta: possibilidade de retrucar a ofensa veiculada na mídia

Artigo 5ºda CF V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;

É o Direito de reação ao uso indevido da mídia que visa à proteção da imagem e

da honra do ofendido no exercício indevido do direito de liberdade de expressão. 10.3.2 Liberdade de manifestação do pensamento Formas de expressão: A liberdade de opinião exterioriza-se pelo exercício das liberdades como: comunicação, de religião, de expressão intelectual, artística, científica e cultural. Art. 5º, IV: É livre a manifestação do pensamento, vedado o anonimato. Quanto a vedação do anonimato, nestes termos, refere-se a manifestação do pensamento entre locutores presentes, como de uma pessoa a outra (conversa, diálogo) ou de uma pessoa para com as outras (palestras, conferências, discursos). "Anonimato — Notícia de prática criminosa — Persecução criminal — Impropriedade. Não serve à persecução criminal notícia de prática criminosa sem identificação da autoria, consideradas a vedação constitucional do anonimato e a necessidade de haver parâmetros próprios à responsabilidade, nos campos cível e penal, de quem a implemente." (HC 84.827, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 7-8-07, DJ de 23-11-07) INFORMATIVO DO STF 922 – LIBERDADE DE EXPRESSÃO E AS UNIVERSIDADADES INCONSTITUCIONAIS OS ATOS que violam a CF/88 os atos de busca e apreensão de materiais de cunho eleitoral e a suspensão de atividades de divulgação de ideias em universidades públicas e privadas. • o ingresso de agentes públicos em universidades públicas e privadas; • o recolhimento de documentos (ex: panfletos); • a interrupção de aulas, debates ou manifestações de docentes e discentes universitários; • a realização de atividade disciplinar docente e discente e a coleta irregular de depoimentos desses cidadãos pela prática de manifestação livre de ideias e divulgação

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do pensamento nos ambientes universitários ou em equipamentos sob a administração de universidades públicas e privadas. STF. Plenário. ADPF 548 MC-Ref/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 31/10/2018 10.3.3 Liberdade de informação Comporta direito de se informar e ser informado.

Artigo 5º da CF: (...) XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional; XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;

Direito de passar informação: É o teor do caput do art. 220 da CF, no qual se

admite que, por qualquer forma, processo ou veiculação, a informação não sofrerá qualquer espécie de restrição, observado o disposto nesta Constituição (art. 220 e parágrafos e art. 221), vedada qualquer forma de censura de caráter político, ideológico e artístico.

Direito de se informar: é uma limitação estatal em frente à esfera individual, que permite ao sujeito pesquisar, buscar informações de seu interesse, salvo art. 5° XXXIII, da CF (matérias sigilosas) e art. 5º, XIV, da CF (profissionais de informação quanto ao sigilo das fontes). Observação: em se tratando de informação relativa ao próprio sujeito quanto a informações em cadastros públicos, banco de dados ou outra de caráter público, a CF em seu art. 5º, LXXII, a garantia do remédio constitucional do habeas data.

Direito de ser informado: enquanto forma de direito de receber informação, só pode ser investido, reivindicado, diante quando simultaneamente atribui a outrem o DEVER de informar, que em termos na CF, atribui-se apenas ao Poder Público, conforme art. 5º, XXXIII, e art. 37, caput. LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO - nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 A transparência está associada à divulgação de informações que permitam que sejam averiguadas as ações dos gestores e a consequente responsabilização por seus atos. Na definição de transparência, são identificadas características em relação à informação completa, objetiva, confiável e de qualidade, ao acesso, à compreensão e aos canais totalmente abertos de comunicação. Engloba os seguintes atributos: acesso, abrangência, relevância, qualidade e confiabilidade. Regra: acesso à informação. Exceção: possibilidade de sigilo em caso de segurança do Estado e interesse público ou casos que se justifiquem em decorrência da preservação da privacidade intimidade (segredo de justiça);

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Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei: I - os órgãos públicos integrantes da administração direta dos Poderes Executivo, Legislativo, incluindo as Cortes de Contas, e Judiciário e do Ministério Público; II - as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios.

Art. 2o da Lei nº 12.527/11: Aplicam-se as disposições desta Lei, no que couber, às entidades privadas sem fins lucrativos que recebam, para realização de ações de interesse público, recursos públicos diretamente do orçamento ou mediante subvenções sociais, contrato de gestão, termo de parceria, convênios, acordo, ajustes ou outros instrumentos congêneres. Art. 24 da Lei nº 12.527/11: A informação em poder dos órgãos e entidades públicas, observado o seu teor e em razão de sua imprescindibilidade à segurança da sociedade ou do Estado, poderá ser classificada como ultrassecreta, secreta ou reservada. § 1o Os prazos máximos de restrição de acesso à informação, conforme a classificação prevista no caput, vigoram a partir da data de sua produção e são os seguintes: I - ultrassecreta: 25 (vinte e cinco) anos; II - secreta: 15 (quinze) anos; e III - reservada: 5 (cinco) anos.

PARLAMENTAR E A CONDIÇÃO DE ACESSO Á INFORMAÇÃO DECISÃO DO STF: Atividade parlamentar e o direito à informação. O Plenário deu provimento a recurso extraordinário e fixou a seguinte tese de repercussão geral (Tema 832): "O parlamentar, na condição de cidadão, pode exercer plenamente seu direito fundamental de acesso a informações de interesse pessoal ou coletivo, nos termos do art. 5º, inciso XXXIII, da Constituição Federal e das normas de regência desse direito". O Tribunal entendeu que o parlamentar, na qualidade de cidadão, não pode ter cerceado o exercício do seu direito de acesso, via requerimento administrativo ou judicial, a documentos e informações sobre a gestão pública, desde que não estejam, excepcionalmente, sob regime de sigilo ou sujeitos à aprovação de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). O fato de as casas legislativas, em determinadas situações, agirem de forma colegiada, por intermédio de seus órgãos, não afasta, tampouco restringe, os direitos inerentes ao parlamentar como indivíduo. RE 865401/MG, rel. Min. Dias Toffoli, julgamento em 25.4.2018. (RE-865401) Parte 1: Parte 1: (Informativo 899) 10.3.4 Liberdade religiosa SIGNIFICADO DE ESTADO LAICO: “Estado separado da religião” – não possui uma religião oficial.

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Art. 5º da CF: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva; VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

ESCUSA DE CONSCIÊNCIA: aquele que alegar afronta a convicção religiosa para não prestar serviço militar receberá uma prestação alternativa - em caso de não cumprimento tem como punição a perda dos direitos políticos.

Art. 33 da Lei n° 9.394/96 O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo. § 1º Os sistemas de ensino regulamentarão os procedimentos para a definição dos conteúdos do ensino religioso e estabelecerão as normas para a habilitação e admissão dos professores. § 2º Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, constituída pelas diferentes denominações religiosas, para a definição dos conteúdos do ensino religioso.

Nº 13.796, de 3 de janeiro de 2019. Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), para fixar, em virtude de escusa de consciência, prestações alternativas à aplicação de provas e à frequência a aulas realizadas em dia de guarda religiosa. Art. 1º 1º A Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), passa a vigorar acrescida do seguinte art. 7º-A:

Art. 7º-A Ao aluno regularmente matriculado em instituição de ensino pública ou privada, de qualquer nível, é assegurado, no exercício da liberdade de consciência e de crença, o direito de, mediante prévio e motivado requerimento, ausentar-se de prova ou de aula marcada para dia em que, segundo os preceitos de sua religião, seja vedado o exercício de tais atividades, devendo-se-lhe atribuir, a critério da instituição e sem custos para o aluno, uma

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das seguintes prestações alternativas, nos termos do inciso VIII do caput do art. 5º da Constituição Federal: I - prova ou aula de reposição, conforme o caso, a ser realizada em data alternativa, no turno de estudo do aluno ou em outro horário agendado com sua anuência expressa; II - trabalho escrito ou outra modalidade de atividade de pesquisa, com tema, objetivo e data de entrega definidos pela instituição de ensino. § 1º A prestação alternativa deverá observar os parâmetros curriculares e o plano de aula do dia da ausência do aluno. § 2º O cumprimento das formas de prestação alternativa de que trata este artigo substituirá a obrigação original para todos os efeitos, inclusive regularização do registro de frequência. § 3º As instituições de ensino implementarão progressivamente, no prazo de 2 (dois) anos, as providências e adaptações necessárias à adequação de seu funcionamento às medidas previstas neste artigo. (Vide Lei nº 13.796, de 2019) § 4º O disposto neste artigo não se aplica ao ensino militar a que se refere o art. 83 desta Lei."

PROSELITISMO: POSSIBILIDADE DE TRANSMISSÃO DE CONTEÚDO EM EMISSORAS DE RADIOFUSÃO DE CONTEÚDO RELIGIOSO – PREVALÊNCIA DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO. ADI: proselitismo e liberdade de expressão. O Plenário, por maioria, julgou procedente pedido formulado em ação direta para declarar a inconstitucionalidade do § 1º (1) do art. 4º da Lei 9.612/1998. O dispositivo proíbe, no âmbito da programação das emissoras de radiodifusão comunitária, a prática de proselitismo, ou seja, a transmissão de conteúdo tendente a converter pessoas a uma doutrina, sistema, religião, seita ou ideologia. Prevaleceu o entendimento do ministro Edson Fachin no sentido de que a norma impugnada afronta os artigos 5º, IV, VI e IX (2), e 220 (3), da Constituição Federal (CF). (...)simplesmente inviável se fosse impedido o discurso que se denomina proselitista. Dessa forma, a liberdade de pensamento inclui o discurso persuasivo, o uso de argumentos críticos, o consenso e o debate público informado e pressupõe a livre troca de ideias e não apenas a divulgação de informações. Sacrifício de animais em rituais – STF MANIFESTOU-SE PELA CONSTITUCIONALIDADE MATERIAL E FORMAL DE LEIS ESTADUAIS QUE GARANTAM O EXERCÍCIO DE LIBERDADE RELIGIOSA

É constitucional a lei de proteção animal que, a fim de resguardar a liberdade religiosa, permite o sacrifício ritual de animais em cultos de religiões de matriz africana. Com base nessa orientação, o Plenário, por maioria, negou provimento a recurso extraordinário em que discutida a

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constitucionalidade da Lei estadual 12.131/2004, que acrescentou o parágrafo único (1) ao art. 2º da Lei 11.915/2003 do estado do Rio Grande do Sul (Código Estadual de Proteção aos Animais). Informativo STF 935, de 03/2019. Sob o prisma formal, improcede a alegação de inconstitucionalidade ao argumento de a legislação versar sobre matéria penal. O ato normativo impugnado acrescentou ao código estadual situação de exclusão de responsabilidade administrativa na hipótese de abate de animais em cultos religiosos, que em nada se relaciona com a excludente de ilicitude penal. O caráter penal da legislação, por sua vez, exigiria a definição de fatos puníveis e suas respectivas sanções. O mencionado código estabelece regras de proteção à fauna, define conceitos e afasta a prática de determinadas condutas. Inexiste, portanto, descrição de infrações, tampouco de penas a serem impostas. Dessa forma, a natureza do diploma não é penal, mostrando-se impróprio falar em usurpação de competência da União. Igualmente não se pode considerar ofensa à competência da União para editar normas gerais de proteção do meio ambiente, sobretudo ante o silêncio da legislação federal acerca do sacrifício de animais com finalidade religiosa. Os dispositivos apontados pelo recorrente (arts. 29 e 37 (2) da Lei 9.605/1988) cuidam tão somente do abate de animais silvestres, sem abranger os domésticos, utilizados nos rituais. A laicidade do Estado veda o menosprezo ou a supressão de rituais, principalmente no tocante a religiões minoritárias ou revestidas de profundo sentido histórico e social. A CF promete uma sociedade livre de preconceitos, entre os quais o religioso. A cultura afro-brasileira merece maior atenção do Estado, por conta de sua estigmatização, fruto de preconceito estrutural.

10.3.5 Liberdade de profissão O art. 5º, XIII, da CF: “é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”. Note-se que essa é uma norma de eficácia contida, ou seja, não havendo regulamentação é possível o exercício pleno da profissão. Contudo, a Constituição previu através da chamada reserva legal, que norma infraconstitucional poderá trazer exigências ao exercício da profissão. MUITO IMPORTANTE; certamente que tais exigências devem ser absolutamente proporcionais, ou seja, compatíveis com as necessidades oriundas da profissão.

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Exemplo prático é a exigência do bacharel em direito prestar a prova da OAB para, uma vez aprovado, estar habilitado ao exercício da profissão. Lei nº 8.906/1994, que dispõe sobre o Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil (art. 8º, IV). O dispositivo da lei já foi julgado constitucional pelo Supremo Tribunal Federal. Contudo, posição contrário foi a do STF quando declarou inconstitucional a exigência de diploma em curso superior para exercício da profissão de jornalista, por considerar incompatível com o cerne da profissão, ou seja, liberdade de expressão. O STF também entendeu não ser exigível a inscrição em conselho de fiscalização como condição para o exercício da profissão de músico. 10.3.5 Liberdade de locomoção Art. 5º, XV, da CF – “é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;” Direito de locomoção em tempos de paz: → Ingressar no território nacional; → Estar no território nacional; → Permanecer no território nacional; → Deslocar-se no território nacional. Observação: vale igualmente para os estrangeiros, no entanto, deve-se observar legislação específica, que é o caso da exigência do visto. O visto não é um direito subjetivo, é liberdade estatal (pois embora possa preencher todos os requisitos para o recebimento do visto documentação e exigência, o Estado não é obrigado a concedê-lo). Outras possibilidades de restrição constitucional à liberdade de locomoção: → Estado de defesa art. 136 da CF; → Estado de Sítio art. 137 da CF; → Estado de Guerra declarada art. 137 da CF. 10.3.6 Liberdade de reunião Art. 5º, inciso XVI, da CF: “todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente”.

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Este é um direito, notadamente marcado pelo repúdio ao Regime militar, anos de repressão a direitos, especialmente, liberdades. O foco principal é a garantia da MANIFESTAÇÃO COLETIVA DO PENSAMENTO. Requisitos essenciais para a “liberdade de reunião”: → Ser pacífica; → Sem armas; → Não frustrar outra reunião agendada; → Locais abertos ao público; → Prévia comunicação das autoridades competentes; → Fim lícito e determinado.

DECISÃO DO STF SOBRE A COMUNICAÇÃO DAS AUTORIDADES EM RELAÇÃO A

LIBERDADE DE REUNIÃO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM REPERCUSSÃO GERAL. DIREITO CONSTITUCIONAL.

DIREITO DE MANIFESTAÇÃO. DIREITO DE REUNIÃO E DE EXPRESSÃO. AVISO PRÉVIO. DESNECESSIDADE. PROVIMENTO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO.

1. Em uma sociedade democrática, o espaço público não é apenas um lugar de circulação, mas também de participação. Há um custo módico na convivência democrática e é em relação a ele que eventual restrição a tão relevante direito deve ser estimada.

2. O aviso ou notificação prévia visa permitir que o poder público zele para que o exercício do direito de reunião se dê de forma pacífica e que não frustre outra reunião no mesmo local. Para que seja viabilizado, basta que a notificação seja efetiva, isto é, que permita ao poder público realizar a segurança da manifestação ou reunião.

3. Manifestações espontâneas não estão proibidas nem pelo texto constitucional, nem pelos tratados de direitos humanos. A inexistência de notificação não torna ipso facto ilegal a reunião.

4. A notificação não precisa ser pessoal ou registrada, porque implica reconhecer como necessária uma organização que a própria Constituição não exigiu.

5. As manifestações pacíficas gozam de presunção de legalidade, vale dizer, caso não seja possível a notificação, os organizadores não devem ser punidos por sanções criminais ou administrativas que resultem multa ou prisão.

6. Tese fixada: A exigência constitucional de aviso prévio relativamente ao direito de reunião é satisfeita com a veiculação de informação que permita ao poder público zelar para que seu exercício se dê de forma pacífica ou para que não frustre outra reunião no mesmo local.

ATENÇÃO! Não confundir liberdade de reunião com liberdade de associação.

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10.3.7 Liberdade de associação Art. 5º, XVII, da CF - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar; XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de Cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento; Vale tanto para associações como para cooperativas. O art. 5º, XIX, da CF– trata do encerramento e suspensão das atividades das associações: → Suspensão: é temporária, provisória; → Dissolução é definitiva e só OCORRE APÓS O TRÂNSITO EM JULGADO DE SENTENÇA JUDICIAL QUE DECRETAR A DISSOLUÇÃO. Regra geral: é a garantia de permanência e funcionamento até a desconstituição por seus associados. Exceção: decisão judicial, é a única, exclusiva forma que pode mandar impedir, mandar fechar, encerrar as atividades (não cabe processo administrativo). O art. 5º, XXI, da CF: Direito de representação da associação: as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;” STF: "A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em favor dos associados independe da autorização destes." (SÚM. 629) → Judicial; → Extrajudicial; → Autorização deve ser expressa; → Procuração; → Decisão em assembleia; → Conformidade com o estatuto. ATENÇÃO: cuidado com a finalidade da representação – a representação somente autoriza fazer aquilo que tiver relação com aquilo que se propõe a associação. SÚMULA VINCULANTE 40 A contribuição confederativa de que trata o art. 8º, IV, da Constituição Federal, só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo. NÃO OBRIGATORIEDADE DA CONTRIBUIÇÃO SINDICAL. CONSTITUCIONAL NA REFORMA TRABALHISTA:

Direitos e garantias fundamentais Reforma trabalhista e contribuição sindical São compatíveis com a Constituição Federal (CF) os dispositivos da Lei 13.467/2017 (Reforma Trabalhista) que

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extinguiram a obrigatoriedade da contribuição sindical e condicionaram o seu pagamento à prévia e expressa autorização dos filiados. Com base nesse entendimento, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), por maioria, julgou improcedentes os pedidos formulados em ações diretas de inconstitucionalidade, e procedente o pedido apresentado em ação declaratória de constitucionalidade, para reconhecer a constitucionalidade do art. 1º da Lei 13.467/2017, que alterou a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). No âmbito formal, o STF entendeu que a Lei 13.467/2017 não contempla normas gerais de direito tributário [CF, art. 146, III, "a" (1)], dispensada a edição de lei complementar para tratar sobre matéria relativa a contribuições. Também não se aplica ao caso a exigência de lei específica prevista no art. 150, § 6º (2), da CF, pois a norma impugnada não disciplinou nenhum dos benefícios fiscais nele mencionados, quais sejam, subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão. Sob o ângulo material, o Tribunal asseverou que a Constituição assegura a livre associação profissional ou sindical, de modo que ninguém é obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato [CF, art. 8º, V (3)]. O princípio constitucional da liberdade sindical garante tanto ao trabalhador quanto ao empregador a liberdade de se associar a uma organização sindical, passando a contribuir voluntariamente com essa representação. Ressaltou que a contribuição sindical não foi constitucionalizada no texto magno. Ao contrário, não há qualquer comando ao legislador infraconstitucional que determine a sua compulsoriedade. A Constituição não criou, vetou ou obrigou a sua instituição legal.

10.4 Proteção à intimidade e vida privada Artigo 5°, inciso X, da CF: são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. Conceito e conteúdo: A Constituição declara invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas (art. 5º, X); portanto, erigiu, expressamente, esses valores humanos à condição de direito individual, considerando-o um direito conexo ao da vida. A tutela constitucional visa proteger as pessoas de 2 atentados particulares: 1) ao segredo da vida privada; 2) à liberdade da vida privada.

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Observação: A privacidade está relacionada com a vida privada em sentido amplo e, portanto, com todas as relações pessoais, tanto aquelas de caráter íntimo como aquelas de cunho profissional, comercial, entre outras. Segundo J. J. Canotilho, o direito à privacidade é composto por dois sub-direitos: 1) Direito a impedir o acesso de estranhos a informações sobre a vida privada e familiar; 2) Direito a que ninguém divulgue as informações que tenha sobre a vida privada e familiar de outrem. Assim, outros direitos fundamentais funcionam como garantias do direito à privacidade: → A inviolabilidade do sigilo de correspondência; → A inviolabilidade do lar e local de trabalho; → A proteção dos dados pessoais. Quebra de sigilo e divulgação em site oficial. Os dados obtidos por meio da quebra dos sigilos bancário, telefônico e fiscal devem ser mantidos sob reserva. Com base nesse entendimento, o Plenário concedeu mandado de segurança para determinar ao Senado Federal que retire de sua página na Internet os dados obtidos por meio da quebra de sigilo determinada por comissão parlamentar de inquérito (CPI). MS 25940, rel. Min. Marco Aurélio, (Informativo 899) 10.5 Proteção do domicílio Artigo 5°, inciso XI, da CF: A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;

Casa para fins constitucionais possui um conceito extremamente amplo, incluindo locais provisórios, como quartos de hotéis, casas de praia, etc, bem como o local de trabalho.

Conceito de dia: STF das 6 horas às 18 horas: o não cumprimento gera prova ilícita – devido ao princípio da proporcionalidade do STF já se aceitaram relativizações acerca do horário.

A prova coletada sem o respeito à proteção do domicílio, por violar a intimidade ou privacidade, constitui prova ilícita! 10.6 Proteção ao sigilo das comunicações Art. 5º, inciso XII, da CF: É inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; Engloba a proteção de todo o tipo de comunicação, reservado o seu direito de não ser violado, com exceção de determinação judicial. → Telefônico;

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→ Telégrafos: Entende o e-mail por analogia. A polêmica reside mais no fato dos e-mails institucionais, destinados ao trabalho. → Dados; → Correspondência. Quebra do sigilo telefônico será sempre utilizada como última medida. A Lei nº 9.296/96 regulamenta e diz que somente é permitido em processos penais: → SÓ SERÁ PERMITIDO NOS CRIMES PUNIDOS COM PENA DE RECLUSÃO; → fortes indícios de autoria (para reforçar a prova); → quando houver insuficiência de provas para a comprovação da autoria. Quem poderá pedir a quebra de sigilo telefônico ao Juiz competente? → Autoridade policial do inquérito; → MP em inquérito e processo penal; → Art. 58, parágrafo 3º, da CF tem entendimento que a CPI poderia pedir;

Quem determina é o juiz competente que também pode fazer de ofício, somente se o processo estiver em andamento. PRAZO: O prazo legal é de 15 dias - prorrogáveis por + 15 dias. Em casos extraordinários. a jurisprudência tem entendido e admitido a extensão do prazo. Atualmente este tema é matéria de repercussão geral no STF. Ressalta-se que há, na própria Constituição, a previsão de permissão de restrição da garantia de sigilo das comunicações telefônicas, telegráficas e da correspondência, em caso de Estado de Defesa e Estado de Sítio, nos arts. 136, §1º, I, c, e 139, III, ambos da CF. 10.6.1 Proteção de dados A proteção de dados encontra respaldo Constitucional nos artigos art. 5º, incisos X, XI, XII e LXXII e foi regulamentada pela Lei n. 13.709/2018 O conceito de dado pessoal pode ser extraído da própria Lei, como sendo a “informação relacionada a pessoa natural identificada ou identificável”. Ou seja, tudo que puder ajudar a identificar uma pessoa pode ser considerado dado pessoal. São exemplos de dados pessoais: CPF, Identidade, endereço, fotografias, documentos, gravações tanto de aúdio quanto de vídeo, emails, contas e extratos, dentro outros. Atenção, não se protege apenas o dado mas também a sua forma de utilização, a transferência ou mesmo a manipulação e compartilhamento, sendo que, o compartilhamento entre duas ou mais empresas somente pode ser feito mediante expressa autorização do titular dos dados.

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Tratamento de dados: toda empresa privada ou repartição pública que detenha informações pessoais, incluindo a coleta, classificação, reprodução, transmissão e armazenamento está sujeita as obrigações e sanções previstas na LGPD. DESTAQUE AS SEGUINTES NOMENCLATURAS DO ART 5º da LGPD: Para os fins desta Lei, considera-se: I - dado pessoal: informação relacionada a pessoa natural identificada ou identificável; II - dado pessoal sensível: dado pessoal sobre origem racial ou étnica, convicção religiosa, opinião política, filiação a sindicato ou a organização de caráter religioso, filosófico ou político, dado referente à saúde ou à vida sexual, dado genético ou biométrico, quando vinculado a uma pessoa natural; III - dado anonimizado: dado relativo a titular que não possa ser identificado, considerando a utilização de meios técnicos razoáveis e disponíveis na ocasião de seu tratamento; IV - banco de dados: conjunto estruturado de dados pessoais, estabelecido em um ou em vários locais, em suporte eletrônico ou físico; V - titular: pessoa natural a quem se referem os dados pessoais que são objeto de tratamento; VI - controlador: pessoa natural ou jurídica, de direito público ou privado, a quem competem as decisões referentes ao tratamento de dados pessoais; VII - operador: pessoa natural ou jurídica, de direito público ou privado, que realiza o tratamento de dados pessoais em nome do controlador; Destaca-se que NÃO SÃO APLICÁVEIS À PROTEÇÃO DA LGPD: Art. 4º Esta Lei não se aplica ao tratamento de dados pessoais: I - realizado por pessoa natural para fins exclusivamente particulares e não econômicos; II - realizado para fins exclusivamente: a) jornalístico e artísticos; ou b) acadêmicos, aplicando-se a esta hipótese os arts. 7º e 11 desta Lei; III - realizado para fins exclusivos de: a) segurança pública; b) defesa nacional; c) segurança do Estado; ou d) atividades de investigação e repressão de infrações penais; ou IV - provenientes de fora do território nacional e que não sejam objeto de comunicação, uso compartilhado de dados com agentes de tratamento brasileiros ou objeto de transferência internacional de dados com outro país que não o de proveniência, desde que o país de proveniência proporcione grau de proteção de dados pessoais adequado ao previsto nesta Lei. § 1º O tratamento de dados pessoais previsto no inciso III será regido por legislação específica, que deverá prever medidas proporcionais e estritamente necessárias ao

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atendimento do interesse público, observados o devido processo legal, os princípios gerais de proteção e os direitos do titular previstos nesta Lei. § 2º É vedado o tratamento dos dados a que se refere o inciso III do caput deste artigo por pessoa de direito privado, exceto em procedimentos sob tutela de pessoa jurídica de direito público, que serão objeto de informe específico à autoridade nacional e que deverão observar a limitação imposta no § 4º deste artigo. § 3º A autoridade nacional emitirá opiniões técnicas ou recomendações referentes às exceções previstas no inciso III do caput deste artigo e deverá solicitar aos responsáveis relatórios de impacto à proteção de dados pessoais. § 4º Em nenhum caso a totalidade dos dados pessoais de banco de dados de que trata o inciso III do caput deste artigo poderá ser tratada por pessoa de direito privado, salvo por aquela que possua capital integralmente constituído pelo poder público PROTEÇÃO DE DADOS E JURISPRUDÊNCIA DO STF - POSSIBILIDADE DE COMPARTILHAMENTO DE DADOS DA RECEITA COM MINISTÉRIO PÚBLICO STF: É constitucional o compartilhamento dos relatórios de inteligência financeira da UIF e da íntegra do procedimento fiscalizatório da Receita Federal do Brasil (RFB), que define o lançamento do tributo, com os órgãos de persecução penal para fins criminais, sem a obrigatoriedade de prévia autorização judicial, devendo ser resguardado o sigilo das informações em procedimentos formalmente instaurados e sujeitos a posterior controle jurisdicional. 2. O compartilhamento pela UIF e pela RFB, referente ao item anterior, deve ser feito unicamente por meio de comunicações formais, com garantia de sigilo, certificação do destinatário e estabelecimento de instrumentos efetivos de apuração e correção de eventuais desvios. Essa é a tese do Tema 990 da Repercussão Geral fixada, por maioria, pelo Plenário (Informativos 960 e 961). Vencido o ministro Marco Aurélio, que não referendou a tese. RE 1055941/SP, rel. Min. Dias Toffoli, julgamento em 4.12.2019. (RE-1055941) 10.7 Proteção à propriedade Art. 5ºda CF: XXII - é garantido o direito de propriedade; XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; Obs: propriedade intelectual também tem função social FORMAS DE DESAPROPRIAÇÃO: 1) NECESSIDADE, UTILIDADE E INTERESSE SOCIAL: Art. 5º, inciso XXIV, da CF: a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição; 2) INTERESSE SOCIAL PARA FINS DE REFORMA AGRÁRIA: Ocorre apenas nas médias e grandes propriedades improdutivas, sendo que a Indenização é em títulos da dívida

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agrária resgatáveis em 20 anos, excetuando-se a indenização pelas benfeitorias úteis e necessárias.

Atenção ao caso de propriedade urbana:

Art. 182 da CF: A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes.

Política urbana é executada pelo Município, porém as diretrizes de desenvolvimento urbano estão em lei da União (art. 22 da CF + Estatuto da Cidade, Lei nº 10.257): § 1º O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana. § 2º A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor. Conceito de função social: atender ao plano diretor § 4º É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não

Art. 184 da CF: Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei. § 1º As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro. § 2º O decreto que declarar o imóvel como de interesse social, para fins de reforma agrária, autoriza a União a propor a ação de desapropriação. § 3º Cabe à lei complementar estabelecer procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o processo judicial de desapropriação. § 4º O orçamento fixará anualmente o volume total de títulos da dívida agrária, assim como o montante de recursos para atender ao programa de reforma agrária no exercício. § 5º São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária.

Desapropriação

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edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de: I - parcelamento ou edificação compulsórios; II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo; III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.

Caso de expropriação não haverá qualquer indenização ao proprietário Art. 243 da CF: As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na forma da lei serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no que couber, o disposto no art. 5º. Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e da exploração de trabalho escravo será confiscado e reverterá a fundo especial com destinação específica, na forma da lei.

Art. 185 da CF: São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária: I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu proprietário não possua outra; II - a propriedade produtiva. Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à propriedade produtiva e fixará normas para o cumprimento dos requisitos relativos a sua função social. Art. 186 da CF: A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: I - aproveitamento racional e adequado; II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho; IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.

Função social da propriedade

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10.8 Propriedade imaterial 10.8.1 Propriedade intelectual Ela pode ser dividida em AUTORAL E INDUSTRIAL. PROPRIEDADE AUTORAL

Art. 5° da CF: (...) XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas; b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas;

PROPRIEDADE INDUSTRIAL

Art. 5°, inciso XXIV, da CF: A lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País.

Conceito de domínio público: após 70 anos da morte do autor ou na falta de herdeiros.

IMPORTANTE DIFERENCIAR

PROPRIEDADE INDUSTRIAL X

PROPRIEDADE INTELECTUAL.

RESTRIÇÃO A PROPRIEDADE NA CONSTITUIÇÃO DE 1988 Trata-se de requisição de bens, que é restrição temporária ao direito de propriedade.

Art. 5°, inciso XXV, da CF: No caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;

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10.9 Garantias Constitucionais

Art. 5º da CF: (...) XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada; XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: a) a plenitude de defesa; b) o sigilo das votações; c) a soberania dos veredictos; d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal; XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais; XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei; XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático; XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido; XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: a) privação ou restrição da liberdade; b) perda de bens; c) multa; d) prestação social alternativa; e) suspensão ou interdição de direitos; XLVII - não haverá penas:

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a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis; XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado; XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral; L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação; LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei; LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião; LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente; LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos; LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória; LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal; LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem; LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei; LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada; LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;

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LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial; LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária; LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança;

Posição importante do STF:

Impossibilidade de prisão em face de condenação criminal em segunda instância (antes do Trânsito em julgado da Sentença)

ADC 43/DF, ADC 44/DF e ADC 54/DF: Último posicionamento do STF quanto a possibilidade de prisão antes do trânsito em julgado da sentença

O Plenário, em conclusão de julgamento e por maioria, julgou procedentes pedidos formulados em ações declaratórias de constitucionalidade para assentar a constitucionalidade do art. 283 do CPP (1)

O relator afirmou que as ações declaratórias versam o reconhecimento da constitucionalidade do art. 283 do CPP, no que condiciona o início do cumprimento da pena ao trânsito em julgado do título condenatório, tendo em vista o figurino do art. 5o, LVII, da CF (2). (Informativo 957).

Assim, de acordo com o referido preceito constitucional, ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. A literalidade do preceito não deixa margem a dúvidas: a culpa é pressuposto da sanção, e a constatação ocorre apenas com a preclusão maior. O dispositivo não abre campo a controvérsias semânticas 11 DIREITOS SOCIAIS

Art. 6º da CF: São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015)

ATENÇÃO A POSIÇÃO DO STF EM RELAÇÃO AO HOME SCHOOLING RE 888815 Não existe direito público subjetivo do aluno ou de sua família ao ensino domiciliar, inexistente na legislação brasileira. DIREITO DE GREVE E SERVIDOR PÚBLICO – VEDADO A SERVIDORES DA SEGURANÇA PÚBLICA:

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INFORMATIVO STF: Direito de greve e carreiras de segurança pública O exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou modalidade, é vedado aos policiais civis e a todos os servidores públicos que atuem diretamente na área de segurança pública. É obrigatória a participação do Poder Público em mediação instaurada pelos órgãos classistas das carreiras de segurança pública, nos termos do art. 165 do Código de Processo Civil (CPC), para vocalização dos interesses da categoria. Com base nessas orientações, o Plenário, por maioria, deu provimento a recurso extraordinário com agravo interposto contra acórdão que concluiu pela impossibilidade de extensão aos policiais civis da vedação do direito à greve dos policiais militares. Prevaleceu o voto do ministro Alexandre de Moraes. Para ele, a interpretação teleológica dos arts. 9º, 37, VII, e 144 da Constituição Federal (CF) veda a possibilidade do exercício de greve a todas as carreiras policiais previstas no citado art. 144. Não seria necessário, ademais, utilizar de analogia com o art. 142, § 3º, IV, da CF, relativamente à situação dos policiais militares. Esclareceu que a Constituição tratou das carreiras policiais de forma diferenciada ao deixá-las de fora do capítulo específico dos servidores públicos. Segundo o ministro, as carreiras policiais são carreiras de Estado sem paralelo na atividade privada, visto que constituem o braço armado do Estado para a segurança pública, assim como as Forças Armadas são o braço armado para a segurança nacional. Diversamente do que ocorre com a educação e a saúde — que são essenciais para o Estado, mas têm paralelo na iniciativa privada —, não há possibilidade de exercício de segurança pública seja ostensiva pela Polícia Militar, seja de polícia judiciária pela Polícia Civil e pela Polícia Federal, na União. Em outras palavras, não há possibilidade de nenhum outro órgão da iniciativa privada suprir essa atividade, que, por si só, é importantíssima e, se paralisada, afeta ainda o exercício do Ministério Público e do próprio Poder Judiciário 12 DIREITOS DE NACIONALIDADE

Brasileiro Nato

BRASILEIROS NATOS E NATURALIZADOS

ART.12 da CF

UNILATERAL NASCIMENTO; Cada país estabelece as regras

sobre outorga da nacionalidade p/ os que nascerem sob seu governo. ius sanguinis – FILIAÇÃO IusSolis – LOCAL NASCIMENTO

ORIGINÁRIA

VOLUNTÁRIA (necessita buscar seu reconhecimento); DEPOIS DE NASCER (não se dá tacitamente); Processo de Naturalização (sempre ocorre perante a Justiça Federal); Estrangeiros ou Apátridas.

SECUNDÁRIA

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O Brasil adotou como primeiro critério para firmar nacionalidade o local onde a pessoa nasceu – iussolis – CF/88 artigo 12, I, da CF – hipóteses taxativas para adquirir nacionalidade brasileira.

Art. 12. da CF: São brasileiros: I - natos: a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país;

Requisito: Nascer em território brasileiro. Se os pais estrangeiros estiverem a serviço do país de origem, em princípio, o indivíduo que nascer no Brasil não será brasileiro nato. Neste caso, para saber sua nacionalidade deveremos analisar as peculiaridades de cada situação A Constituição também adotou um segundo critério, o sanguíneo, para conferir nacionalidade brasileira para filhos nascidos no estrangeiro de pai OU mãe brasileiros E quaisquer dos pais esteja a serviço do Brasil.

Art. 12 da CF: São brasileiros: I - natos: b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil;

CUIDAR: a expressão “serviço do Brasil” há de ser entendida não só como

atividade diplomática, mas também como qualquer função associada às atividades do Poder Público (três esferas) bem como suas autarquias.

Outro critério sanguíneo adotado pelo texto da CF/88 refere-se aos casos em que os pais, quaisquer deles brasileiros, não estão a serviço o Brasil (estão viajando de férias, por exemplo) e o filho nasce no estrangeiro.

Art. 12 da CF São brasileiros: I - natos: (PRIMEIRA PARTE ALÍNEA C) c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente.

OU SEJA: DEVE SER registrado em repartição brasileira competente.

Art. 12 da CF: São brasileiros: I - natos: (PARTE FINAL ALÍNEA C)

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c) ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira;

Nacionalidade potestativa – a aquisição se dá no momento da fixação de

residência, mas fica sujeita à opção confirmativa, POIS, o texto da CF/88 refere casos em que os pais, quaisquer deles brasileiros, não estão a serviço o Brasil (moram em outro país, por exemplo) e o filho nasce no estrangeiro e vem residir no Brasil AQUISIÇÃO DE NACIONALIDADE SECUNDÁRIA

O processo de naturalização é de competência da Justiça Federal, bem como as causas referentes à opção de nacionalidade – art. 109, X da CF/88.

A naturalização depende tanto da vontade da pessoa quando da aquiescência do Estado: agora devemos lembrar que o Estado é soberano, portanto, discricionariamente decidirá se concederá ou não a cidadania brasileira por solicitação do estrangeiro ou apátrida.

IMPORTANTE

Não existe naturalização TÁCITA. Só existe naturalização EXPRESSA que se divide em ordinária ou extraordinária.

Art. 12, II, “a”, da CF – a naturalização ocorrerá segundo critérios estabelecidos em lei (naturalização ordinária): Estatuto do Migrante – Lei nº 13445/17, artigo 65: são condições para a concessão da naturalização: (matéria estudada no direito internacional):

Art. 65. Será concedida a naturalização ordinária àquele que preencher as seguintes condições: I - ter capacidade civil, segundo a lei brasileira; II - ter residência em território nacional, pelo prazo mínimo de 4 (quatro) anos; III - comunicar-se em língua portuguesa, consideradas as condições do naturalizando; e IV - não possuir condenação penal ou estiver reabilitado, nos termos da lei.

Naturalização extraordinária art. 12, II, “b”, da CF: “os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.

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Requisitos: → Qualquer nacionalidade; → Residentes no Brasil há mais de 15 anos ininterruptos; → Sem condenação penal; → Solicitação pelo estrangeiro.

IMPORTANTE

A naturalização extraordinária é intransferível, isto é, sua concessão não importa na aquisição da nacionalidade brasileira pelo cônjuge e filhos do naturalizado nem autoriza estes a entrar ou radicar-se no Brasil, sem que satisfaçam as exigências legais.

DISTINÇÃO ENTRE BRASILEIROS NATOS E NATURALIZADOS ADMITIDAS NA CONSTITUIÇÃO DE 1988: REGRA GERAL: a lei não poderá estabelecer tratamento diferente entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos taxativos expressamente previstos pela CF/88. Art. 5º, LI, da CF: Nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei; EXTRADIÇÃO: Crime cometido no estrangeiro e deve ser requerido pelo Estado Estrangeiro; Brasileiro NATO jamais será extraditado; O NATURALIZADO será extraditado em 2(duas) situações:

a) Crime comum: apenas se cometido antes da naturalização; b) Tráfico de Entorpecentes: em qualquer tempo, desde que reste comprovado

seu envolvimento no tráfico de drogas. O Brasil, segundo entendimento do STF. não admite extradição se houver aplicação de pena de morte ou perpétua: nestes casos, o país requerente deve se comprometer a comutar a pena. NÃO HAVERÁ EXTRADIÇÃO em casos de crime político ou de opinião (art. 5º, LII, da CF:)

Art. 12, §3º, da CF: São privativos de brasileiro nato os cargos [...] § 3º - São privativos de brasileiro nato os cargos: I - de Presidente e Vice-Presidente da República; II - de Presidente da Câmara dos Deputados; III - de Presidente do Senado Federal; IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; V - da carreira diplomática; VI - de oficial das Forças Armadas.

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VII - de Ministro de Estado da Defesa Art. 12, §4º, I da CF: Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que; I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional – AQUI TRATA-SE APENAS DO NATURALIZADO. Observação: BRASILEIRO NATO TAMBÉM PODE PERDER A NACIONALIDADE!! Quando? Aquisição de outra nacionalidade: atinge tanto o brasileiro nato quanto o naturalizado. Poderá se concretizar por decreto presidencial, mediante procedimento administrativo, quando se tratar de reconhecimento de nacionalidade originária (primária); Quando brasileiro for obrigado a se naturalizar por força de norma impositiva estrangeira a fim de continuar residindo no Estado em questão ou para o exercício de direitos civis (p.e., herança). Conselho da República= Art. 89 da CF: VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo Presidente da República, dois eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos pela Câmara dos Deputados, todos com mandato de três anos, vedada a recondução.

Art. 222 da CF: A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no País.

§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional; II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: ( a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; ) b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis; ART. 13 da CF: São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter símbolos próprios. 13 DIREITOS POLÍTICOS 13.1 Capacidade eleitoral → Capacidade eleitoral ativa: Direito de Votar; → Capacidade eleitoral passiva: Direito de ser votado.

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Observar: INALISTÁVEL: se refere à capacidade ativa, que se reflete na passiva; INELEGÍVEL: se refere à capacidade passiva, que pode ser absoluta (inelegível para qualquer cargo) ou relativa (referente a alguns cargos). 13.1.1 Capacidade eleitoral ativa Exercita-se o sufrágio ativo através do VOTO; São pressupostos do voto: a) Alistamento eleitoral na forma da lei (título eleitoral); b) Nacionalidade Brasileira – estrangeiros não podem se alistar como eleitores (art. 14, §2º, da CF). c) Idade mínima de 16 anos (art. 14, §1º, II, “c”, da CF); d) Não ser conscrito durante o serviço militar obrigatório. O Voto Direto, Secreto, Universal e periódico é cláusula pétrea (art. 60, §4º, II, da CF). OBRIGATÓRIO: Maiores de 18 e menores de 70 anos de idade. FACULTATIVO: Maiores de 16 e menores de 18 anos de idade; analfabetos; Maiores de 70 anos de idade 13.1.2 Capacidade eleitoral passiva São condições de elegibilidade. Artigo 14, §3º, da CF/88, na forma da lei: → Nacionalidade brasileira; → Pleno exercício dos direitos políticos; → Alistamento eleitoral; → Domicílio eleitoral na circunscrição; → Filiação partidária. Observação: PRECISA-SE OBSERVAR NA CAPACIDADE PASSIVA NÃO APENAS AS CONDIÇÕES DE ELEGIBILIDADE, MAS AS QUE NÃO PODEM INCORRER NAS HIPÓTESES DE INELEGIBILIDADE – SOMENTE INELEGIBILIDADES RELATIVAS PODERÃO SER ACRESCIDAS POR LEI COMPLEMENTAR 13.2 Inelegibilidades 13.2.1 Inelegibilidades Absolutas NÃO PODEM CONCORRER A NENHUM CARGO: INALISTÁVEL: estrangeiros (L.C. 64/90 e L.C. 81/94 e L.C 135/2010) e os conscritos durante o serviço militar obrigatório;

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ANALFABETO: tem capacidade eleitoral ATIVA, mas não possui capacidade eleitoral PASSIVA. 13.2.2 Inelegibilidades Relativas Art. 14 da Constituição e seus parágrafos. Presidente da República, Governador do Estado e do D.F., Prefeitos não poderão ser reeleitos p/ o 3º mandato subsequente e sucessivo. O VICE, tendo ou não sido reeleito, se sucedeu o titular, poderá candidatar-se à reeleição por um período subsequente, mas para candidatar-se para cargo diverso deverá observar o art. 1º, §2º da L.C. 64/90. Para concorrer a outros cargos Art. 14, §6º da CF/88 – Presidente, Governadores dos Estados e do D.F. e Prefeitos, para concorrer a outros cargos deverão renunciar aos respectivos mandatos até 6 meses antes do pleito, O candidato se desvencilha de uma situação que o incompatibiliza p/ ser eleito (O STF entende que a expressão “outros cargos” não se aplica nos casos de reeleição para o mesmo cargo)

Parentesco: procura dar eficácia e efetividade aos postulados republicanos e democráticos da constituição, evitando-se a perpetuidade ou alongada presença de familiares no poder. Art. 14, §7º, da CF - são inelegíveis no território da circunscrição do titular o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção do: Presidente da República; Governador de Estado, Território ou do D.F.; Prefeito; Ou quem os haja substituído dentro dos 6 meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato a eleição. o que devo observar: 1) AS RESTRIÇÕES SÃO RELATIVAS A PARENTES CONSANGÜINEOS E AFINS DO CHEFE DO EXECUTIVO QUE É TITULAR DE MANDATO, NÃO SÃO APLICADAS NO CASO DE OCUPANTES DO CARGO DE LEGISLATIVO 2) JURISDIÇÃO DO TITULAR: Prefeito - município; Governador: território do Estado-Membro; Presidente - todo o território nacional; 3) SALVO SE JÁ TITULAR DE MANDATO: ou seja, se o parente já for ocupante de mandato eletivo e candidato à reeleição, não se aplica! Quem são os parentes em 20 grau? Tabela disponível em:https://pt.scribd.com/doc/48969673/tabela-graudeparentesco-nepotismo

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DECISÕES IMPORTANTES EM MATÉRIA DA INELEGIBILIDADE DO ART 14, § 7, da CF Informativo 921 do STF – vedação de três mandatos consecutivos ao mesmo núcleo familiar:

Ao se fazer uma interpretação conjugada dos §§ 5º e 7º do art. 14 da CF/88 chega-se à conclusão de que a intenção do poder constituinte foi a de proibir que pessoas do mesmo núcleo familiar ocupem três mandatos consecutivos para o mesmo cargo no Poder Executivo. Em outras palavras, a CF/88 quis proibir que o mesmo núcleo familiar ocupasse três mandatos consecutivos de Prefeito, de Governador ou de Presidente. A vedação ao exercício de três mandatos consecutivos de prefeito pelo mesmo núcleo familiar aplica-se também na hipótese em que tenha havido a convocação do segundo colocado nas eleições para o exercício de mandato-tampão. Ex: de 2010 a 2012, o Prefeito da cidade era Auricélio. Era o primeiro mandato de Auricélio. Seis meses antes das eleições, Auricélio renunciou ao cargo. Em 2012, Hélio (cunhado de Auricélio) vence a eleição para Prefeito da mesma cidade. De 2013 a 2016, Hélio cumpre o mandato de Prefeito. Em 2016, Hélio não poderá se candidatar à reeleição ao cargo de Prefeito porque seria o terceiro mandato consecutivo deste núcleo familiar. STF. 2ª Turma. RE 1128439/RN, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 23/10/2018.

SÚMULA VINCULANTE 18 A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato, não afasta a inelegibilidade prevista no § 7º do artigo 14 da Constituição Federal.

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Em caso de morte do cônjuge não é aplicável a súmula vinculante n. 18. RE 758461 – A Súmula Vinculante 18 do STF ("A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato, não afasta a inelegibilidade prevista no § 7º do artigo 14 da Constituição Federal") não se aplica aos casos de extinção do vínculo conjugal pela morte de um dos cônjuges. art 14, parágrafo 8o Militares: o alistável será elegível, mas: → Com menos de 10 anos de serviço, deverá afastar-se das atividades; → Com mais de 10 anos, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará, automaticamente com a diplomação, à inatividade. Já que ao militar da ativa é proibido filiação político partidária, conforme art 142, parágrafo 3o, V…. como ele poderá concorrer nas eleições??

“Consulta. Militar da ativa. Concorrência. Cargo eletivo. Filiação partidária. Inexigibilidade. Res.-TSE nº 21.608/2004, art. 14, § 1º. 1. A filiação partidária contida no art. 14, § 3º, V, Constituição Federal não é exigível ao militar da ativa que pretenda concorrer a cargo eletivo, bastando o pedido de registro de candidatura após prévia escolha em convenção partidária (Res.-TSE nº 21.608/2004, art. 14, § 1º).” (Res. nº 21.787, de 1o.6.2004, rel. Min. Humberto Gomes de Barros.)

“Recurso especial. Eleições 2016. Vereador. Registro de candidatura. Desincompatibilização. Militar sem função de comando. Desnecessidade. Arts. 14, § 8º e 142, § 3º, v, da cf/88. Arts. 98, parágrafo único, do código eleitoral e 82, xvi e § 4º, da lei 6.880/80. Precedentes. Doutrina. Deferimento do registro. [...] Militares sem função de comando 11. Diante da lacuna da Lei de Inelegibilidades e, de outra parte, da disciplina constitucional e legal sobre a matéria, entende-se que o militar sem função de comando deve afastar-se apenas a partir do deferimento de seu registro de candidatura, não se sujeitando ao prazo de três meses do art. 1º, II, l, da LC 64/90. [...]” (Ac. de 25.10.2016 no REspe nº 30516, rel. Min. Herman Benjamin.)

“Consulta realizada por deputado federal. Elegibilidade dos militares. Questionamento a respeito de qual momento o militar que não exerce cargo de comando deve se afastar de suas atividades para concorrer a cargo eletivo. Resposta. Afastamento a ser verificado no momento em que requerido o registro de

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candidatura. 1. In casu, questiona-se qual o momento em que o militar elegível que não exerce função de comando deverá estar afastado de suas atividades para concorrer a cargo eletivo. 2. O prazo fixado pelo Estatuto dos Militares para a agregação do militar em geral há de ser compreendido como o momento em que é requerido o Registro de Candidatura, tendo em vista que, com a reforma da Lei Eleitoral em 2009, a condição de candidato é obtida com a formalização do pedido de registro, e não após o seu deferimento pela Justiça Eleitoral, o que garantirá ao candidato militar a realização de todos os atos de campanha, mesmo que seu registro esteja ainda em discussão. 3. Consulta respondida na linha de que o militar elegível que não ocupe função de comando deverá estar afastado do serviço ativo no momento em que for requerido o seu Registro de Candidatura.” (Ac. de 20.2.2018 na CTA 60106664, rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho.)

SÚMULA VINCULANTE 13 A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal. EM DECISÃO DE REPERCUSSÃO GERAL O STF REAFIRMOU –RE 1041210 a) A criação de cargos em comissão somente se justifica para o exercício de funções de direção, chefia e assessoramento, não se prestando ao desempenho de atividades burocráticas, técnicas ou operacionais; b) tal criação deve pressupor a necessária relação de confiança entre a autoridade nomeante e o servidor nomeado; c) o número de cargos comissionados criados deve guardar proporcionalidade com a necessidade que eles visam suprir e com o número de servidores ocupantes de cargos efetivos no ente federativo que os criar; e d) as atribuições dos cargos em comissão devem estar descritas, de forma clara e objetiva, na própria lei que os instituir. ATENÇÃO: (...) O STF, por ocasião do julgamento dos MS 26.602, 26.603 e 26.604, reconheceu a existência do dever constitucional de observância do princípio da fidelidade partidária. (...)

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DECISÃO DO STF: Inaplicabilidade da regra de perda do mandato por infidelidade partidária ao sistema eleitoral majoritário.

(...) As decisões no MS 26.602, no MS 26.603 e no MS 26.604 tiveram como pano de fundo o sistema proporcional, que é adotado para a eleição de deputados federais, estaduais e vereadores. As características do sistema proporcional, com sua ênfase nos votos obtidos pelos partidos, tornam a fidelidade partidária importante para garantir que as opções políticas feitas pelo eleitor no momento da eleição sejam minimamente preservadas. Daí a legitimidade de se decretar a perda do mandato do candidato que abandona a legenda pela qual se elegeu. O sistema majoritário, adotado para a eleição de presidente, governador, prefeito e senador, tem lógica e dinâmica diversas da do sistema proporcional. As características do sistema majoritário, com sua ênfase na figura do candidato, fazem com que a perda do mandato, no caso de mudança de partido, frustre a vontade do eleitor e vulnere a soberania popular. CF, art. 1º, parágrafo único; e art. 14, caput). [ADI 5.081, rel. min. Roberto Barroso, j. 27-5-2015, P, DJE de 19-8-2015.

O reconhecimento da justa causa para transferência de partido político afasta a perda do mandato eletivo por infidelidade partidária. Contudo, ela não transfere ao novo partido o direito de sucessão à vaga. [MS 27.938, rel. min. Joaquim Barbosa, j. 11-3-2010

13.3 Perda e suspensão dos direitos políticos 13.3.1 Perda → CANCELAMENTO DE NATURALIZAÇÃO (caso do brasileiro naturalizado) art. 15, I e IV, art. 12, §4º, II da CF/88 – cancelamento da naturalização por sentença transitado em julgado, pois o indivíduo volta à condição de estrangeiro; → Descumprimento de obrigação a todos imposta (serviço militar obrigatório, p.e.), seja a obrigação propriamente dita, seja a alternativa (fixada em lei) no caso da escusa por força do artigo 5º, VIII, da CF; → Perda da nacionalidade pela aquisição de outra (o que ocorre no caso do brasileiro nato), pois a nacionalidade brasileira é pressuposto para adquirir direitos políticos. 13.3.2 Suspensão → art. 15, II, III e V; art. 17-3 Dec. 3.927/2001 (Tratado de Amizade) e art. 55, II, e §1º, c/c art. 1º, I, “b” da L.C. 64/1990; → Incapacidade Civil Absoluta: casos de interdição;

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→ Condenação criminal transitada em julgado: enquanto durarem os efeitos da condenação; → Improbidade Administrativa: Art. 37, §4º, CF/88, sendo declarada apenas através de Processo Judicial; FIQUE LIGADO – alteração das regras eleitorais Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência. O princípio da anualidade eleitoral (também chamado de anterioridade eleitoral) foi criado em 1993 com a aprovação da Emenda Constitucional (EC) nº 4, que deu nova redação ao artigo 16 da Constituição Federal. O objetivo da emenda foi garantir que mudanças na legislação eleitoral somente entrem em vigor se aprovadas até um ano antes do pleito, impedindo alterações casuísticas nas regras legais. SITUAÇÃO ATUAL: FOI APROVADA NA COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA O TEXTO DA PROPOSTA DE EMENDA A CONSTITUIÇÃO N.67/2016, QUE PROPÕE ALTERAÇÃO: Ementa: Dá nova redação ao § 1º do art. 81 da Constituição Federal para determinar a realização de eleição direta aos cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, na hipótese de vacância desses cargos nos três primeiros anos do mandato presidencial. Determina que, ocorrendo a vacância no último ano do período presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei. CASO SE COMPREENDA QUE O ART. 16 SE TRATA DE UMA CLÁUSULA PÉTREA, TAL PROPOSTA DEVERÁ SER DECLARADA INCONSTITUCIONAL CASO VENHA SER VOTADA E APROVADA A REFERIDA EMENDA. 14 PARTIDOS POLÍTICOS

Art. 1º da CF: A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: (...) V - o pluralismo político. Art. 17 da CF: É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana e observados os seguintes preceitos: I - caráter nacional;

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II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes; III - prestação de contas à Justiça Eleitoral; IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei. § 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna e estabelecer regras sobre escolha, formação e duração de seus órgãos permanentes e provisórios e sobre sua organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações nas eleições majoritárias, vedada a sua celebração nas eleições proporcionais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária. § 2º Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral. § 3º Somente terão direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei, os partidos políticos que alternativamente: I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 3% (três por cento) dos votos válidos, distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação, com um mínimo de 2% (dois por cento) dos votos válidos em cada uma delas; ou II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Federais distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação. § 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar. § 5º Ao eleito por partido que não preencher os requisitos previstos no § 3º deste artigo é assegurado o mandato e facultada a filiação, sem perda do mandato, a outro partido que os tenha atingido, não sendo essa filiação considerada para fins de distribuição dos recursos do fundo partidário e de acesso gratuito ao tempo de rádio e de televisão

DICAS ESPECIAIS SOBRE PARTIDOS POLÍTICOS E SEU TRATAMENTO NA JURISPRUDÊNCIA DO STF: É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana e observados os seguintes preceitos, para o STF. “A Constituição da República assegura a livre criação, fusão e incorporação de partidos políticos. Liberdade não é absoluta, condicionando-se aos princípios do sistema democrático-representativo e do pluripartidarismo. São constitucionais as normas que fortalecem o controle quantitativo e qualitativo dos partidos, sem afronta ao princípio da igualdade ou qualquer ingerência em seu funcionamento interno”.

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VEDAÇÃO DE DOAÇÃO DE PESSOAS JURÍDICAS PARA PARTIDOS POLÍTICOS FOMENTAREM SUAS CAMPANHAS NACIONAIS:

Limites de doação por naturais e uso de recursos próprios pelos candidatos. Compatibilidade material com os cânones democrático, republicano e da igualdade política. (...). Ação direta de inconstitucionalidade julgada parcialmente procedente para assentar apenas e tão somente a inconstitucionalidade parcial sem redução de texto do art. 31 da Lei 9.096/1995, na parte em que autoriza, a contrário sensu, a realização de doações por pessoas jurídicas a partidos políticos, e pela declaração de inconstitucionalidade das expressões "ou pessoa jurídica", constante no art. 38, III, e "e jurídicas", inserta no art. 39, caput e § 5º, todos os preceitos da Lei 9.096/1995. [ADI 4.650, rel. min. Luiz Fux, j. 17-9-2015, P, DJE de 24-2-2016.]

DOAÇÃO ELEITORAL E PROIBIÇÃO DE OCULTAÇÃO DOS DOADORES:

INFORMATIVO DO STF: Doação eleitoral e sigilo O Plenário, por maioria, julgou procedente o pedido formulado em ação direta para declarar a inconstitucionalidade da expressão "sem individualização dos doadores", constante da parte final do § 12 do art. 28 da Lei 9.504/1997 (Lei das Eleições), acrescentada pela Lei 13.165/2015 (1), para considerar que a indicação dos doadores deve ser feita tanto na prestação de contas dos partidos quanto dos candidatos. A norma impugnada dispõe sobre regras para a prestação de contas de partidos e candidatos com relação a valores oriundos de doações. De um lado, os valores transferidos pelos partidos aos candidatos serão registrados na prestação de contas dos candidatos como “transferência dos partidos”. De outro, essas mesmas operações serão registradas na prestação de contas dos partidos como “transferência aos candidatos”. Em ambas, a legislação prevê que os registros serão realizados “sem individualização dos doadores”. Por fim, o caráter oculto das doações eleitorais importa violação ao art. 17, inciso III, da CF (2), segundo o qual a gestão dos partidos políticos pressuporá “a prestação de contas à Justiça Eleitoral”. É imprescindível a individualização dos doadores tanto na prestação de contas dos partidos quanto na dos candidatos, como exigência de transparência e efetividade da própria prestação de contas. Nesse contexto, o Colegiado ressaltou que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ao regular as eleições de 2014 pela Resolução TSE 23.406/2014, já havia reconhecido a exigência de identificação

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dos doadores de forma individualizada, com fundamento na Lei 12.527/2011 (Lei do Acesso à Informação). Desse modo, a inovação legislativa que permitiu a “doação oculta” teve nítido propósito de contrariar a jurisprudência do TSE.

FIDELIDADE PARTIDÁRIA APLICA-SE AO SISTEMA PROPORCIONAL, CASO EM

QUE OS MANDATOS DE DEPUTADOS E SENADORES PERTENCEM AO PARTIDO/LEGENDA E NÃO AO CANDIDATO ELEITO, MAS NÃO SE REFEREM AO SISTEMA MAJORITÁRIO:

Inaplicabilidade da regra de perda do mandato por infidelidade partidária ao sistema eleitoral majoritário. (...) As decisões no MS 26.602, no MS 26.603 e no MS 26.604 tiveram como pano de fundo o sistema proporcional, que é adotado para a eleição de deputados federais, estaduais e vereadores. As características do sistema proporcional, com sua ênfase nos votos obtidos pelos partidos, tornam a fidelidade partidária importante para garantir que as opções políticas feitas pelo eleitor no momento da eleição sejam minimamente preservadas. Daí a legitimidade de se decretar a perda do mandato do candidato que abandona a legenda pela qual se elegeu. O sistema majoritário, adotado para a eleição de presidente, governador, prefeito e senador, tem lógica e dinâmica diversas da do sistema proporcional. As características do sistema majoritário, com sua ênfase na figura do candidato, fazem com que a perda do mandato, no caso de mudança de partido, frustre a vontade do eleitor e vulnere a soberania popular (CF, art. 1º, parágrafo único; e art. 14, caput). [ADI 5.081, rel. min. Roberto Barroso, j. 27-5-2015, P, DJE de 19-8-2015.]

RESERVA DE RECURSO PARA CANDIDATURAS FEMININAS NO FUNDO

PARTIDÁRIO:

Fundo Partidário e recursos destinados às candidaturas de mulheres. O Plenário, por maioria, julgou procedente ação direta em que se discutiu a distribuição de recursos do Fundo Partidário destinados ao financiamento das campanhas eleitorais voltadas a candidaturas de mulheres para: a) declarar a inconstitucionalidade da expressão “três”, contida no art. 9º da Lei 13.165/2015 (1), eliminando o limite temporal até agora fixado; b) dar interpretação conforme a Constituição ao art. 9º da Lei 13.165/2015 de modo a equiparar o patamar legal mínimo de candidaturas femininas (hoje o do art. 10, § 3º, da Lei 9.504/1997, isto é, ao menos 30% de cidadãs), ao mínimo de recursos do Fundo Partidário a lhes serem destinados, que deve ser interpretado como também de 30% do montante do Fundo alocado a cada partido, para as eleições

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majoritárias e proporcionais, e fixar que, havendo percentual mais elevado de candidaturas femininas, o mínimo de recursos globais do partido destinados a campanhas lhe seja alocado na mesma proporção; e c) declarar a inconstitucionalidade, por arrastamento, do § 5º-A e do § 7º do art. 44 da Lei 9.096/1995 (2). O Colegiado afirmou que, se o princípio da igualdade material admite as ações afirmativas, utilizar para qualquer outro fim a diferença estabelecida com o objetivo de superar a discriminação, ofende o mesmo princípio da igualdade, que veda tratamento discriminatório fundado em circunstâncias que estão fora do controle dos indivíduos, como a raça, o sexo, a cor da pele ou qualquer outra diferenciação arbitrariamente considerada. Quando da edição da Lei 9.504/1997, os partidos passaram a ser obrigados a preencher, do número de vagas de candidaturas, o mínimo de 30% e o máximo de 70% para candidaturas de cada sexo. Essa desequiparação é compatível com a Constituição. Seja por força do art. 5º, § 2º, da CF, seja pela adoção do princípio “pro homine”, o conteúdo do direito à igualdade é muito semelhante ao direito previsto no art. 2º do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos. Nesse sentido, determinadas diferenciações, se usadas para corrigir a discriminação, são legítimas. Em outras palavras, é próprio do direito à igualdade a possibilidade de uma desequiparação, desde que pontual e tenha por objetivo superar uma desigualdade histórica.

15 PRINCÍPIOS 15.1 Princípio da legalidade → Traz sempre consigo a NOÇÃO DE SEGURANÇA JURÍDICA, PREVISIBILIDADE, ANTERIORIDADE; → É a garantia individual da liberdade e uma garantia institucional de estabilidade das relações jurídicas; → A norma jurídica sempre ou OBRIGA, ou PROÍBE, ou PERMITE, pois sempre indicará um comando, algo a ser feito, ou deixado de fazer, ou ainda permitido Art. 5º, inciso II, da CF: “Ninguém pode ser compelido a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. Ou seja: os comandos de proibição (deixar de fazer) ou de obrigação (fazer) só podem ser veiculados por meio de uma lei, na falta desta, está permitido. Excluem-se por exemplo desta noção: a tradição e o costume. Além da previsão legal é necessária que a lei me obrigue a algo e para isso, necessita: → Aspecto formal: regular procedimento (iniciativa, aprovação, promulgação, sanção, publicação, vigência); → Adequado conteúdo (ser constitucional);

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→ A ideia do devido processo legal. O PRINCÍPIO DA ESTRITA LEGALIDADE: art. 37 caput, da CF. Que dirá que o administrador só poderá fazer algo em virtude lei, exclusivamente em virtude de lei – é o princípio da legalidade voltado a administração pública e sua responsabilidade para com seus administrados, cidadãos. 15.2 Princípio da reserva legal É mais restrito, trará exigências especiais, específicas no trato de algumas matérias legais – por estarem reservadas ao trato da lei em sentido formal- não podendo serem disciplinadas por medidas provisórias ou leis delegadas. → Absoluta: traz detalhamentos e especificações da matéria; → Relativa: se satisfaz com leis que criem regras e parâmetros gerais; → Ex.: art. 62, parágrafo 1º, I; art. 68, parágrafo 1º, art. 167, parágrafo 3º, ambos da CF. "O princípio constitucional da reserva de lei formal traduz limitação ao exercício das atividades administrativas e jurisdicionais do Estado”. 15.3 Princípio do devido processo legal Ampla defesa e contraditório Juiz natural: A causa a ser julgada por um juiz imparcial, competente e pré-constituído pela lei, isto é, constituído antes do fato ser constituído. Fica vedada a convocação ou substituição de juízes somente para o julgamento do fato. Deve-se analisar qual o juiz competente para apreciar a demanda SÓ PODENDO HAVER JULGAMENTOS PELOS ÓRGÃO JURISDICIONAIS CONSTITUÍDOS. A ordem de competência é taxativa, não pode ser alterada. Exceção: observar os casos de desaforamento ou continência ou conexão. Publicidade dos atos processuais: acesso a quem tiver interesse, controle público das decisões, transparência em favor da ordem democrática. Motivação das decisões: as decisões necessitam ser fundamentadas e fundamentadas por elementos jurídicos, de acordo com a coerência das considerações apresentadas – engloba a garantia de atuação imparcial e equilibrada. STF: Diz que, para a fundamentação das decisões, o juiz não necessita considerar todos os argumentos levantados pelas partes, pode ater-se aos essenciais ao processo para fundamentar sua decisão. Inafastabilidade de controle jurisdicional (art. 5º, XXXIV, da CF): completo acesso à justiça. 15.4 Princípio da inadmissibilidade de provas ilícitas

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a) Provas ilícitas: adquiridas por meios ilícitos; b) Provas ilegítimas: vício processual – apresentada em momento inadequado. As provas obtidas por meios ilícitos contaminam as que são exclusivamente delas decorrentes; tornam-se inadmissíveis no processo e não podem ensejar a investigação criminal e, com mais razão, a denúncia, a instrução e o julgamento (CF, art. 5º, LVI, da CF), ainda que tenha restado sobejamente comprovado, por meio delas, a autoria e materialidade dos fatos. SÚMULA VINCULANTE 3 Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão. SÚMULA VINCULANTE 5 A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição. 16 ORGANIZAÇÃO DO ESTADO FEDERAL BRASILEIRO O federalismo brasileiro foi adotado desde a Constituição de 1891- INSPIRAÇÃO NO MODELO NORTE AMERICANO

16.1 Conceito

Art.1º

PRINCÍPIO FUNDAMENTAL: "A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e (...)", de onde a atual federação, em face de ser uma "união indissolúvel", Brasil.

Art. 60, § 4º, I,

FEDERAÇÃO COMO CLÁUSULA PÉTREA "Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir (...) a forma federativa de Estado", norma que impede juridicamente a abolição do Estado federal por meio de emenda constitucional

Art. 1º, c/c art. 18,

FEDERÇÃO SUI GENERIS, no âmbito do direito constitucional comparado, uma vez que é a única no mundo que reconhece três entes básicos que a compõem (União, Estados-membros, Municípios), em vez dos dois entes tradicionais (União e Estados-membros) - AUTONOMIA MUNICIPAL.

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A partir da obra de Gilmar Mendes (2012), é correto afirmar que o Estado Federal expressa um modo de ser do Estado (daí se dizer que é uma forma de Estado) em que se divisa uma organização descentralizada, tanto administrativa quanto politicamente, erigida sobre uma repartição de competências entre o governo central e os locais, consagrada na CF/88, em que os Estados federados participam das deliberações da União, sem dispor do direito de secessão. No Estado Federal, de regra, há uma Suprema Corte com jurisdição nacional e é previsto um mecanismo de Intervenção federal, como procedimento assecuratório da unidade física e da identidade da Federação.

Com base em de Lucio Levi (in Bobbio/Matteucci/Pasquini, Dicionário de Política, p. 481) Federação é uma “pluralidade de centros de poder, coordenados e autônomos entre si, de tal modo que ao Governo Federal que tem competência sobre o inteiro território da Federação, seja conferida uma quantidade mínima de poderes, indispensável para garantir a unidade política e econômica, e aos Estados federados, que têm competência cada um sobre o próprio território, sejam assinalados os demais poderes”. 16.2 Composição

Secessão O que seria secessão? Seria a possibilidade de um Estado desligar-se da Federação, contudo, como os Estados –Membros são autônomos e não soberanos, não existe tal possibilidade, que somente poderia ser vislumbrada numa confederação. Daí de ser dizer que a União dos Estados é indissolúvel e constitui-se cláusula pétrea na CF/88.

Art. 18 da CF: A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição. § 1º - Brasília é a Capital Federal. § 2º - Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem serão reguladas em lei complementar.

ATENÇÃO: Os territórios integram a federação brasileira, mas não são entes autônomos, justamente porque integram a União. Atualmente não temos mais territórios, mas os

União

Estados Membro Municípios Distrito Federal

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mesmos podem ser criados. Ex.: Fernando de Noronha foi um território e se agregou ao Estado de Pernambuco 16.3 Entes federativos 16.3.1 União Federal

Conceito: a partir da obra de Gilmar Mendes, 2011, p. 832/833, “A União é fruto da junção dos Estados entre si, é a aliança indissolúvel destes. É quem age em nome da Federação. No plano legislativo edita tanto leis nacionais – que alcançam todos os habitantes do território nacional e outras esferas da federação – como leis federais- que incidem sobre os jurisdicionados da União, como servidores federais e o aparelho administrativo da União. Possui bens próprios definidos nano art. 20 da CF”.

Art. 20 da CF: São bens da União: I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos; II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei; III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais; IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II; V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva; VI - o mar territorial; VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos; VIII - os potenciais de energia hidráulica; IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo; X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos; XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.

PARTICIPAÇÃO DOS ENTES NA EXPLORAÇÃO: § 1º É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem como a órgãos da administração direta da União, participação no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais no respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou compensação financeira por essa exploração.

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ESPAÇO DE DEFESA DO TERRITÓRIO NACIONAL - 150 KM: § 2º A faixa de até cento e cinquenta quilômetros de largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada como faixa de fronteira, é considerada fundamental para defesa do território nacional, e sua ocupação e utilização serão reguladas em lei. 16.3.2 Estados-Membros

Na forma do art. 1º, CF 1988, a união dos Estados-membros é indissolúvel, e, portanto, inexiste possibilidade jurídica de um Estado-membro separar-se do restante do Brasil para constituir um novo Estado, soberano e independente. Constitucionalmente só são possíveis alterações na atual estrutura político-territorial dos Estados-membros. Assim, é vedada a secessão dos Estados brasileiros.

Os Estados brasileiros terão Constituições Estaduais, conforme prevê o art. 11 do ADCT. 16.3.3 Municípios

No caso brasileiro, Municípios integram o Estado (art. 1º, caput, c/c art. 18, caput, CF 1988), e como tal, possuem competências constitucionais próprias e originárias, tanto legislativas quanto de auto-organização político-administrativa, detenho competências em se tratando de "interesse local" (art. 30, I, CF 1988).

Daí uma grande peculiaridade do federalismo brasileiro: os municípios são entes federativos e gozam de autonomia.

Poder de organização por lei orgânica.

16.3.4 Distrito Federal

Possui características ora de estado – membro, ora de município. Ex.: possui Governador e Senador Distrital, chamamos de Câmara Legislativa, possui Lei orgânica e não Constituição Distrital;

Nas competências legislativas, terá tanto as dos estados- membros como as de município;

Não poderá ser dividido em municípios.

Art. 32 da CF: O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição. § 1º - Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas reservadas aos Estados e Municípios.

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Para distinguirmos com maior clareza o que significa O Estado Federal (representado pela União) e o que significa Estado-Membro, estes dois conceitos são fundamentais. Diz-se que a Soberania é atributo do Estado Federal, que detém o poder/dever de manter a unidade federativa como um todo, o que lhe confere “poder” – soberania sobre os demais membros do pacto federativo. Já a autonomia é nota características dos demais entes, haja vista que reflete e representa a ideia de descentralização, nos limites, é claro, da própria soberania. Assim, a autonomia é a possibilidade de coordenação desses entes, tanto administrativa, como política e financeiramente. 16.4 Autonomia dos estados na federação

“Poder Constituinte decorrente”, que é o poder de cada Estado-membro de ter uma Constituição (cf. art. 25, caput, c/c art. 11, ADCT, CF 1988);

Impossibilidade de um ente federativo criar obrigações contra o outro, que não aquelas já estabelecidas na Constituição federal (cf. art. 18 e 19, CF 1988);

A possibilidade de intervenção federal é excepcionalidade e necessitam estar expressamente previstos na Constituição federal (“intervenção” - cf. arts. 34 e 36, CF 1988);

Participação igualitária de todos Estados-membros na formação da "vontade" legislativa federal/nacional Senado Federal (cf. art. 46, § 1°, CF 1988), e paralela à Câmara legislativa de representantes do povo (Câmara dos Deputados, cf. art. 45, caput, CF 1988).

16.5 Procedimentos para alteração de estados – membros e municípios

Autonomia

Soberania

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16.5.1 Procedimentos para alteração de estados - membros

Art. 18, § 3°, CF 1988: Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar.

INCORPORAÇÃO - União de dois ou mais Estados-membros para formação de um novo e único Estado-membro – NASCE NOVA PERSONALIDADE JURÍDICA E DESAPARECEM AS ANTERIORES; SUBDIVISÃO - Seccionamento do território de um Estado-membro para criação de dois novos Estado-membros, DESAPARECE A PERSONALIDADE JURÍDICA DO ESTADO ANTERIOR E NASCEM DUAS NOVAS; DESMEMBRAMENTO – CASO 1: desmembramento de parte do território de um Estado-membro para anexação a outro Estado-membro já existente – NO CASO NÃO SE ALTERAM AS PERSONALIDADES JURÍDICAS; CASO 2: desmembramento de parte do território para formação ou criação de novo Estado-membro ou Território nessa porção desmembrada- PERMANECE A PERSONALIDADE JURÍDICA DO ESTADO-MEMBRO QUE FOI DESMEMBRADO E CRIA-SE UMA NOVA PERSONALIDADE JURÍDICA.

PROCEDIMENTO - O art. 18, § 3°, da CF 1988

❖ Necessidade da prévia "aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito". (Caráter vinculativo)

❖ Devem ser "ouvidas as respectivas Assembleias Legislativas" (art. 48, VI, CF 1988) antes da promulgação da lei complementar federal pelo Congresso Nacional. Devendo apenas ser ouvidas, não têm as Assembleias um poder de veto ou de

Estado- membro

incorporação

subdivisão

desmembramento para anexação

desmembramento para criação

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proibição, caráter meramente político, a fim de legitimar a futura decisão do Congresso Nacional

❖ Promulgação da lei complementar FEDERAL pelo Congresso definindo a incorporação, subdivisão ou desmembramento.

16.5.2 Procedimentos para alteração de municípios

Art. 18, § 4°, da CF 1988: A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei.

CRIAÇÃO ("emancipação"): Secção de parte do território de um Município para constituição de novo Município. O Município anterior permanece existindo no território remanescente E CRIA-SE NOVA PERSONALIDADE JURÍDICA; INCORPORAÇÃO: Um Município é absorvido por outro Município, desaparecendo aquele - NÃO SE ALTERA A PERSONALIDADE JURÍDICA DAQUELE QUE INCORPORA E DESAPARECE DAQUELE QUE FOI INCORPORADO; FUSÃO: Dois Municípios se unem, constituindo um novo Município (e desaparecendo os anteriores) E CRIA-SE NOVA PERSONALIDADE JURÍDICA; DESMEMBRAMENTO - Secção de parte do território de um Município para inclusão dessa parte no território de outro Município. NÃO SE ALTERAM AS PERSONALIDADES JURÍDICAS. ATENÇÃO!

município

criação

desmembramento

incorporação

fusão

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PROCEDIMENTO MAIS COMPLEXO PARA MUNICÍPIOS TIPOS DE ESTADO ESTUDOS DE VIABILIDADE TÉCNICA MUNICIPAL – Sua regulamentação também deve ocorrer na lei complementar federal, trata-se de comprovar que o novo Município tem de fato viabilidade (autonomia financeira, sobretudo). A comprovação desses estudos deverá ser feita previamente ao plebiscito, logo não haverá plebiscito se os estudos não comprovam a possibilidade de viabilidade. CONSULTA PRÉVIA das "populações dos Municípios envolvidos" – Conforme já se viu acima, trata-se de uma consulta que envolve a população inteira e não somente aquela que integra a área de criação, incorporação, fusão ou desmembramento (art. 7°, Lei n° 9.709/98 – Lei de plebiscitos e referendos). LEI COMPLEMENTAR FEDERAL - O texto originário da CF 1988 nada dispunha sobre a necessidade de uma lei complementar federal, mas alteração constitucional em 1996 trouxe essa exigência. Contudo, até hoje não foi editada a lei, logo, na prática inexiste a possibilidade de criação de novo município. LEI ESTADUAL determinando a "criação, incorporação, fusão ou desmembramento" de Município, isto é: conferindo personalidade e capacidade jurídica ao novo ente municipal.

17 REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIA No âmbito da repartição de competência, é fundamental compreender a nomenclatura para entender o que enuncia o dispositivo constitucional, sendo assim precisamos atentar a esses significados:

Delegável: que poderá ser atribuída a

outro ente Federativo mediante lei complementar. Ex.: art. 22 da CF

Remanescente: o que não pertence a outro ente federativa, pertence àquele que será então o remanescente. No caso brasileiro, as competências legislativas remanescente pertencem aos Estados, pois a União e Municípios receberam competências enumeradas na Constituição

Comum: todos os entes recém atribuição sobre aquela matéria (e é administrativa, ex: art. 23 da CF) Concorrente: sobre a matéria os entes recebem diferentes competências legislativas, que podem ser pela e suplementar. art. 24 da CF.

Indelegável e exclusiva: pertence

somente aquele ente federativa e não pode ser objeto de delegação

Residual está descrita do art. 154, I, da Constituição e pertence a União

Legislativa: refere-se à competência de criar leis; enquanto a administrativa: se refere a executar ações, (cuidar, zelar, proteger, explorar)

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A competência tributária é sempre EXCLUSIVA. Observação: As competências tributárias dos entes políticos são exercidas de forma exclusiva. Assim, o Legislador Constituinte Originário, com o intuito de preservar a própria federação, especialmente a capacidade de autonomia administrativa dos entes políticos, distribuiu a tais entes determinada parcela de fatos econômicos tributáveis exclusivamente por eles. Por conseguinte, foram distribuídos, de forma exclusiva, os impostos da União (CF, art. 153, I), os impostos dos Estados e do Distrito Federal (CF, art. 155) e os impostos dos Municípios (CF, art. 156).

A competência do município é sempre do INTERESSE LOCAL.

17.1 TIPOS DE COMPETÊNCIA 17.1.1 Competência comum

Art. 23 da CF: É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional.

União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Parágrafo único. Lei complementar

140. Competência comum regulamentada por lei complementar. 17.1.2 Competência exclusiva

Não há delegação. Porém, o uso dos potenciais de energia hidroelétrica será em conjunto com os Estados-membros.

Art. 21 da CF: Compete à União: XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão: b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de água, em articulação com os Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos;

17.1.3 Competência privativa

Art. 22 da CF: Compete privativamente à União legislar sobre: Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.

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Possibilidade de delegação de competência privativa de criação de lei, por lei complementar. Lei complementar 103/2000 – piso salarial.

Na competência concorrente, prevalece a preponderância de interesse (União: interesse geral; Estado: regionais; e Município: local)

17.1.4 Competência concorrente

Legislação concorrente. Apenas União, Estados e Distrito Federal. Art. 24 da CF: Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: § 1º - União Legisla sobre normas gerais, sendo que os Estados suplementarão a União (§2º). Ex.: custas dos serviços forenses. CTN estabelece o que é taxa, Estados estabelecem as hipóteses de incidência, contribuinte e alíquotas. § 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. NESSE CASO DIZEMOS QUE EXERCE COMPETÊNCIA PLENA!! § 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados. NESSE CASO, DIZEMOS QUE OS ESTADOS E O DISTRITO FEDERAL EXERCEM A CHAMADA COMPETÊNCIA SUPLEMENTAR - §3º - § 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. LEMBRAR QUE NESSE CASO OS ESTADOS E O DISTRITO FEDERAL PODERÃO EXERCER COMPETÊNCIA PLENA EM MATÉRIA DE NORMAS GERAIS! § 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. ATENÇÃO: NESSE CASO, LEGISLAÇÃO DE NORMAS GERAIS CRIADAS PELA UNIÃO APENAS SUSPENDE NO QUE FOR CONTRÁRIA, OU SEJA, MANTÉM VALIDADE AS NORMAS GERAIS ESTADUAIS DESDE QUE SEJAM COMPATÍVEIS COM A LEGISLAÇÃO FEDERAL! Ex.: normas sobre a proteção do idoso. 17.2 Esquema de repartição de competências 17.2.1 Competência da União Federal COMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA Exclusiva: art. 21 da CF/88 Comum (cumulativa, concorrente administrativa ou paralela: trata-se de competências comuns aos 4 entes federativos, art. 23, parágrafo único, da CF. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA Privativa: art. 22 da CF/88. Segundo o parágrafo único, poderiam ser delegadas por lei complementar, tanto aos Estados quanto ao distrito Federal (art. 32, par. 2º, da CF); Concorrente/plena: art. 24 caput e parágrafos;

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Competência tributária expressa: art. 153 da CF, Competência tributária residual: art. 154, I, da CF (instituição mediante lei complementar de impostos não previstos no art. 153 da CF desde que não tenham fato gerador e não sejam cumulativos ou base de cálculo dos discriminados na CF), Competência tributária extraordinária: art. 154, II, da CF. 17.2.2 Competência dos Estados - membros COMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA Comum (cumulativa, concorrente administrativa ou paralela: (trata-se de competências comuns aos 4 entes federativos) – art. 23, parágrafo único, da CF; Remanescente: são reservadas aos Estados as competências administrativas que não lhe sejam vedadas, ou competências que sobrar VIDE art. 25, 2º, da CF. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA Exclusiva: art. 25, caput, da CF; Remanescente: art. 25, parágrafo 1º, da CF; Delegada pela União: art. 22, parágrafo único, e incisos, da CF (por lei complementar) Concorrente: art. 24 (União – normas gerais, Estados – normas específicas) Suplementar ou plena: art. 24, do parágrafo 1º ao 4º, da CF (em caso de inércia da União – aí será plena). Tributária expressa: art. 155 da CF 17.2.3 Competência dos Municípios COMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA Comum (cumulativa, concorrente administrativa ou paralela: (trata-se de competências comuns aos 4 entes federativos) – art. 23, parágrafo único, da CF; Exclusiva: art. 30, III a IX, da CF. COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS Expressa/exclusiva: art. 29 da CF - capacidade de auto-organização do município- lei orgânica. Interesse local/exclusiva: art. 30, I da CF; Suplementar: art. 30, II, da CF – e também art. 24 da CF – principalmente em se tratando de interesse local. (logo, não há distinção prática entre o art. 30, inciso I e II, da CF) Competência legislativa dos Municípios e Direito Ambiental: Os Municípios podem legislar sobre Direito Ambiental, desde que o façam fundamentadamente. Com base nesse entendimento, a Segunda Turma negou provimento a agravo regimental. A Turma afirmou que os Municípios podem adotar legislação ambiental mais restritiva em relação aos Estados-Membros e à União. No entanto, é necessário que a norma tenha a devida motivação. ARE 748206 AgR/SC, rel Min. Celso de Mello, julgamento em 14.3.2017. (ARE-748206) (Informativo 857, 2ª Turma).

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Plano diretor: art. 182, parágrafo 1º, da CF - obrigatório para cidades com mais de 20 mil habitantes, para estabelecer plano de política de expansão e desenvolvimento urbano.

❖ STF E A POSSIBILIDADE DA COMPETÊNCIA LEGISLATIVAS SER TANTO DO EXECUTIVO QUANTO LEGISLATIVO - denominação de próprios, vias e logradouros públicos e suas alterações

O Plenário, por maioria, deu provimento a recurso extraordinário para declarar a constitucionalidade do art. 33, XII, da Lei Orgânica do Município de Sorocaba/SP (1), concedendo-lhe interpretação conforme a Constituição Federal (CF) no sentido da existência de uma coabitação normativa entre os Poderes Executivo (decreto) e Legislativo (lei formal) para o exercício da competência destinada à denominação de próprios, vias e logradouros públicos e suas alterações, cada qual no âmbito de suas atribuições. Ou seja, observou ser comum, na maioria das municipalidades, a existência da previsão dúplice de o chefe do Poder Executivo, mediante decreto, e de as câmaras municipais poderem estabelecer nomes de vias e logradouros públicos. (Informativo 936).

17.2.4 Competência do Distrito Federal

LEMBRAR QUE É DESTINADO AO DISTRITO FEDERAL A COMPETÊNCIA DOS ESTADOS E MUNICÍPIOS

COMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA OU MATERIAL Comum (cumulativa, concorrente administrativa ou paralela: (trata-se de competências comuns aos 4 entes federativos) – art. 23, parágrafo único, da CF; Expressa: as destinadas aos Estados Membros e Municípios. COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS Expressa: art. 32, caput, da CF – elaboração de lei orgânica; Remanescente: art. 25, parágrafo 1º, da CF - toda competência que não for vedada, ao distrito federal estará reservada; Delegada: art. 22, parágrafo único, da CF; Concorrente: art. 24 da CF; Suplementar: art. 24, parágrafo 1º ao 4º, da CF - em caso de inércia legislativa- será então plena Interesse local: art. 30, I, combinado com art. 32, parágrafo único, da CF; Competência tributária expressa: art. 155 da CF; TAREFA DE ESTUDO: Ler com atenção do art. 21 a 32 da Constituição.

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18 INTERVENÇÃO

18.1 Conceito

Para José Afonso da Silva (Curso, p. 483), "Intervenção é a antítese da autonomia. Por ela afasta-se momentaneamente a atuação autônoma do Estado, Distrito Federal, ou Município que a tenha sofrido. Uma vez que a Constituição assegura a essas entidades a autonomia como princípio básico da forma de Estado adotada, decorre daí que a intervenção é medida excepcional, e só há de ocorrer nos casos nela taxativamente estabelecidos e indicados como exceção, conforme o art. 34: "A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para [...]", e o art. 35: "O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios localizados em Território Federal, exceto quando: [...]", arrolando-se em seguida os casos em que é facultada a intervenção estreitamente consagrados."

PREVISTOS DE FORMA TAXATIVA na Constituição de 1988, será admitida a INTERVENÇÃO.

Por essa, entende-se que é uma medida excepcional, em que a autonomia do ente federativo que sofreu a intervenção, encontrar-se-á SUPRIMIDA temporariamente, isso, em nome da SOBERANIA DO ESTADO – e também, como forma de garantia das próprias autonomias dos entes federativos. 18.2 Quem poderá intervir? 1) A União somente poderá intervir nos Estados Membros e no Distrito Federal. Art. 34 da CF; 2) Estados poderão intervir nos municípios de seus territórios. Art. 35 da CF; CASO ESPECIAL: A União poderá intervir diretamente nos municípios, se estes estiverem dentro do Território Federal. Art. 34 da CF. Excepcionalidade ao princípio da autonomia- HIPÓTESES DE INTERVENÇÃO FEDERAL NA CONSTITUIÇÃO DE 1988:

Art. 34 da CF – FEDERAL (nos Estados ou municípios dos Territórios)

ART. 35 da CF – ESTADUAL (nos municípios

INTERVENÇÃO

ESTADUAL

art. 35 da CF

FEDERAL art. 34 da CF

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Art. 34 da CF: A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para: I - manter a integridade nacional; II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra; III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública; IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação; V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que: a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior; b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei; VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial; VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais: a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático; b) direitos da pessoa humana; c) autonomia municipal; d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta. e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.

Art. 35 da CF: O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios localizados em Território Federal, exceto quando: I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida fundada; II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei; III – não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde; IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.

É preciso dividir as hipóteses entre aqueles que requerem provocação e aquelas

que não necessitam de provocação, ou seja, dependem exclusivamente do juízo discricionário do Presidente da República: 18.3 Intervenção federal 1) AS HIPÓTESES DE JUÍZO DISCRICIONÁRIO DO PRESIDENTE: I - manter a integridade nacional; II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra; III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que:

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a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior;

Art. 98, Lei n° 4.320/64 "A dívida fundada compreende os compromissos de exigibilidade superior a 12 (doze) meses, contraídos para atender a desequilíbrio orçamentário ou a financeiro de obras e serviços públicos." b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei;

IMPORTANTE

"Fundo de Participação dos Municípios" (cf. art. 158, III e IV c/c art. 159, § 3º c/c art. 160 c/c art. 161, II e III, CF 1988). O art. 160, caput, CF 1988 é expresso ao proibir a retenção dos valores respectivos. Consequência: no art. 34, VI, "b", CF 1988.

AS MODALIDADES QUE NECESSITAM DE PROVOCAÇÃO: IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação; VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial; Nesse caso, tem se entendido que se trata de RECUSA, intencionalidade de desrespeito à decisão, ou seja, MERO DESCUMPRIMENTO NÃO GERARIA A INTERVENÇÃO FEDERAL! Decisão judicial em sentido amplo, podendo, inclusive ser de caráter liminar. VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais: a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático; b) direitos da pessoa humana; c) autonomia municipal; d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta. Aqui fala-se em prestar, não é o caso de prestar e ter reprovada as suas contas. Novamente a conotação de recusa. e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde. Art. 6º Lei complementar 141/2012: Os Estados e o Distrito Federal aplicarão, anualmente, em ações e serviços públicos de saúde, no mínimo, 12% (doze por cento) da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos de que tratam o art. 157, a alínea “a” do inciso I e o inciso II do caput do art. 159, todos da Constituição Federal, deduzidas as parcelas que forem transferidas aos respectivos Municípios. Com a educação o gasto é de 25 %

IMPORTANTE ESSES SÃO OS CASOS DE AÇÃO DIRETA INTERVENTIVA

PROPOSTA PELO PROCURADOR – GERAL.

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QUEM PODE PROVOCAR O PRESIDENTE DA REPÚBLICA PARA DECRETAR A INTERVENÇÃO FEDERAL (observar com cuidado o art. 36 e incisos da CF): 1) 34, IV, da CF sobre o caso de COAÇÃO AO PODER LEG/EXEC/JUD: de solicitação do Poder Legislativo ou do Poder Executivo coato ou impedido, ou de requisição do Supremo Tribunal Federal, se a coação for exercida contra o Poder Judiciário; 2) ART. 34, VI, da CF no caso de RECUSAR-SE A CUMPRIR ORDEM JUDICIAL: a ordem será: → do Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal Superior Eleitoral (no caso de recusa ao cumprimento de suas próprias decisões); → de requisição do Supremo Tribunal Federal (para a recusa dos demais órgãos do poder judiciário. Ex.: juiz de 1º grau, Tribunal de Justiça, Tribunais regionais Federais, Tribunal Superior do Trabalho, etc), 3) ART. 34 VI (LEI FEDERAL) E ART. 34 VII - VIOLAÇÃO DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS SENSÍVEIS), e no caso de recusa à execução de lei federal: Procurador-Geral da República que apresentará uma ação direta interventiva junto ao Supremo Tribunal Federal, art. 36, III, da CF, de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de representação do Procurador-Geral da República. 18.4 Intervenção estadual

Art. 35 da CF: O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios localizados em Território Federal, exceto quando: I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida fundada; II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;

Art. 31 da CF: A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei. § 1º - O controle externo da Câmara Municipal será exercido com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, onde houver. (...)" III – não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde;

Municípios estão obrigados a aplicar um percentual mínimo da arrecadação de impostos em ações e serviços de saúde (art. 198, § 2º, II e III, CF 1988) e de educação (art. 212, CF 1988). Estamos falando em 15 % em saúde e 25 % em educação. Art. 7o Os Municípios e o Distrito Federal aplicarão anualmente em ações e serviços públicos de saúde, no mínimo, 15% (quinze por cento) da arrecadação dos impostos a

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que se refere o art. 156 e dos recursos de que tratam o art. 158 e a alínea “b” do inciso I do caput e o § 3º do art. 159, todos da Constituição Federal. IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial. AQUI É O CASO DE AÇÃO DIRETA INTERVENTIVA ESTADUAL: os princípios sensíveis, como não estão expressos na Constituição, estarão indicados nas Constituições Estaduais, sendo desenvolvidos na jurisprudência dos Tribunais de Justiça, pois tem competência para apreciar essa ação. Ex.: no caso da Constituição Estadual do Rio Grande do Sul, temos o art. 15 ....IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para prover a execução de lei, de ordem ou decisão judicial, e para assegurar a observância dos seguintes princípios: a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático; b) direitos da pessoa humana; c) probidade administrativa. 18.5 Ação Direta Interventiva PROPOSTA PELO PROCURADOR GERAL DA REPÚBLICA; NESSE CASO O CONTROLE É JURÍDICO (OU SEJA, DISPENSA A APRECIAÇÃO DO CONGRESSO NACIONAL). § 3º - Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, IV, dispensada a apreciação pelo Congresso Nacional ou pela Assembleia Legislativa, o decreto limitar-se-á a suspender a execução do ato impugnado, se essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade. EM TODOS OS DEMAIS O CONTROLE SERÁ POLÍTICO E EXERCIDO PELO CONGRESSO NACIONAL! § 1º O decreto de intervenção, que especificará a amplitude, o prazo e as condições de execução e que, se couber, nomeará o interventor, será submetido à apreciação do Congresso Nacional ou da Assembleia Legislativa do Estado, no prazo de vinte e quatro horas. § 2º Se não estiver funcionando o Congresso Nacional ou a Assembleia Legislativa, far-se-á convocação extraordinária, no mesmo prazo de vinte e quatro horas. § 4º Cessados os motivos da intervenção, as autoridades afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo impedimento legal. Observar: Artigo 6° da Lei nº 12.562/11: Apreciado o pedido de liminar ou, logo após recebida a petição inicial, se não houver pedido de liminar, o relator solicitará as informações às autoridades responsáveis pela prática do ato questionado, que as prestarão em até 10 (dez) dias.

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§ 1° Decorrido o prazo para prestação das informações, serão ouvidos, sucessivamente, o Advogado-Geral da União e o Procurador-Geral da República, que deverão manifestar-se, cada qual, no prazo de 10 (dez) dias. SÚMULA 637 DO STF Não cabe recurso extraordinário contra acórdão de Tribunal de Justiça que defere pedido de intervenção estadual em Município.

COMPREENDENDO O QUE NÃO PODE FALTAR EM UMA AÇÃO DIRETA INTERVENTIVA

Competência

FEDERAL: Originária do Supremo Tribunal Federal (artigo 36, III, Constituição Federal). ESTADUAL: Tribunal de Justiça

Endereçar

Excelentíssimo Senhor Doutor Ministro Presidente do Supremo Tribunal Federal ou Excelentíssimo Desembargador Presidente do Tribunal de Justiça do Estado....

Partes Ativa e passiva

midade ativa – Procurador-Geral midade passiva - FEDERAL: Estados ou distrito federal. ESTADUAL: municípios

O que devo suscitar?

FEDERAL: violação dos princípios sensíveis do artigo 34, VII, da CF; ESTADUAL: art. 35, IV, da CF.

Pedido

ação do Advogado-Geral da União; mação do órgão ou entidade responsável pela violação ao

princípio constituição sensível, para sua manifestação no prazo de trinta dias;

cedência da ação para declarar o descumprimento de princípio constitucional sensível;

erminação para que o Presidente da República por decreto limite a suspender o ato impugnado, ou caso a suspensão não restabeleça a normalidade, que decrete a intervenção.

Outros Lei nº 12.562/11 - Art. 3o A petição inicial deverá conter: I - a indicação do princípio constitucional que se considera violado ou, se for o caso de recusa à aplicação de lei federal, das disposições questionadas; II - a indicação do ato normativo, do ato administrativo, do ato concreto ou da omissão questionados; III - a prova da violação do princípio constitucional ou da recusa de execução de lei federal; IV - o pedido, com suas especificações.

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Parágrafo único. A petição inicial será apresentada em 2 (duas) vias, devendo conter, se for o caso, cópia do ato questionado e dos documentos necessários para comprovar a impugnação.

19 PROCESSO LEGISLATIVO

Manoel Gonçalvez Ferreira Filho José Afonso da Silva

Para o autor existe uma fase: 1) Introdutória (que se refere a iniciativa), 2) Uma fase constitutiva (que compreende a deliberação e sanção), e 3) Fase complementar (na qual está contida a promulgação e publicação)

1) Introdutória ou de iniciativa; 2) Exames de projetos nas comissões; 3) Deliberação – discussões dos projetos em plenário; 4) Decisória; 5) A revisão. Observação: note-se que o autor exclui a promulgação e publicação

No âmbito Federal, como é um sistema BICAMERAL (Senado + Câmara dos

Deputados), é a iniciativa que vai condicionar em qual das Casas será cada uma das deliberações, a saber, a principal e a revisional. Assim, os projetos de lei enviados a membros do Senado começam neste. Em todos os demais casos, a deliberação principal ocorrerá na Câmara dos Deputados, incluindo a iniciativa do Presidente da República. Por Excelência a Câmara dos Deputados é o local onde se iniciam as propostas legislativas. Observação: Usurpação de iniciativa é vício de inconstitucionalidade formal, consistente na apresentação de projeto de lei versando sobre determinada matéria por quem não tem legitimidade para tal, NESSE CASO NÃO HÁ COMO CONVALIDAR ESSE VÍCIO DE CONSTITUCIONAL. LEMBRETE: É preciso conectar a matéria do processo legislativo com as questões relativas às competências legislativas, ou seja, é preciso ver a quem cabe a competência para cada espécie legislativa dependendo da matéria que está em questão (logo, ver com atenção art. 21, art. 22, art. 24, art. 25, art. 30, art. 32, art. 49, art. 51, 52, ambos da CF.) O QUE COMPREENDE O PROCESSO LEGISLATIVO NA CONSTITUIÇÃO?

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PROCESSO LEGISLATIVO ESTADUAL STF: Processo legislativo dos Estados-membros: absorção compulsória das linhas básicas do modelo constitucional federal entre elas, as decorrentes das normas de reserva de iniciativa das leis, dada a implicação com o princípio fundamental da separação e independência dos poderes: jurisprudência consolidada do Supremo Tribunal. [ADI 637, rel. min. Sepúlveda Pertence, j. 25-8-2004, P, DJ de 1º-10-2004.] AINDA: O ATO NORMATIVO ABRANGE TANTO A PRODUÇÃO DE NORMAS GERAIS COMO INDIVIDUAIS. ENTRETANTO, O USO COMUM QUANDO SE FALA EM ATO NORMATIVO É QUE SE TRATE DE NORMAS GERAIS. Importante: Distinção entre decreto autônomo e regulamentar em face da Emenda Constitucional n. 32/2001. 19.1 Emendas constitucionais QUEM PODE PROPOR?

Art. 59 da CF: O processo legislativo compreende a elaboração de:

I - emendas à Constituição (atuação do Poder Constituinte derivado); II - leis complementares (complementam conteúdo que a Constituição lhes

autoriza); III - leis ordinárias (também chamadas de leis federais /infraconstitucionais); IV - leis delegadas (É uma lei equiparada à lei ordinária. A competência para

a sua elaboração é do Presidente da República, desde que haja pedido e delegação expressa do Congresso Nacional. A delegação é efetivada por resolução, na qual conste o conteúdo juntamente com os termos do exercício desta atribuição);

V - medidas provisórias (função atípica do Presidente da República em casos onde houver urgência e relevância da matéria em questão;

VI - decretos legislativos (regulam matérias de competência exclusiva do Congresso, tais como: ratificar atos internacionais, sustar atos normativos do presidente da República, julgar anualmente as contas prestadas pelo chefe do governo, autorizar o presidente da República e o vice-presidente a se ausentarem do país por mais de 15 dias, apreciar a concessão de emissoras de rádio e televisão, autorizar em terras indígenas, etc) - VIDE ABAIXO A DISTINÇÃO ENTRE DECRETOS AUTÔNOMOS E REGULAMENTARES;

VII - resoluções (são uma norma jurídica destinada a disciplinar assuntos do interesse interno do Congresso Nacional.

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Art. 60 da CF: A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; II - do Presidente da República; III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL A eficácia das regras jurídicas produzidas pelo poder constituinte (redundantemente chamado de "originário") não está sujeita a nenhuma limitação normativa, seja de ordem material, seja formal, porque provém do exercício de um poder de fato ou suprapositivo. Já as normas produzidas pelo poder reformador, essas têm sua validez e eficácia condicionadas à legitimação que recebam da ordem constitucional. Daí a necessária obediência das emendas constitucionais às chamadas cláusulas pétreas. [ADI 2.356 MC e ADI 2.362 MC, rel. p/ o ac. min. Ayres Britto, j. 25-11-2010, P, DJE de 19-5-2011.] VEDAÇÃO A EMENDA: § 1º - A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio. VOTAÇÃO: § 2º - A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional (LOGO, SENADO + CÂMARA DOS DEPUTADOS), em dois turnos (EM DUAS VOTAÇÕES) , considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros (É O MAIOR QUÓRUM DE VOTAÇÃO – LEMBRAR QUE NOSSA CONSTITUIÇÃO É RÍGIDA) .

ATENÇÃO: não há um prazo fixo para se respeitar em relação ao interstício dos dois turnos:

A Constituição Federal de 1988 não fixou um intervalo temporal mínimo entre os dois turnos de votação para fins de aprovação de emendas à Constituição (CF, art. 60, § 2º), de sorte que inexiste parâmetro objetivo que oriente o exame judicial do grau de solidez da vontade política de reformar a Lei Maior. A interferência judicial no âmago do processo político, verdadeiro locus da atuação típica dos agentes do Poder Legislativo, tem de gozar de lastro forte e categórico no que prevê o texto da CF. [ADI 4.425, rel. p/ o ac. min. Luiz Fux, j. 14-3-2013, P, DJE de 19-12-2013.] CLÁUSULA PÉTREA (não pode ser abolida – ou seja, produz inconstitucionalidade, bem como pode ser objeto de mandado de segurança interposto por parlamentar ainda durante o processo legislativo):

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§ 3º - A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem. § 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I - a forma federativa de Estado; II - o voto direto, secreto, universal e periódico; III - a separação dos Poderes; IV - os direitos e garantias individuais. O STF admite a legitimidade do parlamentar – e somente do parlamentar – para impetrar mandado de segurança com a finalidade de coibir atos praticados no processo de aprovação de lei ou emenda constitucional incompatíveis com disposições constitucionais que disciplinam o processo legislativo. Precedentes do STF: MS 20.257/DF, Min. Moreira Alves (leading case) (RTJ99/1031rel. p/ o ac. min. Teori Zavascki, j. 20-6-2013, P, DJE de 18-2-2014

MATÉRIA REJEITADA NÃO PODE SER REAPRESENTADA NA MESMA SESSÃO LEGISLATIVA (ANO LEGISLATIVO) § 5º - A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão

legislativa. EMENDA NÃO ESTÁ SUJEITA A VETO OU SANÇÃO, POIS É ATUAÇÃO DO PODER CONSTITUINTE DERIVADO. AS EMENDAS PODEM SOFRER LIMITAÇÕES FORMAIS, MATERIAIS, TEMPORAIS. EX: não pode emendar à Constituição da vigência do Estado de defesa e sítio. EMENDAS CONSTITUCIONAIS PODEM SER DECLARADAS INCONSTITUCIONAIS. DECISÃO DO STF: O STF já assentou o entendimento de que é admissível a ação direta de inconstitucionalidade de emenda constitucional, quando se alega, na inicial, que esta contraria princípios imutáveis ou as chamadas cláusulas pétreas da Constituição originária (art. 60, § 4º, da CF). Precedente: ADI 939 (RTJ151/755). [ADI 1.946 MC, rel. min. Sydney Sanches, j. 29-4-1999, P, DJ de 14-9-2001.] 19.2 Leis complementares e Leis Ordinárias A QUEM CABE? Art. 61 da CF: A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer: → membro ou Comissão da Câmara dos Deputados; → do Senado Federal ou; → do Congresso Nacional; → ao Presidente da República; → ao Supremo Tribunal Federal;

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→ aos Tribunais Superiores; → ao Procurador-Geral da República; e → aos cidadãos. CASOS PRIVATIVOS AO PRESIDENTE DA REPÚBLICA (parágrafo 1º- reserva de lei) I - fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas; II - disponham sobre: a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica ou aumento de sua remuneração; b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços públicos e pessoal da administração dos Territórios; c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria; d) organização do Ministério Público e da Defensoria Pública da União, bem como normas gerais para a organização do Ministério Público e da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios; e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública, observado o disposto no art. 84, VI, da CF; f) militares das Forças Armadas, seu regime jurídico, provimento de cargos, promoções, estabilidade, remuneração, reforma e transferência para a reserva ATENÇÃO

Leis Complementares maioria absoluta= metade dos membros + 1 – tem sua autorização para edição quando à constituição expressamente prever – não podem ser tratadas por medidas provisórias ou leis delegadas!

Leis Ordinárias maioria simples: metade mais um dos presentes, respeitada a regra do art. 47 da constituição (ou seja, presentes na sessão a maioria absoluta dos membros) – conhecida como lei comum tem incidência justamente quando não há previsão específica!

Não há hierarquia entre lei ordinária e lei complementar, pois ambas têm objetos distintos. INICIATIVA POPULAR: (somente de leis ordinárias ou complementares, não cabe no caso de emenda à Constituição) REQUISITOS: → 1% do eleitorado nacional (5% em caso de município); → Distribuído em pelo menos 5 Estados da federação; → 3/10 dos eleitores em cada um desses Estados; → INICIA NA CÂMARA DOS DEPUTADOS; → § 2º - A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.

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ATENÇÃO – EMENDA A CONSTITUCIONAL ESTADUAL PODERÁ SER DE INICIATIVA POPULAR, EM HAVENDO PREVISÃO. ESSE CASO CONCRETO ACONTECEU NO ESTADO DO AMAPÁ, O QUAL POR EMENDA ACRESCENTOU A INICIATIVA POPULAR A PROPOSTA DE EMENDA A CONSTITUIÇÃO ESTADUAL. STF- ‘A iniciativa popular de emenda à Constituição Estadual é compatível com a Constituição Federal, encontrando fundamento no art. 1º, parágrafo único, no art. 14, II e III e no art. 49, VI, da CF/88. Embora a Constituição Federal não autorize proposta de iniciativa popular para emendas ao próprio texto, mas apenas para normas infraconstitucionais, não há impedimento para que as Constituições Estaduais prevejam a possibilidade, ampliando a competência constante da Carta Federal. STF. Plenário. ADI 825/AP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 25/10/2018 (Info 921). 19.3 Medidas Provisórias Função legislativa do Presidente da República. § 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: I – relativa a: a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral; b) direito penal, processual penal e processual civil; c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros; d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3º; II – que vise a detenção ou sequestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro; III – reservada a lei complementar; IV – já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto do Presidente da República. EC N.32/2001 Foi um divisor de águas em matéria de medida provisória, haja vista que vedou a edição automática e indefinida de medidas provisórias, visando coibir o uso abusivo por parte do poder executivo. § 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada. ATENÇÃO À POSTURA DO PELO STF EM RELAÇÃO À MEDIDA PROVISÓRIA NO ÂMBITO ESTADUAL E MUNICIPAL: poderão Estados e Municípios adotar medidas provisórias, se houver previsão expressa na Constituição do Estado e na Lei Orgânica do município e desde que seja respeitado o princípio da simetria Constitucional, ou seja, necessária a observância do tratamento da matéria na sistemática constitucional!

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PERDA DA EFICÁCIA DA MEDIDA PROVISÓRIA § 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12 perderão eficácia, desde a edição, se não forem convertidas em lei no prazo de sessenta dias, prorrogável, nos termos do § 7º, uma vez por igual período, devendo o Congresso Nacional disciplinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes. (60 dias + 60 dias) OU SEJA, O INSTRUMENTO QUE DISCIPLINA AS RELAÇÕES JURÍDICAS DECORRENTES DE EDIÇÃO DE MEDIDA PROVISÓRIA É O DECRETO LEGISLATIVO. Observação: As medidas provisórias não convertidas em lei no prazo constitucional perdem sua eficácia desde sua edição e não a partir do ato que decreta encerramento do prazo de sua vigência. § 4º O prazo a que se refere o § 3º contar-se-á da publicação da medida provisória, suspendendo-se durante os períodos de recesso do Congresso Nacional. § 5º A deliberação de cada uma das Casas do Congresso Nacional sobre o mérito das medidas provisórias dependerá de juízo prévio sobre o atendimento de seus pressupostos constitucionais. PRESSUPOSTOS CONSTITUCIONAIS: RELEVÂNCIA = URGÊNCIA DA MATÉRIA

PRAZO PARA APRECIAÇÃO DA MEDIDA PROVISÓRIA (45 dias entrará em regime de urgência, logo, os demais processos ficam suspensos até que seja apreciada à medida):

§ 6º Se a medida provisória não for apreciada em até quarenta e cinco dias contados de sua publicação, entrará em regime de urgência, subsequentemente, em cada uma das Casas do Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a votação, todas as demais deliberações legislativas da Casa em que estiver tramitando. Interpretação do Art. 62, § 6º, da CF e limitação do sobrestamento:

O Plenário retomou julgamento de mandado de segurança impetrado contra decisão do Presidente da Câmara dos Deputados que, em questão de ordem, formalizara, perante o Plenário dessa Casa Legislativa, seu entendimento no sentido de que o sobrestamento das deliberações legislativas, previsto no § 6º do art. 62 da CF (“§ 6º Se a medida provisória não for apreciada em até quarenta e cinco dias contados de sua publicação, entrará em regime de urgência, subsequentemente, em cada uma das Casas do Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a votação, todas as demais deliberações legislativas da Casa em que estiver tramitando”), só se aplicaria, supostamente, aos projetos de lei ordinária — v. Informativo 572. Em voto-vista, a

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Ministra Cármen Lúcia acompanhou o relator e denegou a segurança. Destacou que seria não apenas da competência do Presidente da Câmara valer-se da interpretação conforme, como também seria compatível com princípios e regras da Constituição. Nesse ponto, a interpretação conforme seria instrumento que poderia ser exercido tanto pelo Poder Judiciário quanto pelo Poder Legislativo no exercício da interpretação constitucional. Assim, na decisão questionada, ficara consignado que o regime de urgência, previsto no § 6º do art. 62 da CF, a impor o sobrestamento das deliberações legislativas das Casas do Congresso seria referente somente às matérias que se mostrassem passíveis de regramento por medida provisória. Estariam excluídos do âmbito de incidência das medidas provisórias, como dispõe o art. 62, § 1º, da CF, em consequência, as propostas de emenda à Constituição, os projetos de lei complementar, os projetos de decreto legislativo, os projetos de resolução e, até mesmo, tratando-se de projetos de lei ordinária, aqueles que veiculassem temas pré-excluídos, por determinação constitucional. Em seguida, pediu vista o Ministro Roberto Barroso. MS 27931/DF, rel. Min. Celso de Mello, 18.3.2015. (MS-27931)

§ 8º As medidas provisórias terão sua votação iniciada na Câmara dos Deputados. § 10. É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa (ano em que houver sido rejeitada), de medida provisória que tenha sido rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia por decurso de prazo. AS RELAÇÕES JURÍDICAS QUE FORAM REGIDAS POR MEDIDA PROVISÓRIA SERÃO CONSERVADAS – SERÃO REGULADAS POR DECRETO LEGISLATIVO. EM CASO DE REJEIÇÃO OU NÃO EDIÇÃO DE DECRETO LEGISLATIVO REGULANDO: § 11. Não editado o decreto legislativo a que se refere o § 3º até sessenta dias após a rejeição ou perda de eficácia de medida provisória, as relações jurídicas constituídas e decorrentes de atos praticados durante sua vigência conservar-se-ão por ela regidas. § 12. Aprovado projeto de lei de conversão alterando o texto original da medida provisória, esta manter-se-á integralmente em vigor até que seja sancionado ou vetado o projeto. Tramitação da Medida Provisória As Medidas Provisórias (MPVs) são normas com força de lei editadas pelo Presidente da República em situações de relevância e urgência. Apesar de produzir efeitos jurídicos imediatos, a MPV precisa da posterior apreciação pelas Casas do Congresso Nacional (Câmara e Senado) para se converter definitivamente em lei ordinária.

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O prazo inicial de vigência de uma MPV é de 60 dias e é prorrogado automaticamente por igual período caso não tenha sua votação concluída nas duas Casas do Congresso Nacional. Se não for apreciada em até 45 dias, contados da sua publicação, entra em regime de urgência, sobrestando todas as demais deliberações legislativas da Casa em que estiver tramitando. O art. 62 da Constituição Federal traz as regras gerais de edição e apreciação das MPVs, definindo inclusive os assuntos e temas sobre os quais não podem se pronunciar. Já o disciplinamento interno do rito de tramitação dado pela Resolução do Congresso Nacional n° 1 de 2002 exige, por exemplo, sobre emendas, a formação da comissão mista e prazos de tramitação. As fases relativas à tramitação de uma Medida Provisória no Congresso Nacional estão detalhadas logo a seguir, com a disponibilização dos principais documentos produzidos nas várias instâncias de deliberação, incluindo emendas apresentadas, parecer aprovado e quadros comparativos que demonstram as modificações promovidas no texto principal da matéria. Publicação O texto da Medida Provisória é publicado no Diário Oficial da União quando, então, passam a ser contados os prazos relativos à vigência e à sua tramitação no Congresso Nacional. Nesse momento, e nos seis dias subsequentes, podem ser oferecidas emendas à MPV perante a Comissão Mista destinada a emitir parecer sobre a matéria. Comissão Mista O Presidente do Congresso Nacional, em até 48 horas após a publicação da MPV, designa uma Comissão Mista formada por 12 Senadores e 12 Deputados titulares (com igual número de suplentes), responsável por analisar previamente os pressupostos constitucionais de relevância e urgência, o mérito e a adequação financeira e orçamentária. Após instalada a comissão, são eleitos o Presidente e Vice-Presidente, pertencentes a Casas diferentes, e designados Relator e Relator-Revisor da matéria, o último para exercer as funções na Casa diversa da do Relator. O Presidente da Comissão Mista possui a prerrogativa de indeferir liminarmente as emendas apresentadas que forem estranhas ao texto original da MPV Apresentado e discutido, o texto do Relator é submetido à votação pelo colegiado, passando a constituir parecer da Comissão Mista ao ser aprovado. O parecer pode concluir, no mérito: pela aprovação total da MPV como foi editada pelo Poder Executivo;

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pela apresentação de Projeto de Lei de Conversão (PLV), quando o texto original da MPV é alterado; ou pela rejeição da matéria, com o parecer sendo obrigatoriamente encaminhado à apreciação do plenário da Câmara dos Deputados. Câmara dos Deputados Analisada pela Comissão Mista, a MPV segue para o Plenário da Câmara dos Deputados, Casa iniciadora. O quorum para deliberação é de maioria simples (presente em Plenário a metade mais um dos deputados). As conclusões da deliberação da matéria incluem: a rejeição, aprovação na íntegra (nos termos da MPV editada), ou aprovação de projeto de lei de conversão – PLV (com alteração do texto originalmente publicado). Rejeitada, a matéria tem a sua vigência e tramitação encerradas e é arquivada. Se aprovada (na íntegra ou na forma de PLV), é remetida ao Senado Federal. Senado Federal O quórum para deliberação no Senado Federal também é de maioria simples (presente a metade mais um dos senadores) e o resultado da votação apresenta-se com as seguintes opções: rejeição: a matéria tem sua vigência e tramitação encerradas e é arquivada; aprovação na íntegra (nos termos da edição original): MPV é enviada à promulgação e se torna lei; aprovação do PLV recebido da Câmara dos Deputados sem alterações de mérito: o texto é remetido à sanção do Presidente da República; aprovação do PLV recebido da Câmara dos Deputados com emendas de mérito: a matéria retorna à Câmara dos Deputados, que delibera, exclusivamente, sobre as emendas; aprovação da Medida Provisória, em decorrência de preferência sobre o PLV da Câmara dos Deputados: a matéria retorna à Câmara dos Deputados, que deliberará, exclusivamente, sobre a Medida Provisória; aprovação de novo PLV: a matéria retorna à Câmara dos Deputados, que delibera, exclusivamente, sobre o PLV oferecido pelo Senado Federal. Retorno à Câmara dos Deputados Se o Senado aprova com modificações o texto recebido da Câmara, as propostas retornam à análise da Câmara dos Deputados. As alterações promovidas pelo Senado são acatadas ou rejeitadas pela Câmara dos Deputados, sendo a matéria remetida à sanção (se aprovado o PLV) ou à promulgação (se aprovado o texto original da Medida Provisória). Promulgação da Medida Provisória

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No caso de aprovação da MPV, a matéria é promulgada e convertida em lei ordinária pelo Presidente da Mesa do Congresso Nacional, não sendo sujeita à sanção ou veto, como ocorre com os projetos de lei de conversão. Aprovação de Projeto de Lei de Conversão Quando a MPV é aprovada na forma de um Projeto de Lei de Conversão, este é enviado à sanção do Presidente da República, que poderá tanto sancioná-lo quanto vetá-lo. Caberá ao Congresso Nacional deliberar sobre o veto e, assim, concluir o processo de tramitação da matéria. Rejeição da Medida Provisória Tanto a Câmara dos Deputados quanto o Senado Federal podem concluir pela rejeição da Medida Provisória, quando então a sua vigência e tramitação são encerradas e ela é arquivada. Edição de Decreto Legislativo Se houver a aprovação de PLV, rejeição ou perda de eficácia da MPV, o Congresso Nacional detém a prerrogativa de disciplinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas decorrentes de sua edição. Não se materializando a edição do referido decreto legislativo no prazo de 60 dias, as relações jurídicas constituídas durante o período de vigência conservam-se regidas pela MPV. Cabe destacar, ainda, que aprovado um PLV, a MPV mantém-se integralmente em vigor até que seja sancionado ou vetado o projeto. 19.4 Decretos IMPORTANTE: Manoel Gonçalvez Ferreira Filho (p.221 – Processo Legislativo) busca estabelecer a distinção entre decreto legislativo e resolução. Assim os distinguindo: “Decreto legislativo e resolução essencialmente ditam normas individuais, no que não se confundem (...). Destarte, o campo do decreto legislativo, na atual Constituição, é o das matérias mencionadas no art. 49, sem exceção. Fora daí, e do campo específico da lei é que caberá as resoluções. Do que se expôs, claramente se infere que a resolução não tem por que ser incluída no processo legislativo stricto senso “ Observação: lembrar o que será discutido em relação ao decreto por conta do art. 84, VI, da CF. DECRETO REGULAMENTAR (que visa a complementar a lei, uma espécie de ato administrativo que busca dar fiel cumprimento a execução de uma lei – chamados de DECRETOS DE MERA EXECUÇÃO – sendo ATOS SECUNDÁRIOS POIS NÃO INOVAM NA ORDEM JURÍDICA - art. 84, IV, da CF

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Observação: NÃO PODE SER OBJETO DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE ABSTRATO, POIS SE O DECRETO CONTRARIAR A LEI, TRATA-SE DE CASO DE ILEGALIDADE (OU INCONSTITUCIONALIDADE REFLEXA)

DECRETO LEGISLATIVO; exercido pelo congresso nacional conforme suas competências do art. 49 da Constituição, constituindo ato normativo primário passível de ação direta de inconstitucionalidade DECRETO AUTÔNOMO: eles tratariam de temas que inovam, ou seja, não foram objetos de abordagem pela lei, que silencia sobre as questões reguladas no decreto. (art. 84, VI EC 32/2001) –

O Supremo Tribunal Federal admite o controle, por via de ação direta de inconstitucionalidade, do decreto autônomo, revestido de conteúdo normativo, mas não o admite quando se tratar de decreto de regulamentação da lei.

O Supremo Tribunal Federal admite o controle, por via de ação direta de inconstitucionalidade, do decreto autônomo, revestido de conteúdo normativo, mas não o admite quando se tratar de decreto de regulamentação da lei.

19.5 Leis Delegadas A QUEM COMPETE e como é a delegação: Presidente da República solicita ao Congresso Nacional a delegação; A delegação é feita através de resolução do Congresso Nacional, devendo expressamente indicar o conteúdo e sua forma de exercício (lembrando que no art. 49, V – cabe ao Congresso Nacional - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa). O que não pode ser objeto de delegação: I - organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros; II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais; III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos. REGRA GERAL PARA VOTAÇÃO NO PROCESSO LEGISLATIVO ORDINÁRIO

Art. 66 da CF: A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto de lei ao Presidente da República, que, aquiescendo, o sancionará. § 1º - Se o Presidente da República considerar o projeto, no todo ou em parte, inconstitucional ou contrário ao interesse público, vetá-lo-á total ou parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, contados da data do recebimento, e comunicará, dentro de

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quarenta e oito horas, ao Presidente do Senado Federal os motivos do veto.

IMPORTANTE! 1) O veto deverá ser expresso (total ou parcial) e poderá ser por questões políticas e ou jurídicas, enquanto que a sanção poderá ser tácita decorrido o prazo de 15 dias – Pode o veto ser TOTAL OU PARCIAL – POR RAZÕES JURÍDICAS OU POLÍTICAS- não caberá questionar as razões do veto junto ao poder judiciário! § 2º - O veto parcial somente abrangerá texto integral de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea. § 3º - Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do Presidente da República importará sanção 2) APRECIADO PELO CONGRESSO NACIONAL (pois é sessão conjunta) E PODE SER REJEITADO PELA MAIORIA ABSOLUTA. § 4º O veto será apreciado em sessão conjunta, dentro de trinta dias a contar de seu recebimento, só podendo ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos Deputados e Senadores. § 5º - Se o veto não for mantido, será o projeto enviado, para promulgação, ao Presidente da República. § 6º Esgotado sem deliberação o prazo estabelecido no § 4º, o veto será colocado na ordem do dia da sessão imediata, sobrestadas as demais proposições, até sua votação final. 3) CONSEQUÊNCIA DE NÃO SER APRECIADO EM 30 DIAS – VAI SOBRESTRAR OS DEMAIS ATOS LEGISLATIVOS § 7º - Se a lei não for promulgada dentro de quarenta e oito horas pelo Presidente da República, nos casos dos § 3º e § 5º, o Presidente do Senado a promulgará, e, se este não o fizer em igual prazo, caberá ao Vice-Presidente do Senado fazê-lo.

Art. 67 da CF: A MATÉRIA CONSTANTE EM PROJETO DE LEI QUE TENHA SIDO REJEITADO PODERÁ CONSTITUIR OBJETO DE NOVO PROJETO, NA MESMA SESSÃO LEGISLATIVA QUE TENHA SIDO REJEITADA, MEDIANTE A PROPOSTA DE MAIORIA ABSOLUTA DOS MEMBROS DE QUALQUER DAS CASAS DO CONGRESSO NACIONAL.

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20 SEPARAÇÃO DE PODERES

→ Separação entre Executivo, legislativo e judiciários, independentes e harmônicos entre si; → Dizemos que é um princípio constitucional, sendo que a divisão de três poderes vem desde a Constituição de 1981; → É cláusula pétrea; → Cuidar a distinção de funções, ou seja, na verdade trata-se de uma separação de funções, sendo que cada poder exerce funções típicas (Ex.: Poder legislativo é de legislar) e atípicas (ex: Poder legislativo julgar como ocorre no processo de impeachment)

20.1 PODER LEGISLATIVO NO ÂMBITO FEDERAL SISTEMA BICAMERAL: Art. 44, CF 1988 - "O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal."

LEGISLATIVO

EXECUTIVO

JUDICIÁRIO

SEPARAÇÃO DE PODERES

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Deputados

Federais Senadores Deputados

Estaduais Vereadores

Número Entre 8 (mínimo) e 70 (máximo Observação: o Tribunal Superior Eleitoral encaminha aos Tribunais Regionais eleitorais e aos partidos políticos o número de vagas a serem disputadas.

Será número fixo de 3 Senadores por Estado e DF – elege-se com dois suplentes

Dependerá do número de Deputados Estaduais. Art. 27 determina o seguinte cálculo: até o número de 12 deputados federais, multiplica-se por três ( x 3).Acima de 12 deputados federais, a fórmula mais simples é a seguinte: y (número dos dep. Estaduais) = x (número de dep. Federais acima de 12) + 24

O número de vereadores seguirá conforme a quantidade de habitantes, tratando de número máximo. Como a EC alterou esses números, tal situação foi objeto de votação nas casas legislativas, a favor ou não da ampliação do número de vereadores dentro do permitido pela Constituição; Ver art. 29 da CF.

Mandato 4 anos – não havendo limites para recondução

8 anos- será renovada de quatro em quatro anos, alternadamente, por um e dois terços.

4 anos – não havendo limites para recondução

4 anos – não havendo limites para recondução

Sistema Proporcional (depende da legenda partidária-

Majoritário (mais votado entre os candidatos)

Proporcional (depende da legenda partidária-

Proporcional (depende da legenda partidária-

Câmara

dos Deputados

Senado Congresso nacional

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quoeficiente eleitoral)

quoeficiente eleitoral)

quoeficiente eleitoral)

Idade 21 anos 35 anos 21 anos 18 anos LEMBRAR SOBRE AS COMPETÊNCIAS:

→ Art. 48 traz a Competência do Congresso Nacional que depende de SANÇÃO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA; → Art. 49 (Congresso), 51 (Câmara dos Deputados) e 52 (Senado) SEM sanção do Presidente da República; → As competências dos arts. 51 e 52 apesar de trazer o termo PRIVATIVA, é importante lembrar que são na verdade EXCLUSIVAS, ou seja, não podem ser delegadas.

20.1.1 Conceito SESSÃO LEGISLATIVA PERÍODO

LEGISLATIVO SESSÕES

Art. 57 da CF: O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro; → Sessão legislativa é então o período ANUAL de reuniões do Congresso Nacional; → Cada sessão legislativa se compõe de DOIS períodos legislativos.

Cada um dos dois períodos que compõem a sessão legislativa. O primeiro período legislativo compreende aquele entre 02 de fevereiro a 17 de julho. O segundo período legislativo compreende aquele entre 1º de agosto a 22 de dezembro.

ORDINÁRIAS: São aquelas já previstas na ordem regular. EXTRAORDINÁRIAS: ocorre quando houver convocação extraordinária do Congresso Nacional e somente para deliberar sobre matéria objeto da convocação. § 6º A convocação extraordinária do Congresso Nacional far-se-á: (...) II - pelo Presidente da República, pelos Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal ou a requerimento da maioria dos membros de ambas as Casas, em caso de urgência ou interesse público relevante, em todas as hipóteses deste inciso com a aprovação da maioria absoluta de cada uma das Casas do Congresso Nacional. § 7º Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacional somente deliberará sobre a matéria para a qual foi convocado, ressalvada a hipótese do § 8º deste artigo, vedado o pagamento de parcela indenizatória, em razão da convocação.

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20.1.2 Funcionamento e estruturas internas do poder legislativo

CADA CASA LEGISLATIVA DEVERÁ ELABORAR SEU REGIMENTO INTERNO. Art. 57, § 3°, II, CF 1988 "Além de outros casos previstos nesta Constituição, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal reunir-se-ão em sessão conjunta para (...) elaborar o regimento comum e regular a criação de serviços comuns às duas Casas" Art. 51, III, CF 1988 "Compete privativamente à Câmara dos Deputados (...) elaborar seu regimento interno" Art. 52, XII, CF 1988 "Compete privativamente ao Senado Federal (...) elaborar seu regimento interno„ IMPORTANTE: 1) Atos "INTERNA CORPORIS" são os atos baseados exclusivamente nos três Regimentos do Congresso Nacional, NÃO são atos apreciáveis pelo Poder Judiciário, ante o princípio da auto-organização do Poder Legislativo que lhe foi conferido pela Constituição, sendo assim, os conflitos derivados da aplicação de norma regimental devem ser dirimidos exclusivamente pelos órgãos competentes do próprio Congresso Nacional. EXCEÇÃO: só cabe controle judicial dos atos do regimento interno se os mesmos afrontarem à Constituição. Ex: o regimento prevê uma votação por maioria simples quando a Constituição exige maioria qualificada. 2) DECISÃO DO STF: (...) o Plenário do STF tem reiteradamente advertido que atos emanados dos órgãos de direção das Casas do Congresso Nacional, quando praticados nos estritos limites da competência da autoridade apontada como coatora e desde que apoiados em fundamentos exclusivamente regimentais, sem qualquer conotação de índole jurídico-constitucional, revelam-se imunes ao judicial review, pois - não custa enfatizar - a interpretação incidente sobre normas de índole meramente regimental, por qualificar-se como típica matéria interna corporis, suscita questão que se deve resolver, "exclusivamente, no âmbito do Poder Legislativo, sendo vedada sua apreciação pelo Judiciário" (...).[MS 23.920 MC, rel. min. Celso de Mello, decisão monocrática, j. 28-3-2001, DJ de 3-4-2001.] Vide MS 25.579 MC, rel. p/ o ac. min. Joaquim Barbosa, j. 19-10-2005, P, DJde 24-8-2007 MESAS DA CÂMARA FEDERAL, DO SENADO FEDERAL E DO CONGRESSO NACIONAL Cada uma das casas legislativa terá composta sua mesa e terão funções administrativas e de condução/direção dos trabalhos legislativos; As Mesas têm um papel importante porque podem propor Ação direta de inconstitucionalidade, ação declaratória de constitucionalidade e arguição de descumprimento de preceito fundamental, no caso do legislativo federal;

São eleitas para um mandato de 2 anos, vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição posterior;

Não se considera recondução a eleição para o mesmo cargo em legislaturas diferentes, ainda que sucessivas;

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Na constituição das Mesas, deverá ser assegurada a representação proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que participam da respectiva Casa; Conforme determina a Constituição, a Mesa do Congresso Nacional será presidida pelo Presidente do Senado Federal e os demais cargos serão exercidos, alternadamente, pelos ocupantes de cargos equivalentes na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. DAS COMISSÕES PARLAMENTARES (as comissões estarão previstas nos regimentos internos de cada casa legislativa) e poderão ser: COMISSÕES TEMPORÁRIAS: Art. 22, II, Regimento Interno da Câmara dos Deputados - são criadas "para apreciar determinado assunto, que se extingue ao término da legislatura, ou antes dele, quando alcançado o fim a que se destinam ou expirado o prazo de sua duração" COMISSÕES TEMPORÁRIAS ESPECIAIS – art.34 Regimento interno da Câmara dos Deputados- São criadas para dar pareceres a respeito de: a) Proposta de Emenda à Constituição e projeto de código; b) Proposições que versarem matéria de competência de mais de três Comissões que devam pronunciar-se, quanto ao mérito, por iniciativa do Presidente da Câmara ou a requerimento de Líder ou de Presidente de Comissão Interessada. COMISSÕES PARLAMENTARES MISTAS: composta por ambas as casas sobre temas em comuns. ATENÇÃO ESPECIAL ÀS COMISSÕES PARLAMENTARES DE INQUÉRITO (CPI´s):

Art. 58, § 3°, CF 1988 "As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores."

Regulada pela Lei nº 13.367/2016: “Art. 1o As Comissões Parlamentares de Inquérito, criadas na forma do § 3o do art. 58 da Constituição Federal, terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com ampla ação nas pesquisas destinadas a apurar fato determinado e por prazo certo. Parágrafo único. A criação de Comissão Parlamentar de Inquérito dependerá de requerimento de um terço da totalidade dos membros da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, em conjunto ou separadamente.” (NR) “Art. 2o No exercício de suas atribuições, poderão as Comissões Parlamentares de Inquérito determinar diligências que reputarem necessárias e requerer a convocação de

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Ministros de Estado, tomar o depoimento de quaisquer autoridades federais, estaduais ou municipais, ouvir os indiciados, inquirir testemunhas sob compromisso, requisitar da administração pública direta, indireta ou fundacional informações e documentos, e transportar-se aos lugares onde se fizer mister a sua presença.” (NR)

Somente poderes investigatórios e não jurisdicionais – somente pode quebrar sigilo bancário e de dados, sendo que os demais deverão pedir ao juiz competente.

A denúncia ou não depende do MP, note que é uma espécie de “inquérito”, eis sua função, instruir um possível futuro processo judicial. QUAIS SEUS REQUISITOS? O requerimento, o objeto determinado e o prazo certo. → Quórum de requerimento: 1/3. Não é possível rejeição da instalação da CPI; → Fato certo e determinado. Regimento interno Câmara dos Deputados: 35, § 1º: § 1° Considera-se fato determinado o acontecimento de relevante interesse para a vida pública e a ordem constitucional, legal, econômica e social do País, que estiver devidamente caracterizado no requerimento de constituição da Comissão; → não podem ser fatos privados; → fatos de competência do ente; → pode fatos conexos; → não pode fatos genéricos; → prazo certo: constituição não diz o que é prazo certo. Deixou para o regimento interno. 120 dias. O QUE PODE E O QUE NÃO PODE EM UMA CPI? → determinar o comparecimento de testemunhas, tomar-lhes depoimento, promover diligências, requisitar documentos, certidões, pedir informações a qualquer repartição pública, ou órgão federal, estadual, municipal, distrital ou territorial, pode determinar a quebra do sigilo bancário e fiscal. Pode acessar sigilo telefônico; → investigado e não réu ou indiciado; → não pode determinar a interceptação telefônica e de dados; → não pode determinar busca e apreensão violando domicílio; → a testemunha e o investigado podem ser conduzidos coercitivamente; → possuem direito ao silêncio; → possuem direito a se fazerem acompanhar por um advogado; → CPI não pode determinar a prisão de ninguém; → CPIs e princípio da Simetria: Possibilidade de CPIs nas Assembleias legislativas e nas Câmaras de Vereadores; → Não há obrigatoriedade na conclusão da CPI. Pode ser entregue a quaisquer autoridades, muito embora a CF mencione apenas o Ministério Público.

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20.1.3 Atribuições do legislativo

20.1.3.1 Atribuições fiscalizatória

Art. 50, CF 1988 "A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qualquer de suas Comissões, poderão convocar Ministro de Estado ou quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à Presidência da República para prestarem, pessoalmente, informações sobre assunto previamente determinado, importando crime de responsabilidade a ausência sem justificação adequada.

Convocação de outras autoridades ou cidadãos:

Art. 58, § 2º, CF 1988 "Às comissões, em razão da matéria de sua competência, cabe: III - convocar Ministros de Estado para prestar informações sobre assuntos inerentes a suas atribuições; (...)

→ Art. 58, § 3º da CF: Comissões parlamentares de inquérito. 20.1.3.2 Atribuições de julgamentos JULGAMENTO DAS CONTAS DO PRESIDENTE: Art. 49, IX, CF 1988 "É da competência exclusiva do Congresso Nacional: julgar anualmente as contas prestadas pelo

Funções do legislativo

Constituinte (art.60 da CF)

Legislativas (Leis

ordinárias, complementares,

regimento interno)

Fiscalizatórias art. 50, b, 52

parag.2° CPI

Julgamento: - de contas;

- de crimes de responsabilidade

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Presidente da República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo" COMBINADO COM Art. 84, XXIV (Cabe ao Presidente Prestar). Art. 71, I, CF 1988 [Compete ao Tribunal de Contas da União] "apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento – EMITIR PARECER, NÃO JULGAR. PAPEL DE CONTROLE EXTERNO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. ATRIBUIÇÕES" DE JULGAMENTO DE CRIMES DE RESPONSABILIDADE (impeachment) Art. 51, I, CF 1988 "Compete privativamente à Câmara dos Deputados: autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado [Câmara dos Deputados como "órgão de admissibilidade do processo"]"

Art. 52, CF 1988 "Compete privativamente ao Senado Federal: I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles; II - processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade;

DISTINÇÃO entre crimes comuns e crimes de responsabilidade: Pode-se simplificar afirmando que os crimes comuns referem-se aos previstos na legislação penal, seja no Código Penal seja na legislação extravagante ou especial, tendo sua competência de julgamento pelo Poder Judiciário, enquanto os crimes de responsabilidade são graves infrações de caráter político-constitucional cometidas pelas mais altas autoridades constitucionais dos demais Poderes do Estado, tem sua natureza jurídico-políticas, e sua SANÇÃO está prevista no art. 52, § único, CF 1988, que regulamenta as linhas básicas dos processos de crimes de responsabilidade: "Nos casos previstos nos incisos I e II [do art. 52], funcionará como Presidente o do Supremo Tribunal Federal, limitando-se a condenação, que somente será proferida por dois terços dos votos do Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis Observação: no caso DILMA ROUSSEF, A SANÇÃO FOI DESMEMBRADA, OU SEJA, A VOTAÇÃO INCIDIU SOBRE CADA UMA DAS SANÇÕES, RESTANDO APROVADA APENAS A VOTAÇÃO PELA CASSAÇÃO DO MANDATO E NÃO PARA INABILITAÇÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS. 21 TRIBUNAL DE CONTAS Aparecem dentro do Poder Legislativo – órgãos independentes de extração constitucional;

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O tribunal de contas auxilia o Congresso Nacional na sua missão de controle externo, conforme art. 71 da CF.

Art. 70 da CF: A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder. Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.

21.1 Quem será fiscalizado e em quais dimensões? Quem será fiscalizado: todos os órgãos da Administração Direta, as entidades da Administração indireta (autarquias, fundações, consórcios públicos, empresas públicas e sociedades de economia mista) e inclusive particulares, sejam pessoas jurídicas ou físicas, que de algum modo gerenciam dinheiro público. → dimensões: dinheiros e patrimônio; → aspectos: legalidade, economicidade e legitimidade; → não só despesas, também subvenções e renúncia de receitas.

Art. 73 da CF: O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Ministros, tem sede no Distrito Federal, quadro próprio de pessoal e jurisdição em todo o território nacional, exercendo, no que couber, as atribuições previstas no art. 96.

21.2 Critérios de nomeação

Artigo 73 da Constituição Federal: § 1º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão nomeados dentre brasileiros que satisfaçam os seguintes requisitos: I - mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade; II - idoneidade moral e reputação ilibada; III - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de administração pública; IV - mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional que exija os conhecimentos mencionados no inciso anterior.

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§ 2º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão escolhidos: I - um terço pelo Presidente da República, com aprovação do Senado Federal, sendo dois alternadamente dentre auditores e membros do Ministério Público junto ao Tribunal, indicados em lista tríplice pelo Tribunal, segundo os critérios de antiguidade e merecimento; II - dois terços pelo Congresso Nacional.

21.3 Resumo → 9 ministros; → 1/3, ou seja, 3, serão escolhidos pelo Presidente da República. Um ele poderá escolher livremente. O outro ele terá de escolher alternadamente entre auditores e membros do ministério público de contas, a partir de critérios de merecimento e antiguidade, e a partir de lista tríplice elaborada pelo tribunal; → 2/3 escolhidos livremente pelo parlamento; → Os Ministros do TCU possuem as mesmas prerrogativas de Ministro do STJ; → Os mesmos percentuais se aplicam aos tribunais de contas dos Estados. Ocorre, contudo, que os Tribunais de Contas Estaduais são formados por conselheiros, e não ministros, e são em número de 7, e não 9. 21.4 Competência Artigo 71 da Constituição Federal: I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento; - Inciso I - Elaborar Parecer prévio sobre as contas de governo, anualmente. As contas serão aprovadas ou reprovados pelo Congresso Nacional, mediante decreto legislativo (maioria absoluta). No caso específico dos Municípios há um quórum maior, quórum de 2/3 dos vereadores para não aprovar o parecer (art. 31, § 2º). II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público; - Inciso II – se refere às contas de gestão. Possibilidade de imputação de multa e de débito diretamente pelo Tribunal de Contas. Quem quer que cause prejuízo ao erário. III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato concessório; - Inciso III – legalidade das admissões e aposentadorias, salvo aumentos simples no último caso.

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IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II; - Inciso IV – Tomadas de contas especiais, que pode ser ex officio ou mediante provocação. V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo; - Inciso V - Contas nacionais das empresas públicas supracionais – caso da Itaipu VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município; - Inciso VI – Recursos repassados para a União a Estados e Municípios VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas; - Inciso VII – Prestar informações VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário; - VIII – aplicar diretamente as sanções IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade; IX – apontamento. Em caso de irregularidades, o tribunal apontará o erro, dando prazo para a correção. X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal; [...] § 1º No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo Congresso Nacional, que solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis. § 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias, não efetivar as medidas previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito. § 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de título executivo. X – sustar diretamente. Ex.: admissão sem concurso público. O Tribunal de Contas pode sustar qualquer ato. Importante ler este inciso em conjunto com os § 1 e 2º. No caso de contrato administrativo, o Tribunal de Contas primeiro vai informar ao Congresso Nacional e este vai notificar ao Executivo para que tome providências. Se em 90 dias o Congresso Nacional ou o Poder Executivo nada fizerem, poderá o tribunal de contas agir diretamente.

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DICA

Aparecem dentro do Poder Legislativo como órgãos independentes de extração Constitucional. Cuidado com a distinção: A) No caso do art. 71, I da CF: Elaborar Parecer prévio sobre as contas de governo, anualmente. As contas serão aprovadas ou reprovados pelo Congresso Nacional, mediante decreto legislativo (maioria absoluta). No caso específico dos Municípios há um quórum maior, quórum de 2/3 dos vereadores para não aprovar o parecer (art. 31, § 2º da CF); B) No caso do inciso II, a palavra é julgar: Se refere às contas de gestão. Possibilidade de imputação de multa e de débito diretamente pelo Tribunal de Contas. Quem quer que cause prejuízo ao erário.

21.5 Postura do STF após súmula SÚMULA VINCULANTE 3 Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão. SÚMULA 347 STF “O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Público”. Controle de constitucionalidade e Tribunal de Contas "2. Descabe a atuação precária e efêmera afastando do cenário jurídico o que assentado pelo Tribunal de Contas da União. A questão alusiva à possibilidade de este último deixar de observar, ante a óptica da inconstitucionalidade, certo ato normativo há de ser apreciada em definitivo pelo Colegiado, prevalecendo, até aqui, porque não revogado, o Verbete nº 347 da Súmula do Supremo. De início, a atuação do Tribunal de Contas se fez considerado o arcabouço normativo constitucional." (MS 31439 MC, Relator Ministro Marco Aurélio, Decisão Monocrática, julgamento em 19.7.2012, DJe de 7.8.2012) "Assim, a declaração de inconstitucionalidade, pelo Tribunal de Contas da União, do art. 67 da Lei n° 9.478/97, e do Decreto n° 2.745/98, obrigando a Petrobrás, consequentemente, a cumprir as exigências da Lei n° 8.666/93, parece estar em confronto com normas constitucionais, mormente as que traduzem o princípio da legalidade, as que delimitam as competências do TCU (art. 71), assim como aquelas que conformam o regime de exploração da atividade econômica do petróleo (art. 177). Não me impressiona o teor da Súmula n° 347 desta Corte, (...). A referida regra sumular foi aprovada na Sessão Plenária de 13.12.1963, num contexto constitucional totalmente diferente do atual. Até o advento da Emenda Constitucional n° 16, de 1965, que introduziu em nosso sistema o controle abstrato de normas, admitia-se como legítima a recusa, por parte de órgãos não-jurisdicionais, à aplicação da lei considerada inconstitucional. No entanto, é preciso levar em conta que o texto constitucional de 1988 introduziu uma mudança radical no nosso sistema de controle de constitucionalidade. Em escritos doutrinários, tenho enfatizado que a ampla legitimação conferida ao controle abstrato,

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com a inevitável possibilidade de se submeter qualquer questão constitucional ao Supremo Tribunal Federal, operou uma mudança substancial no modelo de controle de constitucionalidade até então vigente no Brasil. Parece quase intuitivo que, ao ampliar, de forma significativa, o círculo de entes e órgãos legitimados a provocar o Supremo Tribunal Federal, no processo de controle abstrato de normas, acabou o constituinte por restringir, de maneira radical, a amplitude do controle difuso de constitucionalidade. A amplitude do direito de propositura faz com que até mesmo pleitos tipicamente individuais sejam submetidos ao Supremo Tribunal Federal mediante ação direta de inconstitucionalidade. Assim, o processo de controle abstrato de normas cumpre entre nós uma dupla função: atua tanto como instrumento de defesa da ordem objetiva, quanto como instrumento de defesa de posições subjetivas. Assim, a própria evolução do sistema de controle de constitucionalidade no Brasil, verificada desde então, está a demonstrar a necessidade de se reavaliar a subsistência da Súmula 347 em face da ordem constitucional instaurada com a Constituição de 1988." (MS 25888 MC, Relator Ministro Gilmar Mendes, julgamento em 22.3.2006, DJ de 29.3.2006)

Pensando criticamente: O Supremo Tribunal Federal não revogou o verbete da Súmula 347 que reconhece a competência para declaração de

constitucionalidade por parte do Tribunal de Contas. Contudo, às manifestações em decisões via Mandado de Segurança tem ressaltado a impossibilidade de um Tribunal não jurisdicional declarar a inconstitucionalidade de Lei, isso porque é incompetente para o exercício do controle repressivo de constitucionalidade. Tais compreensões estão também relacionadas à natureza do órgão, concluindo-se que sua função é de natureza administrativa no auxílio técnico do Poder Legislativo na função fiscalizadora e julgadora das Contas do Executivo. Para exercer tal função, é que haveria o reconhecimento da possibilidade da declaração de constitucionalidade. Demonstrou que tal redação que autorizava o agir do Tribunal, bem como o contexto da redação sumular é anterior a Constituição de 1988 e, portanto, deve ser relida à luz da nova ordem jurídica. Não pairam dúvidas quanto à impossibilidade desta declaração ser compreendida sob a ótica do controle abstrato, pois haveria uma usurpação de competência originária do Supremo Tribunal Federal. Parte da doutrina e dos julgados tratam de uma possível declaração de constitucionalidade pela via incidental, o que não restou pacífico. Isso, pois, há também a compreensão que a natureza não jurisdicional do órgão impede falar em controle de constitucionalidade e sim em não aplicação de lei inconstitucional. Adverte-se, no texto, que independente da postura adotada, reconhecer a força das manifestações prolatadas pelo Tribunal de Contas quando afasta a incidência de uma norma ou quando declara sua inconstitucionalidade é fundamental para se discutir outras questões decorrentes, tais como a necessidade ou não de se observar a cláusula de reserva de plenário, a transcendência da decisão para casos concretos, a vinculação do Tribunal de Contas caso já exista a manifestação sobre a alegação de inconstitucionalidade em comento em sede de recurso extraordinário. 22 IMUNIDADE PARLAMENTAR

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→ As imunidades parlamentares são de ordem formal e material; → A constituição regula o âmbito federal; → Não há imunidades formal para o caso de vereadores municipais; → No caso da imunidade material, cuidar que para os vereadores a circunscrição do município é quem determinará seu âmbito de incidências.

22.1 Imunidade material

IMUNIDADE MATERIAL OU INVIOLABILIDADE ("freedom of speach": imunidade por opinião e palavras) a) Inviolabilidade no âmbito CIVIL: as quaisquer opiniões, palavras e votos proferidos não constituem dano civil, isto é: não geram direito à indenização por perdas e danos (sejam danos morais sejam danos causadores de sanção acessória por prática de crime).

IMUNIDADE MATERIAL

(DE FALA)

a) âmbito civil: as quaisquer opiniões, palavras e votos proferidos não constituem dano civil, não geram direito à indenização b) penal: as quaisquer opiniões, palavras e votos proferidos não tipificam crime, isto é: não tipificam injúria, calúnia ou difamação ou outros crimes similares.

A garantia da imunidade material ou inviolabilidade vigora não somente no efetivo exercício do mandato NO RECINTO do Congresso Nacional. Efetivo exercício do mandato também pode significar exercício de atividade FORA do recinto do Parlamento (expressão-chave: teoria da conexão). Obs: nos municípios restringe-se a circunscrição municipal.

IMUNIDADE FORMAL

Garantia do parlamentar de não ser preso: "Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão." PALAVRA-CHAVE: DIPLOMAÇÃO RESPECTIVA CASA, MAIORIA ABSOLUTA.

Garantia de sustação da ação: ART.53 § 3° - SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL recebe a denúncia conta Senador ou deputado, por crime ocorrido após a DIPLOMAÇÃO e dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação. A sustação suspende a prescrição enquanto durar o mandato!

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Inviolabilidade no âmbito PENAL: as quaisquer opiniões, palavras e votos proferidos não tipificam crime, isto é: não tipificam injúria, calúnia ou difamação ou outros crimes similares. TEORIA DA “CONEXÃO”: DEPOIS DA EMENDA 35/01 - Âmbito ESPACIAL de proteção. IMPORTANTE Aplica-se a Senadores e Deputados Federais e Estaduais, independente de onde se encontrem, desde que tal manifestação tenha conexão com o mandato e, obviamente, não se qualifique como crime. Aos vereadores, tal imunidade está restrita ao âmbito da circunscrição municipal. 22.2 Imunidade formal A imunidade formal possui duas variantes: Garantia do parlamentar de não ser preso ("freedom from arrest"). TEXTO ATUAL: Art. 53, § 2°, CF 1988 (redação da Emenda n° 35, de 20.12.2001) "Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão." Garantia de sustação de ação penal TEXTO ATUAL - Art. 53, CF 1988 (na redação da Emenda n° 35, de 20.12.2001) "§ 1° - Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal. (...) § 3° - Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação. § 4° - O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora. § 5° - A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato." 22.3 Foro privilegiado Art. 53, § 1° - A competência para julgamento de membros do Congresso Nacional pela prática de infrações penais comuns é do Supremo Tribunal Federal (e não dos juízes ordinários de primeira instância). NOVA POSIÇÃO SO SUPREMO TRIBUNAL A PARTIR DA INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA DO FORO PRIVILEGIADO

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● Principais Somente crimes que possuírem relação com o mandato de

parlamentar; ● Cometidos após a diplomação

Pontos de restrição; Para ministro Luís Roberto Barroso: ‘1) O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas.’ i) fixar a competência do STF para processar e julgar os membros do Congresso Nacional exclusivamente quanto aos crimes praticados após a diplomação, independentemente de sua relação ou não com a função pública em questão; ii) serem inaplicáveis as regras constitucionais de prerrogativa de foro quanto aos crimes praticados anteriormente à diplomação ou nomeação, conforme o caso, hipótese em que os processos deverão ser remetidos ao juízo de 1ª instância competente, independentemente da fase em que se encontre; iii) reconhecer a inconstitucionalidade de todas as normas previstas em constituições estaduais, bem como na lei orgânica do DF, que contemplem hipóteses de prerrogativa de foro não previstas expressamente na CF, vedada a invocação de simetria. Nestes casos, os processos deverão ser remetidos ao juízo de 1ª instância competente, independentemente da fase em que se encontram; iv) estabelecer, quando aplicável a competência por prerrogativa de foro, que a renúncia ou a cessação, por qualquer outro motivo da função pública que atraia a causa penal ao foro especial após o encerramento da fase do art. 10 da lei 8.038/90 com a determinação de vista às partes para alegações finais, não altera a competência para o julgamento da ação penal.

SENDO ASSIM,

NOVA INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL DO ART 53 PARÁGRAFO 10 – importante decisão da ação penal 937 -APLICAÇÃO PARA CRIMES COMETIDOS DURANTE O EXERCÍCIO DO CARGO E CRIMES RELATIVOS A FUNÇÃO QUE EXERCE. STF - MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL. Ademais, viola o princípio da igualdade proteger, com foro de prerrogativa, o agente público por atos praticados sem relação com a função para a qual se quer resguardar sua independência, o que constitui a atribuição de um privilégio. A Corte registrou que essa nova linha interpretativa deve ser aplicada imediatamente aos processos em curso, com a ressalva de todos os atos praticados e decisões proferidas pelo STF. AP 937 QO/RJ, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 2 e 3.5.2018. (AP-937) (Informativo 900) Duas teses extraídas da decisão, segundo CAVALCANTE, Márcio André Lopes. TESE 1: As normas da Constituição de 1988 que estabelecem as hipóteses de foro por prerrogativa de função devem ser interpretadas restritivamente, aplicando-se apenas aos crimes que tenham sido praticados durante o exercício do cargo e em razão dele.

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Assim, por exemplo, se o crime foi praticado antes de o indivíduo ser diplomado como Deputado Federal, não se justifica a competência do STF, devendo ele ser julgado pela 1ª instância mesmo ocupando o cargo de parlamentar federal. Além disso, mesmo que o crime tenha sido cometido após a investidura no mandato, se o delito não apresentar relação direta com as funções exercidas, também não haverá foro privilegiado. Foi fixada, portanto, a seguinte tese: O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas. CAVALCANTE, Márcio André Lopes. TESE 2 Após o final da instrução processual, com a publicação do despacho de intimação para apresentação de alegações finais, a competência para processar e julgar ações penais não será mais afetada em razão de o agente público vir a ocupar outro cargo ou deixar o cargo que ocupava, qualquer que seja o motivo. (CAVALCANTE)

STF - EM CASO DE PARLAMENTAR RENUNCIAR PARA EXIMIR-SE DO JULGAMENTO, OU EM CASO DE MANOBRAS PARA DESLOCAR A COMPETÊNCIA E ASSIM POSTERGAR O JULGAMENTO: RENÚNCIA NA VÉSPERA DO JULGAMENTO- NÍTIDO INTUITO DE DESLOCAR COMPETÊNCIA - DECISÃO DO STF: Deputado federal. Renúncia ao mandato. Abuso de direito: reconhecimento da competência do STF para continuidade do julgamento da presente ação penal. (...) Renúncia de mandato: ato legítimo. Não se presta, porém, a ser utilizada como subterfúgio para deslocamento de competências constitucionalmente definidas, que não podem ser objeto de escolha pessoal.

PERDA DE MANDATO DE PARLAMENTAR (ART 55)

● INCOMPATIBILIDADES: são proibições descritas no art. 54 da Constituição: ● Desde a expedição do diploma: a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica

de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes; b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclusive os de que sejam demissíveis "ad nutum", nas entidades constantes da alínea anterior;

● Desde a posse: a) ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função remunerada; b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis "ad nutum", nas entidades referidas no inciso I, "a"; c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer das entidades a que se refere o inciso I, "a"; d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato público eletivo.

● QUEBRA DE DECORO PARLAMENTAR: decoro parlamentar está previsto no

regimento interno, sendo apreciado pelo Comitê de ética de cada casa legislativa;

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RESOLUÇÃO 25 DE 20012

● DECISÃO DO SUPREMO – DEPUTADO OU SENADOR ELEITO QUE ESTEJA NOMEADO MINISTRO DE ESTADO PODERÁ INCORRER EM QUEBRA DE DECORO PARLAMENTAR: O membro do Congresso Nacional que se licencia do mandato para investir-se no cargo de ministro de Estado não perde os laços que o unem, organicamente, ao Parlamento (CF, art. 56, I). (...). (...) ainda que licenciado, cumpre-lhe guardar estrita observância às vedações e incompatibilidades inerentes ao estatuto constitucional do congressista, assim como às exigências ético-jurídicas que a Constituição (CF, art. 55, § 1º) e os regimentos internos das casas legislativas estabelecem como elementos caracterizadores do decoro parlamentar. [MS 25.579 MC, rel. p/ o ac. min. Joaquim Barbosa, j. 19-10-2005, P, DJ de 24-8-2007.] Caso do José Dirceu, era Ministro mas perdeu o mandato por quebra de decoro parlamentar!

● DEIXAR DE COMPARECER À SESSÃO LEGISLATIVA: Deixar de comparecer, em

cada sessão legislativa: À terça parte das sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada; que perder ou tiver suspensos os direitos políticos;

● QUANDO O DECRETAR A JUSTIÇA ELEITORAL: nos casos previstos nesta

Constituição;

2 Art. 4º Constituem procedimentos incompatíveis com o decoro parlamentar, puníveis com a perda do mandato: I - abusar das prerrogativas constitucionais asseguradas aos membros do Congresso Nacional (Constituição Federal, art. 55, § 1º); II - perceber, a qualquer título, em proveito próprio ou de outrem, no exercício da atividade parlamentar, vantagens indevidas (Constituição Federal, art. 55, §1º); III - celebrar acordo que tenha por objeto a posse do suplente, condicionando-a a contraprestação financeira ou à prática de atos contrários aos deveres éticos ou regimentais dos Deputados; IV - fraudar, por qualquer meio ou forma, o regular andamento dos trabalhos legislativos para alterar o resultado de deliberação; VI- omitir intencionalmente informação relevante, ou, nas mesmas condições, prestar informação falsa nas declarações de que trata o art. 18. Art. 5º Atentam, ainda, contra o decoro parlamentar as seguintes condutas, puníveis na forma deste Código: I - perturbar a ordem das sessões da Câmara ou das reuniões de comissão; II - praticar atos que infrinjam as regras de boa conduta nas dependências da Casa; III - praticar ofensas físicas ou morais nas dependências da Câmara ou desacatar, por atos ou palavras, outro parlamentar, a Mesa ou comissão, ou os respectivos Presidentes; IV - usar os poderes e prerrogativas do cargo para constranger ou aliciar servidor, colega ou qualquer pessoa sobre a qual exerça ascendência hierárquica, com o fim de obter qualquer espécie de favorecimento; V - revelar conteúdo de debates ou deliberações que a Câmara ou comissão hajam resolvido devam ficar secretos; VI - revelar informações e documentos oficiais de caráter reservado, de que tenha tido conhecimento na forma regimental; VII - usar verbas de gabinete em desacordo com os princípios fixados no caput do art. 37 da Constituição Federal; VIII - relatar matéria submetida à apreciação da Câmara, de interesse específico de pessoa física ou jurídica que tenha contribuído para o financiamento de sua campanha eleitoral; IX - fraudar, por qualquer meio ou forma, o registro de presença às sessões, ou às reuniões de comissão. Parágrafo único. As condutas puníveis neste artigo só serão objeto de apreciação mediante provas.

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ATENÇÃO: (...) O STF, por ocasião do julgamento dos MS 26.602, 26.603 e 26.604 reconheceu a existência do dever constitucional de observância do princípio da fidelidade partidária. (...) DECISÃO DO STF: Inaplicabilidade da regra de perda do mandato por infidelidade partidária ao sistema eleitoral majoritário.

(...) As decisões no MS 26.602, no MS 26.603 e no MS 26.604 tiveram como pano de fundo o sistema proporcional, que é adotado para a eleição de deputados federais, estaduais e vereadores. As características do sistema proporcional, com sua ênfase nos votos obtidos pelos partidos, tornam a fidelidade partidária importante para garantir que as opções políticas feitas pelo eleitor no momento da eleição sejam minimamente preservadas. Daí a legitimidade de se decretar a perda do mandato do candidato que abandona a legenda pela qual se elegeu. O sistema majoritário, adotado para a eleição de presidente, governador, prefeito e senador, tem lógica e dinâmica diversas da do sistema proporcional. As características do sistema majoritário, com sua ênfase na figura do candidato, fazem com que a perda do mandato, no caso de mudança de partido, frustre a vontade do eleitor e vulnere a soberania popular. CF, art. 1º, parágrafo único; e art. 14, caput). [ADI 5.081, rel. min. Roberto Barroso, j. 27-5-2015, P, DJE de 19-8-2015.

O reconhecimento da justa causa para transferência de partido político afasta a perda do mandato eletivo por infidelidade partidária. Contudo, ela não transfere ao novo partido o direito de sucessão à vaga. [MS 27.938, rel. min. Joaquim Barbosa, j. 11-3-2010

● SOFRER CONDENAÇÃO CRIMINAL EM SENTENÇA TRANSITADA EM JULGADO.

MUITA ATENÇÃO: DECISÃO X DECLARAÇÃO nos casos de INCOMPATIBILIDADE, QUEBRA DE DECORO E CONDENAÇÃO PENAL TRANSITADA EM JULGADO, a perda do mandato será decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, por maioria absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa." CF/1988: “Art. 55. (...) § 3º Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda será declarada pela Mesa da Casa respectiva, de ofício ou mediante provocação de qualquer de seus membros, ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa.” AP 694/MT, rel. Min. Rosa Weber, julgamento em 2.5.2017. (AP-694)

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Observação: alterado por emenda constitucional em 2013 – pois a redação anterior trazia voto secreto, em face das polêmicas relacionada aos deputados envolvidos com o mensalão.

SOBRE PERDA DE MANDATO DE PARLAMENTAR ART. 55 DA CF - NOVA INTERPRETAÇÃO SOBRE O ART.55, III- PERDA AUTOMÁTICA:

Se o STF condenar um parlamentar federal e decidir que ele deverá perder o cargo, isso acontece imediatamente ou depende de uma deliberação da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal respectivamente? • Se o Deputado ou Senador for condenado a mais de 120 dias em regime fechado: a perda do cargo será uma consequência lógica da condenação. Neste caso, caberá à Mesa da Câmara ou do Senado apenas declarar que houve a perda (sem poder discordar da decisão do STF), nos termos do art. 55, III e § 3º da CF/88. • Se o Deputado ou Senador for condenado a uma pena em regime aberto ou semiaberto: a condenação criminal não gera a perda automática do cargo. O Plenário da Câmara ou do Senado irá deliberar, nos termos do art. 55, § 2º, se o condenado deverá ou não perder o mandato. STF. 1ª Turma. AP 694/MT, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 2/5/2017 (Info 863). STF. 1ª Turma. AP 863/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 23/5/2017 (Info 866).

23 PODER EXECUTIVO

ÓRGÃO MONOCRÁTICO ou UNIPESSOAL: Art. 76, CF 1988 "O Poder Executivo é exercido [somente] pelo Presidente da República, [sendo] auxiliado pelos Ministros de Estado."

NO CASO DO PRESIDENCIALISMO BRASILEIRO, LEMBRAR QUE O CHEFE DO EXECUTIVO EXERCE AS FUNÇÕES DE CHEFE DE GOVERNO, CHEFE DE ESTADO E CHEFE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (todas funções descritas no art. 84 da CF).

Mandato de 4 anos, alterado pela emenda Constitucional de revisão n. 5/94, pois

o mandato era de 5 anos, permitida uma recondução ao cargo em período subsequente, por emenda constitucional n. 16/97.

PRESIDENTE DA REPÚBLICA

GOVERNADOR DO ESTADO

PREFEITO MUNICIPAL

IDADE MÍNIMA 35 anos 30 anos 21 anos

MANDATO 4 anos permitida uma recondução

4 anos permitida uma recondução

4 anos permitida uma recondução

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ELEIÇÃO

Majoritário - caso não atinja MAIORIA ABSOLUTA - mais que 50% dos votos no 1º turno (não computados brancos e nulos) haverá 2º turno

Majoritário - caso não atinja MAIORIA ABSOLUTA - mais que 50% dos votos no 1º turno (não computados brancos e nulos) haverá 2º turno

Majoritário – contudo, 2º turno haverá apenas nas cidades maiores que 200 mil eleitores

23.1 Vacância Art. 79, CF 1988 "Substituirá o Presidente, no caso de impedimento, e suceder-lhe-á, no de vaga, o Vice-Presidente. Importante

Se, decorridos 10 (dez) dias da data fixada para a posse, o Presidente ou o Vice-Presidente, salvo motivo de força maior, não tiver assumido o cargo, este será declarado vago.

Ocorre em caso de Presidente e Vice-Presidente não poder exercer o cargo, por impedimento ou morte. QUEM ASSUME TEMPORARIAMENTE NESSE CASO É (sucessivamente): → Presidência o Presidente da Câmara dos Deputados; → Presidente do Senado Federal; → Presidente do Supremo Tribunal Federal. 23.1.1 Hipóteses de vacância CUIDAR O TEMPO

Se a vacância se der mais de 2 antes, o término do mandato terá 90 dias após a abertura da última vaga (art. 81 caput). Nesse caso, a eleição será direta.

Se a vacâncias se der nos últimos 2 anos de mandato, então terão o prazo de 30 dias após a abertura da última vaga. Nesse caso, a eleição será indireta.

Observação: os novos ocupantes do cargo permanecem até completar o período restante do mandato.

CASO DE MORTE ANTES DO 2º TURNO § 4º - Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, desistência ou

impedimento legal de candidato, convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de maior votação (se houver empate, o mais idoso!) CASO DE MORTE DE CANDIDATO APÓS 2º TURNO

Será chamado a concorrer para o 2º turno o remanescente que tiver feito maior votação no 1º turno.

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23.2 Funções do chefe do executivo

Lembrar que as funções de dispor, mediante decreto (organização e funcionamento da administração federal, e extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos); conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei e, prover e extinguir os cargos públicos federais podem ser delegadas aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados nas respectivas delegações.

Art. 84 da CF: Compete privativamente ao Presidente da República: I - nomear e exonerar os Ministros de Estado; II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da administração federal; III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Constituição; IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução; V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente; VI – dispor, mediante decreto, sobrea) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus representantes diplomáticos; VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional; IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio; X - decretar e executar a intervenção federal; XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Nacional por ocasião da abertura da sessão legislativa, expondo a situação do País e solicitando as providências que julgar necessárias; XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei; XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes são privativos; XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, os Governadores de Territórios, o Procurador-Geral da República, o presidente e os diretores do banco central e outros servidores, quando determinado em lei; XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Ministros do Tribunal de Contas da União;

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XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta Constituição, e o Advogado-Geral da União; XVII - nomear membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII; XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional; XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional; XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congresso Nacional; XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas; XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente; XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de orçamento previstos nesta Constituição; XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as contas referentes ao exercício anterior; XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei; XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos termos do art. 62; XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta Constituição.

23.3 Ministros e Ministérios ARTS. 87 E 88, CF 1988: → pelo menos 21 anos e em pleno gozo dos direitos políticos; → trata-se de cargos em comissão, ou seja, de livre provimento por parte do Presidente; → basicamente são organismos responsáveis em coordenação, muitas vezes uma matéria demanda a ação conjunta de mais de um ministério.

IMPORTANTE!

DECISÃO DO STF (MP 207 2004 e MP 2.409-11 de 2000, respectivamente): A advocacia Geral da União e a Presidência do Banco Central possuem status de Ministro, porquanto, gozam também da prerrogativa de foro privilegiado.

SÚMULA VINCULANTE N.13- SOBRE O NEPOTISMO – NÃO SE APLICA AOS CARGOS DE MINISTRO DE ESTADO, SECRETÁRIOS ESTADUAIS E MUNICIPAIS! 24 CRIME DE RESPONSABILIDADE

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Os crimes de responsabilidade distinguem-se em infrações políticas (art. 85, I-IV), e crimes funcionais (art. 85, V-VIII, da CF). I — a existência da União; II — o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das *Unidades da Federação; III — o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais; IV — a segurança interna do País; V — a probidade na administração; VI — a lei orçamentária; VII — O cumprimento das leis e das decisões judiciais

24.1 Natureza dos crimes de responsabilidade Ferreira Filho (Curso, 18ª ed., p. 143) "Em primeiro lugar…, impõe-se o exame do fundamento do impeachment. A consulta à Constituição de 1988, art. 85, revela ser ele uma conduta contrária à Constituição. A lei, todavia (n. 1079, de 10-4-1950), define as figuras que dão ensejo ao impeachment. Sem dúvida, a maior parte dessas figuras retrata comportamentos politicamente indesejáveis e não condutas antissociais. Essas figuras, pois, não são crimes, no sentido que a ciência penal dá a esse termo. Todavia, a ocorrência de fatos que se enquadram exatamente na descrição da figura da Lei n. 1079 [isto é: a tipicidade], é indispensável para que possa desencadear-se o impeachment. Assim, o fundamento deste em sua substância é político, mas em sua forma é um crime (em sentido formal)." 24.2 Fases do processo Regulamentação do processo: art. 85, § único, CF 1988 c/c Lei nº 1.079/50. Lembrar que a Lei foi recepcionada pela Constituição, conforme manifestação do STF no caso Collor de Mello. Fase do juízo de admissibilidade ou pronúncia - Art. 51, I c/c art. 86, parte inicial, CF 1988, COMPETE À CÂMRA DOS DEPUTADOS POR VOTAÇÃO DE 2/3 DOS SEUS MEMBROS. Fase do julgamento - Art. 52, I e § único c/c art. 86, parte final, CF 1988. Ao Senado compete julgar se houve ou não crime de responsabilidade, também por votação de 2/3.

24.3 Responsabilidade penal do Presidente da República 24.3.1 Foro privilegiado

Art. 51, I, CF 1988 - Necessidade de prévia autorização da Câmara dos Deputados para a instauração de qualquer ação judicial contra o Presidente da República, inclusive a ação penal.

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Art. 102, I, "b" - Competência originária do STF para o processamento e julgamento do Presidente da República pela prática de crime comum.

Foro privilegiado vale somente para agentes públicos que ainda estejam no exercício do cargo, ASSIM, AO TÉRMINO DO MANDATO, cessa o exercício do cargo cessa também o foro privilegiado, deslocando-se a competência para exame da causa ao juiz singular de primeira instância; Contudo, temos que ler conjuntamente ao fato que o Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções.

Art. 86 da CF: Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade. 24.3.2 Quando o presidente poderá ficar suspenso de suas funções? Infrações penais comuns: se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal; Crimes de responsabilidade: após a instauração do processo pelo Senado Federal. § 2º Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o julgamento não estiver concluído, cessará o afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo. QUESTÃO INTERESSANTE: § 3º Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o Presidente da República não estará sujeito à prisão; § 4º O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções. 24.4 Impeachment de Prefeitos Municipais Decreto Lei 201- O CASO DE IMPEACHMENT DE PREFEITOS MUNICIPAIS

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ATENÇÃO! No aspecto punitivo, tem-se feito confusão entre crimes de responsabilidade e infrações político-administrativas. É que, conforme doutrina e jurisprudência do STF, os denominados crimes de responsabilidade do Prefeito, tipificados no art. 1º, do Decreto-Lei nº 201/67, e julgados pelo Poder Judiciário, são crimes comuns, a (pena mais grave- inclusive, prisão) §1º Os crimes definidos neste artigo são de ação pública, punidos os dos itens I e II, com a pena de reclusão, de dois a doze anos, e os demais, com a pena de detenção, de três meses a três anos. § 2º A condenação definitiva em qualquer dos crimes definidos neste artigo, acarreta a perda de cargo e a inabilitação, pelo prazo de cinco anos, para o exercício de cargo ou função pública, eletivo ou de nomeação, sem prejuízo da reparação civil do dano causado ao patrimônio público ou particular. As infrações político-administrativas, tipificadas no art. 4º do mesmo Decreto-Lei, na tradição de nosso direito, são crimes de responsabilidade.

24.5 Competência 24.5.1 Competência legislativa SOMENTE A UNIÃO DETÉM COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR SOBRE CRIMES DE RESPONSABILIDADE. O Município no Brasil não possui competência constitucional para definir os tipos político-administrativos de infrações passíveis de serem apuradas pelo devido processo legal do Impeachment, assim como para dispor sobre as regras do processo e do julgamento de Prefeito, isto porque é a União (art. 22, inciso I, da Constituição Federal de

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1988) que detém a competência para legislar sobre crimes de responsabilidade (que são infrações político-administrativas, não-penais), e sobre o direito processual. LEMBRETES RELACIONADOS AO TEMA:

→ Aplicam-se tanto a Lei 1.079 quanto ao decreto lei 201 subsidiariamente as regras do CPP;

→ ADPF 378- discutiu-se em 2015 sobre o impeachment, importantes decisões: → Reforçou a recepção da Lei; → Prazo de defesa de 10 sessões (reforçou a decisão do caso Collor de Mello (MS

21564) → Decidiu que não se aplica suspeição; → Competência do STF apenas na garantia do devido processo legal, não cabendo

discussão de mérito; → Aplicação do regimento interno do Congresso Nacional; → Não cabe ao Senado revisar a decisão de da Câmara pela admissibilidade ou não

do processamento); → A DIVISÃO DA SANÇÃO DO CRIME DE RESPONSABILIDADE NO CASO DILMA

ROUSSEF. 24.5.2 Competência nos casos de improbidade administrativa

Senado Federal - julga o Presidente da República, o Vice-Presidente da República, o Procurador-Geral da República (Chefe do Ministério Público Federal), Ministros do STF, o Advogado-Geral da União e Senadores (cf. arts. 52, I e II, CF 1988 + art. 51, I, CF 1988)

Supremo Tribunal Federal - julga Ministros de Estado, Comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica, membros de Tribunais Superiores, membros do Tribunal de Contas da União e chefes de missão diplomática em caráter permanente (cf. art. 102, I, “c”, CF 1988)

Superior Tribunal de Justiça - desembargadores de Tribunais de Justiça dos Estados e DF, membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do DF, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Estados e do DF, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais (art. 105, I, “a”, CF 1988)

Tribunais de Justiça Estaduais - julgam Prefeitos (art. 29, X, CF 1988) c/c art. 1º, Decreto-lei nº 201/67 (dispõe sobre a responsabilidade dos prefeitos e vereadores) 24.6 Jurisprudência CRIMES DE RESPONSABILIDADE COMETIDOS POR GOVERNADOR DE ESTADO E O PAPEL DAS ASSEMBLEIAS LEGISLATIVAS Processamento de governador: autorização prévia da Assembleia Legislativa e suspensão de funções. STF, INFORMATIVO 863: Não há necessidade de prévia autorização da assembleia legislativa para o recebimento de denúncia ou queixa e instauração de ação penal contra

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governador de Estado, por crime comum, cabendo ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), no ato de recebimento ou no curso do processo, dispor, fundamentadamente, sobre a aplicação de medidas cautelares penais, inclusive afastamento do cargo. Com base nessa orientação, o Plenário, em conclusão e por maioria, julgou parcialmente procedente pedido formulado em ação direta para: a) dar interpretação conforme ao art. 92, § 1º, I, da Constituição do Estado de Minas Gerais para consignar não haver necessidade de autorização prévia de assembleia legislativa para o recebimento de denúncia e a instauração de ação penal contra governador de Estado, por crime comum, cabendo ao STJ, no ato de recebimento da denúncia ou no curso do processo, dispor, fundamentadamente, sobre a aplicação de medidas cautelares penais, inclusive afastamento do cargo; e b) julgar improcedente o pedido de declaração de inconstitucionalidade da expressão “ou queixa” do art. 92, § 1º, I, da Constituição do Estado de Minas Gerais — ver Informativos 851 e 855. O referido dispositivo prevê que o governador será submetido a processo e julgamento perante o STJ nos crimes comuns e será suspenso de suas funções, na hipótese desses crimes, se recebida a denúncia ou a queixa pelo STJ. EDSON FACHIM –RELATOR: “O relator afirmou a necessidade de superar os precedentes da Corte na dimensão de uma redenção republicana e cumprir a promessa do art. 1º, “caput”, da Constituição Federal (CF), diante dos reiterados e vergonhosos casos de negligência deliberada pelas assembleias legislativas estaduais, que têm sistematicamente se negado a deferir o processamento de governadores. Asseverou ser refutável a referida autorização prévia em razão de: a) ausência de previsão expressa e inexistência de simetria; b) ofensa ao princípio republicano (CF, art. 1º, “caput”); c) ofensa à separação de poderes (CF, art. 2º, “caput”) e à competência privativa da União (CF, art. 22, I); e d) ofensa à igualdade (CF, art. 5º, “caput”).” Esclareceu não haver na CF previsão expressa da exigência de autorização prévia de assembleia legislativa para o processamento e julgamento de governador por crimes comuns perante o STJ. Dessa forma, inexiste fundamento normativo-constitucional expresso que faculte aos Estados-membros fazerem essa exigência em suas Constituições estaduais. Não há, também, simetria a ser observada pelos Estados-membros. No ponto, o relator considerou que, se o princípio democrático que constitui nossa República (CF, art. 1º, “caput”) se fundamenta e se concretiza no respeito ao voto popular e à eleição direta dos representantes do povo, qualquer previsão de afastamento do presidente da República é medida excepcional e, como tal, é sempre prevista de forma expressa e taxativa, sem exceções. QUANTO A IMPOSSIBILIDADE DE AFASTAMENTO DO GOVERNADOR DO ESTADO EM CASO DE RECEBIMENTO DA DENÚNCIA POR CRIME DE RESPONSABILIDADE OU COMUM O afastamento do presidente da República é medida excepcional, e, no caso de crime comum, seu processamento e julgamento devem ser precedidos de autorização da Câmara dos Deputados (CF, arts. 51, I; e 86, “caput” e § 1º, I). Essa exigência foi expressamente prevista apenas para presidente da República, vice-presidente e ministros de Estado. Essa é uma decorrência das características e competências que moldam e constituem o cargo de presidente da República, mas que não se observam no

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cargo de governador. Diante disso, verifica-se a extensão indevida de uma previsão excepcional válida para o presidente da República, porém inexistente e inaplicável a governador. Sendo a exceção prevista de forma expressa, não pode ser transladada como se fosse regra ou como se estivesse cumprindo a suposta exigência de simetria para governador. As eventuais previsões em Constituições estaduais representam, a despeito de se fundamentarem em suposto respeito à Constituição Federal, ofensa e usurpação das regras constitucionais. Segundo o relator, afastado o argumento de suposta obediência à simetria, a consequência da exigência de autorização prévia de assembleia legislativa para processamento e julgamento de governador por crime comum perante o STJ é o congelamento de qualquer tentativa de apuração judicial das eventuais responsabilizações dos governadores por cometimento de crime comum. Essa previsão afronta a responsividade exigida dos gestores públicos, o que viola o princípio republicano do Estado. ADI 5540/MG, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 3.5.2017. (ADI-5540) CRIMES DE RESPONSABILIDADE E IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA O foro especial por prerrogativa de função previsto na Constituição Federal (CF) em relação às infrações penais comuns não é extensível às ações de improbidade administrativa Ação de improbidade administrativa: ministro de estado e foro competente: Os agentes políticos, com exceção do Presidente da República, encontram-se sujeitos a duplo regime sancionatório, de modo que se submetem tanto à responsabilização civil pelos atos de improbidade administrativa quanto à responsabilização político-administrativa por crimes de responsabilidade. Em relação ao duplo regime sancionatório, a Corte concluiu que não há qualquer impedimento à concorrência de esferas de responsabilização distintas. Assim, carece de fundamento constitucional a tentativa de imunizar os agentes políticos das sanções relativas à ação de improbidade administrativa a pretexto de que essas seriam absorvidas pelo crime de responsabilidade. Em realidade, a única exceção ao referido regime sancionatório em matéria de improbidade se refere aos atos praticados pelo Presidente da República, conforme previsão expressa do art. 85, V (1), da CF. Já no concernente à extensão do foro especial, o Tribunal afirmou que o foro privilegiado é destinado a abarcar apenas as ações penais. A suposta gravidade das sanções previstas no art. 37, § 4º (2), da CF, não reveste a ação de improbidade administrativa de natureza penal. O foro especial por prerrogativa de função submete-se a regime de direito estrito, já que representa exceção aos princípios estruturantes da igualdade e da República. (...) . Ademais, a fixação de competência para julgar a ação de improbidade no primeiro grau de jurisdição, além de constituir fórmula republicana, é atenta às capacidades institucionais dos diferentes graus de jurisdição para a instrução processual. Pet 3240 AgR/DF, rel. Min. Teori Zavascki, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgamento em 10.5.2018. (Pet-3240) (Informativo 901) NOVA INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL DO ART 53 PARÁGRAFO 10 – importante decisão da ação penal 937

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APLICAÇÃO PARA CRIMES COMETIDOS DURANTE O EXERCÍCIO DO CARGO E CRIMES RELATIVOS A FUNÇÃO QUE EXERCE. Esse é o entendimento do Plenário, ao resolver questão de ordem para determinar a baixa de ação penal ao juízo da zona eleitoral para posterior julgamento, tendo em vista que: a) os crimes imputados ao réu não foram cometidos no cargo de deputado federal ou em razão dele; b) o réu renunciou ao cargo para assumir a função de prefeito; e c) a instrução processual se encerrou perante a 1ª instância, antes do deslocamento de competência para o Supremo Tribunal Federal (STF) (Informativos 867 e 885). Prevaleceu o voto do ministro Roberto Barroso (relator), o qual registrou que a quantidade de pessoas beneficiadas pelo foro e a extensão que se tem dado a ele, a abarcar fatos ocorridos antes de o indivíduo ser investido no cargo beneficiado pelo foro por prerrogativa de função ou atos praticados sem qualquer conexão com o exercício do mandato que se deseja proteger, têm resultado em múltiplas disfuncionalidades. MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL. Ademais, viola o princípio da igualdade proteger, com foro de prerrogativa, o agente público por atos praticados sem relação com a função para a qual se quer resguardar sua independência, o que constitui a atribuição de um privilégio. A Corte registrou que essa nova linha interpretativa deve ser aplicada imediatamente aos processos em curso, com a ressalva de todos os atos praticados e decisões proferidas pelo STF. AP 937 QO/RJ, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 2 e 3.5.2018. (AP-937) (Informativo 900) Duas teses extraídas da decisão, segundo CAVALCANTE, Márcio André Lopes. TESE 1: As normas da Constituição de 1988 que estabelecem as hipóteses de foro por prerrogativa de função devem ser interpretadas restritivamente, aplicando-se apenas aos crimes que tenham sido praticados durante o exercício do cargo e em razão dele. Assim, por exemplo, se o crime foi praticado antes de o indivíduo ser diplomado como Deputado Federal, não se justifica a competência do STF, devendo ele ser julgado pela 1ª instância mesmo ocupando o cargo de parlamentar federal. Além disso, mesmo que o crime tenha sido cometido após a investidura no mandato, se o delito não apresentar relação direta com as funções exercidas, também não haverá foro privilegiado. Foi fixada, portanto, a seguinte tese: O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas. CAVALCANTE, Márcio André Lopes. TESE 2 Após o final da instrução processual, com a publicação do despacho de intimação para apresentação de alegações finais, a competência para processar e julgar ações penais não será mais afetada em razão de o agente público vir a ocupar outro cargo ou deixar o cargo que ocupava, qualquer que seja o motivo. (CAVALCANTE)

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25 PODER JUDICIÁRIO 25.1 Órgãos do Poder Judiciário

Art. 92 da CF: São órgãos do Poder Judiciário: I - o Supremo Tribunal Federal (ÒRGÃO DE Cúpula com jurisdição em todo território nacional – conhecido como guardião da Constituição); I-A o Conselho Nacional de Justiça; (não é órgão jurisdicional, mas sim de caráter administrativo) II - o Superior Tribunal de Justiça (conhecido como Tribunal cidadão, nasceu com a Constituição de 1988, tem jurisdição em todo território Federal e tem competência em relação às legislações infraconstitucionais) II-A - o Tribunal Superior do Trabalho (justiça especializada, tem jurisdição em todo território nacional) III - os Tribunais Regionais Federais (compõem-se por regiões e terá no mínimo sete integrantes) e Juízes Federais; IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho; V - os Tribunais e Juízes Eleitorais (temos uma justiça especializada, mas caudatária, ou seja, não existe carreira para juízes eleitorais, pois os mesmos são apenas nomeados entre magistrados de outras justiças); VI - os Tribunais e Juízes Militares (também é uma Justiça especializada regida inclusive por Código próprio, com princípios de disciplina e hierarquia); VII - os Tribunais (localizados nas capitais dos Estados também conhecidos como Tribunais de apelação) e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.

25.2 REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS

JURISDIÇÃO – todo juiz tem jurisdição, que nada mais é do que o poder que lhe é investido para dizer o direito quando provocado;

COMPETÊNCIA – é a medida da jurisdição, ou seja, cada juiz é competente para determinada demanda.

1) A competência em razão da pessoa

2) A competência em razão da matéria

3) A competência em razão do lugar

A COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA PESSOA PODE SER SUBDIVIDIDA EM (em razão da pessoa jurídica estatal envolvida no litígio)

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CAUSAS DE INTERESSE DA UNIÃO: Art. 109, I, CF 1988 "Aos juízes federais compete processar e julgar as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho" . Quando a União Federal estiver envolvida no litígio (ou interesse seu estiver envolvido), a competência será da Justiça Federal. Inexistindo esse envolvimento ou interesse, a competência será (residualmente) da Justiça Estadual ou "Justiça ordinária" ou "Justiça comum". Súmula nº 150 STJ: "Compete à Justiça Federal decidir sobre a existência de interesse jurídico que justifique a presença, no processo, da União, suas autarquias ou empresas públicas.” AGENTE PÚBLICO: (isto é: pessoa física) envolvido no litígio - determinados agentes do Estado gozam de “foro privilegiado”, isto é: a competência originária para o julgamento das mais altas autoridades constitucionais está (especialmente: crimes comuns e crimes de responsabilidade) atribuída analogamente aos Tribunais Superiores, e não aos Tribunais e juízes de instâncias inferiores. EM RAZÃO DA MATÉRIA: Parte do Poder Judiciário tem sua competência estatuída com base em matérias ou temas específicos. Exemplo: Justiça Militar, Justiça do Trabalho, Justiça Eleitoral EM RAZÃO DO LUGAR: A competência se define em função de um dado território geográfico. Juízes de Direito têm competência em razão da Comarca em que atuam, Tribunais de Justiça estaduais em razão do território do Estado, Tribunais Regionais Federais em razão de determinadas regiões (Exemplo: o Tribunal Regional Federal da 4ª Região possui competência sobre o território dos estados do RS, SC e PR). ALGUMAS NOTAS: Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, (trata da forma de ingresso, das promoções, subsídios, remoções, etc)

ÓRGÃO ESPECIAL Função de substituir

o pleno

QUINTO CONSTITUCIONAL

JUIZADOS ESPECIAIS

Art. 93, XI, CF 1988 "Nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgadores poderá ser constituído órgão especial, com o

Art. 94 da CF: "Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios será composto de membros, do Ministério Público, com mais de dez anos

Art. 98, I, CF 1988 "A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão: juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a

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mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco membros, para o exercício das atribuições administrativas e jurisdicionais da competência do tribunal pleno." Ou seja, requisitos: maior que 25 integrantes, poderá constituir órgão entre 11 e 25 membros Deve ser instituído por Lei complementar. Ex.: No caso estadual, iniciativa é do Tribunal de Justiça

de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes. Observação: Tem relação com a formação desses tribunais, logo, os tribunais são compostos por juízes de carreira promovidos por antiguidade e merecimento, por membros da OAB e também do Ministério Público. Após recebidas as indicações, o Tribunal forma uma lista tríplice e o chefe do Poder Executivo escolhe um para nomear

conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo [isto é: simplificado], permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau; Poderá ser composto por juízes leigos, ou seja, não são magistrados, muito embora a homologação da sentença ocorrerá por juízes togados. Temos os juizados cíveis e criminais.

25.3 Garantias da Magistratura Garantias INSTITUCIONAIS do Poder Judiciário - garantias que protegem o órgão Poder Judiciário ou a "instituição" Poder Judiciário como um todo. Dividem-se em: Autonomia administrativa - art. 99, caput c/c art. 96, CF 1988. Autonomia financeira - art. 99, §§ 1° e 2°, CF 1988.

GARANTIAS art. 95 da CF VEDAÇÕES art.95 da CF

"I - vitaliciedade [ao contrário dos servidores públicos civis, que têm somente direito à estabilidade], que no primeiro grau [isto é: na primeira instância ou entrância], só será adquirida após dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais, casos, de sentença judicial transitada em julgado;

I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério;

II - inamovibilidade [impossibilidade de o juiz ser removido do cargo que ocupa], salvo por motivo de interesse público, na forma do ar. 93, VIII, OU SEJA, PELO VOTO DA MAIORIA DOS MEMBROS DO Tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça;

II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo;

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III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 39, § 4°, 150, II, 153, III, e 153, § 2°, I da CF

III - dedicar-se à atividade político-partidária

25.4 Competência dos tribunais

Art. 96. Compete privativamente: I - aos tribunais: a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos internos, com observância das normas de processo e das garantias processuais das partes, dispondo sobre a competência e o funcionamento dos respectivos órgãos jurisdicionais e administrativos; b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos juízos que lhes forem vinculados, velando pelo exercício da atividade correicional respectiva; c) prover, na forma prevista nesta Constituição, os cargos de juiz de carreira da respectiva jurisdição; d) propor a criação de novas varas judiciárias; e) prover, por concurso público de provas, ou de provas e títulos, obedecido o disposto no art. 169, parágrafo único, os cargos necessários à administração da Justiça, exceto os de confiança assim definidos em lei; f) conceder licença, férias e outros afastamentos a seus membros e aos juízes e servidores que lhes forem imediatamente vinculados; II - ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores e aos Tribunais de Justiça propor ao Poder Legislativo respectivo, observado o disposto no art. 169: a) a alteração do número de membros dos tribunais inferiores; b) a criação e a extinção de cargos e a remuneração dos seus serviços auxiliares e dos juízos que lhes forem vinculados, bem como a fixação do subsídio de seus membros e dos juízes, inclusive dos tribunais inferiores, onde houver; c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores; d) a alteração da organização e da divisão judiciárias;

DICA

Criação de órgãos judiciários Qualquer órgão Judiciário (Tribunal, Vara, e os cargos que irão preenchê-los) será criado por lei, bastando lei ordinária; Caso refira a qualquer órgão do judiciário estadual, será criado pelo legislativo estadual, através das Assembleias Legislativas; Se tratar de outras justiças, como justiças da União, sempre será criado pelo Congresso Nacional; Então é isso:

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Poder Judiciário Estadual = Assembleia Legislativa; Tribunais Superiores, Justiça Militar, do Trabalho e Federal = Congresso Nacional; Estabelecido este esclarecimento, temos as iniciativas de projeto de lei.

26 CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA - EMENDA nº 45/2004 STF (ADIn 3.367, in Notícias STF, 13.04.2005) – teve questionada a constitucionalidade de sua criação, sendo declarada CONSTITUCIONAL pelo Supremo Tribunal Federal. Formação e funções do Conselho Nacional de Justiça3 O CNJ é composto por 15 conselheiros, sendo nove magistrados, dois membros do Ministério Público, dois advogados e dois cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada. Os conselheiros têm mandato de dois anos. Entre os direitos e deveres dos conselheiros, estabelecidos pelo Regimento Interno do CNJ, estão, entre outros (DISPONÍVEL EM http://www.cnj.jus.br/sobre-o-cnj/quem-somos-visitas-e-contatos):

Na Política Judiciária: zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumprimento do Estatuto da Magistratura, expedindo atos normativos e recomendações.

Na Gestão: definir o planejamento estratégico, os planos de metas e os programas de avaliação institucional do Poder Judiciário.

Na Prestação de Serviços ao Cidadão: receber reclamações, petições eletrônicas e representações contra membros ou órgãos do Judiciário, inclusive contra seus serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores de serviços notariais e de registro que atuem por delegação do poder público ou oficializado.

Na Moralidade: julgar processos disciplinares, assegurada ampla defesa, podendo determinar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções administrativas.

Na Eficiência dos Serviços Judiciais: melhores práticas e celeridade: elaborar e publicar semestralmente relatório estatístico sobre movimentação processual e outros indicadores pertinentes à atividade jurisdicional em todo o País.

O prazo de 1 ano previsto no art. 103-B, § 4º, V da CF/88 incide apenas para revisões de PADs, não se aplicando para atuação originária do CNJ. A competência originária do CNJ para a apuração disciplinar, ao contrário da revisional, não se sujeita ao parâmetro temporal previsto no art. 103-B, § 4º, V da CF/88. STF. 2ª Turma. MS 34685 AgR/RR, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 28/11/2017 (Info 886).

3O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) é uma instituição pública que visa aperfeiçoar o trabalho do sistema judiciário brasileiro, principalmente no que diz respeito ao controle e à transparência administrativa e processual. Missão do CNJ - Contribuir para que a prestação jurisdicional seja realizada com moralidade, eficiência e efetividade em benefício da Sociedade. Visão do CNJ - Ser um instrumento efetivo do Poder Judiciário

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Composição detalhada: O Presidente do Supremo Tribunal Federal (redação dada pela EC n. 61, de 2009); Um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, que será o Corregedor Nacional de Justiça; Um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho; Um Desembargador de Tribunal de Justiça; Um Juiz Estadual; Um Juiz do Tribunal Regional Federal; um Juiz Federal; Um Juiz de Tribunal Regional do Trabalho; Um Juiz do trabalho; Um Membro do Ministério Público da União; Um Membro do Ministério Público Estadual; Dois advogados; Dois cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada. 27 FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA 27.1 Ministério Público

Art. 127 da CF: O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.

27.1.1 Garantias institucionais e impedimentos

Art. 128 da CF: O Ministério Público abrange: § 5º Leis complementares da União e dos Estados, cuja iniciativa é facultada aos respectivos Procuradores-Gerais, estabelecerão a organização, as atribuições e o estatuto de cada Ministério Público, observadas, relativamente a seus membros: I - as seguintes garantias: a) VITALICIEDADE, após dois anos de exercício, não podendo perder o cargo senão por sentença judicial transitada em julgado; b) INAMOVIBILIDADE, salvo por motivo de interesse público, mediante decisão do órgão colegiado competente do Ministério Público, por voto de dois terços de seus membros, assegurada ampla defesa; c) IRREDUTIBILIDADE DE SUBSÍDIO, fixado na forma do art. 39, § 4º, e ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 150, II, 153, III, 153, § 2º, I;" II - as seguintes vedações: a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorários, percentagens ou custas processuais; b) exercer a advocacia; c) participar de sociedade comercial, na forma da lei; d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo uma de magistério;

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e) exercer atividade político-partidária, salvo exceções previstas na lei.

27.2 Advocacia Pública

A Advocacia Pública, conforme já salientado, é o órgão ao qual cabe a defesa judicial e extrajudicial das pessoas jurídicas estatais (União, Estados, DF e suas entidades administrativas: autarquias e fundações públicas). Não foi prevista constitucionalmente uma carreira específica da Advocacia Pública no âmbito dos Municípios. 27.3 Advocacia

Art. 133 da CF: O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei.

27.4 Defensoria Pública

Art. 134 da CF: A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º desta Constituição Federal. § 1° Lei complementar organizará a Defensoria Pública da União e do Distrito Federal e dos Territórios e prescreverá normas gerais para sua organização nos Estados, em cargos de carreira, providos, na classe inicial, mediante concurso público de provas e títulos, assegurada a seus integrantes a garantia da inamovibilidade e vedado o exercício da advocacia fora das atribuições institucionais.

28 ORDEM ECONÔMICA E SOCIAL 28.1 Ordem econômica e financeira

Art. 170 da CF: A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: I - soberania nacional; II - propriedade privada;

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III - função social da propriedade; IV - livre concorrência; V - defesa do consumidor; VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; VII - redução das desigualdades regionais e sociais; VIII - busca do pleno emprego; IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 6, de 1995) Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei.

Compromisso entre busca do interesse individual e interesses comunitários, tais como a proteção do meio ambiente, a busca do pleno emprego e da redução da desigualdade e o combate ao uso abusivo da propriedade.

Art. 173 da CF: Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.

Atividade empresarial: reservada à iniciativa privada. Necessidade de lei para o

poder público explorar. Ex.: bancos públicos.

Quando o poder público exercer atividade empresarial, o fará mediante empresas públicas ou sociedades de economia mista.

Art. 173 da CF: Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei. § 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre:[...] II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários;

Via de regra será aplicado o Direito privado a estas empresas. Não há imunidade.

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Acesso aos empregos mediante concurso. Obrigatoriedade de licitação. Há um estatuto próprio, diferente da Lei 8.666, que é

a Lei 13.303 de 2016.

Art. 174 da CF: Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado.

Fiscalização e incentivo: atividades obrigatórias do Poder Público. Planejamento: vincula só o setor público; é indicativo para o privado (não pode o

poder público obrigar empresários a explorar determinado ramo de negócios e não outro, por exemplo).

Art. 175 da CF: Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.

Serviços Públicos. São privativos do Poder Público competente. Só mediante

concessão ou permissão poderão ser passados a entidades privadas ou outro ente público. Serviços públicos que não precisam de concessão/permissão: saúde, educação, previdência, assistência social:

Art. 182 da CF: A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes.

Política urbana é executada pelo Município, porém as diretrizes de

desenvolvimento urbano estão em lei da União (art. 22 da CF + Estatuto da Cidade, Lei 10.257):

Art. 182 da CF: A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes. § 1º O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana.

Habitantes e não eleitores. Facultativo para os demais municípios:

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Art. 182 da CF: A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes. § 2º A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor.

Conceito de função social: atender ao plano diretor:

Art. 182 da CF: A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes. § 4º É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de: I - parcelamento ou edificação compulsórios; II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo; III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.

Política agrária:

Art. 184 da CF: Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.

Só a União pode desapropriar para fins de reforma agrária, tanto a desapropriação para fins de interesse social como a desapropriação sanção. Desapropriação-sanção: castigo pelo não cumprimento da função social. Pagamento via títulos.

Art. 185 da CF: São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária:

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I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu proprietário não possua outra; II - a propriedade produtiva.

Não confundir com a Impenhorabilidade da pequena propriedade rural, trabalhada pela família (art. 5º, XXVI).

Art. 186 da CF: A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: I - aproveitamento racional e adequado; II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho; IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.

28.2 Ordem social → Previdência + saúde + assistência; → Serviços públicos, prestados pelo Poder Público, mas abertos à iniciativa privada, sem necessidade de concessão ou permissão; → Previdência: contributiva e solidária; → Saúde: universal e gratuita; → Assistência: a quem necessitar.

Art. 194 da CF: A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. Art. 196 da CF: A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DOS ENTES FEDERATIVOS;

RE 855178 -O tratamento médico adequado aos necessitados se insere no rol dos deveres do Estado, sendo responsabilidade solidária dos entes federados, podendo figurar no polo passivo qualquer um deles em conjunto ou isoladamente.

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28.2.1 Competência Competência comum da União, Estados Membros e Municípios:

Art. 199 da CF: A assistência à saúde é livre à iniciativa privada. § 1º As instituições privadas poderão participar de forma complementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos. § 2º É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às instituições privadas com fins lucrativos.

ATENÇÃO À JURISPRUDÊNCIA DO STF, EM MATÉRIA DE REPERCUSSÃO GERAL; se o beneficiário de plano de saúde tiver sido atendido e procedimentos realizados pelo SUS, o SUS poderá buscar ressarcimento junto aos planos de saúde. ‘ É constitucional o ressarcimento previsto no art. 32 da Lei 9.656/98, o qual é aplicável aos procedimentos médicos, hospitalares ou ambulatoriais custeados pelo SUS e posteriores a 4/6/1998, assegurados o contraditório e a ampla defesa, no âmbito administrativo, em todos processos’

Os particulares poderão receber auxílio público para os atendimentos via sistema de saúde, ou explorar planos de saúde ou cobrar diretamente pelos serviços:

Art. 201 da CF: A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada; II - proteção à maternidade, especialmente à gestante; III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário; IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda; V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no § 2º.

Notar o termo contributivo, de filiação obrigatória e preservação do equilíbrio financeiro:

Art. 202 da CF: O regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado de forma autônoma em relação ao regime geral de previdência social, será facultativo, baseado na constituição de reservas que garantam o benefício contratado, e regulado por lei complementar.

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Regime privado complementar ao público:

Art. 203 da CF: A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; II - o amparo às crianças e adolescentes carentes; III - a promoção da integração ao mercado de trabalho; IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.

POSIÇÃO DO STF RE 587970 Os estrangeiros residentes no País são beneficiários da assistência social prevista no artigo 203, inciso V, da Constituição Federal, uma vez atendidos os requisitos constitucionais e legais. Benefício de prestação continuada, previsto na Lei Orgânica da Assistência Social:

Art. 205 da CF: A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Notar que há uma ordem 1º desenvolvimento, 2º cidadania, 3º trabalho:

Art. 206 da CF: O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;

Pode aparecer alguma questão que envolva censura a professores: III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; Coexistência de instituições públicas e privadas: IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;

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Lembrar da gratuidade: V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas; VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei; VII - garantia de padrão de qualidade. VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos de lei federal.

Art. 207 da CF: As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.

Autonomia universitária. Notar as três atividades que compõem a educação: ensino, pesquisa e extensão:

Art. 208 da CF: O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria;

IDADE MÍNIMA PARA INGRESSO NA EDUCAÇÃO INFANTIL (INFORMATIVO STF AGOSTO DE 2018)

Idade mínima para ingresso na educação infantil e no ensino fundamental São constitucionais a exigência de idade mínima de quatro e seis anos para ingresso, respectivamente, na educação infantil e no ensino fundamental, bem como a fixação da data limite de 31 de março para que referidas idades estejam completas. Com base nesse entendimento, o Plenário, em julgamento conjunto e por maioria, julgou procedente ação declaratória de constitucionalidade (ADC) e improcedente arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF), que discutiam a validade de exigências previstas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/1996) e em resoluções do Conselho Nacional de Educação (CNE) (Informativos 879, 903 e 904).

Obrigatoriedade atualmente até aos 17: V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um; Ensino superior não é obrigatório. Acesso segundo a capacidade de cada um:

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§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo.

Art. 209 da CF: O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as seguintes condições: I - cumprimento das normas gerais da educação nacional; II - autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Público.

Serviço público aberto, desde que autorizado:

Art. 210 da CF: Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais. § 1º O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental.

Notar a facultatividade nas escolas públicas do ensino religioso: § 2º O ensino fundamental regular será ministrado em língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas também a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem. Órgão públicos, isto é, escolas, utilizando outra língua:

Art. 216 da CF: Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I - as formas de expressão; II - os modos de criar, fazer e viver; III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.

Lembrar do art. 20, X, sítios arqueológicos e pré-históricos pertencem ex lege à União: [...] § 5º Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de reminiscências históricas dos antigos quilombos. Tombamento ex lege:

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Art. 217 da CF: É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não-formais, como direito de cada um, observados: [...] § 1º O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei.

Justiça desportiva: privada. Necessidade de esgotamento para o conhecimento das ações:

Art. 220 da CF: A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.

STF considerou inconstitucional a lei de imprensa:

Art. 225 da CF: Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

Direito intergeracional: § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: [...] III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; Criar unidades de conservação: basta ato administrativo. Suprimir unidade de conservação: lei. IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade Notar a palavra Potencial: [...] § 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. Não são patrimônio no sentido estrito da palavra:

Art. 231 da CF: São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam,

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competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.

Perspectiva pluralista, e não mais integracionista: § 1º São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições. Espaços são criados por ato do Poder Público, e não lei: [...] § 3º O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais energéticos, a pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras indígenas só podem ser efetivados com autorização do Congresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas, ficando-lhes assegurada participação nos resultados da lavra, na forma da lei. [...] § 5º É vedada a remoção dos grupos indígenas de suas terras, salvo, "ad referendum" do Congresso Nacional, em caso de catástrofe ou epidemia que ponha em risco sua população, ou no interesse da soberania do País, após deliberação do Congresso Nacional, garantido, em qualquer hipótese, o retorno imediato logo que cesse o risco. Só com autorização do CN. As terras dos índios são de propriedade da União. Art. 20, XI da CF. SOBRE DIREITO À SAÚDE E INICIATIVA PRIVADA (PLANOS DE SAÚDE) STF DECIDIU QUE QUANDO O SUJEITO FOR TITULAR DE PLANO DE SAÚDE E RECEBER TRATAMENTO PELO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE O ESTADO PODERÁ BUSCAR RESSARCIMENTO JUNTO AOS PLANOS DE SAÚDE INFORMATIVO 895 Outrossim, em relação à constitucionalidade material do dispositivo, registrou que a análise da natureza do ressarcimento nele cristalizado evidencia sua conformidade com o devido processo legal substantivo. Isso porque a norma em questão não confere tratamento desigual entre cidadãos com e sem plano de saúde. A nenhuma pessoa será negado tratamento em hospital público, considerada a universalidade do sistema. Porém, se o Poder Público atende a particular em virtude de situação incluída na cobertura contratual, deve o Sistema Único de Saúde ser ressarcido, tal como faria o plano de saúde em se tratando de hospital privado. Muito embora o Poder Público atue gratuitamente em relação aos cidadãos, não o faz no tocante às entidades cuja atividade-fim é justamente assegurar a cobertura de lesões e doenças, cabendo, nesta senda, distinguir os vínculos jurídicos em jogo: constitucional, entre Estado e cidadão (CF, art. 196); obrigacional, entre pessoa e plano de saúde; e legal, entre Estado e plano de saúde (Lei 9.656/1998, art. 32). A escolha do agente privado de atuar na prestação de relevantes serviços à saúde, de forma concorrente com o Estado, pressupõe a responsabilidade de arcar integralmente com as obrigações assumidas. A norma impede o enriquecimento ilícito das empresas e a perpetuação de modelo no qual o mercado de serviços de saúde submeta-se

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unicamente à lógica do lucro, ainda que às custas do erário. Entendimento em sentido contrário resultaria em situação em que os planos de saúde recebem pagamentos mensais dos segurados, mas os serviços continuam a ser fornecidos pelo Estado, sem contrapartida. 29 DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS FORÇAS ARMADAS Art. 142, CF 1988 "As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem." Lei geral das Forças Armadas – Lei Complementar nº 97/99. FINALIDADES E CARACTERÍSTICAS: Diretas – Defesa da Pátria e garantia dos Poderes constitucionais; Indiretas – Por requerimento dos Poderes constitucionais, manutenção da lei e da ordem (v.g. Lei nº 8.071/90, que regula as atividades do Exército em tempos de paz).

Instituição permanente – De existência necessária, não podendo ser extintas; Instituição regular – Art. 8º, LC 97/99: Existência real e concreta "de efetivos de pessoal militar e civil, fixados em lei, e dos meios orgânicos necessários ao cumprimento de sua destinação constitucional e atribuições subsidiárias"; § 2º Não caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares. CUIDADO! DEVE SER LIDO COMO LEGALMENTE IMPOSTAS! PRINCÍPIOS DE ORGANIZAÇÃO Hierarquia – Elos de subordinação do superior para o inferior hierárquico; sendo a autoridade máxima o Presidente da República (art. 84, XIII c/c art. 142, caput), seguida pelo Ministro da Defesa (art. 3º, LC 97/99) e de um Comandante de cada uma das 3 Forças armadas (art. 4º, LC 97/99); Disciplina – Ordens superiores não podem ser objeto de qualquer questionamento por parte de inferiores hierárquicos, sob pena de sanção disciplinar, com impossibilidade de discussão quanto à sua legalidade ou validade. Somente os superiores ao militar que deu a ordem podem questionar a ilegalidade. "Art. 142, IV - Ao militar são proibidas a sindicalização e a greve." SERVIÇO MILITAR É OBRIGATÓRIO, SOB PENA DE PERDER OS DIREITOS POLÍTICOS:

Art. 143 da CF: O serviço militar é obrigatório nos termos da lei

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§ 1º Às Forças Armadas compete, na forma da lei, atribuir serviço alternativo aos que, em tempo de paz, após alistados, alegarem imperativo de consciência, entendendo-se como tal o decorrente de crença religiosa e de convicção filosófica ou política, para se eximirem de atividades de caráter essencialmente militar. § 2º - As mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do serviço militar obrigatório em tempo de paz, sujeitos, porém, a outros encargos que a lei lhes atribuir.

DISTINÇÕES CONCEITUAIS BÁSICAS: ÓRGÃOS DE POLÍCIA: MILITAR – Têm atuação basicamente preventiva, com vistas a impedir a prática de crimes e contravenções; CIVIL – Têm atuação basicamente repressiva, com vistas a identificar os responsáveis pela prática de crimes e contravenções, preparando via inquérito policial o conjunto de informações necessárias para a instauração do devido processo penal.

Art. 144 da CF: A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: § 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a: I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei; II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência; III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União. § 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais. § 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais.

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§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares. § 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil. § 6º As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. § 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades. § 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei.

30 DIREITO ADMINISTRATIVO CONSTITUCIONAL 30.1 Princípios da administração pública

Art. 37 da CF: A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:

Ver também a Lei nº 9.784 – Lei do Processo Administrativo Federal, art. 2º:

Art. 2° A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.

30.1.1 Princípio da legalidade Tem a ver com os valores liberdade e igualdade defendidos na Revolução Francesa. É o principal princípio da Administração Pública. Serve para proteger a liberdade, a igualdade e a moralidade administrativa. É a lei que impõe à Administração o poder de fazer certas coisas, o dever de fazer estas coisas. “A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de ilegalidade (Súm. 473), não podendo ser invocado o princípio da isonomia com o pretexto de se obter

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benefício ilegalmente concedido a outros servidores.” (AI 442.918-AgR, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 4-5-04, DJ de 4-6-04) "Em face do princípio da legalidade, pode a Administração Pública, enquanto não concluído e homologado o concurso público, alterar as condições do certame constantes do respectivo edital, para adaptá-las à nova legislação aplicável à espécie, visto que, antes do provimento do cargo, o candidato tem mera expectativa de direito à nomeação ou, se for o caso, à participação na segunda etapa do processo seletivo." (RE 290.346, Rel. Min. Ilmar Galvão, julgamento em 29-5-01, DJ de 29-6-01) "Bolsa de estudos para dependentes de empregados da Fundação de Assistência ao Estudante-FAE. Mandado de segurança impetrado contra decisão do Tribunal de Contas da União, que suspendeu a concessão do benefício. Alegação de direito adquirido e invocação do princípio da irredutibilidade de vencimentos. Artigos 5º, inc. XXXVI, 7º, inc. VI, e 39, § 2º, 39, caput, 37 e 169, parágrafo único, da Constituição Federal. Lei n. 8.112, de 11-12-1990 (Regime Jurídico Único). (...) Outros princípios constitucionais estariam a impedir a observância, também, do alegado direito adquirido, em casos como o da espécie. Um deles, o do art. 37, segundo o qual a administração pública direta, indireta ou fundacional obedecerá ao princípio da legalidade. E, no caso, a vantagem não terá sido estabelecida por lei." (MS 22.160, Rel. Min. Sydney Sanches, julgamento em 22-2-96, DJ de 13-12-96) “Processo administrativo tributário. (...) A circunstância de inexistir previsão específica para a interposição de recurso hierárquico em favor do sujeito passivo não afasta o poder -de- ver da administração de examinar a validade do ato administrativo que implica a constituição do crédito tributário, ainda que não provocada, respeitadas a forma e as balizas impostas pelo sistema jurídico (Súmula 473/STF).” (RE 462.136-AgR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 31-8-2010, Segunda Turma, DJE de 1º-10-2010.) “Ato decisório contrário à Súmula Vinculante 13/STF. Nepotismo. Nomeação para o exercício do cargo de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Paraná. Natureza administrativa do cargo. Vícios no processo de escolha. Votação aberta. Aparente incompatibilidade com a sistemática da CF. Presença do fumus boni iuris e do periculum in mora. (...) A vedação do nepotismo não exige a edição de lei formal para coibir a prática, uma vez que decorre diretamente dos princípios contidos no art. 37, caput, da CF. O cargo de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Paraná reveste- se, à primeira vista, de natureza administrativa, uma vez que exerce a função de auxiliar do Legislativo no controle da administração pública. Aparente ocorrência de vícios que maculam o processo de escolha por parte da Assembleia Legislativa paranaense.” (Rcl 6.702-AgR-MC, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 4-3-2009, Plenário, DJE de 30-4-2009.) São exemplos de aplicação do princípio da Legalidade no Brasil. → Criação de entes federativos; → Criação de órgãos públicos;

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→ Competências dos órgãos públicos; → Criação de cargos públicos; → Requisitos dos cargos públicos (incluindo psicotécnico e idade); → Remuneração dos cargos públicos; → Competência dos cargos públicos; → Criação de entidades da administração indireta (universidades); → Orçamentos; → Processo Administrativo; → Forma do gasto público; → Forma de aquisição de bens públicos (licitação); → Forma de estabelecimento de parcerias com entidades privadas (delegação, concessão, autorização, parcerias público-privadas); → Forma de alienação dos bens públicos (licitação); → Limitações à propriedade privada (áreas de preservação permanente); → Organização dos serviços públicos; → Tipos administrativos ou pelo menos sua abertura geral; → Sanções administrativas. 30.1.2 Princípio da Supremacia do interesse público Como a Administração Pública serve para buscar o bem comum, e como o seu agir está condicionado pela lei, a Administração Pública possui uma posição de supremacia por sobre o particular. Ex.: condicionamentos à propriedade, restrições à liberdade, tombamento, desapropriação, etc. "Transação. Validade. Em regra, os bens e o interesse público são indisponíveis, porque pertencem à coletividade. É, por isso, o Administrador, mero gestor da coisa pública, não tem disponibilidade sobre os interesses confiados à sua guarda e realização. Todavia, há casos em que o princípio da indisponibilidade do interesse público deve ser atenuado, mormente quando se tem em vista que a solução adotada pela Administração é a que melhor atenderá à ultimação deste interesse." (RE 253.885, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 4-6-02, DJ de 21-6-02) 30.1.3 Princípio da Publicidade Um dos princípios mais importantes. Significa que os atos da Administração são públicos, isto é, devem ser abertos à população e divulgados. Ver, por exemplo, o art. 5º, LX, da CF que determina que os atos jurisdicionais são em regra públicos, exceto quando ofender a intimidade ou o interesse pessoal. Ver também o inciso XXXIII, que estabelece a possibilidade de o interessado obter informações de seu interesse dos poderes públicos, bem como o inciso XXXIV, que assegura a obtenção de certidões para a defesa de direitos. Lei da transparência, Lei nº 12.527/11, se aplica também a entidades privadas.

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Art. 2° da Lei nº12.527/11: Aplicam-se as disposições desta Lei, no que couber, às entidades privadas sem fins lucrativos que recebam, para realização de ações de interesse público, recursos públicos diretamente do orçamento ou mediante subvenções sociais, contrato de gestão, termo de parceria, convênios, acordo, ajustes ou outros instrumentos congêneres. Parágrafo único. A publicidade a que estão submetidas as entidades citadas no caput refere-se à parcela dos recursos públicos recebidos e à sua destinação, sem prejuízo das prestações de contas a que estejam legalmente obrigadas.

30.1.4 Princípio da Igualdade/isonomia Tratar iguais como iguais e desiguais como desiguais. Desigualdade permitida: aquelas em leis constitucionais. Direcionada ao cidadão. Não importa a quem a Administração se dirige, todos devem ser tratados de igual maneira, artistas, políticos, povão, etc., se, por acaso, estiverem trafegando acima da velocidade, devem ser multados, conforme o modo padrão. Isto é corolário do princípio da igualdade, previsto no art. 5º. "Ação direta de inconstitucionalidade. Emenda constitucional n. 35, de 20 de dezembro de 2006, da Constituição do Estado de Mato Grosso do Sul. Acréscimo do art. 29-A, caput e §§ 1º, 2º e 3º, do Ato das Disposições Constitucionais Gerais e Transitórias da Constituição sul-mato-grossense. Instituição de subsídio mensal e vitalício aos ex-Governadores daquele Estado, de natureza idêntica ao percebido pelo atual chefe do Poder Executivo estadual. Garantia de pensão ao cônjuge supérstite, na metade do valor percebido em vida pelo titular. Segundo a nova redação acrescentada ao Ato das Disposições Constitucionais Gerais e Transitórias da Constituição de Mato Grosso do Sul, introduzida pela Emenda Constitucional n. 35/2006, os ex-Governadores sul-mato-grossenses que exerceram mandato integral, em 'caráter permanente', receberiam subsídio mensal e vitalício, igual ao percebido pelo Governador do Estado. Previsão de que esse benefício seria transferido ao cônjuge supérstite, reduzido à metade do valor devido ao titular. No vigente ordenamento republicano e democrático brasileiro, os cargos políticos de chefia do Poder Executivo não são exercidos nem ocupados 'em caráter permanente', por serem os mandatos temporários e seus ocupantes, transitórios. Conquanto a norma faça menção ao termo 'benefício', não se tem configurado esse instituto de direito administrativo e previdenciário, que requer atual e presente desempenho de cargo público. Afronta o equilíbrio federativo e os princípios da igualdade, da impessoalidade, da moralidade pública e da responsabilidade dos gastos públicos (arts. 1º, 5º, caput, 25, § 1º, 37, caput e inc. XIII, 169, § 1º, inc. I e II, e 195, § 5º, da Constituição da República). Precedentes. Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente para declarar a inconstitucionalidade do art. 29-A e seus parágrafos do Ato das Disposições Constitucionais Gerais e Transitórias da Constituição do Estado

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de Mato Grosso do Sul." (ADI 3.853, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 12-9-07, DJ de 26-10-07) "(...) é consentânea com a Carta da República previsão normativa asseguradora, ao militar e ao dependente estudante, do acesso a instituição de ensino na localidade para onde é removido. Todavia, a transferência do local do serviço não pode se mostrar verdadeiro mecanismo para lograr-se a transposição da seara particular para a pública, sob pena de se colocar em plano secundário a isonomia — artigo 5º, cabeça e inciso I —, a impessoalidade, a moralidade na Administração Pública, a igualdade de condições para o acesso e permanência na escola superior, prevista no inciso I do artigo 206, bem como a viabilidade de chegar-se a níveis mais elevados do ensino, no que o inciso V do artigo 208 vincula o fenômeno à capacidade de cada qual." (ADI 3.324, voto do Min. Marco Aurélio, julgamento em 16-12-04, DJ de 5-8-05) 30.1.5 Princípio da Impessoalidade Quem se relaciona com o cidadão é a Administração Pública, não a pessoa do funcionário ou gestor. O administrador não pode se valer de motivações pessoais, tanto positivas, como negativas, para agir. Uniformidade de funcionamento da Administração Pública, não importando quem é o agente público. Relativo ao agente público. Por outro lado, a própria Administração deve ser impessoal, de modo a não idolatrar a pessoa do governante. Ver, para tanto, o art. 37 da Constituição: § 1º - A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos. “O Tribunal retomou julgamento de mandado de segurança impetrado contra ato omissivo do Procurador-Geral da República e da Procuradora-Geral da Justiça Militar, consistente na negativa de nomeação da impetrante, aprovada em concurso público para o cargo de promotor da Justiça Militar, não obstante a existência de dois cargos vagos — (...) Considerou, por fim, que essa autoridade teria incorrido em ilegalidade, haja vista a ofensa ao princípio da impessoalidade, eis que não se dera a nomeação por questões pessoais, bem como agido com abuso de poder, porquanto deixara de cumprir, pelo personalismo e não por necessidade ou conveniência do serviço público, a atribuição que lhe fora conferida.” (MS 24.660, Rel. Ellen Gracie, julgamento em 14-9-06, Informativo 440) 30.1.6 Princípio da Moralidade administrativa Um dos princípios mais importantes. Significa que a Administração Pública deve, para além do Direito, também se pautar por critério morais.

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A probidade na Administração é protegida, em tese, pelas leis dos crimes de responsabilidade federais e estaduais (art. 1.079) e municipais (decreto-lei 201), além da Lei de Improbidade Administrativa (Lei 8.429). Soldado da reserva. Súmula vinculante nº 13. "Servidora pública da Secretaria de Educação nomeada para cargo em comissão no Tribunal Regional do Trabalho da 16ª Região à época em que o vice-presidente do Tribunal era parente seu. Impossibilidade. A proibição do preenchimento de cargos em comissão por cônjuges e parentes de servidores públicos é medida que homenageia e concretiza o princípio da moralidade administrativa, o qual deve nortear toda a Administração Pública, em qualquer esfera do poder." (MS 23.780, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 28-9-05, DJ de 3-3-06) “Diretor-geral de Tribunal Regional Eleitoral. Exercício da advocacia. Incompatibilidade. Nulidade dos atos praticados. Violação aos princípios da moralidade e do devido processo legal (fair trial). Acórdão recorrido cassado. Retorno dos autos para novo julgamento.” (RE 464.963, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 14-2-06, DJ de 30-6-06) "Bacharel em Direito que exerce o cargo de assessor de desembargador: incompatibilidade para o exercício da advocacia. Lei 4.215, de 1963, artigos 83 e 84. Lei 8.906/94, art. 28, IV. Inocorrência de ofensa ao art. 5º, XIII, que deve ser interpretado em consonância com o art. 22, XVI, da Constituição Federal, e com o princípio da moralidade administrativa imposto à Administração Pública (CF, art. 37, caput)." (RE 199.088, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 1º-10-96, DJ de 16-4-99) "Lei estadual que autoriza a inclusão, no edital de venda do Banco do Estado do Maranhão S/A, da oferta do depósito das disponibilidades de caixa do tesouro estadual (...) Alegação de ofensa ao princípio da moralidade administrativa — Plausibilidade jurídica (...). O princípio da moralidade administrativa — enquanto valor constitucional revestido de caráter ético-jurídico — condiciona a legitimidade e a validade dos atos estatais. A atividade estatal, qualquer que seja o domínio institucional de sua incidência, está necessariamente subordinada à observância de parâmetros ético-jurídicos que se refletem na consagração constitucional do princípio da moralidade administrativa. Esse postulado fundamental, que rege a atuação do Poder Público, confere substância e dá expressão a uma pauta de valores éticos sobre os quais se funda a ordem positiva do Estado." (ADI 2.661-MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 5-6-02, DJ de 23-8-02) 30.1.7 Princípio da Razoabilidade e Proporcionalidade Aparecem mencionados na Lei 9.784. As decisões da Administração Pública devem ser razoáveis, não absurdas. Do mesmo modo, devem proporcionais, isto é, deve existir uma ligação proporcional entre o fim buscado e a medida tomada.

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Art. 2º da Lei 9.784/99: A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de:[...] VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público;

"Cabe ao Poder Judiciário verificar a regularidade dos atos normativos e de administração do Poder Público em relação às causas, aos motivos e à finalidade que os ensejam. Pelo princípio da proporcionalidade, há que ser guardada correlação entre o número de cargos efetivos e em comissão, de maneira que exista estrutura para atuação do Poder Legislativo local." (RE 365.368-AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 22-5-07, DJ de 29-6-07) "Cláusula que determina que conste nos comunicados oficiais o custo da publicidade veiculada. Exigência desproporcional e desarrazoada, tendo-se em vista o exagero dos objetivos visados. Ofensa ao princípio da economicidade (CF, artigo 37, caput)." (ADI 2.472-MC, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 13-3-02, DJ de 22-11-04) “Discrepa da razoabilidade norteadora dos atos da Administração Pública o fato de o edital de concurso emprestar ao tempo de serviço público pontuação superior a títulos referentes a pós-graduação.” (RE 205.535-AgR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 22-5-98, DJ de 14-8-98) 30.1.8 Princípio da motivação Significa que a Administração Pública deve motivar seus atos. Motivar tem dois significados. O primeiro significado tem por conteúdo a ideia de que a Administração Pública só deve praticar atos se existirem motivos para tanto. Por exemplo, uma exoneração por falta de assiduidade só será válida se realmente existirem os motivos, isto é, o servidor faltou o serviço. Motivar também significa que o Administrado tem direito de saber as razões que levaram determinado ato a ser realizado.

Art. 2° da Lei 9784/99: A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de:[...] VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão;

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CAPÍTULO XI DO DEVER DE DECIDIR

Art. 48 da CF: A Administração tem o dever de explicitamente emitir decisão nos processos administrativos e sobre solicitações ou reclamações, em matéria de sua competência. Art. 49 da CF: Concluída a instrução de processo administrativo, a Administração tem o prazo de até trinta dias para decidir, salvo prorrogação por igual período expressamente motivada. Art. 50 da CF: Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública; IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório; V - decidam recursos administrativos; VI - decorram de reexame de ofício; VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais; VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo. § 1° A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato. § 2° Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser utilizado meio mecânico que reproduza os fundamentos das decisões, desde que não prejudique direito ou garantia dos interessados. § 3° A motivação das decisões de órgãos colegiados e comissões ou de decisões orais constará da respectiva ata ou de termo escrito.

30.1.9 Princípio da eficiência Mencionado no art. 37, foi inserido pela Emenda Constitucional nº 19. Princípio de algum modo despiciendo, uma vez que é óbvio que a Administração Pública deve ser eficiente. 30.1.10 Princípio da Presunção de legitimidade e veracidade

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Presume-se que os atos da Administração Pública são conforme a lei (legítimos) e verdadeiros (conforme a um estado de fatos atual ou passado). Justifica-se devido à supremacia do Interesse Público. 30.2 Organização da administração pública De volta ao conceito de Administração Pública: um conjunto de órgãos, pessoas e entidades, realizando a função administrativa de satisfação das necessidades coletivas – necessidades estas dedutíveis da lei. É importante dizer que, apesar das dificuldades conceituais, Estado, governo e Administração Pública não são conceitos equivalentes. Estado: povo, poder soberano e governo por sobre um território; Governo: O Estado é comandado pelo exercício (governo) do poder. O poder, nos Estados modernos, para fins de controle recíproco, é dividido em 3: Judiciário, Legislativo e Executivo. Há Administração Pública nos 3 poderes. Porém, tanto no Poder Legislativo quanto no Judiciário, a Administração Pública é meramente instrumental, isto é, serve para apoiar a função daqueles poderes. Assim, a função do Judiciário é julgar. A Administração Pública no Judiciário serve meramente de apoio a isto, consubstanciando-se em uma atividade de contratação de funcionários, elaboração de orçamentos, etc. Também é assim no legislativo. Não há dúvidas, deste modo, de que o grosso da Administração Pública encontra-se no Poder Executivo, vez que é deste a atividade de execução da lei. Entretanto, a atividade do Poder Executivo não se resume à Administração Pública. A doutrina consente que existe uma distinção entre atos de governo, realizados pelo poder Executivo que expressam a soberania do país, como é o caso da sanção, do veto, do decreto autônomo, da declaração de regra, etc., que são diferentes dos atos de mera administração. A Administração Pública rege-se por uma lógica hierárquica e piramidal, indo desde o funcionário mais subalterno até o seu centro neural, que o presidente do Poder Executivo no âmbito do poder executivo, o Tribunal no âmbito do poder judiciário e as mesas no âmbito do Poder Legislativo.

Art. 99 da CF: Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia administrativa e financeira. § 1º - Os tribunais elaborarão suas propostas orçamentárias dentro dos limites estipulados conjuntamente com os demais Poderes na lei de diretrizes orçamentárias.

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É importante dizer que os poderes não são pessoas jurídicas. Quem é pessoa jurídica é a União, os Estados-membros, os Municípios e o Distrito Federal.

Art. 41 do CC: São pessoas jurídicas de direito público interno: I - a União; II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; III - os Municípios;

Assim, uma demanda, por exemplo, contra o Congresso Nacional será dirigida contra a União. Do mesmo modo, se for contra a Câmara de Vereadores, será dirigida ao Município. 30.2 .1 Centralização ou descentralização A Administração Pública pode ser centralizada ou descentralizada. Na Administração Pública Centralizada, tudo acontece dentro do âmbito da própria pessoa jurídica. A Administração Pública centralizada chama-se Administração Pública direta.

Art. 4° do Decreto-Lei 200/67: A Administração Federal compreende: I - A Administração Direta, que se constitui dos serviços integrados na estrutura administrativa da Presidência da República e dos Ministérios.

Na Administração Pública descentralizada criam-se novas pessoas jurídicas.

Art. 4° do Decreto-Lei 200/67: A Administração Federal compreende: II - A Administração Indireta, que compreende as seguintes categorias de entidades, dotadas de personalidade jurídica própria: a) Autarquias; b) Empresas Públicas; c) Sociedades de Economia Mista. d) fundações públicas.

Em realidade veremos que a A.P. compreende outras pessoas jurídicas. 30.3 Administração pública direta Ex.: de Administração Direta Presidente > Ministérios > demais órgãos públicos

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Governador > Secretarias > demais órgãos públicos Prefeito > Secretarias > demais órgãos públicos Na Administração direta, aplica-se quase sempre o regime jurídico-administrativo, em sua forma integral. Afinal de contas, a Administração direta é o núcleo da Administração Pública. Dentro da Administração Pública se aplicam os conceitos de concentração e desconcentração. Concentração significa “concentrar” atribuições a um determinado órgão. Desconcentração significa distribuir atribuições a diversos órgãos. Como é nítido, a Administração Pública brasileira possui diversos órgãos. A desconcentração pode ser em razão de grau (Superintendência, Delegacia Regional, etc.), matéria (secretaria do desporto, saúde, etc.) ou territorial (Comitês de Bacia de tal região, subprefeitura de tal local, etc.). Todos os órgãos públicos da Administração Pública brasileira estão estruturados de maneira hierárquica, uns ligados aos outros. Os órgãos públicos não têm personalidade jurídica. Se não têm personalidade jurídica, não são titulares de direitos e obrigações. Os órgãos públicos se constituem por serem partes da estrutura da Administração e enfeixam competências. No dizer de Hely Lopes Meirelles, compõem um órgão uma função, competência, cargos e agentes. 30.3.1 O que é um órgão? LEI Nº 9.784, DE 29 DE JANEIRO DE 1999. § 2° Para os fins desta Lei, consideram-se: I - órgão - a unidade de atuação integrante da estrutura da Administração direta e da estrutura da Administração indireta; Existem 3 teorias para explicar como um órgão atua. Teoria do mandato: o Estado outorga um mandato para o servidor atuar em nome do órgão. Isto não acontece na prática, por óbvio. Teoria da representação: assim como na tutela e na curatela, o servidor representa o órgão público. Teoria do órgão: Do Alemão Otto Gierke. Por força do Direito, a vontade do servidor é atribuída ao órgão. 30.3.2 Hierarquia A Administração Pública direta (e usualmente também a indireta) rege-se por uma lógica de hierarquia, entendendo-se esta como o “vínculo de autoridade que une órgãos e agente, através de escalões sucessivos, numa relação de autoridade, de superior a inferior, de hierarca a subalterno” (Celso Antônio Bandeira de Mello).

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A autoridade superior, em regra, tem poder de comando, poder de fiscalização, poder de revisão, poder de punir, poder de delegar atribuições ou de as avocar e poder de definir atribuições. A hierarquia será vista com mais detalhe no chamado “poder hierárquico”. 30.3.3 Classificação dos órgãos Quanto à importância → Órgãos independentes – São os órgãos de topo da Administração Pública, e tem nenhuma ou pouca relação hierárquica com outro órgão. Ex.: Presidente da República e ministérios, Cúpula do Ministério Público, Cúpula da Defensoria Pública, Senadores, Deputados, juízes, TCU; → Órgãos autônomos: imediatamente abaixo dos órgãos independentes: ex.: receita federal, imediatamente abaixo do Ministério da Fazenda; Polícia Federal em relação ao Ministério da Justiça. Apesar dos órgãos autônomos serem subordinados aos independentes, eles possuem a prerrogativa de defender em juízo seus interesses; → Órgãos superiores (ex.: gerências, órgãos de controle, etc.); → Órgãos subalternos. Quanto à existência de órgãos internos → Simples: sem órgãos internos; → Compostos: subdivididos em outros órgãos. Secretaria de educação municipal. Quanto à composição → Unipessoal: um titular e auxiliares deste titular por uma só pessoa. Ex.: Ministério e seus auxiliares, juiz e servidores; → Colegiados: conselhos. Função → Ativos: fazem coisas: licitações, atos materiais (asfaltar, etc.), cobrar tributos; → De controle: fiscalizam os outros órgãos; → Consultivos: aconselhamento e emissão de pareceres. A peculiaridade é que o parecer jurídico, se errôneo, por causar a responsabilização solidária, muito embora ainda a questão seja controversa. 30.3.4 Competência A competência é um poder-dever, imposto pela Lei, para cumprir uma finalidade prevista nesta mesma lei. A competência é: → Obrigatória: não pode agente deixar de cumpri-la; → Irrenunciável: não pode o agente público renunciá-la; → Intransferível: não pode ser transferida a título permanente; → Imodificável: não pode ser modificada pelo titular do órgão; → Imprescritível: a não utilização da competência não gera a caducidade ou prescrição da competência.

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Art. 51 da CF: Compete privativamente à Câmara dos Deputados: IV - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias;

Art. 84 da CF: Compete privativamente ao Presidente da República: II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da administração federal; Art. 87 da CF: Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre brasileiros maiores de vinte e um anos e no exercício dos direitos políticos. Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além de outras atribuições estabelecidas nesta Constituição e na lei: I - exercer a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos e entidades da administração federal na área de sua competência e referendar os atos e decretos assinados pelo Presidente da República; Art. 96 da CF: Compete privativamente: I - aos tribunais: b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos juízos que lhes forem vinculados, velando pelo exercício da atividade correicional respectiva;

30.3.5 Personalidade judiciária Excepcionalmente, a Jurisprudência conferiu personalidade de comparecer, como autor ou ré, a certos órgãos, como os conselhos, Receita Federal, Câmara de Vereadores, etc, desde que seja para a defesa de seus próprios interesses constitucionais. Ex.: Prefeito que não repassa verba à Câmara. Centralização e descentralização A Administração Pública pode ser centralizada ou descentralizada. Na Administração Pública Centralizada, tudo acontece dentro do âmbito da própria pessoa jurídica. 30.3.6 Criação de órgãos públicos

Só por lei.

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Interessante é que hoje, mediante decreto, é possível modificar a estrutura dos órgãos públicos, desde que não implique aumento de despesa.

Art. 48 da CF: Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não exigida esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente sobre: IX - organização administrativa, judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública da União e dos Territórios e organização judiciária e do Ministério Público do Distrito Federal X - criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas, observado o que estabelece o art. 84, VI, b; XI - criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública; Art. 84 da CF: Compete privativamente ao Presidente da República: VI - dispor, mediante decreto, sobre: a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; Art. 61 da CF: A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição § 1º - São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que: e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública, observado o disposto no art. 84, VI.

30.3.7 Hierarquia e competência

A Administração Pública rege-se por uma lógica hierárquica e piramidal, indo desde o funcionário mais subalterno até o seu centro neural, que o presidente do Poder Executivo no âmbito do poder executivo, o Tribunal no âmbito do poder judiciário e as mesas no âmbito do Poder Legislativo.

A estrutura hierárquica é baseada na competência. Cada órgão possui uma competência prevista em lei.

A AP tem o poder de se organizar de maneira hierárquica. Trata-se de um poder introverso, voltado à própria Administração Pública.

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Tal existe para a racionalização das atividades da Administração Pública. O poder hierárquico dá poderes ao superior para dar ordens, rever atos, avocar

atribuições, delegar competências e fiscalizar a atividade dos subordinados.

Coordenação e subordinação da Administração Pública. Deste poder decorrem as possibilidades de:

→ Editar atos normativos para organizar o serviço; → Dar ordens a subordinados; → Controlar a atividade dos órgãos inferiores; → Delegar atribuições; → Avocar atribuições, isto é, concentrar nas mãos do superior poderes dos inferiores.

Entretanto, a ideia de avocação e de delegação de competências não são triviais.

Art. 12 da Lei nº 9.784/99: Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento legal, delegar parte da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial. Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se à delegação de competência dos órgãos colegiados aos respectivos presidentes. Art. 13 da Lei nº 9.784/99: Não podem ser objeto de delegação: I - a edição de atos de caráter normativo; II - a decisão de recursos administrativos; III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade. Art. 14 da Lei nº 9784/99: O ato de delegação e sua revogação deverão ser publicados no meio oficial. § 1° O ato de delegação especificará as matérias e poderes transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração e os objetivos da delegação e o recurso cabível, podendo conter ressalva de exercício da atribuição delegada. § 2° O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela autoridade delegante. § 3° As decisões adotadas por delegação devem mencionar explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão editadas pelo delegado. Art. 15 da Lei nº 9.784/99: Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados, a avocação

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temporária de competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior.

30.4 Administração pública indireta

Art. 4° do Decreto-Lei 200/67: A Administração Federal compreende: II - A Administração Indireta, que compreende as seguintes categorias de entidades, dotadas de personalidade jurídica própria: a) Autarquias; b) Empresas Públicas; c) Sociedades de Economia Mista. d) fundações públicas.

Administração Indireta em espécie São características das pessoas jurídicas criadas pelo Estado para a Administração Pública Indireta: > Personalidade jurídica própria; > Criação ou autorização para criação por Lei, ao contrário das pessoas privadas; > Finalidade não é o lucro, mas a busca do interesse público; > Ao contrário das pessoas jurídicas privadas, seus fins são postos em lei, e não podem ser modificados. > Só por lei podem ser extintas; > O Estado exerce algum tipo de controle; > Possuem prerrogativas (ex.: imunidade de impostos) e sujeições (concurso, licitação) que os particulares usualmente não dispõem; > Para todas as entidades da Administração indireta, exige-se concurso, bem como proíbe-se a acumulação. Os celetistas das empresas públicas, de economia mista e fundações de caráter privado não tem estabilidade, apesar de entrarem por concurso. Devem ter direito à defesa na despedida, contudo, que não pode ser arbitrária, conforme a jurisprudência; > Os bens das autarquias e fundações de direito públicos são bens públicos (inalienáveis, portanto). O das empresas públicas poderá ser se prestarem serviço público; >A responsabilidade de todos os entes da administração indireta é objetiva, isto é, independe de culpa. Mesmo as concessionárias e permissionárias respondem objetivamente, muito embora ainda exista discussão judicial sobre o assunto; > Na esfera federal, com exceção das empresas de economia mista e falências, todas as causas são julgadas pela justiça federal. CF, art. 109, I; > As empresas públicas, fundações de direito privado e sociedades de economia mista são executadas judicialmente como empresas normais, tendo seus bens penhorados. Algumas delas, por prestarem serviços públicos (ex.: Correios, Companhias de Docas), pagam por precatórios, como a administração direta e as autarquias. Art. 100 da CF;

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> Existirá tanto um controle administrativo interno ao Poder Executivo, quanto um externo pelo Tribunal de Contas. Arts. 70 e 71 da CF; > As entidades de Direito público possuem privilégios de ordem processual; - Prazo em quádruplo para contestar e em dobro em geral (art. 188 do CPC). Não se aplicam ao JEC Federal; - Reexame necessário; - Inaplicabilidade dos efeitos materiais da revelia; - Impossibilidade de liminar em desfavor da AP em certos casos. 30.4.1 Entes da Administração Pública Autarquias: criadas por lei; de direito público, semelhante à Administração Direta; autoadministração (mas não auto legislação ou autonomia); especialização. Ex.: INSS,

Art. 5º do Decreto-Lei 200/67: Para os fins desta lei, considera-se: I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar atividades típicas da Administração Pública, que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada.

Existem autarquias corporativas. Ex.: OAB, CREMERS, etc.. Neste último caso, adotam um regime mais privado. Exige-se delas concurso e licitação, à exceção da OAB, que tem um regime mais “especial”. Fundação: patrimônio afetado a algum fim, podendo ser de direito público ou privado; quando de direito público, são muito semelhantes às autarquias (às vezes chamados de Fundações Autárquicas); Fundação Pública de Direito Público: Fundação Biblioteca Nacional, IBGE, as Universidades Públicas, etc. Fundação Pública de Direito Privado: Hospitais Públicos, Fiocruz, Fundação Banco do Brasil, algumas fundações de apoio às universidades públicas (aberração jurídica).

Art. 5º do Decreto-Lei 200/67: IV - Fundação Pública - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, criada em virtude de autorização legislativa, para o desenvolvimento de atividades que não exijam execução por órgãos ou entidades de direito público, com autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos de direção, e funcionamento custeado por recursos da União e de outras fontes.

Fundação Pública de Direito público – Aparecia na CF. Sumiu a menção após a EC 19 (que teve dispositivos considerados inconstitucionais). O que não significa que não mais exista Fundação Pública de Direito Público, uma vez que a jurisprudência continua

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reconhecendo sua existência. O STF entende que as fundações públicas de direito público se equiparam às autarquias. Sociedade de economia mista: pessoa jurídica de direito privado com conjugação de capital público ou privado, mas mesmo assim criada por lei, e sob controle do Estado e necessariamente assumindo a forma de S.A. Autorizada por lei. Executam a atividade econômica do Estado, conforme o art. 173 da CF, e, por isso, não podem ter privilégios não extensíveis ao setor privado, se concorrerem no mercado. A Constituição prevê um estatuto de licitação simplificado para as empresas públicas e sociedades de economia mista, tal estatuto não existe ainda, de modo que a eles se aplica ainda a lei 8.666 em sua inteireza. Empresas públicas e sociedades de economia mista não falem (Lei 11.101, art. 2º). Art. 5º do DL 200 III - Sociedade de Economia Mista - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, criada por lei para a exploração de atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União ou a entidade da Administração Indireta. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 900, de 1969) Art. 5º do DL 200 Empresa pública: de direito privado, mas capital inteiramente Estatal, com organização sob qualquer forma admitida em Direito (ex.: LTDA). Autorizada por lei. Executam a atividade econômica do Estado, conforme o art. 173 da CF, e, por isso, não podem ter privilégios não extensíveis ao setor privado, se concorrerem no mercado. A Constituição prevê um estatuto de licitação simplificado para as empresas públicas e sociedades de economia mista, tal estatuto não existe ainda, de modo que a eles se aplica ainda a lei 8.666 em sua inteireza. Empresas públicas e sociedades de economia mista não falem (Lei 11.101, art. 2º). Um exemplo é a Caixa Econômica Federal. Art. 5º do DL 200 II - Empresa Pública - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e capital exclusivo da União, criado por lei para a exploração de atividade econômica que o Governo seja levado a exercer por força de contingência ou de conveniência administrativa podendo revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 900, de 1969) Note-se que existem ainda uma outra classificação possível para dois tipos de empresas estatais (empresa pública e sociedade de economia mista): uma presta serviços públicos, outras executam atividade econômica. As que executam atividade econômica (ex.: Banco do Brasil, que está em regime de concorrência com os demais bancos) têm um

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regime “mais” privado do que as que prestam serviços públicos (como os Correios, que estão em regime de monopólio). Entidades criadas pelo consórcio Público: de Direito público ou privado, criado pela união de dois ou mais entes federativos para a gestão de serviços públicos; se for de direito público, é semelhante à uma autarquia (associação pública), se de direito privado, será uma associação comum, derrogada parcialmente pela Lei Federal nº 11.107. Este será objeto de estudo mais aprofundado adiante. Agências São autarquias ou fundações com um pouco mais de liberdade para os administradores. Existem agências executivas e agências reguladoras. Apareceram na onda neoliberal, quebrando a tradição brasileira de inspiração no direito europeu. Agência executiva> qualificação dada à autarquia ou fundação que celebre contrato de gestão com o órgão da administração pública direta a que se acha vinculada, para a melhoria da eficiência e redução de custos. Trata-se de uma entidade preexistente que recebe esta qualificação (Decretos federais nº 2.487 e 2.488). Único caso no Brasil: INMETRO. Agências reguladoras Já existiam entidades com funções reguladoras, mas sem denominação de agência (ex. instituto do açúcar e do álcool, Bacen, CVM, etc.). Regular significa organizar determinado setor afeto à agência, bem como controlar as entidades que atuam nesse setor. Exercem, ao mesmo tempo, poder de polícia, bem como controlam concessões e permissões. Neste último caso, exercem a importante de função de manter o equilíbrio econômico financeiro dos contratos. Não existe lei geral para as agências reguladoras, elas são criadas por leis esparsas, adquirindo cores diversas. Um aspecto comum é que são todas autarquias de regime especial. Este regime especial refere-se, usualmente, à estabilidade de seus dirigentes através de um mandato fixo, além do caráter final de suas decisões, que não podem ser revisadas pela Administração Direta. São também entidades da Administração indireta, criados a partir da Lei federal nº 11.107. Tem personalidade jurídica, e são formados pela contratação entre os diferentes entes federativos. Eles proceder à chamada gestão associada. Os entes irão se associar e formar uma associação, que poderá ser de direito público ou privado. Para se criar um consórcio, será necessário, primeiramente, um protocolo de intenções do Executivo, após, lei dos entes federativos, depois um contrato, e, após, formalização, através de estatutos. O consórcio público, independentemente de ser de natureza pública ou privada, poderá promover desapropriações e servidões, ser contratado com dispensa de licitação pela

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AP, limites mais elevados para a necessidade de licitação e para as modalidades previstas. Os entes consorciados firmarão um contrato de rateio e um contrato de programa. O primeiro versará sobre a repartição das despesas, com a devida inclusão destas nas leis orçamentárias. Já o contrato de programa tem a ver com a cooperação do consórcio com algum ente federativo. 30.4.2 Controle administrativo das entidades da administração indireta As entidades da Administração Indireta têm autoadministração, mas nos limites da lei. Alguns órgãos fazem o controle das atividades da Administração Indireta, trata-se geralmente de secretarias ou ministérios. O nome deste vínculo é tutela ou supervisão, e não hierarquia, uma vez que há uma ligação funcional, e não uma cadeia de ordens, como a hierarquia. Existe controle administrativo tanto na hierarquia como na tutela ou supervisão, mas a primeira é característica da Administração Direta, e a segunda da Indireta. Obviamente, este é o controle administrativo. Existe, ainda, o controle externo, realizado pelos órgãos legislativos, com auxílio do tribunal de contas, e o judiciário, realizado pelos tribunais. 30.5 Servidores públicos Servidores públicos: em sentido amplo, todos aqueles que trabalham para a AP. Em sentido estrito, todos aqueles que trabalham para a AP direta, autarquias e fundações públicas. Agentes públicos: todos aqueles que prestam serviços de maneira pessoal ao Estado: - agentes políticos (primeiro escalão: chefes do poder executivo, ministros, parlamentares, juízes, membros do MP). São regidos por regras constitucionais e leis próprias; - servidores públicos; - militares (bombeiros, PMs, membros das forças armadas); - particulares em colaboração com o poder público (cônsules honorários, tabeliães, notários, jurados, fiscais de urna, etc.) Possuem vínculo com Estado, sendo por este remunerado. Compreendem: Servidores públicos estatutários: sujeitos ao regime estatutário e ocupantes de cargos públicos. Contratados por concurso, exceto os Cargos em Confiança. Cada ente federativo pode seus estatutos gerais ou próprios de cada categoria. Empregados públicos: são contratados pelo regime da CLT (Com concurso, obviamente), ocupando emprego público. Os entes federativos devem respeitar a CLT. Servidores temporários: contratados por tempo determinado para atender à necessidade temporária de excepcional interesse público. (37, IX, da CF). Leis Federais 8.745 e 10.667.

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30.5.1 Diferença entre cargo, emprego e função Cargo: unidade de atribuições, imposta por lei, que exige concurso público para preenchimento. O servidor tem seu estatuto na Lei do ente federativo. Emprego: unidade de atribuições, imposta por lei, que exige concurso público para preenchimento. O servidor tem seu estatuto na CLT. Função: tanto o servidor temporário quanto o efetivo quando em direção(confiança). Os cargos em comissão na verdade preenchem uma função pública. 30.5.2 Regime jurídico do servidor em sentido amplo > o serviço público é acessível a brasileiros e estrangeiros. Nestes últimos, deve haver expressa menção na lei que regulamento o cargo, emprego ou função (37, I, CF); > ingresso: concurso público em todas as hipóteses, exceto para temporários e cargo em comissão. Art. 37, III, da CF, diz que os concursos terão dois anos de validade, prorrogáveis por mais dois anos. Passar e estar entre os classificados não gera direito à nomeação, mas gera prioridade sobre novos concursados. Pessoas portadoras de deficiência terão reserva de vagas (37, VIII da CF). São vedadas as restrições de idade, exceto para determinados cargos óbvios, como soldado; > remuneração: isonomia entre poderes, proibida a vinculação, evitando os gatilhos (art. 37, XIII), aumento só se dá se houver previsão orçamentária, sendo que os chefes dos poderes atuam independentemente, neste sentido (o Legislativo, por exemplo, não pode aumentar os salários do Executivo), fixação por lei, teto previsto no art. 37, XI + 397, § 9º + § 12. Vige a irredutibilidade, salvo o teto; > limites com gastos de servidores (Lei Complementar nº 101): União, 50%, Estados e Municípios 60% da receita líquida. > direito de greve e associação sindical. É livre a associação sindical entre os servidores públicos, inclusive militares. Já o direito de greve deverá ser regulamentado em lei (art. 37, VI e VII). Tal lei ainda não existe, de modo que controverte-se acerca de sua possibilidade hoje. > É vedada a acumulação de cargos, empregos e funções públicos remunerados, exceto (37, XVI): - dois cargos de professor; - professor + técnico ou científico; - 2 profissionais da saúde. Em outras partes da Constituição, permite-se outras acumulações: - Vereador + serviço público; - juízes e MP + magistério.

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30.5.3 Remuneração dos servidores Alguns servidores recebem subsídio, cuja principal característica é serem pagos em parcela única, isto é, não recebem quaisquer adicionais, exceto os constitucionais do art. 7º da Constituição (13º, horas extras, adicional noturno, salário família, adicional de férias e licença gestante). Recebem subsídio os agentes políticos e outros servidores de alta qualificação (AGU, procuradores de Estado, defensores públicos, policiais, membros dos Tribunais de contas). Facultativamente, os outros servidores poderão receber subsídios, muito embora isto ainda não aconteça. Os outros servidores recebem remuneração 30.5.3.1 Teto remuneratório do serviço público Informativo 862: Nos casos autorizados constitucionalmente de acumulação de cargos, empregos e funções, a incidência do art. 37, XI, da Constituição Federal pressupõe consideração de cada um dos vínculos formalizados, afastada a observância do teto remuneratório quanto ao somatório dos ganhos do agente público. Logo, o teto deverá ser considerado especificamente para cada cargo, sendo permitido que ele receba acima do limite previsto no art. 37, XI da CF se considerarmos seus ganhos globais, situação essa que pode ocorrer por exemplo de um Ministro do STF ser professor Universitário de uma Universidade Federal e somado ao que recebe como Ministro do Supremo. STF. Plenário. RE 612975/MT e RE 602043/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, julgados em 26 e 27/4/2017 LEMBRE-SE: ACUMULAÇÃO DE CARGO PÚBLICO E TETO REMUNERATÓRIO A CF/88 (art. 37, XVI) proíbe a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto: dois cargos de professor; um cargo de professor com outro técnico ou científico; dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas. NESSAS HIPÓTESES O TETO DEVERÁ ser considerado para cada um dos vínculos, de forma separada. É uma interpretação além da literalidade do art. 37, XI. Reforçou nesse sentido o entendimento que o Superior Tribunal de Justiça já tinha a respeito dessa matéria: (...) A jurisprudência desta Corte orienta-se no sentido de que em se tratando de cumulação legítima de cargos, a remuneração do servidor público não se submete ao teto constitucional, devendo os cargos, para este fim, ser considerados isoladamente. (...) STJ. 1ª Turma. AgRg no RMS 45.937/DF, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 05/11/2015

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NÃO TEM FUNÇÃO LEGISLATIVA, AUMENTAR VENCIMENTOS DE SERVIDORES PÚBLICOS SOB O FUNDAMENTO DE ISONOMIA A decisão judicial que concede a servidor público a gratificação de 13,23% prevista na Lei nº 10.698/2003 afronta a súmula vinculante 37, mesmo que o julgador fundamente sua decisão no art. 37, X, da CF/88 e no art. 6º da Lei nº 13.317/2016. Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob o fundamento de isonomia. STF. 1ª Turma. Rcl 25927 AgR/SE e Rcl 24965 AgR/SE, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgados em 31/10/2017 (Info 884). STF. 1ª Turma. Rcl 24965 AgR/SE, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 28/11/2017 (Info 886). 30.5.4 Processo administrativo disciplinar É um dos meios de apuração de ilícitos administrativos, junto às sindicâncias e a verdade sabida. Os dois últimos são aplicáveis em casos de pequenas transgressões (em realidade, a verdade sabida já não mais existe, em face do princípio da ampla defesa). Sindicância:> Trata-se de um procedimento sumário, onde, no nível federal, pode resultar arquivamento do processo, aplicação de penalidade de advertência ou suspensão de até 30 dias, e instauração do processo disciplinar. processo administrativo > vai existir quando houver risco de perda do cargo, aposentadoria ou pena de suspensão por mais de 30 dias. 30.5.5 Aposentadoria dos servidores públicos O servidor público pode aposentar-se tanto no regime geral (INSS) quanto em um regime próprio (organizado pelos entes federativos, com regime jurídico específico). Nos dois casos, os regimes hoje são contributivos, isto é, existe contribuição ao regime de previdência. Os servidores públicos em regime próprio inclusive contribuem depois de aposentados. Submetem-se ao regime do INSS os temporários, os empregados públicos, os CCs, e em alguns casos, os Vereadores e Prefeitos. Tem regime próprio os estatutários e os agentes políticos. Para o futuro, a norma constitucional planeja que os servidores estatutários terão um regime próprio, sujeito aos limites de valor da previdência privada, em conjunto com uma previdência complementar, também organizada pelo Estado, mas a parte do regime próprio.

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A aposentadoria compulsória no poder público se dá aos 70 anos. Estabilidade:3 anos de exercício (estágio probatório). Só para quem ocupa cargo público. Perda do cargo: procedimento administrativo de avaliação de desempenho, com ampla defesa; limite de despesa com pessoal; sentença judicial. 30.6 Improbidade administrativa Quem quer dê prejuízo à AP pode ser punido civilmente, administrativamente e criminalmente. Existe ainda uma quarta modalidade, que são os atos de improbidade administrativa. Lei 8.429. 30.6.1 Elementos do ato de improbidade administrativa - Sujeito passivo: quem sofreu o ato. Toda e qualquer entidade da AP ou outra que a AP tenha concorrido com mais de 50% do patrimônio, ou qualquer uma que receba dinheiro público, neste último caso limitada a condenação ao prejuízo aos cofres públicos. - Sujeito ativo: quem praticou o ato. Qualquer que se envolver com a AP, seja particular, seja agente público. Existe polêmica se os agentes políticos se enquadram nesta hipótese. Dúvidas se esses últimos têm foro privilegiado ou não. - Ato danoso: aquele ato que importa em enriquecimento ilícito (o agente ativo tem ou pode ter incremento em seu patrimônio), prejuízo ao erário (o erário tem ou pode ter prejuízo, sem acréscimo ao patrimônio do agente ativo) ou atentado contra os princípios da AP (os princípios da AP são atingidos, muito embora não existe prejuízo e tampouco enriquecimento ilícito). São três categorias de atos que importam em diferentes graduações de punição. - Elemento subjetivo: dolo ou culpa. 30.6.2 Sanções cabíveis - enriquecimento ilícito: Suspensão dos direitos políticos de 8 a 10 anos; Multa de até 3 vezes o valor do acréscimo patrimonial; Proibição de contratar com a AP até 10 anos. - Prejuízo ao erário: Suspensão dos direitos políticos de 5 a 8 anos; Multa de até 2 vezes o valor do prejuízo; Proibição de contratar com a AP até 5 anos.

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- Violação a princípio: Suspensão dos direitos políticos de 3 a 5 anos; Multa de até 100 vezes o valor da remuneração do agente; Proibição de contratar com a AP até 3 anos. 30.6.3 Procedimentos Qualquer pessoa pode representar perante a AP acerca de atos de improbidade, desde que seja fundamentada, escrita e assinada. Após a apuração, o MP ou a entidade da AP interessada ajuizará ação judicial, visando à aplicação das penalidades. STF E A TESE DE REPERCUSSÃO GERAL SOBRE RECURSO ADMINISTRATIVO; ‘É inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de admissibilidade de recurso administrativo’.

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