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Constitucional 2ª Fase - XXXIII Exame de Ordem Matéria 1 Direito Constitucional Mateus Silveira 2ª FASE EXAME XXXIII

2ª FASE EXAME XXXIII Direito Constitucional

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Constitucional 2ª Fase - XXXIII Exame de Ordem Matéria

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Direito Constitucional Mateus Silveira

2ª FASE EXAME XXXIII

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Constitucional 2ª Fase - XXXIII Exame de Ordem Matéria

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Mateus Silveira @professormateussilveira

Olá, Alunos e Alunas!

Sejam muito bem-vindos e bem-vindas a nossa 2ª fase da OAB de Direito Constitucional. A partir de agora você faz parte do Time Constitucional Ceisc e juntos de mãos dadas vamos buscar a tua aprovação.

Vamos juntos e juntas rumo à aprovação!!!!!

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Constitucional 2ª Fase - XXXIII Exame de Ordem Matéria

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2ª FASE OAB | XXXIII EXAME

Direito Constitucional Prof. Mateus Silveira

1. Garantias Constitucionais – Art. 5º, XXXIV ao LXVII, da CF .......................................................... 6

1.1. Direitos X Garantias ................................................................................................................... 6

1.2. Direito de petição e certidão ..................................................................................................... 7

1.3. Direito de Petição - Art. 5º, XXXIV, “a” da CF ........................................................................... 9

1.3.1. Direito de petição como prerrogativa de caráter democrático .............................................. 9

1.3.2. Direito de petição e o acesso à justiça .................................................................................... 9

1.3.3. Direito de petição e os postulados processuais .................................................................... 10

1.4. Direito de Certidão – Art. 5º, XXXIV, “b” da CF ....................................................................... 10

1.5. Direito de acesso à justiça ........................................................................................................ 11

1.6. A segurança jurídica e o princípio da confiança: a defesa do direito adquirido, ato jurídico e coisa julgada ..................................................................................................................................... 14

1.7. Proibição de juízo ou tribunal de exceção .............................................................................. 15

1.8. Juiz natural e promotor natural ................................................................................................ 15

1.9. Tribunal do Júri ......................................................................................................................... 15

1.10. Princípio da legalidade e o princípio da anterioridade ....................................................... 16

1.11. Princípio da irretroatividade da lei penal in pejus e princípio da retroatividade da lei mais benéfica ............................................................................................................................................ 16

1.12. Proibição de discriminação aos direitos e liberdades fundamentais ................................. 17

1.13. Delitos ofensivos aos Direitos Fundamentais ...................................................................... 17

1.14. Regramento constitucional das penas ................................................................................ 18

1.15. Extradição e os Direitos Humanos ....................................................................................... 21

1.16. Devido processo legal, contraditório e ampla defesa ......................................................... 22

1.17. Provas ilícitas ....................................................................................................................... 23

1.18. Presunção de inocência ...................................................................................................... 23

1.19. Identificação Criminal ......................................................................................................... 24

1.20. Ação penal privada subsidiária ........................................................................................... 25

2. Nacionalidade – Art. 12 ao 13 da CF ............................................................................................. 27

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2.1. Nacionalidade (art. 12 da CF) ..................................................................................................... 27

2.2. Nacionalidade originária ou primária no Brasil (Brasileiros Natos) .......................................... 27

2.3. Da nacionalidade potestativa ................................................................................................... 28

2.4. Nacionalidade derivada ou secundária no Brasil (Brasileiros naturalizados) ......................... 30

2.5. Da quase nacionalidade dos portugueses no Brasil ................................................................. 31

2.6. Brasileiros Natos X Brasileiros Naturalizados............................................................................ 31

2.7. Da perda da nacionalidade de brasileiro ................................................................................. 33

3. Organização dos Poderes e Poder Legislativo ........................................................................... 35

3.1. Do Poder Legislativo e Do Congresso Nacional (Art. 44 ao Art. 47 da CF) ............................. 35

3.2. Congresso Nacional ................................................................................................................. 36

3.3. Das atribuições do Congresso Nacional (Art. 48 ao Art. 50 da CF) ........................................37

3.4. Da Convocação de Ministros do Estado pelo Congresso Nacional ....................................... 40

3.5. Da Câmara dos Deputados (Art. 51 da CF) e Do Senado Federal (Art. 52 CF) ......................... 41

3.6. Dos Deputados e Dos Senadores (Art. 53 ao Art. 56 da CF) ................................................... 44

3.6.1 Da imunidade material e formal dos deputados e senadores ............................................... 44

3.7. Imunidade formal dos parlamentares já diplomados .............................................................. 47

3.8. Imunidade relativa à prerrogativa de foro ............................................................................... 48

3.9. Momento da fixação definitiva da competência do STF ........................................................ 49

3.10. Imunidade relativa à prisão .................................................................................................... 49

3.11. Imunidade para processo: art. 53, §s 3º, 4º e 5º, da CF. ....................................................... 50

3.12. Imunidade para testemunhas: art. 53, § 6º, da CF. ................................................................ 51

3.13. Imunidade para incorporação às forças armadas: art. 53, § 7º, CF. ...................................... 51

3.14. Impedimentos dos parlamentares: art. 54 da CF. .................................................................. 51

4. Intervenção Federal – Art. 34 ao 36 da CF ................................................................................. 64

4.1. Introdução ............................................................................................................................... 64

4.2. Da Intervenção Federal Comum ou Possível .......................................................................... 66

4.3. Representação Interventiva ou ADI Interventiva Federal ...................................................... 70

4.4. Representação Interventiva ou ADI Interventiva Estadual (Art. 35, IV da CF) ....................... 70

5. Defesa das instituições democráticas – Art. 136 ao 144 da CF ................................................... 71

5.1. Do Estado de Defesa .................................................................................................................. 71

5.2. Do Estado de Sítio ..................................................................................................................... 72

5.3. Forças Armadas ........................................................................................................................ 74

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5.4. Defesa do Estado e das Instituições Democrática .................................................................. 76

5.5. Capítulo III: Da Segurança Pública ............................................................................................ 77

6. Ordem Econômica e Financeira e da Ordem Social .................................................................. 84

6.1. Ordem econômica e financeira ................................................................................................ 84

6.2. Da função social da propriedade urbana: Art. 182, § 2º e § 4º, III da CF ................................ 88

6.3. Função social da propriedade rural ......................................................................................... 89

6.4. Expropriação da propriedade .................................................................................................. 90

6.5. Da ordem social ........................................................................................................................ 90

6.6. Seguridade Social ..................................................................................................................... 91

6.7. Competência comum da União, Estados Membros e Municípios .......................................... 92

6.8 Direito à Saúde .......................................................................................................................... 92

6.9 Da Assistência Social ................................................................................................................ 94

6.10 Direito à Educação ................................................................................................................... 95

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1. Garantias Constitucionais – Art. 5º, XXXIV ao LXVII, da CF

Prof. Mateus Silveira @professormateussilveira

1.1. Direitos X Garantias

Direitos e Garantias, não são conceitos sinônimos, ainda que no texto constitucional isso não esteja claro.

Para Rui Barbosa - os direitos são disposições declaratórias por imprimirem uma existência da legalidade aos direitos reconhecidos, enquanto as Garantias seriam disposições assecuratórias, pois elas, ao defenderem os direitos, imprimiram uma limitação ao poder sobre os indivíduos.

Os Direitos são bens e vantagens estabelecidos na norma constitucional e as Garantias são os instrumentos através dos quais se assegura o exercício dos direitos citados (preventivamente) ou de modo rápido venha a reparar.

Exemplos:

Art. 5º, IV - é livre a manifestação do pensamento (DIREITO), sendo vedado o anonimato (GARANTIA);

As Garantias e os Direitos podem estar em conjunto na mesma disposição constitucional.

Direitos = Declaram-se;

ESSA DICA É DO PROFE... BORA ESTUDAR GALERA

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Art. 5º, VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos (DIREITO) e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias (GARANTIA);

Direitos – liberdades positivas, bens e vantagens conferidos pela norma. Faculdade de agir, exercer, fazer ou deixar de fazer algo.

Garantias – liberdades negativas, instrumentos pelos quais se asseguram o exercício e o gozo dos direitos (bens e vantagens).

Os Direitos e as Garantias Fundamentais presentes no Título II da Constituição estão divididos em 5 espécies: Capítulo I – Direitos e deveres individuais e coletivos (art. 5º); Capítulo II – Direitos Sociais (art. 6 ao 11); Capítulo III – Direitos da Nacionalidade (art. 12 e 13); Capítulo IV – Direitos Políticos (art. 14 a 16); Capítulo V – Direitos relativos à existência e funcionamento dos partidos políticos (art. 17).

1.2. Direito de petição e certidão

Art. 5º, XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:

a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;

b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal;

Direito de petição

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Direito a requerer providências do poder público, mesmo quando não previsto no ordenamento.

Art. 5° Lei 9784/99: O processo administrativo pode iniciar-se de ofício ou a pedido de interessado.

Art. 6° Lei 9784/99: O requerimento inicial do interessado, salvo casos em que for admitida solicitação oral, deve ser formulado por escrito e conter os seguintes dados:

I - órgão ou autoridade administrativa a que se dirige;

II - identificação do interessado ou de quem o represente;

III - domicílio do requerente ou local para recebimento de comunicações;

IV - formulação do pedido, com exposição dos fatos e de seus fundamentos;

V - data e assinatura do requerente ou de seu representante.

Art. 48 Lei 9784/99: A Administração tem o dever de explicitamente emitir decisão nos processos administrativos e sobre solicitações ou reclamações, em matéria de sua competência.

Art. 56 Lei 9784/99: Das decisões administrativas cabe recurso, em face de razões de legalidade e de mérito.

§ 1° O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a decisão, a qual, se não a reconsiderar no prazo de cinco dias, o encaminhará à autoridade superior.

Direito de petição e certidão

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1.3. Direito de Petição - Art. 5º, XXXIV, “a” da CF

1.3.1. Direito de petição como prerrogativa de caráter democrático

O direito de petição, presente em todas as Constituições brasileiras, qualifica-se como importante prerrogativa de caráter democrático. Trata-se de instrumento jurídico-constitucional posto à disposição de qualquer interessado – mesmo daqueles destituídos de personalidade jurídica –, com a explícita finalidade de viabilizar a defesa, perante as instituições estatais, de direitos ou valores revestidos tanto de natureza pessoal quanto de significação coletiva. Entidade sindical que pede ao PGR o ajuizamento de ação direta perante o STF. Provocatio ad agendum. Pleito que traduz o exercício concreto do direito de petição. Legitimidade desse comportamento.

[ADI 1.247 MC, rel. min. Celso de Mello, j. 17-8-1995, P, DJ de 8-9-1995.]

1.3.2. Direito de petição e o acesso à justiça

O direito constitucional de petição e o princípio da legalidade não implicam a necessidade de esgotamento da via administrativa para discussão judicial da validade de crédito inscrito em dívida ativa da Fazenda Pública. É constitucional o art. 38, parágrafo único, da Lei 6.830/1980 (Lei da Execução Fiscal – LEF), que dispõe que "a propositura, pelo contribuinte, da ação prevista neste artigo (ações destinadas à discussão judicial da validade de crédito inscrito em dívida ativa) importa em renúncia ao poder de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso acaso interposto". [RE 233.582, rel. p/ o ac. min. Joaquim Barbosa, j. 16-8-2007, P, DJE de 16-5-2008.]= RE 469.600 AgR, rel. min. Cármen Lúcia, j. 8-2-2011, 1ª T, DJE de 3-3-2011

É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo.

Súmula Vinculante 21

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1.3.3. Direito de petição e os postulados processuais

O direito de petição, fundado no art. 5º, XXXIV, a, da Constituição, não pode ser invocado, genericamente, para exonerar qualquer dos sujeitos processuais do dever de observar as exigências que condicionam o exercício do direito de ação, pois, tratando-se de controvérsia judicial, cumpre respeitar os pressupostos e os requisitos fixados pela legislação processual comum. A mera invocação do direito de petição, por si só, não basta para assegurar à parte interessada o acolhimento da pretensão que deduziu em sede recursal.

[AI 258.867 AgR, rel. min. Celso de Mello, j. 26-9-2000, 2ª T, DJ de 2-2-2001.]

O direito de petição qualifica-se como prerrogativa de extração constitucional assegurada à generalidade das pessoas pela Carta Política (art. 5º, XXXIV, a). Traduz direito público subjetivo de índole essencialmente democrática. O direito de petição, contudo, não assegura, por si só, a possibilidade de o interessado – que não dispõe de capacidade postulatória – ingressar em juízo, para, independentemente de advogado, litigar em nome próprio ou como representante de terceiros.

[AR 1.354 AgR, rel. min. Celso de Mello, j. 21-10-1994, P, DJ de 6-6-1997.]

= AO 1.531 AgR, rel. min. Cármen Lúcia, j. 3-6-2009, P, DJE de 1º-7-2009

1.4. Direito de Certidão – Art. 5º, XXXIV, “b” da CF

Certidão: ato do poder público que atesta situação jurídica. Direito a obter gratuitamente.

Não cabe o uso do direito de petição para litigar em nome próprio.

ESSA DICA É DO PROFE... BORA ESTUDAR GALERA!!!

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Extração de certidões, em repartições públicas, condicionada ao recolhimento da "taxa de segurança pública". Violação à alínea b do inciso XXXIV do art. 5º da CF.

[ADI 2.969, rel. min. Ayres Britto, j. 29-3-2007, P, DJ de 22-6-2007.]

(...) jurisprudência desta Corte no sentido de que a garantia constitucional (art. 5º, XXXIV, b) somente ampara direito individual. (...) Na hipótese dos autos, restou consignado pelo Tribunal de origem que ‘não pode o órgão público ser compelido a fornecer eventual interessado informações que envolvam terceiros, sob pena de ferir o direito à privacidade, além de expor terceiros a riscos previsíveis’.

[AI 739.338 AgR, rel. min. Roberto Barroso, j. 16-3-2018, 1ª T, DJE de 6-4-2018.]

O direito à certidão traduz prerrogativa jurídica, de extração constitucional, destinada a viabilizar, em favor do indivíduo ou de uma determinada coletividade (como a dos segurados do sistema de previdência social), a defesa (individual ou coletiva) de direitos ou o esclarecimento de situações. A injusta recusa estatal em fornecer certidões, não obstante presentes os pressupostos legitimadores dessa pretensão, autorizará a utilização de instrumentos processuais adequados, como o mandado de segurança ou a própria ação civil pública. O Ministério Público tem legitimidade ativa para a defesa, em juízo, dos direitos e interesses individuais homogêneos, quando impregnados de relevante natureza social, como sucede com o direito de petição e o direito de obtenção de certidão em repartições públicas.

[RE 472.489 AgR, rel. min. Celso de Mello, j. 29-4-2008, 2ª T, DJE de 29-8-2008.]

= RE 167.118 AgR, rel. min. Joaquim Barbosa, j. 20-4-2010, 2ª T, DJE de 28-5-2010

1.5. Direito de acesso à justiça

- Princípio da Inafastabilidade de Jurisdição (direito de ação ou Princípio do livre acesso ao Judiciário);

A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;

Artigo 5º, inciso XXXV, da CF/88

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A jurisdição condicionada ou instância administrativa de curso forçado não se admite mais no sistema constitucional brasileiro. Deste modo, para ingressar no judiciário não é necessário o prévio esgotamento das vias administrativas.

Existem algumas exceções ao princípio da inafastabilidade de jurisdição que estão previstas na própria constituição e em outras leis que não ofendem o ordenamento constitucional:

1) Justiça Desportiva (Art. 217, §s 1º e 2º da CF);

2) Pedido administrativo no Habeas Data (Lei nº 9.507/97);

3) Contra omissão ou ato da administração pública, o uso da reclamação só será admitido após o esgotamento das vias administrativas (Art. 7º, §1º da Lei nº 11.417/06 – Lei da Súmula Vinculante);

4) O STF tem decidido pela exigibilidade do prévio requerimento administrativo como condição para o regular exercício do direito a ação, para que se postule judicialmente a concessão de benefício previdenciário.

Decisões Importantes do STF:

O Plenário confirmou os termos das medidas cautelares (...) e julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados em três ações diretas de inconstitucionalidade para dar interpretação conforme à Constituição ao art. 625-D, §§ 1º a 4º, da Consolidação das Leis do Trabalho, para reconhecer que a Comissão de Conciliação Prévia constitui meio legítimo, mas não obrigatório, de solução de conflitos, resguardado o acesso à Justiça para os que venham a ajuizar demandas diretamente no órgão judiciário competente, e manter hígido o inciso II do art. 852-B da CLT.(...) Não cabe à legislação

Súmula Vinculante 28

É inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário.

Súmula 667 do STF

Viola a garantia constitucional de acesso à jurisdição a taxa judiciária calculada sem limite sobre o valor da causa.

Súmulas

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infraconstitucional expandir o rol de exceções ao direito de acesso ao Judiciário. Nesse sentido, contraria a CF a interpretação do art. 625-D e parágrafos que reconheça a submissão da pretensão à Comissão de Conciliação Prévia como requisito para ajuizamento de reclamação trabalhista.

[ADI 2.139, ADI 2.160 e ADI 2.237, rel. min. Cármen Lúcia, j. 1°-8-2018, Informativo 909.]

O cerne da controvérsia sub examine consiste em suposta violação aos princípios da isonomia e do livre acesso à justiça pela Portaria 655/1993 do Ministério da Fazenda que, ao dispor sobre o parcelamento de débitos inerentes à Contribuição para Financiamento da Seguridade Social – COFINS (LC 70/1991), veda-o aqueles contribuintes que ingressaram em juízo e implementaram o depósito judicial do montante controvertido (...) Não há que se falar (...) em ofensa ao livre acesso à justiça, porque não se impõe o depósito judicial para o ingresso em juízo, o que, acaso exigido, inevitavelmente atrairia o vício de inconstitucionalidade por ofensa ao art. 5º, XXXV, CRFB/1988. Caso o contribuinte tenha entrado em juízo e realizado o depósito do montante que entendera devido, havendo eventual saldo a pagar, pode o mesmo aderir ao parcelamento para sua quitação, não havendo que se falar, portanto, em obstrução à garantia de acesso ao Judiciário. Tese firmada na Repercussão Geral: ‘Não viola o princípio da isonomia e o livre acesso à jurisdição a restrição de ingresso no parcelamento de dívida relativa à Contribuição para Financiamento da Seguridade Social – COFINS, instituída pela Portaria 655/1993, dos contribuintes que questionaram o tributo em juízo com depósito judicial dos débitos tributários.

[RE 640.905, rel. min. Luiz Fux, j. 15-12-2016, P, DJE de 1º-2-2018, Tema 573.]

A discussão trata-se da Lei nº 11.495/2007, que alterou a redação do caput do art. 836 da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, dispondo sobre a exigência de depósito prévio para o ajuizamento de ação rescisória no âmbito da Justiça do Trabalho.

“As normas processuais podem e devem criar uma estrutura de incentivos e desincentivos que seja compatível com os limites de litigiosidade que a sociedade comporta. A sobreutilização do Judiciário congestiona o serviço, compromete a celeridade e a qualidade da prestação da tutela jurisdicional, incentiva demandas oportunistas e prejudica a efetividade e a credibilidade das instituições judiciais. Afeta, em última análise, o próprio direito constitucional de acesso à Justiça. Dessa forma, é constitucional o depósito prévio no ajuizamento de ação rescisória como mecanismo legítimo de desincentivo ao ajuizamento de demandas ou de pedidos rescisórios

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aventureiros. Não há violação a direitos fundamentais, mas simples acomodação com outros valores constitucionalmente relevantes, como à tutela judicial efetiva, célere e de qualidade. O depósito no percentual de 20% sobre o valor da causa não representa uma medida demasiadamente onerosa, guardando razoabilidade e proporcionalidade.”

[ADI 3.995, rel. min. Roberto Barroso, j. 18-12-2018, P, DJE de 1º-3-2019.]

1.6. A segurança jurídica e o princípio da confiança: a defesa do direito adquirido, ato jurídico e coisa julgada

A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;

Este inciso limita a retroatividade da lei, conferindo estabilidade às relações jurídicas. Os conceitos dos institutos previstos neste inciso estão no Art. 6º, §s 1º, 2º e 3º da LINDB.

Súmula Vinculante 35.

A homologação da transação penal prevista no art. 76 da Lei 9.099/1995 não faz coisa julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior, possibilitando-se ao Ministério Público a continuidade da persecução penal mediante oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito policial.

Súmula Vinculante 9.

O disposto no art. 127 da Lei 7.210/1984 (LEP) foi recebido pela ordem constitucional vigente, e não se lhe aplica o limite temporal previsto no caput do art. 58.

Súmula Vinculante 1.

Ofende a garantia constitucional do ato jurídico perfeito a decisão que, sem ponderar as circunstâncias do caso concreto, desconsidera a validez e a eficácia de acordo constante de termo de adesão instituído pela LC 110/2001.

Artigo 5º, inciso XXXVI, da CF/88

ESSA DICA É DO PROFE... BORA ESTUDAR GALERA!

Súmulas

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1.7. Proibição de juízo ou tribunal de exceção

1.8. Juiz natural e promotor natural

1.9. Tribunal do Júri

Não haverá juízo ou tribunal de exceção;

Atenção ao TPI (Art. 5º, § 4º da CF) e sua jurisdição complementar a jurisdição penal nacional. Prerrogativa de foro, foros de eleição e juízo arbitral não ofendem o princípio do juiz natural.

Ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;

Crimes com grave violação de DH – IDC Art. 109, § 5º da CF.

(Incidente de Deslocamento de Competência.)

Artigo 5º, inciso XXXVII, da CF/88

MAIS UMA DICA DO PROFE... BORA ESTUDAR GALERA!

Artigo 5º, inciso LIII, da CF/88

ATENÇÃO, GALERA! EXCEÇÃO DO IDC.

Artigo 5º, inciso XXXVIII, da CF/88

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1.10. Princípio da legalidade e o princípio da anterioridade

1.11. Princípio da irretroatividade da lei penal in pejus e princípio da retroatividade da lei mais benéfica

É reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:

a) a plenitude de defesa;

b) o sigilo das votações;

c) a soberania dos veredictos;

d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;

A competência do tribunal do júri não é absoluta. Afasta-a a própria CF, no que prevê, em face da dignidade de certos cargos e da relevância destes para o Estado, a competência de tribunais – arts. 29, VIII; 96, III; 108, I, a; 105, I, a; e 102, I, b e c.

[HC 70.581, rel. min. Marco Aurélio, j. 21-9-1993, 2ª T, DJ de 29-10-1993.]

Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;

A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;

DICA DO PROF...

Artigo 5º, inciso XXXVIX, da CF/88

Artigo 5º, inciso XL, da CF/88

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1.12. Proibição de discriminação aos direitos e liberdades fundamentais

1.13. Delitos ofensivos aos Direitos Fundamentais

A lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais;

Constitucionalidade da Lei Maria da Penha – Combate a Violência Doméstica e Familiar (ADI nº 4.424).

Caso da Criminalização da Homofobia – Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO) 26, do PPS, e a Injunção (MI) 4733, da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transgêneros (ABGLT), que busca que o Supremo reconheça a inércia do Parlamento em criminalizar a homofobia.

XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;

XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;

Artigo 5º, inciso XLI, da CF/88

SE LIGA, GALERA...

Artigo 5º, incisos XLII e XLIII, da CF/88

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Constitucional 2ª Fase - XXXIII Exame de Ordem Matéria

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1.14. Regramento constitucional das penas

Princípio da Pessoalidade penal ou Responsabilidade pessoal: é também

conhecido como princípio da intranscendência da pena, e está previsto no Art. 5º, XLV da CF.

Princípio da Individualização da pena: cada apenado terá a pena de acordo com a sua conduta, de acordo com a gravidade do delito que cometeu.

Decisão que equiparou a Injúria Racial ao Racismo da Lei nº 7.716/89:

Julgamento dos embargos de declaração de decisão tomada em Agravo Regimental no Recurso Extraordinário nº 983.531, do Distrito Federal, o Supremo Tribunal Federal (STF), por meio de sua 1ª Turma, reconheceu a equiparação dos crimes de injúria racial e racismo e, por conseguinte, a imprescritibilidade e inafiançabilidade daqueles.

Na ocasião, o STF ratificou a decisão emitida pelo STJ, que reconheceu não ser taxativo o rol dos crimes previstos na Lei nº 7.716/1989, encontrando-se presentes o preconceito e a intolerância da conduta tipificada como injúria racial.

Nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;

MUITO IMPORTANTE! ATENÇÃO, GALERA...

Artigo 5º, inciso XLV, da CF/88

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Constitucional 2ª Fase - XXXIII Exame de Ordem Matéria

19

A lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:

a) privação ou restrição da liberdade;

b) perda de bens;

c) multa;

d) prestação social alternativa;

e) suspensão ou interdição de direitos;

A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do condenado em regime prisional mais gravoso, devendo-se observar, nessa hipótese, os parâmetros fixados no RE 641.320/RS.

Não haverá penas:

a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;

b) de caráter perpétuo;

c) de trabalhos forçados;

d) de banimento;

e) cruéis;

Artigo 5º, inciso XLVI, da CF/88

Súmula Vinculante 56

Artigo 5º, inciso XLVII, da CF/88

DECRETO-LEI Nº 1.001, DE 21 DE OUTUBRO DE 1969 – Código Penal

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Constitucional 2ª Fase - XXXIII Exame de Ordem Matéria

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Penas principais

Art. 55. As penas principais são:

a) morte;

b) reclusão;

c) detenção;

d) prisão;

e) impedimento;

f) suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função;

g) reforma.

Pena de morte

Art. 56. A pena de morte é executada por fuzilamento.

XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado;

L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação;

XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;

Artigo 5º, incisos XLVIII, L e XLIX, da CF/88

DICA DO PROF., ATENÇÃO...

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Constitucional 2ª Fase - XXXIII Exame de Ordem Matéria

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1.15. Extradição e os Direitos Humanos

Súmula Vinculante 11 - (Dica – PRF)

Perigo

Resistência

Fuga

Estão obrigados juízes e tribunais, observados os arts. 9.3 do Pacto dos Direitos Civis e Políticos e 7.5 da Convenção Interamericana de Direitos Humanos, a realizarem, em até noventa dias, audiências de custódia, viabilizando o comparecimento do preso perante a autoridade judiciária no prazo máximo de 24 horas, contado do momento da prisão.

ADPF 347 MC, rel. min. Marco Aurélio, j. 9-9-2015, P, DJE de 19-2-2016.

ESTADO DE COISAS INCONSTITUCIONAL

A Convenção Americana sobre Direitos do Homem, que dispõe, em seu art. 7º, item 5, que "toda pessoa presa, detida ou retida deve ser conduzida, sem demora, à presença de um juiz", posto ostentar o status jurídico supralegal que os tratados internacionais sobre direitos humanos têm no ordenamento jurídico brasileiro, legitima a denominada "audiência de custódia”, cuja denominação sugere-se “audiência de apresentação". O direito convencional de apresentação do preso ao juiz, consectariamente, deflagra o procedimento legal de habeas corpus, no qual o juiz apreciará a legalidade da prisão, à vista do preso que lhe é apresentado, procedimento esse instituído pelo CPP, nos seus arts. 647 e seguintes. O habeas corpus ad subjiciendum, em sua origem remota, consistia na determinação do juiz de apresentação do preso para aferição da legalidade da sua prisão, o que ainda se faz presente na legislação processual penal (art. 656 do CPP).

l d

LEIA COM ATENÇÃO...

Artigo 5º, incisos LI e LII, da CF/88

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Constitucional 2ª Fase - XXXIII Exame de Ordem Matéria

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1.16. Devido processo legal, contraditório e ampla defesa

LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;

EXTRADIÇÃO X ENTREGA

LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;

LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;

Súmula Vinculante 5.

A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição.

Súmula Vinculante 3.

Nos processos perante o TCU asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.

FIQUEM LIGADOS...

Artigo 5º, incisos LIV e LV, da CF/88

Súmulas

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Constitucional 2ª Fase - XXXIII Exame de Ordem Matéria

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1.17. Provas ilícitas

Ação penal. Prova. Gravação ambiental. Realização por um dos interlocutores sem conhecimento do outro. Validade. Jurisprudência reafirmada. Repercussão geral reconhecida. Aplicação do art. 543-B, § 3º, do CPC. É lícita a prova consistente em gravação ambiental realizada por um dos interlocutores sem o conhecimento do outro.

[RE 583.937 QO-RG, rel. min. Cezar Peluso, j. 19-11-2009, P, DJE de 18-12-2009, Tema 237.]

O “crime achado”, ou seja, a infração penal desconhecida e, portanto, até aquele momento não investigada, sempre deve ser cuidadosamente analisada para que não se relativize em excesso o inciso XII do art. 5º da CF. A prova obtida mediante interceptação telefônica, quando referente a infração penal diversa da investigada, deve ser considerada lícita se presentes os requisitos constitucionais e legais.

[HC 129.678, rel. p/ o ac. min. Alexandre de Moraes, j. 13-6-2017, 1ª T, DJE de 18-8-2017.]

1.18. Presunção de inocência

LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;

LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;

Artigo 5º, inciso LVI, da CF/88

Artigo 5º, inciso LVII, da CF/88

MUITA ATENÇÃO...

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Constitucional 2ª Fase - XXXIII Exame de Ordem Matéria

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1.19. Identificação Criminal

1º) Início da execução da pena antes do trânsito em julgado - Habeas Corpus (HC) 126292 - Pena pode ser cumprida após decisão de segunda instância. (Ex: Lei da ficha limpa)

2º) Após análise das ADCs nº 43, 44 e 54 do STF, ficou sedimentada a constitucionalidade do Art. 283 do CPP com o seguinte texto:

Portanto, após a decisão do STF nas ADC’s ficou estabelecido a impossibilidade da prisão para cumprimento antecipado de pena após uma decisão de 2º instância, pois tal ato fere o princípio da presunção da inocência fixada pela constituição federal que requer o trânsito em julgado.

LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei;

O Plenário, por maioria, julgou procedente o pedido formulado em arguições de descumprimento de preceito fundamental para declarar a não recepção da expressão "para o interrogatório" constante do art. 260 do CPP, e a incompatibilidade com a Constituição Federal da condução coercitiva de investigados ou de réus para interrogatório, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de ilicitude das provas obtidas, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado. O Tribunal destacou que a decisão não desconstitui interrogatórios realizados até a data desse julgamento, ainda que os interrogados tenham sido coercitivamente conduzidos para o referido ato processual.(...) De início, o relator esclareceu que a hipótese de condução coercitiva objeto das arguições restringe-se, tão somente, àquela destinada à condução de investigados e réus à presença da autoridade policial ou judicial para serem interrogados.

Artigo 5º, inciso LVIII, da CF/88

DA INCONSTITUCIONALIDADE DA CONDUÇÃO COERCITIVA:

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Constitucional 2ª Fase - XXXIII Exame de Ordem Matéria

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1.20. Ação penal privada subsidiária

Direitos Constitucionais da pessoa presa (privada da liberdade) : 1) Direito à

comunicação do local de sua prisão; 2) Direito ao silêncio; 3) Direito à assistência da família e de advogado; 4) Direito à identificação dos captores e dos interrogadores.

LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal; LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei; LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada; LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado; LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial;

O Direito a não ser obrigado a se autoincriminar compõe o direito à defesa.

LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança;

LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;

Artigo 5º, incisos LIX, LXI, LXII, LXIII e LXIV, da CF/88

ESSA DICA É DO PROFE... SE LIGA

Artigo 5º, incisos LIXVI e LXVII, da CF/88

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Constitucional 2ª Fase - XXXIII Exame de Ordem Matéria

26

Súmula vinculante nº 25 do STF: É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade de depósito.

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2. Nacionalidade – Art. 12 ao 13 da CF

Prof. Mateus Silveira @ professormateussilveira

2.1. Nacionalidade (art. 12 da CF)

A nacionalidade pode ser adquirida de dois modos: Originária e Derivada.

- Originária: Adquirida com o nascimento;

- Derivada ou Secundária: Adquirida por vontade posterior, ou seja, uma opção da pessoa ou de seus representantes;

Nacionalidade originária pode se dar por dois critérios:

Ius soli – É nacional aquele que nascer no solo do país (compreendendo extensões territoriais como navios de guerra e navios mercantes em alto mar);

Ius sanguinis – É nacional aquele que for filho, ou seja, que tiver a FILIAÇÃO de nacional do país;

2.2. Nacionalidade originária ou primária no Brasil (Brasileiros Natos)

Art. 12. São brasileiros:

No Brasil a regra geral é o ius soli – “nasceu em solo brasileiro será brasileiro”.

Contudo, temos exceções onde a Constituição adotou o ius sanguinis para os casos em que os brasileiros estejam no exterior e tenham seus filhos em país estrangeiro.

ATENÇÃO

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Constitucional 2ª Fase - XXXIII Exame de Ordem Matéria

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I – natos:

a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país;

ius soli + não ser filho de estrangeiros que esteja a serviço do seu país no Brasil. É a Regra da nacionalidade no nosso país.

b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil;

ius sanguinis + o trabalho no exterior para o BR.

c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira;

1º Parte: ius sanguinis + registro no exterior na repartição pública competente (em regra consulados); 2º Parte: nascimento no exterior + ius sanguinis + venha a residir no Brasil + maioridade + opção pela nacionalidade.

2.3. Da nacionalidade potestativa

A opção, em qualquer tempo (mas depois de atingida a maioridade), pela nacionalidade brasileira. Assim, os filhos de brasileiros nascidos no exterior que vierem a residir no Brasil e, depois disso, alcançarem a maioridade, já poderão (de imediato) ingressar em juízo (Justiça federal) a fim de exercer o direito de opção pela nacionalidade brasileira. Nesse último caso, manifestada a opção, o Estado não lhes pode negar o reconhecimento da nacionalidade, pois aqui se está diante do que se denomina nacionalidade potestativa, que é aquela em que o efeito pretendido depende exclusivamente da vontade do interessado.

Os que vierem a residir no Brasil enquanto menores terão que aguardar a maioridade para o exercício do direito de opção, ficando na condição de brasileiros natos sub conditione (qual seja, a condição de opção pela nacionalidade brasileira, em qualquer tempo, após atingida a maioridade aos 18 anos). Aqui, tem-se que a nacionalidade potestativa fica suspensa até alcançar-se a maioridade de 18 anos.

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Posição do STF:

“São brasileiros natos os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que venham a residir no Brasil e optem, em qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira. A opção pode ser feita a qualquer tempo, desde que venha o filho de pai brasileiro ou de mãe brasileira, nascido no estrangeiro, a residir no Brasil. Essa opção somente pode ser manifestada depois de alcançada a maioridade. É que a opção, por decorrer da vontade, tem caráter personalíssimo. Exige-se, então, que o optante tenha capacidade plena para manifestar a sua vontade, capacidade que se adquire com a maioridade. Vindo o nascido no estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe brasileira, a residir no Brasil, ainda menor, passa a ser considerado brasileiro nato, sujeita essa nacionalidade a manifestação da vontade do interessado, mediante a opção, depois de atingida a maioridade. Atingida a maioridade, enquanto não manifestada a opção, esta passa a constituir-se em condição suspensiva da nacionalidade brasileira.” (RE 418.096, rel. min. Carlos Velloso, julgamento em 22-3-2005, Segunda Turma, DJ de 22-4-2005.)

Atenção aos efeitos da opção do Art. 12, I, “C” da CF, pois eles são retroativos (ex tunc) e retornam a condição do nascimento, uma vez que a nacionalidade originária se dá no momento do nascimento, a única diferença do Art. 12, I, “C” da CF é a falta de manifestação dos pais no momento do nascimento que se resolve com a manifestação após a maioridade do(a) filho(a) de brasileiro ou brasileira após ter atingido a maioridade.

O STF já se manifestou inclusive pela impossibilidade de extradição do nacional potestativo após o mesmo manifestar a sua opção de ser brasileiro nato pelo Art. 12, I, “C” da CF:

“Extradição: inadmissibilidade: extraditando que – por força de opção homologada pelo juízo competente – é brasileiro nato (Constituição, art. 12, I, c): extinção do processo de extradição, anteriormente suspenso enquanto pendia a opção da homologação judicial (...).” Ext 880 QO, rel. min. Sepúlveda Pertence, j. 18-3-2004, P, DJ de 16-4-2004.

ATENÇÃO

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2.4. Nacionalidade derivada ou secundária no Brasil (Brasileiros naturalizados)

A nacionalidade derivada pode se dar por três motivos diferentes: casamento,

trabalho ou residência, a constituição brasileira menciona somente a hipótese de residência como forma de adquirir nacionalidade originária para estrangeiro.

As mudanças constitucionais no texto do art. 12, I, “c” da CF que ocorreram com a EC de revisão nº 3 de 1994 (tirou a possibilidade do registro em repartição competente no exterior) e a EC nº 54/2007, pois a emenda constitucional criou uma situação específica para os nascidos entre as duas revisões que está regulada no art. 95 do ADCT:

“Art. 95. Os nascidos no estrangeiro entre 7 de junho de 1994 e a data da promulgação desta Emenda Constitucional (EC Nº 54/07 Foi promulgada em 20/09/07), filhos de pai brasileiro ou mãe brasileira, poderão ser registrados em repartição diplomática ou consular brasileira competente ou em ofício de registro, se vierem a residir na República Federativa do Brasil. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 54, de 2007)”

a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;

1º Parte: poderão se naturalizar os estrangeiros que cumprirem os requisitos constantes na lei (Lei nº 13.445/17 – Arts. 64 ao 72);

Art. 12, II, “a” da CF

a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;

2º Parte: poderão se naturalizar os indivíduos originários de países de língua portuguesa que tenham residência ininterrupta de 1 ano no país e idoneidade moral.

b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. (Naturalização Extraordinária – Igual a do Art. 67 da Lei nº 13.445/17) Para o estrangeiro não originário de país com língua portuguesa as exigências são a residência ininterrupta no território nacional por mais de 15 anos, ausência de condenação penal e requerimento de naturalização.

Artigo 12, inciso II, da CF/88 - naturalizados:

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2.5. Da quase nacionalidade dos portugueses no Brasil

O caso do presente parágrafo trata-se de uma quase nacionalidade ou como a

doutrina tem chamado brasileiros por equiparação. A reciprocidade se evidencia no presente caso, com o Decreto nº 3.927/01 promulgou o Tratado de Amizade, Cooperação e Consulta, entre a República Federativa do Brasil e a República Portuguesa, celebrado em Porto Seguro em 22 de abril de 2000.

2.6. Brasileiros Natos X Brasileiros Naturalizados

§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados,

salvo nos casos previstos nesta Constituição.

De acordo com o Art. 12, §2º da CF só a constituição poderá estabelecer diferenças entre natos e naturalizados, mas atenção a regra é que naturalizados e natos sejam tratados de forma igual.

AS DISTINÇÕES CONSTITUCIONAIS ENTRE BRASILEIROS NATOS E NATURALIZADOS:

- art. 5º, LI;

- art. 12, 3º;

- art. 12, § 4º, I;

- art. 89, VII (Conselho da República – seis brasileiros natos);

§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor dos brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição. (Parágrafo com redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994).

Artigo 12 da CF/88

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- art. 222 (propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão – brasileiros natos ou naturalizados há mais de 10 anos).

Mnemônico:

MP3.COM

M= Min. Do STF

P3= Pres. da Rep/Vice; Pres. da CD; Pres. do SF;

C= Carreira Diplomática

O= Oficial das forças armadas

M= Min. Da Defesa

§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:

I – de Presidente e Vice-Presidente da República;

II – de Presidente da Câmara dos Deputados;

III – de Presidente do Senado Federal;

IV – de Ministro do Supremo Tribunal Federal;

V – da carreira diplomática;

VI – de oficial das Forças Armadas;

VII – de Ministro de Estado da Defesa. (Inciso acrescido pela Emenda Constitucional nº

Atenção, pois se todos os ministros do STF devem ser brasileiros natos, temos mais um cargo que é exclusivo de brasileiro nato, contudo o mesmo na está na lista do parágrafo 3º, que é o cargo de Presidente do CNJ (art. 103, § 1º, da CF).

Artigo 12 da CF/88

DICA DO PROFE...

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Constitucional 2ª Fase - XXXIII Exame de Ordem Matéria

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2.7. Da perda da nacionalidade de brasileiro (Art.12, § 4º da CF c/c Art. 75 e 76 da Lei nº 13.445/17)

Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:

I – tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional;

II – adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:

a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira;

b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em Estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis;

Da Perda da Nacionalidade

Art. 75. O naturalizado perderá a nacionalidade em razão de condenação transitada em julgado por atividade nociva ao interesse nacional, nos termos do inciso I do § 4º do art. 12 da Constituição Federal.

Parágrafo único. O risco de geração de situação de apatridia será levado em consideração antes da efetivação da perda da nacionalidade.

Da Reaquisição da Nacionalidade

Art. 76. O brasileiro que, em razão do previsto no inciso II do § 4º do art. 12 da Constituição Federal, houver perdido a nacionalidade, uma vez cessada a causa, poderá readquiri-la ou ter o ato que declarou a perda revogado, na forma definida pelo órgão competente do Poder Executivo.

Art. 12, § 4º da CF

Da Perda e da Reaquisição de Nacionalidade na Lei nº 13.445/17 (Lei de

Artigo 13 da CF

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A língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil.

§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais.

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3. Organização dos Poderes e Poder Legislativo

Prof. Mateus Silveira @ professormateussilveira

3.1. Do Poder Legislativo e Do Congresso Nacional (Art. 44 ao Art. 47 da CF)

Estrutura Geral do Poder Legislativo no Brasil

Poderes/

conteúdo

Legislativo Federal

Legislativo Estadual

Legislativo Municipal

Legislativo Distrital

Estrutura Bicameral

(Congresso Nacional – C.D e S.F.)

Unicameral

(Assembleia Legislativa)

Unicameral

(Câmara Municipal)

Unicameral

(Câmara Legislativa)

Membros 1) Senado = Senadores;

2) Câmara dos Deputados = Deputados federais

Deputados Estaduais

Vereadores Deputados Distritais

Número de Representantes

1) Senado = 81 membros (3 por ente federado – E+DF);

Art. 27, “caput” as CF.

Art. 29, IV da CF

Art. 27, “caput” as CF.

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Constitucional 2ª Fase - XXXIII Exame de Ordem Matéria

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Câmara dos Deputados (513 membros – no mín. 8 e no máx. 70 por ente).

Mandato Dep. Federais = 4 anos;

Senadores = 8 anos;

4 anos 4 anos 4 anos

3.2. Congresso Nacional

O legislativo brasileiro é bicameral formado por duas casas legislativas (Câmara dos Deputados e Senado Federal) que juntas levam o nome de Congresso Nacional.

O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.

Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração de quatro anos.

Artigo 44 da CF

Artigo 45 da CF

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3.3. Das atribuições do Congresso Nacional (Art. 48 ao Art. 50 da CF)

A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do povo, eleitos, pelo sistema proporcional, em cada Estado, em cada Território e no Distrito Federal.

§ 1º O número total de Deputados, bem como a representação por Estado e pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei complementar, proporcionalmente à população, procedendo-se aos ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para que nenhuma daquelas unidades da Federação tenha menos de oito ou mais de setenta Deputados.

§ 2º Cada Território elegerá quatro Deputados.

O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majoritário.

§ 1º Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores, com mandato de oito anos.

§ 2º A representação de cada Estado e do Distrito Federal será renovada de quatro em quatro anos, alternadamente, por um e dois terços.

§ 3º Cada Senador será eleito com dois suplentes.

Forma Geral de se realizar a deliberação no congresso nacional quando a constituição não prever um procedimento específico.

Art. 47. Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações de cada Casa e de suas comissões serão tomadas por maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros.

Artigo 46 da CF

ATENÇÃO!!!!!

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Conforme o art. 48 da CF/88 cabe ao CN com a sanção do Presidente da República dispor sobre todas as matérias de competência da União (art. 22 e 24 ambos da CF/88 que falam da competência legislativa da União e arts. 21 e 23 da CF/88 que falam da competência administrativa/material da União) e especialmente sobre:

I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas;

II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, operações de crédito, dívida pública e emissões de curso forçado;

III - fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas;

IV - planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento;

V - limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e bens do domínio da União;

VI - incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas Assembléias Legislativas;

VII - transferência temporária da sede do Governo Federal;

VIII - concessão de anistia;

IX - organização administrativa, judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública da União e dos Territórios e organização judiciária e do Ministério Público do Distrito Federal; (Emenda Constitucional nº 69, de 2012, publicada no DOU de 30/3/2012, produzindo efeitos 120 dias após a publicação)

X – criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas, observado o que estabelece o art. 84, VI, b; (Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

XI – criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública; (Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

XII - telecomunicações e radiodifusão;

XIII - matéria financeira, cambial e monetária, instituições financeiras e suas operações;

XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida mobiliária federal.

XV - fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º; 150, II; 153, III; e 153, § 2º, I. (Emenda Constitucional nº 19, de 1998 e com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, de 2003)

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Constitucional 2ª Fase - XXXIII Exame de Ordem Matéria

39

O art. 49 da CF/88 traz as matérias que são da competência exclusiva do CN, ou

seja, não necessitam da sanção do presidente, pois os atos de competência exclusiva do congresso nacional são exarados por meio de Decreto Legislativo.

I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional;

II - autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei complementar;

III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias;

IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer uma dessas medidas;

V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa;

VI - mudar temporariamente sua sede;

VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os Senadores, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; (Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

VIII – fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da República e dos Ministros de Estado, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; (Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo;

O art. 84, VI, “a”, da CF (EC 32/01) dispõe que compete privativamente ao Pres. da Rep., dispor mediante decreto, sobre a organização e funcionamento da adm. fed., quando não implicar o aumento de despesa nem a criação ou extinção de órgãos públicos.

ATENÇÃO!!!

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X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração indireta;

XI - zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição normativa dos outros Poderes;

XII - apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de emissoras de rádio e televisão;

XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da União;

XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares;

XV - autorizar referendo e convocar plebiscito;

XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais;

XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares.

3.4. Da Convocação de Ministros do Estado pelo Congresso Nacional

A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qualquer de suas Comissões, poderão convocar Ministro de Estado ou quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à Presidência da República para prestarem, pessoalmente, informações sobre assunto previamente determinado, importando crime de responsabilidade a ausência sem justificação adequada. (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 2, de 1994). § 1º Os Ministros de Estado poderão comparecer ao Senado Federal, à Câmara dos Deputados, ou a qualquer de suas Comissões, por sua iniciativa e mediante entendimentos com a Mesa respectiva, para expor assunto de relevância de seu Ministério.

Artigo 50 da CF

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3.5. Da Câmara dos Deputados (Art. 51 da CF) e Do Senado Federal (Art. 52 CF)

A Câmara dos Deputados (CD) – art. 51 da CF/88 – Comp. Privativa – não foram

reservadas muitas competências importantes, temos algumas competências internas (p.ex. elaborar regimento interno) e destacamos duas competências: autorizar por 2/3 dos membros que o Senado instaure o processo contra o Pres. da Rep., seu vice e ministros de estado (inc. I); e tomar as contas do Pres. da Rep., caso este não apresente as contas para julgamento do CN em 60 dias após a abertura da sessão legislativa (inc. II).

§ 2º As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal poderão encaminhar pedidos escritos de informações a Ministros de Estado ou a qualquer das pessoas referidas no caput deste artigo, importando em crime de responsabilidade a recusa, ou o não - atendimento, no prazo de trinta dias, bem como a prestação de informações falsas. (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 2, de 1994).

Compete privativamente à Câmara dos Deputados:

I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado;

II – proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa;

III - elaborar seu regimento interno;

IV – dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

V – eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII. (Art. 89, VII da CF – Traz seis brasileiros natos que serão indicados para o Conselho da República, sendo 2 pela Câmara dos Deputados).

Artigo 51 da CF

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Ao Senado Federal (art. 52) – Comp. Privativa reservou-se as matérias referentes a: aprovação e em alguns casos, exoneração de autoridades (incisos III, IV, XI e XIV); o SF aprova as nomeações de autoridades por voto secreto, após arguição pública, a exceção é aprovação da escolha dos chefes de missão diplomática que são aprovados em arguição em sessão secreta; julgamento de autoridades por crimes de responsabilidade, aliás o SF é o único órgão legislativo federal que faz julgamento de autoridades; Finanças públicas (avaliar o Sist. Trib. Nac.); é atribuição do SF suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do STF.

Artigo 52 da CF

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Compete privativamente ao Senado Federal:

I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 02/09/99)

II - processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

III - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição pública, a escolha de:

a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição;

b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Presidente da República;

c) Governador de Território;

d) Presidente e diretores do banco central;

e) Procurador-Geral da República;

f) titulares de outros cargos que a lei determinar;

IV - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em sessão secreta, a escolha dos chefes de missão diplomática de caráter permanente;

V - autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;

VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o montante da dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

VII - dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e

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No parágrafo único do Art. 52 da CF temos a atuação do Presidente do STF nos

crimes de responsabilidade julgados pelo Senado Federal.

3.6. Dos Deputados e Dos Senadores (Art. 53 ao Art. 56 da CF)

3.6.1 Da imunidade material e formal dos deputados e senadores (art. 53 ao art. 56 da CF)

VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em operações de crédito externo e interno;

IX - estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal;

XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da República antes do término de seu mandato;

XII - elaborar seu regimento interno;

XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

XIV - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII.

XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributário Nacional, em sua estrutura e seus componentes, e o desempenho das administrações tributárias da União, dos Estados e do Distrito Federal e dos Municípios. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará como Presidente o do Supremo Tribunal Federal, limitando-se a condenação, que

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IMUNIDADE MATERIAL (absoluta, real, substantiva ou inviolabilidade) – É a proteção dada ao conteúdo (matéria de suas manifestações. Impede a punição tanto cível, quanto penal do parlamentar em razão de suas palavras, opiniões e votos (art. 53). Esta proteção abrange qualquer manifestação, onde quer que tenha sido feita desde que inerentes ao exercício da atividade parlamentar, na mesma senda quando a declaração for dada no plenário, o STF considera que ela é conexa com exercício da sua função, independente do teor que tenha.

Diante desta imunidade o parlamentar não poderá ser processado nem mesmo após o término do seu mandato (imunidade absoluta).

“Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.”

Atenção: “art. 53, § 8º As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão

durante o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a execução da medida.”

- Caso do Deputado federal que ofendeu o filho do Lula em uma entrevista de

rádio – Imunidade Material reconhecida:

“3. Imunidade parlamentar material reconhecida na espécie, proferida as manifestações em entrevistas do Deputado Federal a rádios no âmbito de atuação

A imunidade material do vereador segundo o STF (HC 74.201) se restringe aos limites do seu município e a palavras proferidas sobre a sua atividade.

A imunidade parlamentar não se estende ao corréu sem essa prerrogativa.

DICA DO PROFE!!!

Súmula 245 do STF

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marcadamente parlamentar, em temas de oposição política e de fiscalização do patrimônio publico, conducentes à aticipicidade de conduta.” Pet 5.714 AgR STF.

Deputado federal. Crime contra a honra. Nexo de implicação entre as declarações e o exercício do mandato. Imunidade parlamentar material. Alcance. Art. 53, caput, da CF. (...) A verbalização da representação parlamentar não contempla ofensas pessoais, via achincalhamentos ou licenciosidade da fala. Placita, contudo, modelo de expressão não protocolar, ou mesmo desabrido, em manifestações muitas vezes ácidas, jocosas, mordazes, ou até impiedosas, em que o vernáculo contundente, ainda que acaso deplorável no patamar de respeito mútuo a que se aspira em uma sociedade civilizada, embala a exposição do ponto de vista do orador.

[Pet 5.714 AgR, rel. min. Rosa Weber, j. 28-11-2017, 1ª T, DJE de 13-12-2017.]

Crime de Difamação realizado por Parlamentar

In casu, o querelado é acusado de ter publicado, através do Facebook, trecho cortado de um discurso do querelante, conferindo-lhe conotação racista. É que, no trecho publicado, reproduz-se unicamente a frase “uma pessoa negra e pobre é potencialmente perigosa”. Ocorre que, ao conferir-se a íntegra do discurso no site do Congresso Nacional, verifica-se que o sentido da fala do querelante era absolutamente oposto ao veiculado pelo querelado(...),. Consectariamente, conclui-se que a publicação do vídeo, mediante corte da fala original, constituiu emprego de expediente fraudulento, voltado a atribuir ao querelante fato ofensivo à sua honra, qual seja, a prática de preconceito racial e social. O animus difamandi conduz, nesta fase, ao recebimento da queixa-crime. a) A imunidade parlamentar material cobra, para sua incidência no momento do recebimento da denúncia, a constatação, primo ictu occuli, do liame direto entre o fato apontado como crime contra a honra e o exercício do mandato parlamentar, pelo ofensor. A liberdade de opinião e manifestação do parlamentar, ratione muneris, impõe contornos à imunidade material, nos limites estritamente necessários à defesa do mandato contra o arbítrio, à luz do princípio republicano que norteia a CF. A imunidade parlamentar material, estabelecida para fins de proteção republicana ao livre exercício do mandato, não confere aos parlamentares o direito de empregar expediente fraudulento, artificioso ou ardiloso, voltado a alterar a verdade da informação, com o fim de desqualificar ou imputar fato desonroso à reputação de terceiros. Consectariamente, cuidando-se de manifestação veiculada por meio de ampla divulgação (rede social), destituída, ao menos numa análise prelibatória, de relação intrínseca com o livre exercício da função parlamentar, deve ser afastada a incidência da imunidade prevista no art. 53 da CF.

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[Pet 5.705, rel. min. Luiz Fux, j. 5-9-2017, 1ª T, DJE de 13-10-2017.]

Caso Bolsonaro X Maria do Rosário

In casu, (i) o parlamentar é acusado de incitação ao crime de estupro, ao afirmar que não estupraria uma deputada federal porque ela "não merece"; (ii) o emprego do vocábulo "merece", no sentido e contexto presentes no caso sub judice, teve por fim conferir a este gravíssimo delito, que é o estupro, o atributo de um prêmio, um favor, uma benesse à mulher, revelando interpretação de que o homem estaria em posição de avaliar qual mulher "poderia" ou "mereceria" ser estuprada. (...) In casu, (i) a entrevista concedida a veículo de imprensa não atrai a imunidade parlamentar, porquanto as manifestações se revelam estranhas ao exercício do mandato legislativo, ao afirmar que "não estupraria" deputada federal porque ela "não merece"; (ii) o fato de o parlamentar estar em seu gabinete no momento em que concedeu a entrevista é fato meramente acidental, já que não foi ali que se tornaram públicas as ofensas, mas sim através da imprensa e da internet; (...) (i) A imunidade parlamentar incide quando as palavras tenham sido proferidas do recinto da Câmara dos Deputados: "Despiciendo, nesse caso, perquirir sobre a pertinência entre o teor das afirmações supostamente contumeliosas e o exercício do mandato parlamentar" (Inq 3.814, Primeira Turma, rel. min. Rosa Weber, unânime, j. 7-10-2014, DJE de 21-10-2014). (ii) Os atos praticados em local distinto escapam à proteção da imunidade, quando as manifestações não guardem pertinência, por um nexo de causalidade, com o desempenho das funções do mandato parlamentar. (...) Ex positis, à luz dos requisitos do art. 41 do CPC, recebo a denúncia pela prática, em tese, de incitação ao crime; e recebo parcialmente a queixa-crime, apenas quanto ao delito de injúria. Rejeito a queixa-crime quanto à imputação do crime de calúnia.

[Inq 3.932 e Pet 5.243, rel. min. Luiz Fux, j. 21-6-2016, 1ª T, DJE de 9-9-2016.]

3.7. Imunidade formal dos parlamentares já diplomados

Ao contrário da imunidade material, não há exclusão do ilícito. É uma imunidade que se aplica apenas no processo penal.

São prerrogativas inerentes ao cargo parlamentar que dizem respeito à prisão, processo, foro por prerrogativa de função, incorporação às forças armadas e depoimento pessoal.

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3.8. Imunidade relativa à prerrogativa de foro

O processo contra Senador e Deputado federal será proposto no STF. A imunidade está ligada diretamente ao cargo, caso se perca o mandato ou acabe o mandato sem reeleição, o processo deverá ser devolvido para as instâncias inferiores, cessando a prerrogativa de foro.

Porém, se o parlamentar renunciar na véspera do julgamento do processo no STF, com o fim de postergar o feito, o processo continuará no STF, pois configura fraude processual - AP 396/RO.

No entanto, o STF para considerar a manutenção do processo no Pretório Excelso, leva em consideração o animus do agente em se furtar do julgamento, no caso da AP citada anteriormente o processo já tramitava no tribunal há 14 anos e quando do momento do julgamento onde o crime estava prestes a prescrever o deputado resolve renunciar. Contudo, em outras oportunidades o STF não constatou o subterfúgio processual e por conseguinte declinou da competência – AP 333/PB.

As normas da Constituição de 1988 que estabelecem as hipóteses de foro por prerrogativa de função devem ser interpretadas restritivamente, aplicando-se apenas aos crimes que tenham sido praticados durante o exercício do cargo e em razão dele.

Assim, por exemplo, se o crime foi praticado antes de o indivíduo ser diplomado como Deputado Federal, não se justifica a competência do STF, devendo ele ser julgado pela 1ª instância mesmo ocupando o cargo de parlamentar federal.

Além disso, mesmo que o crime tenha sido cometido após a investidura no mandato, se o delito não apresentar relação direta com as funções exercidas, também não haverá foro privilegiado.

Foi fixada, portanto, a seguinte tese:

O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas.

STF. Plenário. AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 03/05/2018.

ATENÇÃO AO POSICIONAMENTO DO STF

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3.9. Momento da fixação definitiva da competência do STF

Se o parlamentar federal (Deputado Federal ou Senador) está respondendo a uma ação penal no STF e, antes de ser julgado, ele deixe de ocupar o cargo (exs: renunciou, não se reelegeu etc) cessa o foro por prerrogativa de função e o processo deverá ser remetido para julgamento em 1ª instância?

O STF decidiu estabelecer uma regra para situações como essa:

• Se o réu deixou de ocupar o cargo antes de a instrução terminar: cessa a competência do STF e o processo deve ser remetido para a 1ª instância.

• Se o réu deixou de ocupar o cargo depois de a instrução se encerrar: o STF permanece sendo competente para julgar a ação penal.

Assim, o STF estabeleceu um marco temporal a partir do qual a competência para processar e julgar ações penais – seja do STF ou de qualquer outro órgão jurisdicional – não será mais afetada em razão de o agente deixar o cargo que ocupava, qualquer que seja o motivo (exs: renúncia, não reeleição, eleição para cargo diverso).

3.10. Imunidade relativa à prisão

Após o final da instrução processual, com a publicação do despacho de intimação para apresentação de alegações finais, a competência para processar e julgar ações penais não será mais afetada em razão de o agente público vir a ocupar outro cargo ou deixar o cargo que ocupava, qualquer que seja o motivo.

STF. Plenário. AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 03/05/2018.

TESE FIXADA PELO STF

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É vedada a prisão de parlamentar, a não ser no caso de flagrante delito de crime inafiançável (art. 53, § 2º, CF)

§ 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão.

Atenção: a maioria é absoluta em votação aberta, caso não seja atingido o quorum a prisão será mantida.

3.11. Imunidade para processo: art. 53, §s 3º, 4º e 5º, da CF.

§ 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação.

§ 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora.

§ 5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato.

O Poder Judiciário dispõe de competência para impor aos parlamentares, por autoridade própria, as medidas cautelares a que se refere o art. 319 do CPP, seja em substituição de prisão em flagrante delito por crime inafiançável, por constituírem medidas individuais e específicas menos gravosas; seja autonomamente, em circunstâncias de excepcional gravidade. Os autos da prisão em flagrante delito por crime inafiançável ou a decisão judicial de imposição de medidas cautelares que impossibilitem, direta ou indiretamente, o pleno e regular exercício do mandato parlamentar e de suas funções legislativas, serão remetidos dentro de 24 horas a Casa respectiva, nos termos do § 2º do art. 53 da CF para que, pelo voto nominal e aberto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão ou a medida cautelar.

ATENÇÃO AO POSICIONAMENTO DO STF

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3.12. Imunidade para testemunhas: art. 53, § 6º, da CF.

§ 6º Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações.

3.13. Imunidade para incorporação às forças armadas: art. 53, § 7º, CF.

A incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores, embora militares e ainda que em tempo de guerra, dependerá de prévia licença da Casa respectiva.

3.14. Impedimentos dos parlamentares: art. 54 da CF.

Os Deputados e Senadores não poderão:

I - desde a expedição do diploma:

a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes;

b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclusive os de que sejam demissíveis ad nutum, nas entidades constantes da alínea anterior;

II - desde a posse:

a) ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função remunerada;

b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis ad nutum, nas entidades referidas no inciso I, a;

Artigo 54 da CF

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c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer das entidades a que se refere o inciso I, a;

Perderá o mandato o Deputado ou Senador:

I - que infringir qualquer das proibições estabelecidas no artigo anterior;

II - cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro parlamentar;

III - que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada;

IV - que perder ou tiver suspensos os direitos políticos;

V - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos nesta Constituição;

VI - que sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado.

§ 1º - É incompatível com o decoro parlamentar, além dos casos definidos no regimento interno, o abuso das prerrogativas asseguradas a membro do Congresso Nacional ou a percepção de vantagens indevidas.

§ 2º Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato será decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, por maioria absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 76, de 2013)

§ 3º - Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda será declarada pela Mesa da Casa respectiva, de ofício ou mediante provocação de qualquer de seus membros, ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa.

§ 4º A renúncia de parlamentar submetido a processo que vise ou possa levar à perda do mandato, nos termos deste artigo, terá seus efeitos suspensos até as deliberações finais de que tratam os §§ 2º e 3º.

Artigo 55 da CF

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Quanto a perda do mandato a Casa decide se o parlamentar perde o mandato ou não quando: incorrer nos impedimentos constantes na CF; atentar contra o decoro; sofrer condenação criminal transitada em julgado. Casos de cassação de mandato – art. 55, I, II e VI, voto aberto e maioria absoluta – EC nº 76/13.

Quanto a perda do mandato a Casa declara a perda do cargo quando: seus direitos políticos forem perdidos ou suspensos; a Justiça Eleitoral determinar; faltar injustificadamente a 1/3 das sessões ordinárias. Casos de extinção do mandato – art. 55, III, IV e V, sendo um ato meramente declaratório.

A nova jurisprudência do STF após as decisões já conhecidas da AP 470 – é que entendeu o Pretório Excelso por decisão apertada de 5 votos a 4, que a perda de mandato

Não perderá o mandato o Deputado ou Senador:

I - investido no cargo de Ministro de Estado, Governador de Território, Secretário de Estado, do Distrito Federal, de Território, de Prefeitura de capital ou chefe de missão diplomática temporária;

II - licenciado pela respectiva Casa por motivo de doença, ou para tratar, sem remuneração, de interesse particular, desde que, neste caso, o afastamento não ultrapasse cento e vinte dias por sessão legislativa.

§ 1º O suplente será convocado nos casos de vaga, de investidura em funções previstas neste artigo ou de licença superior a cento e vinte dias.

§ 2º Ocorrendo vaga e não havendo suplente, far-se-á eleição para preenchê-la se

Artigo 56 da CF

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de parlamentares condenados criminalmente com trânsito em julgado é automática, cabendo o legislativo apenas cumprir a decisão do STF.

Deste modo, em consequência da perda dos direitos políticos, não poderá a casa ter a oportunidade de decidir sobre a perda do mandato, mas sim terá apenas o dever de declarar a pena.

Art. 57 – Das Reuniões do Congresso Nacional.

LEGISLATURA

SESSÃO LEGISLATIVA

RECESSO PARLAMENTAR

É o período de 4 anos que corresponde ao mandato dos Deputados Federais.

É o período anual de trabalho do CN (art. 57, CF). Inicia 02/02 e vai até 17/07, recomeça em 01/08 e termina em 22/12. No 1º ano da legislatura a sessão legislativa irá se iniciar a partir de 1º/02 em sessão preparatória.

É o período que vai de 18/07 a 31/07 e de 23/12 a, em regra, 01/02. Durante o período de recesso, se for necessário, os parlamentares serão convocados extraordinariamente.

Art. 57. O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro. (“Caput” com redação dada pela Emenda constitucional nº 50, de 2006)

§ 1º As reuniões marcadas para essas datas serão transferidas para o primeiro dia útil subseqüente, quando recaírem em sábados, domingos ou feriados.

§ 4º A renúncia de parlamentar submetido a processo que vise ou possa levar à perda do mandato, nos termos deste artigo, terá seus efeitos suspensos até as deliberações finais de que tratam os §§ 2º e 3º.

ATENÇÃO AO ART. 55, § 4º

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§ 2º A sessão legislativa não será interrompida sem a aprovação do projeto de lei de diretrizes orçamentárias.

1) Qual a diferença entre Legislatura e Sessão Legislativa?

A Legislatura tem duração de quatro anos e coincide com a duração do mandato dos deputados. Uma legislatura divide-se em quatro sessões legislativas ordinárias, que constituem o calendário anual de trabalho do Congresso Nacional.

ATENÇÃO AOS SEGUINTES TEMAS:

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2) Quais são os tipos de sessão que ocorrem na Câmara dos Deputados?

Sessões Preparatórias: são as que precedem a inauguração dos trabalhos do Congresso Nacional, no primeiro e terceiro anos da Legislatura, e são realizadas exclusivamente para a posse dos deputados eleitos e para a eleição dos membros da Mesa Diretora.

Sessões Deliberativas: sessões em que há ordem do dia (pauta de votação). Podem ser:

- ordinárias: ocorrem em Plenário, de terça a quinta-feira, às 14h;

- extraordinárias: realizadas fora do dia ou horário da sessão ordinária e nas quais somente se apreciará as matérias pautadas para aquela sessão.

Sessões Não Deliberativas: sessões em que não há ordem do dia. Podem ser:

- de debates: realizadas às segundas, às 14h, e sextas-feiras, às 9h, com pronunciamentos e comunicações parlamentares;

- solenes: para grandes comemorações ou homenagens especiais.

(Arts. 65, 66, 67 e 68 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados).

3) Qual a diferença entre Sessão Legislativa Ordinária e Sessão Ordinária?

A sessão legislativa ordinária constitui o calendário anual de trabalho legislativo. Já as sessões ordinárias são as reuniões plenárias que acontecem na forma do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, de terça a quinta-feira, no Plenário.

Da mesma forma, existe diferença entre sessões legislativas extraordinárias, que funcionam nos períodos de convocação extraordinária do Congresso Nacional, e sessões extraordinárias da Câmara, que correspondem às reuniões de Plenário marcadas para qualquer dia ou horário diferente do previsto diariamente para a realização das sessões ordinárias.

4) Qual é o quórum mínimo para o início de uma sessão na câmara do deputados?

Para que uma sessão seja iniciada, são necessários 51 deputados na Câmara dos Deputados. O Presidente pode aguardar até meia hora para que este número seja alcançado. Quando isso não acontece, ele declara que não haverá sessão.

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Sessões legislativas extraordinárias

Art. 57, da CF:

§ 6º A convocação extraordinária do Congresso Nacional far-se-á:

I - pelo Presidente do Senado Federal, em caso de decretação de estado de defesa ou de intervenção federal, de pedido de autorização para a decretação de estado de sítio e para o compromisso e a posse do Presidente e do Vice-Presidente da República;

II - pelo Presidente da República, pelos Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal ou a requerimento da maioria dos membros de ambas as Casas, em caso de urgência ou interesse público relevante, em todas as hipóteses deste inciso com a aprovação da maioria absoluta de cada uma das Casas do Congresso Nacional. (Inciso com redação dada pela Emenda constitucional nº 50, de 2006)

§ 7º Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacional somente deliberará sobre a matéria para a qual foi convocado, ressalvada a hipótese do § 8º deste artigo, vedado o pagamento de parcela indenizatória, em razão da convocação. (Parágrafo com redação dada pela Emenda constitucional nº 50, de 2006)

§ 8º Havendo medidas provisórias em vigor na data de convocação extraordinária do Congresso Nacional, serão elas automaticamente incluídas na pauta da convocação. (Parágrafo acrescido pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

Sessão Conjunta (§ 3º do art. 57 da CF) – A regra é que as casas legislativas funcionem em separado, porém a CF prevê algumas situações onde a reunião será conjunta (outras exceções art. 68 e art. 166, CF).

§ 3º Além de outros casos previstos nesta Constituição, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal reunir-se-ão em sessão conjunta para:

I - inaugurar a sessão legislativa;

II - elaborar o regimento comum e regular a criação de serviços comuns às duas Casas;

III - receber o compromisso do Presidente e do Vice-Presidente da República;

IV - conhecer do veto e sobre ele deliberar.

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Sessões preparatórias e Mesas diretoras (§s 4º e 5º do art. 57 da CF)

§ 4º Cada uma das Casas reunir-se-á em sessões preparatórias, a partir de 1º de fevereiro, no primeiro ano da legislatura, para a posse de seus membros e eleição das respectivas Mesas, para mandato de 2 (dois) anos, vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente.

A expressão “imediatamente subsequente” somente se refere à eleição imediatamente subsequente que ocorra na mesma legislatura, ou seja, da 1º mesa diretora para a formação da 2º mesa diretora, ambas as mesas da mesma legislatura.

§ 5º A Mesa do Congresso Nacional será presidida pelo Presidente do Senado Federal, e os demais cargos serão exercidos, alternadamente, pelos ocupantes de cargos equivalentes na Câmara dos Deputados e no Senado Federal.

Mesa do CN: 1º) Pres. do SF; 2º) 1º Vice-Pres. da CD; 3º) 2º Vice-Pres. do SF; 4º) 1º Sec. da CD; 5º) 2º Sec. do SF; 6º) 3º Sec. da CD; 7º) 4º Sec. do SF.

- Art. 68, § 3º Apreciação do projeto de lei delegada pelo CN;

- Art. 166 da CF.

Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do regimento comum.

Outras Hipóteses de Sessão Conjunta do Congresso Nacional:

DAS REUNIÕES

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Art. 57. O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 50, de 2006)

§ 1º As reuniões marcadas para essas datas serão transferidas para o primeiro dia útil subsequente, quando recaírem em sábados, domingos ou feriados.

§ 2º A sessão legislativa não será interrompida sem a aprovação do projeto de lei de diretrizes orçamentárias.

§ 3º Além de outros casos previstos nesta Constituição, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal reunir-se-ão em sessão conjunta para:

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Das Comissões (Art. 58 da CF).

Dentro das casas do Congresso Nacional temos comissões permanentes e temporárias, com funções legislativas e fiscalizadoras. É nas comissões que se estuda a conveniência de uma proposta legislativa, inclusive com debates que contam com a participação dos parlamentares e da sociedade.

I - inaugurar a sessão legislativa;

II - elaborar o regimento comum e regular a criação de serviços comuns às duas Casas;

III - receber o compromisso do Presidente e do Vice-Presidente da República;

IV - conhecer do veto e sobre ele deliberar.

§ 4º Cada uma das Casas reunir-se-á em sessões preparatórias, a partir de 1º de fevereiro, no primeiro ano da legislatura, para a posse de seus membros e eleição das respectivas Mesas, para mandato de 2 (dois) anos, vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 50, de 2006)

§ 5º A Mesa do Congresso Nacional será presidida pelo Presidente do Senado Federal, e os demais cargos serão exercidos, alternadamente, pelos ocupantes de cargos equivalentes na Câmara dos Deputados e no Senado Federal.

§ 6º A convocação extraordinária do Congresso Nacional far-se-á: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 50, de 2006)

I - pelo Presidente do Senado Federal, em caso de decretação de estado de defesa ou de intervenção federal, de pedido de autorização para a decretação de estado de sítio e para o compromisso e a posse do Presidente e do Vice-Presidente da República;

II - pelo Presidente da República, pelos Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal ou a requerimento da maioria dos membros de ambas as Casas, em caso de urgência ou interesse público relevante, em todas as hipóteses deste inciso com a aprovação da maioria absoluta de cada uma das Casas do Congresso Nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 50, de 2006)

§ 7º Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacional somente deliberará sobre a matéria para a qual foi convocado, ressalvada a hipótese do § 8º deste artigo, vedado o pagamento de parcela indenizatória, em razão da convocação. (Redação

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Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e temporárias, constituídas na forma e com as atribuições previstas no respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação.

§ 1º Na constituição das Mesas e de cada Comissão, é assegurada, tanto quanto possível, a representação proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que participam da respectiva Casa.

MS 24041/DF – DISTRITO FEDERAL MANDADO DE SEGURANÇA Relator(a): Min. NELSON JOBIM Julgamento: 29/09/2001 Órgão Julgador: Tribunal Pleno EMENTA: CONSTITUCIONAL. MESA DO CONGRESSO NACIONAL. SUBSTITUIÇÃO DO PRESIDENTE. MANDADO DE SEGURANÇA. LEGITIMIDADE ATIVA DE MEMBRO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS EM FACE DA GARANTIA DO DEVIDO PROCESSO LEGISLATIVO. HISTÓRIA CONSTITUCIONAL DO PODER LEGISLATIVO DESDE A ASSEMBLÉIA GERAL DO IMPÉRIO. ANÁLISE DO SISTEMA BRASILEIRO BICAMERALISMO. CONSTITUIÇÃO DE 1988. INOVAÇÃO - ART. 57 §5º. COMPOSIÇÃO. PRESIDÊNCIA DO SENADO E PREENCHIMENTO DOS DEMAIS CARGOS PELOS EQUIVALENTES EM AMBAS AS CASAS, OBSERVADA A ALTERNÂNCIA. MATÉRIA DE ESTRITA INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL. COMPETÊNCIA DESTE TRIBUNAL. IMPOSSIBILIDADE DE APLICAR NORMA INTERNA - REGIMENTO DO SENADO FEDERAL - PARA INTERPRETAR A CONSTITUIÇÃO. SEGURANÇA CONCEDIDA.

§ 2º Às comissões, em razão da matéria de sua competência, cabe:

I – discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do regimento, a competência do Plenário, salvo se houver recurso de um décimo dos membros da Casa;

II - realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil;

III - convocar Ministros de Estado para prestar informações sobre assuntos inerentes a suas atribuições;

IV - receber petições, reclamações, representações ou queixas de qualquer pessoa contra atos ou omissões das autoridades ou entidades públicas;

V - solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão;

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VI - apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento e sobre eles emitir parecer.

§ 3º As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.

Decisões Importantes do STF sobre CPI’s:

A Constituição do Brasil assegura a 1/3 dos membros da Câmara dos Deputados e a 1/3 dos membros do Senado Federal a criação da CPI, deixando, porém, ao próprio parlamento o seu destino. A garantia assegurada a 1/3 dos membros da Câmara ou do Senado estende-se aos membros das assembleias legislativas estaduais – garantia das minorias. O modelo federal de criação e instauração das CPIs constitui matéria a ser compulsoriamente observada pelas casas legislativas estaduais. A garantia da instalação da CPI independe de deliberação plenária, seja da Câmara, do Senado ou da assembleia legislativa. (...) Não há razão para a submissão do requerimento de constituição de CPI a qualquer órgão da assembleia legislativa. Os requisitos indispensáveis à criação das CPIs estão dispostos, estritamente, no art. 58 da Constituição do Brasil/1988. [ADI 3.619, rel. min. Eros Grau, j. 1º-8-2006, P, DJ de 20-4-2007.] As CPIs possuem permissão legal para encaminhar relatório circunstanciado não só ao Ministério Público e à AGU, mas, também, a outros órgãos públicos, podendo veicular, inclusive, documentação que possibilite a instauração de inquérito policial em face de pessoas envolvidas nos fatos apurados (art. 58, § 3º, CRFB/1988, c/c art. 6º-A da Lei 1.579/1952, incluído pela Lei 13.367/2016). [MS 35.216 AgR, rel. min. Luiz Fux, j. 17-11-2017, P, DJE de 27-11-2017.] Impossibilidade jurídica de CPI praticar atos sobre os quais incida a cláusula constitucional da reserva de jurisdição, como a busca e apreensão domiciliar (...). Possibilidade, contudo, de a CPI ordenar busca e apreensão de bens,

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objetos e computadores, desde que essa diligência não se efetive em local inviolável, como os espaços domiciliares, sob pena, em tal hipótese, de invalidade da diligência e de ineficácia probatória dos elementos informativos dela resultantes. Deliberação da CPI/Petrobras que, embora não abrangente do domicílio dos impetrantes, ressentir-se-ia da falta da necessária fundamentação substancial. Ausência de indicação, na espécie, de causa provável e de fatos concretos que, se presentes, autorizariam a medida excepcional da busca e apreensão, mesmo a de caráter não domiciliar. [MS 33.663 MC, rel. min. Celso de Mello, j. 19-6-2015, dec. monocrática, DJE de 18-8-2015.] É jurisprudência pacífica desta Corte a possibilidade de o investigado, convocado para depor perante CPI, permanecer em silêncio, evitando-se a autoincriminação, além de ter assegurado o direito de ser assistido por advogado e de comunicar-se com este durante a sua inquirição. (...) Considerando a qualidade de investigado convocado por CPI para prestar depoimento, é imperiosa a dispensa do compromisso legal inerente às testemunhas. Direitos e garantias inerentes ao privilégio contra a autoincriminação podem ser previamente assegurados para exercício em eventuais reconvocações. [HC 100.200, rel. min. Joaquim Barbosa, j. 8-4-2010, P, DJE de 27-8-2010.]

§ 4º Durante o recesso, haverá uma Comissão representativa do Congresso

Nacional, eleita por suas Casas na última sessão ordinária do período legislativo, com atribuições definidas no regimento comum, cuja composição reproduzirá, quanto possível, a proporcionalidade da representação partidária.

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4. Intervenção Federal – Art. 34 ao 36 da CF

Prof. Mateus Silveira @ professormateussilveira

4.1. Introdução

A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:

I - manter a integridade nacional;

II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra;

III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;

IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação;

V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que:

a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior;

b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei;

VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;

VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:

a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;

b) direitos da pessoa humana;

c) autonomia municipal;

d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta.

e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.

Artigo 34 da CF

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Existem 5 procedimentos de intervenção:

1) Juízo discricionário do Presidente (art. 34, incisos I, II, III e V), com aprovação do Congresso (art. 36, § 1º e § 2º);

2) Solicitação do Poder Coacto ao Presidente (art. 34, IV, primeira parte), com aprovação posterior do Congresso (art. 36, I § 1º e § 2º)

A decretação da intervenção dependerá:

I - no caso do art. 34, IV, de solicitação do Poder Legislativo ou do Poder Executivo coacto ou impedido, ou de requisição do Supremo Tribunal Federal, se a coação for exercida contra o Poder Judiciário;

II - no caso de desobediência a ordem ou decisão judiciária, de requisição do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal Superior Eleitoral;

III - de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de representação do Procurador-Geral da República, na hipótese do art. 34, VII, e no caso de recusa à execução de lei federal.

§ 1º O decreto de intervenção, que especificará a amplitude, o prazo e as condições de execução e que, se couber, nomeará o interventor, será submetido à apreciação do Congresso Nacional ou da Assembléia Legislativa do Estado, no prazo de vinte e quatro horas.

§ 2º Se não estiver funcionando o Congresso Nacional ou a Assembleia Legislativa, far-se-á convocação extraordinária, no mesmo prazo de vinte e quatro horas.

§ 3º Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, IV, dispensada a apreciação pelo Congresso Nacional ou pela Assembléia Legislativa, o decreto limitar-se-á a suspender a execução do ato impugnado, se essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade.

§ 4º Cessados os motivos da intervenção, as autoridades afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo impedimento legal.

Artigo 36 da CF

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3) Requisição do STF ao Presidente no caso de coação ao Poder Judiciário (34, IV, segunda parte), com aprovação posterior do Congresso (art. 36,I e § 1º e § 2º)

4) Requisição do STF, STJ, TSE ao Presidente (art. 34, VI, segunda parte), SEM necessidade de aprovação posterior do Congresso (art. 36, II, combinado com § 3º)

5) Adin Interventiva (art. 34, VI primeira parte – recusa a aplicação de lei – e art 34 VII – princípios constitucionais sensíveis), SEM necessidade de aprovação posterior do Congresso (art. 36, III, combinado com § 3º)

Se materializa por decreto do Presidente da República:

“Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:

X - decretar e executar a intervenção federal;”

A publicação do decreto, torna-se imediatamente eficaz, legitimando os demais atos atinentes à intervenção, submetendo essa decisão à apreciação do Congresso Nacional no prazo de 24 horas (art. 36, § 1º da CF/88), NOS CASOS QUE NECESSITAM APROVAÇÃO DO CONGRESSO NACIONAL.

4.2. Da Intervenção Federal Comum ou Possível

A) De ofício: art. 34, I, II, III e V da CF;

B) Por solicitação dos poderes: art. 34, IV da CF;

C) Por requisição judicial: art. 34, VI e VII.

Art. 34, IV da CF - IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas

unidades da Federação;

A intervenção federal é medida excepcional e só deve ocorrer nos casos previstos expressamente na Constituição Federal (arts. 34 a 36 da CF/88).

ESSA DICA É DO PROFE... SE LIGA JAGUARA

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Decisão utilizada também para o descumprimento do pagamento de precatórios

pelos estados.

Art. 34, V, da CF: V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que:

b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei;

Art. 34, VI da CF:

VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;

“Intervenção federal. Inexistência de atuação dolosa por parte do Estado. Indeferimento. (...) Decisão agravada que se encontra em consonância com a orientação desta Corte, no sentido de que o descumprimento voluntário e intencional de decisão judicial transitada em julgado é pressuposto indispensável ao acolhimento do pedido de intervenção federal.” (IF 5.050-AgR, rel. min. Ellen Gracie, julgamento em 6-3-2008, Plenário, DJE de 25-4-2008.)

“ICMS. Repartição de rendas tributárias. PRODEC. Programa de Incentivo Fiscal de Santa Catarina. Retenção, pelo Estado, de parte da parcela pertencente aos Municípios. Inconstitucionalidade. RE desprovido. A parcela do imposto estadual sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, a que se refere o art. 158, IV, da Carta Magna pertence de pleno direito aos Municípios. O repasse da quota constitucionalmente devida aos Municípios não pode sujeitar-se à condição prevista em programa de benefício fiscal de âmbito estadual. Limitação que configura indevida interferência do Estado no sistema constitucional de repartição de receitas tributárias. ” (RE 572.762, rel. min. Ricardo Lewandowski,

ATENÇÃO AO POSICIONAMENTO DO STF

ATENÇÃO AO POSICIONAMENTO DO STF

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- Caso do descumprimento de precatórios.

Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios

localizados em Território Federal, exceto quando:

I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida fundada;

II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;

III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde;

"O descumprimento voluntário e intencional de decisão transitada em julgado configura pressuposto indispensável ao acolhimento do pedido de intervenção federal. A ausência de voluntariedade em não pagar precatórios, consubstanciada na insuficiência de recursos para satisfazer os créditos contra a Fazenda Estadual no prazo previsto no § 1º do art. 100 da Constituição da República, não legitima a subtração temporária da autonomia estatal, mormente quando o ente público, apesar da exaustão do erário, vem sendo zeloso, na medida do possível, com suas obrigações derivadas de provimentos judiciais." (IF 1.917-AgR, rel. min. Maurício Corrêa, julgamento em 17-3-2004, Plenário, DJ de 3-8-2007.) No mesmo sentido: IF 4.640-AgR, rel. min. Cezar Peluso, julgamento em 29-3-2012, Plenário, DJE de 25-4-2012.

“Precatórios judiciais. Não configuração de atuação dolosa e deliberada do Estado de São Paulo com finalidade de não pagamento. Estado sujeito a quadro de múltiplas obrigações de idêntica hierarquia. Necessidade de garantir eficácia a outras normas constitucionais, como, por exemplo, a continuidade de prestação de serviços públicos. A intervenção, como medida extrema, deve atender à máxima da proporcionalidade. Adoção da chamada relação de precedência condicionada entre princípios constitucionais concorrentes.” (IF 298, rel. p/ o ac. min. Gilmar Mendes, julgamento em 3-2-2003, Plenário, DJ de 27-2-2004.) No mesmo sentido: IF 5.101, IF 5.105, IF 5.106 e IF 5.114, rel. min. Cezar Peluso, julgamento em 28-3-2012, Plenário, DJE de 6-9-2012.

ATENÇÃO AO POSICIONAMENTO DO STF

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IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.

Art. 36, § 3º - Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, IV, dispensada a apreciação pelo Congresso Nacional ou pela Assembleia Legislativa, o decreto limitar-se-á a suspender a execução do ato impugnado, se essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade.

"Não cabe recurso extraordinário contra acórdão de Tribunal de Justiça que defere pedido de intervenção estadual em Município." (Súmula 637.)

“As disposições do artigo 35 da CB/88 também consubstanciam preceitos de observância compulsória por parte dos Estados-membros, sendo inconstitucionais quaisquer ampliações ou restrições às hipóteses de intervenção." (ADI 336, voto do rel. min. Eros Grau, julgamento em 10-2-2010, Plenário, DJE de 17-9-2010.)

“Intervenção estadual em Município. Súmula 637 do STF. De acordo com a jurisprudência deste Tribunal, a decisão de Tribunal de Justiça que determina a intervenção estadual em Município tem natureza político-administrativa, não ensejando, assim, o cabimento do recurso extraordinário.” (AI 597.466-AgR, rel. min. Joaquim Barbosa, julgamento em 27-11-2007, Segunda Turma, DJE de 1º-2-2008.)

AÇÃO DIRETA INTERVENTIVA – PROPOSTA PELO PROCURADOR GERAL DA REPÚBLICA. NESSE CASO O CONTROLE É JURÍDICO!! (OU SEJA, DISPENSA A APRECIAÇÃO DO CONGRESSO NACIONAL).

ATENÇÃO AO POSICIONAMENTO DO STF

MUITA ATENÇÃO!!!!!

MUITA ATENÇÃO!!!!!

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4.3. Representação Interventiva ou ADI Interventiva Federal

Objetivo: restabelecer o respeito dos princípios constitucionais sensíveis ou expressos previstos no Art. 34, VII da CF;

Legitimidade Ativa: PGR (Art. 129, IV e 36, III da CF e Art. 2º da Lei nº 12.562/11);

Legitimidade Passiva: órgão ou autoridade estadual ou distrital que violou os princípios sensíveis (Atenção a representação judicial dos entes – Art. 132 da CF);

Foro Competente: STF (Art. 36, III e Art. 102, I, “a” da CF).

4.4. Representação Interventiva ou ADI Interventiva Estadual (Art. 35, IV da CF)

Objetivo: restabelecer o respeito dos princípios constitucionais estaduais

desrespeitados por lei municipal (Art. 35, IV da CF);

Legitimidade Ativa: PGJ (Art. 129, IV da CF);

Legitimidade Passiva: órgão ou autoridade municipal que violou os princípios constitucionais sensíveis;

Foro Competente: TJ (Estadual) (Art. 35, IV da CF).

EM TODOS OS DEMAIS O CONTROLE SERÁ POLÍTICO E EXERCIDO PELO CONGRESSO NACIONAL!

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5. Defesa das instituições democráticas – Art. 136 ao 144 da CF

Prof. Mateus Silveira @ professormateussilveira

5.1. Do Estado de Defesa

O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza.

§ 1º O decreto que instituir o estado de defesa determinará o tempo de sua duração, especificará as áreas a serem abrangidas e indicará, nos termos e limites da lei, as medidas coercitivas a vigorarem, dentre as seguintes:

I - restrições aos direitos de:

a) reunião, ainda que exercida no seio das associações;

b) sigilo de correspondência;

c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica;

II - ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na hipótese de calamidade pública, respondendo a União pelos danos e custos decorrentes.

Artigo 136 da CF

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5.2. Do Estado de Sítio

Na vigência do estado de defesa:

I - a prisão por crime contra o Estado, determinada pelo executor da medida, será por este comunicada imediatamente ao juiz competente, que a relaxará, se não for legal, facultado ao preso requerer exame de corpo de delito à autoridade policial;

II - a comunicação será acompanhada de declaração, pela autoridade, do estado físico e mental do detido no momento de sua autuação;

III - a prisão ou detenção de qualquer pessoa não poderá ser superior a dez dias, salvo quando autorizada pelo Poder Judiciário;

IV - é vedada a incomunicabilidade do preso.

§ 4º Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação, o Presidente da República, dentro de vinte e quatro horas, submeterá o ato com a respectiva justificação ao Congresso Nacional, que decidirá por maioria absoluta.

§ 5º Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será convocado, extraordinariamente, no prazo de cinco dias.

§ 6º O Congresso Nacional apreciará o decreto dentro de dez dias contados de seu recebimento, devendo continuar funcionando enquanto vigorar o estado de defesa.

Artigo 136, § 3º, da CF

Artigo 137 da CF

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O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, solicitar ao Congresso Nacional autorização para decretar o estado de sítio nos casos de:

I - comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa;

II - declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira.

Parágrafo único. O Presidente da República, ao solicitar autorização para decretar o estado de sítio ou sua prorrogação, relatará os motivos determinantes do pedido, devendo o Congresso Nacional decidir por maioria absoluta.

O decreto do estado de sítio indicará sua duração, as normas necessárias a sua execução e as garantias constitucionais que ficarão suspensas, e, depois de publicado, o Presidente da República designará o executor das medidas específicas e as áreas abrangidas.

§ 1º O estado de sítio, no caso do art. 137, I, não poderá ser decretado por mais de trinta dias, nem prorrogado, de cada vez, por prazo superior; no do inciso II, poderá ser decretado por todo o tempo que perdurar a guerra ou a agressão armada estrangeira. § 2º Solicitada autorização para decretar o estado de sítio durante o recesso parlamentar, o Presidente do Senado Federal, de imediato, convocará extraordinariamente o Congresso Nacional para se reunir dentro de cinco dias, a fim de apreciar o ato. § 3º O C N i l á f i é é i d did

Artigo 138 da CF

Artigo 139 da CF

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5.3. Forças Armadas

Art. 142, CF 1988: "As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem."

** Lei geral das Forças Armadas – Lei Complementar nº 97/99**

Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e

Na vigência do estado de sítio decretado com fundamento no art. 137, I, só poderão ser tomadas contra as pessoas as seguintes medidas:

I - obrigação de permanência em localidade determinada;

II - detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns;

III - restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações, à prestação de informações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei;

IV - suspensão da liberdade de reunião;

V - busca e apreensão em domicílio;

VI - intervenção nas empresas de serviços públicos;

VII - requisição de bens.

POSSIBILIDADE DE RESTRIÇÃO À DIREITOS FUNDAMENTAIS DESCRITAS NA CONSTITUIÇÃO – O CASO DO ESTADO DE DEFESA E ESTADO DE SÍTIO.

DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS.

DICA DO PROFE...

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na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.

§ 1º Lei complementar estabelecerá as normas gerais a serem adotadas na organização, no preparo e no emprego das Forças Armadas.

§ 2º Não caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares.

§ 3º Os membros das Forças Armadas são denominados militares, aplicando-se-lhes, além das que vierem a ser fixadas em lei, as seguintes disposições:

I - as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a elas inerentes, são conferidas pelo Presidente da República e asseguradas em plenitude aos oficiais da ativa, da reserva ou reformados, sendo-lhes privativos os títulos e postos militares e, juntamente com os demais membros, o uso dos uniformes das Forças Armadas;

Art. 142 da CF:

II - o militar em atividade que tomar posse em cargo ou emprego público civil permanente, ressalvada a hipótese prevista no art. 37, inciso XVI, alínea "c", será transferido para a reserva, nos termos da lei;

III - o militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar posse em cargo, emprego ou função pública civil temporária, não eletiva, ainda que da administração indireta, ressalvada a hipótese prevista no art. 37, inciso XVI, alínea "c", ficará agregado ao respectivo quadro e somente poderá, enquanto permanecer nessa situação, ser promovido por antiguidade, contando-se-lhe o tempo de serviço apenas para aquela promoção e transferência para a reserva, sendo depois de dois anos de afastamento, contínuos ou não, transferido para a reserva, nos termos da lei;

IV - ao militar são proibidas a sindicalização e a greve;

V - o militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar filiado a partidos políticos;

VI - o oficial só perderá o posto e a patente se for julgado indigno do oficialato ou com ele incompatível, por decisão de tribunal militar de caráter permanente, em tempo de

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paz, ou de tribunal especial, em tempo de guerra; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)

VII - o oficial condenado na justiça comum ou militar a pena privativa de liberdade superior a dois anos, por sentença transitada em julgado, será submetido ao julgamento previsto no inciso anterior;

VIII - aplica-se aos militares o disposto no art. 7º, incisos VIII, XII, XVII, XVIII, XIX e XXV, e no art. 37, incisos XI, XIII, XIV e XV, bem como, na forma da lei e com prevalência da atividade militar, no art. 37, inciso XVI, alínea "c";

IX - (Revogado pela Emenda Constitucional nº 41, de 19.12.2003)

X - a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os limites de idade, a estabilidade e outras condições de transferência do militar para a inatividade, os direitos, os deveres, a remuneração, as prerrogativas e outras situações especiais dos militares, consideradas as peculiaridades de suas atividades, inclusive aquelas cumpridas por força de compromissos internacionais e de guerra.

5.4. Defesa do Estado e das Instituições Democrática

PRINCÍPIOS DE ORGANIZAÇÃO:

Hierarquia – Elos de subordinação do superior para o inferior hierárquico; sendo a autoridade máxima o Presidente da República (art. 84, XIII c/c art. 142, caput), seguida pelo Ministro da Defesa (art. 3º, LC 97/99) e de um Comandante de cada uma das 3 Forças armadas (art. 4º, LC 97/99)

Disciplina – Ordens superiores não podem ser objeto de qualquer questionamento por parte de inferiores hierárquicos, sob pena de sanção disciplinar, com impossibilidade de discussão quanto à sua legalidade ou validade. Somente os superiores ao militar que deu a ordem podem questionar a ilegalidade.

ATENÇÃO!!!

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SERVIÇO MILITAR É OBRIGATÓRIO, SOB PENA DE PERDER OS DIREITOS POLÍTICOS:

Art. 143 da CF: O serviço militar é obrigatório nos termos da lei

§ 1º Às Forças Armadas compete, na forma da lei, atribuir serviço alternativo aos que, em tempo de paz, após alistados, alegarem imperativo de consciência, entendendo-se como tal o decorrente de crença religiosa e de convicção filosófica ou política, para se eximirem de atividades de caráter essencialmente militar.

§ 2º - As mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do serviço militar obrigatório em tempo de paz, sujeitos, porém, a outros encargos que a lei lhes atribuir. DISTINÇÕES CONCEITUAIS BÁSICAS:

ÓRGÃOS DE POLÍCIA:

MILITAR – Têm atuação basicamente preventiva, com vistas a impedir a prática de crimes e contravenções;

CIVIL – Têm atuação basicamente repressiva, com vistas a identificar os responsáveis pela prática de crimes e contravenções, preparando via inquérito policial o conjunto de informações necessárias para a instauração do devido processo penal.

5.5. Capítulo III: Da Segurança Pública

Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:

I - polícia federal;

II - polícia rodoviária federal;

→ "Art. 142, IV - Ao militar são proibidas a sindicalização e a greve."

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III - polícia ferroviária federal;

IV - polícias civis;

V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.

VI - polícias penais federal, estaduais e distrital (EC nº 104/2019).

Impossibilidade da criação, pelos Estados-membros, de órgão de segurança pública diverso daqueles previstos no art. 144 da Constituição. (...) Ao Instituto-Geral de Perícias, instituído pela norma impugnada, são incumbidas funções atinentes à segurança pública. Violação do art. 144, c/c o art. 25 da Constituição da República. [ADI 2.827, rel. min. Gilmar Mendes, j. 16-9-2010, P, DJE de 6-4-2011.] Vide ADI 1.182, voto do rel. min. Eros Grau, j. 24-11-2005, P, DJ de 10-3-2006 Vide ADI 236, rel. min. Octavio Gallotti, j. 7-5-1992, P, DJ de 1º-6-2001

Os Estados-membros, assim como o Distrito Federal, devem seguir o modelo federal. O art. 144 da Constituição aponta os órgãos incumbidos do exercício da segurança pública. Entre eles não está o Departamento de Trânsito. Resta pois vedada aos Estados-membros a possibilidade de estender o rol, que esta Corte já firmou ser numerus clausus, para alcançar o Departamento de Trânsito. [ADI 1.182, voto do rel. min. Eros Grau, j. 24-11-2005, P, DJ de 10-3-2006.] Vide ADI 2.827, rel. min. Gilmar Mendes, j. 16-9-2010, P, DJE de 6-4-2011 O Pleno desta Corte pacificou jurisprudência no sentido de que os Estados-membros devem obediência às regras de iniciativa legislativa reservada, fixadas constitucionalmente. A gestão da segurança pública, como parte integrante da administração pública, é atribuição privativa do governador de Estado. [ADI 2.819, rel. min. Eros Grau, j. 6-4-2005, P, DJ de 2-12-2005.]

Incompatibilidade, com o disposto no art. 144 da CF, da norma do art. 180 da Carta Estadual do Rio de Janeiro, na parte em que inclui no conceito de segurança pública a vigilância dos estabelecimentos penais e, entre os órgãos encarregados dessa atividade, a ali denominada "polícia penitenciária”. [ADI 236, rel. min. Octavio Gallotti, j. 7-5-1992, P, DJ de 1º-6-2001.] = ADI 3.916, rel. min. Eros Grau, j. 3-2-2010, P, DJE de 14-5-2010 Vide ADI 2.827, rel. min. Gilmar Mendes, j. 16-9-2010, P, DJE de 6-4-2011

Greve e os órgãos de Segurança Pública A atividade policial é carreira de Estado imprescindível à manutenção da normalidade democrática, sendo impossível sua complementação ou substituição pela atividade

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privada. A carreira policial é o braço armado do Estado, responsável pela garantia da segurança interna, ordem pública e paz social. E o Estado não faz greve. O Estado em greve é anárquico. A CF não permite. Aparente colisão de direitos. Prevalência do interesse público e social na manutenção da segurança interna, da ordem pública e da paz social sobre o interesse individual de determinada categoria de servidores públicos. Impossibilidade absoluta do exercício do direito de greve às carreiras policiais. Interpretação teleológica do texto constitucional, em especial dos arts. 9º, § 1º; 37, VII; e 144. (...) tese de repercussão geral: 1 – O exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou modalidade, é vedado aos policiais civis e a todos os servidores públicos que atuem diretamente na área de segurança pública. 2 – É obrigatória a participação do poder público em mediação instaurada pelos órgãos classistas das carreiras de segurança pública, nos termos do art. 165 do CPC, para vocalização dos interesses da categoria. [ARE 654.432, rel. p/ o ac. min. Alexandre de Moraes, j. 5-4-2017, P, DJE de 11-6-2018, Tema 541.]

Quanto a Polícia Federal (Art. 144 da CF): § 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a: (Atribuições da PF) I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei; II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência; Busca e apreensão. Tráfico de drogas. Ordem judicial. Cumprimento pela polícia militar. Ante o disposto no art. 144 da CF, a circunstância de haver atuado a polícia militar não contamina o flagrante e a busca e apreensão realizadas. [HC 91.481, rel. min. Marco Aurélio, j. 19-8-2008, 1ª T, DJE de 24-10-2008.] = RE 404.593, rel. min. Cezar Peluso, j. 18-8-2009, 2ª T, DJE de 23-10-2009

III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União. Polícia militar: atribuição de "radiopatrulha aérea": constitucionalidade. O âmbito material da polícia aeroportuária, privativa da União, não se confunde com o do policiamento ostensivo do espaço aéreo, que – respeitados os limites das áreas constitucionais das polícias federal e aeronáutica militar – se inclui no poder residual da polícia dos Estados. [ADI 132, rel. min. Sepúlveda Pertence, j. 30-4-2003, P, DJ de 30-5-2003.]

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Sendo o policiamento naval atribuição, não obstante privativa da Marinha de Guerra, de caráter subsidiário, por força de lei, não é possível, por sua índole, caracterizar essa atividade como função de natureza militar, podendo seu exercício ser cometido, também, a servidores não militares da Marinha de Guerra. A atividade de policiamento, em princípio, se enquadra no âmbito da segurança pública. Esta, de acordo com o art. 144 da Constituição de 1988, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, por intermédio dos órgãos policiais federais e estaduais, estes últimos, civis ou militares. Não se compreende, por igual, o policiamento naval na última parte da letra d, III, do art. 9º do CPM, pois o serviço de vigilância, garantia e preservação da ordem pública, administrativa ou judiciária, aí previsto, de caráter nitidamente policial, pressupõe desempenho específico, legalmente requisitado para aquele fim, ou em obediência a determinação legal superior. [HC 68.928, rel. min. Néri da Silveira, j. 5-11-1991, 2ª T, DJ de 19-12-1991.]

Cabe salientar que a mútua cooperação entre organismos policiais, o intercâmbio de informações, o fornecimento recíproco de dados investigatórios e a assistência técnica entre a polícia federal e as polícias estaduais, com o propósito comum de viabilizar a mais completa apuração de fatos delituosos gravíssimos, notadamente naqueles casos em que se alega o envolvimento de policiais militares na formação de grupos de extermínio, encontram fundamento, segundo penso, no próprio modelo constitucional de federalismo cooperativo (RHC 116.000/GO, rel. min. Celso de Mello), cuja institucionalização surge, em caráter inovador, no plano de nosso ordenamento constitucional positivo, na CF de 1934, que se afastou da fórmula do federalismo dualista inaugurada pela Constituição republicana de 1891, que impunha, por efeito da outorga de competências estanques, rígida separação entre as atribuições federais e estaduais. [RHC 116.002, rel. min. Celso de Mello, j. 12-3-2014, dec. monocrática, DJE de 17-3-2014.]

A cláusula de exclusividade inscrita no art. 144, § 1º, IV, da Constituição da República – que não inibe a atividade de investigação criminal do Ministério Público – tem por única finalidade conferir à polícia federal, dentre os diversos organismos policiais que compõem o aparato repressivo da União Federal (polícia federal, polícia rodoviária federal e polícia ferroviária federal), primazia investigatória na apuração dos crimes previstos no próprio texto da Lei Fundamental ou, ainda, em tratados ou convenções internacionais. [HC 89.837, rel. min. Celso de Mello, j. 20-10-2009, 2ª T, DJE de 20-11-2009.]

Da PRF e PFF (Art. 144 da CF): § 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

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§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

Das Polícias Civis (Art. 144 da CF): § 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares.

Ausência de vício formal de iniciativa quando a emenda da Constituição estadual adequar critérios de escolha do chefe da polícia civil aos parâmetros fixados no art. 144, § 4º, da Constituição da República. Impõe-se, na espécie, interpretação conforme para circunscrever a escolha do governador do Estado a delegados ou delegadas integrantes da carreira policial, independente do estágio de sua progressão funcional. [ADI 3.077, rel. min. Cármen Lúcia, j. 16-11-2016, P, DJE de 1º-8-2017.] Nomeação de chefe de Polícia. Exigência de que o indicado seja não só delegado de carreira – como determinado pela CF – como também que esteja na classe mais elevada. Inexistência de vício de iniciativa. Revisão jurisprudencial, em prol do princípio federativo, conforme ao art. 24, XVI, da CF. Possibilidade de os Estados disciplinarem os critérios de acesso ao cargo de confiança, desde que respeitado o mínimo constitucional. Critério que não só se coaduna com a exigência constitucional como também a reforça, por subsidiar o adequado exercício da função e valorizar os quadros da carreira. [ADI 3.062, rel. min. Gilmar Mendes, j. 9-9-2010, P, DJE de 12-4-2011.]

A Constituição do Brasil – art. 144, § 4º – define incumbirem às polícias civis "as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares". Não menciona a atividade penitenciária, que diz com a guarda dos estabelecimentos prisionais; não atribui essa atividade específica à polícia civil. [ADI 3.916, rel. min. Eros Grau, j. 3-2-2010, P, DJE de 14-5-2010.] Constitucional. Administrativo. Decreto 1.557/2003 do Estado do Paraná, que atribui a subtenentes ou sargentos combatentes o atendimento nas delegacias de polícia, nos Municípios que não dispõem de servidor de carreira para o desempenho das funções de delegado de polícia. Desvio de função. Ofensa ao art. 144, caput, IV e V e §§ 4º e 5º, da Constituição da República. Ação direta julgada procedente. [ADI 3.614, rel. p/ o ac. min. Cármen Lúcia, j. 20-9-2007, P, DJ de 23-11-2007.]

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§ 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil. § 6º As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. § 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades.

§ 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil. § 5º-A. Às polícias penais, vinculadas ao órgão administrador do sistema penal da unidade federativa a que pertencem, cabe a segurança dos estabelecimentos penais. (EC nº 104, de 2019) § 6º As polícias militares e os corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército subordinam-se, juntamente com as polícias civis e as polícias penais estaduais e distrital, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. (EC nº 104, de 2019) § 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades.

O art. 144, § 6º, da CF é expletivo de um indeclinável traço hierárquico de subordinação, a caracterizar a relação entre os Governadores de Estado e as respectivas polícias civis. São ilegítimas, por contrariá-lo, quaisquer pretensões legislativas de conceder maior liberdade política (autonomias) aos órgãos de direção máxima das polícias civis estaduais, mesmo que materializadas em deliberações da Assembleia Constituinte local. (...). A instituição de tratamento jurídico paritário entre o Delegado-chefe da polícia civil estadual e os Secretários de Estado não pode alcançar a consequência de prover as autoridades policiais das mesmas prerrogativas de foro jurisdicional eventualmente vigentes em favor dos Secretários, por falta de correspondência no plano da CF. [ADI 5.103, rel. min. Alexandre de Moraes, j. 12-4-2018, P, DJE de 25-4-2018.] O § 6º do art. 144 da Constituição diz que os delegados de polícia são subordinados, hierarquizados administrativamente aos governadores de Estado, do Distrito Federal e dos Territórios. E uma vez que os delegados são, por expressa dicção constitucional,

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agentes subordinados, eu os excluiria desse foro especial, ratione personae ou intuitu personae. [ADI 2.587, voto do rel. p/ o ac. min. Ayres Britto, j. 1º-12-2004, P, DJ de 6-11-2006.]

§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei. (...) é constitucional a atribuição às guardas municipais do exercício de poder de polícia de trânsito, inclusive para imposição de sanções administrativas legalmente previstas. [RE 658.570, rel. p/ o ac. min. Roberto Barroso, j. 6-8-2015, P, DJE de 30-9-2015, Tema 472.] § 9º A remuneração dos servidores policiais integrantes dos órgãos relacionados neste artigo será fixada na forma do § 4º do art. 39. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) Atenção: Remuneração mediante subsídio.

§ 10. A segurança viária, exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do seu patrimônio nas vias públicas: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 82, de 2014) I - compreende a educação, engenharia e fiscalização de trânsito, além de outras atividades previstas em lei, que assegurem ao cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente; e (Incluído pela Emenda Constitucional nº 82, de 2014) II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, aos respectivos órgãos ou entidades executivos e seus agentes de trânsito, estruturados em Carreira, na forma da lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 82, de 2014)

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6. Ordem Econômica e Financeira e da Ordem Social

Prof. Mateus Silveira @ professormateussilveira

6.1. Ordem econômica e financeira

A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:

I - soberania nacional;

II - propriedade privada;

III - função social da propriedade;

IV - livre concorrência;

V - defesa do consumidor;

VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação;

VII - redução das desigualdades regionais e sociais;

VIII - busca do pleno emprego;

IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País.

É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei.

Artigo 170 da CF

Artigo 170, parágrafo único, da CF

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Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.

Atividade empresarial: reservada a iniciativa privada. Necessidade de lei para o poder público explorar. Ex.: bancos públicos.

Quando o poder público exercer atividade empresarial, o fará mediante empresas públicas ou sociedades de economia mista.

A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) [...] II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

Via de regra será aplicado o Direito privado a estas empresas. Não há imunidade.

Acesso aos empregos mediante concurso

Obrigatoriedade de licitação. Há um estatuto próprio, diferente da Lei 8.666, que é a Lei 13.303 de 2016. – Lei das Estatais.

Artigo 173 da CF

DICA É DO PROFE...

Artigo 173, § 1º, da CF

ATENÇÃO!

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Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.

§ 1º A empresa pública, a sociedade de economia mista e outras entidades que explorem atividade econômica sujeitam-se ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto às obrigações trabalhistas e tributárias.

§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre:

I - sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela sociedade;

II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários;

III - licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações, observados os princípios da administração pública;

IV - a constituição e o funcionamento dos conselhos de administração e fiscal, com a participação de acionistas minoritários;

Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado.

Fiscalização e incentivo – atividades obrigatórias do Poder Público

Planejamento – vincula só o setor público; é indicativo para o privado (não pode o poder público obrigar empresários a explorar determinado ramo de negócios e não outro, por exemplo).

Artigo 173 da CF

Artigo 174 da CF

MUITA ATENÇÃO!!!!

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Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.

Serviços Públicos. São privativos do Poder Público competente. Só mediante concessão ou permissão poderão ser passados a entidades privadas ou outro ente público. Serviços públicos que não precisam de concessão/permissão: saúde,

As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao concessionário a propriedade do produto da lavra.

§ 1º A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais a que se refere o "caput" deste artigo somente poderão ser efetuados mediante autorização ou concessão da União, no interesse nacional, por brasileiros ou empresa constituída sob as leis brasileiras e que tenha sua sede e administração no País, na forma da lei, que estabelecerá as condições específicas quando essas atividades se desenvolverem em faixa de fronteira ou terras indígenas.

§ 2º É assegurada participação ao proprietário do solo nos resultados da lavra, na forma e no valor que dispuser a lei.

§ 4º Não dependerá de autorização ou concessão o aproveitamento do potencial de energia renovável de capacidade reduzida.

Artigo 175 da CF

SE LIGA NA DICA DO PROFE!!!!

Artigo 176 da CF

ATENÇÃO!

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Art. 177. Constituem monopólio da União:

I - a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos;

II - a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro; III - a importação e exportação dos produtos e derivados básicos resultantes das

atividades previstas nos incisos anteriores; IV - o transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de derivados

básicos de petróleo produzidos no País, bem assim o transporte, por meio de conduto, de petróleo bruto, seus derivados e gás natural de qualquer origem;

V - a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios e minerais nucleares e seus derivados, com exceção dos radioisótopos cuja produção, comercialização e utilização poderão ser autorizadas sob regime de permissão, conforme as alíneas b e c do inciso XXIII do caput do art. 21 desta Constituição Federal.

§ 1º A União poderá contratar com empresas estatais ou privadas a realização das atividades previstas nos incisos I a IV deste artigo observadas as condições estabelecidas em lei Política urbana é executada pelo Município, porém as diretrizes de desenvolvimento urbano estão em lei da União (art. 22 da CF + Estatuto da Cidade, Lei 10.257): Art. 182 da CF: A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes. § 1º O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana.

6.2. Da função social da propriedade urbana: Art. 182, § 2º e § 4º, III da CF Política agrária:

Desapropriação por Interesse Social

Art. 184 da CF: Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.

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Só a União pode desapropriar para fins de reforma agrária, tanto a desapropriação para fins de interesse social como a desapropriação sanção. Desapropriação sanção: castigo pelo não cumprimento da função social. Pagamento via títulos. Art. 185 da CF: São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária:

I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu proprietário não possua outra;

II - a propriedade produtiva.

6.3. Função social da propriedade rural

Caracterizado que a propriedade é produtiva, não se opera a desapropriação-sanção, por interesse social para os fins de reforma agrária, em virtude de imperativo constitucional que excepciona, para a reforma agrária, a atuação estatal, passando o processo de indenização, em princípio, a submeter-se às regras constantes do inciso XXIV do art. 5º da CF, "mediante justa e prévia indenização". [MS 22.193, rel. p/ o ac. min. Maurício Corrêa, j. 21-3-1996, P, DJ de 29-11-1996.]

Não confundir com a Impenhorabilidade da pequena propriedade rural, trabalhada pela família (art. 5º, XXVI).

A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:

I - aproveitamento racional e adequado;

II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;

III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho;

ATENÇÃO!!!!!!!

Artigo 186 da CF

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[...] O direito de propriedade não se reveste de caráter absoluto, eis que, sobre ele, pesa grave hipoteca social, a significar que, descumprida a função social que lhe é inerente (CF, art. 5º, XXIII), legitimar-se-á a intervenção estatal na esfera dominial privada, observados, contudo para esse efeito, os limites, as formas e os procedimentos fixados na própria Constituição da República. O acesso à terra, a solução dos conflitos sociais, o aproveitamento racional e adequado do imóvel rural, a utilização apropriada dos recursos naturais disponíveis e a preservação do meio ambiente constituem elementos de realização da função social da propriedade. A desapropriação, nesse contexto - enquanto sanção constitucional imponível ao descumprimento da função social da propriedade – reflete importante instrumento destinado a dar consequência aos compromissos assumidos pelo Estado na ordem econômica e social. Incube ao proprietário da terra, o dever jurídicossocial de cultivá-la e de explorá-la adequadamente, sob pena de incidir nas disposições constitucionais e legais que sancionam os senhores de imóveis ociosos, não cultivados e/ou improdutivos, pois só se tem por atendida a função social que condiciona o exercício do direito de propriedade, quando o titular do domínio cumprir a obrigação (1) de favorecer o bem estar dos que na terra labutam; (2) manter níveis satisfatórios de produtividade; (3) assegurar a conservação dos recursos naturais; e (4) de observar as disposições legais que regulam as justas relações de trabalho entre os que possuem o domínio e aqueles que cultivam a propriedade.[...]Mandato de Segurança. ADI 2213-MC / DF

6.4. Expropriação da propriedade

6.5. Da ordem social TÍTULO VIII - Da Ordem Social (art. 193 ao 232)

CAPÍTULO I - DISPOSIÇÃO GERAL

CAPÍTULO II - DA SEGURIDADE SOCIAL (Previdência, saúde, assistência social)

As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na forma da lei serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei,

Artigo 243 da CF

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CAPÍTULO III - DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO

CAPÍTULO IV - DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

CAPÍTULO V - DA COMUNICAÇÃO SOCIAL

CAPÍTULO VI - DO MEIO AMBIENTE

CAPÍTULO VII - DA FAMÍLIA, DA CRIANÇA, DO ADOLESCENTE, DO JOVEM E DO IDOSO

CAPÍTULO VIII - DOS ÍNDIOS

6.6. Seguridade Social Previdência + saúde + assistência

3 serviços públicos, prestados pelo Poder Público, mas abertos à iniciativa privada, sem necessidade de concessão ou permissão.

Previdência: contributiva e solidária

Saúde: universal e gratuita

Assistência: a quem necessitar

DICA DO PROFE!

Artigo 194 da CF

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6.7. Competência comum da União, Estados Membros e Municípios

6.8 Direito à Saúde

A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos:

I - universalidade da cobertura e do atendimento; II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e

rurais; III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; IV - irredutibilidade do valor dos benefícios; V - eqüidade na forma de participação no custeio; VI - diversidade da base de financiamento;

A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:

Artigo 195 da CF

Artigo 196, 197 e 198 da CF

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Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.

§ 1º As instituições privadas poderão participar de forma complementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos.

§ 2º É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às instituições privadas com fins lucrativos.

Os particulares poderão receber auxílio público, para os atendimentos via sistema de saúde, ou explorar planos de saúde ou cobrar diretamente pelos serviços

§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aplicarão, anualmente, em ações e serviços públicos de saúde recursos mínimos derivados da aplicação de percentuais calculados sobre:

I - no caso da União, a receita corrente líquida do respectivo exercício financeiro, não podendo ser inferior a 15% (quinze por cento);

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado.

Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes:

I - descentralização, com direção única em cada esfera de governo;

II - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais;

III - participação da comunidade.

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II - no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos de que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e inciso II, deduzidas as parcelas que forem transferidas aos respectivos Municípios; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) > 12%

III - no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e § 3º.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) > 15%

6.9 Da Assistência Social Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos:

I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;

II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;

III - a promoção da integração ao mercado de trabalho;

IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária;

V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.

Notar a quem dela necessitar, independente de contribuição.

Benefício de prestação continuada, previsto na Lei Orgânica da Assistência Social.

ATENÇÃO!

ATENÇÃO!

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6.10 Direito à Educação

Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;

Pode cair alguma questão que envolva censura de professores:

III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;

Coexistência de instituições públicas e privadas:

IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;

Lembrar da gratuidade:

V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas;

A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Notar que há uma ordem 1º desenvolvimento, 2º cidadania, 3º trabalho

Artigo 205 da CF

MUITA ATENÇÃO!!!!!

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VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei;

VII - garantia de padrão de qualidade.

VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos de lei federal.

Art. 207. As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.

Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:

I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria;

V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um;

Ensino superior não é obrigatório. Segundo a capacidade de cada um.

§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo.

Autonomia universitária. Notar as três atividades que compõem a educação: ensino, pesquisa e extensão.

Obrigatoriedade atualmente até aos 17 anos, ou seja, dos 4 anos aos 17 anos.

FIQUEM LIGADOS!!!!!

ATENÇÃO!!!!!

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Art. 209. O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as seguintes condições:

I - cumprimento das normas gerais da educação nacional;

II - autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Público.

Serviço público aberto, desde que autorizado.

Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais.

§ 1º O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental.

Notar a facultatividade nas escolas públicas do ensino religioso.

§ 2º O ensino fundamental regular será ministrado em língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas também a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem.

Órgão públicos, isto é, escolas, utilizando outra língua.

Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino.

Art. 213. Os recursos públicos serão destinados às escolas públicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas, definidas em lei, que:

I - comprovem finalidade não-lucrativa e apliquem seus excedentes financeiros em educação;

II - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao Poder Público, no caso de encerramento de suas atividades.

§ 1º Os recursos de que trata este artigo poderão ser destinados a bolsas de estudo para o ensino fundamental e médio, na forma da lei, para os que demonstrarem insuficiência de recursos, quando houver falta de vagas e cursos regulares da rede pública na localidade

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da residência do educando, ficando o Poder Público obrigado a investir prioritariamente na expansão de sua rede na localidade.

Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:

I - as formas de expressão;

II - os modos de criar, fazer e viver;

III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;

IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais;

V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.

§ 5º Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de reminiscências históricas dos antigos quilombos.

Tombamento ex lege

Art. 216-A. O Sistema Nacional de Cultura, organizado em regime de colaboração, de forma descentralizada e participativa, institui um processo de gestão e promoção conjunta de políticas públicas de cultura, democráticas e permanentes, pactuadas entre os entes da Federação e a sociedade, tendo por objetivo promover o desenvolvimento humano, social e econômico com pleno exercício dos direitos culturais.

Lembrar do art. 20, X, sítios arqueológicos e pré-históricos pertencem ex lege à União.

DICA DO PROFE!!!!!

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§ 1º O Sistema Nacional de Cultura fundamenta-se na política nacional de cultura e nas suas diretrizes, estabelecidas no Plano Nacional de Cultura, e rege-se pelos seguintes princípios:

I - diversidade das expressões culturais;

II - universalização do acesso aos bens e serviços culturais;

III - fomento à produção, difusão e circulação de conhecimento e bens culturais;

IV - cooperação entre os entes federados, os agentes públicos e privados atuantes na área cultural;

V - integração e interação na execução das políticas, programas, projetos e ações desenvolvidas;

VI - complementaridade nos papéis dos agentes culturais;

VII - transversalidade das políticas culturais;

VIII - autonomia dos entes federados e das instituições da sociedade civil;

IX - transparência e compartilhamento das informações;

X - democratização dos processos decisórios com participação e controle social;

XI - descentralização articulada e pactuada da gestão, dos recursos e das ações;

XII - ampliação progressiva dos recursos contidos nos orçamentos públicos para a cultura.

Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não-formais, como direito de cada um, observados: [...]

§ 1º O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei.

Justiça desportiva: privada. Necessidade de esgotamento para o conhecimento das ações.

Art. 218. O Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a pesquisa, a capacitação científica e tecnológica e a inovação.

§ 1º A pesquisa científica básica e tecnológica receberá tratamento prioritário do Estado, tendo em vista o bem público e o progresso da ciência, tecnologia e inovação.

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§ 2º A pesquisa tecnológica voltar-se-á preponderantemente para a solução dos problemas brasileiros e para o desenvolvimento do sistema produtivo nacional e regional

Art. 219-B. O Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (SNCTI) será organizado

em regime de colaboração entre entes, tanto públicos quanto privados, com vistas a

promover o desenvolvimento científico e tecnológico e a inovação.

§ 1º Lei federal disporá sobre as normas gerais do SNCTI.

§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios legislarão concorrentemente sobre suas

peculiaridades.

Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob

qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto

nesta Constituição.

§ 1º Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de

informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto

no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV.

§ 2º É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística.

§ 3º Compete à lei federal:

I - regular as diversões e espetáculos públicos, cabendo ao Poder Público informar sobre a

natureza deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e horários em que sua

apresentação se mostre inadequada;

II - estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à família a possibilidade de se

defenderem de programas ou programações de rádio e televisão que contrariem o disposto

no art. 221, bem como da propaganda de produtos, práticas e serviços que possam ser

nocivos à saúde e ao meio ambiente.

§ 4º A propaganda comercial de tabaco, bebidas alcoólicas, agrotóxicos, medicamentos e

terapias estará sujeita a restrições legais, nos termos do inciso II do parágrafo anterior, e

conterá, sempre que necessário, advertência sobre os malefícios decorrentes de seu uso.

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Art. 221. A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos

seguintes princípios:

I - preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas;

II - promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que

objetive sua divulgação;

III - regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais

estabelecidos em lei;

IV - respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.

Art. 222. A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e

imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou de pessoas

jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no País.

§ 1º Em qualquer caso, pelo menos setenta por cento do capital total e do capital votante

das empresas jornalísticas e de radiodifusão sonora e de sons e imagens deverá pertencer,

direta ou indiretamente, a brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, que

exercerão obrigatoriamente a gestão das atividades e estabelecerão o conteúdo da

programação.

§ 2º A responsabilidade editorial e as atividades de seleção e direção da programação

veiculada são privativas de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, em

qualquer meio de comunicação social.

Art. 223. Compete ao Poder Executivo outorgar e renovar concessão, permissão e

autorização para o serviço de radiodifusão sonora e de sons e imagens, observado o

princípio da complementaridade dos sistemas privado, público e estatal.

§ 1º O Congresso Nacional apreciará o ato no prazo do art. 64, § 2º e § 4º, a contar do

recebimento da mensagem.

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§ 2º A não renovação da concessão ou permissão dependerá de aprovação de, no mínimo,

dois quintos do Congresso Nacional, em votação nominal.

§ 3º O ato de outorga ou renovação somente produzirá efeitos legais após deliberação do

Congresso Nacional, na forma dos parágrafos anteriores.

§ 4º O cancelamento da concessão ou permissão, antes de vencido o prazo, depende de

decisão judicial.

§ 5º O prazo da concessão ou permissão será de dez anos para as emissoras de rádio e de

quinze para as de televisão

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso

comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à

coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

Direito intergeracional

§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

[...] III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes

a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente

através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que

justifiquem sua proteção; (Regulamento)

Criar unidades de conservação: basta ato administrativo. Suprimir unidade de

conservação: lei.

IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora

de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que

se dará publicidade; (Regulamento)

Notar a palavra Potencial

[...] § 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-

Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da

lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto

ao uso dos recursos naturais.

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Não são patrimônio no sentido estrito da palavra

§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei

federal, sem o que não poderão ser instaladas.

§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se consideram

cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações

culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal, registradas como bem de

natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas

por lei específica que assegure o bem-estar dos animais envolvidos.

Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.

§ 1º O casamento é civil e gratuita a celebração.

§ 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei.

§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a

mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.

(Regulamento)

§ 4º Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos

pais e seus descendentes.

§ 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo

homem e pela mulher.

§ 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio.

§ 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável,

o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos

educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva

por parte de instituições oficiais ou privadas.

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente

e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação,

ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência

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familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência,

discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

3º O direito a proteção especial abrangerá os seguintes aspectos:

I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao trabalho, observado o disposto no art.

7º, XXXIII;

II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas;

III - garantia de acesso do trabalhador adolescente e jovem à escola;

IV - garantia de pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, igualdade na

relação processual e defesa técnica por profissional habilitado, segundo dispuser a

legislação tutelar específica;

V - obediência aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar

de pessoa em desenvolvimento, quando da aplicação de qualquer medida privativa da

liberdade;

VI - estímulo do Poder Público, através de assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios,

nos termos da lei, ao acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou adolescente órfão

ou abandonado;

VII - programas de prevenção e atendimento especializado à criança, ao adolescente e ao

jovem dependente de entorpecentes e drogas afins.

Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da

legislação especial.

Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores

têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.

Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas,

assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e

garantindo-lhes o direito à vida.

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§ 1º Os programas de amparo aos idosos serão executados preferencialmente em seus

lares.

§ 2º Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a gratuidade dos transportes

coletivos urbanos.

Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e

tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam,

competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.

Perspectiva pluralista, e não mais integracionista.

§ 1º São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em caráter

permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação

dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução

física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições.

Espaços são criados por ato do Poder Público, e não lei.

[...]

§ 3º O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais energéticos, a

pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras indígenas só podem ser efetivados com

autorização do Congresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas, ficando-lhes

assegurada participação nos resultados da lavra, na forma da lei.

[...] § 5º É vedada a remoção dos grupos indígenas de suas terras, salvo, "ad referendum"

do Congresso Nacional, em caso de catástrofe ou epidemia que ponha em risco sua

população, ou no interesse da soberania do País, após deliberação do Congresso Nacional,

garantido, em qualquer hipótese, o retorno imediato logo que cesse o risco.

Só com autorização do CN.

As terras dos índios são de propriedade da União. Art. 20, XI.

Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por

delegação do Poder Público.

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§ 1º Lei regulará as atividades, disciplinará a responsabilidade civil e criminal dos notários,

dos oficiais de registro e de seus prepostos, e definirá a fiscalização de seus atos pelo Poder

Judiciário.

§ 2º Lei federal estabelecerá normas gerais para fixação de emolumentos relativos aos atos

praticados pelos serviços notariais e de registro.

§ 3º O ingresso na atividade notarial e de registro depende de concurso público de provas

e títulos, não se permitindo que qualquer serventia fique vaga, sem abertura de concurso

de provimento ou de remoção, por mais de seis meses

Art. 242. O princípio do art. 206, IV, não se aplica às instituições educacionais oficiais

criadas por lei estadual ou municipal e existentes na data da promulgação desta

Constituição, que não sejam total ou preponderantemente mantidas com recursos

públicos.

§ 1º O ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes culturas

e etnias para a formação do povo brasileiro.

§ 2º O Colégio Pedro II, localizado na cidade do Rio de Janeiro, será mantido na órbita

federal.

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Constitucional 2ª Fase - XXXIII Exame de Ordem Matéria

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